Monografia Finalizada

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UNIVERSIDADE TIRADENTES

CCERO RAMON CUNHA DE JESUS

A AFETIVIDADE NA RELAO PROFESSOR-ALUNO: UM LEVANTAMENTO TERICO DO PAPEL DA PSICOLOGIA E DEMAIS REAS DO CONHECIMENTO NESTA RELAO

Aracaju2013CCERO RAMON CUNHA DE JESUS

A AFETIVIDADE NA RELAO PROFESSOR-ALUNO: UM LEVANTAMENTO TERICO DO PAPEL DA PSICOLOGIA E DEMAIS REAS DO CONHECIMENTO NESTA RELAO

Monografia apresentada Universidade Tiradentes como um dos pr-requisitos para a obteno do grau de bacharel em Psicologia.

Orientador: Prof. Dr. Matheus Batalha Moreira Nery

Aracaju2013

CCERO RAMON CUNHA DE JESUS

A AFETIVIDADE NA RELAO PROFESSOR-ALUNO: UM LEVANTAMENTO TERICO DO PAPEL DA PSICOLOGIA E DEMAIS REAS DO CONHECIMENTO NESTA RELAO

Monografia apresentao ao curso de Psicologia da Universidade Tiradentes UNIT, como requisito parcial para obteno do grau de bacharel em Psicologia.

Aprovada em ______/______/______.Banca examinadora

___________________________________________________________________________Orientador Prof. Dr. Matheus Batalha Moreira NeryUniversidade Tiradentes UNIT

___________________________________________________________________________Prof. Dr. Ricardo Azevedo BarretoUniversidade Tiradentes UNIT

___________________________________________________________________________Profa. MSc. Ligia Maria Lorenzetti de Sanctis PiresUniversidade Tiradentes - UNIT

Aos meus pais.

AGRADECIMENTOS

minha famlia pelo apoio e incentivo.Ao meu orientador, professor Dr. Matheus Batalha, pelos ensinamentos e dicas infalveis, pela ateno e reconhecimento e por minha evoluo profissional.Aos professores Tito, Maxuel Farias, Ricardo Barreto, Maria Jos Camargo, Ramon Souza e Guilherme Caldeira que so referncias para mim.Aos demais professores que contriburam para a minha formao.A todos os meus amigos. Universidade Tiradentes pelo apoio.

Imaginvamos neles simpatias e antipatias que provavelmente no existiam; estudvamos seus carteres e sobre estes formvamos ou deformvamos os nossos. Eles provocavam nossa mais enrgica oposio e foravam-nos a uma submisso completa; bisbilhotvamos suas pequenas fraquezas e orgulhvamo-nos de sua excelncia, seu conhecimento e sua justia.Sigmund Freud

RESUMO

A afetividade fundamental tanto no desenvolvimento do indivduo como na manuteno dos vnculos entre as pessoas. Ela responsvel por dar cor e vivacidade aos relacionamentos. O presente trabalho tomou como campo de estudo os vnculos afetivos entre o professor e o aluno, com ateno especial no contexto universitrio. Para isso, discute-se, alm do conceito de afetividade, a importncia do meio escolar e das relaes sociais que permeiam esse espao no desenvolvimento do jovem. O objetivo principal foi investigarcomo as teorias psicolgicas e as demais reas do conhecimento vm trabalhando a temtica da afetividade no vnculo entre o professor e o aluno. Para auxiliar na compreenso dessa temtica,a metodologia utilizada na pesquisa consiste em procedimentos qualitativos, atravs do levantamento dos estudos publicados em peridicos de psicologia, educao, pedagogia, etc., nos ltimos dez anos, com a finalidade de construir um quadro terico-conceitual acerca da temtica que fundamente a anlise, classificao e sistematizao dos aspectos envolvidos com o tema. Essa ao tambm ajudar a apontar quais subeixos temticos so mencionados e possuem maior predominncia dentro dos estudos que envolvem a afetividade na relao professor-aluno e poder relacion-los, a fim de alcanar uma compreenso mais ampla da afetividade. Atravs da anlise dos trabalhos, chegou-se a trs grandes eixos temticos: a manifestao da afetividade, as situaes estimuladoras de afetos e os efeitos da presena da afetividade. Estes tpicos sofrem um processo de ramificao evidenciando outros subeixos temticos onde revelam o quanto abrangente o conceito de afetividade. Aps o processo de hierarquizao e de decomposio do tema central em conceitos menores, foi possvel perceber que h um desequilbrio nos estudos, pois enquanto grande parte da literatura aborda determinados temas, como os efeitos no processo de ensino-aprendizagem, de maneira constante, outros assuntos so pouco discutidos. Alm disso, existem poucos estudos que tratam das interaes entre docente e estudante na universidade, o que evidencia a necessidade de mais pesquisas em contexto universitrio.

PALAVRAS-CHAVE: Afetividade; Relao professor-aluno; Universidade; Psicologia Escolar e Educacional.

ABSTRACT

The affection is crucial for both the development of the individual and the maintenance of links between people. Its responsible for giving color and vibrancy to relationships. This study took as a field of study affective bonds between teacher and student, with special attention in the university context. For this, it is argued, beyond the concept of affectivity, the importance of the school environment and social relations that permeate this space in youth development. The main objective was to investigate how psychological theories and other areas of knowledge have been working on the theme of affection bond between teacher and pupil. To assist in the understanding of the subject, the methodology used in the research consists of qualitative procedures, through a survey of studies published in journals of psychology, education, pedagogy, and so on., the last ten years, in order to build a theoretical-conceptual picture on the theme of which support the review, classification and systematization of the aspects involved with the topic. This action will also help to indicate which sub themes are mentioned and have a higher prevalence in studies involving affectivity in teacher-student relationship and being able to relate them, in order to achieve a broader understanding of affectivity. Through the analysis of the work, came to three major themes: the "manifestation of affection", "stimulatory affects situations" and "effects of the presence of affection." These threads undergo a process of branching sub showing other themes which reveal how extensive is the concept of affection. After the process of hierarchical decomposition and the central issue in smaller concepts, it is noted that there is an imbalance in the studies, because while much of the literature addresses specific topics such as the effects on the process of teaching and learning, steadily, others subjects are less discussed. Furthermore, there are few studies that address the interactions between teacher and student at the university, which highlights the need for more research in the university context.KEYWORDS: Affection, teacher-student relationship; University, School and Educational Psychology.

LISTA DE ILUSTRAES

1 - Apresentao do Mapa da Afetividade322 Figura demonstrativa da Manifestao: forma verbal343 Figura demonstrativa da Manifestao: forma no-verbal344 Figura demonstrativa das Mltiplas Variveis355 Figura demonstrativa das Necessidades dos Alunos366 Figura demonstrativa do Estilo, mediao do professor377 - Figura demonstrativa da Relao entre Necessidades dos Alunos e o Estilo, Mediao do Professor378 Figura demonstrativa das Situaes de Bem e Mal-estar389 Figura demonstrativa do Desenvolvimento Psicossocial4010 Figura demonstrativa do Processo de Ensino-aprendizagem4111 Figura demonstrativa da interligao entre os eixos temticos: Vias de manifestao da afetividade em relao com o Interesse escolar do aluno4312 Figura demonstrativa da interligao entre os eixos temticos: Variveis em relao com os Efeitos da presena do afeto4413 Figura demonstrativa da interligao entre os eixos temticos: Situaes estimuladoras em relao com o Processo de ensino-aprendizagem45SUMRIO

1 INTRODUO: Conceituao de Afetividade1

2 A AFETIVIDADE NA RELAO PROFESSOR-ALUNO52.1 - Manifestao da Afetividade52.1.1 - As vias de manifestao da afetividade52.1.2 As mltiplas variveis que interferem na afetividade92.2 SITUAES ESTIMULADORAS DE AFETOS132.2.1 Transferncia, desejos e expectativas dos alunos para com os seus professores.142.2.2 Estilo, prtica e mediao do professor.152.2.3 - Causas do bem-estar e mal-estar na relao educativa.172.2.4 Disposio e envolvimento do aluno com o professor e com o objeto do conhecimento.192.3 - EFEITOS DA PRESENA DA AFETIVIDADE202.3.1 - Interesse escolar do aluno212.3.2 O processo de ensino-aprendizagem222.3.3 Desenvolvimento psicossocial272.3.4 - Preveno de comportamentos agressivos e delinquentes atravs da relao afetiva.29

3 RESULTADOS E DISCUSSO313.1 - Manifestao da Afetividade333.2 - Situaes Estimuladoras de Afetos363.3 - Efeitos da Presena do Afeto393.4 - Interligao entre os Eixos Temticos42

4 - CONSIDERAES FINAIS46

REFERNCIAS48

1 INTRODUO: Conceituao de Afetividade

Pensar nos aspectos cognitivos como os nicos que permeiam a relao professor-aluno uma viso reducionista. A afirmao de que o contexto educacional deve priorizar apenas os contedos disciplinares a fim de alcanar o mximo de eficincia no processo de ensino-aprendizagem ou na formao do indivduo de uma maneira geral no mais se sustenta e satisfaz. Com a convico de que a afetividade est presente na relao entre o professor e o aluno e que componente imprescindvel para o processo educacional assim como para o crescimento individual e do vnculo, vrios pesquisadores buscaram uma compreenso de como os afetos se apresentam e quais destes predominam na relao educativa (BARBOSA; CAMPOS; VALENTIM, 2011; BARIANI; PAVANI, 2008; BORBA; MACHADO; CALIMAN, 2008; COSTA, 2012; COSTA; REIS; ARAJO, [2006]; GUIMARES, 2008; MACHADO; FRADE; FALCO, 2010; MONTEIRO, 2006; MORAES, 2008; QUERIDO, 2007; RIBEIRO; JUTRAS, 2006; SCHARPF, 2008; SILVA, A. R. C., 2005; VERAS; FERREIRA, 2010). Ao examinar a maneira como os professores do ensino fundamental representam a afetividade na relao educativa, Ribeiro e Jutras (2006), atravs do mtodo da associao livre, encontraram palavras que caracterizam a afetividade. Entre as que foram citadas com maior frequncia est a palavra amor (mais citada), carinho, compreenso, respeito, amizade, afeto, solidariedade e ateno. Os autores acrescentam ainda que a afetividade concebida como um sentimento, um estado e uma ao que se transformam em expresso humana de amor, ternura, proteo, cuidado, respeito, aceitao, amizade e afeio entre as pessoas (RIBEIRO; JUTRAS, 2006, p. 42). Essas definies so reforadas pela pesquisa de Borba, Machado e Caliman (2008), por meio da qual chegaram s mesmas expresses afetivas na relao educativa, ou seja, amizade, carinho, respeito, amor e dedicao.Esses inmeros tipos de afetos mencionados nas pesquisas foram retirados por meio da investigao dos depoimentos e da percepo dos prprios envolvidos, ou seja, dos professores e alunos, numa tentativa de alcanar sinnimos conceituais para a dimenso afetiva presente em sala de aula. Como resultado, novos conceitos como confiana, medo e irritao surgiram nos estudos de Querido (2007); sentimentos de justia, preocupao e respeito mtuo foram apontados por Guimares (2008); aceitao e valorizao do outro e de si mesmo foram destacados por Costa, Reis e Arajo [2006] e satisfao, alegria e prazer, no trabalho de Moraes (2008). Em outras pesquisas, os estudiosos, interessados na maneira como os afetos podem influenciar, sob diferentes perspectivas, o processo educativo e compreender melhor a dimenso afetiva, realizaram a repartio dos afetos em grupos antagnicos, como o caso de Silva, A. R. C. (2005), Scharpf (2008) e Monteiro (2006), que classificaram os afetos em sentimentos de bem-estar e mal-estar. Entre o primeiro grupo, por exemplo, est o prazer, a realizao, a tranquilidade e a motivao, enquanto que o outro grupo est associado a sentimentos de desnimo, tristeza, ansiedade e raiva.A classificao em grupos ou lados opostos, a fim de analisar e refletir sobre o conceito de afetividade, est presente tambm em trabalhos cujas expresses utilizadas so, por exemplo, relao afetiva positiva e relao afetiva negativa (BARBOSA; CAMPOS; VALENTIM, 2011; BARIANI; PAVANI, 2008; VERAS; FERREIRA, 2010); sentimentos positivos ou negativos (MACHADO; FRADE; FALCO, 2010); ou ainda sentimentos agradveis e desagradveis (QUERIDO, 2007).J a classificao proposta por Costa (2012) foge dos dualismos exemplificados acima e separa a afetividade em trs diferentes dimenses com base nas experincias cotidianas de educadores. Entre elas, est a afetividade verbalizada, que corresponde s concepes das professoras analisadas sobre a temtica, ou melhor, como elas compreendem-na e a configuram em sua prtica docente; h tambm a afetividade subjetiva, que se refere aos sentimentos e emoes que emergem nelas na interao com os estudantes, como a alegria, o entusiasmo, receio, ansiedade, etc. E por fim, a afetividade ignorada, que est relacionada aos afetos ignorados ou no reconhecidos pelas professoras durante a pesquisa. Portanto, uma categorizao baseada na qualidade perceptiva das docentes.Como se pode verificar, a discusso sobre a dimenso afetiva na relao educativa efetuada de forma abrangente e tomada sob diversas perspectivas. Seu uso assume diversas propostas, como discutir as suas formas de manifestao, as situaes que estimulam o aparecimento dos afetos e as consequncias decorrentes da presena da afetividade na relao entre o docente e o estudante. A partir dessas reflexes, vlido investigar como os profissionais da psicologia e das demais reas do conhecimento vm trabalhando a temtica da afetividade no processo que envolve a relao professor-aluno, e principalmente em contexto universitrio j que um campo que pouco tem despertado o interesse dos pesquisadores. A presena marcante da afetividade no contexto educacional somado a um nmero limitado de trabalhos sobre o tema dentro do referido espao revela uma oportunidade pertinente de, neste campo carente de novos estudos, ampliar o conceito e colaborar com a literatura.Afinal, qual a importncia atribuda pelos autores que discutem dimenso afetiva na relao educativa? Questionar como a afetividade vem sendo representada pelas recentes pesquisas no citado contexto educacional ponto central para uma compreenso aprofundada e atualizada desse conceito.

2 A AFETIVIDADE NA RELAO PROFESSOR-ALUNO

2.1 - Manifestao da Afetividade

A afetividade manifestada de diversas formas e mediadores e a qualidade e intensidade com que demonstrada nas interaes sociais depende dos fatores e circunstncias que esto envolvidos. Assim, para se compreender melhor a afetividade importante conhecer tanto os mecanismos que possibilitam a sua manifestao como as mltiplas variveis que influenciam diretamente o modo e as diferenas afetivas na relao entre o professor e o aluno.

2.1.1 - As vias de manifestao da afetividade

Mas de que modo e atravs de quais mecanismos a afetividade manifestada? Como o respeito, o carinho, a compreenso, por exemplo, so transmitidos na relao educativa? Para que se faam presentes necessrio um canal que conduza e possibilite o aparecimento deles.De acordo com Tassoni (2000), em seu trabalho sobre a influncia da afetividade na aprendizagem de crianas das sries iniciais, a autora demonstrou como os fatores afetivos se apresentam na relao professor-aluno. Identificou que a Postura e o Contedo Verbal so veculos de expresso da afetividade utilizados pelo professor na sua relao com os alunos. Referem-se tanto ao acolhimento e ao manter-se prximo como a modulao da voz, ou seja, o que diz, como diz, etc.Essas formas de expressar a afetividade so destacadas tambm por autores que estudaram outros nveis escolares, concluindo assim que no algo particular do ensino infantil. o caso de Arajo (2012) que teve como foco o ensino mdio de uma escola da rede federal. Foi possvel verificar que a maior aproximao, o contato fsico e a receptividade, atravs da postura corporal do professor de inclinar-se na carteira do estudante ou de voltar o corpo na direo do aluno, num gesto de ateno so maneiras de manifestar afetividade. H tambm a expresso facial, que evidencia os sentimentos da relao. O sorriso, o movimento da cabea ou o olhar so formas de demonstrar satisfao ou insatisfao, por exemplo, e que os alunos valorizam.A pesquisa de Scherer (2008), que envolveu alunos da rede pblica de ensino da lngua espanhola com faixa etria entre 15 e 42 anos, chegou a resultados semelhantes. A postura do professor de estar prximo aos alunos, a ateno depositada e at o simples gesto de lembrar o nome do aluno podem ser considerados aspectos afetivos. Em Silva, L. B. (2011), verificou-se que os alunos tambm demonstram seus afetos de maneira parecida com seus mestres. Se estes expressam seus afetos atravs da ateno, do interesse e do cuidado em preparar uma aula pensando no quanto isto pode contribuir para o desenvolvimento do aluno, este manifesta seus sentimentos para com o educador por meio do toque, do reconhecimento e da troca de experincias interpessoais (SILVA, L. B., 2011, p. 60), cuja consequncia o fortalecimento da relao.Dessa forma, so inmeros os mecanismos cuja funo auxiliar no aparecimento dos afetos. Determinados itens lexicais so um exemplo disso e foram objetos de destaque na pesquisa de Cavalcanti (2011). A autora chegou a algumas palavras que mais se sobressaram nas narrativas dos jovens investigados. Entre elas esto o item lexical no que foram expressos tanto por meio de polaridade negativa, como a reprovao da conduta do professor, e atravs da positiva, para manifestar satisfao. Alm do no, foi apontado o grupo nominal o (a) professor (a); o uso adjunto de intensidade muito; e os operadores verbais gostar e ser para mostrar a qualidade da relao com o educador e para avaliar as aulas.Outro mecanismo que possibilita a manifestao afetiva foi apontado por Leite e Colombo (2008). Estes identificaram e analisaram os afetos decorrentes de comportamentos e atitudes do professor para com os alunos, em uma sala de aula de Educao Infantil. Em seguida, agruparam os achados em dois ncleos temticos: os Verbais e os No Verbais. O primeiro grupo contm aspectos como o elogio, o incentivo, a instruo, a correo, etc. J o segundo grupo composto pela expresso facial, aproximao, contato fsico, ateno e receptividade. So formas de afetividade j discutidas anteriormente, mas agora passados por um processo de categorizao.Assim como Leite e Colombo (2008), Barbosa (2008) confirma o papel do discurso como forma de expresso afetiva. Para a autora, a afetividade se manifesta por meio da fala, das palavras, dos enunciados, ou melhor, do discurso afetivo. Assegura ainda que o discurso afetivo ocorre em todos os nveis escolares, mas ressalva que a elaborao dos enunciados modifica-se com o avano acadmico dos alunos. Se no ensino fundamental e mdio o afeto evidente e usado como meio para se chegar ao sucesso escolar, no contexto universitrio o inverso. o objeto de conhecimento que possibilita a construo da relao afetiva entre professor e aluno. Nesta fase educacional, a afetividade no se dissipa, mas assume novas formas. No h mais a enunciao direta do estado afetivo tal como no Ensino Fundamental e Mdio. Aqui, os elementos afetivos sofrem uma migrao e racionalizao.Mas como construir um vnculo afetivo pelo objeto de conhecimento? Para isso, o professor serve-se da seduo, do seu modo de ser para despertar a ateno e admirao do aluno. Seduzido, o aluno desejar ser igual ao educador, ter fascinao pelo contedo acadmico e, consequentemente, ir buscar aproximao com o docente a fim de construir uma relao afetiva (BARBOSA, 2008).Sob uma perspectiva psicanaltica, o papel da seduo discutido tambm por Mota (2007). A autora argumenta que a transferncia, responsvel pela atualizao e transmisso dos afetos na atual relao professor-aluno onde estes foram constitudos na infncia na relao com os pais, se torna possvel a partir de dois fatores: a seduo e a relao de poder. A seduo ocorre porque o professor ocupa o lugar da lei e do prprio conhecimento. O aluno coloca o professor na posio da lei e da ordem e busca seduzir para estar no seu lugar (MOTA, 2007, p. 96). Para reafirmar essa seduo, o docente serve-se da aproximao calorosa e boa receptividade para com os alunos. De acordo com os resultados da pesquisa, apenas atravs do primeiro fator, ou seja, da seduo foi possvel transferir ao educador sentimentos amorosos.Portanto, os estudos mostram que so inmeros os modos como a afetividade pode e expressada na relao educativa. Vo da postura corporal adotada pelo professor, dos contedos verbais, como o discurso, o elogio, os itens lexicais que mais se destacam, os contedos no verbais, como o toque, a receptividade e a seduo.Apesar disso, ainda so poucos os trabalhos que discutem a afetividade na relao professor-aluno em contexto universitrio. Apenas os estudos de Barbosa (2008) e de Mota (2007) discutem como so conduzidos os afetos na citada interao em nvel universitrio. Com isso, nas pesquisas cujo foco as relaes na universidade, apenas a seduo apontada como via de manifestao da afetividade. Isso indica a necessidade de mais estudos sobre a manifestao afetiva neste contexto educacional.

2.1.2 As mltiplas variveis que interferem na afetividade

Por sinal, o nvel educacional uma das muitas variveis presentes em sala de aula e na relao professor-aluno que influenciam diretamente o modo e as diferenas afetivas nesta interao. Da a importncia de compreender a dimenso afetiva nos diferentes nveis educacionais, pois trar um aprofundamento maior no conceito de afetividade. Atravs de estudos de vrios pesquisadores foram apontados entre essas variveis, a idade dos alunos, o sexo, tanto do estudante como do educador, o nvel de escolaridade, o nmero de reprovaes, a distino entre aulas prticas ou tericas, as presenciais ou distncia, o tempo de convvio com o docente, etc. (AZEVEDO, A. S. et al.,2012; BARBOSA, 2008; BARBOSA; CAMPOS; VALENTIM, 2011; BARIANI; PAVANI, 2008; CONCEIO, 2011; LEITE; TAGLIAFERRO, 2005; SCHARPF, 2008; SILVA, A. R. C., 2005; SILVA, L. B., 2011; TASSONI, 2000; TASSONI, 2008;).Apesar de a afetividade ser importante em todas as faixas etrias, como assinalam Borba; Machado; Caliman (2008), outros estudiosos demonstram que, com o passar dos anos, o aluno vai desenvolvendo um vnculo afetivo diferente com o educador. o caso de Tassoni (2000), que ao estudar classes de alunos com mdia de idade em torno de seis anos, afirmou que com o avano da idade do aluno a troca afetiva vai se modificando, diminuindo o contato fsico. Mas a proximidade no somente diminui como os alunos mais velhos tendem a perceber os comportamentos deste como repressivo e apresentam mais sinais de insatisfao (AZEVEDO, A. S. et al., 2012).Os prprios educadores tambm sentem que a relao com os alunos muda quando estes apresentam uma idade mais avanada. Num trabalho que contou com a colaborao de docentes do ensino fundamental com o fim de identificar percepes deles quanto relao professor-aluno, Barbosa, Campos e Valentim (2011) verificaram que a interao com os alunos das sries iniciais mais positiva, enquanto que a interao com os discentes mais velhos mais negativa.As transformaes afetivas nas variadas sries objeto de estudo tambm de Tassoni (2008). Em sua tese, a autora faz uma ampla investigao da relao professor-aluno sob a tica de estudantes de quatro momentos distintos do processo de escolarizao (Infantil, 4 e 8 srie do ensino fundamental e ensino mdio). Enquanto que no ensino infantil as caractersticas de afeto mais destacadas so as demonstraes de carinho, ateno e a saudade que sentem pelo docente, na 4 srie do ensino fundamental os alunos destacam o jeito brincalho do educador como forma de manter o clima da sala leve. Alm disso, a disponibilidade do docente, o apoio, a confiana e a cumplicidade entre ambos so aspectos que permeiam esta relao. Mas h elementos semelhantes entre estes dois estgios escolares. So eles: o cuidado do professor em reduzir a ansiedade do estudante e ter pacincia (coisa que os alunos valorizam).Com relao 8 srie do ensino fundamental foram detectados como aspectos afetivos a pacincia, a descontrao e a maneira de brincar com os alunos. O respeito e a aproximao da professora com os alunos em contextos que no sejam o de sala de aula ajudam na construo de uma relao positiva (TASSONI, 2008, p. 160). J nos comentrios dos alunos do ensino mdio, destaca-se o respeito com que tratam e so tratados pelos docentes, a sinceridade, honestidade e a confiana. O senso de humor e ser amigo tambm so fundamentais (TASSONI, 2008).Essas diferenas se estendem tambm para o ensino universitrio. Barbosa (2008) que analisou as produes discursivas de professores e alunos dos nveis Fundamental, Mdio e Universidade, constatou, igualmente, que a maneira como a afetividade se manifesta na relao professor-aluno nestes nveis distinta. A autora encontrou resultados semelhantes aos de Tassoni (2008) com relao ao ensino fundamental, ao indicar que os estudantes deste nvel tem uma demanda maior da ateno do docente, chamada de demanda de socializao da intimidade, cujo desejo de obter manifestaes de carinho do educador.No ensino mdio a dimenso afetiva passa a ser fator fundamental para manter o discente em sala de aula e aproxim-lo do objeto de conhecimento. Para isso o educador se utiliza de um discurso diferenciado, de um discurso afetivo para convencer os alunos a se preocuparem com o seu futuro, por exemplo. No ensino universitrio, por fim, o objeto do conhecimento que possibilita a construo da relao afetiva entre professor e aluno (BARBOSA, 2008, p. 284). Apesar de na universidade os elementos afetivos sofrerem uma migrao e racionalizao, eles no se perdem. Para esta autora, o modo de interagir mudou, pois, neste nvel escolar, no h mais a enunciao direta dos afetos (BARBOSA, 2008).Outro ponto essencial e que foi ressaltado por Leite e Tagliaferro (2005) que os sentimentos presentes na relao professor-aluno variam cronologicamente, ou seja, os sujeitos envolvidos expressam sentimentos de acordo com a evoluo sofrida pela interao. Assim, antes dos discentes conhecerem o professor, eles podem sentir medo e ansiedade. Quando eles passam a ter aula com o docente, outros sentimentos surgem, como admirao, respeito e orgulho. E por ltimo, quando os estudantes se remetem ao passado o sentimento predominante o de gratido.Os autores ainda verificaram em seus estudos a transformao na relao afetiva entre docente e discente na medida em que havia mudanas comportamentais no mestre. Aquele professor que antes apresentava postura fria e distante em sala de aula, com o passar dos anos foi mudando o seu jeito de ser e agir, contribuindo para que a relao com seus educandos fosse mais prxima e positiva (LEITE; TAGLIAFERRO, 2005).Dependendo do tipo de aula utilizada em sala, os afetos na relao educativa tambm sofrem variaes. Ao buscar conhecer os sentimentos e emoes de professores e alunos em aulas tericas e prticas, Silva, A. R. C. (2005) notou que os sentimentos de bem-estar eram mais frequentes nas aulas prticas do que nas aulas tericas. Isto se confirma nos estudos de Bariani e Pavani (2008), onde as autoras constataram que a relao professor-aluno mais positiva nas aulas prticas se comparadas com as tericas, tendo em vista que procedimentos diferenciados utilizados pelo docente em sala de aula acarretam no maior interesse do discente. E como observou Quadros, Lopes; et al. (2010), a relao afetiva vista pela maioria (educadores e educandos) como vinculada prtica em sala de aula, porm sendo mais significativa entre os estudantes.Existem ainda outros fatores que interferem no modo como a dimenso afetiva se apresenta na interao professor-aluno. As aulas serem presenciais ou distncia um deles. Conceio (2011) indicou, aps a investigao com mestrandos, que a afetividade adquire caractersticas particulares para cada modalidade de ensino. Enquanto que nas aulas presenciais os alunos se referiam afetividade atravs das palavras: empatia, envolvimento amigvel e troca, nas aulas online, as palavras mencionadas foram: ateno prestada, proximidade (acompanhamento).As outras variveis mencionadas pelos estudiosos so as salas muito numerosas, que acabam interferindo nos sentimentos vividos, alm de atrapalharem a concentrao e impedir uma ateno adequada por parte do professor (SCHARPF, 2008, p. 70); o sexo dos estudantes, pois h mais afinidade com as alunas e mais conflito com os alunos; o estudante possuirNecessidades Educativas Especiais (NEE), j que a relao com o educador mais conflituosa e de menor proximidade (BARBOSA; CAMPOS; VALENTIM, 2011); e h tambm outras variveis brevemente citadas por Azevedo, A. S. et al. (2012), como o nvel de escolaridade dos pais; o nmero de reprovaes do educando, uma vez que estudantes repetentes tendem a perceber menor apoio e compreenso do professor; o sexo do professor e o nmero de anos que o discente convive com o mesmo docente, visto que quanto mais anos de convivncia, mais positiva tende a ser a relao.Essa quantidade de variveis, apontada pelos estudos citados, revela o quanto e pode ser elstico e atuante o conceito de afetividade na relao educativa. A dimenso afetiva assume diferentes aspectos e qualidades dependendo da gama de fatores envolvidos, mas a sua presena nunca anulada. Estas variveis no produzem os afetos, mas alimentam os elementos causadores dos mesmos.

2.2 Situaes Estimuladoras de Afetos

E, afinal, qual o campo ou as causas que possibilitam o surgimento das manifestaes afetivas? Quais so as situaes, na relao entre o professor e o aluno, geradoras de determinados afetos? Elas, alm de muitas, so principiadas tanto pelos educadores quanto pelos educandos.

2.2.1 Transferncia, desejos e expectativas dos alunos para com os seus professores.

Sob a abordagem psicanaltica, Miranda (2005) no seu estudo com universitrios e cujo objetivo foi investigar a qualidade do vnculo aluno-professor na atualidade constatou que a busca inicial dos alunos de recorrer ao professor como figura materna, que contm, alimenta. Os alunos mantm uma posio de dependncia com o professor na esperana de que este supra as suas necessidades (MIRANDA, 2005, p. 153). Por outro lado, rejeita a funo paterna do docente ligada s responsabilidades sociais e educacionais. Essa transferncia que o aluno estabelece com o professor, possibilita que os vrios sentimentos e emoes construdos na infncia do aluno sejam reproduzidos na relao com o docente. Este objeto de transferncia e alvo de sentimentos ambivalentes. O amor surge quando o educador atende s necessidades dos alunos e o dio aparece quando os anseios no so atendidos e quando o professor demonstra uma atitude autoritria em sala de aula. Assim, o campo transferencial estabelecido e influenciado pelas demandas do aluno para com o seu educador uma fonte que estimula os mais variados afetos.Resultados semelhantes a estes foram encontrados em Kalinine e Andreazza (2011), que aplicaram questionrios em alunos do ensino mdio com o objetivo de investigar as relaes afetivas destes jovens com os professores. Na pesquisa, constatou-se a importncia, para um bom vnculo afetivo, dos desejos e expectativas dos alunos quanto maneira de ser e de se relacionar do docente. Os comportamentos e atitudes deste refletem na boa ou ruim relao com o aluno e nos afetos que estes iro sentir. Eles esperam e desejam que o educador seja amigo, companheiro, incentivador e que transmita carinho e amor. Quando o professor apresenta atitudes negativas, como o desprezo, a represso e a humilhao, os alunos repudiam. Assim, a existncia de uma relao afetiva boa ou ruim est ligada capacidade do docente em atender s expectativas dos alunos.Quanto aos sentimentos entre docentes e discentes vivenciados no ensino fundamental pouca coisa muda se comparados aos outros nveis educacionais citados Miranda (2005) e Kalinine e Andreazza (2011). Esta relao, de acordo com Munhoz (2007) , antes de tudo, uma relao instvel, variando entre um bom e um mau relacionamento. O bom relacionamento ocorre quando o aluno sente que o professor o apoia, mostra interesse e quando concorda com a sua posio. Se isto no ocorre, a relao fica instvel. Como cada um dos dois lados tem necessidades distintas, quando um no satisfaz a necessidade do outro, aparece o conflito. Por outro lado, a preocupao do professor com as necessidades do aluno contribui para o bom relacionamento entre eles. Assim, existe uma influncia dos desejos, expectativas e transferncia dos alunos dos diversos nveis escolares sobre as demonstraes afetivas e o bom ou mau relacionamento com os docentes. Estes, igualmente, so sujeitos ativos no aparecimento da afetividade na sua relao com o educando.

2.2.2 Estilo, prtica e mediao do professor.

Outro fator importante que determinar a presena ou no da afetividade o estilo de liderana que o professor assume em sala de aula. Este estilo refere-se, para Batista e Weber (2012, p. 303), ao conjunto de atitudes direcionadas aos alunos e que, tomadas em conjunto, criam um clima emocional. Estes autores, que estudaram os Estilos de liderana de professores utilizando o Modelo dos Estilos Parentais, chegaram aos seus resultados por meio de duas dimenses: responsividade e exigncia. Concluram que a responsividade na prtica do docente, ou seja, comunicao, envolvimento e reciprocidade esto diretamente ligados presena do afeto na relao (BATISTA; WEBER, 2012). Apesar de no focar o seu estudo no conceito de afetividade, Roncaglio (2004) identificou, atravs da viso dos universitrios participantes da pesquisa, que existem dois tipos de professores: o autoritrio e o democrtico. Esse segundo tipo refere-se ao docente facilitador, professor amigo, que busca desenvolver uma relao mais aberta, de mais proximidade. Com relao ao seu modo de ver, os docentes, no estudo, tiveram a mesma impresso, ou seja, de serem professores que mantm uma relao aberta, harmoniosa com os alunos e de respeito mtuo no contexto educacional.A importncia do jeito do professor, da maneira de lidar com os alunos central no trabalho de Tassoni e Leite (2011) sobre as emoes e sentimentos na aprendizagem escolar. Para os autores, os alunos demonstram atitudes afetivas devido ao modo do professor ensinar e ajudar os alunos a entenderem os contedos programticos. Alm disso, essa percepo dos alunos sobre a maneira dos docentes ensinarem despertava tambm sentimentos e emoes que aproximavam ou afastavam os alunos do conhecimento. Assim, o professor assume tanto o papel ativo na produo de afetos como tambm na funo de mediador entre alunos e o afeto pelo objeto de conhecimento.Isso pode tambm ser verificado no trabalho de Machado, Frade e Falco (2010) ao estudarem os aspectos afetivos na relao entre o professor e aluno em duas turmas de matemtica nas sries finais do ensino fundamental. Constataram que a baixa interao ou o baixo grau de dilogo proporcionado pelo educadorfazem com que os alunos desenvolvam crenas, atitudes e sentimentos de fundo negativos em relao prtica do professor (MACHADO; FRADE; FALCO, 2010, p. 696). Em seguida, destaca o relato de uma estudante onde aponta que o modo de ensinar do mestre, por meio de conversas, a leva a ter sentimentos de bem-estar, de sentir-se feliz nas aulas.

2.2.3 - Causas do bem-estar e mal-estar na relao educativa.

Quando o professor considerado chato pelos alunos, ou seja, um professor que no se preocupa em dar uma boa aula, que grita o tempo todo ou no consegue controlar a sala, sentimentos de mal-estar surgem nos alunos, como a dor de cabea, raiva, medo, tristeza e at vontade de sumir da escola. o que afirma Scharpf (2008) aps investigar a perspectiva de adolescentes da rede pblica sobre sentimentos na relao com o educador. A autora conclui que, por outro lado, quando o professor considerado legal os alunos se animam e vivenciam momentos prazerosos. Entre os sentimentos de bem-estar observados esto: alegria, motivao, vontade de aprender, etc. Assim, para a autora, a percepo que os alunos tm dos docentes, do seu estilo pedaggico, influencia os sentimentos que aqueles iro vivenciar.Com o objetivo de conhecer os sentimentos e emoes de professores e alunos vivenciados em sala de aula no contexto universitrio, Silva, A. R. C. (2005) chegou a resultados prximos aos de Scharpf (2008). A autora aponta que os sentimentos de mal-estar dos alunos surgem tanto no contato com professores desestimulados quanto nas aulas desinteressantes. J os sentimentos de bem-estar esto relacionados s aulas prticas interessantes. No caso dos educadores, os sentimentos de bem-estar e mal-estar so causados pela relao direta com o aluno. Mais precisamente relacionados com o nvel de interesse e participao dos alunos. Se os alunos cooperam, h o sentimento de prazer, realizao e tranquilidade; se esto desinteressados, surgem sentimentos relacionados ao desnimo, ansiedade e raiva.Nos estudos de Monteiro (2006) as demonstraes de mal-estar foram mais abundantes que as de bem-estar. As manifestaes de bem-estar ou mal-estar nos professores estavam ligadas ao seu controle sobre a turma. Se no se sentisse seguro no trato com os alunos, sentimentos de irritao, desnimo, frustrao e receio apareciam. No caso dos alunos, as manifestaes de bem-estar surgiram por poder rever o professor, ligada necessidade de se aproximar deste. Quando algumas das necessidades e vontades dos alunos no so consideradas pelo docente, sentimentos de ansiedade, desconforto, frustrao, irritao, medo, tdio, tristeza, desinteresse e vergonha so evidenciados. Esse pensamento refora as ideias de Miranda (2005) e Munhoz (2007) sobre como a realizao ou no das necessidades do aluno ou do professor pode interferir no vnculo afetivo entre ambos. Outro fator que resulta em afetos, alm do estilo pedaggico ou de liderana do docente e da realizao das necessidades do outro, so as atribuies interpessoais. o que mostra Bzuneck e Sales (2011) no seu estudo sobre a relao entre as atribuies interpessoais realizadas pelo professor e as emoes em sala de aula onde concluram que as atribuies feitas pelos professores relacionadas ao sucesso ou fracasso no rendimento dos alunos provocam e influenciam as emoes nos prprios professores. Ento se o docente atribuir que o fracasso do aluno se deu por algo que o aluno poderia ter controlado, o docente pode sentir raiva. Se o erro ou insucesso escolar do aluno for cometido por algo incontrolvel, o professor poder sentir compaixo pelo aluno. Essas atribuies geram afetos no aluno tambm. Se um educador atribuir o xito de um aluno a seu esforo provocar neste provvel emoo de orgulho. Mas, se atribuir o fracasso falta de capacidade, a emoo ser de vergonha e humilhao (BZUNECK; SALES, 2011, p. 308). Alm disso, as emoes do aluno dependero de como ele perceber as atribuies e emoes do educador.

2.2.4 Disposio e envolvimento do aluno com o professor e com o objeto do conhecimento.

As emoes dos alunos pelo professor dependem tambm do grau de envolvimento do aluno com o objeto do conhecimento, o nvel de aprendizagem e o comprometimento. Para alguns alunos, por exemplo, existe uma relao entre gostar das disciplinas e gostar do docente (MACHADO; FRADE; FALCO, 2010). Alm disto, ao serem bem sucedidos na aprendizagem, os alunos passam a reconhecer e valorizar o professor (GUIMARES, 2008).A afetividade dos professores tambm est ligada ao grau de vinculao e comprometimento dos alunos com a aprendizagem. Wykrota (2007) em sua tese analisou as produes discursivas destes profissionais nos diferentes nveis acadmicos, inclusive o universitrio, relativas s suas prprias emoes no contexto da relao com o aluno. Ao captar as experincias de cinco docentes, chegou-se s seguintes concluses: a afetividade dos professores est ligada ao fato dos alunos participarem ou no, estarem comprometidos, interessados ou no. Quando no participam surgem o desapontamento e a frustrao. Quando participam surgem o sorriso e a alegria. A postura tambm acaba mudando. A percepo dos professores de que os alunos esto envolvidos e compreendem o contedo escolar geram momentos de prazer e satisfao para os professores e empatia para com esses alunos. Caso no haja o interesse, sentimentos desconfortveis como irritao e insatisfao surgem nos educadores.Verifica-se, assim, que a afetividade permeia, a todo o momento, a interao professor-aluno por meio de diversos fatores que estimulam e contribuem com a presena da dimenso afetiva nesta relao. Estes fatores, que esto ligados tanto participao do docente quanto do aluno, provocam efeitos benficos para estes sujeitos, como a evoluo do processo de ensino-aprendizagem, o despertar do interesse pela educao e o desenvolvimento psicossocial.

2.3 - Efeitos da Presena da Afetividade

A presena do afeto na interao entre o docente e o estudante traz consequncias para a vida de ambos tanto no contexto escolar, atravs do maior interesse pelo processo de ensino-aprendizagem e no seu sucesso ou fracasso escolar, como tambm no desenvolvimento psicossocial dos sujeitos. Entre este ltimo, pode-se destacar a constituio de relaes autnticas, a possibilidade de compreender o outro, desenvolver a capacidade de lidar com dificuldades de relacionamento, evitar comportamentos agressivos, etc. Isso revela o quo importante o papel da afetividade para as relaes interpessoais.

2.3.1 - Interesse escolar do aluno

Boa parte dos autores, ao tratarem da relao afetiva entre professor e aluno, afirma que um dos efeitos imediatos provenientes dessa relao a mudana no interesse escolar dos alunos (OLIVEIRA; ALVES, 2005), no gosto destes pelo objeto de conhecimento (TASSONI, 2000). Isto se confirma tambm nos estudos de Kalinine e Andreazza (2011) que investigaram as relaes afetivas entre os estudantes e professores em turmas do terceiro ano do ensino mdio. Questionados sobre a relao entre afetos na interao professor-aluno e as consequncias no gosto pela aula, a grande maioria dos alunos respondeu que a relao afetiva entre ambos um fator que influencia tambm na relao do aluno com a disciplina, se este ir gostar ou no.Alguns autores asseguram que o docente tem participao decisiva no interesse escolar dos alunos. Scharpf (2008, p. 85) aponta que os afetos tem papel primordial para a vida escolar no sentido de que eles, decorrentes das aes dos professores, interferem na disposio dos alunos com o conhecimento. Oliveira e Alves (2005) complementam dizendo que quando os aspectos afetivos permeiam a prtica, isto faz do educador um bom profissional, capaz de atrair o discente. Tassoni e Leite (2011) seguem a mesma linha ao tratar da importante funo mediadora do professor que, ao transmitir os contedos e ter a confiana dos alunos para isto, promove sentimentos positivos nos alunos em relao tanto para com os educadores como para a aprendizagem. Esses sentimentos positivos ajudam a aproximar os alunos do conhecimento.O professor que preza pela aproximao fsica, que receptivo quando os alunos o solicitam tem o intuito de incentivar os alunos a realizar as atividades propostas. o que afirma Arajo (2012) ao estudar os aspectos posturais do professor na relao com o aluno. Para a autora, a postura corporal de inclinar-se na carteira do estudante, o contato fsico e at mesmo a expresso facial atravs do sorriso, corresponde a gestos de ateno e segurana alimentando uma relao afetiva entre ambos. Isso provoca reaes positivas, como o empenho dos alunos na resoluo da atividade.A seduo, j citada anteriormente como forma de manifestao da afetividade, segue outro propsito fundamental no ponto de vista de Mota (2007). Quando o professor seduz o aluno, atravs de uma aproximao calorosa e receptiva, isto resulta, muitas vezes, no maior interesse do aluno pela aprendizagem, no vnculo deste com o conhecimento.Isto se confirma no trabalho de Silva, L. B. (2011) que teve como objetivo investigar as concepes de docentes do Ensino Fundamental a respeito do papel da afetividade no processo de aprendizagem dos alunos. Por meio do discurso dos professores, o autor verificou que o aluno passa a gostar do contedo porque gosta do professor, o que acarreta numa melhor interao educador-educando. E conclui afirmando que os discentes se dedicam mais a buscar compreender a matria do professor com quem mais se identificam (SILVA, L. B., 2011, p. 88).

2.3.2 O processo de ensino-aprendizagem

Outra fundamental consequncia da presena da dimenso afetiva no vnculo entre o professor e o aluno, alm do interesse escolar dos alunos, a influncia nos resultados do processo de ensino-aprendizagem. Diversos autores defendem a ideia de que a relao de afetividade estabelecida entre educador e educando importante para o processo de aprendizagem (BORBA; MACHADO; CALIMAN, 2008; LEITE; COLOMBO, 2008; MIRANDA, 2005; TASSONI, 2000; TASSONI; LEITE, 2011), pois a presena dos afetos pode auxiliar dando confiana ao aluno, facilitando a compreenso e construo do conhecimento, acarretando numa ajuda importante para a aprendizagem (QUADROS et al., 2010; COSTA; REIS; ARAJO, [2006]; TASSONI, 2008;).Seguindo essa linha de raciocnio, Ribeiro (2010) aponta que h tanto pontos positivos como negativos referentes aos afetos para o ensino-aprendizagem. Para a autora, o ponto negativo refere-se ausncia dos afetos como a principal fonte de dificuldades da aprendizagem dos sujeitos (RIBEIRO, 2010, p. 406). J o ponto positivo diz respeito presena da afetividade entre professor e aluno, onde assegura melhores desempenhos nos estudos. Conceio (2011), ao estudar a importncia da dimenso interativa na relao pedaggica num curso de mestrado, descobriu, mesmo sem enfocar a dimenso afetiva, que na concepo dos alunos, a presena da afetividade um fator importante na sua relao com o professor e no seu sucesso educacional.J sobre os fatores que esto envolvidos no sucesso do processo de alfabetizao, destacado, nos estudos de Azevedo C. (2010), no apenas a presena do afeto, mas a fora do vnculo afetivo entre educador e educando como o grande auxiliador no processo de aprendizagem. Esses fortes vnculos de manifestao afetiva ajudam os alunos no processo de elaborao e de execuo das atividades envolvidas no processo de aquisio da leitura e da escrita (AZEVEDO, C., 2010, p. 486).Outros autores vo alm da ideia de que a presena ou ausncia dos afetos ou de que a fora destes que determinar o resultado educacional. Outro fator fundamental so os diferentes tipos de afeto envolvidos na relao que influenciaro o futuro educacional do aluno. Para Ferreira e Acioly-Rgnier (2010), o acolhimento, o reconhecimento e a permisso para o aluno se expressar interferem positivamente na aprendizagem. Em seu trabalho cujo foco era as manifestaes afetivas no processo de escolarizao por meio da viso dos estudantes do Infantil at alunos do Ensino mdio, Tassoni (2008) descobriu atravs da fala dos alunos da quarta srie do ensino fundamental que o jeito brincalho de ser do professor traz leveza nos momentos de maior dificuldade de compreenso dos contedos (TASSONI, 2008, p. 151). A pacincia lembrada pelos estudantes da oitava srie como uma qualidade do professor que interfere positivamente na aprendizagem (TASSONI, 2008, p. 154). Em Guimares (2008), aspectos afetivos que permeiam no vnculo do docente com o aluno como o sentimento de justia, a preocupao, amizade, carinho e respeito mtuo, alm das brincadeiras e dilogo entre eles possibilitam no apenas o fortalecimento do vnculo, mas tambm uma aprendizagem efetiva.Com o mesmo objetivo de identificar sentimentos vivenciados por docentes de um Curso de Formao de Professores e que interferem na educao, Querido (2007) chegou a emoes como a confiana, citada como um sentimento que alm de criar uma boa relao com os alunos facilita o processo de ensino e aprendizagem. Foram mencionados tambm os sentimentos de medo e irritao dos professores. o medo de se expor, de errar e falta de confiana no desempenho de determinadas tarefas e a irritao quando h no empenho dos alunos e vontade para aprender (QUERIDO, 2007, p. 104). Na fala dos docentes, esses sentimentos de medo e irritao so comuns, apesar de no serem predominantes, e acabam dificultando tanto a relao com o aluno como o aprendizado.Portanto, existem no somente afetos que auxiliam na educao, como tambm dimenses afetivas que podem prejudicar a aprendizagem. Em Machado, Frade e Falco (2010), os professores que tinham pouca interao e dilogo com os alunos faziam com que estes desenvolvessem crenas, atitudes e sentimentos de fundo negativos em relao prtica do professor e s suas aprendizagens (MACHADO; FRADE; FALCO, 2010, p. 696). Chegou-se concluso de que a dificuldade em aprender estava ligada aos sentimentos de indiferena e descaso com os alunos e tenso em sala de aula. Silva, A. R. C. (2005) refora esse entendimento ao discutir como os sentimentos de mal-estar, como desnimo, ansiedade e raiva, interferem negativamente na educao. Afirma que as atitudes constitudas e comunicadas a partir de sentimentos antagnicos, podem dificultar tanto a relao professor-aluno como o processo de ensino-aprendizagem (SILVA, A. R. C., 2005, p. 15).A implicao da afetividade na relao professor-aluno em contexto universitrio foi proposta de estudo de Veras e Ferreira (2010). As autoras argumentam que a iniciativa de se relacionar afetivamente parte dos docentes atravs do interesse nos alunos, seja atravs da preocupao com a aprendizagem destes ou em se mostrarem disponveis em ouvi-los. Esse interesse, claramente afetivo, faz com que os alunos busquem contribuir com esta relao positiva, dando um retorno aos professores a partir do cumprimento das atividades sugeridas, o que resulta, alm de uma melhora na interao, na aprendizagem prazerosa (VERAS; FERREIRA, 2010, p. 231).Alm do interesse do docente, h o estilo pedaggico como componente importante para que os resultados escolares apaream. Apesar do foco do seu estudo no ser a afetividade, Roncaglio (2004) mostrou que a grande parte dos docentes universitrios entrevistados se perceberam como profissionais que mantm uma relao aberta, harmoniosa e de respeito mtuo com os alunos, pois, na viso deles, este estilo pedaggico facilita a aprendizagem. o que os prprios alunos chamam de professor democrtico, aquele que preza pela proximidade; o professor facilitador e amigo. O educador tambm atua como um mediador na relao entre o aluno e o objeto do conhecimento. Apontada por Gazoli e Leite (2011) no seu trabalho sobre a contribuio da afetividade para a aprendizagem no contexto do EJA, essa mediao propicia situaes estimuladoras de diversos sentimentos e emoes nos alunos e que podem resultar no sucesso do ensino e da aprendizagem (GAZOLI; LEITE, 2011, p. 14). Entre estes sentimentos esto a confiana, o respeito e a admirao que os estudantes tm pelo docente que preza pela afetividade na sua prtica em sala de aula (REIS; PRATA; SOARES, 2012). A dimenso afetiva, muitas vezes, acaba se tornando, na viso dos estudantes, o fator primordial para conseguirem aprender. Camargo e Martinelli (2006) ao investigarem as percepes de alunos na Educao de Jovens e Adultos (EJA) a respeito do processo de ensino-aprendizagem e sua relao com o educador apontaram que os aspectos afetivos da relao com o educador foram, para os alunos, mais importantes do que a competncia ao decidir se este um bom ou mau professor. Muitos deles acreditam que o sucesso escolar diretamente influenciado por algo externo, como o educador.E por fim, Ribeiro e Jutras (2006) trazem sua contribuio a respeito do papel da afetividade para o progresso escolar no seu trabalho com as Representaes Sociais de Professores sobre Afetividade. O estudo, que utilizou a associao livre para destacar os afetos que mais so evidenciados na interao com os alunos, chegou a uma concluso coerente com os demais estudiosos. A importncia da afetividade no processo de ensino e aprendizagem est ligada sua contribuio para a criao de um clima de compreenso, de confiana, de respeito mtuo, de motivao e de amor que podem trazer benefcios para a aprendizagem escolar (RIBEIRO; JUTRAS, 2006, p. 43).

2.3.3 Desenvolvimento psicossocial

Mas a importncia da dimenso afetiva na relao professor-aluno no reflete apenas no interesse escolar do aluno e nos resultados do processo de ensino-aprendizagem. Outros efeitos imediatos dessa interao so, por exemplo, o estabelecimento do vnculo entre ambos e a criao de um ambiente agradvel, de interaes autnticas (COSTA; REIS; ARAJO, [2006]; SILVA, L. B., 2011).Uma atitude que contribui para este fortalecimento do vnculo perceber o lado humano e conhecer mais o professor (TASSONI, 2008, p. 158). Este gesto, principiado pelos alunos, gera sentimentos de admirao e respeito, que somados confiana, possibilitam a criao de vnculos (TASSONI; LEITE, 2011). Portanto, na medida em que estes afetos citados contribuem para o vnculo afetivo, o prprio ato de vincular-se gera essas mesmas emoes, manifestando, assim, um mecanismo reforador e de troca.Entretanto, o conceito de afetividade composto por uma gama de sentimentos mistos e, muitas vezes antagnicos, que dificultam o vnculo entre o docente e o estudante. o caso do medo e da irritao. Querido (2007) aponta que o medo do professor de se expor, de errar, ou a demonstrao de irritao para com os alunos ao perceber que estes no esto empenhados, alm de inibir o ensino e a aprendizagem, prejudica a relao professor-aluno. Apesar disto, afetos como o respeito, o amor, carinho, compreenso, etc. so predominantes. Ribeiro e Jutras (2006), ao trabalharem com estes afetos chegaram concluso de que quando o docente prima pela afetividade, este percebe o aluno nas suas idiossincrasias, em toda a sua complexidade e potencialidade. Ele desenvolve uma maior sensibilidade para as necessidades do estudante (RIBEIRO; JUTRAS, 2006, p. 43). Dito de outra maneira, a tarefa educativa implica compreenso do humano como pessoa completa (FERREIRA; ACIOLY-RGNIER, 2010, p. 30). A presena da afetividade na postura do professor em sala de aula traz resultados no modo como os alunos percebem-no. No trabalho de Moraes (2008), assim como em Tassoni e Leite (2011), fica evidente que os estudantes dentro de um ambiente afetuoso passam a ver o educador como um modelo de vida, como uma referncia. As marcas que os bons professores deixaram (aprendizagens alm dos contedos escolares e que possibilitaram uma relao mais prxima), a confiana que sentem e a possibilidade de uma relao mais prxima (MORAES, 2008, p. 56) foram lembradas por eles. Assim, esse contexto marcado pela dimenso afetiva e caracterizado, na fala dos prprios alunos, pela forma agradvel de ser tratado, seja pelos incentivos ou pela liberdade em pedir conselhos ao docente, faz com que os discentes sintam que o professor tem papel fundamental na vida deles (MORAES, 2008).O educador ao aceitar esse lugar de destaque na vida do aluno e ao incorporar o afeto na sua prtica profissional pode contribuir para o desenvolvimento do estudante (BORBA; MACHADO; CALIMAN, 2008). Em Miranda (2005, p. 147), a partir de uma rede de vnculos, o professor passa a fazer parte da construo da identidade do aluno. Por meio da identificao que o estudante tem pelo docente, este pode utilizar determinadas atitudes como ser amoroso, atencioso, compreensivo e paciente para tirar o aluno das posies mais primitivas e de atitudes infantilizadas. Esta postura refora tanto o vnculo entre ambos como passa a ser uma continuidade da famlia (MIRANDA, 2005, p. 157).Em sentido inverso, o aluno pode se tornar tambm uma referncia para o educador. Azevedo V. L. A. (2009) que buscou compreender as emoes e sentimentos na atuao docente dos professores da Educao de Jovens e Adultos, destacou que o perfil sofrido dos estudantes que, em grande parte, precisaram parar de estudar por conta de outras ocupaes e que hoje se esforam e passam dificuldades para dar continuidade aos estudos, provoca afetos nos professores. Assim, estes so afetados pelas lies de vida que os jovens e adultos vivenciam, e percebem a importncia de ensinar para esses educandos.Se, por um lado, a afetividade tem papel decisivo na qualidade dos vnculos, por outro, ela tambm pode enfrentar eventuais dificuldades de relacionamento. Ao estudarem a relao entre afetividade e habilidades sociais de professores no contexto escolar, Reis, Prata e Soares (2012) apontaram que, para os docentes entrevistados, os afetos presentes na relao educativa como a amizade, o respeito e a confiana passada aos estudantes, alm de terem importncia na aprendizagem, fornecem meios para enfretamento de problemas interpessoais. Para estes pesquisadores a soluo para eventuais problemas de relacionamento est no estabelecimento de um ambiente democrtico, onde exista boa interao entre educandos e educadores e que estes ltimos tenham a capacidade de estabelecer dilogos com os alunos com a finalidade de formar vnculos de confiana mtua (REIS; PRATA; SOARES, 2012, p. 354).

2.3.4 - Preveno de comportamentos agressivos e delinquentes atravs da relao afetiva.

E no somente dificuldades em se relacionar com o outro. A presena da afetividade na prtica do professor se mostra til tambm na preveno e diminuio de comportamentos agressivos dos alunos. o que destaca Picado e Rose (2009) no estudo sobre problemas de comportamento de estudantes de pr-escola e a qualidade da relao professor-aluno. As autoras indicaram que boa parte dos docentes percebe a relao com os alunos como uma base segura, o que significa dizer que os docentes entendem que seu apoio emocional est vinculado s competncias sociais, emocionais e cognitivas do aluno, desenvolvimento e estabilidade do estudante e agem dessa forma a fim de evitar situaes de risco para os alunos. Outro argumento referente afetividade e sua relao com problemas de comportamentos de jovens estudantes discutido por Formiga (2005). De acordo com este autor, proporcionar oportunidades de relacionamentos interpessoais positivos pode contribuir para a diminuio das condutas permeadoras de delinquncia. Quando h uma maior identificao do aluno com os pais e professores e quando no h afastamento do vnculo afetivo, as chances dos estudantes apresentarem condutas desviantes so reduzidas.Mas o que dizer dos estudantes que vivem em situaes de risco psicossocial? No seu trabalho com educandos que esto nessas condies, Amparo et al. (2008) encontraram dados preocupantes, pois apesar dos jovens gostarem dos professores (60,4%), poucos demonstraram confiana e acham que podem contar com os docentes (37,7%). Os resultados no so totalmente negativos, j que, alm de contraditrios, mostram que outra parte deles confia. Os autores concluem destacando o papel dos professores como uma rede de apoio e proteo mais efetiva no contexto escolar, diminuindo a incidncia dos fatores de risco (AMPARO et al., 2008, p. 81). Assim, elementos como segurana, apoio, dar oportunidades e ter confiana so essenciais no vnculo do professor com estudantes. Independentemente da idade e do nvel educacional em que os educandos estejam, estas demonstraes de afeto no s podem diminuir os problemas sociais e de comportamento como tambm podem ajudar no estabelecimento de relaes mais saudveis.3 RESULTADOS E DISCUSSO

A seguir ser apresentado o mapa de literatura cuja funo organizar a discusso terica da temtica em eixos e subeixos e apresentar a estrutura hierrquica desses elementos. O mapa tem a afetividade como conceito primordial da estrutura e se divide, com base na reflexo dos achados, em trs eixos centrais: a manifestao da afetividade, as situaes estimuladorass de afetividade e os efeitos da presena do afeto na relao professor-aluno. Cada eixo tambm destrinchado em outros subeixos onde demonstra todo o alcance do conceito de afetividade na relao educativa, de acordo com os trabalhos publicados pelos estudiosos do referido tema.

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QUADRO TERICO CONCEITUAL DA AFETIVIDADE

3.1 - Manifestao da Afetividade

Com base na anlise das pesquisas foi observado que grande parte delas, ao discutirem o conceito de afetividade na relao professor-aluno, sente a necessidade de dar destaque a como os afetos aparecem nesta relao, como eles so demonstrados e atravs de quais elementos eles so inseridos na relao educativa.Para isso, h vrios mecanismos que transmitem os afetos de um sujeito para o outro, denominados, portanto, de vias de manifestao afetiva, onde todas elas so categorizadas em dois grupos, similares aos de Leite e Colombo (2008), ou seja, a manifestao pela forma verbal e pela forma no-verbal. A discusso dos demais autores sobre esse tema enriquece ainda mais o mapa atravs da incluso de uma gama de elementos que demonstram a afetividade na relao educativa, mas podem e foram muito bem acomodados dentro destes dois grupos citados.O primeiro grupo corresponde expresso da afetividade pela fala, pela palavra comunicada. Foram reunidas duas formas que correspondem a este tipo: o discurso do indivduo, onde a se introduzem o elogio, o incentivo ou alguma instruo dada pelo professor, por exemplo. E includos tambm determinados itens lexicais que uma pessoa reproduz e que, se forem analisados, evidenciaro que determinados afetos os acompanham, como falar a palavra no como meio de reprovar alguma atitude do professor ou utilizar palavras como gostar e muito para indicar a qualidade da relao professor-aluno.

O outro grupo que se caracteriza pela expresso os afetos refere-se forma no-verbal. Este subeixo abrange todas as atitudes, tanto do professor quanto do aluno, com o objetivo, consciente ou inconsciente, de maneira intencional ou no, de exprimir afetividade atravs de quaisquer elementos, mas com exceo do grupo anterior, ou seja, pela expresso da palavra. A manifestao pela forma no verbal pode ser dividida em quatro diferentes possibilidades: a seduo, a postura, a expresso facial e o toque/reconhecimento.

Apesar de ser variado o nmero de veculos envolvidos na manifestao da afetividade, os trabalhos por trs destes resultados alm de no darem a prioridade a isto, alguns carecem de um pouco mais de respaldo para que esses subeixos passem de uma categoria incerta para uma realidade, para algo mais slido. Isso fica evidente se essas categorias forem aplicadas somente aos estudos cujo foco o contexto universitrio. Apenas dois autores (BARBOSA, 2008; MOTA, 2007) discutem as formas de manifestao da afetividade presentes na universidade, onde somente a seduo e o discurso so apontados. Fica a dvida em saber se o problema que se coloca se a dimenso afetiva mais inibida nas relaes universitrias se comparada aos outros nveis educacionais ou se os estudiosos no do a devida importncia aos elementos afetivos no sistema universitrio, ou seja, se devido falta de aprofundamento e de mais produes com o foco no contexto universitrio. possvel que as formas de manifestao na universidade sejam mais sutis, como apontou Barbosa (2008), acabem ocorrendo despercebidas e passem a ilusria impresso de que elas pouco acontecem.O outro subtpico estabelecido como um elemento derivado da manifestao afetiva, alm das vias condutoras, corresponde s diversas variveis que compem o cenrio escolar e exercem influncia sobre a qualidade e intensidade das demonstraes afetivas. Quando se discute a relao do professor com um aluno de uma srie infantil e se compara com a interao entre o docente universitrio com o seu aluno nota-se que o jeito de abordar e de se relacionar muda, toma uma forma diferente. Isso se aplica a outros fatores como o sexo do aluno e do professor, a distino entre aulas prticas ou tericas, as presenciais ou distncia, o tempo de convvio com o docente, etc. Assim, em toda discusso sobre os afetos na relao educativa importante que se tenha em considerao a influncia desses aspectos.

3.2 - Situaes Estimuladoras de Afetos

O segundo eixo do mapa que discute a dimenso afetiva refere-se s situaes estimuladoras de afetos. Aqui foram reunidos todos os elementos que de alguma forma contribuem para a produo de afetos na interao entre educador e educando. A criao de afetos est ligada tanto participao do aluno como do professor. Alm disso, em alguns momentos a participao de ambos que torna possvel a gerao de afetos.Esse eixo passa por um processo de diviso em quatro subeixos e estes, do mesmo modo, so repartidos em subtpicos ainda menores. Assim, o primeiro subeixo corresponde s necessidades dos alunos. Aqui, a estimulao da afetividade configurada a partir da dependncia afetiva que o aluno direciona para o professor. Dizendo de outra maneira, os afetos aparecem de acordo com as demandas do estudante para com professor. Para ilustrar melhor esta questo esse subtpico foi dividido em outros dois subeixos: a transferncia, referente ao campo transferencial que possibilita, de maneira inconsciente, que os afetos surjam, e os desejos e expectativas dos alunos, onde h a esperana de que algo positivo acontea e seja efetivado pelo docente.

O segundo subeixo se configura a partir de trs caractersticas do professor que exercem impacto no surgimento da afetividade: o professor democrtico, a presena da responsividade e o seu modo de ensinar. Tendo em vista a sua proximidade estes elementos foram reunidos no tpico estilo e mediao do professor e demonstram como o educador tem papel importante na gerao dos afetos. Este subeixo se caracteriza pelo modo como o educador interage com o aluno, como a sua forma de ser e de agir e como ele utiliza a sua metodologia de ensino a fim de tornar o ambiente em sala de aula enriquecido afetivamente.

Este subeixo funciona, portanto, de modo complementar com o subeixo anterior, pois se de um lado os alunos, ao sentirem necessidades e expectativas sobre o professor, estimulam a afetividade, do outro o docente, atravs do seu trabalho e do seu jeito, acaba contribuindo tambm para a estimulao dos afetos. Isto alimenta ainda mais o carter reforador da interao educativa.

Com relao ao terceiro subeixo, tm-se as situaes de bem e mal-estar. Neste subtpico esto anexadas outras ocorrncias na relao entre o professor e o aluno que geram sentimentos de bem-estar e mal-estar. Entre essas situaes est a percepo do aluno sobre o professor, ou seja, como os estudantes veem e consideram o docente; a percepo do professor sobre o aluno. Este item refere-se ao modo como ele v a participao e interesse do educando. O professor reage afetivamente de acordo com o nvel de dedicao do aluno; h tambm a necessidade de aproximao dos alunos e as atribuies interpessoais. Estas ltimas, assim como os dois primeiros subtpicos, esto num plano mais racional e a estimulao dos afetos est diretamente ligada ao modo como o docente interpreta e atribui o sucesso ou o fracasso do educando.

Por fim, o ltimo subeixo refere-se ao envolvimento do aluno, onde os afetos dos estudantes na interao com o educador esto ligados maneira como eles apreciam o objeto de conhecimento, revelando uma relao entre o gostar da disciplina e gostar do professor. Mas no somente os educandos. Os educadores tambm so afetados quando veem o envolvimento dos alunos.Como se pode verificar, o eixo situaes estimuladoras transforma-se num emaranhado de possibilidades onde as muitas circunstncias citadas contribuem para o surgimento dos afetos. Isso se d porque muitos estudiosos tiveram a preocupao em investigar as questes envolvidas no aparecimento dos afetos na relao professor-aluno. Mas no somente no nmero de estudos, mas na excelncia deles, pois os trabalhos se apresentam como produes de destacada qualidade. O aspecto que chama ateno a pouca importncia dada ao contexto universitrio, pois somente trs autores, dentre todos que trabalham a relao educativa, discutem sobre a estimulao dos afetos na universidade, sendo que um deles no tem a afetividade como prioridade em seu trabalho. Isso revela a carncia de literatura sobre o tema.

3.3 - Efeitos da Presena do Afeto

O terceiro e ltimo eixo, efeitos da presena do afeto, corresponde s consequncias da presena da afetividade na relao professor-aluno e foi, dentre todos os trs eixos centrais, o mais discutido pelos pesquisadores. Do mesmo modo como o eixo anterior, este composto por quatro subeixos que discutem de forma mais detalhada e organizada o tema. So eles: o processo de ensino-aprendizagem; o desenvolvimento psicossocial; o interesse escolar do aluno e a preveno de comportamentos agressivos. Estes dois ltimos no sofrem ramificaes. O primeiro, o subeixo interesse escolar do aluno, diz respeito influncia da relao afetiva entre educador e educando na maior disposio e envolvimento do estudante com o objeto de conhecimento e com o docente. J a preveno de comportamentos agressivos refere-se base segura que a relao educativa para os alunos, pois a partir de um relacionamento interpessoal positivo h a diminuio de comportamentos agressivos e pode auxiliar na proteo de discentes em situaes de risco. H ainda outros dois subeixos que so o desenvolvimento psicossocial e o processo de ensino-aprendizagem. O primeiro rene todos os elementos que contribuem para o desenvolvimento do sujeito, tanto psquico como social. Foram definidos quatro subtpicos: o estabelecimento do vnculo, a compreenso do outro, o outro como modelo de vida e lidar com dificuldades de relacionamento.

Por fim, o eixo processo de ensino-aprendizagem foi colocado parte do anterior (j que ensinar e aprender so aspectos do desenvolvimento humano) por causa da enorme importncia dada a ele pelos pesquisadores. Neste tpico discutido como a dimenso afetiva (ou a sua ausncia) na relao entre o docente e o estudante influencia o ensino e a aprendizagem. Este eixo passou por uma ramificao tendo em vista que apesar da maioria dos estudos afirmarem que os afetos como o respeito, a confiana, a compreenso, etc. ajudam no ensino e na aprendizagem, uma outra parcela, mesmo que menor, indica que alguns afetos prejudicam este processo to importante para a educao. Assim, os subtpicos so afetos que facilitam e afetos que prejudicam.

Como dito anteriormente, a grande parte dos pesquisadores que trabalham com a relao educativa centrou as suas investigaes no eixo processo de ensino-aprendizagem, o que muito importante, pois se conseguiu chegar a um excelente nvel de aprofundamento sobre o subeixo. Porm, novos estudos neste tema podem cair na repetio e chegarem resultados semelhantes aos j encontrados e no acrescentarem algo considervel, enquanto os outros subeixos permanecem carentes de mais destaque, principalmente pela sua importncia. Exemplo disso o subeixo desenvolvimento psicossocial onde traz aspectos fundamentais para o crescimento do indivduo, como a constituio de laos sociais, a identificao com outras pessoas e a troca afetiva e at mesmo como conviver de forma harmoniosa, no s em contexto educacional, como em todos os espaos sociais.E o que dizer dos trabalhos cujo foco de pesquisa o contexto universitrio? Os trabalhos seguem a mesma lgica e quase todos eles do destaque s suas investigaes ao processo de ensino-aprendizagem (CONCEIO, 2011; QUADROS et al., 2010; MIRANDA, 2005; RONCAGLIO, 2004; SILVA, A. R. C., 2005; VERAS; FERREIRA, 2010). Apenas um estudo d importncia ao interesse escolar do aluno (MOTA, 2007) e outro para o desenvolvimento psicossocial (MIRANDA, 2005). O subeixo preveno de comportamentos agressivos no foi mencionado por nenhuma pesquisa cujo foco era as relaes educativas na universidade. Isso evidencia que no nvel universitrio todas as atenes so centradas para o contedo programtico e em como os afetos podem influenci-lo. ntida a pouca significncia dada nos demais aspectos como, por exemplo, e principalmente, o desenvolvimento do indivduo. Isso faz refletir se de fato as relaes afetivas entre o professor universitrio e os alunos em nada colaboram com o desenvolvimento pessoal, humano e muito menos social. Ao que parece, essa reflexo no faz sentido, mas indica uma lacuna que carece de maior ateno e estudo.

3.4 - Interligao entre os Eixos Temticos

Como exposto acima, o conceito de afetividade na relao professor-aluno foi dividido em trs grandes eixos e inmeros subeixos de forma hierarquizada, onde estes representam de forma estruturada e didtica a discusso do tema e, em seguida, realizada uma anlise de cada eixo de maneira isolada. Mas, para se chegar a uma compreenso aprofundada interessante tambm examinar como se d a relao entre cada um deles.Ficou constatado que em muitos estudos os pesquisadores ao discutirem conceitos presentes em um determinado eixo, tambm discutiam paralelamente conceitos de outro eixo temtico. Entre as ligaes mais frequentes e que chamam a ateno esto as vias de manifestao com o interesse escolar do aluno; as diversas variveis mais os efeitos da presena do afeto e, por ltimo, as situaes estimuladoras com o processo de ensino-aprendizagem (As ligaes esto destacadas por linhas vermelhas).A primeira ligao refere-se s consequncias no interesse escolar do aluno que a as atitudes do professor desperta graas facilitao provocada por algumas vias condutoras. Assim, elementos como a postura corporal do educador ao se inclinar na carteira do aluno, o toque, o reconhecimento, a seduo e os contedos verbais, atravs da modulao da voz, do que diz e como diz, contribuem diretamente para que os estudantes se envolvam, gostem das disciplinas e despertem a vontade e o vnculo com os estudos (ARAJO, 2012; MOTA, 2007; SILVA, L. B., 2011; TASSONI, 2000).

Outra conexo entre conceitos de eixos distintos que chama a ateno a proximidade das variveis com os efeitos da presena da dimenso afetiva. Boa parte dos efeitos depende da configurao da relao educativa, ou seja, das variveis que esto envolvidas, como o nvel educacional, a idade dos envolvidos, o tempo de convvio, a metodologia de ensino adotada, etc. Portanto, para discutir melhorias e contribuies da afetividade na educao e no desenvolvimento psicossocial importante contextualizar e levar em conta os diversos aspectos presentes na relao professor-aluno (BORBA; MACHADO; CALIMAN, 2008; CONCEIO, 2011; QUADROS et al., 2010; SILVA, L. B., 2011; TASSONI, 2000; TASSONI, 2008).

A terceira ligao diz respeito influncia das situaes que estimulam os afetos sobre o processo de ensino e aprendizagem. A investigao aponta que todos os subeixos das situaes estimuladroas esto envolvidos diretamente no sucesso ou fracasso escolar. Desse modo, quando as necessidades e expectativas dos alunos so atendidas, quando o modo de ensinar e o jeito do professor agradam os estudantes, o aluno passa a se envolver com o educando e com o objeto de conhecimento e quando outras situaes geram bem-estar na relao educativa, a chance do progresso escolar acontecer enorme. Por outro lado, quando h a carncia desses aspectos ou ainda, quando h a presena de afetos antagnicos, o pouco dilogo e interao, o processo de ensino-aprendizagem certamente passar por dificuldades e prejuzos (GUIMARES, 2008; MACHADO; FRADE; FALCO, 2010; MIRANDA, 2005; RONCAGLIO, 2004; SILVA, A. R. C., 2005; TASSONI; LEITE, 2011).

Por fim, um ponto que chama a ateno a falta de conexo entre o primeiro eixo, da Manifestao da Afetividade, e o segundo, as Situaes Estimuladoras. Nenhum dos autores que se props a discutir elementos de um destes eixos considerou conceitos do outro como parte importante e complementar do estudo e com possveis relaes entre eles. Assim, se apresenta uma distncia considervel nas pesquisas entre a expresso dos afetos e as situaes que estimulam o seu surgimento.

4 - CONSIDERAES FINAIS

O objetivo deste trabalho foi o de compreender de forma aprofundada a relao entre o professor e o aluno, visto que esta uma das interaes mais marcantes para ambos no contexto educacional. A introduo do conceito de afetividade no estudo desta relao se deu justamente por ser um fator que mobiliza e provoca mudanas nos relacionamentos. E no h lugar que busque mudanas e que absorva elementos racionais e emocionais to bem quanto a instituio escolar.Dar destaque ao contexto universitrio se deu por conta dos poucos estudos com este nvel educacional como foco e por ser um campo importante de ser observado, pois a universidade com o objetivo de formar e instruir as pessoas segue o mesmo caminho da escola. Alm disso, os contedos racionais so prioridade no contexto universitrio e as demonstraes afetivas ficam em segundo plano. Isto gera a curiosidade em se questionar qual a qualidade e o papel que a afetividade tem nesse espao.Aps o levantamento bibliogrfico e a anlise dos inmeros estudos que discutem a relao educativa em todos os nveis educacionais foi constatado que esse objeto de estudo rico, complexo e abrangente. Foi necessria, a fim de poder compreender de forma melhor e didtica o tema, a sua diviso em trs grandes eixos temticos. A saber: a manifestao da afetividade, as situaes estimuladoras dos afetos e os efeitos da presena do afeto.Mas esta diviso no foi suficiente e, portanto, foi preciso a ramificao destes tpicos em elementos menores, pois cada eixo temtico trouxe contedos dos mais diversos. Exemplo disso so as mltiplas maneiras de demonstrar os afetos, como pelo toque, pelo olhar, pela ateno, pela fala, etc. Isto revela que a relao entre o professor e o aluno est a todo o momento sendo influenciada por esses elementos, por mais simples que eles sejam. Assim, foi criado um quadro terico-conceitual com os principais conceitos relacionados com a afetividade na relao educativa.Aps a categorizao em subeixos e a formao do mapa de literatura, foi realizada uma discusso sobre como os subeixos se relacionam com outros de diferentes eixos temticos. Foi tambm destacada a no ligao entre dois eixos, Vias de manifestao e Situaes estimuladoras de afetos, o que podemos afirmar que apesar da diviso em eixos ser didtica, ela ajudou a constatar que existe uma falta de debate nos estudos referente relao entre estes tpicos. Dessa forma, atravs do estudo realizado foi possvel compreender como os autores da psicologia e das demais reas vm trabalhando a afetividade na relao professor-aluno. De que maneira e para quais propsitos eles utilizam o conceito. Pode ser verificada tambm uma abertura para mais estudos voltados para a contribuio dos afetos na relao educativa em contexto universitrio no desenvolvimento psicossocial dos sujeitos envolvidos.E justamente a nossa inteno na futura segunda fase do trabalho, pois esta primeira etapa foi um processo de atualizao, entendimento e reflexo do tema. Posteriormente, como continuidade do projeto de iniciao cientfica, ser realizada uma pesquisa de campo com o objetivo de complementar o trabalho e contribuir ainda para este campo de estudo to importante.

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