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10 APRESENTAÇÃO Alfabetização e letramento tem sido um tema bastante discutido na atualidade, devido às muitas questões no campo da aprendizagem. No âmbito educacional é prioridade dos espaços formais promover uma educação que contribua de forma efetiva para a formação dos indivíduos. Além desse espaço outros espaços se configuram na promoção do conhecimento. Daí o objetivo desse trabalho, conhecer melhor esses espaços e identificar as contribuições para o processo educativo. Esta pesquisa apresenta-se dividida em quatro capítulos descritos a seguir: O primeiro capítulo vem trazendo a problematização, onde apresentamos pontos e contrapontos do tema abordado. Neste capítulo falamos acerca da alfabetização e letramento no processo educativo seus desafios e possibilidades nos espaços não-formais. O segundo capítulo é dedicado à fundamentação teórica, onde passaremos a conceituar as palavras-chave que norteiam o tema em estudo, buscando fundamentá-las a partir de teóricos como Tfouni, Soares, Freire, Cagliari e outros, que abordam o assunto de modo aprofundado, para melhor compreendermos os processos envolvidos na construção do conhecimento das crianças nos espaços não-formais de educação. O terceiro capítulo traz os caminhos percorridos para a obtenção dos dados necessários a realização dessa pesquisa. Apresentamos aqui à metodologia e os instrumentos de coleta de dados: a observação direta, o questionário fechado e a entrevista semi-estruturada, utilizados para levantamento dos dados. No quarto e último capítulo, apresentamos as análises e os resultados obtidos

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APRESENTAÇÃO

Alfabetização e letramento tem sido um tema bastante discutido na

atualidade, devido às muitas questões no campo da aprendizagem. No âmbito

educacional é prioridade dos espaços formais promover uma educação que

contribua de forma efetiva para a formação dos indivíduos. Além desse espaço

outros espaços se configuram na promoção do conhecimento. Daí o objetivo desse

trabalho, conhecer melhor esses espaços e identificar as contribuições para o

processo educativo.

Esta pesquisa apresenta-se dividida em quatro capítulos descritos a seguir:

O primeiro capítulo vem trazendo a problematização, onde apresentamos

pontos e contrapontos do tema abordado. Neste capítulo falamos acerca da

alfabetização e letramento no processo educativo seus desafios e possibilidades nos

espaços não-formais.

O segundo capítulo é dedicado à fundamentação teórica, onde passaremos a

conceituar as palavras-chave que norteiam o tema em estudo, buscando

fundamentá-las a partir de teóricos como Tfouni, Soares, Freire, Cagliari e outros,

que abordam o assunto de modo aprofundado, para melhor compreendermos os

processos envolvidos na construção do conhecimento das crianças nos espaços

não-formais de educação.

O terceiro capítulo traz os caminhos percorridos para a obtenção dos dados

necessários a realização dessa pesquisa. Apresentamos aqui à metodologia e os

instrumentos de coleta de dados: a observação direta, o questionário fechado e a

entrevista semi-estruturada, utilizados para levantamento dos dados.

No quarto e último capítulo, apresentamos as análises e os resultados obtidos

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do tema pesquisado a partir do questionário fechado realizado com os quinze alunos

e uma professora do Coral Anjo de Deus da Igreja Católica e a entrevista realizada

com a professora

Por último, as considerações finais que vem trazendo uma síntese dos

elementos que se destacaram na presente pesquisa, assim como os resultados das

análises feitas sobre o tema abordado neste trabalho.

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CAPÍTULO I

PROBLEMATIZAÇÃO

O interesse pelo tema partiu da vontade de conhecer como se dá o processo

de alfabetização e letramento em espaços não-formais de educação, e identificar as

contribuições do Coral Anjo de Deus na alfabetização e letramento das crianças

envolvidas nesse espaço. Nesta perspectiva, consideramos ser relevante

realizarmos a presente pesquisa, pois através dos resultados poderemos ter uma

melhor compreensão sobre como se processa a construção do conhecimento nos

espaços extra-escolares.

A educação é um dos principais instrumentos na construção de uma

sociedade democrática. Ao longo dos anos tem se buscado de diversas formas

alcançar um padrão de ensino que venha corroborar para uma aprendizagem

significativa. O domínio da língua por sua vez é fundamental para a vida do indivíduo

e da sociedade em geral. A escrita, um ato histórico na vida humana teve um

processo de propagação e aceitação lento e sujeita a fatores político-econômicos.

Assim ressalta Tfouni (2006, p. 10) “Historicamente, a escrita data de cerca de 5.000

anos antes de Cristo. O processo de difusão e adoção dos sistemas escritos pelas

sociedades antigas, no entanto, foi lento e sujeito, é óbvio, a fatores político-

econômicos”.

Os espaços formais de educação: os espaços escolares, as instituições

destinadas ao processo educativo, que está relacionada às Instituições Escolares da

Educação Básica e do Ensino Superior, definidas na Lei 9394/96 de Diretrizes e

Bases da Educação Nacional, no início se preocupou somente em alfabetizar. Por

muitas décadas, alfabetizar significou ensinar o aluno a identificar letras e escrever,

não sendo oferecido ao aluno, meios pelos quais ele pudesse por si mesmo

descobrir, criar e apropriar-se do conhecimento de forma interativa e participativa.

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Aprender a ler e escrever vai muito além de decodificar e copiar. Assim, afirma Paulo

Freire (2001, p. 32) “Aprender a ler, a escrever, alfabetizar-se é, antes de mais nada,

aprender a ler o mundo”.

É importante ressaltar que, tanto nos espaços formais como nos informais de

educação é necessário entender o que é um ser letrado, conhecer as letras e

escrever é necessário, mas não é o suficiente para ser competente no uso da língua

escrita. A língua não se constitui um mero código, a linguagem é um instrumento

social estruturado de modo coletivo e dinâmico dessa forma a escrita deve ser vista

como um elemento cultural e social. Assim diz Soares (1998, p. 22) “Alfabetizado é

aquele indivíduo que sabe ler e escrever, já o indivíduo letrado, o indivíduo que vive

em estado de letramento, é não só aquele que sabe ler e escrever, mas aquele que

usa socialmente a leitura e a escrita”.

Nesta perspectiva, é significativo para o processo de alfabetização utilizar-se

dos conhecimentos que o aluno traz consigo e promover uma interatividade e

socialização do conhecimento. Assim, poderá contribuir para formar cidadãos

participativos capazes de ter uma leitura de mundo. Daí surge à necessidade tanto

dos espaços formais como os não-formais repensarem o seu papel na sociedade, de

não somente alfabetizar, ou manter o indivíduo no espaço por mais tempo, mas

tornando este tempo de permanência mais produtivo, buscando melhorar a

qualidade do ensino, através do letramento dos sujeitos que estão inseridos no

processo de alfabetização.

A escola tem um papel importante no processo de alfabetização, mas não é

só dela o ato de alfabetizar, a criança antes de chegar à escola vivencia práticas

sociais que contribuem para o seu desenvolvimento físico, psíquico e social. As

primeiras palavras que elas pronunciam são aprendizagens que vão construindo um

conhecimento que será aprimorado na convivência e relações do dia-a-dia e que são

ampliadas quando ela é inserida na escola. A criança não chega à escola vazia, ela

traz uma bagagem adquirida da sua vivência social e cultural na qual está inserida.

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Descobrir a escrita, usar a escrita e aprender à escrita, constitui-se nas várias

dimensões de integração do aprender a ler e escrever para alfabetizar letrando. As

novas demandas da sociedade vêm impondo mudanças de paradigmas e novos

modelos de ensino, daí surgem os novos termos como, por exemplo, “letramento”

que vem trazendo uma nova visão dentro do contexto educacional. Sobre o

letramento Tfouni (2006) diz que,

O letramento, por sua vez, focaliza os aspectos sócio-históricos da aquisição da escrita. Entre outros casos, procura estudar e descrever o que ocorre nas sociedades quando adotam um sistema de escritura de maneira restrita ou generalizada; procura ainda saber quais práticas psicossociais substituem as práticas “letradas” em sociedades ágrafas (p. 10).

Quanto à alfabetização Tfouni (2006, p. 11) faz a seguinte afirmação “este

termo refere-se à aquisição da escrita enquanto aprendizagem de habilidades para

leitura, escrita e as chamadas práticas de linguagem”

Alfabetização e letramento são processos importantes para a construção do

conhecimento e devem andar juntas. Na atualidade, no âmbito educacional, o

grande desafio é o de “Como alfabetizar letrando”. Os educadores devem promover

um ensino que contemple não apenas a alfabetização, mas também o letramento.

Portanto, são grandes os desafios para propiciar a construção do conhecimento

das crianças do ensino fundamental, e cabe ao professor se conscientizar da

necessidade de uma capacitação consistente, para que possa atuar no espaço

escolar de forma significativa. O professor deve ser modelo para seus alunos e

dessa forma deve ser um atuante nas práticas sociais de leitura e escrita em

qualquer espaço que atue seja formal ou informal.

A educação vem sendo proclamada como uma das principais bases no

processo de desenvolvimento social, para enfrentar os desafios gerados pela

globalização. A educação formal representada pelas escolas e universidades tem

objetivos claros e específicos, sempre representada pelas estruturas hierárquicas e

burocráticas em nível nacional. Dentro dos novos conceitos, a educação não se

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restringe aos espaços escolares, ela se faz presente em outros espaços, os

chamados espaços não-formais de ensino. Sobre a educação não-formal Gohn

(2005, p. 7) diz “Com isto um novo campo da educação se estrutura: o da educação

não-formal. Ela aborda processos educativos que ocorrem fora das escolas, em

processos organizativos da sociedade civil”. Sobre os vários espaços de educação

não-formal ainda segundo Gohn (1999),

A educação não-formal designa um processo de formação para a cidadania, de capacitação para o trabalho, de organização comunitária e de aprendizagem dos conteúdos escolares em ambientes diferenciados. Por isso ela também é muitas vezes associada à educação popular e à educação comunitária. A educação não-formal estendeu-se de forma impressionante nas últimas décadas em todo o mundo como “educação ao longo de toda a vida” (p. 98-99).

Tanto a educação formal como a informal tem seu valor e sua

intencionalidade, sendo diferenciadas pelos espaços em que acontece o processo

educativo. Por isso, lancemos um olhar especial para a educação que acontece fora

dos muros das escolas, buscando valorizar cada vez mais esses espaços, para que

venha juntamente com os espaços formais de educação, consolidar uma educação

voltada para a formação plena dos indivíduos que compõem a sociedade em geral.

Com as atuais demandas da sociedade, em que os mais qualificados são os

que estão mais bem preparados para ocupar cargos elevados na área profissional,

se faz necessário uma educação pautada na construção do conhecimento voltada

para a realidade do indivíduo. Assim, é importante atentarmos para o grande desafio

do ensino que é de propiciar uma educação direcionada a alfabetizar letrando. Este

processo deve acontecer em todos os espaços educativos formais e não formais

para que venham contribuir no desenvolvimento das habilidades linguísticas das

crianças e de construção do conhecimento, ampliando sua visão de mundo e

compreensão da realidade.

Diante disso, é importante ressaltarmos que tanto os espaços formais como

os não-formais de educação tem um papel relevante na sociedade, pois

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independente dos espaços em que elas acontecem, a sua contribuição para a

sociedade é significativa. Pois, a aquisição do conhecimento pelos indivíduos

contribui significativamente no desenvolvimento da sociedade do Brasil, do Nordeste

e do nosso município.

Diante do exposto, acreditamos ser pertinente elegermos a seguinte questão:

Qual a contribuição dos encontros no Coral Anjos de Deus da Igreja Católica de

Senhor do Bonfim no processo de alfabetização e letramento das crianças que

frequentam.

Diante dessa questão, emerge o objetivo geral desta pesquisa, Identificar as

contribuições dos encontros no Coral Anjos de Deus, no processo de alfabetização e

letramento das crianças que frequentam.

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CAPÍTULO II

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

As discussões estabelecidas no primeiro capítulo nos levam aos seguintes

conceitos-chave: Alfabetização e Letramento, Educação Formal e Educação não-

formal

2.1 Alfabetização e letramento no processo de aprendizagem

Partindo do pressuposto de que a alfabetização se ocupa da aquisição da

escrita por um indivíduo, ou grupo de indivíduos, é importante entendermos o seu

significado em seu sentido real. Soares (2003, p. 15) diz que alfabetização é “em

seu sentido próprio, específico: processo de aquisição do código escrito, das

habilidades de leitura e escrita”. Além disso, afirma que “a alfabetização é um

processo de representação de fonemas em grafemas, e vice-versa, mas é também

um processo de compreensão/expressão de significados por meio do código escrito”

(SOARES, 2003, p. 16). Dessa forma, precisamos reconhecer a alfabetização como

necessária, como processo sistemático de ensino e não só, de aprendizagem da

escrita alfabética.

Percebe-se que, algumas vezes as práticas de alfabetização são confundidas

por uma mera habilidade abstrata para produzir e decodificar símbolos (letras e

palavras). As crianças quando são alfabetizadas usam a leitura e escrita para

exercerem o seu papel de forma significativa no ambiente no qual estão inseridas,

agindo de forma criativa, descobridora, crítica, autônoma e ativa. Para Ferreiro

(1987, p. 12) “Este objeto (a escrita) não deve ser tomada como “um código de

transcrição gráfica das unidades sonoras”, mas sim como um sistema de

representação que evoluiu historicamente”.

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A alfabetização ao longo dos anos tem sido um tema bastante discutido nos

espaços educativos, pela sua importância no contexto social, pois, ler e escrever é

uma necessidade de todo indivíduo para se comunicar em sua língua materna e em

todas as línguas presentes em nossa cultura, isto é, a musical, a gestual, a pictórica,

a cinematográfica, a teatral e tantas outras linguagens que nos possibilitam ler e

escrever o mundo em que vivemos. É o contato com a língua oral e escrita que vai

despertando na criança o desejo de aprender.

O ato de aprender a ler e escrever deve começar a partir de uma

compreensão muito abrangente do ato de ler o mundo, coisa que os seres

humanos fazem antes de ler a palavra. Até mesmo historicamente, os

seres humanos primeiro mudaram o mundo, depois revelaram o mundo e a

seguir escreveram as palavras. Esses são momentos da história. Os seres

humanos não começam por nomear A! F! N! Começam por libertar a mão e

apossar-se do mundo (FREIRE & MACÊDO, 1990; p.32).

Por isso, a alfabetização tem seu primeiro contato com a linguagem oral.

Significa que a leitura é primordial para o processo de alfabetização e que a leitura

na escola deve ultrapassar o mero domínio da técnica, porque ler não é só traduzir,

mas compreender e interpretar. O segundo contato se dá através da linguagem

escrita, que por muito tempo a preocupação era apenas com a aprendizagem das

letras soltas, da formação de sílabas, para finalmente juntá-las e formar palavras,

textos. Passado algum tempo, surgiu à importância e a preocupação de saber

interpretá-los. Nessa perspectiva, Cagliari (2006) enfatiza que,

Não tratando adequadamente a escrita e a fala na alfabetização, a escola

encontrará dificuldades sérias para lidar com a leitura. Afinal, a leitura na

sua função mais básica, nada mais é do que a realização do objetivo de

quem escreve. O fato de a escola em geral não saber fazer de seu aluno

bons leitores traz conseqüências graves para o futuro destes, que terão

dificuldades enormes em continuar na escola, onde a leitura se faz

necessária a todo instante, e serão fortes candidatos à evasão escolar (p.8-

9).

Diante disso, tratar da leitura das pessoas no mundo letrado vai além de

treiná-las para ler palavras. A formação de leitores é processo longo e cuidadoso

que carece figurar com vigor o quanto antes, na pauta das políticas públicas. Os

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investimentos não dizem respeito apenas àqueles que mal dominam a escrita. Falar

de formação de leitores implica falar de acesso aos bens culturais e sociais:

bibliotecas, centros culturais e comunitários, livrarias, escolas de qualidade, enfim a

ambientes que possam incentivar a ler para a vida.

Assim, podemos entender que o processo da alfabetização começa antes

mesmo de ler e escrever. O contato está na literatura infantil, isto é, nos livros de

estória lidos para as crianças, pelos pais e professores, sendo que estes estarão

semeando interesse dos pequenos pelo gosto da leitura; já percebendo que um

texto possui pontuação (pausas, exclamação, interrogações). Assim, professores

têm papel fundamental no processo de alfabetização da criança. Portanto, é preciso

que o professor esteja ciente de como se dá o processo de aquisição do

conhecimento e de como lidar com as dificuldades das crianças no momento da

aprendizagem. Como nos diz Cagliari (2006),

O processo de alfabetização inclui muitos fatores, e, quanto mais ciente

estiver o professor de como se dá o processo de aquisição de

conhecimento, de como a criança se situa em termos de desenvolvimento

emocional, de como vem evoluindo o seu processo de interação social, da

natureza da realidade linguistica envolvida no momento em que está

acontecendo à alfabetização, mais condições terá esse professor de

encaminhar de forma agradável e produtiva o processo de aprendizagem,

sem os sofrimentos habituais (p. 9).

Daí a importância de começar a trabalhar a leitura com a criança desde cedo,

buscando apresentar textos interessantes, que venham trazendo temas que estejam

relacionados com a sua realidade, para que ela se familiarize com as palavras,

levando-as a uma reflexão sobre o assunto abordado, despertando o interesse da

criança pela leitura. Assim nos diz Alves (2001),

O interesse da criança pela leitura começa quando esta fascinada com as

coisas maravilhosas que moram dentro do livro. Não são as letras, as

sílabas e as palavras que fascinam. É a estória. A aprendizagem da leitura

começa antes da aprendizagem das letras: quando alguém lê e a criança

escuta com prazer (p. 2).

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Portanto, despertar o gosto pela leitura e pela escrita na criança é uma forma

de contribuir para uma aprendizagem efetiva na formação do indivíduo e esta

aprendizagem se dá a partir do interesse do indivíduo pela leitura, associada a uma

metodologia desenvolvida pelo professor em sala de aula contribuindo assim para

uma alfabetização significativa.

A aproximação efetiva e afetiva das pessoas com jornais, revistas, livros,

cartas, decretos, códigos, conduz a apropriação de conhecimentos socialmente

construídos, e isso é uma das formas de participar das instâncias de poder. Diante

disso, ainda que sejam louváveis algumas iniciativas de alfabetização, tal movimento

torna-se inócuo se descolado da promoção e do convívio mais estreito com as

práticas cotidianas de leitura e de escrita. Numa sociedade como a nossa, na qual o

acesso à cultura é ao mesmo tempo tão valorizado e tão restrito à grande parte da

população, a disseminação da leitura e da escrita torna-se fundamental para a busca

do exercício da cidadania.

Letramento, por ser uma palavra recente traz algumas dúvidas sobre o seu

uso correto dentro do processo educativo, levando muitos professores e alunos a

confundir com alfabetização. Desta forma, nos leva a conceituá-la para melhor

entendermos o seu papel no contexto educacional. Assim, letramento antes de

qualquer coisa, não é alfabetizar simplesmente, mas uma ação conjunta entre

alfabetizar e letrar. Soares (2001) apresenta definições claras de alfabetizar,

alfabetização e letramento,

Alfabetizar é “ensinar a ler e escrever, é tornar o indivíduo capaz de ler e escrever”. Alfabetização é “a ação de alfabetizar”. Letramento é “o estado ou condição que adquire um grupo social ou um indivíduo como consequência de ter-se apropriado da escrita e de suas práticas sociais” (p. 31-39).

Nessa perspectiva, alfabetizar é empreender esforços para que o indivíduo

domine a leitura e a escrita, tornando-o capaz de aventurar-se no mundo dos livros.

Já o indivíduo letrado é aquele que se apropriou da escrita e faz uso da mesma na

sua prática social. Para melhor entendermos este termo “Letramento” vamos

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conhecer um pouco de sua história. O vocábulo (Letramento) surgiu entre os

lingüistas e estudiosos da língua portuguesa, e então passou a ser usado no setor

educacional. Segundo Soares (2003, p.15) o termo se originou de uma versão feita

da palavra da língua inglesa “literacy”, com a representação etimológica de estado,

condição, ou qualidade de ser literate, e literate é definido como educado,

especialmente, para ler e escrever”.

Nos dicionários da língua portuguesa o termo alfabetizado diz respeito ao

indivíduo que somente aprendeu a ler e escrever, não se diz que é o que adquiriu o

estado ou condição de quem se apossou da leitura e da escrita, e que respondem

de maneira satisfatória as demandas das práticas sociais. Para melhor

compreendermos o que é um ser letrado lançamos mão do que diz Tfouni (1995, p.

20) “Enquanto a alfabetização se ocupa da aquisição da escrita por um indivíduo, ou

grupo de indivíduos, o letramento focaliza os aspectos sócio-históricos da aquisição

de uma sociedade”. Assim, um ser letrado é definido por aquele que tem a

capacidade de usar o código escrito para interagir em sua comunidade, quando

nesta existem demandas de letramento.

Os problemas com a falta do saber ler e escrever se arrastam ao longo dos

tempos, com isso gerou uma crescente preocupação e tem-se buscado através de

muitos estudos e ações resolver este problema. Desta forma, foi criado o termo

“analfabetismo”. Diante disso, o estado ou condição daquele que sabe ler e

escrever, e, que respondem de maneira ampla e satisfatória as demandas sociais

fazendo uso de alguma maneira da leitura e escrita, ainda não tinha uma

denominação. Sobre isso Tfouni (2006, p.11) ressalta que “Devido à constatação de

uma nova situação de que não basta apenas o saber ler e escrever, necessário é

saber fazer uso do ler e escrever, saber responder às exigências de leitura e de

escrita que a sociedade faz. Então o nome letramento surgiu desta nova

constatação”. Assim, letramento é um fenômeno social, que faz sobressair as

características sócio-históricas de uma sociedade ao adquirir um sistema de escrita.

2.2 A educação formal e sua contribuição no processo educativo

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22

A educação, entendida como um serviço ou uma tarefa social, ganha

conotações de transmissão de saberes, fórmulas, padrões de escrita, técnicas. E

neste viés, têm-se a impressão de que educação se restringe ao que se ensina nas

escolas: ler, escrever, fazer contas, as ciências, as técnicas, a memória social, o

entendimento do mundo natural e do mundo mental.

A educação, contudo, leva em si um conceito mais amplo e profundo, cujos

instrumentos de percepção e medida não são contemplados nas provas, nas notas,

nos gráficos desenhados em estatísticas oficiais. Isto é, vai muito além do que a

formalidade institucional consegue mensurar. Para Drucker (1995),

Educação básica significa tradicionalmente, por exemplo, a capacidade de efetuar multiplicações ou algum conhecimento da história dos EUA. Mas a sociedade do conhecimento necessita também do conhecimento de processos - algo que as escolas raramente tentaram ensinar. Na sociedade do conhecimento, as pessoas precisam aprender como aprender. Na verdade, na sociedade do conhecimento as matérias podem ser menos importantes que a capacidade dos estudantes para continuar aprendendo. A sociedade pós-capitalista exige aprendizado vitalício. Para isso, precisamos de disciplina. Mas o aprendizado vitalício exige também que ele seja atraente, que traga em si uma satisfação (p. 156).

A educação é um dos requisitos necessário para que os indivíduos tenham

acesso aos bens e serviços disponíveis na sociedade. A educação é um direito

garantido por lei a todos os indivíduos. Ao nascer a criança começa a ser educada

na família e posteriormente na escola.

A socialização dos indivíduos através da escola começou no Egito, Grécia e

Roma na Antiguidade. Na idade média a socialização era feita através da educação

familiar, não havia sequer a idéia de educação, ela começa a se desenvolver no

Século XV com a burguesia, surge às instituições voltadas para o ensino de

crianças e do jovem, bem parecidos como os de hoje. Sendo que, começa aí as

desigualdades sociais, onde a educação é privilégio de poucos, estando voltada aos

interesses da burguesia. O surgimento da escola está relacionado com os

processos históricos sociais. Assim diz Saviani (1997),

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O direito de todos a educação decorria do tipo de sociedade correspondente aos interesses da nova classe que se consolidara no poder: a burguesia... Para superar a situação de opressão, própria do “Antigo Regime”, e ascender a um tipo de sociedade fundada no contrato social celebrado “livremente” entre os indivíduos, era necessário vencer a barreira da ignorância... A escola é erigida, pois no grande instrumento para converter os súditos em cidadãos (p. 17-18).

Deste modo, o papel da educação formal é a de formar cidadãos para

atuarem na sociedade. A escola como instituição de ensino foi o espaço criado para

instruir e formar cidadãos preparando-os para atuar na sociedade em que vivem.

Mas os interesses políticos acabaram por impedirem seu sucesso. Muitas críticas

foram lançadas na escola tradicional que longe da sua principal função, contribui

para a desigualdade social, comprometendo assim a formação dos indivíduos

levando-os a situações de marginalização. Conforme ressalta Saviani (1997, p. 16)

“Nesse contexto a educação é entendida como inteiramente dependente da

estrutura social geradora de marginalidade cumprindo aí sua função de reforçar a

dominação e legitimar a marginalização”.

A escola tradicional dentro do contexto educacional vem se mantendo até os

dias de hoje. As críticas a esse modo de ensino tem sido cada vez mais frequentes.

Diante disso, vem surgindo movimentos para a criação de uma nova escola que

esteja direcionada aos anseios da população. Novas abordagens de ensino vêm

surgindo partindo da própria abordagem tradicional como referencial teórico e

prático de ensino.

A educação hoje se depara com problemas que exigem cada vez mais

atenção das autoridades e dos envolvidos neste processo. O profissional da área

muitas vezes não se encontra capacitado para lidar com as novas demandas

culturais, tecnológicas e sociais. Promovendo desencontro de informações na sua

prática pedagógica, levando os alunos ao desinteresse pela sala de aula.

Daí a necessidade da escola atual rever seus conceitos de como educar,

promovendo mudanças que venham incorrer em uma educação voltada para as

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atuais necessidades do mundo globalizado e que o seu campo de atuação não se

restrinja somente aos espaços das salas de aula, mas que seja diversificada,

criativa e transformadora. Só assim a educação poderá cumprir o seu papel dentro

da sociedade de maneira significativa.

2.3 A educação não-formal e as novas formas de socialização do

conhecimento

A educação não-formal até a década de 80 não era valorizada nem nos

meios públicos nem tão pouco pelos educadores. Todas as atenções eram voltadas

para a educação formal. Diante disso, pouco avanço foi contemplado nesse período

pelo ensino informal, pois era vista como uma extensão da educação formal.

Conforme afirma Gohn (2005),

Todas as atenções sempre estiveram concentradas na educação formal. Em alguns momentos, algumas luzes foram lançadas sobre a educação não-formal, mas ela era vista como uma extensão da educação formal, desenvolvida em espaços exteriores às unidades escolares (p. 91).

Assim, para termos uma compreensão de como era vista a educação não-

formal nesse período buscamos ainda em Gohn (2005) a definição para a mesma,

Genericamente, a educação não-formal era vista como o conjunto de processos delineados para alcançar a participação de indivíduos e de grupos em áreas denominadas extensão rural, animação comunitária treinamento vocacional ou técnico, educação básica, planejamento familiar etc.(p. 92).

Diante disso, podemos perceber que o processo de desenvolvimento da

educação não-formal foi lento e que levou muito tempo para ser reconhecida como

um instrumento importante no processo de construção do conhecimento de um

indivíduo ou grupo de indivíduos pertencentes a uma sociedade. Entendemos

assim, que os espaços informais de educação, comunidade, associações

filantrópicas, família, trabalho e outros corroboram significativamente na formação

do indivíduo inserido nesse contexto.

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Com a globalização tem aumentado a procura por uma educação de

qualidade, uma educação libertadora, criativa que fuja dos padrões tradicionais, que

abra um leque de possibilidades, e que ofereça diversas opções para o indivíduo

escolherem o caminho que deseja trilhar na construção do seu conhecimento.

Assim, devido às grandes mudanças ocorridas na sociedade e as novas exigências

das demandas sociais, a educação não-formal passou a ser valorizada conforme

ressalta Gohn (2005),

O grande destaque que a educação não formal passou a ter nos anos 90 decorre das mudanças na economia, na sociedade e no mundo do trabalho. Passou-se a valorizar os processos de aprendizagem em grupos e a dar-se grande importância aos valores culturais que articulam as ações dos indivíduos. Passou-se ainda a falar de uma nova cultura organizacional que, em geral, exige a aprendizagem de habilidades extra-escolares (p. 92).

Atualmente, podemos ver que além dos espaços já citados existem muitos

outros espaços de educação não-formal. É importante ressaltar também as

contribuições das Agências e organismos internacionais, como a ONU, UNESCO e

alguns estudiosos, para a educação. A educação não-formal tem presença efetiva

em vários espaços priorizando uma educação coletiva, participativa, inclusiva sendo

esta proclamada em conferências como a da Tailândia citada por Gohn (2005),

Assim, a conferência realizada em 1990, na Tailândia, elaborou dois documentos denominados “Declaração mundial sobre educação para todos” e “Plano de ação para satisfazer necessidades básicas da aprendizagem” onde, à luz das condições particulares da América Latina e das exigências de ONGs em programas de educação na região, um quadro de novas possibilidades de trabalho foi delineado a área da educação (p. 92-93).

A partir daí, a educação não-formal passa a ter maior importância no contexto

social, oferecendo uma aprendizagem diferenciada, diversificada e ampla, pois,

propicia a uma grande maioria da população a oportunidade de vivenciar uma

educação que abrange além dos conteúdos teóricos e práticos, valores e atitudes

para viver e sobreviver e desenvolver a capacidade humana, formando o indivíduo

para atuar em diversos segmentos da sociedade. Sobre a importância da educação

não-formal Gohn (2005) diz,

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26

A maior importância da educação não-formal está na possibilidade de criação de novos conhecimentos, ou seja, a criatividade humana passa pela educação não-formal. O agir comunicativo dos indivíduos, voltado para o entendimento dos fatos e fenômenos sociais cotidianos, baseia-se em convicções práticas muitas delas advindas da moral, elaborada a partir das experiências anteriores, segundo as tradições culturais e as condições histórico-sociais de determinado tempo e lugar (p. 104)

Nessa perspectiva, a educação não-formal constitui-se num instrumento

importante de educação, que vem juntamente com os espaços formais de educação

promover a formação dos indivíduos, preparando-os para atuar de forma crítica e

participativa do processo político, social e econômico do país.

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27

CAPÍTULO III

CAMINHOS DA METODOLOGIA

Com o propósito de estudar os desafios e possibilidades de alfabetização e

letramento em espaços não-formais, percorreu-se um longo caminho de ordem

metodológica para se chegar ao presente resultado.

3.1 – Tipo de pesquisa

O tipo de pesquisa utilizada foi a pesquisa qualitativa já que esta tem o

ambiente natural como uma fonte direta de dados e o pesquisador como o seu

principal instrumento. (BOGDAN e BIKLEN, 1982). Segundo os dois autores a

pesquisa qualitativa supõe o contato direto e prolongado do pesquisador com o

ambiente e a situação que está sendo investigada através do trabalho intensivo de

campo. Sobre a pesquisa qualitativa Minayo (1993) fala que,

A pesquisa qualitativa se preocupa, nas ciências sociais, com um nível de

realidade que não pode ser quantificado. Ou seja, ela trabalha com o

universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o

que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos

e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de

variáveis (p. 21-22).

A pesquisa qualitativa responde ainda às questões muito particulares. Ela se

preocupa, nas ciências sociais, com o nível de realidade que não pode ser

quantitativo, ou seja, ela trabalha com o universo de significados, motivos, crenças,

valores e atitudes. Para Michaliszyn & Tomasini (2005),

A pesquisa qualitativa caracteriza-se pela interação entre os

pesquisadores e o grupo social pesquisado, ocorrendo entre eles um certo

envolvimento de modo cooperativo ou participativo e supõe o

desenvolvimento de ações planejadas de caráter social (p. 32).

Page 19: Monografia Geisiane Pedagogia 2010

28

Segundo Lüdke e André (1986), é cada vez mais evidente o interesse que os

pesquisadores da área de educação vêm demonstrando pelo uso das

metodologias qualitativas. Como já foi citada a abordagem qualitativa envolve a

obtenção de dados descritivos, por meio do contato do pesquisador com a situação

estudada.

Falamos da pesquisa qualitativa, mostrando a sua importância para a

pesquisa. A seguir falaremos sobre o lócus escolhido para aplicação desse tipo de

pesquisa.

3.2 – Lócus de pesquisa:

O lócus escolhido para o desenvolvimento da presente pesquisa é a Paróquia

de Senhor do Bonfim que faz parte da Igreja Catedral Diocesana, situada na Praça

Austricliano de Carvalho, nº 130 – Centro. Neste espaço funciona o Coral Anjo de

Deus composto por 15 alunos e uma professora, os encontros acontecem uma vez

por semana e são desenvolvidas atividades como teatro, dança, musica e leituras.

Depois de apresentar o lócus de pesquisa, falaremos a seguir sobre os sujeitos da

pesquisa.

3.3 – Sujeitos da pesquisa:

Os sujeitos da pesquisa são crianças de classe média e baixa, que estudam

em escolas particulares e públicas sendo que dez estudam em escola particular e

cinco em escola pública. A maioria está cursando de 1ª a 4ª série, grande parte

dessas crianças já sabem ler e escrever. Residem nos bairros próximos à Paróquia.

Participaram da pesquisa o total de quinze alunos e uma professora do Coral Anjo

de Deus da Igreja Católica em Senhor do Bonfim-Bahia. Agora apresentaremos os

instrumentos utilizados para a coleta de dados.

3.4 – Instrumentos de coleta de dados:

Page 20: Monografia Geisiane Pedagogia 2010

29

Utilizamos como instrumentos de coleta de dados a observação direta, a

entrevista semi-estruturada e o questionário fechado, por se tratar de técnicas e

componentes relevantes para a realização de uma pesquisa qualitativa.

3.4.1 Observação direta

A observação foi utilizada, porque cada um de nós vê de maneira diferente os

vários fatos que acontecem no meio social. Sendo assim a observação nos dá

condição de obter as informações necessárias ao desenvolvimento do projeto de

pesquisa, por permitir essa aproximação com o objeto estudado. Sobre a

observação Lüdke e André (1986) dizem que,

Ela ocupa um lugar privilegiado, nas novas abordagens de pesquisa educacional, usada como principal método de investigação ou associada à outra técnica de coleta, a observação possibilita um contato pessoal e estreito do pesquisador com o fenômeno pesquisado, o que apresenta uma série de vantagens (p.26).

Segundo Gressler (1989, p. 79) “a observação elimina a influência de

terceiros: entretanto, a observação é limitada àquilo que se dá na presença do

observador”. Sendo assim o observador deve ter uma visão clara daquilo que está

observando, tendo conhecimento da sua limitação no momento da observação.

É também através das observações que o pesquisador tem a oportunidade de

participar das práticas desenvolvidas pelos sujeitos, o que o auxilia no processo de

compreensão e interpretação do fenômeno estudado. Para Lüdke (1986),

Na medida em que o observador acompanha in loco as experiências diárias dos sujeitos, pode tentar apreender a sua visão de mundo, isto é, o significado que eles atribuem à realidade que os cerca e às suas próprias ações (p. 26).

Portanto, é através da observação direta que o pesquisador entrará em

contato com a realidade a qual ele deseja obter informações e dados necessários ao

desenvolvimento da sua pesquisa.

Page 21: Monografia Geisiane Pedagogia 2010

30

3.4.2 Entrevista semi-estruturada

A importância da entrevista é incontestável, pois, através dela é possível a

obtenção de informações dos sujeitos envolvidos na pesquisa, com objetivos

definidos. Tanto que Ludke e André (1986) elegem a entrevista como estando em

grande vantagem sobre outras técnicas, pois a mesma permite a captação imediata

e corrente da informação desejada, praticamente com qualquer tipo de informante e

sobre os mais variados tópicos.

Entre alguns tipos de entrevista, é importante a escolha daquela que seja a

mais adequada para o trabalho de pesquisa que se faz em educação. Por este fator

usou-se a entrevista semi-estruturada que segundo Ludke e André (1986, p. 34) “...

a entrevista semi-estruturada que se desenrola a partir de um esquema básico,

porém não aplicado rigidamente, permitindo que o entrevistador faça as necessárias

adaptações”.

Vale destacar a importância desse modelo de entrevista por ser muito

eficiente e por proporcionar uma reflexão ampla mediante a fala dos entrevistados

segundo o objetivo que o pesquisador deseja alcançar.

3.4.3 Questionário fechado

Outro instrumento utilizado foi o questionário-fechado, por enriquecer as

informações, traçando o perfil dos sujeitos da pesquisa, permitindo conhecer a

realidade dos mesmos.

Marconi e Lakatos (1996, p. 88) definem o questionário como “... um

instrumento de coleta de dados, constituído por uma série ordenada de perguntas,

que devem ser respondidas por escrito e sem a presença de entrevistados”.

Portanto, o questionário nos fornece as informações necessárias para o

esclarecimento das questões apresentadas no tema abordado.

Page 22: Monografia Geisiane Pedagogia 2010

31

Assim, apresentamos os passos para a obtenção dos dados necessários a

realização dessa pesquisa. Passaremos agora ao próximo capítulo onde serão

apresentadas as análises e a interpretação dos dados, parte fundamental da

pesquisa onde apresentaremos os resultados encontrados a partir da aplicação dos

instrumentos escolhidos.

Page 23: Monografia Geisiane Pedagogia 2010

32

CAPÍTULO IV

ANÁLISES E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS

No presente capítulo apresentaremos os dados coletados que foram obtidos

através dos instrumentos descritos no capítulo anterior. A análise e interpretação

dos dados são de fundamental importância numa pesquisa científica, é através dela

que se tem uma posição sobre o tema estudado.

4.1 Análise do questionário – Perfil socioeconômico das crianças

Na amostragem podemos perceber que 100% dos alunos do Coral são do

sexo feminino. Observamos que a participação feminina no grupo é bastante

significativa.

100%

0%

4.1.1 Gênero - Grafico - 1

Sexo Feminino

Sexo Masculino

Page 24: Monografia Geisiane Pedagogia 2010

33

Quanto à faixa etária, observamos a partir do gráfico acima que 34% tem

entre sete a nove anos, os alunos que estão nessa faixa estão em processo de

alfabetização, 33% corresponde aos alunos que tem de dez a treze anos, já

dominam a leitura e escrita e 33% tem de 14 a 16 anos, já estão cursando séries

finais do Ensino Fundamental. É importante ressaltar que a maioria tem idade entre

sete e nove anos, numa fase onde a curiosidade e o desejo de aprender coisas

novas estão aflorados, sendo este um dos pontos a ser considerados para explicar a

participação significativa por alunos dessa faixa etária nas atividades realizadas nos

espaços não-formais.

34%

33%

33%

4.1.2 Faixa Etária - Gráfico 2

7 a 9 anos

10 a 13 anos

14 a 16 anos

40%

53%

7%

4.1.3 Escolaridade - Gráfico 3

5ª à 8ª série

1ª à 4ª série

3º ano Ensino Médio

Page 25: Monografia Geisiane Pedagogia 2010

34

Observando o gráfico, podemos constatar que 40% dos alunos estão

cursando de 5ª a 8ª série, 53% estão cursando de 1ª a 4ª série e apenas 7% cursam

o nível médio, correspondendo assim com a faixa etária apresentada no gráfico

anterior. Percebe-se que a maioria (53%) dos participantes está cursando o Ensino

Fundamental I (1ª a 4ª série). Isto é, estão na fase mais importante da formação,

onde precisam apropriar-se do conhecimento de forma sólida para alcançar outros

níveis de aprendizagem. Nesta fase as crianças precisam de mais atenção e

diversificação do modo de ensino para apropriação do conhecimento.

A partir da amostragem, percebemos que 40% dos alunos estudam em escola

pública e 60%, portanto a maioria, estudam em escola particular. Este resultado

aponta para uma constatação de que a procura por espaços não-formais não

depende de classe econômica nem nível cultural. Assim, os espaços não-formais

são ocupados por aqueles que estão em busca de adquirir novos conhecimentos e

de participar das atividades desenvolvidas na comunidade onde vivem.

40%

60%

4.1.4 Instituição - Gráfico 4

Pública

Particular

67%

13%

20%

4.1.5 Tempo de participação no Coral - Gráfico 5

Mais de 1ano

1 ano

Menos de 1 ano

Page 26: Monografia Geisiane Pedagogia 2010

35

A partir do gráfico acima, podemos observar que a maioria representando

67% dos participantes fazem parte do Coral há mais de um ano, demonstrando uma

permanência significativa dos participantes nesse espaço, mostrando um

envolvimento efetivo nas atividades realizadas no coral. Sendo esse um dos pontos

positivos para a aprendizagem, pois a permanência freqüente a um espaço de

educação formal ou não-formal traz um aprendizado significativo para os que estão

buscando adquirir novos conhecimentos de forma consistente e proveitosa.

Quando questionados sobre a contribuição do Coral na aquisição de

conhecimentos, 100% das crianças responderam que eles aprendem através da

participação ativa nas atividades realizadas nesse espaço. Diante dessa afirmativa,

entendemos que todo meio onde os indivíduos trocam experiências e estão

envolvidos nas atividades oferecidas e que de alguma forma desperta para a

aprendizagem devem ser levadas em conta, pois produzem um resultado positivo,

que contribui de forma efetiva na alfabetização e letramento do indivíduo

participante. Para Ferreiro (1987),

A questão do conteúdo, central em todo processo de alfabetização, não deve ser ignorada: enquanto discutem coisas consideradas “essenciais”, tais como: “prontidão”, correspondência som-grafema etc. algumas pessoas se esquecem da “natureza do objeto de conhecimento envolvendo essa aprendizagem” (p. 9).

100%

0%

4.1.6 Contribuição do Coral - Grafico 6

Sim Não

Page 27: Monografia Geisiane Pedagogia 2010

36

É importante ressaltar que o processo de alfabetização é complexo e que

passa por estágios que não devem ser ignorados. É importante observarmos que os

espaços não-formais de educação apesar de ser uma educação que não está

formalmente estruturada, dispõem também de regras e condutas para serem

cumpridas pelos participantes. Com isso leva os participantes a aprenderem a

respeitar o espaço, o dirigente do grupo e aos colegas do grupo.

Quanto à pergunta se já sabem ler e escrever, observamos no gráfico que

87% dos interrogados sabem ler e escrever, 6% sabe um pouco de cada e 7% não

sabem ler nem escrever, a partir deste resultado observamos que a maioria está

alfabetizada, isto é, detém o domínio da leitura e da escrita e uma minoria ainda

apresenta dificuldades de leitura e escrita e apenas um não domina a leitura nem a

escrita. Essa amostragem nos apresenta um resultado significativo em relação à

alfabetização dos sujeitos pesquisados, pois a maioria domina a leitura e escrita.

Isso nos mostra que os espaços informais têm sua parcela de contribuição no

processo de alfabetização dos envolvidos.

87%

6%

7%

4.1.7 Habilidades de leitura e escrita - Gráfico 7

Sim

Um pouco de cada

Não

87%

6%7%

4.1.8 Participação no Coral - Gráfico 8

O desejo de aprender coisas novasAprender a cantarPara preencher o tempo ocioso

Page 28: Monografia Geisiane Pedagogia 2010

37

A amostragem acima nos mostra que 87% dos questionados ao serem

interrogados sobre o que os levaram a participar do Coral, respondeu o desejo de

aprender coisas novas, isto nos leva a entender que os espaços não formais se

tornam atrativos devido à diversificação de atividades oferecidas, diferenciada da

educação formal, dando assim a entender que muitos buscam nos espaços

informais aumentar o seu conhecimento com atividades diversificadas que dão

prazer e liberdade de escolha. Apenas 6% responderam que deseja aprender a

cantar e 7% para preencher o tempo ocioso. Nessa perspectiva, é importante

ressaltar que o interesse dos indivíduos por esses espaços se deve pelo fato de

serem diferente das atividades habituais dos espaços formais, dando a entender que

eles têm interesse por essas atividades.

A partir do questionamento sobre a contribuição das atividades realizadas

pela professora para a formação dos mesmos, apresentados no gráfico acima, nos

mostra que todos foram unânimes em afirmar que contribuem muito. A resposta a

esse questionamento dada pelos alunos do Coral vem confirmar que é importante e

fundamental a participação e o envolvimento do educador no processo educativo. É

imprescindível que o professor esteja comprometido com a sua prática tanto nos

espaços formais como nos espaços não-formais para que a educação aconteça de

forma significativa. Entendemos que todo e qualquer envolvimento e participação em

100%

0%0%

4.1.9 Contribuições da professora para o Coral -Gráfico 9

Muito

Um pouco

Não contribuem

Page 29: Monografia Geisiane Pedagogia 2010

38

grupos para realização de uma atividade cultural, social e relacional corroboram para

uma efetiva aprendizagem, pois as trocas que se dão de forma espontânea e por

escolha própria vem somar para o crescimento e maturidade dos indivíduos e reflete

de forma positiva na sociedade.

A partir da amostragem observamos que 87% dos alunos do Coral disseram

que às vezes tem dificuldade para realizar as atividades e apenas 13% tem pouca

dificuldade. O posicionamento dos mesmos vem demonstrar que eles possuem

capacidade para realizar as atividades, mas ainda tem alguma dificuldade. Diante

disso, fica claro que o pouco nível escolar que alguns têm traz essa dificuldade.

Podemos perceber que, apesar da maioria estudar em escola particular, conforme o

gráfico de número quatro, o resultado aqui apresentado mostra que a maioria tem

algum tipo de dificuldade. Entendemos que essa dificuldade é em função da pouca

escolaridade dos mesmos.

4.2 Análise da entrevista

Com o intuito de obter respostas ao nosso questionamento apresentamos o

discurso da professora do Coral Anjo de Deus, onde faremos as análises da

87%

13%0%

4.1.10 Dificuldades nas atividades do Coral -Gráfico 10

Às vezes

Pouca dificuldade

Muita dificuldade

Page 30: Monografia Geisiane Pedagogia 2010

39

entrevista realizada com a mesma sobre as contribuições dos encontros do Coral no

processo de alfabetização e letramento das crianças que frequentam esse espaço.

Para identificar a fala do sujeito da entrevista utilizaremos as letras “Pc” para

professora do coral.

4.2.1 – As possibilidades de alfabetização e letramento nos espaços não-

formais.

Ler e escrever sempre foram elementos importantes que o indivíduo deveria

dominar conforme o princípio regido pela escola tradicional e um dos problemas

sempre presente na sociedade. Muitas medidas foram tomadas pelos governos para

erradicar o número de analfabetos. Mas apesar de todo empenho ainda podemos

ver o mesmo problema em pleno século XXI, apesar das mudanças e

transformações ocorridas em todo o mundo, ainda buscamos mudanças para a

educação. Muitos movimentos tem se levantado e outros tipos de educação tem

surgido, com o propósito de elevar o nível de escolaridade dos indivíduos e um dos

modelos de educação que temos é a educação não-formal. Esses espaços criados a

partir de associações, instituições religiosas, instituições empresariais tem

promovido uma educação que não segue uma estrutura formal. A educação não-

formal é importante por promover uma educação diferenciada tendo a criatividade

como elemento essencial, sendo oferecida a todos os que desejam adquirir novos

conhecimentos.

Com o desejo de conhecer melhor o trabalho do Coral Anjo de Deus

perguntamos inicialmente a professora qual o objetivo do Coral, ela nos respondeu:

“Evangelizar e transformar os corações daqueles que procuram

Jesus, através da música e da oração”. (Pc)

Diante dessa resposta, podemos perceber que o objetivo desse espaço não-

não está direcionado a alfabetização. As atividades realizadas no Coral como leitura,

oralidade, teatro e dança são elementos importantes que contribuem para aquisição

Page 31: Monografia Geisiane Pedagogia 2010

40

do conhecimento. Dessa forma, entendemos ser um ponto positivo no processo de

aprendizagem dos alunos do Coral.

4.2.2 Alfabetização e letramento - contribuições dos espaços não-formais.

A educação não-formal passa a ter maior importância no contexto social,

oferecendo uma aprendizagem diferenciada, diversificada e ampla, pois, propicia a

uma grande maioria da população a oportunidade de vivenciar uma educação que

abrange além dos conteúdos teóricos e práticos, valores e atitudes para viver e

desenvolver a capacidade humana, formando o indivíduo para atuar em diversos

segmentos da sociedade.

Nessa perspectiva, perguntamos a professora entrevistada se o Coral

contribui na formação dos alunos participantes e na comunidade local. Eis a fala:

“Sim contribui, pois a maioria dos que já passaram pelo Coral,

hoje participam das atividades paroquiais como: catequese,

liturgia, grupos e movimentos pastorais.” (Pc)

Analisando a fala da professora, podemos perceber que há um

desenvolvimento dos alunos na medida em que participam ativamente das

atividades propostas e aprendem a realizar as tarefas nesse espaço, sendo

aproveitados para atuar nas atividades religiosas da paróquia. Nessa perspectiva,

entendemos que há uma aprendizagem que de certa forma contribui

significativamente para o desenvolvimento dos participantes refletindo de forma

positiva na comunidade onde estão inseridos. Assim a educação não-formal tem sua

importância no processo de aquisição de novos conhecimentos. Sobre a importância

da educação não-formal Gohn (2005) diz,

A maior importância da educação não-formal está na possibilidade de criação de novos conhecimentos, ou seja, a criatividade humana passa pela

Page 32: Monografia Geisiane Pedagogia 2010

41

educação não-formal. O agir comunicativo dos indivíduos, voltado para o entendimento dos fatos e fenômenos sociais cotidianos, baseia-se em convicções práticas muitas delas advindas da moral, elaborada a partir das experiências anteriores, segundo as tradições culturais e as condições histórico-sociais de determinado tempo e lugar (p. 104).

A aprendizagem de novos conhecimentos possibilita aos indivíduos um

crescimento e um desenvolvimento que contribuirá de forma efetiva para sua visão e

compreensão de mundo. Sendo o letramento

4.2.3 Habilidades de leitura e escrita

A apropriação da leitura e escrita é enriquecida a partir do momento que o

indivíduo a utiliza para aplicá-la no cotidiano. Nesse sentido, interrogamos a

professora em relação à alfabetização e letramento como ela avalia seus alunos. Eis

a fala da mesma:

“Estão alfabetizados, mas tem dificuldades em interpretação.”

(Pc)

A resposta dada pela entrevistada, quanto à alfabetização observa-se que

está de acordo a estatística do questionário fechado respondido pelos alunos, a

maioria está alfabetizada, mas apresentam dificuldade de interpretação segundo a

professora. Este problema é um velho conhecido dos espaços formais de educação

e que se repetem nos demais espaços. Quanto ao letramento dos mesmos podemos

notar na resposta da professora que não há nenhuma citação por parte da mesma

sobre o termo demonstrando assim um desconhecimento ou ainda entende

letramento e alfabetização como sendo a mesma coisa. Muitos educadores ainda

têm essa mesma concepção de letramento e alfabetização. Tfouni (1995, p. 20) vem

mostrar a diferença entre os dois termos quando diz “Enquanto a alfabetização se

ocupa da aquisição da escrita por um indivíduo, ou grupo de indivíduos, o letramento

focaliza os aspectos sócio-históricos da aquisição de uma sociedade”. Assim, um ser

letrado é definido por aquele que tem a capacidade de usar o código escrito para

interagir em sua comunidade, quando nesta existem demandas de letramento.

Page 33: Monografia Geisiane Pedagogia 2010

42

É necessário que o professor saiba diferenciar esses dois termos para melhor

compreender e trabalhar com seus alunos conteúdos que contemplem a

alfabetização e o letramento para uma maior apropriação do conhecimento e assim

prepará-los para atuar na sociedade de forma ativa e participativa de todos os

processos políticos, sociais e econômicos do país quanto mais o professor estiver

ciente disso mais preparado estará para atuar nos espaços educativos. A

participação ativa e participativa nas atividades do aluno tem um peso fundamental

para o seu pleno êxito, pois segundo o que nos fala Cagliari (2006),

O processo de alfabetização inclui muitos fatores, e, quanto mais

ciente estiver o professor de como se dá o processo de aquisição de

conhecimento, de como a criança se situa em termos de

desenvolvimento emocional, de como vem evoluindo o seu processo

de interação social, da natureza da realidade linguistica envolvida no

momento em que está acontecendo à alfabetização, mais condições

terá esse professor de encaminhar de forma agradável e produtiva o

processo de aprendizagem, sem os sofrimentos habituais (p. 9).

Diante das dificuldades de leitura e escrita apresentadas pelas crianças de

um modo em geral, perguntamos a professora se ela se preocupa em trabalhar as

deficiências de leitura e escrita dos seus alunos eis o seu discurso:

“O cântico em si já é um incentivo para todos, pois são

desenvolvidas as técnicas necessárias para suprir estas

deficiências.” (Pc)

Entendemos que o trabalho do coral é voltado para as atividades religiosas

por isso toda as atividades estão voltadas para a música e a leitura. Analisando a

fala da professora podemos perceber que não há um trabalho diretamente

direcionado para corrigir a deficiência de leitura e escrita ela só trabalha com

atividades que serão utilizadas nos trabalhos da Igreja. No entanto, é importante

ressaltar que essas atividades ajudam de certa forma a melhorar o desempenho das

crianças com relação à leitura e escrita, pois estão sempre realizando atividades que

Page 34: Monografia Geisiane Pedagogia 2010

43

envolvem leitura e escrita, sendo um ponto positivo para a aprendizagem dos

mesmos. Sobre a leitura Cagliari (2002, p. 148) fala que: “A leitura é a extensão da

escola na vida das pessoas. A maioria do que se deve aprender na vida terá de ser

conseguido através da leitura fora da escola. A leitura é uma herança maior do que

qualquer diploma.” Portanto, ler é fundamental para a formação dos alunos e deve

ser desenvolvida desde cedo em todos os espaços educativos. Através da

observação pudemos perceber que o letramento dessas crianças se apresenta na

troca das experiências e histórias vividas ao longo das atividades desenvolvidas na

participação e atuação no coral.

4.2.4 Dificuldades e facilidades no processo educativo

Em todo processo educativo existem dificuldades e facilidades para colocá-las

em prática, diante disso perguntamos a professora quais as facilidades e quais as

dificuldades que ela encontra para trabalhar com os alunos do Coral. Eis o discurso

da mesma:

“A dificuldade que encontro é em relação à freqüência e a

facilidade é o desenvolvimento das técnicas e o incentivo dos

pais.” (Pc)

Na fala da professora observamos que nos espaços não-formais também

existem dificuldades assim como nos espaços formais de educação a frequência é

uma delas. Um ponto positivo apresentado pela entrevistada é o incentivo dos pais,

isto vem demonstrar o interesse dos pais por atividades desenvolvidas fora dos

espaços formais de educação. Todo e qualquer trabalho desenvolvido com o apoio

dos pais é importante e necessário para o bom andamento das atividades e

aprendizagem dos envolvidos neste processo.

Page 35: Monografia Geisiane Pedagogia 2010

44

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Através deste estudo buscamos adentrar no mundo do saber construído fora

dos muros da escola, a chamada educação informal, procurando conhecer como se

dá a alfabetização e letramento nestes espaços. As reflexões construídas neste

trabalho possibilitaram visualizar mais detidamente o quanto à educação em

espaços não-formais tem contribuído na construção do conhecimento das crianças.

A problemática do saber ler e escrever se arrasta ao longo dos anos, levando

professores e autoridades da área educativa a uma crescente preocupação. A partir

dessa constatação muitas são as ações desenvolvidas para corrigir este problema.

Saber ler e escrever é importante para todo o indivíduo que quer desenvolver-se,

participar do processo político, econômico e social do seu país, não basta apenas

saber ler e escrever, é necessário que ele saiba fazer uso do ler e escrever para

responder as exigências da sociedade atual. Para distinguir o que sabe ler e

escrever do que faz uso da leitura e escrita é que surgiu a palavra letramento.

Quanto à alfabetização e letramento em espaços não-formais, vale ressaltar

que a educação em espaços não formais não substitui a educação formal, mas é

uma parceira no processo de construção do conhecimento acessível à sociedade.

Essa modalidade de ensino tem uma flexibilidade e diversidade que atrai muitas

crianças. Isto é, não segue os padrões regulares de ensino e apresenta uma forma

diferenciada de ensinar.

É importante ressaltar também que os que freqüentam estes espaços buscam

construir novos conhecimentos e obter promoção social, conforme pudemos

observar no questionário fechado respondido pelos alunos do Coral. Diante disso,

entendemos que os espaços não-formais de certa forma contribuem na

alfabetização e letramento dos indivíduos ainda que de forma indireta.

Portanto, a sociedade e os envolvidos no processo educativo devem lançar

Page 36: Monografia Geisiane Pedagogia 2010

45

um olhar diferenciado para esses espaços e contribuírem de forma efetiva para que

esses espaços sejam ocupados por todos os indivíduos da sociedade local para que

obtenham um crescimento e desenvolvimento cultural e social.

Dessa forma, entendemos que o processo educativo tanto o que ocorre

dentro da sala de aula regular como a que acontece em espaços não-formais, tem

sua parcela de contribuição na aprendizagem dos seus alunos. Sendo que, para que

essa aprendizagem ocorra de forma significativa é necessário que os que estão à

frente dessa tarefa a de “educar”, tenham comprometimento e responsabilidade para

que os objetivos sejam alcançados com êxito.

Este trabalho foi importante por nos permitir conhecer e compreender melhor

os processos educativos construídos nos espaços não-formais de educação e

identificar as contribuições do mesmo no processo de aprendizagem de crianças e

adolescente que frequentam esses espaços. Através das análises do questionário

respondido pelos alunos e a entrevista pela professora, conseguimos alcançar os

objetivos propostos na presente pesquisa. Os alunos do Coral foram unânimes em

dizer que a sua participação no mesmo contribui de forma efetiva para sua

formação, sendo isto também confirmado pela professora entrevistada. Diante disso,

fica clara a contribuição dos espaços não-formais para formação das crianças.

A realização dessa pesquisa foi importante e significativa para o nosso

crescimento profissional e pessoal, pois nos permitiu conhecer outras realidades

educativas e aprender coisas novas com elas. É imprescindível para todo

profissional em educação conhecer e atuar em outros espaços de educação, pois

todo tipo de conhecimento nos enriquece e ajuda a crescer tanto como profissional

quanto como pessoa.

Page 37: Monografia Geisiane Pedagogia 2010

46

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______________.Letramento. Um tema em três gêneros. 2 ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2001.

_______________. Letramento. Um tema em três gêneros. Belo Horizonte: Autêntica, 2003.

TEBEROSKY, A. & TOLCHINSKY L. (Org.). Além da Alfabetização: a aprendizagem fonológica, ortográfica, textual e matemática. 4 ed. São Paulo: Ática, 2003.

TFOUNI, Leda Verdiani. Letramento e Alfabetização. São Paulo: Cortez, 1995.

___________________. Letramento e Alfabetização. 8 ed. São Paulo: Cortez,

2006.

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48

APÊNDICES

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Apêndice 1

UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VII

Questionário fechado aplicado aos alunos do Coral Anjo de Deus da Igreja Católica no

município de Senhor do Bonfim, Bahia.

Os dados obtidos através deste questionamento, serão utilizados apenas para o

estudo em questão, não sendo revelados os nomes dos pesquisados.

Perfil sócio-econômico das crianças

1. Sexo

[ ] Masculino [ ] Feminino

2. Idade

[ ] 7 a 9 anos [ ] 10 a 13 anos [ ] 14 a 16 anos

3. Escolaridade

[ ] 1ª a 4ª série [ ] 5 ª a 8ª série

4. A Instituição que estuda é:

[ ] Particular [ ] Pública

5. Há quanto tempo participa do Coral Anjo de Deus?

Page 41: Monografia Geisiane Pedagogia 2010

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[ ] Um ano [ ] Mais de um ano [ ] Menos de um ano

6. A sua participação no Coral tem contribuído para adquirir mais conhecimentos?

[ ] Sim [ ] Não

7, Você sabe ler e escrever?

[ ] Um pouco de cada [ ] Sim [ ] Não

[ ] Sei escrever mas não sei ler [ ] Sei ler mas não sei escrever

8.O que lhe levou a participar do Coral Anjo de Deus?

[ ] O desejo de aprender coisas novas

[ ] Aprender a cantar

[ ] Para preencher o tempo ocioso

9. As atividades realizadas pela sua professora contribuem para a sua formação?

[ ] muito [ ] um pouco [ ] não contribuem

10. Você tem dificuldade em realizar as atividades desenvolvidas pelo Coral?

[ ] Às vezes [ ] pouca dificuldade [ ] muita dificuldade

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Apêndice 2

UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VII

Entrevista realizada com a professora do Coral Anjo de Deus da Igreja Católica de

Senhor do Bonfim, Bahia.

Os dados obtidos através desta entrevista serão utilizados apenas para o estudo em

questão, não sendo revelados os nomes dos pesquisados.

O discurso da professora

1. Qual o objetivo do Coral Anjo de Deus?

2. Há quanto tempo você desenvolve este trabalho?

3. Quais as dificuldades que você encontra para trabalhar com as crianças?

4. Seus alunos participam frequentemente das atividades realizadas?

5. Em sua opinião o Coral contribui na formação dos alunos participantes? Justifique.

6. Qual a contribuição do Coral para a sociedade local?

7. Em relação à alfabetização e letramento como você avalia seus alunos?

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8. Você se preocupa em trabalhar as deficiências de leitura e escrita dos alunos?

9. Para você as atividades realizadas no Coral contribuem na formação dos alunos?

10. Qual a dificuldade que você encontra para realizar as atividades com os alunos?

11. Quais as facilidades que você encontra para trabalhar com as crianças?