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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA-UNEB DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO-CAMPUS VII SENHOR DO BONFIM JOSILENE RIBEIRO BORGES A RELAÇÃO ENTRE AS EXPECTATIVAS E PARTICIPAÇÃO DOS PAIS NO PROCESSO DE ESCOLARIZAÇÃO DOS FILHOS COM NECESSIDADES ESPECIAIS NA ESCOLA PEDRO CALMON, NO DISTRITO DE PILAR, JAGUARARI - BA. SENHOR DO BONFIM BA 2011

Monografia Josilene Pedagogia 2011

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Pedagogia 2011

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Page 1: Monografia Josilene Pedagogia 2011

UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA-UNEB

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO-CAMPUS VII

SENHOR DO BONFIM

JOSILENE RIBEIRO BORGES

A RELAÇÃO ENTRE AS EXPECTATIVAS E PARTICIPAÇÃO DOS PAIS NO

PROCESSO DE ESCOLARIZAÇÃO DOS FILHOS COM NECESSIDADES

ESPECIAIS NA ESCOLA PEDRO CALMON, NO DISTRITO DE PILAR,

JAGUARARI - BA.

SENHOR DO BONFIM – BA

2011

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JOSILENE RIBEIRO BORGES

A RELAÇÃO ENTRE AS EXPECTATIVAS E PARTICIPAÇÃO DOS PAIS NO PROCESSO DE

ESCOLARIZAÇÃO DOS FILHOS COM NECESSIDADES ESPECIAIS NA ESCOLA PEDRO CALMON,

NO DISTRITO DE PILAR, JAGUARARI - BA.

Monografia apresentada como pré-requisito

para conclusão do curso de Pedagogia:

Docência e Gestão de Processos Educativos,

pelo Departamento de Educação – Campus

VII da Universidade do Estado da Bahia –

UNEB.

Orientadora: Profª Ms.. Rita de Cássia

Oliveira Carneiro

SENHOR DO BONFIM – BA

2011

Page 3: Monografia Josilene Pedagogia 2011

JOSILENE RIBEIRO BORGES

A RELAÇÃO ENTRE AS EXPECTATIVAS E PARTICIPAÇÃO DOS PAIS NO PROCESSO DE

ESCOLARIZAÇÃO DOS FILHOS COM NECESSIDADES ESPECIAIS NA ESCOLA PEDRO CALMON,

NO DISTRITO DE PILAR, JAGUARARI - BA.

Aprovada em ______de ______________ 2011

_________________________________________________

Profª. Ms. Rita de Cássia Oliveira Carneiro

_________________________________________________

Avaliador(a)

_________________________________________________

Avaliador(a)

Page 4: Monografia Josilene Pedagogia 2011

Dedico este trabalho a todas as pessoas

que possuem alguma limitação, seja ela

permanente ou temporária; e que

infelizmente são tratadas na maioria das

vezes como ineficientes e não como

deficientes.

Page 5: Monografia Josilene Pedagogia 2011

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, que me deu forças para que eu continuasse

e principalmente concluísse este curso.

Esta monografia foi construída com o auxilio de pessoas muito importantes

que não posso deixar de agradecer:

Todas as colegas de curso.

Todos os profissionais da UNEB, especialmente a minha orientadora Rita de

Cássia Oliveira Carneiro, pela paciência, pela competência e principalmente pela

sua contribuição para a realização deste trabalho.

Agradeço à Direção, a coordenação e aos professores da Escola Municipal

Professor Pedro Calmon, por ter me recebido e contribuído de maneira significativa

e determinante para a realização desta pesquisa.

Aos meus pais, Lucilene e José Ribeiro, pois cuidaram muito bem dos meus

filhos, Maria Clara e Felipe durante o tempo que tive que pesquisar e construir este

trabalho, e por tudo que fazem por mim.

Não posso deixar de agradecer a Marcos Welby que contribuiu para a

realização deste trabalho, revisando, dando opiniões e sendo responsável inclusive

pela temática abordada neste trabalho.

Agradeço a todos e me sinto muito feliz por ter sido sempre bem recebida,

bem acompanhada e muito bem orientada. Esta é uma etapa da minha vida e

formação que vai ficar marcada para sempre.

A todos, obrigada por tudo.

Page 6: Monografia Josilene Pedagogia 2011

“Quando plantamos alface e ela não

cresce bem, não pomos a culpa na alface.

Investigamos os motivos que a levaram a

não se desenvolver. Pode ser que ela

precise de mais adubo, de mais água ou

de menos sol. Nunca pomos a culpa na

alface... se soubermos como cuidar das

pessoas, elas também se desenvolverão,

como a alface”.

Thich Nhat Hanh

Page 7: Monografia Josilene Pedagogia 2011

RESUMO

Apresentamos este trabalho monográfico a partir da pesquisa realizada na Escola

Municipal Professor Pedro Calmon, no Município de Jaguarari-Ba, que teve como

objetivo compreender a relação entre expectativas e participação dos pais no

processo de escolarização dos filhos com necessidades especiais. Para o alcance

do objetivo proposto utilizamos a observação participativa, a entrevista semi-

estruturada e o questionário fechado. A partir da utilização desses instrumentos

aplicados com os sujeitos da pesquisa que foram dez professores e quatro pais de

alunos. Analisamos os dados coletados norteados pela contribuição dos seguintes

autores: Sassaki (1997), Mantoan (1997), Correa (1993), Buscaglia (2002), Ferreira

(2003), Glat (2003), entre outros. Ao analisar as declarações podemos afirmar que

os pais criam expectativas em relação à escolarização dos seus filhos, mas, no

entanto a maioria não participa da vida escolar de seu filho. E principalmente que

enquanto a lei garante a prática nega no que se refere à inclusão escolar, pois existe

um descrédito tanto no desenvolvimento da aprendizagem das crianças com

necessidades especiais, como também na socialização das mesmas. A escola está

aberta a receber esses pais, e junto com eles identificar os fatores que dificultam o

processo de escolarização dessas crianças, no entanto essa procura e preocupação

dos pais em melhorar o atendimento escolar de seu filho na maioria das vezes não

acontece.

Palavras-Chave: Educação inclusiva, pais, professor e crianças com necessidades

especiais.

Page 8: Monografia Josilene Pedagogia 2011

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO............................................................................................................10

CAPÍTULO I

1. EDUCAÇÃO INCLUSIVA E AS RELAÇÕES ENTRE FAMÍLIA E ESCOLA:

SITUANDO A QUESTÃO.....................................................................................................13

CAPÍTULO II

2. EDUCAÇÃO INCLUSIVA: AS RELAÇÕES ENTRE FAMÍLIA E ESCOLA NO PROCESSO DE

ESCOLARIZAÇÃO DAS CRIANÇAS COM NECESSIDADES ESPECIAIS.......................................21

2.1 CARACTERIZANDO A EDUCAÇÃO INCLUSIVA..................................................................21

2.2 AS LEIS QUE REGULAMENTAM A INCLUSÃO..................................................................24

2.3 O CONCEITO DE DEFICIÊNCIA.....................................................................................27

2.3.1 SÍNDROME DE DOWN.........................................................................................28

2.3.2 DEFICIÊNCIA FÍSICA ..........................................................................................29

2.3.3 DEFICIÊNCIA MENTAL........................................................................................29

2.4 OS PAIS: PERSPECTIVAS E PARTICIPAÇÃO NO PROCESSO DE ESCOLARIZAÇÃO..............30

CAPÍTULO III

3. TRILHA METODOLÓGICA: DEFININDO OS CAMINHOS DA PESQUISA...........................33

3.1 OBSERVAÇÃO PARTICIPANTE.................................................................................35

3.2 ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADA ..........................................................................36

3.3 QUESTIONÁRIO FECHADO......................................................................................37

CAPÍTULO IV

4. ANALISANDO AS EXPECTATIVAS E A PARTICIPAÇÃO DOS PAIS DE

CRIANÇAS COM NECESSIDADES ESPECIAIS NO PROCESSO DE

ESCOLARIZAÇÃO DE SEUS FILHOS: O QUE APONTAM OS DADOS..............................39

4.1 OS CONTATOS INICIAIS E AS ENTREVISTAS APLICADAS..................................................40

4.1.2 O PERFIL DOS PROFESSORES ENTREVISTADOS.....................................................40

4.1.3 O PERFIL DOS PAIS DOS ALUNOS COM NECESSIDADES ESPECIAIS...........................41

Page 9: Monografia Josilene Pedagogia 2011

4.1.4 A ÓPTICA DOS PROFESSORES NO PROCESSO DE ESCOLARIZAÇÃO DOS ALUNOS

ESPECIAIS..................................................................................................................41

4.1.5 O QUE EXIGEM OS PAIS NO PROCESSO DE ESCOLARIZAÇÃO DOS FILHOS COM

NECESSIDADES ESPECIAIS...........................................................................................49

4.1.6 A RELAÇÃO ENTRE AS EXPECTATIVAS E PARTICIPAÇÃO DOS PAIS NO PROCESSO DE

ESCOLARIZAÇÃO DOS SEUS FILHOS...............................................................................53

CONSIDERAÇÕES FINAIS.........................................................................................56

REFERÊNCIAS............................................................................................................59

ANEXOS

Page 10: Monografia Josilene Pedagogia 2011

INTRODUÇÃO

Embora haja avanços no conceito de inclusão, os preconceitos e estereótipos

acerca das pessoas com deficiência foram construídos culturalmente, determinando

e expressando as atitudes e ações no contexto em que estamos inseridos. Essas

barreiras são por vezes, evidenciadas pelos mecanismos de negação das

possibilidades dessas pessoas, fortemente firmados no conceito de limitação e

incapacidade, existentes ainda em nosso meio. E é esse o desafio que a escola

inclusiva se propõe a romper.

Perdurou por muito tempo o atendimento assistencialista para as pessoas

com necessidades especiais. Vários documentos e discussões são feitos e voltados

para que a inclusão dessas pessoas tanto no meio social como no ambiente escolar

acontecesse. A década de 90 foi a década da Educação Para Todos e em 1994 a

Declaração de Salamanca promulga o modelo inclusivista e as escolas regulares

devem “acomodar as crianças independentemente de suas condições físicas,

sociais, emocionais, lingüísticas ou outras” (BRASIL, 2006, p.330).

O Plano Nacional de Educação Lei n. 10.172/2001, traz a perspectiva de que

um “avanço que a década da educação deveria produzir seria a construção de uma

escola inclusiva que garanta o atendimento à diversidade humana”.

A Convenção de Guatemala (1999) que foi promulgada no Brasil pelo Decreto

n. 3.956/2001 afirma que as pessoas com deficiência têm os mesmos direitos

humanos e liberdades fundamentais que as demais pessoas, e define como

discriminação com base na deficiência toda diferenciação ou exclusão que possa

impedir ou anular o exercício dos direitos e suas liberdades fundamentais.

Apesar de existirem diversas leis e de documentos para que a inclusão das

pessoas com deficiência se efetive, os pais dos alunos com necessidades especiais

devem ter a consciência de que deverão ser os primeiros a lutarem por uma

condição melhor de vida para seus filhos.

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Com base no exposto acima partimos em busca da nossa inquietação que foi

compreender a relação entre expectativas e participação dos pais no processo de

escolarização dos filhos com necessidades especiais na Escola Municipal Professor

Pedro Calmon no Distrito de Pilar, município de Jaguarari-BA.

O objetivo foi identificar quais as expectativas e participação dos pais em

relação ao processo de escolarização de seu filho na escola regular e para subsidiar

nossa pesquisa foi preciso ouvir também os professores para que assim

pudéssemos enumerar medidas que os pais tomam junto à escola e noutros

contextos tendo em vista as suas expectativas e identificar fatores apontados pelos

pais e pela escola que contribuem para facilitar e/ou dificultar a participação na

escolarização de seu filho.

Contamos com a contribuição de muitos estudiosos que discutem a respeito

da inclusão, entre eles citamos: Brandão (1996); Rodrigues (1998); Mazotta (1998);

Aiello (2002); Oliveira e Glat (2003); Mantoan (2003); Moreira (2004); Lopes (2009).

Para a execução deste trabalho monográfico foi preciso inicialmente o

aprofundamento bibliográfico sobre a temática apresentada, e a partir daí aplicar os

instrumentos de coleta de dados no lócus da pesquisa, dando assim subsídios para

discutirmos e compreendermos a relação entre as expectativas e a participação dos

pais no processo de escolarização dos filhos com necessidades especiais.

Neste contexto, no Primeiro Capítulo situamos a questão de pesquisa

trazendo uma discussão sobre a escola inclusiva e as relações entre a família e

escola. É apresentado também neste capítulo a questão de pesquisa e os seus

objetivos.

No Segundo Capítulo fundamentamos com base em alguns teóricos a

problemática apresentada, trazemos as leis que regulamentam a inclusão e

categorizando as características das deficiências dos alunos, filhos dos envolvidos

na pesquisa.

Page 12: Monografia Josilene Pedagogia 2011

Apresentamos no Terceiro Capítulo uma abordagem sucinta sobre o percurso

metodológico utilizado para a realização desta pesquisa, caracterizando o local, os

sujeitos e os instrumentos aplicados, para obter informações acerca do tema.

No Quarto Capítulo realizamos a análise e a interpretação dos dados

coletados bem como discutimos a relação entre as expectativas e a participação dos

pais no processo de escolarização dos filhos com necessidades especiais na escola

regular.

Finalizamos o trabalho com as considerações finais, onde buscamos realizar

uma síntese das reflexões desenvolvidas por todo o trabalho.

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CAPÍTULO I

1. EDUCAÇÃO INCLUSIVA E AS RELAÇÕES ENTRE FAMÍLIA E ESCOLA:

situando a questão.

O conceito de inclusão passa por uma evolução sócio/ histórica e aponta para

a necessidade de se aprofundar um debate sobre a diversidade, implicando na

busca de compreender a heterogeneidade, as diferenças individuais e coletivas e,

sobretudo as diferentes situações vividas na realidade social e no cotidiano escolar.

O espaço escolar é um dos principais espaços de convivência social durante

as primeiras fases do desenvolvimento do ser humano, desta forma na escola o

individuo deve desenvolver a consciência de cidadania e de direitos, já que é nela

que a criança começa a conviver no espaço coletivo de forma diversificada, fora do

contexto familiar.

Para fazermos uma discussão sobre a relação e a participação dos pais no

processo de escolarização dos filhos com necessidades especiais devemos partir do

pressuposto de que o espaço escolar e todos que fazem parte dele devem estar

preparados para atender as necessidades e especificidades dos sujeitos para que o

processo de ensino e aprendizagem tenha sucesso. Os envolvidos diretamente no

processo de ensino e aprendizagem devem sempre fazer a seguinte pergunta:

Como fazer com que todos os educandos, apesar de suas diferenças, consigam

caminhar juntos?

No entanto o que acontece na prática é que nem sempre a instituição escolar

consegue atender as expectativas e aos anseios desses alunos. Pois é sabido que

pessoas com necessidades especiais, de forma permanente ou temporária

demandam um atendimento diferenciado no processo de ensino e aprendizagem.

As crianças com necessidades educativas especiais, ao longo de seu

desenvolvimento, apresentam determinados impedimentos no processo de

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aprendizagem, porém isto não as impossibilita de interagir com os demais sujeitos

do seu meio sócio-cultural.

Vale salientar que os PCN (Parâmetros Curriculares Nacionais), da Educação

Especial definem como alunos com necessidades especiais aqueles que: “por

apresentar necessidades próprias e diferentes dos demais alunos no domínio das

aprendizagens curriculares correspondentes à sua idade, requer recursos

pedagógicos e metodológicos educacionais específicos” (p.24).

Desta forma, o aluno que apresenta necessidades educacionais especiais

precisa ser atendido no ambiente escolar, promovendo assim a sua aprendizagem,

integração, respeitando suas limitações e para que isso ocorra é necessário que o

professor esteja preparado. Vale enfatizar, que no espaço escolar os alunos

apresentam, de forma diferenciada, valores, costumes e hábitos aprendidos e

vivenciados no ambiente cultural e familiar.

Portanto o conhecimento e o acompanhamento, por parte da escola, das

relações desenvolvidas pelo aluno no seu cotidiano com sua família são

indispensáveis para que o mesmo se insira no ambiente escolar sem maiores

problemas. Nesse contexto a escola é provocada a pensar sua prática a partir da

perspectiva da diversidade cultural, num perfil de inclusão cultural, incorporando e

dialogando com as diferentes formas de expressão vivenciadas pelos alunos em

suas comunidades.

Desta forma o aluno tendo um espaço educativo propício para sua

aprendizagem, terá sucesso em sua vida estudantil, a partir do reconhecimento de

que a melhor maneira de ajudar as crianças com necessidades educativas especiais

é segundo a Declaração de Salamanca (1994, p.10) “[...] adotar como matéria de lei

ou como política o principio da educação inclusiva, admitindo todas as crianças nas

escolas regulares, a não ser que haja razões que obriguem a proceder de outro

modo.

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Os pais de alunos com necessidades especiais demonstram anseios e

expectativas em relação ao desenvolvimento e as aprendizagens escolares de seus

filhos. Por isso mesmo é que podem e devem se transformar em parceiros da escola

no processo de escolarização dos seus filhos, e conseqüentemente, nos processos

de inclusão escolar e social destes sujeitos. A Declaração de Salamanca (UNESCO,

1994, p.9), entre outros aspectos, aponta que “... as crianças e jovens com

necessidades educativas especiais devem ter acesso às escolas regulares, que a

elas devem se adequar através de uma pedagogia centrada na criança, capaz de ir

ao encontro destas necessidades.

Sabemos que não basta colocar a criança na escola, é preciso um

acompanhamento efetivo por parte da família para que o processo de escolarização

aconteça numa parceria família e escola. Por isso a importância de uma

investigação sobre como os pais vêem esse processo de inclusão

concomitantemente como eles participam dele.

Os alunos devem não apenas ter o acesso a escola, mas que esta realmente

cumpra seu papel, contribuindo assim no processo de inclusão social dessas

crianças, pois é a partir do convívio com as outras crianças que eles vão poder se

socializar e participar efetivamente da sociedade. Neste sentido, a Declaração

enfatiza ainda que:

As escolas regulares com orientação para a educação inclusiva são as mais eficazes no combate às atitudes discriminatórias, propiciando condições para o desenvolvimento de comunidades integradas, base da construção da sociedade inclusiva e obtenção de uma real sociedade para todos (UNESCO, 1994, p.09).

É importante ressaltar que a escola inclusiva propõe que todas as pessoas

com necessidades Educacionais Especiais sejam atendidas na rede regular de

ensino, a escola deve ser uma instituição social que tem por obrigação atender a

todas as crianças, sem exceção, sendo aberta, pluralista, democrática e de

qualidade. Sobre esta questão Moreira (2004) afirma que:

Page 16: Monografia Josilene Pedagogia 2011

O princípio democrático de educação poderá viabilizar mediante o redimensionamento da escola e a formação continuada dos docentes, de forma a atender com êxito a todas as crianças, independentemente de suas especificidades para aprender. É um compromisso a ser assumido por todos especialmente pelos dirigentes políticos e professores, a garantia de educação de qualidade, onde todas as crianças devem aprender juntas, respeitando, acima de tudo, a diversidade existente entre elas (p.63).

Diante disto fica evidente que a escola deve receber todos os alunos

especiais e promover a sua integração e aprendizagem, para isso é necessário uma

metodologia que atenda a todos respeitando as diferenças e necessidades

individuais.

O processo inclusivo tem como objetivo adaptar o sistema escolar às

necessidades dos alunos, considerando que a inclusão propicie o acesso de todos a

uma educação de qualidade, assim como ao seu desenvolvimento pessoal,

aceitando as diferenças individuais como atributos e não como obstáculos,

valorizando a diversidade para o enriquecimento dos indivíduos e principalmente

envolvendo a família no acompanhamento de seus filhos no processo de

escolarização.

A Declaração de Salamanca (1994) também nos traz a importância da

parceria com os pais no processo de desenvolvimento e escolarização das crianças

com necessidades educativas especiais, afirmando que a educação delas deve ser

dividida entre pais e profissionais, como também as demais pessoas envolvidas no

processo de inclusão e que precisam de apoio para assumir este papel.

Para Aiello (2002, p.91) apesar da necessidade do envolvimento da família no

trabalho escolar dessas crianças, isto não significa que isso esteja acontecendo.

“Este fato pode ser constatado pelo reduzido número de trabalhos e pelas

discussões e pesquisa envolvendo a escola inclusiva, as quais fazem referência à

participação da família da criança com necessidades especiais” ela ainda acrescenta

que caberia aos pais terem maior compreensão sobre o processo de inclusão

escolar quanto aos seus objetivos, benefícios e limites.

Page 17: Monografia Josilene Pedagogia 2011

O que acontece na maioria das vezes é que esses pais não têm

conhecimento das leis que garantem esses direitos aos seus filhos, e

conseqüentemente, não as fazem acontecer. Existem várias leis em relação à

inclusão de pessoas com necessidades especiais, mais muitas delas não são

efetivadas na maioria das vezes por falta de conhecimento e pressão dos

interessados. Alguns documentos importantes como: Declaração de Salamanca,

Leis de Diretrizes e Bases da Educação, Constituição de 1988, Parâmetros

Curriculares Nacionais (PCNs) regulamentam a inclusão, não são de conhecimento

de todos e, ás vezes, os pais sabem que existem, porém não sabem como acioná-

los em favor dos interesses e necessidades de seus filhos. Diante disso vale lembrar

o que afirma o Art. 59 da LDB nº 9394/96

Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com necessidades especiais, currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização especifica para atender às suas necessidades. Professores com especialização adequada em nível médio ou superior, para atendimento especializado, bem como professores do ensino regular capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns (BRASIL, 2001).

No entanto, muitas escolas entendem que incluir pessoas com necessidades

especiais é simplesmente aceitar e atender alunos com deficiências físicas ou com

pequeno déficit de comunicação. Porém o modelo de inclusão é para todo e

qualquer tipo de comprometimento seja ele reduzido ou não.

Portanto, o processo de inclusão, deve ser compreendido como interativo e

dinâmico resultante da influência mútua de múltiplos fatores (RODRIGUES, 1998).

Assim sendo, para assegurar a educação de crianças com necessidades especiais

no âmbito escolar, algumas medidas precisam ser tomadas no que diz respeito ao

envolvimento de todos no processo de escolarização, ao material didático

especializado, o espaço físico adequado às necessidades dos educandos, a prática

pedagógica adaptada às diferenças individuais, metodologias e recursos

pedagógicos, a formação continuada dos professores e um currículo organizado

para atender às necessidades dos indivíduos envolvidos no processo. Assim,

Oliveira e Glat (2003) afirmam que:

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As adaptações de acessibilidade ao currículo referem-se à eliminação de barreiras arquitetônicas e metodológicas, sendo pré-requisito para que o aluno possa freqüentar a escola regular com autonomia, participando das atividades acadêmicas propostas para os demais alunos. Estas incluem as condições físicas, materiais e de comunicação (pág.4).

Portanto, fazer educação inclusiva não é apenas permitir que as crianças com

necessidades especiais freqüentem a escola, mas garantir-lhes as efetivas

condições de avançarem em seu processo de desenvolvimento e aprendizagem.

Segundo Schwartzman (1999, p. 23) a educação da criança é uma atividade

complexa, pois exige adaptações de ordem curricular que requerem um cuidadoso

acompanhamento dos educadores e pais. É freqüentando a escola que a criança

com necessidade especial irá adquirir, conhecimentos cada vez mais complexos que

serão exigidos da sociedade e cujas bases são fundamentais para a formação de

qualquer individuo.

A necessidade de adaptação curricular é imprescindível para que o aluno não

apenas faça parte momentaneamente e sim permaneça no âmbito escolar

contribuindo para que essa permanência seja significativa e construída

cotidianamente. Nesse processo é fundamental a presença da família para em casa

dar continuidade aos estudos e socialização desses sujeitos.

A deficiência seja ela física, intelectual, visual, auditiva, social, emocional,

lingüística ou outra, não deve prevalecer, isoladamente, como obstáculo ou

impedimento que impossibilita o pleno desenvolvimento das potencialidades de uma

pessoa. As escolas inclusivas buscam novas estruturas e novas competências.

Nesse sentido Mauri (1998), nos diz que “a função da escola é o ensino em todas as

dimensões relevantes do conhecimento” (p.88).

Por isso a importância de um currículo flexível que permita atender a todas as

necessidades dos alunos, contemplando esse universo diversificado e fazendo com

que todos se sintam parte integrante de um aprendizado que deve ser coletivo e

Page 19: Monografia Josilene Pedagogia 2011

heterogêneo. As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Especial, de

1998, nos mostram que a inclusão,

não significa, simplesmente matricular os educandos com necessidades especiais na classe comum, ignorando suas necessidades especificas, mas significa dar ao professor e à escola o suporte necessário à sua ação pedagógica. (MEC/ SEESP, 1998).

Além disso, para tornar uma escola inclusiva, Mantoan (2003, p. 59-60) alerta

que é preciso enfrentar muitas “frentes de trabalho” e dentre elas estão a

reorganização pedagógica e a valorização do professor e para que isso aconteça as

escolas devem ir:

Abrindo espaços para que a cooperação, o diálogo, a solidariedade, a criatividade e o espírito crítico sejam exercitados nas escolas, por professores, administradores, funcionários e alunos, porque são habilidades mínimas para o exercício da verdadeira cidadania. Formar, aprimorar continuamente e valorizar o professor; para que tenha condições e estímulo para ensinar a turma toda, sem exclusões e exceções.

Portanto, a escola inclusiva não pode, de forma nenhuma, excluir o professor

dos espaços de discussão e avaliação dos seus trabalhos, pois a inclusão é para

todos, inclusive para os docentes.

O processo de inclusão vem quebrando barreiras que foram se cristalizando

ao longo dos tempos, e este processo tem por objetivo preparar a escola para

receber os alunos com necessidades educacionais especiais e desta forma construir

uma sociedade mais justa, igualitária e comprometida com a educação. Ao colocar

um aluno especial na sala de aula sem oferecer apoio adequado aos profissionais

da educação, esta ação não é, necessariamente, inclusão visto que as condições

reais para a efetivação desta não são dadas, assim sem uma estruturação

adequada pode gerar a exclusão e não a inclusão destes alunos.

Ressaltando que as leis que favorecem a inclusão começaram a ser

cumpridas a partir da última década do século XX, principalmente no âmbito escolar,

salientamos que muitos dos professores que estão lecionando, ainda não tiveram

Page 20: Monografia Josilene Pedagogia 2011

acesso a esses estudos e, conseqüentemente, não tiveram uma formação especifica

sobre esse tema, o que aumenta ainda mais a responsabilidade da escola em

relação à inclusão desses alunos. Por isso os cursos de capacitação profissional e

formação continuada são indispensáveis para que os educadores atuem de maneira

a oferecerem melhores condições e adequações no processo de ensino e

aprendizagem.

Em contra partida muitos pais demonstram anseios e expectativas em relação

ao desenvolvimento e as aprendizagens escolares de seus filhos, e por isso mesmo

é que podem e devem se transformar em parceiros da escola no processo de

escolarização dos filhos, e conseqüentemente, em seus processos de inclusão

escolar e social. Sendo assim, os pais são de fundamental importância para que,

junto com o corpo escolar, possam dar subsídios para que esses alunos sintam-se

motivados a permanecerem na escola.

A partir dos estudos sobre o tema e de nossas inquietações sobre a

participação dos pais de crianças com necessidades especiais no acompanhamento

do processo de escolarização de seus filhos, surgiu a questão que nos moveu nesta

pesquisa que foi compreender quais as expectativas e participação dos pais no

processo de inclusão dos filhos com necessidades especiais da Escola Municipal

Professor Pedro Calmon no Distrito de Pilar, município de Jaguarari-BA.

Assim propusemos alguns objetivos a alcançar neste trabalho. Inicialmente

buscamos Identificar quais as expectativas dos pais em relação ao processo de

escolarização de seu filho na escola regular, para então compreender a relação

entre as expectativas e a participação dos pais no processo de escolarização das

crianças com necessidades especiais nas escolas regulares e identificar fatores

apontados pelos pais que contribuem para facilitar e/ou dificultar a participação na

escolarização de seu filho.

Page 21: Monografia Josilene Pedagogia 2011

CAPÍTULO II

2. EDUCAÇÃO INCLUSIVA: As relações entre família e escola no processo

de escolarização das crianças com necessidades especiais.

Neste capítulo nos propomos a fazer uma discussão sobre as questões

teóricas que fundamentam a nossa análise e dão sustentação às nossas

conclusões, ainda que provisórias, no âmbito deste trabalho.

2.1 Caracterizando a Educação Inclusiva.

No decorrer dos séculos, a educação escolarizada tem papel relevante na

vida das pessoas, pois através dela o indivíduo pode apropriar-se dos

conhecimentos social e historicamente construídos, o que pode contribuir para a sua

emancipação e transformação social e interpessoal. Descobrir, conhecer,

compreender e reconstituir o conhecimento passa a ser um dos pilares fundamentais

do processo de educação e escolarização dos sujeitos. Portanto o processo

educacional deve ser pensado dentro de uma perspectiva que respeite as relações

humanas. Como relata Brandão, crianças, adolescentes e jovens não aprendem

apenas na escola, mas com a convivência cotidiana dos seus familiares e também

com a observação do trabalho realizado pelos seus pais ou membros mais idosos da

comunidade. Segundo Brandão, (1996):

não há uma forma única nem um único modelo de educação; a escola não é o único lugar onde ela acontece e talvez nem seja o melhor; o ensino escolar não é a sua única prática e o professor profissional não é o único praticante (p.09).

Desta forma, mesmo sem utilizar uma metodologia específica e não tendo a

intencionalidade de uma educação sistematizada, a educação sempre existiu nos

mais diversos espaços construídos pelo homem em suas relações com os outros

homens, desde as primeiras comunidades humanas. Com o aparecimento da

sociedade dividida em classes começam a surgir também os primeiros espaços

formais, dentre eles a instituição escolar, que estava voltada para atender os

interesses e necessidades do grupo a quem se destinava essa educação. As

Page 22: Monografia Josilene Pedagogia 2011

classes menos privilegiadas não tiveram acesso à educação escolarizada por muito

tempo, somente a partir do advento da modernidade e da constituição dos estados-

nação foi que essas sociedades passaram a contemplar, em suas leis, a ideia de

uma educação escolar para todos. Mesmo assim, no Brasil somente no início do

século XX é que se deu de fato a expansão do ensino elementar para todos.

O atendimento escolar às pessoas deficientes, no Brasil, deu-se a partir na

década de 50 do século XIX, durante o império. Foi nesta época que D. Pedro II

fundou no Rio de Janeiro o imperial Instituto de Meninos Cegos e depois fundou o

Imperial Instituto dos Surdos-mudos. Na primeira metade do século XX, até 1950

havia quarenta estabelecimentos mantidos pelo poder público. Nos anos de 1957 a

1993 houve várias iniciativas oficias no âmbito nacional.Segundo Mazotta (1998):

Foram instituídas campanhas, criados institutos de surdos (INES), no Rio de Janeiro, que tinha por finalidade promover, por todos os meios a seu alcance, as medidas necessárias à educação e assistência no mais amplo sentido, em todo território nacional (p.29).

Instituições de amparo às pessoas com deficiência foram surgindo, no intuito

de educá-las e profissionalizá-las, porém, acomodando-as em locais especializados,

distantes do convívio social. Até a metade do século XX, este modelo perdurou nas

escolas, através das salas de recursos e, nas empresas ou nas oficinas de trabalho,

através da segregação em locais especializados. O Instituto Pestalozzi (1926), a

APAE – Associação de Pais e Amigos do Excepcional (1954) e o Instituto Padre

Chico são exemplos deste modelo de atendimento.

Em 1981, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) declarou o “dia

internacional das pessoas portadores de deficiências”, dando assim o impulso ao

surgimento de vários movimentos sociais, institucionais ou dirigidos pelos próprios

deficientes. Contribuiu também para o fortalecimento de um modelo de inserção de

pessoas com deficiências o “Paradigma da Integração”.

Neste modelo acreditava-se que as pessoas com alguma limitação

precisavam preparar-se e adaptar-se para que sua inserção na educação ou no

Page 23: Monografia Josilene Pedagogia 2011

mercado de trabalho se completasse. Assim, se esta “normalização” da pessoa com

a deficiência não fosse possível ele seria mantido no modelo de “segregação”,

dentro de espaços especiais. Segundo Sassaki (1997) este é um modelo médico,

onde os deficientes são pacientes que precisam ser tratados, curados,

normalizados, para assim poderem ingressar no convívio social, ainda que, para

isso, enfrentem grandes barreiras decorrentes de uma sociedade excludente, em

suas estruturas arquitetônicas e sociais. E ele ainda acrescenta:

... os diferentes são freqüentemente declarados doentes. Este modelo médico da deficiência nos designa o papel desamparado e passivo de pacientes, no qual somos considerados dependentes do cuidado de outras pessoas, incapazes de trabalhar, isentos de desejos normais, levando vidas inúteis (p.10).

Podemos dizer que, este período é marcado pelo assistencialismo como se

estes alunos especiais precisassem apenas de ajuda humanitária, paternalista, sem

uma perspectiva de mudanças dos indivíduos para atuarem com cidadania. Neste

sentido Mazzota, (2001) afirma que:

Sobre o tipo de assistência prestada, há, no entanto, informações insuficientes para sua concretização como educacional. Poderia tratar-se de assistência médica a crianças deficientes mentais e não propriamente atendimento educacional; ou, ainda atendimento médico pedagógico (p.30).

Na década de 90, principalmente na Declaração de Salamanca, um novo

modelo, vigente até o momento, começou a ser discutido e implantado como opção

de inserção social dos deficientes, o modelo “inclusivista“, que define ou defende a

preparação de toda a sociedade para pleno ingresso das pessoas com deficiência

na vida sócio-politico-educacional.

Diante das exigências da sociedade contemporânea vemos que a Educação

Brasileira vem modificando seus paradigmas, reflexo das políticas públicas que tem

colocado certa evidencia no paradigma da inclusão e possibilitado o acesso de

alunos com necessidades especiais no ensino regular.

Page 24: Monografia Josilene Pedagogia 2011

Atualmente, a escola começa a fazer parte cada vez mais cedo da vida das

crianças e nela são oferecidas atividades que lhes possibilitam desenvolverem-se de

forma dinâmica. Cabe a instituição cumprir os conteúdos sistematizados e fazer com

que as crianças formem hábitos, atitudes e habilidades próprios de uma cultura

letrada, mas que também cumpra a função de socializá-las, pois as atividades

comunitárias no bairro, na vizinhança, na rua estão ficando cada vez mais raras.

Neste sentido a educação escolar deve basear-se na formação do indivíduo

enquanto cidadão crítico e reflexivo, que tenha consciência de seu papel na

construção da sociedade, na qual está inserido, havendo por conseqüente,

coerência nas ações dos agentes nela envolvidos. Freire (1996) pontua que:

“Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar possibilidades para sua produção

ou sua construção” (p.25).

O conhecimento é construído pelo individuo, e a aprendizagem é um

processo com tempo e ritmo diversificado, determinado pela qualidade da interação,

do nível de participação e problematização das oportunidades de se vivenciar

experiências, construir significados, elaborar e partilhar conhecimentos em grupo.

Assim a escola, o professor e a família têm papel determinante na mediação sócio-

cultural do aluno para que ele avance no seu processo de desenvolvimento e

aprendizagem, e na formação humana por meio de situações desafiadoras para o

desenvolvimento positivo da auto-imagem, independência e autonomia (BRASIL,

2006).

Portanto, a escola inclusiva deve investir nas potencialidades do aluno, dando

oportunidades a todas as crianças, e condições, principalmente, às crianças com

necessidades especiais, para que possam se desenvolverem social e

intelectualmente, junto com as outras crianças na classe comum.

2.2 As leis que regulamentam a inclusão:

A educação inclusiva é um movimento coletivo que avança para superar o

preconceito e a segregação, e nas políticas nacionais afirmam-se iniciativas de

Page 25: Monografia Josilene Pedagogia 2011

formação docente, experiências pedagógicas, de gestão educacional e ampliação da

consciência coletiva dos direitos, tratando-se então de um desafio dos governos e do

conjunto da sociedade, professores, famílias e todos aqueles que acreditam na

inclusão como princípio.

Como aborda o documento das Diretrizes Nacionais para Educação Especial

na Educação Básica, esta tem como objetivo orientar o sistema de ensino para a

organização da educação especial, como elo que perpassa todos os níveis, etapas e

modalidades de ensino, garantindo às pessoas com necessidades especiais acesso

à escola regular atendimento educacional especializado, promovendo assim a

aprendizagem e a participação de todos, proporcionando uma educação de

qualidade.

Há um enfoque na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº

9394/96 no art. 58, com relação à educação especial que diz: “entende-se por

educação especial, para efeitos da lei, a modalidade de educação escolar, oferecida

preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos portadores de

necessidades especiais” (BRASIL, 2001).

Esse direito fica claro na Declaração Mundial de Educação para todos,

aprovada pela ONU em 1990 e por sua vez inspirou o Plano Decenal de Educação

para Todos. Em seguida, a UNESCO (Organizações das Nações Unidas para a

Educação, a Ciência e a Cultura) registrou, na Declaração de Salamanca (1994), o

conceito de inclusão no campo da educação comum:

O princípio da inclusão consiste no “reconhecimento da necessidade de se

caminhar rumo à escola para todos – um lugar que inclua todos os alunos celebre a

diferença, apóie a aprendizagem e responda às necessidades individuais”.

(Declaração de Salamanca, 1994).

Com base nessas afirmações indica-se uma transformação no sistema

educacional a partir da construção de escolas abertas para todos e de uma

pedagogia heterogênea com a participação da comunidade, significando assim uma

Page 26: Monografia Josilene Pedagogia 2011

nova sociedade, em que não mais as pessoas com necessidades especiais vão

buscar sua integração e adaptação ao sistema, mas sociedade é que vai se

organizar e modificar-se de acordo com as circunstâncias para incluir todas as

pessoas, incluindo aí as pessoas com necessidades especiais e, simultaneamente,

estas se preparam para assumir seus papéis na sociedade.

A conferência Mundial sobre necessidades Educativas Especiais: Acesso e

Qualidade, realizada pela UNESCO, em Salamanca (Espanha) em junho de 1994,

teve como objetivo especifico de discussão, a atenção educacional aos alunos com

necessidades especiais. Nela os países signatários, dos quais o Brasil faz parte,

declaram:

Todas as crianças, de ambos os sexos, tem direito fundamental à educação e que a elas deve ser dada oportunidade de obter e manter um nível aceitável de conhecimentos. Os sistemas educativos devem ser projetados e os programas aplicados de modo que tenham em vista toda a gama dessas diferentes características e necessidades.

Cabe ressaltar que a Constituição de 1988 surge dando garantias

educacionais as pessoas com necessidades especiais e ao superdotado, sendo a

educação formal assegurada em igualdade e condições para o acesso e a

permanência, independente de seus atributos individuais, ficando garantindo o

atendimento especializado a este segmento de preferência na rede regular de

ensino. Em 1992, foi criada a Secretaria de Educação Especial, vinculada ao

Ministério de Educação e Cultura, que normatiza e coordena a política de educação

especial em nível nacional.

O desafio, portanto, para os profissionais que estão a serviço da melhoria da

qualidade da vida humana é além de conhecer e fazer valer as leis, lançar propostas

que não se destinam apenas a um grupo restrito de pessoas. A inclusão na escola

se fundamenta na realidade contemporânea e devem ser projetadas frente aos

preconceitos e instabilidades que são apresentadas na escola, levando em

consideração que o tempo define as oportunidades de conhecimentos e de que as

limitações e obstáculos fazem parte do desenvolvimento humano.

Page 27: Monografia Josilene Pedagogia 2011

A Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência é um marco

para os Direitos Humanos e para seu público destinatário. Sendo um dos tratados do

direito internacional, a Convenção surgiu para promover, defender e garantir

condições de vida com dignidade e a emancipação dos cidadãos e cidadãs do

mundo que apresentam alguma deficiência.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o Brasil apresenta

um número cada vez maior de pessoas com deficiência. Dados de 2000 apontavam

que 14,5% da população brasileira eram constituída de pessoas com deficiência, as

quais dão contorno a estrutura das famílias brasileira no seu contexto sociocultural.

De acordo com esses dados do IBGE nas regiões mais afastadas dos centros

urbanos, onde se presume menor atendimento, estes números aumentam. Assim

como aumentam nas famílias de etnias menos assistidas, como as indígenas e afro

descendentes.

2.3 O Conceito de deficiência

Reconhecendo que a deficiência é um conceito em evolução e que esta

resulta da interação entre pessoas com deficiência e as barreiras ou atitudes que

impedem a plena e efetiva participação dessas pessoas na sociedade, em igualdade

de oportunidades com as demais pessoas, assim, podemos conceituar inicialmente

que pessoas com deficiência são aquelas que têm impedimentos de longo prazo de

natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas

barreiras, podem obstruir suas participações plenas e efetivas na sociedade em

igualdade de condições com as demais pessoas. A Convenção sobre os Direitos

das Pessoas com Deficiência conceitua a deficiência como

[...] perda ou anormalidade de estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica, temporária ou permanente. Incluem-se nessas a ocorrência de uma anomalia, defeito ou perda de um membro, órgão, tecido ou qualquer outra estrutura do corpo, inclusive das funções mentais. Representa a exteriorização de um estado patológico, refletindo um distúrbio orgânico, uma perturbação no órgão. (AMIRALIAN et al., 2000, p. 98).

Page 28: Monografia Josilene Pedagogia 2011

Como podemos perceber o conceito de deficiência abrange uma série de

outros, pois se faz necessário entender cada uma dessas limitações, principalmente

para a escola e o professor, para que se possa planejar as ações e adaptações

necessárias para o processo de escolarização e, portanto, de inclusão, mais efetivo

das pessoas com necessidades especiais. Não vamos conceituar todas as

deficiências, pois não é o objetivo desse trabalho, mas faremos uma

conceitualização das deficiências encontradas na escola pesquisada, pois se faz

necessário para o entendimento de nossas análises.

2.3.1 Síndrome de Down

Síndrome de Down é essencialmente um atraso do desenvolvimento, tanto

das funções motoras do corpo, como das funções mentais. Um bebê com síndrome

de Down é pouco ativo, “molinho”, o que nomeia como hipotonia. A hipotonia diminui

com o tempo, e a criança vai conquistando, embora mais tarde que as outras, as

diversas etapas do desenvolvimento: sustentar a cabeça virar-se na cama,

engatinhar, sentar, andar e falar. “Considera-se que a síndrome de Down é

decorrente de um erro genético presente desde o momento da concepção ou

imediatamente após” (SCHWANTZMAN,1999, p.3).

A síndrome de Down é conhecida popularmente como mongolismo. O nome

mongolismo foi dado devido ás pregas no canto dos olhos que lembram o aspecto

das pessoas da raça mongólica. A palavra síndrome significa um conjunto de

características que prejudica de algum modo o desenvolvimento da pessoa e Down

em referência ao médico inglês Jonh L. Down, que a identificou.

Grosso modo, conjunto de características apresentadas é resultante de

alteração genética, caracterizada pela presença a mais do cromossomo 21. Assim,

ao invés do indivíduo apresentar dois cromossomos 21, apresenta três, recebendo o

nome por essa alteração de trissonomia simples. No entanto podem-se encontrar

outras alterações genéticas, que causam síndrome de Down.

Page 29: Monografia Josilene Pedagogia 2011

A criança com síndrome de Down apresenta algumas limitações dependendo

das características da síndrome apresentadas pelo individuo, assim o trabalho

pedagógico deve primeiro respeitar o ritmo da mesma e propiciar-lhe estimulação

adequada para o desenvolvimento de suas habilidades, criando-se programas e

implementando-os de acordo com as necessidades especificas da criança. Portanto

o atendimento ao individuo com Down deve ocorrer de forma gradual, pois o mesmo

não consegue absorver grandes números de informações.

Convêm ressaltar que não deve ser apresentado a esses indivíduos

informações isoladas ou mecânicas, o processo de ensino e aprendizagem deve ser

interativo e dinâmico. Essas crianças apresentam idade cronológica diferente da

idade funcional, desta forma, não se espera uma resposta idêntica à resposta das

demais crianças.

2.3.2 Deficiência física

A deficiência física refere-se a uma gama de alterações na parte física que

pode causar, ou não, limitações à pessoa. Os documentos referentes aos conceitos

das deficiências concordam na seguinte definição de deficiência física

[...] alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo humano, acarretando o comprometimento da função física, apresentando-se sob a forma de paraplegia, paraparesia, monoplegia, monoparesia, tetraplegia, tetraparesia, triplegia, triparesia, hemiplegia, hemiparesia, ostomia, amputação ou ausência de membro, paralisia cerebral, nanismo, membros com deformidade congênita ou adquirida, exceto as deformidades estéticas e as que não produzam dificuldades para o desempenho de funções (DECRETO Nº 5.296 DE 2 DE DEZEMBRO DE 2004).

2.3.3 Deficiência mental

A deficiência mental diz respeito ao funcionamento intelectual

significativamente inferior à média, com manifestação antes dos dezoito anos e

limitações associadas a duas ou mais áreas de habilidades adaptativas, tendo

destaque no decreto 5.296 as seguintes limitações: “Comunicação, cuidado pessoal,

Page 30: Monografia Josilene Pedagogia 2011

habilidades sociais, utilização dos recursos da comunidade, saúde e segurança,

habilidades acadêmicas, lazer e trabalho.”

Os problemas apresentados pelas pessoas com deficiência mental, - ou mais

recentemente como é denominada – deficiência intelectual, dizem respeito

diretamente ao atraso no desenvolvimento, o que significa que o processo de

orientação e educação deve centrar esforços no sentido de trabalhar no aprendizado

de atividades que permitam a essas pessoas crescerem e se tornarem

independentes, ao mesmo tempo em que possam desenvolver suas aptidões e

capacidades.

2.4 Os pais: perspectivas e participação no processo de escolarização

Participar significa ter ou fazer parte de um fato ou evento, mas também

comunicar um fato ou evento (FERREIRA, 1986), portanto podemos concluir que

participar é um processo de interação e comunicação onde a verbalização tem

significante importância. Desta forma a participação dos pais deve ser entendida

como um amplo processo de comunicação que engloba não apenas a presença

física dos mesmos na instituição escolar, mas também a constante comunicação

com a escola e todos os envolvidos no processo de ensino aprendizagem.

Essa participação pode fazer diferença no processo de escolarização das

crianças, principalmente no acompanhamento do filho com necessidades especiais

onde a participação deve ser mais efetiva, pois essas crianças necessitam estar

inseridas no ensino regular junto como as demais.

Segundo afirma Bruno (2006), a educação inclusiva deve ter como ponto de

partida o cotidiano: o coletivo, a escola e a classe comum, onde todos os alunos

com necessidades especiais ou não, precisam aprender e ter acesso ao

conhecimento, à cultura e progredir no aspecto pessoal e social.

As expectativas e participação dos pais na escolarização dos filhos

necessitam de uma maior atenção e reflexão para que sirvam de guias para formas

Page 31: Monografia Josilene Pedagogia 2011

mais humanas de acompanhamento do seu desenvolvimento social e educacional.

Isto significa, entre outras coisas, dar-lhe tempo em casa para brincar, sonhar,

encenar... E os pais também disponibilizarem tempo para brincar com seus filhos

para que eles possam viver a conquistada infância como as outras crianças,

respeitadas as características do seu tempo e de suas limitações.

No entanto numa sociedade capitalista como a nossa há uma exigência maior

dos membros da família de participarem do orçamento familiar, os pais dividem cada

vez mais as responsabilidades e assim são obrigados a desde cedo deixarem seus

filhos a cargo de instituições como creche, escola e professores particulares para o

acompanhamento e a educação dos mesmos.

A família como primeiro ambiente de socialização, interação e acesso aos

elementos da cultura a qual pertence o individuo tem função fundamental na

construção identitária do mesmo, “A cultura, enfim, proporciona-nos um sentido do

"nós" como membros de um grupo social que tem uma trajetória histórica; ela nos dá

consciência de sermos continuadores de "outros", porém semelhantes a nós.”

(SACRISTÁN, 2002, p. 85).

Neste contexto, apontamos a família como elemento inicial e fundamental na

evolução mental, emocional, cultural e social das crianças, principalmente nas

crianças com alguma deficiência ou limitação, visto que os pais e outros membros

da família são referencia na vida destes educandos. No grupo familiar a criança

construirá suas Impressões do mundo e de si mesmo em seus primeiros passos de

vida.

No espaço escolar a criança terá complementado o seu acesso aos

elementos necessários para sua vida em comunidade, porém o seu tempo e

aprendizado junto com sua família é maior que o disponibilizado no espaço da

escola. Desta forma, é na interação escola e família que poderemos construir

condições melhores de aprendizagem para estes educandos.

Page 32: Monografia Josilene Pedagogia 2011

Quando a criança encontra um espaço familiar favorável a sua exploração de

forma independente é possível ganhar condições favoráveis para perceber as coisas

sozinhas, por outro lado, este núcleo familiar pode anulá-la colocando-a sempre

numa posição de incapaz e não permitir esta autonomia. Uma família pode

superproteger esta criança impedindo-a de desenvolver suas potencialidades.

É importante citar a obra em que Vygotsky faz afirmações em sua teoria do

desenvolvimento sobre a importância da interação com outras crianças mais

desenvolvidas ou pessoas mais velhas, podendo ser os professores ou mesmo os

pais, desta forma a criança que interage com alguém com maior conhecimento

poderá sair de um estágio denominado por ele de desenvolvimento real para o outro

estágio de desenvolvimento potencial. Na família a criança desenvolve todo

esquema mental e corporal. No caso da criança com alguma limitação, por vezes os

reforços positivos ou negativos são incorporados neste convívio.

Page 33: Monografia Josilene Pedagogia 2011

CAPÍTULO III

3. TRILHA METODOLÓGICA: definindo os caminhos da pesquisa

A educação é um direito de todos, por isso é importante compreender que a

educação está baseada na aceitação das diferenças e na valorização do individuo,

independentemente dos fatores físicos e psíquicos. Nesta perspectiva é que se fala

em inclusão, onde todos possam ter os mesmos direitos e deveres, construindo um

universo que favoreça o crescimento, valorizando as diferenças e o potencial de

cada um.

Procurar entender a educação em todas as dimensões e processos é uma

necessidade do educador e esta pesquisa se configura na necessidade de

compreender qual a relação entre expectativas e participação dos pais no processo

de escolarização das crianças com necessidades especiais. Neste capítulo,

portanto, descrevemos o caminho percorrido nesta pesquisa.

Por tratar-se de uma área que envolve os homens e seus processos de

construção de conhecimento e as inter-relações intra e interpessoais, a pesquisa em

educação tem como pressuposto metodológico mais adequado a abordagem

qualitativa. Neste sentido Macedo (2004) afirma que “para o olhar qualitativo é

necessário conviver com o desejo, a curiosidade e criatividades humanas; com as

utopias e esperanças; com a desordem e o conflito;com a precariedade e a

pretensão; com as incertezas e o imprevisto” (p.69).

A pesquisa qualitativa consente ao pesquisador examinar atentamente os

indivíduos envolvidos no processo educacional. Além disso, este método é muito

usado nas pesquisas educacionais nas últimas décadas, tem como uma das

características investigarem os significados que os envolvidos dão ao assunto

pesquisado. Segundo Ludke e André (1986), ”a pesquisa qualitativa supõe o contato

direto e prolongado do pesquisador com o ambiente e a situação que esta sendo

investigada, via de regra através do trabalho intensivo de campo” (p.11). Isso

Page 34: Monografia Josilene Pedagogia 2011

significa que o pesquisador deverá vivenciar todo o cotidiano escolar para que possa

visualizar em quais condições ela se manifesta.

A presente investigação é basicamente caracterizada como uma pesquisa no

âmbito da educação especial. O estudo foi realizado seguindo uma metodologia que

nos permitiu compreender a problemática apresentada. E para que o nosso objetivo

fosse alcançado, foi preciso considerar muitos aspectos como: sociais, econômicos

e culturais, dos sujeitos envolvidos, pois estes determinam atitudes e condutas dos

pais em relação aos seus filhos com necessidades especiais. A pesquisa aconteceu

na Escola Municipal Professor Pedro Calmon, que pertence à rede Municipal de

ensino, localizada no Distrito Pilar, Jaguarari-BA. Utilizamos a metodologia para

trabalhar detalhadamente o objetivo proposto que foi investigar a relação entre as

expectativas e participação dos pais no processo de escolarização dos filhos com

necessidades especiais na referida escola.

O locus escolhido para desenvolver a pesquisa foi a Escola Municipal

Professor Pedro Calmon, situada no Distrito Pilar, na cidade de Jaguarari-BA. Sua

estrutura física é composta de nove salas de aula e uma sala de leitura, secretaria,

sala de direção, sala dos professores, sala de coordenação, dois depósitos,

banheiros feminino e masculino, cantina, um banheiro de funcionários, um banheiro

para professores, almoxarifado, dispensa para merenda, pátio coberto e uma mini

quadra esportiva. A Escola foi escolhida por ser a única escola do Distrito que

atende um número razoável de crianças com necessidades especiais.

Os sujeitos da pesquisa foram os pais e 10 professores da referida escola,

sendo que atualmente apenas seis professores lecionam com esses educandos, e

os demais lecionaram em anos anteriores. Essas crianças apresentam as seguintes

limitações: síndrome de Down, limitação física (cadeirante) e deficiência mental.

Conforme Barros (2000), a coleta de dados significa a fase da pesquisa em

que se indaga e se obtêm informações da realidade através da aplicação de

instrumentos. Fazendo-se necessário a análise dos dados como forma de interpretar

e analisar o que foi revelado na investigação.

Page 35: Monografia Josilene Pedagogia 2011

Os dados para a efetivação deste trabalho foram levantados através de fontes

e instrumentos diversificados tais como: Observação participante, entrevista semi-

estruturada e o questionário fechado.

Cabe ressaltar que não foi possível gravarmos as entrevistas com os pais e

os professores, foi utilizado um diário de bordo, para que assim fossem registradas

diariamente as observações, percepções, vivências e experiências para que ao

analisar os dados observados todos os detalhes fossem levados em consideração.

Pois fazer a relação entre expectativa e participação exige uma análise criteriosa

tanto da observação em sala de aula, da conversa com os educandos, da fala de

professores e da inter locução com os pais dos alunos com necessidades especiais.

A coleta de dados foi estruturada com observações no espaço escolar

juntamente com um roteiro de entrevistas e questionários direcionados aos pais e

professores. Visto que analisar só as respostas dos pais sem levar em consideração

o cotidiano e o que dizem os professores não iria dar subsídios suficientes para que

a questão de pesquisa fosse desvelada.

3.1 Observação Participante

A observação participante permite maior contato com os sujeitos

pesquisados, uma experiência direta de envolvimento entre pesquisador e

pesquisado. André (1995), diz que a observação participante “é chamada de

participante porque parte do principio de que o pesquisador tem sempre um grau de

interação com a situação estudada, afetando-a e sendo por ela afetado” (p.28).

Ao serem observados em sala de aula os alunos se sentiram à vontade e

participaram da aula normalmente, a minha presença não interferiu no processo de

ensino e aprendizagem, entretanto os professores sentiram certo constrangimento,

pois pude perceber que tiveram receio por estarem sendo observados

especificamente sobre a sua prática com os alunos com necessidades especiais.

Page 36: Monografia Josilene Pedagogia 2011

As observações foram feitas seguindo o roteiro: na primeira semana foram

feitas observações apenas com as anotações de quem levava as crianças para a

escola e de como os educadores recebiam esses alunos, e houve também uma

conversa com diretora e coordenadora sobre os alunos com necessidades especiais

que freqüentam a escola. Na segunda semana as observações passaram a ser

feitas em sala e a cada final de aula uma breve conversa com educadores e pais

e/ou responsáveis que pegavam as crianças. As entrevistas e questionários foram

entregues para professores, pais e uma avó que é a responsável por um dos

educandos.

Foi a partir das observações e questionamentos da realidade escolar, das

conversas com os educandos, pais e responsáveis e de um diálogo com a diretora

da instituição que as entrevistas para os educadores e pais foram elaboradas.

Portanto, este tipo de pesquisa facilita a aquisição de respostas e pode

proporcionar resultados inesperados e surpreendes, pois o contato direto com os

sujeitos propicia a percepção da realidade. E é de fundamental importância para

compreender a relação entre expectativas e participação dos pais no processo de

escolarização dos filhos com necessidades especiais.

3.2 Entrevista semi-estruturada

A entrevista semi-estruturada é um dos meios utilizados pelo pesquisador

para se obter dados e assim se fazer uma pesquisa qualitativa. Esse tipo de

instrumento foi escolhido, pois fornece subsídios para alcançar o objetivo proposto

na pesquisa. De acordo com Triviños (1987, p.146) ela “oferece amplo campo de

interrogativas, fruto de novas hipóteses, que vão surgindo à medida que se recebem

as respostas do informante.

Por ser considerado um encontro de duas pessoas a fim de que elas

obtenham informações que contribuam para o alcance do objetivo proposto, as

entrevistas foram realizadas individualmente com os educadores. De acordo com a

conversa, o roteiro que foi elaborado antecipadamente ia se ajustando para que o

Page 37: Monografia Josilene Pedagogia 2011

foco da questão não fosse perdido. Portanto a entrevista não se tornou numa

conversa neutra, pois o objetivo da mesma era coletar os dados relatados pelos

envolvidos, focalizando a realidade pesquisada.

As entrevistas, tanto com os educadores, como com os professores, foram

realizadas em etapas e os questionamentos foram elaborados depois da observação

in loco. Foi um instrumento que muito contribuiu para esta pesquisa, pois foi diante

do diálogo com os educadores e pais que pudemos investigar para assim

compreender a relação entre expectativas e participação dos pais no processo de

escolarização dos seus filhos.

As entrevistas foram feitas depois da observação para que assim tivéssemos

subsídios para conduzi-la. Com os pais as entrevistas foram realizadas com o

objetivo de coletar informações sobre a estrutura e a dinâmica familiar e

principalmente sobre as suas expectativas e participação quanto à escolarização

dos seus filhos, já que foi esse o objetivo da pesquisa. Com os professores o intuito

foi coletar dados sobre o funcionamento da escola, das crianças com necessidades

especiais, como eles viam a inclusão e como percebiam as expectativas e

participações dos pais no processo de escolarização desses educandos, para que

assim pudéssemos alcançar o objetivo proposto neste trabalho. Com os professores

as entrevistas foram feitas na hora do intervalo escolar sempre estando presente ou

a coordenadora ou outro educador.

3.3 Questionário Fechado

Esse instrumento foi escolhido no intuito de definir os aspectos sociais,

econômicos e educacionais, tendo como foco a definição de diversos aspectos que

contribuíram para as análises dos dados.

Para Marconi e Lakatos (1996, p.88) “o questionário fechado é um

instrumento constituído por uma série de perguntas, devendo ser respondido por

escrito e sem a presença do entrevistador”. Sendo assim, não houve interferência

nem influência nas respostas apresentadas.

Page 38: Monografia Josilene Pedagogia 2011

O questionário foi entregue para pais e professores e a partir dele foi possível

analisar e traçar o perfil dos professores e pais que acompanham diariamente as

crianças com necessidades especiais. E foi a partir do questionário que percebemos

que a maioria dos pais é de classe baixa, que estes têm entre 30 e 50 anos e o grau

de escolarização varia de não alfabetizado ao fundamental I. O questionário fechado

foi entregue a ambos e recolhido na semana seguinte.

A partir das análises dos instrumentos da coleta de dados será feita agora a

apresentação, análise e interpretação dos dados, tendo como base alguns dos

seguintes teóricos: Sassaki (1997), Machado (2005), Mantoan (1997), Carneiro

(1997), Vygotsky (1997) e Buscaglia (2002).

Page 39: Monografia Josilene Pedagogia 2011

CAPÍTULO IV

4. ANALISANDO AS EXPECTATIVAS E A PARTICIPAÇÃO DOS PAIS DE

CRIANÇAS COM NECESSIDADES ESPECIAIS NO PROCESSO DE

ESCOLARIZAÇÃO DE SEUS FILHOS: O que apontam os dados coletados.

Neste capítulo apresentamos os dados coletados e procedemos a sua análise

a partir dos referenciais teóricos discutidos no capitulo II deste trabalho monográfico.

A coleta foi realizada através de vários instrumentos e ao cruzarmos as informações

buscamos compreender a relação entre as expectativas e participação dos pais no

processo de escolarização dos filhos com necessidades especiais. Conhecer o que

pensam os professores dessas crianças também foi de fundamental importância

para que o objetivo da pesquisa fosse alcançado, pois ao observar e ouvir apenas

os pais as informações dadas poderiam não ser suficientes para o alcance do

objetivo proposto, pois elas poderiam ser dadas superficialmente, onde os mesmos

poderiam negar ou até mesmo omitir o que realmente acontece no cotidiano de seu

filho no ambiente escolar.

As falas das educadoras estão apresentadas distintamente através das letras

A, B, C, D, E, F, G, H, I e J. E a fala dos pais pelos números 1, 2 , 3 e 4, fazendo

com que a identidade de todos os envolvidos na pesquisa seja preservada.

4.1 Os contatos iniciais e as entrevistas aplicadas

O contato inicial foi feito com a observação e uma prévia conversa com o

corpo escolar. Foi observado com quem e como essas crianças chegam à escola e

principalmente como são recebidas por ela. A observação foi realizada nos meses

de março e abril, a entrevista e o questionário foram elaborados em maio a partir das

observações feitas na escola e aplicadas em junho.

Durante as entrevistas foram coletados dados iniciais dos sujeitos, momentos

de questionamentos traziam à tona a questão da pesquisa e ainda momentos de

síntese sobre as colocações da problemática apresentada e apontadas pelos

Page 40: Monografia Josilene Pedagogia 2011

entrevistados. Estes momentos foram conduzidos de forma que os entrevistados

focalizassem sua atenção no aprofundamento das questões, pois por muitas vezes

eles desviavam ou davam respostas superficiais. E ao estabelecermos essa

interação pudemos eliminar os fatores que poderiam distorcer os dados coletados.

Todos esses dados foram anotados no diário de bordo, permitindo assim uma

análise categorizada pelas situações que os professores, pais e alunos vivenciam

naquele cotidiano escolar, focalizando o objetivo deste trabalho.

4.1.2 O perfil dos professores entrevistados

A partir daqui os professores serão tratados como professoras, pois 100% são

do sexo feminino, têm entre 31 e 48 anos, estão lecionando a mais de cinco anos e

70% trabalham 40 h, e 30% 20h.

É relevante mencionar a formação das professoras, onde 50% são

graduadas, 30% estão em processo de graduação e 20% se especializando. O que

chamou atenção é que 80% delas ensinam por opção. É importante trazer o que as

educadoras falam sobre a sua profissão:

Escolhi a educação porque me encanto todos os dias com esses meninos. É uma profissão difícil mas qual a profissão é fácil hoje em dia? Pelo menos estamos preparando esses meninos para a vida, contribuindo para que no futuro eles não caíam na marginalização (Professora A).

Podemos notar a partir da fala da professora que há uma preocupação com

as crianças e uma consciência do seu papel de educadora e das dificuldades do seu

trabalho. Esta mesma postura também ficou clara no contato com a maioria das

educadoras que participaram desta pesquisa. Algumas das que acompanharam os

meninos em anos anteriores, contam que sentem saudades deles e que às vezes

conversam com eles e com seus pais.

4.1.3 O perfil dos pais dos alunos com necessidades especiais

Page 41: Monografia Josilene Pedagogia 2011

Os pais dos alunos são na sua maioria oriundos da classe popular, e por isso

muitos deles não têm acesso a informações dos seus direitos e deveres quanto ao

processo de inclusão de seus filhos nas escolas.

O que denominamos de pais na realidade refere-se a duas mães, uma avó e

um pai de aluno com deficiência. No entanto, continuaremos a chamar de pais, pois

na realidade eles são mães e pais dessas crianças que por vezes são excluídas

tanto do contexto familiar, quanto do social.

A mãe 1 ao falar sobre o filho que tem deficiência mental, afirmou que

“demorou muito para que eu aceitasse o meu filho após o nascimento. Meu marido

me abandonou e eu fiquei cuidando dele sozinha”. E isto acontece muitas vezes, um

dos pais – em muitos casos, o pai – não aceita o filho deficiente e acaba por

abandonar toda a família e o outro assume sozinho, as funções de pai e mãe. E

quando isso acontece a presença dessa mãe se torna fundamental na vida dessa

criança, visto que a ausência do pai obrigou a mesma exercer os dois papéis,

materno e paterno.

É relevante ressaltar a importância do acompanhamento de pais e

responsáveis na vida dessas crianças que necessitam tanto de apoio para que

convivam de uma maneira digna na sociedade, como de carinho para que convivam

com todos ao seu redor.

4.1.4 A ótica dos professores no processo de escolarização dos alunos

especiais.

O processo de escolarização das pessoas com necessidades especiais exige

prioritariamente respeito. A Convenção sobre os Direitos das Pessoas com

Deficiência assinada em Nova York em 30 de março de 2007 sendo aprovada no

Congresso Nacional em 25 de agosto de 2009 no seu artigo 8 que trata da

conscientização diz que: Os Estados Partes se comprometem a adotar medidas

imediatas, efetivas e apropriadas para:

Page 42: Monografia Josilene Pedagogia 2011

a) Conscientizar toda a sociedade, inclusive as famílias, sobre as condições

das pessoas com deficiência e fomentar o respeito pelos direitos e pela dignidade

das pessoas com deficiência.

Portanto não é apenas no processo de inclusão escolar como em todos os

âmbitos, que as pessoas com deficiências devem ter condições dignas para a

convivência no meio social. De acordo com Sassaki (1997), a inclusão causa uma

mudança de perspectiva educacional, pois não se limita a ajudar somente os alunos

que apresentam dificuldades na escola, mas apóia a todos os envolvidos no

processo de inclusão dando um passo para caminhar em sociedade livre de

preconceitos e limitações.

O educador deve estar preparado para que na escola essa conscientização

comece a ser entendida e efetivada por ele, pelo alunado e por todos que fazem

parte e convivem no espaço escolar. Pois:

A educação inclusiva vem propor que todas as crianças, independentes de suas características pessoais, estilos de aprendizagem, condição orgânica, origem socioeconômica ou cultural, estejam em sala de aula e que suas necessidades sejam satisfeitas, baseando-se no principio da educação para todos (MACHADO, 2005, p.37).

As relações de respeito pelos alunos com limitações ou não devem ser

ensinadas e tratadas com naturalidade dentro da escola, para que fora dela se

possa ter uma relação digna entre as pessoas com deficiências e as demais

pessoas. Nesse sentido a capacitação profissional no que diz respeito ao corpo

escolar é imprescindível para que a inclusão se efetive. No entanto, ao serem

questionadas sobre cursos promovidos para essa capacitação a resposta dos

professores foram as seguintes:

Anos atrás foram disponibilizados alguns cursos, mas recentemente nada acontece nesta Rede Municipal de Educação (Professora B)

Os cursos de capacitação estão cada vez mais escassos, ficamos sem saber como fazer ao nos deparamos com alunos portadores de

Page 43: Monografia Josilene Pedagogia 2011

necessidades especiais, como agir em determinadas situações (Professora C)

Se tivéssemos cursos que nos proporcionasse uma aprendizagem sobre crianças portadoras de deficiências, com certeza faríamos um trabalho diferenciado. O que acontece é que muitas vezes não sabemos lidar com essas crianças e nem o pessoal que faz parte da escola não sabe. Ficamos muitas vezes sem saber o que fazer (Professora D)

Ao observar e ao entrevistar esses professores percebemos o carinho que

eles têm com os alunos em geral, mas infelizmente por falta de formação adequada

e conhecimento específico para o trabalho com crianças com deficiência, a maioria

deles tratam estas crianças de maneira diferenciada, fazendo com que ela sintam-

se “excluídas” da classe, visto que as atividades propostas dividem os alunos com

deficiências dos alunos ditos “normais”. No entanto,

Os portadores de deficiência precisam ser considerados, a partir de suas potencialidades de aprendizagem. Sobre esse aspecto é facilmente compreensível que a escola não tenha de consertar o defeito, valorizando as habilidades que o deficiente não possui, mas ao contrário, trabalhar sua potencialidade, com vistas em seu desenvolvimento (CARNEIRO 1997, p.33).

E é justamente essa consciência que a escola e os professores devem ter ao

trabalhar com crianças com deficiência, pois a educação inclusiva não consiste

apenas em matricular os alunos com deficiência numa turma regular de ensino. Ela

só terá significado se além de ingressar o aluno permaneça nela se sentindo como

parte importante no processo de ensino. O exemplo citado abaixo descreve um

momento da aula onde a exclusão é evidenciada:

Numa aula observada de matemática em que era trabalhado o conceito de

“maior que” e “menor que”, as crianças estavam todas sentadas em círculo

atendendo ao que era proposto pela educadora, no entanto o aluno com Síndrome

de Down apenas coloria um desenho, sentado na cadeira no canto da sala. A

Professora B ao ser questionada sobre essa atitude disse que “a criança não

acompanha a turma, ele faz somente traços desordenados, não se encontra no

mesmo nível silábico que os demais alunos, ele está nesta turma por exigência da

Page 44: Monografia Josilene Pedagogia 2011

mãe, pois seu irmão estuda na mesma turma, para que assim ele se sinta mais

seguro”

Durante o período de observação percebemos que as educadoras não se

sentem preparadas para contribuírem e principalmente efetivarem o processo de

inclusão. Os alunos são apenas recebidos pela escola.e na opinião delas a escola

apenas oferece a matricula, pois é uma exigência da lei que essas crianças estejam

freqüentando as classes regulares, no entanto elas não se sentem preparadas,

considerando a inclusão um processo complexo e que exige além de esforço e

dedicação uma preparação e formação prévia para receber esses alunos.

Ao responderem questões da entrevista semiestruturada as professoras

citaram algumas dificuldades enfrentadas no cotidiano escolar enumerando alguns

fatores que dificultam a inserção dos alunos com necessidades especiais:

Não saber que tipo de necessidade especial ou transtorno a criança apresenta. (Professora F)

Falta de apoio especializado para diagnosticar e acompanhar essa criança. (Professora G)

Ausência de material especializado e sala adequada para ajudar e atender as individualidades. (Professora H)

Ausência de tempo disponível para atender individualmente essas crianças, pois trabalham numa classe numerosa, havendo vários alunos com outros transtornos e dificuldades de aprendizagens. (Professora I)

Na fala das professoras fica claro que elas acham que as crianças que

apresentam alguma limitação devem ser atendidas isoladamente, esquecendo elas

que todos os alunos são especiais e que eles devem ter a mesma dedicação e

atenção, sem distinção ou preconceito. A Professora E disse: “não tem como aplicar

uma mesma atividade para todos numa classe que possui criança com alguma

deficiência, é impossível, assim também como não podemos dar atenção apenas a

ela e esquecer do resto da turma”. Pode-se perceber que o que contribui para que o

Page 45: Monografia Josilene Pedagogia 2011

professor tenha essa percepção é justamente a falta de formação profissional e o

conhecimento necessário para realizar as adaptações das atividades às

necessidades dos alunos. Ferreira (2003) alerta para a necessidade de

Uma pedagogia centrada na criança, baseada nas suas habilidades, e não na suas deficiências, e que incorpore conceitos, como interdisciplinaridade, individualização, colaboração e conscientização, sensibilização, facilitando assim, a inserção dos alunos que apresentam necessidades especiais na escola, fazendo dessa “inclusão” uma experiência positiva para todos (p.119).

Portanto, trabalhar com essa clientela é possível, e se torna urgente uma

mudança de postura e conduta profissional, pois aumenta a cada dia o numero de

crianças com necessidades especiais que são inseridas na escola regular. Para

Mantoan (1997, p.148) é preciso, pois, tratar dessa questão desde a formação

mínima do magistério até o curso de pedagogia, para que os professores sejam

capazes de oferecer à criança com deficiência uma vivência que reforce o caráter

democrático da escola e da sociedade que o abriga. O professor deve estar apto a

desenvolver um trabalho que equalize as oportunidades educacionais entre normais

e deficientes, sem prejuízo para ambos.

Esta educadora ainda afirma que é na escola inclusiva que professores e

alunos aprendem uma lição de vida: respeitar as diferenças. E ressalta que a

inclusão é a nossa capacidade de reconhecer o outro e ter o privilégio de conviver

com pessoas diferentes. Porém saber o que significa a educação inclusiva não

significa que os professores saibam o que fazer em sala de aula com as crianças

com deficiência. Em contra partida muitos pais também não aceitam que seu filho

possua alguma limitação ou transtorno. As professoras enfatizaram bem essa

questão:

- Os pais ao serem questionados sobre a limitação de seu filho mudam de assunto e muitas vezes nem deixam a gente terminar de falar. Quase não aparecem nas reuniões deixando o profissional numa situação difícil, pois essa conversa poderia ajudar e muito no nosso dia a dia com a criança (Professora G)

- Muitas vezes chamamos os pais ou responsáveis para ter uma conversa, tentar falar sobre o assunto, saber como essa criança é

Page 46: Monografia Josilene Pedagogia 2011

tratada em casa, eles simplesmente fazem de conta que não é com eles ou que o filho deles não tem nenhum problema. Esse distanciamento dificulta nosso trabalho (Professora H).

- os pais não aceitam de forma nenhuma e muitos deles não sabem nem os direitos que seu filho tem. É difícil desenvolver um trabalho onde você tem que ao mesmo tempo cuidar de todos e lidar com a ignorância de certos pais (Professora I)

Pelos depoimentos das professoras percebe-se que elas não entendem que

muitas vezes é difícil para os pais aceitarem a deficiência dos filhos e eles também

precisam de ajuda, pois se sentem sozinhos e muitas vezes não sabem como agir.

E, como a Professora I afirmou que muitas vezes esses pais não conhecem nem os

direitos que seus filhos têm.

Mas os pais também querem o melhor que a escola puder oferecer para seus

filhos visto que “Retorno, cuidado e total atenção” são algumas das exigências dos

pais segundo 70% das educadoras entrevistadas. No entanto, elas afirmam que ao

mesmo tempo em que exigem da escola eles não participam, deixando a desejar no

acompanhamento dos educandos. As outras 20% declararam que “os pais não

estão nem aí”. Elas relatam que eles apenas levam e pegam seus filhos no final da

aula, muitos pais, segundo elas têm o desejo de que o filho fique na instituição o dia

todo, segundo a professora E “é como se quisesse se livrar do menino”.

A escola busca a parceria e ajuda dos pais, mas muitas vezes, não tem o

retorno desejado. Conversando com a professora I na sala dos professores ela

desabafou dizendo que tem horas que a situação fica insustentável chegando a

acontecer visitas na casa dos familiares dessas crianças. A Professora J que

também estava na sala, indignada nos revela:

Fui lá e a mãe é só descaso com os filhos. Ela tem dois aqui na instituição. Saiu de casa pra morar com o namorado, deixando as duas crianças sozinhas. E fui bem clara ao dizer: “vocês não estão preocupados então fiquem com eles”. Achei aquilo um absurdo mais não pude fazer muita coisa. As crianças ficam na escola apenas um turno depois vão pra casa delas ficando sozinhas, a mãe não se preocupa de jeito nenhum com eles.

Page 47: Monografia Josilene Pedagogia 2011

A professora contou que a diretora da escola tentou conversar com essa

família várias vezes, conversar com a mãe dos meninos, tentando conscientizá-la de

que os filhos têm problemas e que não podem ficar sozinhos, mas não adiantou

muito. A mãe dos meninos sai freqüentemente de casa deixando-os, sozinhos.

Com vistas a chamar os pais e travar uma parceria, a escola sempre promove

reuniões tendo como pauta a inclusão, no entanto os pais não comparecem como

afirma a Professora E: “Se os pais participassem, até mesmo no simples fazer do

dever de casa seria muito bom pra esses meninos, eles se sentiriam motivado. Mais

eles querem que a gente faça tudo”.

A partir do exposto acima afirmamos que para a efetivação da inclusão de

pessoas com necessidades especiais no âmbito escolar são necessários

investimentos na formação continuada dos professores, na disponibilização de

recursos pedagógicos e físicos e uma melhor remuneração. Além disso, se faz

necessário uma mudança na visão em relação à criança com deficiência, e um

acompanhamento e apoio psicológico aos pais na difícil tarefa de cuidar e educar os

filhos com deficiência.

O que se percebeu também é que os professores ainda têm resistência no

que diz respeito ao processo de inclusão, alguns chegaram a dizer que a mesma é

impossível. Daí a necessidade da escola se preparar para atender essas crianças e

dar significado à inclusão, e não apenas aceitá-las no seu interior. Mudando

atitudes, sendo diferente, solidária, democrática, pois é a escola que deve se ajustar

a essas crianças e não elas a escola. Para Schneider (2003, s/p):

A política da inclusão dos alunos na rede regular de ensino que apresentam necessidades educacionais especiais, não consiste apenas na permanência física desses alunos, mas o propósito de rever concepções e paradigmas, respeitando e valorizando a diversidade desses alunos, exigindo assim que a escola defina a responsabilidade criando espaço inclusivo. Dessa forma, a inclusão significa que não é o aluno que se molda ou se adapta à escola, mas a escola consciente de sua função coloca-se a disposição do aluno.

Page 48: Monografia Josilene Pedagogia 2011

Não basta apenas receber, a escola necessita de profissionais que priorizem

um ensino para todos, respeitando as necessidades especificas desses alunos

numa moldura educativa que defenda principalmente seus direitos de aprender e se

desenvolver dentro das suas possibilidades e ritmos. Para Vygotsky (1997, P.23) é

de suma importância que a educação proposta para as crianças com necessidades

especiais seja marcada pela promoção variada e rica de suas vivências sociais em

especial no espaço escolar, em que possibilitará a criança construir estruturas

cognitivas e também lingüísticas cada vez mais complexas.

A escola precisa estar preparada para dar respostas à heterogeneidade,

tendo como base uma multiplicidade de serviços e de apoio adequados,

proporcionando aos educandos a possibilidade de maximizar seus potenciais.

Correia (1993) nos diz que por exibirem determinadas condições especificas esses

alunos podem necessitar de apoio de serviços durante todo ou parte do seu

percurso escolar, de forma que esse facilite o seu desenvolvimento acadêmico,

pessoal e sócio emocional.

Portanto é necessário que todos se sintam atendidos da mesma forma,

permitindo dar respostas às necessidades dos alunos, implementando estratégias

para que os familiares das crianças com necessidades especiais possam participar

da vida escolar dos seus filhos.

Na concepção dos professores quando questionados sobre as expectativas e

participação dos pais no processo de escolarização dos filhos com necessidades

especiais, eles acreditam que a maioria dos pais delega à escola não apenas a

formação do seu filho, mas também a responsabilidade sobre ele. Segundo uma

das professoras “A mãe quer que a criança freqüente a escola pela manhã, tarde e

noite. Ela diz que o lugar do filho é na escola, pois em casa ele não presta pra

nada”.

4.1.5 O que exigem os pais no processo de escolarização dos filhos com

necessidades especiais.

Page 49: Monografia Josilene Pedagogia 2011

Antes de discutirmos sobre a relação dos pais com a escola se faz necessário

compreendermos os sentimentos vivenciados pelos pais dessas crianças ao

descobrirem sobre a deficiência de seus filhos. Pois ao esperar um bebê a família

cria expectativas quanto a essa criança, e ao saber que seu filho possui alguma

limitação a família passa por um processo de luto e de perda de suas expectativas,

pois de repente se deparam com uma situação completamente inesperada. A partir

daí analisaremos as exigências dos pais quanto ao processo de escolarização dos

seus filhos.

Os resultados da pesquisa de Kortmann (1997) apontam as dificuldades dos

familiares quanto à aceitação da criança que nasce diferente. Em um primeiro

momento (momento do choque) quando as famílias recebem a notícia cada um dos

elementos da família reage de forma diferente, havendo muitas vezes, dificuldades

no desempenho dos papéis, isto porque além de aprender a ser mãe/pai, os pais

tem que ser pai/mãe de uma criança diferente que não esperavam. Portanto, há um

sentimento de perda muito grande, perda do filho sadio, perda do filho sonhado,

perda do sonho.

Ao analisarmos a entrevista realizada com os pais, podemos perceber em

suas respostas quando questionados sobre qual sua relação e dos demais membros

da casa com essa criança para percebermos que quase todos têm dificuldades em

lidar com essa realidade, embora o depoimento da Mãe 3 seja um pouco mais

positivo que os demais:

Quando me separei ele era pequeno. Minha mulher foi embora deixando ele pra trás. Ela o abandonou porque não o aceitava. Eu faço o que posso para acompanhá-lo, pois trabalho e não tenho muito tempo. Pai 1

No início eu não acreditava que ele tinha nascido assim. Afinal de contas esperei ansiosa pelo seu nascimento. Tive que aceitar, pois foi Deus que quis. Sem falar que meu marido me abandonou depois que ele nasceu. Mãe 1.

Acho que fiz alguma coisa pra acontecer isso comigo. Demorei pra acostumar com a idéia mais é muito difícil. Ela tem irmãos e eles não tem muita paciência com ela. Mãe 2.

Page 50: Monografia Josilene Pedagogia 2011

Somos unidos ele participa de tudo lá em casa. Adaptamos algumas coisas por conta da cadeira de rodas mais ele leva uma vida “normal”. No começo foi difícil mais depois acostumamos. Mãe 3.

É importante salientar depois desses depoimentos “que os pais devem

receber ajuda a fim de compreender seus próprios sentimentos em relação à

deficiência dos seus filhos”. (BUSCAGLIA, 2002, p.38). Este autor ainda enfatiza que

um dos mais dolorosos problemas que os pais deverão enfrentar é o isolamento

social causado pela debilitação, pois a maioria das pessoas hesita em tratar as

pessoas com deficiências do mesmo modo que tratam os outros. Podemos perceber

isto no depoimento de uma das mães:

Não sei o que faço, às vezes acho que ele não tem mais jeito. Não posso tá acompanhando sempre, mais sempre que dá eu vou na escola saber como ele tá se comportando pois ele é muito agressivo. Às vezes não sei o que fazer. Mãe 1

Essa declaração da Mãe 1 reforça o que a professora E nos disse quando

questionada se recebe apoio dos pais para desenvolver seu trabalho “(...) às vezes

alguns pais acompanham, mas muito pouco. Acho que é por falta de conhecimento

na área ou por falta de aceitação”.

Por se tratar de deficiência mental a mãe relata que muitas vezes ele muda

de humor repentinamente e diz que as professores devem tratar ele com paciência e

atenção.

Quando questionados sobre o que esperam quanto ao atendimento escolar

para com seu filho, 100% disseram que gostaria que seu filho fosse bem recebido na

escola como podemos perceber na afirmativa da mãe 2 disse:

Quero que minha filha seja atendida na escola igual os outros alunos, afinal de contas ela é gente como eles. Minha mãe faz questão que ela venha pra cá. Como aqui na cidade não tem outro lugar pra atendê-la é na escola que ele deve ficar. Mas as atividades que ela faz não são as que os outros fazem.

Page 51: Monografia Josilene Pedagogia 2011

A avó dessa criança ao ser entrevistada conta que a mesma só freqüenta a

escola por causa dela. “Faço questão de vir trazer todos os dias ela não pode deixar

de ir pra escola de jeito nenhum, apesar de não ter crianças na sala dela com

deficiência é muito importante pra ela vim pra escola”.

Ela conta que a Síndrome de Down que é a deficiência de sua neta, não

impede que ela freqüente a escola e que às vezes ela consegue responder as

atividades. No entanto, segundo ela, as professoras colocam mais tarefas de pintar

e ela queria fazer era o que os outros estavam fazendo.

Nas declarações acima percebemos que para os pais a escola ainda não

recebe esse aluno de maneira adequada, existindo distinção entre os ditos “normais”

e aqueles que possuem alguma limitação aparente no âmbito escolar.

Por estarmos falando de pais de classe menos favorecida economicamente

um dos fatores segundo eles, que causa entrave para lutarem por uma vida digna

para seus filhos é a falta de conhecimento, principalmente no que diz respeito às leis

que regulamentam a inclusão. Ao mesmo tempo em que querem que seus filhos

sejam atendidos na escola regular, “já que é o único lugar que eles tem para ir” (Mãe

2), eles desejam que seus filhos tivessem um local especialmente destinado para

trabalharem suas limitações, eles demonstram que queriam locais específicos para o

atendimento das dificuldades dos seus filhos e que lá mesmo eles tivesses

atendimento escolar. Assim segundo eles os filhos se sentiriam mais seguros e se

relacionariam melhor com os demais colegas, já que todos estariam envolvidos num

mesmo ambiente. A mãe 1 ao pegar seu filho na escola nos revela:

Se meu filho tivesse um lugar onde as outras crianças fossem como ele, seria mais fácil. É muito difícil ele ficar aqui vendo todo mundo fazer a tarefa, brincar no recreio. Queria que tivesse lugar de atendimento só pra esse tipo de criança. acho que ele se sentiria melhor e ficaria mais calmo.

Nesse depoimento percebemos que os pais ao mesmo tempo em que

buscam a inclusão de seus filhos na escola acham que a mesma é muito difícil de

acontecer. A conscientização de que seu filho pode e deve viver socialmente é

Page 52: Monografia Josilene Pedagogia 2011

fundamental, pois as crianças com necessidades especiais observam, sentem e tem

as mesmas necessidades das outras crianças, e é no convívio com elas que eles

podem interagir e cada vez mais melhorar sua condição de vida.

A inclusão da criança com necessidades especiais parte inicialmente dos

pais. Eles são os primeiros responsáveis pela socialização dessas crianças e devem

ser os primeiros a desejarem que seus filhos freqüentem espaços onde possam

interagir com as demais crianças. E eles revelam através da entrevista:

Quero que meu filho aprenda alguma coisa. Não de matérias como português e matemática. Quero que ele brinque com os alunos, que participe do recreio. Que aprenda a viver com as pessoas. Não importa se ele vai passar de ano ou não. Só em ele sair de casa e vim pra cá ele já se sente útil. E isso faz muito bem pra ele. Pai 1.

Eu sei que meu filho é muito difícil. O que ele fazer aqui na escola tá bom. Ele é muitas vezes agressivo, de vez em quando me chamam aqui pra reclamar. Queria que ele tivesse num lugar com mais pessoas iguais as ele. Mãe 1

Sei que é difícil a adaptação dela aqui na escola. Mais ela gosta de vim. Eu não tenho tempo e é minha mãe traz todos os dias. Diz que ela tem que acostumar com os outros meninos. Mãe 2

A escola tem que adaptar as tarefas e brincadeiras fazendo com que essas crianças participem com as outras. Eu não vejo isso. Sempre pergunto por que meu filho não faz as atividades que os outros fazem. Acho que se elas colocassem pra ele fazer, ele faria. Ele é um menino esperto e em casa colocamos pra fazer algumas coisas que muitos igual a ele não fazem, e ele consegue fazer. Mãe 3.

Portanto, os pais ao matricularem seus filhos na escola regular, querem que

os mesmos acompanhem as atividades normais da escola, e que seus filhos

participem de todos os momentos e atividades da escola, assim como os demais

alunos que a freqüentam. A Mãe 3 ao falar sobre isso não admite seu filho ficar

apenas pintando enquanto os outros fazem contas, lêem livros. Ela diz que o filho

possui uma limitação física e que muitos na escola o deixam de lado por causa

disso. E ela afirma:

Page 53: Monografia Josilene Pedagogia 2011

Os professores deveriam ter mais cuidado com essas crianças, eles simplesmente recebem eles na sala, mais não fazem com que eles interajam com os demais colegas. Às vezes sinto que meu filho não está bem, todos fazendo atividades e ele não.

Podemos afirmar diante dessas declarações que os alunos necessitam de

mais prática, não de estratégias diferentes das utilizadas com os outros alunos. A

partir do momento que todos interajam em sala de aula participando das atividades,

as crianças com necessidades estarão se integrando a turma, começando assim um

processo de socialização e participação de todos.

4.6 A relação entre as expectativas e participação dos pais no processo de

escolarização dos seus filhos.

Para que a inclusão realmente aconteça é necessário que a relação entre a

escola e a família seja estreita. Ao serem observados e questionados sobre o que

esperam e como participam do processo de escolarização dos seus filhos com

necessidades especiais percebemos que falta ainda uma participação maior dos

pais nesse processo. Quando perguntamos como é a sua participação no cotidiano

escolar as respostas foram essas:

Não tenho tempo de acompanhá-la, pois trabalho o dia todo. Minha mãe leva ela pra escola e fica com ela a tarde. Às vezes ela faz o dever que a professora manda, às vezes não tem paciência, pois ela é birrenta. Não tenho como ir às reuniões, pois sempre é no horário que estou trabalhando e minha mãe também não vai muito porque cuida da casa. Mãe 2.

Trabalho mais sempre que posso vou levar ou buscar na escola e aproveito esse tempo para conversar com a professora. Ele ta melhorando segundo ela, mais é um processo demorado, espero que freqüentando a escola regularmente ele consiga progresso. Pai 1.

Gosto quando ele chega de lá mais calmo. Assim também como tem dias que chega mais irritado. Eu espero que ele possa se integrar com os meninos, pois ele gosta de ir pra escola. Não posso ir nas reuniões pois trabalho, às vezes mando minha filha. Mãe 1.

Espero que ele sempre possa conviver e aprender com os meninos. É importante pra ele essa convivência. Sempre pergunto a

Page 54: Monografia Josilene Pedagogia 2011

professora como ele está e se melhorou de comportamento, pois no inicio ele era muito agressivo. Faço as tarefas com ele e muitas vezes peço para que a professora coloque mais desafios pra ele. Mãe 3.

Devemos enfatizar a fala da mãe 3 que apesar do seu grau de escolaridade

ser baixo ela tem uma bagagem enorme sobre o que diz respeito ao processo de

inclusão. Além de fazer exigências para seu filho podemos perceber durante as

observações que ela conversa com os demais pais incentivando-os para que não se

desanimem e que possam lutar para que seus filhos tenham seus direitos atendidos.

Ela diz: “nossos filhos nascerem e devem crescer de maneira igual as outras

crianças, eles tem os mesmos direitos que elas”.

Podemos dizer que essa mãe percebe assim como nós, que muitos pais não

participam do cotidiano escolar dos seus filhos. Diante do que foi visto durante essa

pesquisa, essa participação não acontece muitas vezes porque os pais realizam

outras tarefas do dia a dia, e que sempre que podem, segundo eles participam as

escolarização dos seus filhos, seja perguntando sobre seu filho, seja ajudando ele

em casa.

No entanto os pais assim como os professores sentem falta de apoio. A mãe

1 disse: “Antes quando eu tinha mais tempo, levava ele pra Salvador. Lá ele tinha

acompanhamento e a gente percebia os progressos, como eu não pude ir mais ele

regrediu e infelizmente não deu pra continuar o tratamento”.

Podemos dizer que os pais além da escola desejam um lugar que seus filhos

tivessem um acompanhamento mais especifico para suas limitações. Infelizmente

aqui no Município isso não acontece. O que revela a Mãe 3

Minha vizinha vai toda semana para APAE em Juazeiro infelizmente não tenho condições de ir, se tivesse eu iria sim, é importante pra eles o contato com essas crianças. A filha dela é bem esperta e é de fácil socialização, pois já tem essa experiência, de se relacionar de igual pra igual com os demais colegas.

Page 55: Monografia Josilene Pedagogia 2011

Percebemos que o filho da mãe 3 é mais desenvolvido do que as demais

crianças. Tanto nas atividades na sala de aula, quanto nas brincadeiras no intervalo,

ele interage mais com os colegas. Se os demais pais começarem a participar do

processo de ensino e aprendizagem dos seus filhos, eles também conseguirão

progressos com os seus filhos. O estímulo é fundamental. Isso nos leva a concordar

com Rappaport (1978, p. 48) de que as “diferenças nas expectativas das mães

podem refletir estilos cognitivos diferentes”. Portanto, quanto mais se estimula as

crianças com necessidades especiais, mais elas terão avanços em relação a suas

limitações. E esses estímulos além de começar em casa devem continuar na escola,

tanto nas atividades quanto no convívio com os outros alunos, pois é um local onde

elas podem interagir com um grande número de crianças cada uma com suas

especificidades, contribuindo assim para que através desse convívio, elas possam

avançar significativamente.

Apesar de por muitas vezes os pais questionarem o porquê de ter um filho

com necessidades especiais, eles “deve incentivá-los para evitar acrescentar aos já

inúmeros problemas que ele tem, mais um, grave, o isolamento”. Camargo (1995).

Isto significa também que os pais precisam perceber a importância dos diversos

estímulos para que seu filho possa se desenvolver.

Fazendo uma análise no nosso diário de bordo dos pais que tem as duas

crianças com Síndrome de Down, notamos a preocupação do Pai 1 quando afirma

para a Professora B: “Meu filho precisa de ajuda”. A fala desse pai traz a importância

da parceria escola e família. Os pais devem procurar ajuda e para que junto com a

escola possam encaminhar seus filhos para profissionais que poderão ajudar essas

crianças. Portanto, ter essa consciência é indispensável para que o processo de

ensino e aprendizagem se dê de forma que todas as crianças sejam inseridas no

espaço escolar e a partir daí facilitar a socialização dessas crianças na sociedade.

Conversando com esse pai percebemos o quanto ele se preocupa com o

filho. Durante as conversas ele fala o tempo todo de que essas crianças precisam

mais de atenção e de respeito. Para ele se seu filho tivesse oportunidades ele se

desenvolveria e poderia ter uma vida diferente.

Page 56: Monografia Josilene Pedagogia 2011

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A presente pesquisa sobre a educação inclusiva e a relação entre as

expectativas e participação dos pais na escolarização dos filhos com necessidades

especiais em escolas regulares que investigou os pais, a instituição escolar e seus

atores nos fez perceber que, para que esta educação inclusiva se efetive tanto a

escola como seus professores devem estar preparados no sentido de compreender

as expectativas dos pais e procurar atendê-las. Mas para isso se faz necessário um

conjunto de medidas que vai desde mudança na estrutura física das escolas para

tornarem-se mais acessíveis à uma formação continuada de professores e todos

que trabalham direta ou indiretamente com as crianças.

As expectativas dos pais e o que eles desejam para seus filhos foram

descritas nos relatos e dizem respeito a uma escola com melhor preparo para

receber essas crianças. Nesse sentido a escola deve tentar encontrar uma forma de

trazer os pais para tornarem-se parceiros dela nessa difícil tarefa de escolarização

das crianças com deficiência e convidá-los para uma melhor participação no

processo educacional, dada a grande importância dos cuidados e necessidades de

seus filhos no que se refere ao desenvolvimento sociocultural, emocional, cognitivo e

motor.

Precisamos atentar para a realidade destas crianças que passam a maior

parte de suas vidas no convívio com suas famílias ou responsáveis,

conseqüentemente tendo como referência maior, primeiramente as posturas de seus

pais, sendo estas, muitas vezes, de superproteção ou ainda de abandono. Ao pais

questionam o tempo todo se seus filhos estão sendo bem aceitos no âmbito escolar,

mas por outro lado a participação destes familiares, descrita nos relatos, é carregada

de sentimentos, expressões de recusa, rejeição e transferência de

responsabilidades. Percebemos que os pais se sentem despreparados

emocionalmente e muitas vezes eles próprios precisam de uma ajuda psicológica

para entender e aceitar o seu filho com deficiência.

Page 57: Monografia Josilene Pedagogia 2011

Nos relatos aqui apresentados, observamos que além dos problemas de

ordem social e de conjuntura familiar, verificamos posturas equivocadas tanto por

parte dos educadores quanto por parte dos familiares. As exigências apresentadas

pelos pais revelaram expectativas acima daquilo que o espaço escolar pode oferecer

e por vezes até mesmo além do que é a função da escola.

No relato dos professores percebemos uma necessidade de melhor

capacitação para receber estas crianças sem espanto, receio ou até mesmo

sentimentos de fragilidade. A compreensão sobre o processo educativo inclusivo se

dá na prática do contexto de sala de aula e é lá que as dúvidas, as inseguranças e

dificuldades dos professores aparecem, por isso eles necessitam de maior formação

e acompanhamento para realizarem seu trabalho.

As leis e documentos que fundamentam esta modalidade de educação

servem para nortear os educadores e pais apontando o caminho para

implementação de políticas públicas. Entretanto, é na experiência do professor e dos

pais destas crianças que estarão desenhados os verdadeiros contornos de um

paradigma educacional que conceda a inserção do aluno com deficiência no espaço

escolar.

As pesquisas e discussões sobre educação inclusiva, as associações de pais

de deficientes e as atitudes dos próprios deficientes têm gerado diversos resultados

ao que se refere a avanços nas publicações sejam através de artigos, monografias,

dissertações, teses e também por meio de leis e documentos oficiais. Porém, ao que

se refere ao contexto em sala de aula, ainda verificamos como nos resultados aqui

descritos uma pouca eficiência nos instrumentos disponibilizados para a

concretização da educação inclusiva.

Constatamos que itens como formação do professor, currículo, avaliação,

espaço físico da escola, dentre outras questões, quando não voltadas para uma

educação inclusiva, tornam-se barreiras para se obter uma educação satisfatória, e

Page 58: Monografia Josilene Pedagogia 2011

que principalmente a falta de acompanhamento dos pais ou responsáveis contribui

para que o processo de ensino e aprendizagem não se concretize.

Portanto, esta pesquisa serviu para revelar nas falas dos principais envolvidos

nesta discussão da educação inclusiva, os pais e professores o quanto precisamos

caminhar para alcançar a prática inclusiva no espaço escolar. Pois podemos dizer

diante das discussões aqui apresentadas, que a lei garante, porém a prática nega.

No entanto, esperamos que os dados aqui apresentados sejam momentâneos e que

no futuro a educação inclusiva possa acontecer em todos as classes regulares,

principalmente em nossa região ainda carente de uma estrutura capaz de promover

a educação inclusiva de verdade.

No que se refere aos pais acreditamos que uma melhor participação

contribuiria para modificar a realidade aqui descrita. No relato da mãe 3 constatamos

um melhor desempenho do educando, haja vista sua melhor interação com seus

familiares e o seu esforço para que seu filho seja aceito e respeitado por todos. Os

questionamentos e preocupações relatados por esta mãe, referentes as atividades

desenvolvidas de seu filho em sala de aula, contribui para melhor reflexão da

professora diante da inquietação desta mãe com o desempenho do seu filho, e não

somente isto, mas a dedicação da mesma para tornar a vida de seu filho interativa

dentro e fora do espaço escolar contribui para um maior estimulo e reflexão da

professora sobre a sua prática, do corpo escolar e também dos seus familiares.

Podemos dizer que a realização deste trabalho foi fundamental para

compreender os processos educativos dentro do contexto de uma sala de aula num

município do interior. Esperamos que este estudo possa servir de referencial teórico

para pesquisas e publicações que venham acrescentar as discussões deste

universo tão importante para o crescimento sociocultural e político na educação

nacional.

Page 59: Monografia Josilene Pedagogia 2011

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Page 64: Monografia Josilene Pedagogia 2011

UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VII

SENHOR DO BONFIM

Sou graduanda do curso de pedagogia da UNEB e essa entrevista faz parte da

pesquisa monográfica cujo tema é A Relação entre expectativas e participação dos

pais no processo de escolarização dos filhos com necessidades especiais que

freqüentam essa instituição. Este questionário será utilizado como instrumento de

coleta de dados, e para fazer a relação entre expectativa e participação dos pais, os

professores não podem deixar de serem questionados tanto pela sua prática como

pelo acompanhamento da escola e da família desses alunos.

1. Você já trabalhou com alunos especiais ou é sua primeira experiência?

2. Você recebe apoio do corpo escolar e dos pais para desenvolver o seu

trabalho?

3. Quais os fatores que dificultam o seu trabalho pedagógico?

4. Há alguma exigência por parte dos pais no processo de ensino e

aprendizagem dessas crianças?

5. Para você os pais de alunos com necessidades especiais participam

efetivamente no processo de escolarização dos filhos?

6. A Rede Municipal disponibiliza cursos de capacitação para os professores

trabalharem com os alunos especiais nas classes comuns?

Page 65: Monografia Josilene Pedagogia 2011

UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VII

SENHOR DO BONFIM

Estudo na UNEB - Universidade do Estado da Bahia, e para realizar um trabalho de

conclusão de curso é indispensável que os pais e responsáveis pelas crianças com

necessidades especiais que freqüentam a escola participem respondendo as

questões abaixo. O tema do trabalho é A relação entre expectativas e participação

dos pais no processo de escolarização dos filhos com necessidades especiais.

Precisamos discutir como a família e a escola participação no processo de ensino e

aprendizagem dessas crianças.

1. Qual a sua relação e a relação dos demais familiares com a criança especial

que convivem?

2. Ao matricular seu filho na escola o que você espera?

3. Que dificuldades você enfrenta no cotidiano escolar com seu filho? Ele

freqüenta a escola diariamente?

4. De que maneira a escola recebe seu filho?

5. Qual sua participação no cotidiano escolar?

6. Costuma questionar com a professora sobre o comportamento, atividades e

progressos?

7. Você auxilia nas atividades enviadas para casa?

8. Costuma ir às reuniões escolares?

Page 66: Monografia Josilene Pedagogia 2011

UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VII

SENHOR DO BONFIM

Precisamos traçar o perfil dos envolvidos na pesquisa, para isso pedimos que

responda este questionário. A sua identidade será mantida em sigilo. Muito obrigada

pela colaboração.

1. Sexo:

( ) feminino ( ) masculino

2. Qual a sua idade?

( ) 18 – 23 ( ) 24 – 29 ( ) 30 – 35 ( )36 – 40 ( ) 41 - 46

3. Qual seu nível de escolaridade?

( ) 2º Grau completo ( ) Superior Incompleto ( ) Superior Completo ( ) Pós graduando ( ) Pós graduado

4. Ano de Conclusão:

( ) 1999 – 1995 ( ) 1996 – 2001 ( ) 2002 – 2007

5. Carga horária de trabalho:

( ) 20 horas ( ) 40 horas ( ) 60 horas

6. Renda familiar:

( ) 1 a 2 Salários mínimos ( ) 3 a 5 Salários mínimos ( ) 5 a 7 Salários mínimos

Page 67: Monografia Josilene Pedagogia 2011

UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VII

SENHOR DO BONFIM

Precisamos traçar o perfil dos envolvidos na pesquisa, para isso pedimos que

responda este questionário. A sua identidade será mantida em sigilo. Muito obrigada

pela colaboração.

1. Sexo:

( ) feminino ( ) masculino

2. Qual a sua idade?

( ) 18 – 23 ( ) 24 – 29 ( ) 30 – 35 ( ) 36 – 41 ( ) 42 – 47 ( ) 48 – 53

3. Qual seu nível de escolaridade?

( ) analfabeto ( ) Ensino Fundamental I ( ) Ensino Fundamental II ( ) Ensino Médio ( ) Superior Incompleto ( ) Superior Completo

4. Carga horária de trabalho:

( ) 20 horas ( ) 40 horas ( ) 60 horas

5. Renda familiar:

( ) até 1 salário mínimo ( ) 1 a 2 Salários mínimos ( ) 2 a 4 Salários mínimos