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10 INTRODUÇÃO O presente trabalho monográfico se desenvolveu em torno do mote “Creche: repensando a qualidade da educação para a primeira infância” e, como o próprio tema indica, o nosso enfoque é direcionado a uma reflexão sobre a qualidade de educação ofertada nas creches, posto que de acordo com a Lei 9.394/96, a Educação Infantil abrange a faixa etária de zero a cinco anos e as creches atendem a primeira fase da Educação Infantil para crianças de zero a três anos de idade. Não podemos deixar de ressaltar que a Educação Infantil começou a ganhar importância com a LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional) de 1996, a partir do seu reconhecimento como parte integrante da educação básica. Mas não podemos ignorar que falta qualidade nessa etapa de ensino principalmente porque, é preciso conhecer as características de cada faixa etária para saber como trabalhá- las respeitando o modo de ser e de pensar específico de cada idade como também, saber o que é necessário oferecer nesse nível de ensino, de modo a promover o desenvolvimento infantil através dos sentidos e das ações corporais que provoquem sensações e desafios motores; da estimulação da linguagem oral através de cantigas, rodas de conversa, gestos, mímicas. O trabalho na Educação Infantil deve promover autonomia, possibilitando a criança decidir do que brincar, com quem brincar e o que mais gosta de fazer; levando sempre em conta que nesta fase de Educação-Infantil-Creche o movimento é muito importante e quanto mais a criança se movimenta maior será o seu aprendizado, uma vez que ela ainda não domina a capacidade de expressão através da fala. Outro aspecto responsável pela qualidade da educação para a primeira infância é o ambiente onde a criança é acolhida, este precisa ser propício às atividades que lá serão desenvolvidas: espaçoso, confortável e seguro. Partindo desses pressupostos, buscamos Identificar o papel da creche para o desenvolvimento da criança na primeira infância na perspectiva dos professores e refletir sobre a qualidade da educação ofertada na Creche-Escola Paroquial.

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INTRODUÇÃO

O presente trabalho monográfico se desenvolveu em torno do mote “Creche:

repensando a qualidade da educação para a primeira infância” e, como o próprio

tema indica, o nosso enfoque é direcionado a uma reflexão sobre a qualidade de

educação ofertada nas creches, posto que de acordo com a Lei 9.394/96, a

Educação Infantil abrange a faixa etária de zero a cinco anos e as creches atendem

a primeira fase da Educação Infantil para crianças de zero a três anos de idade.

Não podemos deixar de ressaltar que a Educação Infantil começou a ganhar

importância com a LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional) de 1996, a

partir do seu reconhecimento como parte integrante da educação básica. Mas não

podemos ignorar que falta qualidade nessa etapa de ensino principalmente porque,

é preciso conhecer as características de cada faixa etária para saber como trabalhá-

las respeitando o modo de ser e de pensar específico de cada idade como também,

saber o que é necessário oferecer nesse nível de ensino, de modo a promover o

desenvolvimento infantil através dos sentidos e das ações corporais que provoquem

sensações e desafios motores; da estimulação da linguagem oral através de

cantigas, rodas de conversa, gestos, mímicas. O trabalho na Educação Infantil deve

promover autonomia, possibilitando a criança decidir do que brincar, com quem

brincar e o que mais gosta de fazer; levando sempre em conta que nesta fase de

Educação-Infantil-Creche o movimento é muito importante e quanto mais a criança

se movimenta maior será o seu aprendizado, uma vez que ela ainda não domina a

capacidade de expressão através da fala.

Outro aspecto responsável pela qualidade da educação para a primeira

infância é o ambiente onde a criança é acolhida, este precisa ser propício às

atividades que lá serão desenvolvidas: espaçoso, confortável e seguro. Partindo

desses pressupostos, buscamos Identificar o papel da creche para o

desenvolvimento da criança na primeira infância na perspectiva dos professores e

refletir sobre a qualidade da educação ofertada na Creche-Escola Paroquial.

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Conforme o que foi anunciado nas considerações iniciais, ainda almejamos

por meio dessa pesquisa novas idéias que contribuam para a melhoria da educação

destinada à primeira infância.

Nossa pesquisa foi dividida em quatro capítulos.

No capitulo I, traçamos um esboço à luz da história sobre o surgimento da

creche, fazendo uma breve retrospectiva desde a eclosão da era industrial até a era

atual situando o tema no contexto contemporâneo.

No capitulo II, temos os conceitos-chave respaldados por definições de

teóricos estudiosos do tema em questão e algumas considerações que julgamos

pertinentes de nossa autoria.

No capitulo III, apresentamos a metodologia adotada no deslanchar desse

trabalho, buscando referência em autores renomados para encontrarmos as

estratégias adequadas ao nosso objetivo.

No capitulo IV, temos as análises e interpretações dos resultados com a

utilização da observação participante, entrevista semi-estruturada, questionário

fechado. Através da analogia das concepções dos sujeitos entrevistados com os

discursos colhidos na fundamentação teórica, nos foi possível a visão do que

esperávamos alcançar.

Nas considerações finais, sintetizamos tudo que foi percebido e apreendido

em torno dessa importante temática, o que nos permitiu tecer opiniões e sugestões

na expectativa de estarmos contribuindo de alguma forma para a melhoria da

educação destinada à primeira infância.

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CAPÍTULO I

1. PROBLEMATIZAÇÃO CRECHES: COMO, POR QUÊ E PARA QUÊ?

Diante do cenário de grandes transformações sociais, educacionais e

econômicas que ora vivenciamos, a influência educativa que a creche pode exercer

na formação de indivíduo em seus primeiros anos de vida tem se revelado como

fator fundamental na concepção e realização da proposta pedagógica da escola.

Nesse contexto, a creche no Brasil desde a sua criação na década de 20 do

século passado, tem representado um espaço acolhedor e seguro, onde as crianças

de zero a seis anos recebiam cuidados, enquanto seus pais trabalhavam e segundo

Machado (1991) esta:

[...] demanda da sociedade por um espaço onde as crianças de zero a seis anos permanecessem cuidadas enquanto seus pais trabalhavam, foi determinante na proliferação desse tipo de estabelecimento. Nessa perspectiva predominou a chamada visão assistencialista e sanitarista, isto é, caberia a essas instituições substituir a mãe no cuidado da criança, alimentando e cuidando da sua higiene e saúde com muito rigor. Proteção e carinho também eram vistos como ingredientes importantes. (p. 17).

Objetivando refletir sobre os fundamentos da creche que tem mais de meio

século de existência como educação extradomiciliar, remontamos a sua

historicidade na época da Revolução Industrial, quando mulheres, tanto solteiras

quanto casadas, ingressaram no mercado de trabalho e para as mulheres da

população de camadas populares que trabalhavam fora, a creche passou a ser

essencial no acolhimento e cuidados aos filhos das mães trabalhadoras. Bem como

afirma Oliveira (1992):

A implantação da industrialização no país, na segunda metade do século passado, provocou a necessidade de incorporar grande número de mulheres, casadas ou solteiras ao trabalho nas fábricas. As que eram mães tiveram que enfrentar o problema do cuidado aos seus filhos. (...) Tanto o discurso dos patrões quanto o próprio movimento operário tinha um ideal de mulher voltada para o lar e que só trabalhava por necessidade econômica. Com isso as poucas creches criadas continuavam a ser vistas apenas como paliativos, como remediando uma situação com um mal necessário (p. 18).

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Sendo assim, a criação da creche foi motivada pela estruturação do

capitalismo, da crescente urbanização e necessidade da força de trabalho. Nesse

contexto, é oportuno dizer que a creche surgiu inicialmente como uma instituição

assistencial, que ocupava o lugar da família, nas diversas formas de ausência. Haja

vista que só freqüentavam as creches crianças cujas mães trabalhadoras não

podiam pagar uma profissional para cuidá-las em sua residência, e as pessoas que

cuidavam das crianças nas creches tinham apenas que desempenhar o papel de

mãe substituta; sem nenhum preparo de cunho educativo.

É cabível pontuar aqui, que a conquista do direito à creche se deu depois de

muitas reivindicações e conflitos. Na década de 40 o presidente Getúlio Vargas criou

uma lei que determinava que as empresas oferecessem bercários para acolher os

filhos das mães trabalhadoras, durante o período da amamentação. Como

contextualiza Oliveira (1992):

Procurando regulamentar as difíceis relações entre patrões e empregados, o presidente Getúlio Vargas criou, em 1943, uma legislação específica, a CLT (Consolidação das Leis de Trabalho). Esta lei determinou a organização de berçários para abrigar os filhos das operárias durante o período da amamentação. Tal lei, entretanto, abria espaço para que outras entidades, que não a própria empresa empregadora da mãe, realizassem essa tarefa através de convênios. (p. 19).

Faz-se necessário saber que a criação dessas leis foi muito importante para

as mulheres, pois alcançaram alguns direitos que as amparavam e davam

confiança, tanto para elas como para os seus filhos, assegurando cada vez mais a

sua posição no mercado de trabalho. Vale ressaltar que nas décadas de 30, 40 e 50

existiam poucas creches fora das indústrias, e essas eram administradas por

entidades filantrópicas que, com o tempo, passaram a receber auxílio do governo

para desenvolver trabalhos.

É importante reforçar que na década de 60 não só as mulheres de camadas

populares trabalhavam, mas as de classe média também, enfrentando os mesmos

problemas de não terem onde deixar os seus filhos, surgindo, porém, as creches e

pré-escolas particulares. Nesse contexto inicia-se a ideologia da Educação

Compensatória, em que as crianças economicamente menos favorecidas são

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carentes e inferiores às crianças de classe média; essa ideologia acreditava que a

escola creche poderia compensar essa deficiência. Oliveira (1992) diz:

Verificamos assim, que as crianças dos diferentes grupos sociais eram submetidas a contextos de desenvolvimento diferentes e desiguais, nas famílias, nas creches e pré-escolas. Enquanto que as crianças pobres eram atendidas em creches com propostas que partiam de uma idéia de carência e deficiência, as crianças mais ricas eram colocadas em ambientes estimuladores e consideradas como tendo um processo dinâmico de viver e desenvolver-se (p. 21).

Na verdade, a problemática da Educação Infantil não é nova, considerando

que a ação educativa das crianças no Brasil acompanha a trajetória histórica do

país. Daí a necessidade e importância de se enfatizarem os estudos e investigações

acerca das políticas públicas direcionadas a essa modalidade educacional,

especialmente na creche. A este respeito Cerisara (2002) contribui dizendo:

A creche pelas próprias características do seu percurso histórico em nossa sociedade tem oscilado entre o domínio doméstico da família das crianças, cuja responsável tem sido a professora dos alunos das séries iniciais do ensino fundamental. Portanto, o conflito reside entre outros fatores, na identidade dessa instituição em relação ao domínio a que pertence, pois é a partir dele que sua função social e educativa pode ser definida e, como decorrência, a identidade que a profissional deve ter, em concordância com a identidade e funções assumidas pela instituição (p.50).

Desse modo, na década de 80 notou-se que o desenvolvimento cognitivo,

afetivo, social e cultural não deslanchava e este modelo de creche embasado no

“cuidar” passou a ser questionado por vários segmentos da esfera social. E também

por entidades civis organizadas em defesa dos direitos da primeira infância,

resultando em movimentos reivindicatórios que solicitavam a extinção do sistema

exclusivamente assistencialista, em prol de um trabalho dirigido à educação e ao

desenvolvimento da criança.

No Brasil, a Educação Infantil – em especial a creche – começou a ter espaço

e avanço na política educacional, a partir da progressiva conscientização da

população brasileira, que começou a lutar pelos seus direitos, através de

participações em movimentos sociais, culminando numa conquista significativa da

Educação Infantil no Brasil: o reconhecimento na Constituição de 1988, que dá

direito à Educação a todas as crianças de zero a seis anos, e do dever do Estado de

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oferecer creches e pré-escolas para tornar fato este direito. A esse respeito Oliveira

(1992) salienta:

Culminando este processo, a própria constituição de 1988 reflete o movimento recente de repensar as funções sociais da creche. Ela reconhece a creche como uma instituição educativa, um direito da criança, uma opção da família e um dever do Estado (p.22).

Outro avanço obtido pela Educação Infantil foi a Aprovação do Estatuto da

Criança e do Adolescente (ECA lei n° 8069/90) que, no artigo 53 afirma o direito da

criança à educação, visando o pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparando-a

para o exercício da cidadania. Dessa forma a ação educativa necessita de uma

reflexão sobre a relação de ensino e aprendizagem embasada num sistema

democrático que vise o acesso e permanência dos educandos na escola

valorizando-os de forma plena e integral, respeitando suas individualidades e

potencialidades.

Reafirmando os direitos da criança, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação

Nacional (LDB 9394/96) sistematiza e confirma o princípio da Educação Infantil

oferecer em creches, ou entidades equivalentes, para crianças de até três anos de

idade e pré-escolas para as crianças de quatro a seis anos de idade. (CAP I e II,

ART. 30).

Fica evidente que, a partir desta lei, a criança passa a ser encarada como um

sujeito de direitos, com necessidades específicas, havendo um reconhecimento da

necessidade de um atendimento pedagógico e não apenas cuidados que a pouca

idade exige.

Com o propósito de garantir às crianças de zero a seis anos os direitos

estabelecidos nesta lei (9.394/96), o MEC (Ministério da Educação e Cultura)

desenvolveu políticas de Educação Infantil, em instâncias competentes, objetivando

uma melhoria da qualidade de atendimento em creches e pré-escolas. Para esta

última surgiu o Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil (1998), como

elemento orientador de ações, na busca de nortear pedagogicamente a prática

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cotidiana do atendimento dado à Educação Infantil que, até então, na grande maioria

das creches e pré-escolas era tratado de forma meramente assistencialista.

No entanto, esse reconhecimento legitimado nos Referenciais Curriculares

Nacionais da Educação Infantil não tem deslanchado no tocante ao cumprimento e

alcance de metas. Ou seja, a Educação Infantil na Escola Pública ainda não

avançou em seus reais objetivos e o problema é atribuído por muitos estudiosos ao

currículo, por este ter sido elaborado pela elite e para a elite; não contemplando as

classes menos favorecidas.

Vale ressaltar, que no ano de 2006 houve um avanço nas Políticas

Educacionais, surgindo o FUNDEB (Fundo de Manutenção de Desenvolvimento da

Educação Básica e Valorização dos Profissionais da Educação), que prevê no seu

cumprimento como legislação, recursos extensivos à educação infantil (creches e

pré-escolas), ensino fundamental e médio.

Nesses documentos, a criança recebeu atenção especial e passou a ser alvo

dos deveres públicos do estado e da sociedade. Os movimentos sociais e os

poderes públicos (municipais, estaduais, e federais) vêm se empenhando no sentido

de melhorar a qualidade do ensino, em especial à educação voltada para a primeira

infância.

É importante salientar que houve avanços relativos à legislação e definições

nas políticas educacionais, o que não significa que essas se concretizam nas

práticas reais. Pois, como ressalta Campos (Apud MACHADO, 2005):

O divórcio entre a legislação e a realidade, no Brasil não é de hoje. Nossa Tradição cultural e política sempre foram marcadas por esta distância e até mesmo pela oposição entre aquilo que gostamos de colocar no papel e o que fazemos na realidade (p.37).

Com isso a legislação assume a concepção de crianças como sujeito de

direitos e deveres, o que exige uma formação específica dos profissionais que

trabalham com elas na Educação Infantil, realizando uma prática pedagógica em

consonância com essa exigência.

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Na perspectiva de garantir às crianças pequenas uma educação de

qualidade, tão defendida nos discursos, é preciso que posturas por parte das

autoridades e dos educadores diante da fase inicial da vida escolar de nossas

crianças sejam repensadas no sentido de prepará-los para o processo de

aprendizagem. E mais ainda se faz necessário repensar sobre a designação de

professores menos preparados e menos comprometidos para trabalhar em creche,

sem experiência, sem especialidade em Educação Infantil. É preciso reverter essa

situação de notória gravidade. Pois conforme afirma Oliveira (2001):

(...) Esta postura apóia-se no pressuposto de que a criança de 0 a 6 anos tem características e necessidades diferenciadas das outras faixas etárias, que requerem cuidado e atenção por parte do adulto e que, quando negligenciadas, colocam em risco a sobrevivência da própria criança, ou comprometem gravemente seu desenvolvimento posterior (p.26).

Portanto, profissionais que detêm profundo conhecimento sobre a fase do

desenvolvimento infantil, terão muito mais capacidade de contribuir para oferecer

uma educação de qualidade às crianças pequenas e estas serão cuidadas, tanto

física quanto educacionalmente. Neste sentido é essencial ressaltar a importância

dos cursos de capacitação e formação continuada para os profissionais atuantes nas

creches. Macêdo (1991) explicita:

[...] entendemos que uma proposta de qualidade, só se viabilizará através do trabalho de profissionais capacitados na área de ensino pré-escolar e condições infra-estruturais satisfatórias. Ademais, diante do quadro de escassez de iniciativas e de profissionais capacitados freqüentemente apontadas pelas estatísticas nesta área, qualquer programa pré-escolar que tenha objetivo a qualidade, implica na crescente valorização do profissional da pré-escola, a pré-capacitação bem como a capacitação ao longo do processo (p.16).

Diante do exposto é cabível pontuar que no processo de Educação Infantil,

(especialmente o que é praticado na creche), o papel do educador é de grande

importância, pois é ele que cria os espaços, disponibiliza materiais, participa das

brincadeiras. Ou seja, faz o intermédio na construção do conhecimento. Em estudos

realizados sobre a aprendizagem e desenvolvimento infantil, Maluf (2003) afirma que

“quanto mais a criança participa de atividades lúdicas, novas buscas de

conhecimentos se manifestam, seu aprendizado será sempre mais prazeroso”

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(p.32). E assim caberá ao educador permear essas vivências com suas práticas

pedagógicas.

Nesse ensejo é importante mencionarmos que um dos maiores defensores da

Educação Infantil foi Froebel que, em l840, na cidade de Blankenburg fundou o

primeiro Jardim de Infância visando suprir as necessidades educacionais da criança

em sua primeira infância, através de um ensino baseado numa educação

espontânea, em que a criança se sentisse livre para expressar seu interior e

alcançar seus interesses através de atividades práticas, tendo como fundamento a

percepção e a aquisição da linguagem, exercitando os sentidos por meio de

brincadeiras, possibilitando o contato sensorial com o mundo exterior. Segundo Arce

(2002) “as técnicas utilizadas até hoje em Educação Infantil devem muito a Froebel,

que viu nas brincadeiras o primeiro recurso no caminho da aprendizagem” (p.35).

Em síntese, é considerável a repercussão do brincar no desenvolvimento da

criança, englobando o trabalho e a brincadeira em grupo, a arte, a imaginação, a

criatividade, visando a construção dos sujeitos solidários, autônomos, críticos e com

estruturas afetivas e cognitivas necessárias para operar sua realidade social e

pessoal. Almeida (2003) destaca o papel da ludicidade no desenvolvimento da

criança:

A educação lúdica além de contribuir e influenciar na formação da criança e do adolescente, possibilitando um crescimento sadio, um enriquecimento permanente integra-se ao mais alto espírito de uma prática democrática, enquanto investe em uma produção séria do conhecimento. Sua prática exige a participação franca, criativa, livre, crítica, promovendo a interação social e tendo em vista o forte compromisso de transformação e modificação com o meio (p.57).

A esse respeito Vygotsky (1998), alerta sobre a importância e a necessidade

do brinquedo na infância. No seu entendimento as maiores aquisições de uma

criança são alcançadas no brinquedo, aspectos que determinarão seu nível básico

de ação real e moralidade na vida adulta.

Nessa perspectiva, o trabalho na creche de cuidar e educar crianças de zero

a seis anos nos remete a refletir também sobre a importância do relacionamento

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com o outro; pois a partir do convívio com outras crianças o desenvolvimento

psicológico e cognitivo é favorecido, à medida que a interação entre as crianças vai

acontecendo – principalmente, quando um pede para o outro um lápis, uma

borracha ou quando observa o desenho do outro e tenta imitá-lo etc. Bem assim

noutras brincadeiras.

No entanto, para atuar na Educação Infantil – principalmente a que é

praticada nas creches – é preciso que o educador desempenhe o seu papel no

desenvolvimento humano, social e cultural dessas crianças. Que não as veja como

se fossem uma folha de papel em branco, mas como cidadãs, considerando os

conhecimentos que as crianças já trazem consigo enquanto pessoas criadoras de

cultura, o que tem implicações profundas para o trabalho realizado em creches, pré-

escolas e outros espaços não-formais, de caráter científico, artístico ou cultural.

Diante disso, vê-se a importância do ambiente escolar ser acolhedor, onde os

profissionais de Educação Infantil – em especial os das creches – sejam

comprometidos com a sua profissão e com seus alunos, já que trabalhar com a

educação de crianças nos seus primeiros anos de vida é essencial para melhorar o

índice de aprendizado dos alunos, estimulando-os desde cedo na busca pelo

conhecimento.

Para tanto é indispensável refletir as práticas pedagógicas utilizadas para

despertar na criança a vontade de aprender. É preciso sobretudo repensar sobre a

necessidade da boa formação do educador, para que desenvolva atividades

adequadas a esta faixa etária (zero a seis anos), em que a falta de preparação do

professor que não domina o processo cognitivo e psicológico pelo qual a criança

passa nesta fase pode prejudicar todo o desempenho infantil, tanto escolar quanto

social e familiar.

Diante do contexto nacional, percebe-se uma crescente preocupação com a

creche, que já se apresenta com algumas conquistas na área. Um exemplo disso é a

incorporação da creche ao sistema de ensino dando, desse modo, sinais de haver

ao menos um reconhecimento para a construção de uma identidade nova, que vise

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atender melhor a criança pequena dentro de suas aspirações. Conforme relata

Machado (2005):

Cresce a consciência no mundo inteiro, sobre a importância da educação das crianças de 0 a 6 anos em estabelecimentos específicos como orientações e práticas pedagógicas próprias, como decorrência das transformações socioeconômicas verificadas nas ultimas décadas, e também apoiada em fortes argumentos consistentes advindos das ciências que investigam o processo de desenvolvimento da criança (p.44).

Atualmente, na Educação Infantil, o debate concentra-se na autonomia da

creche, a fim de que possa elaborar e desenvolver o seu projeto político pedagógico

voltado para a realidade de seus alunos. Considerando esse contexto, percebe-se

que o espaço educativo deve ser negociado e compartilhado entre todos os atores

sociais, como elementos indicadores de qualidade, seguido de professores que

compreendam e pratiquem a sua práxis educativa pautada na ética e que objetive o

desenvolvimento das crianças. Esse bom indicativo nos é feito por Arroyo (1995):

O professor ao em vez de focalizar a criança como o centro do processo avaliativo, tem que avaliar o seu trabalho pedagógico, ou melhor, o contexto educativo que passa a ser a referência e, assim, a observação do cotidiano constitui-se como cenário de discussão e análise envolvendo todos os sujeitos (p.17).

Frente a este panorama, uma indagação nos provoca a refletir sobre a

qualidade da educação que acontece nos espaços das creches. No Brasil, não se

conseguiu ainda determinar na prática, a mudança na realidade das crianças

brasileiras e nas propostas de trabalho das creches e pré-escolas, considerando que

a política da Educação Infantil determina como funções da creche e pré-escola

cuidar e educar. Diante disso, surgiu-nos a seguinte inquietação: Qual o papel da

creche para o desenvolvimento da criança na primeira infância, na perspectiva dos

professores?

Justificamos a relevância dessa pesquisa, por entendermos que a educação

voltada para a primeira infância é de grande importância para a formação humana,

trazendo concepções da responsabilidade do profissional da Educação Infantil no

desenvolvimento da primeira infância e da responsabilidade da creche-escola e da

sociedade para a sua formação. Nessa perspectiva sentimos a necessidade de um

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estudo mais profundo sobre o papel desta instituição e dos profissionais que nelas

atuam, fazendo-os repensar se suas práticas educativas estão condizentes com a

faixa etária das crianças assistidas. Sendo assim, o presente trabalho tem como

objetivo Identificar o papel da creche para o desenvolvimento da criança na primeira

infância, na perspectiva dos professores.

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CAPÍTULO II

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

É indispensável que a Educação Infantil – principalmente a que é praticada

nas creches – seja um espaço que propicie o desenvolvimento infantil considerando

os conhecimentos e valores culturais que as crianças já trazem consigo e

gradativamente garantindo a ampliação destes, de forma que auxilie na construção

da autonomia, cooperação e criatividade, contribuindo para a formação de

cidadania. Este capítulo discutirá o perfil profissional do professor, dando

seguimento falaremos sobre a creche e finalizando a discussão com o

desenvolvimento da primeira infância.

2.1 O PERFIL PROFISSIONAL DO PROFESSOR DE CRECHE

Percebe-se que o professor de Educação Infantil é um mediador entre a

criança e o conhecimento, exercendo a função de organizador, facilitador,

incentivador e motivador, enfim é de grande importância para mediar seus alunos na

construção do conhecimento, no sentido de permitir o desenvolvimento da criança,

sua segurança física e emocional, mobilizando o aluno para sua aprendizagem.

Isto implica dizer que o professor precisa ser principalmente um educador,

assim faz-se necessário reconhecer que o processo educativo é constituído de uma

troca de saberes. Como reforço vale ainda lançar mão de Paulo Freire (1996)

quando diz que não há docência sem discência, pois “quem ensina aprende ao

ensinar e quem aprende ensina ao aprender” (p.25).

Assim, estamos conscientes que o professor de creche é uma figura essencial

no processo educativo – no entanto é necessário que ele não veja como se só ele

detém conhecimentos, tendo assim o que transmitir e o aluno receber. Já que o

processo educativo é contínuo, constituído de uma troca de saberes, o professor

não é o único que detém conhecimentos.

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É pertinente destacar que o professor não assuma uma postura de

autoritarismo, “impondo” seu conhecimento, como se ele fosse o dono do saber,

sem levar em consideração os saberes prévios dos alunos.

Cabe ainda citar Angotti (2006) em suas reflexões sobre o educador infantil:

O educador infantil deveria valer-se da teoria, da ciência, da tecnologia, mas também de sua sensibilidade; deveria, portanto integrar vários campos de conhecimento em sua prática profissional. Tais conhecimentos esclareciam quem a criança alvo de seu trabalho, quais são suas peculiaridades e que planos poderiam ser traçados para o seu cuidado e educação. Para reunir todas essas condições, tal profissional deveria ser um indivíduo maduro e reconhecer que suas atribuições e responsabilidades influenciam sua capacidade de desempenhar o cuidado (p.84).

Compreende-se o professor como um indivíduo capaz de contribuir para o

desenvolvimento cognitivo, social e cultural de seus alunos. Em palavras mais

precisas Kramer (2001) afirma que um bom professor deve:

Tomar a realidade das crianças como ponto de partida para o trabalho, reconhecendo sua diversidade; observar as ações infantis e as interações entre as crianças, valorizando estas atividades; confiar nas possibilidades que todas as crianças têm de se desenvolver e aprender promovendo a construção de sua auto-imagem positiva; propor atividades com sentidos reais e desafiadores para as crianças, que sejam, pois, simultaneamente significativas e prazerosas, incentivando sempre a descoberta, a criatividade e a criticidade; favorecer a ampliação do processo de construção dos conhecimentos, valorizando o acesso aos conhecimentos do mundo físico e social; enfatizar a participação e ajuda mútua possibilitando a construção da autonomia e da cooperação (p.38).

Segundo o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil

(Introdução, 1998) o trabalho direto com crianças pequenas exige que o professor

trabalhe com conteúdos de naturezas diversas, que abrangem desde cuidados

básicos essenciais até conhecimentos específicos provenientes de diversas áreas.

No entanto, o que costumamos presenciar nas creches é um número significativo de

profissionais sem formação escolar mínima, denominados de berçarista, auxiliar,

babá, monitor, recreacionista.

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Para Machado (1991) o professor de educação infantil precisa estar de fato

comprometido com a prática educacional como também com conhecimentos

inerentes aos cuidados e aprendizagem infantis, e acrescenta que:

O educador ideal deve possuir algumas características básicas: ser observador, ter olhos, ouvidos, sensibilidade para perceber as necessidades da criança, do grupo. Deve ser um pensador, pois a reflexão procede e acompanha a atuação propriamente dita. Conseqüentemente, será também uma figura atuante, envolvendo-se nessa relação e estará atento ao mundo ao seu redor, aberto a questionamentos, estudando, reciclando-se e buscando no processo de auto-conhecimento aspectos pessoais de desenvolvimento e reeducação. (p.48).

Nesse teor, é essencial que o professor reconheça a importância do seu

papel na educação e na formação da criança, que ele adote uma postura de prazer

pelo seu trabalho, para que este seja realizado positivamente tanto para a criança

como para o próprio professor. Por isso seu trabalho supõe compromisso,

criatividade, doação, respeito aos saberes do educando.

Visando um exímio desempenho nessa primeira etapa da educação básica,

imprescindível se faz uma articulação da prática pedagógica com a valorização do

papel do profissional que atua com a criança de zero a três anos.

Indiscutivelmente, o papel do profissional da infância em nossos dias exige

alguém que seja capaz de tomar decisão, dialogando com seus pares e com a

comunidade; que planeje sua ação educativa a partir das necessidades da criança e

que encare a prática pedagógica como algo inacabado. Sendo assim, que seja um

pesquisador em constante formação, ou seja, um eterno aprendiz – de maneira que

proporcione um trabalho de qualidade. Dessa forma os Referenciais para Formação

de Professores (1999) relatam:

Tudo parece indicar, portanto, que uma boa formação profissional aliada a um contexto institucional que favoreça o espírito de equipe, o trabalho em colaboração, a construção coletiva, o exercício responsável de autonomia profissional e adequadas condições de trabalho são, na verdade, direitos dos profissionais da educação, principalmente se a meta for a qualidade real (p. 27).

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Acreditamos que o professor é um ser humano político, social, deve estar

comprometido com sua tarefa e tecnicamente preparado para executar a sua

prática. Conforme Marques (2000):

Faz-se mister, portanto, se dê a formação continuada como obra de empenho coletivo dos educadores situados no seio das instituições, organismos e movimentos sociais, sob a forma de programas ao mesmo tempo participativa, orgânico - sistemáticos e continuados (p.208).

Referindo-se à busca de conhecimento como alimento para seu crescimento

pessoal e profissional, o autor alude à necessidade do profissional da educação de

creche de uma formação inicial sólida e consistente, seguida de uma formação

continuada para manter-se sempre atualizado em sua função educativa. Oliveira

(2001) reforça dizendo que:

O professor precisa avivar em si mesmo o compromisso de uma constante busca de conhecimento como alimento para seu crescimento pessoal e profissional. Isto poderá gerar-lhe segurança e confiabilidade na relação de seu trabalho docente. Esta busca poderá instrumentalizá-lo para assumir seus créditos, seus ideais, suas verdades, contribuindo para referendar um corpo teórico que dê sustentação para realização de seu fazer (p.64).

Nesse sentido, se faz necessário questionarmos e afirmamos a importância

da formação adequada do professor, bem como seu trabalho com crianças, com

suas respectivas famílias e com a comunidade. São fatores que determinam a

qualidade de estabelecimentos educacionais em qualquer segmento. Nesse sentido

Oliveira (2008) enfatiza:

Em virtude disso, pode-se afirmar que o professor de creche ou pré-escola, ou seja, aquele que trabalha diretamente com as crianças participa da elaboração da proposta pedagógica de sua instituição, desenvolve, com base nela, um plano de trabalho junto às crianças, zela pela aprendizagem e desenvolvimento delas, ajustando as condições do ambiente físico e social, responde pela programação estipulada, participa de treinamentos e busca articulação com a família e a comunidade. No caso do professor de creche, ele é um especialista no treinamento do processo de ensinar crianças muito pequenas, que ocorre em um ambiente coletivo e diverso do familiar (p.26).

Assim, profissionais que trabalham com essa faixa etária, devem estar

preparados para acompanhar a criança nesse processo intenso e cotidiano de

descobertas, de crescimento, desenvolvendo propostas pedagógicas de qualidade,

Page 17: Monografia Leidiane Pedagogia 2011

26

a fim de que possa possibilitar uma base sólida que influenciará todo o processo de

desenvolvimento da criança. Nesta visão, Oliveira (2008) argumenta:

Professores de Educação Infantil são responsáveis por imprimir uma base sólida à trajetória escolar bem-sucedida das crianças. Dar-lhes boa formação, discutir com eles alguns dos condicionantes que fizeram a educação infantil terem a trajetória descrita são formas de confirmá-los como profissionais com competência para desenvolver propostas

pedagógicas de qualidade em nossas creches e pré-escolas (p.32).

Faz-se necessário que o educador crie situações significativas de

aprendizagem, se quiser alcançar o desenvolvimento de habilidades cognitivas,

motoras e sócio-afetivas. Mas, sobretudo é fundamental que a formação da criança

seja vista como algo inacabado, sempre sujeito a novas inserções, a novos recuos,

a novas tentativas.

2.2 CRECHES: O RECONHECIMENTO DA INFÂNCIA ABRINDO NOVOS CAMINHOS RUMO Á CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO

Para identificarmos o papel da creche para o desenvolvimento da criança na

primeira infância, na perspectiva dos professores, é necessário entendermos o que é

creche. Segundo Rizzo (1989) A creche abrange todo o serviço prestado à criança

pequena que nesta faixa etária ainda está se organizando como pessoa, formando

as bases de sua personalidade e construindo a sua identidade. Com o objetivo de

oferecer uma educação de qualidade embasada em condições que dêem suporte ao

desenvolvimento e sua integração social.

Visando uma educação de qualidade, indispensável se faz refletir que práticas

pedagógicas utilizar para despertar na criança a vontade de aprender; quais os

valores que precisam ser edificados; e qual o compromisso da creche no tocante a

aprendizagem.

Vale ressaltar que as creches, hoje em dia, possuem uma nova dimensão:

não são mais uma instituição onde se guardam crianças enquanto suas mães

trabalham: nesse espaço elas podem se desenvolver em todos os aspectos e

aprendem a ser gradativamente independente. Oliveira (1992) em sua definição nos

leva a compreender que:

Page 18: Monografia Leidiane Pedagogia 2011

27

A creche é um dos contextos de desenvolvimento da criança. Além de prestar cuidados físicos, ela cria condições para o seu desenvolvimento cognitivo, simbólico, social e emocional. O importante é que a creche seja pensada não como instituição substituta da família, mas como ambiente de socialização diferente do familiar. Nela se dá o cuidado e a educação de crianças que aí vivem, convivem, exploram, conhecem, construindo uma visão de mundo e de si mesmas, constituindo-se como sujeitos. (p.64).

Assim Machado (2005) explicita sua definição de creche:

A creche deve ser um espaço de relações múltiplas e variadas, para a criança, que enfatiza o respeito à dignidade e as diversidades sociais, econômicas, culturais, étnicas e religiosas, mediante utilização de situações estimuladoras, desafiantes e lúdicas (p.85).

Diante disso sabemos que é na creche que as crianças pequenas começarão

a se conhecer e a conhecer o outro, a desenvolver habilidades de relação com o

outro e construir conhecimentos. Nesse viés reconhecemos que as vivências com

outras crianças nos centros de Educação Infantil são relevantes porque provocam

novas experiências, permitem adquirir novos hábitos, atitudes, valores e também a

linguagem daqueles que interagem com as crianças. Conforme discutiram

Abramowiz e Wagkop (1995):

A creche é um espaço de socialização de vivências e interações. Neste espaço as interações traduzem-se por atividades diárias que as crianças realizam com a companhia de outras crianças sob a orientação de um professor. Situações estas que contribuem para o processo de aprendizagem e desenvolvimento psicossocial da criança (p.39).

Nessa perspectiva Rosemberg (1989) relata que a função da creche é dar

atenção às crianças dentro de sua faixa de idade, compreendendo cuidados de

saúde, higiene, preparação desde o nascimento para as escolas, orientação às

famílias. Em outras palavras, a creche cuida e educa desde o nascimento no sentido

de tornar a criança atendida emocionalmente, saudável e capaz de reconhecer sua

identidade e limites de sua autonomia dentro do grupo, ao interagir com adultos e

outras crianças, exercitando sua cidadania desde pequena.

De tal modo, por ser a primeira etapa do processo de escolarização, a

educação das crianças pequenas de zero a três anos de idade requer um cuidado

especial por parte de todos que estão envolvidos neste ato, pois é nesta fase que os

Page 19: Monografia Leidiane Pedagogia 2011

28

indivíduos fazem suas primeiras descobertas e vivem novas experiências que

contribuem para o seu desenvolvimento.

Acreditamos que quanto mais a creche efetivar sua proposta educativa,

garantindo uma boa qualidade junto às crianças, proporcionando situações que

contribuem para o processo de aprendizagem e desenvolvimento psicossocial, além

de novas experiências, aquisição de novos hábitos, atitudes e valores, mais seu

universo cultural se ampliará.

As creches devem ser espaços educativos que proporcionem totais condições

para que as crianças desenvolvam suas capacidades intelectuais, emocionais,

sociais e motoras. Devem apresentar um ambiente limpo, saudável, seguro,

organizado, obedecendo a um padrão de qualidade. Neste contexto Machado (2005)

enfatiza:

Ter a creche incluída no sistema de ensino significa elaborar uma proposta pedagógica a ser planejada, desenvolvida e avaliada por toda a comunidade escolar. Essa gestão democrática da creche deve ser voltada para o aperfeiçoamento pedagógico de seu cotidiano. O padrão de qualidade a ser obedecido pela creche passa a incluir critérios pedagógicos de desenvolvimento de competências pelas crianças, além de outros requisitos que uma instituição deve apresentar: ambiente limpo, saudável, organizado, com cuidados físicos também atentamente observados (p.81).

Nesse aspecto é pertinente destacar que as creches são modalidades de

Educação Infantil. O trabalho pedagógico realizado no seu interior deve ter um

cunho educativo, pois visam garantir assistência, alimentação, cuidados físicos,

segurança, com condições humanas que tragam benefícios sociais e culturais para

as crianças.

Havia muita distorção do atendimento da creche, pois se entendia como uma

fase de preparação para o Ensino Fundamental, quando, na verdade, é uma etapa

na qual o desenvolvimento da criança é abordado de maneira diferenciada. A

importância desse espaço vai além do processo de alfabetização das crianças, não

podendo ser tratada e vista apenas como local seguro para as mães deixarem os

seus filhos.

Page 20: Monografia Leidiane Pedagogia 2011

29

Decerto que, educando a criança através de situações de cuidados,

brincadeiras e aprendizagens que contribuam para o desenvolvimento das

capacidades infantis e formação de valores, a creche é sem dúvida um espaço

educativo de inquestionável valor.

2.3 DESENVOLVIMENTO DA PRIMEIRA INFÂNCIA

A história da criança ao longo dos anos foi marcada por várias modificações

socioculturais, diferente estruturas familiares e condições econômicas. Conforme

nos relata Áries. (1981) “Até por volta do século XII, à arte medieval desconhecia a

infância ou não tentava representá-la. É mais provável que não houvesse lugar para

a infância nesse mundo” (p.50).

No entanto, no final do século XVII, os moralistas e educadores da época

implantaram um novo conceito de infância, através do estudo da psicologia infantil e

da necessidade de melhor entender a infância e corrigi-la, gerando assim um novo

sentimento que influenciou a educação até o século XX.

Assim sendo, a primeira infância é o período de vida que vai até os seis anos

de idade, contudo os primeiros anos de vida da criança são fundamentais para o

desenvolvimento das estruturas físicas, psíquicas e da relação social. As

experiências que são adquiridas nesse período influenciam em toda a sua vida.

Estudos demonstram que se dá na primeira infância a base para as

aprendizagens humanas e que é nesse período que o cérebro mais se desenvolve.

A esse respeito Drouet (1998) acrescenta sobre a importância de um ambiente

estimulador, que favoreça esse desenvolvimento e, portanto, a sua aprendizagem

futura, visto que os primeiros anos de vida são extremamente importantes e

fundamentais para se ter um bom desenvolvimento, seja no aspecto físico, mental,

cultural, social ou afetivo.

Uma das funções específicas da creche é de atender a criança em toda a sua

potencialidade cognitiva, afetiva, psicomotora e social. Nesse período é ideal para a

Page 21: Monografia Leidiane Pedagogia 2011

30

criança adquirir a maior quantidade possível de experiências nessas áreas, para o

seu completo desenvolvimento. Em concordância, Barros (1991), diz que:

À medida que a criança se desenvolve, modificam-se também seus organismos, suas proporções físicas, suas capacidades mentais, seus interesses, seu comportamento motor, emocional, social etc. Pais e professores de hoje concebem a criança assim, e procuram tratá-la de acordo com suas peculiaridades, respeitando a fase de desenvolvimento em

que ela se encontra (p. 15).

Na visão de Piaget (1999), durante toda a primeira infância, se observam

interesses através da oralidade da criança, do desenho, das imagens, etc. Todos

estes itens adquirem significado para o sujeito na medida de suas necessidades,

estas dependendo do equilíbrio psicológico e, sobretudo, das novas mudanças

importantes para sua manutenção. É nesta perspectiva que Piaget (1999) continua

seu argumento afirmando que:

É por este motivo que se observa, durante toda a primeira infância, uma repetição parcial, em planos novos da evolução já realizada pela lactante no plano elementar das adaptações práticas. Estas espécies de repetição, com defasagem de um plano inferior aos planos superiores são extremamente reveladoras dos mecanismos íntimos da evolução mental (p.25).

Não podemos ignorar que a criança, como todo ser humano, é um sujeito

social e histórico profundamente marcado pelo meio social em que está inserido.

Sua personalidade se constrói através de vivências e interações com outros seres e

com o meio que o cerca cotidianamente. Nesse sentido evidenciamos que o

desenvolvimento infantil acontece a partir da construção, da criatividade e oralidade,

proporcionando às crianças condições de aprendizagens pedagógicas e pessoais.

Vygotsky (1984) discute essa questão fazendo as seguintes indagações:

Um processo interpessoal é transformado num processo intrapessoal. Todas as funções no desenvolvimento da criança aparecem duas vezes: primeiro no nível social, e, depois, no nível individual; primeiro entre pessoas (interpsicológico), e, depois, no interior da criança (intrapsicológico). (...) Todas as funções superiores originam-se das relações reais, entre indivíduos humanos (p.75).

Neste processo, a educação da creche pode auxiliar o desenvolvimento da

criança nesses aspectos por meio de dinâmicas embasadas em atividades lúdicas,

Page 22: Monografia Leidiane Pedagogia 2011

31

uma vez que ao brincar as crianças encontram mais facilidade em adquirir

conhecimentos e habilidades, pois como bem diz o Referencial Curricular Nacional

para a Educação Infantil (1998): “Ao brincar as crianças recriam e repensam os

acontecimentos que lhes deram origem, sabendo que estão brincando” (p.27).

As brincadeiras favorecem a interação na primeira infância e é, sem dúvida

alguma, um importante instrumento de socialização da criança. Não foi em vão que

Vygotsky (1998) atribuiu enorme importância ao papel da interação social no

desenvolvimento do ser humano. Uma das mais significativas contribuições das

teses que ele formulou está na tentativa de explicitar e não apenas pressupor como

o processo de desenvolvimento é socialmente constituído.

Desde os primeiros dias do desenvolvimento da criança, suas atividades adquirem um significado próprio dentro de um sistema de comportamento social e, sendo dirigidas e objetivos definidos, são retratadas através do prisma do ambiente da criança e desde até o objeto passa através de outra pessoa. Essa estrutura complexa é o produto de um processo de desenvolvimento profundamente enraizado nas ligações entre história e história social (VYGOTSKY, 1998, p. 40).

É de inegável importância a necessidade de um ambiente estimulador, que

favoreça esse desenvolvimento e, portanto, a sua aprendizagem futura. Os cinco

primeiros anos de vida são extremamente importantes e fundamentais para se ter

um bom desenvolvimento, tanto no aspecto físico, mental, social, cultural, afetivo. De

acordo com Angotti (2006):

Crianças, seres íntegros em suas manifestações de singularidade, sociabilidade, historicidade e cultura, que, por meio das práticas de educação e cuidado, deverão ter a garantia de seu desenvolvimento pleno pelas vias da integração entre seus aspectos constitutivos, ou seja, o físico, emocional, afetivo, cognitivo/lingüístico e social (p.20).

Nessa linha, equivale dizer que à medida que a criança se desenvolve,

modificam-se também seus organismos, suas proporções físicas, suas capacidades

mentais, seus interesses. Conseqüentemente, profissionais que trabalham com

crianças precisam tratá-las de acordo com suas peculiaridades, respeitando a fase

de desenvolvimento em que se encontram. Santos e Cruz (1999) abordam algumas

dessas peculiaridades:

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32

Na faixa etária de zero a três anos as mudanças que ocorrem na criança são muito rápidas, mais do que em qualquer outro período de vida. Essas mudanças não se dão de forma gradual, mas se processam aos saltos, havendo em cada salto momentos de ruptura, ocasionando na criança processo contínuo de organização e reorganização. Tais experiências, muitas vezes penosas, pois são carregadas de conflitos, medos e ansiedades; por isso a qualidade do atendimento nesse período é muito importante e tem grande influência na formação de sua personalidade (p.10).

Partindo desta nova visão, tornou-se possível entender que a infância é a fase

em que a criança desenvolve suas capacidades de relação e interação com as

pessoas do meio que vivem como também o acesso ao conhecimento e a sua

identidade, buscando estruturar suas idéias para entender o mundo que a cerca.

Pensar a criança e a infância implica analisar uma multiplicidade de

diferenças como as de classe social, etnia e gênero. Para conhecê-la melhor, é

necessário levar em conta suas condições reais de vida, sua origem histórica e sua

cultura. São seres dotados de direitos nos quais os adultos devem compreendê-los

sem a indução de suas perspectivas, orientando-os sempre. Mas cabe também aos

professores, e à escola de um modo geral, tomarem consciência de questão tão

relevante como o estudo aprofundado da primeira infância, e direcionarem suas

práticas pedagógicas para o reconhecimento da criança como sujeito atuante das

práticas sociais.

Page 24: Monografia Leidiane Pedagogia 2011

33

CAPÍTULO III

3. UNIVERSO DA PESQUISA

Este capítulo traz reflexões sobre a importância da pesquisa no campo

educacional, visando analisar os fatos que inquietam e causam curiosidade, assim

percebemos que a pesquisa implica em uma série de etapas e procedimentos a

serem seguidas a fim de obtermos respostas e informações sobre o objeto de

estudo.

3.1 NATUREZA QUALITATIVA

Quando se quer desenvolver uma investigação torna-se indispensável

determinar o tipo da pesquisa e os tipos de pesquisas dependem dos objetivos do

estudo e da natureza do problema (GRESSLER, 1989).

Nossa pesquisa atrelou-se à pesquisa qualitativa, pois sabemos que é nesse

tipo de pesquisa que o pesquisador mantém contato maior com o ambiente

pesquisado. Ludke e André (1986) conceituam:

A pesquisa qualitativa tem um ambiente natural como sua fonte direta de dados e o pesquisador como seu principal instrumento. A pesquisa qualitativa supõe o contato direto e prolongado do pesquisador com o ambiente e a situação que está sendo investigada, via de regra, através do trabalho intensivo de campo (p.11).

Apesar de todos os desafios que a pesquisa na abordagem qualitativa

enfrenta, esse tipo de investigação auxiliou na obtenção dos dados que certamente

nos mostrou resultados concretos dentro do âmbito escolar e social. Com o

propósito de estudar, de forma reflexiva, toda essa temática buscamos respaldo em

uma abordagem qualitativa, por percebermos que esta é a mais pertinente no campo

das ciências humanas e sociais.

Então, a pesquisa na abordagem qualitativa nos permite descobrir de forma

natural o que nos inquieta, com o auxílio dos sujeitos selecionados, dando-nos

estes, de forma livre, as informações relevantes ao nosso trabalho.

Page 25: Monografia Leidiane Pedagogia 2011

34

3.2 OS AGENTES DA PESQUISA

Assim, tivemos como sujeitos de pesquisa seis professores (as) da Creche-

Escola Paroquial onde buscamos coletar os dados; todas do sexo feminino que

lecionam no maternalzinho, maternal, Educação Infantil I e II, nos turnos matutino e

vespertino. A escolha desses sujeitos pressupõe a aceitação da existência social da

creche e da sua função institucional.

3.3 O LOCAL DA PESQUISA

O locus de pesquisa foi a Creche-Escola Paroquial, localizada na Rua Bom

Jardim, n° 127, Bairro Bom Jardim, Senhor do Bonfim – BA. Essa instituição surgiu

no ano de 2007, mediante a solicitação da associação do bairro que possui um

grande número de crianças cujas mães necessitavam trabalhar e não tinham onde

deixar os seus filhos. Diante dessa realidade, por não haver nenhuma creche no

bairro nem adjacências, a Secretaria Municipal de Educação atendeu a solicitação

inaugurando a Creche Escola Paroquial, atendendo crianças de 02 a 05 anos na

Rua Juscelino Kubsteck, Bairro São Jorge até o final do ano de 2009. A demanda de

alunos foi crescendo e o espaço ocupado pela creche não tinha estrutura física para

acolher mais alunos, então no início de 2010 a Secretaria Municipal de Educação fez

um convênio com a Igreja Batista Sião, no qual a referida igreja emprestou seu

espaço físico que anteriormente funcionava uma escola particular para que

funcionasse a Creche Escola Paroquial.

Esta instituição recebe crianças na faixa etária de 02 a 05 anos, distribuídas

nos cursos de maternalzinho, maternal, Educação Infantil I e II, nos turno matutino e

vespertino. O serviço é oferecido em conformidade com as diretrizes da política

nacional da Educação Infantil, Art- 29. “A Educação Infantil, 1ª etapa da Educação

Básica, tendo como finalidade o desenvolvimento integral da criança até 6 anos de

idade, em seus aspectos: físicos, psicológicos, intelectuais e sociais, completando a

ação da família e da comunidade” e do Estatuto da Criança e do Adolescente, Art. –

53. “A criança e o Adolescente têm direito a Educação, visando o pleno

desenvolvimento”.

Page 26: Monografia Leidiane Pedagogia 2011

35

Na creche, as crianças têm atendimento / educacional, recreativa, nutricional

em dois turnos. No turno matutino elas participam de atividades pedagógicas,

lúdicas recreativas. No turno vespertino, atividades de lazer, de recreação e de

esporte.

Recursos humanos envolvidos nas atividades: coordenador pedagógico,

professores, auxiliares de classe. Os recursos materiais são: material didático,

pedagógico, produtos alimentícios e produtos de higiene pessoal. Sendo assim, a

creche é mantida pela prefeitura Municipal de Senhor do Bonfim.

Esse locus foi escolhido por receber crianças de bairros periféricos, visando

analisar a qualidade da educação voltada para a primeira infância, principalmente

essas crianças oriundas de famílias de classes menos favorecidas.

3.4 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS

Utilizamos como instrumentos de coleta de dados nessa pesquisa, a observação

participante, a entrevista semi-estruturada e o questionário fechado, para traçar o perfil

dos(as) educadores (as) e adquirirmos informações sobre a creche.

3.4.1 OBSERVAÇÃO PARTICIPANTE

A pesquisa primeiramente se realiza a partir de um olhar investigador, fruto de uma

inquietação do sujeito pesquisador, que durante sua atuação no locus de estudo observa

atentamente tudo o que está a sua volta, a fim de obter o conhecimento claro e preciso

para a efetivação do seu objeto de estudo. De acordo com Cervo (2007):

Observar é aplicar atentamente os sentidos físicos a um objeto para dele obter um conhecimento claro e preciso. A observação é de importância, capital nas ciências. É dela que depende o valor de todos os outros processos. Sem a observação, o estudo da realidade e de suas leis seria reduzido à simples conjectura e adivinhação (p.31).

Existem várias formas de observação, contudo a mais adequada a nosso

objeto de estudo é a observação participante, que para Marconi e Lakatos (1996):

Page 27: Monografia Leidiane Pedagogia 2011

36

Consiste na participação real do pesquisador com a comunidade ou grupo. Ele se incorpora ao grupo, confunde-se com ele. Fica tão próximo quanto um membro do grupo que está estudando e participa das atividades normais deste... O objetivo inicial é ganhar a confiança do grupo, fazer os indivíduos compreenderem a importância da investigação, sem ocultar o seu objetivo ou sua missão (p.68).

Assim, ao observar através de visitas periódicas de dois meses, se faz

pertinente destacar que o espaço físico da creche pesquisada não é confortável

para acolher as crianças, devido a falta de estrutura composta de salas pequenas,

não tem refeitório, o pátio muito pequeno. No entanto, mesmo diante de tantos

problemas referentes à estrutura e auxílio de poucos recursos, as educadoras

procuram desenvolver um trabalho pedagógico significativo. A observação direta

permitiu o contato entre pesquisador e sujeitos pesquisados; a partir dessa

aproximação foi possível analisar a questão que está sendo pesquisada.

3.4.2 ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADA

Juntamente com o outro instrumento já apresentado, a entrevista foi

fundamental para colher os dados, a fim de fornecer subsídios para alcançar nosso

objetivo. A entrevista foi procedida da seguinte forma: primeiramente foi necessário

identificar os sujeitos a serem entrevistados, depois agendar horários com cada um

deles, com um roteiro em mãos foi organizada a entrevista em seguida foram

anotada as respostas dos atores da pesquisa com a finalidade de obter informações

para o trabalho.

A entrevista é uma das técnicas mais utilizadas na obtenção de dados na

abordagem qualitativa, pois permite saber o que as pessoas pensam suas idéias e

sentimentos. Marconi e Lakatos (1996) a definem como:

Um encontro entre duas pessoas, a fim de que uma delas obtenha informação a respeito de determinado assunto, mediante uma conversação de natureza profissional... Uma conversação efetuada face a face de maneira metódica; proporciona ao entrevistado, verbalmente, a informação necessária (p. 70).

Page 28: Monografia Leidiane Pedagogia 2011

37

A entrevista não é uma simples conversa. É um diálogo com um propósito de

recolher por meio de interrogatórios, esclarecimentos imediatos para enriquecer a

investigação.

Na concepção de Ludke e André (1986), a entrevista ganha vida quando

começa, pois a relação que se constrói durante sua realização é de diálogo e

interação entre quem entrevista e quem é entrevistado. Com isso facilita ao

entrevistador estar sempre atento, as respostas obtidas ao longo dessa interação,

observando mais de perto a gestos, expressões sociais, alteração da voz, visto que

toda captação é importante para compreender o que foi falado.

Esse tipo de instrumento pressupõe uma relação de interação que cria uma

influência recíproca entre quem pergunta e quem responde e permite ao

entrevistador fazer adaptações necessárias no desenrolar da entrevista.

A escolha por esta técnica se deu pela oportunidade de ficar frente a frente

com entrevistado e por se tratar de um instrumento que oferece flexibilidade, que

acaba proporcionando ao entrevistado maior liberdade para expressar as suas

opiniões. Triviños (1987) reforça quando diz:

(...) aquela que parte de certos questionamentos básicos, apoiados em teorias e hipóteses, que interessam à pesquisa, e que em seguida oferecem amplo campo de interrogativas, fruto de novas hipóteses que vão seguindo à medida que se recebem as respostas do informante (p. 146).

Nesse teor, adotamos a entrevista semi-estruturada por considerá-la um

importante instrumento na coleta de dados; uma vez que estabelece uma

interação entre entrevistador e entrevistado, havendo um contato mais próximo

entre o pesquisador e sujeito.

3.4.3 QUESTIONÁRIO FECHADO

Para a obtenção de informações para a conclusão da nossa pesquisa além da

observação, da entrevista, optamos também pelo questionário fechado, e assim

diante dessa proposta de levantamento de dados com o objetivo de traçar o perfil,

Page 29: Monografia Leidiane Pedagogia 2011

38

aspectos sociais, econômicos e educacionais dos sujeitos pesquisados, obtivemos

informações precisas sobre a creche. Nesse mesmo ensejo Cervo (2007) relata:

O questionário é a forma mais usada para coletar dados, pois possibilita medir com mais exatidão o que se deseja. Em geral, a palavra questionário refere-se a um meio de obter respostas às questões por uma fórmula que o próprio informante preenche. Assim, qualquer pessoa que preencheu um pedido de trabalho teve a experiência de responder a um questionário. Ele contém um conjunto de questões, todas logicamente relacionadas com um problema central (p.53).

Partindo desses pressupostos é que escolhemos o questionário fechado

como instrumento de coleta de dados, pois além de se adequar em nossa pesquisa,

ele permitiu traçar o perfil dos pesquisados, buscando delineá-los em seus espaços

sociais, educacionais, enfim, descrições que trazem significados importantes para

análise e interpretação dos dados obtidos.

Page 30: Monografia Leidiane Pedagogia 2011

39

CAPÍTULO IV

4. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Este capítulo tem o objetivo de apresentar os resultados obtidos da

investigação, onde o foco principal é identificar o papel da creche para o

desenvolvimento da criança na primeira infância na perspectiva dos professores.

Este referido capítulo é considerado o carro chefe do nosso trabalho diante da

possibilidade de confrontarmos a teoria e a prática dos sujeitos da pesquisa.

Com base nos instrumentos de coleta de dados que foram aplicados aos

sujeitos da pesquisa é que nos foi permitido conhecer de perto a realidade, o

comportamento, as atitudes e prática frente à temática pesquisada. Apresentamos

agora o perfil dos sujeitos pesquisados, nesse contexto foi utilizado o questionário

sócio-econômico, contando com perguntas fechadas.

4.1. PERFIL DOS SUJEITOS

Com base no questionário fechado, buscamos delinear o perfil sócio-

econômico dos sujeitos pesquisados através dos itens: Sexo, idade, formação,

tempo de serviço, jornada de trabalho e renda familiar etc.

Assim, selecionamos 06 (seis) professores (as) da Creche-Escola Paroquial

residentes em Senhor do Bonfim – BA para fazerem parte dessa pesquisa. Cada

sujeito que chega a ser professor (a) de creche é um ser singular, pois traz consigo

seus mais profundos sonhos, sua história de vida e seu contexto sócio-cultural algo

que revela seus anseios, suas inquietações e suas angústias, que possibilitam

mergulhar na essência existencial desses sujeitos. É evidente que são várias as

razões particulares que levam os indivíduos a se tornar um professor e adotar uma

postura de mediador do conhecimento.

Page 31: Monografia Leidiane Pedagogia 2011

40

4.1.1 GÊNERO

Os sujeitos da pesquisa são em sua totalidade do sexo feminino. Reforçando

concepções e idéias que se tinham antes acerca da vida profissional da mulher

como professora e acaba perpassando até os dias atuais, uma vez que impregnou

na sociedade a imagem feminina associada ao ambiente doméstico e a função

docente. Sobre isso Cerisara (2002) afirma:

Sem pretender uma definição acabada do perfil das profissionais de educação infantil, pode-se afirmar que elas têm sido mulheres de diferentes classes sociais, de diferentes idades, de diferentes raças, com diferentes trajetórias pessoais e profissionais, com diferentes expectativas frente à sua vida pessoal e profissional, e que trabalham em uma instituição que transita entre o espaço público e o espaço doméstico, em uma profissão que guarda o traço de ambigüidade entre a função materna e a função docente (p.26).

Percebemos dessa forma, que a história da Educação Infantil está de certa

forma vinculada a idéia da mulher ser professora de crianças, pois esta é mais

amável, carinhosa, paciente, sensível e tal trabalho se estende com o trabalho

doméstico, contribuindo, portanto para a desvalorização do seu trabalho, uma vez

que um grande número de mulheres que trabalham na área não tem qualificação

profissional. Os Referenciais para Formação de Professores (1999) demonstram isto

muito bem quando afirma:

A feminilização da função, ao invés de representar de fato uma conquista profissional das mulheres tem se convertido num símbolo de desvalorização social. O imaginário social foi cristalizando uma representação de trabalho docente destinado a crianças, cujos requisitos são muito mais a sensibilidade e a paciência do que o estudo e o preparo profissional (p.32).

Assim, não podemos negar que o conceito de gênero nessa profissão

significa compreender de uma forma mais ampla, ou seja, “que o conceito de gênero

está presente não só na experiência doméstica, mas em todos os sistemas

econômico, políticos ou de poder” (CERISARA, 2002, p.30).

Com os resultados obtidos notamos que ainda perdura a idéia de ser uma

profissão voltada para o universo feminino, o que demonstra com essa pesquisa,

mediante um crescente número de mulheres atuantes na área.

Page 32: Monografia Leidiane Pedagogia 2011

41

4.1.2 IDADE

Fonte: Questionário aplicado aos sujeitos da pesquisa

O gráfico acima mostra o perfil etário das participantes da pesquisa,

observando que 50% das pesquisadas tem a idade entre 30 a 39 anos e 50% entre

40 a 50 anos. Conclui-se que estas professoras carregam consigo uma significativa

bagagem de experiência de vida decorrente da idade.

4.1.3 FORMAÇÃO

Fonte: Questionário aplicado aos sujeitos da pesquisa

Fonte: Questionário aplicado aos sujeitos da pesquisa

No que se refere ao grau de escolaridade, percebemos que 50% possuem

superior completo com pós-graduação e 50% ainda estão buscando essa

50%50%

De 30 anos a 39

anos

De 40 anos a 50

anos

0%

50%50%

Nível Superior

Completo com PósGraduação

Nível Superior

incompleto

Page 33: Monografia Leidiane Pedagogia 2011

42

qualificação, devido a necessidade de buscar conhecimentos na área em que

atuam. Em nosso campo de observação notamos interesse e motivação dessas

educadoras, visto que estamos cientes dos avanços que isto pode trazer para o

conhecimento do aluno.

Notamos que há muitos educadores em busca de aperfeiçoamento na sua

prática educativa, reconhecendo que mesmo estando em processo de formação

nunca estão prontos e acabados. Circunstancialmente, são sempre pesquisadores,

eternos aprendizes. Porquanto, Oliveira (2008) afirma:

Entendendo que a democratização do ensino passa pelos professores, por sua formação, por sua valorização profissional e por suas condições de trabalho, pesquisadores têm defendido a importância do investimento no seu desenvolvimento profissional. Esse processo de valorização envolve formação inicial e continuada, articulada, identitária e profissional (p.13).

Frente aos resultados obtidos consideramos um percentual bastante

significativo àqueles que estão buscando uma graduação e especialização,

analisando suas respostas ficou perceptível o interesse e estímulo de buscar mais

qualificação profissional.

4.1.4 TEMPO DE SERVIÇO

Fonte: Questionário aplicado aos sujeitos da pesquisa

Quanto ao tempo de serviço, verifica-se através do gráfico que 17% das

professoras tem menos de um ano atuando na área. O que nos leva a perceber

17% 0%

0%

83%

Menos de 1 ano

Mais de 10 anos

Page 34: Monografia Leidiane Pedagogia 2011

43

pouca experiência de tempo na área da Educação Infantil. Os Parâmetros

Curriculares Nacionais (1998) dizem: “São os professores iniciantes sem experiência

em magistério que aí vão lecionar. Essas necessitariam de professores mais

experimentados, com mais prática de docência” (p.88).

Observamos por meio do questionário aplicado que 83% das professoras

estão atuando há bastante tempo, o que nos leva a crer que a experiência

profissional da maioria tem em relação com o tempo de serviço. Assim percebemos

que a maioria dos sujeitos da pesquisa tem um tempo significativo prestado na área

de educação.

4.1.5 JORNADA DE TRABALHO

Fonte: Questionário aplicado aos sujeitos da pesquisa

Percebemos que 50% dos sujeitos pesquisados trabalham 20 horas e a outra

metade 40 horas, e a justificativa dessa dupla jornada de trabalho está nos baixos

salários que levam professores que trabalham 20 horas a optar por outras

ocupações no período que tem disponibilidade. Assim os Referenciais para

Formação de Professores (1999) relatam que “Os baixos salários recebidos por uma

jornada parcial de trabalho foi levando mulheres a optar por uma jornada de tempo

integral como professoras ou a buscar outras ocupações no período que tem

disponível” (p.32).

50%50%

20 Horas

40 horas

Page 35: Monografia Leidiane Pedagogia 2011

44

Isso nos leva a pensar que quando o professor trabalha por um único período

ele pode se dedicar mais tempo para estudar, pesquisar, planejar e organizar suas

aulas.

4.1.6 QUANTIDADE DE ALUNOS NA SALA DE AULA

Fonte: Questionário aplicado aos sujeitos da pesquisa

Acerca dos professores questionados constatam-se através do gráfico que

83% possuem na sala de aula mais de 20 alunos, um número bastante significativo

de crianças, uma vez que o espaço da sala-de-aula é pequeno, sendo que um

número elevado de crianças não contribui para um bom desenvolvimento,

dificultando o processo de ensino e aprendizagem.

4.1.7 PARTICIPA DE CURSOS DE FORMAÇÃO CONTINUADA

Fonte: Questionário aplicado aos sujeitos da pesquisa

83%

17%

Mais de 20

Mais de 30

33%

0%67%

0%

Com frequência

Quando tem

oportunidade

Page 36: Monografia Leidiane Pedagogia 2011

45

Verifica-se no gráfico que 67% das professoras que trabalham na creche

participam de cursos de formação continuada quando tem oportunidade,

demonstrando a falta de interesse dos governantes em trazer cursos de formação

continuada com mais freqüência, pois estas relatam que não tem condições de

custear esses cursos já que são desenvolvidos em outras cidades. Bem como nos

dizem os Referenciais para Formação de Professores (1999): “O investimento

financeiro na formação de professores, embora necessário há muito tempo, torna-se

agora inadiável (p.33).

Cabe-nos, voltar o nosso olhar para esses 33% que participam de cursos de

formação continuada com freqüência, demonstrando uma preocupação quanto a sua

atuação na sala de aula, sem medir esforços para custear seus cursos, percebendo-

se assim, o tamanho da responsabilidade que lhes é colocada ao assumir

compromisso de constante busca de conhecimento como alimento para o

crescimento pessoal e profissional. Nesse sentido, nos reportamos a Freire (1996) ao

afirmar que “Na formação permanente dos professores, o momento fundamental é o

da reflexão crítica sobre a prática. É pensando criticamente a prática de hoje ou de

ontem que se pode melhorar a próxima prática” (p.39).

Assim com a compreensão sobre formação continuada, o professor saberá

intermediar as problemáticas que geram novos conhecimentos em seu dia-a-dia com

as crianças, visto que essa formação contínua objetiva desenvolver ações reflexivas

para que possa ser utilizado para intermediar sua própria prática na sala de aula.

Marques (2000) ressalta: “(...) a formação continuada, não pode entender-se apenas

como reparo a uma inadequada preparação anterior”. (p.207).

Esta afirmação remete-nos a reflexão de que a formação continuada assume-

se em várias instâncias como nos cursos, palestras, debates, encontros, seminários,

congressos, oficinas, trazendo sempre novas formas de conhecimentos e

metodologias que auxiliam o trabalho pedagógico do professor na sala de aula.

Page 37: Monografia Leidiane Pedagogia 2011

46

4.1.8 RENDA FAMILIAR

Fonte: Questionário aplicado aos sujeitos da pesquisa

Dos sujeitos questionados nota-se que 66% tem uma renda familiar situada

entre 1 a 2 salários mínimos, comprovando que há uma tendência no Brasil a uma

má distribuição de renda e baixos níveis salariais que o educador recebe, o que

comprova a insatisfação do professor quanto a remuneração. Os Referenciais para

Formação de Professores (1999) dizem: “De modo geral, não só no Brasil, mas na

maioria dos países em desenvolvimento, o professor é uma pessoa de nível sócio

econômico baixo” (p.32). Na verdade, somente uma pequena parcela do

professorado correspondente a 17% confirma uma renda razoável, incluindo nela os

que se desdobram em dois ou três turnos de trabalho.

4.2 DISCUTINDO OS RESULTADOS DOS DISCURSOS DOS PROFESSORES

ATRAVÉS DA OBSERVAÇÃO E ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADA

Nessa etapa da pesquisa apresentaremos a análise da observação

sistemática, realizada no locus de pesquisa, fazendo um paralelo com dados

colhidos na entrevista semi-estruturada. Ambos os instrumentos de coleta de dados

foram importantíssimos, pois nos permitiram colher informações que foram

analisadas por meio dos discursos dos sujeitos da pesquisa, tivemos o propósito de

associá-los, a fim de enriquecer a investigação científica. Assim, consideramos que

nessa etapa de análise e interpretação dos dados foi considerado relevante para

nossa pesquisa, pois nos ajudou a fazer um estudo minucioso e, ao mesmo tempo,

0%

66%

17%

17%

Entre 1 e 2 salários

Entre 3 e 4 salário

Mais de 5 salários

Page 38: Monografia Leidiane Pedagogia 2011

47

uma análise crítica acerca da posição tomada pelos sujeitos diante do tema

abordado.

A entrevista foi realizada através de roteiros de perguntas e respostas onde

os sujeitos da pesquisa tiveram a oportunidade de expressar opiniões sobre o

trabalho desenvolvido na creche, servindo de ferramenta para ratificação ou

discordância das discussões utilizadas na fundamentação teórica. Portanto, com o

intuito de uma melhor organização e entendimento desta pesquisa destacamos

algumas categorias utilizadas na entrevista; abaixo selecionamos os discursos dos

sujeitos que emergiram na análise e interpretação dos dados obtidos.

Vale ainda frisar que, o resultado do nosso trabalho gira em volta dos dados

coletados com os sujeitos da pesquisa que são identificados como S1, S2... S6 onde

o “S” significa sujeito e o número de ordem que ocorreu a entrevista, sendo os

discursos obtidos na entrevista um dos principais elementos norteadores para

finalização dessa pesquisa que apresentaremos através de categorias que

mostraremos a seguir.

Categoria 1 - Compreensão sobre creche e sua importância

Categoria 2 - Creche: espaço físico promovendo o desenvolvimento natural

Categoria 3 - Formação continuada associada a prática pedagógica.

Categoria 4 – Creche: qualidade de ensino em questão associado as

dificuldades encontradas no meio do processo

4.2.1 COMPREENSÃO SOBRE CRECHE E SUA IMPORTÂNCIA

Diante do contato com os sujeitos da pesquisa, seja na fase de observação,

seja na entrevista, emergiram das falas dos professores a compreensão sobre o

papel da creche para o desenvolvimento da criança na primeira infância. Através da

pergunta “Como você conceitua o termo creche?” Obtivemos as seguintes

respostas:

Page 39: Monografia Leidiane Pedagogia 2011

48

É um espaço onde a criança recebe segurança, carinho, educação desenvolvendo ações complementares da família, pois a creche não trabalha sozinha precisa da junção família e escola. (S 2). Espaço de interação, socialização e aprendizagem (S 3). Não deixa de ser uma base, porque é um processo contínuo, antigamente na creche o trabalho era voltado somente para o assistencialismo e hoje prepara mais para a parte pedagógica (S 4).

Analisando essas falas percebemos que 50% dos sujeitos da pesquisa

reconhecem a importância da creche para a primeira infância, demonstrando através

dos seus discursos uma visão coerente dessa etapa da educação, pois conceituam

esse espaço como ambiente que desenvolve ação diferente do familiar, instituição

que estimula a socialização, interação, considerando-o como alicerce, esse lugar se

torna essencial para que nele se desenvolva o cuidado e educação. Como discutiu

Oliveira (2008)

A creche desenvolve ações complementares às da família, devendo voltar-se para a inserção, prevenção, promoção e proteção à infância; propiciando ainda a integração entre famílias e comunidade, enquanto projeto integrado de desenvolvimento e inserção (p.85)

Ao analisarmos as entrevistas e observando o contexto do locus pesquisado,

foi possível perceber posturas e gestos contraditórios no que diz respeito à

verdadeira função da creche. Assim analisamos a seguinte fala:

A creche é um lugar onde as crianças passam o dia todo, muitas vezes pelo motivo das mães trabalharem e não terem onde deixá-las, sendo que a maioria das crianças é de família desestruturada, assim durante o período que elas passam na creche recebem pelo menos alguns ensinamentos bons e a função do professor é como se fosse a mãe (S 6).

Verificamos duas visões diferentes: Na primeira análise, os sujeitos S 2, S 3 e

S 4 em suas falas demonstram um maior conhecimento sobre a creche e estas

poderão contribuir melhor com uma educação de qualidade das crianças pequenas,

que serão cuidadas tanto física quanto educacionalmente. Já S 6, apresenta uma

visão reducionista da creche, pois a professora afirma que a creche se resume num

local onde se acolhe a criança menos favorecida e a função do professor de creche

se compara a de uma mãe. Analisando a fala de (S 6) voltamos a historicidade da

Page 40: Monografia Leidiane Pedagogia 2011

49

creche, em meados da década de 20, quando a creche adotava um modelo

assistencialista. Oliveira (1992) vem falando a respeito e coloca que:

Em resumo, o trabalho junto às crianças nas creches naquela época era de cunho assistencial-custodial. A preocupação era com a alimentação, higiene e segurança física das crianças. Um trabalho voltado para a educação, para o desenvolvimento intelectual e afetivo das mesmas não era valorizado (p.19).

É oportuno trazer neste momento a fala da (S 3) quando afirma que creche é:

“Onde as crianças vivem a maior parte do dia, aprendem pelo menos ter bons hábitos”.

Analisando as contradições das professoras com a compreensão do que é

creche, essa mesma professora havia falado anteriormente que é um espaço de

interação, socialização e aprendizagem e a mesma também continua citando como

um local onde se guarda crianças e se aprende bons hábitos, não havendo o

reconhecimento da verdadeira função dessa instituição, diferente do que acredita o

(S 3). Sob esta questão, Oliveira (2008) chama a atenção ao relatar que:

Os cuidados ministrados na creche e na pré-escola não se reduzem ao atendimento de necessidades físicas das crianças, deixando-as confortáveis em relação as sono, à fome, à sede e à higiene. Incluem a criação de um ambiente que garanta a segurança física e psicológica delas, que lhes assegure oportunidades de exploração e de construção de sentidos pessoais, que se preocupe com a forma pela qual elas estão se percebendo como sujeitos. Nesses ambientes de educação, a criança se sente cuidada. Sente que há uma preocupação com o seu bem-estar, com seus sentimentos, com suas produções, com sua auto-estima. Educar e cuidar são formas de acolher (p.47).

Entendemos que a creche não deve ser tratada e vista somente como espaço

seguro para as mães deixarem os seus filhos, essa instituição deve ser analisada

como modalidade de Educação Infantil que tem como objetivo promover o

desenvolvimento da criança no aspecto social, cultural, educativo etc.

4.2.2 CRECHE: ESPAÇO FÍSICO PROMOVENDO O DESENVOLVIMENTO

NATURAL

Page 41: Monografia Leidiane Pedagogia 2011

50

Sobre essa temática pode-se perceber que as professoras compreendem a

creche como espaço físico que promove o desenvolvimento natural. Segundo elas é

na fase da creche que é um período ideal para a criança adquirir a maior quantidade

de experiências que auxiliam no seu desenvolvimento, pois, é nos primeiros anos da

infância que se instala, de forma marcante, a relação da criança com o

conhecimento.

Sobre isso as afirmações que seguem mostram o modo que algumas

professoras compreendem a creche como espaço de contribuição para o

desenvolvimento da criança:

Sim, porque ela é alicerce de uma formação e o professor é um instrumento mediador para que esse desenvolvimento ocorra proporcionando brincadeiras, movimentos, atividades educativas (S 2). Sim, lógico por conta de até mesmo estar socializando ao falar com outra criança, cumprir horário, obedecer a regras, além do aprendizado que é universal o que é comum numa creche (S 3). Sim, porque vai desde o cuidar, auxiliando lógico no desenvolvimento social, educacional, afetivo etc (S 6).

Diante dessas respostas percebe-se que 50% dos sujeitos reconhecem a

creche como um espaço que contribui para o desenvolvimento da criança na

primeira infância, reconhecendo também o seu papel para essa intervenção, pois

são prerrogativas básicas para que esse processo possa ocorrer e atingir a real

função da creche que é levar em conta as condições sociais, psicológicas naturais

de cada criança.

Acreditamos que o desenvolvimento é um processo contínuo e que cada um

tem o seu tempo de aprender, por isso é fundamental reconhecer as particularidades

da criança, levando em conta o contexto em que ela está inserida. Sobre esta

questão Oliveira (2001) afirma que: “a criança é um ser social, o que significa dizer

que seu desenvolvimento se dá entre outros seres humanos, em um espaço e

tempo determinados” (p.27).

Assim, para que a creche possa contribuir para o desenvolvimento da criança

na primeira infância, não basta somente deixá-la nessa instituição acreditando que

Page 42: Monografia Leidiane Pedagogia 2011

51

sempre extrairá boas experiências para o seu desenvolvimento. Isso depende,

sobretudo, dos educadores, conforme percebam o seu papel na creche junto as

crianças. Pois, como infere Oliveira (1992):

Não basta, porém deixar a criança em qualquer ambiente, acreditando que ela sempre extrairá dele boas experiências para o seu desenvolvimento. Além disso, não se pode pensar que o arranjo de condições externas atue igualmente sobre todas as crianças, mesmo as de idade próximas (p.85).

Isso nos leva a pensar que, com a compreensão da sua própria prática, o

professor saberá intermediar as problemáticas que giram em torno da creche a fim

de que possa contribuir de forma crescente para o desenvolvimento da criança, já

que a finalidade é propiciar a construção de conhecimentos.

No entanto, para que isso de fato aconteça é necessário que o educador seja

comprometido com sua profissão e auxilie a criança a identificar suas necessidades

e priorizá-la, assim como atendê-las de forma adequada. Como expressa Kramer

(2001):

A fim de que essa função se efetive na prática, o trabalho pedagógico precisa se orientar por uma visão das crianças como seres sociais, indivíduos que vivem em sociedade, cidadãs e cidadãos. Isso exige que levemos em consideração suas diferentes características, não só em termos de histórias de vida ou região geográfica, mas também de classe social, etnia e sexo. (p.19).

Nesta mesma linha de pensamento citamos os argumentos de Angotti (2006)

que diz o seguinte:

Crianças, seres íntegros em suas manifestações de singularidade, sociabilidade, historicidade e cultura, que, por meio das práticas de educação e cuidado, deverão ter a garantia de seu desenvolvimento pleno pelas vias da integração entre seus aspectos constitutivos, ou seja, o físico, emocional, afetivo, cognitivo/ lingüístico e social (p.20).

É oportuno agora trazer o discurso de S 5:

Acredito que a creche possa contribuir para o desenvolvimento da criança porque ela adota os mesmos critérios de uma escola normal.

Page 43: Monografia Leidiane Pedagogia 2011

52

Apenas a entrevistada S 5 não menciona a importância real da creche no

desenvolvimento da criança, pois afirma em seu relato que o papel desse espaço é

adotar os mesmos critérios de uma escola normal, descaracterizando as

necessidades próprias dessa faixa etária, não reconhecendo o seu verdadeiro papel

que é de estimular e acompanhar a criança em seu desenvolvimento, se isentando

de sua responsabilidade perante essas crianças. A este respeito Cerisara (2002)

coloca o seguinte:

Percebe-se que nem as auxiliares de sala, nem as professoras apresentam condições plenas para o exercício da função de professora de crianças de 0 a 6 anos. A experiência acumulada de algumas não é suficiente para realização do trabalho, da mesma forma que os cursos realizados e que deveriam habilitar as professoras para assumir o trabalho com crianças pequenas não o fazem, uma vez que tinham como referência a escola de ensino fundamental (p.99)

Vale destacar que, a creche é importante para o desenvolvimento da criança

por propiciar novas experiências, permitir a aquisição de novos hábitos, atitudes e

valores.

4.2.3 FORMAÇÃO CONTINUADA ASSOCIADA À PRÁTICA PEDAGÓGICA

A fim de dar conta das demandas da sociedade na atualidade, é necessário

que o educador não estacione somente em um curso de formação inicial; uma vez

que a formação continuada vem complementar, mudar, melhorar a formação já

obtida. E as educadoras também compreendem a importância dessa formação para

uma mudança na prática como podemos ver em seus depoimentos:

O professor deve estar sempre buscando novos conhecimentos para desenvolver um bom trabalho (S 2). Importantíssimo porque quem pára fica no atraso, é preciso caminhar acompanhando a evolução. Eu procuro estar sempre informada, procurando me atualizar, participar de cursos, pois é uma grande preocupação minha, pois o professor deve estar sempre trazendo coisas atrativas para sala de aula que desperte a curiosidade das crianças, mas não deve dar nada pronto (S 3). É importante está sempre se qualificando e é claro vivenciar na sala de aula, contribuindo para uma aprendizagem mais eficaz (S 4). É importante estar se capacitando (S 5). O professor deve estar em constante aprendizado (S 6).

Page 44: Monografia Leidiane Pedagogia 2011

53

A partir dessas revelações, compreendemos que 80% das entrevistadas

reconhecem a importância dos cursos de capacitação para os profissionais atuantes

nas creches, ao tempo em que nos cientificamos também de que a formação

continuada enriquece as experiências e os saberes que elas já trazem consigo.

Marques (2000) acrescenta:

Não é com receitas acabadas que se enfrentam as questões do dia-a-dia da educação. Mas com propostas alicerçadas na concretude das práticas docentes, numa práxis que seja institucionalmente político-pedagógico, auto-reflexão discursiva de um coletivo de educando, educadores e se proponha a organizar e conduzir os processos do ensino-aprendizagem no interior dos cursos de formação do educador (p.215).

Reforçando as compreensões das professoras acerca da formação

continuada, Oliveira (2008) entende que a democratização do ensino passa pelos

educadores, por sua formação, por sua valorização profissional e por suas

condições de trabalho, o autor tem defendido a importância da formação continuada

no sentido de promover a liberdade política e intelectual dos educadores e que estes

estejam em constante processo de capacitação, participem de cursos atualizados,

informem-se cada vez mais, fazendo sempre uma reflexão sobre sua prática

pedagógica. Esse processo de valorização envolve formação inicial e continuada,

articulada, identitária e profissional.

Porém, percebemos no discurso de outra professora um questionamento

sobre a formação continuada e que esta só terá efeito se o professor quiser e se

tiver tempo em fazê-lo.

Não adianta se capacitar, quando não se quer, ou não se têm tempo ou não há investimentos nos cursos de capacitação (S 1).

Esta reflexão nos faz perceber que a formação continuada assume-se em

vários formatos como nos cursos de menor ou maior duração através de encontros,

seminários, debates, congressos, oficinas, trazendo sempre informações que

enriqueçam as discussões que dá vida como o todo. Assim como diz o Referencial

Curricular para Educação Infantil (1998):

Page 45: Monografia Leidiane Pedagogia 2011

54

A instituição deve proporcionar condições para que todos os profissionais participem de momentos de formação de naturezas diversas como reuniões, palestras, visitas, atualizações por meio de filmes, vídeos etc. (p.68)

Enfim, acreditamos que estabelecer uma formação mínima já é um salto

qualitativo, no entanto é cabível pontuar aqui a necessidade de grandes

investimentos por parte do governo. Todavia, a formação não é o bastante, é

necessário oferecer oportunidade de aperfeiçoamento constante no decorrer da

carreira e avanços tanto profissionais como pessoais.

4.2.4 CRECHE: QUALIDADE DE ENSINO EM QUESTÃO ASSOCIADO AS

DIFICULDADES ENCONTRADAS NO MEIO DO PROCESSO

Dentro do contexto educacional brasileiro contemporâneo, qualquer trabalho

que desenvolvemos necessita de atenção e habilidades na tentativa de melhorar a

caminhada, inserindo nessa questão trazemos a reflexão de aspectos negativos da

creche, uma vez que até os dias de hoje a implantação da educação ofertada para a

primeira infância, ainda não atingiu o seu apogeu, porém existem possíveis saídas

para a melhoria da qualidade do ensino.

Nessa categoria três professoras destacaram nos diálogos o que falta em sua

opinião para melhorar a Educação Infantil. Vejamos a fala das professoras:

Falta infra-estrutura. (S 1). Mais recursos adequados (S 5). Material pedagógico para cada fase (S 6).

Essas revelações relatam que 50% dos sujeitos estão insatisfeitos com a falta

de recursos financeiros que não estão presentes nas creches, revelando assim os

diversos sentimentos de cada professora perante as dificuldades encontradas na

sua prática pedagógica. Notamos que a maioria elege como entrave nesse processo

a falta de infra-estrutura e recursos materiais já que estes são apontados como

instrumentos importantes para o processo de ensino e aprendizagem. Bem como diz

o Referencial Curricular para a Educação Infantil (1998):

Page 46: Monografia Leidiane Pedagogia 2011

55

A estruturação do espaço, as formas como os materiais estão organizados, a qualidade e adequação dos mesmos são elementos essenciais de um projeto educativo. Espaço físico, materiais, brinquedos instrumentos sonoros e mobiliários não devem ser vistos como elementos passivos, mas como componentes ativos do processo educacional que refletem a concepção de educação assumida pela instituição. Constituem-se em poderosos auxiliares de aprendizagem (p.68).

Para Oliveira (1992) a proposta pedagógica voltada à educação da primeira

infância deve sim considerar o conjunto de fatores que interagem na creche, porque

até então a atribuição dos problemas tem sido fortemente lançada ao espaço físico e

falta de recursos pedagógicos. Por conta disso, quanto à educação dirigida à

primeira infância, temos uma educação precária, em função dos parcos

investimentos financeiros, ausência de profissionais qualificados além do material

didático muitas vezes inadequado.

Como discute os Referenciais para Formação de Professores (1999) “Nos

países em desenvolvimento, em que uma forte procura de educação é

acompanhada por uma falta de recursos, muitas vezes dramática, as opções são

particularmente difíceis” (p.28).

Porém, no Brasil, grandes partes dos municípios ainda não investem na

qualidade da Educação Infantil. Os sujeitos pesquisados também falam sobre essa

questão. É oportuno trazer neste momento a fala de S 2, quando afirma:

É necessário um olhar dos governantes com carinho e respeito a esta comunidade infantil.

A compreensão de S 2 demonstra a questão da desatenção dos governantes

para com a infância e isso revela à constatação de que nosso sistema de ensino tem

sido marcado pelo processo de exclusão desde a sua implantação até os nossos

dias atuais, onde os recursos financeiros destinados pelos órgãos federais,

estaduais e municipais destinados a Educação Infantil são insuficientes. Como

afirmam os Referenciais para Formação de Professores (1999): “Embora a

legislação também tenha a sua função como condicionante dos requisitos

profissionais e da trajetória das profissões no caso do magistério, raramente as

mudanças prescritas em lei tiveram uma contrapartida imediata na realidade” (p.33).

Page 47: Monografia Leidiane Pedagogia 2011

56

Ao serem questionadas se o trabalho docente nas creches é valorizado, as

professoras foram unânimes ao afirmar que não se sentem valorizadas e que seu

trabalho não é reconhecido como podemos perceber nos relatos abaixo:

Acho que não. Porque na creche você se dedica as crianças de 2 a 5 anos, não tem descanso e as pessoas não reconhecem isso (S 1). Não. Porque algumas pessoas sim, mas outras só sabem criticar, desvalorizar, e não acreditam que esse trabalho é a base de tudo (S 2). Não. Primeiro pelo olhar das pessoas e das professoras de outras séries mais avançadas que menosprezam o nosso trabalho, eu não me sinto valorizada na creche, mas não me importo porque sei que meu papel principal é com as crianças (S 3). Não é valorizado e não têm o reconhecimento (S 4).

O relato de 100% das professoras denuncia que um dos grandes desafios de

quem atua na creche é ser reconhecido sócio-politicamente. Isto tem sido refletido

historicamente, pois durante anos a educação destinada à primeira infância obteve

um menor valor em relação a outros segmentos. Em contrapartida, o resgate de

valores e do real reconhecimento sobre trabalho dos profissionais que se dedicam à

educação infantil, especialmente a da primeira infância, têm sido um dos maiores

objetivos desses educadores.

Page 48: Monografia Leidiane Pedagogia 2011

57

CONSIDERAÇÔES FINAIS

Com base na investigação que realizamos tivemos alguns resultados que

foram relevantes na pesquisa, em vários momentos pudemos perceber, por meio

dos respaldos teóricos apresentados e dos discursos dos sujeitos, o quanto as

creches carecem de práticas que promovam uma ação educativa de qualidade, mas

é importante frisar que as questões educacionais hoje estão contidas nos

fenômenos de grande complexidade, nas discussões e espaços que constituem a

sociedade.

Nos questionamentos realizados com os sujeitos, notamos através das

análises, situações significativas sobre a questão da creche. De modo que

reconhecem que falar dessa instituição não é uma tarefa fácil, pois há vários

problemas existentes no campo educacional, uma vez que vivenciam uma época de

transformações profundas; assim esclarecem que, apesar das iniciativas de

minimizar os problemas educativos, os resultados obtidos ainda não atingiram as

metas desejadas diante das funções que a educação propõe.

Nesses discursos, ficou evidente que as professoras vêem a creche como um

momento de vida escolar, onde a criança constrói sua personalidade, tornando-se o

ponto de partida para a formação da personalidade. Reconhecem que não se pode

desconsiderar essa fase nem subestimá-la, pois não se constrói uma casa sem

alicerce. O período da infância é uma etapa singular, sendo assim, ignorar a creche

é minimizar as contribuições voltadas para o desenvolvimento da primeira infância.

Diante das análises feitas podemos dizer que é importante compreender,

conhecer e reconhecer o jeito próprio de cada criança de ser e estar no mundo;

através das relações que estabelece com as pessoas que a circundam como

também, através de diferentes linguagens e imagens que utilizam para construir o

conhecimento; por isso, é preciso que no ambiente da creche sejam adotadas

propostas educacionais compatíveis com a faixa etária até cinco anos de idade a fim

de promover o desenvolvimento integral dos sujeitos envolvidos.

Page 49: Monografia Leidiane Pedagogia 2011

58

Sendo assim, as falas das professoras revelam a necessidade de oportunizar

um ambiente físico e social onde a criança se sinta acolhida e segura para enfrentar

desafios; à medida que tais desafios se ampliam a fim de aumentar o conhecimento

de si mesma, dos outros e do meio em que vive e ao mesmo tempo, contribuir para

o desenvolvimento das habilidades essenciais como: autonomia, criatividade,

expressividade e solidariedade.

Na atual conjuntura educacional, é imprescindível a participação e

colaboração de todos que são envolvidos nesse processo, pois é de vital

importância no desenvolvimento das práticas escolares em prol da elevação da

qualidade do ato educativo, atendendo as necessidades dos novos tempos.

Por fim, salientamos a importância de ampliar as discussões e estudos sobre

a creche e que sejam feitas novas descobertas, tendo em vista que o fruto dessa

pesquisa nos dá um entendimento sobre a realidade institucional, já que muitas

vezes nos discursos de algumas professoras foram emitidas características

desacreditadas sobre a função da creche para o desenvolvimento da criança na

primeira infância. Essa descrença, hoje, deve ser o desafio a ser enfrentado por

todos os educadores e educadoras e toda a sociedade.

Page 50: Monografia Leidiane Pedagogia 2011

59

REFERÊNCIAS

ABRAMOWIZ, A. e WAGKOP. G. Creche: Atividades para crianças de zero a seis anos. São Paulo: Moderna, 1995. ALMEIDA, Paulo Nunes de. Educação lúdica técnicas e jogos pedagógicos, 11. ed. São Paulo: Loyola, 2003. ANGOTTI, Maristela. Educação Infantil: para que, para quem e por quê? Campinas, SP: Editora Alínea, 2006. ARCE, Alessandra. Friedrich Froebel. O pedagogo dos jardins-de-infância. Petrópolis – RJ: Editora Vozes, 2002. ARIÉS, Philippe. História social da criança e da família. Tradução de Dora Flaksman. 2. ed. Rio de Janeiro: LTC, 1981. ARROYO, M. G. O significado da infância: criança. Revista do professor da Educação Infantil, Brasília, DF. 1995. BARROS, Célia Silva Guimarães. Pontos de psicologia do desenvolvimento. 6. ed. São Paulo: Ática, 1991. BRASIL. Estatuto da criança e do adolescente. Lei n° 8.069/ 1990, de 13 de julho de 1990. São Paulo: CBIA – SP, 1990. BRASIL. Lei de diretrizes e bases da educação. Lei número 9394; de 20 de dezembro de 1996. República Federativa do Brasil, Poder Legislativo, Brasília, DF, 21 de dez. 1996. BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental . SEF/ Brasília: MEC/ SEF, 1988. CERISARA, Ana Beatriz. Professoras de educação infantil: entre o feminino e o profissional. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2002.

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