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1 UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA-UNEB DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO CAMPUS VII COLEGIADO DE PEDAGOGIA LUCIMAR BATISTA DE ANDRADE MOVIMENTO DE EDUCAÇÃO E BASE- MEB: SUA RECONSTITUIÇÃO HISTÓRICA NO MUNICIPIO DE SENHOR DO BONFIM-BAHIA, NO PERÍODO DE 1961 A 1964. Monografia apresentada ao Departamento de Educação / Campus VII Senhor do Bonfim, da Universidade do Estado da Bahia, como parte dos requisitos para obtenção de graduação no Curso de Pedagogia com Habilitação em Docência e Gestão de Processos Educativos. Linha de Pesquisa: Memória, Cultura e História da Educação. Orientadora: Profª Drª Maria Gloria da Paz SENHOR DO BONFIM 2010

Monografia Lucimar Pedagogia 2010

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Pedagogia 2010

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Page 1: Monografia Lucimar Pedagogia 2010

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA-UNEB

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VII

COLEGIADO DE PEDAGOGIA

LUCIMAR BATISTA DE ANDRADE

MOVIMENTO DE EDUCAÇÃO E BASE- MEB: SUA

RECONSTITUIÇÃO HISTÓRICA NO MUNICIPIO DE SENHOR

DO BONFIM-BAHIA, NO PERÍODO DE 1961 A 1964.

Monografia apresentada ao Departamento de Educação / Campus VII – Senhor do Bonfim, da Universidade do Estado da Bahia, como parte dos requisitos para obtenção de graduação no Curso de Pedagogia com Habilitação em Docência e Gestão de Processos Educativos. Linha de Pesquisa: Memória, Cultura e História da Educação. Orientadora: Profª Drª Maria Gloria da Paz

SENHOR DO BONFIM 2010

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LUCIMAR BATISTA DE ANDRADE

MOVIMENTO DE EDUCAÇÃO E BASE- MEB: SUA

RECONSTITUIÇÃO HISTÓRICA NO MUNICIPIO DE SENHOR

DO BONFIM-BAHIA, NO PERÍODO DE 1961 A 1964.

Monografia apresentada ao Departamento de Educação-

Campus VII, da Universidade do Estado da Bahia, como parte

dos requisitos para obtenção de graduação no Curso de

Pedagogia com Habilitação em Docência e Gestão de

Processos Educativos.

Aprovada em ____ de ________________ de 2010.

BANCA EXAMINADORA

_______________________________________________________

Profª Drª Maria Gloria da Paz Universidade do Estado da Bahia –UNEB

Orientadora

_____________________________________________________

Profª. Msc. Simone Ferreira de Souza Wanderely Universidade do Estado da Bahia – UNEB

Examinadora

_____________________________________________________

Profª. Msc. Maria Elizabeth de Souza Gonçalves Universidade do Estado da Bahia – UNEB

Examinadora

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3

DEDICATÓRIA

Aos meus PAIS Otávio Batista da Silva e Dalva

Andrade da Silva (in memoriam), em eterna gratidão por tudo o quanto significaram de importante na minha vida – Exemplos do que sou.

Aos meus IRMÃOS Luciene e Luciano, no sentido de externar aquilo que o cotidiano vacila em não revelar – Sem vocês a minha vida não teria sentido.

Às minhas FILHAS amadas Larissa e Luana,

verdadeiras preciosidades – Presente maior de DEUS na minha vida. – Amo-as de todo o meu coração.

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AGRADECIMENTOS

A DEUS, fonte inesgotável de equilíbrio e sabedoria e que se configura, de forma mais efetiva, no imenso AMOR que carrego dentro de mim.

A JOSÉ AMÉRICO ALVES DE ARAGÃO e as IRMÃS MILITÃO, pelo cuidado e o carinho dispensados a mim, no meu processo de alfabetização – elementos

importantíssimo na minha formação humana. Ao CORPO DOCENTE, SERVIDORES E ESTUDANTES do Centro Educacional

Professora Isabel de Queiroz (1974 – 1982), pela ajuda no processo de transição entre a criança e o adulto, sempre alicerçada nos valores morais. Aos(as) AMIGOS(AS) DE INFÂNCIA, porque se não fossem verdadeiros(as), não estariam comigo hoje em dia. Aos(as) AMIGOS(AS) CONQUISTADOS(AS) na minha trajetória de vida, pelo incentivo, pelos sims e pelos nãos, como fatores de equilíbrio e engrandecimento pessoal. Aos FUNCIONÁRIOS e FUNCIONÁRIAS da Universidade do Estado da Bahia-UNEB, principalmente àqueles(as) que entendem a minha mensagem e dispensaram muito carinho e respeito pela minha pessoa. A todos(as) eles(as) a minha eterna graditão. Aos(às) ESTUDANTES DO CURSO DE PEDAGOGIA, em particular à Turma de 2004, cuja caminhada será sempre lembrada com muito carinho e uma certa dose de saudade. Às Professoras CLÉLIA FREITAS e OSVALDINA JAMBEIRO, pela contribuição

fundamental dos seus depoimentos – Sem eles, nosso trabalho não teria a mesma consistência. Ao CORPO DOCENTE da Universidade do Estado da Bahia-UNEB e, em especial, aos Docentes do Curso de Pedagogia, cujos ensinamentos me ajudaram a estender e a ressiginificar as minhas diversas concepções de mundo e de vida.

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A minha orientadora PROFª DR. MARIA GLÓRIA DA PAZ por manter nas suas raízes laços de família para comigo e, principalmente, pelas lições necessárias, desde sempre, até a conclusão deste trabalho. Ao povo de DONA DALVA (minha mãe) que, depois da sua partida, me adotaram

como filho, sobrinho, neto e etc., o que me torna uma pessoa privilegiada. Aos(às) AMIGOS(AS) que se encontram em OUTROS PLANOS DIMENSIONAIS e em OUTROS CANTOS, em reconhecimento ao quão importantes foram e são, para que chegasse até aqui. A todos(as) os PROFESSORES e PROFESSORES que marcaram a minha vida estudantil, porque também aprendi que toda pessoa sempre é a marca das lições diárias de outras tantas pessoas. Ás CRIANÇAS do Centro Educacional Professora Edneilda Marque (Escola Bem-

Me-Quer) que, durante o meu período de estágio, me mostraram a grande lacuna que existe entre a teoria e a prática. A vocês o meu obrigado carinhoso.

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EPÍGRAFE (em dobro)

"Não é possível refazer este país, democratizá-lo,

humanizá-lo, torná-lo sério, com adolescentes

brincando de matar gente, ofendendo a vida,

destruindo o sonho, inviabilizando o amor. Se

a educação sozinha não transformar a sociedade,

sem ela tampouco a sociedade muda." (Paulo

Freire)

“Sou um homem de causas. Vivi sempre

pregando, lutando, como um cruzado, pelas

causas que comovem. Elas são muitas, demais: a

salvação dos índios, a escolarização das

crianças, a reforma agrária, o socialismo em

liberdade, a universidade necessária. Na verdade,

somei mais fracassos que vitórias em minhas

lutas, mas isso não importa. Horrível seria ter

ficado ao lado dos que venceram nessas

batalhas.” (Darcy Ribeiro)

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RESUMO

Objetivamos, neste trabalho, reconstituir a história do Movimento de Educação de Base-MEB, na região de Senhor do Bonfim, nos anos 60, através dos relatos de duas professoras participantes deste movimento, que foi criado pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB. A metodologia utilizada neste estudo foi a História oral e a coleta de relatos se deu através de uma entrevista direcionada por um roteiro previamente estruturado, gravada e transcrita posteriormente. As colaboradoras deste trabalho são duas professoras que indicadas pelo Bispo Diocesano da época D. Antonio Monteiro, assumiram a coordenação pedagógica do programa na região. Procuramos, mais especificamente, reconstituir através de relatos orais um dos acontecimentos que permitiu a participação do município de Senhor do Bonfim, numa das grandes experiências da educação popular a das Escolas Radiofônicas – pioneiras da atual concepção de Ensino à distância-EaD.

Palavras- chave: Movimento de Educação de Base – Reconstrução Histórica

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LISTA DE ABREVIATURAS

SIGLA SIGNIFICADO

CEPLAR Campanha de Educação Popular da Paraíba

CNBB Conferência Nacional dos Bispos do Brasil

CPC Centro Popular de Cultura

EaD Educação à Distância

MCP Movimento de Cultura popular

MEB Movimento de Educação de Base

PNA Programa Nacional de Alfabetização

RENEC Representação Nacional das Emissoras Católicas

UNE União Nacional dos Estudantes

UNEB Universidade do Estado da Bahia

UNESCO Organização das Nações Unidas para a Cultura, Educação e

Esportes

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA HISTÓRICO PÁGINA

01 Cartilha Benedito ANEXO

02 Cartilha Jovelina ANEXO

03 Cartilha Viver É Lutar ANEXO

04 Cartilha Mutirão – 1º Livro ANEXO

05 Cartilha Mutirão – 2º Livro ANEXO

06 Cartilha Mutirão – 2º Livro para Leitura ANEXO

07 Cartilha Mutirão para a Saúde ANEXO

FONTE: Disponível em http://www.forumeja.org.br/book/export/html/1435

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LISTA DE MAPAS

MAPA HISTÓRICO PÁGINA

01 Mapa do Território de Identidade do Piemonte Norte do Itapicurú, Bahia, 2004

27

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 11

1. CAPÍTULO I – O MOVIMENTO DE EDUCAÇÃO DE BASE: COOPERAÇÃO NA FORMAÇÃO INTEGRAL DE ADULTOS E ADOLESCENTES.

14

1.1. O Contexto Político, Social e Educacional 14

1.2. A Concepção do MEB e suas Finalidades 17

1.3. A Contribuição de Paulo Freire ao MEB 18

2. CAPÍTULO II – OS PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 21

2.1. A história oral 21

2.2. As fontes de pesquisa 21

2.2.1. Fontes Orais 22

2.2.1.1. Caracterização das colaboradoras 23

2.3. Fontes escritas 23

2.4. Instrumentos da pesquisa 24

2.4.1. A entrevista temática 24

2.4.1.1. Guião de entrevista 24

2.4.1.2. As Questões 25

2.4.2. Carta Cessão de Direitos 25

2.5. Local da pesquisa 26

2.5.1. Mapa de Localização 26

2.5.2. O Município de Senhor do Bonfim 27

3. CAPITULO III – O MEB E SUA IMPLANTAÇÃO NO MUNICIPIO DE SENHOR DO BONFIM

29

3.1. A implantação do MEB em Senhor do Bonfim: uma data imprecisa e uma origem na Igreja Católica.

29

3.2. A formação dos recursos humanos: um treinamento no Grande Hotel de Itaparica.

30

3.3. O aluno do MEB: como era feito o seu recrutamento 32

3.4. O Ministrante: um monitor escolhido pelas comunidade 33

3.5. As aulas no MEB: um aparelho de rádio cativo. 35

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS 38

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

6. FONTES ELETRÔNICAS

7. FONTES ORAIS

8. APÊNDICE

9. ANEXOS

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1. INTRODUÇÃO

O final dos anos 50 e início dos anos 60 do Século XX apresentou uma conjuntura

regida pela prosperidade e pela confiança, sobretudo, em relação ao crescimento da

economia, que se ancorava no otimismo social. Também nesse momento, os

conhecimentos científicos e os avanços tecnológicos intensificavam as informações,

impulsionavam os meios de transportes e multiplicavam o poder de produção.

Percebemos claramente o alcance do avanço tecnológico para a sociedade

contemporânea, porque além das facilidades que ele proporciona, em todos os

sentidos, é incontestável o seu desenvolvimento, especialmente no campo da

comunicação. Porém, o que se apresenta como algo tão grandioso é, também,

passível de preocupação, na medida em que tem distanciado os indivíduos dos seus

laços históricos, do cuidado com a preservação daquilo que o identifica e o faz

diferente, e do que o referencia na sua comunidade.

Se, por um lado, a modernização da sociedade tem possibilitado uma nova dinâmica

do cotidiano, viabilizado o contato com outras realidades históricas e culturais, por

outro lado acaba modificando a maneira de ver o mundo e a cultura, e com isso

fortalece a ameaça em favor da aculturação, haja vista o processo sofrido pelos

povos indígenas do Brasil, nos tempos da colonização.

Quando as vozes das testemunhas se dispersam ou se apagam, desaparecem os

guias que ajudam a percorrer os caminhos da história mais remota. No que concerne

à história educativa em alguns lugares, a exemplo do Município de Senhor do

Bonfim, as iniciativas de historicizá-la tem esbarrado em algumas dificuldades,

dentre elas destacamos: a ausência de pessoas que possam, através da oralidade,

oferecer informações; e o difícil acesso aos documentos escritos ora pela falta de

conservação dos mesmos ora pelas restrições ao acesso de pessoas estranhas aos

arquivos das Instituições de ensino.

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Às vezes, temos a impressão de que a memória rema contra a maré na sua função

de conservação da história. O meio urbano afasta as pessoas que, modificando os

costumes, se dispersam. Já não se visitam, faltam-lhes os companheiros que

sustentam as suas lembranças.

Considerando que a memória é uma construção social, consolidada nas relações

entre os grupos, tendo a lembrança como suporte, reconhecemos o seu valor e seu

caráter coletivo, em consonância com o pensamento de HALBWACHS ( 2006, p. 42)

Se a memória coletiva tira sua força e sua duração por ter como base um conjunto de pessoas, são os indivíduos que se lembram, enquanto integrantes do grupo. Dessa massa de lembranças comuns, umas se apóiam nas outras, não são as mesmas que aparecerão com maior intensidade a cada um deles.

Essas lembranças podem ajudar a reconstituir acontecimentos e experiências

vividas por pessoas individualmente ou em grupos, especialmente em comunidades

ágrafas cuja oralidade é o instrumento utilizado para a transmissão e preservação

dos costumes.

No contexto brasileiro atual, encontram-se muitas comunidades rurais que se

utilizam da oralidade como meio de transmissão das suas experiências de vida.

Tendo em vista que, embora a escola esteja presente fisicamente, é significativo o

número de pessoas sem letramento, o que tem exigido a atenção dos governantes,

que tem incentivado pesquisas e gerado projetos educacionais, já que o

analfabetismo tem sido apontado como uma das causas das desigualdades e da

exclusão social. Ainda sobre o analfabetismo:

Nos primórdios da Guerra-fria, a UNESCO instituía os preceitos da Educação para a Paz e revolucionava a concepção de alfabetização, vinculando o alfabetismo a um processo amplo de socialização do indivíduo e educação para o trabalho. Nestes termos o analfabeto passa a ser identificado como indivíduo vinculado a uma série de incapacidades: de autonomia e organização política, de aptidão para o trabalho, de exercício da cidadania. Edificou-se uma representação do analfabeto que o relegava a posições inferiores nos níveis sociais o destituindo da capacidade de gerenciamento de sua própria vida cotidiana.

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1.Claudia Moraes de Souza. "Nenhum brasileiro sem escola": projetos de alfabetização e educação de adultos do Estado desenvolvimentista 1950/1963. Disponível em

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A imagem da pessoa analfabeta, criada então pelo contexto da modernização,

apaga uma história de vida de muitos saberes, experiências de vida dos indivíduos

residentes nas áreas rurais, para refletir somente os males advindos de um estado

de ausência das luzes da Instrução.

No Brasil, a população analfabeta em sua maioria concentrava-se no campo o que ampliou os espaços da educação rural nos projetos educacionais para adolescentes e adultos, fazendo surgir diversas ações do Estado e de outros mediadores sociais através de campanhas de educação rural entre elas a CNER - Campanha Nacional de Educação Rural e os Centros Radiofônicos de Educação Rural do MEB-Movimento de Educação de Base.

2

Para realização deste estudo, escolhemos como temática o Movimento de Educação

de Base- MEB, com o objetivo de reconstituir a sua história no Município de Senhor

do Bonfim, tendo como fonte os depoimentos de professores que atuaram no

programa nos anos de 1962 a 1964, como monitores, coordenadores e professores.

2. Claudia Moraes de Souza. "Nenhum brasileiro sem escola": projetos de alfabetização e educação de adultos do Estado desenvolvimentista 1950/1963. Disponível em www.rumoatolerancia.fflch.usp.br / material /monografias_e_teses/edu/edu. Acessado em 04.01.2009.

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CAPITULO I - O MOVIMENTO DE EDUCAÇÃO DE BASE:

COOPERAÇÃO NA FORMAÇÃO INTEGRAL DE ADULTOS E

ADOLESCENTES.

1.1. O Contexto Político, Social e Educacional

O processo político que culminou com o golpe de 1964 precipitou o

desmantelamento do aspecto nacionalista presente na política brasileira desde a

década de vinte, provocando um esquema repressivo que se abateu sobre as

organizações populares. D‘Araújo (1994, 36) acredita que,

―[...]os mecanismos e uso da força repressiva para combater as oposições não foram apanágio apenas dos governos militares, nem se constituíram em uma prática recente, pois o próprio governo Vargas usou excessivamente a repressão, a tortura, as prisões e o exílio contra os seus adversários políticos.‖

Segundo Ianni (1997, p. 173), a radicalização do poder político militar no pós-64

desencadeou um processo de cassação dos direitos políticos de técnicos, políticos,

operários, intelectuais, militares e estudantis. Esse espírito contestador também é

destacado por Reis, (1990, p. 57) para quem o contexto histórico internacional dos

anos 60 foi permeado por várias ‖revoluções de libertação nacional‖ como, Cuba em

1959; Argélia, em 1962 e pela guerra antiimperialista, que se desenvolvia no Vietnã.

Logo, o êxito dessas revoluções fomentou tal espírito dos anos 60.

Tais contestações não se restringiram apenas às organizações de esquerda, mas

permearam a música popular, o cinema, o teatro, as artes plásticas e a literatura.

Reis (1990, p. 57), afirma que ocorreram inúmeras manifestações culturais no Brasil

entre 1964 e 1968, em que os sonhos foram embalados pelos ideais da revolução.

Os manifestantes, ―[..] Cantavam em verso e prosa a esperada ―revolução brasileira‖

– com base principalmente na ação das massas populares, em cujas lutas a

intelectualidade de esquerda estaria organicamente engajada‖.3

3. Maria do Amparo Alves de Carvalho. Dissertação de Mestrado – HISTÓRIA E REPRESSÃO:

fragmentos de uma história oculta em meio às tensões entre a Igreja Católica e o regime militar em

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Ao contextualizar os anos 60, Ferreira (1996, 115), também trabalha com a

perspectiva de um ideal revolucionário. Mudanças que tinham uma direção precisa e

que foram vetadas pelo golpe militar de 64 e direcionada para outras aspirações.

[...] ―O que produz, entretanto, é uma alteração de trajetória que leva tanto a esquerda quanto o próprio regime à radicalização e a notórias conseqüências. [...] Nesse processo, a esquerda enveredou pela luta armada enquanto o regime adotou o AI-5 radicalizando o controle à liberdade e aos direitos civis e políticos dos cidadãos‖.

Com a ascensão dos militares ao poder, o aparelho repressivo foi se aperfeiçoando

com a imposição dos ―atos institucionais‖, cerceando a liberdade e os direitos

políticos e civis dos cidadãos. Como lembra Carvalho (2001, P. 164) ―[...] Dado o

golpe, os direitos civis e políticos foram duramente atingidos pelas medidas de

repressão. [...] ―Os instrumentos legais da repressão foram os atos institucionais

editados pelos presidentes militares‖. E afirma ainda que

[...] A cassação aos direitos políticos atingiram desde senadores, deputados, vereadores, dirigentes sindicais, funcionários públicos e muitos professores universitários, pesquisadores, até mesmo alguns militares, que se opuseram ao golpe desde o mais alto escalão, foram afastados. Desmantelaram o movimento sindical e estudantil. Nesse contexto, a única instituição que conseguiu oferecer resistência ao governo militar, mesmo em meio a muitos conflitos, foi a Igreja Católica.

Para Nunes, (2005. p. 56) remontam-se à década de 1950 as experiências que

deram origem aos princípios de educação popular utilizando o rádio como veículo de

transmissão das aulas. Tais experiências tiveram como referência o exemplo bem

sucedido da Rádio Sutalenza, na Colômbia, e que serviu de base para as investidas

do Brasil, através da Diocese de Natal-RN, lá pelos idos de 1958. Com o intuito de

desenvolver um programa de Educação de Base, através das escolas radiofônicas,

a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB, juntamente com o Governo

Federal e alguns órgãos financiadores, criam o Movimento de Educação de Base -

MEB. ―O programa teria duração de cinco anos, devendo ser instaladas, no primeiro

ano, 15 mil escolas radiofônicas, a serem aumentadas progressivamente‖. (Fávero,

2006. p. 09)

Terezina. Disponível em www.ufpi.br/mesthistoria/downloads/ uploads_dissertacao/amparo/cap1.doc. Acessado em 04.01.2009

Page 17: Monografia Lucimar Pedagogia 2010

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Entende-se, assim, que a implantação de tantas escolas radiofônicas representava

uma preocupação dos seus idealizadores, em atingir um contingente maior da

população, principalmente nos estados do Norte e Nordeste do país. Por outro lado,

percebe-se a fragilidade das políticas educacionais daquela época e sua

incapacidade de promover uma educação contextualizada, que atentasse e

atendesse às especificidades regionais.

A educação de base seria, então, esse mínimo fundamental de conhecimentos, em termos das necessidades individuais, mas levando em conta os problemas da coletividade, e promovendo a busca de soluções para essas necessidades e esses problemas, através de métodos ativos. ( FÁVERO, 2008, 2)

Na Bahia, em 1961, foi introduzido o sistema ―teleducação‖ através de um convênio

entre a Secretaria da Educação e Cultura do Estado, o MEB e a CNBB. Integravam-

se, nessa época, à rede geral de emissoras católicas as seguintes rádios: Rádio

Sociedade de Feira de Santana; Rádio Emissora de Alagoinhas; Rádio Educadora

de Santo Amaro e a Rádio Paróquia de São Gonçalo.

Contudo, é em meio a um contexto conturbado, verificado na década de 1960, que

se dá o surgimento do Movimento de Educação de Base. Segundo PAIVA (2009,

p.60)4, é resultante das discussões do ―primeiro Seminário de Educação de Base,

que ocorreu em Aracaju, sob o patrocínio da Representação Nacional das Emissoras

Católicas‖ com a finalidade de oferecer ao homem do campo a oportunidade de ser

alfabetizado e conscientizado para os problemas em sua comunidade.

O MEB foi criado com o objetivo maior de cooperar na formação integral de adultos

e adolescentes, nas áreas subdesenvolvidas do país, e propiciar elementos para que

essas camadas da população tomassem consciência de sua dignidade de criatura

humana, transformando-se em agente do processo de mudança da realidade em

que vivia. (PAIVA, 2009, p. 61)

Após o Golpe Militar de 1964 o MEB sofreu dura repressão e a experiência de

educação popular foi interrompida. O Movimento de Educação de Base existe até

4 PAIVA, Marlucia M. de.(org.).Escolas Radiofônicas de Natal: uma história construída por muitos

(1958-1996). Brasilia: Liber Livro Editora, 2009.

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hoje, mas jamais conseguiu recuperar a paixão educativa e a motivação política

daqueles primeiros anos da década de 60. Muitos de seus dirigentes e animadores

culturais foram perseguidos, vários foram obrigados a deixar o país. 5

1.2. A Concepção do MEB e suas Finalidades

O MEB foi um movimento criado pela Igreja Católica (CNBB) a partir da expansão

das escolas radiofônicas em 1960, e da necessidade de encaminhamento das

atividades ligadas a estas escolas. Inicialmente a proposta foi implantada em dois

estados do Nordeste: Rio Grande do Norte e Sergipe. E a sua filosofia era

referenciada no pensamento do educador Paulo Freire que aponta o letramento e a

escola libertadora como ―a chave‖ para a mudança da realidade que se vive.

Durante a década de 60, a educação popular assumiu contornos mais efetivos. A

conjuntura política, caracterizada pela Revolução Cubana, a Aliança para o

Progresso como resposta ao perigo socialista, o movimento pelas reformas de base

no governo Jango e o Concílio Vaticano II tornou-se favorável ao clima de mudanças

na sociedade, multiplicando o aparecimento das massas e dos movimentos

populares.

Segundo Sebastião Leite:

―Os grupos culturais constituíram o termo cultura popular, com o intuito de

utilizar a cultura como um instrumento político e educacional, visando

conscientizar as classes oprimidas de sua condição e do seu potencial de

transformação, a educação popular em um instrumento de luta social.

(1983, p. 247-26)‖

Para Carlos Brandão (2002, 77), “a educação popular passaria a ser traduzida como

uma alternativa e prática cultural fundadora de ações políticas, se tornando um

instrumento de ameaça ao sistema econômico vigente”. Como um fundamento de

identidade e um tipo de trabalho que possa estar sendo efetuado em movimentos

5. Ivônio Barros Nunes. Modalidades educativas e novas demandas por educação: A educação a distância apresenta notáveis vantagens sob o ponto de vista da eficiência e qualidade. Disponível em www.agbeno.org.br/resvista/arquivos_pdf/2005/Abeno_5-1.pdf. Acessado em 05/05/2010.

Page 19: Monografia Lucimar Pedagogia 2010

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sociais e em organizações governamentais ou não, ganhando representações que

partem da ‗escola cidadã, pública e plural‘ a termos mais burocráticos de orçamento

participativo. O que importa, é que a educação popular Expressões como a Teologia

da Libertação, valorização à educação formal e utopia de um sujeito histórico

visavam diluir o sentido real da educação popular, na tentativa de fazê-la recuar

diante dos movimentos populares.

1.3. A Contribuição de Paulo Freire ao MEB

Neste contexto, Paulo Freire e seu pensamento pedagógico baseado no diálogo,

associado aos Movimentos de Educação de Base (MEB) e a atuação da Igreja

Católica na área da alfabetização e conscientização, fundamentam as inúmeras

tentativas de desencadear a construção de um novo sujeito histórico, a partir das

classes populares. Este pensamento encontra resistência por parte do governo

militar instalado após o golpe de 64, quando os trabalhos de conscientização e

organização foram duramente atingidos, sem falar no novo foco da revolução, que

partiria de um âmbito de revolução do social pela revolução cultural.

Os espaços religiosos e as comunidades eclesiais de base transformaram-se em

espaços capazes de realizar uma educação mais voltada aos princípios populares

de libertação, emancipação e transformação do social. O pensamento pedagógico

de Paulo Freire e sua proposta para a emancipação de adultos inspiraram os

principais programas de alfabetização e educação popular que se realizaram no país

no início dos anos 60. Esses programas foram empreendidos por intelectuais,

estudantes e católicos engajados numa ação política junto aos grupos populares.

Desenvolvendo e aplicando essas novas diretrizes, atuaram os educadores do MEB

— Movimento de Educação de Base, ligado à CNBB — Conferência Nacional dos

Bispos do Brasil, dos CPCs — Centros de Cultura Popular, organizados pela UNE —

União Nacional dos Estudantes, dos Movimentos de Cultura Popular-MCP, que

reuniam artistas e intelectuais e tinham apoio de administrações municipais. Esses

diversos grupos de educadores foram se articulando e passaram a pressionar o

Governo Federal para que os apoiasse e estabelecesse uma coordenação nacional

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das iniciativas.6

Em janeiro de 1964, foi aprovado o Plano Nacional de Alfabetização que previa a

disseminação por todo Brasil de programas de alfabetização orientados pela

proposta de Paulo Freire. A preparação do plano, com forte engajamento de

estudantes, sindicatos e diversos grupos estimulados pela efervescência política da

época, seria interrompida alguns meses depois pelo golpe militar.

O pensamento pedagógico que se construiu nessas práticas baseava-se num novo

entendimento da relação entre a problemática educacional e a problemática social.

Antes apontado como causa da pobreza e da marginalização, o analfabetismo

passou a ser interpretado como efeito da situação de pobreza gerada por uma

estrutura social não igualitária. Era preciso, portanto, que o processo educativo

interferisse na estrutura social que produzia o analfabetismo. A alfabetização e a

educação de base de adultos deveriam partir sempre de um exame crítico da

realidade existencial dos educandos, da identificação das origens de seus

problemas e das possibilidades de superá-los.

Além dessa dimensão sociopolítica, os ideais pedagógicos difundidos tinham um

forte componente ético, implicando um profundo comprometimento do educador com

os educandos. Os analfabetos deveriam ser reconhecidos como homens e mulheres

produtivos, que possuíam uma cultura, em substituição a chamada educação

bancária, que considerava o analfabeto uma pessoa ignorante, uma espécie de

gaveta vazia onde o educador deveria depositar conhecimento. ―Tomando o

educando como sujeito de sua aprendizagem, Freire propunha uma ação educativa

que não negasse sua cultura, mas que a fosse transformando através do diálogo.‖

(2002, P-P, 101-111)

Paulo Freire elaborou uma proposta de alfabetização de adultos conscientizadora,

cujo princípio básico pode ser traduzido numa frase sua que ficou célebre: “A leitura

do mundo precede a leitura da palavra”. Prescindindo da utilização de cartilhas,

6 LOPES, Carla. A Educação de Jovens e Adultos no Sistema Educacional Brasileiro. www.

webartigos.com/articles/29760/1/a-educao-de-jovens-e-adultos-no-brasil-tragetrias-histricas-e-pedagicas/ pagina1. html. Acessado em.05.05.2010

Page 21: Monografia Lucimar Pedagogia 2010

21

desenvolveu um conjunto de procedimentos pedagógicos que ficou conhecido como

método Paulo Freire.

O método previa uma etapa preparatória que tinha início com uma pesquisa

realizada pelo alfabetizador, sobre a realidade existencial do grupo junto ao qual ele

iria atuar. Concomitantemente, faria um levantamento do universo vocabular;

destacando as palavras que expressassem as situações existenciais mais

importantes, depois selecionaria um conjunto que contivesse os diversos padrões

silábicos da língua materna, organizando-os, segundo o grau de complexidade

desses padrões, o que se tornou conhecido como palavras geradoras e a partir das

quais se realizaria o estudo da leitura e da escrita.

A metodologia difundida pelo MEB, através das escolas radiofônicas, nos faz crer

que se configura como a primeira experiência de Ensino à Distância do Município de

Senhor do Bonfim, utilizando um veículo de comunicação – o radio, cuja capacidade

de abrangência era extremamente superior às anteriores, que dependiam das

correspondências escritas, o que demandavam, entre outras coisas, um longo

espaço de tempo entre a comunicação educando x conhecimento, se conseguia

chegar em tempo hábil e de uma só vez aos mais longínquos espaços das áreas

mais carentes de letramento e de conscientização política.

Nos anos 60, o rádio ainda era uma peça significativa nos lares brasileiros e se

tornara um companheiro inseparável dos habitantes, principalmente das áreas rurais

da microrregião de Senhor do Bonfim. Além disso, contribuiu muito para a redução

do isolamento em que viviam várias famílias, além de exercer por muito tempo o

papel de socializador, difundindo experiências e conhecimento.

Acredita-se, portanto, que com a implantação do MEB no Município de Senhor do

Bonfim houve de certa forma algum avanço no letramento de jovens e adultos

daquela época, já que a metodologia possibilitava o acesso de uma parcela

considerável da comunidade ao processo de alfabetização, principalmente em

lugares onde o poder do estado era insuficiente e ineficaz.

Page 22: Monografia Lucimar Pedagogia 2010

22

CAPITULO II – OS PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

2.1. A História Oral

Para realização deste trabalho, utilizamos a História Oral como abordagem teórico-

metodológica, por ser capaz de dar voz aos indivíduos que são parte de uma

construção histórica, através de suas experiências em espaços e tempos

diversificados. Essa premissa é o que nos guia para uma possível reconstituição da

experiência do Movimento de Educação de Base – MEB, no município de Senhor do

Bonfim.

Este estudo tem a sua origem na oralidade de alguns professores que atuaram no

projeto, na década de 60, como monitores, coordenadores e professores. A

especificidade do tema sugeriu a utilização da história oral como instrumento de

coleta de informações, a despeito de desconhecermos a existência de alguma

documentação escrita a respeito desta experiência.

A História Oral é um grande auxilio na busca de informações. É também uma

abordagem metodológica interdisciplinar que permite uma interação benéfica com as

disciplinas das Ciências Sociais, na ampliação do ―... conhecimento sobre

experiências e práticas desenvolvidas‖. (ALBERTI, 2008.p.156). Por possibilitar,

entre outras coisas, uma aproximação com o passado – espaço guardião de

experiências e vivências culturais de grupos, a História Oral constitui, sem dúvida,

um universo fascinante.

2.2. As fontes de pesquisa

Os estudiosos dos acontecimentos, experiências, formas de vidas e costumes do

passado, necessitam de um contato mais estreito entre a memória e as possíveis

fontes que possam revelar vestígios, detalhes, indícios que levem a um

conhecimento sobre o objeto a ser desvendado. Na verdade, as fontes históricas ou

vestígio de ações, apresentam os mais variados elementos que permitem o estudo

Page 23: Monografia Lucimar Pedagogia 2010

23

de ocorrências, acontecimentos ou fatos dentro de um contexto, ancorados em um

determinado tempo e espaço geográfico.

As fontes também podem ser construídas, e o que torna possível esta construção, é

a proposta que foi delineada para o estudo de temas que suscitem uma gama de

instrumentos que sejam capazes de auxiliar na compreensão do objeto a ser

pesquisado.

Para o estudo sobre a trajetória do MEB no município de Senhor do Bonfim,

tomamos dois tipos de fontes: as fontes orais e as fontes bibliográficas.

2.2.1. Fontes Orais

Ninguém passa pela vida sem deixar marcas. Importantes ou não, essas marcas

constituem-se em vestígios da passagem do homem em seu local de vivências e o

que referenciam o seu momento e a sua situação histórica.

As fontes orais são elementos que permitem o fornecimento de pistas para o

desvelamento fatos históricos, permitindo ainda ao pesquisador, estabelecer

relações entre os indivíduos, seus costumes e a sua coletividade.

Trabalhar com fontes orais implica em obedecer a uma série de regras

metodológicas, é preciso respeito aos colaboradores e aos seus depoimentos, daí a

necessidade de se estabelecer critérios de escolha. Segundo Alberti (2008, p. 172),

―Para selecioná-los é necessário um conhecimento prévio do universo estudado; é

preciso conhecer o papel dos que participaram e participam do tema investigado...‖

Partindo desse pressuposto, as colaboradoras deste estudo foram escolhidas após

levantamento de dados entre pessoas que viveram na época e estudiosos, tomando

como critério, a atuação destas pessoas dentro do Movimento de Educação de Base

na Bahia e particularmente no município de Senhor do Bonfim.

Page 24: Monografia Lucimar Pedagogia 2010

24

2.2.1.1. Caracterização das colaboradoras

- Professora Osvaldina Barbosa de Cerqueira (Dona Dina) é viúva, nascida no dia

21 de agosto de 1932, na cidade de Pindobaçu, Bahia. Filha de Martinho Barbosa da

Silva e Balbina Jambeiro da Silva, mãe de 04 filhos, sendo 02 homens e 02

mulheres. Tem na Igreja Católica sua opção religiosa. Cursou o Magistério no

Educandário Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento, atualmente reside na Rua

João Rodrigues, 117 em Senhor do Bonfim, Bahia.

- Professora Clélia Oliveira Santos de Freitas (Dona Teinha) é casada com o Sr.

Hélio Freitas. Filha de Jeremias José dos Santos e Angélica Oliveira Santos. É

natural da cidade de Pindobaçu – Bahia, e não quis revelar a data de seu

nascimento. Cursou o Magiatério no Educandário Nossa Senhora do Santíssimo

Sacramento, depois, indo morar em Salvador, cursou Pedagogia e Ciências

Contábeis, atualmente reside na Rua Juvêncio Fialho, nº 242. Ela tem na Igreja

Católica sua opção religiosa.

2.3 Fontes Escritas:

ALBERTI, Verena. (1989). Orientou a utilização das fontes orais na coleta de relatos

de experiência das professoras entrevistadas.

FÁVERO, Osmar. (1984) Uma contribuição para nosso trabalho, com o estudo sobre

os Programas de Alfabetização.

FREIRE, Paulo. (2002) Nos orientou com a contribuição da pedagogia para a

transformação social, através de uma educação libertadora.

HALBWACHS, Maurice. (1990) Que nos ajudou a entender a evocação das

lembranças e da memória.

MACHADO, Paulo Batista. (1991). Historiador regional, trouxe contribuições a

respeito da história de D. Antonio Monteiro, o Bispos que contribuiu para a

Page 25: Monografia Lucimar Pedagogia 2010

25

implantação do MEB na Região de Senhor do Bonfim.

PAIVA, Marlúcia Menezes de (Org.) (2009). Contribuiu para o conhecimento sobre o

MEB em Natal, RN.

WANDERLEY, Luiz Eduardo W. (1984). Auxiliou com seu estudo sobre a educação e

os movimentos de transformação da Igreja Católica.

2.4. Instrumentos da pesquisa

2.4.1. A entrevista temática

Escolhemos esta forma de abordagem, entre outros instrumentos, por concordarmos

com a concepção de Alberti (2008, p 175), de que ―... As entrevistas temáticas são

as que versam prioritariamente sobre a participação do entrevistado no tema

escolhido‖, o que se comprova satisfatoriamente na escolha das fontes que deram

origem a este estudo.

A entrevista temática, aplicada como instrumento principal deste trabalho,

proporciona um momento de interação aos envolvidos: pesquisador e

colaboradores; e mesmo que esta conversa tenha um guia, a conversa sobre o

objeto estudado, tende a fluir com mais liberdade.

2.4.1.1. Guião de entrevista

O Guião é um roteiro de perguntas elaboradas de acordo com o objetivo da temática

em estudo, para este trabalho foi utilizado um guia dividido em cinco partes, assim

composto:

1. Identificação dos colaboradores;

2. Informações sobre o Movimento de Educação de Base no Município;

3. O aluno e os professores do MEB;

Page 26: Monografia Lucimar Pedagogia 2010

26

4. As aulas se seus desdobramentos;

4.1. Os recursos e materiais didáticos utilizados;

5. A orientação pedagógica.

2.4.2. Carta Cessão de Direitos

CESSÃO DE DIREITOS SOBRE DEPOIMENTO ORAL PARA A UNEB

1 – Pelo presente documento...........................brasileira, estado

civil)......................(profissão)..........carteira de identidade nº......., emitida

por.................... CPF nº................, residente e domiciliada

em..................................................., Município de Senhor do Bonfim, Bahia..cede e

transfere nesse ato, gratuitamente, em caráter universal e definitivo ao Campus VII

da Universidade Estadual da Bahia (UNEB) a totalidade dos seus direitos

patrimoniais de autor sobre o depoimento prestado no dia ....de ...................... de

2010, perante o pesquisador..........................................................................................

2 – Na forma preconizada pela legislação nacional e pelas convenções

internacionais de que o Brasil é signatário, o DEPOENTE, proprietário originário do

depoimento de que trata este termo, terá, indefinidamente, o direito ao exercício

pleno dos seus direitos morais sobre o referido depoimento, de sorte que sempre

terá seu nome citado por ocasião de qualquer utilização.

3 – Fica pois o Campus VII da Universidade do Estado da Bahia (UNEB)

plenamente autorizado a utilizar o referido depoimento, no tido ou em parte, editado

ou integral, inclusive cedendo seus direitos a terceiros, Brasil e/ou no exterior.

Sendo esta forma legitima e eficaz que representa legalmente os nosso interesses,

assinam o presente documento em 02 (duas) vias de igual teor e para um só efeito.

...............[ assinatura da entrevistada ]............

TESTEMUNHAS:

____________________________ _____________________________

Page 27: Monografia Lucimar Pedagogia 2010

27

2.5. Local da pesquisa

2.5.1. Mapa de localização7.

7 PAZ, Maria Gloria da. História e educação de mulheres remanescentes indígenas de Missão do

Sahy. Tese de doutorado. UFRN: Natal, 2009

Page 28: Monografia Lucimar Pedagogia 2010

28

2.5.2. O Município de Senhor do Bonfim

O município de Senhor do Bonfim – hoje sede da 28ª região administrativa da Bahia

– segundo historiadores regionais, teve a sua origem ligada às margens de uma

lagoa, atual Praça Simões Filho, local de paragem/passagem de tropeiros e

aventureiros que se dirigiam às minas da Jacobina, e aos que, em direção contrária,

iam ao encontro das localidades banhadas pelas águas do Rio São Francisco.

Seu povoamento origina-se na localidade de Missão do Sahy (1697), localidade

pertencente ao Município de Senhor do Bonfim. Comunidade essa formada por

remanescentes indígenas e que, inevitavelmente, sofreram a influência religiosa dos

Franciscanos.

―Com efeito, no final do século XVII, fundaram os franciscanos o Arraial de Missão de Nossa Senhora das Neves do Sahy, centro regional de catequização, isto é, de divulgação, transposição de idéias, da mentalidade cristã para a indígena.‖ (Waldísio Araújo, 2001)

Senhor do Bonfim, conta atualmente com um índice populacional de

aproximadamente 72.511, distribuídos em seus 816,70 Km². O município vem

experienciando, timidamente, alguns avanços em seu desenvolvimento,

principalmente, na expansão do comércio – sua vocação principal:

―[...] O permanente caráter transitivo, aliado a elementos como a relativa escassez de água, a diminuição gradual do território e a ascendência do setor de serviços, liderado pelo comércio, sobre a economia local dão tônica a história de Bonfim, dos primeiros tropeiros até os dias de hoje.‖ (Waldísio Araújo, 2001)

Outro aspecto importante que se destaca é o crescente oferecimento de vagas nas

várias áreas do ensino, com especial atenção para o ensino superior. Desde o

pioneirismo da Universidade do Estado da Bahia - UNEB até a mais recente

instalação da Universidade do Vale do São Francisco - UNIVASV, inúmeras são as

vagas oferecidas, inclusive em cursos à distância. E foi através de um ensino de

qualidade que a educação em nosso município foi referência no Estado,

principalmente, até a década de 60 e início da década de 70, e que busca hoje a

Page 29: Monografia Lucimar Pedagogia 2010

29

consolidação, mais uma vez, como pólo educacional do nosso Estado. Resultante

dessa visibilidade educativa/cultural do Município de Senhor do Bonfim,

referenciadas, principalmente, pelo Colégio Maristas e pelo Educandário Nossa

Senhora do Santíssimo Sacramento e, também, por outros estabelecimentos

públicos.

Page 30: Monografia Lucimar Pedagogia 2010

30

CAPITULO III – O MEB E SUA IMPLANTAÇÃO NO MUNICIPIO DE

SENHOR DO BONFIM

3.1. A implantação do MEB em Senhor do Bonfim: uma data

imprecisa e uma origem na Igreja católica

O Movimento de Educação de Base – MEB, foi uma iniciativa da Igreja Católica,

implantada pela da Conferencia Nacional dos Bispos do Brasil- CNBB, por volta de

1961. Fávero (2004) credita ao então Arcebispo de Aracajú – D. José Vicente Távora

– a iniciativa de formalizar à Presidência da República, a proposta de ampliação do

Programa Brasileiro de Alfabetização e Educação de Base, através das Escolas

Radiofônicas. É importante ressaltar que a experiência de D. Eugênio Sales, em

Natal, foi o grande marco inspirador para a iniciativa de D. José Vicente.

O Movimento em si foi criado em 1961 pela Conferência Nacional dos Bispos do

Brasil-CNBB e concretizada a partir da parceria com a Presidência da República,

alguns Ministérios e Órgãos Federais, Estaduais e Municipais.

―O Programa teria a duração de cinco anos, devendo ser instaladas, no primeiro ano, 15 mil Escolas Radiofônicas, a serem aumentadas progressivamente. (Fávero, 2004)

Para a concretização desta proposta, a Igreja Católica – via CNBB – colocaria à

disposição do Governo Federal a Rede de Emissoras filiadas à Representação

Nacional de Emissoras Católicas - RENEC.

Segundo narrativas de duas professoras que participaram do movimento, o

programa pretendia atingir sete municípios da circunscrição da Diocese, mas

somente foi possível instalar em quatro: Senhor do Bonfim, Jacobina, Campo

Formoso e Antônio Gonçalves. A data de sua implantação é motivo de dúvida, em

virtude das participantes não se lembrarem com precisão. Para a primeira

colaboradora, a implantação se deu “No primeiro semestre...não me lembro o

Page 31: Monografia Lucimar Pedagogia 2010

31

mês...do ano de 1962.”, para a segunda colaboradora a implantação se deu “mais ou

menos...deve ser em 60 e 61, (...)”, provavelmente, a implantação do MEB em

Senhor do Bonfim, se deu por volta de 1961, pelo então Bispo da Diocese, D.

Antônio Monteiro, como lembra a Prof. Clélia:

Dom Antônio Monteiro...aí Dom Antônio mandou... eu recebi o convite...que eu fosse lá a tarde, ao Bispado. Aí eu fui, quando eu cheguei lá... foi aí que eu tive o primeiro contato com a palavra – com o nome MEB... com o movimento...Ele disse: Professora Clélia, vai haver um movimento...É um projeto...falou do projeto...E que esse projeto iria ser criado aqui em Bonfim também e que eu tinha sido escolhida pra uma das representantes aqui...Eu fui a primeira.

Dom Antonio Monteiro foi o 4º Bispo da Diocese de Senhor do Bonfim, tomou posse

em 09 de junho de 1957. Dentre as conquistas mais importantes no seu Ministério

em Senhor do Bonfim, destacam-se: A realização do Congresso Eucarístico

Diocesano, em outubro de 1958; a criação do Círculo Operário, em 01 de maio de

1959 e a criação do Instituto Bonfinense de Assistência e Previdência Social - IBAPS

e a Inauguração do Hospital Regional, ambos em 1966, e a implantação do MEB em

Senhor do Bonfim.

Por volta de 19618, na Conferência da CNBB realizada no Rio Grande do Norte, os

bispos do Brasil decidem pela necessidade de mobilizar para reduzir as

desigualdades de acesso à educação, especialmente nas classes populares; criando

um movimento de alfabetização através do radio, conhecido como as Escolas

Radiofônicas. A proposta de alfabetização das classes populares é uma atividade

identificada por uma das colaboradoras como uma proposta da Igreja. “Olha, o MEB

foi um movimento criado por religiosos... pelo menos aqui na Bahia, não sei te falar

em outro lugar.”

3.2 A formação dos recursos humanos: um treinamento no Grande

Hotel de Itaparica

Para a concretização dos objetivos pedagógicos inseridos na proposta de

alfabetização do MEB, se fazia necessário, entre outras coisas, um trabalho de

8 MEB - Quem somos? http://www.bicopapagaioam.hpg.com.br/meb.htm

Page 32: Monografia Lucimar Pedagogia 2010

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capacitação/formação dos professores que atuariam na implantação e realização do

projeto. ―(...) E a partir daí eu tive contato com o pessoal de Salvador...Aí eu fui pra

Salvador, fiz um curso, se não me engano de 15 dias, parece... no Grande Hotel de

Itaparica (...)”. Capacitar e/ou formar educadores e educadoras para trabalhar com

jovens e adultos analfabetos é um grande desafio, pois necessita de tempo e

recurso financeiro para que seja desenvolvido um trabalho que nem sempre alcança

os resultados desejados. Essa clientela requer um tratamento especial, daí a

necessidade de se elaborar programas que sejam capazes de auxiliar os

professores na melhoria das suas práticas pedagógicas em sala de aula,

reconhecendo a vivência, dessas pessoas, fora da escolarização.

Se por um lado, o Movimento de Educação de Base propunha uma leitura

pedagógica alinhada com a valorização do código oral e da Cultura Popular, além do

processo de conscientização dos trabalhadores, por outro lado, havia certa

desconfiança por parte das elites e setores militares que visualizavam um caráter

subversivo nesse tipo de educação.

(...) nós tínhamos que apresentar à sociedade bonfinense o movimento que ia surgir...(...) nós fomos convidadas pra um jantar, me lembro bem,no Rotary Club, que foi ali na 25, cujo o diretor presidente era o Sr Lamartine. Ele nos convidou – nós fomos,,, e lá, nós falamos o que era o movimento.

Após o período de aproximação com os objetivos do Movimento, no treinamento

realizado em Salvador-Bahia, tanto D. Clélia quanto D. Osvaldina, foram as

responsáveis pela difusão do movimento, na cidade de Senhor do Bonfim e região,

(...) Mais o movimento mesmo, o Movimento de Educação de Base era ensinar as

pessoas – alfabetizar as pessoas que não tiveram condições de serem alfabetizadas

no tempo certo.

De acordo com Manhas:

―Dentre as formas de educação, a educação popular é a que mais se aproxima de uma formação para a cidadania, que respeita e difunde a diversidade, além de ter em seu horizonte a emancipação das pessoas que participam dos processos educativos, sejam elas educandas ou educadoras.‖ (2010, p. 65)

Portanto, o processo de capacitação para professores formadores, seria o caminho

Page 33: Monografia Lucimar Pedagogia 2010

33

mais viável para que pudessem utilizar a nova metodologia, e o uso do rádio, como

veículo de comunicação e de educação, já que tinha a capacidade de atingir um

maior número de pessoas em pouco tempo. Nascia aí, neste momento, uma forma

de educação à distância. Para Paiva (2009) ―A formação de pessoal em todos os

seus níveis de atuação, era das grandes preocupações do MEB, considerando a

necessidade de capacitação específica para atividades próprias de um sistema rádio

educativo.‖ ( p. 114).

Assim, a formação dos professores que atuaram no MEB, em Senhor do Bonfim,

seguiu a mesma metodologia desenvolvida em outros Estados, inclusive, alcançado

algum êxito na implantação da proposta do movimento, apesar das circunstâncias

adversas.

3.3 O aluno do MEB: como era feito o seu recrutamento

O ―recrutamento‖ dos alunos para os programas de alfabetização de jovens e

adultos, desde a proposta do MEB até os dias atuais, ainda são basicamente os

mesmos: geralmente os professores ou monitores dos programas vão até as

associações ou de casa em casa, em busca de pessoas que não tenham

completado a escolarização ou pessoas que sejam analfabetas – tipo de clientela a

quem se destinam a maioria dos programas. No depoimento de Dona Osvaldina, fica

clara a classificação dos alunos a quem se destina o MEB “[...] O analfabeto ou

semianalfabeto[...], o que revela uma das faces da população pobre do Brasil, num

momento de transição de governo, em que a modernização do estado era uma

prioridade, porém deixando como legado um momento de desequilíbrio financeiro na

chegada de novo governo. Provavelmente este episódio tenha sido mais um motivo

de preocupação da Igreja Católica no Brasil, que sob novos princípios – Vaticano II,

sai em defesa dos mais necessitados.

Como se dava esse recrutamento, professores e monitores saiam em busca de

pessoas que estivessem dentro desta classificação: analfabetos ou semianalfabetos,

para isso, segundo depoimento de Dona Clélia,

Page 34: Monografia Lucimar Pedagogia 2010

34

―[...] Nós íamos para os distritos ou para a periferia – De manhã – chegávamos de manhã [...] Aí nós íamos de casa em casa, avisar o pessoal que ia ter uma reunião – Perguntava como era melhor!!! O pessoal dizia 05 horas! Aí já tínhamos uma casa, quando tinha uma reunião, como geralmente toda casa é um pequeno quadrado né...aí nessas casas...[...]a gente criava uma escola.‖

Tal revelação nos remete à realidade de Programas atuais como, por exemplo, o

TOPA – Todos pela Alfabetização, instituído pelo Governo da Bahia e cujo processo

de recrutamento dos alunos, sugere a mesma metodologia usada pelo MEB, ou seja,

o professor alfabetizador para criar as suas classes se deslocam até o aluno,

fazendo visitas nas residências ou nas reuniões de associações da comunidade,

buscando pessoas com idades entre 18 até 100 anos, “(...) A partir dos 18 anos até,

se possível, 100 anos”; com pouca ou nenhuma escolaridade, para participarem do

referido programa. Dona Clélia deixa transparecer que a convocação acontecia com

certa rigidez:

Era assim; nessa reunião a gente falava sobre a importância disso...desse trabalho e aí tinham vários senhores que trabalhavam com agricultura que plantavam... e eles, a gente não dizia assim você vem, você vem, você vem, não. Era uma coisa espontânea, eles vinham e nos dias das aulas ficava cheio.

Obviamente, que entre a atuação do MEB e os programas atuais, existem elementos

que convergem e divergem ao mesmo tempo. Como ponto de convergência,

destacamos: as formas de recrutamento e o ambiente as aulas, que ainda continuam

funcionando em casas de famílias, depósitos ou salões paroquiais. Por outro lado,

outros elementos não se assemelham com os programas da atualidade. O trabalho

é remunerado e os recursos financeiros que são satisfatórios para garantir toda a

logística do programa. E ainda, o MEB que utilizava o rádio para transmissão das

aulas, além de manter um monitor voluntário em cada sala, acompanhando e tirando

as dúvidas dos alunos, atualmente o caráter presencial dos alfabetizadores e

monitores dão a tônica de todo o processo ensino/aprendizagem.

3.4 O Ministrante: um monitor escolhido pelas comunidades

Na maioria das vezes, os monitores eram indicados por membros da Igreja Católica.

No exemplo de Bonfim, essa indicação era extraída das diversas discussões feitas

Page 35: Monografia Lucimar Pedagogia 2010

35

com a participação da comunidade, como lembrou Dona Osvaldina. Além das

referências descritas anteriormente, os monitores possuíam a atribuição de serem

líderes comunitários, portanto, pessoas conhecedoras das demandas do povo da

sua comunidade. A partir de uma concepção de mundo estruturada nas mais

diversas áreas do conhecimento, os atuais monitores vinculam-se aos mais recentes

paradigmas da educação contextualizada, estabelecendo um elo necessário com a

proposta ―freiriana‖ e os princípios da Educação Popular. Contudo, isso não significa

que as estratégias de formação dos monitores no Movimento de Educação de Base

fossem inferiores ou não tivesse algum valor significativo.

Assim, nos reportamos aos recentes trabalhos da Universidade – nas áreas de

coordenação e formação dos alfabetizadores, no sentido de que ela ressignifica e

consolida ainda mais os valores de toda a trama da educação. Dentre as proposta

do MEB para a seleção dos monitores, destacamos esse perfil a partir dos escritos

de Wanderley (1984) que, segundo princípios definidos pelo movimento, sugere o

seguinte:

Monitores, elementos da comunidade, que desenvolviam trabalho voluntário e gratuito, na instalação de escola, matrícula dos alunos, controle de sua freqüência, auxilio aos alunos para o aproveitamento das aulas radiofonizadas, aplicação de provas, envio de relatórios mensais sobre o andamento da escola. Fixava-se como requisito mínimo que soubessem ler e escrever e demonstrasse capacidade de seguir as instruções das aulas radiofonizadas. Eram treinados para as suas funções e apoiados pelos supervisores, inclusive nos trabalhos comunitários. Para isto, desejava-se que tivessem liderança efetiva, ou pelo menos potencial, e cuidava-se de sua capacitação e promoção.(p. 125)

Através da citação podemos entender que o monitor era um facilitador, não recebia

remuneração para exercer a função. Para Dona Dina “Um monitor [era] escolhido pela

comunidade e depois de aceitar voluntariamente a missão, comparecia na sede do

Município de Senhor do Bonfim para um curso de orientação durante 05 dias.”

Os supervisores contavam com a ajuda dos Maristas, que cediam uma sala de aula

para que houvesse o treinamento dos monitores. As dificuldades eram muitas, sem

transporte e sem lugar para se instalarem nas comunidades rurais, como relata

Dona Clélia, ― mais...era uma dificuldade tão grande da gente ir que a gente passava

o dia quase todo sem beber água...eu tenho que registrar isso, a gente levava...a

Page 36: Monografia Lucimar Pedagogia 2010

36

gente levava laranja para a gente chupar, porque era aquelas água sem tratamento,

era assim, passava o dia todo seco [...]”, já os coordenadores atuavam orientando

os monitores a cada semestre, contando com a colaboração de uma supervisora que

vinha de Salvador para ajudar nesta tarefa.

3.5. AULAS NO MEB: Um aparelho de radio cativo

As experiências com ensino à distância remontam a décadas anteriores e se davam

através das Escolas Radiofônicas, com a utilização do rádio incorporado na

metodologia de ensino do MEB. “[...] era um radio você sabe disso né, as aulas eram

transmitidas pelo rádio...[...] as aulas, muitas vezes era, era transmitidas de Feira de

Santana... acredita?”. O relato de Dona Clélia afirma a utilização desse veículo de

comunicação, o que acabava tendo um nível de abrangência maior, mais célere e

próximo da realidade de comunidades mais distantes.

Segundo informação de Dona Dina, os aparelhos de rádio eram oferecidos pela

CNBB, logo após o treinamento realizado em Salvador. Ela lembra ainda que os

rádios eram padronizados e sintonizados apenas para recepção exclusiva via Rádio

de Feira de Santana, “Através de um aparelho de rádio (cativo), isto é, focalizado apenas

na Emissora de Feira de Santana, com a supervisão do monitor.” Por ser ―cativo‖ pode se

considerar que havia o controle por parte da Igreja Católica, e tinham uma função

específica já que os rádios não emitiam outras informações, senão, aquelas de

interesse do programa.

A metodologia aplicada nas aulas do MEB tinha como objetivo a escolarização e a

conscientização política das pessoas. Percebe-se, também, que havia um cuidado

com a aplicação de conteúdos, estes deveriam ter algum significado representativo

para a proposta do programa: a formação cidadã e político-ideológica como afirma

Paiva (2009)

[...] dessa forma, [a educação] poderia motivar os camponeses a lutarem unidos pela modificação das condições injustas em que viviam, a se sentirem participantes da vida da sua comunidade, do Estado e até mesmo do País e do Mundo. ( p. 76)

Page 37: Monografia Lucimar Pedagogia 2010

37

O que se nota é que havia uma unicidade na aplicação dos princípios que norteavam

a proposta do MEB, sendo estes princípios observados em todas as regiões,

inclusive em Senhor do Bonfim, como nos relata uma das entrevistadas “ Primeiro

que tudo a alfabetização, para que pudessem se inteirar e conhecer os problemas

do nosso país, conhecer seus direitos e deveres, [ posteriormente] saber escolher os

governantes, escolher formas de governo, etc.”

A duração das aulas era de 02 (duas) horas, geralmente no horário das 19:00 horas

às 21:00 horas, assim estabelecido após discussão e aprovação dos alunos e todo o

pessoal da comunidade,

―O método utilizado nas aulas radiofônicas, em si, não se constituía uma inovação. O novo foi a aplicação através do rádio, direcionada a jovens e adultos, utilizando uma temática relacionada à realidade do campo, possibilitando o questionamento dessa realidade.‖ (Paiva (org), 2009, p. 76)

Também ficam claras as dificuldades em termos das condições materiais para

realização das aulas, pois além do rádio, o monitor administrava também os poucos

recursos disponíveis.

O Material didático era dado pela igreja era fornecido pelo pessoal da Igreja, era o que? Era cartilha, era alguma coisa nesse sentido, antigamente, quando eu estudei era ABC, existia isto ou era alguma coisa diferente apostila ou outra coisa neste sentido.(Dona Clélia) ―Quadro de giz, uma cartilha, cadernos, lápis e folhetos mensais, de acordo com os assuntos a serem focalizados.‖ (Dona Dina)

As dificuldades se estendiam a toda operacionalização do programa, e não somente

quanto a questão de material didático,

Professor, lápis com caneta, não tinha muito recurso não, desde o inicio eu lhe falei que nós não tínhamos transporte não é? Aí depois ficou...você sabe que Bonfim é grande...os lugares bem distantes eles iam com Jipe... a gente já tinha um Jipe para que pudesse viajar né de um lugar para outro, que eu acho que foi um conforto...o marido de Edinha, outro motorista foi o esposo de Edite ela poderá falar isso...Eu sei que foi Edilza ou Dinha... quando eu saí Dinha ficou e não sei quem mais...era uma dificuldade tão grande da gente [para]ir [...] a gente passava o dia quase todo sem beber água...eu tenho que registrar isso... a gente levava...a gente levava laranja para a gente chupar porque era aquelas água sem tratamento, era assim... passava o dia todo seco...eu e Dinha no inicio, eu e Osvaldina trabalhei um tempo com ela.

Apesar de todas as dificuldades encontradas para implementação desse programa

Page 38: Monografia Lucimar Pedagogia 2010

38

em Senhor do Bonfim, encontramos em vários momentos, nas falas das nossas

entrevistadas, que atuar neste, enquanto colaboradora no MEB, foi prazeroso e

gratificante. A nota triste fica por conta da cassação dos ideais do movimento pelo

governo militar. Para Dona Clélia, o movimento deveria ter ido adiante.

―Eu queria acrescentar que fiquei com pena de ter terminado esse movimento, que o pessoal sentiu, porque era muito bom, para as pessoas que trabalham na, na... na periferia e que não tem tempo de estudar de dia... porque trabalham o dia todo na lavoura e a noite está livre.‖

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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS Enfim, o fim... ou será um novo começo?

É a partir dessa indagação que nos permitimos a tecer algumas considerações

sobre o esforço desprendido nessa tentativa de reconstituição, em pequenos

fragmentos, de um importante acontecimento que fez parte da história da educação

do município de Senhor do Bonfim, nos anos 60.

Registrar relatos sobre o Movimento de Educação de Base- MEB nesta região, foi

sem dúvida, um exercício não tão simples, mas um dos mais agradáveis,

considerando a nossa aproximação com histórias que revelaram algumas

metodologias como a utilização do rádio para transmissão de aulas à distância.

Prática presente hoje em varias modalidades, tais como: Telecursos, Ensino

Superior a Distancia-EaD, dentre outros mais avançados e que são vistos hoje como

uma grande novidade.

Esse estudo possibilitou, entre outras coisas, uma aproximação com os estudos de

Paulo Freire e as suas contribuições para o MEB, o que nos levou a um

entendimento sobre esse movimento educacional. E que através de uma escola

radiofônica fez chegar o programa de alfabetização de jovens e adultos, aos lugares

mais recônditos do país. Além disso, o estudo nos fez compreender as reações

causadas por esse acontecimento na vida das pessoas que atuaram nesse

processo. “[...[ na minha cabeça aquilo ia ser bom para o povo...então naquele momento

que era bom para o povo, que eu estava ajudando o povo foi no sentido, ninguém ...eu nunca

sentir ameaça, depois que eu saí foi que veio o medo.”D. Clélia

As entrevistadas em seus relatos, nos fizeram ver quão rica foi esta experiência,

apesar do receio que ainda demonstram ao tocar em determinados assuntos, como

a tomada do Movimento de Educação de Base pelo governo militar, inclusive

levando-as a situações constrangedoras. Uma dessas situações foi a de ter que

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prestarem depoimentos sobre a sua atuação no programa, preconcebida como uma

provável conduta política antigoverno.

Apesar desse transtorno e da interrupção do programa, ainda é possível dizer que

foi uma experiencia exitosa, visto que, a distância que nos separa daquela época

não foi suficiente para apagar da memória todos os passos dados para a

implantação do programa no município.

Para elas, esta ainda foi uma bela experiência e, mesmo tendo pouca duração,

deixou a certeza de que poderia ter dado certo “[...] Eu queria acrescentar que fiquei

com pena de ter terminado esse movimento, que o pessoal sentiu.”

Finalizando, assumimos que nunca foi nossa pretensão esgotar a discussão sobre o

MEB neste trabalho; é nosso desejo continuarmos insistindo na busca de novas

evidencias que consequentemente nos levem a outras histórias, para que possamos

através de relatos e documentos, reconstituir a história desse movimento em toda

nossa microrregião

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5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALBERTI, Verena . História Oral: a experiência do CPDOC. Rio de Janeiro: Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil, 1989. ALMEIDA, Luciano Mendes de... [et al].Igreja e Educação Popular – O MEB: Ontem e Hoje. Cadernos da AEC do Brasil, nº 24, Brasília (DF), AEC, 1985. BOSI. Ecléa. Memória e Sociedade: lembranças de velhos 10. ed São Paulo: Companhia das Letras, 2003. Brandão, C. R. Os deuses do povo. São Paulo, Brasiliense, 1980.

BRANDÃO, Carlos R. O que é método Paulo Freire. Coleção primeiros passos n. 38, 5ª edição. Editora Brasiliense. São Paulo, 1983. BRANDÃO, Carlos Rodrigues. A educação como cultura. São Paulo: Mercado de Letras, 2002. CARVALHO. José Murilo de. Cidadania no Brasil: o longo caminho. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001. p. 164. D‘ARAÚJO, Maria Celina. Os anos de chumbo: memória militar sobre a repressão. Rio de Janeiro: Relume-Dumará, 1994. FÁVERO, Osmar. Uma Pedagogia de Participação Popular: Análise da Prática Pedagógica Do MEB (1961 A 1966). São Paulo, PUC, 1984.(Tese de Doutorado) __________. MOVIMENTO DE EDUCAÇÃO DE BASE – Primeiros tempos: 1961 – 1966. Texto apresentado no V Encontro Luso-Brasileiro de História da Educação, realizado em Évora, Portugal, de 05 a 08 de abril de 2004, página 02. FERREIRA, Elizabeth Fernandes Xavier. Mulheres, militância e memória. Rio de Janeiro: Editora Fundação Getúlio Vargas, 1996. FREIRE, Paulo. ―O processo de Alfabetização Política – uma introdução . IN Ação Cultural para a Liberdade e outros escritos. São Paulo:Editora Paz e Terra, 2002, PP-101-111. _____________. Pedagogia da Autonomia – saberes necessários à prática educativa. Paz e Terra. São Paulo. 1999. _____________. Pedagogia do Oprimido. Editora Paz e Terra. Rio de Janeiro, 1981. GOHN, Maria da Glória Marcondes. Movimentos Sociais e Educação. São Paulo, Cortez, 1992.

Page 42: Monografia Lucimar Pedagogia 2010

42

HALBWACHS, Maurice. A memória coletiva. São Paulo: Vértice, 1990. IANNI, Octávio. Formação do estado populista. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1975. IANNI, Otávio. O colapso do populismo no Brasil. 4. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1997, p. 173. LEITE, Sebastião Uchoa. Cultura popular: esboço de uma resenha crítica. In FÁVERO, Osmar (org). Cultura, Educação popular: memória dos anos 60. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1983. p.247-26 MACHADO, Paulo Batista. Dom Antonio: um santo vela sobre nós! : CEPRE. 1991. Movimento de Educação de Base – MEB – 40 anos – Crônicas. Brasília, MEB Arte e Movimento, 2001. NUNES, Clarice. Ensino e Historiografia da Educação in Revista Brasileira de Educação (1): Jan/Fev/Mar/Abr 1996. PAIVA, Vanilda. ―Estado e educação popular: recolocando o problema‖ IN A questão política da educação popular. São Paulo: Editora Brasiliense, 1985.

PAIVA, Marlúcia Menezes de (Org.) Escolas Radiofônicas de Natal: uma história construída por muitos (1958-1966). Brasília : Líber Livro Editora, 2009. PAZ. Maria Gloria da. História e educação de mulheres remanescentes indígenas de Missão do Sahy – Tese (Doutorado em Educação) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ciências Sociais Aplicadas. Programa de Pós-Graduação em Educação,.Natal, 2009. 204,f. REIS FILHO, Daniel Aarão. A revolução faltou ao encontro: os comunistas no Brasil. Ed. Brasiliense: São Paulo, 1990. p. 57.

ROMANELLI, Otaíza Oliveira. História da educação brasileira (1930-1973). Petrópolis, RJ: Vozes, 1984. WANDERLEY, Luiz Eduardo W. Educar para Transformar: Educação Popular, Igreja Católica e Política no Movimento de Educação de Base. Petrópolis, Ed. VOZES, 1984.

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6. FONTES ELETRONICAS

www.anped.org.br/reunioes/27/gt05/p051.pdf www.fundaj.gov.br www.telebrasil.org.br/ead.pdf www.catolicanet.com www.domhelder.com.br www.forumeja.org.br/book/export/html/1435 www.abeno.org.br/revista/arquivos_pdf/2005/Abeno_5-1.pdf. www.webartigos.com/articles/29760/1/a-educao-de-jovens-e-adultos-no-brasil-tragetrias-histricas-e-pedaggicas/pagina1.html. www.waldisio.com/ensaios/humanas/004senhordobonfim.php www.bicopapagaioam.hpg.com.br/meb.htm www.ufpi.br/mesthistoria/downloads/uploads_dissertacao/amparo/cap1.doc http://www.rumoatolerancia.fflch.usp.br/material/monografias_e_teses/edu/edu

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7. FONTES ORAIS

Clélia Oliveira Santos e Freitas, entrevista cedida no dia 19 de abril de 2010 Osvaldina Barbosa de Cerqueira, entrevista cedida em 04 de maio de 2010

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8.

APÊNDICE

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AS QUESTÕES:

PARTE I

Dados pessoais, endereço e formação.

PARTE II

1. O que pode nos informar sobre o MEB?

2. Quando foi a sua implantação na Bahia e no Município?

3. Em quais comunidades o MEB foi implantado?

PARTE III

1. Quem era o aluno do MEB? E como é que o aluno era recrutado?

2. Quem era o ministrante das aulas do MEB?

PARTE IV

1. Como eram as aulas do MEB?

2. Que tipo de recurso era utilizado para ministrar as aulas?

3. Que tipo de material didático era utilizado pelos alunos e professores?

PARTE V

1. Havia alguma orientação pedagógica? E quem fazia esta orientação?

2. A senhora gostaria de falar mais alguma coisa sobre o MEB?

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9.

ANEXOS

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO / CAMPUS VII COORDENAÇÃO DE TCC DISCIPLINA: MONOGRAFIA PROFESSORA: SIMONE WANDERLEY

TERMO DE COMPROMISSO DO ALUNO PARA REALIZAÇÃO DE TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

NOME DO ALUNO(A): Lucimar Batista de Andrade

ENDEREÇO: Rua Otávio Mangabeira, 371 – Bairro da Lagoa

TELEFONE: (74) 9199-7970

E-MAIL: [email protected]

NOME DO ORIENTADOR(A) e QUALIFICAÇÃO:

MARIA GLORIA DA PAZ / Doutoranda em educação (Cultura e Historia da

Educação) pela UFRN

ENDEREÇO PROFISSIONAL:

Departamento de Educação- Campus VII, Senhor do Bonfim-Bahia

TÍTULO DO PROJETO DE MONOGRAFIA:

História dos Movimentos Sociais: O Movimento de Educação de Base – MEB, no

Município de Senhor do Bonfim-Bahia, no período de 1962 a 1964.

PROJETO DE PESQUISA DO QUAL FAZ PARTE (se for o caso):

LOCAL ONDE SERÁ DESENVOLVIDO: __________________________________ DATA DE INÍCIO DO PROJETO:

RESUMO DO PROJETO:

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Declaro que tomei ciência da programação e objetivos que regem a disciplina

Monografia, obrigatória para os alunos de Licenciatura em Pedagogia, na Universidade do Estado da Bahia – UNEB, Departamento de Educação – Senhor do Bonfim.

Senhor do Bonfim, _______ de _______________ de 2008.

_______________________________________ Aluno

_______________________________________ Orientador

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FIGURAS

FIGURA 1 – CARTILHA BENEDITO FIGURA 2 – CARTILHA JOVELINA

FIGURA 3 – CARTILHA VIVER É LUTAR

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FIGURA 4 – CARTILHA MUTIRÃO 1º LIVRO

FIGURA 5 – CARTILHA MUTIRÃO 1º LIVRO

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FIGURA 6 – CARTILHA MUTIRÃO 1º LIVRO

FIGURA 7 – CARTILHA MUTIRÃO PARA A SAÚDE

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO CAMPUS VII – SENHOR DO BONFIM

CURSO: PEDAGOGIA CURRICULAR: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – TCC DISCENTE: LUCIMAR BATISTA DE ANDRADE

NOME DA PESQUISADA:_____________________________________________

1. O que pode nos informar sobre o MEB? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

2. Quando foi a implantação do MEB na Bahia e em Bonfim? _____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

3. Em quais comunidades o MEB foi implantado? ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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4. Quem era o aluno do MEB? E como era que o aluno era recrutado? ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

5. Quem era o ministrante das aulas? ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 6. Como eram as aulas no MEB? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________________ 7. Que tipos de recursos eram utilizados para ministrar as aulas?

____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________________________________________________

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____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 8. Que tipo de material didático era utilizado pelos alunos e professores?

____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 9. Havia alguma orientação pedagógica? E quem fazia esta orientação?

____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

10. Qual o período em que senhora atuou no MEB? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 11. O que pode nos informar sobre o MEB? Sua opinião particular.

______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

12. Quem era o Bispo de Bonfim na época de funcionamento do MEB? ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

13. O Bispo apoiava o Movimento? ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 14. Qual a função da senhora no MEB? _____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 15. Qual a faixa etária de alunos do MEB?

_____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 16. Onde as salas de aula funcionavam?

____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

17. Quem eram os monitores e como eram selecionados? ____________________________________________________________________________________________________________________

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________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 18. Qual o tempo de duração das aulas? _____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 19. A senhora lembra o nome de algum aluno(a) ou monitor(a)? ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 20. Em sua opinião, qual era principal proposta do MEB em termo de educação? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

21. Além da Senhora, que outras pessoas colaboraram com o MEB em Bonfim?

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______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 22. Que tipos de dificuldades a senhora encontrou durante ou após a extinção do MEB? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________________

23. As Escolas Radiofônica atingiram seus objetivos perante os(as) alunos(as) e perante à comunidade?

______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________