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1 UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA - UNEB DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VII SENHOR DO BONFIM MARIA ELIZÂNGELA GOMES NUNES O LÚDICO: UMA FORMA PRAZEROSA DE APRENDER NA EDUCAÇÃO INFANTIL SENHOR DO BONFIM 2009

Monografia Maria Eizângela Pedagogia 2009

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Pedagogia 2009

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA - UNEB DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VII

SENHOR DO BONFIM

MARIA ELIZÂNGELA GOMES NUNES

O LÚDICO: UMA FORMA PRAZEROSA DE APRENDER NA EDUCAÇÃO INFANTIL

SENHOR DO BONFIM 2009

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MARIA ELIZÂNGELA GOMES NUNES

O LÚDICO: UMA FORMA PRAZEROSA DE APRENDER NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Monografia apresentada como pré-requisito para conclusão do Curso de Pedagogia: Docência e Gestão de Processos Educativos, Departamento de Educação Campus VII da Universidade do Estado da Bahia.

Orientador: Profº. Pascoal Eron Santos de Souza

SENHOR DO BONFIM 2009

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MARIA ELIZANGELA GOMES NUNES

O LÚDICO: UMA FORMA PRAZEROSA DE APRENDER NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Aprovada em ______ de ______________ de 2009

Orientador: __________________________________________

Prof. Pascoal Eron dos Santos de Souza

Avaliador(a): __________________________________________

Avaliador(a): __________________________________________

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AGRADECIMENTOS Diante de todo o caminho trilhado, chegou-se ao final dessa etapa, e que muitos

foram aqueles que contribuíram de forma direta ou indireta. Quero pois, manifestar a

minha sincera gratidão:

A Deus, por ter me dado forças durante todo o caminho trilhado, nas maiores

dificuldades, Ele está sempre do meu lado.

A Universidade do Estado da Bahia, por ter me possibilitado cursos do Ensino

Superior.

Ao professor Pascoal Eron, que gentilmente aceitou ser meu orientador, fazendo

com que essa pesquisa se tornasse real.

Ao colegiado de Pedagogia e em especial a professora Suzzana Alice que fez com

que compreendesse o verdadeiro sentido de pesquisa e a Professora Maisa que fez

com que despertasse o verdadeiro sentido do lúdico na atuação pedagógica,

fazendo-me despertar por esse tema.

Aos funcionários da biblioteca que sempre estavam à disposição para nos ajudar.

Aos meus familiares que estiveram sempre presentes nos momentos mais difíceis,

prontos a ajudar, como meus pais, minha avó e meu esposo.

A todos os meus amigos do curso, em especial a Eliane Miranda, Adriana de

Carvalho e Camilla Barbosa, que estiveram presentes, juntas em todos os trabalhos;

valeu pelas conversas, discussões e conclusões.

Aos amigos e colegas universitários que durante o curso, juntos estávamos à espera

de uma carona, embaixo de ventos frios e chuva.

Aos caminhoneiros que nos deram carona com o mesmo medo que tínhamos deles.

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Aos professores da Creche Mãe Dedé que sempre estiveram à disposição para nos

ajudar em nossas pesquisas.

A todos vocês, o meu eterno e muito obrigado! Que Deus os abençoe!

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“A criança, um ser em criação, cada ato é para ela uma

ocasião de explorar e de tomar posse de si mesma; ou,

para melhor dizer, a cada extensão a ampliação de si

mesma. É esta operação, executa-a com veemência, com

fé: um jogo contínuo. A importância decorrente de

conquistas, uma vibração incessante”. (Montessori)

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RESUMO

NUNES, Maria Elisângela Gomes. O Lúdico: uma forma prazerosa de aprender na Educação Infantil. Monografia de Conclusão do Curso de Pedagogia com habilitação em docência e gestão de processos educativos apresentada à Universidade do Estado da Bahia – UNEB – Campus VII, 2009. O presente trabalho traz algumas reflexões e considerações sobre a importância das atividades lúdicas para as crianças de Educação Infantil na perspectiva do professor desse nível de ensino da Creche Mãe Dedé, situada no Município de Filadélfia-Bahia. Tendo como tema: o lúdico como forma prazerosa de aprender na Educação Infantil. Ao ressaltarmos sobre a ludicidade, percebemos como muitos professores resumem o lúdico às práticas de brincadeiras acontecidas na sala de aula. Nessa pesquisa, através dos questionários fechado e aberto, fazendo-se uso da pesquisa qualitativa, buscou-se respostas para as inquietações referentes ao objetivo desse estudo. Onde buscamos para o aprofundamento, dialogar com Almeida (2000), Oliveira (2008), Candau (1996), Fazenda (1991), Kishimoto (2002), Silva (2003), Kramer (2001), Machado (2001), Maluf (2008), dentre outros. Por fim, podemos concluir que os professores possuem uma concepção sobre a ludicidade, mas que encaram como algo novo e que necessitam de preparação e recursos para trabalharem de forma lúdica, mas reconhecem a Educação Infantil como alicerce para o desenvolvimento humano, mas é um trabalho que exige formação e dedicação. Conclui-se, que esses profissionais sentem anseios por mais formações, onde possibilitem uma atuação concreta, pois a Educação Infantil não se resume em só brincar sem objetivo, ou só cuidar, mas sim em educar, encaminhar essas crianças visualizando um mundo de formação, para que possam se tornar cidadãos atuantes; para isso, é necessário que reconheçamos a importância da Educação Infantil e possamos quebrar esses estereótipos que ameaçam esse nível de ensino, pois através das atividades lúdicas as crianças se desenvolvem de forma mais prazerosa. Palavras-chave: Atividades lúdicas, Educação Infantil, Professor da Educação Infantil, Processo ensino-aprendizagem.

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 01: Percentual em relação à formação;

FIGURA 02: Percentual em relação ao gênero;

FIGURA 03: Percentual em relação ao tempo de atuação;

FIGURA 04: Percentual em relação à quantidade de aluno;

FIGURA 05: Percentual em relação à renda mensal.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.............................................................................................. 11

CAPÍTULO I ..................................................................................................... 13

1. EDUCAÇÃO INFANTIL, O BRINCAR COMO FORMA LÚDICA............... 13

CAPÍTULO II .................................................................................................... 19

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................ 19

2.1.1 O brincar, o jogo e o brinquedo........................................................ 21

2.2 Educação Infantil: perspectivas e descobertas ................................... 24

2.3 Os paradigmas dos professores da Educação Infantil ........................ 28

2.4 O Professor e o lúdico na Educação Infantil ....................................... 31

2.5 O processo ensino-aprendizagem e o lúdico ...................................... 33

CAPÍTULO III ................................................................................................... 36

3. CAMINHOS METODOLÓGICOS ............................................................. 36

3.1 Pesquisa Qualitativa............................................................................ 36

3.2 Sujeitos da pesquisa ........................................................................... 37

3.3 Lócus da Pesquisa.............................................................................. 37

3.4 Instrumento de coleta de dados .......................................................... 38

3.4.1 Questionário fechado.................................................................... 38

3.4.2 Questionário Aberto...................................................................... 38

CAPÍTULO IV ................................................................................................... 40

4. ANALISANDO E INTERPRETANDO OS DADOS.................................... 40

4.1.1 Formação ..................................................................................... 40

4.1.2 Gênero.......................................................................................... 41

4.1.3 Tempo de Atuação ....................................................................... 42

4.1.4 Quantidade de aluno .................................................................... 43

4.1.5 Renda Mensal............................................................................... 44

4.2 Analisando o questionário aberto........................................................ 45

4.2.1Educação Infantil considerada como alicerce................................ 45

4.2.2 Como deve ser um professor da Educação Infantil? .................... 47

4.2.3 A ludicidade na Educação Infantil................................................. 48

4.3.4 Conceitos sobre as atividades lúdicas e sua importância............. 50

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4.3.5 Os obstáculos encontrados ao se trabalhar com o lúdico ............ 52

CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................... 55

REFERÊNCIAS ............................................................................................ 57

APÊNICES

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INTRODUÇÃO

A educação infantil é concebida como parte integrante da Educação Básica,

trazendo no seu percurso histórico uma idéia de assistencialismo e preparação para

o ensino fundamental; quando na verdade esse nível de ensino está atrelado a uma

formação que contribuirá para todo o desenvolvimento humano. Este trabalho

buscou analisar a importância que as atividades lúdicas proporcionam ao

desenvolvimento das crianças da Educação Infantil, em uma perspectiva

pedagógica.

A pesquisa é composta por quatro capítulos:

No Capítulo I, trazemos as concepções das funções da Educação Infantil marcadas

pelo percurso trilhado, como também a função do educador que é o mediador desse

processo, mostrando a intermediação entre a prática pedagógica e a importância da

presença do lúdico nessa prática, pois atuar nesse nível vai além do cuidar e

ensinar, mas preparar para uma vida futura. Atuar na Educação Infantil exige

formação e dedicação.

No Capítulo II, buscamos uma reflexão entre a prática com apoio em autores que

retratam sobre a importância das atividades lúdicas no contexto infantil, mostrando

os pontos referentes aos conceitos-chave.

No Capítulo III, ressaltamos sobre os procedimentos que realizamos em busca de

respostas. Trazemos então a metodologia, mostrando como surgiu a necessidade

dessa pesquisa. Referindo-se ao enfoque qualitativo. Identificando também, o lócus,

sujeitos e os instrumentos de coleta de dados.

No Capítulo IV, apresentamos a análise e interpretações dos dados, nesse aspecto

procurou-se analisar as falas dos professores, comparando com as concepções

trazidas pelos autores. Essa análise foi dividida em categorias, tentando buscar

respostas para os objetivos almejados na pesquisa

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Por fim, fazemos algumas considerações buscando apresentar os resultados

definidos dessa pesquisa, sem intenção de maquiá-los, mas mostrar a realidade

educacional do nosso lócus, evidenciando que muito ainda pode ser feito por esse

nível de ensino que é a base de todo o desenvolvimento intelectual humano.Assim

sendo, evidencia-se relevante a presente pesquisa, uma vez que focaliza a

necessidade de reconhecer a importância do lúdico no cotidiano das crianças.

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CAPÍTULO I

1. EDUCAÇÃO INFANTIL, O BRINCAR COMO FORMA LÚDICA.

Ao longo da história da Educação Infantil, percebemos esta etapa educativa é

recente aqui em nosso país, surgindo com a sociedade capitalista, urbano-industrial,

pois crescia o número de empregos, e as crianças precisavam de cuidados

enquanto seus pais trabalhavam. Esse tipo de educação surgiu com a função de

“guarda de crianças”, predominando a chamada visão assistencialista e sanitária,

isto é, onde a criança receberia os cuidados necessários, enquanto seus pais

trabalhavam.

Segundo Machado (1991) caberia a instituição substituir a mãe cuidando da criança,

alimentando e cuidando de sua higiene, saúde com muito rigor. “[...] a soma desses

elementos seriam responsáveis pela formação adequada das crianças preenchendo

a lacuna deixada pela mãe ausente, até que aos sete anos eles ingressassem no

sistema escolar vigente”. (p. 17).

Já para Silva (2003): “a Educação Infantil no Brasil configura através de duas redes

paralelas com objetivos públicos distintos: a visão assistencialista e da educação

pré-escolar, voltada para preparação pedagógica do ensino fundamental”. (p. 10).

As crianças são sujeitos sociais e históricos, marcados, portanto pelas contradições

das sociedades em que estão inseridas, elas não se resumem a ser alguém que não

é, mas que se tornará no dia que deixará de ser criança. Elas são cidadãs, pessoas

detentoras de direitos que produzem uma cultura de acordo com o seu meio. Por

isso é necessário termos consciência dos valores e princípios éticos que queremos

construir nas nossas ações educativas.

Nessa mesma perspectiva, a função da Educação Infantil é conduzir esses

ensinamentos utilizando uma boa metodologia, pela qual a criança aprende

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consciente e feliz, pois nessa fase da vida acreditamos estarmos formando alicerce

para toda a sua vida intelectual, moral e social. Como afirma Angotti (2001):

Estudos científicos, principalmente os da psicologia, tem apontado a importância dos primeiros anos de vida para a construção do sujeito. Devemos ter como meta, na educação pré-escolar, a criança com seu desenvolvimento enquanto ser cognoscente e cognoscível, para que possamos garantir condições para a construção de sua pessoa. (p. 55).

Nessa mesma perspectiva afirma Fazenda (1991): “a função da educação infantil é

caminhar com a criança, respeitando suas limitações e explorando seu potencial.

Para tanto, há necessidade de conhecer por onde caminha e qual o ponto que se

pretende chegar”. (p. 16).

Por isso cabe salientar a importância do papel do professor da Educação Infantil,

que necessita ter um conhecimento teórico e prático, reconhecendo a realidade

social em que vivem as crianças e os fatores de desenvolvimento infantil, para que

possa realizar seu trabalho de forma responsável e criativa, pois ao se tratar de

crianças, percebemos que a falta de capacitação poderá trazer prejuízos

irreversíveis, como afirma Fazenda (1991):

Educar ou participar do processo educacional de crianças pequenas, requer além de um conhecimento técnico e metodológico diversificado (as situações nem sempre se repetem) uma compreensão teórica profunda dos prejuízos irreversíveis que uma má educação nessa idade produz. (p. 16).

A educação é um processo complexo e em se tratando de Educação Infantil

podemos ressaltar que educar não é só aprender a ler, mas compreender e

acumular saberes para humanizá-lo, distribuí-lo e dar-lhe um sentido ético, como

ressalta Alencar (2005): “educar é ensinar o olhar para fora e para dentro superando

o divórcio, típico da nossa sociedade, entre a objetividade e subjetividade (p.47)”.

A educação infantil necessita de professores que tenham uma formação teórica

sólida, no entanto, é necessário que o professor da Educação Infantil se identifique

enquanto educador deste seguimento, pois, na medida em que existe “paixão” por

tal função, o professor terá maior compromisso e responsabilidade e assim agirá de

maneira atuante envolvendo a pesquisa e o planejamento na sua prática,

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procurando atuar como agente de formação e transformação. Como vem afirmando

Candau (1996):

Por compromisso, entendo o envolvimento, o profundo engajamento com o aluno no plano intelectual e afetivo, o qual deve ser perpassado por uma postura de “paixão” de “prazer” pelo trabalho. Esse compromisso, que é profissional e político, dá o real sentido a nossas ações, ao nosso ofício – sendo profissionais do Ensino. (p. 74).

Nesse sentido, ser professor é uma tarefa multidimensional, de mutua

responsabilidade, o mesmo precisa ter noção do onde quer chegar e por onde quer

conduzir, e por isso é necessário que tenha a compreensão de sua função como

agente formador e transformador, dentro desse contexto sócio-político.

O papel do professor da Educação Infantil é de apropriar-se de um preparo

pedagógico que consiga alcançar as necessidades dos educandos, contextualizando

com a realidade desses sujeitos, valorizando os saberes que a criança possui, pois

quando a criança chega a escola, ela já possui uma bagagem adquirida no mundo

exterior. Por isso cabe ao professor utilizar uma metodologia que propicie às

crianças condições de reinventar o seu conhecimento prévio, encorajando-as a

encontrar melhores formas de resolver os problemas que desafiam sua curiosidade

e estimulem a sua reflexão. Conforme Almeida (2000):

A esperança de uma criança, ao caminhar para a escola é encontrar um amigo, um guia, um animador, um líder – alguém muito consciente e que se preocupe com ela e que faça pensar, tomar consciência de si e do mundo, que seja capaz de dar-lhe as mãos para construir com ela uma nova história e uma sociedade melhor. (p. 195).

O ser humano nasceu para aprender, e através dos seus descobrimentos apropria-

se dos conhecimentos, desde os mais simples até os mais complexo, e é isso que

lhe garante a sua sobrevivência e a integração na sociedade como ser participativo,

crítico e criativo.

Em todas as fases da nossa vida, estamos em contato com o semelhante, e neste

ato estamos aprendendo algo, independente do tipo de cultura, raça ou classe

social, toda criança brinca. A infância é a idade das brincadeiras. Acreditamos que

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por meio das brincadeiras, as crianças possam desenvolver-se satisfazendo seus

interesses e necessidades.

O lúdico é uma das formas mais eficazes para envolver o aluno nas atividades, pois

a brincadeira está intimamente ligada a criança. Essas formas diversificadas de

brincadeiras trabalhadas na sala de aula podem ser aplicadas em todas as

disciplinas, pois é uma maneira de aprender/ensinar que desperta prazer e dessa

forma, a aprendizagem se realiza. Para tanto, Almeida (2000) salienta que: “o

verdadeiro sentido da ludicidade só estará garantido se o professor estiver

preparado para realizá-lo, tendo conhecimento sobre os fundamentos da mesma”.

(p. 63).

A criança vive em constantes mutações, descobrindo e aprendendo sempre novas

formas de enriquecer suas idéias através da integração com os outros, com seus

pensamentos e suas ações, por isso em suas brincadeiras ela faz e desfaz, aprende

e se diverte, cria e recria, vivendo intensamente, e essa é uma forma lúdica de

aprendizagem. Como afirma Maluf (2003): “A busca do saber torna-se prazerosa

quando a criança aprende brincando. E é possível através do brincar, formar

indivíduos com autonomia, motivados por muitos interesses e capazes de aprender

rapidamente”. (p. 09).

O brincar oferece a criança possibilidades de construir uma identidade autônoma,

corporativa e criativa. A criança que brinca adentra ao mundo do trabalho, da cultura

e dos afetos pela vida de representações e da experimentação. A brincadeira é um

espaço educativo fundamental na infância.

Nessa perspectiva cabe ressaltar que a ludicidade é muito importante para o

desenvolvimento da criança, pois é através dessa práxis que ela vive um mundo do

“faz-de-conta”, trazendo o seu imaginário à sua vivencia real, desenvolvendo assim,

suas habilidades motoras, cognitivas, emocionais e sócio-emocionais.

Quando a criança brinca, seu conhecimento de mundo se expande, formaliza suas

idéias de acordo com o contexto ao qual está inserida, idealizando suas emoções e

contradições, ou seja, ela representa e através de suas representações ela aprende

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trazendo algo para sua realidade. Segundo Maluf (2003): “é importante a criança

brincar, pois ela irá se desenvolver permeada por relações cotidianas, e assim vai

construindo sua identidade a imagem de si e do mundo que a cerca”. (p. 20).

O lúdico está presente no dia-a-dia de cada um, pois quando agimos de forma

prazerosa, significa que estamos vivendo ludicamente, como afirma Almeida (2000):

A educação lúdica integra uma teoria profunda de uma prática atuante. Seus objetivos além de explicar as relações múltiplas do ser humano em seu contexto histórico, social, cultural, psicológico, enfatizam a libertação das relações pessoais passivas, técnicas, para as relações reflexivas, criadoras, inteligentes, socializadoras, fazendo do ato de educar um compromisso consciente, intencional, de esforço, sem perder o caráter de prazer, de satisfação individual e modificador da sociedade. (p. 32).

A partir do que foi mencionado sobre o lúdico, percebemos que ele está presente

nos atos que a criança age prazerosamente. Por isso cabe salientar que a atividade

só é lúdica quando existem a presença subjetiva da espontaneidade, prazer,

liberdade. E por isso que relacionamos com o brincar e jogar, pois o brincar e jogar

estão ligados à infância e neste ato a criança age de forma prazerosa e espontânea.

O brincar só é lúdico quando a criança participa de forma espontânea,

prazerosamente e completa.

Educar ludicamente não é algo tão fácil, pois não é jogar lições empacotadas para o

aluno consumir naturalmente. Educar é um ato consciente e planejado, é tornar a

criança consciente, engajada e feliz no mundo, é seduzir o aluno para o prazer de

conhecer. Como salienta Maluf (2003): “quanto mais a criança participa de

atividades lúdicas, novas buscas de conhecimento se manifestam, seu aprender

será sempre mais prazeroso”. (p. 32).

Percebemos que o papel do professor é primordial, pois é ele que cria espaços,

oferece os materiais e participa de jogos e brincadeiras, ou seja, media a construção

do conhecimento, por isso é o mediador que possibilita a aprendizagem de forma

mais criativa e social possível. Por isso é necessário que o professor tenha uma

formação baseada em três pilares: formação teórica, formação pedagógica e como

inovação a formação lúdica. Santos (1997) diz: “quanto mais o adulto vivenciar sua

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ludicidade, mais será a chance de este profissional trabalhar com criança de forma

prazerosa” (p. 14).

Aproveitar esse momento para aprender é valorizar a maneira como a criança

percebe e dá valor aos acontecimentos da sua vida. Santos (1999) afirma: “o brincar

tem se revelado como uma estratégia prazerosa para a criança aprender”. Ele

enfatiza que Froebel “foi quem pela primeira vez viu o brincar como atividade

responsável pelo desenvolvimento físico, mental e cognitivo das crianças”. (p. 114).

Nesse sentido, é importante que a Educação Infantil cumpra o papel de oferecer

condições e propiciar oportunidades de trabalhar através do lúdico, desenvolvendo o

processo ensino/aprendizagem mais prazeroso para as crianças, podendo formar

indivíduos com autonomia e criticidade para enfrentar situações de conflito.

Sendo assim as discussões construídas durante o curso de pedagogia reacendeu

uma estima pelos estudos voltados à prática do professor de Educação Infantil e a

utilização do lúdico no processo de ensino-aprendizagem. O gosto pela temática já

mencionada foi desenvolvida a partir da experiência vivenciada durante o estágio

supervisionado, pois surgiu a oportunidade de participar de uma forma mais

presente. Partindo do exposto, nasce a seguinte pesquisa: Qual o papel das

atividades lúdicas no processo ensino-aprendizagem de crianças da Educação

Infantil na perspectiva dos professores que atuam neste nível de ensino?

Diante do proposto acima, o nosso estudo tem como objetivo: Identificar a

importância que os professores da Educação Infantil do município de Filadélfia dão à

ludicidade na sua prática educativa dentro do processo ensino-aprendizagem.

O presente trabalho situa-se na perspectiva de estar contribuindo para abordar as

práticas motivadoras para o desenvolvimento da criança dentro do seu contexto

social e cultural, através da prática educativa. Pretende ainda mostrar a contribuição

que o educador pode trazer através da sua metodologia atrelada ao lúdico,

identificando o lado prazeroso do ensinar e aprender.

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CAPÍTULO II

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Atualmente, vive-se em uma era de constantes modificações que exige de todos os

educadores estarem sempre se modificando e inovando. Buscando compreender o

papel das atividades lúdicas no processo ensino-aprendizagem das crianças da

Educação Infantil na perspectiva do professor que atuam neste nível de ensino,

surge a necessidade de uma aproximação e reflexão dos conceitos-chave que

norteiam esta pesquisa, sendo estes: Atividades lúdicas, Educação Infantil,

Professor da Educação Infantil, Processo ensino-aprendizagem.

2.1 Atividades lúdicas: um brincar como forma de ap rendizagem

As atividades lúdicas são ferramentas indispensáveis no desenvolvimento infantil,

porque para as crianças não há atividade mais completa do que o Brincar. Pela

brincadeira ela é introduzida ao meio sócio-cultural do adulto, constituindo-se num

modo de assimilação e recreação da realidade (SANTOS, 1999).

De acordo com a afirmação percebemos como o brincar é uma das atividades

lúdicas que apresenta significados no desenvolvimento da criança, porque quando

ela brinca, ela vive plenamente aquele momento, trazendo algo de real que

contribuirá no seu desenvolvimento pessoal e social. Como afirma Maluf (2008):

As atividades lúdicas são instrumentos pedagógicos altamente importantes, mais do que entretenimento, são um auxilio indispensável para o processo ensino-aprendizagem, que propicia a obtenção de informações em perspectivas e dimensões que perpassam o desenvolvimento do educando. A ludicidade é uma tática insubstituível para ser empregada como estímulo ao aprimoramento do conhecimento e no progresso das diferentes habilidades. (p. 42).

Uma forma de resgatar e desenvolver a criatividade é a ludicidade que permite que a

criança descubra em si mesma o poder de criação. Luckesi (2008) afirma: “o que a

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ludicidade traz de novo é o fato de que o ser humano quando age ludicamente,

vivência uma experiência plena, e com isso queremos dizer que na vivência de uma

atividade lúdica, cada um de nós estamos plenos, inteiros nesse momento”. (p. 01)

Diante do exposto, percebemos que a educação lúdica contribui e possui uma

grande influência no desenvolvimento da criança, como vem afirmando Almeida

(2000):

A educação lúdica, além de contribuir e influenciar na formação da criança e do adolescente, possibilitando um crescimento sadio, um enriquecimento permanente, integra-se ao mais alto espírito de uma prática democrática enquanto investe em uma produção séria do conhecimento. Sua prática exige a participação franca, criativa, livre, crítica, promovendo a interação social e tendo em vista o forte compromisso de transformação e modificação do meio. (p. 51).

Neste sentido, podemos salientar a importância das atividades lúdicas para

despertar na criança a participação, a criticidade e a interação dentro do contexto no

qual está inserida, possibilitando modificações e transformações.

Por isso, vemos a ludicidade como uma atividade que tem um valor educacional

muito grande dentro desse contexto infantil, sendo utilizada como recurso

pedagógico; dessa forma várias são as razões que levam os educadores a

empregarem as atividades lúdicas no processo ensino/aprendizagem. Como ressalta

Teixeira (1995):

O lúdico apresenta dois elementos que o caracteriza: o prazer e o esforço espontâneo. Ele é considerado prazeroso devido a sua capacidade de absolver o individuo de forma intensa e total, criando um clima de entusiasmos. É este aspecto de envolvimento emocional que torna uma atividade com forte teor motivacional, capaz de gerar um estado de vibração e euforia. Em virtude dessa atmosfera de prazer dentro do qual se desenrola, a ludicidade é portadora de um interesse intrínseco, canalizando as energias no sentido de um esforço total para consecução de seu objetivo. Portanto as atividades lúdicas são excitantes, mas também requerem um esforço voluntário (...) As situações lúdicas mobilizam esquemas mentais. Sendo uma atividade física e mental, a ludicidade aciona e ativa as funções psico-neurológicas e as operações mentais, estimulando o pensamento (...) As atividades lúdicas integram as várias dimensões da personalidade, e a medida que gera envolvimento emocional, apela para a esfera afetiva. Assim sendo, vê-se que as atividades lúdicas se assemelham a atividade artística, como elemento integrador dos vários aspectos da personalidade. O ser que brinca e joga é, também o ser que age, sente, pensa e se desenvolve. (p. 23).

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Diante do exposto, podemos afirmar que as atividades lúdicas, são todos os

movimentos que tem o objetivo de produzir prazer, divertir e por isso devem ser

utilizados como ferramentas importantes de Educação. Para Maluf (2008) “atividade

lúdica e toda e qualquer animação que tem como intenção causar prazer e

entretenimento em qualquer prática”. (p. 21).

Para Piaget (1998) “a atividade lúdica é o berço obrigatório das atividades

intelectuais da criança, sendo, por isso, indispensável à prática educativa”. (p. 58).

Através das atividades lúdicas, a criança aprenderá brincando, de uma maneira

agradável, e além de sentir prazer, ela estará se desenvolvendo nas diferentes

áreas do conhecimento, ao interagirem com outras, desenvolvem a sua capacidade

motora, criativa e o raciocínio. Maluf (2008) nos afirma que:

O prazer está presente nas atividades lúdicas. A criança fica absorvida de forma integral. Cria-se um clima de entusiasmo. [...] A criança se expressa, assimila conhecimentos e constrói a sua realidade quando está em alguma atividade lúdica. Ela também espelha a sua experiência com os seus gostos e interesses. (p. 23).

Maluf (2008) ainda salienta sobre os benefícios que as atividades lúdicas

proporcionam às crianças, entre eles: “assimilação de valores, aquisição de

comportamentos, desenvolvimento de diversas áreas de conhecimento,

aprimoramento de habilidades e socialização”. (p. 23).

Portanto as atividades lúdicas são todas as práticas que o individuo vive por

completo, podemos até citar algumas: brincar, jogar, desenhar, dançar, construir

coletivamente, ler, passear, usar softwares educativos, dramatizar, cantar, etc. Enfim

toda atividade que a criança vivencia plenamente é uma atividade lúdica,

destacamos o brincar e o jogar por estar intimamente ligados à criança no seu

cotidiano.

2.1.1 O brincar, o jogo e o brinquedo

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O Brincar causa na criança reações que promovem divertimento e envolve o

comportamento. Independente da época, cultura ou classe social, as brincadeiras,

os jogos e os brinquedos fazem parte da vida da criança, pois elas vivem no mundo

das fantasias. Segundo Maluf (2003): “Brincar sempre foi e sempre será uma

atividade espontânea e muito prazerosa, acessível a todo ser humano, de qualquer

faixa etária, classe social ou condição econômica.” (p. 17).

Ao vivenciar o Brincar, a criança vive criativamente no mundo, ter prazer em brincar

é ter prazer em viver. (MACHADO, 2001). No Brincar a criança vivência situações

que contribuirão para o seu conhecimento e o desenvolvimento da sua

personalidade. Como afirma Santos (1999):

No Brincar, o conhecimento de si mesma, os papéis sociais evidenciados, o envolvimento com os parceiros e as características prazerosas contidas no jogo remetem a criança um tipo de conhecimento da realidade, permitindo sua apropriação e representação, contribuindo para construção do conhecimento e da personalidade. (p. 14)

Através das brincadeiras a criança pode realmente encontrar significados para sua

vida e transformar a sua realidade. A brincadeira possui um poder muito grande na

vida da criança, pois permite o desenvolvimento, concentração e outros fatores que

serão indispensáveis a vida adulta, como ressalta Maluf (2003): “toda criança que

brinca vive uma vida feliz, além de tornar-se um adulto muito mais equilibrado física

e emocionalmente, conseguirá superar com mais facilidades, problemas que

possam a surgir no seu dia-a-dia”. (p. 21).

O Brincar pode ser visto sob vários pontos de vista, como explica Santos (1999):

• do ponto de vista filosófico, o brincar é abordado como um mecanismo para contrapor à racionalidade; a emoção deverá estar junto na ação humana tanto quanto a razão; • do ponto de vista sociológico, o brincar tem sido visto como uma forma mais pura de inserção da criança na sociedade; brincando, a criança assimila crenças, costumes, regras e hábitos do meio em que vive; • do ponto de vista psicológico, o brincar está presente em todo o desenvolvimento da criança nas diferentes formas de modificação do seu comportamento; • do ponto de vista da criatividade, tanto o ato de brincar como o ato criativo estão centrados na busca do “eu”; é no brincar que podemos ser criativos e é no criar que brincamos com as imagens e signos fazendo uso do próprio potencial;

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23

• do ponto de vista pedagógico, o brincar tem se revelado como uma estratégia poderosa para a criança aprender. (p. 111-114).

Nessa perspectiva, o brincar é uma peça importantíssima nesse processo de ensino-

aprendizagem, pois contribui para o desenvolvimento da criança. Mas Angotti (2006)

ressalta que:

É importante que o entendimento do caráter lúdico não se restrinja apenas às situações de jogos e brincadeiras, mas que seja entendido também nos princípios de prazer e da liberdade, sobretudo liberdade de possuir o próprio filtro do entendimento e de expressar elaborações, sentimentos, percepções, representações, enfim de se permitir à criança o colocar-se enquanto explorador contumaz do mundo para decorá-lo, entendê-lo e dele fazer parte de maneira interessante, participativa e significativa. (p. 21).

Por isso, o brincar e o jogar não podem ser utilizados como passa-tempo, pois

quando a criança interage nessas atividades, ela está desenvolvendo e de certa

forma, aquela prática tem um significado para ela, pois cada atividade tem suas

diferenças, a criança participa da sua maneira, algumas possuem regras, outras

não.

O jogo se diferencia um pouco da brincadeira pelo fato da existência de regras como

afirma Kishimoto (1999): “É a ação que a criança desempenha ao concretizar as

regras do jogo, ao mergulhar na ação lúdica. Pode-se dizer que é o lúdico em ação.

Dessa forma o brinquedo e a brincadeira relacionam-se diretamente com a criança e

não se confundem com o jogo”. (p.p. 17-18).

Para Carneiro (1990), (apud, JARDIM 2002): “enquanto o brincar apresenta ser mais

livre, possui um fim em si mesmo, e realiza-se apenas um elemento, o jogo possui

regras, pode ser utilizado como meio para chegar-se a um fim e, geralmente,

envolve dois ou mais parceiros”. (p. 33).

Em se tratando de jogo podemos conceber vários significados, mas o que queremos

enfatizar é que ele pode trazer uma relação de prazer através da recreação,

socialização e aprendizagem no mundo infantil. Para Kishimoto (2002) “o jogo, visto

como recreação, desde os tempos passados, aparece como relaxamento necessário

às atividades que exigem esforço físico, intelectual e escolar [...]” (p. 40-41).

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24

Percebemos que através do jogo a criança consegue relaxar, mesmo que essa

atividade exija um esforço físico, e consegue se desenvolver de forma criativa e

prazerosa.

Quanto ao brinquedo, percebemos que é um instrumento que contribui através das

atividades lúdicas, porque quando ela manuseia este instrumento, ela cria e recria

ludicamente. Brougére (apud Jardim, 2002, p. 35) define brinquedo como:

(...) o brinquedo é um objeto distinto e específico, cuja imagem projetada em três dimensões parece vaga, mas cujo valor simbólico é expressivo e sobrepõe o valor funcional. O brinquedo é um objeto cultural produzido pelos adultos para as crianças e que ganha ou produz significados no processo de brincadeiras pela imagem da realidade que representa e transmite.

Segundo o autor o uso do brinquedo é aberto, a criança dispõe de um acervo de

significados e ao interpretá-las durante a brincadeira confere significado ao seu

brinquedo. Para Bomtempo (1999): “O brinquedo aparece como um pedaço de

cultura colocado ao alcance da criança. É seu parceiro na brincadeira. A

manipulação do brinquedo lega a criança à ação e à representação, a agir e

imaginar”. (p. 68).

Nesse contexto, percebemos que o brinquedo possui grandes significados para a

criança, ao brincar com o brinquedo ela recria suas experiências através das

brincadeiras. O ato de brincar, o jogo e o brinquedo estão interligados nesse mundo

lúdico das crianças da educação infantil, pois são atividades lúdicas que

proporcionam desenvolvimento e prazer.

Portanto, o brincar e o jogar são atividades lúdicas que são utilizadas como

instrumentos didáticos que efetivam a prática educativa, reconhecendo-os também

como instrumentos culturais que possibilitam a aprendizagem e o desenvolvimento

da criança na Educação Infantil.

2.2 Educação Infantil: perspectivas e descobertas

Page 25: Monografia Maria Eizângela Pedagogia 2009

25

Ao analisar a história da Educação no Brasil muitos estudos mostram que ela surgiu

com uma visão assistencialista, classificando as creches como local onde ficavam as

crianças com menos de três anos e de pré-escolar para as crianças de quatro a seis

anos onde recebiam uma preparação pedagógica.

Hoje a Educação Infantil é considerada como parte integrante da educação básica.

Nesse período, as crianças devem ser estimuladas através de atividades lúdicas

para exercitar suas capacidades, fazendo descobertas. Nesse sentido diz Oliveira

(2007): “na Educação Infantil, hoje, busca-se ampliar requisitos necessários para

adequada inserção da criança no mundo atual, sensibilidade, solidariedade e senso

crítico”. (p. 49).

Nessa perspectiva, percebemos que o objetivo da Educação Infantil é o

desenvolvimento integral da criança em seu aspecto físico, psicológico, intelectual e

social, fazendo com que possa atuar de forma independente, confiante e positiva em

todas as relações sociais. Como vem afirmando a Lei 9.394/96, na seção II, em seu

artigo 29: “a Educação Infantil, a primeira etapa da educação básica, tem como

finalidade o desenvolvimento integral da criança de 0 a 6 anos de idade, em seus

aspectos físicos, psicológicos, intelectual e social, completando a ação da família”.

Segundo Angotti (2006):

O papel da educação e educador infantil caracteriza no ideal de recuperação da infância perdida nos tempos modernos para inserir a criança no mundo do conhecimento, na condução de ser alfabetizada na leitura de mundo, na leitura interpretativa de tudo que está ao seu redor sem perder a natureza, a magia, a fantasia, o mundo maravilhoso do ser criança e propiciar-lhe desenvolvimento integral, seguro e significativo. (p. 26)

De acordo com a autora percebemos que essa fase da infância é de suma

importância, mas que deve ser reconhecida, planejada de acordo com as

necessidades das crianças, visando o contexto ao qual elas estão inseridas. Como

afirma Angotti (2006): “O período da infância é sim uma etapa singular da vida do

ser humano, momento mágico, único, de desenvolvimento, e para tanto deve estar

planejado e estruturado”. (p. 19)

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26

Nessa perspectiva cabe ressaltar a importância dos profissionais desse nível de

ensino, que devem ter uma formação específica para desempenhar seu papel com

compromisso e responsabilidade, pois, segundo Angotti (2006):

[...] É primordial a presença de profissionais que possam povoar as instituições infantis na condição de educadores e não meros funcionários, de terem uma formação específica para fundamentar e definir um novo fazer educacional, uma nova profissionalidade, que possa atender ao ser criança provendo e promovendo seu processo de desenvolvimento [...]. (p.19)

Nesse pensamento podemos reconhecer que a Educação Infantil exige profissionais

com uma boa formação, pois é uma etapa pela qual a criança passa por variações,

as quais denominamos períodos, onde vários autores trazem uma concepção,

portanto o educador deve estar apto para atuar nesse nível de ensino, que esses

conhecimentos serviriam de aporte para a sua atuação.

Diante do exposto, fica visível o papel da Educação Infantil, que é de grande

importância. Podemos até afirmar que esta fase da escolarização é como alicerce

para toda a vida. Nesta etapa a criança está se formando integralmente, e por se

tratar de um cidadão cabe aos educadores a tarefa de educá-la, precisando

reconhecer alguns períodos aos quais toda criança vivencia.

Segundo Piaget (1975), a criança passa por quatro estágios de desenvolvimento

que são classificados como sensório motor (0 a 2 anos), pré-operatório (2 a 7 anos),

operações concretas (7 a 11 anos) e operações formais (11 a 12 anos em diante).

De acordo com este autor, cada período é caracterizado por aquilo que de melhor o

indivíduo consegue fazer nessa faixa etária. Todos os indivíduos passam por esses

estágios, nessa sequência, porém o inicio e o término de cada uma delas depende

das características biológicas e fatores educacionais e sociais de cada indivíduo.

Por isso existem uma necessidade de reconhecimento por parte dos educadores

para saber atuar com as crianças de um determinado período de desenvolvimento.

Porque segundo Piaget, a criança se desenvolve através do meio, em contato com

os objetos que estão a sua volta.

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27

Vygotsky (1987), considera que o desenvolvimento ocorre ao longo da vida e que as

funções psicológicas superiores são construídas ao longo da vida. Ele não

estabelece fases para explicar o desenvolvimento, para ele o sujeito é produto do

meio, ele é interativo.

De acordo com Vygotsky (1987), o conhecimento se dá através das zonas de

desenvolvimento: real ou proximal. A zona de desenvolvimento real é a do

conhecimento já adquirido, e o que a pessoa traz consigo, já a proximal, só é

atingida, de inicio, com o auxilio de outras pessoas que já tenham adquirido esse

conhecimento. Para ele o desenvolvimento de um ser ocorre ao longo da vida e que

as funções psicológicas superiores são construídas ao longo da vida. Por isso

percebemos a necessidade do reconhecimento das atividades lúdicas como o

brincar, o jogar e os brinquedos, dentro desse processo de ensino-aprendizagem.

Para Vygotsky (1987) o brinquedo é definido:

[...] Assim brinquedo cria uma zona de desenvolvimento proximal da criança. No brinquedo, a criança sempre se comporta além do comportamento habitual de sua idade, além de seu comportamento diário; no brinquedo é como se ela fosse maior do que é na realidade. Como no foco de uma lente de aumento, o brinquedo contém todas as tendências do desenvolvimento sob forma condensada, sendo ele mesmo, uma grande fonte de desenvolvimento. (p. 134,135)

Percebemos que o brinquedo é um objeto que norteia toda a brincadeira, fazendo

com que a criança se desenvolva através do seu manuseio, fazendo com que o seu

imaginário seja ativado, através dos faz-de-conta. A criança quando brinca

transforma objetos fictícios em reais, vivenciando situações cotidianas como reais, e

nesse processo consegue absorver algo para sua vida real. Como diz Vygotsky

(1987): “a criança desenvolve-se, essencialmente, através da atividade de

brinquedo. Somente neste sentido o brinquedo pode ser considerado uma atividade

condutora que determina o desenvolvimento da criança”. (p. 135).

Nessa perspectiva cabe ressaltar a importância do papel do professor da Educação

Infantil, pois percebemos que cabe a sua função promover atividades lúdicas, que

proporcionem o desenvolvimento de forma prazerosa, criativa e autônoma, pois a

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28

criança precisa sentir-se segura e feliz para que possa se tornar mais participativa

nesse contexto pedagógico infantil.

Nesse sentido, é de responsabilidade do professor, ajudar a criança a encontrar

possibilidades de ação, proporcionando atividades lúdicas que promovam o seu

desenvolvimento sócio-cultural.

2.3 Os paradigmas dos professores da Educação Infan til

Através dos estudos sobre a história da Educação Infantil podemos perceber que o

professor é o mediador desse processo; a sua função é de grande responsabilidade,

a ele compete sensibilizar e mobilizar a criança para que a aprendizagem aconteça,

selecionando os conteúdos e recursos lúdicos didáticos pertinentes a essa situação.

Por isso é necessário que tenha a compreensão da sua função como agente

formador, dentro do contexto sócio-político. Como salienta Luckesi (2001):

Nesse contexto, ao educador individual não pode ser imputada a responsabilidade por todos os desejos, os desafios da Educação. Porém, quanto pior for o exercício do seu trabalho, menores serão as possibilidades de que os educandos de hoje, venham a ser cidadãos dignos de amanhã, com capacidade de compreensão crítica do mundo, condições de participação e capacidade de reivindicações dos bens materiais, culturais e espirituais, aos quais tem direito inalienável. (p. 125).

O professor da educação infantil necessita estar apto a sua função como agente

formador, trabalhando para organizar suas metodologias e procedimentos, podendo

apontar seus objetivos para que possa conduzir as crianças, mostrando o seu

potencial. Como afirma Oliveira (2001):

O professor deve ter bastante claro que os princípios que regem seu fazer estão diretamente relacionados com os princípios de cidadania que estão sendo construídos pelas crianças. Desta maneira é fundamental a busca, a coerência entre o ideal de formação que se quer alcançar e os procedimentos assumidos pelo docente enquanto ser individual, social, profissional e político na efetivação de seus objetivos, seus valores e seus ideais, para que possamos almejar uma sociedade mais humana, igualitária e justa, preservando o que a sociedade tem de melhor, seu potencial humano. (p. 67).

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29

Para Candau (1996) o “novo” educador é aquele que encara a educação como

problematização, frente a isso, salienta:

A educação assim é aquela que propicia desenvolver nos alunos o seu poder de capacitação e compreensão do mundo como realidade em processo, pensando-o e a si mesmo, sem decotomizar este pensar da ação. A prática educativa problematizadora propõe aos homens a sua própria situação como um problema (um desafio) a ser encarado, visando a transformação. (p. 89).

Portanto o ato do professor da educação infantil abrange não só uma visão

assistencialista ou alfabetizadora, mas a humanização, pois, em tratar-se de

crianças, o educador precisa ter conhecimentos específicos das concepções infantis,

para que possa formar cidadãos autônomos e críticos para atuar em uma sociedade

mais digna e justa.

Sobre essa prática, Kramer (2001) nos diz: “nenhuma prática é neutra, ao contrário,

ela está sempre referenciada em alguns princípios e se volta a certos objetivos”. (p.

23).

Percebemos que a função do professor não é neutra e sempre se tem um objetivo

que se deseja alcançar, cabe salientar a importância de uma conscientização do ato

de cada educador que é considerado como mediador entre o aluno e o

conhecimento. Para Freire (1996): “ensinar exige uma reflexão crítica sobre a

prática, pois uma prática que intenciona ser crítica envolve um movimento dinâmico,

entre o fazer e o pensar sobre o fazer”. (p. 43).

Nessa perspectiva, ressaltamos sobre uma reflexão da atuação dos professores,

sobre suas práticas e metodologias, principalmente os que atuam no contexto

infantil, pois, estamos falando de uma clientela cheia de fantasias, criações e

expectativas. Por isso ressaltamos a importância de uma formação especifica para

atuar na Educação Infantil. Pois segundo Leite (apud Machado, 2005):

Para se melhorar a qualidade do atendimento em instituições da Educação Infantil, é importante assegurar a ação educativa das atividades desenvolvidas junto as crianças de 0 a 6 anos de idade, por meio de uma formação especifica do profissional que lida diretamente com essas crianças. (p. 194).

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Dentro da atuação do professor da Educação Infantil, percebemos que seu papel,

não é fácil, pois em vez de receber uma formação específica, ele possui uma

formação geral, pode lecionar em qualquer série conforme afirma Andrade (2006):

A formação do docente não pode ser vista apenas como processo de acumulação de conhecimento de forma estática (...) mas sim como uma contínua reconstrução da identidade pessoal e profissional do professor. Esse processo deve estar vinculado à concepção e análise dos contextos sociais e culturais produzindo um conjunto de valores, saberes e atitudes encontrados nas próprias experiências e vivências pessoais, as quais imprime significados ao fazer educativo (p.64).

Para Angotti (2001) o exercício da profissão exige que:

O professor tenha elementos para proceder à análise, reflexões e avaliações referentes ao seu próprio fazer, encontrando novos caminhos qualitativamente diferente para efetivação de um trabalho docente, reflexivo e orientado por um projeto de educação pré-escolar. (p. 55)

Percebemos a importância de se ter conhecimento específico para o professor que

atua nesse nível de ensino, pois estamos lidando com crianças, seres sociais e

culturais, que precisam de um entendimento especial, por serem produto e produtora

de uma determinada cultura e nesse processo o professor é o mediador, procurando

sempre novos caminhos para que o conhecimento se desenvolva.

Dentro das necessidades formativas, as práticas e as concepções que marcaram e

orientam a prática docente que atuam na educação infantil foram contempladas por

Kramer (2001) ao citar três tendências que amparam o seu fazer docente:

[...] A tendência romântica: A pré-escola é um jardim, as crianças são as flores ou sementes, a professora é a jardineira – A educação deve favorecer o desenvolvimento natural. [...] tendência cognitiva: a criança é um sujeito que pensa, e a pré-escola o lugar de tornar as crianças inteligentes – a educação deve favorecer o desenvolvimento cognitivo. [...] A tendência crítica: A pré-escola é lugar de trabalho, a criança e o professor são cidadãos, sujeitos ativos, cooperativos e responsáveis – a educação deve favorecer a transformação do contexto social (p. 25, 28, 33).

Nessa mesma perspectiva, Kramer (2001) nos dá o entendimento que:

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31

• A tendência romântica, que concebe a criança como a “semente” do futuro e a professora é a “jardineira”, a protetora da infância que cultivará desenvolvimento das potencialidades infantis, a felicidade e a verdadeira humanidade; • A tendência cognitiva, deriva da anterior, a partir do momento em que a pessoa acredita ser sua atribuição auxiliar a criança no seu processo de desenvolvimento, contribuindo na sua formação no aspecto cognitivo, social, físico e emocional; • A tendência crítica, identifica-se como uma educação para a cidadania, isto é, que contribua, para uma inserção crítica e criativa dos indivíduos na sociedade, concebe a escola como um lugar de trabalho, a criança e o professor como cidadãos, sujeitos ativos, cooperativos e responsáveis. (p. 25, 28, 33).

Nessa perspectiva percebemos que a autora traz as tendências da seguinte

maneira: utilizando uma forma afetiva onde possa desenvolver o conhecimento, mas

ao mesmo tempo critica, reconhecendo as crianças como cidadãos, atribuindo a

educação um papel de transformador social.

Segundo Kramer (2007): “a cultura infantil é, pois produção e criação. As crianças

produzem cultura e são produzidas na cultura em que se inserem (em seu espaço) e

que lhes é contemporânea (de seu tempo)”. Por isso cabe salientar a influência do

meio nessa fase da vida, em que a criança está se desenvolvendo e descobrindo,

formando um saber crítico e ativo dentro do seu contexto. Nascimento (2002) diz:

A criança possui modos próprios de compreender e interagir com o mundo. A nós professores, cabe favorecer a criação de um ambiente escolar onde a infância possa ser vivida em toda a sua plenitude, um espaço e um tempo de encontro entre os seus próprios espaços e tempo de ser criança dentro e fora da escola. (p. 31).

Por isso, cabe ao professor oferecer espaços que estejam de acordo com o mundo

infantil, pois quando a criança chega na sala de aula ela vem cheia de expectativas,

então esse local deve estar preparado para recepcioná-la, como também o professor

precisa ter o compromisso, que cabe a sua função, de proporcionar momentos

lúdicos, dentro deste contexto infantil, fazendo com que a criança sinta-se realizada.

2.4 O Professor e o lúdico na Educação Infantil

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32

O professor é uma peça fundamental nesse processo de ensino-aprendizagem, pois

ele é responsável pela sua atuação, dando-lhe vida ao espaço onde trabalha, tanto

no aspecto físico como psicológico. A criança quando chega a escola já possui uma

bagagem e o professor precisa ter uma metodologia eficaz para recepcioná-lo de

forma agradável e criativa, fazendo com que a criança se identifique, sentindo-se

segura e feliz. Como afirma Almeida (2000):

[...] Sabemos também que quando os alunos gostam do professor acabam gostando daquilo que ele ensina e se esforçam cada vez mais para aprender e não decepcionar [...] temos consciência também de que, quando um professor desperta na criança a paixão pelos estudos, ela mesma buscará o conhecimento e fará tudo para corresponder. (p. 64).

Partindo do exposto, a importância da identificação do educando para com o

educador, pois, se a criança não gostar do professor, ela não desempenhará um

bom desenvolvimento, não participando desse processo, o que causará o abandono.

Por tudo isso, queremos destacar a necessidade de rever o papel do professor da

educação infantil como também as suas metodologias, pois quando a criança gosta

do professor e sua metodologia, ela participa e se desenvolve. Nesse contexto cabe

salientar a importância das atividades lúdicas nesse nível de ensino.

Ao vivenciar esse tipo de atividade a criança estará manifestando-se de forma

aberta e inteiramente presente, desenvolvendo sua potencialidade de forma ativa e

criativa. Como salienta Candá (2006): “as atividades lúdicas relacionam-se como o

reconhecimento dos limites e dos avanços do sujeito na realização de atividades que

ativem as potencialidades desse sujeito e as possibilitem evoluir”. (p. 143).

Portanto, a atividade lúdica proporciona o auto-conhecimento, a coletividade no

mundo social ao qual a criança está inserida. Nessa concepção, cabe ressaltar que

o professor que é o mediador nesse processo, deve estar consciente da sua função,

como também reconhecer o que é o lúdico e sua importância, pois vivenciar esse

processo ludicamente é uma questão de identificação com a profissão, mas isso

nem sempre acontece, pois existem profissionais que atuam na área por falta de

opção e este problema dificulta o processo, pois trabalhar na Educação Infantil,

precisa ir além da formação, é uma questão teórica, mas também prática.

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33

A ludicidade está presente na vida da criança proporcionando inteireza e prazer,

fazendo com que possa desenvolver suas potencialidades de forma integral.

Segundo Candá (2006):

O processo lúdico é caracterizado pela absorção da experiência plena que diz respeito à presença completa do sujeito na experiência vivenciada. A educação lúdica baseia-se em uma abordagem de desenvolvimento integral e não voltada somente para a aquisição de conteúdos na escola e fora dela. Esse processo de desenvolvimento integral do ser humano, abrange, de forma dialética, as quatro dimensões principais do sujeito: física, cognitiva, emocional e sócio-cultural. Essas quatro dimensões constituem o ser humano e quanto mais trabalhadas forem, maiores possibilidades de ampliação terá o seu desenvolvimento. (p. 145).

Portanto, o papel do educador é fazer com que a criança viva esse processo de

forma lúdica, pois assim poderá fazer com que a criança possa desenvolver seu

conhecimento.

2.5 O processo ensino-aprendizagem e o lúdico

Educar não se limita a repassar informações, mas em oferecer ferramentas e

oportunidades que a criança possa se desenvolver. A atividade lúdica é uma

metodologia que o professor pode utilizar para que a criança possa se desenvolver

individualmente e coletivamente. O desenvolvimento em seu aspecto lúdico facilita a

aprendizagem, pois quando a criança aprende prazerosamente, percebemos que o

aprendizado ocorre de maneira eficaz.

Na perspectiva de Vygotsky (1987), a criança é inserida no meio social, e interage

com o contexto cultural. Então quando a criança chega à escola ela já traz consigo

um tipo de cultura, cabendo ao professor oferecer recursos metodológicos que

desafie, sensibilize o aluno para que a aprendizagem aconteça. Segundo Maluf

(2003):

O professor deve organizar suas atividades, selecionando aquelas mas significativas para seus alunos. Em seguida deverá criar condições para que estas atividades significativas sejam realizadas. Destaca-se a importância dos alunos trabalharem na sala de aula, individualmente ou em grupo. [...] cabe ao professor em sala de aula ou fora dela, estabelecer metodologias e condições para desenvolver e facilitar esse tipo de trabalho. (p. 29)

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34

Reconhecendo o papel do professor nesse nível de ensino, cabe salientar que esse

processo de ensino-aprendizagem é um fenômeno extremamente complexo, pois

não é simplesmente executar receitas prontas desse processo, mas sim, estabelecer

metodologias através de teorias baseadas nos níveis de desenvolvimento no qual a

criança se encontra, pois de acordo com Piaget (1975), o desenvolvimento cognitivo

é uma teoria de etapas, que pressupõe que os seres humanos passam por uma

série de mudanças ordenadas e previsíveis.

Reconhecer as etapas de desenvolvimento é de suma importância, pois dessa

maneira o educador poderá atuar de forma condizente com a etapa na qual a

criança se encontra. Como salienta Bock (1997): “Estudar o desenvolvimento

humano significa conhecer as características comuns de uma faixa etária,

permitindo-nos reconhecer individualidades, o que nos torna mais aptos para

observação e interpretação dos conhecimentos”. (p. 81).

A aprendizagem é um processo no qual a criança aprende algo, e realizar esse

processo chega a ser complexo e difícil, pois necessita despertar nas crianças

aptidões de conhecimento, para que elas se desenvolvam, dentro desse processo é

necessário despertar o seu interesse, fazendo com que vivencie essa experiência de

forma lúdica.

Para Santos (1999): “A ludicidade, entendida como um mecanismo da subjetividade,

afetividade, dos valores e sentimentos – portanto da emoção –, deverá estar junto

na ação humana, tanto quanto na razão”. (p. 112).

Ao realizar o processo ensino aprendizagem de forma lúdica, percebemos que é

fazer com que a criança aprenda de forma prazerosa vivenciando plenamente essa

experiência. Santos (1999) ainda afirma: “A expressão lúdica tem a capacidade de

unir a razão e emoção, conhecimento e sonho, formando um ser humano mais

completo e pleno”. (p. 112).

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Participar desse processo de ensino-aprendizagem requer além de formação

teórica, identificação, pois trabalhar com crianças da Educação Infantil é você além

de ensinar teoricamente, brincar, é educar para a vida, pois esse nível de ensino

servirá de alicerce para toda a sua vida. Santos (1999) afirma que:

Educar não se limita a repassar informação ou mostrar apenas um caminho que o professor considera o mais correto, mas é ajudar a pessoa a tomar consciência de si mesma, dos outros e da sociedade. É aceitar-se como pessoa e saber aceitar os outros. É oferecer várias ferramentas para que a pessoa possa escolher entre muitos caminhos, aquele que for compatível com seus valores, sua visão de mundo e com as circunstancias adversas que cada um irá encontrar. Educar é preparar para vida. (p.p. 11-12)

Portanto é importante que o professor reconheça a importância da ludicidade dentro

desse processo ensino-aprendizagem, descobrindo metodologias lúdicas que

venham a aperfeiçoar a sua prática pedagógica nesse nível de ensino.

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36

CAPÍTULO III

3. CAMINHOS METODOLÓGICOS A pesquisa é fruto de uma inquietação, dúvidas incertezas, decorrentes da busca do

pesquisador em delimitar um problema, em descobrir algo. Segundo Japiassu

(1983): “nosso conhecimento nasce de dúvidas e se alimenta das incertezas”. (p. 14)

Partindo dos estudos realizados sobre a Educação Infantil, cabe salientar a

importância do lúdico nesse nível de ensino, procuramos autores que evidenciam

essa importância, para buscar a perspectiva que os professores trazem de lúdico na

sua prática educativa. Nasce daí a necessidade de uma pesquisa, que objetiva a

investigação do significado das atividades lúdicas na perspectiva do professor da

Educação Infantil.

Para a realização de uma pesquisa, segundo Ludke e André (1986): “é preciso

promover o confronto entre dados, as evidencias, as informações coletadas sobre

determinado assunto e o conhecimento teórico acumulado a respeito dele”. (p. 01).

Essa pesquisa situa-se na abordagem qualitativa.

3.1 Pesquisa Qualitativa

A pesquisa qualitativa tem como uma das características investigar os significados

que os envolvidos dão ao assunto pesquisado. Baseando na abordagem qualitativa,

Bogdan e Biklen (1987) afirmam: “A pesquisa qualitativa envolve a obtenção de

dados descritivos, obtidos no contato direto do pesquisador com situações

estudados, enfatiza mais o processo do que o produto e se preocupa em relatar as

perspectivas dos participantes”. (apud Ludke e André, 1986, p. 13).

A pesquisa qualitativa supõe um contato direto e prolongado do pesquisador com o

pesquisado e a situação que está sendo investigada, por isso ela facilita a

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37

interpretação, dá mais ênfase na subjetividade inerente ao processo de pesquisa.

Segundo Ludke e André (1986):

A pesquisa qualitativa tem um ambiente natural como fonte direta de dados e o pesquisador como seu principal instrumento (...) A pesquisa qualitativa supõe o contato direto e prolongado do pesquisador com o ambiente e a situação que está sendo investigada, via de regras através do trabalho intensivo de campo. (p. 11).

Nessa perspectiva percebemos que a pesquisa qualitativa dá a oportunidade do

pesquisador estar bem próximo do objeto investigado, proporcionando um resultado

mais nítido.

A abordagem qualitativa é basicamente aquela que busca entender um

acontecimento específico em profundidade. Trabalha com discrições, comparações

e interpretações. É mais participativa e os participantes podem direcionar o rumo da

pesquisa em suas interações com o pesquisador. Para Goldemberg (2000) “na

pesquisa qualitativa a preocupação não é com a representatividade numérica do

grupo pesquisado, mas com o aprofundamento da compreensão de um grupo social

de uma organização, de uma instituição, de uma trajetória, etc... (p. 14).

3.2 Sujeitos da pesquisa

O sujeito dá ao pesquisador caminhos, possibilidades... Partindo desse princípio,

nossos sujeitos foram os professores da Educação Infantil da Creche Mãe Dedé.

Onde lecionam 11 professores, sendo que funcionam 12 (doze) salas, um dos

professores ensina os dois turnos. Da nossa pesquisa só participaram 10

professores. A escolha deu-se por se tratar de um quadro de professores que fazem

parte do ensino público, buscando analisar e compreender a questão do estudo.

3.3 Lócus da Pesquisa

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38

O lócus de pesquisa proporciona ao pesquisador grandes interações e

questionamento dessa experiência, dando abertura para o mesmo investigar as

formas pelas quais as suas subjetividades são expressas.

Portanto, nosso lócus de pesquisa foi a Creche Mãe Dedé, situada a Rua Cantídio

Pereira Maia, no município de Filadélfia. Seu espaço físico é composto de: 09 salas,

01 refeitório, 01 cozinha, 01 secretaria, 01 sala de reunião e DVD, 01 almoxarifado,

04 sanitários, 04 banheiros (chuveiros), 01 banheiro para professores, 01 grande

pátio com areia, um parque, 01 área cimentada e 02 entradas principais.

3.4 Instrumento de coleta de dados

Para obter as informações necessárias para o procedimento dessa pesquisa

utilizamos como instrumento de coleta de dados, primeiramente o questionário

fechado, que buscou traçar o perfil dos sujeitos entrevistados, o que contribuiu para

uma melhor análise dos dados e o questionário aberto, que possibilitou a articulação

das idéias e garantem as expressões sobre as compreensões do tema abordado.

3.4.1 Questionário fechado

É um instrumento que corresponde a uma ordem de perguntas a serem respondidas

pelos sujeitos. Marcone e Lakatos (1996) ressaltam que:

Questionário é um instrumento de coleta de dados, constituído por uma série ordenada de perguntas, que devem ser respondidas por escrito e sem a presença do entrevistados. Em geral, o pesquisador envia o questionário ao informante, pelo correio ou por um portador, depois de preenchido, o pesquisador, devolve-o do mesmo modo. (p. 88).

Além de possibilitar traçar o perfil dos sujeitos da pesquisa, segundo Barros (2000),

o questionário fechado é aquele que apresenta categoria de alternativas e respostas

fixas. Apresentando também adquirir informações relacionadas a idade, gênero,

estado civil, formação, renda mensal, dentre outros.

3.4.2 Questionário Aberto

Page 39: Monografia Maria Eizângela Pedagogia 2009

39

O questionário aberto é um instrumento de coleta de dados constituído por uma

série ordenada de perguntas que devem ser respondidas por escrito e sem a

presença do investigador. Segundo Goldemberg (2000):

[...] os pesquisados se sentem mais livres para exprimir opiniões que temem ser desaprovados ou que podem colocá-los em dificuldades, menos pressões para uma resposta imediata, o pesquisado pode pensar com calma. (p.p. 87-88).

Para a obtenção de dados concisos, o questionário pode contribuir como um

instrumento que obtém respostas rápidas e precisas, atingindo um maior número de

pessoas simultaneamente, o que proporcionou mais uniformidade na avaliação, em

virtude da natureza impessoal do instrumento.

Para Cervo e Bervian (1993):

O questionário refere-se a um meio de obter respostas as questões por uma fórmula que o próprio informante preenche. [...] possui a vantagem dos respondentes sentirem-se mais confiantes, dado o anonimato, o que possibilita coletar informações e respostas mais reais. (p. 159).

3.5 Tratamento dos dados

Através da permissão da diretora e aceitação dos professores em participar dessa

pesquisa, iniciamos o processo de coleta de dados com uma conversa explicando o

motivo da pesquisa e distribuindo os questionários. Esse momento segundo

Goldemberg (2000) é “o ponto que exige muita sensibilidade para que se aproveite o

máximo possível dos dados coletados e da teoria estudada”. (p. 19). Com essa

compreensão, procedeu-se com a categorização das respostas, buscando a

interpretação e análise, recorrendo sempre ao quadro teórico, para melhor

entendimento das concordâncias, dissonâncias e ausências.

Portanto, a análise dos dados ocorreu através do cruzamento de todos os dados

obtidos por meio dos instrumentos.

Page 40: Monografia Maria Eizângela Pedagogia 2009

40

CAPÍTULO IV

4. ANALISANDO E INTERPRETANDO OS DADOS Esse capítulo procura analisar e interpretar os dados obtidos, através do

questionário fechado e questionário aberto. Primeiramente analisaremos o

questionário fechado, buscando traçar o perfil desses profissionais, com a

compreensão que esse instrumento subsidiará as análises posteriores.

4.1 Perfil dos Sujeitos

4.1.1 Formação

O gráfico acima faz uma demonstração da formação do professor da Educação

Infantil. Como podemos observar 18% tem o ensino médio, 46% tem magistério,

18% tem graduação em Pedagogia e 18% são pós graduados. Pode-se concluir que

a partir daí, a falta de formação específica, o funcionamento desse nível de ensino,

pois esses profissionais para atuarem nessa área deveria ter uma boa formação, ou

uma formação específica. Ao analisar esse gráfico fica perceptível que ainda há uma

visão assistencialista, segundo a qual esse profissional precisa somente saber

cuidar das crianças, sem necessariamente precisar de uma formação. Como

46%

18%

18% 18%Ensino Médio

Magistério

Pedagogia

Pós Graduação

Figura 01: Formação Fonte: Questionário aplicado aos sujeitos da pesquisa

Page 41: Monografia Maria Eizângela Pedagogia 2009

41

enfatiza Santos (1999) “o atendimento de crianças pequenas se dá na família ou em

instituições infantis, as quais têm se caracterizado pela diversidade e multiplicidade

na formação dos profissionais que nelas trabalham, além do baixo nível de

escolarização”. (p. 10).

Na verdade, esse nível de ensino deveria ter profissionais qualificados, pois essa é a

primeira etapa da educação básica e também está formando cidadãos. Como afirma

Angotti (2001):

O professor precisa avivar em si mesmo o compromisso de um constante busco de conhecimentos como alimento para o seu crescimento pessoal e profissional. Isso poderá gerar-lhe segurança e confiabilidade na realização do seu trabalho docente. Esta busca poderá instrumentalizar para assumir seus critérios, seus ideais, suas verdades, contribuindo para referendar um corpo teórico que dê sustentação para a realização do seu fazer. (p. 64).

De acordo com a citação percebemos a importância de uma boa formação para a

atuação do profissional desse nível de ensino.

4.1.2 Gênero

Figura 02: Formação Fonte: Questionário aplicado aos sujeitos da pesquisa

Com base no gráfico acima, 100% dos profissionais de Educação Infantil nesta

instituição, são do sexo feminino, deixando visível a relação que eles fazem desse

profissional com o papel da mãe, referenciando a maternidade e os cuidados que

Masculino

Feminino

Page 42: Monografia Maria Eizângela Pedagogia 2009

42

esse profissional deve ter com as crianças, substituindo a ausência da mãe. Na

verdade, o professor não substitui a mãe, ele tem um papel muito importante nesse

nível de ensino que além de cuidar, é educar, pois nessa fase de ensino a criança

está formando sua personalidade, como salienta Machado (1991): “A professora não

substitui a mãe e vice-versa. Por outro lado é preciso ter consciência de que na

escola se está lidando com uma parcela da vida da criança”. (p. 50).

Nessa mesma linha de pensamento, não podemos deixar de reconhecer nesse nível

de ensino o número de professoras supera o de professores, por relacionar a

educação ao cuidar, visando os princípios maternos. De acordo com Kishimoto

(2002):

Ao longo da constituição da Educação Infantil, o profissional enfrentou as contradições entre o feminino e o profissional. Principio como a maternagem, que acompanhou a história da Educação Infantil desde seus primórdios, segundo o qual bastava ser mulher para assumir a educação da criança pequena e a socialização, apenas no âmbito doméstico, impediram a profissionalização diária. (p. 7).

Diante da explicitação não podemos deixar de ressaltar que a existência da grande

quantidade de professoras está relacionada a figura da mãe, mas que, o profissional

dessa área não deve ser confundido com esse papel, pois a sua função vai além do

cuidar.

4.1.3 Tempo de Atuação

Ao observarmos as figura 03, percebemos que 73% dos professores trabalham a

mais de cinco anos na Educação Infantil, mostrando que possui um tempo

significativo de atuação nesse nível de ensino, trazendo consigo uma carga de

experiência e compreensão do seu papel como educador dentro desse processo de

ensino e aprendizagem.

Ao observarmos o gráfico, percebemos que 73% dos professores trabalham a mais

de cinco anos na Educação Infantil, mostrando que possui um tempo significativo de

atuação nesse nível de ensino, trazendo consigo uma carga de experiência e

Page 43: Monografia Maria Eizângela Pedagogia 2009

43

compreensão do seu papel como educador dentro desse processo de ensino e

aprendizagem.

Ao analisarmos o tempo de atuação, conseguimos enxergar a questão da prática

que esse profissional tem, e que precisa sempre estar se renovando de acordo com

atualizações ocorridas no decorrer desse processo de ensino. Pois com o passar do

tempo os métodos vão se modificando e o professor precisa estar sempre apto a

essas modificações. Como afirma Almeida (2000):

É fundamental que os professores redescubram seu papel de pesquisadores, buscando conhecimentos novos por meio de leituras, cursos, entrevistas, palestras, ações que lhes darão embasamento e coragem para enfrentar o novo e um caminhar seguro. (p. 72).

Ao refletirmos sobre essa colocação percebemos que não é só prática, atenção,

mas que o professor precisa estar sempre se atualizando e pesquisando para atuar

de forma crítica, principalmente nesse nível de ensino que é a Educação Infantil.

4.1.4 Quantidade de aluno

Ao analisarmos a figura 04 percebemos indicam que as salas possuem até 20

alunos totalizando 100%. Fica evidente que isso ocorre porque o espaço físico é

pequeno, sendo que um número elevado de alunos na sala não contribui para um

bom desenvolvimento, dificultando o processo de ensino-aprendizagem.

02 a 03 anos

04 a 05 anos

Mais de 05anos

Figura 03: Formação Fonte: Questionário aplicado aos sujeitos da pesquisa

Page 44: Monografia Maria Eizângela Pedagogia 2009

44

4.1.5 Renda Mensal

Figura 05: Renda mensal Fonte: Questionário aplicado aos sujeitos da pesquisa

Percebemos que a renda mensal é um grande motivador da prática do professor e

ao analisarmos o gráfico percebemos que 18% ganham mais de dois salários por

trabalharem desdobrando, ou seja, trabalham em dois turnos, o que mostra que o

salário do professor é pouco e ele precisa trabalhar dobrado para ganhar mais, e

assim garantir a sua sobrevivência, o que implica na sua prática, pois o professor

que atua em dois ou mais turnos não atua de forma bem planejada e articulada, pois

não sobra tempo para um bom planejamento.

Mais de 20Alunos

Até 20 Alunos

Figura 04: Quantidade de alunos Fonte: Questionário aplicado aos sujeitos da pesquisa

18%

82%

Um salário

Mais de doissalários

Page 45: Monografia Maria Eizângela Pedagogia 2009

45

Percebemos que deveria haver políticas públicas que determinassem salário digno

para o professor, para que trabalhasse um único turno e pudesse planejar, pesquisar

para atuar como um profissional consciente e atuante, fazendo com que a educação

melhorasse, para transformar essa sociedade injusta, numa sociedade mais digna.

O professor precisa ganhar mais, mas também precisa atuar mais.

Como cita Freire (1996):

O mundo não é. O mundo está sendo, como subjetividade curiosa, inteligente, interferidora na objetividade com que dialeticamente me relaciono, meu papel no mundo não é só de quem constata o que ocorre mas também o de quem intervém como sujeito de ocorrência. Não sou apenas objeto da história nas seu sujeito igualmente. No mundo da história, da cultura, da política, constato não para me adaptar mas para mudar. (p. 77).

De acordo com o autor o professor pode e deve mudar, sendo que ele precisa se

enxergar como sujeito da história, e através da sua prática fazer a mudança.

4.2 Analisando o questionário aberto

Ao descrevermos sobre esse instrumento de coleta de dados, percebemos a grande

insegurança dos professores, pois estava planejado que seria realizada uma

entrevista semi-estruturada, mas a maioria não aceitou, deixando claro a questão da

insegurança, medo... Diante dessa situação, optamos pelo questionário aberto, pois

através desse instrumento os sujeitos sentiram-se mais tranqüilos e participantes,

podendo assim realizarmos a coleta dos dados.

4.2.1 Educação Infantil considerada como alicerce

Para os dez professores que responderam o questionário aberto, a Educação Infantil

é considerada como base/alicerce de toda a escolaridade. Eis alguns depoimentos,

quando questionamos sobre o que é Educação Infantil:

Page 46: Monografia Maria Eizângela Pedagogia 2009

46

P11: É a base de toda vida educacional. É o ponto de partida para um bom desenvolvimento em outras séries. P2: É a base, é o alicerce da educação escolar na vida de um indivíduo. P3: É a fase muito importante, na qual se estrutura a educação na vida de qualquer ser humano. P4: É a base. Toda criança que faz uma bem feita, será um bom aluno no futuro.

Nesses depoimentos percebemos que estes educadores, reconhecem que a

Educação Infantil é como uma fase de grande importância para desenvolvimentos

posteriores, ou seja, é considerada como uma preparação pedagógica para o ensino

fundamental. Mas cabe ressaltar que essa fase de ensino não se resume em uma

simples preparação para o ensino fundamental, pois a criança nesse nível de ensino

deve ser educada de forma integral segundo a LDB (9394/95): “o desenvolvimento

integral das crianças de 0 a 6 anos de idade, em seus aspectos físicos, psicológicos,

intelectual e social”.

Através desses depoimentos percebemos entrelaçados em suas falas a

preocupação com os conhecimentos escolares, como se a Educação Infantil se

resumisse a meros conhecimentos teóricos voltados a alfabetização, como

salientam:

P6: A Educação Infantil é de suma importância à criança, pois através dela a criança envolve-se com o processo educacional. P7: A Educação Infantil é importante para uma boa formação. P1: A Educação Infantil é importante porque os alunos que não passaram pela Educação Infantil, chegam tardiamente na escola, dificilmente tem o mesmo rendimento daqueles que passaram pela Educação Infantil.

Perante estas declarações percebemos a preocupação no letramento deixando de

lado o verdadeiro sentido de Educação Infantil que é a formação integral. Para o P8:

“A Educação Infantil é o alicerce no desenvolvimento do processo educativo da

criança e a partir dessa educação que a criança vai construindo seus

conhecimentos”.

1 Código utilizado para preservação da identidade dos sujeitos da pesquisa, utilizaremos a letra P, seguida dos numerais arábicos, para identificar e diferenciar cada participante.

Page 47: Monografia Maria Eizângela Pedagogia 2009

47

Nesse depoimento percebemos que o professor reconhece que a criança é um ser

capaz e que através da inter-relação na Educação Infantil a criança é capaz de

desenvolver-se produzindo o seu próprio conhecimento. Para Angotti (2006) a

função da Educação Infantil é:

Olhar a Educação Infantil, enxergá-la em sua complexidade e sua singularidade significa buscar entendê-la em sua característica de formação de crianças entre 0 e 6 anos de idade, construindo espaços e tempos, procedimentos e instrumentos, atividades e jogos, experiências e vivências... em que o cuidar possa oferecer condições para que o educar possa acontecer e o educar possa prover condições de cuidado, respeitando a criança em suas inúmeras linguagens e no seu vinculo estreito com a ludicidade. (p. 25).

Diante das colocações dos professores e em comparação com a autora,

percebemos que os professores precisam saber que a Educação Infantil, vai mais

além do cuidar e educar, pois nessa etapa da vida a criança está se formando, ou

seja formando a sua personalidade, é nesse sentido que o educador deve se

preocupar com a sua atuação, procurando oferecer espaços e atividades que

contemplem o lúdico de cada um, fazendo com que se forme cidadãos autônomos e

críticos. Passamos então a ressaltar sobre o papel do professor da Educação

Infantil.

4.2.2 Como deve ser um professor da Educação Infant il?

Ao ressaltarmos sobre o professor da Educação Infantil, alguns professores

salientaram que o perfil desse profissional deveria ser:

P1: Atento, dedicado a todas as necessidades da criança. P2: Um profissional bem dinâmico com muito jogo de cintura, criativo. P7: Deve ser paciente, dedicado e gostar de lidar com as crianças. P10: Muita calma, paciência e dedicação.

Notamos que no depoimento desses profissionais eles não ressaltam a importância

de uma formação específica, mas sim a questão de uma habilidade sem respaldo

teórico, como se lidar com criança não exigisse uma especialização, uma formação.

Page 48: Monografia Maria Eizângela Pedagogia 2009

48

Ao ressaltarem sobre a formação é perceptível nas suas falas que eles procuraram

responder sobre esse questionário baseados em aportes teóricos, ou seja eles

ficaram tão preocupados com as respostas, atuação e formação, que um professor

respondeu essa questão baseado no Referencial Curricular Nacional da Educação

Infantil – RCNEI. P5: “O professor da Educação Infantil deve ter uma competência

polivalente, ser polivalente significa que o professor cobre trabalhos com conteúdos

de natureza diversas e conhecimentos específicos”.

Percebemos que esse profissional tem uma concepção que sua função é de ter

conhecimentos específicos e ao mesmo tempo mútuo, pois o educador precisa estar

apto para atuar com a diversidade cultural na qual a criança está inserida.Sobre

esse aspecto Kishimoto (2002) diz que: “é necessário respeitar a especificidade

infantil, valorizando seus saberes, criando espaços de autonomia, de expressão de

linguagem e de iniciativa para a exploração e a compreensão do mundo”. (p. 8).

Percebemos em algumas falas, a presença dos ranços assistencialistas, como

também o reconhecimento de uma boa formação pedagógica-teórica, mas em

momento algum eles ressaltaram sobre uma formação lúdica. E educar ludicamente

exige-se uma formação. Segundo Santos e Cruz (1997):

A formação lúdica se assenta em pressupostos que valorizam a criatividade, o cultivo da sensibilidade, a busca da afetividade, a nutrição da alma, proporcionando aos futuros educadores vivências lúdicas, experiências corporais, que se utilizam da ação, do pensamento e da linguagem, tendo no jogo sua fonte dinamizadora. (p. 13, 14).

Ao citarmos sobre essa formação, queremos interligar a atuação desse profissional,

que deve ter consciência do seu papel como formador e transformador. Ao agir

ludicamente ele pode estar formando cidadãos mais ativos, críticos e participativos.

4.2.3 A ludicidade na Educação Infantil

Page 49: Monografia Maria Eizângela Pedagogia 2009

49

Ao enfatizarmos sobre ludicidade,percebemos que muitas concepções aparecem na

fala desses profissionais, e que, algumas são condizentes com o verdadeiro sentido

lúdico. Ao questionarmos sobre a concepção de ludicidade eles responderam:

P3: É ensinar e aprender através de atividades que proporcionam prazer. P4: É o jeito divertido de aprender e ensinar. P7: São atividades que chamam a atenção do aluno.

Ao analisarmos as respostas percebemos que eles resumem a ludicidade ao

sentimento de prazer e que não deve ser vista apenas como diversão, pois quando

agimos ludicamente, sentimos prazer, mas nos desenvolvemos também. Como

salienta Santos e Cruz (1997):

A ludicidade é uma necessidade do ser humano em qualquer idade e não pode ser vista apenas como diversão. O desenvolvimento do aspecto lúdico facilita a aprendizagem, o desenvolvimento pessoal, social e cultural, colabora para uma boa saúde mental, prepara para um estado interior fértil, facilita os processos de socialização, comunicação, expressão e construção de conhecimento. (p. 12).

Por isso cabe ressaltar que a criança vive ludicamente, ela vive esse momento por

inteiro, prazerosamente, dentro do seu contexto. Já outros professores ressaltaram

que a ludicidade:

P5: Ludicidade na Educação Infantil é o principal indicador das brincadeiras entre as crianças e o papel que assumem quando brincam. As brincadeiras favorecem a auto-estima das crianças, transformando os conhecimentos que já possuíam anteriormente em conceitos gerais com os quais brincam. P8: São os tipos de brincadeiras que são usadas na aprendizagem didática.

P9: São as brincadeiras desenvolvidas na escola para tornar as atividades mais prazerosas e que possa auxiliar no desenvolvimento e aprendizagem das crianças. P10: São as recreações que fazem com que as crianças se desenvolvam.

Diante do exposto podemos perceber que eles ligam a ludicidade as brincadeiras e

através delas as crianças se desenvolvem e aprendem. Nesse sentido, esses

Page 50: Monografia Maria Eizângela Pedagogia 2009

50

profissionais afirmam que as brincadeiras fazem parte da formação e que através

delas as crianças se desenvolvem. Maluf (2003) afirma que:

Quando brincamos exercitamos nossas potencialidades, provocamos o funcionamento do pensamento, adquirimos conhecimento sem interesses ou medo, desenvolvendo a sociabilidade, cultivamos a sensibilidade, nos desenvolvemos intelectualmente, socialmente e emocionalmente. (p. 21).

Mas cabe salientar que nem todo o brincar é lúdico, pois esse ato só se considera

lúdico quando a criança participa de forma espontânea, inteira e prazerosamente.

Para o P8 e P10 dá-se a impressão que a ludicidade se resume a uma mera

intenção só de aprendizado, esquecendo o verdadeiro sentido da subjetividade que

está ligada as atividades lúdicas.

4.3.4 Conceitos sobre as atividades lúdicas e sua i mportância

Sabemos que muitas são as atividades que consideramos como lúdicas, diante dos

estudos realizados, toda atividade com inteireza e prazer é considerada como lúdica,

e através delas percebemos que ocorre desenvolvimento. Ao salientarmos sobre

essas atividades os professores responderam:

P3: Atividades que envolvem a espontaneidade, a brincadeira e a alegria no decorrer do processo ensino-aprendizagem de forma prazerosa. P7: Dinâmica, jogos, brincadeiras, passeios, etc. P9: As brincadeiras, os jogos, pois através dessas atividades as crianças constroem, aprendem e se divertem, criam, recriam e assim se desenvolvem. P10: Atividades que se diverte e aprende ao mesmo tempo dando prazer.

Diante das afirmações, percebemos que os educadores possuem um conceito de

atividades lúdicas relacionadas aos sentimentos que a criança possui de prazer na

atuação das mesmas e que através dela a criança se desenvolve e aprende.

Segundo Luckesi (1998) (apud Maluf, 2008): “A atividade lúdica é a ação que pode

proporcionar a plenitude da experiência, por isso proporciona prazer ao ser humano,

seja como exercício, como jogo simbólico ou como jogo de regras”. (p. 22). Maluf

(2008) ainda salienta que:

Page 51: Monografia Maria Eizângela Pedagogia 2009

51

[...] As atividades lúdicas têm a capacidade de desenvolver várias habilidades na criança, proporcionando-lhes divertimento, prazer, convívio profícuo, estímulo intelectivo, desenvolvimento harmonioso, auto-controle e auto-realização. Não só as crianças são beneficiadas pelas atividades lúdicas, mas também os professores. (p. 23).

Essa citação nos faz refletir sobre a importância que tem as atividades lúdicas, como

também a nossa prática precisa ser lúdica, pois aos sermos os mediadores do

conhecimento, precisamos viver a nossa prática de forma prazerosa, consciente do

nosso papel nesse processo de ensino-aprendizagem. Encontramos até alguns

professores que citaram algumas atividades que eles consideram como atividades

lúdicas:

P8: Empinar pipa, jogar bolinha de gude, atirar com estilingue, pular de amarelinha, colagem, pintura, etc. P4: Bingos, advinha, dominó. P1: Jogos, musicalidade, boliche. P6: Brincadeiras, cantiga de roda, desenho livre.

Assim, esses professores vem salientando algumas atividades lúdicas às quais

percebemos que estão entrelaçadas a sua prática pedagógica dentro do processo

de ensino-aprendizagem. Segundo o P8 percebemos na sua fala, citações de

brincadeiras relacionadas ao tipo de cultura a qual a criança está inserida. Por isso

Marcelino (In: Angotti, 2006) diz que: “garantir o tempo e o espaço dos jogos e

brincadeiras na vida da criança é responsabilidade não só das famílias, mas também

das instituições escolares. A escola pode contribuir muito para o resgate do lúdico

na infância”. (p. 108).

Ao salientarmos sobre a importância das brincadeiras e jogos que estão presentes

na sala de aula, devemos ressaltar que não devem ser utilizadas como um simples

passa-tempo, mas que elas possuem significados e contribuições para

desenvolvimento de cada criança dentro do seu contexto sócio-cultural. Por isso

Santos (2001) afirma que: “Ressalta-se a idéia de que é preciso que os profissionais

Page 52: Monografia Maria Eizângela Pedagogia 2009

52

da Educação reconheçam o real significado do lúdico para aplicá-lo adequadamente,

estabelecendo a relação entre o Brincar e o aprender a aprender”. (p. 15).

Assim, nessa perspectiva cabe ressaltar a importância da formação voltada para o

reconhecimento da importância das atividades lúdicas dentro do processo de

ensino-aprendizagem. Ao reafirmarmos a importância das atividades lúdicas o P9

diz que: “através das atividades lúdicas a criança pode desenvolver algumas

atividades importantes como: a atenção, a imaginação e a imitação”.

Diante dessa fala podemos compará-la a de Machado (2001) que salienta: “Brincar é

viver criativamente no mundo. Ter prazer em brincar e ter prazer em viver”. (p. 27). E

Maluf (2003): “A criança é curiosa e imaginativa, está sempre experimentando o

mundo e precisa explorar todas as suas potencialidades. Ela adquire experiência

brincando”. (p. 21).

Diante do exposto, percebemos que o brincar e o jogar são atividades lúdicas que

proporcionam prazer e aprendizado. Mas que as atividades lúdicas não se resumem

só em brincar e jogar, mas que toda atividade que a criança viva inteiramente e de

forma prazerosa é considerada uma atividade lúdica. Portanto, percebemos que

ainda falta políticas públicas que contribuam para uma boa prática lúdica na

Educação Infantil.

4.3.5 Os obstáculos encontrados ao se trabalhar com o lúdico

Ao analisar a prática desses profissionais da Educação Infantil dessa Instituição

percebemos nas suas falas a maior dificuldade em se trabalhar com lúdico, é a falta

de recursos que contribui para esse tipo de metodologia, relacionando o lúdico ao

brincar, aos brinquedos, como afirma:

P3: A falta de recursos disponíveis na escola. P4: A falta de brinquedos suficientes e adequados para as crianças na escola, o espaço que temos é pequeno para brincar. P5: Os materiais são poucos.

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53

Nas afirmações percebemos que os professores reclamam muito da falta de

recursos, mas percebemos também que esse profissional precisa ser criativo,

através de um processo de recolhimento de sucata o professor pode se trabalhar

com a confecção de brinquedos, e aí estará fazendo com que a criança desenvolva

sua criatividade, imaginação e atuação como afirma Machado (2001): “Brincar é um

aprendizado de vida que leva a criança para esse ou para aquele caminho. [...] Ao

brincar a criança pensa, reflete e organiza-se internamente para aprender aquilo que

quer, precisa, necessita, está no seu momento de aprender”. (p. 37).

Através dessa citação podemos afirmar a importância do brincar na vida das

crianças e que através dele a criança se desenvolve. Mas é preciso que o professor

tenha consciência dessa importância e saiba agir mesmo com a falta de recursos.

Sobre as brincadeiras Pereira (2002) afirma: “trazer brincadeira para a escola não é

questão de “receitas”, pois os educadores precisam se colocar num constante

quadro de inquietações, reflexões e revisões da sua prática educacional”. Nesse

sentido cabe salientar que o professor precisa se auto avaliar, para rever sua

prática.

Percebemos também nessa categoria um professor ressaltou sobre a ludicidade

como um trabalho coletivo, quando afirmou:

P6: Propostas pedagógicas voltadas à Educação Infantil com temas de ludicidade, buscando envolver o coletivo, ou seja a comunidade escolar.

Nessa fala percebemos uma ausência de um trabalho que esclarece o sentido da

ludicidade para todos os profissionais da área, no sentido coletivo, mostrando a

importância das atividades lúdicas no contexto infantil. Um outro professor ressaltou

sobre o tempo, nesse sentido:

P2: O tempo, os jogos exigem tempo para a confecção, porém, por conta do salário, precisamos trabalhar outro turno.

Nessa expressão, dá-se a entender que esse profissional seleciona suas atividades

de acordo com o tempo e não de acordo com o desenvolvimento, chegando a

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54

negligenciar a sua ação. Atuar nesse nível de ensino exige-se tempo, dedicação,

atenção, interação e formação; na verdade até a sua atuação tem que ser lúdica.

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55

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao ressaltarmos sobre a Educação Infantil, percebemos que vários são os

problemas enfrentados e que diante de tanto, o educador precisa ter uma boa

formação, buscando sempre novos conhecimentos e aperfeiçoando sempre sua

prática, pois executar essa função exige na verdade mais que formação, uma

identificação e compromisso.

O nosso trabalho foi desenvolvido na Creche Mãe Dedé, um espaço educativo, que

tem o objetivo não só de cuidar, mas educar as crianças que ali freqüentam,

buscando sempre oferecer uma educação voltada para cidadania.

Diante dos estudos realizados e analisados, pudemos constatar através da fala dos

educadores que, a Educação Infantil é visualizada como sendo alicerce/base de

toda a escolaridade; outros reconhecem a importância dessa fase para as crianças,

mas ressaltam que exige muito esforço para se trabalhar utilizando principalmente

as brincadeiras e jogos como metodologia para o aprendizado.

Outro fator é a questão também da formação que muitos compreendem que para

atuar exige uma qualificação, sendo que na verdade, percebemos que o quadro de

professores é selecionado para àqueles que tem jeito de cuidar, prevalecendo uma

visão assistencialista. Com relação à ludicidade, em se tratando das atividades

lúdicas, percebemos que os professores chegam até a reconhecer a importância das

atividades para o desenvolvimento das crianças, mas que, nem sempre eles utilizam

esse tipo de metodologia, pois se torna muito trabalhosa. Contudo, eles

reconhecem que com esse tipo de atividade a criança se desenvolve, chegando até

a utilizar algumas, mais nem sempre.

Podemos concluir que estas atividades estão presentes na prática dos professores,

mas que é necessário uma conscientização que através do prazer a criança aprende

mais por estar inteiramente concentrada na realização dessa prática e que através

delas se desenvolvem.

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Acreditamos que os pontos abordados não são definitivos, sendo que esses

profissionais na verdade necessitam estar sempre se aperfeiçoando, buscando

novas metodologias, procurando sempre promover atividades lúdicas para que as

crianças se desenvolvam mais felizes, ou seja, se desenvolvam de forma lúdica.

Esperamos que este trabalho possa contribuir na reflexão sobre a importância das

atividades lúdicas na Educação Infantil, fazendo com que esses profissionais

tenham em sua prática a ludicidade como nova estratégia dentro desse processo de

ensino-aprendizagem.

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57

REFERÊNCIAS

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VII

SENHOR DO BONFIM – BAHIA

Caro (a) Professor (a)

Sou aluna desta Universidade, do Curso de Pedagogia e estou desenvolvendo uma pesquisa, como trabalho de conclusão do Curso, sobre a importância das atividades lúdicas para as crianças da Educação Infantil na perspectiva do professor da Educação Infantil. Este questionário é um procedimento necessário e as suas respostas são de fundamental importância para minha pesquisa.

Gostaria de salientar que não é necessário a sua identificação e que o sigilo das idéias externadas será guardado por mim.

Certa de que contarei com a sua colaboração, desde já, agradeço.

Maria Elisangela Gomes Nunes

QUESTIONÁRIO FECHADO

1. Qual a sua formação?

( ) Ensino Fundamental ( ) Pós-graduação

( ) Ensino médio ( ) Mestrado

( ) Magistério ( ) Outros cursos superiores

( ) Pedagogia

2. Sexo:

( ) Masculino ( ) Feminino

3. Há quanto tempo leciona?

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( ) 1 ano ( ) 4 a 5 anos

( ) 2 a 3 anos ( ) Mais

4. Em quais níveis de ensino você atua como profess or (a)?

( ) Apenas Educação Infantil

( ) Educação Infantil e Ensino Fundamental

( ) Educação Infantil e Ensino Fundamental de 1ª a 4ª série

( ) Educação Infantil e Ensino Médio de 5ª a 8ª série

5. Qual a série que você atua?

( ) Maternal ( ) 1º Período

( ) 2º Período ( ) 3º Período

( ) Outra série

6. Quantos alunos tem em sua sala de aula?

( ) até 10 alunos ( ) até 20 alunos

( ) até 30 alunos ( ) Mais de 30 alunos

7. Qual a sua renda mensal?

( ) Um salário ( ) Mais de dois salários

( ) Mais de três salários

8. Quantos turnos você trabalha? (Obs.: Você pode marcar mais de um)

( ) Matutino ( ) Vespertino

( ) Noturno.

9. Você trabalha nesse nível de ensino:

( ) Por vocação ( ) Por falta de opção

QUESTIONÁRIO ABERTO

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1. Para você o que é educação infantil?

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2. Você considera a Educação Infantil importante? P or que?

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3. Na sua concepção, como deve ser o profissional d a Educação Infantil?

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4. Você acha que a formação acadêmica (curso superi or) contribui para a

atuação do profissional da Educação Infantil?

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5. Você gosta de atuar como profissional da Educaçã o Infantil? Por que?

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6. O que é ludicidade na Educação Infantil?

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