Monografia Mariana Maranho PDF

Embed Size (px)

Citation preview

MARIANA CIMINELLI MARANHO

ESPAOS PBLICOS DE ESPORTE E LAZER NA PERIFERIA DE CURITIBA: UMA QUESTO DE (DES)APROPRIAO

Monografia apresentada como requisito parcial para concluso do Curso de Licenciatura em Educao Fsica, do Departamento de Educao Fsica, Setor de Cincias Biolgicas, da Universidade Federal do Paran.

CURITIBA 2009

MARIANA CIMINELLI MARANHO

ESPAOS PBLICOS DE ESPORTE E LAZER NA PERIFERIA DE CURITIBA: UMA QUESTO DE (DES)APROPRIAO

Monografia apresentada como requisito parcial para concluso do Curso de Licenciatura em Educao Fsica, do Departamento de Educao Fsica, Setor de Cincias Biolgicas, da Universidade Federal do Paran.

Orientadora: Professora Dra. Simone Rechia Co-Orientadora: Mestranda Aline Tschke

ii

AGRADECIMENTOS

Enfim formada! Mas no conseguiria percorrer esse caminho sozinha. Muitas foram as dificuldades, os desafios, mas muitos tambm foram os momentos inesquecveis, os amigos conquistados. Aos meus pais pelo apoio e fora incondicionais, em especial minha me pelas correes, dicas, e auxlio na descrio da comunidade e na transcrio da entrevista. Professora Simone Rechia, nossa profeme, que mesmo distante, indicou caminhos, deu puxes de orelha, incentivou, corrigiu, parabenizou. Pessoa indispensvel no s para a realizao dessa monografia, mas tambm para minha formao acadmica. Aline Tschke, irm, madrinha, amiga, orientadora, anjo da guarda, mestranda, coordenadora. Enfim, algum que no foi apenas minha co-orientadora, me apoiando durante todo o processo de construo de monografia e das dificuldades desse final de curso. Se tornou uma pessoa insubstituvel. toda a famlia GEPLEC, que sempre me apoiou e incentivou: Flavia, Talita, Vanessa, Rafael, Andrey, Sica, Rafaela, Luize, Lorena, Christian, Karine, Maria Fernanda. Mas em especial aos amigos inesquecveis Thas, Pedro e Paulinho. Aos amigos conquistados durante o curso, Fernanda e Matheus, que me ajudaram a passar por esse desafio. No posso esquecer daqueles que trabalham comigo na Academia Gustavo Borges, compreendendo minhas ausncias, preocupaes, e me incentivando: Rodrigo, Stephane, Tatiane, Jlia, Silvia, Raphael, Ktia, Sydney, Fernando, Liane, Daniele, Janaina, Raphaela. Aos amigos que embora distantes, foram essenciais, Stheyller, Ana Paula, Naiara e Tain, Greice, Mara, Lucas. Agradeo s consideraes feitas pelos integrantes da banca examinadora, Flvia, Felipe e Aline. Obrigado a todos que acreditaram nessa conquista, mas em especial aos meus pais, e s amigas Thas e Aline.

ii

iii

SUMRIO AGRADECIMENTOS .................................................................................................. 1 LISTA DE FIGURAS .................................................................................................. iv LISTA DE TABELAS .................................................................................................. v LISTA DE QUADROS................................................................................................ vi RESUMO................................................................................................................... vii 1. INTRODUO....................................................................................................... 1 2. PLANEJAMENTO URBANO DE CURITIBA .......................................................... 4 3. ESPAO, CIDADE... ............................................................................................ 11 4. O BAIRRO UBERABA.......................................................................................... 18 4.1 UM POUCO DE HISTRIA.............................................................................. 18 4.2 ASPECTOS SCIO-DEMOGRFICOS DA REA PESQUISADA.................. 19 4.3 ESPAOS PBLICOS DE ESPORTE E LAZER............................................. 35 5. CONCLUSO ....................................................................................................... 44 REFERNCIAS......................................................................................................... 47 ANEXO I.................................................................................................................... 51 ANEXO II................................................................................................................... 53

iii

iv

LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Mapa do bairro Uberaba com rea pesquisada em destaque ..................21 Figura 2 Mapa do setor censitrio 159 ...................................................................22 Figura 3 Insero do setor censitrio 30159 como rea de ocupao irregular .....22 Figura 4 Localizao dos espaos identificados na rea de estudo.......................34 Figura 5 Sinalizao da Praa Homero Morinobu Oguido .....................................37 Figura 6 Praa Renato Russo ................................................................................38 Figura 7 Quadra, parquinho e sistema de iluminao disponveis na Praa Renato Russo ........................................................................................................................39 Figura 8 Lixo disposto indevidamente e apropriao por um projeto social na Praa Homero Morinobu Oguido .........................................................................................41 Figura 9 Manuteno regular, postes de luz e o trem passando ao lado da Praa Homero Morinobu Oguido .........................................................................................41 Figura 10 Desapropriao na Praa do Cairo......................................................42

iv

v

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Domiclios particulares permanentes e participao relativa por nmero de moradores na rea pesquisada, bairro Uberaba e Municpio de Curitiba - 2000 .27 Tabela 2 Responsveis pelos domiclios e participao relativa, por anos de estudo, na rea pesquisada, bairro Uberaba e Municpio de Curitiba - 2000............31 Tabela 3 rea de Lazer Por Tipo no Bairro Uberaba no Municpio de Curitiba 2005 ..........................................................................................................................35

v

vi

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Jardinetes no Bairro Uberaba no Municpio de Curitiba - 2005 ..............35 Quadro 2 Praas no Bairro Uberaba no Municpio de Curitiba - 2005 ...................36

vi

vii

RESUMO

ESPAOS PBLICOS DE ESPORTE E LAZER NA PERIFERIA DE CURITIBA: UMA QUESTO DE (DES)APROPRIAO

A partir da anlise da histria curitibana, percebe-se uma quase permanente preocupao com o planejamento da cidade, abrangendo tanto a questo ambiental quanto a disponibilizao de reas de lazer para a populao. Diante dessa preocupao, o presente estudo tem como objeto mapear os espaos pblicos de esporte e lazer, localizados em uma determinada regio do Bairro Uberaba na cidade de Curitiba-PR, compostos pelos locais: Jardim das Torres, Moradias Itiber, Moradias Cairo e Jardim Alvorada. Esta pesquisa apia-se no mtodo de pesquisa qualitativa e baseia-se na aplicao de protocolos de anlise (desenvolvidos pela rede cedes, ncleo CEPELS Centro de Estudo e Pesquisa em Esporte, Lazer e Sociedade). A regio analisada caracterizada por uma populao com baixa escolaridade, baixa remunerao e maior nmero de moradores por domiclio que a mdia da cidade, com a presena de reas de ocupao irregular. , assim, uma rea de vulnerabilidade social, com forte atuao de diversas instncias de promoo e recuperao social. O mapeamento dos espaos de lazer da regio pode configurar-se em um importante instrumento para o desenvolvimento de polticas pblicas, principalmente quanto estrutura etria prevalecente na rea estudada (crianas e jovens) e a situao grave de vulnerabilidade da populao. Desta forma, a partir das anlises realizadas quanto manuteno, segurana e diversidade dos equipamentos, percebe-se que no h uma manuteno e limpeza regular; assim como no foi encontrada uma grande diversidade de equipamento nestes espaos; observou-se a existncia de postes de luz, possibilitando uma relativa segurana no perodo noturno, mas nenhum dos espaos possua algum guarda municipal. Como conseqncia, nossas observaes nos permitem afirmar, que ocorre uma (des)apropriao desses ambientes por parte da populao em geral durante os horrios observados.vii

viii

Palavras chaves: espao, lazer, apropriao.

viii

1

1 INTRODUO A cidade, uma paisagem artificial criada pelo homem, composta por objetos e imagens, uma mistura entre espao criado e natural, dinamizada entre a vida privada e pblica, onde so articulados tempo/espao, trabalho, poltica, consumo, cultura, lazer. Em tal ambiente, so os espaos pblicos o prprio pulsar da vida urbana, atravs dele que se estabelece o vnculo entre participao ativa e vida na cidade. (RECHIA, 2003) Diante dessas questes, no mbito do CEPELS1, dentre outros grupos, se desenvolve o Grupo de Estudos e Pesquisa em Lazer, Espao e Cidade GEPLEC coordenado pela professora Simone Rechia. Tal grupo coordena trs ncleos do Programa de Esporte e Lazer da Cidade PELC2, so esses: Matinhos, Vila Zumbi e Vila Audi. Esta monografia est vinculada a este grupo e pretende discutir, especificamente, os espaos de lazer numa determinada rea no bairro Uberaba, na cidade de Curitiba - PR, onde est implantado o PELC Vila Audi. Durante a implementao desses ncleos, foi observada a existncia de inmeros espaos pblicos de lazer na regio do PELC Vila Audi, considerada uma rea de risco social, fato que fez surgir novas discusses no GEPLEC. J existem pesquisas acadmicas em relao a espaos pblicos de lazer na cidade de Curitiba3, mas essas tratam prioritariamente regies centrais, poucas so aquelas que trabalham com regies perifricas, entre elas a do professor Felipe Sobczynski Gonalves, intitulada Espao e equipamentos no mbito do lazer e esporte na Vila Nossa Senhora da Luz. Portanto, acredita-se que h realidades e problemticas encontradas em tais localidades que so pouco pesquisadas no mbito acadmico, possibilitando anlises diferenciadas, com caractersticas peculiares do restante de Curitiba.Centro de Estudos e Pesquisa em Esporte, Lazer e Sociedade, situado na Universidade Federal do Paran, no Departamento de Educao Fsica, Setor de Cincias Biolgicas. 2 Implantado e gerenciado pela Secretaria Nacional de Desenvolvimento do Esporte e do Lazer, SNDEL, do Ministrio do Esporte, o programa visa, em sntese, suprir a carncia de polticas pblicas e sociais que atendam s crescentes necessidades e demandas da populao por esporte recreativo e lazer, sobretudo daquelas em situaes de vulnerabilidade social e econmica, reforadoras das condies de injustia e excluso social a que esto submetidas. (MINISTRIO DO ESPORTE, 2009). 3 Euza Virginia Cagnato Praas de Curitiba: Espaos que possibilitam as experincias no mbito do esporte e lazer?; Marcelo Ponestki Oliveira A Relao Entre Atividade Fsica/ Esporte e Lazer em Parques Pblicos de Curitiba; Rodrigo de Frana Oferta versus demanda: uma anlise da relao entre o poder pblico e as associaes de usurios dos parques e bosques da cidade de Curitiba.1

1

2

Tais

anlises

podem

colaborar com

a comunidade,

subsidiando o

desenvolvimento de polticas pblicas no espao do esporte e lazer da regio analisada e de outras com caractersticas semelhantes, levando aos rgos responsveis novas e interessantes demandas. Desta forma, o presente estudo tem como objeto diagnosticar os espaos pblicos de esporte e lazer localizados nas seguintes regies no bairro Uberaba: Jardim das Torres, Moradias Itiber, Moradias Cairo e Jardim Alvorada. Buscando mape-los a partir da relao de constituio e gesto desses espaos. Para tanto, pretende-se (1) caracterizar a comunidade residente no bairro Uberaba, da cidade de Curitiba, e especificamente nas localidades anteriormente referenciadas, que fazem parte do PELC; (2) localizar quais so os espaos pblicos de esporte e lazer, mapeando como estes esto constitudos e quais so suas caractersticas; (3) alm de enumerar as aes administrativas existentes para gesto desses espaos. Tendo estas etapas sido vencidas, pretende-se estabelecer relaes entre o planejamento urbano de Curitiba, esse bairro e a constituio dos espaos e equipamentos de esporte e lazer. Quanto metodologia utilizada, segue uma abordagem qualitativa com criao de categorias de anlise a posteriori, inspiradas na anlise cultural proposta por Geertz. Compreende-se que esse processo de investigao busca estabelecer relaes, selecionar informantes, transcrever textos, levantar genealogias, mapear campos, manter um dirio, e assim por diante (GEERTZ, 1989, p.15). Procura-se nesse estudo explorar as aes cotidianas buscando identificar caractersticas nos espaos e equipamentos, alm de mapear aes, o que subsidiar posteriormente o desvelar dos sentidos e significados a eles atribudos. Para tanto so utilizadas fontes como os documentos oficiais da Prefeitura Municipal de Curitiba, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica IBGE, Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba IPPUC, dentre outras para caracterizao da comunidade analisada. Tambm ser aplicado protocolo de investigao4, observaes assistemticas registradas em dirio de campo e entrevistas semi-estruturadas com gestores pblicos da cidade de Curitiba.4

Protocolo desenvolvido pelo GEPLEC, com o objetivo de sistematizar informaes sobre as caractersticas dos espaos, os objetivos para os quais foram construdos, o histrico dos espaos, a acessibilidade, a descrio dos equipamentos, as formas de apropriao, os projetos desenvolvidos

2

3

Acredita-se que tais procedimentos metodolgicos podem possibilitar a conexo de informaes sobre as caractersticas dos espaos analisados, os objetivos para os quais foram construdos, seu histrico, a descrio dos seus equipamentos e demais informaes consideradas relevantes no momento da pesquisa de campo.

pela gesto pblica e demais informaes que vieram a ser relevantes no momento da pesquisa de campo. (RECHIA; FRANA, 2006, p. 70)

3

4

2 PLANEJAMENTO URBANO DE CURITIBA A cidade de Curitiba nacional e internacionalmente reconhecida como cidade-modelo, cidade ambientalmente correta, capital ecolgica, capital social, entre outras, denominaes estas em funo das experincias urbanas, consideradas inovadoras e criativas. Para compreender tais rtulos faz-se necessrio ento compreender o planejamento e a gesto da cidade de Curitiba, atravs de uma breve anlise do processo histrico/cultural da cidade. As primeiras intervenes urbanas na cidade ocorreram em funo da emancipao poltica do Paran, em 1853, quando a Curitiba se transformou na nova capital da Provncia do Paran. Para adequar Curitiba condio de capital, o engenheiro francs Pierre Taulois fez recomendaes quanto ao traado e alinhamento das ruas existentes na vila. Por exemplo, sobre a Rua Graciosa (atual Baro do Cerro Azul) apontou que esta rua no seu prolongamento vai encontrar a Estrada da Marinha nas proximidades do Rio Belm (...) no tendo casas at agora, nada tem a mudar-se basta conservar o paralelismo. 5 Foi a partir da segunda metade do sculo XIX que ocorreu o incio do desenvolvimento urbano, com a inaugurao da estrada de ferro CuritibaParanagu, que levou a cidade a receber um grande nmero de imigrantes europeus. A poltica migratria do estado procurava, com a instalao desses imigrantes camponeses nos arredores da cidade, solucionar os problemas de abastecimento alimentar, aumentando a agricultura de subsistncia e a produo de hortigranjeiros. Estes tambm introduziram novos valores e costumes culturais, como por exemplo, a difuso de jardins e preservao dos bosques. O crescimento desordenado, j nesta poca, principalmente nas regies prximas ao centro, era rigorosamente fiscalizado. Os engenheiros que construram a Estrada de Ferro Paranagu-Curitiba, na dcada de 1880, adotaram na ntegra o modelo francs de urbanismo no planejamento da cidade cidades-jardins6, j que tais mudanas no dependiam de

5

Citao retirada de Barz et al, 1999. p. 5.

6 Segundo Rechia, o modelo francs de cidades-jardins conceituava as cidades planejadas para uma vida saudvel e para a indstria, de tamanho suficiente para permitir uma plena vida social, mas no grande demais, rodeada por um cinturo verde, que no somente se preocupa com as residncias,

4

5

demolies. Este previa a construo da Estrada de Ferro Paranagu-Curitiba e a definio do traado da estao ferroviria de Curitiba, sua localizao e desenho urbano resultante, com a concepo de um projeto que previa ruas retas e grandes perspectivas. (RECHIA, 2003, p. 19) Tal modelo concretizado a partir da inaugurao da Ferrovia, em 1885, foi mantido at a dcada de 1950. Devido ao grande aumento da populao, em 1895, foi criado o Cdigo de Posturas de Curitiba, um instrumento para a manuteno da ordem da cidade. O qual previa padres de higiene, aperfeioamento da estrutura da cidade, estimulando o plantio de rvores, e estabelecimento de regras para a coleta de lixo. Alm desses, na legislao constava uma praa integrada prxima a um conjunto de ruas, destinada ao lazer. Dudeque citado por Rechia destaca que a partir desse cdigo a concepo urbana sofreu uma transformao total (2003, p. 20). Com este novo modelo, as pessoas no s passavam como tambm passeavam pelas praas, assim como pelo Passeio Pblico de Curitiba. No incio do sculo XX, com o crescimento populacional, o quadro urbano foi ampliado e iniciou-se o processo de hierarquizao da cidade, representada pela diviso dos locais de moradia conforme a classe social (BARZ, 2009, p. 6). Para tanto, em 1905 foi criada uma lei determinando onde se poderia construir casas de madeira ou de alvenaria (no esquecendo que as casas de alvenaria tem um custo de construo muito maior que as de madeira). Esta lei visava elitizar determinados espaos. Com a decadncia da atividade ervateira e a falta de recursos para grandes obras, nos anos 30 a administrao pblica foi obrigada a recorrer tendncia de hierarquizao dos planos urbansticos do incio do sculo. As funes da cidade, diretamente influenciadas pelos modelos europeus, foram divididas em trs zonas: central com comrcio e moradas de alto padro; fbricas e moradas para operrios mais qualificados; e moradas de operrios menos qualificados e pequenos sitiantes. Em 1943, a cidade passou por um novo processo de transformao em sua estrutura urbana, atravs da criao de um planejamento urbano diferenciado, o Plano Urbanstico Agache, realizado pelo engenheiro francs Alfred Agache. Esse

mas com o meio ambiente total, integrado, no qual as pessoas possam viver, trabalhar e se divertir. (2003, p.69)

5

6

plano estabeleceu normas tcnicas e diretrizes com o objetivo de ordenar o crescimento fsico, urbano e espacial da cidade atravs do disciplinamento do trfego, organizao das funes urbanas, zoneamento especfico. Desta forma, a cidade foi pensada como um conjunto arquitetnico fundamentado sobre o trip saneamento, sistema virio e uso do solo, procurando a integrao da habitao, circulao, trabalho e recreao. (FRANA, 2007) O plano propunha a diviso da cidade em zonas especializadas, atravs da implementao de centros funcionais setorizados: um centro militar (Bacacheri), um esportivo (Tarum), um de abastecimento (Mercado Municipal), um de educao (Centro Politcnico da Universidade Federal do Paran), um industrial (Rebouas), um administrativo (Centro Cvico), e alguns centros de esporte e lazer (Parque Barigi). Na seqncia foi implantado um sistema radial de vias a partir do centro. As propostas de Agache, embora implantadas parcialmente na cidade, deixaram marcas que perduram at hoje, como as grandes avenidas, as galerias pluviais, o prprio Mercado Municipal, entre outros (FRANA, 2007). Por estas obras terem sido implantadas desta forma, o plano ficou obsoleto rapidamente, at tornarse incontrolvel a questo de se orientar a expanso da cidade. Desta forma, na dcada de 1950, com o rpido crescimento da cidade novos problemas surgiram, como a construo de edifcios arranha-cu em regies consideradas imprprias, fbricas e comrcios em reas consideradas comerciais, e os loteamentos clandestinos fora do permetro urbano como os ncleos da Vila Guara, Uberaba, Vista Alegre, Vila Hauer e Parolin. Segundo Oliveira (1995, p. 46),Dentre os problemas mais prementes destacavam-se o caso dos loteamentos clandestinos, construdos margem da delimitao de usos possveis do solo para cada regio; as inundaes freqentes a que se submetia o centro da cidade; o dficit de unidades habitacionais; o mau estado da rede viria [...] um centro da cidade medocre e em deteriorao, com a circulao atravancada por vias estreitas cercadas por prdios em decadncia.

Diante desta problemtica na dcada de 50, iniciou-se estudos de planejamento na cidade visando a preservao do meio ambiente, sendo que o novo cdigo de posturas apresentava legislao sobre a destinao de lixo e a extrao de areia em reas ainda no ocupadas. Ainda nesse perodo surgiu a Comisso de Planejamento de Curitiba COPLAC, com o objetivo de controlar espacialmente a cidade. E em 1954, plano Agache sofreu uma reviso atravs da criao do6

7

Departamento Municipal de Planejamento e Urbanismo, que tinha como funo a de exercer o controle urbanstico da cidade. Questes como o surgimento destes loteamentos clandestinos era um dos desafios para os administradores municipais. Tais questes emergentes na cidade e a criao do curso de Arquitetura e Urbanismo na Universidade Federal do Paran, derivado das engenharias, em 1960, impulsionaram o debate sobre planejamento urbano. Conforme afirma Oliveira (1995) os profissionais formados com esse novo curso assumiram uma nova postura diante s questes urbanas, compreendendo como necessrio um trabalho interdisciplinar e a institucionalizao da prtica do planejamento urbano. Entre estes novos profissionais estava Jaime Lerner, que chegou a ser prefeito da cidade de Curitiba e governador do Paran, figura importante para a disseminao dessas idias, e coloc-las em prtica nas obras na cidade. Em 1965, por uma concorrncia pblica, a empresa SERETE Engenharia S.A. em associao com o escritrio de arquitetura de Jorge Wilhem, ambos de So Paulo, criaram um plano preliminar de urbanismo para a cidade de Curitiba. Este plano buscou a especializao funcional dos espaos da cidade, atravs dos zoneamentos. Assim como props revitalizao dos espaos pblicos tradicionais da cidade, e a criao de novos pontos de encontro para seus habitantes. Em paralelo, enfatizaram o transporte coletivo, desestimulando o transporte individual. J em 1966, foram criados a COHAB Companhia de Habitao popular de Curitiba e o IPPUC Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba, ambos com fundamental importncia para o desenvolvimento do plano. Este instituto era responsvel pelo desenvolvimento de projetos, implantao e gerenciamento do Plano Diretor de Curitiba. Desta forma, ele seria responsvel por conciliar tempo e espaos urbanos. Sua criao foi determinante para a transformao das idias em aes concretas. Buscando controlar o crescimento urbano, este plano tinha entre outros objetivos, proporcionar o crescimento linear de um centro servido de vias tangenciais de circulao rpida, induzindo o desenvolvimento da cidade no sentido NordesteSudoeste, o adequamento das reas verdes, a criao de uma paisagem urbana prpria (RIBEIRO, 2005, p. 52) Preocupados com a preservao do centro tradicional da cidade, alm da criao dessas vias estruturais, as principais ruas nessa regio foram reservadas7

8

exclusivamente aos pedestres: a pedestrianizao. Com essa mesma preocupao, surgiu a proposta da criao de um setor histrico, com o intuito de conservar os prdios da regio. Quanto otimizao do transporte, foi proposto a criao de vias exclusivas ao transporte coletivo. Oliveira afirma quanto tais aes que,Em todos esses processos predominava a convico de que a cidade deveria ser feita para o Homem e no para o automvel; de que a criao de gigantescas avenidas para o automvel significava a desintegrao dos espaos pblicos da cidade e a degradao dos seus valores referenciais mais significativos; que o centro deve ser preservado como local de encontro das pessoas e no dos automveis (OLIVERA, 1995, p. 31)

Buscando criar novos pontos de encontro para as pessoas, a implementao de parques e reas verdes tradicionais foi adotada, pensando tambm na questo ambiental, visto que a cidade possua ndices muito baixos de rea verde por habitante. Foram desapropriadas as reas de vrzea de rios, imprprias para construes devido ao risco permanente de enchentes, as quais foram destinadas criao dos parques e reas de lazer. Ainda quanto a essas questes, foram detalhados os formatos mais adequados as paisagens nas vias estruturais, configurando um padro de urbanizao que fosse caracterizado como tpico de Curitiba. A partir dos anos 70 a cidade foi marcada pelas inovaes urbansticas atravs da implantao deste plano em sua totalidade, mas com algumas alteraes sem perder seu carter original, atravs das aes do IPPUC (no perodo de 1971 a 1983, correspondente s administraes dos prefeitos da ARENA Jaime Lerner). Foi neste momento que a cidade passou por suas maiores transformaes fsica, econmico-social e cultural. A transformao fsica se deu pela criao de eixos estruturais e a implantao de um sistema de transporte que poderia se adaptar ao progressivo adensamento. Quanto transformao econmica, em 1974 foi criada a Cidade Industrial de Curitiba CIC. A transformao social ocorreu por programas e investimentos que possibilitaram o crescimento da renda coletiva da populao, amenizando os efeitos da concentrao de renda. A transformao social se fez com a promoo de uma identidade prpria para a cidade, baseada em referenciais urbanos. Inicialmente foram utilizados instrumentos que buscavam a revitalizao dos setores tradicionais e histricos da8

9

cidade, alm de um programa cultural que conectava lazer e cultura por meio da apropriao de parques pblicos. Para tanto, a prefeitura promoveu uma criao acelerada de novos espaos de cultura e lazer na cidade. Quanto a esta questo Rechia pondera que[...] a transformao cultural da cidade iniciada nos anos 70 segue desenvolvendo um intenso e ininterrupto processo voltado promoo de uma identidade cultural e de referenciais urbanos para o cidado. Esse processo pode estar contribuindo para despertar um sentimento de pertencer cidade, estabelecendo uma cumplicidade entre esta e seus moradores. (2003, p. 28)

Salientando ainda que a parte essencial deste projeto vias estruturais, criao da CIC, pedestrizao do centro, criao do setor histrico, parques e reas verdes, nibus expressos teve sua implementao j no primeiro mandato de Jaime Lerner como prefeito. Em sua segunda gesto, enfatizou a rea cultural, ambicionava-se uma possvel mudana da mentalidade do indivduo frente a sua cidade. Nos anos 80 a participao popular teve um aumento, e a cidade se voltou s aes sociais. Desta forma, Curitiba continuou a promover iniciativas nas reas de meio ambiente, educao, sade, transporte, habitao, gerao de emprego e renda. Estas e outras aes nomearam a cidade como capital ecolgica, e o urbanismo aplicado passou a se chamar urbanismo ecolgico. Segundo Menezes (1996), citado por Ribeiro (2005, p. 53), com esta idia [...] procurou-se criar no imaginrio da populao um sentido de identificao com a cidade, um sentido de orgulho em pertencer cidade de Curitiba, corroborando com este autor Rechia (2003) fala do sentimento de pertencimento cidade. Nos anos 90 Curitiba continuou com um intenso crescimento populacional, que se observava desde os anos 70, fazendo com que fosse necessrio um maior planejamento quanto ao seu crescimento, principalmente na ocupao das reas urbanizadas ao sul da cidade, ampliando o nmero de escolas, creches, unidades de sade e programas sociais. Mesmo diante desse significativo aumento populacional, com novos desafios, manteve a preocupao com reas verdes, transformando-as em espaos para a potencializao da cultura local e para o lazer comunitrio (RECHIA, 2003).

9

10

Desta forma, no planejamento de Curitiba possvel observar princpios da racionalidade ambiental que Leff aponta7, uma vez que algumas intervenes urbansticas da cidade seguem uma proposta que associa cidade/homem/natureza. Em funo deste planejamento em busca da sustentabilidade local, a cidade foi sede do evento de preparao para a ECO 92, recebendo da imprensa as denominaes de cidade-modelo, cidade ecolgica, capital brasileira de qualidade de vida, entre outras. No entanto, Rechia (2003, p. 88) cita Pereira (2001), que afirma que embora seja considerada um modelo de cidade ecologicamente correta, Curitiba demonstra as contradies da produo do espao que se baseia em um conceito de progresso urbano que contm em si mesmo sua negao: a qualidade de uma rea medida em contradio precariedade de outras. Mas mesmo diante dessa contradio, problemas urbanos de ordem poltica, social e econmica, no se pode deixar de lado os resultados no processo de desenvolvimento urbano da cidade, especialmente se considerados alguns programas e aes, como os programas Lixo que no lixo e Cmbio verde. Sobre tal questo, Rechia afirma queTais fatos podem estar associados ao processo de institucionalizao do planejamento urbano, o qual desempenhou funo mpar na conquista de status alcanado atualmente por Curitiba, o que a diferencia de muitas outras cidades que foram crescendo sem planejamento. Algumas polticas ambientais foram conseqncia dessas aes e hoje apresentam boas perspectivas. (2003, p.89)

Percebe-se ento, concordando com Rechia (2003), que Curitiba busca a qualidade de vida urbana potencializando algumas polticas pblicas, articuladas em diferentes dimenses: educao, saneamento, sade, lazer, cultura, transporte, entre muitas outras. O que pode estar possibilitando e garantindo a quem vive na cidade uma vida um pouco mais saudvel, principalmente quando comparado realidade de urbanizao no pas, pois procura estabelecer uma relao entre cidade, cidado e qualidade de vida.

Citado por Rechia (2003, p. 87), Leff (2001) pondera que as polticas neoliberais esto levando a capitalizar a natureza, a tica e a cultura, no entanto, os princpios de racionalidade ambiental esto gerando novos projetos sociais, fundados na (re)apropriao da natureza, na (re)significao das identidades individuais e coletivas e na renovao dos valores do humanismo.

7

10

11

3 ESPAO, CIDADE... A cidade, como uma paisagem artificial criada pelo homem, composta por ruas, casas, edifcios, parques, praas, avenidas. formada por objetos e imagens, uma mistura entre espao criado e natural, dinamizada entre a vida privada e pblica, onde so articulados tempo/espao, trabalho, poltica, consumo, cultura, lazer, e muitas outras dimenses. Conforme afirma Rechia (2003, p. 1) as grandes cidades contemporneas constituem-se em um denso espao, com funes diversas, por meio das quais se estabelecem mltiplas prticas sociais. nela que o indivduo se reconhece dentro de uma tradio, que adquire uma identidade, individual e coletiva, se conhece e se constitui como um sujeito a dialogar com outro nos diversos tempos e espaos. A cidade tambm, como afirma Paula (2006), o espao do conflito e da conciliao, da alienao e da luta de classes.A cidade o lugar doador de sentido existncia individual e do aprimoramento de nosso corpo, nosso esprito e dos usos e hbitos de nosso tempo. Seu espao, apesar dos tempos atuais, no mera extenso ou somatria dos espaos privados, pois sua natureza, sentido e funo so completamente diversos e, por excelncia, nele que a humanidade do homem se forma. (BRANDO, 2006, p. 61)

Ainda pode-se citar Rechia, baseada em Santos (2003), ao afirmar que[...] as cidades se distinguem umas das outras justamente por objetos fixos e fluxos, os quais conferem significao para os moradores. Sendo assim, para compreender a cidade no apenas como um grande objeto, mas como um modo de vida, faz-se necessrio analisar as interfaces entre fixos e fluxos que, combinados, caracterizam cada formao social. (2003, p.1)

A cidade ento, composta de vrias cidades, de diversos lugares que vo se inserindo nos interstcios do urbano, onde as relaes se desenvolvem. o ambiente contemporneo do homem. A cidade a luz feita do eu e, tambm, do outro, a iluminao do conflito, feita do estranhamento e da alteridade (HISSA, 2006, p. 86). Os homens, ento, so os que fabricam para si mesmos: so o seu espao, produto do seu trabalho e resultado do seu consumo. A cidade ento, construo do homem, e este que se transforma em sua criao. O homem cria a cidade e, assim fazendo, recria a si mesmo (idem, p. 88).11

12

A cidade reproduz a existncia e seus significados, portanto, no deve ser considerada apenas arquitetonicamente, como um local para alojar pessoas, corpos, empresas, objetos. Mas tambm como um conjunto de representaes que compe o meio ambiente urbano8, capaz de perpetuar tradies, suscitar novos hbitos e idias. Analisando a cidade no mundo contemporneo, em que o consumo a base da lgica do atual modelo de acumulao, percebe-se que esta foi transformada pelo capital, que v a sociedade como acesso ao consumo. O fundamental da cidade como espao da liberdade e da solidariedade se ope ao regime de alienao e opresso que o capital imps. Segundo Monte-Mr (2006), a cidade uniu o espao da vida coletiva e territrio da produo industrial, e cada vez mais elas se transformaram no centro da organizao da sociedade e da economia. A cidade, enquanto base do consumo, significa a condio fundamental para o desenvolvimento da indstria. Quanto a esta questo, Monte-Mr (2006, p. 190), com base nas proposies de Lefebvre (1969) afirma que[...] a dominao da indstria, impondo sua lgica de produo centrada no valor de troca sobre a cidade, espao civilizatrio e lcus privilegiado do valor de uso da sociedade, teria subordinado a cidade, e por extenso todo o espao social, lgica instrumental do industrial, resultando em uma conseqente despolitizao desse espao social. A diviso tcnica do trabalho da fbrica foi transportada para a diviso social no espao de vida urbana, estendendo a lgica produtiva ao espao cultural e poltico que marcava a cidade.

Neste sentido, Lefebvre (2001)9, busca distinguir a cidade do urbano, o qual seria um processo extensivo e fragmentrio, que redefiniria novos espaos, fluxos, centralidades e temporalidades para alm do tradicional espao da cidade. Processo que contrape ao poder do capital diferentes formas de mobilizao e construo de identidades coletivas. Ainda segundo Lefebvre, o futuro das cidades, da democracia e da solidariedade, dependero da capacidade dessas foras sociais que se mobilizam na cidade, de derrotar o capital, fazendo com que esta seja o espao da liberdade e da justia para todos.

Compreende-se o conceito de meio ambiente urbano como conjunto das edificaes, com suas caractersticas construtivas, sua histria e memria, seus espaos segregados, a infra-estrutura e os equipamentos de consumo coletivo (RODRIGUES, 1998, apud RECHIA, 2003, p. 10). 9 Citado por Paula (2006), p. 29.

8

12

13

Corrobora-se, ento, com Luchiari ao afirmar a importncia dos espaos para compreenso da articulao e organizao da sociedade (1996, p.13). possvel compreender as relaes sociais a partir da compreenso da constituio do espao, suas formas de apropriao, suas transformaes, os sentidos e significados a ele atribudos. Neste sentido, o espao pode ser inserido na constituio de uma teoria social crtica:O espao e o tempo deixam de ser considerados como mera representao ideolgica das sociedades e passam a ser assimilados como a materialidade latente, o substrato da vida social que tambm passvel de uma leitura para investigar o comportamento e a estratificao sociais. (LUCHIARI, 1996, p. 218)

Torna-se necessrio, ento, a compreenso do que esse termo espao. Milton Santos o interpreta da seguinte maneira:O espao no um pano de fundo impassvel e neutro. Assim, este no apenas um reflexo da sociedade nem um fato social apenas, mas um condicionante condicionado, tal como as demais estruturas sociais. O espao uma estrutura social dotada de um dinamismo prprio e revestida de uma certa autonomia, na medida em que evoluo se faz segundo leis que lhe so prprias. Existe uma dialtica entre forma e contedo, que responsvel pela prpria evoluo do espao. (SANTOS, 1988, apud LUCHIARI, 1996, p. 217)

A partir desta definio, possvel afirmar que a apropriao dos sujeitos nos espaos que lhe do sentido e significado. Ou seja, os espaos so reflexos dos acontecimentos, fenmenos, aes e relaes realizadas pelos sujeitos que os planejam, constroem, e que se apropriam. Esta apropriao do espao, segundo Tuan (1983) citado por Tschke et al (2008), faz com que este se transforme em lugar, preenchido por experincias e vivncias relacionadas dependncia e liberdade. O mesmo autor, neste sentido, afirma existir uma dialtica entre essas duas dimenses: O espao permanece aberto, sugere futuro e convida ao. O espao fechado e humanizado lugar. [...] O lugar representa a segurana, enquanto o espao representa a liberdade (TUAN, 1983, apud TSCHKE et al, 2008, p. 2). Na mesma direo, Milton Santos (1997)10 afirma que o lugar compreende a dimenso da existncia manifestada por um cotidiano em que o conflito a base da10

Questo retirada de Tschke et al (2008)

13

14

vida em comum. Desta forma, a apropriao do espao e as relaes sociais podem revelar sentidos e significados nas aes cotidianas. Em resumo, espao e lugar so componentes bsicos do mundo vivido. Assim, o que comea como espao indiferenciado transforma-se em lugar medida que o conhecemos melhor e o dotamos de valor (RECHIA; FRANA, 2006, p. 63). Ainda segundo Milton Santos (1997), identifica-se na trajetria dos sujeitos uma sucesso do tempo da famlia, da escola, do trabalho. E cada um desses tempos possui um espao especfico que lhe confere materialidade prpria. A sucesso de tempos tambm uma sucesso de espaos que percorremos e nos percorrem, deixando em ns as marcas que deixamos neles. (SANTOS, 1991, apud RECHIA; FRANA, 2006, p. 67) Nesta direo, Luchiari afirma que o espao como categoria analtica tornase um instrumento interpretativo de fundamental importncia para a compreenso da realidade e para o avano do processo do conhecimento cientfico (1996, p. 192), possibilitando a compreenso do fenmeno do lazer atrelado categoria espao. Tendo em vista o espao como um importante instrumento para a compreenso da realidade, o considerando no apenas como um palco inerte11

onde os indivduos

executam suas aes. Assim, o estudo de sua constituio pode esclarecer alguns fenmenos sociais como as relaes de trabalho estabelecidas, a recente urbanizao e manifestaes sociais e culturais ocorrentes no mbito do lazer. Sem esquecer que o lazer pode ser compreendido, segundo Mascarenhas (2004, p. 103), como um fenmeno tipicamente moderno, resultante das tenses entre capital e trabalho, que se materializa como um tempo e espao de vivncias ldicas, lugar de organizao da cultura, perpassado por relaes de hegemonia. Assim, o lazer se constitui como um tempo e espao de organizao da cultura, criando e recriando um novo circuito de prticas culturais ldicas e educativas. Prticas estas, experimentadas conforme a capacidade de consumo dos indivduos, com as formas poltico sociais em disputa e com a funcionalidade a atribuda a ele na contemporaneidade (produo e reproduo da fora de trabalho).

Luchiari (1996) compreende o espao no como um palco inerte, pois este caracterizase como um cenrio em que se desenvolve a histria do ser social, e responsvel pela definio das aes dos indivduos. 14

11

15

O lazer, portanto, compe uma esfera da vida cotidiana perpassada pelas mesmas foras que atuam sobre a sociedade em sua totalidade, e configura-se na medida em que interage com as dinmicas da economia, da poltica e da cultura. O lazer est para o mundo do trabalho assim como este est para as aspiraes e necessidades humanas, assim, uma vida cheia de sentido fora do trabalho supe uma vida dotada de sentido dentro do trabalho (ANTUNES, 1995, apud MARCASSA; MASCARENHAS, 2005 , p. 256). O lazer, como afirma Gramsci (1995)12, tambm lugar de organizao da cultura, tempo e espao de educao, desta forma, torna-se palco social de disputa hegemnica entre a indstria cultural no mercado da diverso e entretenimento, e a ao poltica voltada para uma formao crtica e criativa. Este compreende a vivncia de inmeras prticas culturais como a brincadeira, o jogo, o passeio, a festa, a viagem, o esporte, a arte, o cio, dentre outras possibilidades. Desta forma, o lazer segundo Gomes (2004a), uma dimenso da cultura construda em nossa sociedade, no contexto em que vivemos, a partir da inter-relao do tempo, do espao-lugar, das manifestaes culturais e das aes (ou atitudes). A mesma autora compreende o lazer como[...] uma dimenso da cultura constituda por meio da vivncia ldica de manifestaes culturais em um tempo/espao conquistado pelo sujeito ou grupo social, estabelecendo relaes dialticas com as necessidades, os deveres e as obrigaes, especialmente com o trabalho produtivo. (2004, 125)

Quanto relao entre lazer e espao, Mller (2002), citado por Gonalves (2008, p. 46), afirma que o espao de lazer possui importncia social:[...] por ser um espao de encontro e de convvio. Atravs desse convvio pode acontecer tomada de conscincia, o despertar da pessoa para descobrir que os espaos urbanos equipados, conservados e principalmente animados para o lazer so indispensveis para uma vida melhor para todos e que se constituem num direito dos brasileiros.

Neste sentido, visualiza-se no meio urbano a relao entre os lugares abertos e as prticas corporais ldicas. Tais espaos abertos ensaiam a convivncia com aquele que no conheo, lugar onde as pessoas podem se estranhar pelo fato de12

Citado por Marcassa e Mascarenhas (2005)

15

16

serem estranhos, fazendo que este se torne espao privilegiado para a manuteno das formas de convvio, civilidade e cidadania. O espao pblico o local em que as afinidades sociais e as diferenas so vivenciadas, a possibilidade de dilogo e transformao. Lugar de conflitos, de problematizao da vida social, onde se exercita a arte da convivncia. Tais espaos correspondem a imagem da cidade e de sua sociabilidade, por meio dos quais se produz uma espcie de resumo fsico da diversidade socioespacial daquela populao, daquele lugar, transformando espaos em lugares (RECHIA, 2003, p. 131). A mesma autora ainda afirma que os espaos pblicos so o prprio pulsar da vida urbana, atravs dele que se estabelece o vnculo entre participao ativa e vida na cidade. Rechia (2003) ressalta a estreita relao entre as prticas corporais de carter ldico e os espaos, essas experincias podem estar sustentadas em valores que contemplam de maneira especial a relao sujeito-ludicidade, gerando um estilo de prticas singulares no ambiente urbano (p. 9). Portanto, no tempoespao de lazer que os espaos pblicos, produtos do poder pblico, podem se transformar em obras significativas das pessoas que o apropriam. No entanto, as rpidas mudanas que ocorreram, e ainda ocorrem, em nossa sociedade tambm alteraram as formas espaciais no ambiente urbano. E tais transformaes modificaram as relaes entre a vizinhana, os usos e tempos de apropriao dos espaos pblicos. Para Carlos (2002) citado por Rechia (2003), tais alteraes referem-se ao desenvolvimento tcnico que modificou o processo produtivo, assim como as necessidades de circulao das pessoas, mercadorias, informaes e as polticas do setor pblico. Instaurando-se, ento, o conflito entre a apropriao do espao pela comunidade e a dominao do espao pelo poder pblico. Fatos estes, que podem desencadear um refgio na vida privada, em funo dos limites de uso do espao pblico, que muitas vezes, geram sentimentos e percepes de segregao, expulso e excluso (RECHIA, 2003, p. 13) Mas mesmo diante de tais fatos, Rechia ainda ressalta que se mantm a vida dos espaos pblicos nas grandes cidades, ou seja, depende do significado que a comunidade lhes atribui. Assim, as vivncias no mbito do lazer podem ser consideradas como tempo de vida, momentos que16

17

[...] podem ser compreendidos como cambiantes entre o natural e o construdo, entre velocidade e lentido, entre produo e contemplao, nos interstcios da vida cotidiana, revelando no horizonte uma nova articulao entre espao e tempo, tendo como conseqncia primordial a (re)propriao do espao pblico, o que pode possibilitar a reconstruo da vitalidade da cidade. (RECHIA, 2003, p. 15)

Portanto, as vivncias do ser humano no tempo-espao de lazer em diferentes ambientes urbanos, embora tensionadas pelo mundo do trabalho na sociedade contempornea, podem significar um importante elo entre o cotidiano e a cultura local. Assim, conforme afirma Lefebvre (1991), so durante as prticas de lazer e por meio delas os sujeitos, conscientemente ou no, podem realizar a crtica de sua vida cotidiana. Trazendo esses conceitos para a realidade de Curitiba, possvel identificar que o projeto urbano da cidade buscou integrar a natureza aos planos diretores, unindo o espao construdo natureza. Desta forma, corrobora-se com Rechia (2003, p. 74) ao afirmar que:[...] o modelo adotado para a criao de ambientes pblicos em Curitiba [...] demonstram que a cidade se destaca pela incorporao da natureza no seu planejamento urbano, o qual tem como pano de fundo uma certa preocupao com a relao homem/cidade, com nfase no lazer verde, distinguindo-a de outras capitais do pas e criando em torno de si uma marca identitria que entre vrias dimenses ressalta a qualidade de vida urbana e a beleza da cidade-jardim.

No entanto, pode-se observar na cidade uma grande segregao social, e diante de tal fato, Pereira (2001) citado por Rechia (2003, p. 88), afirma que Curitiba demonstra as contradies da produo do espao que se baseia em um conceito de progresso urbano que contm em si mesmo sua negao: a qualidade de uma rea medida em contradio precariedade de outras. preciso recorrer a histria de formao dos espaos da cidade, do bairro, da rua para tentar compreender esse processo dialtico.

17

18

4 O BAIRRO UBERABA 4.1 UM POUCO DE HISTRIA Os primeiros registros de ocupao da regio do Uberaba so do sculo XVIII, e este possua como caracterstica econmica pequenas plantaes e criao de gado. A palavra Uberaba significa gua que brilha, em referncia ao Rio Belm, que nas primeiras ocupaes era um rio limpo, passando por vrios bairros, incluindo o Uberaba.A vida era simples e pacata. As poucas casas eram feitas de troncos e tinham o cho batido (de barro)... Os desertos descampados e a mata virgem eram cortados por trilhas simples, caminhos para tropeiros que iam e vinham de So Jos dos Pinhais e Santa Catarina. (FENIANOS, 2001, p. 20)

O bairro era cortado pela trilha dos tropeiros que iam ou vinham de So Jos dos Pinhais e Santa Catarina, estrada hoje chamada Avenida Senador Salgado Filho. Na planta de Curitiba em 1914 o Uberaba aparece em uma regio que atualmente corresponderia aos bairros Alto da XV, Cristo Rei, Tarum e Jardim Botnico. Em 1915 foi apresentado o primeiro mapa de Curitiba que mais se aproxima do territrio que a cidade possui atualmente, e neste, pode-se observar que apesar de as casas serem poucas, grande parte do territrio do bairro j estava loteado. Nos anos 40 uma linha de nibus passou a atender a regio, o qual ligava a Praa Tiradentes a So Jos dos Pinhais. Nesta poca os moradores j afirmavam a existncia de dois Uberabas. O Uberaba de Cima, por sua proximidade com o Boqueiro (um reduto de leiterias), era utilizado para a lavoura e criao de gado leiteiro. Enquanto o Uberaba de Baixo era um grande banhado, de onde saia areia do Rio Iguau para as edificaes do centro da cidade. A formao tnica inicial do bairro foi de japoneses, que se encontravam na cidade desde a dcada de 30 para trabalhar na lavoura. Em 1945 foi escolhido como local para sediar um clube de amigos, hoje conhecido como Nikkei Clube. Nos anos 70 o Guabirotuba e o Uberaba apresentavam caractersticas de zonas campestres do Paran, em que as vacas pastavam em torno das chcaras e18

19

muitas ruas eram vistas como estradas vicinais ou alimentadoras da Avenida Salgado Filho. Somente no final dos anos 80 que tais bairros adquiriram o desenho que tm hoje, com sobrados e conjuntos comerciais, resultado dos loteamentos organizados pelas famlias Camargo e Mehl. Ainda nos anos 90 o Uberaba era aclamado por sua extenso e seus paradoxos, com vacas pastando ao lado de automveis e condomnios residenciais bem estruturados, dividindo o territrio com invases em seus extremos. (FENIANOS, 2001, p. 31) 4.2 ASPECTOS SCIO-DEMOGRFICOS DA REA PESQUISADA Entre os instrumentos para a compreenso da realidade social da populao da regio pesquisada, o uso de informaes do Censo Demogrfico relevante ao permitir a comparao do universo com o qual se est trabalhando e sua insero no bairro e mesmo no municpio como um todo, captando as suas peculiaridades e, principalmente, as suas vulnerabilidades. Tais dados possibilitam conhecer a realidade scio-econmica da comunidade local atravs de informaes como condies do domiclio, renda e escolaridade. Ser pesquisada uma determinada regio do bairro Uberaba, composta pelas seguintes localidades: Jardim das Torres, Moradias Itiber, Moradias Cairo e Jardim Alvorada. Apesar da defasagem das informaes do Censo Demogrfico, realizado em 2000, trata-se da ltima base de dados disponvel. O IBGE realizou a Contagem de 2007 apenas nos municpios com at 170 mil habitantes, no abrangendo, por isso, Curitiba. Entretanto, h que observar que a ocupao desta regio j estava praticamente consolidada em 2000, tendo ocorrido poucas transformaes que gerassem mudanas nas principais tendncias captadas pelo Censo Demogrfico. Este trabalho com o Censo Demogrfico foi realizado a partir das informaes de Agregados de Setores Censitrios13, disponibilizadas no site do IBGE. As informaes dos setores censitrios tm por base os dados coletados no universo

13

Por setor censitrio, o IBGE classifica a menor unidade territorial, com limites fsicos identificveis em campo, com dimenso adequada operao de pesquisas e cujo conjunto esgota a totalidade do Territrio Nacional, o que permite assegurar a plena cobertura do Pas (IBGE, 2003, p. 3).

19

20

dos domiclios. Por isso, no contempla informaes sobre determinadas variveis, como mercado de trabalho, que foram pesquisadas apenas numa amostra de 25%. A rea objeto da pesquisa contempla trs setores censitrios, integrantes do bairro Uberaba: 410690205030157, 410690205030158 e 410690205030159. O mapa a seguir do bairro destaca a localizao dos trs setores.

20

21

FIGURA 1 - MAPA DO BAIRRO UBERABA COM REA PESQUISADA EM DESTAQUE FONTE: IPPUC. CURITIBA EM DADOS, 2005

Entre os trs setores censitrios, um deles (159) foi classificado como setor especial de aglomerado subnormal, ou seja, conjunto constitudo por um mnimo de 51 domiclios, ocupando ou tendo ocupado, at perodo recente, terreno de21

22

propriedade alheia (pblica ou particular), dispostos, em geral, de forma desordenada e densa, e carentes, em sua maioria, de servios pblicos essenciais (IBGE, 2003, p. 9).

FIGURA 2 MAPA DO SETOR CENSITRIO 159 FONTE: IBGE. CENSO DEMOGRFICO, 2000

Constitui, basicamente, rea de ocupao irregular, como tambm pode ser observado no mapa a seguir produzido pelo IPPUC, em que as reas em amarelo constituem ocupaes irregulares.

FIGURA 3 INSERO DO SETOR CENSITRIO 30159 COMO REA DE OCUPAO IRREGULAR FONTE: IPPUC, 2009

22

23

A proximidade ferrovia caracterstica de grande parte das reas de ocupao irregular em Curitiba. Pode-se observar a existncia de diversas reas de ocupao irregular no entorno do setor censitrio. A maioria das invases de reas pblicas com fins de moradia foi caracterstica principalmente dos anos 80 e 90, devido combinao de crise econmica e reduo das disponibilidades financeiras dos estados e municpios para investimentos em habitao. Os outros dois setores no foram objetos do mesmo tipo de classificao por parte do IBGE. Para caracterizar esta regio, tomou-se por base informaes dos domiclios, dos moradores e dos responsveis pelos domiclios14. No que diz respeito aos domiclios, foram consideradas variveis referentes ao tipo e condio de uso, acesso a saneamento bsico e nmero de moradores. A maior parte das moradias foi classificada como casa (92,2%), havendo tambm uma elevada proporo de cmodos (7,8%), principalmente associada forma de ocupao da regio. Essa participao dos cmodos como forma de habitao era inclusive superior mdia do bairro e do municpio de Curitiba, como pode ser visualizado no grfico a seguir.

GRFICO 1 DOMICLIOS PARTICULARES PERMANENTES, POR TIPO, NA REGIO PESQUISADA, BAIRRO UBERABA E MUNICPIO DE CURITIBA 2000.

100,0 80,0 60,0 % 40,0 20,0 0,0 r ea p esq ui sad a U b erab a M uni c p i o d e C ur i t ib a

Casa A partamento C mo do

FONTE: IBGE. CENSO DEMOGRFICO, 2000

14

O IBGE define responsveis pelo domiclio como pessoa responsvel, para o homem ou a mulher responsvel pelo domiclio particular permanente ou que assim era considerado(a) pelos demais moradores (IBGE, 2003, p. 13).

23

24

A condio de uso indica que h na regio em estudo uma proporo relativamente elevada de imveis cedidos sob outra forma (10,2%), resultado provavelmente do processo de ocupao irregular. A maioria dos imveis foi classificada como prprios, quitados (57,2%) ou em aquisio (26,1%). Os imveis alugados representavam apenas 5,2%, percentual inferior mdia de Curitiba e Uberaba.GRFICO 2 - DOMICLIOS PARTICULARES PERMANENTES, POR CONDIO DE USO NA REGIO PESQUISADA, BAIRRO UBERABA E MUNICPIO DE CURITIBA 20006 0 ,0 5 0 ,0 4 0 ,0Prprios quitados Prprios em aquisio Alugados Cedidos pelo empregador Cedidos de out ra f orma Out ra condio de ocupao

% 3 0 ,02 0 ,0 10 ,0 0 ,0 r ea Pesq uisad a B air r o U b er ab a M uni c p i o d e C ur i t i b a

FONTE: IBGE. CENSO DEMOGRFICO, 2000

As informaes de saneamento bsico assentadas no Censo Demogrfico referem-se cobertura dos servios de gua, esgoto e coleta de lixo. No caso de esgotamento sanitrio, o acesso rede geral no necessariamente significa tratamento do esgoto. Dos 748 domiclios existentes na rea pesquisada, apenas um no tinha acesso ao abastecimento de gua via rede geral. Ou seja, mesmo parte das edificaes sendo construda em rea de ocupao irregular, tem acesso rede geral de gua.

24

25

GRFICO 3 DOMICLIOS PARTICULARES PERMANENTES, POR ABASTECIMENTO DE GUA NA REGIO PESQUISADA, BAIRRO UBERABA E MUNICPIO DE CURITIBA - 200010 0,0 8 0,0 6 0,0Com abast ec. gua rede geral Com abast ec. gua poo ou nascent e Com out ra forma de abasteciment o

%4 0,0 2 0,0 0,0 r ea Pesq ui sad a B ai r r o U b er ab a M uni c p i o d e C ur i t ib a

FONTE: IBGE. CENSO DEMOGRFICO, 2000

O esgotamento sanitrio era acessvel a 72,5% dos domiclios. Entre os demais, 15,9% possuam fossa sptica, provavelmente associado a ocupaes mais antigas e inexistncia de tratamento de esgoto na regio naquele momento. Chama ateno a elevada proporo de domiclios que destinam seu esgoto via vala, o que contribui para deteriorar as condies de vida da populao local. Este procedimento pode estar associado tambm forma de ocupao da rea.GRFICO 4 DOMICLIOS PARTICULARES PERMANENTES, QUE POSSUAM BANHEIRO, POR TIPO DE ESCOADOURO NA REGIO PESQUISADA, BAIRRO UBERABA E MUNICPIO DE CURITIBA - 20008 0 ,0

6 0 ,0Via rede geral Via f ossa sptica Via f ossa rudimentar Via vala Via rio

% 4 0 ,0

2 0 ,0

Via outro escoadouro

0 ,0 r ea Pesq uisad a B air r o U b er ab a M unic p io d e C ur it ib a

FONTE: IBGE. CENSO DEMOGRFICO, 2000

25

26

Apesar das deficincias no que se refere ao esgotamento sanitrio, apenas um domiclio no possua banheiro ou sanitrio.GRFICO 5 DOMICLIOS PARTICULARES PERMANENTES, POR EXISTNCIA DE BANHEIRO NA REGIO PESQUISADA, BAIRRO UBERABA E MUNICPIO DE CURITIBA - 2000

10 0 ,0 8 0 ,0 6 0 ,0

%4 0 ,0 2 0 ,0 0 ,0 r ea Pesq uisad a B air ro U b er ab a M uni c p io d e C ur it ib a

Com banheiro ou sanitrio Sem banheiro ou sanitrio

FONTE: IBGE. CENSO DEMOGRFICO, 2000

Por fim, no que se refere s condies de moradia cabe destacar que a maior parte dos domiclios possua coleta pblica de lixo, seja atravs dos servios de limpeza (97,1%), seja atravs de caamba (2,5%). Pode-se, assim, considerar que a populao tem acesso maior parte dos servios pblicos essenciais.GRFICO 6 DOMICLIOS PARTICULARES PERMANENTES, POR DESTINO DO LIXO NA REGIO PESQUISADA, BAIRRO UBERABA E MUNICPIO DE CURITIBA 200010 0 ,0 8 0 ,0 6 0 ,0Com lixo coletado por servio de limpeza Com lixo coletado em caamba de serv limpeza Com lixo queimado na propriedade Com lixo enterrado na propriedade Com lixo jogado em terreno baldio Com lixo jogado em rio

%4 0 ,0 2 0 ,0 0 ,0 r ea Pesq uisad a B air ro U b er ab a M unic p io d e C ur it ib a

FONTE: IBGE. CENSO DEMOGRFICO, 2000

26

27

Quanto ao nmero de moradores (tabela a seguir), havia em 2000 uma proporo relativamente maior de famlias com maior nmero de pessoas na rea pesquisada em comparao com o bairro Uberaba e Curitiba. Os domiclios com cinco ou mais moradores representavam 28,7% na rea em estudo, 23,5% no bairro e 20,3% em Curitiba. Alm do processo de ocupao mais recente em relao mdia do bairro e de Curitiba, esta caracterstica pode estar associada presena mais elevada de migrantes recentes e de origem mais rural, em que o padro de filhos mais elevado.TABELA 1 DOMICLIOS PARTICULARES PERMANENTES E PARTICIPAO RELATIVA POR NMERO DE MORADORES NA REA PESQUISADA, BAIRRO UBERABA E MUNICPIO DE CURITIBA - 2000

Nmero de moradores 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 e + Total

rea Pesquisada Absol. 88 84 157 204 111 49 29 10 7 9 748 % 11,8 11,2 21,0 27,3 14,8 6,6 3,9 1,3 0,9 1,2 100,0

Bairro Uberaba Absol. 1.538 3.100 4.171 4.250 2.378 944 389 152 75 67 17.064 % 9,0 18,2 24,4 24,9 13,9 5,5 2,3 0,9 0,4 0,4 100,0

Municpio de Curitiba Absol. 53.063 97.186 113.811 111.369 58.853 22.242 8.260 3.472 1.555 1.345 471.156 % 11,3 20,6 24,2 23,6 12,5 4,7 1,8 0,7 0,3 0,3 100,0

FONTE: IBGE. CENSO DEMOGRFICO, 2000.

A populao residente em 2000 era de 2.844 pessoas, sendo 1.379 homens e 1.465 mulheres. A mdia de moradores por domiclio era de 3,8 pessoas, superior mdia do Uberaba, 3,5, e de Curitiba, 3,4. A pirmide etria, importante instrumento de avaliao da demanda por servios pblicos essenciais, como sade e educao, aponta no caso da rea pesquisada uma base mais alargada. A populao com at27

28

14 anos representava, em 2000, 32,1% do total da rea pesquisada, enquanto no bairro era 29,5% e em Curitiba, 24,9%. Isto sugere a necessidade de maiores investimentos em educao e sade infanto-juvenil na rea pesquisada em relao ao Uberaba e Curitiba.GRFICO 7 PIRMIDE ETRIA DA REA PESQUISADA - 2000Fx. etria

80 o u +

Hom ens

Mulheres

70 a 74 60 a 64 50 a 54 40 a 4 4 30 a 3 4 20 a 24 10 a 14 0 a 4

-6,0

-4,0

-2,0

0,0 %

2,0

4,0

6,0

FONTE: IBGE. CENSO DEMOGRFICO, 2000

GRFICO 8 PIRMIDE ETRIA DO BAIRRO UBERABA - 2000Fx. et ria

80 o u + 70 a 74 60 a 64 50 a 54 40 a 44 30 a 34 20 a 24 10 a 14 0 a 4

Hom ens

Mulheres

-6,0

-4,0

-2,0

0,0%

2,0

4,0

6,0

FONTE: IBGE. CENSO DEMOGRFICO, 2000

28

29

GRFICO 9 PIRMIDE ETRIA DO MUNICPIO DE CURITIBA - 2000Fx. Etria

80 o u + 70 a 7 4 60 a 6 4 50 a 5 4 4 0 a 44 3 0 a 34 20 a 2 4 10 a 14 0 a 4

Hom ens

Mulheres

-6,0

-4,0

-2,0

0,0%

2,0

4,0

6,0

FONTE: IBGE. CENSO DEMOGRFICO, 2000

Por outro lado, os mais idosos ainda representam uma parcela relativamente menor dos moradores, quando comparada com o bairro e Curitiba. Enquanto no municpio a proporo de pessoas com 65 anos e mais era de 5,7%, no bairro Uberaba, 4,1%, e na rea pesquisada, 2,7%. Desta forma, apesar do processo conhecido como envelhecimento da populao j ocorrer em Curitiba, ainda muito incipiente na regio estudada. Os indicadores de rendimento e de escolaridade esto disponveis para os responsveis pelos domiclios em 2000. Apesar de no abranger todos os membros das famlias, fornece indicaes do grau de vulnerabilidade social da populao em estudo e sua dependncia de polticas pblicas. A distribuio dos rendimentos mostrou-se concentrada nas menores faixas de remunerao, destacando-se a elevada proporo de responsveis sem rendimentos. Desta forma, enquanto na rea estudada a proporo de responsveis sem rendimentos era de 19,3%, no bairro reduzia para 8,6% e no municpio, 5,9%. Essa informao, associada presena de uma populao infanto-juvenil relativamente mais expressiva, aponta a existncia de um grau mais elevado de vulnerabilidade social. J entre aqueles que recebiam alguma remunerao, a diferena entre a regio e o bairro no era to expressiva nas menores faixas de remunerao. Apenas havia maiores discrepncias nas faixas de maior remunerao. H que29

30

observar que esta no a nica rea com ocupaes irregulares e maior grau de vulnerabilidade existente no bairro Uberaba.GRFICO 10 RESPONSVEIS PELOS DOMICLIOS PARTICULARES PERMANENTES, POR REMUNERAO MDIA MENSAL - REA PESQUISADA - 2000Sem rendiment o 20% De mais de 20 SM 0% At 1/ 2 SM 0%

De 1/ 2 a 1 SM 9% De 1 a 2 SM 15%

De 15 a 20 SM 1%

De 10 a 15 SM 2% De 5 a 10 SM 16% De 3 a 5 SM 23%

De 2 a 3 SM 14%

FONTE: IBGE. CENSO DEMOGRFICO, 2000

GRFICO 11 RESPONSVEIS PELOS DOMICLIOS PARTICULARES PERMANENTES, POR REMUNERAO MDIA MENSAL BAIRRO UBERABA - 2000Sem rendiment o 9% De mais de 20 SM 4% De 1 a 20 SM 5 4% At 1/ 2 SM 0% De 1/2 a 1 SM 8%

De 1 a 2 SM 16%

De 10 a 15 SM 5%

De 2 a 3 SM 14% De 5 a 10 SM 20% De 3 a 5 SM 20%

FONTE: IBGE. CENSO DEMOGRFICO, 2000

30

31

GRFICO 12 RESPONSVEIS PELOS DOMICLIOS PARTICULARES PERMANENTES, POR REMUNERAO MDIA MENSAL - CURITIBA - 2000At 1/2 SM 0%

De mais de 20 SM 9% De 15 a 20 SM 6% De 10 a 15 SM 7%

Sem rendiment o 6%

De 1/2 a 1 SM 6%

De 1 a 2 SM 13%

De 2 a 3 SM 12%

De 5 a 10 SM 23%

De 3 a 5 SM 18%

FONTE: IBGE. CENSO DEMOGRFICO, 2000

As informaes de anos de estudo, enquanto indicador de escolaridade, so importante fonte de anlise sobre as possibilidades de insero no mercado de trabalho e esto relacionadas remunerao obtida. De um modo geral, os responsveis pelos domiclios da rea estudada apresentavam menor escolaridade em relao ao bairro e a Curitiba. Sistematicamente, para as menores faixas de escolaridade era mais elevada a participao na rea estudada. Havia, inclusive, uma participao superior a 50% dos responsveis sem ensino fundamental completo. Atualmente, o ensino mdio completo um dos pr-requisitos para a insero mais qualificada no mercado de trabalho. Isto significa que a garantia de acesso escola condio fundamental para reduzir o grau de vulnerabilidade da populao estudada. H que observar que as maiores diferenas ocorrem a partir de onze anos de estudo, principalmente nos indicadores de curso superior completo e incompleto (acima de 11 anos). Mesmo considerando o bairro Uberaba como um todo, havia diferenas com relao mdia municipal.TABELA 2 RESPONSVEIS PELOS DOMICLIOS E PARTICIPAO RELATIVA, POR ANOS DE ESTUDO, NA REA PESQUISADA, BAIRRO UBERABA E MUNICPIO DE CURITIBA - 2000

Escolaridade/anos de estudo

rea Pesquisada Absol. %31

Bairro Uberaba Absol. %

Municpio de Curitiba Absol. %

32

S/instruo ou menos de 1 ano de estudo 1 ano 2 anos 3 anos 4 anos 5 anos 6 anos 7 anos 8 anos 9 anos 10 anos 11 anos 12 anos 13 anos 14 anos 15 anos 16 anos 17 anos ou + anos Total

45 20 36 46 144 57 33 32 121 15 23 144 2 4 2 14 3 3

6,0 2,7 4,8 6,2 19,4 7,7 4,4 4,3 16,3 2,0 3,1 0,3 0,5 0,3 1,9 0,4 0,4

2.953 1.608 1.959 2.794 8.995 2.747 1.509 2.182 6.787 1.063 1.731 771 892 939 3.620 1.660 775

5,4 2,9 3,6 5,1 16,4 5,0 2,8 4,0 12,4 1,9 3,2 1,4 1,6 1,7 6,6 3,0 1,4

19.404 11.796 14.314 20.620 69.527 20.501 11.111 16.392 52.810 8.653 13.835 8.118 9.097 11.325 42.589 28.075 11.282

4,1 2,5 3,0 4,4 14,8 4,4 2,4 3,5 11,2 1,8 2,9 21,4 1,7 1,9 2,4 9,1 6,0 2,4

19,4 11.848

21,6 100.565

744 100,0 54.833 100,0 470.014 100,0

FONTE: IBGE. CENSO DEMOGRFICO, 2000.

Pode-se, assim, caracterizar a populao residente na rea pesquisada como apresentando baixa escolaridade, baixa remunerao e maior nmero de moradores por domiclio. A populao relativamente jovem em comparao com a mdia municipal, apresentando um padro mais prximo a pases com menor grau de desenvolvimento econmico. Vale dizer, h um peso maior de crianas e jovens, que demandam polticas sociais especficas. Os domiclios so bem servidos de alguns servios pblicos essenciais, apesar de algumas deficincias quanto ao esgotamento sanitrio. O padro construtivo mais precrio, em muitos casos, est relacionado estrutura de remunerao e presena de reas de ocupao irregular. H ainda algumas ruas sem calamento adequado, alm da proximidade da linha do trem que constitui elemento segregador dos espaos urbanos e aumenta32

33

a insegurana da populao vizinha. Existem valetas, em que so jogados lixo e esgoto domstico, comprometendo a qualidade de vida da populao local. Ademais, pode-se observar que alm das diferenas scio-econmicas entre a populao da rea pesquisada em relao ao bairro e a Curitiba, tambm existem diferenas dentro da prpria regio. O fato de um setor censitrio ser classificado como de ocupao irregular, ao passo que os demais se tratam principalmente de conjuntos habitacionais confere insero diferenciada a seus habitantes. A regio possui diversos equipamentos pblicos na rea de educao e sade que, de certa forma, podem contribuir para reduzir o grau de vulnerabilidade social imposto pela baixa escolaridade e baixo rendimento da sua populao. H um posto de sade e escolas muito prximas. Alm disso, quanto ao atendimento social da comunidade, h uma agncia da FAS Fundao de Ao Social, que tem atuado junto comunidade, PETI Programa de Erradicao do Trabalho Infantil, Pro-jovem e CRAS Centro de Referncia em Assistncia Social. Alm destas organizaes pblicas, observou-se a presena do Projeto Sol Nascente, ONG Voice For Change, projetos de contraturno escolar, entre outros. A figura a seguir aponta a localizao de diversos pontos de interesse para este estudo. Os nmeros destacados abaixo referem-se aos seguintes espaos: (1) Praa Renato Russo; (2) Escola Municipal Maria Marly Piovesan; (3) Cancha de Bocha; (4) Unidade de Sade Alvorada; (5) Praa do Cairo; (6) Praa Homero Morinobu Oguido; (7) Contraturno escolar Michel Cury; (8) Contraturno escolar Madre Angela; (9) Associao de Moradores Alvorada; (10) ONGs.

33

34

FIGURA 4 LOCALIZAO DOS ESPAOS IDENTIFICADOS NA REA DE ESTUDO FONTE: GOOGLE EARTH, 2009

, assim, uma rea de vulnerabilidade social, com forte atuao de diversas instncias de promoo e recuperao social. O mapeamento dos espaos de lazer pode se configurar, neste contexto, em um importante instrumento de polticas pblicas, principalmente quando se considera a estrutura etria prevalecente na rea estudada e a situao de vulnerabilidade da populao. Diante dessa realidade, o lazer pode se constituir como fora de organizao da sociedade, agncia educativa capaz de fomentar e colaborar para a construo de novas normas, valores e condutas para o convvio entre os homens (MASCARENHAS, 2004, p.13). Passando, desta forma, a ser possvel a sua compreenso como tempo e lugar da construo da cidadania e exerccio da liberdade. Ainda segundo Mascarenhas (2004), o lazer pode colaborar para a construo de novos valores e normas de convvio entre as pessoas, questionando a ordem e a organizao instaurada, atravs de seu potencial transformador na reorganizao da vida social.

34

35

Desta forma, o lazer pode ser na vida moderna um tempo para a vivncia de valores que contribuem para mudanas na ordem social e cultural, um campo possvel da contra-hegemonia. 4.3 ESPAOS PBLICOS DE ESPORTE E LAZER O bairro do Uberaba, em sua totalidade, conforme dados do IPPUC, apresenta quinze jardinetes e quinze praas. Compreendendo jardinetes como pequenos pontos de encontro, pensados para oportunizar uma quebra nas edificaes e a interao entre as pessoas. Enquanto as praas so espaos maiores, porm com mais algumas funes: agregar pessoas, servios, moradias, trabalho, transporte publico, alm da quebra das edificaes. (CAGNATO, 2007)TABELA 3 REA DE LAZER POR TIPO NO BAIRRO UBERABA NO MUNICPIO DE CURITIBA 2005Bairros Uberaba Curitiba Bosques 14 Centros Esportivos 2 Eixos de Animao 15 Jardinetes 15 406 Jardins Ambientais 3 Largos 54 Ncleos Ambientais 30 Parques 17 Praas 15 416

FONTE: SMMA/PARQUES E PRAAS, IPPUC/BANCO DE DADOS ELABORAO: IPPUC/BANCO DE DADOS

A tabela acima apresenta as reas de lazer no Uberaba comparado com as existentes na cidade de Curitiba, mostrando assim que neste bairro no h bosques, centros esportivos, eixos de animao, jardins ambientais, largos, ncleos ambientais e parques; no entanto, h quinze jardinetes e quinze praas. Diante desse nmero de praas e jardinetes, buscamos quais deles estavam localizados na rea delimitada para pesquisa. Esses jardinetes e praas encontrados nesta determinada rea esto, respectivamente, enumerados nos quadros abaixo:QUADRO 1 JARDINETES NO BAIRRO UBERABA NO MUNICPIO DE CURITIBA - 2005

Nome do Logradouro Jardinete Jardinete Jardinete Cel. Almir Silva

Localizao R. Maracujs X R. dos Cocos X R. Pitangas Moradias Ouro Verde R. Adhemar Vieira de Arajo X R. Ozas S. de Arajo X R. Oswaldo F. Goelzer 35

rea 1.200 600 1.512

36

Jardinete Amurity Rodrigues Jardinete Jardinete Anhangava Jardinete Jardinete Jardinete Jardinete Jardinete Jardinete Jardinete Jardinete Jardinete

R. Jos Gomes de Mello X R. Amadeu Ciprianoda Silva Rio Belm X R. Pacfico Guimares Teixeira Filho X R. Pe. Julho Saavedra R. camacuan X R. do Guarumbi X R. do Guairicana R. Guilherme Walter Lowry R. Nicodemus Zeglin X R. Velcy Bolivar Grando X R. Cap. Leonidas Marques R. Cap. Leonidas Marques X R. Cel. Alfredo F. da Costa X R. Herculano Schilipak R. dep. Tenrio Cavalcanti X R. Atlio Piloto R. Dr. Ozeas Saraiva de Araujo X R. Alice Vilas Boas da Conceio X R. Zacarias Gomes de Souza R. Acil Loureno da Cruz X R. Julieta Sado X R. Eulice B. Bartoszeck R. Euclides Padilha dos santos X Av. Comendador Franco R. Guabirobas Rodovia Curitiba - Paranagu BR277 X R. Waldomiro Daldigan X R. Benjamin Gelinski

1.761 3.373 10.635 1.973 1.649 1.500 1.200 1.025 1.410 500 500 1.364

FONTE: SMMA/PARQUES E PRAAS, IPPUC/BANCO DE DADOS ELABORAO: IPPUC/BANCO DE DADOS

Dentre todas os jardinetes catalogados pela prefeitura no Uberaba, apenas um est no permetro delimitado, este localizado entre as ruas Acil Loureno da Cruz, R. Julieta Sado e R. Eulice B. Bartoszeck, com uma rea total de 1.410 m, conhecido na regio como Praa do Cairo.QUADRO 2 PRAAS NO BAIRRO UBERABA NO MUNICPIO DE CURITIBA - 2005

Nome do Logradouro Elias Jorge Homero Morinobu Oguido Lafayette Queirolo Leopoldina Bueno Da Silva Zibarth Praa Praa Praa

Localizao R. Dalila Lopes Costa X R. Sapoti X R. Zacarias Gomes de Souza R. Sarg. Luiz G. Martins Ribas X R. Dr. Fabio R . Bertoli Arns X R. Aviador Armin Buhrer R. Francisco Castellano X R.Dona Saza Lattes X R.Benedicto Berrilo Fangueiro R. Cap. Leonidas Marques X R. Jua X R. Amendoins R. Celio Jos Pivova X R. Pacfico G. Teixeira Franco X R. Dr. Gonzaga de Campos X R. Simone Daltoso R. Dr. Simo Kossobudski X R. Zulmira Bacila X Rio Belem R. Leonlio Dalledone X R. Masao Ishii X R. 36

rea 1.563 4.140 7.614 2.658 4.674 7.557 1.700

37

Praa Praa Praa Praa Praa Praa Renato Russo Renato Zorze

Mario Lopes Farinha R. Conego Anibal Maria Difranci X R. Luiza Gazola Santi X R. Maria Elizabete Herrera R. Amauri Mauad Guerios X R. Adao Lauro Vargas X R. Esperidiao Kalluf R. Francisco Licnerski X R. Mariano A da Luz X R. Luiz Antonio de Andrade Vieira R. Victor Luiz Maganhoto X R. Dr. Fbio Rogrio Bertoli Arns Av. Senador Salgado Filho x Av. Comendador Franco R. Celso Luiz do Vale x R. Ivone Esprito Santo Garcia R. Cap. Leonidas Marques X R. Velcy Bolivar Grando X R. Amauri Mauad Guerios R. Ulisses Jose Ribeiro X R. Mal . Cardoso Junior X R. Mario Bueno Sobrinho

3.264 7.870 4.669 3.203 2.500 2.500 21.213 3.700

FONTE: SMMA/PARQUES E PRAAS, IPPUC/BANCO DE DADOS ELABORAO: IPPUC/BANCO DE DADOS

Quanto a relao entre o nmero de praas catalogados pela prefeitura no bairro, e as encontradas na rea pesquisada, constatou-se a presena de duas neste permetro: Homero Morinobu Oguido e Renato Russo. A praa Homero Morinobu Oguido localiza-se entre as ruas Sarg. Luiz G. Martins Ribas, Dr. Fabio R . Bertoli Arns e Aviador Armin Buhrer, com uma rea total de 4.140 m. A praa Renato Russo, a maior do bairro situa-se entre as ruas Cap. Leonidas Marques, Velcy Bolivar Grando e Amauri Mauad Guerios, com 21.213 m de rea total.

FIGURA 5 SINALIZAO DA PRAA HOMERO MORINOBU OGUIDO

37

38

FIGURA 6 PRAA RENATO RUSSO

A partir de tais dados, foi realizada a pesquisa de campo, percorrendo a p toda a regio delimitada. Esta pesquisa foi apoiada no mtodo de pesquisa qualitativa e baseia-se na aplicao de protocolos de anlise, j citados anteriormente (desenvolvidos pela rede cedes, ncleo CEPELS Centro de Estudo e Pesquisa em Esporte, Lazer e Sociedade ver modelo em anexo). Em seguida, foi realizada uma entrevista semi-estruturada com um gestor pblico da cidade de Curitiba15, buscando enumerar as aes administrativas existentes para gesto e planejamento desses espaos. Diante das observaes realizadas, preenchimento dos protocolos durante a pesquisa de campo, e anlise da entrevista realizada, pode-se concluir que a tais espaos (jardinetes e praas analisados) foram atribudas funes bsicas a partir de sua constituio arquitetnica, so elas: fsico-esportivas e recreativas.

15

Foi entrevistado um representante do setor de planejamento do Departamento de Parques e Praas, da Secretaria Municipal de Meio Ambiente SMMA.

38

39

FIGURA 7 QUADRA, PARQUINHO E SISTEMA DE ILUMINAO DISPONVEIS NA PRAA RENATO RUSSO

A partir da entrevista realizada foi possvel constatar que a Prefeitura Municipal de Curitiba possui alguns equipamentos padro, os quais foram encontrados nas praas analisadas, assim como h um modelo para a instalao dos postes de luz existentes em algumas delas, conforme afirma o gestor entrevistado: Ns temos nossos equipamentos padro, que so as canchas, mais voltadas para o lazer, que so as de futebol e vlei de areia que ns procuramos no impermeabilizar [...] o parquinho. Desta forma, quanto aos equipamentos disponveis nos espaos pesquisados, foram encontrados, basicamente os mesmos descritos pelo gestor entrevistado: canchas de areia, postes para colocao de rede de vlei, traves de futebol, bancos de madeira e playground (gangorra, escorregador e trepa-trepa). Estes equipamentos foram colocados sobre solo de areia, grama ou calamento, e cercados por uma tela (principalmente as canchas de areia), e duas praas apresentavam postes de luz. Somente na praa Renato Russo foi encontrada pista de caminhada, fato este, que pode ser compreendido por esta estar localizada ao lado de uma escola municipal, alm de ser a maior praa do bairro, levando a prefeitura a instalar mais equipamentos nela. Mediante tais dados, obtidos a partir do preenchimento dos protocolos de observao das praas e jardinetes encontrados na rea pesquisada, possvel estabelecer categorias de anlise quanto manuteno, limpeza, iluminao, segurana e apropriao desses espaos.

39

40

Quanto manuteno, observou-se falta de limpeza nos espaos, salientando a presena de acmulo de lixo em vrios ambientes, e nenhuma lixeira foi encontrada nesses espaos. A limpeza tem uma rotina, que no sei precisar. Mas existe uma firma terceirizada para esta funo. [...] No temos mais colocado lixeira para evitar que vire ponto de lixo (ENTREVISTA). Em relao aos equipamentos percebeu-se que possuem uma manuteno regular, de forma a possibilitar sua utilizao. A prefeitura mantm o padro de equipamentos para a facilidade de manuteno:O nosso planejamento o mais prtico, mas funcional, o que vai durar mais, que vai ter mais resistncia [...] ns estamos comeando a restringir a oferta de equipamento que a populao teria direito [...] se quiser comear a diversificar muito, no consegue manter. (ENTREVISTA)

possvel ressaltar ainda, quanto iluminao, em que dois dos espaos apresentam postes de luz, o que possibilita o uso em horrios noturnos, pois isso garante uma relativa segurana. E como j ressaltado anteriormente, tambm h um padro a ser seguido quanto a iluminao; no entanto, a secretaria enfatiza o fato da maioria desses postes serem depredados, h necessidade de instalar postes mais reforados, de acordo com a rea na qual esses esto. O fato de dos trs espaos pblicos analisados, dois apresentavam iluminao e um no, pode ser justificado pela seguinte afirmao feita pelo gestor pblico durante a entrevista:[...] s vezes quando ns estamos fazendo um projeto de implantao de uma rea, necessrio fazer uma pista de caminhada, uma cancha, parquinho e iluminao. No deu o dinheiro, o que a gente vai cortar? [...] Por isso s vezes tem reas implantadas sem iluminao, por falta de verba.

40

41

FIGURA 8 LIXO DISPOSTO INDEVIDAMENTE E APROPRIAO POR UM PROJETO SOCIAL NA PRAA HOMERO MORINOBU OGUIDO

FIGURA 9 MANUTENO REGULAR, POSTES DE LUZ E O TREM PASSANDO AO LADO DA PRAA HOMERO MORINOBU OGUIDO

Apesar de algumas praas possurem iluminao, garantindo certa segurana durante a noite, no encontrou-se a presena da guarda municipal nestas. No entanto, como afirma Jacobs (2000, p. 36), para que um espao se torne seguro devem existir olhos para a rua, daqueles que se poderia chamar proprietrios naturais da rua, e esta caracterstica no foi observada nos espaos analisados. Em relao apropriao16, infere-se a partir das informaes coletadas durante a pesquisa de campo, que esses espaos esto na maior parte do tempo esvaziados, sendo utilizados apenas quando acontecem aes de programas

16

Foram feitas observaes em variados dias da semana, entre segunda e sexta- feira, entre 7:30 e 17:30 horas, durante o perodo letivo. Tambm foi feito acompanhamento dos espaos em alguns finais de semana, em que havia apropriao direcionada por projetos sociais.

41

42

sociais, como, por exemplo, na FIGURA 8, durante uma ao do PELC/UFPR Vila Audi. Os programas sociais com aes que buscam potencializar esses espaos da comunidade em alguns perodos do dia e da semana so: Grupo de ginstica do PELC, o qual utiliza a Praa Renato Russo para executar suas aes; Unidade de atendimento Integral Michel Cury, que utiliza a Praa Homero Morinobu Oguido; Assim como existem aulas de futebol no perodo da noite na mesma praa, em que um morador da regio voluntariamente ministra essas aulas; Unidade de atendimento Unio Ferroviria, que atende ao Projeto Pr-Jovem, utiliza o espao da Praa do Cairo.

FIGURA 10 DESAPROPRIAO NA PRAA DO CAIRO

De certa forma, este esvaziamento aponta a falta de identidade da comunidade com estes espaos pblicos, indicando que em parte a estratgia de idealizao da sua estrutura no possui maior aderncia com a cultura, normas e anseios da populao que se pretende atingir. A partir desta constatao pode-se perceber que o estabelecimento de polticas pblicas podem estimular a utilizao destes espaos pela comunidade para que efetivamente se transformem em estratgias de incluso social. Sobre esta questo Guimares afirma que,

42

43

As intervenes totalizadoras, idealizadas e executadas e externamente s comunidades, no promovem a realizao dessas como atores, mas como pblico. Sem atores naturais, o espao que no pblico, mas para um pblico , requer uma ativao artificial, uma cena ou um espetculo ou algum tipo de consumo. Assim o lugar dado s comunidades no o de fazer o espao, compartilhar, modificar, apropriar, mas de consumo. O produto a ser consumido definido pelos especialistas, a partir da viso quase sempre estereotipada do que melhor ou em outros casos, mais adequado para as comunidades envolvidas. Ao contrrio disso, a 17 modificao de espaos em territrios pressupe a expresso e impresso pessoal nesses espaos. [...] Para serem efetivados como pblicos, esses espaos devem ser o resultado da coexistncia de vrios territrios superpostos, s vezes conflitantes, outras em sintonia. (2007, p. 5)

Portanto, h um processo de estranhamento, de no-reconhecimento do habitante com os lugares, com o outro na metrpole, que marca um desencontro entre habitante e cidade (CARLOS, 2001, p. 331). Alm dos espaos institucionalizados como pblicos de esporte e lazer listados e descritos anteriormente (praas e jardinetes), foram encontrados na regio outros espaos que no se encaixam nessa categoria, mas so utilizados como espaos de lazer, so esses: Escola Municipal Maria Marly Piovesan, Unidade de Sade / Espao Sade Mais, Associao de Moradores Alvorada, Campo de Bocha18. No entanto, os gestores pblicos salientam a dificuldade para o planejamento desses espaos de lazer. A secretaria atende a demanda do 156, emendas parlamentares elaboradas pelos vereadores, e pedidos encaminhados por associaes de moradores. Assim a prefeitura busca identificar as reais necessidades, e ver a possibilidade de realizar ou no tais demandas, pois muitas vezes o que um morador/associao/vereador compreende como necessrio para a regio, no compartilhado pelos demais moradores, ou ento, invivel sua realizao por diversos motivos tcnicos ou financeiros. Outro ponto que tem uma grande interferncia no planejamento a segurana, questo que no deveria ser preocupao para estes, mesmo assim, e faz com que determinadas mudanas, novas idias no sejam aplicadas.

17

Conforme afirma Guimares (2007, p. 3) o territrio no entendido somente pela perspectiva do domnio fsico, mas tambm de uma apropriao que incorpora a dimenso simblica e, pode-se dizer, identitria, afetiva. Esses espaos podem ser visualizados na FIGURA 4, apresentada anteriormente.

18

43

44

5 CONCLUSO A partir da anlise da histria curitibana, percebe-se uma quase permanente preocupao com o planejamento da cidade, atravs de seu zoneamento, ordenao do crescimento fsico, urbano e espacial, criao de uma paisagem urbana prpria, e a implementao de parques e reas verdes na cidade, abrangendo tanto a questo ambiental quanto a disponibilizao de reas de lazer para a populao. Compreendendo a cidade como uma paisagem criada pelo homem, com funes diversas, por meio das quais se estabelecem inmeras prticas sociais, corrobora-se com Luchiari (1996) ao afirmar a importncia dos espaos para a compreenso da organizao da sociedade. E a apropriao dos sujeitos que confere sentido e significado aos espaos, fazendo com que este se transforme em lugar, como afirma Tuan (1983). Ou seja, os espaos so reflexos das aes realizadas pelos sujeitos e vice-versa. Tendo em vista o espao como uma ferramenta para a compreenso da realidade, o estudo deste pode auxiliar na compreenso das manifestaes sociais e culturais que ocorrem no mbito do lazer, o qual pode ser compreendido como um fenmeno tipicamente moderno, resultante das tenses entre capital e trabalho, que se materializa como um tempo e espao de vivncias ldicas lugar de organizao da cultura, perpassado por relaes de hegemonia (2004, p. 103). As vivncias do ser humano nesse tempo e espao de lazer podem significar um elo entre o cotidiano e a cultura local. Quanto cidade de Curitiba, corrobora-se com Rechia (2003), ao afirmar que esta busca a qualidade de vida urbana potencializando algumas polticas pblicas, articuladas em diferentes dimenses: educao, saneamento, sade, lazer, cultura, transporte, entre muitas outras. Fato que pode possibilitar e garantir a quem vive na cidade uma vida um pouco mais saudvel, principalmente em comparao realidade de urbanizao no pas, pois se busca estabelecer uma relao entre cidade, cidado e qualidade de vida. Entretanto, possvel observar na cidade uma significativa segregao social, caracterstica que se reflete pelo processo dialtico existente entre os espaos da

44

45

cidade, em que a qualidade de uma regio medida em contradio precariedade de outras. A regio analisada um exemplo desses opostos existente na capital paranaense, caracterizada por uma populao com baixa escolaridade, baixa remunerao e maior nmero de moradores por domiclio que a mdia da cidade, com a presena de reas de ocupao irregular. , assim, uma rea de vulnerabilidade social, com forte atuao de diversas instncias de promoo e recuperao social. A regio possui diversos equipamentos pblicos na rea de educao e sade que, de certa forma, podem contribuir para reduzir o grau de vulnerabilidade social imposto pela baixa escolaridade e baixo rendimento da sua populao. O mapeamento dos espaos de lazer da regio pode configurar-se em um importante instrumento para o desenvolvimento de polticas pblicas, principalmente quanto estrutura etria prevalecente na rea estudada (crianas e jovens) e a situao grave de vulnerabilidade da populao. Desta forma, a partir das anlises realizadas quanto manuteno, segurana e diversidade dos equipamentos, percebe-se que no h uma manuteno e limpeza regular; assim como no foi encontrada uma grande diversidade de equipamento nestes espaos; observou-se a existncia de postes de luz, possibilitando uma relativa segurana no perodo noturno, mas nenhum dos espaos possua algum guarda municipal. Como conseqncia, nossas observaes nos permitem afirmar, que ocorre uma (des)apropriao desses ambientes por parte da populao em geral durante os horrios observados. No entanto, os gestores pblicos afirmam no ser possvel uma maior diversificao dos equipamentos pela dificuldade de segurana, e pela depredao. Desta forma, manter um padro tambm facilita a limpeza e manuteno destes, que ocorre conforme um rodzio. Salienta-se que nessa regio existem espaos pblicos de esporte e lazer em condies de utilizao, porm aponta-se um certo desinteresse da comunidade quanto potencializao desses ambientes, que pode ocorrer por diversos fatores que no foram objetivados nesse trabalho. No entanto, como afirma Guimares, a transformao de espaos em lugares dotados de sentido e significado supe a decodificao desses espaos em entendimentos pessoais, smbolos prprios,45

46

lembranas e necessidades nicas (2007, p. 5). Processo este que requer tempo, possibilidades de interferncias, intervenes, e que muitas vezes vo contra o ideal esttico pr-concebido. Assim, compreendendo que os espaos pblicos de esporte e lazer na sociedade contempornea so planejados com objetivo de gerar encontro entre as pessoas, observa-se problemas de ordem estrutural, administrativa e educacional, que impedem que tal objetivo seja atingido. De certa forma, a no utilizao destes espaos pela comunidade pode estar refletindo a sua noo de no pertencimento a um determinando padro de acumulao predominante em Curitiba. A prpria comunidade se sente excluda destes espaos criados sob a gnese do consumo.

46

47

REFERNCIAS BARZ, Elton Luiz; et al. Histria de Curitiba. Curitiba, 1999. Disponvel em: . Acesso em: 3 Jun. 2009. BRANDO, Carlos Antnio Leite. As cidades da cidade. In: ______ (Org.). As cidades da cidade. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2006. p. 9-20. CAGNATO, Euza Virginia. Praa Afonso Botelho: o foco das observaes no mbito do esporte e lazer. Dissertao (Mestrado em Educao Fsica) Setor de Cincias Biolgicas, Universidade Federal do Paran, Curitiba, 2007. CARLOS, Ana Fani Alessandri. Espao-tempo na metrpole: a fragmentao da vida cotidiana. So Paulo: Contexto, 2001. FENIANOS, Eduardo Emilio. Jardim das Amricas, Guabirotuba e Uberaba: presentes do passado. Curitiba: Universidade, 2001. FRANA, Rodrigo de. Dilogos entre Oferta e Demanda: Uma anlise da relao entre o Poder Pblico e os grupos de Ativismos Sociais referente aos Parques da cidade de Curitiba. Dissertao (Mestrado em Educao Fsica) Setor de Cincias Biolgicas, Universidade Federal do Paran, Curitiba, 2007. GEERTZ. C. A interpretao das culturas. Rio de Janeiro. LTC Livros tcnicos e cientficos Editora S. A., 1989. GOOGLE EARTH. Curitiba. Imagem de: 22 mai. 2009. . Acesso em: 27 nov. 2009. GOMES, Christianne. Lazer - Concepes. In: Christianne Luce Gomes. (Org.). Dicionrio Crtico do Lazer. 1 ed. Belo Horizonte: Autntica, 2004 a. p. 119-126.47

Disponvel em:

48

______. Lazer - Ocorrncia histrica. In: Christianne Luce Gomes. (Org.). Dicionrio Crtico do lazer. 1 ed. Belo Horizonte: Autntica, 2004 b. p. 133-141. GONALVES, Felipe Sobczynski. Espaos e equipamentos de lazer da Vila Nossa Senhora da Luz: suas formas de apropriao no tempo/espao de lazer. Dissertao (Mestrado em Educao Fsica) Setor de Cincias Biolgicas, Universidade Federal do Paran, Curitiba, 2008. GUIMARES, Cristina Maria de Oliveira. Espaos pblicos ou espaos para o pblico? 2009. HISSA, Cssio Eduardo Viana. Ambiente e vida na cidade. In: BRANDO, Carlos Antnio Leite (Org.). As cidades da cidade. Belo Horizonte: Editora UFMG