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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA UNEB DEPARTAMENTO DA EDUCAÇÃO CAMPUS VII LICENCIATURA EM PEDAGOGIA LEVANTAMENTO DAS CONDIÇÕES AMBIENTAIS DOS RIACHOS E AÇUDES RELACIONADOS À SEDE DO MUNICÍPIO DE ITIÚBA, BAHIA Cristiane Pereira de Oliveira Marilda Aparecida Pinto Oliveira Natânia Pinto dos Santos Nildete Fernandes de Andrade Itiúba 2011

Monografia Marilda Pedagogia Itiúba 2012

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Pedagogia Itiúba 2012

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Page 1: Monografia Marilda Pedagogia Itiúba 2012

UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB DEPARTAMENTO DA EDUCAÇÃO – CAMPUS VII

LICENCIATURA EM PEDAGOGIA

LEVANTAMENTO DAS CONDIÇÕES AMBIENTAIS DOS RIACHOS E AÇUDES RELACIONADOS À SEDE DO

MUNICÍPIO DE ITIÚBA, BAHIA

Cristiane Pereira de Oliveira Marilda Aparecida Pinto Oliveira

Natânia Pinto dos Santos Nildete Fernandes de Andrade

Itiúba

2011

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CRISTIANE PEREIRA DE OLIVEIRA MARILDA APARECIDA PINTO OLIVEIRA

NATÂNIA PINTO DOS SANTOS NILDETE FERNANDES DE ANDRADE

LEVANTAMENTO DAS CONDIÇÕES AMBIENTAIS DOS RIACHOS E AÇUDES RELACIONADOS À SEDE DO

MUNICÍPIO DE ITIÚBA, BAHIA

Monografia apresentada ao Departamento

de Educação – Campus VII como requisito

parcial para obtenção da graduação em

Pedagogia do Departamento de Educação

da Universidade do Estado da Bahia, sob

orientação da Profª. Dra. Cristiana de

Cerqueira Silva Santana.

Itiúba,

2011

Page 3: Monografia Marilda Pedagogia Itiúba 2012

CRISTIANE PEREIRA DE OLIVEIRA MARILDA APARECIDA PINTO OLIVEIRA

NATÂNIA PINTO DOS SANTOS NILDETE FERNANDES DE ANDRADE

LEVANTAMENTO DAS CONDIÇÕES AMBIENTAIS DOS RIACHOS E AÇUDES RELACIONADOS À SEDE DO

MUNICÍPIO DE ITIÚBA, BAHIA

Monografia apresentada ao Departamento

de Educação – Campus VII como requisito

parcial para obtenção da graduação em

Pedagogia do Departamento de Educação

da Universidade do Estado da Bahia, sob

orientação da Profª. Dra. Cristiana de

Cerqueira Silva Santana.

Local_____de___________de 2011.

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Dedico esse trabalho as pessoas que jamais me deixaram desistir e sempre me incentivaram, sempre com uma palavra de conforto, de carinho, de encorajamento e às vezes de alerta, cobrança e lembranças. Estas pessoas são a minha família e em especial uma homenagem póstuma ao meu amado e inesquecível pai “Paulo”. Cristiane Pereira

Dedico esse trabalho a minha família e algumas pessoas

que direta ou indiretamente contribuíram para o meu sucesso. Em especial as minhas filhas e meu esposo Valmir. Muito Obrigada! Marilda Aparecida Pinto

Dedico esse trabalho em primeiro lugar a minha Mãe Gildete, razão eterna de minha caminhada; Ao meu Pai, que onde estiver está torcendo por mim; Aos meus tios Edite e Everaldino, por sempre estarem ao nosso lado principalmente depois do falecimento de meu pai, ele sendo um exemplo de Homem a ser seguido, sempre nos encorajando para não desistirmos principalmente dos nossos estudos; Aos meus irmãos, em especial Cecília que sempre foi uma segunda mãe para mim e ao meu irmão caçula, Marcio, o primeiro a dá um passo importante na sua vida entrando numa Universidade despertando em mim uma vontade e certeza que podemos sempre crescer e por fim a uma Eterna Amiga, Vanessa que no início de minha nova jornada sempre me encorajou e ajudou-me em vários momentos.

Natânia Santos

Dedico esse trabalho aos meus filhos: Adriano, por ter compartilhado da minha ausência e Adriel porque chegou ao final, reafirmando que sempre vale à pena insistir.

Nildete Fernandes

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AGRADECIMENTOS

Agradecemos a Deus, o Dador de nossas vidas; À Instituição da UNEB que nos proporcionou a realização deste curso; Às Orientadoras Roseane Cíntia e Normaci Reis, pela disponibilidade de tempo prestado a nós; Ao ex-prefeito Dr. João Antônio da Silva Neto, pelo empenho e responsabilidade de propiciar aos educadores a valorização de seus estudos com o aperfeiçoamento na área, afirmando o Convênio com a Instituição; A prefeita Drª Cecília Petrina de Carvalho, por ter mantido o convênio com a Instituição, dando oportunidade a mais educadores aperfeiçoarem seus conhecimentos e assim melhor atender aos educandos; Aos nossos mestres, em especial ao professor Pascoal Eron, por nos acompanhar e auxiliar nesse longo processo; Aos colegas pelos momentos em que dividimos as alegrias e angústias; A todas as pessoas que contribuíram de forma positiva na realização do Projeto de Pesquisa; A professora-orientadora Cristiana Santana, pela colaboração e intervenções para construção desse trabalho, o nosso muito obrigado; E finalmente, a cada uma de nós quatro, acadêmicas, que no decorrer do curso contribuímos de várias formas, o que tornou essa caminhada harmoniosa e produtiva, onde juntas alcançamos mais um dos nossos objetivos e tendo em mente que esse será só o começo....!!!!!!

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Cuide bem da natureza Hoje acordei cedo, contemplei mais uma vez a natureza. A chuva fina chegava de mansinho. O encanto e aroma matinal traziam um ar de reflexão. Enquanto isso, o meio ambiente pedia socorro. Era o homem construindo e destruindo a sua casa. Poluição, fome e desperdício deixam o mundo frágil e degradado. Dias mais quentes aquecem o “planeta água”. Tenha um instante com a paz e a harmonia. Reflita e preserve para uma consciência coletiva. Ainda há tempo, cuide bem da natureza.

Gleidson Melo

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RESUMO

Corpos hídricos foram essenciais para a instalação dos primeiros núcleos urbanos.

Pode-se considerar que tais áreas foram determinantes para o desenvolvimento das

culturas e das diversas atividades. Mas, a história da evolução humana se confunde

com a apropriação e degradação ambiental. O homem participa ativamente na

transformação do meio ambiente, sem nenhuma consciência, modificados apenas

para seu próprio interesse. De maneira desordenada e mal planejada foram

construindo suas casas as margens dos riachos, bem como executando prática de

plantio e pastos causando queimadas e modificando o ambiente as margens dos

corpos de água. A poluição e a contaminação dos riachos e açudes de Itiúba, Bahia

foi o foco desta pesquisa que teve como objetivo realizar o levantamento ambiental e

diagnosticar a situação dos açudes e riachos que influenciam ou sofrem influência

da população da sede municipal de Itiúba e seus arredores, com vistas para atuação

em Educação Ambiental. Como referencial metodológico apoiou-se no paradigma

qualitativo-descritivo, sendo observados os objetos de estudo e entrevistados os

moradores antigos e atuais da cidade em questão. A partir da análise das

observações e das entrevistas, pode-se concluir que as águas dos riachos e açudes

estão totalmente poluídas por terem sido transformados em canais de esgotos, pois

o município não possui tratamento de rede de esgoto baseado na Lei nº. 11.445/07

que estabelece Diretrizes Nacionais para o Saneamento Básico. Notou-se também

que a população não se sente sujeito responsável para tal fato. Pretende-se com

este estudo, sensibilizar a população local e os órgãos competentes das

conseqüências oriundas da preservação do Meio Ambiente, bem como alertar sobre

os riscos a saúde humana evidenciando a importância de uma Educação Ambiental

mais eficaz em todas as esferas da comunidade.

Palavras-chaves: Saneamento Básico. Meio Ambiente. Sensibilização. Preservação.

Educação Ambiental.

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ABSTRACT

Water bodies were essential to the installation of the first urban centers. One can

consider that these areas were instrumental in the development of cultures and

diverse activities. But the story of human evolution is intertwined with the ownership

and environmental degradation. The man actively participates in the transformation

of the environment, without any awareness, modified only for their own interest. So

disorganized and poorly planned building their houses were the banks of streams, as

well as running the practice of planting and pastures causing fires and modifying the

environment the margins of water bodies. Pollution and contamination of rivers and

dams of Itiúba, Bahia was the focus of this research aimed to achieve the

environmental review and diagnose the situation of ponds and streams that influence

or are influenced by the population of the municipal seat of Itiúba and its

surroundings, with seen to work in Environmental Education. As methodological

relied on descriptive qualitative paradigm, and observed the objects of study and

interviewed current and former residents of the city concerned. From the analysis of

observations and interviews, we can conclude that the waters of rivers and dams are

totally polluted by being transformed into sewage canals, because the city has no

sewage treatment based on Law no. 11.445/07 establishing national guidelines for

sanitation. It was also noted that the population does not feel responsible subject to

this fact. The aim of this study was to sensitize the local population and the

competent organs of the consequences arising from the preservation of the

environment, as well as warn of the risks to human health indicates the importance of

a more effective environmental education in all spheres of the community.

Keywords: Sanitation. Environment. Awareness. Preservation. Environmental

Education.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Mapa de localização do município de Itiúba, Bahia. ................................................ 28 Figura 2. Mapa dos Trechos dos Açudes e Riachos da Cidade de Itiúba. ............................. 29 Figura 3. Croqui de localização do Açude Coité, à jusante da cidade de Itiúba. .................... 33 Figura 4. Vista área do açude do Coité. .................................................................................. 34 Figura 5. Plantação de Hortaliças e verduras na comunidade de Bela Conquista................. 35 Figura 6. Início do Riacho do Coité com uma substância de cor amarelada.......................... 36 Figura 7. Trecho do Riacho com água empossada e rede esgoto sendo lançada. ............... 37 Figura 8. Lixos jogados pelos próprios moradores no leito do riacho Coité. .......................... 38 Figura 9. Foto de cima: Travessia da ponte com presença de lixo, mesmo existindo dois coletores a população continua jogando lixo no leito e arredores. Foto abaixo: Ponte que liga a Praça principal ao Bairro do Alto, e por onde passa o riacho do Coité, com focos de lixo. 39 Figura 10. Casas construídas próximas ao riacho, colocando em risco a saúde dos moradores, bem como o perigo em fortes chuvas. ................................................................. 40 Figura 11. Trecho do Riacho com a mata ciliar degradada. ................................................... 41 Figura 12. Croqui de localização dos Riachos Santa Helena e do Béu. ................................ 41 Figura 13. Serras que durante as chuvas deságuam no Riacho Santa Helena. .................... 42 Figura 14. Presença de lixo na ponte próxima a calçada de pedra. ....................................... 42 Figura 15. Focos de queimadas no percurso do riacho. ......................................................... 43 Figura 16. No destaque, homens desmatando área próxima ao percurso do riacho. ............ 43 Figura 17. Cacimba no trecho do Riacho Santa Helena. Abaixo: Minação no trecho do riacho dentro da Roça do senhor Zeca. Abaixo: Presença de minação de água salobra no percurso do riacho próximo ao matadouro desativado, onde também era lançada toda sujeira dos animais...................................................................................................................................... 44 Figura 18. Captação de minação próximo ao Riacho Santa Helena, na casa do Sr. F. ........ 45 Figura 19. Lixo e pneus dentro do Riacho, bem como toda rede de esgotos lançada dentro a céu aberto, causando transtorno a população próxima com a presença de mosquitos e mau-cheiro. ....................................................................................................................................... 46 Figura 20. Os dejetos lançados estão parados em trechos do riacho, só quando chove que este segue seu percurso. Abaixo: água para e bastante poluída próxima ao Cemitério Municipal. .................................................................................................................................. 46 Figura 21. Barragem no percurso do Riacho Santa Helena. .................................................. 47 Figura 22. Abaixo: Pequena represa construída dentro do quintal de moradores no trajeto do riacho Santa Helena. ................................................................................................................ 47 Figura 23. Riacho do Béu, nas proximidades da AABB, na enchente de 2004. .................... 48 Figura 24. Início do dejetos advindos de toda cidade lançado diretamente no Riacho do Béu e presença de lixo jogado pelos moradores. ........................................................................... 49 Figura 25. Trecho do riacho do Béu após o pontilhão visivelmente marcado pela presença de lixo, o que dificulta o escoamento da água, caso fortes chuvas acometam a área. ......... 50 Figura 26. Lixo no leito do Riacho do Béu na ponte próxima ao Colégio Estadual Belarmino Pinto. ......................................................................................................................................... 50 Figura 27. Lixo plástico preso è vegetação no leito do riacho do Béu sob ponte urbana. ..... 51 Figura 28. Mapa Trecho Riacho do Rodolfo ao Açude Jenipapo. .......................................... 52 Figura 29. Esgoto residencial diretamente lançado no Riacho Rodolfo. ................................ 53 Figura 30. Erosão ás margens do percurso do Riacho Rodolfo. ............................................ 54 Figura 31. Presença de lixo no percurso do Riacho Rodolfo, na zona rural, sentido Açude do Jenipapo. .................................................................................................................................. 54 Figura 32. Lixo jogado no percurso do Riacho do Rodolfo próximo a rodovia. ...................... 55 Figura 33. Tartarugas mortas dentro do Riacho Rodolfo. ....................................................... 55 Figura 34. Açude do Jenipapo durante as cheias (sem data). ................................................ 56 Figura 35. Passeio da família Sampaio no açude Jenipapo em 1941. ................................... 57 Figura 36. Jovens na Pedra do Jove, no Açude do Jenipapo (sem data). ............................. 57

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 10

2 OBJETIVOS .......................................................................................................... 13

2.1 Geral .................................................................................................................. 13

2.2 Específicos ......................................................................................................... 13

3. RECURSOS HIDRICOS E ESCASSEZ DE ÁGUAS ............................................ 14

4 POLUIÇÃO, CONTAMINAÇÃO E DEGRADAÇÃO DOS RIOS E CÓRREGOS. ... 17

5 SANEAMENTO BÁSICO E PLANEJAMENTO URBANO ...................................... 21

6 METODOLOGIA ................................................................................................... 26

6.1 Tipo da Pesquisa ............................................................................................... 26

6.2 Objetos da Pesquisa .......................................................................................... 28

6.3 Instrumentos de Coleta de Dados ...................................................................... 30

7. RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................ 32

7.1 Açude do Coité................................................................................................... 32

7.2 Riacho do Coité.................................................................................................. 35

7.3 Riachos Santa Helena e Béu ............................................................................. 41

7.4 Riacho Rodolfo................................................................................................... 51

7.5 Açude do Jenipapo ............................................................................................ 56

7.6 Discussão .......................................................................................................... 64

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 69

REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 70

APÊNDICE .............................................................................................................. 73

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1 INTRODUÇÃO

A água é uma substância vital para todas as formas de vida na Terra e

nenhum animal ou planta pode viver sem ela; a água é essencial para a vida e para

esse líquido não existe substituto. É, pois, de responsabilidade dos seres humanos

a sua conservação e preservação, uma vez que sem água, todas as formas de vida

estariam ameaçadas.

Discussões acerca da poluição, contaminação e degradação dos corpos

hídricos tem sido constante na mídia. Essas discussões normalmente enfocam tais

problemas nas grandes cidades, onde o efeito de urbanização sobre os

ecossistemas tem provocado uma intensa degradação desses recursos. Porém,

pode-se verificar que mesmo os municípios de pequeno e médio porte apresentam

uma situação crítica no que diz respeito à falta de planejamento municipal que

culmina na falência de muitos recursos hídricos originais.

A rápida urbanização tem sido tendência geral e esta concentrou

populações de baixo poder aquisitivo em periferias carentes de serviços essenciais

de saneamento. Esse fator contribuiu para gerar poluição concentrada, sérios

problemas de drenagem agravados pela inadequada deposição de lixo,

assoreamento dos corpos d’água e conseqüente diminuição das velocidades de

escoamento das águas.

É visível o acumulo de detritos domésticos e industriais não-biodegradáveis

lançados nos riachos e solo, que possivelmente provoca danos ao meio ambiente e

doenças nos seres humanos.

Neste contexto, pode-se citar o município de Itiúba localizado no semi-

árido, tem uma área total de 1.737,8 km² e uma densidade populacional de 20,22

hab/km², uma vez que vem crescendo de forma espontânea, sem total

planejamento e ou diretrizes urbanísticas prévias, situações de confronto entre o

suporte natural e os objetos construídos, com exceção das novas moradias do

Programa do Governo Federal em parceria com estados e municípios “Minha Casa,

Minha Vida”, que exige um planejamento habitacional bem como diferenciais

sustentáveis mediante orientações e exigências dos órgãos competentes.

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A avaliação das causas e conseqüências ambientais é de grande

contribuição já que embasa estudos futuros e auxilia propriedades estratégicas

ajudando no estabelecimento de instrumentos eficientes para a gestão integrada das

variáveis ambientais, sociais e econômicas, bem como a orientação por meio da

legislação vigente, relacionado ao saneamento básico.

A avaliação de causas e efeitos ambientais foi o recorte desta pesquisa que

se refere a um diagnóstico sócio-ambiental desenvolvido em corpos hídricos

impactados localizados no município de Itiúba, Bahia. Esse estudo teve a pretensão

de auxiliar a gestão pública e demais entidades interessadas na questão da

poluição dos corpos hídricos e da Educação Ambiental. Trata-se de pesquisa de

cunho acadêmico e foi elaborado para atender ao requisito de Conclusão do Curso

de Pedagogia, pela Universidade do Estado da Bahia – Departamento Campus VII –

Senhor do Bonfim.

Nossa curiosidade em relação ao tema escolhido surgiu a partir da

percepção da degradação contínua e exacerbada do meio ambiente, no município

de Itiúba, especificamente nos riachos do referido município.

Vale destacar que a decisão pela temática em questão decorreu em meio às

várias discussões e provocações no ambiente acadêmico relacionada ao Meio

Ambiente, o que nos impulsionou aprofundarmos o estudo desta temática ressaltam-

se as disciplinas de Ensino da Geografia I e II, Ensino das Ciências I e II e o Ensino

de História I e II, ocorridas durante o primeiro ao quinto semestre.

As questões que fundamentaram esta pesquisa foram: Quais os principais

riscos ambientais perceptíveis dos açudes e riachos e como e de que forma a

população e o poder público local interferem na origem desses problemas? O

diagnóstico ambiental desses corpos hídricos poderia gerar material suficiente para

a elaboração de um Projeto de Educação Ambiental embasado no uso de um tema

local preocupante? Essas hipóteses geraram os seguintes objetivos: realizar o

levantamento ambiental e diagnosticar a situação dos açudes e riachos que

influenciam ou sofrem interferência da população da sede municipal de Itiúba e seus

arredores com vistas para atuação em Educação Ambiental, propondo um Projeto

pautado no estudo realizado para sensibilizar estudantes e a comunidade em geral.

Acreditamos que o estudo poderá nos apontar subsídios à nossa prática

pedagógica, o que possibilitará a formação de cidadãos mais críticos e responsáveis

em contribuir na preservação do meio ambiente.

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O desenvolvimento dessa Temática será de grande relevância educacional

já que visamos utilizar em nossa prática docente, como veículo de informação para

uma nova discussão focada em nosso município, que ao longo dos tempos passa-se

despercebido aos olhos do poder público, dos educadores e educandos e da

população em geral.

A finalidade principal deste estudo foi, assim, avaliar a interferência humana

na degradação dos riachos e açudes da cidade de Itiúba, por meio de observações

em um contexto ecológico, ouvindo as narrativas, lembranças e biografias, bem

como analisando documentos que constatam tais danos.

Procuramos buscar informações de moradores antigos e atuais e órgãos

responsáveis pela infra-estrutura do município para maiores informações e objetos

que serviram de sustentação para nossa pesquisa.

Para tal estudo foi imprescindível também, o conhecimento das leis

relacionadas ao Saneamento Básico que nos deram sustentação e embasamento

para possíveis interferências e avaliações do objeto em questão, alertando a

população local e sugerindo aos gestores responsáveis pela gestão ambiental no

município, mudanças no contraste atual por ser obrigatoriedade dos municípios em

cumprir a Legislação Vigente.

Evidenciamos um trabalho cuja intenção perpassou as expectativas

desejadas. Para tanto, realizamos a observação participante, onde fizemos uma

retrospectiva dos ambientes em estudo, feito em seguida um quadro comparativo

através de fotos antigas e atuais.

A avaliação das conseqüências ambientais poderá prestar uma grande

contribuição indicando as propriedades estratégicas e auxiliando no

estabelecimento de instrumentos eficientes para a gestão integrada das variáveis

ambientais, sociais e econômicas, bem como a orientação por meio da legislação

vigente, relacionado ao saneamento básico.

Tentaremos, contudo, via Projeto (ver Apêndice) sensibilizar e conscientizar

a população, o poder público local e a comunidade escolar urbana, para a

problemática ambiental urbana e os graves problemas que afere o meio ambiente,

visto que é visível a grande falta de preocupação com a preservação dos recursos

naturais.

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2 OBJETIVOS

2.1 Geral

O objetivo geral desta pesquisa foi realizar o levantamento ambiental e

diagnosticar a situação dos açudes e riachos que influenciam ou sofrem influência

da população da sede municipal de Itiúba e seus arredores, com vistas para atuação

em Educação Ambiental.

2.2 Específicos

Levantar os problemas hídricos-ambientais dos riachos e açudes estudados;

Identificar as possíveis causas dos problemas hídricos-ambientais dos riachos e

açudes estudados,

Propor um Projeto de Educação Ambiental pautado no estudo realizado para

sensibilizar estudantes e a comunidade em geral da sede municipal.

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3. RECURSOS HIDRICOS, ESCASSEZ E MAU USO

Atualmente existe grande foco de atenção e de conscientização acerca dos

problemas hídricos e nunca se discutiu tanto os assuntos como a escassez, a

poluição hídrica e a degradação dos corpos de água, todos esses fatores estão

intimamente relacionados ao mau uso desse recurso.

Silva, Lacerda e Jones (2005, p.109), dentro desse pensamento afirmam:

O mundo está em um processo de conscientização com relação ao meio ambiente. O homem acostumado a agir pensando apenas em seu tempo de vida, explorou de maneira desmedida a natureza, talvez de forma inconsciente pensando que não estaria aqui para ver os prejuízos de seus atos. Porém, o planeta Terra já dá sinais claros de seu esgotamento, diminuindo nos dias de hoje a qualidade de vida. Assim, é inevitável olhar para o problema ambiental como algo a começar a ser resolvido agora. Não sendo assim, seremos nós os responsáveis pela nossa própria extinção.

Naturalmente a maior parte da água da Terra está nos mares, mas a água

do mar é salgada não sendo possível utilizá-la diretamente para o consumo. De

acordo com Santos, Maia e Krom (2004) apenas 2,5% da água do mundo é doce e

dessas apenas 0,93% está disponível para o consumo, já que o restante está retida

em geleiras e calotas polares, ou nas profundezas do solo.

Essa pequena parcela além de servir para todas as atividades humanas

ainda sofre com o mau uso e a degradação, como salienta Vargas:

As necessidades vitais de higiene e alimentação das pessoas e a maior parte da atividade econômica dependem basicamente da água doce, cujo estoque representa menos de 1% da disponibilidade hídrica mundial, tendo sua capacidade de renovação e autodepuração mediante processos naturais crescentemente comprometida pelo desmatamento, a poluição e a superexploração dos mananciais (VARGAS, 2005, p. 20).

A verdade é que a crise da água e do saneamento básico afeta

severamente mais de um terço da população mundial. De acordo com a

Organização Mundial da Saúde 1,1 bilhão de pessoas no mundo não tem acesso à

água limpa, 2,4 bilhões não tem saneamento adequado e a esmagadora maioria da

população sem acesso a ambos os serviços encontra-se nos países em

desenvolvimento, que deverão concentrar em suas cidades a maior parte do

Page 16: Monografia Marilda Pedagogia Itiúba 2012

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crescimento demográfico mundial nas próximas décadas (VARGAS, 2005, p. 21). As

previsões futuras são ainda mais sombrias, pois, “se estima que em 30 anos haverá

5,5 bilhões de pessoas vivendo em áreas com moderada ou séria falta d’água”

(ANEEL, 2001, p.46).

Acredita-se que as atividades humanas são as principais causas de

ameaças aos recursos hídricos, tendo como resultado o prejuízo para a existência

do homem; obrigando-nos pensar no futuro de uma nova forma.

O problema é grave principalmente na África, onde seis de cada 10 pessoas

não têm nem sequer banheiro apropriado, afetando de forma direta a sobrevivência

humana, animal e vegetal, esta falta contribui diretamente nas atividades agrícolas.

O continente africano cada vez mais vem sentindo os impactos da diminuição dos

recursos de água e um avanço da desertificação. Assim, as terras próprias para a

agricultura vêm tornando-se cada vez mais rara, prejudicando a agricultura, fator de

extrema relevância de subsistência para a África (PNUMA, 2002).

O programa das Nações Unidas para o meio ambiente (PNUMA) relata

também que a região asiática e do pacífico, tem sofrido de escassez de água

potável para satisfazer as necessidades humanas, agrícolas e industriais. E que

países como a China, Índia e Indonésia retêm a maioria dos recursos hídricos da

região, enquanto outros países, entre estes estão Bangladesh, Paquistão e

República Coréia que já sentem os impactos da falta de água. Diante de tamanha

demanda, as autoridades asiáticas, tem empreendido esforços no sentido de

aumentar o abastecimento de água potável, como sendo uma questão de extrema

importância na área das políticas públicas dos países.

As nações estão desperdiçando esse precioso bem de tal maneira que

sobra quase nada em seus principais rios para escoar no mar. Com os danos

causados pela irrigação e evaporação, rios importantes estão secando, incluindo o

rio colorado no oeste dos Estados Unidos, o Yang-sé, na china, o Indo no Paquistão,

o Ganges na Índia e o Nilo no Egito (PNUMA, 2002).

Novamente, porém, o elemento humano é responsável até certo ponto pela

gravidade de tais desastres.

Nas ultimas décadas, o continente europeu é vítima de devastação

ambiental e, atualmente pela má distribuição de água potável em suas regiões, a

degradação dos rios e zonas costeiras e marítimas vem se acentuando.

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A sensibilização por parte dos europeus tem feito com que eles tomem

medidas para não correrem o risco da total escassez de água no continente

europeu.

A América Latina e o Caribe detêm 30% dos recursos hídricos existentes no

planeta. De seus membros destaca-se o Brasil, um país extenso em área territorial,

com 8.512.000 km², e com cerca de mais de 190 milhões de habitantes. Segundo a

Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL, 2001), o Brasil tem uma posição

privilegiada diante da maioria dos países por possuir grande quantidade de recursos

hídricos. No entanto, mais de 73% da água potável está concentrada na região

amazônica, que é habitada por menos de 5% da população. Portanto, apenas 27%

dos recursos hídricos brasileiros estão disponíveis para 95% da população.

As condições de escassez de água potável no Brasil é conseqüência de

fatores como o crescimento desordenado e exacerbado das demandas localizadas e

da degradação da qualidade das águas, bem como o desinteresse por parte dos

grupos dominantes.

Havendo também um desencontro entre os responsáveis pelo

desenvolvimento econômico e os que administram os recursos naturais e da

proteção principalmente da água.

Segundo ANEEL (2001), o crescimento demográfico brasileiro conjugado às

transformações pela qual passou o perfil da economia do país refletiu-se de maneira

extraordinária sobre o uso de seus recursos hídricos na segunda metade do século.

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4 POLUIÇÃO E CONTAMINAÇÃO DOS CORPOS DE ÁGUA DOCE

De acordo com Baptista e Fernandes (2009) os Rios e os Córregos

correspondem a espaços vitais para muitas espécies da flora e fauna além de

permitirem múltiplos aproveitamentos pelo homem. Todavia, esses espaços ao

longo da história passaram a ser danificados pelo homem. As maiores modificações

ocorreram principalmente nas grandes cidades, devido ao crescimento acelerado da

população e a ocupação muitas vezes desordenada, de áreas próximas a corpos

hídricos. A ocupação, muitas vezes clandestina de áreas próximas às nascentes de

rios e córregos, provoca poluição no meio ambiente. Como salienta Murja:

“Mudanças na qualidade da água, por exemplo, são freqüentemente o resultado da

urbanização intensa e industrialização da agricultura” (MURJA, 2009, p. 45, apud

PIRAGES, 2005, p. 55).

Segundo o dicionário de Direito Ambiental, poluição é a alteração das

condições físicas, químicas ou biológicas do meio ambiente, causada por qualquer

forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas, em níveis capazes

de, direta ou indiretamente, serem impróprias, nocivas ou ofensivas à saúde, à

segurança e ao bem-estar da população; pode criar condições adversas às

atividades sociais e econômicas; ocasionar danos à flora, à fauna, a outros recursos

naturais, às propriedades públicas e privadas ou à paisagem urbana.

Especificamente, a poluição das águas é a alteração das propriedades físicas,

químicas e biológicas das águas, que possa importar em prejuízo à saúde, à

segurança e ao bem-estar das populações e ainda comprometer a sua utilização

para fins agrícolas, industriais, comerciais, recreativos e, principalmente, a existência

normal da fauna aquática.

Segundo a especialista em recursos Hídricos da Agência Nacional de Águas

(ANA), as principais causas de poluição das águas de um rio são: a ocupação

humana da bacia hidrográfica, que necessita da água para a alimentação, habitação,

saúde, transporte e lazer e as atividades econômicas desenvolvidas na bacia

hidrográfica, tais como produção industrial, agricultura, pecuária, navegação e

turismo. Também tem sido prática comum utilizar rios e córregos como

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18

transportadores de lixo, sobretudo onde não há coleta de lixo regular (LARROSA,

2008).

De acordo com Mello (2002), o crescimento populacional de determinada

área se estabelece paralelo a um processo crescente de degradação ambiental,

onde são praticadas constantes agressões contra a boa climatização, a correta

drenagem, as áreas verdes, os cursos hídricos e a topografia original.

A poluição é crime previsto em lei e o cidadão poderá ser punido, como

afirma a especialista em Recursos Hídricos, da Agencia Nacional das Águas (ANA):

A obrigatoriedade de preservação da qualidade da água em todo território nacional está estabelecida na Constituição Federal, de 1988, como conseqüência do artigo 225, que estabelece o preceito da proteção ao meio ambiente, sendo este um direito difuso. Nos artigos 23 e 24 é estabelecida a competência para o combate à poluição em todas as suas formas. A Resolução CONAMA nº. 357, de 17 de março de 2005, que dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, em seu artigo 48 diz que o não cumprimento ao disposto nesta Resolução sujeitará os infratores, entre outras às sanções previstas na Lei nº. 9.605, de fevereiro de 1998, que dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente. (LARROSA, 2008).

A vida aquática também é afetada quando o rio é contaminado ou poluído,

pois há uma sensível diminuição do número de espécies de seres vivos, embora

possa haver a elevação do número de indivíduos de poucas espécies. Há o

desaparecimento das formas menos adaptadas e a predominância e

desenvolvimento das formas resistentes e melhor adaptadas às novas condições.

Nesse sentido ficam evidente várias ameaças para o meio ambiente e para

o homem, entre elas podemos citar o lançamento de esgotos não-tratados em rios e

córregos, que os impossibilitam de serem aproveitados como áreas de recreação e

lazer, entre outros usos mais nobres, afetando a própria saúde da população.

A falta de saneamento básico, mesmo se restringindo apenas ao

abastecimento de água e coleta de tratamentos de esgotos, tem mostrado ao longo

da história, que acarreta sérios danos à saúde da população.

Os esgotos urbanos são a principal fonte poluidora dos recursos hídricos, comprometendo seus outros possíveis usos, como navegação, irrigação, pesca e lazer, além do próprio

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19

abastecimento de água nos municípios a jusante. O atendimento a doenças decorrentes de más condições sanitárias absorve grande parte dos recursos públicos em saúde. (MURJA, Lúcio Marcelo Faria, 2009, p. 45, apud PINTO, 2006,).

Os rios brasileiros sofrem com a poluição e a contaminação. Segundo o

dicionário de Direito Ambiental, contaminação ambiental é a introdução, no meio

ambiente, de agentes que afetam negativamente o ecossistema, provocando

alterações na estrutura e funcionamento das comunidades.

Casos graves e a falta de informação acerca desses dois inimigos das

nossas águas acarretam passivos ambientais muitas vezes incalculáveis. Causados

pela ação das indústrias ou pela falta de educação e consciência ambiental da

sociedade, tais problemas são encarados na Agência Nacional de Águas como

desafio. Como salienta Murja:

Doenças veiculadas pela água são responsáveis por cerca de 90% das contaminações nos países em desenvolvimento, onde quase 95% do esgoto urbano é despejado, sem tratamento, em rios e lagos. Na Índia, 114 cidades despejam esgoto sem tratamento e corpos parcialmente cremados no Ganges (MURJA, 2009, p. 45, apud PIRAGES, 2005, p. 55).

Estudos realizados atestam os efeitos nocivos da degradação de recursos

hídricos sobre a saúde humana. Comprovando que existe uma porcentagem grande

de moléstias nos países em desenvolvimento sejam em resultados do consumo de

água contaminada, ocasionando doenças graves, como a cólera, esquistossomose e

tracoma.

O lançamento de esgotos na natureza agrava a situação ecológica e

sanitária dos rios e córregos. Há situações em que esses corpos deixam de cumprir

suas múltiplas funções e passam a ser somente receptor de dejetos.

A poluição e a contaminação ocorrem também com a contribuição da

população que mora próxima aos rios e córregos, que lançam seus esgotos

diretamente na água, ao tempo, em que sofrem com o mau cheiro e com o perigo de

doenças de veiculação hídrica, como afirma a diretora de Vigilância Epidemiológica

da Secretaria de Estado da Saúde (SESAU), Cleide Moreira:

Essas doenças são transmitidas por via oral ou cutânea, depois que a água contaminada por bactérias, fungos, vírus e protozoários é ingerida ou penetra na pele ou em ferimentos. Por esta razão, ainda de acordo com ela, é necessário que

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20

durante o período chuvoso a população evite ter contato com água contaminada ou poluída.

Diante disso, essas águas não podem ser aproveitadas para lazer, pois o

contato torna-se um risco à saúde pública.

Embora existam vários exemplos de rios brasileiros que mostram condições

favoráveis de utilização, diferentes estudos realizados apontam que cerca de setenta

por cento das águas de nossos rios estejam de alguma maneira contaminadas

(AGÊNCIA BRASIL, 2008).

Segundo a especialista em Recursos Hídricos, nas situações de poluição e

contaminação hídrica a vida social de uma localidade também é afetada

consideravelmente:

Alterar a qualidade da água significa prejudicar a vida do homem e dos outros seres vivos que dela dependem. A qualidade da água deve ser tal que satisfaça as exigências das utilizações, mas deve especialmente satisfazer as exigências de saúde pública. A água poluída pode se tornar um veículo direto de vários contaminantes causadores de doença graves de caráter epidêmico envolvendo assim um aspecto sanitário da mais alta significação. Além disso, a poluição pode exercer um efeito indireto, de implicações econômicas consideráveis, por interferir ou prejudicar o uso. (LARROSA, 2008).

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21

5 SANEAMENTO BÁSICO E PLANEJAMENTO URBANO

Inicialmente é importante definirmos o termo saneamento que de acordo

com o Dicionário Aurélio (2001) diz-se tornar habitável; dar boas condições

sanitárias.

Castro (1997) define sistema de esgotos como o conjunto de elementos que

tem por objetivo a coleta, o transporte, o tratamento e a disposição final tanto do

esgoto doméstico quanto do lodo resultante. Abrange, portanto, a rede coletora com

os seus componentes, as estações elevatórias e as estações de tratamento de

esgoto. A coleta é feita pelo sistema separador caracterizado por oferecer duas

redes de canalização: uma exclusivamente para coleta de esgoto sanitário e a outra,

para recolher as águas de chuva.

Seguindo esse conceito o saneamento básico no Brasil ao longo de

décadas sofreu diversas modificações, em parte impulsionada pela busca do bem

estar da população, incentivada pela efetivação de políticas públicas estabelecida na

Constituição Federal de 1988 que cita no artigo 23:

Art.23 É competência comum da União, dos Estados, do Distrito F e dos Municípios: [...] IX – promover programas de construção de moradias e a melhoria das condições habitacionais e de saneamento básico; [...] Parágrafo único. Leis complementares fixarão normas para a cooperação entre a União e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem estar em âmbito nacional (BRASIL, 1988).

Com base no que rege a Constituição Federal é função da União, Estados e

Municípios programar políticas eficazes de saneamento básico. Nos últimos anos

essa função foi delegada quase que com exclusividade aos municípios, sendo

reafirmada na CF de 1988.

O Brasil ao longo de décadas instituiu diversas leis para estruturar o

saneamento básico no país. A Lei 6.528 de 11 de maio de 1978, através do então

existente Ministério do Interior, estabelecia as condições de operação dos serviços

públicos e saneamento básico engendrados pelo ao Plano Nacional de Saneamento

Básico - PLANASA. Com esse plano as companhias de abastecimento tinham

acesso a recursos oriundos do BNH – Banco Nacional de Habitação.

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22

A partir da Lei nº 8.987 de 13 de fevereiro de 1995 empresas privadas

podem participar de processo licitatório como prestadores do serviço de

abastecimento de água e esgoto.

Para adentrarmos propriamente na questão do saneamento é necessária

uma breve definição de acordo com a Lei Federal 11.445 de 2007 que se refere a

saneamento como: “conjunto de serviços, infra-estruturas e instalações operacionais

de abastecimento de água potável, esgotamento sanitário, manejo de resíduos

sólidos e limpeza urbana e manejo das águas pluviais e drenagem urbana”. Nas

entrelinhas desse documento o saneamento inclui diversas ações que vão desde ao

fornecimento de água potável até recuperação de mananciais, contribuindo para a

qualidade de vida das pessoas beneficiadas.

Refletindo acerca dessa Lei no artigo 42 fica evidenciado o compromisso

dos órgãos de abastecimento em garantir à população melhores serviços e o

comprometimento na recuperação de áreas degradadas em ações realizadas por

sistemas de abastecimento.

A forma estruturada do saneamento básico que hoje se tem surgiu a partir

da década de 70 quando o Estado brasileiro cria as companhias de saneamento

básico que vem com a finalidade de promover o abastecimento de água para a

população especialmente urbana. Quando da fundação dessas companhias ainda

não se tinha uma idéia abrangente da importância de reunir em uma mesma

instituição todos os mecanismos que corroboram para a ausência de doenças na

população.

De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (IBGE,

2004) o Brasil possui 80% de sua população suprida por abastecimento de água,

sendo 48% pela coleta de rede de esgoto e 80% por rede coletora de resíduos

sólidos (lixo doméstico e industrial).

Corroborando com a questão a Carta de Ottawa, a saúde deve ser

entendida como um recurso para a progressão da vida, tratando-se, assim, de um

conceito acima da doença. É necessário da ocorrência de doenças, visto que, a

precariedade e/ou ausência de saneamento básico incide na população como um

ponto negativo para a proliferação de doenças ligadas a esse processo.

Seguindo essa tendência a OMS (Organização Mundial de Saúde) salienta

que saúde é muito mais do que ausência de doenças, uma vez que são

considerados aspectos como alimentação, nutrição, habitação, saneamento,

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23

trabalho, educação, ambiente físico saudável, apoio social, estilo de vida

responsável, cuidados de saúde, estes se transformam em importantes mecanismos

favoráveis a preservação de aspectos saudáveis, fundamentais na qualidade de

vida.

Nessa perspectiva a legalização dos sistemas de saneamento em todas as

suas vertentes, vem com o objetivo de intensificar a promoção da saúde em todos

os níveis, reduzindo drasticamente os índices de poluição do ambiente e por

conseqüência a incidência de doenças causadas pela falta de acesso a um sistema

eficiente de saneamento básico.

Sanear significa tornar são ou sadio. Os serviços de saneamento Básico

servem para melhorar as condições de saúde e a falta desses serviços favorece o

surgimento de inúmeras doenças. Os principais serviços de Saneamento Básico são

a coleta de lixo, o tratamento e o abastecimento de água e a rede de tratamento de

esgotos.

O lixo exposto ao ar livre serve de alimento as moscas, baratas, ratos e

outros animais transmissores de doenças. A água que é distribuída entre a

população e que geralmente é impura, quando recolhida dos rios, deve ser tratada.

O conjunto de dejetos humanos, a água usada nas residências e estabelecimentos

comerciais, e os detritos das fábricas compõem o esgoto. É comum jogar o esgoto

nos riachos, rios, mares, causando-se assim a contaminação de toda a água.

Segundo Souza (2007), os discursos que relatam como vem sendo

percebido o Saneamento Básico relacionado também com a saúde e o ambiente,

vem alicerçado em duas bases: a prevenção e a promoção. Cabe ao Saneamento

higienizar o ambiente evitando-se com isso as doenças e assumir ações para a

melhoria da qualidade ambiental e de vida e para a erradicação das doenças.

Para se consertar o prejuízo e/ou danos causados à população com a

canalização de esgotos para os riachos, rios, mares, a solução hoje é construir

estações de tratamento de esgotos, isto é, são eliminadas as substâncias tóxicas e

poluentes, depois o esgoto é jogado nos rios sem causar danos à água.

Os serviços de Saneamento Básico devem ser expandidos pelo governo e

cabe uma grande responsabilidade à população que deve colaborar com a

preservação dos mananciais (fontes) de água.

Não há quem discorde que para o ser humano poder viver e usufruir de

todas as coisas boas que o planeta lhe proporciona, é necessário que ele tenha uma

Page 25: Monografia Marilda Pedagogia Itiúba 2012

24

saúde perfeita. Hoje em dia, muitos estão buscando várias alternativas que

prometem trazer saúde e bem estar ao corpo, como por exemplo, dietas

alimentares, remédios naturais, exercícios físicos, terapias, etc.

Segundo o dicionário de língua portuguesa o termo Saúde se refere ao

estado daquele em que há exercício regular das funções orgânicas. Partindo dessa

significação, podemos falar de saúde a partir de dois pontos: a prevenção e a

promoção. A prevenção de doenças deve vir principalmente com a higienização do

ambiente que é ação do saneamento básico, evitando assim a proliferação de

inúmeras doenças. Na promoção de saúde, o saneamento básico deve assumir

ações de melhorias na qualidade do ambiente e de vida e para a erradicação das

doenças. A saúde não deve ser vista como um objetivo de vida e sim como uma

fonte de riqueza da vida, um recurso para o progresso de cada um.

O conceito positivo de saúde, apresentado pela Carta de Ottawa, deve ser

interpretado no sentido mais radical, ou seja, saúde não é mera ausência de doença,

mas sim, a sua erradicação, o que se obteria operando sobre a sociedade como um

todo, uma vez que nela residem os determinantes daquela, e não apenas no setor

saúde, o qual, entretanto, se manteria atuante no processo (SOUZA, 2007).

Ainda é muito deficiente o sistema de Saneamento Básico no Brasil

tornando a promoção da saúde cada vez mais delicada sendo que para isso faz-se

necessário a implantação de uma estrutura física formada por sistema de água,

esgoto, resíduo sólido e drenagem, etc., sem esquecer também as ações educativas

direcionadas à população.

Dessa maneira, torna-se complicado haver um planejamento por parte do

poder público; o qual também não tem se preocupado muito com o planejamento

urbano e vemos isso claramente a partir da construção de casas populares que

diariamente são noticiadas exatamente por serem projetadas em áreas inadequadas

e que colocam os possíveis residentes em alto risco de sofrerem sérios prejuízos

com desabamentos, enchentes e outros que estarão relacionados à saúde de toda a

comunidade ali existente. Infelizmente esta é a realidade de grande maioria das

cidades brasileiras, estando assim em desacordo com a Constituição Federal em

que descreve que compete aos municípios: “promover, no que couber adequado

ordenamento territorial, mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento

e da ocupação do solo urbano” (Art. 30, VIII, Constituição Federal 1988).

Page 26: Monografia Marilda Pedagogia Itiúba 2012

25

O planejamento urbano municipal proposto pela Constituição Federal de

1988 não pretende impedir o crescimento econômico do município. Ao contrário, o

crescimento econômico deve ser uma meta que, contudo, não exclua a preservação

do meio ambiente, a necessidade de assegurar dignidade à pessoa humana e a

possibilidade de participação da comunidade na elaboração do próprio planejamento

urbano.

Hoje em dia, essas cidades são os focos das discussões a respeito da

degradação ambiental, onde o efeito da superpopulação sobre os ecossistemas tem

resultado na destruição dos recursos naturais. Percebemos ainda, os pequenos

municípios apresentam uma situação crítica em relação à falta de planejamento

municipal.

A perspectiva de associar desenvolvimento urbano com preservação do

meio ambiente é recente. A industrialização e o inchaço das cidades produziam

conseqüências que atingiam o homem. A perspectiva do desenvolvimento urbano

até então não levava em conta o bem estar humano ou a temática ambiental.

Segundo Viriato (2009), o Decreto Lei 58/37 foi o primeiro regulamento urbano do

Brasil, tendo surgido basicamente devido ao exagerado número de loteamentos

irregulares e à necessidade de proteger o consumidor contra o mau loteador.

O processo de formação de uma cidade deve ser planejado. Uma cidade

não se regula por si mesmo, seja por que os recursos naturais são finitos, seja por

que os recursos financeiros são insuficientes para fazer frente aos prejuízos

causados à saúde humana, ao meio ambiente e à qualidade de vida.

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26

6 METODOLOGIA

6.1 Tipo da Pesquisa

O presente capítulo abordará, primeiramente, a natureza da pesquisa e em

seguida, fará a caracterização do lócus e dos objetos da pesquisa. A metodologia

usada fundamentou-se em uma pesquisa qualitativo-descritiva, a qual permite uma

compreensão sobre o contexto estudado, atendendo a todos os diferentes aspectos

do tema. Assim os dados coletados através de entrevistas, podendo contribuir para

uma consideração atenta sobre a totalidade dos problemas relativos e as várias

discussões que giram ao seu redor. Este estudo busca focalizar a Intervenção

humana da degradação e poluição das águas dos riachos e açudes da cidade de

Itiúba e foi direcionada sob o enfoque qualitativo, procurando compreender o

fenômeno estudado.

A constatação de um problema gira em torno das formas como essa busca

se realizar. De acordo com Chizzotti (2008, p.78):

Os pesquisadores que adotaram essa orientação se subtraíram à verificação das regularidades para se dedicarem a analise dos significados que os indivíduos dão às suas ações, no meio ecológico em que constroem suas vidas e suas relações, à compreensão do sentido, dos atos e das decisões dos atores sociais ou, então dos vínculos indissociáveis das ações particulares com o contexto social em que estas se dão.

A pesquisa qualitativa apresenta-se como um dos instrumentos construtores

desse conhecimento. Esta possui algumas individualidades que a diferencia dos

demais estilos de pesquisa.

Na pesquisa qualitativa todos os fatos naturais expressos como a repetição

de manifestações, a freqüência e a suspensão da fala é até mesmo a recusa de falar

são relevantes, magnífico e digno de exame minucioso. Procura-se dessa forma,

exceder a aparência imediata da informação para descobrir sua substância.

Os documentos constituem também uma fonte poderosa de onde podem ser retiradas evidências que fundamentem afirmações e declarações do pesquisador. Como uma técnica exploratória, a análise documental indica problemas que

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27

devem ser mais bem exploradas através de outros métodos. Além disso, ela pode completar as informações obtidas por outras técnicas de coleta (GUBA e LINCLN, 1981, p.39).

Segundo Habermas (1983), a pesquisa qualitativa se baseia na

racionalidade comunicacional ao privilegiar técnicas como a observação participante,

histórias e relatos de vida, análise de conteúdo, entrevista não direta, etc. O produto

de tal experiência propicia um volume qualitativo de dados originais e relevantes. No

entanto, tais técnicas não devem constituir um modelo único a ser utilizado, mas

uma aplicação móvel, cuidadosa e adequada ao campo de pesquisa, objetivo e os

sujeitos de sua investigação.

Para a realização dessa pesquisa, além da revisão bibliográfica e um

levantamento histórico optou-se metodologicamente pela realização de entrevistas

com moradores antigos da cidade e observações em lócus, bem com registros

fotográficos. Ressaltamos que a presente pesquisa tem características

predominantemente de natureza qualitativa, pois apresenta algumas de suas

características básicas, apontadas por Lüdke e André (1986), conforme segue:

• A pesquisa qualitativa tem ambiente natural como fonte direta dos dados e o

pesquisador é seu principal instrumento;

• Os dados coletados são predominantemente descritivos;

• A preocupação com o processo é muito maior do que com o produto;

• A análise dos dados tende a seguir um processo indutivo.

A delimitação e a formulação do problema não estão abreviado a uma

suposição ou teoria provável previamente definida ou a algumas modificações

concebidas antecipadamente. O problema surge de um processo que consiste em

inferir de fatos particulares uma conclusão geral que se define e delimita na

investigação, dos conceitos ecológicos e sociais no decorrer da pesquisa. Segundo

Ludke e André (1986):

Na maior parte dos estudos qualitativos, o processo de coleta se assemelha a um funil. A fase inicial é mais aberta, para que o pesquisador possa adquirir uma visão bem ampla da situação, dos sujeitos, do contexto e das principais questões de estudo. Na fase imediatamente subseqüente, no entanto, passa a haver um esforço de “focalização progressiva” do estudo, isto é, uma tentativa de delimitação da problemática focalizada, tornando a coleta de dados mais concentrada e mais produtiva.

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28

Por isso a pesquisa de campo é importante para conseguirmos obter uma

análise mais completa e qualificada do processo que vem sendo estudado. A

pesquisa qualitativa permite ao pesquisador envolver-se de modo direto com as

fontes, o espaço, e o tempo vivido pelos pesquisados e, por participar de seus

conhecimentos, os quais tornam o intercâmbio de informação mais rica em dados, o

que beneficia o estudo.

O pesquisador é uma das partes integrantes da pesquisa qualitativa. Ele

deve suprimir todas as suas hipóteses preconcebidas e assumir uma postura aberta

a todas as expressões que observa, a fim de alcançar uma percepção global dos

fenômenos. O pesquisador, no entanto, não assume uma posição de mero narrador

passivo, ele deve incorporar uma atitude participante, testar o espaço e o tempo

vivido pelos investigados e dividir de suas experiências, para restabelecer

adequadamente o sentido que os atores sociais lhes dão a elas.

6.2 Objetos da Pesquisa

O mencionado trabalho de pesquisa tem como objetos os Riachos (Coité,

Rodolfo, Béu e Santa Helena) que perpassam pela cidade e os Açudes próximos –

Açude do Coité e Açude do Jenipapo da cidade de Itiúba, Bahia (Figuras 1 e 2).

Figura 1. Mapa de localização do município de Itiúba, Bahia.

Fonte: Prefeitura Municipal de Itiúba.

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29

Figura 2. Mapa dos Trechos dos Açudes e Riachos da Cidade de Itiúba.

serra de Itiúba

AçudeJenipapo

AçudeCoite

AABB

serras

calçada de pedra

matadouro

cemitério

Ponte Col. Est. Belarmino P into

Riacho da Santa Helena

Est ação Ferroviária

Bueiro

Roça do S rº Virgílio

s e rra s

serras

serr a

s

Riacho do coit é

Riacho do Rodolfo

Ponte

Rodovia

Bueiro

Legenda

Riacho do Beu

Fonte: Elaboração própria a partir do mapa de Itiúba.

Para a pesquisa buscamos coletar informações e dados referentes à

nascente dos riachos e construção dos açudes, bem como a utilização dos mesmos

há tempos atrás e a atual situação em que se encontram. A escolha do município de

Itiúba como lócus para a realização desta pesquisa justifica-se por ser nosso

domicilio de moradia e trabalho.

Itiúba é um município brasileiro do estado da Bahia. Sua população

estimada em Censo 2010 de 36.112 habitantes. Emancipado em 1935, localizado no

semi-árido, tem área total de Área da unidade territorial está compreendido numa

área de 1.738 km² e possui uma densidade demográfica de 20,03 hab/km², tem

como coordenadas geográficas 10º 41’ 5” latitude sul, 39º 51’ 0” longitude oeste

377,0 m de altitude. A economia local tem seu forte na pecuária e na extração

mineral (minério de ferro e cromo) (IBGE, 2012).

O Município de Itiúba dista 377 Km da capital do Estado, Salvador, as

rodovias BR 324, BR 116 e BA 110, constituem-se nas principais rodovias que

fazem a ligação entre o Município e regiões vizinhas. Quanto a sua hidrografia, este

encontra-se totalmente inserido na Bacia do Itapicuru, que por sua vez é formada

pelos principais rios: Itapicuru-Açu, Jacurici, Cairiacá. No Município são encontrados

ainda os seguintes Açudes: Jacurici, Jenipapo e Coité (IBGE, 2012).

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6.3 Instrumentos de Coleta de Dados

A pesquisa teve como meio de pesquisa o levantamento documental e

histórico, a observação de fatos e a entrevista.

Para o levantamento documental e histórico foram coletadas fotos antigas e

depoimentos de alguns moradores antigos, bem como observações em lócus e

registros fotográficos.

Para realização das entrevistas, informamos o objetivo da pesquisa e

coletamos as assinaturas dos entrevistados através do Termo de Consentimento, o

qual nos autoriza a analisar e publicar os dados coletados, garantindo a total

preservação dos nomes de caráter particular que possibilitem a identificação dos

sujeitos entrevistados. Utilizamos também a entrevista semi-aberta com os mesmos

entrevistados com palavras chaves e com o objetivo de obter mais informações a

respeito do tema em questão.

Foi nesta conjuntura que fizemos à análise dos dados fornecidos sem, no

entanto, identificar diretamente os sujeitos participantes. Deste modo, utilizaremos

as iniciais dos nomes de cada entrevistado, preservando assim, de acordo com

Fiorentini e Lorenzato (2006, p. 199) “[...] a integridade física e a imagem dos

informantes”. Por meio de procedimentos metodológicos, baseados em entrevistas

abertas, buscou-se conhecer a realidade original dos riachos e açudes, bem como

as concepções dos moradores em relação à questão de saneamento básico, mais

precisamente a Interferência humana na Poluição dos riachos e açudes da cidade

de Itiúba.

A entrevista é um agente mecânico de pesquisa que favorece uma

comunicação entre pesquisador e informante com o propósito de esclarecer uma

questão. A entrevista pode ser aberta (o entrevistado discursa livremente sobre o

tema), fechada (o entrevistado responde algumas perguntas especificas), ou semi-

aberta (discurso livre orientado por algumas perguntas chaves).

Os objetivos das pesquisas fazem variar o grau de liberdade entre os interlocutores e o tipo de resposta profundidade psicológica da pesquisa for mais profundo, as respostas são registradas a partir de questões previamente elaboradas do entrevistado... Quando o nível de, sobre as quais o entrevistado discorre (questões semi-abertas) ou a partir do

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discurso livre do entrevistado sobre um tema, auxiliado pelo papel facilitador das respostas, que o entrevistador desenvolve (Lorenzato, 2005, p. 58).

A observação foi realizada e possibilitada por meio da visita de campo com

a vistoria dos riachos e açudes. Sobre a observação assim se refere Queiroz et al

(2007):

O ato de observar é um dos meios mais freqüentemente utilizados pelo ser humano para conhecer e compreender as pessoas, as coisas, os acontecimentos e as situações. Observar é aplicar os sentidos a fim de obter uma determinada informação sobre algum aspecto da realidade5. É mediante o ato intelectual de observar o fenômeno estudado que se concebe uma noção real do ser ou ambiente natural, como fonte direta dos dados.

Durante as visitas de observação realizamos a documentação escrita e

fotográfica de todos os riachos e açudes estudados.

Por fim fizemos uma análise dos dados observados e coletados para

responder a problemática apontada, sugerindo assim uma proposta de ação que

possa contribuir com a questão em estudo. Assim, com o objetivo de reunir

informações para nossas realizamos análises qualitativas. Ludke e André (1986, p.

45) afirmam que:

Analisar os dados qualitativos significa “trabalhar” todo material obtido durante a pesquisa, ou seja, os relatos de observação, as transcrições de entrevista, as análises de documentos e as demais informações disponíveis. A tarefa de análise implica, num primeiro momento, a organização de todo o material, dividindo-o em partes, relacionando essas partes e procurando identificar nele tendências e padrões relevantes.

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32

7. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os estudos realizados que contaram com aplicação de entrevistas, pesquisa

de campo com observação em lócus, análise iconográfica e bibliográfica, tiveram o

intuito de alcançar os objetivos desta pesquisa que foram o de realizar o

levantamento ambiental dos açudes e riachos que influenciam e sofrem interferência

da sede municipal de Itiúba, levantando problemas hídricos-ambientais e suas

possíveis causas, bem como analisando as necessidades da população sobre os

recursos hídricos e de saneamento básico em sua cidade e arredores.

A investigação realizada utilizou pesquisa qualitativa considerada a que

melhor se aplica ao estudo em questão que tenta descrever e explicar as possíveis

interferências da população na degradação e poluição dos riachos e açudes

relacionados com a sede do município de Itiúba.

A partir dos levantamentos realizados nos açudes: Coité e Jenipapo, e

riachos: Coité, Santa Helena, Béu e Rodolfo, pudemos identificar diversos

problemas e suas principais causas, conforme descrito a seguir.

7.1 Açude do Coité

O Açude Coité se situa à jusante do centro da cidade de Itiúba (Figuras 3 e

4) e foi construído sobre o leito do Riacho da Serra de Itiúba, na fazenda do Coité.

O Açude apresenta capacidade de 200.000 metros cúbicos e recebe águas

dos Riachos do Engenho da Serra do Periperi e do Riacho da Água Doce, das

Serras do Grotão.

Em 1966 o prefeito Antônio Simões Valadares, juntamente com o então

governador do Estado, Dr. Lomanto Júnior, inauguraram o serviço de abastecimento

de água da cidade, onde foi canalizado do citado açude até o chafariz central

próximo a linha férrea e distribuída para as demais ruas. O Açude além de abastecer

a cidade, era local de desenvolvimento para piscicultura e outros.

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33

O açude Coité além de ter sido o principal manancial hídrico da cidade,

também era usado como local turístico.

Atualmente, com o serviço da EMBASA, este sistema foi desativado, mas,

ainda hoje existe tanto o chafariz quanto a canalização do açude.

Figura 3. Croqui de localização do Açude Coité, à jusante da cidade de Itiúba.

Fonte: Elaborado pelas autoras.

Page 35: Monografia Marilda Pedagogia Itiúba 2012

34

Figura 4. Vista área do açude do Coité.

Fonte: Arquivo fotográfico do Senhor Marcio Murilo (2011).

Atualmente o Açude Coité irriga hortas e plantações de verduras que

abastecem a cidade, é usado para pesca e como local turístico.

No Açude do Coité, a situação de poluição é preocupante. Constatamos em

nossas observações que apesar da paisagem bonita, a água é contaminada por

caramujos vetores da esquistossomose (popularmente conhecida como barriga

d’água), há anos o próprio açude foi foco principal da esquistossomose no

município, tendo a intervenção da SUCAM (Superintendências de Campanhas de

Saúde Pública) junto à população local. Assim nos afirma o morador r depoente Sr.

R: “...se o caramujo existe em um determinado rio, ele transmite imediatamente a

esquistossomose e a hepatite também, porque a hepatite é transmitida pelos

elementos fecais que saem dos riachos para os rios”.

Ainda no percurso desse açude, na fazenda do Estado, hoje pertencente ao

MST (Movimento dos Sem Terras), várias famílias que residem lá cultivam hortaliças

e verduras (Figura 5) nas margens do açude e usando irrigação com água do açude.

Essas plantações são a principal fonte de renda dessas famílias que abastecem a

cidade de Itiúba de verduras.

Page 36: Monografia Marilda Pedagogia Itiúba 2012

35

Os agricultores informam que não fazem uso de agrotóxicos nas hortaliças,

todavia se observa grande concentração da baronesa (planta típica das águas

poluídas).

Figura 5. Plantação de Hortaliças e verduras na comunidade de Bela Conquista.

Fonte: Arquivo fotográfico de Natânia Santos. (ano 2011)

Ainda se observa restos de plásticos e outros resíduos descartados por

turistas que durante finais de semana e feriados que passeiam pela área.

Mesmo assim com toda evidência de poluição, a população ainda insiste em

utilizar as águas desse açude para pesca, com fins lucrativos, bem como para o

lazer.

7.2 Riacho do Coité

Esse riacho nasce com a deságua do Açude do Coité, por esse motivo

recebe o seu nome, e com o encontro dos Riachos da água doce e do Engenho,

passando pela fazenda Bela Conquista, antiga fazenda do Estado, hoje tendo como

moradores os empossados do MST - Movimento dos Sem Terra, que cultivam

hortaliças e verduras como geração de emprego e renda.

Page 37: Monografia Marilda Pedagogia Itiúba 2012

36

O riacho Coité desde a nascente até o trecho que se estende até a Fazenda

Bela Conquista apresenta-se com pouca poluição aparente, pois a população da

comunidade, mesmo tendo um número significante de casas, não deposita os

dejetos fecais no riacho, pois utilizam fossas e queimam o lixo, segundo o morador

J. 50 anos e há 22 anos residente na comunidade: “aqui a gente não tem esgoto e

nem pegam o lixo, a gente usa fossa e queima o lixo que pode ser queimado e outro

a gente joga nos terreno”.

Todavia devemos chamar a atenção para o fato de que a água nesse trecho

é de um tom amarelado escuro, podendo estar relacionada a ação de bactérias

decompositoras, todavia não foi possível identificar o motivo real da alteração da

coloração da água (Figura 6).

Figura 6. Início do Riacho do Coité com uma substância de cor amarelada.

Fonte: Arquivo fotográfico de Natânia Santos. (ano 2011)

O riacho do Coité passa a receber dejetos visíveis a partir da sede de Itiúba,

na Rua São Gonçalo e daí em todo seu percurso até o encontro dos Riachos do Béu

e do Rodolfo, sendo diretamente lançados no Açude do Jenipapo (todos descritos a

seguir).

Durante a pesquisa foram observados vários pontos de degradação no

percurso do Riacho, tais como o desmatamento (supressão da mata ciliar) fato que

Page 38: Monografia Marilda Pedagogia Itiúba 2012

37

faz com que o riacho diminua a cada dia seu potencial hídrico. A população local

informa que no passado o riacho era limpo e que corria mais água.

No trecho que se segue à Rua São Gonçalo até à sede da Associação

Atlética Banco do Brasil - AABB, vimos que o riacho recebe vários esgotos

residenciais de Itiúba, além de lixos jogados diretamente pelos moradores. Na ponte

que interliga a Praça principal com o Bairro do Alto percebemos a concentração de

muito lixo como: pneus, garrafas PET, plásticos em geral, além de trânsito de muitos

animais.

Vale mencionar que existe um campo de futebol exatamente no meio do

riacho, isso se dá em conseqüência da estiagem, sendo que só é possível a

construção desse campo, porque no período pesquisado o riacho encontrava-se

seco.

Notamos que a população está construindo as casas dentro do riacho, sem

preocupações com enchentes, sendo importante relembrar que nosso município já

foi vítima de várias enchentes, sendo a mais recente em 2004, que provocou o

desmoronamento de várias casas, estas construídas às margens do riacho.

A seguir podem ser observadas algumas imagens do riacho Coité no trecho

que corta a cidade de Itiúba, com águas barrentas e esgotos, despejos de lixo,

construções irregulares e sem a mata ciliar (Figuras 7 a 11).

Figura 7. Trecho do Riacho com água empossada e rede esgoto sendo lançada.

Fonte: Arquivo fotográfico de Natânia Santos (2012).

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Figura 8. Lixos jogados pelos próprios moradores no leito do riacho Coité.

Fonte: Arquivo fotográfico de Natânia Santos (2012).

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Figura 9. Foto de cima: Travessia da ponte com presença de lixo, mesmo existindo dois coletores a população continua jogando lixo no leito e arredores. Foto abaixo: Ponte que liga a Praça principal ao Bairro do Alto, e por onde passa o riacho do Coité, com focos de lixo.

Fonte: Arquivo fotográfico de Natânia Santos. (ano 2012)

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Figura 10. Casas construídas próximas ao riacho, colocando em risco a saúde dos moradores, bem como o perigo em fortes chuvas.

Fonte: Arquivo fotográfico de Natânia Santos. (ano 2012)

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Figura 11. Trecho do Riacho com a mata ciliar degradada.

Fonte: Arquivo fotográfico de Natânia Santos (2012).

7.3 Riachos Santa Helena e Béu

Os riachos: Santa Helena e do Béu são um mesmo córrego, mas, o primeiro

refere-se ao trecho inicial e o segundo a partir da linha férrea (Figura 12).

Figura 12. Croqui de localização dos Riachos Santa Helena e do Béu.

Fonte: Elaboração própria a partir do Mapa de Itiúba.

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O Riacho Santa Helena nasce com as deságuas das chuvas que descem as

serras próximas (Figura 13) à calçada de Pedra e à fazenda do Rompe Jibão. Esse

riacho desce as serras próximas à cidade, e no trecho da calçada de pedra, onde já

se tem várias casas construídas, começa a receber dejetos de esgotos (Figura 14).

Na trajetória inicial do riacho observamos evidente foco de queimadas e

também restos de animais mortos; além disso, testemunhamos homens desmatando

as serras (Figuras 15 e 16).

Figura 13. Serras que durante as chuvas deságuam no Riacho Santa Helena.

Fonte: Arquivo fotográfico de Natânia Santos. (ano 2011)

Figura 14. Presença de lixo na ponte próxima a calçada de pedra.

Fonte: Arquivo fotográfico de Nildete Andrade. (ano 2011)

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Figura 15. Focos de queimadas no percurso do riacho.

Fonte: Arquivo fotográfico de Natânia Santos(ano 2011)

Figura 16. No destaque, homens desmatando área próxima ao percurso do riacho.

Fonte: Arquivo fotográfico de Natânia Santos (2011).

O riacho faz trajetória em vários pontos, perpassando nas imediações da

calçada de pedra, casas da Santa Helena, antigo matadouro, até a roça do Senhor

Z.

Após entrevistas com antigos moradores dos Bairros próximos ao Riacho,

os mesmos relataram as antigas utilidades deste para a população. Segundo os

Page 45: Monografia Marilda Pedagogia Itiúba 2012

44

moradores o riacho serviu por vários anos para a criação de animais, para pesca,

uso doméstico, como por exemplo: lavar roupas, pratos, etc., bem como para o

próprio lazer.

Conforme nos relatou à moradora Sra. G de 59 anos residente na localidade

desde os 08 anos de idade: “... a água era clara, parecia uma piscina, a areia era

fininha, tomava banho, carregava água para os porcos... quando chovia corria água

juntando-se ao Jenipapo”.

Pudemos constatar através de observações e relatos, que em vários pontos

do riacho existem minadouros de água salobra, formando assim cacimbas (Figura

17).

Figura 17. Cacimba no trecho do Riacho Santa Helena. Abaixo: Minação no trecho do riacho dentro da Roça do senhor Zeca. Abaixo: Presença de minação de água salobra no percurso do riacho próximo ao matadouro desativado, onde também era lançada toda sujeira dos animais.

Fonte: Arquivo fotográfico de Natânia Santos. (ano 2011)

Como nos relatou o morador Sr. S de 63 anos e há 60 anos reside na

localidade: “... esse aqui era um pocinho, o riacho era livre, a cerca passava do outro

Page 46: Monografia Marilda Pedagogia Itiúba 2012

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lado do riacho, os meninos, gente grande tomava banho, as cacimbas era funda.

Tinha vez que vinha peixe do Coité, de lá pra cá”.

A situação atual do riacho é precária e alarmante, pois mesmo ainda

contendo pontos de minadouros, a água é totalmente suja, imprópria para qualquer

atividade antes realizada pelos moradores. Além de ser transmissora de várias

doenças infecto-contagiosas por esses esgotos serem lançadas a céu aberto e a

água estar parada em alguns trechos.

Em seu breve relato, o senhor R, autor do livro “Itiúba e os Roteiros do

Padre Severo salienta: “...água sem tratamento, impura, transmite várias moléstias,

como hepatite e uma série de impurezas, causa até o câncer”.

Desde a gestão do prefeito Augusto Soares de Moura (1940-1942), o riacho

começou a receber todos os fluidos oriundos do antigo Matadouro Municipal, que foi

desativado na gestão atual da Prefeita Cecília. A moradora H, de 67 anos nos

afirma: “...Até o sangue do matador caía nesse riacho...”.

Ainda no percurso do Riacho no trecho do morador Sr. F., pudemos ver que

próximas ao riacho existem duas fontes de minadouro (Figura 18) que ainda são

utilizadas pelo morador para irrigação de suas plantações.

Figura 18. Captação de minação próximo ao Riacho Santa Helena, na casa do Sr. F.

Fonte: Arquivo fotográfico de Natânia Santos. (ano 2011)

Segue-se o percurso do riacho, estando dentro da roça do senhor Z, a

situação do riacho ainda é bem catastrófica. São lançados diretamente no riacho:

pneus, esgotos residenciais, lixo, etc., (Figura 19) e dentro da roça constatamos

Page 47: Monografia Marilda Pedagogia Itiúba 2012

46

também que mesmo com a água nessas condições, colocam-se gados bovinos e

eqüinos para consumirem a água poluída e pastagem.

Nesse mesmo trecho há o cemitério Público da cidade, onde não existe uma

atuação maior de higiene (Figura 20), com relação aos restos mortais que muitas

vezes eram lançados a céu aberto, aos arredores dos muros, onde o riacho passa

bem próximo.

A moradora Sra. G, afirma: “... hoje a situação do riacho é imunda, ninguém

se arrisca em tomar banho, mesmo ainda tendo minação”.

Ainda nas nossas observações pudemos flagrar pessoas jogando lixo ao

chão, notamos que a própria população não tem consciência, pois jogam lixo e até

mesmo dejetos humanos dentro do riacho.

Figura 19. Lixo e pneus dentro do Riacho, bem como toda rede de esgotos lançada dentro a céu aberto, causando transtorno a população próxima com a presença de mosquitos e mau-cheiro.

Fonte: Arquivo fotográfico de Natânia Santos. (ano 2011) Figura 20. Os dejetos lançados estão parados em trechos do riacho, só quando chove que este segue seu percurso. Abaixo: água para e bastante poluída próxima ao Cemitério Municipal.

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Fonte: Arquivo fotográfico de Natânia Santos (2011).

Apesar de todo problema de poluição a comunidade local ainda constrói

pequenas barragens nesses riachos (Figuras 21 e 22).

Figura 21. Barragem no percurso do Riacho Santa Helena.

Fonte: Arquivo fotográfico de Natânia Santos (2011).

Figura 22. Abaixo: Pequena represa construída dentro do quintal de moradores no trajeto do riacho Santa Helena.

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Fonte: Arquivo fotográfico Nildete Andrade (2011).

O Riacho do Béu é a continuação do riacho Santa Helena e que recebe

esse nome depois da Roça do Sr. Z., na travessia da linha Férrea. Vai ao encontro

do Riacho do Coité nas proximidades da AABB (Figura 23).

Figura 23. Riacho do Béu, nas proximidades da AABB, na enchente de 2004.

Fonte: Arquivo pessoal do Senhor Celson Pinto.

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A situação se agrava na travessia férrea, início do Riacho do Béu, nesse

ponto o esgoto principal que atravessa toda a cidade despeja os dejetos exatamente

neste trecho, inclusive dejetos do Hospital Municipal.

A poluição é notória também, pois muito lixo é diretamente jogado dentro do

riacho pelos moradores que tem suas residências próximas às suas margens.

Seguindo o percurso, a alguns metros, há uma ponte interligando a sede da cidade à

Avenida Jacobina, próxima ao Colégio Estadual Belarmino Pinto, onde existe uma

grande concentração de lixo demonstrando que ainda não há maior sensibilização

da população, bem como da própria escola em realizar projetos para melhor

conscientização ambiental procurando evitar futuros prejuízos (Figuras 24, 25 e 26).

O lixo é sempre uma ameça em fortes chuvas, porém a população lança

muitos dejetos no percurso do riacho. É provável que parte desses resíduos sólidos

sejam também o resultado do descarte desleixado feito nas calçadas e ruas e que

pela ação do vento e das chuvas terminem por serem arrastados para os locais de

topografia mais baixas da cidade, no caso específico: os riachos (Figura 27).

Figura 24. Início do dejetos advindos de toda cidade lançado diretamente no Riacho do Béu e presença de lixo jogado pelos moradores.

Fonte: Arquivo fotográfico de Natânia Santos. (ano 2011)

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Figura 25. Trecho do riacho do Béu após o pontilhão visivelmente marcado pela presença de lixo, o que dificulta o escoamento da água, caso fortes chuvas acometam a área.

Fonte: Arquivo fotográfico de Nildete Andrade (2011). Figura 26. Lixo no leito do Riacho do Béu na ponte próxima ao Colégio Estadual Belarmino Pinto.

Fonte: Arquivo fotográfico de Nildete Andrade(ano 2011)

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Figura 27. Lixo plástico preso è vegetação no leito do riacho do Béu sob ponte urbana.

Fonte: Arquivo fotográfico de Nildete Andrade. (ano 2011)

Observamos de um modo geral que os riachos só correm em época de

chuvas, sendo que os dejetos lançados ficam estrategicamente concentrados em

vários pontos do percurso, causando sérios danos ao ambiente, bem como a

população que reside próximo a esses pontos. Esses acabam sendo causadores

dos transtornos (juntamente com outra parcela da comunidade) e terminam vítimas

de odor insuportável e do convívio com focos de insetos: pernilongos, moscas,

baratas, com roedores como ratos e ratazanas, bem como a convivência com o

perigo de contágio de várias doenças tais como: dengue, hepatite, verminoses, etc.

7.4 Riacho Rodolfo

O Riacho do Rodolfo é o resultado do encontro do Riacho Santa

Helena/Béu e do Riacho do Coité e é o único que atualmente corre até o açude do

Jenipapo (Figura 28), mesmo sem chuvas, levando todo o esgoto da cidade e todos

os resíduos sólidos visivelmente dominado por plásticos e pneus.

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Figura 28. Mapa Trecho Riacho do Rodolfo ao Açude Jenipapo.

PistaRioPonte

Legenda

Mapa-3

Fonte: Elaboração própria a partir do Mapa de Itiúba.

Segundo os moradores locais mais antigos a correnteza desse riacho era

bastante forte e em tempos de chuvas a pesca era constante, pois vinham muitos

peixes do açude do Coité. Além disso, os moradores próximos, e até mesmo os que

moravam em bairros mais afastados, se utilizavam dessas águas para lazer e

também para lavar roupas, pratos, etc. Segundo os moradores, não se sabe se a

água era consumida antes do ano de 1966 quando a cidade passou a ter água

encanada do açude Coité. Mas, depois dessa data a água não era utilizada para

beber porque as poucas casas que existiam depois de 1966 tinham água encanada

e reservatórios próprios de água.

Como nos relatou a moradora H de 67 anos e residente do bairro há 30

anos: “Ah, quem bem sabe, conhece esse riacho é eu... Eu lavava até os pratos, só

não bebia porque tinha água nas casa... Só existia duas casas e as duas casa já

tinha água encanada... Não tinha ponte aqui no riacho, os carro passava dentro...”.

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A situação atual do Riacho do Rodolfo é preocupante, pois, nele deságuam

todos os esgotos (Figura 29) e são despejados todos os dejetos da cidade e

arredores, encontrando-se com um nível de poluição e degradação muito grande. A

água é pouca e muito suja, de cor escura e odor insuportável, principalmente com a

presença de fezes dentro, fora e nas margens do riacho. A devastação é

assustadora, quase não tem vegetação nas margens, apenas capim.

Figura 29. Esgoto residencial diretamente lançado no Riacho Rodolfo.

Fonte: Arquivo fotográfico de Natânia Santos. (ano 2011)

Nesse trecho, as casas são construídas desordenadamente e praticamente

dentro do riacho, já que parte se transformou em terrenos secos devido ao

assoreamento resultante da falta de vegetação. A erosão por desbarrancamento

também é comum o que gera maior carga de sedimentos para o leito do rio (Figura

30).

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Figura 30. Erosão ás margens do percurso do Riacho Rodolfo.

Fonte: Arquivo fotográfico de Natânia Santos. (ano 2011)

O lixo também é presença marcante dentro do riacho e em sua margem

(Figuras 31 e 32), jogados pelos próprios moradores, demonstrando a falta de uma

educação ambiental em prol do próprio bem estar coletivo e de saneamento básico

para melhor qualidade de vida dos moradores.

Figura 31. Presença de lixo no percurso do Riacho Rodolfo, na zona rural, sentido Açude do Jenipapo.

Fonte: Arquivo fotográfico de Natânia Santos (2011).

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Figura 32. Lixo jogado no percurso do Riacho do Rodolfo próximo a rodovia.

Fonte: Arquivo fotográfico de Nildete Andrade. (ano 2011)

A poluição desse riacho é tamanha que é comum encontrarmos tartarugas

mortas em seu leito (Figura 33), provavelmente devido à ingestão de plásticos, ou

outra causa relacionada à poluição local.

Figura 33. Tartarugas mortas dentro do Riacho Rodolfo.

Fonte: Arquivo fotográfico de Natânia Santos. (ano 2011)

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7.5 Açude do Jenipapo

O Açude Jenipapo recebe a descarga de todos os riachos descritos,

incluindo o excedente do Açude Coité.

Com base em entrevistas e fontes bibliográficas, o Açude do Jenipapo, foi

construído em 1921, pela antiga IFOCS, hoje DNOCS, no governo do Presidente

Epitácio Pessoa. Era um vale rochoso, com capacidade de 542.000 metros cúbicos

de água, tendo uma extensão de 3.000 metros. A barragem tem uma altura de 7

metros, levantada com cimento armado, sendo que todo material veio do estrangeiro

pela estrada de ferro. Mais de 100 operários trabalharam na construção do açude,

sendo o engenheiro-construtor, o senhor Dr. Mata Barros (AZEREDO, 1985).

A região onde se localiza esse açude tem grandes formações de cloreto de

sódio, daí o represamento em águas salobras, fazendo com que a água fosse

utilizada para os rebanhos, piscicultura e lavagens (AZEREDO, 1985).

No passado o Açude Jenipapo era usado para captação de água para

irrigação, uso geral e para o turismo local. Contam, com nostalgia, os moradores

locais que antigamente o açude era usado pelas roças inclusive para beber e para a

recreação. Como nos afirma o senhor C, de 85 anos, morador da localidade desde

que nasceu: “o açude do Jenipapo só enchia quando o Açude do Coité sangrava....

quando o açude enchia era distração para a população...” (Figuras 34, 35 e 36).

Figura 34. Açude do Jenipapo durante as cheias (sem data).

Fonte: Azeredo (1985).

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Figura 35. Passeio da família Sampaio no açude Jenipapo em 1941.

Fonte: Arquivo pessoal do Senhor Celso Pinto.

Figura 36. Jovens na Pedra do Jove, no Açude do Jenipapo (sem data).

Fonte: Site www.itiubadomeutempo.kit.net/

Percorremos todo o Açude e nele encontramos restos de animais mortos

como, por exemplo: peixes e tartarugas; os peixes possivelmente estão mortos pelo

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fato de estarem dentro de águas poluídas e pobres em oxigênio, ficando assim

impossível a sua respiração e sobrevivência. As tartarugas, da mesma forma que

aquelas descritas para o Riacho do Rodolfo devem ter morrido em decorrência da

ingestão de plásticos.

A situação se agrava ainda mais, com a presença há poucos metros do

lixão coletado da cidade e jogado a céu aberto. A disposição de lixo em áreas

abertas tem sido uma prática comum adotada pelas prefeituras de muitos

municípios, se constituído em uma fonte de geração de doenças, que proliferam com

facilidade através de insetos. Tal ação implica ainda em contaminação da água e

lençóis freáticos, comprometendo a utilização da mesma.

Sendo o lixo tão próximo ao açude, há um risco na contribuição da poluição

da água do mesmo por metais pesados, já contaminados por todos os dejetos fecais

oriundos dos esgotos da cidade.

O açude hoje recebe todos os dejetos de esgotos da cidade de Itiúba,

tornando-se assim em um grande depósito para armazenar vários tipos de poluentes

e contaminantes. A água antes utilizada para o lazer e outros fins já citados

anteriormente, está totalmente poluída e perigosa para esse fim.

Infelizmente diante de toda essa situação a população ainda não tem

consciência ou desconhece as condições atuais das águas do açude, pois ainda

insistem em práticas de lazer, pesca e outros, comprometendo a própria saúde por

ainda estar utilizando uma água totalmente poluída. Isto ocorre talvez por ainda ter

vários pontos do açude com paisagens belíssimas, instigando a população para o

turismo e lazer, bem como para a pesca como fonte de renda e as vezes para o

próprio consumo.

Também há criação de animais e plantações nas margens do açude, os

animais consomem essa água.

No percurso do açude e em toda sua margem há uma degradação muito

grande das matas, onde a vegetação está escassa, tendo uma presença de uma

vegetação rasteira que serve apenas para o consumo dos animais. O desmatamento

é marcante com a derrubada de várias árvores, ficando o solo improdutivo, apenas

para criação de gado. Esse cenário mostra o quanto o homem ainda não tem pouca

ou nenhuma preocupação com o meio ambiente, pensando apena nos fins

lucrativos.

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Assim, a despeito de toda poluição existente, e do odor fétido das águas,

ainda existem roças e criação de gado, próximas ao Açude e a comunidade

desinformada pratica a pesca e o lazer. A água é parada, visivelmente suja. Mesmo

assim, a sua utilização para lazer e pesca ainda acontece freqüentemente.

Constatamos a presença de objetos comprovando esse fato como: anzóis, alimentos

frescos, peças íntimas, garrafas PET, sinais de fogo comprovando o cozimento dos

peixes retirados do açude, mesmo com a água totalmente poluída.

Todos essas informações podem ser constatadas nas imagens que se

seguem (Figuras 37 a 46).

Figura 46. Início dos dejetos lançados no início do Açude do Jenipapo.

Fonte: Arquivo fotográfico de Nildete Andrade. (ano 2011)

Figura 47. Vegetação devastada às margens do açude.

Fonte: Arquivo fotográfico de Nildete Andrade. (ano 2011)

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Figura 48. Presença de animais (no interior do círculo) que defecam e urinam dentro do açude, logo no início do mesmo.

Fonte: Arquivo fotográfico de Nildete Andrade. (ano 2011)

Figura 49. Presença da planta baronesa – planta típica de água poluída, as margens do Açude Jenipapo.

Fonte: Arquivo fotográfico de Nildete Andrade. (ano 2011)

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Figura 50. Vestígios de escamas de peixe,confirmando a utilização da pesca para consumo no Açude Jenipapo.

Fonte: Arquivo fotográfico de Nildete Andrade. (ano 2011)

Figura 51. Vários cascos de tartarugas coletadas no Açude Jenipapo.

Fonte: Arquivo fotográfico de Nildete Andrade. (ano 2011)

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Figura 53. Barragem do Açude Jenipapo.

Fonte: Arquivo fotográfico de Nildete Andrade. (ano 2011) Figura 54. Linda Paisagem do Açude Jenipapo.

Fonte: Arquivo fotográfico de Nildete Andrade. (ano 2011)

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Figura 55.Lixos oriundos do Lixão na estrada próxima ao Açude Jenipapo.

Fonte: Arquivo fotográfico de Nildete Andrade. (ano 2011)

Figura 55. Lixão da Cidade concentrado próximo ao açude do Jenipapo e à casas residenciais.

Fonte: Arquivo fotográfico de Nildete Andrade. (ano 2011)

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64

7.6 Discussão

Diante do estudo levantado, vimos que o Riacho Santa Helena, Riacho do

Béu, Riacho do Coité, Riacho do Rodolfo, Açude do Coité e Açude do Jenipapo,

estão degradados e poluídos. Desses o menos poluído é o Açude Coité e o mais

degradado é o Açude Jenipapo, além dos riachos citados principalmente após a

passagem pela sede da cidade de Itiúba.

A poluição do riacho Coité, embora pouco observada, é detectável

principalmente pelo expressivo crescimento da baronesa que indica águas poluídas.

Segundo Schneider e Rubio (2002, p. 3) a baronesa é uma macrófita considerada

como uma erva daninha aquática e que cresce em ambiente poluído por nitrogênio e

fósforo. Segundo os autores essas plantas se desenvolvem quando “o meio aquático

em que vivem recebem nutrientes (nitrogênio e fósforo), através de processos

naturais, atividades agropecuárias ou mesmo pelo esgoto doméstico”.

Todos os riachos e açudes pesquisados estão poluídos por resíduos sólidos

(lixo) urbano domiciliar. Apesar de haver na cidade a coleta municipal de lixo e a

presença de contentores a população insiste em lançar lixo no chão e nas vias

hídricas. Assim, a situação de degradação dos riachos e açudes estudados está

diretamente ligada à ação da população Itiubense.

Dos resíduos observados destacam-se os plásticos e as borrachas. Os

plásticos e demais resíduos sólidos existentes nos riachos e açudes são poluentes

problemáticos tanto do ponto de vista ambiental, quanto da saúde da comunidade e

também estético.

Os plásticos e as borrachas, principalmente os pneus, são oriundos do

petróleo e sua decomposição é muito demorada, plásticos e pneus são comuns na

área estudada e podem levar de 400 anos até tempo indeterminado para se

decompor, a depender do material. Esses resíduos além de serem altamente

poluentes podem agravar o problema das enchentes nas épocas chuvosas, pois,

apresentam poder acumulativo e entopem as áreas naturais de escoamento. Sobre

o descarte do plástico assim comenta Silva (2007, p. 11):

Por muito tempo se negligenciou o problema do descarte desses materiais; seu fim era e ainda tem sido, na maioria dos

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65

casos, os aterros sanitários, diferentes dos vidros, que geralmente são reutilizados, e do papel, que é biodegradado no meio ambiente.

Alguns serviços básicos são prestados à população, como água canalizada,

energia elétrica, coleta de lixo, porém o serviço de esgoto sanitário é muito precário,

e os mesmos acabam por ser lançados diretamente nos riachos próximos as

residências que atravessam a sede com destino ao açude próximo a cidade,

ocasionado vários fatores nocivos a saúde pública, com uma maior probabilidade no

aparecimento de vários doenças contagiosas, bem como registros de enchentes que

segundo os moradores já foram vítimas.

Segundo informações da Planasa (2002), apenas 10% do total de esgotos

produzidos no país recebem algum tipo de tratamento, ou seja, 90% são despejados

in natura nos solos, rios, córregos e nascentes, constituindo-se na maior fonte de

degradação do meio ambiente urbano e de proliferação de doenças infecciosas e

parasitárias.

Cerca de 80% das doenças e 65% das internações hospitalares estão relacionados com o saneamento. Os principais riscos para a saúde são: a) por ingestão de água: cólera, disenteria bacilar, febre tifóide, febre paratifóide, gastrenterite, diarréia infantil e leptospirose; b) através de contato direto com a água: esquistossomose (estimativa: 10 milhões de portadores da doença no país); e c) derivados de poluentes químicos e radiativos: efluentes de esgotos industriais. FUNASA (2002).

Em todo município há uma carência no que se refere ao esgotamento

sanitário, sendo que a população é praticamente obrigada a lanças os dejetos

sanitários diretamente nos riachos que atravessam a sede a céu aberto e em outros

casos a população ainda utiliza a fossa séptica como recurso para armazenar seus

dejetos.

Com a falta de um saneamento Básico adequado de qualidade no

município, que atenda todas as necessidades da população, são relatados inúmeros

casos de doenças que surgem devido à falta desses serviços. As pessoas que

moram mais próximas a esses supostos coletores, são as mais afetadas. Várias

doenças foram citadas e que se apresentam com maior freqüência como a diarréia,

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66

dor de cabeça, verminose, entre outras, todas proferidas de uma má estruturação de

saneamento, ou melhor, de um não saneamento.

É comum a presença de lixos nos trechos dos riachos estudados e esses

são lançados nas encostas ou dentro dos mesmos, fazendo com que em época de

fortes chuvas a água fique impedida de fazer seu percurso natural e naturalmente as

enchentes ocorrem prejudicando a população que em outros momentos sofreram

muito com as águas invadindo suas casas e em alguns casos mais graves, muitas

casas caíram, onde as mesmas foram e são construídas próximas e/ou dentro

desses riachos, demonstrando a necessidade de um planejamento urbano eficaz e

adequado, com efetiva fiscalização, objetivando em primeiro lugar a segurança da

população.

A situação se agrava quando os riachos deixam de cumprir suas múltiplas

funções e passam a ser somente receptor de dejetos. É sabido que a falta de

tratamento de esgotos domésticos adequado é um problema e afeta todas as

cidades brasileiras. De acordo com dados da Secretaria Nacional de Saneamento

(1990), apenas 35% da população brasileira é servida por rede coletora de esgotos,

o que representa 75,5 milhões de pessoas sem acesso a este serviço. Do esgoto

coletado menos de 10% recebe alguma forma de tratamento, o que implica no

lançamento diário de 10 bilhões de litros de esgoto bruto no meio ambiente.

Além de tantos casos levantados, ainda tem o problema do deposito do

lixão a céu aberto em uma área tão próxima ao açude Jenipapo. A

irresponsabilidade vai além, não há tratamento de esgotos, sendo estes depositados

dentro dos riachos que passam pela cidade e sendo todo ele depositado no açude

do Jenipapo, que como citamos anteriormente, era um local de pesca e lazer para

toda população itiubense.

Vários são os problemas ambientais, pode-se dizer que o lançamento de

esgotos nos corpos hídricos gera degradação da qualidade das águas, causando

danos aos ecossistemas aquáticos, do entorno e provocando contaminação e morte

de espécies animais e vegetais, além de gerar a deterioração da qualidade do ar.

Nesse contexto, a questão socioeconômica também é afetada, pois as áreas onde

são lançadas as águas residuárias, principalmente os corpos lênticos (de águas

paradas como os açudes), são menos valorizadas tanto para a prática de esportes

aquáticos, como para a pesca, para o lazer e para o turismo. Por conseguinte, é

essencial para a saúde pública e ambiental o tratamento adequado das águas

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67

servidas, com o fim de evitar a transmissão de doenças e minimizar os impactos

ambientais no meio natural. Andreoli et al. (1997:84) comentam que:

[...] no setor do saneamento, a ampliação dos serviços de tratamento de esgoto doméstico é uma atividade prioritária para resgatar parcela da dívida ambiental contraída por políticas reducionistas que dissociaram os serviços de saneamento em atividades desintegradas. Um exemplo desta dissociação é o lançamento diário de aproximadamente 10 bilhões de litros de esgoto nos rios brasileiros, sem que aconteça qualquer tipo de tratamento.

Acreditamos que esses problemas levantados poderão ser sanados com a

estruturação sanitária da cidade, bem como por meio da implantação de programas

de Educação Ambiental que envolva a comunidade e o poder público. Entendemos

que há uma responsabilidade mútua da comunidade e do setor público municipal.

Essa responsabilidade perpassa inicialmente pelos poderes públicos, desde

a implantação de campanhas educativas, até ao saneamento adequado. A escolha

por uma administração planejada também é responsabilidade da população. Porém

sem haver uma série de palestras ou outros meios de sensibilização popular é

praticamente impossível se avançar nas questões de meio ambiente e de cidadania.

Por isso a importância de todos, escolas, ambientalistas e o próprio poder público.

Logo, faz-se necessária uma ação planejada de educação ambiental que

tenha por objetivo informar e sensibilizar as pessoas sobre os problemas existentes

em sua comunidade, buscando transformar essas pessoas em indivíduos que

participem das decisões sobre seus futuros, exercendo desse modo o direito a

cidadania, torna-se instrumento indispensável no processo de desenvolvimento

sustentável. O Projeto proposto e constante no Apêndice dessa monografia tem

justamente esse objetivo.

Os programas e projetos de educação ambiental devem promover,

simultaneamente, o desenvolvimento de conhecimentos, incluídos os técnicos, de

atitudes, de comportamentos e habilidades necessárias à preservação e a melhoria

na qualidade ambiental. Sobre a questão salienta Wolf:

Uma das formas de começar a mudar o cenário do futuro dos nossos filhos e netos seria começando a trabalhar com a Educação Ambiental desde a educação infantil, com o intuito de formar cidadãos conscientes dos valores ambientais. Todos já sabem e concordam que a E.A. é um instrumento poderoso e capaz de fornecer as condições necessárias, na escola, para

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68

que sejam estabelecidas novas relações com o meio ambiente (WOLF, 2007, p.202).

O atendimento à população com serviços de água e esgotos é um dos mais

importantes indicadores do desenvolvimento de um país, expressando a qualidade

de vida da população. O Brasil tem ainda muito a realizar nesse plano e o município

de Itiúba também.

No entanto, vemos que a própria população contribui para uma falta de

Saneamento Básico, depositando lixos nas margens dos riachos e dentro dos

açudes, contribuindo de maneira negativa para poluir ainda mais as águas.

A qualidade da água deve ser tal que satisfaça as exigências das

utilizações, mas deve especialmente satisfazer as exigências de saúde pública. A

água poluída pode se tornar um veículo direto de vários contaminantes causadores

de doença graves de caráter epidêmico envolvendo assim um aspecto sanitário da

mais alta significação. Além disso, a poluição pode exercer um efeito indireto, de

implicações econômicas consideráveis, por interferir ou prejudicar o uso.

Como vimos os riachos e açudes da cidade de Itiúba, estão afetadas com a

poluição, onde poderiam estar sendo utilizados para outros fins, sem prejuízos ao

meio e à comunidade em geral. Porém, enquanto não houver uma sensibilização da

população em geral e uma conscientização do poder público em realizar o processo

de recuperação dos riachos e açudes, tornando as águas mais naturais e que

possam ter utilidade para a comunidade, às águas continuarão poluídas e com o

aumento da população essa tendência poluidora será acrescida em escala

geométrica e cumulativa.

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69

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os fatores de degradação e os impactos ambientais identificados e

discutidos indicam que a poluição e degradação dos açudes e riachos que culminam

em um meio hídrico degradado e a morte de vários animais em Itiúba, ocorrem

especificamente em decorrência da atividade urbana desencadeado pela falta de

saneamento básico e educação ambiental da população local. Esse fato, aliás, não é

apenas visto em Itiúba, acontece muito por todo o Brasil em umas regiões mais que

em outras.

Esses fatores afetam diretamente a qualidade de vida da população, para

tanto, faz-se necessário tomar providências de reversão e prevenção dos problemas

identificados. Desse modo, são imprescindíveis atuações junto às comunidades,

viabilizando-se ações de efetivo controle na coleta do lixo. De outra parte, são

indispensáveis obras de infra-estrutura de saneamento básico, como a desativação

de esgotos a céu aberto e recuperação das áreas dos riachos e açudes. A

destinação final adequada aos efluentes de origem domiciliar e hospitalar, e dos

dejetos de esgotos das residências é imprescindível. Além disso, é essencial o

cumprimento da legislação quanto ao Saneamento Básico Lei nº 11.445/07.

Contudo, tais ações são pouco eficazes se não tiverem políticas públicas de

conscientização da população, como ações de educação ambiental realizadas nas

instituições públicas e particulares, nos vários níveis educacionais, além das

associações comunitárias de modo geral.

Programas de Revitalização são essenciais e podem-se recuperar a

morfologia natural dos riachos e açudes, de forma criteriosa a libertá-los do talvez

concreto e exercer as suas múltiplas funções.

Como sugestão fica a implantação de um setor Público Municipal que cuide

diretamente das questões ligadas ao Meio Ambiente, ou seja, a Secretaria Municipal

do Meio Ambiente que terá como meta, promover a gestão ambiental do município,

através da participação da sociedade, desenvolvendo ações que conscientizem a

população, para a preservação e recuperação do meio ambiente.

Page 71: Monografia Marilda Pedagogia Itiúba 2012

70

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APÊNDICE

PROJETO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL A SER APLICADO NAS ESCOLAS E

COMUNIDADE

CARTAS ENCAMINHADAS AOS DIRETORES DE ESCOLAS

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Universidade do Estado da Bahia - UNEB Departamento DE Educação - Campus VII- Senhor do Bonfim

Rede Uneb 2000

Cristiane Pereira de Oliveira Marilda Aparecida Pinto Oliveira

Natânia Pinto dos Santos Nildete Fernandes de Andrade

PROJETO DE EXTENSÃO EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL

É POSSÍVEL MELHORAR A INTERFERÊNCIA HUMANA NA DEGRADAÇÃO DOS CORPOS HÍDRICOS QUE BANHAM A

SEDE DO MUNICÍPIO DE ITIÚBA, BAHIA?

Itiúba 2012

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APRESENTAÇÃO

O despertar e a decisão pela escolha da temática Educação Ambiental

voltada aos recursos hídricos, decorreu em meio às várias discussões e

provocações no ambiente acadêmico Universitário, relacionada ao Meio Ambiente,

o que nos impulsionou aprofundarmos o estudo desta temática. Esse despertar

ocorreu durante as aulas, em especial das disciplinas de Ensino da Geografia I e II,

Ensino das Ciências I e II e o Ensino de História I e II.

O Projeto de Extensão Educação Ambiental “É POSSÍVEL MELHORAR A

INTERFERÊNCIA HUMANA NA DEGRADAÇÃO DOS CORPOS HÍDRICOS QUE

BANHAM A SEDE DO MUNICÍPIO DE ITIÚBA, BAHIA?” é, pois, o resultado da

nossa pesquisa monográfica desenvolvida na UNEB para conclusão da Licenciatura

em Pedagogia e realizada acerca dos problemas ambientais relacionados aos

riachos e barragens associados à sede municipal de Itiúba.

1 INTRODUÇÃO JUSTIFICADA

O presente Projeto de Extensão foi elaborado com a finalidade de levar ao

conhecimento da população estudantil a importância de um Saneamento Básico

adequado e eficiente como proposta de melhorar a qualidade de vida, avaliando a

interferência humana no processo de poluição e degradação ambiental.

Tenciona também este projeto discutir a interferência humana na

degradação dos riachos e açudes da cidade de Itiúba, por meio de observações em

um contexto ecológico.

A intenção deste trabalho é o de desvelar estas inquietações, vislumbrando

uma educação ambiental, embasada em valores humanos e sociais, pautando-se

em reflexões sobre questões ambientais, sociais e humanos de conscientização

global e principalmente local.

Diante dos processos de industrialização e crescimento urbano, tornou-se

crescente a busca por modelos que compatibilizem o desenvolvimento econômico

com uma efetiva manutenção da produtividade dos recursos naturais, como também

da qualidade ambiental.

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Atualmente as discussões acerca da deteriorização do meio ambiente

enfocam as grandes cidades do país, onde o efeito de urbanização sobre os

ecossistemas tem provocado uma intensa degradação dos recursos naturais.

Porém, pode-se verificar que mesmo os municípios de pequeno e médio porte

apresentam uma situação crítica no que diz respeito à falta de planejamento

municipal.

A rápida urbanização concentrou populações de baixo poder aquisitivo em

periferias carentes de serviços essenciais de saneamento. Isto contribui para gerar

poluição concentrada, sérios problemas de drenagem agravados pela inadequada

deposição de lixo, assoreamento dos corpos d’água e conseqüente diminuição das

velocidades de escoamento das águas.

É visível o acumulo de detritos domésticos e industriais não-biodegradáveis

lançados nos riachos e solo, que possivelmente provoca danos ao meio ambiente e

doenças nos seres humanos.

Neste contexto, pode-se citar o município de Itiúba localizado no semi-árido,

tem uma área total de 1.737,8 km² e uma densidade populacional de 20,22 hab/km²,

uma vez que vem crescendo de forma espontânea, sem total planejamento e ou

diretrizes urbanísticas prévias, situações de confronto entre o suporte natural e os

objetos construídos, com exceção das novas moradias do Programa do Governo

Federal em parceria com estados e municípios “Minha Casa, Minha Vida”, que exige

um planejamento habitacional bem como diferenciais sustentáveis mediante

orientações e exigências dos órgãos competentes.

De acordo com Mello (2002), o crescimento do município se estabelece

paralelo a um processo crescente de degradação ambiental, onde são praticadas

constantemente agressões contra a boa climatização, a correta drenagem, as áreas

verdes, os cursos hídricos e a topografia original.

Tentaremos sensibilizar e conscientizar a população escolar para a

problemática ambiental urbana e os graves problemas que afere o meio ambiente,

visto que é visível a grande falta de preocupação com a preservação dos recursos

naturais.

Para tanto, pretende-se a partir das conclusões, avaliar os fatores

responsáveis pela degradação ambiental mediante a falta de planejamento urbano

de saneamento básico. Algumas considerações finais procuraram instigar na

sociedade atitude de transformar, olhar para si mesmo e repensar sua práxis frente

Page 78: Monografia Marilda Pedagogia Itiúba 2012

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a toda essa realidade. Nada mais apropriado do que uma profunda reflexão sobre o

ambiente em que vivemos, perante a omissão dos órgãos competentes com as leis

e o desconhecimento da população no que se refere aos seus direitos e deveres,

bem como as conseqüências de uma atitude de má estruturação demográfica e

descompromisso com a natureza, que deverá trazer danos quisá irreversíveis para a

população, não só financeiramente, mas, sobretudo de natureza humana, fisiológica

e social.

Acreditamos que a sensibilização para a causa ambiental exerce processos

informativos e formativos de uma comunidade, diante das conseqüências obtidas,

bem como sensibilizar os órgãos competentes na discussão e elaboração de

Políticas Públicas voltadas ao tema.

O estudo em questão promoverá uma reflexão sobre a problemática com

olhar global e local, crítico e norteador para possíveis práticas de planejamento de

saneamento básico, demográfico e educação ambiental.

Acreditamos que à nossa prática pedagógica possibilitará a formação de

cidadãos mais críticos e responsáveis em contribuir na preservação do meio

ambiente.

OBJETIVO GERAL

O objetivo do nosso Projeto de Extensão é levar ao conhecimento da

população escolar a situação hídrica da nossa cidade e assim sensibilizar os

discentes, discutindo possibilidades de mudanças de atitudes e despertando

sentimentos de co-responsabilidade em relação ao meio ambiente.

METODOLOGIA

No primeiro momento, faremos a acolhida da turma desenvolvendo a

dinâmica: “Lixo contra o meio ambiente”. Em seguida a problematização do tema

com imagens fotográficas da degradação dos corpos hídricos locais.

O segundo momento será iniciado com a exibição do Vídeo “Meio Ambiente

e consciência ambiental”, e após faremos uma discussão sobre a degradação

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ambiental e a realidade dos açudes e riachos locais, bem como a interferência da

população na degradação dos mesmos, sendo que a própria população é

desconhecedora de determinadas leis que direcionam um saneamento básico

adequado. Portanto a discussão pauta-se em o que nós cidadãos e cidadãs podem

fazer na preservação e recuperação do nosso meio ambiente.

No terceiro momento, abriremos espaço para que os discentes possam

expressar suas opiniões em relação ao tema e em seguida os convidaremos a

realizar uma visita ao riacho mais próximo onde os mesmos poderão presenciar na

prática o que foi discutido teoricamente em sala de aula e demonstrado através das

fotografias a situação real dos riachos.

Terminado a visita, retornaremos para a sala de aula, onde realizaremos

uma atividade lúdica livre com sugestões dos professores.

Por fim faremos uma mensagem final de agradecimento.

Plano e estratégias:

1º momento: acolhida da turma e aplicação de dinâmica / problematização do tema

com imagens da poluição dos corpos hídricos locais

2º momento: palestra e vídeo

Enfoques da palestra:

Os riachos nascem limpos;

Os riachos transformaram-se em esgotos dentro e próximo das cidades;

As residências foram e são construídas as margens dos riachos;

A insegurança da população durante o período de fortes chuvas;

Surgimento de várias doenças em decorrência dos dejetos lançados a céu

aberto nos riachos e vazantes.

De que forma a população interfere na degradação e poluição dos riachos

e açudes?

O desconhecimento da população em relação às leis.

O que podemos fazer para ajudar?

3º momento: discussão geral e visita ao riacho mais próximo da escola

4º momento: atividade lúdica livre com sugestão dos professores podendo ser:

painéis com escrita, desenhos e colagens; dramatização; cordel; poesia; paródias;

produção textual; quadrinhos, etc.

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Tempo de duração: cinco horas/aula

RESULTADOS ESPERADOS

Esperamos com a aplicação deste Projeto sensibilizar os alunos para o

despertar da ação cidadã e da co-responsabilidade para com o meio ambiente, bem

como agir como agente fiscalizador e atuante na sustentabilidade e recuperação dos

espaços público.

ATIVIDADES DE APOIO

Dinâmica: LIXO contra MEIO AMBIENTE

- Participantes: Em torno de 20 pessoas

- Tempo Estimado: 20 min

- Modalidade: Meio Ambiente

- Objetivo: Desenvolver uma preocupação de preservação do meio ambiente que

vivemos e se preocupar com as pessoas que vivem em locais críticos como próximo

de córregos e rios.

- Material: Um salão ou o próprio local fechado onde o grupo se reúne, vassouras de

acordo c / o número de participantes, pazinhas de lixo, 4 baldes pequenos com saco

de lixo, bastante papel picado e sujeira de acordo com que você ache conveniente

para jogar no salão, bancos e/ou cadeiras e um barbante um pouco maior que a

largura da sala onde se aplicará a dinâmica.

- Descrição: Antes que o pessoal entre no salão, forme um espaço grande retangular

dentro do salão com as cadeiras e/ou bancos. Espalhe o lixo de forma que todo o

espaço que você formou tenha este lixo. Pegue os baldes e espalhe pelo salão,

preferencialmente debaixo das cadeiras e/ou bancos de maneira que não fique

muito oculto. Espalhe as vassouras e pazinhas de lixo próximo do local . Divida o

espaço em dois com o barbante.

Verificando que o local está uma verdadeira sujeira, convida- os para oração inicial

dentro do espaço com o lixo.

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Eles certamente não se sentirão à vontade, mas faça a oração inicial mesmo assim.

Logo depois o ANIMADOR explica que teremos uma dinâmica com dois times, cada

time deverá se livrar da sujeira antes do outro, aquele time que terminar de limpar

antes será o vencedor. Enquanto eles estiverem limpando você escolhe duas

pessoas (OS BAGUNÇADORES) de cada time para bagunçar e sujar a área do

adversário, peça para espalhar a sujeira do outro, pegar o lixo que estiver no balde e

espalhar novamente, fazendo com quê a turma empurre o lixo para a área do time

adversário. Após um 15 minutos peça para todos pararem e sentarem (inclusive os

BAGUNÇADORES) e inicie os questionamentos.

Sugestão de questionamentos:

- Será que realmente nos preocupamos em zelar pelo nosso meio ambiente?

- Será que sempre tentamos nos livrar das sujeiras em frente da nossa c asa

empurrando o lixo para frente da calçada do vizinho, como hoje estávamos jogando

o lixo na área do outro time?

- Será que ao se livrarmos dos nossos lixos nós se preocupamos em não deixar as

águas das chuvas levar esses lixos para bueiros, córregos, rios etc. provocando

enchentes e inundações nas c asas das pessoas que moram em locais críticos?

- Será que ao atirarmos um saco de lixo em terrenos baldios nós se preocupamos

com os moradores ao redor que ficam expostos à proliferação de insetos e ratos,

causando doenças à seus familiares?

- Será que quando chupamos uma bala, uma pastilha, um sorvete etc nos

preocupamos em jogar a embalagem no lixo ou desistimos rapidamente de achar

um lixo e jogamos a embalagem no c hão?

- Será que Deus fica contente ao saber que nós, ao viajarmos pelas estradas,

ficamos atirando todo tipo de lixo e até bitucas de cigarros que provocam incêndios

no nosso mundo que Ele criou?

- Que tal ao vermos um de nossos amigos jogando a embalagem de bala no chão,

chamássemos a atenção dele para guardar aquela embalagem no bolso até

encontrar uma lixeira? Imagine se ele habitua-se a fazer isso e passar Esse

pensamentos aos conhecidos dele!