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CENTRO INTEGRADO DE EDUCAO SUPERIOR DO PIAU CIESPI FACULDADE ALIANA COORDENAO DO CURSO DE BIOMEDICINA

NATHLIA DE MELO BEZERRA MARIA ANADETE ALVES DO NASCIMENTO

ENTEROPARASITOSES EM GESTANTES ATENDIDAS EM UMA MATERNIDADE PBLICA DE TERESINA - PI

TERESINA 2011

NATHLIA DE MELO BEZERRA MARIA ANADETE ALVES DO NASCIMENTO

ENTEROPARASITOSES EM GESTANTES ATENDIDAS EM UMA MATERNIDADE PBLICA DE TERESINA - PI

Monografia submetida Faculdade Aliana como parte dos requisitos necessrios para obteno do Grau de Bacharel em

Biomedicina.

Orientadora: Prof MSc. Gina Coelho Saraiva de Sousa

TERESINA 2011

NATHLIA DE MELO BEZERRA MARIA ANADETE ALVES DO NASCIMENTO

ENTEROPARASITOSES EM GESTANTES ATENDIDAS EM UMA MATERNIDADE PBLICA DE TERESINA PI

Monografia submetida a Faculdade Aliana como parte dos requisitos necessrios para obteno do Grau de Bacharel em

Biomedicina.

Teresina, Agosto de 2011.

Prof. MSc Gina Coelho Saraiva de Sousa Faculdade Aliana

Prof. MSc Maria do Socorro Leite Galvo Faculdade Aliana

Prof. MSc Osmar Ferreira da Silva Filho Faculdade Aliana

Dedicamos esse trabalho a Deus e a nossa famlia, razo de todas as nossas

conquistas.

AGRADECIMENTOS

A Deus, por sempre iluminar nossos caminhos e abenoar nossos passos; A nossa orientadora MSc Gina Coelho Saraiva de Sousa, pela sua pacincia, confiana, competncia e sabedoria; A nossa professora de metodologia Adriana Reis, por sempre nos ter recebido; As nossas amigas, Lia Moreira, Maria Aparecida, Amanda Caroline e Joina Lettiere, pela alegria permanente e ajuda no processamento das amostras; As funcionrias da Maternidade Dona Evangelina Rosa, Luciana e Ana Cludia, pela confiana e apoio; A tcnica do laboratrio da Faculdade Aliana Antnia Jesus pela ajuda e confiana; A Faculdade Aliana, por gentilmente conceder a utilizao da estrutura fsica e materiais do laboratrio de parasitologia, onde foi realizado o processamento das amostras; As gestantes que participaram do estudo, agradecemos pela confiana; A todos que colaboraram direta ou indiretamente para o desenvolvimento deste trabalho, nossos infinitos agradecimentos. (Nathlia de Melo) Agradeo ainda, aos meus pais Ducila Maria e Antonio Bezerra por muitas vezes abdicarem de seus sonhos em favor dos meus, pelo amor e dedicao; as minhas irms Laiane e Alynne, pelo carinho e por estarem presentes em todos os meus momentos; ao meu noivo Giovanni, pelo apoio, cumplicidade e pacincia; aos meus sobrinhos Kristiano Jnior e tambm afilhado Lus Fellipe pela imensa alegria mesmo nos momentos mais tensos. Agradeo enfim a todos os demais familiares que sempre me apoiaram e acreditaram em mim; (Maria Anadete) Agradeo aos meus pais Raimundo Alves e Maria de Ftima (in memorian) pelo amor, carinho e dedicao; aos meus tios Nenem e Delfino, pela confiana, pelos valores morais que moldaram a minha vida; Agradeo ao Allan pelo incentivo e presena constante; as minhas irms em especial Elizlia e Kalinne pelo apoio e compreenso, as minhas amigas Anglica, Tnia e Maria da Cruz pelo companheirismo e por nunca medirem esforos para ajudar-me, toda minha famlia, que mesmo de longe, muito contriburam para esta conquista.

RESUMO

As enteroparasitoses representam um grave problema de sade pblica. Estudos realizados nos ltimos anos no Brasil apontam elevados nveis de prevalncia destas infeces decorrentes principalmente da carncia de saneamento bsico associado falta de medidas pessoais e sociais de higiene. Contudo, pouco se conhece sobre as possveis consequncias das parasitoses em gestantes e para o desenvolvimento fetal. No presente estudo procurou-se avaliar os fatores de risco e a prevalncia das enteroparasitoses em 50 gestantes que realizaram o pr-natal na Maternidade Dona Evangelina Rosa (MDER) em Teresina-PI. As amostras de fezes foram obtidas no segundo trimestre de 2011 e analisadas atravs dos mtodos de diagnsticos parasitolgicos de Hoffman, Pons e Janer ou Lutz (HPJ). Os dados acerca dos fatores de risco foram fornecidos pelas gestantes, atravs de um questionrio. A maior prevalncia de enteroparasitoses encontrada foi em gestantes de terceiro ms gestacional, que possuam escolaridade fundamental incompleta. Das 50 amostras analisadas 28 (56%) foram positivas para pelo menos um tipo de helminto ou protozorio. Ascaris lumbricoides foi a espcie mais prevalente (35,7%) seguida do protozorio Entamoeba coli (21,4%). Dentre 28 pacientes analisadas, 8 (28%) apresentaram poliparasitismo. Houve associao estatisticamente significativa entre enteroparasitoses e gestantes provenientes da zona rural. A presena de animal domstico e frequncia de parasitas intestinais na famlia, tambm foram fatores de risco estatisticamente significativo para prevalncia de enteroparasitoses nas gestantes estudadas. Concluiu-se que precrias condies higinico-sanitrias da residncia, das pessoas e do ambiente podem contribuir de forma significativa para uma maior incidncia de enteroparasitoses nas gestantes.

Palavras - chave: Enteroparasitoses. Gestantes. Epidemiologia. Prevalncia.

ABSTRACT

Intestinal parasites infections represent a severe public health problem. Studies in recent years in Brazil indicate high levels of prevalence of these infections resulting mainly from lack of sanitation measures, associated with alack of personal and social hygiene. However, little is known about the possible consequences of parasitic infections in pregnant women and fetal development. The present study has tried to evaluate the risk factors and prevalence of intestinal parasites in 50 pregnant women who had prenatal care in Maternidade Dona Evagelina Rosa (MDER) in Teresina-PI. Stool samples were obtained in the second quarter of 2011 and analyzed by methods of parasitological diagnosis of Hoffman, Pons and Janer or Lutz (HPJ). The data on risk factors were provided by pregnant women, through a questionnaire. The higher prevalence of intestinal parasites was found in pregnant women of the third month of pregnancy, who had incomplete elementary education. Of the 50 samples analyzed 28 (56%) were positive for at least one type of helminth or protozoan. Ascaris lumbricoides was the most prevalent species (35.7%) followed by the protozoan Entamoeba coli (21.4%). Among 28 patients analyzed, 8 (28%) patients had multiple parasitic infections. There was a statistically significant association between intestinal parasites and pregnant women from rural areas. The presence of a pet and frequency of intestinal parasites in the family were also statistically significant risk factors for the prevalence of parasitic infections in pregnant women studied. It was concluded that poor sanitary conditions of the residence of people and the environment can contribute significantly to a higher incidence of parasitic infections in pregnant women.

Key-words: Intestinal parasites. Pregnant. Epidemiology. Prevalence.

LISTA DE ILUSTRAES

Figura 1 Figura 2 Figura 3 Figura 4 Figura 5

Ciclo biolgico do Ascaris lumbricoides Ciclo biolgico dos Ancilostomdeos Ciclo biolgico do Trichuris trichiura Ciclo biolgico da Entamoeba histolytica Ciclo biolgico da Giardia lamblia

20 22 23 25 26

Grfico 1

Prevalncia

de

enteroparasitas

em

gestantes

atendidas

na 36

Maternidade Dona Evangelina Rosa, Teresina PI, 2011 Grfico 2

Frequncia dos tipos de enteroparasitas em gestantes que realizaram pr-natal no perodo do estudo, Teresina-PI, 2011 38

Grfico 3

Prevalncia de enteroparasitoses por faixa etria na populao estudada, Teresina PI, 2011 38

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Frequncia de protozorios e helmintos entricos encontrados em amostras fecais de gestantes atendidas na MDER no perodo de abril a junho, Teresina PI, 2011. 39

Tabela 2 Distribuio da populao estudada por procedncia, Teresina PI, 2011. 41

Tabela 3 Distribuio das gestantes estudadas por nvel de escolaridade, Teresina PI, 2011. 42

Tabela 4 Caractersticas socioeconmicas das gestantes estudadas, Teresina PI, 2011. 43

Tabela 5 Dados relacionados ao saneamento bsico da populao estudada, Teresina PI, 2011. 45

Tabela 6 Frequncia de enteroparasitas na famlia da populao estudada, Teresina PI, 2011. 47

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CIUR Crescimento Intra-Uterino Restrito CEP Comit de tica em Pesquisa et al. e colaboradores g grama IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica mL mililitro mg miligrama MDER Maternidade Dona Evangelina Rosa SESAPI Secretaria Estadual de Sade do Piau TECLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

LISTA DE SMBOLOS

C graus Celsius X2 Qui quadrado % - porcentagem

SUMRIO

1 CONSIDERAES INICIAIS 2 FUNDAMENTAO TERICA 2.1 Enteroparasitoses 2.2 Epidemiologia

14 17 17 18

2.3 Ciclo biolgico e patogenia dos parasitas de maior prevalncia no Estado do Piau 2.3.1 Helmintos 2.3.1.1 Ascaris lumbricoides 2.3.1.2 Ancilostomdeos 2.3.1.3 Trichuris trichiura 2.3.2 Protozorios 2.3.2.1 Entamoeba histolytica 2.3.2.2 Giardia lamblia 2.4 Enteroparasitoses durante a gestao 2.5 Diagnstico e tratamento das enteroparasitoses em gestantes 3 METODOLOGIA 3.1 Tipo de estudo 3.2 Local do estudo 3.3 Perodo do estudo 3.4 Populao e amostra 3.5 Coleta de dados 3.5.1 Mtodo de Hoffman, Pons e Janer ou Lutz 3.6 Anlise de dados 19 19 19 21 22 24 24 25 26 29 31 31 31 32 32 32 33 34

3.7 Aspectos ticos 4 RESULTADOS E DISCUSSO 5 CONSIDERAES FINAIS REFERNCIAS ANEXOS

34 36 48

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1 CONSIDERAES INICIAIS

As parasitoses intestinais, ou enteroparasitoses, provocadas por helmintos ou protozorios constituem um grave problema de sade pblica, sobretudo nos pases em desenvolvimento nos quais se apresentam em alta prevalncia decorrente do baixo nvel socioeconmico e cultural alm dos hbitos de higiene precrios (FREI et al., 2008; MARQUES et al., 2005). Apesar do alto ndice de prevalncia desta infeco parasitolgica intestinal, pouco se sabe sobre suas possveis repercusses em gestantes (COSTA-MACEDO & REY, 1996). As enteroparasitoses, clinicamente, podem causar leves sintomas digestivos, como dor abdominal, nuseas, diarreia, constipao intestinal e dificuldade na digesto, sendo estes sintomas muitas vezes confundidos com as manifestaes prprias do incio da gestao, em alguns casos este tipo de infeco pode ser a causa de uma anemia nas gestantes (SOUZA et al., 2002). Segundo Souza et al., (2002) as enteroparasitoses so classificadas em helmintoses e protozooses, de acordo com o ciclo biolgico os helmintos podem ser subdivididos em: biohelmintos (necessitam do hospedeiro intermedirio) e geohelmintos (utilizam o solo para seu desenvolvimento). A transmisso das parasitoses geralmente oro - fecal, isto , pela ingesto de ovos de helmintos e cistos de protozorios presentes em alimentos, gua ou at mesmo por algum objeto contaminado com fezes (MARINHO et al., 2002). Indivduos assintomticos que esto em contato direto com alimentos, podem tornarse fonte potencial de contaminao de vrios patgenos, principalmente os enteroparasitas (ABRAHAM et al., 2007) . A intensidade da infeco um fator relevante para a compreenso da morbidade por enteroparasitos, embora essas infeces muitas vezes sejam assintomticas. Infeces macias podem causar uma srie de morbidades, incluindo as carncias alimentares. Alm disso, as infeces por ancilostomdeos e Trichuris trichiura contribuem para anemia devido espoliao de ferro pelos parasitos (BETHONY et al.,2006; BROOKER et al.,2006; ZIMMERMANN & HURRELL,2007). Embora alguns estudos demonstrem no observar nenhuma repercusso clnica ou obsttrica em gestantes parasitadas, outros atribuem a este tipo de

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infeco o Crescimento Intra-Uterino Restrito (CIUR) em gestantes desnutridas (SOUZA et al., 2002). A prevalncia das enteroparasitoses durante a gestao varia dependendo do local analisado sendo, as infeces causadas por geohelmintos como Ascaris lumbricides, Trichuris trichiura e ancilostomdeos as espcies mais encontradas (COSTA-MACEDO & REY,1996). O Ministrio da Sade apesar de no incluir o coproparasitolgico como rotina de pr-natal, importante para diagnosticar a presena de enteroparasitoses na gestante, preconiza que se a gestante apresentar anemia (hemoglobina < 11g/dL) o exame dever ser solicitado (BRASIL, 2000). Tm sido realizados vrios programas para o controle das parasitoses intestinais, em decorrncia dos seus efeitos deletrios sade da populao, em diferentes pases, porm constata-se um descompasso entre o xito alcanado nos pases mais desenvolvidos e aquele verificado nas economias mais pobres, alm disso, a falta de projeto educativos com a participao da comunidade dificulta a implementao das aes de controle (ABRAHAM et al., 2007). A erradicao da pobreza nos pases em desenvolvimento no muito provvel durante as prximas dcadas, porm intervenes pblicas como a melhoria do saneamento, abastecimento de gua, infraestrutura, abastecimento alimentar, parecem ser formas eficazes para melhorar a sade da comunidade (CHECKLEY et al.,2004). As enteroparasitoses decorrentes de helmintos correlacionam-se com a ocorrncia de anemia em gestantes, alm disso, as infeces parasitrias podem induzir deficincia de ferro, protena, cido flico e possivelmente de zinco, ocasionando prematuridade e baixo peso ao nascer. J as infeces parasitrias ocasionadas por protozorios podem resultar em morte fetal ou em graves complicaes clnicas aps o nascimento (RODRGUEZ-MORALES et al., 2005; SPALDING et al., 2003). Diante deste contexto, o estudo da prevalncia de enteroparasitoses em gestantes, assim como dos aspectos scio-econmico-sanitrios deste segmento populacional de grande relevncia, uma vez que permite reconhecer as intervenes que afetam a prevalncia das parasitoses e fornece subsdios para o desenvolvimento de aes concretas a serem realizadas junto populao estudada, tendo fortes implicaes na implementao de medidas preventivas e na

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adoo de condutas diagnsticas adequadas, minimizando assim, as possveis repercusses negativas que estas infeces podem induzir para o conjunto maternofetal, alm disso, no municpio de Teresina pouco se conhece sobre a prevalncia das parasitoses intestinais em gestantes devido carncia de estudos. Tendo em vista a magnitude do problema, esse estudo foi realizado com o objetivo de analisar os fatores de risco e a prevalncia de enteroparasitoses em gestantes atendidas na Maternidade Dona Evangelina Rosa em Teresina-PI, bem como identificar as espcies de parasitos intestinais mais frequentes nesse segmento populacional.

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2 FUNDAMENTAO TERICA

2.1 Enteroparasitoses

As parasitoses intestinais constituem um tipo de endoparasitismo, onde seus agentes infecciosos que vivem no trato gastrintestinal do homem pertencem aos filos Protozoa, Platyhelminthes, Nematoda e Acontocephala. Representam grave problema de sade pblica, sobretudo nos pases subdesenvolvidos, sendo um dos principais fatores debilitantes da populao, associando-se frequentemente a quadros de diarreia crnica e desnutrio (ANDRADE et al., 2010; LUDWIG et al., 1999). A prevalncia das enteroparasitoses, cuja transmisso se d pela via fecaloral ou penetrao pela pele, maior nas reas de baixas condies socioeconmicas e carentes de saneamento bsico, incluindo a deficincia ou ausncia do tratamento de gua, esgoto, recolhimento do lixo e o controle de vetores (KUNZ et al., 2008). A forma de apresentao das enteroparasitoses depende de fatores relacionados ao hospedeiro, ao parasito e ao meio ambiente, onde no hospedeiro importante considerar o estado nutricional, idade, hbitos de vida, resposta imunolgica e presena de doena bsica concomitante, em relao ao parasito deve-se considerar a carga parasitria, o mecanismo de leso determinado pelo parasito, os mecanismos de escape vinculados s transformaes bioqumicas e imunolgicas verificadas ao longo do ciclo de cada parasito e a sua localizao, j em relao ao ambiente, deve-se levar em considerao, saneamento bsico deficiente, disponibilidade e tratamento da gua, higiene precria das pessoas e a contaminao do solo, gua e alimentos com formas parasitrias como, ovos, larvas ou cistos (CHIEFFI & AMATO NETO, 2003). Alguns estudos apontam que, infeces por parasitos intestinais podem afetar o equilbrio nutricional, uma vez que interferem na absoro de nutrientes, induzem sangramento intestinal, reduzem a ingesto alimentar e ainda podem causar complicaes significativas, como obstruo intestinal, prolapso retal e formao de abscessos, em casos de uma infeco macia, podendo levar o portador morte (SANTOS & MERLINI, 2010).

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2.2 Epidemiologia

As maiores prevalncias de infeco intestinal parasitria so encontradas em regies em desenvolvimento da frica, sia e Amrica Latina. As infeces causadas por geohelmintos como, Ascaris lumbricoides, Trichuris trichiura e ancilostomdeos (Ancylostoma duodenale e Necator americanus) so as que mais ocorrem (WHO, 2002; BETHONY et al., 2006; ALBONICO et al., 2008; HOTEZ et al., 2008). Estima-se que 4,5 bilhes de indivduos no mundo, esto infectados com geohelmintos, onde cerca de 1,2 bilhes com A. lumbricoides, 800 milhes com T. trichiura, e mais de 700 milhes com ancilostomdeos (BETHONY et al., 2006; LAMMIE et al., 2006). Entre os cestides, Hymenolepis nana o mais prevalente em nvel mundial (PILLAI & KAIN, 2003). Giardia duodenalis causando a giardase, o protozorio mais prevalente, com cerca de 200 milhes de pessoas infectadas (PILLAI & KAIN, 2003; MINENOA & AVERY, 2003). No Brasil, as parasitoses intestinais mais frequentes so a ascaridase, a ancilostomase e a tricurase (REY, 2008). Na dcada de 70, um inqurito realizado pela Superintendncia de Campanhas de Sade Pblica/Ministrio da Sade (SUCAM) em 21 estados, mostrou que A. lumbricoides e T. trichiura apresentaram as maiores frequncias relativas, com 52,6% e 36,6%, respectivamente (ALVES et al., 2003). Um estudo realizado em 1950 mostrou que dentre todos os Estados analisados, o Piau apresentava o maior ndice de infeces por ancilostomdeos (68,8%) e o terceiro maior por A. lumbricoides (88,0%) (ALVES et al., 2003). De acordo com a Organizao Mundial de Sade (OMS) a cada ano cerca de 65.000 mortes so diretamente atribudas a infeces por Trichuris trichiura e outras 60.000 mortes ocorrem por infeces por Ascaris lumbricoides (ACURERO et al., 2008). O equacionamento deste problema de sade pblica esbarra na necessidade de conhecimento da realidade e dos fatores de risco que favorecem o surgimento, manuteno e a propagao dos agentes infecciosos, dentre os quais se destacam as condies de moradia e saneamento bsico da populao exposta, os hbitos alimentares, de higiene pessoal, de contato com o solo e a presena de reservatrios no local (ZAIDEN et al., 2008).

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Para ANDRADE et al., (2010) embora o parasitismo intestinal seja relevante na epidemiologia e na sade pblica, so insuficiente as referncias sobre o tema, especialmente no Brasil, assim esta situao, aliada dificuldade de realizao de exames coproparasitolgicos em maior escala, pouco contribui para o conhecimento das consequncias na populao geral.

2.3 Ciclo biolgico e patogenia dos parasitas de maior prevalncia no Estado do Piau

2.3.1 Helmintos

Os helmintos constituem um grupo numeroso, com trs filos: Platyhemintes, Aschelminthes e Acanthocephala, incluindo espcies de vida livre e de parasitas (ZAIDEN et al., 2008). Para Eijk et al., (2009) os efeitos imunolgicos dos geohelmintos podem diferir em espcie e pode afetar tanto gestante quanto ao feto.

2.3.1.1 Ascaris lumbricoides

A ascaridase a helmintase mais difundida no mundo, com alta prevalncia nos pases tropicais com saneamento bsico inadequado, conhecida

popularmente por lombriga e bicha, tendo como reservatrio o ser humano (VIEIRA, 2008). O ovo de A. lumbricoides fecundado, eliminado nas fezes, exige certas condies do meio externo para seu completo desenvolvimento (como temperatura em torno de 30 a 35C e certo grau de umidade e oxignio), assim, em condies favorveis, desenvolve-se em seu interior uma primeira larva (L1) rabditide que, no perodo de uma semana, sofre muda, para a segunda larva (L2) e posteriormente, transforma-se na terceira larva rabditide (L3); esta ltima, que retm a cutcula como uma bainha, a larva infectante que permanece no solo por vrios meses, assim gestantes com o hbito da geofagia, prtica comum na frica - subsaariana, podem infectar-se com o solo contaminado com ovos contendo a forma larvria infectante (CIMERMAN, 2008; KAWAI, et al., 2009).

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Os ovos ingeridos atravessam o estmago e as larvas eclodem dos ovos no intestino delgado, penetram na parede intestinal, entram nos vasos sangneos e migram para o fgado, corao direito, pulmo, onde sofrem muda para a quarta sofrem larva (L4), rompem os capilares alveolares e caem na luz alveolar, onde sofrem muda para a quinta larva (L5), movimentam-se atravs dos bronquolos at a faringe, se so deglutidas e retornam ao intestino delgado, onde amadurecem at adultas (LEVENTHAL & CHEADLE, 2000) (Figura 1).Fig. 1 Ciclo biolgico do A. lumbricoides lumbricoides.

Legenda: 1) macho (extremidade posterior recurvada) e fmea (extremidade posterior reta; 2) ovo no embrionado, apenas no exterior torna torna-se embrionado(L1); 3) o embrio passa para a L3 infectante dentro do ovo; 4) o homem infecta se atravs da contaminao de alimentos ou mos at infecta-se a boca, desta forma os ovos chegam ao intestino delgado, onde emergem as larvas que vo ao ceco, chegam ao sistema porta e ao fgado, penetram na veia cava, vo ao corao, pulmo e chegam na faringe; 7) nela so deglutidas, chegam ao intestino delgado e transformam delgado transformam-se em vermes adultos. Fonte: http://www.dpd.cdc.gov dpd.cdc.gov.

A intensidade das alteraes provocadas por este parasito intestinal est diretamente relacionada com a quantidade de formas (larvas ou vermes adultos) presentes no organismo (NEVES, 2005). Infeces macias por larvas durante a migrao pulmonar podem causar uma pneumonite caracterizada por febre, bronquite, tosse, manifestaes alrgicas e eosinofilia, conhecida como Sndrome de Leffler, comum em crianas (ZAIDEN, 2008). Em infeces por vermes adultos de mdia intensidade (30 a 40 vermes), so observadas a ao espoliadora, onde os vermes consomem grande quantidade de

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protenas, carboidratos, lipdios e vitaminas A e C, levando o seu portador subnutrio e depauperamento fsico e mental, a ao txica, na qual ocorre a reao entre antgenos parasitrios e anticorpos alergizantes do hospedeiro, causando edema, urticria, convulses epileptiformes entre outras, e a ao mecnica, onde os vermes provocam irritao na parede do intestino e podem enovelar-se na luz intestinal, levando sua obstruo (NEVES, 2005).

2.3.1.2 Ancilostomdeos

Dentre mais de 100 espcies de ancilostomdeos descritas, apenas trs so agentes etiolgicos das ancilostomoses humanas: Ancylostoma duodenale, Necator americanus e Ancylostoma ceylanicum, sendo as duas primeiras as espcies principais de ancilostomoses de humanos, enquanto a A. ceylanicum, embora ocorra em hospedeiros humanos, tem os candeos e feldeos domsticos e silvestres como hospedeiros definitivos. A ancilostomase conhecida popularmente como amarelo, opilao e doena de Jeca Tatu, figura antolgica criada por Monteiro Lobato (NEVES, 2005; VIEIRA, 2008). Os ovos liberados pelas fmeas que vivem no tubo digestivo de seus hospedeiros so eliminados juntamente com as fezes dos mesmos, desenvolvem-se rapidamente na primeira larva rabditide (L1) e eclodem em solo mido e quente (24 a 48 horas), onde rapidamente sofrem muda para a segunda larva rabditide (L2) e posteriormente, sofrem nova muda para se tornar na larva filariide infectante (L3). A infeco ocorre atravs da penetrao ativa da L3 na pele ou por sua ingesto, juntamente com gua ou alimentos contaminados, quando as larvas pertencem a A. duodenale, j que as larvas de N. americanus, somente so infectantes atravs de penetrao cutnea (LEVENTHAL & CHEADLE, 2000; CIMERMAN, 2008). Aps penetrarem na pele, as larvas filariides (L3) entram na corrente sangunea e/ou linftica e chegam ao corao, indo pelas artrias pulmonares, para os pulmes, onde sofrem muda para a quarta larva (L4), que rompem os capilares alveolares e caem na luz alveolar, movimentam-se atravs dos bronquolos at a faringe, so deglutidas e retornam ao intestino delgado. Durante a migrao pelo tubo digestivo ocorre a ltima muda (L5), ao chegar ao intestino delgado, a larva comea a exercer o hematofagismo, fixando a cpsula bucal na mucosa do duodeno (CIMERMAN, 2008; NEVES, 2005) (Figura 2)

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Fig. 2 Ciclo biolgico dos ancilostomdeos.

Legenda: 1) ovo recm eliminado nas fezes; 2) larva rabditide; 3) larva filariide infectante. 4) O eliminado homem infecta-se por penetrao da larva filariide na pele ou atravs de alimentos ou mos contaminadas; 5) larvas adultas de ancilostomdeos. Fonte: http://www.dpd.cdc.gov http://www.dpd.cdc.gov.

Quando a ocorre a ingesto das larvas infectantes (L3), a evoluo para larvas L4 e L5 se faz por mudas que tm lugar no prprio tubo digestivo, sem ocorrer o ciclo pulmonar descrito (CIMERMAN, 2008). Quando as larvas penetram na pele do hospedeiro, podem provocar no local da penetrao, leses traumticas, seguidas por fenmenos vasculares, podendo aparecer hiperemia, prurido e edema resultante do processo inflamatrio ou dermatite urticariforme, porm, o parasitismo intestinal que bem caracteriza a ancilostomose (NEVES, 2005). A patogenia da enfermidade diretamente proporcional ao nmero de parasitos presentes no intestino delgado, sendo o principal sinal de ancilostomose a anemia causada pelo intenso hematofagismo exercido pelos vermes adultos, alm de leucocitose, eosinofilia, hipoproteinemia e vrias mudanas fisiolgicas e bioqumicas que agravam o estado orgnico do hospedeiro (NEVES, 2005).

2.3.1.3 Trichuris trichiura

A tricurase ocorre principalmente nas regies tropicais e subtropicais, onde as ms condies sanitrias e o clima quente e mido fornecem as condies

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necessrias para que os ovos de T. trichiura sejam incubados no solo (VIEIRA, 2008). Aps a fertilizao, as fmeas fazem postura dos ovos no intestino, sendo fertilizao, expulsos com as fezes do hospedeiro, aps a eliminao, os ovos necessitam de quinze dias a um ms de permanncia no solo para se tornarem larv larvados e aptos a infectar o homem; ao serem ingeridos pelo homem, sofrem ao dos sucos , digestivos e as larvas eclodem no intestino delgado, penetram e se desenvolvem posteriormente nas vilosidades intestinais, retornam luz e vo para o ceco, onde amadurecem (CIMERMAN, 2008; LEVENTHAL & CHEADLE, 2000) (Fig (Figura 3).Fig. 3 Ciclo biolgico do T. trichiura.

Legenda: 1) eliminao de ovos nas fezes; 2) ovo tornando se embrionado, 3) ovo embrionado; 4) tornando-se ovo infectante que contamina os alimentos e atravs dos mesmos o homem ingere o ovo infectante, a larva eclode no duodeno e migra para o ceco; 5) larva adulta encontrada no intestino; lode 6) larva adulta encontrada no ceco. Fonte: http://www.dpd.cdc.gov http://www.dpd.cdc.gov.

A gravidade da tricurase depende tanto da carga parasitria como da influncia de alguns fatores como idade do hospedeiro, estado nutricional e a distribuio dos vermes adultos no intestino (NEVES, 2005). Como no existe migrao sistmica das larvas de T. trichiura as leses trichiura, provocadas pelo verme esto confinadas ao intestino, em infeces intensas e crnicas, o parasitismo se distribui por todo o intestino grosso, atingindo tambm a nicas, poro distal do leo e reto, os sintomas nestas infeces so dor abdominal,

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disenteria, sangramento intestinal e prolapso retal, este ltimo ocorre principalmente em crianas e em mulheres em trabalho de parto (NEVES, 2005; VIEIRA, 2008).

2.3.2 Protozorios

Os protozorios englobam todos os organismos protistas eucariontes, constitudos por uma nica clula que realiza todas as funes mantenedoras da vida: alimentao, respirao, reproduo, excreo e locomoo (ZAIDEN et al., 2008). Segundo os autores, os protozorios atualmente so divididos em sete filos, dos quais apenas quatro tm interesse em parasitologia humana

(Sarcomastigophora, Apicomplexa, Ciliophora e Microspora).

2.3.2.1 Entamoeba histolytica

A Entamoeba histolytica uma ameba encontrada praticamente em todos os pases do mundo, sendo mais comum nas regies tropicais e subtropicais, no s devido s condies climticas, mas principalmente devido s condies sanitrias e ao baixo nvel socioeconmico das populaes que vivem nessas regies (CIMERMAN, 2008). O ciclo da E. histolytica se inicia pela ingesto de cistos maduros atravs de alimentos ou da gua contaminada, estes resistem ao do suco gstrico do estmago e atingem a poro terminal do intestino delgado, onde ocorre o desencistamento, com a sada do metacisto. Em seguida, o metacisto sofre sucessivas divises citoplasmticas, dando origem aos trofozotos metacsticos, estes, migram para o intestino grosso, onde se colonizam e multiplicam-se aderidos mucosa intestinal. Estas estruturas sob certas condies ainda no bem conhecidas transformam-se em cistos, que podem ser eliminados juntamente com as fezes do portador (NEVES, 2005; CIMERMAN, 2008; LEVENTHAL & CHEADLE, 2000) (Fig. 4). A Entamoeba histolytica a causa de disenteria sanguinolenta e ulceraes na parede intestinal, alm disso, se as amebas penetrarem na parede intestinal e se disseminarem por via sangunea, pode ocorrer ulcerao no fgado, nos pulmes, ou no crebro podendo ser fatal (LEVENTHAL & CHEADLE, 2000) (Figura 4).

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Fig. 4 Ciclo biolgico da E. histolytica histolytica.

Legenda: 1) cistos e trofozotos eliminados nas fezes; 2) cistos encontrados em alimentos ou gua contaminada que infectam o homem. Os cistos de E. histolytica apresentam como localizao primria o intestino grosso (A, B), mas podem ser encontrados em regies secundrias, como crebro, pulmo e fgado (C). 3) no intestino os cistos evoluem para trofozotos que sofrem sucessivas divises (4 e 5). Fonte: http://www.dpd.cdc.gov ww.dpd.cdc.gov.

Um estudo realizado em Quito, Equador, encontrou entre gestantes 88% de infeco por E. histolytica e uma associao positiva com anemia e crescimento intra-uterino restrito (SOUZA et al., 2002). uterino

2.3.2.2 Giardia lamblia

Infeces por Giardia lamblia, ocorrem principalmente em regies tropicais e lamblia, subtropicais, em pessoas de classes sociais menos favorecidas, com maus hbitos de higiene e em locais de aglomerao, tais como orfanatos, creches, asilos e escolas (ZAIDEN et al., 2008). A via de infeco do homem inicia se atravs da ingesto de cistos maduros inicia-se atravs de gua e alimentos contaminados, desta forma ao atingirem o estmago sofrem ao do meio cido e ocorre o desencistamento, com liberao dos trofozotos, estes se multiplicam por diviso binria longitudinal e colonizam preferencialmente a mucosa do duodeno, podendo tambm ser encontrado no jejuno, condutos biliares e vescula biliar. Em certo momento, sob a influncia do pH intestinal, dos sais biliares e do desprendimento da forma trofozotica da mucosa desprendimento

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intestinal ocorre o encistamento do parasito e sua liberao para o exterior atravs das fezes (NEVES, 2005; CIMERMAN, 2008) (Figura 5). VES,Fig. 5 Ciclo biolgico da G. lamblia.

Legenda: Cistos e trofozotos de G. lamblia so eliminados nas fezes, atravs do consumo de ozotos alimentos ou gua contaminados os humanos adquirem a infeco. Ao serem deglutidos, os cistos e/ou trofozotos, colonizam o intestino delgado. Os cistos sofrem desencistamento no meio c cido do estmago e transformam-se em trofozotos, estes se multiplicam por diviso binria longitudinal, se formando novos trofozotos, ocorre o encistamento e eliminao do parasito para o meio exterior. Fonte: http://www.dpd.cdc.gov http://www.dpd.cdc.gov.

A maioria das infeces assintomtica e ocorre tanto em adultos como em crianas, a infeco sintomtica pode apresentar diarria acompanhada de dor abdominal (VIEIRA, 2008). Em infeces macias, os trofozotos da G. lamblia podem atapetar todo o duodeno e produzir uma barreira mecnica, impedindo a absoro de vitaminas A, ma B12, D, E e K, alm de cidos graxos e cido flico e em conseqncia dis disso, o paciente pode apresentar quadros de diarreia com esteatorreia (CIMERMAN, 2008). ia

2.4 Enteroparasitoses durante a gestao

A associao entre gestao e parasitoses intestinais tem despertado o interesse de alguns investigadores, por se tratar de grupo com caractersticas prprias e transitrias dos padres metablicos, endocrinolgicos e imunolgicos. (COSTA-MACEDO & REY, 199 MACEDO 1996).

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Infeces parasitrias so capazes de afetar o processo normal de acolhimento nutricional, como, impor exigncias que criam um custo mais elevado nutricional ou produzir uma remoo de nutrientes, assim, o impacto destas infeces cada vez mais objeto de estudo, as pesquisas mais recentes demonstram que as enteroparasitoses esto associadas no apenas com a grave desnutrio, mas tambm como a causa de retardo do crescimento e desenvolvimento das populaes que vivem em reas endmicas (ACURERO et al., 2008). Doenas tropicais como a malria, esquistossomose, infeces intestinais por helmintos e filariose tem um impacto dramtico sobre a capacidade reprodutiva da mulher, estando ainda associados a casos de aborto inexplicvel (RODRGUEZMORALES et al., 2005). De acordo com STEKETEE (2003), o Plasmodium falciparum o parasita da malria mais comum em mulheres grvidas, o mesmo, afirma que eritrcitos infectados com P. falciparum se renem no espao da placenta materna e a infeco parasitria prolongada no sangue placentrio exige nutrientes importantes, assim a passagem de nutrientes (glicose e oxignio) para o feto, ocorre em menores quantidades. O mesmo autor relata ainda, que a malria contribui claramente para o desenvolvimento da anemia e, embora os processos biolgicos no estejam claramente delineados, a anemia moderada e grave, traz de fato efeitos negativos sobre o crescimento fetal. Infeces por ancilostomdeos podem causar ou agravar a deficincia de ferro e anemia durante a gravidez; at mesmo as infeces relativamente leves, resultam em diminuio do crescimento fetal (EIJK et al., 2009; STEKETEE, 2003). A Tripanossomase Americana (Doena de Chagas causada pelo

Trypanosoma cruzi) pode infectar mulheres durante a gravidez e levar a uma infeco congnita do recm-nascido (STEKETEE, 2003). A tenase, causada pela presena da forma adulta de Taenia solium e Taenia saginata, provoca hipoperistaltismo intestinal em gestantes, que propicia o rompimento das proglotes antes de atingirem o meio externo, permitindo assim que ocorra a transformao ovo-cisticerco da T.solium, levando cisticercose (FIGUEIR-FILHO et al., 2004). Infeces por geohelmintos na gravidez tm sido associadas com a deficincia de ferro, a anemia materna e estado nutricional deficiente, bem como

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diminuio do peso ao nascimento infantil, retardo de crescimento intrauterino e resultados adversos do nascimento (EIJK et al., 2009). Em um estudo realizado na Venezuela observou-se alta prevalncia de parasitose intestinal (mais de 70%), superiores aos anteriormente relatados para as mulheres grvidas no Congo (9%), na Nigria (12,5%), Mxico (38,2%), no Brasil (Estado de So Paulo, 45,1%; Estado do Rio de Janeiro, 69,2%) e da Indonsia (69,7%), associados ao processo de cultivo de alimentos realizados pelas gestantes, onde as fezes humanas eram utilizadas como fertilizante nas culturas (RODRGUEZMORALES et al., 2005). Outro estudo realizado na Tanznia constatou que gestantes com o hbito de praticar geofagia (ingesto do solo), apresentaram risco aumentado para anemia severa, clulas vermelhas com caractersticas sugestivas de deficincia de ferro e infeco por helmintos, principalmente por Ascaris lumbricoides e Trichuris trichiura, pela ingesto de ovos contaminados presentes no solo e infeces por ancilostomdeos e Strongyloides stercoralis pela penetrao de larvas atravs da pele, e ressaltou a importncia de estudos que visem analisar os efeitos das infeces parasitrias para o desenvolvimento fetal (KAWAI et al., 2009). No Brasil, um estudo realizado em servio pblico na cidade do Rio de Janeiro, verificou que 53,6% das gestantes estavam com algum tipo de parasitoses intestinal, outro estudo realizado em centros de sade da Secretaria Estadual de So Paulo, encontrou prevalncia de 45,1% de enteroparasitoses em gestantes (SOUZA et al., 2002). A esquistossomose, causada principalmente pelo Shistosoma mansoni, muito comum no Brasil e particularmente na Regio Nordeste, est associada anemia, alm da sintomatologia da hipertenso portal e da fibrose de Symmers. Como uma doena sistmica que provoca anemia, a esquistossomose pode trazer para a gestante, consequncias semelhantes s descritas para ancilostomase. Os casos mais graves resultam em abortamento, trabalho de parto pr-termo e prematuridade (SOUZA et al., 2002; STEKETEE, 2003; FIGUEIR-FILHO et al., 2004). De acordo com o Ministrio da Sade, um estudo realizado em Pernambuco, Regio Nordeste do Brasil, demonstrou forte associao ente enteroparasitoses e anemia em mulheres durante o perodo gestacional (BRASIL, 2005).

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Os

estudos

brasileiros

mais

recentes

sobre

a

prevalncia

de

enteroparasitoses em gestantes so escassos e dispersos, sendo a maioria deles realizados em amostras de bases populacionais mal definidas (ANDRADE et al., 2010). Segundo STEKETEE (2003), embora seja fcil imaginar que a infeco por qualquer parasita intestinal pode trazer repercusses negativas para o conjunto materno fetal, dados especficos que demosntrem os efeitos de cada infeco parasitria so limitados.

2.5 Diagnstico e Tratamento das Enteroparasitoses em Gestantes

Existem vrias tcnicas para a verificao de parasitas nas fezes, podendo ser por mtodo direto, que se presta identificao de formas vegetativas de protozorios (especialmente em fezes diarreicas) ou por mtodos de

enriquecimento, que compreendem o de Lutz ou de Hoffman, Pons e Janer (eficiente na pesquisa de cistos de protozorios e de ovos pesados de helmintos, como os de Ascaris lumbricoides, Shistosoma mansoni e cestides) mtodo quantitativo de Kato, modificado por Katz (fornece o nmero de ovos/grama de fezes preconizado para a pesquisa de ovos pesados de helmintos e de Trichuris trichiura) mtodo de Willis (para a pesquisa de ovos leves de ancilostomdeos, Enterobius vermiculares e Trichocefhalus trichiurus) mtodo de centrfugo-flutuao em sulfato de zinco (de Faust) ou da centrfugo-sedimentao em formol-ter (eficientes na deteco de cistos de protozorios em fezes formadas e de ovos leves de helmintos) mtodo de Baerman-Morais ou de Rugai (para pesquisa de Strongyloides stercoralis e larvas de ancilostomdeos)(CHEHTER,1995). importante que seja feito mais de um mtodo de concentrao por cada amostra fecal, um especfico para larvas de helmintos e outro, especfico para pesquisa de cistos de protozorios, tendo em vista a variabilidade morfolgica e biolgica apresentada pelos parasitos (MENDES et al., 2005). Diante das incertezas sobre as consequncias do parasitismo intestinal na gravidez e dos poucos estudos encontrados sobre essa associao, o tratamento antiparasitrio tem sido feito segundo critrios adotados individualmente por cada profissional, alm disso, pouco se sabe sobre as repercusses das drogas antihelmnticas para o desenvolvimento do feto (COSTA-MACEDO & REY, 1996).

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Para a maioria dos autores a menos que a infeco ameace a gestao, o tratamento dever ser postergado para o perodo posterior ao parto, em funo dos efeitos mutagnicos, teratognicos e embriotxicos de algumas drogas

antiparasitrias, observados em estudos experimentais, portanto imprescindvel que medidas preventivas sejam adotadas antes da gestao (STEKETTE, 2003; CHEHTER,1995). Apenas nos casos de gestantes com esquistossomose ou tenase, os riscos do no tratamento superam os riscos fetais, sendo o tratamento materno indicado com praziquantel, a droga de escolha no tratamento de todas as formas de esquistossomose e contra infeces de nematides e cestides, inclusive a cisticercose (FIGUEIR-FILHO et al., 2004). Dados disponveis sobre a teratogenicidade do metronidazol, frmaco eficaz na tricomonase, amebase e giardase, so inconsistentes e, portanto, recomendase no utiliz-lo durante o primeiro trimestre da gestao, j os frmacos como mebendazol, oxamniquina e ivermectina, so potente embriotxicos e teratognicos, estando contraindicado o uso dos mesmos durante a gravidez (FIGUEIR-FILHO et al., 2004). Estudos experimentais demonstraram que o albendazol, anti-helmntico utilizado no tratamento de infeco por oxiros, ascaridase, tricurase,

estrongilodase, por ambas as espcies de ancilostomdeos e na cisticercose, apresenta efeitos embriotxico e teratognico, age produzindo ciclo celular diminudo e ruptura do citoesqueleto, alm de dispersar os cromossomos e induzir as malformaes congnitas, em doses mais elevadas levam ao acrscimo de alteraes morfolgicas embrionrias, desta forma, no deve ser administrado a gestantes (FIGUEIR-FILHO et al., 2004).

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3 METODOLOGIA

3.1 Tipo de Estudo

Este estudo de corte transversal e de natureza quantitativa com vistas a analisar a interface entre a ocorrncia de enteroparasitoses em mulheres durante o perodo gestacional. Segundo Bastos & Duquia, (2007), os estudos transversais consistem em uma ferramenta de grande utilidade para a descrio de caractersticas da populao, para a identificao de grupos de risco e para a ao e o planejamento em sade, podem ainda oferecer valiosas informaes para o avano do conhecimento cientfico quando utilizados de acordo com suas indicaes, vantagens e limitaes. Segundo Oliveira, (1999), a abordagem quantitativa objetiva quantificar dados pesquisados, utilizando recursos e tcnicas estatsticas, um recurso importante para se descobrir e classificar a relao entre variveis, visando buscar possveis relaes de causalidades entre os eventos.

3.2 Local do Estudo

O estudo foi desenvolvido no Instituto de Perinatologia Social do Piau, Maternidade Dona Evangelina Rosa (MDER), localizada na Avenida Higino Cunha, bairro Ilhotas, regio sul de Teresina, no Estado do Piau, Nordeste do Brasil. Referncia em alta complexidade gestacional e Hospital de Ensino credenciado pelo Ministrio da Educao, a MDER abriga dois programas de residncia mdica, alm de vrios cursos da rea da sade. De acordo com os dados da Secretaria Estadual da Sade do Piau (SESAPI) nas instalaes da MDER so realizados 63% dos partos ocorridos em Teresina, dos quais 88% das clientes so provenientes do prprio Estado e 12% de outros Estados (Maranho, Tocantins, Par e Cear). A escolha do local de estudo deveu-se ao intenso fluxo de gestantes assistidas na maternidade. Segundo Moreira, (2010), so atendidas na MDER cerca de 25 mil mulheres por ano em servios de pr-natal, alm de outros servios como exames laboratoriais, de imagem e vacinas.

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3.3 Perodo do Estudo

O estudo teve durao de trs meses, de abril a junho de 2011.

3.4 Populao e amostra

A populao em estudo foi constituda de gestantes recorrentes Maternidade Dona Evangelina Rosa, onde se selecionou uma amostragem de cinquenta pacientes. Para a participao da gestante na pesquisa, foram adotados alguns critrios de incluso, tais como: realizar a avaliao pr-natal no Instituto de Perinatologia Social do Piau da MDER; ter disponibilidade e concordar em participar da mesma, para gestantes menores de idade os pais e/ou responsveis devem concordar atravs da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (ANEXO A). Os critrios de excluso adotados foram: presena de complicaes obsttricas ou mdicas; ocorrncia de aborto em um intervalo anterior pesquisa de no mnimo seis meses; uso de qualquer antiparasitrio no perodo de seis meses imediatamente anterior concepo e diagnstico prvio de enteroparasitoses.

3.5 Coleta de dados

Antes do incio da coleta de dados, o projeto de pesquisa foi submetido ao Comit de tica em Pesquisa (CEP) para a obteno das devidas autorizaes. Alm disso, foi mantido contato com a direo da maternidade para a obteno da autorizao para o acesso s gestantes e para a realizao dos procedimentos clnicos e laboratoriais das amostras coletadas, com vistas identificao de enteroparasitas nas mesmas. O objetivo do estudo foi explicado para as gestantes que concordaram em participar do estudo e que assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TECLE), para a autorizao ao acesso a amostra fecal. As informaes para anlise dos fatores de risco foram fornecidas pelas gestantes atendidas na Maternidade Dona Evangelina Rosa, atravs de questionrio

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semi estruturado (ANEXO B), onde se avaliou o perfil scio-econmico-sanitrio deste segmento populacional, como composio familiar, renda, escolaridade, condies habitacionais e de saneamento. A solicitao das amostras fecais das gestantes para o exame

coproparasitolgico foi realizada pelo mdico da maternidade. A MDER forneceu os coletores plsticos descartveis sem conservantes s pacientes, acompanhados das instrues para a coleta e conservao do material biolgico. As amostras coletadas foram entregues na MDER, onde foram identificadas e fracionadas para um segundo coletor plstico descartvel fornecido pelos autores da pesquisa, desta forma a amostra foi submetida dupla anlise, tanto pelos profissionais da maternidade quanto pelas pesquisadoras. Aps o fracionamento, as amostras foram transportadas em caixa trmicas para o Laboratrio de Parasitologia da Faculdade Aliana, onde foram processadas o mais rpido possvel atravs de um mtodo parasitolgico, de acordo com as recomendaes da literatura:

3.5.1 Mtodo de Hoffman, Pons e Janer ou Lutz

Para a realizao desta metodologia, colocou-se aproximadamente 2 gramas de fezes em um frasco de Borrel com cerca de 5 mL de gua e triturou-se bem com a esptula de madeira, feito isso, acrescentou-se mais 20 mL de gua, filtrou-se a suspenso para um clice cnico de 200 mL de capacidade por intermdio de uma gaze cirrgica dobrada em quatro, desta forma os detritos foram lavados com mais 20 mL de gua, agitou-se constantemente com a esptula de madeira e completouse o volume do clice com gua. Deixou-se essa suspenso em repouso durante duas horas, com o fim deste perodo desprezou-se o lquido sobrenadante, homogeneizou-se o sedimento e colheu-se uma gota do mesmo para fazer o esfregao na lmina, onde se adicionou uma gota de lugol, levou-se ao microscpio ptico e examinou-se nas objetivas de 10 vezes e 40 vezes (NEVES, 2005; REY, 2008).

Todos os procedimentos foram realizados com os equipamentos de proteo individual necessrios, como jaleco, protetor facial e luvas obedecendo a Norma Regulamentadora 6 (NR 6 da portaria 3.214, de 08 de junho de 1978).

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O exame foi considerado positivo quando foi observada ao menos uma espcie de parasito (helminto ou protozorio) na amostra. Os resultados dos exames coproparasitolgicos das gestantes participantes da pesquisa foram lanados na ficha de Resultado do Exame Parasitolgico (ANEXO C), assinados pela orientadora da pesquisa Gina Coelho Saraiva de Sousa e entregue s pacientes, para que as mesmas pudessem procurar as orientaes mdicas pertinentes.

3.6 Anlise de dados

Aps a aplicao dos questionrios e anlise laboratorial das amostras parasitolgicas, os dados foram tabulados, processados e analisados mediante a utilizao do programa Bioestat verso 5.0, que forneceu os resultados em tabelas e grficos. Foram realizadas medidas de frequncias, mdias e desvios-padro, e as associaes existentes entre as variveis foram analisadas atravs da aplicao de teste estatstico Qui quadrado (X2), com nvel de significncia p0,05.

3.7 Aspectos ticos

Atendendo Resoluo 196/96 do Conselho Nacional de Sade, o projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comit de tica em Pesquisa (CEP) do Instituto Camillo Filho, protocolo n 370/10 (ANEXO D) e autorizado pela Comisso de tica da Maternidade Dona Evangelina Rosa (ANEXO E). Todas as gestantes envolvidas na pesquisa assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), que contempla a exigncia tica de autonomia dos sujeitos da pesquisa, de acordo com a Resoluo 196/96 do Conselho Nacional de Sade. O TCLE foi assinado em duas vias, ficando uma em posse da pesquisadora e a outra com a gestante. Dentro das recomendaes ticas para pesquisa com seres humanos relatadas na Resoluo 196/96, todos os sujeitos da pesquisa foram tratados com dignidade e respeito sua autonomia. Realizou-se a ponderao entre riscos e benefcios, onde houve um comprometimento com o mximo de benefcios e o mnimo de danos e riscos aos sujeitos da pesquisa (princpios da beneficncia e da

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no-maleficncia). A confidencialidade e sigilo das informaes prestadas pelos pacientes envolvidos na pesquisa foram resguardados.

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4 RESULTADOS E DISCUSSO

A populao estuda estudada foi constituda por 50 gestantes, das quais a maioria (70%) era procedente de Teresina, estando em menores quantidades, s provenientes da zona rural e do interior do Estado. A faixa etria das gestantes variou de 14 a 39 anos, sendo a mdia de 27 anos. Apresentaram predomnio as mulheres que se encontravam no terceiro ms gestacional (34%) seguida pelo (34%), grupo que se encontrava no segundo ms gestacional (32%) estando em menores prevalncias s gestantes de primeiro e quarto ms com 20% e 14% ms, respectivamente. As 50 amostras foram analisadas atravs da metodologia de Sedimentao a Espontnea, tambm conhecida como mtodo de Hoffman, Pons e Janer ou Lutz. Desse total, 28 amostras (56%) apresentaram resultado positivo ao exame parasitolgico de fezes para um ou mais parasitos intestinais e 22 amostras (44%) apresentaram resultado negativo (G taram (Grfico 1). Vale ressaltar que a incidncia de ltar casos positivos, apesar de alta, poderia ser ainda maior, se as amostras tivessem sido analisadas por mais de um mtodo parasitolgico, pois de acordo com Zaiden et al. (2008), a possibilidade de encontrar parasitos nas fezes aumen pelo exame 2008), aumenta de amostras mltiplas, em razo da intermitncia da passagem de certos ovos de parasitos no hospedeiro, da eliminao no uniforme dos ovos de helmintos, dos diferentes estgios dos protozorios e das limitaes dos mtodos de diagnstico.Grfico 1 Prevalncia de enteroparasitoses em gestantes atendidas na Maternidade Dona Evangelina Rosa, Teresina PI, 2011.

Fonte: BEZERRA, N.M.

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A alta incidncia de enteroparasitoses em gestantes detectada neste estudo, vai ao encontro com os achados de um trabalho, tambm realizado na regio Nordeste do Pas, desenvolvido por Souza et al. (2002), em Pernambuco, onde foi encontrada prevalncia de 37% de parasitoses intestinais em 316 gestantes. Elevadas prevalncias de enteroparasitos em gestantes tambm foram encontradas na regio Sudeste do Pas, nos estudos realizados por Costa Macedo & Rey (1996), no Rio de Janeiro, onde foi encontrada prevalncia de 53,6%, em 168 gestantes; e por Guerra et al. (1991), em So Paulo, que detectaram prevalncia de 45,1% de enteroparasitoses em 395 gestantes. Este fato explicado por Dias (2005), atravs da afirmao de que, em geral, as regies brasileiras exibem condies ambientais favorveis para disseminao de enteroparasitoses em funo da posio intertropical do pas. Ainda pode ser referenciado pelas caractersticas de um pas em desenvolvimento, como o caso do Brasil, um estudo realizado na Guatemala, onde foi detectada uma prevalncia de 44% de enteroparasitoses com quase 15.000 gestantes (SOUZA et al., 2002). Estatsticas de pases mais desenvolvidos evidenciam, em contraste, nveis de prevalncia de parasitoses em gestantes significamente inferiores, como nos Estados Unidos (3%), na Finlndia (4%) e na Inglaterra (9%), indicando desta forma que a prevalncia de enteroparasitoses pode ser considerada como bom marcador do nvel de desenvolvimento socioeconmico de uma populao (SOUZA et al., 2002). A maioria dos casos positivos deste estudo era de monoparasitoses, com 36% para helmontoses e 36% para protozooses, 28% das gestantes apresentaram dois ou mais parasitos (Grfico 2), coincidindo com os achados de Souza et al. (2002) em Pernambuco, que encontraram 31,6% de monoparasitismo e 5,4% de poliparasitismo. A faixa etria das gestantes que apresentou maior prevalncia para enteroparasitoses foi entre 21 a 27 anos (39,3%), seguido da populao que se encontrava entre 28 a 34 anos (25%) (Grfico 3). Ludwig et al. (1999), encontraram em seus estudos uma tendncia de diminuio da prevalncia de parasitoses, em relao ao aumento da idade, correlacionando este fato ao desenvolvimento de imunidade passiva e duradoura e ao desenvolvimento dos hbitos de higiene, esta tendncia tambm foi encontrada

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neste estudo, uma vez que nas gestantes que apresentavam 35 a 41 anos de idade foram encontradas baixas prevalncias (14,3%). Vale ressaltar ainda que, a maioria das gestantes que participaram do estudo se encontraram na faixa etria entre 21 a 27 anos, este fato justifica a elevada ocorrncia de enteroparasitoses para esta faixa etria. Vale ressaltar que o estudo citado anteiormente no foi realizado em citado gestantes, o que inviabiliza uma comparao quanto ao perfil imunitrio pela inexistncia de estudos com esta anlise.Grfico 2 Frequncias dos tipos de enteroparasitas em gestantes que realizaram pr ncias pr-natal no perodo do estudo na MDER, Teresina PI, 2011

Fonte: BEZERRA, N.M. Grfico 3: Prevalncia de enteroparasitoses p faixa etria na populao estudada, Teresina PI, 2011. revalncia por

Fonte: BEZERRA, N.M.

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A Tabela 1 mostra a distribuio de frequncia das diferentes espcies de parasitos intestinais encontrados nas gestantes. Os enteroparasitos detectados foram: Ascaris lumbricoides, Ancilostomdeo, Entamoeba coli, Entamoeba histolytica e Endolimax nana. Observou-se que no houve predominncia entre helmintos e protozorios, porm, individualmente, a espcie de parasito mais prevalente foi a A. lumbricoides (35,7%), seguida de E. coli (21,4%), sendo a E. histolytica e o ancilostomdeo as espcies encontradas apenas nos casos de poliparasitismo.

Tabela 1 Frequncia de protozorios e helmintos entricos encontrados em amostras fecais de gestantes atendidas na MDER no perodo de abril a junho, Teresina PI, 2011. Parasitos Endolimax nana Entamoeba coli Entamoeba histolytica Giardia lamblia Ascaris lumbricoides Ancilostomdeo A. lumbricoides / G. lamblia A. lumbricoides / E. coli / E. histolityca A. lumbricoides / Ancilostomdeo E. nana / E. coli / E. histolytica E. coli / E. histolytica E. nana / A. lumbricoides / E. histolytica Total N 1 6 _ 3 10 _ 1 1 1 2 2 1 28 % 3,6 21,4 _ 10,7 35,7 _ 3,6 3,6 3,6 7,1 7,1 3,6 100

importante considerar que o poliparasitismo ocorreu com mais frequncia entre Endolimax nana, Entamoeba coli e Entamoeba histolytica, e entre Entamoeba coli e Entamoeba histolytica, conforme apresentado na tabela 1 acima. Segundo Zaiden et al. (2008), os poliparasitismos verificados podem ser justificados pelo fato de os parasitos envolvidos apresentarem o mesmo mecanismo de transmisso, atuando tambm como bons indicadores das condies sciosanitrias da populao.

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A prevalncia de A. lumbricoides (35,7%) neste estudo, consititui um valor mais elevado em relao aos achados encontrados por Costa Macedo & Rey (1996), no Rio de Janeiro com 25,6% dos casos, por Guerra e colaboradores(1991) em So Paulo com 19,0% e por Souza et al. (2002) em Pernambuco, com 12,0%. Estas variaes percentuais podem ser explicadas pelo fato de que, segundo Neves (2005), as condies climticas tm papel importante nas taxas de infeco, ocorrendo em geral, altas prevalncias em regies de clima quente e mido, como o de Teresina, que fornece condies ideais para o embrionamento dos ovos de Ascaris, que so bastante resistentes insolao e dessecao por apresentarem trs membranas espessas e impemerveis. A disseminao fcil e viabilidade dos ovos de A. lumbricoides tambm podem ter contribuido para a sua alta incidncia neste estudo, uma vez que de acodo com Rey (2008), a disperso dos ovos pode ser feita pela chuva, pelos ventos, por insetos coprfilos e outros, inclusive por animais insetvoros como as aves, que os transportam mecanicamente no intestino e os disseminam com suas dejees, alm disso os ovos infectantes podem permanecer viveis por at um ano, principalmente no peridomiclio. A segunda espcie mais prevalente foi a E. coli (21,4%), tambm mais elevada em relao aos achados de Costa Macedo & Rey (1996), que a encontraram em 14,3% dos casos, coincidindo apenas com os achados encontrados no estudo de Guerra e colaboradores (1991) em So Paulo com 20,5%, no estudo de Souza e colaboradores no foi encontrada esta espcie. As variaes na prevalncia de E. coli so explicados por Rey (2008), atravs da afirmao de que, a incidncia desta espcie depende das condies sanitria e scioeconmica da populao estudada e principalmente das condies de habitao da mesma, presena de esgotos e gua tratada. Segundo Neves (2005), a E. coli um parasito comensal (no acarreta prejuzos ao hospedeiro), alm disso, sua presena indicativa de que existncia de contaminao do meio ambiente (gua, alimentos) por material fecal. O mesmo autor relata ainda que, mesmo a espcie sendo comensal, existe a possibilidade de sintomatologia dependendo da faixa etria, tendo como principais sintomas dores abdominais, diarria, vmitos e fadiga. O ancilostomdeo foi encontrado apenas em um caso de poliparasitismo (3,6%), coincidindo com os valores encontrados nos estudos de Costa Macedo &

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Rey (1996), com 5,4% e de Souza e colaboradores (1991) com 4,4%. A baixa incidncia de ancilostomase neste estudo, pode ser justificada pelos fatores climticos da regio em que se encontrava a populao estudada, pois, segundo Neves (2005), os ovos dos parasitos no se desenvolvem bem em umidade inferior a 90% e os raios ultravioletas do sol, so letais para a embrionia, alm disso, a temperatura outro fator limitante para o desenvolvimento de ovos e larvas de ancilostomdeos, por isso, os mesmos tm distribuio geogrfica preferencial para locais temperados e tropicais. O mesmo autor relata ainda que, a ancilostomase particulamente perigosa para as grvidas, pois pode afetar o desenvolvimento do feto, e para crianas, retardando (por vezes de modo irreverssvel) seu desenvolvimento mental e fsico. Para Rey (2008), houve uma reduo de ancilostomase no Brasil, em relao a anos anteriores, em funo do desenvolvimento econmico, da melhoria geral das condies de nutrio e da disponibilidade atual de medicamentos anti-helmnticos atxicos e de grande eficcia. De acordo com os dados da populao estudada, obtidos atravs do questionrio, a maioria (75%) dos casos positivos para enteroparasitoses eram procedentes de Teresina, sendo em menores frequncias os casos encontrados em gestantes procedentes da zona rural e de outros Estados, com 17,8% e 7,2% respectivamente. Quando se analisou os casos de enteroparasitoses encontrados em relao a procedncia das gestantes, observou-se diferena estatstica apenas para a populao proveniente da zona rural, demosntrando que esta populao apresenta um risco maior para adquirir enteroparasitoses (X2= 8,0572; p= 0,0045) (Tabela 2). Tabela 2 Distribuio da populao estudada por procedncia, Teresina PI, 2011.Populao total N (%) 35 (70) 7 (14) 6 (4) 2 (4) Gestantes positivas N(%) 21 (75) 5 (17,8) _ 2 (7,2) Valor estatstico Valor de X2 e p* X2= 0,3051 p= 0,5807 X2= 8,0572 p= 0,0045 X2= 2,3361 p= 0,1264 X2= 1,9333 p= 0,1644

Procedncia Teresina Zona rural Interior do Estado Outro Estado * (p 0,05)

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Neste sentido, as diferenas ambientais e comportamentais entre o meio ambiental rural e urbano, mostraram maior prevalncia de parasitismo no meio rural, possivelmente devido ao maior contato direto com o solo contaminado, consumo de gua sem tratamento adequado e contaminao alimentar. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE), h uma menor cobertura de esgotamento sanitrio na zona rural em relao a zona urbana em todas as regies do Brasil (BRASIL, 2004). Esse fato demosntra que a populao proveniente de zona rural se encontra em condies facilitadoras para a aquisio de enteroparasitoses, tendncia observada neste estudo. Neves (2005) e Rey (2008), salientam que doenas parasitrias perfazem maior nmero de casos e apresentaes exuberantes em indivduos de condio marginal, de menor acesso a uma alimentao com nutrientes apropriados, menor escolaridade e com saneamento inadequado. Estes aspectos provavelmente tambm contriburam para elevada frequncia de parasitoses em gestantes procedentes da zona rural. Quanto ao nvel de escolaridade, varivel importante para avaliar a condio scioeconmica da populao, a maioria (39,2%) das gestantes que apresentaram positividade para enteroparasitoses tinham ensino fundamental incompleto, seguido das mulheres que tinham ensino mdio completo com 35,7%. No foram encontradas diferenas estatisticamente significantes (X2= 0,1353; p=0,7130) (Tabela 3). Tabela 3 Distribuio das gestantes estudadas por nvel de escolaridade, Teresina PI, 2011.Nvel de escolaridade Fundamental completo Fundamental incompleto Mdio completo Mdio incompleto Superior completo Superior incompleto * ( p 0,05) Populao total N (%) 3 (6) 15 (30) 18 (36) 10 (20) _ 4 (8) Gestantes positivas N(%) 1 (3,5) 11 (39,2) 10 (35,7) 3 (10,7) _ 3 (10,7) X2= 0,1353 p= 0,7130 Valor estatstico Valor de X2 e p*

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Embora no tenha sido encontrada significncia estatstica para essa varivel nesse estudo, sabe-se que, a baixa escolaridade aliada ao desconhecimento da forma de transmisso das parasitoses contribuem intimamente para um aumento da incidncia das mesmas. Tendncia semelhante observada nesse estudo, foi encontrada em um estudo prospectivo com 14.914 gestantes, de Villar et al. (1989), onde detectaram maior prevalncia de enteroparasitoses nas mulheres com baixa escolaridade. Souza et al. (2002), tambm observaram que a medida que diminiuam os anos de escolaridade das gestantes, a prevalncia de enteroparasitoses aumentava. O mesmo ressalta a importncia da melhoria do nvel educacional como coadjuvante na resoluo dos problemas de sade. Com relao s caractersticas do domiclio da populao estudada, a maioria das gestantes (82,1%) que tinham algum tipo de enteroparasitose residia em casas de alvenaira e apenas 3,6% em casa de taipa. importante considerar que o tipo de residncia da populao estudada um bom indicativo scioeconmico e de sade. No foram encontradas significncia estatstica em relao s incidncias de parasitoses encontradas (X2= 0,5722; p=0,4494) (Tabela 4).

Tabela 4 Caractersticas socioeconmicas das gestantes estudadas, Teresina PI, 2011.Tipo de casa Alvenaria Alvenaria sem reboco Taipa Nmero de pessoas por domiclio 24 56 Acima de 7 Nmero de cmodos At 4 57 Acima de 8 Renda 1 2 salrios 37 (74) 21 (75) 17 (34) 29 (58) 4 (8) 10 (35,7) 15 (53,6) 3 (10,7) X2= 0,0181 p= 0,8931 15 (30) 23 (46) 12 (24) 9 (32,2) 14 (50) 5 (17,8) X2= 0,8145 p= 0,3668 Populao total N (%) 38 (76) 11 (22) 1 (2) Gestantes positivas N(%) 23 (82,1) 3 (14,3) 1 (3,6) Valor estatstico Valor de X2 e p* X2= 0,5722 p= 0,4494

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1 3 salrios 1 4 salrios *(p 0,05)

11 (22) 2 (4)

6 (21,4) 1 (3,6)

X2= 0,0448 p= 0,8324

De acordo com os resultados acima relacionados com o tipo de moradia, foi encontrada uma tendncia contrria por Fontbonne et al. (2001), que demosntraram aumento da incidncia de parasitoses em famlias que habitavam casa de taipa. O nmero de cmodos das casas da populao estudada variou de um a oito e no foi identificada diferena estatstica em relao a essa varivel e os enteroparasitos encontrados (X2= 0,0181; p=0,8931) (Tabela 4). De acordo com Fortes et al. (2004), o nmero de cmodos das residncias est diretamente relacionado aos aspectos sociais, alm do fato de que casas com pequeno nmero de cmodos provavelmente acarretam uma convivncia de maior nmero de pessoas no mesmo ambiente, sendo este, um fator predisponente para a transmisso das parasitoses. Zaiden et al. (2008), tambm no encontraram na sua populao de estudo diferena significativa estatstica entre esta varivel e a incidncia de parasitoses. Com relao ao nmero de pessoas por domiclio, observou-se que 50% das gestantes parasitadas conviviam com cinco a seis pessoas; 32,2% com duas a quatro pessoas e 17,8% conviviam com mais de 8 pessoas. Porm no foi encontrada diferenas estatisticamente significativas para esta varivel (X2= 0,8145; p=0,3668) (Tabela 4). Estas variveis possivelmente contribuiram para a elavada frequncia de enteroparasitoses encontrada em gestantes, uma vez que de acordo com Fortes et al. (2004), quanto maior o contato interpessoal, acompanhado de hbitos de higiene precrios, maior a possibilidade de aquisio das enteroparasitoses. Constatou-se ainda que, a maioria (75%) das gestantes parasitadas tm renda familiar mdia de um a dois salrios mnimos e 3,6% possuem renda mdia de um a quatro salrios minmos. Esta varivel, associada uma possivel ausncia do conhecimento significativo sobre preveno e deteco de parasitoses intestinais, por conta da baixa escolaridade encontrada, provavalmente influenciou para a elevada frequncia de enteroparasitoses encontradas nesse estudo. Outros dados analisados ainda quanto as condies de moradia das gestantes, foi quanto a presena de fossa sanitria e ao fornecimento de energia

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eltrica que culminou num resultado satisfatrio, uma vez que todas as gestantes declararam ter fossa sanitria e energia eltrica. Com relao as informaes fornecidas pela populao estudada sobre saneamento bsico, constatou-se que 82,2% das gestantes parasitadas residiam em casas com fornecimento de gua realizado por rede pblica e 17,8% tinham abastecimento por poos. Apesar da alta porcentagem encontrada nessa varivel, no foi encontrada diferenas estatisticamente significativas (X2= 0,669; p= 0,1826) (Tabela 5).

Tabela 5 Dados relacionados ao saneamento bsico da populao estudada, Teresina PI, 2011.Populao total N (%) 40 (80) 10 (20) Gestantes positivas N(%) 23 (82,2) 5 (17,8) Valor estatstico Valor de X2 e p* X2= 0,6691 p= 0,1826 X2= 0,3357 p= 0,9266 X2= 0,2307 p= 0,6310 X2= 7,5465 p= 0,0060

Abastecimento de gua Rede pblica Poo Esgoto Rede pblica Cu aberto Coleta de lixo Sim Enterrados e/ou queimados Presena de animais domsticos Sim No *(p 0,05)

31 (62) 19 (38)

19 (67,8) 9 (32,2)

26 (52) 12 (24)

19 (67,8) 6 (21,5)

28 (56) 22 (44)

20 (71,4) 8 (28,6)

Atravs desses dados possvel presumir que a gua que chega na grande maioria das residncias da populao estudada passa por um tratamento prvio, que inclui retirada de slidos, filtragem, colorao entre outros pocedimentos adequados produo de gua de qualidade razovel para o consumo, porm esta varivel no influenciou no estudo, no qual foi observado que mais da metade das gestantes estudas apresentaram resultados positivos para parasitoses. importante considerar nessa discusso que nos estudos de Costamagna et al. (2005), no qual estudaram a anlise da contaminao de guas provenientes de uma represa de abastecimento, demonstraram que medida que a represa

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atravessava a cidade, contaminava-se com guas e dejetos provenientes de assentamentos populacionais ribeirinhos. Essa pode ser uma das possibilidades que explica o elevado nmero de casos positivos na populao estudada, alm disso, a mesma no foi questionada com relao aos hbitos de tratamento da gua antes do consumo. Com relao ao destino dos esgotos, 67,8% das gestantes parasitadas declararam que o esgoto era desprezado em rede pblica e em 32,2% em cu aberto, porm esta varivel tambm no influenciou na elevada prevalncia de enteroparasitoses em gestantes. No foi encontrada diferena estatisticamente significativa (X2= 0,3357; p=0,9266) (Tabela 5). Embora esses resultados demonstrem que a maioria das residncias das gestantes estudadas, possui rede de esgoto, importante considerar que uma grande parcela ainda continua desprovida de recursos de saneamento bsico. Resultado contrrios foram escontrados no estudo de Ludwig et al. (1999), que ao realizarem uma correlao entre as condies de saneamento bsico e parasitoses intestinais na populao estudada, observaram que a frequncia de parasitoses diminuiu com o aumento do nmero de ligaes de gua e esgoto. Constatou-se ainda que a coleta do lixo domstico pelo sistema pblico de limpeza favorecia 78,5% das gestantes parasitadas e os outros 21,5% dos casos enterravam e/ou queimavam o lixo. No foi encontrada diferenas estatsticamente significativas para esta varivel (X2= 0,2307; p=0,6310) (Tabela 5). Ferreira e Andrade (2005), consideram que os resduos slidos constituem uma preocupao ambiental em nvel mundial, principalmente em pases em desenvolvimento e subdesenvolvidos, uma vez que seu acmulo torna a populao susceptvel a contrair parasitoses intestinais. Possivelmente, no intervalo das coletas relizadas pelo sistema pblico de limpeza, o lixo acumulado tornava-se um meio propcio para o desenvolvimento de vetores (moscas ou baratas) que podem veicular mecanicamente ovos de parasitas. Esta possibilidade justifica a elevada prevalncia de parasitoses encontrada na populao estudada, mesmo demonstrando boas condies sanitrias. Resultado contrrio foi encontrado no estudo de Zaiden et al. (2008), onde 98,2% da populao estudada tinha seu lixo coletado pelo sistema pblico de limpeza, enquanto que 0,4% enterra e 0,7% os queimam, sendo detectada 39,9% de parasitoses numa populao de 276 pessoas.

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A presena de reservatrios animais (co ou gato) na residncia das gestantes parasitadas foi de 71,4%. Foi encontrada significncia estatstica com relao a essa varivel e frequncia de enteroparasitoses em gestantes (X2= 7,5465; p= 0,0060) (Tabela 5). Animais domsticos presentes nas residncias, constituem fatores

preponderantes na disseminao das parasitoses, uma vez que, segundo Neves (2005), os enteroparasitos podem circular indiferentemente entre humanos e animais, ou seja, ambos funcionam como hospedeiros ressaltando a importncia de se atentar para os animais domsticos tais como, co, gato e outros. Dessa forma, a presena do animal domstico possivelmente contribuiu para a frequncia de giardase encontrada nesse estudo. Semelhante aos resultados do presente estudo, Florncio (1990), observou prevalncia de 40% de giardase em 60 famlias e as relacionou com a presena de co domiciliado, diante dos resultados, o mesmo considerou ainda que uma maioria significativa das famlias infectadas no destinava um local reservado para seus ces evacuarem, e que as crianas mantinham contato com o co. Com relao a casos de enteroparasitoses na famlia, 67,8% das gestantes declararam que algum da famlia j teve algum tipo de parasitose. Observou-se significncia estatstica entre esse dado e a presena de enteroparasitoses em gestantes (X2= 6,4108; p= 0,0113) (Tabela 6). Essa varivel traz ainda a possibilidade de que as parasitoses intestinais, encontradas nesse estudo, foram transmitidas atravs do contato interpessoal.

Tabela 6 Frequncia de enteroparasitas na famlia da populao estudada, Teresina PI, 2011.Enteroparasitoses na famlia Sim No *(p 0,05) Populao total N (%) 26 (52) 24 (48) Gestantes positivas N(%) 19 (67,8) 9 (32,2) Valor estatstico Valor de X2 e p* X2= 6,4108 p= 0,0113

No estudo de Otto et al. (1998) tambm foi encontrada presena de protozooses e helmintoses em uma populao que apresentou trs ou mais integrantes do grupo familiar parasitados.

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5 CONSIDERAES FINAIS A prevalncia de enteroparasitoses em gestantes apresentou-se em taxas expressivas de positividade para helmintos e protozorios. Os resultados obtidos atravs deste estudo demonstram que h uma prevalncia importante de parasitoses intestinais em gestantes, representando, portanto um grave problema de sade pblica. Verificou-se que, as gestantes procedentes da zona rural, possivelmente, por viverem em condies precrias de saneamento bsico, de abastecimento de gua, de habitao e falta de hbitos de higiene pessoal e coletiva, encontram-se em maior risco de adquirir a nosologia em relao populao da zona urbana. Cabe destacar que, apesar das boas condies de saneamento bsico apresentada pela maioria da gestantes procedentes da zona urbana, tambm foi encontrada elevada incidncia de enteroparasitoses nessa populao, estando

possivelmente relacionada a ausncia de hbitos higinico-sanitrios e da educao em sade da mesma. Analisou-se que a presena de animais domsticos, casos de enteropasitoses na famlia e residentes na zona rural, apresentaram-se como fatores de risco significamente estatsticos para a prevalncia de parasitoses intestinais em gestantes. Conclui-se que, os fatores de risco como precrias condies higinicosanitrias da residncia, das pessoas e do ambiente provavelmente contribuiram de forma significativa para uma maior incidncia de enteroparasitoses na populao estudada. Diante dos resultados desse trabalho, sugere-se que novos estudos sejam realizados em gestantes utilizando mtodos diagnsticos mais especficos e de maior amostragem e que, alm disso, sejam realizadas anlises das possveis interferncias do parasitismo durante a gestao, uma vez que pouco se conhece sobre as provveis repercusses das enteroparasitoses no curso da gestao para o feto e o recm-nascido. Sugere-se ainda, que sejam realizados estudos que analisem os possveis efeitos das drogas antiparasitrias quanto toxicidade e teratogenicidade para o conjunto materno fetal.

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Anexos

ANEXO A - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TECLE) Consentimento baseado na resoluo 196/96 do Conselho Nacional de Sade Caro Sr(a): Somos Nathlia de Melo Bezerra e Maria Anadete Alves do Nascimento, alunas do curso de Biomedicina da Faculdade Aliana, estamos desenvolvendo um Projeto de Pesquisa sobre: ENTEROPARASITOSES EM GESTANTES ATENDIDAS EM UMA MATERNIDADE PBLICA DE TERESINA PI, na Maternidade Dona Evangelina Rosa, sob orientao da professora MSc. Gina Coelho Saraiva de Sousa, com objetivo de verificar se as gestantes aqui atendidas tm parasitoses intestinais. O estudo ser feito atravs do exame coproparasitolgico das gestantes. Precisamos de sua autorizao para o acesso a amostra fecal que ser solicitada pelo seu mdico no momento do seu atendimento na rotina do pr-natal. Precisamos ainda que voc responda a um questionrio sobre dados scio-econmicosanitrios. Voc receber um recipiente plstico, juntamente com as instrues de como coletar as fezes e o dia agendado para a entrega da amostra na maternidade. As amostras fecais sero utilizadas apenas para esta pesquisa. Sua participao voluntria e no receber nenhum pagamento por participar da pesquisa, mas tambm no ter nenhum gasto. Informamos ainda que voc no ter nenhum tipo de dano ou prejuzo, e que ser disponibilizado um laudo com o resultado do exame realizado. Garantimos o anonimato e segredo quanto ao seu nome e quanto s informaes prestadas, sua identidade ser preservada e no aparecer em momento algum nos resultados do estudo. No h obrigatoriedade em participar deste estudo. Se voc decidir no participar, o seu seguimento e tratamento nesta unidade no sofrero prejuzo algum. Mesmo tendo aceitado participar, se por qualquer motivo, durante o andamento da pesquisa, resolver desistir, tem toda liberdade para retirar o seu consentimento, sem que isso lhe traga qualquer prejuzo ou penalidade. Voc pode fazer qualquer pergunta que desejar, para que todos os procedimentos desta pesquisa sejam esclarecidos.

Sua colaborao e participao podero trazer benefcios para a melhoria da assistncia a sade da comunidade e para o desenvolvimento cientfico. A orientadora da pesquisa Gina Coelho Saraiva de Sousa e a Faculdade Aliana se encontram disponveis para qualquer questionamento relacionado a esta pesquisa pelo telefone (86) 3194 1800/3194 1818, ou no endereo: Rua So Pedro, nmero 965, bairro centro, CEP 64001-260, assim como o Comit de tica em Pesquisa do Instituto Camillo Filho pelo telefone 3122 8800/3122 8817, ou no endereo: Rua Napoleo Lima, nmero 1175, bairro Jquei Clube, CEP 64049-220. Declaro que recebi uma cpia deste termo de consentimento e me foi dada a oportunidade de ler e esclarecer as minhas dvidas. Reconheo que a minha participao voluntria.

Teresina, ____de________________de ______

________________________________________________Assinatura do voluntrio ou responsvel

_________________________________________________ProfMSc. Gina Coelho Saraiva de Sousa (orientadora) CPF: 713312713-04 Tel: 8866 8333 e-mail:[email protected]

______________________________Nathlia de Melo Bezerra CPF: 024734903-84 (aluna pesquisadora) Faculdade Aliana Tel: (86) 9948 8967 e-mail: [email protected]

_____________________________Maria Anadete Alves do Nascimento CPF: 027780283-07 (aluna pesquisadora) Faculdade Aliana Tel: (86) 9993 1975 e-mail: annalv