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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA UNEB DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO CAMPUS VII TIANA SOUZA GONÇALVES SILVA QUEM É O ALFABETIZADOR QUE ATUA NO PROGRAMA TOPA TODOS PELA ALFABETIZAÇÃO? SENHOR DO BONFIM BA 2011

Monografia Tiana Pedagogia 2011

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Pedagogia 2011

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Page 1: Monografia Tiana Pedagogia 2011

UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VII

TIANA SOUZA GONÇALVES SILVA

QUEM É O ALFABETIZADOR QUE ATUA NO PROGRAMA

TOPA – TODOS PELA ALFABETIZAÇÃO?

SENHOR DO BONFIM – BA

2011

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TIANA SOUZA GONÇALVES SILVA

QUEM É O ALFABETIZADOR QUE ATUA NO PROGRAMA

TOPA – TODOS PELA ALFABETIZAÇÃO?

Trabalho apresentado a Banca

Examinadora da Universidade Estadual

da Bahia – UNEB, como exigência para

obtenção do título de Licenciado em

Pedagogia, sob a orientação da

professora Norma Leite Martins de

Carvalho

SENHOR DO BONFIM – BA

2011

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TIANA SOUZA GONÇALVES SILVA

QUEM É O ALFABETIZADOR QUE ATUA NO PROGRAMA

TOPA – TODOS PELA ALFABETIZAÇÃO?

Aprovada em ____________/____________/____________ BANCA EXAMINADORA: ___________________________ __________________________ Prof. Beatriz Barros Prof. Sandra Fabiana Avaliadora Avaliadora ___________________________________________________________

Norma Leite Martins de Carvalho (Orientadora)

Page 4: Monografia Tiana Pedagogia 2011

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A minha mãe Esmeralda e meu pai Norberto que

são referência na minha vida. Sou eternamente

grata por todo acalento, educação, amor, orações

incentivo e apoio.

Ao meu querido e amado esposo, por toda

compreensão, paciência e estímulo.

As minhas filhas, razões da minha luta e

persistência, que por tantas vezes tiveram que

conviver com a minha ausência.

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AGRADECIMENTOS

A Santíssima Trindade: Pai, Filho e Espírito Santo por todas as bênçãos

derramadas em minha vida e por permitir a conclusão das minhas atividades.

A todos os meus familiares que contribuíram direta ou indiretamente em

especial a minha tia Rosa e o tio Farias que me compreenderam e me estimularam

de estímulo e coragem quando eu mais precisava.

Aos meus sujeitos da pesquisa com os quais consegui aprender muito.

A minha Professora e amiga Norma Leite Martins de Carvalho, minha

orientadora, pelo entusiasmo, colaboração e apoio.

A professora Simone Wanderley minha co-orientadora pela atenção que me

concedeu dedicação, paciência e a sua valiosa contribuição neste trabalho.

A todos os professores da Universidade do Estado da Bahia – Campus VII,

que contribuíram para a minha formação acadêmica.

As minhas colegas e amigas em especial Aurenice, Anailma, Ana,

Andresa, Cristina, Jailde, Josilene, Madalena que dividiram comigo alegrias e

tristezas e por toda troca de experiência durante todo o curso.

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De tudo ficaram três coisas: a certeza de que estava

sempre começando. A certeza que era preciso

continuar e a certeza de que seria interrompido

antes de terminar. Fazer da interrupção um caminho

novo. Fazer da queda, um passo de dança, do

medo, uma escada, do sonho, uma ponte, da

procura, um encontro.

(FERNANDO PESSOA)

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RESUMO Este estudo, tem como objetivo conhecer o professor/alfabetizador, o seu perfil e o que pensa sobre o seu papel na alfabetização de jovens e adultos, do programa TOPA, no município de Campo Formoso-BA. A implantação do referido Programa é fruto da parceria entre Estado e Município. Lançado em Maio de 2007, o programa Brasil Alfabetizado/TOPA do PDE (Plano de Desenvolvimento da educação) prevê a erradicação do analfabetismo e o progressivo atendimento a jovens e adultos no primeiro segmento da educação. O Programa atende a jovens, adultos e idosos pertencentes às camadas populares, publico excluído da cultura letrada. A temática em estudo emerge da necessidade de identificar o “voluntário” alfabetizador popular que é responsável por assegurar o processo de aprendizagem a essa clientela que por tanto tempo ficou fora da escola. A abordagem metodológica adotada foi norteada pela pesquisa qualitativa; utilizamos como instrumentos de coleta de dados a entrevista semi-estruturada e o questionário fechado. Os sujeitos da pesquisa foram doze alfabetizadores que atuam nos espaços educativos da sede e interior do município. O referencial teórico que norteou nosso trabalho de campo foi: Freire (1996) Paiva (1987) Oliveira (1999), Pinto (2000), Soares (2003), Arroyo (2005) Brasil (2002) Cagliari (2006) Vieira (2004) dentre outros. Os resultados apontam para uma visão ingênua sobre alfabetização e uma prática embasada no senso comum e na experiência de vida do alfabetizador. Palavras-chave: Alfabetização, Professor/Alfabetizador, Programa TOPA.

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LISTA DE SIGLAS

EJA Educação de Jovens e Adultos

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

LDB Lei de Diretrizes e Bases

MEC Ministério da Educação

MOBRAL Movimento Brasileiro de Alfabetização

PNAD Pesquisa Nacional por Domicílio

SECAD Secretaria de Educação Continuada Alfabetização e Diversidade

TOPA Todos pela Alfabetização

UF Unidade Formadora

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LISTA DE FIGURAS

Figura 01 – percentual quanto ao gênero

Figura 02 – percentual quanto à faixa etária

Figura 03 – percentual quanto ao nível de escolaridade

Figura 04 – percentual quanto a Curso de capacitação oferecido pelo TOPA

Figura 05 – percentual quanto a Curso de capacitação oferecido na área de EJA

Figura 06 – percentual quanto a exercer outra função

Figura 07 – percentual quanto a outras ocupações exercidas

Figura 08 – percentual quanto a renda familiar

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LISTA DE TABELAS

Tabela 01 – dados de analfabetismo no Brasil

Tabela 02 – realidade do Programa TOPA no município de Campo Formoso

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 12

CAPITULO I................................................................................................................. 14

1.1 Problematizando a Temática ............................................................................. 14

CAPÍTULO II................................................................................................................ 19

2.1 Alfabetização de jovens e adultos ..................................................................... 19

2.1.1 Conceituando alfabetização ........................................................................... 20

2.1.2 Um breve histórico sobre Alfabetização de Jovens e Adultos ................... 22

2.2 Professor Alfabetizador ..................................................................................... 25

2.3.1 Proposta Pedagógica. ................................................................................. 30

2.3.2 Unidades Formadoras ................................................................................ 33

CAPITULO III............................................................................................................... 36

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ................................................................... 36

3.1 A opção pelo paradigma qualitativo .................................................................. 36

3.2 Instrumentos da Coleta de dados ..................................................................... 37

3.2.1 Questionário fechado .................................................................................. 37

3.2.2 Entrevista semi-estruturada ........................................................................ 38

3.3 Lócus de pesquisa ............................................................................................. 39

3.4 Sujeitos da pesquisa ......................................................................................... 39

3.5 Análise e interpretação dos dados .................................................................... 39

CAPITULO IV .............................................................................................................. 40

ANÁLISE DE DADOS ................................................................................................. 40

4.1 Identificando o perfil .......................................................................................... 40

4.1.1 Gênero dos sujeitos .................................................................................... 40

4.1.2 Faixa etária ................................................................................................. 41

4.1.3 Nível de escolaridade ................................................................................. 41

4.1.4 Curso de formação oferecido pela Universidade do Estado da Bahia para os

envolvidos no Programa TOPA ............................................................................... 43

4.1.5 Cursos de capacitação na área de EJA ......................................................... 43

4.1.6 Outra ocupação profissional além de atuar no programa TOPA ................... 45

4.1.7 Renda familiar ................................................................................................. 46

4.1.8 Satisfação com o valor da bolsa auxílio ......................................................... 47

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4.2.1 Quem sou eu? ............................................................................................ 48

4.2.2 Tenho fundamentos teóricos/ metodológicos do contexto em que atuo? .. 50

4.2.3 Como me vejo? ........................................................................................... 52

4.2.4 O que penso e sei sobre alfabetização? .................................................... 54

4.2.5 Dificuldades encontradas ............................................................................ 55

CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................ 57

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................ 59

APÊNDICE .................................................................................................................. 62

UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB ................................................... 63

UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB ................................................... 65

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INTRODUÇÃO

Todas as pessoas têm direito a uma educação de qualidade. Entretanto,

apesar do reconhecimento desse direito durante muito tempo ele foi negado

principalmente ao público jovem e adulto.

Após décadas de muitas lutas e intensas mudanças ocorridas ao longo do

tempo na sociedade, a Educação de jovens e adultos passou a ser reconhecida

como modalidade de ensino, buscando favorecer aquele adulto analfabeto que não

teve oportunidade de cursar seus estudos e/ou por diversos fatores não concluiu o

processo de alfabetização.

A temática sobre a alfabetização de pessoas jovens e adultas, no cenário

atual, vem sendo bastante discutida nas pautas das políticas educacionais, pela sua

importância no contexto social, pois ler e escrever são uma necessidade para o

individuo adentrar o mundo letrado e participar da sociedade em que vive exercendo

a sua cidadania.

Observa-se hoje, que o Estado baiano tem apostado em Programas de

Alfabetização de curta duração para efetivar e assegurar o processo de

alfabetização dessa clientela que ficou por tanto tempo excluída de atividades

sociais. Ficando a cargo de pessoas “voluntárias” o alfabetizador popular promover

este processo de aprendizagem.

No decorrer deste trabalho, buscou-se conhecer os alfabetizadores que

participam da 4º etapa do Programa TOPA.

Visando uma melhor compreensão, este trabalho será dividido em quatro

capítulos, a saber:

Capítulo I: É apresentada uma síntese da situação da Educação de Jovens e

Adultos no Brasil.

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Capítulo II: Neste capítulo, apresentam-se os teóricos que nortearam esta

produção, acerca de alfabetização de jovens e adultos, professor/alfabetizador e

Programa TOPA.

Capítulo III: São apresentados os procedimentos metodológicos, os

instrumentos utilizados para recolhimento de dados e elaboração deste estudo.

Capítulo IV: Serão apresentados os dados coletados, analisados e

interpretados, mostrando o resultado da pesquisa.

Na Conclusão apresentamos algumas considerações referente à elaboração

da presente monografia e uma breve análise do alfabetizador que atual no Programa

TOPA – Todos pela Alfabetização.

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CAPITULO I

1.1 Problematizando a Temática

Quatro coisas há no mundo, que eu desejava saber: Era dançar, tocar viola, jogar pau e saber ler. (JOSÉ LEITE DE VASCONCELOS)

Inúmeros são os discursos que trazem em seu bojo a efetivação de um

modelo educacional democratizado, que atenda as mais variadas clientelas, para

deste feito garantir educação a toda à população; No entanto nota-se no panorama

educacional um déficit em relação á essa questão, aja visto os alarmantes índices

de analfabetismo, que segundo os dados da Pesquisa Nacional por Domicilio

(PNAD) de 2010, divulgadas pelo IBGE, o Brasil tem atualmente cerca de 14,6

milhões de pessoas de 15 anos ou mais não alfabetizado.

Tal fundamentação justifica os atuais indicadores econômicos, que

apresentam populações desiguais e/ou polarizadas, onde em um extremo

concentra-se a riqueza e outro, no entanto comporta a grande massa de indivíduos

com condições básicas de vida deterioradas ou quase inexistente.

Intervindo nessa problemática cabe às esferas governamentais (Federal,

Estadual e municipal) um importante papel frente ao povo: a obrigação de

planejamento e execução de políticas educacionais que atendam as classes

populares.

Quando falamos em indicadores econômicos, planejamento e

desenvolvimento social nos remetemos a cobrar um investimento sério e

comprometido, por parte do Estado na Educação. Pois, “Se pensarmos um projeto

de desenvolvimento sem considerarmos a educação como um dos pilares

fundamentais desse processo é o mesmo que tentar „jorrar água de uma fonte que já

secou‟.” (REIS, 2004, p.70).

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Reconhecemos que o problema referente ao analfabetismo faz parte de um

conjunto maior de elementos que vão desde a economia á política social. Batista

(2004, p.03) aponta que: o “o problema do analfabetismo, na escola ou fora dela, é

parte de um problema maior e de natureza política. É o problema da desigualdade

social, da injustiça, da exclusão social”.

Essa problemática se acentua quando analisamos o público de pessoas

jovens e adultas, que tradicionalmente na história do nosso país sempre teve as

propostas voltadas para a educação e erradicação do analfabetismo com modelos

compensatórios e de caráter assistencialista e não como um direito fundamental.

Acreditamos que a Educação de Jovens e Adultos deve ser tratada juntamente com

outras políticas públicas.

Embora a Constituição Federal de 1988, no art. 208, estabeleça o direito ao

Ensino Fundamental a todos os brasileiros independente da idade. E reconheçamos

que a lei 9394/96 foi um marco importante para e Educação de jovens e adultos,

deixando de ser vista apenas como um “ensino supletivo” e passando a ser uma

Educação direcionada para atender o público jovem e adulto.

Mesmo reconhecendo a disposição do governo em estabelecer uma política ampla para EJA, especialistas apontam a desarticulação entre as ações de alfabetização e de EJA, questionando o tempo destinado à alfabetização e à questão da formação do educador. A prioridade concedida ao programa recoloca a educação de jovens e adultos no debate da agenda das políticas públicas, reafirmando, portanto, o direito constitucional ao ensino fundamental, independente da idade (VIEIRA, 2004, p. 85-86).

Apesar de inegáveis avanços nas áreas social, econômica e educacional

nesta última década, o Brasil ainda apresenta uma dívida secular com milhões de

brasileiros, particularmente jovens e adultos que nunca estudaram ou tiveram pouco

contato com a educação formal.

Ressaltamos que o analfabeto ainda não é reconhecido e valorizado por seus

saberes e a capacidade que ele tem de viver, mesmo sem saber ler e escrever.

Como afirma Soares (2003):

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O analfabeto é aquele que não pode exercer em toda a sua plenitude os seus direitos de cidadão, é aquele que a sociedade marginaliza, é aquele que não tem acesso aos bens culturais de uma sociedade letrada (p.20).

No mundo da cultura letrada, da sociedade da informação, e do avanço

tecnológico, o mercado de trabalho vem exigindo mais conhecimentos e habilidades,

e mão de obra alfabetizada. Assim esses adultos analfabetos são impossibilitados

de se integrarem a cultura letrada de forma devida, excluídos de maiores atividades

sociais.

Diante desse quadro, teóricos e educadores, preocupados com o

analfabetismo no Brasil e as questões tocantes às camadas populares da educação,

empreenderam estudos a fim de entender e apresentar soluções para essa grave

questão. Para Freire (1990), O analfabetismo não é meramente a incapacidade de

ler e escrever; é também um indicador cultural para nomear formas de diferenças

dentro da lógica da privação cultural.

Nesse sentido, faz-se necessário uma revisão na concepção do

analfabetismo, entendido preconceituosamente por muitos, como condição inerente

ao próprio sujeito, passando a ser compreendido numa visão mais crítica, como

problema social. Ou seja, tal compreensão desmistifica a noção de alfabetização

enquanto simples fato de oferecer o acesso à leitura, à escrita e à numeração,

ampliando para a alfabetização enquanto política cultural e a escola como espaço

para o fomento da cidadania emancipada.

É nesse contexto e diante da urgência de alfabetizar o jovem e adulto que

estão excluídos do meio social que o nosso estudo focaliza-se para as propostas e

programas de alfabetização na Bahia, que têm como meta reduzir a um digito o

analfabetismo de jovens e adultos no estado.

Observamos hoje, que apesar de um aumento expressivo na oferta de

programas de alfabetização para jovens e adultos, ainda há muito a avançar nos

formatos que realmente atendam satisfatoriamente a esse público. Garantia de

acesso, não é necessariamente garantia de qualidade de ensino e discutir a

qualidade do ensino está diretamente ligada à preparação do professor, pois ele é

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muito importante para o sucesso da aprendizagem por ser capaz de identificar o

potencial de cada aluno.

Percebemos que os projetos empreendidos na ultimas décadas responderam

desarticuladamente aos maiores interessados: o público analfabeto, pois o

alfabetizador ainda não aprendeu a considerar a importante bagagem trazida por

esses alfabetizandos e também não contemplam a valorização de todos os saberes

e potências que esses adultos carregam consigo. Essas pessoas precisam ser

reconhecidas como homens e mulheres produtivos, que possuem uma cultura.

Segundo Oliveira (1999)

O adulto está inserido no mundo do trabalho e das relações interpessoais de um modo diferente daquela criança e adolescente. Traz consigo uma história mais longa de experiências, conhecimentos acumulados e reflexões sobre o mundo externo sobre si mesmo e sobre as outras pessoas. (p.12)

Observa-se hoje, um grande percentual de jovens e adultos que se

matriculam e freqüentam os programas de alfabetização e as salas da modalidade

de EJA. Embora se note, por exemplo, a dificuldade que eles apresentam na

adaptação de horários, nos conteúdos, nas avaliações propostas. Também

percebemos que nos programas de alfabetização a qualidade do ensino depende

muito da relação professor/educando.

Diante disso, os elevados índices de evasão e repetência nos programas de

alfabetização de jovens e adultos indicam além do fator socioeconômico que impede

a dedicação aos estudos, a falta de sintonia entre o que o alfabetizador propõe e o

que alfabetizando espera.

Vale ainda ressaltar que os jovens, adultos e idosos inseridos nessa

modalidade de ensino já possuem saberes que o alfabetizador ainda não valoriza no

processo de ensino e aprendizagem. Esses alfabetizandos precisam ser

reconhecidos cidadãos produtivos e criativos, capazes de aprender, donos de uma

importante bagagem cultural que pode ser enriquecida continuamente.

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Nesse sentido, faz-se necessário uma revisão nas ações dos docentes que

estão inseridos nos programas, pois para atuar é preciso formação adequada. É

indispensável lembrar que a formação do alfabetizador não é um acontecimento

isolado e promovido apenas por instituições formadoras, mas é uma trajetória

pessoal, um processo contínuo. Na visão de Candau (1997),

A formação continuada não pode ser concebida como meio de acumulação (de cursos, palestras, seminários de conhecimentos ou técnicas), mas através de um trabalho de reflexibilidade critica sobre as práticas de (re) construção permanente de uma identidade pessoal e profissional em interação mútua. (p.64)

E assim, diante de transformações tão intensas que a sociedade vem

enfrentando num cenário de conflitos sociais e econômicos temos a alfabetização de

jovens e adultos que precisa e merece atenção especial, principalmente no que diz

respeito a formação do alfabetizador, pois, este é um dos sustentáculos assim como

outros elementos importantes (as condições de trabalho, o material disponível o

tempo que se dispõe para alfabetizar, o tempo dos alfabetizandos...) para a

realização de um trabalho de qualidade e para o êxito do programa.

Assim, mediante a problemática abordada e por entendermos que o processo

da alfabetização é multifacetado, envolvendo diversos sujeitos e contextos,

buscamos neste estudo conhecer o professor/alfabetizador, o seu perfil e o que

pensa sobre o seu papel na alfabetização de jovens e adultos, do programa TOPA,

no município de Campo Formoso – BA.

Assim, os nossos objetivos são:

Identificar o perfil do alfabetizador do Programa TOPA.

Conhecer a visão do alfabetizador sobre o programa de alfabetização de

jovens e adultos que atua.

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CAPÍTULO II

2.1 Alfabetização de jovens e adultos

É aqui neste capítulo, reservado à construção do quadro teórico, onde se

embasa este estudo. Os elementos discorridos mostram-se de grande importância

para o aprofundamento do problema pesquisado.

Sabemos que a educação é o instrumento que permite às pessoas uma

melhor qualidade de vida, capacitando-as para competir no mercado de trabalho e

exercer plenamente sua cidadania. Os programas de Alfabetização de pessoas

jovens e adultas são propostas de ensino que visam atender as pessoas que não

puderam cursar seus estudos na época apropriada. Pensando assim, a

alfabetização constitui-se em direito fundamental do direito à educação. É

responsabilidade das Instituições públicas promoverem um amplo processo de

alfabetização, na perspectiva de assegurar a afirmação do trabalhador e o direito ao

trabalho. Segundo Paulo Freire, a alfabetização deve ser compreendida com leitura

crítica da palavra e do mundo fortalecendo, assim, a dignidade humana, a condição

de cidadão, a auto-estima, a autonomia, ampliando suas possibilidades de

apropriação do capital social, cultural e econômico.

Ao longo dos anos esta temática vem ganhando espaço nas pautas das

políticas educacionais pela sua importância no contexto social, pois ler e escrever

são necessidades do indivíduo para adentrar o mundo letrado e participar

ativamente da sociedade em que vive.

Nesse processo, os governos Federal, Estadual e Municipal articulados com

os Movimentos Sociais, as Universidades e outras Instituições promovem uma

ampla mobilização no Estado para reduzir significativamente os índices atuais de

analfabetismo na Bahia.

Page 21: Monografia Tiana Pedagogia 2011

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2.1.1 Conceituando alfabetização

Segundo Cagliari, (1989) Alfabetização é o processo pelo qual as pessoas

aprendem a ler e a escrever. No entanto, esse aprendizado vai muito além de

transcrever a linguagem oral para a linguagem escrita. Alfabetizar-se é muito mais

do que reconhecer as letras e saber decifrar palavras. Aprender a ler e a escrever é

apropriar-se do código lingüístico-gráfico e tornar-se, de fato, um usuário da leitura e

da escrita.

É pertinente a contribuição de Freire (1990) quando afirma que a

alfabetização:

é parte do processo pelo qual alguém se torna autocrítico a respeito da natureza historicamente construída de sua própria experiência. Ser capaz de nomear a própria experiência é a parte do que significa “ler” o mundo e começar a compreender a natureza política dos limites bem como das possibilidades que caracterizam a sociedade mais ampla. (p. 35)

O processo de alfabetização não deve ser tratado como adquirir habilidades

técnicas de leitura e escrita, mas como uma ação de construção da liberdade. Ainda

baseando-se em Paulo Freire (1983):

O processo de alfabetização é dinâmico e ativo, quando o homem é sujeito de suas ações, reflete criticamente sobre sua situação e seu ambiente concreto, pois qualquer que seja o momento histórico em que esteja a sociedade, seja o do viável ou do inviável histórico, o papel do trabalhador social que optou pela mudança não pode ser outro se não o de atuar e refletir com os indivíduos com quem trabalha para conscientizar-se junto com eles das reais dificuldades da sua sociedade. (p.55).

Atualmente ser alfabetizado, isto é, saber ler e escrever é uma condição

insuficiente para responder adequadamente as exigências da sociedade em que

vivemos.

O ato de aprender a ler e escrever deve começar a partir de uma compreensão muito abrangente do ato de ler o mundo, coisa que os seres humanos fazem antes de ler a palavra. Até mesmo historicamente, os seres humanos primeiro mudaram o mundo, depois revelaram o mundo a seguir escreveram as palavras. Esses são momentos da história. Os seres humanos não começam por nomear A! F! N! começam por liberar a mão e apossar-se do mundo (FREIRE &MACÊDO, 1990;P.32).

Page 22: Monografia Tiana Pedagogia 2011

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É preciso entender o significado e uso das palavras em diferentes situações,

não somente decodificar letras e sons. Para Soares um sujeito alfabetizado é

“aquele que sabe usar a leitura e a escrita para exercer uma prática social em que a

escrita é necessária” (2003, p.10).

Na verdade não há um consenso quanto ao conceito de alfabetização. Paulo

Freire (1991) afirma que:

Se antes a alfabetização de adultos era tratada e realizada de forma autoritária, centrada na compreensão mágica da palavra doada pelo educador aos analfabetos, se antes os textos geralmente oferecidos como leitura aos alunos, escondiam muito mais do que desvelavam a realidade, agora, pelo contrário a alfabetização como ato criador e como ato político é uma espaço de leitura do mundo e da palavra(p. 32).

O adulto analfabeto leva para a sala de aula uma bagagem muito ampla de

conhecimentos que sendo considerada pelo alfabetizador tornaria as aulas bem

mais atrativas e dinâmicas, pois estaria tratando de questões bastante interessantes

para eles, por estarem relacionadas às vivências dos alfabetizandos. Assim, a partir

de um processo dinâmico de alfabetização, onde alfabetizandos e alfabetizadores,

juntos, possam construir conhecimentos significativos, com certeza estariam

contribuindo para a formação de uma sociedade mais justa para todos.

De acordo Paulo Freire, (1991), é preciso que a alfabetização esteja a serviço

da formação de um povo que tenha sua história nas mãos. Fazer a História e estar

presente nela e não simplesmente nela estar representado.

Pode-se dizer que quem refletiu pioneiramente de forma contextualizada o

processo de alfabetização foi Paulo Freire, para quem o conceito de alfabetização

inclui o mundo do alfabetizando como um dado determinante na relação

alfabetizador e alfabetizando. Rompe-se assim o círculo da dominação, á prática

corriqueira na sociedade, sugerindo o diálogo como fator indispensável na

alfabetização de adultos, incluindo uma reflexão sobre o homem, sua sociedade e

sua cultura. Sendo assim, alfabetizar-se é adquirir a língua na modalidade escrita

através de um processo de construção do conhecimento tendo uma visão crítica da

realidade.

Page 23: Monografia Tiana Pedagogia 2011

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A alfabetização deve ser construída tendo como base o diálogo e a

democratização, onde alfabetizadores e alfabetizando se completam, trocam

saberes, crescem se humanizam superando qualquer relação de dominação entre

eles. “A dialogação implica na responsabilidade social e política do homem. Implica

num mínimo de consciência transitiva, que não se desenvolve nas condições

oferecidas pelo grande domínio” (FREIRE 1979 p.78)

Ainda segundo Freire (1979), o diálogo é uma relação horizontal de A com B

que nasce de uma matriz crítica e gera criticidade. E isso se fortalece com o amor, a

humildade da esperança, da fé, e da confiança. Portanto, só o dialogo gera

comunicação e entendemos que este é fundamental para o processo de

aprendizagem do alfabetizando.

2.1.2 Um breve histórico sobre Alfabetização de Jovens e Adultos

As primeiras notícias acerca do ensino noturno datam do período imperial.

Segundo Neves (2003), em 1840 surge o ensino das primeiras letras ao adulto nos

cursos de ensino profissionalizante. Em 1869, com a finalidade de adiantar o

processo de escolarização, atendendo a um maior número possível de analfabetos,

foram criadas escolas noturnas.

Segundo Moacyr (1936), dados mostram que entre 1869 e 1886, escolas

noturnas para adultos funcionavam em diversas províncias do país. Essas escolas

foram às primeiras formas de organização do ensino noturno, ao reconhecer-se a

necessidade de escolarizar aquelas pessoas que não podiam estudar no horário

diurno, ficando a cargo do poder público brasileiro garantir a escolarização a esses

alunos.

Desde a Monarquia até a constituição da República, há indícios de reconhecimento da importância do ensino noturno. No entanto, esse reconhecimento sempre foi e ainda é marcado por um tratamento diferenciado do que se dá ao ensino diurno. (Arcoverde, 2006p. 10)

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Já naquela época estes cursos estavam relacionados aos adultos

analfabetos, assim o ensino noturno era oferecido e direcionado para o jovem-adulto

que, como afirma Oliveira (1999),

É aquele migrante que chega ás grandes metrópoles proveniente de áreas rurais empobrecidas, filho de trabalhadores rurais não qualificados e com baixo nível de instrução escolar, ele próprio com uma passagem curta e não sistemática pela escola e trabalhando em ocupações urbanas não qualificadas, após experiência no trabalho rural na infância e na adolescência, que busca a escola tardiamente para alfabetizar-se.(p.59)

Diante disso, historicamente o país foi se constituindo a partir de modelos

excludentes, em todas as variáveis: étnica, de gênero e de educação. Tais fatores

contribuíram para os déficits da escolarização em todas as faixas etárias e alargou o

analfabetismo não somente entre os idosos, mas também entre os jovens. Como as

intensas transformações na sociedade brasileira eram bastante acentuadas e a

urgência de escolarizar o povo adulto era uma necessidade básica, já que o índice

de analfabetos no Brasil era altíssimo, surge a implantação dos programas de

alfabetização do governo que traçam diretrizes educacionais e determinam estados

e municípios responsáveis por esta educação.

Com a criação da Campanha da Educação de adultos em 1947, deu-se

espaço a formação de grupos de estudo de campo teórico-pedagógico, onde foram

desenvolvidas discussões sobre o analfabetismo e a Educação de Adultos no Brasil.

No final da década de 50, a Campanha encontrava-se deficiente, financeiramente e

administrativamente quanto nas questões pedagógica, acreditava-se que o tempo

destinado à aprendizagem era curto e os métodos utilizados eram inadequados à

realidade dos adultos.

Com isso, surge uma nova postura na educação de jovens e adulto, baseado

no método do educador Paulo Freire. Ele foi o principal inspirador dos vários

programas de alfabetização na década de 60, sendo seu principal objetivo além de

ensinar a ler e escrever, desenvolver a conscientização política dos adultos

analfabetos, pois o fio condutor do seu método é a alfabetização visando à

libertação. Antes apontado como causa da pobreza e da marginalização, o

analfabetismo agora passava a ser interpretado como efeito da situação de pobreza

Page 25: Monografia Tiana Pedagogia 2011

24

gerada por uma estrutura social não igualitária. Mas, anos mais tarde a circulação

das ideias desse educador passou a ser proibidas aqui no Brasil.

E, em 1967, nasce o MOBRAL (Movimento Brasileiro da Alfabetização) foi

lançado com iniciativas do governo que passou a controlar os grupos que foram

reprimidos da alfabetização de jovens e adultos após o golpe militar de 64. E após

18 anos de autonomia e experiências desacreditados nos meios políticos e

educacionais foi extinto em 1985, sendo substituído pela Fundação Educar. Para

Sauner (2002): “uma das causas do fracasso do MOBRAL no seu trabalho de

alfabetização do jovem e do adulto brasileiro está relacionada aos recursos

humanos: despreparo dos monitores a quem era entregue a tarefa de alfabetizar” (p.

59).

Vários foram os Programas de alfabetização que surgiram no Brasil, cujo

objetivo voltado para o estudo da Educação Popular e Educação de adultos.

Percebemos que até então, os programas desenvolvidos pelo governo para

contemplar o público jovem e adulto e erradicar o analfabetismo estavam restritos ao

ensino das “primeiras letras” e não a uma alfabetização ampla e de qualidade.

Nesse sentido, faz-se necessário revisão nas ações e na metodologia

adotada pelos programas de alfabetização de pessoas adultas, respeitando a cultura

do povo, capacitando-os para o trabalho e a convivência na sociedade letrada,

garantido-lhes o conhecimento necessário para o exercício da cidadania.

O MEC realiza, desde 2003, o Programa Brasil Alfabetizado (PBA), voltado

para a alfabetização de jovens, adultos e idosos. O programa é uma porta de acesso

à cidadania e o despertar do interesse pela elevação da escolaridade. O Brasil

Alfabetizado é desenvolvido em todo o território nacional, com o atendimento

prioritário a 1.928 municípios que apresentam taxa de analfabetismo igual ou

superior a 25%. Desse total, 90% localizam-se na região Nordeste. Esses

municípios recebem apoio técnico na implementação das ações do programa,

visando garantir a continuidade dos estudos aos alfabetizandos. (PORTAL

MEC,2011)

Page 26: Monografia Tiana Pedagogia 2011

25

Especificamente na Bahia, as ações e experiências com os programas e

projetos voltados para a erradicação do analfabetismo datam de 1992, com o BB

Educar em parceria com o Banco do Brasil, em 1996 a Alfabetização Solidária

(ALFASOL) em 2003/2004 o AJA Bahia e atualmente o programa Brasil

Alfabetizado, que em 2007 foi lançado no estado baiano como TOPA (Todos pela

Alfabetização).

2.2 Professor Alfabetizador

Definir o conceito, características e funções do professor alfabetizador é

essencial para um maior aprofundamento do presente estudo, a partir do nosso

problema de pesquisa e objetivos propostos.

Entende-se sob o olhar de alguns autores que o professor é aquele que sabe

usar os conteúdos cognitivos que adiquiriu em sua formação para melhorar a sua

prática, assim percebe-se que a experiência aliada ao conhecimento é que torna o

professor um bom profissional . Tardif (2002) afirma que:

O saber dos professores não é um conjunto de conteúdos cognitivos definidos de uma vez por todas, mas um processo de construção ao longo de uma carreira profissional no qual o professor aprende progressivamente a dominar seu ambiente de trabalho, ao mesmo tempo em que se insre nele e o interioriza por meio de regras de ação que se torna parte integrante de sua consciência prática. (p.89).

Entendemos que o alfabetizador popular assim como o professor professa um

saber , ministra aula e é capaz de ensinar e contextualizar conteúdos.

O alfabetizador é considerado por Freire (1996) como um planejador, um

pesquisador que assume importante papel no processo de alfabetização. É

considerado também um agente político responsável pela transformação da

consciência da população e o meio social, mesmo diante de suas dificuldades e

limitações no tocante a formação profissional.

É de suma importancia o alfabetizador estar preparado e qualificado para

atuar em diferentes contextos e com diversos sujeitos. Segundo Pinto (2000):

Page 27: Monografia Tiana Pedagogia 2011

26

Compete ao professor, além de incrementar seus conhecimentos e atualizá-los, esforçar-se por praticar os métodos mais adequados em seu ensino, proceder a uma análise de sua própria realidade pessoal como educador, examinar com autoconsciência crítica sua conduta e seu desempenho, com a intenção de ver se está cumprindo aquilo que sua consciência crítica da realidade nacional lhe assinala como sua correta atividade. (p. 113).

Particularizamos neste estudo aquele que atua com as pessoas jovens e

adultas e que para isso além de dominar a metodologia de ensino escolhida, precisa

ter a capacidade de mobilizar e incentivar constantemente o alfabetizando em sala

de aula.

O educador deve ser portador da consciência mais avançada de seu meio. Necessita possuir antes de tudo a noção critica de seu papel isto é, refletir sobre o significado da sua missão profissional, sobre as circunstâncias que a determinam e a influenciam, e sobre as finalidades de sua ação (PINTO, 2007, p.48).

Sendo assim o professor precisa de conhecimentos que possibilitem uma

atenção que atenda ás diversidades dos alfabetizandos; trabalhar baseado em

situações-problema para que os alunos busquem a solução; acolher os alunos;

compreender que a prática é a referência da teoria, a teoria é o alimento de uma

prática qualitativamente superior, ser membro atuante de uma equipe que exercita o

trabalho coletivo, discutindo e socializando suas experiências (LIBÂNEO, 2000).

É preciso também que os alfabetizadores estejam capacitados e

comprometidos com sua formação continuada para o exercício da docência.

A educação de jovens e adultos requer do educador conhecimentos específicos no que diz respeito ao conteúdo, metodologia, avaliação, atendimento, entre outros, para trabalhar com essa clientela heterogênea e tão diversificada culturalmente (ARBACHE, 2001, p. 19).

A alfabetização de jovens e adultos tem sido um desafio permanente para o

professor/alfabetizador, pois mesmo diante de aulas bem preparadas e dinâmicas

alegres e envolventes existe ainda o risco da não construção dos saberes

planejados como também a evasão. Por isso se faz tão necessário a sintonia entre

alfabetizador e alfabetizando. Segundo Freire (2002) a relação educador-educando

deve ser:

Page 28: Monografia Tiana Pedagogia 2011

27

Para ser um ato de conhecimento o processo de alfabetização de adultos demanda entre educadores e educandos, uma relação de autêntico diálogo. Aquela em que os sujeitos do ato de conhecer (educador-educando, educando-educador) se encontra mediatizados pelo objeto a ser conhecido. Nesta perspectiva, portanto, os alfabetizandos assumem, desde o começo mesmo da ação, o papel de sujeitos criadores (p. 58).

Portanto, se o alfabetizador dispõe de conhecimentos que lhe permitam a

partir de sua prática extrair as necessidades específicas dos alfabetizandos, poderá

ter mais sucesso na efetivação de suas atividades.

Nesse sentido Freire (1996) lembra que “como professor preciso me mover

com clareza na minha prática. Preciso conhecer as diferentes dimensões que

caracterizam a essência da prática, o que me pode tornar mais seguro no meu

desempenho” (p.68).

Malglaive, (1995), pontua que ensinar envolve articulação entre saberes

estranhos com conhecimentos anteriores, ou seja, é preciso considerar a realidade

do aluno para que esse aprenda significativamente e isso envolve trazer à prática

educativa seus conhecimentos de mundo para introduzir conhecimentos científicos,

estabelecendo relação entre o que se estuda e o que se vivencia.

Ainda nas discussões apresentadas por Freire (1996) percebemos como o

mesmo coloca o papel pedagógico do alfabetizador de proporcionar aos

alfabetizandos os saberes necessários da leitura e da escrita e mostrando como a

apropriação desse saberes são desencadeadores de novos conhecimentos. Como

também ressalta que o alfabetizador tem o dever de politizar a educação fazendo

uma leitura critica da realidade e buscando elementos necessários para intervenção

no meio social.

Fica claro que é realmente necessário ao alfabetizador ser também um

profissional especializado na elaboração de recursos didáticos adequados ao

processo de alfabetização.

A formação dos professores e das professoras devia insistir na construção deste saber necessário e que me faz certo desta coisa óbvia, que é a importância inegável que tem sobre nós o contorno ecológico, social e econômico em que vivemos. E ao saber teórico – desta influência teríamos

Page 29: Monografia Tiana Pedagogia 2011

28

que juntar o saber teórico-prático da realidade concreta em que os professores trabalham” (FREIRE, 1996, p. 155).

No entanto como afirma Gatti no tocante a formação:

(...) dos professores-alfabetizadores que atuam na educação de adultos de 14 anos em diante não tem recebido atenção necessária, pelo contrário, tem sido relegada cada vez mais a deterioração,pois eles estão ausentes de boa parte do debate a respeito das políticas públicas centradas na questão das relações entre escola e sociedade(1991,p.21).

Diante de leituras críticas e nos apoiando em vários autores entendemos que

ensinar é desenvolver estratégias de aprendizagem baseada na realidade e nas

vivências do educando considerando as condições históricas, sociais e culturais que

contribuem para o conhecimento e significados do mundo que os alunos trazem para

a escola. E não apenas se utilizar da “educação bancária” onde o professor

“deposita” conhecimentos pré-determinados e acredita que está educando e

capacitando os alunos; Pois, Paulo Freire (1982) afirmou que: “o educador já não é o

que apenas educa, mas o que, enquanto educa, é educado, em diálogo com o

educando que, ao ser educado, também educa” (p. 78).

Assim podemos entender que o processo de alfabetização começa muito

antes de ler e escrever, e que se faz necessário uma ponte entre o saber empírico

com o saber formal e assim o aluno aprende com o seu grupo social e com o

alfabetizador, ao tempo que constrói os elementos integrantes para o seu

conhecimento.

2.3 O Programa TOPA

O Programa TOPA (Todos pela Alfabetização), foi implantado na Bahia em 09

de maio de 2007 destinado a alfabetização de jovens e adultos. Nasceu com a meta

do governo de alfabetizar um milhão de jovens, adultos e idosos das camadas mais

carentes. Objetivando assegurar o direito de acesso e permanência ao público

analfabeto na escola garantindo e oportunizando à aquisição da leitura e da escrita.

O Brasil Alfabetizado/TOPA, segundo o Ministério da Educação (MEC), é

caracterizado como um “portal de entrada na cidadania, articulado diretamente com

Page 30: Monografia Tiana Pedagogia 2011

29

o aumento da escolarização de jovens e adultos e promovendo o acesso à

educação como um direito de todos em qualquer momento da vida”.

Esse Programa prevê a celebração de convênios entre a Secretaria de

Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade - SECAD, do Ministério da

Educação, e os Estados, e os Municípios ou Entidades Organizadas da Sociedade

Civil, que se responsabilizam pela proposição e pela realização de projetos de

Alfabetização de Jovens e Adultos, e também de ações de capacitação de

alfabetizadores (FONSECA; GOMES; LOPES, 2007).

O Programa é executado pelo FNDE/MEC em parceria com a Secretaria de

Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (SECAD) que analisa as

propostas e defini os benefícios, os municípios recebem os recursos por meio de

transferências diretas, de acordo com a resolução/FNDE/CD n°70 de 24 de

Dezembro de 2007. Essa Resolução nasce a partir da Lei nº 10.172, de 2001, que

institui o Plano Nacional de Educação, determinando “a erradicação do

analfabetismo e o progressivo atendimento a jovens e adultos no primeiro segmento

de Educação de jovens e adultos, em uma década;” tendo como objetivo “garantir

que as necessidades básicas de aprendizagem dos jovens sejam satisfeitas de

modo eqüitativo, por meio de acesso a programas de aprendizagem apropriados e

atingir, até 2015, 50% de melhoria nos níveis de alfabetização de adultos, em

particular para as mulheres, em conjunção com o acesso eqüitativo à educação

básica e continuação de adultos”; ampliando assim, “oportunidades educacionais

para jovens e adultos com 15 anos ou mais que não tiveram acesso ou permanência

na educação básica;”

O Programa TOPA – Todos pela Alfabetização prevê ações que deveriam ser

contempladas por forma dessa Resolução:

a) alfabetização de jovens e adultos;

b) formação inicial e continuada de alfabetizadores e de coordenadores de

turmas;

Page 31: Monografia Tiana Pedagogia 2011

30

c) a coordenação de turmas de alfabetização;

d) a tradução e interpretação de LIBRAS. (conforme o artigo 3º)

§ 3º Os tradutores interpretes de Língua Brasileira de Sinais deverão

promover a acessibilidade á comunicação em turmas que incluírem jovens, adultos e

idosos surdos e deverão apresentar certificado expedido pelo Instituto Nacional de

Estudos e Pesquisas Educacionais – INEP/ MEC ou entidade competente que

comprove sua proficiência para o desempenho desta atividade.

e) o transporte para o alfabetizando;

f) o apoio à aquisição de gêneros alimentícios destinados, exclusivamente ao

atendimento das necessidades de alimentação escolar dos alfabetizandos

cadastrados e freqüentes, em 2007, no âmbito do Programa;

g) a aquisição de material escolar;

h) a aquisição do material pedagógico;

A Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (SECAD)

informa, ainda, que o Programa enfatiza a qualidade e o maior aproveitamento dos

recursos públicos investidos na Educação de Jovens e Adultos. O processo

acontece de 06 a 08 meses, contando com 10h semanais de alfabetização, havendo

avaliação cognitiva dos alfabetizandos no início e ao término do Programa.

2.3.1 Proposta Pedagógica.

Ao se pensar uma proposta pedagógica para programas de alfabetização em

tempo mínimo determinado, a coordenação do programa teve como base os

princípios do grande mestre Paulo Freire. A alfabetização deve ser concebida não

apenas como a aquisição do domínio da leitura e da escrita, mas como a

capacidade de usar essa habilidade no desenvolvimento pessoal e coletiva com

Page 32: Monografia Tiana Pedagogia 2011

31

vistas à construção de uma sociedade cidadã. É preciso, portanto que essa proposta

pedagógica contemple a plena formação do desenvolvimento da pessoa humana.

Objetivo Geral: Promover a alfabetização e a escolarização de Jovens e adultos no

Estado da Bahia.

Objetivos Específicos:

Oportunizar estudos a jovens e adultos que por motivos diversos não

tiveram acesso à escola;

Oportunizar a comunidade de estudos a jovens e adultos que por motivos

diversos não conseguiram concluir a educação básica;

Desenvolver processos efetivos de alfabetização letramento com base

numa metodologia que leve em conta a realidade e a formação política dos

educandos;

Aplicar metodologias que levem em conta a participação efetiva de

educandos e professores fundamentos em teorias e práticas que contemplem a

ampliação dos direitos de cidadania dos educandos;

Construir processos interativos de apropriação do saber, valorizando a

diversidade cultural dos educandos nos aspectos sociais, culturais, políticos e

econômicos de gênero geração e etnia.

Partindo dessa perspectiva a Secretaria de Educação de Campo Formoso –

BA, através do departamento de ensino incorporou ao seu sistema educacional a

Educação de Jovens e Adultos no ano de 1997, para atender uma considerável

parcela da população, não inserida no sistema formal de ensino e/ou escolarizada. E

seguindo as orientações teórico/pratica apresentadas pelos programas AJA BAHIA,

EDUCAÇÃO SOLIDÁRIA e o curso de ACELERAÇÃO I e II, a cidade de Campo

Formoso vem contribuindo para minimizar as taxas de analfabetismo do município e

tentar superar as dificuldades presentes na educação de jovens e adultos.

Page 33: Monografia Tiana Pedagogia 2011

32

Quanto ao analfabetismo, Campo Formoso apresenta uma das taxas mais

altas da Bahia, conforme tabela 01 abaixo:

DADOS DE ANALFABETISMO NO BRASIL

Brasil Bahia Campo Formoso

13.3% 15,39% 32,4%

FONTE: IBGE 2010

A grande maioria do alunado que compõem esses números é constituída por

indivíduos inseridos no mesmo contexto social: pessoas que cada vez mais

precocemente participam dos rendimentos econômicos da família, tomando até

mesmo a carga na sua totalidade, da responsabilidade dos seus domicílios, assim

tem que abrir mão dos estudos em favor da necessidade de trabalhar,

interrompendo-o antes do tempo apropriado; Pois a “escola é feita para os que não

precisam trabalhar e coloca exigências que os trabalhadores não têm tempo nem

condições de cumprir” (CECCON, 1998).

Nesse aspecto o programa Topa objetiva prioritariamente a diminuição do

analfabetismo no Estado da Bahia, e em Campo Formoso, que conforme dados

coletados nesse município, é perceptível que os índices são altíssimos, em especial

tomando como parâmetro a quantidade de habitantes.

Nesse sentido, a Secretaria Municipal de Educação de Campo Formoso tem

participado ativamente de Programas de Alfabetização, assumindo o compromisso

de alfabetizar um número maior de pessoas jovens e adultas.

Diante disso, o Programa Brasil Alfabetizado/TOPA – Todos pela

Alfabetização foi implantado na cidade de Campo Formoso em 2007, mediante

mobilização social realizada em todas as comunidades, objetivando conhecer e

diminuir o índice de analfabetismo no município, permitindo a inserção e

permanência das turmas de alfabetização para garantir o acesso de pessoas, não

escolarizadas, ao mundo da leitura e da escrita.

Page 34: Monografia Tiana Pedagogia 2011

33

TABELA 2 – REALIDADE DO PROGRAMA TOPA NO MUNICÍPIO DE CAMPO

FORMOSO

Alfabetizadores Alfabetizandos Coordenadores Ano

214 2.150 12 2007

319 2.980 19 2008

424 4.300 48 2009

228 1.980 24 2010

FONTE: Programa Topa. UNEB-BA.

O programa TOPA foi desenvolvido no município diante do contexto onde a

maioria dos jovens e adultos não escolarizados são trabalhadores que chegam a

escola noturna em precárias condições físicas e intelectuais (cansados e mal

alimentados) desafiando o seu potencial. Estes alfabetizandos estão inseridos num

processo educativo do qual fazem parte diversos espaços (família, trabalho,

comunidade, escola). O trabalho aparece para eles como fundamental.

Portanto, diante das leituras realizadas acreditamos que oportunizar cuidar da

alfabetização de jovens e adultos, excluídos do processo de aprendizagem é

oferecer a esses sujeitos condições de igualdade, possibilitando sua participação

responsável na família, na comunidade e no trabalho.

2.3.2 Unidades Formadoras

Para o cumprimento da meta de alfabetizar um milhão de pessoas, a SEC

conta com o apoio de entidades governamentais e não governamentais, dentre as

quais entidades de classe, sindicatos, associação de moradores, entidades

religiosas (os sujeitos/parceiros), além das instituições de ensino superior, que

atuam como Unidades Formadoras (UF). O papel dessas unidades formadoras é de

contribuir com a formação de profissionais que atuam no Programa como

alfabetizadores, coordenadores de turma, intérpretes de libras e sinais, além de

acompanhar e avaliar o trabalho destas pessoas nos municípios sob a sua

responsabilidade, visando assegurar a aplicação da proposta pedagógica e garantir

a alfabetização dos envolvidos.

Page 35: Monografia Tiana Pedagogia 2011

34

A Universidade do Estado da Bahia assume uma posição crítica, em relação à

responsabilidade das Instituições Públicas de Ensino Superior, em contribuir na

correção das distorções regionais, socioeconômicas e educacionais vigentes no

Brasil. Desta forma, a UNEB pensa e desenvolve uma política de extensão

articulada com o ensino e a pesquisa, procurando construir seu Projeto Pedagógico

dentro de uma perspectiva interdisciplinar, formadora de competências necessárias

a alunos e professores, na construção de saberes e estratégias, científicas,

profissionais e sócio-políticos que os capacitam ao diálogo e à intervenção regional,

na perspectiva do desenvolvimento e da qualidade de vida. Assegurando, assim, o

compromisso assumido pela UNEB no momento de efetivar parceria com a

Secretaria de Educação do Estado da Bahia, enquanto Unidade Formadora do

Programa Brasil Alfabetizado – TOPA – Todos pela Alfabetização, implantado em

2007 pelo Governo do Estado da Bahia.

A Universidade do Estado da Bahia assume no Território do Piemonte, região

administrativa da DIREC-28, a formação dos alfabetizadores e Coordenadores de

turma e interpretes de Libras, nos municípios de Andorinha, Antonio Gonçalves,

Campo Formoso, Filadélfia, Itiúba, Jaguarari, Pindobaçu, Ponto Novo, Senhor do

Bonfim, tendo como pólo núcleo o Departamento de Educação – Campus VII, em

Senhor do Bonfim.

Para garantir essa formação, a UNEB elaborou o Plano de Formação com

carga horária de 60 horas, partindo de pressupostos teóricos preconizados não

somente por Paulo Freire, mas por outros (as) pesquisadores (as), que não reduzem

o processo de alfabetização simplesmente ao fato de se adquirir uma tecnologia ou

codificar uma língua. A proposta elaborada defende a apropriação de escrita e de

leitura nas práticas sociais, considerando sempre o contexto histórico-social e as

vivências dos sujeitos como ponto de partida do processo ensino-aprendizagem.

Esse Plano de Formação, desenvolvido a partir dos sujeitos envolvidos, tem

como objetivo socializar estudos que lhes possibilitassem criar estratégias de

ensino, permitindo a jovens e adultos, do semi-árido baiano, em processos de

alfabetização, compreender e atribuir sentidos/interpretações aos múltiplos textos

que perpassam o seu cotidiano e atender as suas necessidades comunicativas, em

Page 36: Monografia Tiana Pedagogia 2011

35

consonância com os seus saberes, repertórios artístico-culturais e inserções no

mundo do trabalho. A UNEB acredita que a partir dessa perspectiva permitiu aos

sujeitos envolvidos (re) criar seu contexto, deslocando-se da mera repetição

mecânica de técnicas de alfabetização e de trabalho manuais para práticas

reflexivas, de modo que se autorizem na criação e (re)significação do ato de ensinar,

aprender, bem como na recriação de suas existências e, por conseguinte, de seu

cotidiano.

Page 37: Monografia Tiana Pedagogia 2011

36

CAPITULO III

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Pesquiso para constatar, constatando, intervenho intervindo educo e me educo. Pesquiso para conhecer o que ainda não conheço e comunicar ou anunciar a novidade (FREIRE, 1997, p.32).

Neste capítulo apresentamos os procedimentos metodológicos utilizados para

a elaboração deste trabalho. Entendemos que a opção metodológica escolhida

numa pesquisa é fator decisivo para a elucidação do problema abordado. Segundo

Minayo (2003): a metodologia inclui concepções teóricas de abordagem, conjunto de

técnicas que possibilitam a construção da realidade e o sopro divino do potencial do

investigado. Nesta perspectiva, optamos neste trabalho pela abordagem qualitativa

por entender ser esta a mais consistente em elucidar a nossa questão.

3.1 A opção pelo paradigma qualitativo

Segundo Lakatos “a pesquisa é um procedimento formal, com método de

pensamento reflexivo que requer um tratamento científico e se constitui no caminho

para conhecer a realidade ou para descobrir verdades parciais” (1991, p.155).

A pesquisa qualitativa busca explicações sobre o social, sempre buscando

compreender o processo educacional da escola. Pesquisadores centram a atenção

no pluralismo cultural, na diversidade, no estereótipo ou na discriminação e em

outros aspectos sociais (Ludke, André 1986).

Quanto à conceituação da metodologia qualitativa, afirma Minayo:

[...] a metodologia qualitativa é aquela que incorpora a questão do significado e da intencionalidade como inerentes aos atos, as relações e as estruturas sociais. O estudo qualitativo pretende aprender a totalidade coletada, visando em ultima instância, atingir o conhecimento de um fenômeno histórico que é significativo em sua singularidade (1992, p.10).

Portanto, neste estudo que tem como foco desvendar o conhecimento de uma

proposta de alfabetização sob o olhar dos professores que atuam na mesma,

Page 38: Monografia Tiana Pedagogia 2011

37

avançando as percepções superficiais ou meramente estatísticas, acreditamos que

somente o enfoque qualitativo responde a questões muito peculiares e trabalha com

o universo de significados. Ainda referindo-se a pesquisa, Ludke (1986) afirma que:

A pesquisa qualitativa envolve a obtenção dos dados descritivos, obtidos no contato direto do pesquisador com a situação estudada, enfatizando mais o processo do que o produto, e se preocupar em retratar as perspectivas dos participantes. (p.13).

Assim, esse tipo de pesquisa é muito eficiente quando se trata de problemas

da realidade sócio-econômico da sociedade. Pois, permite a análise dos resultados

sob uma ótica diferenciada.

3.2 Instrumentos da Coleta de dados

Para a efetivação da pesquisa foi necessário a utilização de instrumentos

adequados, ao objeto em estudo. Pois, uma pesquisa científica requer

procedimentos sistemáticos, com o objetivo de descobrir e interpretar os fatos de

uma determinada realidade. É preciso promover o confronto entre os dados

colhidos, as evidências, as informações coletadas sobre determinado assunto e o

conhecimento teórico acumulado a respeito dele. (LUDKE e ANDRÉ, 1986)

A Coleta de dados será realizada através do questionário fechado e entrevista

semi-estruturada.

3.2.1 Questionário fechado

Segundo Rodrigues (2006) o questionário é um instrumento de coleta de

dados, constituído por uma lista de questões relacionadas ao problema da pesquisa

e deve ser aplicado a um número de pessoas. Embora seja um instrumento

comumente utilizado na pesquisa de cunho quantitativo, entendemos que pode

também ser utilizado na abordagem qualitativa, a partir do tratamento de análise

dado.

O questionário fechado foi utilizado como um recurso para traçar o perfil dos

professores. Sendo assim Barros (2000) afirma que:

Page 39: Monografia Tiana Pedagogia 2011

38

O questionário é o instrumento mais usado para o levantamento de informações. Não está restrito a uma determinada quantidade de questões, porém aconselha-se que não seja muito exaustivo, desanimando o pesquisador. É entregue escrito e também será respondido por escrito. (p.90)

Para Marconi e Lakatos (1996) questionário fechado é: “perguntas fechadas

ou dicotômicas”. Também denominadas limitadas ou alternativas fixas, são aquelas

que o informante escolhe sua resposta entre duas opções: sim e não (p.91).

Assim, neste estudo foi condição mister conhecer o perfil dos sujeitos nos

seus aspectos sociais, econômicos e educacionais, o que foi possível com a

utilização do questionário fechado.

Como afirma Gressler (1989). Um questionário deve ser simples, direto e

rápido de responder, devendo assegurar aos utilizadores que os dados recolhidos

não serão cedidos a terceiros, sendo utilizado com sigilo as informações.

3.2.2 Entrevista semi-estruturada

A escolha da entrevista, justificou-se por ser um meio coerente para a

captação de informações desejadas. Segundo Lakatos (1991): entrevista é um

importante instrumento de trabalho do qual se servem constantemente os

pesquisadores em ciências sociais e psicológicas (p.196).

Ainda se tratando precisamente de entrevista semi-estruturada Trivinos

(1987), discorre que é:

Um dos principais meios que o investigador tem para realizar a coleta de dados. Podemos entender por entrevista semi-estruturada em geral aquela que parte de certos questionamentos básicos apoiados em teorias e hipóteses, que interessam à pesquisa, e que em seguida, oferecem amplo campo de interrogativas, fruto de novas hipóteses que vão surgindo a medida que se recebem as respostas, do informante (p.146).

De fato esse tipo de entrevista é de fundamental importância para o

pesquisador, pois lhe dará as informações necessárias e coerentes para sua

pesquisa.

Page 40: Monografia Tiana Pedagogia 2011

39

Além disso, permite o contato direto com os sujeitos, levando ao pesquisador

captar aspectos mais subjetivos, que permitirão o aprofundamento da analise de

dados.

3.3 Lócus de pesquisa

O lócus do nosso estudo foi definido pela especificidade dos sujeitos de

pesquisa, definidos como os professores alfabetizadores atuantes no TOPA.

Assim, o referido programa é realizado no Território de Identidade do Norte do

Itapicuru em 09 municípios. Optamos pelo município de Campo Formoso, por ser o

nosso município de residência e atuação profissional.

3.4 Sujeitos da pesquisa

Os sujeitos da pesquisa foram 12 alfabetizadores do programa TOPA (Todos

pela alfabetização) da 4ª etapa do Programa, que iniciou em Abril de 2011 e encerra

em Novembro do mesmo ano, escolhidos aleatoriamente a partir do cadastro do

programa, fornecido pela Universidade do Estado da Bahia, unidade formadora do

território.

Inicialmente investimos num universo de 21 alfabetizadores, que foi reduzido

para 12, pela disponibilidade destes em colaborar com o nosso estudo.

3.5 Análise e interpretação dos dados

Essa etapa foi realizada a partir da reflexão critica dos instrumentos de coleta

de dados, com a posterior triangulação dos mesmos. Finalmente confrontamos com

o aporte teórico do estudo e elegemos categorias que configuravam os resultados

alcançados.

Page 41: Monografia Tiana Pedagogia 2011

40

CAPITULO IV

ANÁLISE DE DADOS

4.1 Identificando o perfil

Compreender a alfabetização de pessoas jovens e adultas como processo

histórico implica em concebê-la como um empreendimento eminentemente

estabelecido pela e para a sociedade, numa relação intrinsecamente correlacionada

com a realidade social e o modo como os sujeitos se relacionam. Com base nesses

aspectos metodológicos, a análise dos dados se alicerça na compreensão dos

significados atribuídos pelos sujeitos as suas ações.

4.1.1 Gênero dos sujeitos

Os sujeitos que participaram da pesquisa, apresentaram quanto ao gênero

um percentual de 92% feminino e 8%masculino. Percebemos com esse resultado a

preponderância do gênero feminino na atuação dos programas de alfabetização.

8%

92%

Masculino Feminino

Figura 01 – percentual quanto ao gênero

Fonte – Questionário aplicado

Page 42: Monografia Tiana Pedagogia 2011

41

4.1.2 Faixa etária

Os dados obtidos em relação a faixa etária nos mostram uma diversidade na

idade dos sujeitos. É perceptível no quadro que compõe o programa a

predominância de pessoas jovens que tem entre os 18 a 29 como ilustra o gráfico.

42,00%

33,00%

8,00%

17,00%

De 18 a 23 anos De 24 a 29 anos De 30 a 35 anos De 36 a 41 anos

Figura 02 – percentual quanto à faixa etária

Fonte – Questionário aplicado

Assim, os nossos dados revelam que nesse Programa de alfabetização há um

significativo número de alfabetizadores com idade inferior a 30 anos, que coincide

com pouca experiência profissional em trabalhos com a educação de jovens e

adultos e pouca qualificação, como confirmam os dados abaixo.

4.1.3 Nível de escolaridade

É sabido que para exercer a função da docência é necessário um nível

mínimo de escolaridade, que segundo a LDB 9394/96 Art. 62, “a formação de

docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível superior, em curso de

licenciatura, de graduação plena, em universidades e institutos superiores de

educação [...]”. O percentual ilustrado no gráfico demonstra que a grande maioria

dos alfabetizadores do programa TOPA só possuem o ensino médio.

Page 43: Monografia Tiana Pedagogia 2011

42

75,00%

17,00%

8,00%

Ensino Médio Ensino Médio incompleto Superior incompleto

Figura 03 – percentual quanto ao nível de escolaridade

Fonte – Questionário aplicado

De acordo com a Resolução do FNDE, para atuar no Programa TOPA, o

alfabetizador deve ter formação universitária, no entanto, pela própria dificuldade

das distâncias e da falta de formação adequada, os alfabetizadores com o Ensino

Médio vêm contribuindo para diminuir o analfabetismo na Bahia. Para Paulo Freire

(1994):

A humildade nos ajuda a reconhecer esta coisa óbvia: ninguém sabe tudo, ninguém ignora tudo. Todos sabemos algo, todos ignoramos algo. Sem humildade dificilmente ouviremos com respeito a quem consideramos demasiadamente longe de nosso nível de competência. É a humildade que nos faz ouvir o considerado menos competente do que nós (p.30).

Assim, a postura humilde do alfabetizador encoraja o educando a perguntar, a

descobrir a necessidade de perguntar ao alfabetizador, aos colegas, a si mesmo e a

encontrar nele próprio as respostas criativas para as perguntas.

Entendemos que o educador na busca de melhorar a sua prática “vai

descobrir que precisa continuar estudando depois de formado, que precisa

pesquisar a realidade como é como se transforma” (MOURA, 2003, P.24).

Questionamos, entretanto se a deficiente formação acadêmica dos

alfabetizadores para atuar no programa, não afetaria os seus resultados.

Page 44: Monografia Tiana Pedagogia 2011

43

4.1.4 Curso de formação oferecido pela Universidade do Estado da Bahia para

os envolvidos no Programa TOPA

O percentual aqui apresentado nos permite perceber que a capacitação

inicial oferecida pelo programa contou com um número significante de participantes,

já que é imprescindível a formação de 60h para atuar no programa. Por motivos

diversos além do distanciamento entre as localidades e a falta de comunicação é

possível ainda encontrar aqueles que não presenciaram o treinamento.

91%

9%

Sim Não

Figura 04 – percentual quanto a Curso de capacitação oferecido pelo TOPA Fonte – Questionário aplicado

4.1.5 Cursos de capacitação na área de EJA

Exercer a docência requer constante aprimoramento teórico e reflexão

sobre a prática. Os dados demonstram que apenas 17% dos alfabetizadores já

participaram de cursos voltados para educação de jovens e adultos, e 83% nunca

participaram de cursos na área.

Page 45: Monografia Tiana Pedagogia 2011

44

17%

83%

Participaram de curso da EJA Nunca participaram de cursi da EJA

Figura 05 – percentual quanto a Curso de capacitação na área de EJA

Fonte – Questionário aplicado

Conforme resultado acima, os alfabetizadores no TOPA, na sua grande

maioria não possuem formação direcionada à educação de jovens e adultos,

realidade que não difere de outros municípios brasileiros, tema esse que vem sendo

discutido em encontros de educadores versando esse assunto. Situando num

contexto regional, as Instituições de Ensino Superior, a exemplo a UNEB, não têm

oferecido cursos para a formação do educador de EJA, seja a nível de graduação,

especialização ou capacitação continuada, paradoxalmente esta mesma instituição é

coordenadora de Programas de Alfabetização, a exemplo do TOPA. Isso implica

dizer que falta, evidentemente, uma política que de fato, valorize essa modalidade

de ensino e a adote como prioridade.

Segundo Fonseca (2000), “a questão da profissionalização do educador de

adultos tem se tornado cada vez mais nuclear nas práticas educativas e nas

discussões teóricas da área”. E acrescenta, dentre outros argumentos nesse

sentido:

As Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação de Jovens e Adultos, no item VIII, referente à Formação Docente, que o preparo deste profissional deve incluir, além das exigências formativas para todo e qualquer professor, aquelas relativas à complexidade diferencial desta modalidade de ensino. (FONSECA 2000, p.130).

Page 46: Monografia Tiana Pedagogia 2011

45

Nesse sentido percebemos o quanto é deficiente a oferta de cursos em

instituições superiores para contemplar toda especificidade e complexidade que

exige a formação do educador para trabalhar na EJA.

4.1.6 Outra ocupação profissional além de atuar no programa TOPA

42%

58%

Sim Não

Figura 06 – percentual quanto a exercer outra função

Fonte – Questionário aplicado

Conforme apresentamos no gráfico acima fica evidente que 42% dos

alfabetizadores têm outra ocupação além de atuar no programa. O que nos indica

que a participação no Programa, tem caráter de complementação salarial.

Percebemos também uma disparidade de identificação entre a atividade de

alfabetizador e as demais atividades apresentadas pelos pesquisados.

Page 47: Monografia Tiana Pedagogia 2011

46

20,00%

40,00%

20,00%

20,00%

Moto Taxi Manicure Cabeleireira Aux. Professor

Figura 07 – percentual quanto a outras ocupações exercidas

Fonte – Questionário aplicado

4.1.7 Renda familiar

Os dados obtidos nos mostram que 67% dos sujeitos da pesquisa sobrevivem

com até no máximo 1 salário mínino por domicílio, o que comprova a carência de

emprego com remuneração fixa e torna o TOPA uma alternativa de fonte de renda.

A minoria de 33% dispõe de 2 a 4 salários mínimos.

67%

33%

Até 1 salário mínimo De 2 a 4 salários mínimos

Figura 08 – percentual quanto à renda familiar

Fonte – Questionário aplicado

Page 48: Monografia Tiana Pedagogia 2011

47

4.1.8 Satisfação com o valor da bolsa auxílio

Para realizar a atividade de alfabetizador, no Programa TOPA, as Unidades

Formadoras oferecem uma bolsa-auxílio de 250,00 durante o período de 08 meses.

Essa bolsa é paga pelo Governo Federal através do Programa Brasil Alfabetizado, já

que o TOPA é um Programa que envolve parcerias dos três governos: federal,

estadual e municipal.

Conforme ilustra o gráfico, 59% dos alfabetizadores mostram-se insatisfeitos

com o valor destinado a bolsa - auxilio. 33% atribuíram o conceito bom e 8% dos

entrevistados responderam ruim. Acreditamos que a variedade de conceitos se

alicerça no cotidiano e necessidade de cada alfabetizador .

59,00%

8,00%

33,00%

Regular Boa Ruim

Figura 08 – percentual quanto à satisfação com a bolsa auxílio

Fonte – Questionário aplicado

4.2 Análise da Entrevista

Após analisarmos o perfil socioeconômico dos alfabetizadores, lançamos

algumas questões a respeito da concepção de cada um deles em relação à

Alfabetização de jovens, adultos e idosos no Programa TOPA. Norteamos as

perguntas e dividimos em categorias para melhor compreensão.

Page 49: Monografia Tiana Pedagogia 2011

48

Quem sou eu? O que faço? Como faço?

Os resultados apresentados aqui neste estudo foram obtidos através da

entrevista semi-estruturada aplicada aos alfabetizadores, que são os sujeitos da

pesquisa.

4.2.1 Quem sou eu?

Nesta categoria apresentamos os motivos que levaram os alfabetizadores a

atuar no Programa TOPA.

O fator financeiro foi predominante e apareceu em 60% das respostas dos

entrevistados como mostramos abaixo:

A41“Porque é uma oportunidade pra quem está desempregado”.

A8 “Pelo valor da bolsa. Necessidade”. A11 “Pela necessidade ter algum dinheiro e também porque gosto de ensinar”.

É evidente, pelo posicionamento dos nossos entrevistados que a carência

financeira foi fator motivante para a participação no Programa. Reforçamos a nossa

afirmação, quando confrontamos as falas acima, com o perfil sócio-econômico

apresentado nos dados do questionário fechado e percebemos que os mesmos são

pessoas com baixa ou sem qualquer renda fixa, trabalhadores informais, sem

atividade fixa remunerada. E embora o valor da bolsa auxílio seja menos que a

metade do salário mínimo em vigor no país (R$ 545,00), é uma alternativa para

sobrevivência ou para a complementação da renda familiar.

Percebemos também que está presente no discurso de alguns dos

alfabetizadores (cerca de 20%), que a motivação para a participação no programa,

não fica por conta apenas do valor da bolsa, mas também, por se identificar com a

função de ser alfabetizador e de estar alfabetizando pessoas, que em geral são seus

1 Em vista de manutenção do anonimato dos entrevistados atribuímos-lhes um código (A) acrescido

de algarismos arábicos (1, 2, 3...)

Page 50: Monografia Tiana Pedagogia 2011

49

familiares e pessoas da própria comunidade. Esses alfabetizadores são moradores

das comunidades onde as turmas estão inseridas.

A5 Gostei desse programa porque cada vez mais a gente tem vontade de ensinar e ver o desenvolvimento deles. A7 Me identifico. Porque sou muito dinâmica e gosto de fazer amizades. A10 Me identifiquei porque eles têm interesse em aprender novas coisas.

Na nossa análise, percebemos que se por um lado a Resolução FNDE/CD

n°70 de 24 de Dezembro de 2007 determina que os alfabetizadores tenham a

formação, de no mínimo alunos de cursos de Graduação, por outro, não teríamos

essa possibilidade de alfabetizadores que tenham proximidade com a comunidade

que atuam, e que mesmo sem a formação adequada, sem experiência com

alfabetização, eles sentem- se comprometidos com o ato de ensinar.

Ainda aparece nessa categoria o sentido idealista e romântico, em relação à

docência, que filtramos na fala 30% dos nossos sujeitos:

A1“Pela necessidade de ajudar as pessoas da comunidade da qual atuo”. A6 “Por que gosto de ajudar as pessoas. Vocação”. A9 “Porque no nosso interior tem um número muito grande de analfabetos e ser alfabetizador desse programa é muito gratificante”.

A fala dos alfabetizadores demonstra a preocupação em contribuir para

erradicar o analfabetismo, revelam que a sua inserção no programa é para ajudar

as pessoas da comunidade. Percebemos diante do exposto uma visão solidária e

também ingênua do que realmente é o processo de alfabetização.

Segundo Freire (1983) este discurso evidencia um caráter assistencialista, de

subserviência que perpetua a consciência mágica em detrimento da consciência

crítica. Além de representar um empecilho ao desenvolvimento do processo de

escolarização.

Page 51: Monografia Tiana Pedagogia 2011

50

Chama-nos atenção nesta análise que nenhum dos entrevistados, segundo

dados do questionário tem formação para a docência e não exercem esta atividade

fora do Programa.

4.2.2 Tenho fundamentos teóricos/ metodológicos do contexto em que atuo?

Nesta categoria, apresentamos a metodologia e fundamento que norteiam a

proposta educativa do programa e o conhecimento que o alfabetizador tem a cerca

do mesmo

Indagados sobre os seus conhecimentos acerca dos objetivos, metodologia e

resultados do Programa, percebemos que a maioria dos alfabetizadores

pesquisados, conhece apenas superficialmente o programa ao qual fazem parte,

apresentado “falas prontas”, como ilustramos nas falas abaixo:

A6 “Mais ou menos, o objetivo é acabar com o analfabetismo”. A7 “Conheço. Aprendi na formação”.

Assim, quando solicitamos respostas mais específicas, estes não são

capazes de socializar de maneira clara sobre a temática.

Apenas um dos entrevistados deu pistas de que compreende a concepção da

proposta e sua efetiva operacionalização:

A1 “Os objetivos é alfabetizar, a metodologia está baseada no cotidiano de cada um. Os resultados é alfabetizar a um dígito dos analfabetos baianos”

A concepção do programa a e a metodologia adotada para capacitar os

alfabetizadores é baseada na ideias do educador Paulo Freire, que pensa a

alfabetização de jovens, adultos e idosos como processo fundamental para

politização e libertação do homem e exercício da cidadania.

Ainda A1 diz que, a gente tem que começar de onde o aluno já sabe...

Page 52: Monografia Tiana Pedagogia 2011

51

De fato este requisito é imprescindível, trabalhar na perspectiva de conhecer

o educando e a sua realidade é fundamental para o processo de ensino e

aprendizagem. Na metodologia proposta pelo Programa TOPA, deve-se levar em

conta a realidade e a formação política dos educandos. Considerando a bagagem

trazida por estes sujeitos, pois estes são portadores do acúmulo de conhecimentos

adquiridos ao longo da vida.

Segundo a Proposta Curricular da educação de adultos o professor deve

valorizar os conhecimentos e as formas de expressões que cada aluno traz de suas

experiências de vida e dos grupos sociais e culturais a que estão inseridos, para que

o sucesso no processo de socialização possa ser um grande aliado na garantia da

permanência do jovem, do adulto e do idoso em sala de aula.

Nesse sentido, entender e valorizar o saber empírico do educando constitui o

primeiro passo para planejar e desenvolver a prática docente. Para Arroyo (2005):

Partir dos saberes, conhecimentos, interrogações e significados que aprenderam em suas trajetórias de vida será um ponto de partida para uma pedagogia que se paute pelo diálogo entre os saberes escolares e sociais. Esse diálogo exigirá um trato sistemático desses saberes e significados, alargando-os e propiciando o acesso aos saberes, conhecimentos, significados e a cultura acumulada pela sociedade. (p.35).

Ainda sobre o processo de aquisição do embasamento teórico metodológico

para atuar no programa, pesquisamos sobre a importância do processo de

capacitação, para a preparação da sua prática.

Para 60% dos entrevistados a capacitação foi positiva e apresentaram como

dados relevantes os formadores que apresentaram sugestões de atividades práticas.

Como ilustram as falas abaixo:

A8 “Eu gostei, aprendi muita coisa. Aprendi como passar as atividades”. A11 “A capacitação foi ótima a professora era excelente ensinou a passar as atividades eu já tinha alguma experiência e aumentou bastante”. A12 “A capacitação nos deu um pouco mais de segurança para atuar, pois nós já tínhamos um pouco de conhecimento”.

Page 53: Monografia Tiana Pedagogia 2011

52

Segundo as orientações do programa TOPA, a capacitação busca

desenvolver no alfabetizador o espírito crítico- reflexivo, estabelecendo uma ponte

entre o conteúdo e a prática, a fim de permitir o embasamento ao alfabetizador para

dialogar com o universo do alfabetizando.

Porém, percebemos a partir do perfil socioeconômico dos nossos

pesquisados, que os alfabetizadores que compõem o programa no município de

Campo Formoso é formado por um grupo vasto e heterogêneo, com pessoas com o

nível de escolaridade variada e na maioria abaixo do estabelecido pelo programa, o

que dificulta o trabalho e o andamento da capacitação.

Sendo assim e diante das especificidades no perfil dos alfabetizadores, o

nosso estudo mostra que o curso de capacitação não tem condições em 60h de

contemplar aspectos tão complexos e necessários para a formação e prática de um

alfabetizador. “É nesse sentido que reinsisto em que formar é muito mais do que

puramente treinar” (FREIRE, 1997, p.15).

Entendemos ainda que a capacitação, apresenta um perfil de treinamento e

que a carga horária não é suficiente para “formar” esse alfabetizador popular, para

proporcionar uma compreensão mais ampla do conhecimento necessário para

trabalhar com a educação de jovens, adultos e idosos e sim, para treiná-los para

assumir a sala de aula e aplicar procedimentos voltados para a leitura e a escrita.

4.2.3 Como me vejo?

Nesta categoria, apresentamos a percepção profissional que os

alfabetizadores do TOPA tem de si mesmo.

Questionados como se vêem na sua prática obtivemos as seguintes

respostas:

A1 “Professor. Pois crio situações, atividades e desenvolvo os conteúdos¸ monitorando os resultados de cada alfabetizando”. A3 “Eu me acho uma ótima educadora, pois sempre procuro me informar a necessidade do aluno”.

Page 54: Monografia Tiana Pedagogia 2011

53

A6 “Professor porque procuro a melhor maneira de passar o assunto. Pois cada aluno tem uma forma de aprender”. A8 “Porque eu não sou formada, e porque o pouco que eu sei eu passo pra eles”.

A grande maioria dos entrevistados percebe-se e se intitula professor, por

acreditar que desempenham funções e atividades a partir da necessidade do aluno.

Acreditamos que o papel do educador vai muito além, consiste em mediar a

aprendizagem articulando o processo de aprendizagem de seu alfabetizando,

sempre priorizando a bagagem de conhecimento trazida pelos mesmos. Para

Oliveira (1983):

O Educador, enquanto profissional do ensino, é aquele que tem docência como base de sua identidade profissional domina o conhecimento especifico de sua área, articulando ao conhecimento pedagógico, numa perspectiva da totalidade do conhecimento socialmente produzido que lhe permita perceber as relações existentes entre as atividades educacionais e a totalidade das relações sociais, econômicas, políticas e culturais em que é capaz de atuar como agente de transformação da realidade em que se insere (p.13).

A fala de A1 quando diz que: “crio situações, atividades e desenvolvo os

conteúdos monitorando os resultados de cada alfabetizando”. O que pensa esse

alfabetizador leva em consideração o pensamento de Freire (1996) quando afirma

que: ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua

produção ou a sua construção (p. 22).

Somente um dos entrevistados percebe-se como monitora/alfabetizadora

A8 “Porque eu não sou formada, e porque o pouco que eu sei eu passo pra eles”.

A alfabetizadora reconhece a falta de formação e nível de escolaridade

necessário ao professor.

Ainda A8 diz que, “aprende muito com seus alunos, porque eles já são mais

velho e tem muita informação também”.

Page 55: Monografia Tiana Pedagogia 2011

54

Sobre isso Freire (1996) afirma que “quem ensina aprende ao ensinar e quem

aprende ensina ao aprender” (1996, p.23). O que acontece é uma troca mútua de

conhecimento, mesmo o alfabetizador sem formação acadêmica e reconhecendo

que não tem saberes formais, mas que procura ensinar o que sabe e o que

aprendeu não só na capacitação, mas no cotidiano, ressalta a sabedoria e o

conhecimento empírico dos seus alunos que por serem mais “velhos” que ela

adquiriram muito conhecimento ao longo do tempo.

4.2.4 O que penso e sei sobre alfabetização?

Alfabetizar jovens, adultos e idosos não é apenas ensiná-los a ler e escrever

seu próprio nome. Entendemos que esse processo se estende a um estudo amplo

e de qualidade. A fim de garantir a apropriação de conhecimentos necessários para

sua inclusão social e econômica na comunidade em que vive. Para o educador

Paulo Freire (1996)

Alfabetização é aquisição da língua escrita, por um processo de construção do conhecimento, que se dá num contexto discursivo de interlocução e interação, através do desvelamento critico da realidade, como uma das condições necessárias ao exercício da plena cidadania: exercer seus direitos e deveres frente á sociedade global (p.59).

Na concepção dos alfabetizadores, alfabetizar jovens adultos e idosos é visto como:

A1 “Promover no indivíduo, totalmente cego, que ele enxergue e entenda aquilo que está enxergando, ou seja, aprender a ler e interpretar”. A4 “É como se a pessoa tivesse dando os primeiros passos”. A5 “É ensinar o aluno a conhecer as letras os números que faz parte do nosso dia a dia”. A12 “Ensinar a ler e escrever”.

Analisando a fala dos alfabetizadores, percebemos que eles contrapõe ao

pensamento de Oliveira (1999), quando não consideram do jovem e adulto seus

conhecimentos e experiências acumulados ao longo do tempo não percebem que

eles trazem consigo a experiência de suas historias de vida.

Page 56: Monografia Tiana Pedagogia 2011

55

O adulto analfabeto é visto como aquele que nada sabe uma “página em branco”

que precisa ser preenchida. Sendo assim,

[...] a educação se torna um ato de depositar, em que os educandos são os depositários e o educador o depositante. O educador será tanto melhor educador quanto mais conseguir depositar nos educandos. Os educandos, por sua vez, serão tanto melhores educados, quanto mais conseguirem arquivar os depósitos feitos. (FREIRE, 1983, p. 66).

Esse processo de alfabetizar é negado por muitos pesquisadores, entre eles,

o grande Paulo Freire. Não considerando o analfabeto como ser capaz e produtivo,

o alfabetizador tende a ser apenas aquele que deposita e não aquele que tem o

dever de respeitar os conhecimentos trazidos pelos alfabetizandos

Ainda A.12 refere-se ao processo de alfabetização como “Ensinar a ler e a

escrever” contrapondo a idéia do Programa que diz que: Não basta ensinar a ler e a

escrever, é preciso respeitar o direito a cidadania, ao aprendizado e assegurar uma

educação de qualidade (SEC/TOPA).

O processo de alfabetização não deve ser reduzido somente ao domínio de

leitura e escrita. Entendemos que é a capacidade do educando fazer uso dessas

habilidades para então satisfazer suas necessidades sociais, políticas e culturais.

Como afirma Soares “saber usar a leitura e escrita para exercer uma prática social

em que a escrita é necessária” (2003, p.10).

O que percebemos, ao longo dessa análise, é que a maioria dos

entrevistados apresenta um conceito equivocado e simplista sobre o que seja

realmente alfabetizar.

4.2.5 Dificuldades encontradas

Em relação às dificuldades para trabalhar com a EJA, 100 % dos

alfabetizadores apontam a dificuldade de material para atender a clientela, como

explícita abaixo:

A2 “Falta de material didático e transporte para o alfabetizador”.

Page 57: Monografia Tiana Pedagogia 2011

56

A5 “A falta de material, que é uma coisa que ajuda muito”. A9 “A falta de material e o local das aulas”.

Para 100% dos alfabetizadores entrevistados a falta de material tem

prejudicado o trabalho. Isso não poderia acontecer no Programa TOPA - Todos pela

Alfabetização, considerando que pela Resolução de Dezembro 2007 a

disponibilidade de todo o material é de responsabilidade do Estado, através da

DIREC-28 e pelas falas dos alfabetizadores esse material não têm chegado aos

espaços educativos. O Programa é uma parceria entre os governos Federal,

Estadual e Municipal, incluindo aí as Entidades que a partir da II Etapa passaram a

fazer parte. É uma Rede, e se alguém falha, o Programa tende ao fracasso.

Page 58: Monografia Tiana Pedagogia 2011

57

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Considerando que a Educação de Jovens e Adultos deve levar em conta as

especificidades dos tempos humanos e as diversas formas de organizar a vida, o

trabalho e a sobrevivência dos coletivos populares, faz-se necessário encontrarmos

respostas para os objetivos propostos neste trabalho.

Acreditamos, assim, que com esta pesquisa monográfica tivemos a

oportunidade de conhecer o professor/alfabetizador, o seu perfil e o que pensa sobre

o seu papel na alfabetização de jovens e adultos, do programa TOPA, no município

de Campo Formoso – BA.

Concluímos no nosso trabalho que parte considerável dos alfabetizadores

apresenta uma visão ingênua e assistencialista do seu papel e percebem a

educação de adultos como processo compensatório, como uma maneira de ajudar

seus familiares e vizinhos analfabetos a conhecerem as primeiras letras e não como

direito assegurado por lei.

Na nossa análise crítica, a partir das leituras feitas e do confronto dessas com

a realidade da pesquisa, entendemos que o papel deste Alfabetizador é intermediar

o conhecimento para o educando estabelecendo uma ponte entre o saber popular e

o saber científico. E para isso é preciso que este esteja preparado pedagogicamente

para atuar. Na análise dos dados percebemos que o Alfabetizador do Programa

TOPA não atende ao requisito mínimo para exercer a docência e principalmente a

difícil tarefa de alfabetizar.

É perceptível a falta de preparo, de habilidades e competências para garantir

o processo de alfabetização. Notamos ainda a pouca ou quase nenhuma

participação em cursos que contemplem a educação de jovens e adultos.

Sendo assim, é possível perceber que os alfabetizadores que atuam no

Programa TOPA, uma proposta governamental para ser desenvolvido em oito

meses, não têm experiência suficiente que possa nortear a sua prática enquanto

Page 59: Monografia Tiana Pedagogia 2011

58

educador popular. Por outro lado, esses alfabetizadores pertencem à comunidade

onde alfabetizam pessoas, geralmente da relação de amizade ou mesmo de

parentesco. São alfabetizadores que conhecem o cotidiano dos alfabetizandos, mas

que não têm formação necessária para serem sujeitos capazes de possibilitar uma

formação significativa, que atenda aos objetivos da proposta que atuam.

Na prática esses Alfabetizadores buscam compensar a falta de

fundamentação teórica e metodológica, com atuações embasadas no senso comum

e nas suas experiências de vida.

A proposta pedagógica do Programa, baseada na regulamentação federal,

tem objetivos claros e procedimentos metodológicos bem definidos. Entretanto,

nossa pesquisa mostrou que a sua execução é permeada de obstáculos que

inviabilizam o pleno atendimento dos objetivos propostos. Pontuamos também a

falta de recursos para custear a infra-estrutura técnico metodológica como outro

fator deficiente da proposta, na visão dos nossos pesquisados.

Outro ponto a ser considerado é a proposta de formação das Unidades

Formadores. A carga horária pequena (60 horas de curso) tem ajudado aos

alfabetizadores a compreenderem melhor o processo de alfabetizar pessoas jovens

e adultas, mas não é suficiente para formar pessoas sem experiência na docência e

sem experiência no ato de alfabetizar.

Finalizamos o nosso estudo afirmando a necessidade de repensar o processo

de seleção do alfabetizador, atendendo as exigências propostas pela Resolução e

assim cumprir o papel social, não só de diminuir o índice de analfabetismo, mas

acima de tudo de incluir um número maior de pessoas jovens e adultos no mundo da

leitura e da escrita.

Page 60: Monografia Tiana Pedagogia 2011

59

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RODRIGUES, Auro de Jesus. Metodologia científica. São Paulo: Avercamp, 2006.

SAUNER, Nelita. F. M. Alfabetização de adultos Curitiba: Juruá, 2002.

SOARES, Magda. Letramento: Um tema em três gêneros. Belo Horizonte: Autêntica, 2001 Alfabetização e letramento. São Paulo: contexto, 2004

SOARES, Magda. Alfabetização: a “ressignificação do conceito”. Alfabetização e Cidadania. Revista de Educação de Jovens e Adultos. RaaB, n16, julho 2003. VIEIRA, Maria Clarisse. Fundamentos históricos, políticos e sociais da educação de jovens e adultos – Volume I: Aspectos históricos da educação de jovens e adultos no Brasil. Universidade de Brasília, Brasília, 2004. TARDIF, Maurice. Saberes docentes e formação profissional, Petrópolis, RJ: Vozes, 2002. Triviños, Augusto N.S. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa

qualitativa em educação: 1.ed. São Paulo: Atlas, 1987

VASCONCELOS, Leite de. Etnografia Portuguesa, vol. 4 Site: www.fnde.gov.br, link BRASIL ALFABETIZADO. Acesso em: 10/06/201.

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APÊNDICE

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO

CAMPUS VII SENHOR DO BONFIM – BA

COLEGIADO DE PEDAGOGIA

QUESTIONÁRIO

Discente: Tiana Souza Gonçalves Silva

Este Questionário é um instrumento de coleta de dados da Pesquisa

“Conhecendo o Alfabetizador do Programa TOPA”, orientado pela Professora

Norma Leite Martins. Agradecemos a sua colaboração e desde já informamos

que a sua identidade e dos demais participantes será mantida em sigilo.

Perfil dos entrevistados

1. Idade

( ) De 18 a 23 anos ( ) de 24 a 29 anos ( ) 30 a 35 anos ( ) de 36 a 41

anos ( ) acima de 42 anos

1.1 Sexo

( ) Feminino ( ) Masculino

1.2 Nível de escolaridade

( ) Ensino Médio ( ) superior completo

( ) superior incompleto ( ) Pós- graduação

( ) Outros, especifique:___________________

1.2 1 Se possui graduação, qual? ________________

1.2.2 Qual o ano de conclusão? ________________

1.2.3 Se possui pós graduação, qual? ____________

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1.3 Você participa ou participou dos cursos de formação oferecidos pelo programa?

( ) Sim ( ) Não

1.4 E outros cursos ou capacitações na área de alfabetização ou EJA?

( ) Sim ( ) Não

1.5 Se participa ou participou, qual a peridiocidade?

( ) No último ano ( ) nos últimos 4anos

1.6 Além de atuar no programa TOPA, exerce outra ocupação profissional?

( ) sim ( ) não

Qual? Especifique______________

1.7 Qual a renda familiar?

( ) até 1 salário mínimo ( ) de 2 a 4 salários mínimos ( ) de 5 a 7 salários

mínimos ( ) acima de 8 salários mínimos

1.8 O que você acha do valor da bolsa (remuneração)?

( ) ótima ( ) Boa

( ) regular ( ) ruim

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO

CAMPUS VII SENHOR DO BONFIM – BA

COLEGIADO DE PEDAGOGIA

ENTREVISTA

Discente: Tiana Souza Gonçalves Silva

Este Questionário é um instrumento de coleta de dados da Pesquisa

“Conhecendo o Alfabetizador do Programa TOPA”, orientado pela Professora

Norma Leite Martins. Agradecemos a sua colaboração e desde já informamos

que a sua identidade e dos demais participantes será mantida em sigilo.

1- Porque você se inscreveu para atuar como alfabetizador?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

2- Você conhece o Programa TOPA? Seus objetivos? Metodologia? Resultados

esperados?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

3- Como foi a sua capacitação para atuar no Programa? Foi suficiente e deu

segurança para atuar?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

4- Você se identifica com a função de alfabetizar jovens, adultos e idosos?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

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5- Quais as principais dificuldades que você apontaria no trabalho com a Educação

de jovens e adultos?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

6- Na sua atuação no TOPA, como você situaria o seu papel? De professor, de

monitor. Explique.

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

7- Qual a sua compreensão de alfabetização?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________