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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO CAMPUS VII SENHOR DO BONFIM BA VONEIDE DIAS DO NASCIMENTO ARTE-EDUCAÇÃO NAS SÉRIES INICIAIS: O QUE PENSAM OS PROFESSORES? SENHOR DO BONFIM-BA SETEMBRO 2011

Monografia Voneide Pedagogia 2011

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Pedagogia 2011

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Page 1: Monografia Voneide Pedagogia 2011

UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VII

SENHOR DO BONFIM – BA

VONEIDE DIAS DO NASCIMENTO

ARTE-EDUCAÇÃO NAS SÉRIES INICIAIS: O QUE PENSAM OS PROFESSORES?

SENHOR DO BONFIM-BA SETEMBRO 2011

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VONEIDE DIAS DO NASCIMENTO

ARTE-EDUCAÇÃO NAS SÉRIES INICIAIS: O QUE PENSAM OS PROFESSORES?

Monografia apresentada como requisito final para aquisição do grau de Licenciada em Pedagogia ao Departamento de Educação – Campus VII da Universidade do Estado da Bahia – UNEB.

Orientadora: Professora Mestre Maria Elizabeth Souza Gonçalves

SENHOR DO BONFIM – BA

SETEMBRO 2011

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VONEIDE DIAS DO NASCIMENTO

ARTE-EDUCAÇÃO NAS SÉRIES INICIAIS: O QUE PENSAM OS PROFESSORES?

APROVADA_______DE___________DE 2011:

Maria Elizabeth Souza Gonçalves Orientadora

_______________________________ Avaliador(a)

_______________________________ Avaliador(a)

Page 4: Monografia Voneide Pedagogia 2011

Dedico aos meus pais Valter e Maria, grandes

exemplos de carinho, dignidade, determinação e

inspiração de vida.

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AGRADECIMENTOS

Antes de tudo, agradeço a Deus “Inteligência suprema,

causa primaria de todas as coisas”, que sempre esteve ao meu lado dando-me fé,

luz, esperança e força de vontade.

Aos meus pais, que me deram a vida, o amor, e, me ensinaram

a viver com dignidade. Foi através desse amor que aprendi a valorizar a vida e

caminhar em busca de meus sonhos.

Aos meus familiares que iluminaram os caminhos obscuros

com afeto e dedicação para que eu trilhasse sem medo e cheia de esperança.

Às amigas: Cleane, Edilene, Jeame, Joerly, Lucélia, Renata e

Sandra que sempre me deram força nos momentos de aflição e me proporcionaram

momentos prazerosos.

À Jenecleide minha eterna amiga, pelo apoio e cumplicidade neste

momento e em muitos outros.

À minha orientadora, Profª. Maria Elizabeth Gonçalves por sua paciência,

seu carinho e suas contribuições valiosas, meu muito obrigada!

Aos professores do Campus VII, por seu estimulo valioso. Pois com a nobre missão

de aperfeiçoar, colaboraram com a minha caminhada.

Ao Pr. Erivaldo Portela, pela contribuição valiosa na construção desse trabalho.

Enfim a todos que conviveram comigo ao longo desses anos de sacrifício

e dedicação, o meu: muito obrigada!

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“Precisamos levar a arte que hoje está circunscrita a um mundo socialmente limitado a se expandir, tornando-se patrimônio da maioria e elevando o nível de qualidade de vida da população”.

Ana Mae Barbosa

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RESUMO Este trabalho reflete sobre a Arte-educação na docência das séries iniciais do Ensino Fundamental I, considerando a arte como um elemento essencial para a formação dos educandos, capaz de contribuir para o seu desenvolvimento físico, intelectual, psíquico e social. Portanto, constituindo-se algo indispensável no contexto educacional, uma vez que as artes despertam e expressam sentimentos, sentidos, imaginação e criação, a escola encontra-se carente de recursos incentivadores que contribuam para despertar o interesse dos educandos. O trabalho teve como objetivo refletir sobre a compreensão dos educadores sobre a importância da arte nos espaços educativos, fundamentado teoricamente em Duarte Jr (1991); Fusari (1993); Barbosa (1975 2008 e 2009); Sacristán (1998); Biasoli (1999) entre outros, baseia-se também em pesquisa de campo realizada com sete educadoras da escola Aristides Lopes da Silva da Cidade de Filadélfia, localizada no semiárido baiano, às quais foram aplicados como instrumentos de coleta: questionários fechados e entrevistas semiestruturadas, que foram analisados mediante articulação com a análise documental e os conceitos teóricos dos autores supra citados. Como resultados tem-se que o ensino de artes figura no Ensino Fundamental como mero apoio pedagógico; que os educadores sentem-se carentes de formação para atender à proposta de um ensino de arte que considere a arte com o seu verdadeiro sentido e que falta à escola pública muita estrutura em termos de espaço físico bem como materiais para um ensino de arte que seja satisfatório. Palavras Chave: Compreensão. Séries Iniciais. Arte-educação.

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LISTA DE FIGIRAS

FIGURA – 01: Faixa Etária dos Sujeitos .................................................................. 36

FIGURA – 02: Formação dos Sujeitos ..................................................................... 37

FIGURA – 03: Tempo de Experiência ..................................................................... 37

FIGURA – 04: Carga horária semanal .................................................................... 38

FIGURA – 05: Dados da Frequência no uso de elementos artísticos ...................... 39

FIGURA – 06: Dificuldades encontradas no trabalho com artes ............................. 43

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 10

CAPÍTULO I

1. A ARTE NA EDUCAÇÃO BRASILEIRA .............................................................. 12

CAPÍTULO II

2. FUNDAMENTANDO CONCEITOS ..................................................................... 18

2.1. HISTORIANDO O ENSINO DA ARTE NO BRASIL ..................................... 18

2.2. COMPREENSÃO ........................................................................................ 20

2.3. SÉRIES INICIAIS ......................................................................................... 26

2.4. ARTE-EDUCAÇÃO ...................................................................................... 28

CAPÍTULO III

3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS .......................................................... 32

3.1. A NATUREZA DA PESQUISA .................................................................... 32

3.2. INSTRUMENTOS DE COLETA ................................................................... 32

3.2.1. Questionário fechado .......................................................................... 33

3.2.2. Entrevista semiestruturada ................................................................. 33

3.2.3. Análise documental ............................................................................. 33

3.3. LÓCUS DA PESQUISA ............................................................................... 34

3.4. SUJEITOS .................................................................................................... 34

3.5. ANÁLISE DE DADOS .................................................................................. 35

CAPÍTULO IV

4. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS ...................................................... 36

4.1. PERFIL DAS DOCENTES ........................................................................... 36

4.1.1. Gênero ................................................................................................ 36

4.1.2. Faixa etária ......................................................................................... 37

4.1.3. Formação docente .............................................................................. 38

4.1.4. Tempo de atuação na docência .......................................................... 38

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4.1.5. Jornada de trabalho ............................................................................ 39

4.1.6. Frequência no uso de atividades artísticas ......................................... 40

4.2. ANÁLISE DA ENTREVISTA ....................................................................... 40

4.2.1. A compreensão dos professores sobre arte ....................................... 41

4.2.2. A importância da arte no processo de ensino aprendizagem ............. 42

4.2.3. Dificuldades encontradas para trabalhar arte na sala de aula ........... 44

4.2.4. Relação da arte com outros componentes curriculares ...................... 46

4.2.5. Recursos didático pedagógicos utilizados no ensino de artes ........... 47

4.2.6. Reação dos alunos à aplicação dos instrumentos artísticos .............. 49

4.2.7. A arte proporciona autonomia ............................................................ 49

4.3. ANÁLISE DOCUMENTAL ............................................................................ 50

4.3.1. Escassez de documentos .................................................................. 50

4.3.2. A arte não documentada ..................................................................... 51

CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................... 53

REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 55

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INTRODUÇÃO

ARTE-EDUCAÇÃO NAS SÉRIES INICIAIS: O QUE PENSAM OS PROFESSORES?

A arte está presente na vida humana desde os seus primórdios. Tornando-se uma

aliada na preservação da vida, consequentemente na sobrevivência da espécie

humana. Por meio de artefatos artísticos, é possível conhecer estágios da evolução do

homem, bem como, traços da organização social, hábitos culturais e religiosos e

muitos outros aspectos da existência humana primitiva, de épocas que precedem a

própria história. Além disso, há na arte um sentido libertador e gerador de autonomia, e

o seu ensino torna se importante no social. A educação através de arte valoriza

humano nos aspectos intelectual, moral, estético e outros, contribuindo para a

formação de uma consciência individual harmonizada ao grupo social.

Considerando essa importância da arte para a vida, este trabalho discute a sua

inclusão na educação oferecida pela escola pública nas séries iniciais do Ensino

Fundamental numa região periférica da cidade de Filadélfia-Ba, município integrante

do semiárido baiano. Visando, conhecer as compreensões que a docência dessa

instituição postula sobre o ensino de artes e até que ponto essas compreensões se

traduzem em prática educativa na experiência vivenciada naquela instituição.

Para facilitar a organização das discussões, considerando também a ordem sequencial

das temáticas abordadas, este trabalho está estruturado em quatro Capítulos.

No Capítulo I, encontra-se uma discussão reflexiva situando o tema historicamente e

contextualizando-o ao lócus da pesquisa, levantando os questionamentos emergentes

das inquietações tangíveis que se fazem necessários à sua compreensão e definição

do problema e dos objetivos.

No Capítulo II, são apresentados os conceitos chave da discussão respaldada e

subsidiada pelo aporte teórico de diversos autores e da legislação educacional sobre o

tema. Ressaltando a sua profundidade e complexidade no âmbito das concepções

pedagógicas voltadas para as séries iniciais do Ensino Fundamental l.

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No Capítulo III, ganham clareza as informações sobre as bases metodológicas em que

se apoiou a pesquisa e descrevem as peculiaridades do lócus, dos sujeitos, dos

instrumentos de coleta e dos processos de análises de dados empregados no trabalho.

Enquanto o Capítulo IV descreve as discursões resultantes da reflexão sobre o perfil e

as falas dos sujeitos, bem como da análise dos documentos encontrados na pesquisa

de campo articuladas com os conceitos oriundos dos referenciais teóricos que

respaldaram as discussões.

Concluindo, são apresentadas as Considerações confirmando a partir das

constatações do estudo, a pertinência e a emergência do tema para a educação,

como também as inferências da autora frente aos objetivos.

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CAPITULO I

1. A ARTE NA EDUCAÇÃO BRASILEIRA

Ao longo da história da humanidade a arte tem sido reveladora de sentimentos,

pensamentos, experiências dos mais diferentes povos neste continente rico em

diversidade. Além disso, tem se comportado ainda como um dos mais primitivos e

belos recursos utilizados pelo homem para se comunicar, para perpetuar-se na

posteridade, constituindo-se num dos mais importantes meios de transmitir, difundir e

registrar fases significativas da história do percurso humano na terra. Por meio do

estudo dos registros gráficos, e artefatos artísticos, é possível conhecer estágios da

evolução do homem, bem como, traços da organização social, hábitos culturais e

religiosos e muitos outros aspectos da existência humana primitiva, de épocas que

precedem a própria história. Ferreira, (2001) relata que:

A arte aparece em todos os povos, de todos os continentes, em todas as épocas! A arte é a necessidade humana de se expressar, de se comunicar com seu(s) deus (ses), com seus semelhantes, consigo mesmo, criar e mostrar seus mundos, mas seu desenvolvimento, como arte, depende da sociedade, do ambiente no qual o sujeito sonhante está imerso (p.80/81).

É inquestionável, que desde os primórdios da história da humanidade, a arte sempre

esteve presente em praticamente todas as culturas, exercendo um papel muito

importante como recurso para expressar sentimentos e compartilhar experiências,

através de valores estéticos como beleza, equilíbrio e harmonia. E pode ser

constatadas nas suas diversas formas: na pintura, na música, na dança na

dramatização e outras formas de representação.

O homem pré-histórico, quando desenhava na parede da caverna teve de aprender

seu ofício de alguma maneira, e do mesmo modo ensinar para alguém o que fazia.

Nesta perspectiva da arte, essa capacidade de criar imagens se aperfeiçoava, por

tornar essas imagens em produtos gravados. Obviamente, tratava-se de códigos de

comunicação que necessitavam de certa aceitação convencional, isto é, de ser

consagrado socialmente pelo uso ou pela instrução que as tornava decifráveis entre

os indivíduos e as comunidades. Fazendo dos recursos rupestres uma das primeiras

formas de “leitura e escrita”. Portanto, pode-se inferir que o ensino da arte, embora

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em caráter informal, e por mais que seja considerado elementar, muito precede ao

ensino de outras formas de leitura e escrita.

Assim o ensino/aprendizagem da arte faz parte do conhecimento que envolve a

produção artística em todos os tempos. Susanne Langer apud Duarte Junior (1991)

afirma que:

Essa imaginação primitiva – essa produção de imagens foi o primeiro passo na criação não só da arte, mas também da linguagem. Isto é compreensível na medida em que se percebe que, ao evocar imagens mentais daquilo que havia visto, o homem das cavernas estava de certa forma representando-as (p.38).

Portanto, ao recorrer a alguma forma de arte para representar a imagem, o individuo

constrói símbolos que permitem significar objetos, animais, pessoas ou fenômenos

que estão ausentes. É imensurável a importância dessas informações para o resgate

do conhecimento das formas de vivencias, convivências e sobrevivências das

sociedades primitivas.

Nessa perspectiva, a arte não é vista como um gênero de atividade supérflua, mas

indispensável à vida humana, uma vez que se origina na necessidade de

comunicação. Logo ao nascer, a criança já interage com as manifestações culturais

dos que a cercam e os fenômenos do ambiente do qual faz parte e, iniciam-se no

processo de aprender a demonstrar o gosto e prazer pelas coisas que estão a sua

volta. Este contato com o meio o permite desenvolver habilidades de apreciar e de

fazer arte. De acordo com Duarte Junior, (1991):

Desde o nosso nascimento, a forma como devemos ver e entender o mundo nos é ensinada pelos nossos semelhantes através da linguagem. Para a criança, “as coisas lhe vêm vestidas em linguagem, não em sua nudez física; e esta vestimenta de comunicação à torna participante nas crenças daqueles que a rodeiam” (p.25).

A importância da arte para a Educação remonta, portanto, ao início da civilização

humana, tornando-se um dos fatores fundamentais da própria humanização.

Obviamente, tratavam-se da educação do tipo informal que tinha como objetos

fundamentais, as habilidades básicas para a sobrevivência do indivíduo e da

espécie, num momento em que ainda não se havia desenvolvido formas mais

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complexas de comunicação, a exemplo da fala, da leitura e da escrita, restringiam-se

a expressões que hoje são tidas como estritamente artísticas. Conforme Buoro

(2003).

Uma das primeiras referências da existência humana na Terra aparece nas imagens desenhadas nas cavernas, que hoje chamamos de imagem artística. Nesse sentido, pode-se dizer que a Arte está presente no mundo desde que o homem é homem (p.19).

Sendo assim, ao trabalhar com artes nas escolas de Educação Infantil e Ensino

Fundamental, resgatam-se traços da originalidade humana relacionados com a sua

própria natureza. Utilizá-la como recurso mediador da aprendizagem é, portanto,

estabelecer uma forma de ensino que diminui os efeitos da ruptura entre os tipos de

educação, uma vez que a criança encontra-se acostumada à aprendizagem informal

onde os métodos são naturais e envolvem, principalmente o “ver fazer” o que gosta,

o que a atrai, e o “aprender fazendo” o que quer.

O educador, de modo geral, mesmo que não se considere um arte-educador, pode e

até deve utilizar dos recursos artísticos, como mediação na sua metodologia de

ensino, todavia necessita de uma formação que respalde essa prática. Portanto faz-

se necessária a organização do trabalho, visto que a pratica do ensino

aprendizagem da arte na escola traz consigo questões relativas ao processo

educacional e a forma como o professor elabora sua proposta para a sala de aula.

Ao longo dos anos muito se tem discutido sobre a importância e as contribuições da

arte como componente curricular obrigatório e a necessidade de formação específica

do docente responsável por esta área de conhecimento.

Nesse sentido o professor estaria em condições de possibilitar ao educando

oportunidades efetivas de aprendizagem que lhe proporcionasse experiências

estéticas e a formação da sensibilidade artística tão necessária à formação integral

do aluno e a valorização das culturas locais e universais.

Historicamente, o ensino da arte no Brasil mostra certo crescimento, passando por

várias fases de compreensão. No final da década de 70, estabeleceu o movimento

arte-educação. No princípio este movimento organizou-se fora da educação escolar

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e a partir de premissas metodológicas fundamentadas nas ideias da Escola Nova e

da Educação através da Arte. Essa forma de compreender o ensino da Arte vem

propondo uma ação educativa criadora, ativa e centrada no aluno. De acordo com

Biasoli (1999).

A arte-educação constituiu, no Brasil, um movimento surgido no final da década de 1970, organizado fora da educação escolar, que buscava novas metodologias de ensino e aprendizagem da arte nas escolas por meio de uma concepção de ensino de arte com base numa ação educativa, mas criadora, mais ativa e que envolvesse o aluno de forma mais direta, mais concreta (p.87).

Em 1971, foi assinada a Lei 5692/71, que propõe a reforma de 1º e 2º graus. Define-

se a partir daí a inclusão da Arte no currículo escolar, com o título de Educação

Artística. Imposta de forma autoritária por milhares de tecnocratas a qual imprimira à

educação uma tendência fortemente tecnicista. A respeito disso Duarte Junior (1991)

salienta que:

O seu objetivo último sempre foi não se pode negar – a eliminação de qualquer criticidade e criatividade no seio da escola, como a concomitante produção de pessoal técnico para as grandes empresas. [...]. Havia que se preparar desde os níveis mais elementares, um pessoal que, não tendo uma visão totalizante e critica da cultura em que estavam trabalhassem sem causar grandes problemas (p.80/81).

As décadas subsequentes à inclusão da educação artística no currículo geraram

sérias sequelas à formação artística das crianças. A indefinição da área de

conhecimento, a identificação da disciplina como atividade decorativa, a falta de

formação dos professores responsáveis pela pasta, à perspectiva da arte como

desenho geométrico criaram um fosso significativo no universo da arte na educação

básica e a formação integral dos alunos. A partir da LDB Lei 9394/96, Lei de

Diretrizes e Bases da Educação Nacional a presença da arte como área do

conhecimento assume nova configuração, tornando-se obrigatória no currículo

escolar, nos diversos níveis da educação básica, superando a abordagem

fragmentada e superficial que vinha sendo adotada. Referindo-se à superficialidade

daquela prática, Fusari (1993) destaca:

Na prática, a Educação Artística vem sendo desenvolvida nas escolas brasileiras de forma incompleta, quando não incorreta. Esquecendo ou desconhecendo que o processo de aprendizagem e desenvolvimento do educando envolve múltiplos aspectos, muitos professores propõem atividades às vezes totalmente desvinculadas de um verdadeiro saber artístico. (p.16).

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Portanto, a presença da arte na educação escolar, ao longo de sua história, tem

mostrado um descompasso entre os caminhos apontados por alguns teóricos e a

prática de alguns educadores, pois muitas vezes as atividades de arte são

realizadas sem o necessário objetivo que atenda ao planejamento do

ensino/aprendizagem previsto. Muitas vezes alguns educadores ainda continuam

presos a metodologias antigas, mostrando-se resistente à assunção da arte como

campo específico de conhecimento. “A história do ensino de Arte, em nosso país

revela muito bem os caminhos superficiais na relação teoria/prática na área”

(BARBOSA 2008. P.162).

No entanto, é importante destacar que esse novo contexto legal gerou a

necessidade de repensar a função da arte na Educação escolar, e de reformas

curriculares que atendessem às novas demandas impostas à Arte.

Neste curso, o Ministério da Educação inicia um processo de reflexão e de formação

em cadeia nacional ao propor um documento norteador, ou pelo menos, provocador,

do trabalho docente a partir dos PCNs - Parâmetros Curriculares Nacionais para o

Ensino de Arte, cuja finalidade

“não é estabelecer um currículo mínimo comum ou um conjunto de conteúdos obrigatórios, mas sim uma proposta aberta e flexível que será levada a efeito pela ação conjunta de professores, equipes pedagógicas e lideranças educacionais do país” (BIASOLI, 1999, p.103)

O novo contexto histórico da arte no currículo da Educação básica vai exigindo

novos direcionamentos e atenção, especialmente no que tange à formação dos

professores e neste sentido vai abrindo novos leques para o conhecimento e o

reconhecimento de linguagens, culturas e experiências estéticas fomentadoras da

consciência crítica e da vivência cidadã tendo como ponto de partida a comunidade

escolar e assim a arte vai se justificando como área de conhecimento e prática social

humanizante.

Nisto consiste a relevância desse trabalho monográfico, que expressa a inquietação

percebida nas vivências e convivências da pesquisadora no meio docente das

escolas públicas do Ensino Fundamental quanto à carência de recursos mediadores

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capazes de envolver os educandos no processo de aprendizagem de forma mais

envolvente. E por considerar a Arte, uma elemento que além de atender a esse

carência, constitui-se por si mesma essencial na formação de um ser humano

sensível, livre, autônomo e democrático entre outros adjetivos importantes na

construção da personalidade.

Diante disso, essa pesquisa busca conhecer e refletir sobre a seguinte questão:

Qual a compreensão que os professores da Escola Municipal Aristides Lopes da

Silva em Filadélfia-Ba têm da importância da arte no processo de ensino

aprendizagem e como eles aplicam essas compreensões no espaço escolar em que

atuam.

Objetivando, de modo geral, refletir sobre a compreensão dos educadores sobre a

importância da arte nos espaços educativos; e, de modo mais específico: conhecer

as aspectos pedagógicos, espaço físico e condições materiais de implementação da

arte-educação; discutir a aplicabilidade de elementos artísticos como mediadores no

processo de ensino/aprendizagem e, finalmente, contribuir com a discussão da

formação docente para a inclusão da arte-educação no Ensino Fundamental.

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CAPITULO II

2. FUNDAMENTANDO CONCEITOS

A sociedade passa por constantes transformações. Atualmente, grandes e

significativas mudanças vêm influenciando o modo de vida das pessoas, sobretudo

devido ao avanço nas comunicações que tem gerado maior e mais acelerado acesso

ao conhecimento. A Educação, como fenômeno eminentemente social, não deixa de

ser influenciada por esse contexto metamorfósico, ainda que se questione se essa

influência tem sido benéfica ou maléfica. Pois, embora tais mudanças venham

acontecendo e apesar de várias iniciativas que tentam minimizar os problemas

educacionais, os resultados obtidos ainda não são satisfatórios diante das funções a

que a educação se propõe.

Notando-se a necessidade de uma reflexão maior sobre a educação que se tem e

que mudanças se fazem necessárias para torná-la mais capaz de atender aos seus

propósitos, este trabalho dialoga com vários autores que se notabilizam pela

inserção de elementos artísticos na escola e no processo educativo. E, trazem

registros históricos, com bases teóricas e práticas que podem ser objetos de estudo

e reflexão. Diante disso surgem alguns conceitos chave como elementos que

nortearão a discussão em torno da problemática. Quais sejam: Compreensão, Séries

Iniciais e Arte-educação.

2.1. HISTORIANDO O ENSINO DA ARTE NO BRASIL Sabemos que como área do conhecimento a Arte tem por função fazer uma conexão

da arte com outras manifestações de uma mesma civilização. Portanto estudar a

história da Arte não significa apenas estudar períodos, fatos e estilos é preciso

compreender o percurso da Arte e refletir sobre os problemas e soluções artísticas e

estéticas nela envolvidos.

O contato com a produção artística do período pré-histórico, do Mundo Antigo, das

Américas e mesmo do Brasil, nos faz compreender o processo artístico humano nas

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suas origens. Por meio das representações gráficas e esculturas que foram

encontradas nos artefatos líticos, nas cerâmicas e principalmente na arte rupestre,

podemos observar a evolução da arte e procurar as ligações formais, simbólica e

ritualística dos povos pré-históricos.

As primeiras descobertas da arte pré-histórica ocorreram no século XIX, na Europa.

Atualmente já se sabe que nas Américas também tivemos revelações equivalentes.

Essas descobertas decorrem de pesquisas recentes e somente a partir de 1950

foram divulgados alguns dos estudos.

Observando as produções artísticas desde os primórdios percebe-se que elas se

relacionam com a própria vida humana, com a sua realidade social, construtiva e

com os modelos de civilizações que a produziram. No Brasil a arte rupestre

encontra-se em extensas áreas de nosso território, principalmente nas regiões norte

e nordeste. Os grafismos e as pinturas rupestres brasileiras representam com suas

imagens uma verdadeira documentação antropológica.

As primeiras experiências do ensino formal no Brasil têm sua origem no período

colonial. Assim, “As manifestações artísticas dos primeiros séculos da colonização

em nosso país ocorreram com a efetivação do sistema colonial” (FUSARI, 1993,

p.121), e tinham uma concepção influenciada pela intenção de solidificar a

dominação. Suas ideias e propostas estavam fundamentadas numa política

educacional que beneficiasse a coroa portuguesa. “E a vinda da ordem religiosa

jesuítica (1549), beneditina (1581) e franciscana (1584), que trouxeram ao Brasil

vestígios de sua cultura” (FUSARI, 1993, p.121). Nesse período os responsáveis

pela educação, os jesuítas, e outras ordens religiosas, preocupavam-se apenas com

o ensino religioso e tinha como propósito catequizar os índios. Todo esse processo

tinha como objetivo formar seres obedientes às regras impostas pela coroa

portuguesa. Sob tais circunstancias a arte e todas as demais manifestações culturais

no Brasil foram construídas “pela aculturação sistemática e intensiva do elemento

indígena aos valores espirituais e morais da civilização ocidental” (MATOS, 1958, p.

51, apud Ribeiro, 1998, p.18).

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No período Barroco, os técnicos, artesões e artistas brasileiros vão assumindo

posições mais reconhecidas fazendo de sua arte um espetáculo de

deslumbramentos. Nesse período as artes apresentam mudanças de estrutura e

forma, definindo os estilos do momento.

No século XIX, destaca-se a influência das artes no processo político a partir dos

momentos históricos culturais vividos no país. A passagem do Brasil colonial ao

Brasil independente caracterizou-se não só pelas convulsões políticas internas, mas

por todo um clima de ideias e avanços estimuladores. A nova geração de intelectuais

e artistas procurou nesse período os caminhos e temáticas mais atualizadas da

época para as suas manifestações.

Em 1808, a vinda da família Real para o Brasil, ocasionou mudanças significativas –

o ensino passou a ser estruturado sob a influência das ideias liberais propagadas

pelo iluminismo e pela República Francesa; os antigos métodos dos jesuítas

começaram a ser questionados diante de uma nova mentalidade que se propagava,

principalmente, por artistas e intelectuais que receberam formação na Europa.

Influenciados pela missão Francesa, que chegou ao Brasil em 1816, pintores

brasileiros seguiram os esquemas neoclássicos adaptando-os aos assuntos

nacionais. É nessa época que a arte se dissocia do principio da religiosidade e

move-se pelos princípios estéticos. No entanto, Segundo Fusari (1993).

Todavia, as manifestações artísticas não são necessariamente traduções literais de uma linha estética dominante ou da “moda”; mas por estarem conectadas a um contexto sociocultural, elas incluem sempre um posicionamento estético do artista evidenciado em sua obra. (p.53).

Dessa forma, a arte introduzida no ensino brasileiro cada vez mais se distância da

nossa arte popular. Vê-se muito mais comumente praticada nas escolas tanto como

“educação artística” quanto como elemento mediador esporadicamente utilizado no

ensino de competências diversas, uma arte mais elitizada como se houvesse a

intenção de que os alunos assimilem uma proposta já convencionalmente preferida

pela sociedade, filtrando e relegando ao descaso as possibilidades de criação

próprias dos alunos. Um bom exemplo disso é o caso do grafite que durante muito

tempo era considerado ato de rebeldia praticado por adolescentes dos centros

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urbanos que certamente não tinham oportunidade de praticar na sala de aula ou

dentro dos muros da escola. Chegando até mesmo a se constituir, em alguns

lugares, um sério problema de segurança. No entanto é hoje uma forma artística

reconhecida e fortemente utilizada como expressão popular e ornamento de áreas

urbanas e até de espaços públicos e privados onde predomina o mais requintado

padrão estético.

Com o fim da escravidão e a Proclamação da República no Brasil os positivistas e

liberais ansiavam por mudanças na sociedade e buscavam na educação o meio de

concretizar seus ideários. Nesse período os liberais já percebem a arte como técnica

para o mercado de trabalho. Os liberais representados pelo brasileiro Rui Barbosa, o

qual propôs através de suas reformas educacionais, a implantação do ensino do

desenho no currículo escolar com o objetivo de preparar o individuo para o trabalho.

O ensino de arte, no Brasil ganhou grande ênfase após a Semana da Arte Moderna

(1922) com a ideia de livre expressão (expressionismo) protagonizada por Anita

Mafalde e Mario de Andrade que acreditavam no ensino da arte com finalidade muito

mais profunda de modo a explorar a criatividade da criança e a expressão

espontânea de seus sentimentos, e, não apenas como um conteúdo a ser ensinado.

Como discorre Barbosa (1975):

A ideia da livre-expressão, originada no expressionismo, levou à ideia de que a Arte na educação tem como finalidade principal permitir que a criança expresse seus sentimentos e à ideia de que a Arte não é ensinada, mas expressada. Esses novos conceitos, mais do que aos educadores, entusiasmados artistas e psicólogos, que foram os grandes divulgadores dessas correntes e, talvez por isso, promover experiências terapêuticas passou a ser considerada a maior missão da Arte na Educação (p.45).

Por volta de 1930 surge no Brasil o movimento denominado Escolanovismo ou

“Escola Nova”. Esse movimento acredita que a educação é o principal elemento

eficaz para assumir a organização de uma sociedade mais democrática levando em

consideração as diversidades e respeitando a individualidade do sujeito. Os

educadores que adotam essa concepção consideram que o ensino aprendizagem

deveria ser assegurado ao individuo integrando os princípios da construção da

autonomia formando um cidadão atuante e democrático.

Page 23: Monografia Voneide Pedagogia 2011

22

Em 1948 foi fundada a Escolinha de Arte no Brasil (EAB) sendo logo depois

denominada – Movimento Escolinhas de Arte (MEA), composta por um conjunto de

140 escolinhas espalhadas por todo o país que “abriu novos horizontes para novas

concepções, e o objetivo mais difundido da Arte-Educação passou a ser, entre nós,

o desenvolvimento da capacidade criadora em geral” (BARBOSA, 1975, p. 46).

O sistema educacional brasileiro tem percorrido caminho de muitos avanços e

retrocessos, e ainda é possível encontrar ranços de uma abordagem autoritária de

concepção jesuítica na prática de professores de artes em escolas que veem esta

disciplina apenas como uma a mais no currículo regular.

2.2. COMPREENSÃO

A função docente é, por sua própria natureza, reflexiva. O educador é um pensador,

um formador de opinião, um transformador social. Educar é entre outras coisas,

encampar a luta pelas melhorias sociais e “Ninguém luta contra forças que não

compreende cuja importância não mede cujas formas e contornos não discerne.”

(FREIRE, 1987, p. 41).

Portanto, compreensão é fundamental no exercício das funções docente. Sem

compreensão não há educação, porque não há intenção nos atos didáticos, não há

propósitos. Sem compreensão a ação pedagógica perde o sentido, o motivo e a

direção.

Diante da diversidade de competências que envolvem os processos educativos, da

multiplicidade de fatores que interferem nos resultados da ação didática, bem como

das constantes mudanças contingenciais do ambiente e do momento educacional, a

compreensão torna-se o elemento de maior importância na prática pedagógica, e,

consequentemente na competência dos educadores. Para garantir a sensatez e a

coerência necessárias às ações de articulação do processo de ensino-

aprendizagem. Sacristán (1998) diz que:

Page 24: Monografia Voneide Pedagogia 2011

23

Sem compreender o que se faz, a prática pedagógica é mera reprodução de hábitos existentes, ou respostas que os docentes devem fornecer as demandas e ordens externas. Se algumas ideias, valores e projetos se tornam realidade na educação é porque os docentes os fazem seus de alguma maneira: em primeiro lugar, interpretando-os, para depois adaptá-los. (p.09)

Diante das mudanças, nas formas de pensar, agir e fazer das novas gerações e das

transformações do modo de vida, o educador é desafiado a cada dia, a adaptar-se

como resposta às novas formas de ver e ser dos indivíduos, da sociedade e da

própria instituição escolar e ou dos sistemas de ensino.

Educar é, portanto, um exercício constante de compreensão a cerca da

complexidade do cotidiano escolar, que envolve a reflexão e o domínio de

conhecimentos relacionados aos métodos, aos conteúdos, às circunstâncias, e,

principalmente ao momento social e emocional de cada um dos entes envolvidos no

processo, desde o próprio educador, os educandos, suas famílias e até a

comunidade da qual fazem parte.

Tal contexto exige do educador a revisão frequente do seu papel enquanto mediador

do conhecimento à luz de vários segmentos da ciência e das competências

humanas, inclusive da arte.

A arte, por sua vez deve ser introduzida no processo educativo sempre sob profunda

reflexão compreendendo seu sentido e sua importância na formação do ser humano.

Segundo Sacristán (1998),

A função do professor/a será facilitar o contexto de compreensão comum e trazer instrumentos procedentes da ciência, do pensamento e das artes para enriquecer esse espaço de conhecimento compartilhado, mas nunca substituir o processo de construção dialética desse espaço, impondo suas próprias representações ou cerceando as possibilidades de negociação aberta de todos e cada um dos elementos que compõem o contexto de compreensão comum (p.64).

Nesse sentido criar um espaço de compreensão comum exige um compromisso de

participação por partes dos alunos e do professor num processo aberto de

comunicação, pois compreender a vida na sala de aula é um requisito necessário

para evitar a arbitrariedade na intervenção formando uma espiral na qual ambos

estimulam-se mutuamente. Morin (2005) afirma que:

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24

A compreensão é ao mesmo tempo meio e fim da comunicação humana. O planeta necessita, em todos os sentidos, de compreensões mutuas. Dada a importância da educação para a compreensão, em todos os níveis educativos e em todas as idades, o desenvolvimento da compreensão necessita da reforma planetária das mentalidades; esta deve ser a tarefa da educação no futuro. (p.104).

Partindo desse pressuposto, a compreensão vai além de buscar explicações sobre

os problemas que acontecem no cotidiano escolar, é sentir procurando compreender

a que fim chegou determinado problema. Pois a escola é o lugar onde professores e

alunos juntos adquirem conhecimentos, é um espaço onde a aprendizagem é

contínua e que deve dar oportunidade para que os alunos tenham a capacidade em

desenvolver habilidades para facilitar a compreensão dos fatores sociais, culturais e

econômicos, para que eles possam está apto a intervir na comunidade na qual está

inserido.

Ao realizar suas tarefas básicas, a escola e os professores cumprindo responsabilidades sociais e políticas. Com efeito, ao possibilitar aos alunos o domínio dos conhecimentos culturais e científicos a educação escolar socializa o saber sistematizado e desenvolve capacidades cognitivas e operativas para a atuação no trabalho e nas lutas sociais pela conquista dos direitos de cidadania. (LIBÂNEO, 1994, p.33)

Assim, o educador que prioriza uma educação de qualidade considerando-a como

um compromisso social necessita está sempre revendo sua postura em sala de aula

e promovendo uma educação que valorize sua cultura, abrindo espaço para o

conhecimento e inter-relações com outras diferentes culturas e “compreender a teia

de relações que se estabelece dentro da escola, a partir do reconhecimento de que

esta como uma instituição social, é construída pra sujeitos sócio culturais e,

consequentemente, é um espaço da diversidade étnico-cultural”. (DAYRELL, 1996,

p. 85).

Lamentavelmente, não obstante a escola seja uma instituição designada para

desenvolver a socialização dos sujeitos, ainda se mostra extremamente reacionária,

pois a mesma às vezes impede que os alunos menos favorecidos desenvolvam o

seu potencial de vida, pois não há uma linguagem e muito menos conteúdo

condizente com seus problemas e sua realidade. Neste sentido, Vasconcelos (2000)

salienta que:

Page 26: Monografia Voneide Pedagogia 2011

25

O processo de ensino-aprendizagem pode ser assim, sintetizado: o professor passa para o aluno, através do método de exposição verbal da matéria, bem como de exercício de fixação e memorizado, os conteúdos acumulado culturalmente pelo homem, considerados como verdades absolutas. Nesse processo predomina a autoridade do professor enquanto o aluno é reduzido a um mero agente passivo. Os conteúdos por sua vez, pouco tem a ver com a realidade concreta dos alunos, com sua vivência, os alunos menos capazes devem lutar para superar as dificuldades, para conquistar seu lugar junto aos mais capazes (p.18).

Nesse caso, ao considerar essa realidade pode se perceber que o professor é visto

a partir de uma visão tecnicista, ou seja, alguém que adquiriu habilidades para

desenvolver sua função mecanicamente e o aluno como um receptor no qual os

conhecimentos são depositados.

2.3. SÉRIES INICIAIS

As séries iniciais do ensino fundamental normalmente atende a crianças de (06 a 11

anos), sendo essas séries o ponto de partida na formação intelectual e emocional da

criança, é o inicio da conquista, do crescimento e da autonomia, por isso, a

construção da criticidade tem seu inicio nesse período.

Nessa etapa, dando continuidade às atividades desenvolvidas na Educação Infantil,

o educando começa a receber a sua primeira educação formal, planejada e

sistematizada. Essa aprendizagem é primordial na vida escolar da criança, são nas

séries iniciais do Ensino Fundamental que eles desenvolvem suas habilidades em

adquirir diversos conhecimentos. Mello (1987) diz que:

É nas séries iniciais, que a escola básica precisa garantir a todos condições para aprender a ler, escrever, contar e operar com as nações de ciências em geral, e nas séries mais avançadas deverá se voltar para o aprimoramento no domínio da linguagem, o aprofundamento dos conhecimentos científicos a integração entre reflexão e trabalho. (p.91).

Portanto é a partir das séries iniciais que os alunos começam a construir sua

identidade e autonomia. Além disso, é onde eles desenvolvem suas capacidades

físicas e mentais, usando sua imaginação e criatividade para desenvolver saberes

essenciais para sua vida em diferentes contextos. (família, escola e grupos sociais)

Abramawicz (1987), afirma que:

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26

A escola primária tem sua finalidade soberana: ensinar a criança a pensar. “Pensar e Criar”. Há um mundo físico para ser identificado: uma sociedade e uma pátria para delas participarmos responsavelmente; uma sensibilidade

para ser aflorada, apurada e enriquecida. A escola primária é que apresenta as primeiras condições ordenadas para esse difícil e permanente aprendizado. (p. 107).

Nesse sentido, é importante que nas séries iniciais do Ensino Fundamental a escola

cumpra o papel de oferecer condições necessárias e propiciar oportunidades de

trabalhar artes desenvolvendo um processo de ensino aprendizagem mais prazeroso

e significativo para os alunos. Pois a arte é uma das formas mais eficazes para

envolver os educandos nas atividades, e esta está intimamente ligada ao modo de

ser e viver da criança, rico de imaginação e fantasia.

O processo de aprendizagem, mediado por alguma modalidade artística, possibilita

uma melhor integração e construção de um conhecimento conjunto entre os alunos

e os professores. Para tanto, o professor precisará estar preparado, tendo

conhecimento dos fundamentos básicos da arte enquanto campo de conhecimento

resgatando-lhe o verdadeiro sentido e uma prática educativa criativa e envolvente.

Assim, é papel da escola e do professor, refletir sobre os elementos da arte nos

âmbitos regional, nacional e internacional, compreendendo também de maneira

crítica inclusive aquelas produzidas pela mídia para promover a difusão do

conhecimento artístico entre os educandos bem como as possibilidades do

envolvimento destes com alguma forma de arte já nas séries iniciais do Ensino

Fundamental.

De acordo com os PCNs de Artes (2001).

O Ensino Fundamental configura-se como um momento escolar especial na vida dos alunos, porque é nesse momento de seu desenvolvimento que eles tendem a se aproximar mais das questões do universo do adulto e tentam compreendê-las dentro de suas possibilidades. Ficam curiosos sobre temas como a dinâmica das relações sociais, as relações de trabalho, como e por quem as coisas são produzidas. (p.48).

A escola e os educadores das séries iniciais necessitam de uma visão ampla acerca

da importância da arte, como ajuda no desenvolvimento infantil, como algo que

auxilia a criança na construção de sua identidade individual e social. Considerando o

aluno como sujeito que se ocupa de realizar atividades de estudo relativas a um

Page 28: Monografia Voneide Pedagogia 2011

27

aprendizado qualquer. É para ele que existe a escola, e esta deve adaptar-se ao seu

contexto e necessidades e encará-lo como um ser humano em crescimento com

suas capacidades, limitações e interesses. Diante disso Sacristán (1998).

Considera que para compreender o que realmente acontece nos processos de ensino-aprendizagem, deve se levar em conta que o aluno/a também influi nos resultados daqueles processos, como consequência de suas elaborações pessoais. (p.74)

Uma escola contextualizada á realidade dos educandos cria na sala de aula um

espaço de conhecimento compartilhado. Pois é tarefa do professor facilitar a

participação de todos nesse processo de ensino aprendizagem visto que o

aprendizado do aluno é consequência também de sua própria participação na sala

de aula e a arte, se bem trabalhada, pode ser importante na conquista dessa

integração.

Assim é de fundamental importância que o professor das séries iniciais do ensino

fundamental se aproprie de um preparo pedagógico que consiga alcançar as

necessidades e interesses dos alunos contextualizando com a realidade desses

sujeitos, valorizando os conhecimentos que eles já possuem. Se a experiência em

sala de aula proporciona um clima de respeito mutuo, valorizado e o sentimento de

que todos pertencem àquela comunidade, os alunos tendem a participar mais do

processo da aprendizagem.

2.4. ARTE - EDUCAÇÃO

Atualmente o termo Arte-Educação vem sendo bastante empregado no vocabulário

educacional para substituir a designação convencional – Educação Artística,

designada no sistema formal de ensino brasileiro pela LDB 5.692/71. O termo Arte-

Educação utilizado na LDB 9.394/96 é reconhecido até mesmo fora do sistema

institucional ao longo dos últimos anos ocupando um espaço equivalente ao anterior.

Entretanto, pode-se perceber que essas nomenclaturas não são assumidas sob a

mesma compreensão. Suas diferenças consistem basicamente, no postulado de

diferentes concepções teóricas de ensino de arte, embora compartilhem a mesma

finalidade que é a arte dentro do sistema formal de educação. Os PCNs de Arte

Page 29: Monografia Voneide Pedagogia 2011

28

chamam atenção para o fato que “em 1971, pela Lei de Diretrizes e Bases da

Educação Nacional, a arte é incluída no currículo escolar com o título de Educação

Artística, mas é considerada “atividade educativa” e não disciplina, tratando de

maneira indefinida o conhecimento”. (BRASIL, 2001, p.28).

No Brasil, a educação pela arte foi divulgada a partir das ideias do filósofo inglês

Herbert Read (1948) e apoiada por educadores, filósofos psicólogos e artistas, que

destacam a arte não apenas como uma das metas da educação, mas também como

parte integrante de seu próprio processo, “A educação Através da Arte é, na

verdade, um movimento educativo e cultural que busca a constituição de um ser

humano completo, total, dentro dos moldes do pensamento idealista e democrático”

(FUSARI, 1993, p. 15).

Portanto, o termo Educação Artística torna-se inapropriado por carregar aquela

concepção de educação para as artes marcada pela superficialidade e generalidade,

assim cedendo lugar à, já convencionada, expressão – Arte-educação.

A arte, sendo assim, é apontada como um caminho libertador e gerador de

autonomia, e o seu ensino ganha, sob esta perspectiva, inconfundível valor social.

“O universo da arte caracteriza um tipo particular de conhecimento que o ser

humano produz a partir das perguntas fundamentais que desde sempre se fez com

relação ao seu lugar no mundo”. (PCNs, 2001, p. 32). Fusari (1993, ibdem),

aprofunda essa compreensão salientando que a educação através de arte valoriza

“no ser humano os aspectos intelectuais, morais e estéticos, procura despertar sua

consciência individual, harmonizada ao grupo social ao qual pertence”.

Partindo desse pressuposto podemos dizer que a arte é um instrumento social

educativo e cultural que busca caracterizar-se pelo posicionamento idealista à

procura de um caminho para uma relação subjetiva com o mundo como define

Barbosa (2009),

a Arte não é apenas básica, mas fundamental na educação de um país que se desenvolve. Arte não é enfeite. Arte é cognição, é profissão, é uma forma diferente da palavra para interpretar o mundo, a realidade, o imaginário é conteúdo, a arte representa o melhor trabalho do ser humano (p.61).

Page 30: Monografia Voneide Pedagogia 2011

29

Portanto, é importante compreender a arte educação como um elo entre o sujeito e o

que acontece na sociedade, buscando romper com as práticas antiquadas e

conservadoras. Pois sendo a arte um forte elemento de formação social e a

educação um amplo campo para a interferência e transformação da sociedade, pesa

sobre o arte-educador, necessariamente, a exigência de enxergar e tratar os

educandos, concomitantemente, como agentes e objetos dessa transformação, sob

pena de reduzi-los à categoria de alienados.

Fusari (1993) chama a atenção para o fato que a arte mostrar-se atualmente como

um movimento educativo à procura de novos métodos para o seu próprio ensino e

de busca de significado para a vida. Esse movimento propõe uma prática educativa

criadora, ativa e centrada no ser humano. Com isso também concorda Duarte Junior

(1991) que diz:

Arte-educação não significa o treino para alguém se tornar um artista. Ela pretende ser uma maneira mais ampla de se abordar o fenômeno educacional, considerando-o não apenas como transmissão simbólica de conhecimentos, mas como um processo formativo do humano. Um processo que envolve a criação de um sentido para a vida, e que emerge desde os nossos sentimentos peculiares (p.12).

Sob essa linha de pensamento, entende-se a arte como a concretização dos

sentimentos em formas expressivas que consiste num meio de acesso à dimensão

humana não passiva de simbolização conceitual. Pois através da arte que somos

levados, entre outras coisas, a conhecer nossos sentimentos e emoções.

Além do aspecto afetivo/emocional, a arte favorece a mente humana tranquilidade e

diversão, ela exerce uma forte influência no desenvolvimento emocional da

percepção. Nela o ser humano também pode encontrar diversas formas atraentes,

motivadoras para a construção do conhecimento. Assim, no Ensino Fundamental

deve priorizar as atividades relacionadas à arte, conduzindo a prática do ensino de

uma forma prazerosa. Conforme Camargo (1940.)

A arte é uma atividade integradora da personalidade. Fazendo arte, a pessoa usa seu corpo, sua percepção, seus conceitos, sua emoção, sua intuição – tudo isso em uma atividade que não a divide em compartimentos, mas, ao contrário, integra os vários aspectos da personalidade (p. 14).

Page 31: Monografia Voneide Pedagogia 2011

30

A arte é uma atividade fundamentalmente humana intencional e criativa por meio da

qual o sujeito cria formas significativas (visuais, sonoras, cênicas e corporais). Por

isso a arte não pode estar fora da escola. Visto que, a educação deve ser vista como

um processo global, progressivo e permanente.

No entanto é perceptível a carência de instrumentos metodológicos e recursos

incentivadores que tornem as aulas mais participativas e interessantes, pois muitas

vezes a busca do conhecimento perde seu encanto quando não há um envolvimento

dinâmico, consequentemente o educando perde a motivação. Assim, a inclusão da

arte no processo pode se configurar, também o atendimento dessa carência.

Page 32: Monografia Voneide Pedagogia 2011

31

CAPITULO III

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A realização de uma pesquisa constitui-se na tentativa de descoberta da realidade

por meio da confrontação dos dados e das respostas adquiridas através do tema

proposto pelo pesquisador no seu campo de estudo. Isso dar-se pela busca do

conhecimento e de informações mais aprofundadas sobre a temática estudada.

Assim o pesquisador direciona a sua atividade de pesquisa na busca da resposta à

sua questão nascida da inquietação vivenciada seja no campo acadêmico seja na

experiência profissional, que, neste trabalho, se manifesta como conhecer a

compreensão que os professores têm da importância da arte no processo de ensino

aprendizagem e como eles aplicam essas compreensões no espaço escolar em que

atuam.

3.1. A NATUREZA DA PESQUISA

A pesquisa tem caráter qualitativo, que atende bem aos propósitos de análises dos

fenômenos e processos educativos dentro das ciências humanas. Baseia-se nas

investigações teóricas de trabalhos já publicados sobre temas afins, bem como em

contato direto com o espaço e a prática educativa onde o fenômeno pesquisado

ocorre como sugerem Bogdan e Biklen (1982, p. 110), “a pesquisa qualitativa supõe

o contato prolongado com o ambiente e a situação que está sendo investigada, via

de regra, através do trabalho intensivo de campo”.

3.2. INSTRUMENTOS DE COLETA

Foram utilizados três instrumentos de coleta, sendo que um corrobora com o outro

nas análises dos resultados.

Page 33: Monografia Voneide Pedagogia 2011

32

3.2.1. Questionário fechado

O questionário fechado, apesar de sua simplicidade, é muito importante para traçar o

perfil dos sujeitos e a sua relação com o tema em questão. O modelo utilizado neta

pesquisa elaborado em forma de formulário, prático, podendo ser respondido em

poucos minutos, segue a sugestão de Gressler (1989), defendendo que “um

questionário deve ser simples, direto e rápido de responder, devendo assegurar aos

utilizadores que os dados recolhidos serão preservados e não serão cedidos a

terceiros”.

3.2.2. Entrevista semiestruturada

Este instrumento possibilitou maior acesso as informações de relevância para a

pesquisa. Pois “a entrevista é utilizada para recolher dados descritivos na linguagem

do próprio sujeito, permitindo ao investigador desenvolver uma ideia sobre a maneira

como os sujeitos interpretam aspectos do mundo” (BOGDAN E BIKLEN 1994, p.

134). A coleta foi realizada com o auxilio de um gravador de voz, permitindo a

captura de 100% das falas dos entrevistados, assegurando a integridade dos

discursos bem como as alterações na entonação de voz, por vezes importantes na

análise dos dados.

3.2.3. Análise documental

Consistindo-se na busca de elementos materiais que documentam o fenômeno

pesquisado, esse instrumento é utilizado como verificador das informações bem

como, indicador dos aspectos relacionados à quantidade e qualidade da prática,

fenômeno ou objeto. Sua abundância, sua escassez e, até mesmo a sua

inexistência pode ser analisada na busca dos resultados ou efeitos da prática

investigada.

Guba e Lincoln (1981) apud Lüdke e André (1986), dizem haver uma série de

vantagens para o uso de documentos na pesquisa qualitativa educacional,

destacando o fato de que os documentos constituem uma fonte estável e rica.

Page 34: Monografia Voneide Pedagogia 2011

33

Persistindo ao longo do tempo, os documentos podem ser consultados várias vezes

e, inclusive, servir de base a diferentes estudos, o que dá mais estabilidade aos

resultados obtidos.

Citando Phillips (1974, p.187), Lüdke e André (1986 p. 38), defendem como

documentos válidos para a pesquisa, “quaisquer materiais escritos que possam ser

usados como fonte de informação sobre o comportamento humano.” Portando,

foram analisados: todo e qualquer material encontrado no lócus ou relacionado a

ele, que comprovassem a prática de uma pedagogia voltada para o incentivo à arte

ou que a utilize como recurso mediador da aprendizagem como: tarefas, objetos

confeccionados pelos alunos, pastas e arquivos dos alunos, materiais expostos no

ambiente escolar, produções textuais, e outros.

3.3. LÓCUS DA PESQUISA

O lócus possibilita uma abertura para atender as investigações do pesquisador. É

nesse espaço que os sujeitos demonstram seus sentimentos e subjetividades e dão

legitimidade às suas representações.

Assim a instituição escolhida para a realização dessa pesquisa foi a Escola

Municipal Aristides Lopes da Silva, localizada na Rua João Rodrigues Costa, Bairro

Novo, na cidade de Filadélfia/BA. A escola faz parte da rede pública municipal de

ensino, e trabalha com o Ensino Fundamental, do 1º ao 7º ano. Tem

aproximadamente, 355 alunos distribuídos em três turnos de funcionamento,

incluindo o trabalho com a EJA-Educação de Jovens e Adultos, no turno noturno. O

corpo docente é formado por 15 professores.

Page 35: Monografia Voneide Pedagogia 2011

34

3.4. SUJEITOS

Os sujeitos são elementos fundamentais na pesquisa qualitativa pois é,

principalmente, através da descida ao campo que o pesquisador obtém as

informações que busca para responder à questão.

A pesquisa toma como sujeitos, os professores do Ensino Fundamental que atuam

nas turmas do 1º ao 5º ano da escola Municipal Aristides Lopes da Silva cuja

escolha deveu-se, principalmente ao fato de tratar-se de profissionais que atuam na

rede pública de ensino, trabalhando com as séries iniciais do Ensino Fundamental

que corresponde à habilitação do Curso que pré-requisita esse trabalho de

conclusão.

3.5. ANÁLISE DOS DADOS

A análise de dados, neste trabalho deu-se pela observação cuidadosa dos fatos,

pela reflexão sobre as informações colhidas através dos instrumentos de coleta que

foram selecionadas e ou agrupadas de acordo com os objetivos aqui propostos.

Bem como, através do cruzamento das informações e a confrontação com

documentos existentes ou não, Procurando resguardar a privacidade dos sujeitos e

a imparcialidade investigativa.

Page 36: Monografia Voneide Pedagogia 2011

35

CAPITULO IV

4. ANÁLISE E INTERPRETAÇÂO DOS DADOS. Neste capitulo, apresentaremos a análise e interpretação dos dados coletados, por

meio dos instrumentos de coleta aplicados na garimpagem de informações no lócus

e nas falas dos sujeitos desta pesquisa. Foram utilizados como instrumento de

coleta de dados a análise documental, o questionário fechado e a entrevista

semiestruturada aplicada a sete das docentes das séries iniciais do Ensino

Fundamental da Escola Municipal Aristides Lopes da Silva, em Filadélfia-BA.

Nessa análise de dados, tem-se inicialmente, uma interpretação do questionário

fechado, refletindo sobre o perfil dos sujeitos e a sua relação com o tema em

discussão, seguido da interpretação dos dados obtidos na entrevista e na análise

documental.

4.1. PERFIL DOS DOCENTES. Com o intuito de mostrar o perfil socioeconômico dos sujeitos, foi elaborado um

questionário fechado, cujas questões esclarecem sobre a formação do pesquisado,

como também seus hábitos e atividades relacionadas à sua prática. Apresentamos

a seguir os resultados expostos em gráficos.

4.1.1 Gênero Chama a atenção ao traçar o perfil dos sujeitos da pesquisa, a homogeneidade

observada quanto ao gênero, uma vez que 100% são do sexo feminino. Esse dado

evidencia a tendência da sociedade brasileira em que o gênero feminino ainda

prevalece na carreira do magistério, principalmente no exercício da docência, que

neste caso chega à totalidade (100%) das entrevistadas. Tomando essa realidade

por base, fica cada vez mais clara a importância da mulher na educação. Pois, além

de sua contribuição na educação informal no papel de mãe, nota-se a sua

predominância no ensino formal de séries iniciais do Ensino Fundamental.

Page 37: Monografia Voneide Pedagogia 2011

36

Biasoli (1999) aborda a questão da feminização do magistério que, “desde a década

de 1960 vem sendo analisada por estudos que enfocam o tema sob vários aspectos”

citando entre outros autores, Hypólito (1997),

que aponta para a necessidade de repensar aspectos históricos referentes às situações tanto de classe quanto de gênero; de uma análise da profissão docente com base no perfil social dessa profissão e na feminização da profissão. (BIASOLI 1999, P. 121)

Biasoli (1999) faz uma análise baseada nas relações de classe e de gênero

destacando que é fundamental para a compreensão do memento atual porque

passa a profissão docente. E salienta o que também pode ser confirmado por este

trabalho – “as evidencias da feminização no magistério são bem maiores no Ensino

Fundamental e Médio da educação básica e no ensino superior, principalmente nos

cursos de formação de professores – as licenciaturas” (p. 121).

4.1.2. Faixa etária

Referindo-se à faixa etária dos sujeitos, como bem demonstra a figura abaixo, foi

constatado que 43% das participantes encontram-se entre 31 e 35 anos; 43%, entre

40 e 45 anos e 14% entre 45 e 50 anos de idade.

FIGURA 01: Faixa Etária dos Sujeitos

FONTE: Elaborado pela autora para fins deste estudo (2011)

Percebe-se na figura acima que o conjunto dos sujeitos está dividido principalmente

entre os que possuem menos de 35 anos e os que já passam dos 40, contudo,

nenhuma particularidade foi observada na forma de responder à pesquisa que fosse

atribuída a essa diferença de idade.

Page 38: Monografia Voneide Pedagogia 2011

37

4.1.3 Formação do docente

A pesquisa comprova que as professoras pesquisadas, buscam progressivamente

melhorar a formação, o que pressupõe uma possível preocupação com um maior

aperfeiçoamento na prática educativa. Percebe-se que 14% das professoras

pesquisadas possui pós-graduação em Psicopedagogia, 29% são graduadas em

Pedagogia 43% graduandas em Letras Vernáculas, sendo que apenas 14% possui o

ensino médio – Magistério.

FIGURA 02: Formação dos sujeitos

FONTE: Elaborado pela autora para fins deste estudo (2011)

Como está ilustrado na figura acima. Percebe-se que a maioria já possui graduação

ou estão se graduando, isso permite presumir tratar-se de pessoas que têm buscado

formação sobre o processo de ensino aprendizagem, e das propostas de variação

metodológica previstas inclusive nos PCNs como foi discutido no Capítulo II deste

trabalho. Cabendo-lhes trazer metodologias novas para sua prática.

4.1.4 Tempo de atuação

FIGURA: 03 Tempo de Experiência

FONTE: Elaborado pela autora para fins deste estudo (2011)

29%

42%

29% 6 a 10 anos

11 a 15 anos

Acima de 16 anos

Page 39: Monografia Voneide Pedagogia 2011

38

Observando a figura acima, nota-se que a equipe docente que colaborou com essa

pesquisa possui tempo considerável de experiência de atuação no magistério.

Sendo que 29% delas já trabalham de seis a dez anos na docência, 42% de onze a

quinze anos e 29% acima de 16 anos. Este é, sem dúvida, um fator importante para

o contexto da pesquisa, pois o desempenho do profissional da educação pode ser

influenciado pelo seu tempo de experiência. A maturidade profissional deve resultar,

naturalmente, no aprimoramento das habilidades, como prevê a LDB (BRASIL,

1996), no (Art. 67, paragrafo único) que diz: “a experiência docente é pré-requisito

profissional de quaisquer outras funções de magistério”.

4.1.5 Jornada de trabalho

A função docente implica uma série de atividades peculiares antes, durante e após

as aulas, a preparação das aulas e dos materiais de apoio pedagógico, bem como a

aplicação e correção de instrumentos de avaliação, requer grande dispêndio de

energia e tempo, indispensável ao bom desempenho profissional.

Considerando a importância da jornada, esse trabalho possibilitou o levantamento

da carga horária exercida pelos docentes pesquisados e constatou que 43%

desenvolve seu trabalho em apenas 20 horas semanais e 57% desdobra essa

função em 40 horas, inclusive em outro município, que acarreta implicações sérias, a

exemplo da falta de tempo para planejamento, falta de entrosamento entre os

calendários das diferentes escolas onde trabalha, além dos fatores relacionados a

deslocamento que ocasionam cansaço físico e mental, dando à atividade educativa,

um grau de exaustividade muito mais elevado que o que normalmente já é

reconhecido. A figura abaixo permite visualizar melhor esses dados.

FIGURA: 04 Carga horária semanal

FONTE: Elaborado pela autora para fins deste estudo (2011)

Page 40: Monografia Voneide Pedagogia 2011

39

4.1.6. Frequência no uso de atividades artísticas

A pesquisa buscou conhecer a frequência das atividades de cada modalidade

artística utilizado pelas docentes, sendo que apenas quatro das entrevistadas

informaram a ordem de frequência em que utilizam elementos artísticos na sala de

aula.

FIGURA: 05 Dados da Frequência no uso de elementos artísticos

Dados da Frequência no uso de elementos artísticos

Elemento artístico

Quant. Professoras que utilizam

Ordem de frequência de utilização na preferencia das docentes

1ª opção 2ª opção 3ª opção 4ª opção 5ª opção 6ª opção

Poesia 4 1 1 1 1

Pintura 6 1 1 1

Música 5 1 2

Dança 2 1 1

Colagem 6 1 1 1

Dobradura 4 1 1

Teatro 1

FONTE: Elaborado pela autora para fins deste estudo (2011)

Como mostra o quadro acima, os dados da pesquisa mostram grande

heterogeneidade na preferência das professoras quanto a essa questão. Nota-se

que a música (uma professora), seguida de colagem (uma professora) e da poesia

(uma professora) são as atividades artísticas que lideram a preferência das

profissionais do magistério como mediadores na prática educativa, possivelmente

pela acessibilidade aos recursos e pela afinidade com os métodos mais tradicionais.

4.2. ANÁLISE DA ENTREVISTA

Como forma de aprofundar o conhecimento da compreensão das profissionais que

colaboraram com a pesquisa, foram realizadas entrevistas buscando entender como

elas refletem sobre o tema em estudo, e, como aplicam essas compreensões em

sua experiência educativa tomando a arte como aliada no processo de ensino

aprendizagem no espaço escolar em que atuam.

Page 41: Monografia Voneide Pedagogia 2011

40

Ressalta-se a importância das entrevistas no processo investigatório da pesquisa.

Pois, além das palavras utilizadas pelas entrevistadas para responder às questões

colocadas, pode-se interpretar o tom de voz e as ênfases dadas em cada momento,

refletindo muitas vezes, certa insegurança em alguns depoimentos, cujas respostas

apresentam definições vagas e ou inconclusas sobre suas compreensões.

Partindo dos dados colhidos, e recorrendo ao conteúdo bibliográfico que fundamenta

esse trabalho, justifica-se neste ponto um espaço para a análise e interpretação das

falas dos sujeitos. Para tanto, foram atribuídas legendas de identificação dos

falantes, para preservar a identidade pessoal dos sujeitos e assegurar-lhes a

privacidade das informações. Assim, tratando-se de sete entrevistadas, cada sujeito

foi designado pela insígnia P (inicial de professora) seguida de um numeral que a

identifica, dentro da sequência de um a sete (P1= professor 1, P2 = Professor 2,...).

4.2.1. A compreensão dos professores sobre arte

As compreensões dos professores sobre arte são bastante diversificadas, embora

complementares, inclusive com ênfase em aspectos mais contemplativos e

românticos de seus efeitos na vida humana como vemos a seguir:

P 1 - A arte é um privilégio, um meio de aproximação e conhecimento entre os seres. Porque ela permite um reconhecimento das diferenças e semelhanças de diversas culturas; P 2 - “... é um conjunto de atividades criadoras que expressam sensações ou ideias, ou seja, são habilidades que expressam sentimentos; P 3 - A arte é cultura é o conhecimento de que todos nós necessitamos, é um saber para poucos. Geralmente a arte faz parte da nossa vida; P 4 - “ ... estimula a criatividade e a aprendizagem do aluno; P 5 - “...é a manifestação de saberes e culturas de forma dinâmica”; P 6 - “Vejo a arte de forma dinâmica, é a retratação da vida de forma bem representada; P 7 - É a oportunidade que as pessoas têm para expressar seus gostos, sentimentos, pensamentos e emoções através de cores, riscos, rabiscos, criações, apresentações e representações.

Page 42: Monografia Voneide Pedagogia 2011

41

Percebe-se nas falas das docentes, compreensões da arte como cultura (P1, P3 e

P5); conhecimento (P1 e P2); ideias e sentimentos (P2 e P7); representação (P6); e

criatividade (P4 e P7). É importante destacar que este amadurecimento pode estar

tanto relacionado ao crescente processo de formação docente, como a consolidação

da arte como área de conhecimento.

Por essas relações, pode-se inferir que as educadoras pensam a arte sob

perspectivas muito mais importantes do que a mera realização de atividades

repetitivas e vazias de objetivos, mas como algo que envolve a criatividade, os

sentimentos, os pensamentos entre outros aspectos ligados à cognição, à

afetividade e à sociabilidade humana. Seus discursos afinam-se com o pensamento

de Barbosa (2009) que compreende que.

A arte na educação como expressão pessoal e como cultura é um importante instrumento para a identificação cultural e o desenvolvimento. Pelas artes, é possível desenvolver a percepção e a imaginação, aprender a realidade meio ambiente, desenvolver a capacidade crítica permitindo analisar a realidade percebida e desenvolver a criatividade de maneira a

mudar a realidade que foi analisada. (p.5).

Seguindo o raciocínio de Barbosa, é possível imaginar o valor do uso da arte na

prática educativa, ou, melhor ainda, o prejuízo de sua não utilização. Em uma

geração tão informada e informatizada, onde os meios de comunicação são tão

acessíveis em que os educandos são formados de maneira muito mais rápida e

eficiente que os educadores devido à sua disponibilidade de tempo, e ao aceso às

diversas formas de mídia através das quais contatam o mundo artístico e são por ele

envolvidos. A escola se torna muitas vezes o único ambiente que parece estar

desconectado de seu modo de ver e viver a vida. Indubitavelmente, essa postura

pode estar trazendo grande prejuízo para o processo educativo.

4.2.2 A importância da arte no processo de ensino aprendizagem.

As educadoras reconhecem a importância da arte no processo de ensino

aprendizagem, todavia, muito mais visualizando os resultados de seu uso do que

atribuindo ou discutindo quaisquer conceitos.

Page 43: Monografia Voneide Pedagogia 2011

42

Entretanto, analisando as suas falas nota-se que acreditam que “a arte é

imprescindível no ensino aprendizagem” (P2), porque, entre outras coisas, a arte é

uma forma de “o aluno desenvolver a criatividade, o senso crítico e é também uma

forma de comunicação com o mundo” (P1). A docente P3, fala do caráter

interdisciplinar da arte – “poderá envolver todas as disciplinas possibilitando a cada

um apreciar, analisar, compreender, criticar e criar”. E, a P6 vê a arte “como uma

técnica de conhecimento dentro de uma perspectiva promissora, capaz de levar o

individuo a articular suas próprias ideias de forma satisfatória”. Já P7, afirma que “o

estudo e a prática da arte faz com que as pessoas façam uma leitura de mundo mais

ampla e diferente levando-as à observação e a imaginação fazendo com que

pensem”, relembrem, interpretem e “viajem”.

Encontra-se neste aspecto uma relação na compreensão das entrevistadas com a

proposta apresentada nos Parâmetros Curriculares Nacionais (Brasil, 2001)

prevendo que.

O conhecimento da arte abre perspectiva para que o aluno tenha uma compreensão do mundo na qual a dimensão poética esteja presente: a arte ensina que é possível transformar continuamente a existência, que é preciso mudar referências a cada momento, ser flexível. Isso quer dizer que criar e conhecer são indissociáveis e a flexibilidade é condição fundamental para aprender. (p.20,21).

Por recortes como esse, vê-se que os sujeitos dessa pesquisa trazem respostas

afinadas com a discussão corrente sobre o tema: “ensino de arte”, consequência,

sem dúvida da abordagem política do assunto oferecida nos cursos de formação

para a docência. No entanto, sentem-se carentes de uma formação específica para

a atuação prática da Arte na sala de aula. É neste sentido que devemos tornar o

ensino de arte uma prática significativa para quem dela participa. Assim cabe ao

educador redirecionar a sua atenção no sentido de buscar condições necessárias

para que a arte possa ter um valor significativo no processo de ensino aprendizagem

dentro do espaço escolar.

Page 44: Monografia Voneide Pedagogia 2011

43

4.2.3 Dificuldades encontradas para trabalhar arte na sala de aula.

Sobre as dificuldades encontradas na inclusão da arte no processo educativo, as

entrevistadas respondem com unanimidade que a falta de material é o entrave

principal – “muitas vezes a gente começa trabalhando, tem materiais, mas quando

vai chegando ao final do ano vai dificultando”(P2); algumas alegam também a falta

de capacitação específica para a arte-educação – “além de não ter formação

específica para o ensino de artes, a escola nem sempre fornece os materiais

indispensáveis para desenvolver as atividades proposta em sala de aula”(P7) e, uma

delas acrescenta a falta de “cooperação e a aplicação de alguns alunos” (P1).

FIGURA 06 Dificuldades encontradas no trabalho com artes

FONTE: Elaborado pela autora para fins deste estudo (2011)

Como mostra a Figura, as professoras entrevistas apresentam três ordens de

dificuldades que enfrentam para trabalhar arte na sala de aula – a falta de

envolvimento por parte de alguns alunos, a própria falta de capacitação específica

na área da Arte-Educação e, principalmente a falta de materiais didáticos, com

destaque para essa ultima dificuldade por ser uma unanimidade nas falas das

docentes.

Obviamente, a falta de material apropriado se constitui um entrave no

desenvolvimento de qualquer atividade, contudo a afirmação unânime das

entrevistadas de que, a falta de recursos didáticos é o principal problema para o

desenvolvimento da arte no espaço escolar pode revelar que o segundo fator

apresentado seja o primeiro em ordem de importância – a falta de capacitação

específica para o trabalho com arte.

0 1 2 3 4 5 6 7 8

FALTA DE MATERIAL DIDÁTICO

FALTA DE CAPACITAÇÃO

FALTA DE INTERESSE DOS ALUNOS

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44

Uma análise mais reflexiva sobre os variados instrumentos artísticos disponíveis ao

professor que podem ser utilizados na sala de aula possibilitará a constatação que o

uso da arte pode ser, inclusive, um meio de superar a falta de materiais que se

apresentam como indispensáveis aos olhos das entrevistadas.

Um dos argumentos em favor do uso da arte como elemento mediador nos

processos educativos é a sua característica natural, de prescindir de recursos

sofisticados ou dispendiosos. Na verdade, alguns gêneros artísticos, como a música,

a dança, a dramaturgia, podem ser desenvolvidos com a disponibilidade apenas do

material humano e do espaço físico e cronológico e muita criatividade para as

atividades, sobretudo, atualmente, quando os avanços tecnológicos disponibilizam

tantos recursos em termos de sonorização, por exemplo.

Possivelmente, a falta de interesse dos alunos, alegada por uma das entrevistadas,

reflita um critério seletivo destes para com o tipo de abordagem praticado pelas

docentes com relação à arte. Pois o depoimento de outra docente que diz utilizar a

dança nas aulas de educação física, afirma contar com muito interesse por parte dos

alunos.

Tratando-se de alunos predominantemente, pré-adolescentes, entende-se que não

se mostrem interessados em conteúdos apresentados através de uma abordagem

teórica, expositiva, ou mesmo em atividades práticas repetitivas.

Comumente, a referência à arte no contexto pedagógico enfoca-a como algo capaz

de despertar o interesse dos educandos. Pois, “as práticas que associam arte,

elementos lúdicos, movimento e vivências coletivas contribuem com a criatividade e

com o desenvolvimento do senso crítico”. (HAETINGER, 2005, p. 137)

É compreensível o enfoque nas falas dos sujeitos dado à falta de cursos de

formação na área de arte-educação. Reconhece-se aqui que a formação dos

profissionais é o alicerce para que se possa transformar a educação, uma vez que a

formação pode garantir autonomia intelectual aos profissionais de educação para

que, possam exercer uma prática autônoma e compartilhada em suas realidades de

atuação. Assim a prática docente requer um processo de formação continuada,

Page 46: Monografia Voneide Pedagogia 2011

45

tendo como referência o saber docente, o reconhecimento e sua valorização

profissional. Para Libâneo (1994, p.27) “A formação profissional é um processo

pedagógico, intencional e organizado, de preparação teórico-cientifica do professor

para dirigir competentemente o processo de ensino”.

4.2.4 Relação da arte com os outros componentes curriculares

Sobre a relação entre a arte e as demais disciplinas, nota-se certa dificuldade na

maneira de se expressar da maioria das entrevistadas. Contudo, a grande maioria

responde afirmativamente quando indagadas se ao trabalhar arte na sala de aula, a

relaciona com os conteúdos trabalhados.

P1 - “Nem sempre, depende muito do conteúdo trabalhado”; P6 – “Às vezes, visto que apenas trabalho música e poesia os quais precisam está relacionado as disciplinas”; P2 – “SIM, pois trabalho jogos e isso é muito importante dentro da disciplina que leciono matemática e educação física. O jogo desenvolve muito. Tem criança que fica curiosa e quer aprender. É um tipo de motivação”; P3 – “Sim, porque enriquece e amplia o entendimento dos conteúdos”; P4 – “Sim, porque facilita o aprendizado do aluno”; P5 – “Sim, utilizo jogos dramatizações e produções artísticas”; P7 – “Sim, sempre que é possível são feito trabalhos relacionados com o conteúdo apresentado utilizando a criatividade ou representando”;

È perceptível em algumas falas que a arte ainda é vista como disciplina de menor

importância quando comparada com as outras áreas do conhecimento, como língua

portuguesa, matemática e outras componentes do currículo regular. Neste momento,

observa-se que se de um lado as docentes têm uma visão alargada da importância

da arte, por outro, contraditoriamente restringem a importância do referido

componente.

4.2.5 Recursos didáticos pedagógicos utilizados no ensino de artes

Ao referirem-se sobre os recursos utilizados na execução no ensino de artes, as

entrevistadas citam várias atividades e materiais. Grande parte da categoria de

papelaria como ou didáticos em geral como pode ser constatado nas falas das

docentes:

Page 47: Monografia Voneide Pedagogia 2011

46

– “livros, textos, jornais, músicas, tintas, diversos tipos de papéis e outros” (P1); – “Jogos, pinturas, dobraduras, futebol, bingo, dança e outros” (P2); – Dramatizações, jogos, colagens, pinturas, produções de poesias e poemas, (P5).

Como se percebe, há certa integração entre os termos “recursos” e “materiais”

didáticos nas falas acima. Ambos aqui são entendidos como recursos. Todavia em

parágrafo anterior já foi feita uma discussão a respeito da falta de materiais para o

trabalho com arte, ressalte-se apenas que essa falta compromete o princípio da

autonomia no uso da criatividade por parte do aluno que tem de limitar-se ao que é

possível diante da escassez de materiais.

A importância de oferecer mais recursos é que eles possibilitam uma maior

variedade de atividades e proporcionam um maior grau de criatividade por parte dos

alunos, que no caso particular do ensino de arte, precisam sentir-se livres e

autônomos para criarem e construírem a própria aprendizagem cabendo ao

educador, garantir-lhes a ambiência ideal para o exercício e o desenvolvimento

dessa autonomia. Sobre isso, Haetinger (2005, p. 138) afirma que a função do

educador.

É organizar o meio, os recursos e os instrumentos didáticos para a criação; é criar um ambiente favorável em que a criança sinta-se segura e acolhida para atuar; é estimular a expressão da subjetividade dos alunos, sem indicar-lhes possíveis erros ou o melhor modo de fazer as coisas. Eles descobrirão por si próprios, explorando objetos e vivendo diferentes situações.

Portanto, a necessária interferência do educador deve ser criteriosa optando por

atividades que estimulem a criatividade do educando e contribuam para a

construção de sua autonomia. Evitando tarefas semi-prontas, sem espaço para

escolha, para a tomada de decisão, para a invenção, para o registro do sentir próprio

da criança; enfim, garantindo ao aluno o direito autoral da atividade. Duarte Júnior

(1991) denuncia o modelo atual de educação e salienta:

A escola hoje se caracteriza pela imposição de verdades prontas às quais os educandos devem se submeter. Não há ali um espaço para que cada um elabore a sua visão de mundo, a partir de sua situação existencial. A escola ensina respostas prontas. Respostas que, na maioria dos casos não correspondem às perguntas e às inquietações de cada um. Duarte Júnior (1991, p.72,73).

Page 48: Monografia Voneide Pedagogia 2011

47

Sem dúvida o ensino da arte é muito prejudicado por essa concepção, pois a arte

não é um conteúdo a ser memorizado, copiado e nem mesmo pode ser padronizado

dentro de uma concepção qualquer, por mais coerente ou fundamentada que seja. A

arte tem de ser fomentada, estimulada, incentivada sob critérios democráticos, sob

os fundamentos da livre expressão. Expressão de pensamentos, ideias,

compreensões e sentimentos. Portanto, um elemento importante na construção da

cidadania do educando. Fundamental na busca de uma visão política mais livre e

mais atuante, ideal supremo da educação.

Diante dos relatos das docentes, subentende-se a intenção de desenvolver

atividades diversificadas, a julgar pelo número de materiais que utilizam ou, pelo

menos reclamam da instituição. Contudo, essa lista de materiais (livros, revistas,

papel, cola, tesoura, lápis de cor, material reciclado, jornais, revistas, etc.) parece

sugerir também que a modalidade de atividades artísticas desenvolvidas limita-se

aos toques artísticos que são empregados nas atividades didáticas das diversas

disciplinas. Faltando ainda uma compreensão mais clara do elemento artístico como

arte, propriamente dita, que é capaz de envolver e dar sentido às atividades, aos

conteúdos e até mesmo aos processos utilizados, fator indispensável para despertar

e manter o interesse dos alunos, tão reclamado e desejado por algumas das

entrevistadas. Essa análise baseia-se na constatação de que apenas uma das

docentes fez referência à utilização de poemas, músicas e dramatizações em sua

prática educativa, o que representa certa variação do padrão geral observado na

prática das demais.

4.2.6 Reação dos alunos à aplicação dos instrumentos artísticos

As respostas das educadoras ao quesito que perguntou como elas percebem a

reação dos alunos nas aplicações dos instrumentos artísticos na sua prática trazem

informações que mostram a relevância deste estudo. Embora algumas delas tragam

uma nota de contraste referindo-se às reações dos alunos, “para uns satisfação,

alegria, para outros descaso e insatisfação” (P1); “Alguns se empolgam, se

interessam com entusiasmo e outros nem tanto” (P7); e outra, até mesmo uma nota

negativa – “Ignoram, acham sem importância, ainda mais pelo fato da difícil

assimilação” (P6). No entanto, a maior parte dos discursos fala de efeitos positivos

Page 49: Monografia Voneide Pedagogia 2011

48

como entusiasmo, alegria, prazer –“os alunos ficam muito entusiasmados, alegres

acham o máximo sentem prazer” (P2 e P3); além das vantagens para o processo

que envolve a motivação e a criatividade – “são participativos e às vezes chegam a

me surpreender com as suas representações e produções” (P5).

4.2.7 A arte proporciona autonomia As docentes são unânimes em reconhecer os efeitos das atividades artísticas na

construção da cidadania do educando “passa a manifestar suas emoções, seus

interesses e seu ritmo interior” (P1). Admitindo que “quando ele é capaz de produzir

algo, ele aprende a ser parceiro e a construir, reconstruir e desempenhar melhor a

própria aprendizagem” (P2); “porque eles têm inteira liberdade de expor sua

criatividade” (P3).

Segundo as educadoras, a arte leva o individuo a conquistar a sua própria liberdade.

Pois faz com que os mesmos sejam capazes de realizar ações e atribuírem a si o

mérito de um sucesso ou até mesmo a responsabilidade de um fracasso, ou seja, o

individuo é capaz de sair da dependência tornando-se independente, “porque com

seus conhecimentos poderão realizar obras que os identifiquem como seres capazes

de criar e recriar deixando sua própria marca e cooperando com a sociedade em que

vivem através de representações de fatos do seu cotidiano” (P7).

4.3. ANÁISE DOCUMENTAL

Diante a natureza do objeto pesquisado, surge a necessidade de utilizar um

instrumento de coleta mais palpável, capaz de permitir uma verificação da

aplicabilidade prática das concepções colhidas nos instrumentos anteriores, bem

como a análise da quantidade e qualidade das produções artísticas resultantes da

prática dos sujeitos.

Page 50: Monografia Voneide Pedagogia 2011

49

4.3.1. Escassez de documentos

A pesquisadora solicitou das docentes, amostras dos materiais utilizados nas

atividades artísticas que elas desenvolvem em sala de aula, obviamente pensando

nalguma produção que se enquadrem nas modalidades de arte que possam ser

conservadas, como as artes plásticas, literárias, bem como quaisquer documentos

comprobatórios das ações, como, fotografias, filmagens e relatórios.

A resposta a essa solicitação foi bastante esclarecedora, pois algumas das

professoras pesquisadas (43%) não disponibilizaram nenhum documento que

mostrasse o lado prático de seu trabalho com essa temática.

Os documentos coletados para análise foram relativamente poucos, contradizendo o

discurso apresentado nas respostas às entrevistas. A maior parte dos documentos

encontrados consiste em desenhos (P5 e P3) realizados pelos alunos (anexos – 03),

predominando os motivos de paisagens e ou de casas, que ao que parece não

obedecem qualquer critério normatizador. Fazendo crer que os alunos têm total

liberdade para criar e fazer fluir a imaginação. A exceção a essa regra ficou por parte

de duas professoras, – P7, que expôs no pátio da escola, alguns cartazes ilustrados

com dobraduras (anexos – 04); e, P5 que apresentou alguns quadros de paisagens

em que foi utilizada a técnica de colagens, ambos resultantes do trabalho com os

alunos em suas classes.

4.3.2 A arte não documentada

Embora algumas docentes afirmem trabalhar com poesias, nenhum documento foi

encontrado que ilustre essa prática. Não há registros de qualquer forma dos

trabalhos com danças, dramaturgia, artes plásticas, música, nenhuma, além das

mencionadas acima. Essa ausência foi justificada pela perda de arquivos digitais do

computador da escola. Porém quando foi perguntado sobre o conteúdo desse

arquivo, informaram que se tratava de fotos das Comemorações Juninas com

apresentação de Quadrilhas. Nada que comprovasse uma prática educativa

envolvendo as artes.

Page 51: Monografia Voneide Pedagogia 2011

50

A escassez de documentos para serem analisados pode revelar duas realidades.

Ambas igualmente lamentáveis. Uma seria que as respostas dos sujeitos

apresentam um discurso forjado na sua compreensão da prática ideal e não na

prática real. Neste caso, haveria um abismo separando a intenção da prática

concreta. E, outra, seria que os resultados das atividades artísticas na instituição

pesquisada não tem recebido a merecida atenção por parte dos entes envolvidos.

Não tem sido considerada a importância de registrar, de alguma forma, as

produções artísticas que emanam dos diversos momentos que, segundo as

docentes, são frequentes no decorrer do processo educativo.

A arte é, entre outras coisas, a manifestação do belo. A sua exposição, além de

servir como ornamento ao espaço escolar, serviria de estímulo aos seus produtores

– os alunos e incentivo aos pouco ou não envolvidos. Na verdade, poderia motivar o

orgulho coletivo da comunidade escolar.

Não estarem expostas, e nem ao menos guardadas, indica que não têm sido

produzidas com o seu sentido e objetivo que já vem incluído na sua natureza mais

original e primitiva, o de ser vista, admirada, resenhada, ou mesmo criticada. Isso

geraria o reconhecimento dos artistas; sem falar na influência para o processo

educativo, pois a divulgação seria uma forma de socialização, conhecimento contido

no objeto artístico, por extensão, alcançando as outras turmas, e a todos que

frequentem o ambiente escolar.

Page 52: Monografia Voneide Pedagogia 2011

51

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Devido à amplitude do universo artístico e à complexidade que envolve o tema arte-

educação cujas especificidades foram apenas visitadas nesse pequeno ensaio de

caráter acadêmico, chega-se à conclusão que essas páginas se constituem apenas

uma contribuição para a reflexão da temática proposta.

Sendo assim, as considerações que seguem, por mais que se mostrem

fundamentadas e respaldadas, não têm a intenção de serem dogmáticas nem

contundentes. Ao contrário, mantêm o sentido que objetivou a pesquisa e as

discussões contidas em toda fundamentação e análises aqui apresentadas – a

natureza reflexiva e propositiva, reconhecendo a necessidade de maior

aprofundamento.

Durante o desenvolvimento dessa pesquisa procurou-se responder a pergunta: Qual

a compreensão que os professores das séries iniciais do Ensino Fundamental têm

da importância da Arte no processo de ensino aprendizagem e como aplicam essas

compreensões no espaço escolar em que atuam.

A partir da analise dos dados da pesquisa, evidenciou-se que as compreensões dos

docentes são diversificadas, embora complementares até mesmo dando destaque a

aspectos contemplativos a respeito dos efeitos da arte na vida humana.

Percebe-se que na experiência docente, a arte está sendo usada como apoio para

atividades de outras disciplinas e que as educadoras reconhecem a importância da

arte no processo ensino aprendizagem mais pelos resultados que ela pode

proporcionar, do que pela compreensão teórica de seus fundamentos.

Embora a compreensão do ensino da arte esteja presente de forma bem clara no

discurso docente, percebe-se que, na sala de aula, a arte ainda é trabalhada de

forma muito aleatória, não planejada e vazia de significado, o que explica a pequena

aceitação por parte dos alunos.

Page 53: Monografia Voneide Pedagogia 2011

52

O ensino da arte precisa ser repensado e redirecionado, de modo a deixar de ser

considerado como mero apoio pedagógico ou como um conteúdo aleatório para ser

entendida como um campo de conhecimento importante no desenvolvimento do ser

humano nos aspectos, físico, intelectual, emocional e social.

O ensino de arte precisa ganhar maior importância no planejamento escolar,

possibilitando a garantia dos recursos e materiais didático/pedagógicos para a

realização de atividades de acordo com as modalidades artísticas escolhidas.

Para que o professor possa desenvolver o trabalho com artes na sala de aula, é

necessário adquirir uma clara compreensão da importância da arte para o

desenvolvimento do educando. Urge que se invista na formação do professor

capacitando-o para o ensino da arte enquanto disciplina, e para a sua utilização

como recurso mediador dos processos educativos.

Espera-se que esta pesquisa possa dar uma contribuição significativa à reflexão tão

atual e oportuna do tema arte-educação, reforçando a importância do ensino de arte

nas séries iniciais do Ensino Fundamental.

Page 54: Monografia Voneide Pedagogia 2011

53

REFERÊNCIAS

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APÊNDICES

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Anexo – 01

UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS – VII SENHOR DO BONFIM – BAHIA CURSO DE PEDAGOGIA 2007.1

Caros professores (as) estamos realizando essa pesquisa para elaboração de

trabalho de conclusão de curso (TCC) com o tema “O uso da arte no Ensino Fundamental.

Sabendo que o questionário e a entrevista se configuram em instrumentos de fundamental importância para realização desse trabalho. Vimos pedir a sua colaboração no sentido de responder as questões abaixo. Desde já agradecemos a sua participação.

Questionário Fechado

Nome ______________________________________________________________ Instituição ___________________________________________________________ 1. Sexo ( ) Feminino ( ) Masculino 2. Faixa etária ( ) Menos de 20 anos ( ) 20 – 25 anos ( ) 26 – 30 anos ( ) 31 – 35 anos

( ) 36 – 40 anos ( ) 40 – 45 anos ( ) 46 – 50 anos ( ) 51 anos acima

3. Grau de escolaridade ( ) Ensino Médio (Magistério) ( ) Superior incompleto. Curso: __________________________________________ ( ) Superior completo. Curso: ___________________________________________ ( ) Pós-graduação. Curso: ______________________________________________ 4. Tempo de atuação na educação. ( ) 0 a 5 anos ( ) 11 a 15 anos

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( ) 6 a 10 anos ( ) acima de 16 anos 5. Carga horária semanal ( ) 20 horas ( ) 40 horas ( ) 60 horas 6.Enumere por ordem de frequência as atividades de artes que você mais desenvolve na sala de aula. ( ) Música ( ) Dobradura ( ) Pintura ( ) Teatro ( ) Dança ( ) Colagem ( ) Poesia ( ) Outros_________________________

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Anexo 2

ESTRUTURA PARA ENTREVISTA

1. Qual a compreensão que você tem sobre arte?

2. Você considera a arte importante no processo de ensino aprendizagem? Por que?

3. Quais as dificuldades enfrentadas por você para trabalhar arte na sala de aula?

4. Ao trabalhar arte na sala de aula você a relaciona com os conteúdos trabalhados?

Explique.

5. Quais os recursos didáticos pedagógicos que você utiliza no ensino de artes

6. Qual é a reação dos alunos nas aplicações dos instrumentos artísticos na sua

prática?

7. Você concorda que a arte pode proporcionar aos alunos o aprendizado de serem

mais autônomos e cooperativos? Por que ?

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Anexo – 03

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ANEXO – 04

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