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MTODOS ESPECIAIS DE RECUPERAO AVANADA DE
PETRLEO UTILIZANDO INJEO DE DIXIDO DE
CARBONO GASOSO E SEUS PROCESSOS DERIVADOS
Alexandre da Cunha Matte
Projeto de Graduao apresentado ao Curso
de Engenharia de Petrleo da Escola
Politcnica, Universidade Federal do Rio de
Janeiro, como parte dos requisitos
necessrios obteno do ttulo de
Engenheiro.
Orientador: Regis da Rocha Motta
RIO DE JANEIRO, RJ BRASIL
AGOSTO, 2011
ii
MTODOS ESPECIAIS DE RECUPERAO AVANADA DE PETRLEO
UTILIZANDO INJEO DE DIXIDO DE CARBONO GASOSO E SEUS
PROCESSOS DERIVADOS
Alexandre da Cunha Matte
PROJETO DE GRADUAO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO
CURSO DE ENGENHARIA DO PETRLEO DA ESCOLA POLITCNICA DA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS
REQUISITOS NECESSRIOS PARA A OBTENO DO GRAU DE
ENGENHEIRO DO PETRLEO.
Aprovado por:
__________________________________________
Prof. Regis da Rocha Motta
__________________________________________
Prof. Ilson Paranhos Pasqualino
__________________________________________
Eng. Joo Fabricio Machado de Castilho
RIO DE JANEIRO, RJ BRASIL AGOSTO, 2010
iii
Dedicatria
Dedico este projeto de graduao primeiramente minha me Mariangela, que
para mim um exemplo de pessoa, por sua dedicao e luta incansvel no dia-a-dia,
inclusive para me dar sempre o melhor que puder. Dedico-o a ela por todo carinho ao
longo da minha vida. Espero poder ser motivo de orgulho para ela, assim como ela o
para mim;
minha av Barbara Dalva, que me criou, educou, ajudou e amparou sempre;
talvez seja uma das pessoas que mais acreditou em mim; dedico a ela este PG por toda
experincia que me transmitiu. Espero poder ser digno da confiana que ela em mim
depositou, assim como ela sempre foi digna de minha confiana;
minha irm Carolina, que em determinadas circunstncias, mostrou ter uma
fora de vontade descomunal, e que desde ento no me deixou mais duvida: tudo pode
se quiser. Dedico a ela este PG por tudo que ela ainda viver, e espero poder contar
sempre com ela, assim como ela poder sempre contar comigo;
E por fim a Lia, cujo sorriso minha energia. Creio que a gente se acerta por ser
um o equilbrio do outro. Dedico a ela este PG por me motivar e por sonhar comigo.
Espero ser sempre um sonho bom para ela, assim como ela o para mim.
Dedico este PG por fim ao meu av Pedro Paulo, de quem, mesmo com muito
esforo, no seria capaz de citar o tamanho da admirao que tenho por ele e muito
menos a falta que ele faz nossa famlia. Esteja ele onde estiver, seu exemplo sempre
me guiar.
iv
Agradecimentos
Agradeo primeiramente a Deus, por ter a chance de poder estar aqui
defendendo esse projeto, por ter sade e pela vida e oportunidades que ele me garante
todo dia.
Gostaria de agradecer tambm a minha famlia, que sempre me apoiou e guiou
pelo melhor caminho, por terem sempre zelado pela minha educao na base, no s na
parte escolar, mas nos costumes.
Tenho que agradecer tambm aos meus amigos todos, que da sua forma sempre
me tiveram como um exemplo bom, e de sua forma sempre confiaram que eu poderia
sempre mais. Obrigado pelos dias bons e pelos incentivos
Devo mencionar tambm os professores, que me ensinaram o que deveriam, mas
alm disso foram capazes de passar ensinamentos sobre a vida e sobre as pessoas.
Obrigado ao Professor Rgis Motta, por aceitar com tanta prontido me auxiliar
na reta final desse projeto, e obrigado tambm a Luna, por ter feito o meio-de-campo
para que isso ocorresse.
Aos colegas de sala e de curso da engenharia de Petrleo, agradeo aos
momentos compartilhados, e desejo boa sorte na carreira. Quem sabe a gente no se
cruza ainda por ai?
v
Resumo
O desenvolvimento atual dos pases industrializados carece de uma grande
quantidade de energia. Enquanto os pases em desenvolvimento esto aumentando o
consumo em sua matriz energtica, os avanados precisam manter suas economias; a
verdade que a demanda global por energia vem crescendo exponencialmente. As
naes ainda tm a forte dependncia de hidrocarbonetos para suprir a necessidade de
suas indstrias e populaes. Por outro lado, a oferta no segue a mesma proporo, ou
pelo menos, no sem um investimento, em pesquisas de novas tecnologias, ou na
aplicao de tecnologias j consolidadas. nesse contexto que esse trabalho se insere
A injeo de CO2 tem sido uma das tcnicas de recuperao avanada de
hidrocarbonetos mais utilizadas no mundo nas ultimas dcadas, devido a sua relativa
grande gama de possibilidades de aplicao. Esse quadro em funo tambm da
grande quantidade de fontes nos EUA, pas-sede de vrias empresas do ramo, alm de
possuidor de vrios incentivos a pesquisa cientifica.
Esse trabalho objetiva debater sobre a implantao dessa tcnica de EOR
(Enhanced Oil Recovery), explicar seus mtodos e as diferenas entre eles, as vantagens
e desvantagens de cada variao que o CO2 permite, assim como comentar os efeitos
que a presena de outros compostos podem ocasionar se estes forem utilizados. Debate
ainda sobre as viabilidades ambientais desse processo, os custos agregados a essa
tecnologia, relatando com auxilio de histricos da indstria alguns casos
exemplificativos.
vi
Abstract
The development of industrialized countries needs a huge quantity of energy.
While the developing nations are growing their energetic intake, the advanced ones
need keep their economies; the truth is that the global demand for energy is increasing
exponentially. The nations still have a strong dependence of hydrocarbons to supply the
necessity of their industry and population. On the other hand, the supply does not take
the same proportion, or at the least, not without investment, in researches of new
technologies, or in applications of those. This is the context that this paper is inserted.
The injection of CO2 has been one of most used EOR at the world in the last
decade, because of your relative big range of possibilities of application. This fact is
also function of the high quantity of sources in USA, host of many companies of the
sector, in addiction to possessing many encouragements to the scientific researches.
This paper objectives to discuss about the implementation of this EOR
technique, to explain the methods and the differences between then, the advantages and
the disadvantages of each variation that the CO2 allows, and also remark the effects that
others composts may result if they are present. This presentation debates also about the
environmental viabilities of the process, the aggregated costs, narrating some
exemplificative cases with the help of industry reports.
vii
Sumrio
Dedicatria .................................................................................................................................... iii
Agradecimentos ............................................................................................................................ iv
Resumo...........................................................................................................................................v
Abstract ......................................................................................................................................... vi
Lista de Figuras .............................................................................................................................. ix
Lista de Tabelas ............................................................................................................................. xi
1) Introduo ............................................................................................................................. 1
1.1) Relevncia do Tema ........................................................................................................... 1
1.2) Motivaes para a Implantao da Recuperao Avanada ............................................. 2
2) Reviso de Conceitos ................................................................................................................ 3
2.1) Engenharia de Reservatrios ............................................................................................. 3
2.2) Termodinmica .................................................................................................................. 3
2.2.1) Comportamento de Fases ........................................................................................... 3
2.2.2) Propriedades Bsicas de Misturas .............................................................................. 4
2.3) Presso Mnima de Miscibilidade ...................................................................................... 5
2.3.1) Os Processos FCM e MCM .......................................................................................... 6
2.3.2) Comparao entre os Processos de Miscibilidade por Contato ................................. 7
2.3.3) Medio e Previso da PMM .................................................................................... 10
3) Processos e Esquemas de Injeo de CO2 ............................................................................... 20
3.1) Processos de Injeo Miscvel de CO2 .............................................................................. 20
3.1.1) Aplicaes, Vantagens e Desvantagens da utilizao de CO2 Miscvel ..................... 21
3.2) Processo Imiscvel ............................................................................................................ 23
3.2.1) Possveis casos candidatos injeo de gs carbnico imiscvel .............................. 24
3.2.2) Problemas relacionados injeo de CO2 Imiscvel .................................................. 25
viii
3.3) Injeo Alternada de gua e Gs Carbnico (WAG) ........................................................ 25
3.3.1) Efeito do Bloqueio da gua na eficincia de deslocamento ..................................... 27
3.3.2) Deslocamento em uma dimenso espacial .................................................................. 27
3.3.3) Otimizao do WAG .................................................................................................. 28
3.3.4) Problemas no WAG ................................................................................................... 28
3.3.5) Anormalidades na injetividade ................................................................................. 29
3.4) Esquemas de Injeo de CO2 ............................................................................................ 32
3.4.1) Huff n Puff ou Injeo Cclica .................................................................................. 32
3.4.2) Injeo Continua ....................................................................................................... 34
3.5) Alternativas Recuperao Avanada ............................................................................. 36
4) Efeito da presena de impurezas no CO2 ................................................................................ 38
4.1) Introduo ........................................................................................................................ 38
4.2) Relato Experimental ......................................................................................................... 39
4.2.1) Detalhes Experimentais ............................................................................................ 40
4.2.2) Resultados e Anlise ................................................................................................. 41
4.3) Efeito da Miscibilidade na Recuperao de leo............................................................. 45
5) Viabilidade Tcnica, Econmica e Ambiental ......................................................................... 48
5.1) Descrio Bsica de um Tpico Fluxograma de Seqestro de Carbono ........................... 50
5.2) Economia dos custos de seqestro de CO2 ...................................................................... 53
5.2.1) Custo de Captura e Compresso ............................................................................... 53
5.2.2) Custos de Transporte ................................................................................................ 54
5.2.3) Custos de Estocagem ................................................................................................ 54
5.3) Caso Hipottico Exemplificativo ...................................................................................... 55
6) Concluso ................................................................................................................................ 60
Bibliografia .................................................................................................................................. 62
ix
Lista de Figuras
Figura 1 - Viscosidade do gs natural 1atm, cp (ROSA, et al., 2006) ......................................................... 5
Figura 2 - Comparao dos envelopes de fase para sistemas usando Metano e CO2 (adaptado) (GREEN,
et al., 1998) ................................................................................................................................................... 7
Figura 3 - Representao em um diagrama pseudo-quaternrio do comportamento de fases de um
sistema metano/ CO2/ hidrocarbonetos (adaptado) (GREEN, et al., 1998) ............................................... 9
Figura 4 - Possveis sistemas em um diagrama pseudo-ternrio - (PANDU, 2009) disponvel em
........................................................................................... 10
Figura 5 - Sistema utilizando a tcnica de slim-tube - (Vinci Technologies) disponvel em
..... 11
Figura 6 - Exemplo de dado obtido atravs do slim-tube - (PANDU, 2009) disponvel em
........................................................................................... 12
Figura 7 - Sistema utilizando a tcnica de rising bubble apparatus - (Vinci Technologies) disponvel em
..... 13
Figura 8 - Comportamento de uma bolha de CO2 em uma amostra de leo, variando a presso
(MOCZYDLOWER, 2008) ............................................................................................................................. 15
Figura 9 - Temperatura / Presso do ponto de bolha do CO2, segundo a correlao de Yellig et Metcalfe
(GREEN, et al., 1998) .................................................................................................................................. 17
Figura 10 Acurcia da correlao de Yellig et Metcalfe para a previso da PMM de CO2 (GREEN, et al.,
1998)........................................................................................................................................................... 18
Figura 11 - Processo de CO2 miscvel (GREEN, et al., 1998) ........................................................................ 22
Figura 12 - Esquema simplificado de um mecanismo de Huff'n'Puff para CO2 (adaptado de (FLORES,
2004) disponvel em ) ...................................................................................................... 33
Figura 13 - Esquema simplificado de injeo contnua de CO2 (adaptado de (FLORES, 2004), disponvel em
)............................................ 35
Figura 14 - Presso de Saturao em funo da concentrao de gs solvente a 59C no fluido do
reservatrio de Weyburn (ZHANG, et al., 2004) ......................................................................................... 41
x
Figura 15 - Razo do aumento da presso de Saturao em funo da concentrao de gs no fluido do
reservatrio de Steelman 67C (ZHANG, et al., 2004) ............................................................................. 42
Figura 16 - Efeito do Contaminante na PMM para os fluidos do reservatrio de Weyburn (ZHANG, et al.,
2004)........................................................................................................................................................... 43
Figura 17 - Efeito do Contaminante na PMM dos fluidos do reservatrio de Steelman (ZHANG, et al.,
2004)........................................................................................................................................................... 44
Figura 18 - PMM medida para o fluido do reservatrio de Steelman com misturas de CO2/C2H6 e
CO2/C3H8 67C (ZHANG, et al., 2004) ....................................................................................................... 45
Figura 19 - Efeito da presso de CO2 na recuperao acumulada de leo para o caso do reservatrio de
Weyburn (ZHANG, et al., 2004) .................................................................................................................. 46
Figura 20 - Efeito da presso de injeo de CO2 na recuperao avanada total de leo 59C para o
caso de Weyburn (ZHANG, et al., 2004) ..................................................................................................... 46
Figura 21 - Principais Dutos de CO2 nos Estados Unidos (MAYER, 2009) - disponvel em
............................................. 50
Figura 22 - Mtodos Potenciais para sequestro de CO2 em formaes geolgicas profundas, sendo (1)
Estocagem em reservatrios depletados de leo e gs, (2) uso em EOR, (3) Estocagem em formaes
salinas profundas (a) off-shore e (b) on-shore, e (4) uso em ECBM (HILEMAN, et al., 2007)- disponvel em
................................................................... 52
Figura 23 - Fluxo de Caixa para caso com injeo de CO2 .......................................................................... 57
Figura 24 - Fluxo de Caixa para caso com injeo convencional ................................................................ 58
Figura 25 - Fluxo de Caixa para caso sem injeo ...................................................................................... 59
xi
Lista de Tabelas
Tabela 1 - Comparao dos valores da PMM (experimentais x calculados por equao de estado) ......... 40
Tabela 2 Custos Operacionais da Captura de CO2 de captura a partir de vrias fontes (GASPAR, et al.,
2005)........................................................................................................................................................... 54
1
1) Introduo
1.1) Relevncia do Tema
Desde o inicio das atividades da indstria de petrleo e gs, a produo de
hidrocarbonetos foi fortemente baseada na manuteno de uma determinada quantidade
de energia necessria, que ocasionalmente provinha do prprio reservatrio ainda antes
de ser explorado, sendo assim essa energia denominada como energia primria. Essa
energia depende de algumas variveis do reservatrio, tais como volume, porosidade,
dimenses, permeabilidade, presso inicial e atual, temperatura, alm de variveis do
prprio fluido, como densidade, viscosidade, teor de impurezas, etc. A produo de
hidrocarbonetos utilizando apenas a energia primria do sistema denominada
recuperao primria. medida que o hidrocarboneto produzido, ocorre a perda de
uma parcela da quantidade de energia primria, devido descompresso dos fluidos do
reservatrio, o que afeta diretamente a variao de energia pela prpria diminuio da
presso, ocorrendo indiretamente tambm a variao das caractersticas do fluido, o que
pode alterar sua composio, torn-lo mais viscoso, entre outros efeitos. Esses efeitos
ocasionam a diminuio da produtividade dos poos, fenmeno este que pode ocasionar
a inviabilidade econmica destes.
Com o intuito de minimizar os efeitos decorrentes da perda de energia primria,
ou fornecer possibilidade de recuperao de hidrocarbonetos para os casos onde a
energia primria no suficiente, possvel tratar o reservatrio de duas maneiras,
podendo estas serem aplicadas em conjunto ou isoladamente:
Adio de energia ao sistema, com injeo de fluidos pr-selecionados em alguns
poos, podendo estes poos serem perfurados com esse fim ou reutilizados a partir
dos poos produtores antigos (recuperao secundria);
Tratamento do fluido ainda in-situ, afim de que ocorra uma reduo nas foras
viscosas, variao de densidades e molhabilidade, entre outros (recuperao terciria
ou avanada).
Para os dois casos, pode-se indicar a utilizao de injeo de dixido de carbono.
O dixido de carbono, ou CO2, uma substancia simples, e que, apesar de poder ser
facilmente revertido para os estados liquido ou slido, seu estado nas condies de
presso, volume molar e temperatura (PVT) da indstria de petrleo (e da maioria dos
casos na natureza) sempre o gasoso, devido sua baixa temperatura critica (por volta
de 30C, bem inferior temperatura usual dos reservatrios).
2
1.2) Motivaes para a Implantao da Recuperao Avanada
Dado que o reservatrio nem sempre ser capaz por si s de impulsionar o
petrleo para a superfcie, seja por ter perdido j grande parte de sua energia primria,
seja por no se tratar de um poo surgente (poo capaz de produzir somente com a
energia contida devido presso do reservatrio), deveremos intervir nele para que a
produo de petrleo ocorra. Podemos dividir os mtodos para resolver essa situao
em elevao artificial (ou estimulao de poos) e recuperao avanada.
A elevao artificial difere da recuperao avanada pelo fato de no afetar
diretamente as energias expulsivas do reservatrio, apesar de que as tcnicas de
elevao artificial podem ser um fator determinante para economizar essas energias.
Trata-se de um mtodo que trabalha mais com o comportamento isolado de poos
produtores, e no do reservatrio por inteiro.
A recuperao avanada se diferencia da elevao artificial devido ao fato de
que procura no s aumentar a diferena de presso entre reservatrio e superfcie, mas
tambm alterar as foras viscosas, incrementar a eficincia do processo, e acelerar o
processo produtivo. Assim, usualmente classificam-se as motivaes para a implantao
da recuperao avanada em:
Aumento da recuperao (e de sua eficincia)
Geralmente a eficincia obtida atravs da recuperao primria (poos surgentes)
baixa, podendo mesmo em muitos casos chegar a ser nula, dependendo do reservatrio,
do fluido e de suas interaes. Um reservatrio utilizando somente os mtodos
tradicionais de recuperao pode atingir a casa de 25% a 30% de recuperao, ao passo
que ao serem utilizados os mtodos avanados de recuperao, esse valor pode beirar os
50% (ou mais);
Acelerao da Produo
Visa-se a acelerao da produo devido capacidade de com isso antecipar o fluxo
de caixa esperado do projeto de explorao, fator esse que incrementa seu valor
presente, tornando-o economicamente mais atrativo de ser financiado.
Alm disso, economicamente falando, podemos enumerar varias outras motivaes
para a aplicao (ou no) da recuperao avanada, dentre eles: preo do barril, custos
de explorao e de desenvolvimento, custos de produo, avanos tecnolgicos, entre
outros.
3
2) Reviso de Conceitos
Para o melhor entendimento dos mtodos de incremento da recuperao de
hidrocarbonetos utilizando processos de injeo de CO2, fazem-se necessrios alguns
conhecimentos anteriores sobre engenharia de reservatrios, termodinmica, geologia,
entre outros. Nesse captulo sero enumerados alguns desses conceitos, e melhor
explicados os que forem mais pertinentes com o assunto a ser abordado.
2.1) Engenharia de Reservatrios
Algumas propriedades estudadas na engenharia de reservatrio devem ser
levadas em considerao antes de dar continuidade com o estudo dos mtodos de
injeo de gs carbnico. Dentre elas, pode-se destacar: porosidade, compressibilidade,
saturao de fluidos, permeabilidade e molhabilidade.
Alm disso, existem os mtodos para calcular outras caractersticas
fundamentais do reservatrio como balano de massa e de materiais, curvas de declnio
e equaes de fluxo em meios porosos, mas que como no so o foco desse trabalho,
no sero melhor esclarecidos.
2.2) Termodinmica
Para melhor entender esses processos, necessrio o conhecimento do
comportamento de fases e propriedades de fluidos, de misturas e de solues presentes
no reservatrio, em todas as fases desse determinado processo, ou seja, do momento
inicial (sem a injeo) at o momento em que o reservatrio no receber mais a injeo
de fluidos. Assim, este tpico ser divido basicamente nesses diversos aspectos.
2.2.1) Comportamento de Fases
Fase, ou estado fsico, o nome que se d a forma que uma substncia pura ou
uma mistura podem se apresentar em uma condio de temperatura e presso
estabelecida anteriormente. Um sistema em equilbrio pode apresentar uma ou mais
fases. A Fase se caracteriza ento como uma parte homognea, fisicamente distinta de
um sistema e separada das demais partes por fronteiras bem definidas (ROSA, et al.,
2006). Como so reguladas pela temperatura e presso, pode-se afirmar que alteraes
nestes parmetros podem acarretar mudanas nos equilbrios de fases. Ao estudo dessas
mudanas costuma-se dar o nome de comportamento de fases.
Mudanas em temperatura e presso so eventos comuns nos processos de
produo de hidrocarbonetos, tanto no material que est sendo produzido (ou algumas
4
vezes injetado), quanto naquele que permanece no interior do reservatrio (seja esse
fluido ou rocha). Se considerarmos que o petrleo uma mistura de componentes
diversos (hidrocarbonetos e inorgnicos, como gua, H2S, CO2 e N2), o estado fsico
depender altamente de sua composio. Assim, o comportamento de fases algo
primordial para o entendimento do comportamento de um reservatrio.
2.2.2) Propriedades Bsicas de Misturas
As propriedades de uma mistura de vrios componentes no so necessariamente
ligadas s propriedades de cada um de seus componentes isolados, sendo geralmente
associadas no soma ponderada das propriedades de cada um dos componentes, e sim
a soma ponderada das propriedades parciais de cada um dos componentes nas condies
de presso e temperatura da mistura. Para entender isso, alguns conceitos devem ser
explicados anteriormente.
Porcentagens: A Porcentagem de um componente em uma mistura de fluidos
definida como o resultado da diviso da parcela que cabe ao determinado
componente e do total da mistura, multiplicado por 100. Percentagens comuns
so a porcentagem em massa, porcentagem em volume e porcentagem em mol,
sendo essa ultima tambm chamada de frao molar (y).
Coordenadas pseudo-criticas e pseudo-reduzidas: utilizamos para misturas, ao
invs de presso e temperatura criticas, a definio de pseudo-critico. Quando
conhecida a composio de uma mistura, uma coordenada pseudo-critica
definida como:
Onde Gpc uma coordenada pseudo-critica (como temperatura ou presso), yi a
frao molar do componente i na mistura, Nc o nmero de componentes e Gci a
coordenada critica correspondente. Partindo disso, podemos calcular as propriedades
pseudo-reduzidas como:
Viscosidade: a viscosidade de um fluido a medida da sua resistncia ao fluxo.
Pode-se considerar que a viscosidade varia com a presso e a temperatura, ou
seja:
5
Aqui, cabe uma diviso no estudo da viscosidade dos fluidos, partindo agora
para o estudo da viscosidade para gases e para lquidos. Isso se deve ao comportamento
alternado entre os dois.
Os gases a baixas presses (comportamento de gs ideal) apresentam uma
variao crescente da viscosidade com a temperatura. Para gases em presses elevadas,
o comportamento semelhante ao dos lquidos, ou seja, sua viscosidade cresce com a
presso e decresce com a temperatura. A viscosidade pode ser obtida atravs de
frmulas semelhantes s ilustradas para presso e temperatura de misturas, isto , uma
funo aditiva das viscosidades de seus componentes; mas tambm pode ser aferida por
correlaes, tabelas e grficos, como por exemplo a correlao da figura 1 a seguir.
Figura 1 - Viscosidade do gs natural 1atm, cp (ROSA, et al., 2006)
2.3) Presso Mnima de Miscibilidade
A funo da injeo de CO2 vai alm de simplesmente prover o reservatrio de
mais energia expulsiva (devido ao aumento da presso em seu interior), permitindo que
o gs carbnico interaja com os hidrocarbonetos presentes no reservatrio, alterando
seus parmetros termodinmicos, diminuindo as foras viscosas entre a rocha e o fluido,
entre outros efeitos. Para que esses efeitos sejam observados, necessrio que ocorra a
miscibilidade entre o gs e os hidrocarbonetos, e essa miscibilidade se d em funo da
6
presso a qual os fluidos esto expostos. Essa presso chamada ento de Presso
Mnima de Miscibilidade, ou simplesmente PMM.
Os processos miscveis como um todo no so iguais, variando de acordo com
os fluidos considerados, suas composies e o ambiente em que esto. Para tratarmos
desses processos, necessrio entender os diferentes tipos de miscibilidade encontrados
nesses processos miscveis. Dividem-se atualmente os processos miscveis em
processos FCM (do ingls First-Contact Miscible) e processos MCM (Multiple-
Contact Miscible).
2.3.1) Os Processos FCM e MCM
Os processos FCM so aqueles que envolvem fluidos considerados miscveis
entre si em quaisquer propores, ao primeiro contato, considerando a maioria das
condies possveis de reservatrio, ou seja, so capazes de tornar-se uma fase nica se
injetados em um reservatrio a T e P conhecidos. Geralmente, injeta-se um primeiro
slug do fluido miscvel com o leo, e a seguir outro fluido que ir varrer o reservatrio,
em geral este mais barato. Se esses dois fluidos injetados no forem miscveis entre si,
haver ento uma saturao residual do primeiro material, trapeada no processo de
deslocamento. Por ser miscvel em todas as propores com a fase deslocada, pode-se
dizer que o processo FCM tem essencialmente uma eficincia de 100% em uma escala
microscpica, sendo deslocado todo o leo que for atingido pelo fluido miscvel
(GREEN, et al., 1998).
O dixido de carbono no FCM para a maioria das condies encontradas
normalmente nos reservatrios de petrleo. Em funo disso, maiores explicaes
sobre os processos FCM no sero abordadas.
J os processos MCM so aqueles em que as condies de miscibilidade so
geradas no interior do prprio reservatrio, atravs de trocas das composies dos
fluidos, resultantes dos mltiplos contatos e transferncias de massa entre os fluidos do
reservatrio e os injetados. Os processos MCM podem ser divididos em 3
classificaes, de acordo com o tipo de gs utilizado:
Gs Pobre basicamente metano, s vezes podendo aparecer outros gases
inertes, como N2;
Gs Enriquecido utiliza hidrocarbonetos de peso molecular mais elevado que
o mtodo anterior (etano, propano), tornando-se assim uma opo mais cara,
mas que permite trabalhar sob presses menores que o gs pobre, o que pode ser
7
economicamente mais vantajoso. Uma caracterstica desse caso a possibilidade
de condensao dos hidrocarbonetos injetados nas condies de reservatrio, se
o peso molecular deste for muito grande e a presso muito elevada;
CO2.
2.3.2) Comparao entre os Processos de Miscibilidade por Contato
Os processos de injeo de dixido de carbono podem ser descritos atravs de
diagramas pseudo-ternrios, considerando valores fixos de temperatura e presso, como
mostrados na figura 2.
Figura 2 - Comparao dos envelopes de fase para sistemas usando Metano e CO2 (adaptado) (GREEN, et al., 1998)
Cada vrtice do tringulo representa a totalidade de um componente, podendo
este ser CO2, C2-C6 (hidrocarbonetos intermedirios) ou C7+ (hidrocarbonetos pesados),
sendo o primeiro o gs injetado e os dois ltimos representando os hidrocarbonetos do
reservatrio. Esse diagrama chamado pseudo-ternrio, pois os componentes do
sistema se combinam para formar pseudo-componentes. Esse diagrama pode ser
utilizado tambm para a injeo de gases pobres, sendo substitudo o CO2 por C1.
8
Obviamente os valores do diagrama iro mudar, mas a aparncia desse se comporta
semelhantemente. Uma considerao importante a ser feita que para podermos
aproximar os componentes C2 at C6 em uma nica categoria, esses diferentes
componentes devem participar nas diferentes fases com a mesma proporo com que
existem no pseudo-componente, o que nem sempre ocorre, mas geralmente essa
aproximao se mostra bastante vlida para a utilizao do diagrama ternrio, a mesma
explicao se repetindo para o caso dos hidrocarbonetos C7+. Em particular, a utilizao
de diagramas ternrios traz benefcios para a descrio do crescimento da miscibilidade
em processos MCM.
Em temperaturas acima de 50C, o diagrama ternrio para o CO2 fica muito
similar ao diagrama ternrio do C1, (metano), como demonstrado na figura 2. As
principais diferenas observadas so:
O envelope bifsico do CO2 muito menor,
A linha limitante do CO2 tem uma inclinao tendendo mais paralelamente para
a fase CO2/C7+,
A miscibilidade pode ser conseguida a menores presses para o CO2 que para o
C1. Essa caracterstica d injeo de CO2 gasoso uma primeira vantagem em
relao injeo de C1.
Esses diagramas ternrios do dixido de carbono citados at agora no levam em
considerao a existncia de metano no reservatrio, quadro esse que sabidamente
improvvel. Considerando ento que geralmente o metano est presente, seja como capa
de gs, seja dissolvido no leo, os diagramas pseudo-ternrios no so os mais
indicados, dando lugar aos diagramas pseudo-quaternrios. A demonstrao de um
diagrama pseudo-quaternrio exigiria uma visualizao 3-D, mas que pode ser estimada
atravs de uma figura plana, onde os efeitos sero similares ao diagrama pseudo-
ternrio (figura 3). O resultado mostra que partindo do caso inicial at o momento de
equilbrio no reservatrio, onde somente uma fase estaria presente, ocorre o crescimento
da miscibilidade, o avano da fase gs em direo regio de duas fases.
9
Figura 3 - Representao em um diagrama pseudo-quaternrio do comportamento de fases de um sistema metano/
CO2/ hidrocarbonetos (adaptado) (GREEN, et al., 1998)
O principal efeito observado com a adio do metano o crescimento dos
valores necessrios da PMM, ou seja, dada uma amostra qualquer de leo, retirada de
um reservatrio pr-estabelecido, esperado que seja exigido um valor maior de
presso para haver a miscibilidade do CO2 caso existam parcelas considerveis de
metano em sua composio, em comparao ao mesmo leo na ausncia de metano. O
mesmo raciocnio vlido para outros gases no condensveis, como N2 ou O2. Em
virtude disso que no se utiliza o gs carbnico oriundo de escapamento de fbricas,
rico nessas impurezas, diretamente como fluido de injeo. Por outro lado, traos de
hidrocarbonetos leves (C2 e C3) na matriz de CO2 tm o efeito de cancelar ou pelo
menos atenuar o efeito do metano e dos outros no-condensveis.
Ao se comparar os processos FCM e MCM, observa-se que este ltimo tambm
tem grande eficincia de recuperao, mas geralmente existem fatores que influenciam
na reduo de sua eficincia, entre eles:
10
A necessidade do desenvolvimento da miscibilidade in-situ;
A miscibilidade completa pode no existir para toda a zona de miscibilidade;
O fenmeno de disperso pode ocasionar perdas temporrias ou permanentes de
miscibilidade.
Assim sendo, geralmente as recuperaes oriundas de processos MCM so
inferiores s recuperaes dos processos FCM. Por fim, quando o deslocamento ocorre
com valores de presso abaixo da miscibilidade, a recuperao de leo ainda mais
inferior que a de processos MCM. A reduo da eficincia depende das condies do
processo e de sua proximidade com o estado requerido para a miscibilidade. Finalmente,
as possveis configuraes para os sistemas podem ser resumidas na figura 4.
Figura 4 - Possveis sistemas em um diagrama pseudo-ternrio - (PANDU, 2009) disponvel em
2.3.3) Medio e Previso da PMM
Considerando para esse ponto que as condies termodinmicas do reservatrio
so determinadas pelos valores de presso e temperatura, e que esses podem variar ao
longo da produo, ser necessrio descobrir para quais valores termodinmicos a
miscibilidade ser atingida.
Durante a vida produtiva do reservatrio raramente os valores de temperatura
mostram grandes alteraes, excetuando casos onde essa mudana seja proposital, tais
como injeo de vapor, combusto in-situ, etc. Alm do mais, conseguir alterar
fundamentalmente a temperatura do reservatrio algo caro, se tornando antieconmico
buscar o ponto de miscibilidade para a maioria dos gases utilizados nos processos
MCM, como o CO2, atravs desse processo. Assim, pode-se afirmar que para alcanar
11
esta miscibilidade a ferramenta mais importante a variao da presso do reservatrio,
visando atingir a presso de miscibilidade em mltiplos contatos. A presso uma
caracterstica que pode ser alterada entre determinados limites de um intervalo. Essa
presso a PMM, que representa um valor de presso fundamental de ser conhecido
para a instalao de uma planta de injeo de CO2, pois importante ter em mos o
valor necessrio de presso que o fluido necessitar para miscibilizar com o dixido de
carbono, e saber se o reservatrio sustenta essa presso requerida. A PMM um dado
que varia de acordo com o reservatrio, sua litologia, sua temperatura, a composio
dos fluidos presentes neste e dos injetados, entre outros, e pode ser medido ou previsto
segundo alguns mtodos.
2.3.3.1) Medio Experimental
A medio experimental se caracteriza por testes laboratoriais realizados em
condies ideais, simulando as encontradas em campo. Basicamente, existem dois
mtodos difundidos e aceitos pela indstria, o slim-tube e o rising-bubble
apparatus.
Figura 5 - Sistema utilizando a tcnica de slim-tube - (Vinci Technologies) disponvel em
O teste de slim-tube (figura 5) considerado um teste simples de conduzir, mas
que podem requer um tempo considervel para ser realizado (aproximadamente 15
dias). Consiste geralmente na utilizao em laboratrio de um tubo esbelto, com
12
dimetro pequeno (5/16 pol.) e grande comprimento (~ 40m), por onde o gs passado
horizontalmente. Seu interior revestido por esferas de vidro ou areia, com a inteno
de simular um meio poroso, saturado com o leo do reservatrio a ser estudado
(GREEN, et al., 1998). A presso ento escolhida e aplicada atravs de bombas e
compressores. A temperatura estipulada de acordo com o teste, em geral opta-se por
uma que seja semelhante do reservatrio. O objetivo desse mtodo observar o
comportamento das fases, eliminando possveis efeitos de heterogeneidades, presena
de gua e gravidade. Relacionando o ndice de recuperao obtido com a presso
correspondente, possvel plotar um grfico que permita uma associao entre as duas
grandezas, e assim aferir a PMM, como na figura 6.
Figura 6 - Exemplo de dado obtido atravs do slim-tube - (PANDU, 2009) disponvel em
Observa-se que existem dois coeficientes de retas que se cruzam em um
determinado ponto, onde se define a PMM. Isso se deve ao fato de que, atingida a
PMM, a curva de recuperao muda, pois o CO2 passa a estar completamente
miscibilizado no leo (em tese), e o aumento da presso s influencia na recuperao
por aumentar a energia do sistema, no se tornando mais interessante esse acrscimo.
Em funo de variaes de caso para caso, o conceito mais aceito para obteno da
PMM atingido quando a recuperao alcana 90%. Devido a este ser um teste que leva
em considerao muitos parmetros de casos especiais, dificilmente encontrados em
campo (ausncia de heterogeneidades, gua, etc.) os resultados desse mtodo no devem
ser utilizados para prever a recuperao em campo sem antes haver uma ateno
especial a essa utilizao e possvel ajuste dos dados.
13
A eficcia desse teste se deve ao tamanho pequeno do dimetro, servindo como
um elemento timo para o desenvolvimento dos mltiplos contatos. Os fluidos
(deslocantes e deslocados) podem ser considerados em equilbrio termodinmico em
toda a extenso dos poros. A pequena razo dimetro/comprimento favorece para que
no ocorram caractersticas que fugiriam da no idealidade, como formao de
fingering, heterogeneidades do tamanho dos poros, razes de viscosidades
desfavorveis, efeitos de gravidade, etc. Assim, a eficincia do deslocamento
considerada em funo do comportamento termodinmico das fases desse sistema, e no
graas a caractersticas particulares de rochas desse reservatrio.
J o teste de rising-bubble (figura 7) um mtodo mais rpido que o de slim-
tube para estimar a PMM. um mtodo visual, onde possvel observarmos a evoluo
do formato da bolha de gs injetado ser alterada, graas miscibilidade, que tambm
nesse caso ocorre por mltiplos contatos.
Figura 7 - Sistema utilizando a tcnica de rising bubble apparatus - (Vinci Technologies) disponvel em
Criado no incio dos anos 80, esse mtodo composto basicamente por um tubo
de vidro fino, montado na vertical em uma clula de alta presso a uma temperatura
estipulada e controlada. Para melhor visualizao do deslocamento da bolha no leo, o
tubo de vidro achatado. Para injeo das bolhas de gs no aparato, utiliza-se uma
agulha vazada. Constitui-se ainda de dois cilindros para armazenamento dos fluidos
(gs CO2 e leo), uma bomba de deslocamento positivo, uma unidade de controle de
temperatura, manmetros e uma cmera de vdeo instalada no interior do tubo, para
14
monitorao da bolha enquanto essa ascende, permitindo uma melhor visualizao do
deslocamento inteiro, alm de permitir congelar a imagem, retroceder, visualizao em
velocidades inferiores, etc. (GREEN, et al., 1998).
O procedimento experimental consiste primeiramente na alocao de leo no
aparato, juntamente com a manuteno das condies de temperatura para os nveis
desejados e de presso para valores sabidamente abaixo da PMM, mas que funcionam
como bons valores para o incio de testes, posteriormente aumento esses valores. Feito
isso, injeta-se atravs da agulha uma quantidade pequena de gs, formando uma bolha
que tende a ficar na prpria agulha por efeito de adeso. Aumentando
infinitesimalmente a quantidade de gs, as foras de empuxo se tornam superiores s
foras de adeso, o que retira a bolha da agulha, dando a essa bolha a sua trajetria
ascendente. O deslocamento desta gravado pela cmera acoplada ao sistema, e
posteriormente pode-se analisar com mais mincia o resultado. Repete-se mais uma vez
o experimento, com outro valor de presso ou com o mesmo, e troca-se o leo, que
agora pode ser considerado contaminado, pois no apresentar as mesmas composies
iniciais, no representando fielmente o experimento esperado. O aparecimento de
precipitaes de asfaltenos no impede a realizao das medies para esse aparato.
Atravs da anlise do resultado, observa-se o comportamento da bolha em sua
trajetria, o que funciona como mtodo para obteno da PMM. O formato da bolha
varia em funo da presso do sistema e pode ser classificada em trs tipos, em funo
da presso no sistema e do formato da bolha
Presses muito inferiores PMM a bolha formada dentro do aparato
(figura 8.a), e aps o crescimento de seu volume, se desprende da agulha e inicia
seu processo de ascenso, tendo seu formato esfrico (figura 8.b). Ao longo
desse percurso, seu formato no se altera, devido elevada tenso interfacial
entre leo e gs, entretanto seu volume sofre ligeira diminuio (figura 8.c);
Na PMM ou ligeiramente acima uma cauda se desenvolve rapidamente na
poro inferior da bolha, em funo da diminuio significativa da tenso
interfacial (figura 8.d). Comeando do fundo da bolha, a interface desaparece e o
contedo da bolha dispersa imediatamente no leo, comportamento este que
indica a existncia de um processo MCM, e no FCM (figura 8.e). At que a
fase se deteriore, o volume da bolha praticamente constante, at que se tenha
inicio a deteriorizao da mesma (figura 8.f).
15
Presses muito acima da PMM Logo aps a formao (figura 8.g) a bolha
dispersar mais rapidamente no leo, podendo esse processo ser instantneo
(figura 8.h e 8.i). Essa configurao sugere que esse processo deve ser
classificado como FCM.
Figura 8 - Comportamento de uma bolha de CO2 em uma amostra de leo, variando a presso (MOCZYDLOWER,
2008)
Vale salientar que a cauda no condio essencial para a ocorrncia da
miscibilidade, no sendo possvel a observao da formao da mesma para alguns
leos. Entretanto, para os mesmos leos em presses um pouco mais elevadas, ocorrer
a total disperso da bolha logo no inicio da observao, indicando que o terceiro estgio
foi atingido. Com isso, pode-se aferir que o mecanismo de vaporizao no
preponderante, ou inexistente, no desenvolvimento da miscibilidade entre o dixido de
carbono e o leo.
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Esse mtodo bastante interessante e tem uma eficcia bastante alta, mas por se
basear na interpretao do formato das bolhas, exige uma equipe bem treinada para que
seja confivel. Assim, e tambm por ser um mtodo relativamente novo, deve-se ter um
cuidado redobrado antes de aplicar os resultados obtidos atravs desse teste nos pilotos
de campo.
2.3.3.2) Previso da PMM
Os mtodos utilizados para poder prever a PMM so basicamente correlaes
empricas em funo de outros resultados experimentais anteriores e clculos de
comportamento de fases baseados em uma equao do estado e em uma modelagem
computacional.
No caso das correlaes empricas, pode-se dizer que este um mtodo
relativamente simples de ser aplicado. Utilizando de casos anteriores semelhantes, pode-
se predizer qual seria a PMM, seja por simples associao, seja por extrapolao dos
dados desse reservatrio antecedente, com adequao aos valores do caso presente em
questo. Entretanto, um valor obtido a partir dessa forma pode ter um erro significativo,
especialmente se a correlao for aplicada para condies no to similares dais
oriundas dos experimentos s quais relacionada. Logo, correlaes empricas no so
utilizadas seno como estimativas iniciais, mas tem a vantagem de ser uma escolha
rpida e barata.
Existe um nmero considervel de relaes empricas para predizer a PMM em
processos utilizando injeo de gs carbnico. As correlaes so em sua maioria
baseadas em experimentos utilizando o slim-tube, e embora as condies em que as
experincias so conduzidas e os valores obtidos para a PMM no sejam os mesmos em
todos os casos, geralmente as correlaes so relativamente seguras. Dentre as
correlaes mais importantes, destacam-se algumas, que sero mais bem explicadas ao
longo do trabalho.
A primeira correlao a ser elaborada dentre as que sero explicadas aqui foi
desenvolvida por Holm & Josendal (1974) (GREEN, et al., 1998), a partir de outra
correlao semelhante proposta por Benham (1960). Segundo essa correlao, o valor
da PMM pode ser obtido em funo da temperatura e do peso molecular das fraes de
leo C5+, e o mesmo raciocnio Mungan (1981) utilizou para outros valores, estendendo
essa correlao para um intervalo maior de possibilidades. Foi considerado nesses casos
gs carbnico puro como sendo o fluido deslocante.
17
Outra correlao, a mais simples entre as que sero abordadas aqui, foi proposta
por Yellig & Metcalfe (1980). Nela, a PMM obtida atravs unicamente como sendo
uma curva em funo da temperatura. Entretanto, se a presso do ponto de bolha do
leo for maior que a PMM, ento se toma essa presso de bolha do leo como a PMM.
Isso conta para o possvel aparecimento de uma configurao bifsica quando a presso
estiver abaixo do ponto de bolha do reservatrio de leo. A correlao de Yellig &
Metcalfe aplicvel para uma fase deslocante de CO2 puro (figura 9).
Figura 9 - Temperatura / Presso do ponto de bolha do CO2, segundo a correlao de Yellig et Metcalfe (GREEN,
et al., 1998)
Yellig & Metcalfe fizeram uma comparao entre os resultados obtidos atravs
de seu mtodo e os oriundos da correlao de Holm & Josendal. Como ambos procuram
ser o mais fiel possvel ao valor da PMM e utilizam para isso o mesmo tipo de aparato
(slim-tube), esperado que onde o resultado de ambos fosse semelhante esse valor seria
uma boa previso da PMM (figura 10). Realmente, em geral os resultados se mostram
aceitavelmente similares, mas para alguns pontos a diferena encontrada alcana valores
de 500 psia. Isso demonstra que, apesar de no geral serem uma importante ferramenta
para predizer os valores da PMM, a utilizao desses valores deve inspirar cuidados
adicionais quando levados para campo.
18
Figura 10 Acurcia da correlao de Yellig et Metcalfe para a previso da PMM de CO2 (GREEN, et al., 1998)
J a utilizao de equaes do estado pode ser uma opo quando resultados
mais confiveis so exigidos. Para isso, esse mtodo necessita que vrios dados de
composies de fluidos do reservatrio sejam obtidos, pois sem esses o resultado pode
no ser to exato quanto o esperado. Considerando que, muitas vezes, esses dados no
esto disponveis, eles podem ser presumidos a partir de anlises laboratoriais. Este
um processo complicado, onde os clculos so complexos e envolvem mtodos
computacionais e soluo por algoritmos, nem sempre conseguidos facilmente na
indstria, por tratar-se de dados muitas vezes sigilosos. Alm disso, como a constante
de equilbrio requer clculos que no so precisamente conhecidos e tambm por que s
vezes a equao do estado no acurada o suficiente, todos esses clculos requerem que
ocorra uma calibrao usando dados PVT experimentais, o que pode ser trabalhoso para
ser feito. As correlaes so obtidas utilizando dados experimentais provenientes de
experincias a partir do aparato de slim-tube.
19
As tcnicas de soluo para o comportamento de fases variam de acordo com a
equao do estado utilizada, mas existem pelo menos trs condies termodinmicas
impostas pelo sistema que necessariamente precisam ser respeitadas:
O balano de materiais deve ser conservado;
O potencial qumico em cada fase deve ser igual para cada componente;
Dados os valores de temperatura e presso correspondentes ao processo, o
sistema de fases deve ter a energia de Gibbs mais baixa possvel.
Um comportamento de fases confivel para sistemas de hidrocarbonetos/CO2
pode ser previsto com clculos das equaes de estado, e assim a PMM pode ser aferida
com um pequeno grau de incerteza. Entretanto, essa opo pode encontrar limitaes
que so capazes de impedir o desenvolvimento dessa tcnica. Dados experimentais so
necessrios para calibragens adequadas.
20
3) Processos e Esquemas de Injeo de CO2
A melhor opo para utilizao de injeo de CO2 deriva de acordo com as
caractersticas dos diversos fluidos presentes no processo, os oriundos do reservatrio e
aqueles a serem utilizados na injeo, alm de depender tambm da localizao e de
outras caractersticas do reservatrio, bem como de polticas energticas e estratgicas,
preo do barril e dos fluidos injetados, etc. Sabendo disto, deve-se atentar para os
diferentes tipos de processo e de esquemas de injeo, respeitando sua aplicao para os
casos mais indicados.
3.1) Processos de Injeo Miscvel de CO2
Uma das caractersticas mais importantes da utilizao do gs carbnico para os
processos de EOR a sua forte tendncia de dissolver-se no leo, acarretando
inchamento e vaporizao do mesmo, fato esse que resulta no deslocamento do leo no
interior do reservatrio. Os processos miscveis so considerados ideais quando se
trata de mecanismos de recuperao avanada, pois sua importncia est relacionada
com a habilidade do CO2 de reduzir as foras capilares e interfaciais, que causam
reteno de leo no reservatrio. Para que tal miscibilidade seja atingida, necessrio
que, dada uma temperatura, seja alcanada uma presso tal que ocorra a miscibilidade (a
PMM), tornando-se uma fase nica, independente de sua composio. Pode haver
tambm o que denominado parcialmente miscvel, esquema que se caracteriza pela
existncia de componentes diferentes em uma nica fase, mas para uma determinada
faixa de composio somente, um exemplo disso seria gua e glicose. Componentes
parcialmente miscveis so diferentes de sistemas parcialmente miscveis, onde duas
ou mais substncias em diferentes fases trocam componentes entre si, alterando suas
fases, um exemplo disso seria a interao entre leo pesado e gs rico.
A miscibilidade considerada importante por vrios motivos: geralmente em um
processo miscvel, ou parcialmente miscvel, as propriedades do leo so alteradas,
principalmente a viscosidade (que diminui) e o volume, resultando em um acrscimo de
presso, aumentando assim a recuperao. Alm disso, em um sistema miscvel, apesar
de haver a injeo de gs carbnico, este misturado ao leo, formando uma nica fase
lquida, no existindo fase gs livre no reservatrio, evitando-se assim ento o efeito de
canalizao, e incrementa-se a eficincia do varrido. Geralmente gases so miscveis
entre si (excetuando na presena de transformaes qumicas), mas o mesmo nem
sempre acontece quando so colocados dois ou mais lquidos em contato, ou lquidos e
21
gases, necessitando ento a anlise do comportamento de fases. Sendo assim, para
garantirmos a miscibilidade entre o leo e o gs, necessrio ter um conhecimento
aprofundado das caractersticas termodinmicas das misturas leo-gs, alm do
entendimento dos mecanismos fsicos e qumicos envolvidos na miscibilidade entre os
fluidos em questo. Para isso, alguns requisitos devem ser respeitados, tais como:
Presso Quanto maior a presso, maior ser a solubilizao do gs no leo;
Temperatura Tambm um fator importante, temperaturas baixas incentivam
uma maior miscibilidade entre leo e gs;
Composio do Gs Alguns gases tendem a possibilitar uma maior
solubilizao que outros;
Composio do Liquido leos j saturados de gases podem ocasionar em
menores absores dos gases injetados.
3.1.1) Aplicaes, Vantagens e Desvantagens da utilizao de CO2 Miscvel
A primeira vantagem observada na injeo miscvel de CO2 a existncia de
uma vasta gama de possveis reservatrios candidatos para isso, desde poos maduros,
marginais, etc., onde o incremento da recuperao propiciaria um atrativo para estes.
Alm disso, existem vrios esquemas de injeo usando CO2, tais como:
Injeo continua de CO2 ao longo de toda vida til do projeto;
Banco de CO2 deslocado por gua;
Banco de CO2 deslocado por gs de hidrocarbonetos;
Banco de CO2 deslocado por injeo alternada de gua e CO2;
Banco de CO2 deslocado por injeo alternada de gua e gs de
hidrocarbonetos.
Geralmente, o terceiro caso o mais eficaz, excetuando-se em geral
reservatrios de baixas permeabilidades, pois nesses pode haver o efeito de reduo da
vazo de injeo. Utiliza-se um banco inicial de CO2 de 5% do volume poroso, seguido
da vazo alternada de CO2 e gua, at atingir a ordem de 15 a 20% do volume poroso,
injetando-se apenas gua a partir de ento (figura 11). Essa grande variedade de
possibilidades de injeo acaba garantindo um grande leque de possveis candidatos a
essa tecnologia.
22
Figura 11 - Processo de CO2 miscvel (GREEN, et al., 1998)
Teoricamente, para conseguir que acontea o deslocamento de uma determinada
quantidade de leo, espera-se que o mesmo volume (para temperatura e presso do
reservatrio) deva ser injetado; no entanto, na pratica isto diferente, sendo necessrio
que este volume seja ainda maior, devido parcela de gs que acaba se solubilizando no
leo e na gua, alm do tanto que acaba encontrando caminhos diversos ao esperado,
afastando-se assim ento dos poos produtores.
Assim sendo, levando tudo isso em considerao, pode ser dizer que a aplicao
prefervel para as seguintes condies (BACHU, et al., 2000):
leo com API de 25 ou superior
Intervalo de presso comeando em aproximadamente 1500 psi e alcanando
um limite de 6000 psi;
Profundidade suficiente para operar com presses acima do necessrio
(requisito para o deslocamento miscvel) sem que haja fraturamento da
formao.
Outras vantagens observadas do processo de injeo de CO2 miscvel so
variadas, tais como a possibilidade de que seja alcanada a miscibilidade para baixas
23
presses, alm de ter tambm para baixos valores de presso o deslocamento eficiente
para a maioria dos reservatrios, sendo a saturao de leo reduzida a cerca de 5% do
volume poroso original. Sob determinadas condies, a densidade do CO2 semelhante
a do leo e aproxima-se da densidade da gua, minimizando os efeitos de segregao
gravitacional. Comparado ao metano, a viscosidade do dixido de carbono de 2 a 4
vezes maior no intervalo de presses comumente encontradas nos reservatrios, fato
esse que melhora a eficincia do varrido em comparao ao mesmo processo utilizando
hidrocarbonetos. A utilizao de CO2 miscvel tambm capaz de reduzir a viscosidade
do leo, melhorando a recuperao. Alm do mais, em casos onde a frente miscvel for
por algum motivo for desintegrada, ela se auto-regenera, no sendo necessrio ento
qualquer tipo de interveno, nem parada na produo. Por ultimo, por ser um processo
onde a injeo continua e a eficincia de varrido alta, o tempo de residncia do CO2
(tempo em que ele passa no interior do reservatrio) curto, na escala de dias, e no
meses ou anos, como para outros mecanismos (BACHU, et al., 2000).
J a desvantagem maior utilizao de CO2 miscvel seria sua dificuldade de
disponibilidade, dependendo muitas vezes de fatores importantes, como distncia da
fonte, alm de tratamentos muitas vezes necessrios nos gases oriundos de fontes
industriais ou naturais (de reservatrios). Outra desvantagem importante ocasionada
devido possvel reao do CO2 com gua, gerando acido carbnico (H2CO3), um cido
corrosivo, o que faz com que a utilizao de ligas metlicas especiais nos dutos e
proteo para instalaes seja requerida. Por fim, quando se escolhe injeo alternada de
qualquer tipo, acaba-se precisando de dois sistemas de injeo, um para cada fluido, o
que encarece ainda mais a aplicao. Outra adversidade que no pode deixar de ser
citada o alto custo associado de transporte.
3.2) Processo Imiscvel
Historicamente, tm se utilizado o CO2 em processos miscveis, para projetos
que se destinam injeo deste gs em condies de presso altas o suficiente para que
o torne miscvel para leos leves (25API ou mais), oriundos de reservatrios com
profundidade maior que 1000m (HARA, et al., 1993). Essas condies acabam por
restringir demais o nmero de projetos candidatos aplicao de injeo de CO2.
Observando as interaes entre CO2 e o leo, foram feitos estudos para condies
diferentes das citadas acima, e descobriu-se ento que mesmo para presses
consideradas baixas existe certa afinidade entre o gs carbnico e o petrleo, onde o gs
24
pode alterar algumas caractersticas do leo de forma que favorea a sua prospeco.
Apesar de no haver a miscibilidade total do gs no leo, a injeo do CO2 imiscvel
resulta em aumento da produo, primeiramente em virtude do aumento da energia do
reservatrio, mas tambm ocorrem outros mecanismos que incrementam a recuperao,
tais como: reduo da viscosidade, expanso do leo, reduo da tenso interfacial,
emulsificao e recuperao de purga. Esses mecanismos costumam variar de acordo
com alguns parmetros, como temperatura, presso, solubilidade do gs no leo,
difuso, tempo, qualidade do leo e saturao do leo in-place.
O conceito principal dos processos de injeo de CO2 imiscvel implica que o
dixido de carbono injetado em presses subcrticas. A injeo de CO2 imiscvel pode
ser considerada atualmente como um dos processos mais promissores no-termais, por
no possuir tantas restries e ser capaz de recuperar uma quantidade satisfatria de
petrleo (JHA, 1983).
Alm de adicionar energia ao reservatrio, a injeo imiscvel de CO2
incrementa a recuperao, pois utiliza quatro mecanismos para essa contribuio:
Reduo da viscosidade muito importante para leos pesados
Expanso do leo importante por dois motivos, diminuio do leo residual e
expulso da gua dos espaos porosos, para sistemas molhveis gua.
Reduo da tenso interfacial melhora a mobilidade do leo, e assim a
aumenta a recuperao.
Recuperao do blowdown a energia estocada pelo CO2 quando este entra em
soluo pelo aumento de presso liberada depois do fluxo e continua a
encaminha o leo para o poo. Pesquisas indicam que esse fenmeno
responsvel por cerca de 30% a mais de recuperao a mais em mecanismos de
gs em soluo.
3.2.1) Possveis casos candidatos injeo de gs carbnico imiscvel
leos pesados geralmente requerem maior ateno e gastos para serem
produzidos. Conseguir atingir o ponto de miscibilidade entre gs carbnico e estes leos
nem sempre possvel tecnolgica ou logisticamente falando, alm de se mostrar
possivelmente inatrativo no aspecto econmico. Aps a presso ter atingidos
determinado nvel, o poo no mais poder produzir por si s (se que chegou a
produzir, muitas vezes reservatrios de leos pesados no so surgentes), e ser
necessrio intervir para dar continuidade produo. Bombas e outros mecanismos de
25
adio de energia nem sempre se mostram interessantes, pois se deve levar em
considerao que leos pesados costumam ter nveis altos de viscosidade, diminuindo a
eficincia da elevao artificial. Para esses casos interessante fazer um estudo da
utilizao do gs carbnico imiscvel, contudo, o fato da miscibilidade entre gs e leo
no ser atingida para os casos desse quadro pode ser algo benfico. Para determinados
situaes, relata-se que a quantidade de CO2 a ser despendida para o processo imiscvel
de cerca de 20% a 50% da necessria para recuperar a mesma quantidade de leo em
um processo miscvel, sendo em alguns casos, portanto, a miscibilidade um gasto
desnecessrio de dinheiro, tempo e maquinrio.
Outros candidatos em potencial so os reservatrios com pequena espessura,
onde no se possvel utilizar mtodos trmicos de recuperao em virtude das perdas
de calor para a formao, ou reservatrios acima de 1000m (que tambm no
respondem bem aos mtodos trmicos). importante salientar que sempre interessante
que a permeabilidade do reservatrio seja alta, o que no diferente para os casos de
injeo de CO2 imiscvel.
3.2.2) Problemas relacionados injeo de CO2 Imiscvel
Como visto anteriormente, reservatrios de leos pesados so mais difceis de
serem produzidos, mas existem mtodos de melhorar essa recuperao, sendo a injeo
de gs carbnico em presses que o tornem imiscvel ao leo um deles. Por outro lado,
estes costumam ter predisposio a possuir problemas de mobilidade desfavorvel de
gs e canalizao, eventos que diminuem a eficincia do processo. Para mitigar esses
problemas, um mtodo eficiente e simples a injeo de gs e gua alternados (WAG).
Realmente este pode ser a soluo de um problema, mas conseqentemente leva a outro,
pois o processo de WAG necessita de dois sistemas injetores em um s: um para injetar
gua e outro para injetar CO2.
Outros problemas comuns so os mesmos encontrados para a injeo de CO2
Miscvel: disponibilidade e necessidade de tratamento, ocorrncia de H2CO3 e
transporte.
3.3) Injeo Alternada de gua e Gs Carbnico (WAG)
O processo de WAG (do ingls Water Alternating Gas) usualmente utilizado
para controle de mobilidade em processos de injeo de gs CO2 miscvel, sendo
utilizado tambm em menor escala para injeo imiscvel. Esse controle de mobilidade
conseguido atravs da escolha da razo de injeo de gua/gs que minimize a
26
ultrapassagem de gs e garanta uma tima eficincia de varrido. Esse processo
baseado no principio da injeo simultnea de gs e gua no poro da rocha, alternando
slugs de cada uma dessas fases. O volume injetado de cada slug de gua escolhido
para garantir o fluxo bifsico na zona de mistura, onde os fingers de gs adentram o slug
de gua. As razes de WAG podem ser computadas a partir de dados de permeabilidade
relativa para um deslocamento linear, mas tambm podem ser conseguidas
empiricamente em aplicaes de campo a partir da interpretao de dados de campo ou
simulaes.
O processo de WAG pode ser simplificado como a combinao de duas tcnicas
tradicionais de recuperao avanada: influxo de gua e injeo de gs. A primeira
aplicao em campo de WAG atribuda ao campo de North Pembina, em Alberta,
Canad, realizado em 1957 pela Mobil (ROGERS, et al., 2000).
Injees convencionais de gs ou de gua isoladamente costumam deixar uma
parcela significativa de leo residual, na faixa de 20 a 50%, enquanto que o WAG pode
chegar a ter uma eficincia de varrido de 90%, para um sistema utilizando a tcnica de
five-spot. Apesar disso, os custos de completao e outras dificuldades adicionais na
operao ocasionam na dificuldade, ou s vezes impossibilidade, de utilizar esse mtodo
para minimizar as instabilidades de mobilidade associadas com o fluxo de gs.
Geralmente graas aos baixos valores de viscosidade da fase injetada (CO2), a
razo de mobilidade entre o gs injetado e o banco de leo presente do reservatrio
considerada extremamente desfavorvel no processo de injeo de gs carbnico como
mtodo de recuperao avanada. Como exemplo (GREEN, et al., 1998), a viscosidade
do CO2 a 110F (43C) atinge 0,03 cp em uma presso de 1500 psia e 0,06 a 2500 psia.
sabido que baixos valores de razo de mobilidade resultam em reduo na eficincia
volumtrica de varrido e no fenmeno de fingering. Para reverter esse quadro, foi ento
desenvolvida por Caudle e Dyes (em 1957-58) a tcnica de injetar alternadamente
volumes pr-definidos de gua e gs, o que resulta na reduo da mobilidade de cada
fase, e a mobilidade combinada dessas duas fases menor que a do gs sozinho, e assim
a razo de mobilidade aumentada. A esse processo eles deram o nome de WAG. Na
injeo por WAG h um crescimento da razo entre quantidade volumtrica de gua e
de gs nas condies de reservatrio.
Um problema encontrado nessa tcnica proveniente do fato de que o banco de
gua incapacita o contato entre o gs injetado e o leo existente no reservatrio, o que
27
reduz a eficincia de deslocamento. Este efeito fortemente relacionado
molhabilidade da rocha e mais prejudicial em rochas molhveis gua.
3.3.1) Efeito do Bloqueio da gua na eficincia de deslocamento
Em rochas molhveis a gua, a injeo simultnea de gua e gs resulta em uma
significante queda nos valores obtidos de recuperao. Como observado por Tiffin e
Yellig (1983) (GREEN, et al., 1998), o efeito foi muito menos pronunciado em rochas
molhveis ao leo. Assim, um fluxo aquoso no acarreta em nenhuma alterao de
recuperao observada, para um mtodo de recuperao terciria com fluxo de CO2. A
recuperao de leo afetada pela presena de gua livre em rochas molhveis gua,
mas o efeito dessa gua livre pequeno em rochas molhveis ao leo ou neutras.
A correlao do fenmeno de trapeamento dada por:
Para Sor sendo saturao de leo residual do influxo de gua, Sor,wb como
saturao de leo do deslocamento miscvel na presena de gua livre, uma constante
emprica e kro e krw so respectivamente permeabilidade relativa do leo e da gua.
Utiliza-se em geral um valor de =1,0 para trapeamento forte de leo, enquanto que
valores da ordem de 100 representam um trapeamento fraco. Essa correlao no
levada em considerao para recuperao atravs de processos de difuso, que ocorrem
em rochas molhveis ao leo ou neutras.
Percebe-se com clareza que o trapeamento de leo na presena de gua livre,
quando ocorre, um fenmeno que dificulta o processo de WAG. Efeitos que acarretem
no aumento da razo de mobilidade podem ser cancelados pelo trapeamento.
3.3.2) Deslocamento em uma dimenso espacial
Para debater essa questo, o influxo considerado como injeo de gua e
solvente simultaneamente, medida essa que simplifica os clculos em detrenimento ao
modelo real (injeo alternada de volumes discretos). Essa considerao pode ser feita
em virtude do fato de que quando ocorre a injeo de volumes discretos, h a presena
de fingers de gs incrustados nos slugs de gua, em virtude da razo de mobilidade
desfavorvel. Assim, pequenos slugs se dissipam relativamente rpido, aproximando
ento com a simplificao adotada.
Stalkup (1983), tentando descobrir as melhores condies para o fluxo de WAG,
desenvolveu equaes que descrevem as condies de fluxo com iguais velocidades de
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vazo de gua e gs, considerando essa condio como tima, pois a injeo dessa
maneira alcana melhores resultados de mobilidade. Para chegar nessa concluso, ele
utilizou-se de experincias para casos extremos. Se fosse utilizada pouca gua, com
velocidade da fase gs tornando-se maior, resultaria em uma razo de mobilidade
desfavorvel na interface gs/leo, ocorrendo assim o processo de fingering de gs no
banco de leo, o que reduziria a eficincia do processo. J o fenmeno inverso, excesso
de gua em comparao com o volume utilizado de gs, acarretaria na saturao de gua
na interface leo/gs, quadro esse que favoreceria o trapeamento de leo, e assim,
diminuio da capacidade de recuperao de leo (GREEN, et al., 1998).
3.3.3) Otimizao do WAG
A recuperao de leo incrementada ao se adequar apropriadamente a
dimenso dos slugs de gua e gs, tendo cada reservatrio seus valores especficos para
esses bancos de fluido. Gorell (1988) utilizou um modelo simplificado (1-D),
considerando que o WAG poderia ser analisado como se comportasse como uma
injeo simultnea de gua e solvente. A validade disso dependeria dos tamanhos
escolhidos para os ciclos de injeo. A partir desses estudos, pode-se perceber que
razes semelhantes de WAG seriam mais eficientes e mais insensitivas para assumir
nveis de aprisionamento. Injees abaixo da velocidade da razo gua-gs resultaram
em instabilidades na viscosidade, enquanto que se a velocidade de injeo fosse
superior velocidade da razo do WAG, ocorria o aumento no custo de aumentar a
eficincia de deslocamento. Assim, um ciclo de WAG pode ter um efeito prejudicial se
quisermos atingir o mximo de tempo possvel de contato leo-solvente (GREEN, et al.,
1998).
3.3.4) Problemas no WAG
A utilizao das tcnicas de WAG trouxe avanos em alguns casos para a
recuperao avanada, mas como toda tcnica, tem seus problemas. Os problemas
encontrados na combinao de dois processos de recuperao avanada (influxo de
gua, ou waterflooding, e injeo de gs) simultneos so: corroso e aparecimentos de
anormalidades de injetividade durante os ciclos de WAG, o que se torna um fator
limitante crucial em muitos projetos.
Como se sabe, o gs carbnico por si s no corrosivo, no sendo ento motivo
de preocupao para os casos de injeo continua de CO2 puro. Mas, quando se trata de
processos de WAG, deve-se levar em considerao que a gua desse processo, quando
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em contato com o dixido de carbono, torna esse ltimo extremamente corrosivo.
Felizmente, esse problema j facilmente contornado atravs da escolha de materiais
mais nobres, na confeco dos aparatos utilizados para os processos de WAG.
J os problemas de injetividade no so to simplesmente resolvidos. Baseado
nas propriedades de fluxo do dixido de carbono e da gua espera-se que a injetividade
do gs seja maior que a injetividade da gua de injeo (salmoura). Entretanto, na
prtica nem sempre isso ocorre. Alm disso, a injetividade da gua do processo de
WAG pode ser maior ou menor que a injetividade da salmoura. Outro fator
importantssimo a ser levado em considerao o fato de que certos reservatrios
perdem injetividade quando o primeiro slug de gs alcana a formao, enquanto que
outros, ao contrrio, tm sua injetividade aumentada. Alm do mais, esses dois efeitos
podem ocorrer em uma escala local, ou seja, poos injetores no mesmo campo podem
encontrar comportamentos diferentes significativos.
Atualmente, pode-se dizer que o fator fundamental para determinao da
viabilidade de um projeto de injeo de CO2 a injetividade. Perdas potenciais dessa
injetividade corresponderiam a perdas de presso no reservatrio, fator esse que
restringiria a miscibilidade, resultando em menores valores de recuperao, ou seja, a
perda de injetividade um fator que afeta diretamente na economicidade do processo de
injeo de gs carbnico. Na mdia, cerca de 20% de perda de injetividade da gua
pode ser esperada para processo de WAG. Algumas formas de mitigar esse problema
so:
Diminuir a razo entre gua e gs, ou seja, diminuir o slug de gua e aumentar o
de gs. Essa medida pode resultar um efeito negativo no controle de mobilidade.
Aumentar a presso de injeo, mas isso pode causar fraturamento da formao
e ineficincia de varrido.
Adicionar novos poos injetores.
3.3.5) Anormalidades na injetividade
3.3.5.1) Aumentos na injetividade
Apesar de no ser um fenmeno tpico, pode ocorrer de que, aps um nmero de
ciclos sucessveis de injeo de ciclos de WAG, a injetividade do CO2 seja aumentada.
A injetividade do CO2 muito maior em reservatrios com fluxo cruzado, quando o
comportamento de fases e misturas levado em considerao.
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A solubilidade do CO2 em companhia da injeo de salmoura tem sido relatada
durante os ciclos de WAG como suficiente para elevar a injetividade da gua de injeo
(salmoura) insaturada em uma quantidade de 3 a 5 vezes maior que a injetividade da
salmoura saturada. Outros efeitos atribudos ao aumento da injetividade da salmoura
aps o primeiro slug de CO2 durante os ciclos de WAG so (ROGERS, et al., 2000):
Alto grau de heterogeneidade
Fluxo cruzado
Reduo da viscosidade do leo
Penetrao de CO2 em zonas de baixa permeabilidade
Canalizao do CO2 atravs de zonas de alta permeabilidade
Compressibilidade e redistribuio de perfis de presso de reservatrio durante
os perodos de fechamento
Solubilidade de CO2 na salmoura prxima ao poo.
O aumento da injetividade no ser to pronunciado onde a permeabilidade for
baixa, ou onde o poo de injeo for estimulado mas o de produo no for. O raio
efetivo do poo reduz a influncia do banco de leo, resultando em valores maiores de
injetividade, mesmo efeito observado pela heterogeneidade nas camadas ou pelo skin do
poo. Os efeitos de mobilidades baixas na zona de disperso prxima ao deslocamento
da frente de CO2 so mais significantes para um poo estimulado por que esses afetam
uma maior parcela da resistncia total quando este menor prximo ao poo.
Adicionalmente, as frentes se movem com velocidade que varia inversamente com a
distncia do poo injetor. Quanto mais prximo esses bancos estiverem do poo injetor,
maior ser o efeito destes na atividade do injetor.
3.3.5.2) Reduo da injetividade
A reduo nos valores de injetividade um fenmeno frequente desde os
primrdios das instalaes de processos de WAG em certos locais. Schneider e Owens
(1976), observando as vazes de gua antes e depois da injeo de gua/gs rico na
regio do oeste do Texas, observaram que a razo das vazes de gua antes e depois do
incio da injeo de gs ficou similar em magnitude reduo observada em alguns
testes de vazo de permeabilidade relativa. Esforos para aprimorar a injetividade em
campo atravs da injeo de gs rico se mostraram fortemente mal-sucedidos. Estes
autores no associaram nenhuma outra indicao de condies de skin dos poos alm
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dos testes indicando que a injetividade reduzida no era um problema do poo ou de
suas proximidades, ou seja, segundo esses, o problema se estendia no reservatrio
alguma distncia. Essa explicao sugerida foi que os efeitos da permeabilidade relativa
das trs fases causaram a perda de injetividade como resultado de leo abandonado ou
trapeado. Eles propuseram que o leo abandonado causava aumentos de saturao do
gs trapeado e diminuio da saturao atingvel de gua durante a injeo desse,
resultando em baixas mobilidades da salmoura.
Outros estudos realizados na mesma regio reportaram perdas da ordem de 10%
na injetividade de CO2 e 50% de injeo de gua, em comparao com a injeo de
gua pura, anterior ao inicio da utilizao do gs. Como resultado, alguns ciclos de
presso foram observados na composio do poo. A mobilidade tornou-se menor
depois da injeo de CO2, indicando que o controle de mobilidade foi adequado e
sugerindo tambm que a injetividade reduzida um fenmeno que no ocorre
preferencialmente perto do poo, e adentra o reservatrio.
A reduo da injetividade da gua tambm pode ser atribuda a redistribuio
dos perfis de presso. Os ciclos de presso em reservatrios heterogneos criam
condies estveis em zonas de diferentes saturaes de leo. Em reservatrios
molhveis gua a inibio da gua em uma zona de alta saturao de leo acelerada
durante a primeira metade do ciclo por um gradiente positivo de presso. Na segunda
metade do ciclo, a queda da presso causa inibio e reteno de gua, deslocando um
respectivo volume de leo para a zona de permeabilidade mais alta. Em sistemas de
presso constante, a injeo de um gs solvente cria bancos de diferentes mobilidades.
O gs injetado cria o perfil de presso com um pequeno gradiente de presso prximo
ao injetor. Considerando que o gradiente de presso pequeno e assumindo que a vazo
de injeo proporcional ao gradiente de presso local e s mobilidades dos fluidos
injetados, ento a vazo de injeo deve crescer devido reorientao ser muito mais
demorada em um fluido compressvel.
Estratificao outro fator que pode afetar a injetividade em projeto de WAG. A
mobilidade efetiva reduzida no somente nas camadas mais permeveis, mas tambm
em outras camadas no comunicantes. Assim, a camada mais permevel recebe uma
frao maior de gs e o resultado da alta compressibilidade e reorientao dos perfis de
presso quando o fluido injetado trocado causa injetividade reduzida. Entretanto, em
camadas comunicantes a injetividade em zonas ou camadas de diferentes
permeabilidades depende da razo de WAG e do tamanho do ciclo. Aumentar a vazo
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de injeo reduz a diferena entre as injetividades do gs e da gua nas camadas em
questo no inicio da fase de injeo de WAG, pois o processo de trapeamento
proporcional em ambas as camadas. O aumento do banco de gs em cada ciclo pela
diminuio da razo de WAG (por exemplo, de 2:1 para 1:1) incrementa a injetividade
mdia, tanto para o gs quanto para a gua, em camadas de baixa permeabilidade.
Razes de injeo relativamente altas so capazes de trapear o gs, mas no reduzem a
injetividade em camadas de altas permeabilidades, assim, a razo de injetividade em
zonas de baixas permeabilidades continua a cair no inicio do WAG.
Os fatores que afetam a injetividade podem ento ser separados
resumidamente em:
Molhabilidade
Efeitos Qumicos
Trapeamento
Permeabilidade Relativa
Heterogeneidade, Anisotropia e Estratificao
Tenso Interfacial
3.4) Esquemas de Injeo de CO2
Para determinar a estratgia mais adequada de injeo para um determinado
sistema, visando uma maior adequao dessa ao quadro local e tendo em mente a
obteno do maior valor possvel de recuperao alguns tipos de fluxo podem ser
definidos, em funo do tipo de injeo (slug versus WAG), do tipo de recuperao
pretendida (secundria versus terciria), do tipo de leo (morto, leve, pesado, etc.) e da
configurao e arranjo dos poos produtores e injetores (five spot, nine spot, Huff n
Puff) e da miscibilidade (sistema miscvel ou imiscvel).
Obviamente, seria necessrio para tal determinao o cruzamento entre vrios
desses fatores, e nada impediria que diferentes reservatrios carecessem dos mesmos
tratamentos, ou que poos pertencentes ao mesmo reservatrio exigissem tratamentos
diferenciados, seja por motivos tcnicos ou por interesses econmicos.
3.4.1) Huff n Puff ou Injeo Cclica
A tecnologia de Huff n Puff mais comum na recuperao avanada utilizando
processos termais, o que no impede que ocorra a sua implantao para injeo de CO2,
como exemplo nos campos presentes nas florestas tropicais de Trinidad e Tobago, onde
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tal utilizao j aplicada a mais de 20 anos (MOHAMMED-SINGH, et al., 2006), nos
Estados Unidos e na Turquia. Consiste em 3 etapas, na injeo (em ingls, a fase Huff
ou Injection Phase), fechamento (fase Soak ou Shut-in Phase) e Produo (fase
Puff ou Production Phase) (figura 12). basicamente uma tcnica de estimulao
de poos.
Primeiramente, injeta-se CO2 no reservatrio, provavelmente j produzido
anteriormente, por algum nmero de dias no muito longo (figura 12.a). Nessa fase, no
existe produo, o que acarreta no crescimento da energia do reservatrio por aumento
da presso, em funo da maior quantidade de matria no interior do reservatrio.
Feito isso, fecha-se o poo por algumas semanas (figura 12.b), e enquanto isso,
no reservatrio, o gs carbnico estar atuando ao se miscibilizar com o leo presente,
alterando as suas configuraes, valores de viscosidade, acarretando em inchamento,
vaporizao de leves e com isso aumento da presso, etc. o que aumenta mais ainda a
energia do reservatrio.
Por ltimo, abre-se o poo e coloca-se este em produo atravs do cavalo-de-
pau (figura 12.c). O leo deve fluir com facilidade, devido ao incremento gerado pela
injeo e manuteno do CO2 em seu interior, sendo assim produzido mais facilmente.
Essa fase costuma durar meses ou anos, esse tempo sendo determinado de acordo com o
quanto de energia o reservatrio ainda tem.
Figura 12 - Esquema simplificado de um mecanismo de Huff'n'Puff para CO2 (adaptado de (FLORES, 2004)
disponvel em )
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Nem todo reservatrio pode ser candidato utilizao dessa tcnica.
Continuando com o exemplo de Trinidad & Tobago, os projetos de maior sucesso foram
conduzidos a condies definidas, como porosidade de 11 at 32%, profundidades no
muito grandes (345 at 3900 metros) e espessuras no muito grandes (de 2 a 67m).
Valores de API (entre 11-38) viscosidades (0,5 at 3000cp) e permeabilidade (indo de
10 at 2500 mD) no pareceram ser eventuais inibidores de aplicao, dado que tem
uma abrangncia bem vasta. Por ser uma tecnologia que depende do cavalo-de-pau,
existem restries quanto profundidade e obviamente a campos on-shore, alm de
geralmente ser preferivelmente utilizada em poos verticais ou levemente inclinados.
O nmero de ciclos tambm definido pela energia do reservatrio, medida
que a produo ocorre cada vez mais a recuperao cai (de ciclo para ciclo) e em
determinado momento no se torna mais interessante economicamente dar continuidade
injeo cclica. A determinao do numero de ciclos, a durao de cada um feita por
engenheiros de campo com experincia no assunto, levando em considerao fatores
econmicos e tcnicos para cada caso especfico.
3.4.2) Injeo Continua
A injeo continua de CO2 consiste, como o prprio nome diz, na injeo
ininterrupta de gs carbnico no reservatrio, atravs de um poo injetor, e conseguida
graas existncia de outro poo, com configurao diferente, sendo esse produtor
(figura 13).
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Figura 13 - Esquema simplificado de injeo contnua de CO2 (adaptado de (FLORES, 2004), disponvel em
)
um mtodo de relativa simplicidade, no necessitando paradas (a no ser por
falhas tcnicas), cada poo tende a ser sempre especializado em seu servio (poos
injetores so sempre injetores, produtores so sempre produtores), exceto o caso de
quando se altera a funo em virtude de interesses tcnicos. Diferente do mtodo de
injeo cclica, a injeo continua capaz de abranger uma maior rea, e em geral o
poo produz desde o inicio e no para de produzir em nenhum momento.
Geralmente, a injeo continua no consiste em somente um poo produtor e um
injetor, e sim por uma malha de poos produtores e injetores, e a configurao dessa
rede depender das caractersticas de cada