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11 novembro 2011 Monotipia

Monotipia 11

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11ª edição da #RevistaMonotipia (revista virtual que trata das artes em geral e dos quadrinhos em particular).

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2011

Monotipia

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Page 3: Monotipia 11

Onze

Muita coisa aconteceu desde a

última edição: longas conversas,

encontros, desencontros, outros

caminhos.

Esta, possivelmente, a maior

edição da história da Monotipia,

curiosa e inesperadamente,

indica o caminho a seguir.

Ao menos até a próxima edição.

=]

Martins de Castro, editor

[email protected]

www.monotipia.com

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Samba, suor e um pouco de sangue

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Samba, suor e um pouco de sangue

Page 6: Monotipia 11

Monotipia: Fale sobre a sua formação,

os artistas que eventualmente tenham

te influenciado e sobre o seu processo

de trabalho, nos aspectos pictóricos,

narrativos, práticos e teóricos.

Octávio Aragão: Sou designer gráfico,

formado pela EBA-UFRJ, e tenho

doutorado em Artes Visuais, também pela

UFRJ. Fiz muita coisa, mas o que queria

mesmo, desde criança, era fazer HQs.

Os artistas que foram fundamentais –

aqueles que comecei a apreciar ainda

criança – são Hergé, Disney, Uderzo e

Goscinny, Ziraldo, Carl Barks, Jack Kirby,

Stan Lee, Alex Toth, Steve Ditko e

Maurício de Sousa. Mas eu lia de tudo,

da Kripta à Crás!, da Mafalda à Mad.

Meus teóricos, que só descobri mais

tarde, são os mestres Moacy Cirne,

Waldomiro Vergueiro, Sonya Bibe Luiten

e Alvaro de Moya, sem contar o grande

Will Eisner e o guru Scott McCloud.

Manoel Ricardo: Bom, eu comecei a

desenhar copiando turma da Mônica e

Menino Maluquinho. Seguindo na

infância, eu era fissurado em animações

da Disney, filmes, videogames e

Cavaleiros do Zodíaco... desenhava tudo

isso tanto quanto consumia. Então, creio

que tudo que faço remete a essas coisas.

Principalmente o traço mangá/ anime,

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Monotipia: Fale sobre a sua formação,

os artistas que eventualmente tenham

te influenciado e sobre o seu processo

de trabalho, nos aspectos pictóricos,

narrativos, práticos e teóricos.

Octávio Aragão: Sou designer gráfico,

formado pela EBA-UFRJ, e tenho

doutorado em Artes Visuais, também pela

UFRJ. Fiz muita coisa, mas o que queria

mesmo, desde criança, era fazer HQs.

Os artistas que foram fundamentais –

aqueles que comecei a apreciar ainda

criança – são Hergé, Disney, Uderzo e

Goscinny, Ziraldo, Carl Barks, Jack Kirby,

Stan Lee, Alex Toth, Steve Ditko e

Maurício de Sousa. Mas eu lia de tudo,

da Kripta à Crás!, da Mafalda à Mad.

Meus teóricos, que só descobri mais

tarde, são os mestres Moacy Cirne,

Waldomiro Vergueiro, Sonya Bibe Luiten

e Alvaro de Moya, sem contar o grande

Will Eisner e o guru Scott McCloud.

Manoel Ricardo: Bom, eu comecei a

desenhar copiando turma da Mônica e

Menino Maluquinho. Seguindo na

infância, eu era fissurado em animações

da Disney, filmes, videogames e

Cavaleiros do Zodíaco... desenhava tudo

isso tanto quanto consumia. Então, creio

que tudo que faço remete a essas coisas.

Principalmente o traço mangá/ anime,

que foi um vício terrível. Ralei muito

pra tirar meu traço dessa linha, mas

ainda tenho um pé lá... Fui descobrir

os comics americanos já na

adolescência, e só adulto comecei a

conhecer Graphic Novels e quadrinhos

europeus. Portanto, por ora não

consigo evitar, meu processo de

trabalho e raciocínio de narrativa é um

mangá que foi instituindo essas

influências no decorrer do tempo, e

cortando vícios da narrativa oriental.

MT: Do que se trata a história?

OA: Durante uma guerra de

traficantes para controle de pontos nos

morros cariocas em pleno Carnaval,

Guido, um jovem criminoso em

ascenção, é contactado por um

homem muito estranho e descobre

que sua vida, o tempo e o universo

podem não ser exatamente o que ele

pensava. Há muita violência? Sim,

trata-se de uma história passada entre

a bandidagem, mas há também um

outro lado, sobre o qual não dá para

falar agora sem entregar certas

surpresas.

MT: Como foi a pesquisa de

referências históricas, do visual e

linguagem dos personagens para a

HQ?

OA: Algumas das situações

mostradas ali aconteceram com

bandidos famosos do Rio de Janeiro,

como o Cara de Cavalo e o Lúcio

Flávio, também houve pesquisa para

reproduzir o linguajar e gíria dos

bandidos sem soar artificial.

MR: Imaginei a história se passando

no final dos anos noventa. Para o

bando do Guido, nosso protagonista,

eu imaginei um vestuário pouco

menos informal que o estereótipo de

traficante que conhecemos, por causa

da postura de disciplina e hierarquia

militar, imposta por Guido. Mas nada

que os impedissem de se misturar na

multidão ou na favela. Eles não usam

coturnos, mas usam calçados mais

protegidos, pra encarar uma correria,

uma trilha ou um tiroteio. Exceto por

Marquinhos Preto que, apesar de ser

um soldado eficiente, é meio revoltado

e por isso é o único que usa bermuda,

tênis e dreadlocks. Dei ao Mumunha

uma camisa florida porque isso reflete

bem sua personalidade alegre de

sambista. Cláudio tem o mesmo

figurino do Guido, só mudando a cor

da camisa. Acho que isso mostra bem

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o respeito que ele tem por seu líder, e

sua postura de leão-de-chácara.

Para o restante, só tentei não colocar

nada muito novo ou moderno. O

modelo do carro usado pelo bando

também é dessa época. É um Pontiac.

MT: Quais foram suas

preocupações narrativas no que

concerne ao ritmo da história?

OA: principal cuidado era o de fazer

com que a ação fosse compreendida

com um mínimo de diálogos e sem

nenhum recordatório. As imagens

tinham de falar sozinhas e para isso

precisavam ser de uma precisão

absoluta, sem ruídos entre os

quadros. Creio que o Manoel

conseguiu imprimir o ritmo e o

detalhamento necessário para que

esse efeito funcionasse a contento.

MR: Minha preocupação maior foi

manter a riqueza do conto, e adaptar

bem à linguagem dos quadrinhos. No

conto do Octavio, a história é narrada

por Guido, e por isso há muita coisa

que ele expressa, mas que está se

passando na cabeça dele. O desafio

foi fazer fluir o tempo sem ficar muito

na mente do protagonista. Alguns

pensamentos viraram falas e diálogos,

e algumas cenas são narradas

apenas visualmente. Outro desafio foi

a quantidade de páginas. Nunca tinha

feito cinquenta páginas pra uma só

história, e foi muito difícil. Quando

terminei, percebi que tinha um

material que ficaria melhor com a

adição de mais dez ou quinze

páginas, o que deixaria a narrativa

ainda melhor. Mas a gente vai

aprendendo. (risos).

MT: Quanto tempo "Para tudo se

acabar na quarta-feira" levou entre

os primeiros rascunhos até chegar

ao leitor?

OA: Mais tempo do que gostaríamos.

De 2008 a 2011.

MR: Houve várias fases na produção.

Entre essas fases houve pausas,

geralmente por motivo de trabalho, já

que eu vivo de freelances. O álbum só

foi produzido ininterruptamente depois

que a Draco abraçou o projeto, e eu já

tinha desenhado por volta de vinte e

cinco páginas. Então, creio que o

tempo de produção foi de

aproximadamente um ano, mas

contando com todos imprevistos,

foram dois ou três.

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MT: O que é a Intempol?

OA: É uma empresa de segurança

temporal, um consórcio internacional

que inclui um braço brasileiro. Como é

um universo de histórias sobre

viagens no tempo compartilhado por

diversos autores, há quem prefira

contar aventuras passadas em outros

países, em outros tempos e em estilos

diferentes. Eu opto por focar no lado

brasileiro, tratando de temas

aparentemente distantes do ethos da

ficção científica, como futebol,

carnaval, favelas, tráfico, mas também

procurando elaborar uma linguagem

própria, que mantenha algo dos velhos

pulps e do cinemão americano

somado a um certo clima, se não

humorístico, ao menos com um tom de

auto ironia não muito comum na

produção contemporânea de ficção

científica.

MT: Quando começou a construí-

lo? Quem faz (e/ou já fez) esse

cenário acontecer?

OA: Cada um dos autores envolvidos

na antologia publicada em 2000 –

Lúcio Manfredi, Jorge Nunes, Paulo

Elache, Gerson Lodi-Ribeiro – tem o

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MT: O que é a Intempol?

OA: É uma empresa de segurança

temporal, um consórcio internacional

que inclui um braço brasileiro. Como é

um universo de histórias sobre

viagens no tempo compartilhado por

diversos autores, há quem prefira

contar aventuras passadas em outros

países, em outros tempos e em estilos

diferentes. Eu opto por focar no lado

brasileiro, tratando de temas

aparentemente distantes do ethos da

ficção científica, como futebol,

carnaval, favelas, tráfico, mas também

procurando elaborar uma linguagem

própria, que mantenha algo dos velhos

pulps e do cinemão americano

somado a um certo clima, se não

humorístico, ao menos com um tom de

auto ironia não muito comum na

produção contemporânea de ficção

científica.

MT: Quando começou a construí-

lo? Quem faz (e/ou já fez) esse

cenário acontecer?

OA: Cada um dos autores envolvidos

na antologia publicada em 2000 –

Lúcio Manfredi, Jorge Nunes, Paulo

Elache, Gerson Lodi-Ribeiro – tem o

seu quinhão no processo, mas

destaco Fábio Fernandes, que

delineou o universo Intempol junto

comigo, muitas vezes desenvolvendo

conceitos muito além do que eu

mesmo imaginava, Osmarco Valladão,

autor da primeira graphic novel, The

Long Yesterday, de 2006, e Carlos

Orsi, criador da trilogia MMM, base

para a webcomic A Mortífera

Maldição da Múmia, um dos pontos

altos da série. Além desses escritores,

gente talentosa como Hidemberg

Frota e Ana Cristina Rodrigues, que

escreveram e publicaram contos da

série no exterior; Manoel Magalhães,

Carlos Felipe Figueiras, Manoel

Ricardo, Antônio Callado e Bernard,

que capitanearam os projetos

quadrinísticos e até audio-visuais,

também merecem meus

agradecimentos.

MT: O universo de intempol teve

como berço a literatura? Fale um

pouco sobre a relação dos

quadrinhos com outras mídias, em

especial com a essa.

OA: O projeto nasceu numa antologia

de contos, mas logo pretendeu

abraçar outras mídias, mais

exatamente as HQs, mas também

com vontade de virar RPG e até

videogame. Os quadrinhos acabaram

ganhando mais projeção nos últimos

anos, mas os contos são a matéria

prima até agora. Espero mudar isso no

futuro, criando roteiros originais para

as HQs, mas precisamos ter um bom

retorno de Para Tudo Se Acabar Na

Quarta-Feira antes de pensar em

outros voos.

MT: Por que quadrinhos?

OA: Porque é o que sempre quis fazer

na vida.

MR: Quadrinhos é paixão, assim como

música. já trabalhei em escritório e

quase morri de desgosto. Desenhar e

tocar me dão a satisfação de sempre

melhorar mais, e isso faz eu me sentir

uma pessoa cada vez melhor. Creio

que ganhar dinheiro com isso me

permite continuar me sentindo assim.

Erick Santos: Porque é um meio

incrível e que sempre sofreu pela falta

de incentivo de editoras nacionais em

nossos talentos. O contexto das novas

técnicas de impressão digital e a

possibilidade de diálogo com leitores e

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interessados pelas redes sociais nos

dão um momento propício para entrar

no mercado. Além disso, a Draco

sempre teve como objetivo inicial a

publicação de quadrinhos, a literatura

é que veio em um segundo momento.

MT: Como está sendo essa estreia

para você?

OA: Sinto como se fosse um menino.

Aliás, talvez seja mais impactante

estrear aos 47 anos que aos 20.

MR: Está sendo uma viagem

construtiva. Vim para o FIQ e

conversei muito com muitos

profissionais. Aprendi sobre seu dia-a-

dia no ofício dos quadrinhos e

reafirmei meu caminho na profissão.

Sei onde errei e onde acertei neste

álbum, e estou feliz de tê-lo feito. Foi

uma experiência vibrante durante o

feitio, e está cada vez mais agora

depois de publicado. Por isso mal

posso esperar para fazer outro álbum.

Estou certo que será melhor.

ES: Como quadrinista independente, é

uma grande satisfação trazer uma

publicação nacional com grande

qualidade de roteiro e desenho, já que

os nossos maiores talentos ainda são

desenhistas, em sua maioria, e

publicam fora do país. Espero poder

editar mais material brasileiro e

gostaria de anunciar desde já um

projeto que será mais um passo para

entrarmos de vez no mercado de

quadrinhos em 2012, a coleção

"Imaginários em quadrinhos", que terá

a mesma proposta da nossa coleção

de coletâneas, Imaginários, que conta

com textos diversos nos gêneros de

fantasia, ficção científica e terror. Uma

vez nos chamaram de a "Heavy Metal"

brasileira na prosa, mas então que

sejamos também a ressurreição de

iniciativas como a antiga "Metal

Pesado", que era justamente a

proposta brasileira de uma coleção de

quadrinhos independentes e de

gênero.

MT: Por que SCI-FI?

OA: Porque é a terceira vertente da

cultura de massa que mais fala aos

meus sonhos. As duas outras também

são siglas: R’nR & HQs.

MR: Bom, eu sempre gostei de ficção

científica. Mais do que as tramas,

quando moleque o que me arrebatava

era a viagem visual, e o geralmente

grandioso contexto onde os

personagens interagem e contam a

história. Acho que por isso fiquei tão

empolgado com o quarta-feira desde o

início.

MT: O que vocês tem feito para além

do Álbum?

OA: Eu estou enrolado até os cabelos

com outras HQs, contos, antologias, a

universidade e, principalmente, meus dois

filhos. Sem eles, não há nenhum motivo

para fazer nada.

MR: Pode contar, Octavio? (risos) Temos

planos pra uma trilogia, mas, claro, vai

depender de como o Quarta-Feira vai se

sair com vendas, público e crítica. Pela

minha vontade, começamos a desenhar o

próximo álbum agora! (risos) Eu estou

louco pra saber o que acontece com

nosso herói Guido e sua competente

trupe. Também quero ver o Marquinhos

voltando. Ele e Payne certamente foram

os mais divertidos de desenhar.

ES: Falando da linha editorial de

quadrinhos, além da "Imaginários em

quadrinhos" que já está em produção,

teremos também projetos autorais e mais

álbuns solo. Queremos que a linha de

quadrinhos tenha um bom destaque

dentro de nosso catálogo e possamos

trazer à luz mais desenhistas e roteiristas.

Leia mais sobre a Intempol e

Para Tudo Se Acabar Na Quarta-Feira em

http://intemblog.blogspot.com/ e em

http://acabandoaquartafeira.wordpress.com/

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personagens interagem e contam a

história. Acho que por isso fiquei tão

empolgado com o quarta-feira desde o

início.

MT: O que vocês tem feito para além

do Álbum?

OA: Eu estou enrolado até os cabelos

com outras HQs, contos, antologias, a

universidade e, principalmente, meus dois

filhos. Sem eles, não há nenhum motivo

para fazer nada.

MR: Pode contar, Octavio? (risos) Temos

planos pra uma trilogia, mas, claro, vai

depender de como o Quarta-Feira vai se

sair com vendas, público e crítica. Pela

minha vontade, começamos a desenhar o

próximo álbum agora! (risos) Eu estou

louco pra saber o que acontece com

nosso herói Guido e sua competente

trupe. Também quero ver o Marquinhos

voltando. Ele e Payne certamente foram

os mais divertidos de desenhar.

ES: Falando da linha editorial de

quadrinhos, além da "Imaginários em

quadrinhos" que já está em produção,

teremos também projetos autorais e mais

álbuns solo. Queremos que a linha de

quadrinhos tenha um bom destaque

dentro de nosso catálogo e possamos

trazer à luz mais desenhistas e roteiristas.

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Murilo Souza. Água forte (Gravura em metal). 2009

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Batemos um papo com Jaum, co-criador do Selo Pôneis

mald... Digo, Macacos Humanos, sobre evolucionismo,

polegares opositores e até sobre quadrinhos, acredita?

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Monotipia: Podemos começar

contando detalhes sobre a proposta

do selo Macacos Humanos? E quem

são os “culpados”?

Jaum Hq: Macacos Humanos é um

selo que já havia sido criado em 2009,

na primeira edição da Peiote, mas que

acabou entrando em um processo de

revisão geral por conta de nossas

perspectivas. O Thiago de Oliveira, o

Daniel de Carvalho e eu estávamos em

uma inquietação constante para

encontrar um caminho que deixasse o

selo com uma consistência única no

mercado de publicações

independentes. Quando entrei na

Escola de Belas Artes da UFMG,

onde o Daniel já estudava, nós

conseguimos encontrar esse caminho

através da variedade de produções

existentes ali. Além disso, a EBA

também foi importante para a

construção de um grupo mais coeso

para manter o selo, como foi o caso da

entrada do artista gráfico Matheus

Ferreira como diretor de arte da

segunda edição da Peiote e que está

envolvido diretamente em futuras

edições dos Macacos Humanos

(afinal, ele é o culpado por nossa logo!)

e de toda a galera que está produzindo

o ¡Viva La República!. Nossa

proposta em meio a tudo isso é a de

expandirmos nosso catálogo para além

dos quadrinhos, mas mantermos eles

como parte importante do mesmo,

buscando peças artísticas e literatura e

mantendo uma busca para a revelação

de novos talentos. A ideia principal de

nossas publicações é de produções

gráficas alternativas, mas que

garantem um belo acabamento visual.

MT: Que tipo de trabalho lhes é mais

interessante?

JHq: Por ter sido formado por um

grupo de quadrinhistas, o selo

Macacos Humanos sempre terá um

direcionamento para a área dos

quadrinhos, mas também visamos a

publicação de outras modalidades

artísticas como literatura, literatura

infantil, livros de artista, fanzines e

muitas coisas mais, como, por

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exemplo, a junção de diversas dessas

modalidades em uma única publicação,

como é o caso do nosso título Clarice,

que envolve quadrinhos, ilustrações,

literatura e fotografia. Nosso interesse

está ligado à publicação de trabalhos

que nos agrade, mas que por ser de

novos autores ou por exigências

editoriais, não teria espaço para ser

publicado por editoras convencionais.

Que autores participam?

JHq: Nosso grupo de autores, como

explicado acima, foi construído com

base na necessidade de se encontrar

novos caminhos para o selo, ou seja,

muitos são estudantes dos cursos de

artes e de letras. No momento isso

está se concentrando na UFMG, mas

nosso objetivo não é focar apenas

aqui. Dentre esses autores temos, por

exemplo, o Bruno de Moraes, que é um

artista gráfico interessado na

possibilidade de experimentação da

linguagem dos quadrinhos e está

lançando o Tombo, a Bell, que faz

animações e tem um trabalho lindo

com aquarelas, o grupo do iViva La

República! (Del Lopes, que foi o

criador do título; Daniel Monteiro, que é

um artista gráfico e trabalha no design

da publicação; Flávio Gatti, que já deu

aulas na Casa dos Quadrinhos e já

publicou uma série de cards para a

Marvel Comics; Juan Narowé, que faz

trabalhos de ilustração para capas de

livros de uma editora espanhola; Bruno

Chiossi, que é ilustrador e tatuador;

Sérgio Lanza, que é ilustrador e

animador; Arthur Amorim, que é

roteirista e cursa teatro; e o Marcus,

que foi um dos criadores do fanzine

Totem, de 2007), a escritora e artista

Alice Zanon; o artista Brainer dos

Anjos; e o pintor Cássio Ferreira.

Temos também outros autores

envolvidos como o Cleuber, que faz as

tiras do Arroz Integral e que está

lançando sua revista própria pelo

nosso selo no momento, e os autores

participantes da Peiote, como o Law

Tissot, que é um artista multimídia que

mantém uma estética cyberpunk em

seus trabalhos, o Guazzelli, que é um

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http://www.facebook.com/revistapeiote

dos maiores artistas dos quadrinhos

brasileiros da atualidade, o Odyr, que

desenhou o álbum Copacabana da

editora Desiderata e mantém a Editora

Secreta, o Luciano Irrthum, artista

multimídia de João Monlevade que

lançou os álbuns A comadre do Zé e a

adaptação de O Corvo, de Edgar Allan

Poe, o Edgar Franco, que também é

um artista multimídia, com suas obras

pós-humanas, o Alves, que publica na

Folha de São Paulo e na revista MAD,

o Gabriel Góes e o LTG, que produzem

a revista independente Samba, o Will,

que lança o Sideralman e faz

trabalhos para a editora Nemo, o Juva

Batella, que entra com uma matéria

sobre o Campos de Carvalho na

segunda edição, e publicou sua tese

de mestrado sobre o autor no livro

Quem tem medo de Campos de

Carvalho?, além dos trabalhos meus,

do Daniel de Carvalho, que também

está lançando a revista do Garoto

Silver Tape, e do Thiago de Oliveira,

que é formado no curso de filosofia da

PUC e é sócio de uma nova loja de

quadrinhos aqui de BH, a LA.

MT: O que podemos esperar do

Macacos Humanos para 2012?

JHq: Para 2012, nós programamos a

publicação de diversos títulos de

qualidade com baixa tiragem, para um

público que segue nossas propostas

editoriais, além da continuidade de

outros trabalhos, como a Peiote, a

revista do Arroz Integral e o ¡Viva La

República!.

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Outra cama. É tudo tão confortável

-- esse fazer amor, esse dormir juntos,

a suave delicadeza… [Bukowski]

Page 23: Monotipia 11

Eu ficava ali, dançando. Como se não

existisse tempo, olhos ao redor. Eu só

ficava ali, dançando. Três horas da

manhã, as pessoas todas em bandos,

falando alto, sorrindo muito, jogando

fumaça pra cima, música ruim, alguém

enchendo meu copo, alguém recitando

poesia, vários rodopios, uma garrafa

quebrada, todo mundo se atrevendo.

Eu me desfazia e dançava entre

cometas, bêbados e vagabundagem.

Me desesperei quando ele entrou e

sentou-se sozinho no fundo do bar.

Acendeu um cigarro, virou uma dose e

o mundo se resumia então àquele

momento. Tentava pegar seus olhos,

inventar um motivo para me

aproximar, dizer alguma frase

decorada, fingir que acreditava em

qualquer coisa que ele dissesse e

atuar em relação a todo esse lance

atrativo entre o que se pensa e o que

se diz. Quem sabe ele se comovesse

ao notar minha maquiagem suja e

borrada, minha boca vermelha, meus

olhos mendigos.

As coisas foram se desprendendo de

mim. Ele me ofereceu uma bebida e

deixei claro meu desejo. Guardava em

sua pose a esperança bonita daqueles

que não se escondem. Nossos

sentimentos foram abafados pelo

arrastar de mesas e cadeiras e novos

corpos que se juntavam àquela

multidão. Muita coisa sobressaltava,

todos se entendiam, abraçavam a

loucura abstrata do instante e se

desvinculavam de tudo o que ousasse

ser humano. Éramos além.

Mais uma dança, a bebida caindo do

copo, suas mãos passeando em mim

de cima a baixo, rascunhando como

que num último retoque todo o meu

corpo. Eu seria dele ali mesmo,

naquele instante, debaixo de toda a

provocação que estava sendo

entregue. Me beijou num misto de

fúria, drama, comoção, exagero,

furtando toda a história pervertida que

até então estava sendo guardada em

minha língua. Aquelas luzes, aquela

sensação de sermos inflamáveis, uma

explosão conjunta prestes a

acontecer. Já estávamos à beira. Eu

despencaria fácil.

Tocava minhas pernas, firmava meus

quadris, lambia meus lábios, mordia

as pontas dos meus dedos, recitava

sacanagens, ia me amarrando nele,

assim, como se houvesse espaço para

nós dois debaixo daquela jaqueta

preta. Afoguei minha intensidade em

seus braços e permiti, repetindo

muitas vezes, que ele poderia

ultrapassar. Que toda aquela pinta de

imensidão dava acesso ao que era

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muito raso. Ele poderia ultrapassar,

poderia ler minhas histórias, poderia

zombar da minha cara de quem

acredita em romances, poderia me

deixar seriamente emocionada. Ele

poderia ousar, montar suas putarias

em meu pescoço e me fazer

desamarrar todas as letras

desordenadas que nunca foram ditas

a ninguém. Que ele viesse. Que eu

fosse.

Me puxou pelas mãos e eu apenas

segui, sem saber o caminho. Sem

querer saber o caminho. Esbarrei em

toda aquela gente, nas gargalhadas

que ao tocar meu rosto me faziam

sorrir, nos cheiros doidos de coisas

que floresciam e iam se impregnando

em minha pele, derrubei uma cadeira,

traguei um cigarro que outra mão

segurava e ouvi a porta batendo atrás

de mim, enquanto atravessávamos a

rua, correndo. Ele amassava minha

mão, meu coração.

Caminhamos até a estação de metrô

mais próxima, pegamos o primeiro

destino, sentamos e ficamos olhando

um para o outro enquanto o céu era

inteiro feito de labaredas. As cadeiras

vazias, os fantasmas a observar nossa

mudez. Todo aquele silêncio me

enchia de palavras. Descemos e

fomos andando até meu apartamento.

Indecências no elevador, convites

para trepar na escada, sussurros para

não acordar os vizinhos e um passo

de tango mal feito no meio do

corredor.

Conheceu meu corpo como se nada

fosse novidade, como se ele próprio

tivesse moldado todos os detalhes

naquela manhã que nascia. Seu peso

era o peso que eu nasci para medir.

Page 25: Monotipia 11

pimenta, adiando a hora de ir embora.

Queríamos chuva para passarmos o

dia em cima do colchão vivendo de

prazer, música, doce e conversas

sobre coisa nenhuma.

Nos olhamos de perto, lembramos

nosso olhar de longe, olhava já com

saudades, agarrava com as pernas,

com os braços, com todos os

movimentos. Mordia, arranhava, feria

para fazer carinho. As palavras foram

diminuindo e a porta bateu. Um

morango explodiu em minha boca,

pacote de souvenirs. Fiquei ali,

dançando, numa violência sutil, como

se não existisse tempo. Misturei tudo

com fogo. Falaria de amor no próximo

passo.

Numa próxima cama.

Enquanto ele afastava numa carícia os

cabelos que caiam em meu rosto, meu

queixo se apoiava em seu peito e não

sabíamos se era melhor juntar ou

separar tudo antes que alguma coisa

se quebrasse. Levantei, amarrei as

dúvidas junto com os cabelos e

escrevi na parede com meu batom

vermelho um verso que rasgou meu

pulso e deixou muita coisa a mostra. O

resto eu havia esquecido na mesa do

bar.

No chuveiro, a água deixou que

escorressem as marcas do que foi

feito. Ficamos abraçados e sua pele ia

aquecendo minhas extremidades.

Aquele rosto bonito, a fumaça, nossos

pés, nossa volta para a cama, o chão

molhado e a gente se olhando

sabendo que seria a última vez.

Gravando vozes, medindo os tons,

identificando as cores, colocando

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As Vidas Imperfeitas de Mary Cagnin

Page 27: Monotipia 11

As Vidas Imperfeitas de Mary Cagnin

Page 28: Monotipia 11

Monotipia: Fale sobre você,

enquanto artista gráfica.

Estudo Artes Visuais na Unesp, mas

desenho desde que me entendo por

gente. Sempre fui meio autodidata,

desenhando a partir de revistas,

desenhos animados e principalmente,

de mangás. Mas além de desenhar,

eu também sempre gostei de contar

histórias, por isso tanto a literatura

quanto o desenho foram duas coisas

que desenvolvi com o tempo, assim

como o quadrinho. Para mim, é normal

estar em busca de novos

conhecimentos, independente da

faculdade, e independente da minha

área de formação. Tenho um foco

para as artes visuais, que por sinal, é

um campo bem amplo, que me

permite uma aproximação com a

fotografia ou com o cinema, por

exemplo. Mas no meu caso, como

quadrinista, estudar as pessoas

também é importante, por isso gosto

de ler coisas relacionadas com

psicologia, filosofia, sociologia...

MT: Quais são as suas principais

influências, no que se refere a

movimentos e/ou artistas?

A minha principal influência sempre foi

o mangá, de Kaori Yuki a Hiroaki

Samura. Este último, inclusive,

inspirou a primeira edição do meu

fanzine, feita toda à lápis. Apesar

disso, o mangá nunca me pareceu

suficiente, e sempre estive no limiar

entre este e o realismo. Apesar de ter

feito trabalhos realistas, o meio-termo

é o que mais me agrada e define meu

estilo de desenho. No final, eu prefiro

dizer que tudo o que é relacionado à

arte, ilustração ou quadrinhos me

serve de inspiração e me influencia de

alguma forma.

MT: como é seu processo de

trabalho? Quais seus formatos e

materiais preferidos?

Gosto particularmente de desenhar à

mão. O lápis no papel me permite um

controle que não cheguei a encontrar

nos desenhos digitais. Tenho um

gosto especial por aquarela, mas não

me aprofundei muito nesta técnica. A

maioria dos meus desenhos, quando

finalizados, são feitos à caneta

nanquim ou bico de pena. Já os

digitais, faço utilizando uma tablet e o

programa Photoshop.

MT: Fale sobre o Vidas Imperfeitas

(Do que a série trata, Quando

começou a publicá-lo, que do que

essas histórias tratam e pq contá-

las)

Por que contar histórias é uma

pergunta emblemática; as pessoas

tem necessidade de contá-las tanto

quanto tem necessidade de ouvi-las.

Foi assim, do nada, que as idéias

surgiram e que a história de Vidas

Imperfeitas foi concebida. Fiz algumas

páginas descompromissadas até

tomar a decisão de finalizá-las em

forma de fanzine. Isso aconteceu no

começo de 2009. Muita coisa mudou

do 'original', porque eu queria que o

enredo ficasse mais conciso e

Page 29: Monotipia 11
Page 30: Monotipia 11

palpável. Gosto de histórias que se aproximem do

que é puramente humano, e que façam os leitores

sentirem, refletirem. Gosto de profundidade, mesmo

quando se trata de temas mais banais do nosso dia-a

-dia, porque afinal, estamos sempre permeados de

complexidades. Agora o Vidas (como foi apelidado

carinhosamente pelos leitores) conta a história de

uma garota que por fora é extremamente agressiva e

violenta, que parece não temer a nada. Aos poucos,

essa 'aparência' vai se desmanchando, e nós

descobrimos sobre seu passado, sua família e suas

amizades. Me baseei na minha própria experiência

escolar para compor o roteiro, apesar de nunca

explicitar onde exatamente vivem os personagens.

Talvez seja mais fácil se identificar com eles desta

forma, porque ele podem ser qualquer um e viver em

qualquer lugar.

MT Como foi a experiência de publicá-lo de forma

independente e pela primeira vez e agora através

de uma editora?

Quando segurei a primeira edição impressa, foi uma

das melhores sensações que eu tive. Sou desse tipo

Page 31: Monotipia 11

que gosta de pegar os livros com as mãos e sentir

as folhas passarem entre os dedos... Tudo o que

eu queria era que outras pessoas também

tivessem essa sensação, por isso a publicação

independente foi a forma que encontrei de passar

minhas histórias adiante. Foi uma boa

experiência, a de criar, desenhar e ser a minha

própria editora. Aprendi muita coisa e fiz tudo do

jeito que queria, esse é o ponto positivo. Se eu

pudesse voltar atrás, faria tudo de novo, porque

aprendemos a valorizar aquilo que fazemos e

encontramos os leitores mais sinceros (positiva e

negativamente). Foi assim que eu cresci, como

quadrinista e como pessoa, e todas essas coisas

me impulsionaram a continuar. Agora que o

fanzine encontrou uma editora, e será publicado

internacionalmente, eu penso: meu fanzine

amadureceu, finalmente ganhou asas. Foi um

ótimo caminho.

MT: Conte-nos o que você produz para além

dos quadrinhos?

A maior parte da minha produção é voltada para a

Page 32: Monotipia 11

faculdade. Trabalhamos com bastante

técnicas diferenciadas, como gravura,

serigrafia, modelagem, desenho, pintura,

fotografia, vídeo. O importante é saber

aliar a mensagem a ser enviada com o

'meio'. Tenho também projetos pessoais

que envolvem ilustração, e uma grande

produção de textos, tanto de narrativas

quanto de informativos e tutoriais para

blogs. Eu gostaria de ter tempo para me

dedicar a outros projetos de interesse,

mas agora dou prioridade às aulas e aos

estudos.

MT: Que quadrinhos tem lido

ultimamente? E o que para além de

quadrinhos?

Eu costumo ler muito mangá

desconhecido, principalmente os

coreanos. Eles abordam temas de um

aspecto diferenciado dos japoneses, e

são obras muito ricas em estilo. Também

acompanho o trabalho de outros

fanzineiros e webcomics pelo site Mushi-

Page 33: Monotipia 11

san (http://www.mushi-san.com/) É

incrível como tem histórias interessantes

por aí que ainda não receberam a devida

atenção. Acho que o mercado de

quadrinhos no Brasil ainda tem muito o

que crescer, e também deve abrir espaço

para as webcomics, que são mais

experimentais. De literatura, estou lendo

as crônicas vampirescas da Anne Rice.

Ela se tornou uma das minhas escritoras

favoritas, não pelo tema, mas pela sua

narrativa impressionante. Também estou

tentando terminar de ler a série do

Senhor dos anéis, que precisa ser

digerido em doses homeopáticas, para

evitar a fadiga, rs! No geral, gosto de ler

romances e dramas, mas balanceio as

minhas experiências de leitura com outros

gêneros, como comédia, suspense,

ficção... Na verdade, depende do quanto

uma história é capaz de me cativar, e de

me tirar do estado de inércia da nossa

rotina diária.

Page 34: Monotipia 11

Quadrinho Oculto

Page 35: Monotipia 11

Convidamos nossos parceiros para um

simpático “amigo oculto de quadrinhos”,

onde cada participante nos enviou um

roteiro para uma HQ de 1 página sobre

“um disquete com todas as respostas

para tudo”.

Participaram da primeira rodada Milena

Azevedo, Rodrigo Chaves, Otávio Tersi,

Rafael Dourado e Felipe Assunção.

Eis aqui o resultado.

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Milena Azevedo nos traz um relato detalhadíssimo de um dos eventos mais bacanas sobre literatura, quadrinhos e afins que rolaram no

excepcional ano de 2011. Fotos: www.fliqnatal.com.br

Page 45: Monotipia 11

Flashes da FLiQ

Dia 1

Nesse primeiro dia da FLiQ, já

começamos com o pé direito. Bastante

gente apareceu pra ver o Spacca e o

José Aguiar, além de conferir o

trabalho dos quadrinistas potiguares.

Logo pela manhã, Spacca, José

Aguiar e eu fomos entrevistados pela

Tribuna do Norte e pelo Novo Jornal,

dois grandes periódicos de Natal.

Entre o assédio inicial da imprensa, eu

pude conversar um pouquinho com os

dois, e também com a Ana, simpática

esposa do Spacca, que já conhecia

Natal, mas ficou admirada com o

crescimento da cidade dentro de

apenas dez anos.

Spacca confessou que é um

apreciador do cordel e da xilogravura,

e mostrou interesse em conhecer os

trabalhos dos quadrinistas potiguares,

já de olho na capa de uma antiga

Maturi, com o especial sobre Jesuíno

Brilhante, feita por Emanoel Amaral

(ele e o Aguiar até pensaram que o

traço era do Watson Portela).

Spacca também contou como foi o

processo de apresentação do projeto

do álbum Santô e os pais da aviação

para a Cia. das letras, e me relatou

que antes de fazer a adaptação do

Jubiabá, ele propôs à Cia. das Letras

adaptar Capitães da Areia, também do

Jorge Amado. Bom, a adaptação do

Capitães não vingou, mas ele recebeu

uma contra-proposta recente para

adaptar Teresa Batista Cansada de

Guerra. A gente também conversou

um pouco sobre a adaptação para o

cinema do Capitães, pela neta do

Jorge Amado, Cecília. E, por fim, ele

me disse que foi convidado pelo

Festival de Amadora, em Portugal, e

por isso só poderá ficar na FLiQ até

quarta-feira.

No início da tarde, começou a sessão

de autógrafos com os dois

quadrinistas convidados, mas tivemos

a infeliz surpresa de que a

transportadora atrasou o envio dos

álbuns do Spacca à Cooperativa

Cultural da UFRN, com a chegada

agendada para quarta ou quinta-feira,

apenas. Spacca gentilmente

autografou meus três álbuns (fazendo

sketches maravilhosos) e fez sketches

em papel ofício para os leitores que

apareceram, aproveitando para

conversar com eles também. Já o

Aguiar foi “salvo” pelos meus últimos

exemplares do Quadrinhofilia e do

Folheteen. Quem comprou, saiu com

um sorriso largo no rosto. Hoje à noite

ele estará lançando e autografando o

Vigor Mortis Comics, no estande dos

quadrinistas potiguares. É a chance

pra quem não pode comparecer ontem

à tarde. Ressalto aqui a presença do

quadrinista cearense André Dias, que

veio conferir a FLiQ e trouxe seu

belíssimo álbum Conversa de Rei

para presentear Spacca e Aguiar.

Pontualmente às 15:00 horas, Aguiar

se dirigiu à Tenda 1 para ministrar a

oficina ABC da HQ. Algumas pessoas

fizeram a inscrição na hora e

acompanharam a oficina, na qual o

Aguiar conversou bastante com os

participantes, mostrou vários trabalhos

seus, desde o esboço até a arte-final,

detalhando o processo de produção,

Page 46: Monotipia 11

mostrando as nuances da diagramação

das páginas, dos enquadramentos, dos

ângulos, do tratamento das

onomatopeias. E ao fim os alunos fizeram

uma HQ coletiva de dez páginas.

Paralela à oficina do Aguiar, ocorreu a

primeira sessão de animes, com o

público otaku já se aglutinando, mas

também atraindo muitas pessoas que

ainda não conheciam os desenhos

animados japoneses.

Antes das 17:00 horas, a criançada

e os professores já se aglutinavam à

frente do auditório, à espera do

encerramento da sessão de animes, para

conferir a primeira palestra da FLiQ, que

contou com uma premier do curta de

animação O RN na rota de Cabral,

produzido por Lula Borges. Lula detalhou

todas as etapas do processo da produção

da animação e ainda apresentou o game

que ele fez em conjunto pra divulgá-la,

contando com a presença de um dos

dubladores. O pessoal aprovou.

Em seguida, quem falou aos

presentes foi a Prof. Alessandra Ferreira.

Para ambientar o público, ela exibiu um

trecho da animação D. João no Brasil.

Alessandra contextualizou a obra do

Spacca (D. João Carioca, que deu

“origem” à referida animação) e relatou a

experiência que teve com alunos do

sétimo ano do ensino médio, tanto em

utilizar as histórias em quadrinhos e

animações na sala de aula, como passar

a produzir as primeiras HQs com eles.

Spacca estava na plateia e parabenizou

Alessandra pelo trabalho que ela vem

desenvolvendo.

Sem delongas, Spacca já iniciou

sua fala aproveitando para desenhar

alguns personagens de seus álbuns. O

choque veio ao constatar que haviam

repassado a ele uma caneta pilot

permanente. Como Spacca não

conseguia apagar o desenho, Ivan Cabral

(do GRUPEHQ) sugeriu que o quadro

fosse dado a ele. Resolvido o problema

com a chegada do álcool (sim, eu deixei o

quadro branco quase tinindo), Spacca

continuou desenhando, e a cada desenho

ele mostrava que seu trabalho ao retratar

Santos Dumont, D. João VI, Debret, por

exemplo, foi encontrar o tom certo para

caracterizá-los; e ele só achou ao estudar

a personalidade, a vida e os trejeitos de

cada um. Numa palestra com participação

ativa da plateia, sedenta por fazer

perguntas, Spacca optou por prosseguir

sua fala respondendo os

questionamentos que lhe iam sendo

feitos. E vale salientar que na plateia

estavam, além de Ivan Cabral, outros

membros do GRUPEHQ, como Márcio

Coelho, Gilvan Lira e Luiz Elson. Sem

contar que os chargistas e quadrinistas

compareceram quase que em peso,

estavam lá Brum, Wanderline, Marcos

Guerra, José Veríssimo, Beto Leite,

Leander, Cristal, Dickson Tavares,

Joseniz, Marcos Garcia... Quando o

relógio marcou alguns minutos além das

20:00 horas, a palestra foi encerrada e a

tietagem teve início, com sessões de

fotos e autógrafos.

Para encerrar o primeiro dia de

atividades, fiz as três perguntas da

promoção do PortalGHQ e constatei que

pouquíssimos amigos e colegas

potiguares leem a nossa revista

eletrônica. Quem acertou mais da metade

das perguntas foi o Márcio Coelho (só

não soube dizer o sobrenome da Ulli

Lust) e, mesmo ele não tendo twitter,

levou o último exemplar de Quadrinhofilia

e já saiu do auditório com seu devido

autógrafo + sketch.

Page 47: Monotipia 11

perguntas, Spacca optou por prosseguir

sua fala respondendo os

questionamentos que lhe iam sendo

feitos. E vale salientar que na plateia

estavam, além de Ivan Cabral, outros

membros do GRUPEHQ, como Márcio

Coelho, Gilvan Lira e Luiz Elson. Sem

contar que os chargistas e quadrinistas

compareceram quase que em peso,

estavam lá Brum, Wanderline, Marcos

Guerra, José Veríssimo, Beto Leite,

Leander, Cristal, Dickson Tavares,

Joseniz, Marcos Garcia... Quando o

relógio marcou alguns minutos além das

20:00 horas, a palestra foi encerrada e a

tietagem teve início, com sessões de

fotos e autógrafos.

Para encerrar o primeiro dia de

atividades, fiz as três perguntas da

promoção do PortalGHQ e constatei que

pouquíssimos amigos e colegas

potiguares leem a nossa revista

eletrônica. Quem acertou mais da metade

das perguntas foi o Márcio Coelho (só

não soube dizer o sobrenome da Ulli

Lust) e, mesmo ele não tendo twitter,

levou o último exemplar de Quadrinhofilia

e já saiu do auditório com seu devido

autógrafo + sketch.

Page 48: Monotipia 11

Flashes da FLiQ

Dia 2

O segundo dia da FLiQ contou com as

primeiras oficinas ministradas pelos

quadrinistas potiguares. Infelizmente a oficina

de Criação de Personagem, ministrada por Beto

Potiguara, precisou ser reagendada para quarta

e quinta, pois o auditório foi cedido à

Governadora Rolsaba Ciarlini, que veio falar

sobre o cheque-livro.

À tarde as oficinas continuaram com a

disputadíssima oficina de animação, ministrada

por Lula Borges e a primeira parte da oficina

Elementos do Estilo Mangá, ministrada pelo

João Henrique Lopes.

Rafael Coutinho chegou distribuindo

simpatia para a sessão de autógrafos, no

Espaço do Autor. Surpresa boa foi a presença

do bem humorado escritor Mário Prata, que

também se juntou ao Rafa para a sessão de

autógrafos e aproveitou para tieta-lo e até

adquiriu um exemplar do Cachalote.

Quem não conseguiu comprar os títulos

Page 49: Monotipia 11

Flashes da FLiQ

Dia 2

O segundo dia da FLiQ contou com as

primeiras oficinas ministradas pelos

quadrinistas potiguares. Infelizmente a oficina

de Criação de Personagem, ministrada por Beto

Potiguara, precisou ser reagendada para quarta

e quinta, pois o auditório foi cedido à

Governadora Rolsaba Ciarlini, que veio falar

sobre o cheque-livro.

À tarde as oficinas continuaram com a

disputadíssima oficina de animação, ministrada

por Lula Borges e a primeira parte da oficina

Elementos do Estilo Mangá, ministrada pelo

João Henrique Lopes.

Rafael Coutinho chegou distribuindo

simpatia para a sessão de autógrafos, no

Espaço do Autor. Surpresa boa foi a presença

do bem humorado escritor Mário Prata, que

também se juntou ao Rafa para a sessão de

autógrafos e aproveitou para tieta-lo e até

adquiriu um exemplar do Cachalote.

Quem não conseguiu comprar os títulos

da série 1000, as canecas e os pôsteres da

Narval Comix, todos estão à venda no

estande dos quadrinistas potiguares.

Rafa, bastante assediado, disparou

para o auditório e iniciou sua palestra

falando sobre o que era uma graphic novel

(e que ele prefere aportuguesar o termo e

chamar de Romance Gráfico) e por que esse

tipo de quadrinho mais elaborado não era

uma realidade no Brasil a pelo menos cinco

anos atrás. Ele foi taxativo, afirmando que o

adiantamento que a editora dá não cobre as

despesas dos artistas, sendo necessário

fazer trabalhos paralelos para completar o

orçamento. Também reforçou a importância

do roteiro e as experiências e experimentos

que ele fez até poder acertar a mão, e a

opção por desenhar em formato “grid” único,

como foram o Drink e a adaptação da

história da Branca de Neve no álbum Irmãos

Grimm, da Desiderata. Ele contou à plateia

como descobriu o ritual do mensur e

percebeu que daria para contar uma história

interessante a partir desse ritual alemão que

ainda hoje é praticado. Ao fim de sua fala,

Rafa me elogiou bastante (fiquei até sem

jeito) e conclamou o pessoal a comprar os

produtos da Narval Comix.

Logo após, foi a vez do José Aguiar

(que estava na plateia da fala do Rafa, junto

ao Spacca e ao Mário Prata) mostrar pra

gente como ele, a quatro mãos (junto com o

Paulo Biscaia), conseguiu adaptar duas

peças da Cia. teatral Vigor Mortis, de

Curitiba, para o formato de história em

quadrinhos. Aguiar aproveitou o momento

para ressaltar a importância da FLiQ e de

como é salutar poder compartilhar trabalhos

e experiências com outros quadrinistas, e os

eventos servem para aproximar os artistas e,

principalmente, o público leitor ao artista.

Todos seguimos para o estande dos

quadrinistas potiguares para o lançamento e

sessão de autógrafo do Vigor Mortis Comix,

do Aguiar. O nosso estande ficou muitíssimo

movimentado, pois apareceu bastante

público para conversar com o Aguiar, pegar

autógrafo personalizado com sketch, e

também teve gente louca atrás dos

quadrinhos da série 1000, editada pelo

Rafael Coutinho.

Para encerrar a noite, conversei com o

Spacca e o Aguiar a respeito de meu novo

projeto, e foi massa ter o apoio e o estímulo

deles.

Não tive a menor condição de fazer as

perguntas da promoção do PortalGHQ, mas

hoje serão duas HQs, Whoa, Nellie! e

Umbra. Preparem-se!

Page 50: Monotipia 11

Flashes da FLiQ

Dia 3

Cada dia de FLiQ é melhor do que

o outro. Esse terceiro dia começou com

minha segunda oficina de Roteiro,

seguida da primeira oficina de Criação de

Personagem. Também houve a oficina de

Desenho e Arte-final, ministrada por

Wanderline Freitas. Todas com um

público sedento para aprender os

princípios básicos norteadores para

começar a escrever e desenhar uma HQ.

Destaque para o Prof. De Física Nivaldo

Mangueira, extremamente empolgado

para criar histórias com seus alunos.

No final da manhã, conheci o

grande desenhista cearense Geraldo

Borges, que me presenteou com um

exemplar de Adventures Comics

autografado. Geraldo fez sucesso ao

mostrar para todos as páginas da próxima

edição da revista do Lanterna Verde, que

só será lançada nos EUA em novembro.

Mas Geraldo pediu a compreensão de

Page 51: Monotipia 11

Flashes da FLiQ

Dia 3

Cada dia de FLiQ é melhor do que

o outro. Esse terceiro dia começou com

minha segunda oficina de Roteiro,

seguida da primeira oficina de Criação de

Personagem. Também houve a oficina de

Desenho e Arte-final, ministrada por

Wanderline Freitas. Todas com um

público sedento para aprender os

princípios básicos norteadores para

começar a escrever e desenhar uma HQ.

Destaque para o Prof. De Física Nivaldo

Mangueira, extremamente empolgado

para criar histórias com seus alunos.

No final da manhã, conheci o

grande desenhista cearense Geraldo

Borges, que me presenteou com um

exemplar de Adventures Comics

autografado. Geraldo fez sucesso ao

mostrar para todos as páginas da próxima

edição da revista do Lanterna Verde, que

só será lançada nos EUA em novembro.

Mas Geraldo pediu a compreensão de

quem estava tirando fotos, para só

divulgá-las na internet no mês de

novembro, caso contrário ele levará uma

multa da DC Comics. Geraldo também

trouxe para venda dois exemplares do Art

Book do Renato Guedes (praticamente

disputado à tapa entre os nossos

desenhistas), e blocos de folhas A3

margeadas. Quando ele foi autografar no

Espaço do Autor, e desenhou um

personagem ao vivo, atraiu a atenção de

várias pessoas, que também queriam um

sketch de seu super-herói preferido.

Outra “atração” da tarde de ontem

foi a oficina Desenho de personagem

histórico para HQ, ministrada pelo

Spacca. Muitos desenhistas e curiosos

completamente atentos às sábias

palavras do mestre. E o José Aguiar

também estava entre eles, confessando

depois que conseguiu “rabiscar” ideias

para seu próximo trabalho, a adaptação

de Vinte Mil Léguas Submarinas, do Julio

Verne.

Às 18:00 horas teve início a fala da

desenhista paraibana Luyse Costa.

Luyse contou um pouco de sua trajetória

no mundo das ilustrações, mostrando à

platéia seu belíssimo traço, uma linha

clara extremamente delicada, e sua

predileção pela aquarela. O destaque foi

para uma série de aquarelas com cenas

de filmes, entre eles O Jardim Secreto,

Na Natureza Selvagem, Amélie Poulain e

Alice no País das Maravilhas. Após a

“introdução”, ela falou sobre o projeto da

HQ Anchietinha, revelando que esse

havia sido seu primeiro trabalho com arte

seqüencial, levando em torno de dois

meses para realizá-lo, utilizando o Flash

(ela confessou que tinha bastante

preconceito em manipular programas de

computador como o Photoshop e o

Illustrator, mas depois desencanou e

descobriu um mundo novo e prático

neles). A plateia ganhou exemplares de

Anchietinha: a Capela de São Miguel em

quadrinhos.

Quem subiu ao nosso pequeno

palco do auditório, em seguida, foram

Spacca, José Aguiar e Rafael Coutinho,

na mesa-redonda Quadrinhando Outras

Mídias. A discussão foi muito boa e dava

margem a mais uma, duas, três horas. No

sábado, com calma, eu escreverei

detalhadamente sobre essa mesa.

Da mesma forma que na terça-

feira, ontem foi impossível fazer as

perguntas da promoção do PortalGHQ,

mas não se preocupem porque os

prêmios estão se acumulando. O título de

hoje será A serpente vermelha.

Page 52: Monotipia 11

Flashes da FLiQ

Dia 4

O quarto dia da FLiQ veio com

uma informação surpreendente: a

cada 1 minuto, 40 pessoas entravam

no pavilhão da FLiQ, estimando um

público de 80 mil pessoas nesses

cinco dias de evento. Olha que é a

primeira edição da FLiQ e os números

mostram ao empresariado local que

vale a pena investir em um evento

desse porte, unindo mídias distintas,

embora irmãs, como a literatura e os

quadrinhos (e aqui eu me refiro a

quadrinhos locais, nacionais, mangás,

cosplays).

O Spacca ficou feliz em saber

que a Cooperativa Cultural da UFRN

havia conseguido trazer seus álbuns e

se dispôs a autografar e fazer

sketches para o público mais uma vez.

De olho no horário da viagem de volta,

Spacca não pode ficar muito tempo,

mas levou na bagagem as HQs do

Projeto 1ª Edição, alguns cordéis e

meus dois livros de poemas: O Perfil

da Águia e Prometeu Livre,

confessando que não só gostava de

poemas, como também adora

escrever sonetos (tem mais de 40

escritos).

As atividades da tarde foram

abertas com a mesa-redonda Leitura

de imagens nas charges e

caricaturas dos artistas do RN,

formada pelos chargistas Ivan Cabral

e Brum, tendo como mediador o

quadrinista e professor Miguel Rude.

O mestre Ivan Cabral deu uma aula

sucinta e maravilhosa sobre leitura de

imagens, com Brum reforçando que

para fazer charge não é necessário

apenas saber desenhar, mas ter um

timing de crítica sócio-política e

comicidade preciso.

Em seguida teve início a mesa-

redonda mais descontraída da FLiQ,

Desenhando Comics, com os artistas

que trabalham para o mercado norte-

americano: Geraldo Borges, Gabriel

Andrade Jr. e Wendell Cavalcanti.

Cada desenhista explicou como aos

poucos foi abandonando suas

carreiras e vivendo exclusivamente da

produção de HQs. Geraldo Borges

disse que é Engenheiro Civil, mas

sempre gostou de desenhar. Quando

foi agenciado pela Impacto

Quadrinhos, trabalhava como

funcionário da UNIFOR nos turnos da

manhã e da tarde, à noite era

professor da mesma instituição e de

madrugada fazia as páginas para a

DC Comics. Hoje ele tem um estúdio

de desenho em Fortaleza, dá aulas na

UNIFOR e seu rendimento maior vem

mesmo dos quadrinhos. Ele trouxe

toda a arte da nova revista do

Lanterna Verde, que será publicada

nos EUA no mês de novembro, mas

pediu gentilmente a todos que não

divulgassem as imagens ainda para

que ele não pague multa à DC.

Geraldo exibiu um vídeo do arte-

finalista que trabalha com ele, para

mostrar o caminho e o passo-a-passo

da página. Já Gabriel, que também é

agenciado pela Impacto Quadrinhos,

informou ao público como conseguiu

em tão pouco tempo chegar a assinar

um contrato de exclusividade com a

Avatar Press, tendo trabalhado com

editoras renomadas como a Dark

Page 53: Monotipia 11
Page 54: Monotipia 11
Page 55: Monotipia 11

Horse e a BOOM! Studios. O sucesso foi

fruto de muito estudo e persistência. E

Wendell explicou que prefere trabalhar

direto com os autores, tendo uma

parceria consolidada com Eric Palicki, e

anunciando que acabou de ser agenciado

pela Spacegoat.

Mesmo o auditório sendo

requisitado para os restantes das

atividades, ainda deu tempo pra fazer

perguntas variadas sobre o universo das

HQs tendo como prêmios os livros que o

Brum disponibilizou para sorteio.

A noite de autógrafos teve início

com o João Henrique Lopes lançando

seu livro Elementos do Estilo Mangá, no

Espaço do Autor.

Para finalizar o dia, fiz as

perguntas para a promoção do

PortalGHQ, mas confesso que está difícil

continuar com a promoção porque o

pessoal simplesmente não lê nossa

revista eletrônica. Quem ganhou o

exemplar de Whoa, Nellie! foi Miguel

Rude, mas tive que fazer umas cinco,

seis perguntas para conseguir respostas

corretas, algumas que ainda foram no

“chutômetro”.

Flashes da FLiQ

Dia 5

O derradeiro dia da FLiQ foi o

mais agitado, principalmente porque a

espera pelos dubladores Ulisses e

Úrsula Bezerra e pela premiação do

concurso de cosplay era enorme.

As atividades se concentraram

na parte da tarde com a mesa-

redonda A importância dos

materiais para o desenho e o

mercado para desenhista do estilo

mangá, que na verdade foi mais uma

aula bacana proferida pelo Paulo

Serafim e pela Giovana Leandro, dois

profissionais que abraçaram o estilo

mangá e conhecem profundamente

uma gama de lápis, pinceis, canetas e

tintas, de várias marcas, e deram uma

porção de dicas e de onde comprar

esses materiais. Muito legal ver

pessoas interessadas em conversar

com o Paulo e a Giovana após a fala

deles, para ver de perto os materiais e

trocar ideias.

Antes da mesa-redonda com o

GRUPEHQ, fizemos uma promoção

com três kits de HQs do Projeto 1ª

Edição, e uma homenagem ao

chargista Cláudio de Oliveira, com

direito a um pequeno vídeo-

depoimento do artista.

A mesa-redonda GRUPEHQ e a

renovação da revista Maturi contou

com a participação de Ivan Cabral,

Márcio Coelho, Luiz Elson e Gilvan

Lira. Ivan fez um ótimo histórico do

grupo e da revista Maturi, informando

que a revista foi bem aceita no Rio e

em São Paulo, nas décadas de

1970/80, principalmente porque Henfil,

que morou em Natal e chegou a

colaborar em algumas edições da

Maturi, fez uma boa divulgação da

mesma por onde passava. Já no

século XXI, a Maturi sofreu uma

repaginada, ganhando um tamanho

maior e mais qualidade artística e

técnica, com trabalhos novos dos

membros do GRUPEHQ e

apresentando os talentos da nova

geração de quadrinistas do Rio

Page 56: Monotipia 11

Grande do Norte. Ivan fez uma seleção de

algumas páginas das três primeiras edições da

nova Maturi, frisando a importância do conselho

editorial para que as edições saíssem com uma

boa qualidade, equilibrando texto e arte.

Encerrada a palestra, tivemos o

lançamento com sessão de autógrafos da

Maturi # 4, no estande dos quadrinistas

potiguares.

A palestra com os dubladores Úrsula e

Ulisses Bezerra foi reagendada para as 19:30

horas, para que desse tempo do júri se reunir e

escolher os melhores cosplayers da FLiQ,

seguida da premiação dos mesmos.

Quem encerrou o evento foi o “Casseta”

Reinaldo Figueiredo, num bate-papo bem

humorado com o jornalista Alex de Souza, no

Circo da Luz. Reinaldo contou como a sua

patota foi ganhando terreno no meio

humorístico, bem antes de chegar à TV, com

direito até a curiosa história do batismo do

“Casseta e Planeta”, que está mais relacionado

com as paródias de músicas que eles faziam.

O melhor foi saber que ultrapassamos a

meta de 80 mil pessoas visitando o pavilhão da

FLiQ durante a semana. O evento começou

com o pé direito e bem fincado no chão.

Balanço geral Fazer um evento juntando literatura e

quadrinhos, e realizá-lo paralelo à CIENTEC

(Feira de Ciência e Tecnologia da UFRN), foi

uma aposta certeira de Rilder Medeiros, Osni

Damásio e Francisco Alves. O Pavilhão da FLiQ

(Feira de Livros e Quadrinhos de Natal) recebeu

90 mil pessoas ao longo de cinco dias de

evento. Havia momentos em que era

praticamente impossível trafegar no pavilhão,

mas ainda assim o ar condicionado aguentou o

tranco e não deixou ninguém ficar suado.

Pela primeira vez em nosso Estado, a arte

sequencial foi tratada como uma mídia em si,

trazendo profissionais de renome nacional e

internacional para debater, apresentar seus

trabalhos, ministrar oficinas e fazer lançamentos

de HQs, não esquecendo dos artistas locais,

que tiveram presença garantida no estande mais

movimentado da FLiQ, além de ministrarem

oficinas com conceitos básicos de roteiro,

criação de personagem, desenho, arte-final e

animação. A procura pelas oficinas foi grande e

os alunos estavam ávidos em aprender como se

faz uma HQ ou uma animação. A maioria era

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professor da rede pública (municipais

e estaduais). Destaco aqui o empenho

de alguns alunos, como o Tito, que fez

todas as oficinas disponíveis.

Os colecionadores e fãs de

quadrinhos não se continham de tanta

alegria ao poder pegar autógrafos,

sketches, tirar fotos e conversar com

Spacca, José Aguiar, Rafael Coutinho,

Geraldo Borges, Luyse Costa e João

Henrique Lopes. Todos os convidados

foram super gentis e bem humorados,

e estavam loucos pra conhecer

nossos quadrinistas, também. Houve

aquela tão saudável troca de

trabalhos, que muitas vezes não

chegam facilmente às mãos de quem

mora nas regiões Sul e Sudeste.

Spacca e Aguiar, inclusive,

mencionaram em suas palestras a

importância dos eventos de

quadrinhos em várias regiões do

Brasil, pois são valiosos momentos de

intercâmbio de ideias entre os artistas.

Foi bacana rever vários clientes da

GHQ, como Jonas, Tupayba, Lúcio,

Fernanda, o colecionador Nássaro

Nasser, o Prof. Carlos Negreiro, e

conhecer entusiastas da arte

sequencial, como o Dyego Saraiva e o

Renato, bem como a Prof. Dra. Cellina

Muniz, que organizou um livro

excelente com textos acadêmicos

analisando os diversos fanzines

produzidos no Brasil. Ouvir só

comentários elogiosos sobre a FLiQ,

desse pessoal todo, foi maravilhoso,

pois eu vesti a camisa mesmo por

vocês; pelo público que eu sabia

existir aqui e que merecia um evento

como esse.

Para os empresários que duvidaram

da FLiQ, mostramos que fazer um

evento agregando mídias, ao invés de

segregar, atrai mais pessoas. Tanto

que o público foi deveras

heterogêneo, dos 8 aos 80 mesmo.

Trouxemos mestres da literatura

contemporânea brasileira, como Mário

Prata e Fabrício Carpinejar, que

dividiram o espaço com mestres e

jovens talentos da arte sequencial e

dubladores aclamados em todo o

Brasil; além disso, atraímos os

cosplayers, com um concurso bacana,

que deixaram o pavilhão da FLiQ mais

bonito e colorido, e puderam mostrar

que seu trabalho é uma arte. Também

estiveram presentes no pavilhão, o

cosmaker e cosplayer pernambucano

Dário Filho (trouxe inúmeros

acessórios e camisetas para vender),

cordelistas, diversos sebos de Natal, e

algumas livrarias, como a Nobel, que

selecionou ótimos títulos de

quadrinhos. E o estande dos

quadrinistas potiguares contou com

duas participações especiais, o

boardgamer Tendson Arthur (que

levou uma pequena amostra de sua

coleção, explicando aos curiosos um

pouco sobre o incrível universo dos

jogos de tabuleiro) e o empreendedor

Manassés Filho, dono da comic shop

Comic House, de João Pessoa (ele fez

uma seleção de HQs nacionais massa,

como Blue Note, do Shiko, A Balada

de Johnny Furacão, do Sama, Taxi, de

Gustavo Duarte, além de dois títulos

de HQs francesas, editados pela

Marca de Fantasia: Gêneses

Apocalípticos + Os inefáveis, do Lewis

Trondheim, e Quando tem que ser, do

Killofer).

Obviamente enfrentamos problemas,

como todo primeiro evento.

Principalmente no tocante à estrutura

das oficinas e à acústica (as bandas

que tocaram no Circo da Luz

atrapalharam diversas palestras e

mesas-redondas no auditório da FLiQ).

Algumas atrações tiveram mudança de

horário e/ou local, o que desagradou a

algumas pessoas, mas estamos

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anotando todos os erros para que

possamos, em 2012 (se os

patrocinadores permitirem), fazer um

evento ainda melhor.

Agradeço a Rilder Medeiros (e a toda

a equipe da Oficina da Notícia) por

acreditar e somar forças para que a

FLiQ acontecesse, me dando

oportunidade de fazer parte da

organização e acatando minhas

sugestões. Agradeço também ao

pessoal do Yujô Fest (Danielvis,

Hilário, Sílvio, Illyana), que tem know

how suficiente em eventos de cultura

japonesa, e deu suporte para que o

setor de quadrinhos da FLiQ ficasse

mais diversificado. Foi uma semana

cansativa para todos, mas totalmente

gratificante.

A FLiQ deixou de ser um sonho para

se tornar realidade, sendo bem aceita

na cidade. Espero que entre para o

calendário cultural de Natal e se torne

atração anual.

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