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INSTITUTO POLITECNICO DE BEJA
ESCOLA SUPERIOR DE SAÚDE DE BEJA
XVI CLE
Nota: Esta sebenta foi elaborada através dos apontamentos fornecidos pelas professoras Dulce Soares e Ana Clara
Moral e ÉticaProfessoras Dulce Soares e Ana Clara
SUMÁRIO
Introdução à Unidade Curricular .................................................................................................. 3
Diferentes níveis de reflexão filosófica...................................................................................... 8Ética e moral na perspectiva de Paul Ricoeur............................................................................ 8
A acção humana ......................................................................................................................... 10
Aristóteles................................................................................................................................ 11Características do homem................................................................................................... 12
Relação entre o justo meio e os extremos............................................................................... 15Amizade....................................................................................................................................... 18
Ser / Adoecer / Sofrimento humano........................................................................................... 19
Solicitude................................................................................................................................. 20Génese, Âmbito e Objecto da Bioética........................................................................................ 21
Wikipédia..................................................................................................................................... 22
Quanto à bioética esta não se refere À vida biológica, mas sim a uma vida que pode ser
instrumentada “artificializada”.................................................................................................... 22
Condições da emergência da Bioética......................................................................................... 23
I – Crimes cometidos contra a humanidade na experimentação com seres humanos........ 23Denuncias de experiências com seres humanos.......................................................................... 23
II – Descobertas tecnológicas e biomédicas......................................................................... 25Teorização da bioética................................................................................................................. 27
Modelo principialista............................................................................................................... 27Modelo Contratualista............................................................................................................. 29Modelo Libertário.................................................................................................................... 29Modelo da Virtude................................................................................................................... 29Modelo do cuidado.................................................................................................................. 29
Anexos......................................................................................................................................... 30
Anexo I – Código de Nuremberg.............................................................................................. 31Anexo II – Texto de apoio “bioética”....................................................................................... 32Anexo III – Declaração Universal dos Direitos do Homem, 10 de Dezembro de 1948............. 33Anexo IV – Declaração de Hélsinquia....................................................................................... 34Anexo V – Relatório de Belmont.............................................................................................. 35
2
Moral e ÉticaProfessoras Dulce Soares e Ana Clara
Introdução à Unidade Curricular
Avaliação:
Participação: 20%
Apresentação W em sala de aula: 30%
Teste final: 50%
Moral –» “Não faz!”
Ética –» ”não faz porquê?”
Moral: a moralidade não pode estar desvinculada dos princípios morais.
Quem dita a moralidade é o senso comum a moralidade desenvolve-se a partir de regras
impostas pela sociedade.
A ética é a ciência por a qual a moralidade se guia
3
Fernando Sarvater
Moral e ÉticaProfessoras Dulce Soares e Ana Clara
Dos vários doentes internados num serviço de Medicina de um hospital, há um senhor que
tem passado os últimos dias muito queixoso com dores generalizadas, revelando-se também
muito inquieto e apelativo nestas alturas. Tem medicação analgésica prescrita em SOS que
costuma ser eficaz, ficando o doente menos queixoso e mais tranquilo.
Caso 1 – A Enfermeira X está a fazer tarde, tem conhecimento da situação do doente e
preocupada com o seu estado, administra a medicação em SOS, de modo a aliviar as suas
queixas e promover o bem-estar do doente.
Caso 2 – A Enfermeira Y está a fazer tarde, tem conhecimento da situação do doente,
administra a medicação em SOS, considerando que assim o doente deixará de chamar tanto,
permitindo-lhe a ela própria ter um turno mais descansado.
Discuta em grupo as situações apresentadas, tentando analisar o exposto, do ponto de vista
ético e moral.
Opinião dos Grupos em sala de aula:
Grupo
1
Grupo
2
Grupo
3
Grupo
4
Grupo 5
Caso 1 Ética Moral
Ética Moral
Ética Moral
Ética Moral
Ética Moral
Caso 2 Moral Moral Moral Ética Nem ética nem moral
4
Moral e ÉticaProfessoras Dulce Soares e Ana Clara
MORAL ÉTICAObediência a normas
Os resultados foram “bons”
Cumpriram regras
Agir de forma autónoma
Cumpriu o estabelecido
É observável
Vida pública
Origem latina
Consciência
Preocupação com o bem-estar do outro
Pensou no doente
Interioridade
Não é observável
Vida privada
Subjectiva
Origem grega
Reflexão sobre o agir do homem Constituem uma parte da filosofia⋅ Hábito (série de actos repetidos)
⋅ Ligada à instituição (vida pública)
⋅ Prescreve
⋅ Deve-ser
⋅ Separa o agente do acto
⋅ O que se impõe como obrigatório
⋅ Obediência a normas
⋅ Pergunta: O que devo fazer?
⋅ Estuda o lugar de onde brotam os actos
do homem (interioridade)
⋅ Ligada à pessoa (vida privada)
⋅ Descreve
⋅ Ser
⋅ Relaciona o acto com o carácter da
pessoa
⋅ O que é considerado bom
⋅ Intenção de uma vida boa
⋅ Pergunta: O que devo ser?
ETHOS (termo grego)
Êthos ÉthosLugar de onde brotam os
actos – a interioridade dos
homens
Hábito – agir habitual
ÉTICA Moral
5
Moral e ÉticaProfessoras Dulce Soares e Ana Clara
Um doente assistido num Centro de atendimento a toxicodependentes, é seropositivo para
o vírus HIV.
É um doente esclarecido sobre todas as consequências e possibilidades da doença. Tem sido
aconselhado várias vezes a informar a sua esposa da situação.
No entanto nunca informou a esposa da sua seropositividade e mantém com ela relações
sexuais não protegidas.
Os profissionais de saúde encontram-se perante um verdadeiro dilema.
Com base no código deontológico, discuta a situação considerando os deveres/direitos em
conflito e avance com um parecer para a situação em causa.
Consultar resolução completa no
Anexo IX
6
Moral e ÉticaProfessoras Dulce Soares e Ana Clara
Aristóteles diz que o homem não é só razão; o homem age debaixo dos sentimentos e das
emoções. Desejo tem a ver com as emoções; a vontade com a razão. Muitas vezes a vontade
tem de se sobrepor ao desejo.
7
Procura a fundamentação do agir Mostra como as leis se formam e hierarquizam
Surge como uma meta moral É uma ampliação institucional da ética
Ambas estão relacionadas com o AGIR HUMANO
Ambas tratam das condições da ACÇÃO HUMANA BOA
Moral e ÉticaProfessoras Dulce Soares e Ana Clara
Diferentes níveis de reflexão filosófica
Ética e moral na perspectiva de Paul Ricoeur
Interligação Ética – Moral
Primazia da ética sobre a moral
A intenção ética tem necessidade de passar pelo crivo da norma
Quando a norma conduz a conflitos, é legitimo que faça um apelo à intenção visada.
Paul Ricoeur
Ética MoralO que é considerado Bom O que se impõe como obrigatórioIntenção de uma vida boa Obediência a normas
8
Aristóteles384 – 322 a.C.
↓Ética Teleológica(Grega, Cristã)(há intenção nos actos)
KantSéculo XVIII
↓Ética DeontológicaÉ a forma do dever que se impõe imediatamente à consciência moral
O dever moral tem que ser eticamente referido a um “para quê”, isto é, a uma finalidade última do agir
O imperativo moral funda-se nele próprio, sem precisar de ulterior justificação
Moral e ÉticaProfessoras Dulce Soares e Ana Clara
Este autor defende:
A primazia da ética sobre a moral
A necessidade para a intenção ética de passar pelo crivo da norma
A legitimidade de um apelo da norma à intenção lisada, quando a norma conduz a conflitos,
para os quais não há outra saída senão a de uma sabedoria prática que remete para aquilo que
no âmbito da ética, está mais atento à singularidade das situações.
Notas:
A ética reflecte sobre os actos interiores do homem.
Cada ser humano nasce, cresce e até à morte é uma pessoa singular, diferente e irrepetível.
Como pessoas trazemos um lugar interior dentro de nós, um caminho a percorrer que no
entanto não está feito, mas que se vai fazendo a andar.
Cada um de nós procura de maneira diferente fazer o nosso caminho. Neste caminho temos
de ter presente a nossa vida pessoal e a instituição em que nascemos e vivemos e da qual não
nos podemos desligar.
9
Moral e ÉticaProfessoras Dulce Soares e Ana Clara
A acção humana
Notas:
Falar de ética e moral é falar do agir humano.
“Os actos ficam com quem os pratica”
O homem está sempre em constante desenvolvimento quer físico quer espiritual
O homem nasce com imensas capacidades as quais vai, através da sua prática quotidiana,
desenvolvendo.
Fazer: é observável e fica exterior à pessoa
Agir: não é observável; mostra a intenção com que se faz algo e que fica com a pessoa;
Notas:
Os efeitos de todos os actos que cometemos vão manifestar-se não só em nós próprios
como também nos outros.
É o próprio que faz o seu caminho
10
ACÇÃO HUMANA
Fazer Agir
Promotor do desenvolvimento (positivo ou negativo) da pessoa
Moral e ÉticaProfessoras Dulce Soares e Ana Clara
Homem:
Ser incompleto
Ser lacunoso
Ser esburacado PREENCHE-SE com o seu desenvolvimento
Notas:
Agir = é fundamental para a realização/construção do homem
O enfermeiro deve agir bem e agir humano
Aristóteles
Para este autor, um objecto bom é aquele que desempenha bem a função para a qual está
destinado. Para tal é necessário conhecer bem as suas características antes de julgarmos se é
ou não um objecto bom.
E um ser humano bom?
Segundo o mesmo autor, não se sabe definir o que é ser um ser humano bom, pois primeiro
temos de conhecer muito bem todas as suas características e isso é praticamente impossível
visto que até o próprio não as sabe.
11
Preenchimento bom
Preenchimento mau
Moral e ÉticaProfessoras Dulce Soares e Ana Clara
Características do homem
Vida vegetativa (células em desenvolvimento)
Vida sensitiva (vida com sensações)
Vida racional
O homem tem desejos e tem razão e a sua função é disciplinar os desejos através da razão.
Segundo Aristóteles, o homem é um animal racional, que tem desejos e tem razão.
A razão tem dois usos:
Razão teórica
É o pensamento
Contemplação (a verdade, a essência das coisas)
Tem a ver com o saber
Razão prática
É o agir: dá-nos dicas para agir bem (acto interior ao indivíduo)
É o fazer (acto exterior ao indivíduo)
Exemplo: apetece-me comer 1kg de chocolate (desejo), mas a razão leva-me a admitir que
este acto vai fazer mal à saúde.
Nota:
Aprende-se a agir bem através do treino.
12
Moral e ÉticaProfessoras Dulce Soares e Ana Clara
Homem
AGIR
FAZER visam um bem para alcançar a felicidade
PENSAR
O homem age para atingir um fim, e esse fim representa para o Homem um bem que pode
ser:
Realização pessoal
Prazer
Honra
Felicidade Virtude
Aumento da auto-estima
Estatuto social
Sócio-económica
13
Bem dos Bens
Moral e ÉticaProfessoras Dulce Soares e Ana Clara
A felicidade pode ser de 3 tipos:
Prazer
Desejo
Reconhecimento social
Notas:
O bem e a felicidade podem assumir várias formas.
O bem, segundo Aristóteles, é a virtude.
O bem pode definir-se de tantas formas ou categorias, quanto o fim em vista, mas em
termos de qualidade, Aristóteles considera-o sob a forma de virtudes.
No caso do ser humano associa-se o termo bem ao raciocínio Aristóteles
14
Moral e ÉticaProfessoras Dulce Soares e Ana Clara
Notas:
As pessoas que consideram a felicidade apenas como prazer ainda não têm o desejo
disciplinado.
Um homem virtuoso usa bem a razão e sabe ponderar bem as coisas.
A Virtude é a prática da racionalização do desejo, é uma disposição que se transforma em
hábito, é a Sabedoria do Agir. É o que nos permite actuar de modo deliberado, consistindo em
atingir um meio-termo (justomeio), relativo a nós, cuja norma é a regra moral, isto é, aquela
mesma que lhe daria o sábio (o que tem sabedoria e não o saber).
A Sabedoria a uma virtude em potência, que leva a acertar no caminho, visa o fim. Sabedoria
a fazer em face de quem se deve, fazer para quem se deve, tanto quanto se deve, no momento
em que se deve, para o resultado que se deve e da maneira que se deve.
Relação entre o justo meio e os extremos
Sentimento Acção Excesso Justo meio DefeitoMedo Cobardia Coragem Sem designação
Confiança Temeridade Coragem CobardiaPrazeres sensuais Autocomplacência
(intemperança)Autocontrolo(temperança)
Insensibilidade
Dar € Extravagância Generosidade AvarezaDizer a verdade sobre si próprio
Gabarolice SinceridadeAutodepreciação
Afabilidade na vida diária
Subserviência Afabilidade Mau humor
Vergonha Timidez Modéstia ImpudorSofrimento e
prazer sentidos
pela boa ou má
sorte
Inveja Justa indignação Despeito
15
Moral e ÉticaProfessoras Dulce Soares e Ana Clara
- Desejo (finalidade)
- Deliberação (meios que temos ao dispor para atingir determinado objectivo)
- Escolha (Fase Final da tomada de decisão)
16
Moral e ÉticaProfessoras Dulce Soares e Ana Clara
Acto voluntário depende apenas da escolha da pessoa sem nada a fazer pressão
Notas:
Uma acção é boa quando a intenção, a finalidade, os meios para atingir a acção e a
consequência são boas (segundo Aristóteles)
O doente é o fim e não o meio (técnica)
Virtude na instituição = justiça (ter aquilo a que se tem direito e necessidade)
A equidade serve para repor a justiça onde ela não existe
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Acção
Voluntária Involuntária
Por ignorância Por constrangimento
Total Mistas
Moral e ÉticaProfessoras Dulce Soares e Ana Clara
Amizade
Interesse – preocupação
Pré
Ocupação antes de estar ocupado já estou pré-ocupada com qualquer coisa.
Afectividade capacidade de ser afectada
Amizade agradável (não é amizade verdadeira)
Amizade útil (dar-me com uma pessoa porque ela é amiga do seu chefe)
Amizade benevolente = amizade verdadeira vou ser sempre amigo dessa pessoa; tem de ser
recíproca.
Amizade verdadeira exige reciprocidade, tem de vir da parte dos 2; exige tempo para se
relacionar com a pessoa, para a conhecer, para ter confiança.
Amizade
Virtude
Promovente
Benevolente
Tempo
Durável
Confiança
Intimidade
Reciprocidade
Igualdade
Raridade
18
Moral e ÉticaProfessoras Dulce Soares e Ana Clara
Ser / Adoecer / Sofrimento humano
Características das pessoas humanas:
Única
Auto-realização
…
Somos seres frágeis doença sublinha essa fragilidade
Pessoa doente torna-se mais passiva e entrega-se nas mãos de quem sabe mais do que se
passa com ela = torna-se mais passiva ao agir alheio
Doença dor física sofrimento
É possível sofre não só pela nossa dor mas também pelo agir alheio
Sofrimento com sentido: sofrimento que se sabe porque estamos a sofrer (trabalho de parto,
atleta que se aleija quando treina, …)
Sofrimento não é sinal de fraqueza mas sim de grandeza humana
Pessoa que sofre: é aquela que sofre por aquilo que a rodeia e que a afecta
O sofrimento torna o homem mais próximo de si ajuda-o a ver as coisas de outras maneiras
O sofrimento permite o crescimento pessoal
Questão ética: é preciso aceitar o sofrimento
Não devemos abandonar uma pessoa que está a sofrer. Se estivermos presentes ela pode
partilhar o seu sofrimento connosco e assim diminuir o seu.
19
Moral e ÉticaProfessoras Dulce Soares e Ana Clara
Solicitude
A sua união à fragilidade permite e promove a liberdade àquele que está em sofrimento
Simone de Bouvier casada com Jean Paul Sartre
A sua mãe foi internada e diz que foi na situação de doença, sofrimento e em contacto com os
enfermeiros que descobriu o prazer de viver. O seu internamento foi dos dias mais prazerosos
da sua vida e teve uma morte doce. Ela descobriu (durante o internamento) o prazer de ser
cuidada, acarinhada, …
20
Moral e ÉticaProfessoras Dulce Soares e Ana Clara
Génese, Âmbito e Objecto da Bioética
“Precisamos admitir que o progresso científico não garante o progresso moral nem os
direitos do homem.
É bom lembrar que, em matéria de valor de matéria de valor e ética, os expersts não sabem
do que qualquer um entre nós.”
Noelle Lenoir
(Presidente do comité internacional da Bioética da UNESCO)
BIOÉTICA
bios ethos
Bios – Vida desde o ser unicelular até ao homem.
Ethos – Ética, significado ambíguo, mas o mas o utilizado aqui é “Morada do próprio homem”
21
William Malagutti
Moral e ÉticaProfessoras Dulce Soares e Ana Clara
A “bioética” refere-se ao comportamento ou conduta do homem em relação à vida seja, por
vezes, apenas à vida humana, numa perspectiva restritiva, seja, cada vez mais, à vida na sua
acepção holistica (Platão Neves, 2002, p.29)
A ética pode ser interpretada como um termo genérico que designa aquilo que é
frequentemente descrito como a "ciência da moralidade", seu significado derivado do grego,
quer dizer “morada da Alma”, isto é, susceptível de qualificação do ponto de vista do bem e do
mal, seja relativamente a determinada sociedade, seja de modo absoluto.
Em Filosofia, o comportamento ético é aquele que é considerado bom, e, sobre a bondade,
os antigos diziam que: o que é bom para a leoa, não pode ser bom à gazela. E, o que é bom à
gazela, fatalmente não será bom à leoa. Este é um dilema ético típico.
Portanto, de investigação filosófica, e devidas subjectividades típicas em si, ao lado da
metafísica e da lógica, não pode ser descrita de forma simplista. Desta forma, o objectivo de
uma teoria da ética é determinar o que é bom, tanto para o indivíduo como para a sociedade
como um todo. Os filósofos antigos adoptaram diversas posições na definição do que é bom,
sobre como lidar com as prioridades em conflito dos indivíduos versus o todo, sobre a
universalidade dos princípios éticos versus a "ética de situação". Nesta o que está certo
depende das circunstâncias e não de uma qualquer lei geral. E sobre se a bondade é
determinada pelos resultados da acção ou pelos meios pelos quais os resultados são
alcançados.
O homem vive em sociedade, convive com outros homens e, portanto, cabe-lhe pensar e
responder à seguinte pergunta: “Como devo agir perante os outros?”. Trata-se de uma
pergunta fácil de ser formulada, mas difícil de ser respondida. Ora, esta é a questão central da
Moral e da Ética. Enfim, a ética é julgamento do carácter moral de uma determinada pessoa.
Wikipédia
Quanto à bioética esta não se refere À vida biológica, mas sim a uma vida que pode ser
instrumentada “artificializada”.
22
Moral e ÉticaProfessoras Dulce Soares e Ana Clara
Condições da emergência da Bioética
I – Crimes cometidos contra a humanidade na experimentação com seres humanos.
II – Grandes e rápidas mudanças tecnológicas e biomédicas.
III – Expansão e disseminação dos direitos de autodeterminação e a necessidade premente
de uma nova ética para uma nova era da tecnociência.
I – Crimes cometidos contra a humanidade na experimentação com seres humanos.
• 2ª Guerra Mundial
• Julgamento de Nuremberga (1946)
• Código de Nuremberga (1947) * (1º Código de regulação ética, consultar em “Anexo I”)
• Declaração Universal dos Direitos do Homem (1948) consultar em “Anexo III”
• Declaração de Helsínquia (1964) consultar em “Anexo IV”
• Relatório de Belmont (1978) consultar em “Anexo V”
Denuncias de experiências com seres humanos
• “bad blood” – Alabama – 600 homens afro-americanos pobres – 399 portadores de
ífilis;
• Jewish Chronic Disiase Hospital (1956), 22 idosos debilitados foram injectados com
células cancerosas para estudar os efeitos imunulogicos;
• Winlowbrook State School (1956-1971) infectadas, com o vírus da hepatite, cerca d 800
crianças com deficiência mental.
* Este código e a declaração mundial dos direitos humana vão servir de base para todos os outros códigos que vão surgir posteriormente.
23
Moral e ÉticaProfessoras Dulce Soares e Ana Clara
1974 – Congresso Norte-americano – Comissão Nacional para a Protecção dos Seres
Humanos Sujeitos a Experimentação Biomédica e comportamental.
1978 – Relatório de Belmont, onde foram definidos três princípios (basic ethical principles)
Relatório de Belmont
• Identificação de três princípios, ou juízos prescritivos gerais, relevantes para a
investigação em seres humanos;
• Princípios abrangentes; nem sempre podem ser aplicados de forma a resolver de modo
indiscutível problemas éticos particulares;
• Têm por objectivo proporcionar uma moldura analítica que guiará a resolução dos
problemas éticos originados pela invetigação em seres humanos.
Princípios:
Beneficência:
Este princípio vem desde o tempo de Hipócrates e resume-se a fazer o bem protegendo as
pessoas do mal, mas também exigindo esforços para garantir o seu bem estar (isto exige a
não maleficência, ou seja, não fazer o mal)
Respeito pelas pessoas:
Este princípio tem duas convicções éticas:
1. Os indivíduos devem de ser tratados como agentes autónomos.
2. Os indivíduos que tem autonomia diminuída tem direito a protecção.
Este princípio considera as pessoas no respeito pelas suas decisões.
Actualmente este princípio é denominado por “princípio de autonomia”
Justiça:
Equidade na distribuição “a todos o que é merecido” – “O que é para um é para todos”
24
Moral e ÉticaProfessoras Dulce Soares e Ana Clara
Resumo:
O Relatório de Belmont não se limita à enunciação dos três princípios já indicados, mas que
vai mais longe com a apresentação de três requisitos indispensáveis para a sua
aplicabilidade: o “respeito pelas pessoas” exige a prática do “consentimento informado”, o
qual inclui a obrigatoriedade de informação, compreensão e voluntariedade; a
“Beneficiencia” pressupõe uma avaliação de “riscos/benefícios” e a “justiça” obriga à
selecção de sujeitos para a investigação segundo critérios de justiça individual e social.
Platão, Neves 2001
II – Descobertas tecnológicas e biomédicas
• Transplante de órgãos
• Hemodiálise
• Diagnostico pré-natal
• Cuidados intensivos e manutenção artificial da vida
• Engenharia genética
III – Expansão e disseminação dos direitos de auto-determinação
• Movimentos sociais (feministas, gays, e lésbicas)
• Associações cívicas (doentes e consumidores)
• Relação médico-doente
• Movimento antipsiquiátrico
BIOÉTICA
Van Potte André Hellegers
25
Moral e ÉticaProfessoras Dulce Soares e Ana Clara
Van Potter:
(1971)
“ Eu proponho o termo bioética como forma de enfantizar os dois componentes mais
importantes para tingir uma nova sabedoria, que é tão desesperadamente necessária:
conhecimento biológico e valores humanos”
André Hellegers
“bioética” designa um novo domínio da reflexão e da prática que incide sobre as questões
humanas na sua dimensão ética, tal como se formula no âmbito da prática clínica ou da
investigação cientifica em seres humanos e que recorre a sistemas éticos já estabelecidos ou a
teorias a estruturar com a finalidade de salvaguardar, a dignidade da pessoa, na universalidade
da sua humanidade.”
Biscaia:
“uma nova abordagem de carácter pluridisciplinar, que procura decisões À luz dos valores
éticos, para uma gestão responsável da pessoa humana, da sua vida e da sua morte, nu, mundo
em que os progressos técnicos permitem uma intervenção cada vez maior sobre o biológico”
26
Moral e ÉticaProfessoras Dulce Soares e Ana Clara
Teorização da bioética
• Modelo principialista
• Modelo contratualista
• Modelo “libertário”
• Modelo da virtude
• Modelo do cuidado
Modelo principialista
(Beuchamp e childress, principles of Biomedical Ethics)
• Autonomia (1979;1983) respeito pela autonomia
• Benficiencia
• Não-maleficiencia
• Justiça
Principio do respeito pela autonomia
• Capacidade que a pessoa tem de se autodeterminar e exige a regra da veracidade, como
condição mínima para a sua aplicabilidade.
Pressupões
• O reconhecimento da capacidade comum a todas as pessoas de tomar as suas próprias
decisões, baseadas nos seus valores pessoais e crenças;
• A promoção efectiva de condições, que favoreçam o exercício de autonomia.
• Duas convicções éticas
- Os indivíduos devem de ser tratados como agentes autónomos;
- As pessoas com autonomia diminuída têm direito a protecção
• O consentimento informado
27
Principio da Beneficiencia
• “As pessoas são tratadas de modo ético não apenas mediante o respeito das suas
decisões e a sua protecção contra danos, mas também mediante os esforços para
assegurar o seu bem-estar”
• Obrigação moral de agir, em beneficio dos outros.
• Maximizar os possíveis benefícios e minimizar os possíveis danos
• Regra da confidencialidade –» maior confiança no médico -» médico promove o bem do
paciente.
Principio de Não-Malificiência
• Não causar dano intencionalmente
• Primum non nocere
• Regra da fidelidade
Principio da Justiça
• Impõe que todas as pessoas sejam tratadas de igual modo, apesar das suas diferenças
• Justiça distributiva (justiça, e equitativa e apropriada)
• Recursos escassos???
- A cada pessoa um quinhão igual;
- A cada pessoa de acordo com a necessidade;
- A cada pessoa de acordo com o esforço individual;
- A cada pessoa de acordo com o contributo para a sociedade;
- A cada pessoa de acordo com o mérito
Enfermagem Moral e ÉticaProfessoras: Dulce Soares e Ana Clara
Modelo Contratualista
• Robert Veatch (A theory of medical ethics, 1981)
• Relação medico-doente
Modelo Libertário
• The foundations of Bioethics, 1986
• Tristam Engelhardt
• Liberalismo norte-americano
Modelo da Virtude
• For the patient’s good: the restoration of beneficence in health care (Edmund Pellegrino
e David Thomasma, 1988)
• Virtude – Aristoteles
• “Beneficiencia em confiança”
Modelo do cuidado
• In a different voice (carol Gillian, 1982)
• Psicologia evolutiva
• Diferenças entre o relacionamento moral feminino e masculine
• Cuidado – feminino
• Cuidado – masculino
29
Enfermagem Moral e ÉticaProfessoras: Dulce Soares e Ana Clara
Anexos
30
Enfermagem Moral e ÉticaProfessoras: Dulce Soares e Ana Clara
Anexo I – Código de Nuremberg
31
Enfermagem Moral e ÉticaProfessoras: Dulce Soares e Ana Clara
Anexo II – Texto de apoio “bioética”
32
Enfermagem Moral e ÉticaProfessoras: Dulce Soares e Ana Clara
Anexo III – Declaração Universal dos Direitos do Homem, 10 de Dezembro de 1948
33
Enfermagem Moral e ÉticaProfessoras: Dulce Soares e Ana Clara
Anexo IV – Declaração de Hélsinquia
34
Enfermagem Moral e ÉticaProfessoras: Dulce Soares e Ana Clara
Anexo V – Relatório de Belmont
35