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264 MOVIMENTO, SENSIBILIZAÇÃO E ARTE: INTERFACES MULTIDISCIPLINARES 1 Gisele Maria SCHWARTZ 2 Jaqueline C. Castilho MOREIRA 3 Diana MILANI 4 Thaís Nogueira Gomes SILVA 5 Desde 1997, foram propostos os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) para a Educação Física, com a função de subsidiar a elaboração ou versão curricular dos estados e municípios. A inserção de um eixo norteador para esta disciplina, por meio do PCN, vem colaborando para o desenvolvimento, não só das dimensões dos conteúdos procedimentais, mas também, dos atitudinais e conceituais, tendo em vista seu foco especial na formação dos alunos, mobilizando a atenção para que estes: pratiquem atividades corporais adotando atitudes de respeito mútuo, dignidade e solidariedade; tenham conhecimento, valorizem e respeitem a pluralidade de manifestações existentes da cultura corporal; reconheçam-se como elementos integrantes do ambiente, adotando atitudes saudáveis; desenvolvam conhecimento crítico e reflexivo sobre os padrões de beleza, saúde e desempenho, assim como, sejam estimulados a assumirem uma postura de reivindicação, organização e interferência no espaço de forma autônoma, reivindicando locais adequados para as atividades corporais no contexto do lazer. Mesmo que os PCN levantem questões teóricas bastante controversas de serem administradas na prática, em função de vários fatores como a definição política sobre qual será a área de conhecimento que estruturará a descrição e problematização do objeto pesquisado, ou ainda, qual o discurso a ser adotado, os conceitos e as propostas metodológicas que serão utilizadas, o PCN da Educação Física tem proporcionado alguns avanços e até mesmo inovações, mas principalmente vem servido como material de reflexão para a prática dos professores. Sob este pressuposto, denota-se a necessidade, cada vez mais premente, de se implementar novas trajetórias metodológicas, capazes de intervir, de maneira multidisciplinar, porém, sem perder as especificidades das áreas da educação, no que concerne ao estímulo adequado ao desenvolvimento motor. Este parece ser, ainda, um grande desafio a ser vencido no âmbito da educação, merecendo o olhar desta reflexão. 1 Desenvolvimento do Projeto: LEL – Laboratório de Estudos do Lazer - IB/DEF/UNESP – Campus De Rio Claro 2 Coordenadora do Projeto. 3 Idealizadora do Projeto e produtora do Material Didático. 4 Bolsista. 5 Bolsista.

MOVIMENTO, SENSIBILIZAÇÃO E ARTE: … · temas: Arte, Educação Física e Pré-história, para uma posterior ... -Teste de lateralidade 2 Décima aula - Continuação em sala de

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MOVIMENTO, SENSIBILIZAÇÃO E ARTE: INTERFACES MULTIDISCIPLINARES1

Gisele Maria SCHWARTZ2 Jaqueline C. Castilho MOREIRA3

Diana MILANI4 Thaís Nogueira Gomes SILVA5

Desde 1997, foram propostos os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) para

a Educação Física, com a função de subsidiar a elaboração ou versão curricular dos estados e

municípios.

A inserção de um eixo norteador para esta disciplina, por meio do PCN, vem

colaborando para o desenvolvimento, não só das dimensões dos conteúdos procedimentais,

mas também, dos atitudinais e conceituais, tendo em vista seu foco especial na formação dos

alunos, mobilizando a atenção para que estes: pratiquem atividades corporais adotando

atitudes de respeito mútuo, dignidade e solidariedade; tenham conhecimento, valorizem e

respeitem a pluralidade de manifestações existentes da cultura corporal; reconheçam-se como

elementos integrantes do ambiente, adotando atitudes saudáveis; desenvolvam conhecimento

crítico e reflexivo sobre os padrões de beleza, saúde e desempenho, assim como, sejam

estimulados a assumirem uma postura de reivindicação, organização e interferência no espaço

de forma autônoma, reivindicando locais adequados para as atividades corporais no contexto

do lazer.

Mesmo que os PCN levantem questões teóricas bastante controversas de serem

administradas na prática, em função de vários fatores como a definição política sobre qual será

a área de conhecimento que estruturará a descrição e problematização do objeto pesquisado,

ou ainda, qual o discurso a ser adotado, os conceitos e as propostas metodológicas que serão

utilizadas, o PCN da Educação Física tem proporcionado alguns avanços e até mesmo

inovações, mas principalmente vem servido como material de reflexão para a prática dos

professores.

Sob este pressuposto, denota-se a necessidade, cada vez mais premente, de se

implementar novas trajetórias metodológicas, capazes de intervir, de maneira multidisciplinar,

porém, sem perder as especificidades das áreas da educação, no que concerne ao estímulo

adequado ao desenvolvimento motor. Este parece ser, ainda, um grande desafio a ser vencido

no âmbito da educação, merecendo o olhar desta reflexão.

1 Desenvolvimento do Projeto: LEL – Laboratório de Estudos do Lazer - IB/DEF/UNESP – Campus De Rio Claro 2 Coordenadora do Projeto. 3 Idealizadora do Projeto e produtora do Material Didático. 4 Bolsista. 5 Bolsista.

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As condições de aprendizagem, desenvolvimento e processamento do

conhecimento baseiam-se na qualidade da transferência, da interdisciplinaridade e da

especificidade dos saberes, além de requerer novas e possíveis ramificações da cultura

contemporânea para o aprimoramento do repertório cognitivo-psicomotor.

Com base em propostas pedagógicas que utilizam múltiplas estimulações

sensoriais e jogos, este estudo aponta para a relevância de intervenções para a ampliação das

condições de aprendizagem, desenvolvimento e processamento do conhecimento do repertório

cognitivo-psicomotor, evidenciando as interfaces da transferência e da especificidade dos

saberes.

Para tanto, esta proposta interdisciplinar baseou-se em estratégias

metodológicas correspondentes à implementação da história geral, história da arte e de jogos,

desenvolvidas com base na fruição do conhecimento e na permeabilidade e variabilidade de

experimentações, para ampliar as possibilidades de uma educação significativa.

Para a efetivação desta dialética, torna-se necessário uma disposição de todos

em vencer as amarras arraigadas ao contexto escolar, que salientam as diferenças de

formação entre os professores, as hierarquias e comandos, bem como, um olhar pontual para

um objetivo comum, capaz de fomentar estratégias de ação conjunta.

Neste sentido, há que se considerar todas as possibilidades, especialmente no

que concerne ao elemento lúdico, além dos aspectos tecnológicos de domínio atualmente,

como os recursos midiáticos. Para o desenvolvimento deste projeto priorizou-se a utilização de

estratégias pedagógicas desenvolvidas por meio de recursos de múltiplas estimulações

sensoriais e jogos, almejando amplificar a interdisciplinaridade entre as disciplinas de História,

Educação Artística e Educação Física.

Levando-se em conta o conceito de interdisciplinaridade e sua importância para

que o aluno tenha melhores condições de aprendizagem, faz-se necessário a proposta de

atividades, com o intuito de relacionar as várias disciplinas existentes no currículo escolar, para

fornecer ao aluno a oportunidade de relacionar estes conteúdos e transportá-los para a sua

realidade, tornando o aprendizado mais acessível e prazeroso.

A perspectiva interdisciplinar, divulgada nos PCN (1998) evidencia que:

A interdisciplinaridade questiona a segmentação entre os diferentes campos de conhecimento produzida por uma abordagem que não leva em conta a inter-relação e a influência entre eles – questiona a visão compartimentada (disciplinar) da realidade sobre a qual a escola, tal como é conhecida, historicamente se constituiu. (PCN, 1998, p. 30)

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Para minimizar esta compartimentalização da realidade escolar, uma concepção

mais abrangente do significado educativo se faz necessária, no sentido de se redimensionar a

participação do corpo como entidade integral e holística. O desenvolvimento saudável, nos

diversos níveis, apresenta-se como um desafio constante no âmbito da educação, uma vez que

a noção de corpo ultrapassa a dicotomia corpo e mente, salientando a possibilidade de o corpo

ser tomado como unidade psicossomática, envolvendo os aspectos cognitivos, afetivos e

motores.

Costallat (1987) afirma que as primeiras evidências de um desenvolvimento

cognitivo normal estão diretamente ligadas às manifestações motoras.

Segundo Magill (1986, p. 6) “o movimento é a base do domínio motor, às vezes

mencionado como domínio psicomotor, por implicar no envolvimento de um componente

mental ou cognitivo na maioria das habilidades motoras.”

Com base nestes pressupostos, as intervenções propostas neste projeto foram

baseadas em estratégias metodológicas evidenciando-se a história geral, a história da arte, os

aspectos pertencentes às atividades lúdicas (SCHWARTZ, 2004) e ao movimento esportivo,

além de textos que retratavam o período referente à pré-história e à antiguidade, dando ênfase

às atividades corporais, os quais representaram um ponto de partida para as vivências

práticas. Essas atividades eram feitas com o intuito de vivenciar movimentos, jogos e

brincadeiras que remontassem o período estudado.

Primeiramente, partindo-se de uma evolução histórica, foram utilizadas

atividades relacionadas ao estudo da pré-história, por meio de atividades com pinturas

rupestres (PEREIRA, 2003 e FUNARI, 2001), pinturas corporais e dança e, posteriormente,

relacionadas ao estudo da antiguidade, por meio da ginástica rítmica popular (GAIO, 1996),

ginástica acrobática (RODWELL, s/d), atletismo (MATTHIESEN, 2005) e através da história do

surgimento dos jogos, os quais remetiam aos conteúdos de diversos períodos histórico-

culturais, incluindo-se os jogos olímpicos na Grécia Antiga (GODOY, 1996).

A intervenção foi programada e desenvolvida durante 80 dias, constando de 2

aulas semanais, com duração de 50 minutos cada uma, em que eram desenvolvidas leituras de

textos sobre a pré-história e a antiguidade, apresentação de filmes e fotos referentes aos

períodos históricos estudados e à época contemporânea, seguidas de uma vivência prática

permeada de atividades de desenho e pintura, representação, atividades rítmicas, jogos e

atividades pré-desportivas, nas quais se fazia uma comparação com eventos da época em

questão.

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Nas seqüências das aulas eram feitas argüições orais sobre os conteúdos

veiculados nas aulas anteriores, no sentido de se fornecer elementos de captação do

conhecimento apreendido.

A seqüência pedagógica, sob a forma de Plano de Aulas, foi dividida em dois

módulos com 26 aulas simples totais, sendo que cada dinâmica está descrita a seguir, de

maneira sucinta. O material completo composto de Mídia para ser exibida em TV na escola e

os textos com a descrição completa para desenvolvimento e reprodução das dinâmicas está no

DVD (em anexo), entregue nas escolas da rede oficial de ensino.

Módulo PRÉ-HISTÓRIA

Primeira aula – Realizada em sala de aula.

− Contrato pedagógico − Apresentação das professoras. − Apresentação dos alunos. − Apresentação da proposta pedagógica. − Negociação com os alunos sobre a proposta. − Negociação e estabelecimento de regras (como serão realizadas as

atividades, durante quanto tempo, que tipo de material será utilizado, quais os critérios de avaliação, presença e regras inclusive de convivência).

Segunda aula – Continuação em sala de aula.

− Registros sob a forma de textos, desenhos e pinturas. − Registro na lousa das primeiras palavras que vêm na lembrança dos

alunos sobre a pré-história. − Confecção de um acróstico com a palavra ARTE. − Pintura a dedo em pedaços de mármore/granito, imitando as pinturas

rupestres. − Tarefa para casa 1: Texto sobre a pré-história − Registro escrito ou através de imagens (desenhos ou colagens) sobre os

temas: Arte, Educação Física e Pré-história, para uma posterior exposição na própria escola, servindo para compor a avaliação final do Módulo Pré História.

Terceira aula - Realizada em sala de aula.

− Apresentação de material digital e/ou áudio-visual − Reflexão acerca do conteúdo deste material em dvd, proposta para

alunos e professores. Quarta aula – Continuação em sala de aula.

− Texto-guia sobre a Pré-história. − Distribuição do “Jogo Squizz da Pré-história”, contendo um

questionário, o qual deverá ser respondido pelos alunos, divididos em grupos de 3 a 4 pessoas, com a proposta de competição entre grupos.

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− Como num jogo de auditório, as questões devem ser respondidas corretamente, vencendo a equipe que mais fizer pontos com seus acertos.

− Tarefa para casa 2: responder a duas questões abertas sobre o texto. Quinta aula – Aula em quadra/ ou outro espaço aberto.

− Jogo dramático denominado quadro-vivo, no qual, através de improvisação, todos os alunos, divididos em equipes, representarão personagens em cenas pré-históricas (rituais, caçadas, entre outros), com o objetivo de construir quadros vivos sobre a temática.

− Registro oral sobre a experiência corporal. Sexta aula – Continuação da aula sala/ ou outro espaço de vivência fechado.

− Banda corporal- vivência da conceituação de ritmo, através de experiências cinestésicas.

− Dinâmica com os sons que o corpo produz: assovios, batidas, palmas, estalos, entre outros.

− Os resultados esperados são registros sonoros. Sétima aula – Aula em quadra/ ou outro espaço aberto.

− Pintura facial e sua significação para a cultural indígena. − Pintura corporal como preparativo para as danças circulares.

Oitava aula– Continuação da aula em quadra/ ou outro espaço aberto.

− Merequetê (dança indígena) e dança circular. − Resultado: registro fotográfico e filmagem.

Nona aula - Realizada em sala de aula.

− Teste de lateralidade 1 (descrito mais à frente) − Teste de lateralidade 2

Décima aula - Continuação em sala de aula.

− Avaliação escrita sobre o conteúdo desenvolvido no módulo “Pré-história”.

Módulo ANTIGUIDADE

Décima Primeira aula – Realizada em sala ou espaço de vivência.

− Adequação do contrato pedagógico Décima Segunda aula - Continuação em sala de aula

− - Apresentação de material digital da Antigüidade - mídia. − - Entrega da lista de materiais para a próxima aula. − - Entrega dos textos sobre Antiguidade. − - Discussão acerca do conteúdo do material em dvd, feita com alunos e

professor(a.

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Décima Terceira aula – Realizada em sala ou espaço de vivência.

− Conhecendo esportes antigos. − Fotos sobre Atletismo, frames (sinopses) de filmes de GRD. − Exposição oral sobre Ginástica Rítmica, Atletismo e Ginástica Acrobática

(circo). Décima Quarta aula – Continuação da aula, agora realizada na quadra ou em um espaço aberto, tendo como objetivo trabalhar brincadeiras populares que induzam movimentos de Atletismo.

− Aquecimento: jogo de atenção “casa e inquilino” − Jogo de atenção “coelho na toca”

Décima Quinta aula – Realizada na quadra ou em um espaço aberto, tendo como conteúdo os saltos.

− Saltos com caixas de papelão. O professor deve posicionar as caixas em várias distâncias e alturas diferentes. Os alunos deverão tentar passar por elas sem derrubá-las, começando no empilhamento mais baixo e mais próximo, aumentando o grau de dificuldade progressivamente.

Décima sexta aula – Continuação da aula realizada na quadra ou em um espaço aberto, tendo como conteúdo as corridas.

− Corrida de Estafeta: O professor deverá dividir em dois grupos e estes dois grupos em quatro colunas, sendo que a coluna 1 ficará de frente para a 2 e a 3 de frente para a 4. Os alunos das colunas 1 e 3 correm e tocam na mão dos que estão na coluna a sua frente, que correm e tocam nas mãos dos alunos das colunas 1 e 3, e assim sucessivamente.

− Estafeta com bexigas: correr e estourar a bexiga na barriga, no pé, de costas, e variando o modo de estourá-las. Voltar e tocar na mão do outro, que sai correndo para estourar a próxima, fazer algumas vezes para trocar a criança que ficará parada ou entregar uma bexiga para cada um e assim, o que leva a bexiga e estoura, não volta, mas sim, o que estava esperando para ajudar a estourar (troca de fila).

Décima Sétima aula – Realizada na quadra ou em um espaço aberto.

− O professor relembra aos alunos, de forma sucinta, os conteúdos teóricos sobre a Ginástica Rítmica Desportiva (GRD), o Atletismo e a Ginástica Acrobática (GA), por meio de dinâmicas circenses.

− Para tanto, monta duas estações: uma para os Saltos horizontais (Atletismo) e a outra para ambos, o Arco (GRD) e paradas e rolamentos (GA). No primeiro momento da aula é montada a 1ª estação: trabalhar com o arco: ensinar a controlar o arco no pescoço, na mão, no dedo, no pé, na cintura, no braço, passar por dentro do arco, variando os planos, rolar o arco para frente e para trás. Estafeta.

− 2ª estação: rolamento para frente e para trás, com pernas afastadas e com pernas unidas. Roda (estrela), em que os alunos são mobilizados à descrição e ensino mútuo. No segundo momento da aula, os alunos irão se exercitar, sendo:

− 1ª estação: salto em distância e triplo, com e sem arco.

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− 2ª estação: parada de cabeça e parada de mão, pernas unidas, afastadas, flexionadas, estendidas.

Décima Oitava aula – Aula realizada na quadra ou em um espaço aberto. Tema: “Do popular ao esporte 2”

− Fabricação da bola de meia, com demonstração. − Queimada arremessos e lançamentos − Arremessos e lançamentos: − Queimada adaptada ao lançamento, em que a bola só pode ser lançada

acima e vindo de trás da cabeça. Podem ser usadas duas ou três bolas simultaneamente.

Décima Nona aula – Continuação da aula realizada na quadra ou em um espaço aberto.

− Malabarismo − Fabricação de saquinhos para malabarismo com bexiga e feijão. Realizar

malabarismos dos mais simples para os mais complexos Vigésima aula – Aula realizada na quadra ou em um espaço aberto.

− “Do popular ao esporte 3.” − “Jogo Reloginho” com corda grande: Os alunos deverão pular corda – na

primeira vez, apenas passar sem pular, depois entrar, pular uma vez e sair. Depois, entrar pular duas vezes e sair, e assim por diante (as crianças podem entrar de duas, três ou mais a cada vez, depende do número de crianças).

− “Jogo Alturinha” com corda grande: a cada momento em que a corda é elevada as crianças tentam saltar por sobre ela (pode passar do jeito que quiser desde que não se machuque).

− “Jogo do Equilíbrio” com corda grande: – andar na corda, aviãozinho, andar no banco.

Vigésima Primeira aula – Continuação da aula realizada na quadra ou em um espaço aberto. Trata-se de uma avaliação, sobre as vivências corporais aprendidas. Após cada aluno ser avaliado, deverá ser feita a seguinte atividade recreativa: por meio do uso das caixas de papelão, os alunos deverão escorregar em uma rampa, sendo que ao final dessa rampa existem outras caixas desmontadas, com o objetivo de auxiliar na desaceleração.

Vigésima segunda aula - Realizada na quadra ou em um espaço aberto.

− Ginástica Rítmica Popular − Confecção de uma fita de GRD com material alternativo. Realizar

movimentos da fita, serpentinas, oitos e círculos. Vigésima terceira aula – Realizada em espaço de vivência – sala de vídeo ou sala de aula. Os alunos assistirão ao Filme Robin Wood e serão estimulados a conversar sobre o filme e sobre as atividades desenvolvidas, tendo como temática a Idade Média e o Renascimento. Nestas últimas foram ressaltados e questionados os seguintes pontos:

− a denominação de idade das trevas para a Idade Média e o jogo cabra cega

− - e a relevância de aspectos estratégicos dos jogos (jogos em quadra de dama e de batalha naval) para que se ganhe. Os três jogos serão realizados posteriormente em quadra.

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Vigésima quarta aula - Realizada na quadra ou em um espaço aberto.

− Cabra-cega da Idade Média Vigésima quinta aula - Realizada na quadra ou em um espaço aberto.

− Batalha naval do Renascimento Vigésima sexta aula – Realizada na quadra ou em um espaço aberto. Dama do Renascimento. O tabuleiro de giz, feito anteriormente, deve ser reaproveitado com adequações.

− Avaliação do trabalho desenvolvido, feita oralmente pelos alunos. − Despedida.

Após a confecção do dvd e do material didático-pedagógico para o

desenvolvimento do projeto, foi realizada uma pesquisa exploratória, tendo como instrumentos

de coleta de dados a aplicação de atividades de escrita, desenho e pintura, a observação

participante e a entrevista aberta, realizada em grupo e aplicada a uma amostra de 31 alunos,

de ambos os sexos, níveis socioeconômicos variados, matriculados na quinta série de uma

Escola Estadual do município de Rio Claro, SP, no período vespertino, em quadra descoberta.

Para a atividade escrita, os alunos responderam a questões referentes à pré-

história, sendo este processo realizado em grupos de dois ou três alunos, para um número

limitado de questões, além de escreverem um acróstico com a palavra ARTE em que

retratasse o tema “Educação Física, Educação Artística e Pré-história”.

Para as atividades de desenho e pintura foram feitos trabalhos de pintura

rupestre em grupo, individual, em mármore, e pintura corporal, em que os registros foram feitos

por meio de fotos e filmagens. Também foi aplicado um teste de lateralidade em que os alunos

tinham por objetivo desenhar uma figura pré-histórica, no caso, um “mamute”, sendo que

deviam fazê-lo da seguinte forma: primeiramente, desenhar utilizando a mão direita enquanto a

esquerda bloqueava a visão do olho direito, tapando-o, posteriormente, inverte-se a posição,

desenhando com a mão esquerda, enquanto a direita bloqueia a visão do olho esquerdo e,

seguindo o teste, o aluno deve desenhar utilizando as duas mãos ao mesmo tempo, sendo que

um “mamute” deve estar espelhado em relação ao outro.

Para as atividades rítmicas os alunos aprenderam e apresentaram a dança

“Merequetê”, a qual se tratava de um jogo rítmico, composto de canto e movimento dos braços

e pernas sequencialmente, sendo esta dança de origem dos povos antigos indígenas,

registrada por meio de fotos e filmagens.

Para a observação foram utilizados como critérios a participação efetiva nas

atividades propostas, bem como, o entusiasmo nesta adesão, em que os registros eram feitos

por escrito, pelos pesquisadores e com base na análise de filmagens e fotos.

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Para a entrevista aberta, os alunos eram questionados acerca da história geral e

do surgimento do jogo, de sua forma de execução e a comparação entre épocas, assim como,

ao que se refere às sensações e percepções envolvidas com os jogos. Esse instrumento era

aplicado a cada término de aula e relacionava-se com o conteúdo das aulas anteriores.

Os dados coletados por meio dos dois instrumentos foram analisados

descritivamente, sendo que, no caso da entrevista, esta se deu com base na Técnica de

Análise de Conteúdo Temático (RICHARDSON, 1089).

Os resultados obtidos através das atividades escritas indicam que, no que tange

ao conteúdo abordado (pré-história), ao relacionar com as aulas da disciplina de história, os

alunos demonstraram ter assimilado melhor e com maior facilidade o conteúdo, constatado por

meio de provas escritas e orais, além da resolução de questionários sobre pré-história e a

construção do acróstico.

Em relação às atividades de desenho e pintura, os alunos demonstraram

entusiasmo e prazer durante as atividades, tanto nas coletivas quanto nas individuais, além de

cooperativismo, em essencial nas atividades em grupo. Também demonstraram assimilação de

conteúdos sobre arte e pinturas rupestres, constatados por meio de argüições orais e

observação dos trabalhos desenvolvidos. Quanto ao teste de lateralidade, pode-se identificar

dentre as crianças, 6 alunos que apresentam ambidestrismo, representando,

aproximadamente, 19,3% dos alunos que participaram do trabalho.

Os dados provindos das atividades rítmicas indicam que os alunos assimilaram a

noção de ritmo cantado e ritmo corporal, sendo estes aspectos constatados por meio de

observação e análise de filmagens.

Os resultados da observação indicam que, em relação à participação nas

propostas, 100% dos alunos aderiam com prazer e alegria, demonstrando total interesse nas

atividades e com apreensão adequada do conteúdo teórico abordado. Pode-se constatar,

inclusive, maior interação social entre os alunos, no sentido da implementação da ajuda mútua

na resolução de algumas tarefas propostas. No que tange ao desenvolvimento motor, pode-se

observar maior fluidez de movimentos e o domínio técnico mais apurado, especialmente

durante rolamentos, saltos, atividades de equilíbrio estático e dinâmico e corridas. No

manuseio de objetos notou-se a ampliação do desenvolvimento coordenativo.

Os dados provindos da aplicação da entrevista aberta indicam que todos os

alunos passaram a entender melhor o assunto abordado e aprenderam sobre alguns

acontecimentos ocorridos no período correspondente à Pré-história e à Antiguidade,

conseguindo, inclusive traçar comparações com a atualidade. No que concerne às sensações e

percepções sobre as aulas, todos os alunos salientaram maior interesse por este tipo de

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atividade, ao se comparar com a maneira formal e corriqueira de se passar o conteúdo

exclusivamente em sala de aula, de maneira teórica.

Os alunos também evidenciaram maior facilidade de assimilação de conteúdos,

por meio das atividades rítmicas, artísticas, além dos jogos e atividades pré-desportivas. A

relação entre as disciplinas de História, Educação Artística e Educação Física foi considerada

ótima pelos alunos, pelo fato, principalmente, de alterar a dinâmica das aulas, permitindo que

eles aprendessem brincando com o corpo.

Com base nos resultados do estudo, pode-se perceber que estas atividades,

quando inseridas com o intuito de se obter a interdisciplinaridade, são efetivas e demonstram

ser elementos catalisadores de novas perspectivas de assimilação de conhecimentos, bem

como, de maximização do processo de relacionamentos interpessoais saudáveis, colaborando

para a educação significativa.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASÍLIA. Secretaria da Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: terceiro e quarto ciclos: apresentação dos temas transversais/Secretaria de Educação Fundamental. 1ª ed. Brasília: MEC/SEF, 1998.

COSTALLAT, D. M. Psicomotricidade – Coordenação visomotora e Dinâmica Manual da Criança Infradotada – Método de Avaliação e Exercitação Gradual Básica. 7ª ed. Rio de Janeiro: Globo, 1987.

GAIO, R. Ginástica rítmica popular: uma proposta educacional. 1ª ed. São Paulo: Robe, 1996.

GODOY, L. Os jogos olímpicos na Grécia antiga. 1ª ed. São Paulo: Nova Alexandria, 1996.

MAGILL, R. Aprendizagem motora: conceitos e aplicações. São Paulo: Edgar Blücher, 1984.

MATTHIESEN, S. Q. (Org.) Atletismo: se aprende na escola, 1ª ed. Jundiaí: Fontoura, 2005.

RICHARDSON, R. J. et al. Pesquisa social: métodos e técnicas. 3ª ed. São Paulo: Atlas, 1999.

RODWELL, P. Ginástica Acrobática: Exercícios práticos. Rio de Janeiro: Tecnoprint, s/d.

SCHWARTZ , G. M. (Org.) Dinâmica lúdica: novos olhares. 1ª ed. Barueri: Manole, 2004.

PEREIRA, E. Arte Rupestre na Amazônia – Pará. 1ª ed. São Paulo: Unesp, 2003.

FUNARI, P. P. A. Os antigos habitantes do Brasil. 1ª ed. São Paulo: Unesp, 2001.