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·� .. · �. . Dua. Mrmria .. do jua Manutl o. T. A fnnd:u<ão tln Jlo�pido do Aqniz.-TT. l'o�stl tlns jp$ni·- tas l�nmo :ltlminit.t·:tdnrt) ns aldl'ias t!n Cmlrá. Em 17�0 nportava a Pcrnnmbuco a frota vindH do .Reino. F}ra.m passngci ros della o j esuí ta .Jo:1o Guedes e os cllefs da serra de Ibiapaha, 'Mestre de Campo U. dippe de �ouza e Capiti io Christovam de Sou· za. Não podem acompanha-los D. Jacob, pac de D. Fclippe, que esse a morte colhera em Lisbôa, para on de os trcs haviam i do afim de impetrar ll'El-RCi D . .Jot V a Yolta da Missão da. Serra ae governo de Pernambuco. O Padre e natural do reino da Bohemia e, no flizer flc Loreto Couto, homem insigne e hurna 1Je1eia idea de )•eligio.�a.� ârtudeN, No seu necrologico <'Xit· rado nos archivos da Ordem (anuo de 1745) entre Oittros concei tos se diz delle: banis moribus cum esset ornatus per mag·na. authori tate ct la11dibus fio· ruit; multa p t· a· cla egit; vir erat pii ct exceh:i :mimi : residenti<P Searcnsis nuctor et fundator fuit. A de tinha passa.- a Ibi apaba ú jurisdicção do lal'anhão como me- r l ida de ter o& índios sempre promptos para a guer- ra, mas ú vista das representações e queixas da- quelles ch fes voltou a ser suj ei ta como dantes ao o\·erno de Pern ambuco eom a condição do govPI'- nauor do Marnnh:lo poder COI10Car os I ndios para guerr<':u· os ('l v.ngcns sempre qu.c julgasse nct.�cssario, ·, ...

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Dua.'!. Mrmuwria .. .:;: do jN�uita Manutl Plrlludro.

T. A fnnd:u<ão tln Jlo�pido do Aqniraz.-TT. l'o�stl tlns jp$ni·­tas l�nmo :ltlmini:>t.t·:tdnrt);; rlns aldl'ias t!n Cmlrá.

Em 17�0 nport.ava a Pcrnnmbuco a frota vindH do .Reino.

F}ra.m passngci ros della o jesuíta .Jo:1o Guedes e os cllef<'s da serra de Ibia.paha, 'Mestre de Campo U. ft'dippe de �ouza e Capitiio Christovam de Sou· za. Não podem acompanha-los D. Jacob, pac de D. Fclippe, que esse a morte colhera em Lisbôa, para onde os trcs haviam ido afim de impetrar ll'El-RCi D . .JotLO V a Yolta da Missão da. Serra ae governo de Pernambuco.

O Padre era natural do reino da Bohemia e, no flizer flc Loreto Couto, homem insigne e hurna 1Je1'{'ei.fa idea de )•eligio.�a.� ârtudeN, No seu necrologico <'Xit· rado nos archivos da Ordem (anuo de 1745) entre Oittros conceitos se diz delle: banis moribus cum esset ornatus per mag·na. authoritate ct la11dibus fio· ruit; multa. p t·a·clara egit; vir erat pii ct exceh:i :mimi : residenti<P Searcnsis nuctor et fundator fuit.

;t A requerimento de .João da Maya tinha passa.-dó a Ibiapaba ú jurisdicção do lllal'anhão como me­rl ida de ter o& índios sempre prom ptos para a guer­ra, mas ú vista das representações e queixas da­quelles ch f'fes voltou a ser sujeita como dantes ao g-o\·erno de Pernambuco eom a condição do govPI'­nauor do Marnnh:lo poder COI1\'0Car os I ndios para guerr<':u· os i:i('l v.ngcns sempre qu.c julgasse nct.�cssario,

·, .......

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122 REVISTA

Foi o P.c Joiio c:uedes portador na nwsnw oe­cnsiào de uma Ordem Re�ia determinando que sl' fundasse no Cearit um hospkio para 1 n padres da sua rongreg-açito, Imperiaes ou Allcmücs, a c>ad�llliY" dos quaes foi mareada a importancia nnnual de� escudos romanos para alimentn<;·ão c vestu ario . Pn­ra fabrica da casa c rla eg-reja mandou st' rlar �:--;oo cseudos.

Ordem identica já havia sido concedida por V. Pedro II, mas o Padre :B'rancisco de Mattos, Prorin­eia.l daq•telle tempo, entcndern por Yarios motiYos 111ln dar principio à fundação.

?\"üo havendo padrE:s allemlíes cm numero sul'ri­ciente, tratou o P.c f!uedes de os substituir por Por­tug-ucr.es, mas recusnram seguil-o aquellcs a quc>m se d irigiu a respeito.

Continuava assim, e por annos, sem execuç;lo a Ordem de D . .João q uando o pro vincial Gaspar dP B'arias resolveu que tomassem o caminho do Cearil os P adres João Guedes como superior, 1\[anoel Bn­ptista como operario, Felix Capelli c-omo mestre dt' meninos e o lrmào i\lanoel da Lur. c>nrarreg-arlo 1los serviços da c-asa . Foi isso cm 17i-li">.

Chegados ú pequena cidade do Forte, como en­tão era chamada e a.indn. hoje .lhe chamam os nos­sos sertanejos, não encontrn ram os Padr0s que111 lhes desse agnsnlho. As pouc.;,s casas que havia es­tavam cheias.-

Aconteccu, porem, existir aqui unt antigo disci­pulo dos jesuítas .loilo Dantas fie Aguiar, que lhes emprestou a propria moradia, e foi aboletar-se nu­ma pequena vivenda junto ao rio Ceará.

O emprestimo, toda vin, nfto podia prolon:.t:ar-sf' por muito tempo, e mesmo porque viam os padres o descommodo, que ao proprictario estavam dando, trataram de construir, embora. a ligeira, casa onflc assistissem.

Prompta esta, uma das pequenas salas foi des­tinada ú erecçào de um altar onde celehr:wam mis-

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DA ACADEMIA CEARENSE

sa; ahi ta.mbcm Oll\'iam de confissho, pregavam aos domingos c dias de festa. e recebiam o vigal'i.o ou parof'!10 quando viniHI a serviço do seu ministerio.

Os limites da propriedadf\ n;i.o iam longe e pois ntw permittiam a construcç·;1o rlt� um Hospício, sr11 principal ohjectivo; de um ladu corrin o pequeno rio, do outro era a fortaleza. E o Conselho de Lishi!a a insistir p<"la <"recç;·to do hospício.

Nesse f�stado de tanta perplexidade, apparece11 a \'isital-os o Capitü.o .Joilo de Barros Hu1ga, qtw IIH'S offercccu o terreno preciso mas em Aquiraz. Ac(�eita a offertn, para lú. Sf' transportamm os padres a tomar posse.

(I dondor jú. :w rccomlll<'lldasa por acto antC'· rior de apreeinda generosidad e:;·, chegada de Chris­iovam Sonres Rcym;"lo n;io haYcnd o casas para sua aposentadoria c das pessons rio sequito nem dinhei­ro PO!ll fJUC fossem fnhrieadas, clle ns mandou fazer li sua custa c as preparou de moveis e mais utcn­;;ilios neeessarios, pura serem utilisadas nessa occn­si;lo como egmJ.Itncntf' o fornm nind a em outras emer­.!J:enPias.

A dadiva impunha uma (·,ondiç;i.o: uma missn perpetua. cada semana em intençi1o de Barros Bragn n seus pnrcntes vivos e rlc1"11ntos.

C,)mprPhendia ii doa<:;l.o, alem da terra. em que residia. Barros Braga, tod o o tr�rrcno que era limi­trophe com o do CoronPI .lorg-c da Costa Gadelha, por alcunh<.�. o Pcia Bode� c que mais tarr!e foi vendido no g"O\'CI'IIO a prc<:o de f:O es<'udos romanos pelo su­pNior i\la.noel cw f;annlho.

Tem n clara di' ·J "'' Abril tle 1731 uma ordem de :\!arcos Coelho, Frovinrial ria Província do Hrasil, para a r]ita vcnd;l.

Outra pequena propriedade ti,·era.m os Padres, mas essa de muitos annos posterior; foi a do sitiÓ Pindoha onde se recolhiam os gados e animaes, partf' dclla por compra c parti.' por rladiva de EsteYnm V <'lho de 1\Ioura.

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124 REVISTA

São, pois, ·João· Dan tas de Aguia•·, João de Bar­ros Braga e Estevam Velho de 1\toura os pl'imeiros c prin cipaes hemfeitorcs do real hospício do Aquiraz.

João Dantas de Aguiar foi o tenente do presi­dio de Fortaleza sobre o qual atiraram com <:'spin­garda na noite de I de Janeiro de 17:?(), faeto sobre que abriu inquerito o juiz ordinnrio Coronel Uosta Uadelha. c foi elle mesmo :juir. ordinario de Fortale­za em 1 7H4, e Estevmn Velho de Moura foi propric­tnrio de terras no tio Pacoty e elas elo rio Choró vi­sinhas ás quaes. obtiveram � leg-uas por data de scs-­maria a 16 de .Agosto de 1691 Domingos Ferreira Chaves, Manuel Nogueira Cardoso, Sebastii1o Dins Freire e Jo,lo Can·alho da Nobrega. Sobre o 2.o, porem , desses antigos Yultos da capitania escasseam nwnos as noticias .

.João de Hanos Braga come<;ou a l'igurar uo Cca.­rit cm 169G, anno em que serviu de grande auxiliar do P.c Joüo da Costa 110 aldeinmento <los Pavaeus que andavam rcbella.dos; roi ajudante e capiÜi.o dn cavallos, coronel da villa de: S. José de Hibamnr, mestre de campo do 'l'erço de auxiliares do CcariL e capitão-mor do Rio Grande, merecendo n. ultima dessas mercf·s por tlcspacho ele E) tlc l\laio c rcspcr� tiva C'nrta de Hi de Julho de 17iW. Ajudou podero­samente a, reedificação das fortalezas de N.a S." li' As­sumpçilo .c do .Jaguaribc c por vezes salien tou St� na. repressão elo g-entio hacbaro c dos soldados tlo J•l't�­sidio e na eaptura de ramig-crados criminosos.

Falleceu em fins tlc 174::! ou prineipios de 17,1:� sendo substituído no posto de i\Icstre de campo por Jorge ela Costa Uadelha, c.oroucl de cavallaria e rP­Ridente cm Aquiraz , por proposta. elo Conselho TJL­tramarino de 17 de Outuhro e Ordem Hegia d<' :!7 de Novembro de 174H.

Com ellc concorreram para o posto de ca.pitii.o ·

mor do Rio Grande .loêlo ele Teive Haneto o Mene­zes, ex-capitão rle inl'antaria ele l<'unchal, Jo:;ó Hen­riques de Carvalho eom set'Yiç.nR quer no Reino quer

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UI.. ACADEMIA CEARENSE 125

cm l{io de Janeiro e Pernambuco, M iguel de 1\iello ex-capitão-mot· do presidio de Caeonda. em Angola e Chl'istovam Dia.s Castro, que tomou parte no · �>i tio de Badajoz c na rendi<;ão de .Aleantara.

F:m qll anto João Guedes e o Irmão l\lanoel da • Cruz permaneciam em Fortaleza, Baptista. c Capelli

epustruiarn casa cm Aquiraz, e concluída esta, os q t &atro se reuniram.

Minoradas as difrieuldadt•s e vencidos os obsta­t:t1los de tnaior monta, tratou-se 'então do hospício.

Como o diuheiro destinado a elle por E l- Rei es­tivesse g-uardado cm Pcmam buco, para lá seguiu o

l'." Baptista. Heeebidn a importanda, YOitou o emissario tra­

zeuuo eomsigo uma bel la Imagem de N.a S. a d' As­surnp\'il.o, que pcrtcueera ,:t ;\lissiw da lbiapaba.

Veio em sua. companhia o Irm:1o Antonio Nunes . .-\ \'iagern de Pau Amarello ao Ceará foi cheia lle perigos c ocl·asiiw de pcripeeias. ?vfomeuto houve em que as vidas estiveram a perder-se si não fora a ha­bilidade c o sangue frio do Irmào.

Tudo parecia bem encaminhado; havia local apropriado c jú, não faltava o dinheiro para. cons­trucçúo do bospieio ; surgiram, porem, <.�ntre os inte­re:s�ados <livcrg-encitts sobt•e o modo de l'azel-o; este queria-o de um modo , aquellc de outro modo, a um quadrava tal systema de architet:tttra, a outro pare­da melhor svtitema diffcrentc.

O mesn'io aconteceu mais tarde a respeito da edi l'icaç:ão da Egreja.

Tal diversidade de pareceres exigiu a intervcn­(:ào dos superiores, dec idind o o Provincial que o P.c João Guedes não se intromettesse no caso e que o s<lrvil;o .ficasse a cargo de ?l[anoel Baptista e Capelli nuxiliados pelo Irmilo Antoniú Nunes. ComoCapelli ao mesmo t�rnpo exercia. as funcções de .mestre de me­ninos, c porque era ex cessivo o trabalho veio substi­tuil-o nesse ultimo empr·ego o P.e Pedro Nogueira.. Retiraram-se então para a pequena casa de Forta-

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126 REVISTA

leza o P.c .João Guedes e o Irmão Manuel da l. .. uz, si bem que aquelle fosse semanalmente ao Aquiraz a. ver o andamento das ohras.

Em poueo tet n po erguia-se o ltospidu, L:unstruido de vigas de pau· r erro c barro. l•:ra uma L:asn. baixa, terrea, com um mirante dowlc se podia espraiar a Yista sobre a. vil h e n rir. l'n.Pot..Y. 'Iuc, qunndo (·.heio , vinha .tt,:· a hortn. ,

Colllptmha :'w au urient·.c de t t lt l il sala etu que se· recolhiam proYimcntos, ut.r�nsilios e lllais t:Otlsas vin­das de l'crnambtt<·.n e de 'lltta outra destinada ;w servi<;o Lla saeltristia; ao po•�•Jte sei;; ttu n.r l os ; a.o nor­te as ofl'ieinas, despensa t· rdc i torio ; ao std outros seis quartos; a portaria sen·ia ao IIH�SIIII) telllpo dl' capella para <·clcbr;HJi.o dos ados rPiig-iosos.

A' Egreja propriatnctttc dita det1-se priuc:ipiu só

l.!lll 1741-l, sendo a p•�dra futtdanwntal L:ollo<::t.da dia de S. Ignacio c;; L de .J t tlh o , 1·om n .. � imwrip•:õc•s -�a­pientia wdifica.cif .�i/ii rlnmwu, do tllll lado, c Siy�t�tm m:tgn1wt tlflfllll'nif i11 ,-,.lo, du Otttro. U loeal preferi­do por Jla11twl Pinlt<·iro, o t·onstruetor eh Eg-reja, foi o mesmo es<:uiitido Dor .loiio I :1tcdcs e .\ntonio �unes, ma" a idci;t primi ti va de uma easn ruita eom :.;rossas csta.r·as roi posta de parte c enUw t'ií:cram­se os tnuro:-; dl: 1wdra e <·.ai , . !lR portas e tribunas de pedra );Lvrada, p;l.ra o qtH• vinrarn artifices de· Pernamuuro.

(-l_uando as paretk� L�i:ilaVa111 11a alt1trn de 20 pu l · mos c:lteg·o11 o 1'." Fratt<•.isi�O de �;ttllj)<t.io a :<uhstituir :\Ianucl Pinheiro; csi:ie tCV<\ ol1tevc, a húa. ideia de GOntinuar-lhc u plallo da oura.

Assim Ngueii-SC o J [ospido do Aquira:�., mas núo �osou .Jo;-to I :uedes da rclicidadü do \'CI' a E�reja l}lll: sonhara c para a qual tantas ladigas e esl'or•:o::;. des­pendera, pois que l'nllocett a 1 1 uc Fevereiro ele 1 í 43 . . Jaz sepultado mesmo ua portaria do hospicio que, como ficou c:onsignaclo, servia de egreja à es­pera. da que mais tarde foi fabricada. Repousou e))(• •testa arte •.�m terra dos s0us queridos índios por

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DA ACADI<.:MIA CEARI<.:NBE 127 ------ ---- -- --- ---- -·- ----- - -·---,; ---- - -------- --

��ujo amor soffreu duras prisões e mais de uma vez atravessou o oeeano.

Garantiu a existencia da nova ereaç·.iio reiigio­sa do Ccarú a rainha D,<L l\larianna d'Austria, que governou durante a molestia de D . .João :>. " , ordella.n­do o pagamento de 60 eseudos ü. cada religioso a�­sistente no hospício. Foi isso em 17-!9. fi:ra superior

11esse tempo o P." Manuel Pinheiro c Provincial o

P . .: Sitllilo :Marq ues.

E' a seguinte a li�t::t uo� superiores que tC\'ll o Hospício do Aquiraz, e dos seus auxiliares, até a eonelusào da egreja.

-172;) . . J oi'w U uedes (SUlJerior), ;\Ia11uel 1 la pt ista ,

D'elix Capelli e l\lanuel da Luz. -1732 . .Jo<lo nuedes ( superior) , l'edro �ogueir<l,

Fclix Capell i , Manuel Pinheiro , �[anuel de i\laeedo (irmi"to).

-1736. I ,uiz de �le:Hclon<:a (superior), i\lanucl Pi nhci r o, �la11 uel cl c :111 attos, Jia.11uel de l\la eedo.

Luiz de McndoH<;a nasceu crn Olinda. eru I G8r\ fi liou -se a 1-! ele .Junho de i 701 e p rofe ::;sou dos 4 votos a 15 de Agosto ele 17-!U.

-1737 .. Joúo l:íuccles (visitador), i\l anuel Carva­lho tsuperior), l\lanuel de i\lattos, .José dn Hoeha, :\lanuel das Ne\·cs, :\lanuel de Jl!aceclo, Antonio Si· IJIICil'il firiilii.O).

-J7:.W. l\Jt.tnuel de .:'llatto.:> (sup2rior), .Jo<to Utw­d��::;, .José da Hoeha, J\Janucl d:ts .Neve:;, i\l i .nuel Bap· ti::>ta, Antouio Siqueira e Jll,muel de Macedo. Hoella �� �evet> cra.111 missio11arios vola11tes, t�omo lhes eha ·

lllil Vill11. .\lunud de Mattos naseeu cm Vtanua tYurtu�al)

a' I:! de Fevereiro de lli9�, filiot l se a 31 de (JlÚu­bro de 170::3 e foi eoadjuctor espiritual a 2 de Fe­vereiro ele 17:;3.

--l7<1U. l\1anue: de Mattos (superior) , .Joúo Uue· des, �[anucl Baptista, Manuel ele l\[ottra, 1\lanuel de Lima, Francif;eo Leu l , Antonio Pinto, Luir. .J a cornc

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REVISTA -- ----·· -- --- - ---.-- ·• -- ----- -- ------

e os irmãos Antonio de �iqueira, Jose.._ de Passos f} , Manuc l Diniz.

B'rancisco Leal nasceu na Ballia a lfi de �lar· <_:o de W91, filiou - se a I;) de Setembro de 17t2 e foi coadjuctor espiritual a 21 ele Dezembro de 172!1; Antonio Pinto nasceu em Telhado 'cm 1707, filiou - se a 23 de }[aio de 1727, foi coadjuctor e.3piritual a 2 ele Feverci ro de 17-!0 e t'alleceu a 1 L de Julho de 1757; Luiz .Jacome nasecu em Braga a. 12 de Abril de 1706, filiou - se a 1 de Fevereiro de 172� c fallcceu a; 20 de Maio de 1í4i'); Antonio de Siqueira nasceu no Rio de Janeiro em 1701, filiou,se a 17 de .Juuho de 172iJ e fez a formatura. a 15 de Agosto de 1 7H7 ; .I osé de Passos naseeu em Oliuela em 1715 e filiou­se a 13 de Dezembro de 17:30.

-1741. �1anucl de }[attos (superior), .1 oão U ue­des, �Ianoel de :\·loura., Antotdo D�tntas e Antoido de Siqueira . Antonio D<UJt.as nasce u em Braga cm 16�)1; filiou-so a 13 de Setembro de J 713 e f1�z a fornutura a 15 de A�osto de 1727.

- 17-!:t l!'raneisco da Lyra (su perior), Manuel Pinheiro, �ran:wl ele Lima e Antonio de Siquei ra.

F'raneisco de Lyra fora superior da Ibiapaba em 1711'1 sendo seu companheiro Ag-ostinho Corrca na::;­ddo cm Bmga: em ! fi(i5, filiado a 14 dfl .I unho de 1685 e coadjuctor a 10 de Agosto de 16!.16, cm 171!! eom o dito Correa, em 1720 eom o mesmo e mais o J�.c l\lanuel Pedroso, cm 17::?:! com o 111ef:!mo e mail' (I P.c Jóüo (iuedes e cm 1732 com os PY' l\lanuel Ba­

ptista, Pedro da Silva e Rap ilael Gomes. Nascera em Hi76 na Ilha da l\iadeira, filiara- se

a �O de Outubro de 1604 e professam dos 4 votos a �8 de Outubro de 1723.

Pedro da Silva naseeu cm Olinda em 1 G�6, fi Jioii·SC a 3 de Novembro de 1700 c l'oi coadjuctor cspirittwl a 10 de Ag·osto de 1714; lütphael Uomcs nasceu em Ponte de Lima a I O de Outubro ele Hill� �� filiou-se a 1 de Fev ereiro de 17 ta.

-17 -!5. lfrancisco de Ly r a (superior): l{ogerio

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D.t.. ACADEMIA CEARENSE

Ganisio, Manuel de Mattos, Bstevam Monteiro, An­tonio Siqueira e .Jacyntho da Fonseca.

Estcvam l'donteiro nasceu em Mira.ndella a 21i de Outuht·o de 1704 e filiou-se a 7 de Dezembro, de 1721.

-174fi. Francisco de L�Ta (superior), Rogerio (·anisio, Antonio dos Reis, João de Salles e Manuel Var.. .

- 1748 . Manuel Pinheiro (superior), Manuel de Lima, Francisco de Lyra., Francisco Leal, Jos{· de Anchieta e .lac�·ntho da Fonseca.

--17f,7. Jorto de· Britto (superior), Francisco de Ly.ra, José de Amorim, Manuel de Lima: l\fanuel Franco e l\Ianuel de Macedo.

O P.• Manuel Pinheiro, autor das duas Me·mm·ias ·(lUC vão a seguir, por elle escriptas quando na Itn.­lia, o que explica a língua de que se serviu, era Portuguez, do Porto, naseeu em 1695, entrou para a Companhia a 12 de Dezembro de 1714, e teve o grau de coadjuetor espiritual a 1 de .Janeiro de 1734.

Um dos cxplilsos do Brasil por motivo da per­scguiçüo Pombalina, vivia ainda em 1773 na cidadn de Roma, tendo morado a principio no Collegio dos Tng-lezes e depois em Castro Gandolpho.

Foram como elle victimas da immerecida e cxP-­eranda: medida, como hnviam sido seus socios nas agruras e victorias do apostolado no Ceará, os se­guintes sacerdotes:

-Manuel das Neves, Bahiano, nascido a '1h de �laio de 1698, entrado na Ordem a 30 de Julho d(• 1712 e fallecido em Roma a 20 de Novembro de 17n0 ;

-l\lanuel de Lima, Hahiano, nascido a 13 d<> Janeiro de 1706 e riliado a 25 de .Julho de 1720:

-Jos\� da Rocha, nasc1do no Recife a 14 de .Ju­lho de 1692, filiado a 17 de Outubro de 1707, professo dos 3 votos a 1 de Novembro de 17:12 e fallecido a !!U de l\lar<;o de 176�1 cm Castro Gandolpho;

-Franchsco nouvea, Fluminense, naseido cnt 1718, filiado a. 11 de Agosto de 17B4 e professo a 10 dn Junho dn 17i'>:�;

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1�0 REVISTA

-lgnacio Gomes, nascido cm Lisbôa em 171�, filiado a 28 de .lunho de 17:1:1 c professo elos 4 vo-tos a 7 ele .Maio de 1750 ;

-

-Antonio rlo� Bcis, nasf'ido em Barqueiros om 17 10, filiado a 14 elo Julho de 1728 e professo a 7 de Maio de ! 750;

-Manuel de l\:Iacedo, na.sddo em 1697, filindn em 1730, formado a 29 de Junho de 1742;

--João de Salles, nascido C:m S. Paulo a 17 dn Novembro de 1715, filiado a ::>5 de Julho de I 7:�� o professo a 8 de Dezembro de 1752;

-1\'ranuel Franco, nascido em Lisbôa cm 17 1f>, filiado a 25 de Novembro de 17:3:! e professo elos 4 votos a 2 de Fevereiro de 1750;

-.José de Amorim, Spiritosantcnse, nasciclo :1 Hl de .Julho de 1711, filiado a 14 de J ulh o do 17:!�, professo dos 3 Yotos a lf> de Agosto de 174f> o f'nl­locido a. 17 de Maio de 1769; era o missio11ario da aldeia de S. Sebastião ele Paupina e foi substituído pi' lo pa.dre secular Manuel Pegado de Siqucira. Ci11tes:

--.Toüo Antnnes, nascido a 3 de I\faio do 1710 P t'il iado a 18 de Outubro de 1728:

--li"'ranoisoo Perei ra, nascido 'em Braga cm 171 o, fi! indo a 22 de Setembro do 1 12.'l, professo a 2 rio Fc­vnreiro de 174(-i e l'a lleeido cm Roma n 1� de .T;l­nciro de 17Ci2 ;

-Manuel de Moura, nascido H o. Porto em 170J. filiado a :30 de .Julho rlc 171!-:, professo a lO de Ou­tubro elo li-tO c fallccido em Roma a 4 do l\lnr,;n do I7G3:

-.Tos,·� Ignacio, missionaria da aldeia de C;nwn in c a quem substituiu o P.c secular Antonio Carvalho da �ilvn;

-Antonio Dantas, missi:mario da Parang·ahn. sullstítuiclo pelo P.'· Antonio Coc_lho de Amaral :

-.Tose\ Caetano, missionnrio da aldein. do!-> l'aya­euR, suhstituidn pelo P;·t�dn� i\ntonio l'in�s e Car­dl'llfi.S :

-·l\Iamwl Diniz, lHts(�idn r.n1 Hr:�ga Plll 1717., fi-

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DA ACADE�IIA CEARENSE 1 3 1

l iado a 24 de Abri l de 1 729 e fo rm ado a 29· d e .Junho d e 1 742 ;

-- i\L :v1Uel Simões. nascido em Catanhede em l lí\H , fi l i n d o a 1 0 de .Í ulho d e 1 7 1 f,, form ado a 1 5 d e i\ l arç:o d e 1 7�5 , e fnl l e c i d c, e m Roma a 1 d e Abril c ln 1 7 66 ;

- .M a n u e l Va%, n a s c i d o <1 1 0 de De%embro d e J 7 1 ü, fi l iado n 4 ele Agosto r le 1 74 1 e formado a 8 ele De%e m b ro de 1 752 ;

- .J a cyn tho da Fon seca. , nascido e m V i llan o v a Pm 1 702, fi l iado a J :> de Novembro df\ 1 7 32, for­mado a �9 de SetP.m hro d e 1 7 f>0 e fa l leci d o e m H o ma a 1 : : de Novem bro de 1 76 1 .

- Roge rio Canisio, nascido como .Joiw Hre\Y e r em Co logne (Allemanha) e m 171 1, fil iado a 1 7 de Ou­t u bro de 1 7 3 1 c p ro fesso a 2 de Fevere i ro de 1 /48.

Del l e trn ta Loreto Couto no capi tulo 24 d o seu I i v ro De.�aygrm;o.� do Era . .:; i/ e Glorias de Pe1·namlmco . l·'al l ef'.eu nas prisões do forte de S . .J uliào.

Dos soffr i m e n tos h u manos de que foram mudas testemunhas as m asmorras de S . .J ulião não eonheco n arrativ n especi al; deveriam ter sido horrorosos a ttei1 -

d cndo-se ao odio dos perseguidores e aos desejos .que t inham os subal ternos e os aaseclas de se mos­trar agradaveis e doeeis i n strumentos ; o mesmo ni:to a contece com os de%enove carceres o u prisõf:'s da .J u nq u e i ra, porque as descrev e u com a penna, p o r 1 1 1 elhor < l izel-o, E' J isupa da c m lagri m as e san15ue o .\ l a rq u ez ele A lorna. Esse l i v ro, h ojé raro; do qual poss uo 1 1 111 e xem plar , foi b a de%enas d e annos p u ­b l i cado c- o n forme o orig i n a l )01' Sousa Ama cio c S(� 1 1 1 ti t u a " s . 1'/Sties .a , wu,neil'a ( u rmde o Jllinisf.eí ·iu tlo Mal'qu.e.i· de .Pombo! esc1'iptus alli megrn.o pelu Jhn·­rtu. r.i· dr• Alo i'11Ct uma da.� xnas ridimas.

Nesses rarccrcs fornm comp:11 1hei ros do i l l ustl'í' f idn J g·o, <>. n tre o llt. ros , os :jesu i tas .J os<·� Morei l'a, ./ o;i o d o 1\ l ; l t tos. Ped ro l l omem , o gT a n t l c l\la l agrida, e h a ­mn.do o A posto l o d o � l n.ran h:i.o I ' Frnneiseó Uuart1.• ,

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RliV.ISTA

polyglota e p rofund o conheeedor flas 8Ciencias me­d icas.

Sobre o manuscr�pto e seu autor deixou Sousa. .:\mado i n teressantes esdarccimcn tos, como �v f\ dm: sC>gu intes trechos :

c E' um cad erno em q u a rto, ainda bem conse r nld o , mas q ue mostra ter- se feito delle muito uso. A le t tra ú perfeitamen te bem formada e l egiYel. Foi escripto com t in ta vermelh a , que boje se acha alg·um ta n to des-ho taõ,n.

-

Esta circum stancia 'é dign a de explicar -se. Na­quei Jas prisões, ande poT tantos annos gemeu a in no ­

ecncia, e o merecimento, os presos, pe la ma ior parte, era m p ri va dos de ti ntei ro, tal ver. pelo receio de se re­l ac ionarem u n s com os outros, ou com suas fa m í l ias. O A uctor porém desta Memoria e x cogi tou um meio, que m u i to bem lhe sorti u , para haver tinta ; e foi , la ­v ar os pt:\s das cadei ras, q u.� l h e deram . pin tadas d e vermelho, com o v inagre, que lh e l a - a o jantar ; e fo i com esta tinta que e l l e escreveu a h istoria das pr isi•es, isto é, das c ru9ldades. tormen tos e p ri vaç1ies, que sof­fJ•eu, e viu soffrer.

A' m argem d 'este p recioso �lanuscripto, e no i n ­tervallo da!i' l i nh as, ha emen das e correcções, c ac ­erescentamento!'i fe i tos com t inta preta, e da mesma lettra, e isto lev:-Hws a crer que o i l l ustrc 1\Jarq un:�.

· de Alorna, mais - tarde, pt•de alcançar t inteiro, ou quo então rev.f\m a f>ua ohra rl epoi s rle sáir d'aque l les . carceres .

A q ual idade do Auctor e v i ctima ao mesmo tem ­po, o desejo d e saber a h istori n d e tio longos a nnos de soffrimentos, fi zeram com que o Manuscripto fos ­se p rocu rado com o maior empenho, o q ue provam as copias, que possuem algumas famí l ias u obres ne::: ­ta côrte, e ainda out ras.-

E se a c las-se da nobreza enriquecia as suas h i ­hliothecas com o s i\l anuscriptos das prist•es, o origi ­n a l del las devia pa ra r em on tms m ãos ; e eom P.ffci­to, segundo p<Hlémos salwr, a.ss i m acontccêra .

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DA ACADKMIA CJURENSK f33 ----·- -- - - ·----

O penurtimo possuidor das Prisões da Junqueira foi o S r. D. Miguel de Bragauç-.a , a cuja lei tura se d e v e tal ver. o restabeledmeuto dos Jesuítas, que ho­je tantos serviç�os estão l'a%endo it Religião sob gover· I I O :S .M onarch icos e ltepublicanos como n a H espanha, ]•'ran��a. Ing-la terra, .-\ u:�tria, e sobre tudo no:� .U:stados L ; n idos da America.

O beuemeri to Ma.r<tuez de Alorna fo i preso em L i sbôu. no anuo de 1 7 76, na sua ca sa, :t .Jesus, estando jú, recol hido uo seu q uarto, por serem homs adianta· d as da noite. Tinha ::!5 an nos de idade. e achava-se nomeado embaixador para Franc;a.

Seis mezes depois a JJ arq ueza de Alorna e suas f i l has foram m an dadas para o con vento de Chellas.

Na .J'u"nquei ra , seg·uncta prisão, para que fôra ma ndado, conser vo u-se por espa��o de I \J an nos, e aili teria. soffrido a sorte de tan tos padres e fi dalgos, se Se bastião José de Carvalho continuilsse por mais ternpo no m i nisterio, como desejava com avidez pou ­t.: 0 vulgar.

(� uiz a Providencia, que o i nimigo do clero e da nobreza fosse lançado fóra do Governo ; e a S. a D . .Ma>­ria I b e m i n formada da i nnocencia d o i llustrado Mar· quez de Alorna (que nu nca soube, nem antes, nem n o tempo da pri�ão, nem depois, a causa p orque o prenderam, a.pezal' de m uitas v er.es i nstar pa-ra L} Ue o mettessem cm proces;;o ! ! ! ), mando u o soltar por Por;, taria de 7 de Março de I 7 'i7 , it qual se seguiu em 1 7 de � l aio do mesmo anno o Decreto seguinte :

• Porq uanto f u i ser v i da mand ar, que o .Marquez de Alorna, q uando sahi u da prisão em que se acha­va., se retirasse desta côrte elll quantos� não justifi t.:asse da mais leve c ulpa de i n eonfidenci a ; c reque­rendo-me o d i to Marque1..í a exacta averiguação da. sua innocencia, ou c ulpa ; sendo commettido es-te i m portante neg-ocio a uma J u nta de Ministr·os dignes delle, com assisteucia do Procu r·ader da m i nha real coroa. f'oi por todos ttni(ormemente jttlgado qtte o ct-ito Jlai"IJUez .�e aduwa. innocente, e -�em prova por o'ffde

;.J !l'!·? . • r.[r; l . :-� ' :� ·�� }. r: -�

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134 REVISTA

se pode�Me dize·1· culpado : Hei por bem de o cl edamr assim para que possa se r restabelecido ús ho n rüs c l i berdades , que por d irei to lhe com p e tem.

Palacio d e Nossa . Senho ra da A j ud a c m 1 7 el e �Iai o d e 1 777.-Com Ru brica d e Sua l\fagcstacJ c , .

Por es te meio tüo ::;olemne e deco roso l'o i com ­pro vada a i nnocenc i a d o i l l us tre p reso d a . J u n q u e i ­ra, o que a o m e s m o tPmpo i m porta a cond e m mt�,:iio mais formal das med i d as arbitrarias ü0 Se bastifw .J osé, que com tanta crueldade se a r voro u em per­seguidor dos que l h e l ev avam van tagem em saber, v i rtudes e nooreza.

.

Depoi s que o i l l ustre Au etor destas Pri8úe.� se v i u e m li!Jerdade, e rest ituído ao:s se us d i rei tol:i . v i ­v e u sempre ret i rado cm A l m ei ri m , o u ern Almad a , re parti ndo o tem po c m ora(,:ãO e obras p i as ; c para se recrear, entregava-se a observações a s tron o m i ­c:as, p o r q ue mo::;tra\'a m u i ta p a i xão. A s u a u l t i m a mo lc sti a foi resul tad o d e u m a const ipa<;ita d u r a n t e u::> tas observações.

V i v e u até 1 80 1 , tc 1 1 d o a eonsol : 1 1_:ií o ele ver l l i l i:i <..: ido o actu a l M arq u ez de .Fronte ira, seu bisn eto . »

O u tros h ou ve a i n à a, c: o m o aquel le:;, e x p u l sos e desterrados, .mas a ::;eu respe i to f'<i l l e( ·.c m - m e a::; i n ­fonna<; ões .

Os je::; u i tn s Jo Cea rit reco l h e ram-se a Pe n t a m lnwo

em fi n s de Fev e ro i ro de 1 7f i0. l\ l a n o c l Co rreia V a :-;­ques roi quE:m os l:O I I d l l :t, i l l : A l e m cl es�e o ll i l · i a l c u rn ­p u n ham a est:o l ta 1 ::: a rgu u te , � t :a l >os c ! f i s o l dados .

Tacs, cujos n o m e s registo nestas pag-i na.:; c t u u i ­los o u tros dentre i nn u mc ros <..:o m p a n h0 i ros, va l e u tes soldados do p rogresso neste can to da Amer iea l 'O !' · tugueza, j ú e u o d isse , fo ram v i<..: t imas d a sa n h a anti · re l igiosa d e Pombal . A cl lcs se podem app l i t: a r b e m c com verditde as o p i n i ões do go vern ador do i\! a ­ranhc"w a El-Hei c m 1 725 : « Os Padres da Com p a n l l i : t si'io e se mp re foram o diados nesta pro v í n c i a u n i ca­mente porque d e fendem com zelo a l i berd a d e dos desg-raç:a.dos I u d ios, e com todas suas fo rças se op-

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lH:V I8TA

peridade agrieola daqne llas campi nas só restilo ;rL .. gumas lara ngei ras, e tam.arindos . perdid os na matt.t., virgem .. .

A ll i 1: u m go ve mador, testemunha l'le v is u , a · proclamar os jesuí tas eomo defensores da l i berdade

dos fracos e elos opprimidos ; aqui (• tl lll es.c riptor r le reconhecida. com p c te n c i a e acima d e toda s us-

. pei\:<10, p o rqu a n to pertencia a um credo dissidente da Egreja cat h o l i cn, a rcconh ceel-os como os o rga­nisadores do trabalho emre os indios, como mestres· n as artes agrícol as.

· As a ffirmativas do escri p tor p rotes ta n te pode t.omal-as a s i o Ceará, e substituídos os 1 1 om e s �oure, A tu res, C haricama p or A q uiraz, Viçosa e outras lo­cal idades C earenses está feito o e l ogio dos d ig 1 1 os con tinuadores ela obra ci vil i sadora de Francisco Pinto e . Fig ueira.

Por i ndole � c d uctu,·ii.o me inclino it d e fez;a. dos outros e só a n te pro Yas abundan tes, d edsi v m; julgo que as ac\:oes a l heias são mits c carecedoras d e correc­t ivo ; pelas l iç·ões da historia e conhecim�nto que tenho da soc i e d a d e h tl ma na, cuja s paixões stto sem couta e sem limites, apra %: -tne o papel de ach· ogad o c recuso o de accusad o r ; d e t ermin o-me sem p re a estar ao larl o d a v i eti ma d e prefercn eia a batN pa lmas ao i.l lg·oz embor<.�. forte c distribuidor d e gT < IÇ:as ; t ratan do-se, porem, d o s f i l hos de Loy o la, tudo, i n clo le 1 1 a t u ra l , c n s i n •unc 1 1 tos da hi·storia, tes­temunhos coü v os , gratidüo de patr io t a , tudo m e <�O I I · tl u z á defesa d esses palad i n os d a minha re l igitw, d esses emissarios da pa%: e do p rogTcsso m oral c m aterial elo meu pai%: .

Referindo-se aos ci tados dizeres da Foyaye au Hràíl, a j u n ta A l e x a n d re l .e Ro�· o seguin te com que estou de p le n o accordo c a que asscnti nlo tod os q uan tos não sii.o ei v a dos de estreito parti daris mo .

« Este tr�cho de Agass iz forma cm resumo n opinião de h oje. A dispersão das ordens religiosas c ;t ruína das missões foram para a America do Sul o

I ·-·

-

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' ' J DA ACADEMU CEARENSE U7

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q u e ·foram para a Affica, u m manifesto i'etrocesso. Uma n ssignatura do Marqucz d e Pomba:l, htnça-da uo p a pel n ' urn a cri�><' de fan at-ismo i rre l igioso , ha.sto 1 1 parN a m dqu i l a r e m u m d i a estes res u l tados accu ­

m u lados ·p o r annos c ser u l o s d 'esfo rços , d e inteUí ­'1-!'enda e d0 dedicação.

Este moderno vandalismo terá uma •<leseulpa : :S i m , d i zem eertas pesson s : a :unhi çüo sem l imitcR . ... l os n l issio.tu:u· ios. Tal vez, par'l ser j usto e verí d i co . fosse bom ;l ecrcsecn tn r a este motiYo a lguma invejrt do pode r , alguma op pos içü.o da parte dos op;pres­so res da pop u laç·ii.o í n d ia, algumas e a. l um n ias de toda n. espede para. desacre d i tar e atoru i nal' a obra. mo ­t'al isado ra r io ape rfei çoa m e n to organisadu por h o ­mens e m q ue s e v i a teste m u nhas i mportunas e ad ­V<:' rsa ri os reso l utos » .

:-: i de·ixada, posta de parte il. A m erica, oecupar­se a c-ritica das m i ssões A fricanas, as i lla.ç&es a ti · rar e as conclus«•cs serü.o i d cnti eas: m udança de pako , outros a(·.to res, m a s a s mesm a s v i C' torins da réHgiào sobre as popul aç·ôes barbaras e i u cu l tas, os m esm o s hlbores da Ordem de J esus e os mesmos resu ltados ·funestos oriun dos d as perseguições, e da final ex· tineç<lo (•.om que lh<' retribuí ram os a dm i raveis s�r ­

Y i <;0-5. « Quan to deve Portugal , eserc ve LeoFl Be-th une .

lamentar a.s perseguiçôes, q u e outr'ora e xerceu con· tra. os jesuítas ! Sem a en orm e falta connnettida por Pombal e seus successores nu nca a Ing-laterra teria tido occasião de levantar nos l us i tanos a inj usta I] U es t;-w, que lhes suscita.

· Os terri torios ha tempos de.scobet·to8 por Le v in · gstone e oceu pados peJos m issionarias escoss�zes conserva rfl m p rofundos traços el a. e \·angel isaçüo dos jesu ítas, os qunes t i veram fl oreseentes chri standa­d es em Cassn n gc e n a s ma rgens do Chire e d o Zambe�e.

Desde o seculo XVI os jesu í tas ri valisaram de zelo para Jl0Hctrnr no centro rio conti nente ne�ro

' . =:,

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138 REV ISTA

e o P.e Si l ve i ra foi m nrt�Ti sado em 1 56�! p or ordem de um p r ín ci pe do pai z actual elos Matabeles. ()g jesuí tas t inham cgpJendi dn.s ch l'ist::mdn.Lles cm Q tw- · !imane, Tete e Scn na d esde Hi 1 O e l'u n d a ram no Zambeze v i l l fl s christans r.ujas ruinas, ro d ead as ti<> supersticioso respe i to p e l os i n digen n s . fora m en ro l l ­

trarlas por L ev i ngstone .

ns jesuí tas formn no seeulo passado bruta l m en ­t e ex pulsos d a s suas chri standades p o r Pomba l , ( ' d essa epoch:} d ata a d ecadcnein. do pod e r Portn­g-uez nessas paragens " .

S o bre os jes u í tas d e q u e tratam mais mimla­mente a s Jlemnriag d o P.c Pi n heiro, posso ad ia n tar os segu i ntes a pontam e n tos, que n i:i o de i xam de ser c u riosos.

O P.e .l oào G uedes, o fun dador. d o h ospi eio do A q u i raz, natural da Hohem ia. como i<�t rl i ssc, nasceu "m 1 660, e n trou para a Ord em a 18 de Março de 1 67fi, p rofessou dú 4.0 v oto a 1 !) de Ag·osto de 1 6�)4 e falleeeu em seu h osp í c i o a 1 1 de Fevereiro de 1 743. Por dua s vezes foi a Lishí!a a n ch· og-ar os i n ­

wresses doa ind i os do Cearft. O P.e .Ma n uel B a p tista figura n os archiv os dn

Ordem .como nascido no Porto em 1 fi82, f i l iado n 1 4 d e Agosto d e 1 6�)9 e coacljuetor esp iri tua l a 1 5 de . Agosto d e 1 7 1 4, s i bem f!lle Lor�to C o u to o d i ­g·a natu ral d a freguezia d e Snnta Ch rist ina , Aree · h ispado d e Braga .

Foi o orador sacro n as pomposas festas ee lebra­das no 1 .0 an n o do g-o verno do Cap i t<1o-mór .Joi'i.o Ba ptista Furtad o pe los desposorio� do Prí n ci p e do Brasil e flUe tan tos d issabores :warretara m .

Foi o caso q u e o capit <�ta-mor despende ra 300$000 com os fes tejos , e o gover nador de Pernctlll'buco recusou mand,u· pagar as despezas fei tas. A quan tia era para os tempos u m tfl nto anll tada realmente, mas mula se poupara para o b rilhantismo das festas : ex posi ­ç�rLO do Santíssimo Sacramento , sennilo, do Indo rlf' l'ol'a. Lia egreja um throno com os retratos dos pri n -

_ _J

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.... . DA A( �ÂDEMIA CE.A.UENS E

c i pes cercado rlc mais de 200 l uzes , luminarias e

rogos do ar c co rda por t.re:r. dhts, anorcs d e fog·,o de., etc. ·

De tudo isso deu Baptista Furtado umn j u s­t i l'i cação per<:tnte o juiz ordinn,ri o A n to n i o l\Iaciel dP A n tl rn.dP, que deu pro v i men to e achou tudo l egal p o r des p acho d e 2r) d e N o v embro de 1 730.

<< Tri n ta arm os, escrev e clelle o autor dos JJeg. 11flfJ1'a!JO.� dn Hm.�ít e r71orias de Pel'1Wm7mcn, v iveo na cont i n u a tarefa de ganh a r almas a Deus. Assis­t i o aos í n dios do Cearit com s u mma cari dad e, i n s ­t nth i n do-os c o m s e u s exe mpl os c s antas d i recçõPs. Os u l t i m os ci n co <111 nos da sua Y i da · se recol hco ao rea l hospício da d i ta província el o Ceará onde com grnnde esplendor d e v i rtudes f inal izou a v i d a no fi m d e .J ulho de I íõ6 q u ando eontava 75 annos de i d ad e e fo�· o p r i m e i ro sep u l tado nn Eg-reja de N . " :-:.; . " d'Assum p(<i.o elo d i to hospí c io » .

O P." i\'lanuel Ba ptista foi ta.mbem s u perior d as A I dei as de Ihiapaba e Pamng·a.ba.

() P.c Felix Capel l i n ra de Li sbôa, en trou p ara a Ordem a :� i de Ou tubro de 1 70B e p ro fessou a i i de N o v embro de 1 7 23.

() P.c Pedro Nogue i ra era Bah iano ; nascido em Hi86. Entrou para a Ordem a. 15 de .Ju lh o de 1 704 I '

·roi coad j u ctot· csp i ri t u n l a 2 r! e Fenlreiro de 1 724.

l•:m terrctR do H r;� s i l , onde pisass� o pé qo so l ­dado E u ropeu, e m lances d e fortu n a sua p rop r i [l 011 em b usea de dila tar o c i rc u l o d os possuídos do eorôa, surg'ia concom i ta n temente o u log-o • •·Pó·s p \' u I to se reno do m i ssiona rio cat l lo l ico .

Um trazi a. com n. voz do mando o ideal da r ·ouqui sta c cercaY a - se d o ap p a ra toso c o rtejo da

·s

armas ; o o utro empunhava o ramo da o l i vei ra da pa 7. e cm. o po rtador elo E v a ngelh o , q ue comp e n d i a a r.·, c a. earida.de ; a a q u e l l e e ngri nalcla v ai11 a rron te-

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REVlRTA

\aarels •ensangllentadoa e na sua passag·em cre;;eiam �s g ri tos de pretesto, o tinir das ea-deias, a'S ·l n�ri · mas e os s uspiros, as i m· ec ti vas f\ as v i n d i Ptas, a -ftste, si sõhrelvam os trabalhos e as ca nc<J i ras , n q u� mni'tJa vez pul\hn remate o sacr- ifício da p ropria e x i s ­tencia, fkavan, devendo a s popuhl'ç.ões a \' ida ct a sociedade, o esq uecimento das usll.nça-s bnr-bnras, os eonfot"tos '()·a fé, os be nefícios d.1. civi l isaçilo.

Para demon s tra l-o não careço de recorrer it e'h ro · nie·a das Capita n i a s do Str l q ue,

· tod as eUas, ãbundam cn1 exernpl'os JIA.'lpitau tes, hasta q ue me reporte ao ·•tM :mais d� perto nos toca.

A inda n ão se tin h am dissipa do os echos 1 ug·u b res da cX'-ped içào d e Pero (:oelho � j;í. os jes uítas P i n to <' Figuei ra, de 'Ordem do pro v i n c i a l Ferniio Cr� rdtm, se embarcavanl no Rec i fe para a cateehese d.o!o> 'i n cl fo'S, que te riam m n i s tarde de lhes recompensnr o zelo apostolico e.om a traged ia da Ibiaf)aba levada :�. ·effeito pe�os Tocar ijns e com ·o horrendo m orticínio de f) U e foram prot�oni stas os sangui narios A,.oans : cl\1 If.H 2 ·coog:a. ílO Cea rá �f arti m Soares Moretto no i ntuito de fazer t ra to c so'l i das a l l in nç-as , e em sua com panhia tra.r. seis homens e ·Um clerig·o ; n o mesmo an no desferra v'e'las do porto de Can ca le em FTança n. expe d i ç·ã.o (Jc Haz il l �· e I ,a Ravard i e re e a bo rdo lte suas n a v es est;i o os ca pnch i·nhos Cl aud i o d':\ hhe­v i l l e, I vo de Evreux:, A rsenio de Paris f' Ambrosio de Amien s ; a ;2;; d<' A g-osto de 1 6 1 4 sahe do Reei!'<' a Armada d e Dio;.:·o de Campos dest i nad a it !�onquist.a do Maranhào e ;:t q ual se ajun ta .J eron ymo de A lbu· q i:lerque c ''em r:om eHes Frei Cosrne de S. Da;miào n f1•ei Ma·n uel da Piedade, este nas cido em Olinda, de fami l i:t nobn�, pois que e·ra filho de .l oAo 'fa:v1l­res, e P.onhec�dor emeri to da l i ngua tupy : com a armada de Dn P.rat, quQ ó repeHida pela g·ente J o presi-dio {}o Cenrú in flammada pelas pred i cas e valor d o vigario f>.c Balthazar João Correia, vem dor-e mis­siotHt-rios capu·chin ho·s soh a chefia. de Anclw.ng·el o de ll)..t>nihroch.

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DA ACADE�lA C.'JEAH!c:NSK .

·' Lo�a jú. se extende a list� cios e�en1pJ:os,, �, cil mcnte respigados aqui e alli para deroanstr�c+o da minha these, ' 1nas não é Jifficult�so accreacel-a a i n d a e de muit<í: ·

No iu t u i to de completar a c.:>nq u ista · do )la,ra· u hão parte do Hecife em Outubro de 1 6 1 5 uma ar­mada de 9 velas sendo pi loto da capitauea M anuel O onçalves Hege i fei ro , q ue deixou o roteiro de toda a v i a gem, e na e x pedicão tomam parte a mandad6 do prov i n c i<:ti P. de Toledo os jesuítas Manuel Go· mes e Diogo Nunes .

. Este, uatura l tie S. VicE: u te, d iocese de Hio de . J aneiro ,ua:>c id o em 154� c entrado na· Comp�nhi:a em 1 5.tii�, era profundo conhecedor da língua. dos ind ig·enC:J s.

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Avultado é o numero Jos J esuítas, que se en· tregavam a o estudo do idionut dos indígenas ; dahi as fa ci lidades que tiuham, m a i s que 4 ualquer outra ordem rel igiosa, na reali saç:à.o de seus }Jlanos, dahi as grandes conquistas, os maravilhosos resultados que assignalaram su�t paRsa�em pelas tribus.

Elles atting-i ram ú nit!d n. comp rehensão de que falar·l l1es a l ingua equivalia a meio caminho andi.L­do para a eatecl!ese , c que o interp.retc, tt Hngqa era o i nstrumento mais vantajoso para, attrahil -as, para assi m i l ai-as.

Para o sel \'agem, ol ,serva com acerto Couto de Magalhães, aquellc que fal a sua l íngua é um seu pa rente, portanto seu amigo.

D.e !llo ntoya, o sabio mestre <la língua G uara· nv, se diz y•1e clle, só cllc, deu os rudimentos d a eiv i lisa�:üo a mais d e cem m i l aruericanos . E o s col· le�ios jesu i ticos foram viveiros de Montoyas.

�Ias con tiruemos com as prov as. A 25 de Março de 16:!4 deixam Lisbóa cqm �:ts

n a us da l n d i a os dois nav ios da expedição de Fr�n ­c iseo Coelho d e Carvalho e vem nelles vario.s reli· giosos da Pro v i nda de S. Antonio de l 'ortugal e Cus·

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1 42 REYISTA

tod ia. do B rasi l , e n tre os quaes av u ltava frei Ch ri:,; ­tovam Severim.

A 30 de . Abril d e 1043 embarca com o C a p i · tào -g·eneral Pedro d e A l buquerque o celehr<; I ,n iz Vigu ei ra, trazen d o l -i m e mb ros de sua n rctem, u LI ele 1\laio lançam l'erro em Cabo Verde, a 1 '<! ele .! u n h o d escobrem terras do Mamnhiio e a 1 ( ; aneora m , mas taes s� mostraYn tn os vPn tos e a s m a ré::; que a .::'! J c h ega m junto a i l h a el o S o l , o1ede 1 1 tantos s e Jlli8 u sol da vida e lhes nasce(l o da glurio, como d i z N icolao Teixe i ra, um dos pouco:,; sobre v i v e n tes d a honi vcl catastrophe. •

Com os tropeço:,; d e tod a sorte origi1 1ados d a i n v asão Hollan desiJ , c u jos effei tos por lon�o tem po perduraram nas d i v ersas Cap i tn. n i n s , s uspe n d eu-se ou attenu o u- se a obnt da catech ese para v o l ta r rn n i :,; tarde a s e fazer d e n o \' O e a s e conso l i dar, niLo c n ­t i b i a n d o o animo d a que l l cs q ue d e l l a s s e c n c a tTega­ram, c o mesmo se dera com se u s a n tecessores, nem as agr u ras, inacredi taveis, dos cami nhos, nem os riseos e a :,; e i ladas arma d a s pelos sc l v i colas, nem üs persegui<;·ões e as \' i o le1 1 c i n s elos proprios Por­tuguezes, que n e l l es t i n h am l' r i ti cos da \' i da. l icen cio­sa que l e v a v am c Y i a m obs taeul os p;ua seus i n t e ­resses, q u a s i sempre i n eonfessa v e ! s .

E m 16::>6 d e u - se p ri n c i p i o a uma des�ns n o v a s m i ssões.

Em .hn ho desse nnno parti ra m para a se rra de l b i apaba os Pad res A n ton i o R i beiro c Pedro d e l ' e· d rosa e ahi encontrara m t rcs aldc: i a g ele Toba jaras com cerca de 1 HUU a l mas, alem de m u i tos ou tros de l ingua nüo gt>ra l e q ue , a l i i"ts , pa.r<'c i n m domesticos pois poss u i a.m ca:,;as e l a v ouras.

�mpen h acl os c�ta v a m nas obr a s da m i ssilo quan ­d o rebe n tou na rortale ;.:;a. d o Cea n't u m a rcYolta dos i úclios. Escre,: eu p a ra a serra o Capc l liio do prcsicl i o i n v ocando o a u x i l io d o s p a d res e ente1 1deram elites acudir a o appel lo , fican d o a l l i o P ." Pedrosa e v i ndo ao Cearú. o compan hei ro, coisa. m u i to parn C'.P i l surar,

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DA AOADEM\IA CEAHENS E 14.3

porquanto é do::; e::;tatutos e regulamén totS da Ordem (IC .J esus não andarem os Pad res senão aos dois .

Demorav a-se no Ceará o P.c Antonio Ribeiro. a ped ido de An dré V ida! de Negreiros, -que passara por all i naq uella occasião , qua n do chegaram reeom ­

mend ações d o v is i tador Fran cisco G·o n t;a.l ve::; para v oltarem os dois av Maranhão por motivo sobretudo de ni"to poderem ser soccorridos e visitados cm dis­taneia tamanha. Entrementes Ribeiro foi a Pernam ­buco e vol tou d e novo ao Ceará, augmen tando assi m os maus commenta rios e as cen::;uras dos Superiores .

Ordens ::;e succederam umas após outra::;, até mesmo veio de Pernambuco munido de instrucc;ões o P.c Ricard o Care u, mas o barco, em que v i aja va, deixou de tocar no Ceará e em Camuci.m ; tambetu o::; correios d e terra por i m ped iment'ils v a rios n ão consegi1iram le var nem trazer noticias ás aldeias. Tudo parecia conj urar-se eon tra a M issão da Ibia­paba quando no Maranhào recebeu se a noticia de que os Padres Ribeiro e Pedrosa estavam v i vos e juntos.

Os í n d ios , que de ta l i n fonnavam, foram por­tadore::; ta.mbem de cartas dos c hefes e pri n eipaes re­q ueren do eom i nstanc ia a contin uação en tre ellcs dos miss ionarios, accrescentando o p ri n ci pal -d a al · deia do Ceará, ·tJ Ue era um Algodiio, amargas que i ­xas contra A n tonio Hibeiro p o r o haver dei xado c a sua g·ente e nrw ter tido substi t u to.

· Ordem l{eg-ia, c u jo portador foi P e d ro de Mel lo, pm·a que nada se alterasse na ;VIi ssão da lbiapaba veio tirar os �uperio res da perplex idade em que se enco n trav a m si devia eoutirwar ou desapparee€r.

Eis ma.is u m a Yez os discí p u los de Santo Igna­cio nu fain:t de chama i' o::; filhos d a floresta :�o

gremio da Egreja, ao con v í v i o da civ i lisa ção.

Sobre a Missão da lbiapu ba é mu i to para lcr · se n Uelação deixada por Anton io Vieira , que foi gran­de parte nella e m�smo por lá esteve após 11ma via­gem ,a.e :vin te e um dias, ao cabo da qual elle e os

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144 UEV ISTA

companheiros estavam desca lços e trazi am os pés em chagas.

A 2.:� Memm·ia de .1\fanvel Pi11hei ro, que devo, como tambem a 1 .", ao i l lustre P.c .J . B. vau l\lcurs, encerra a narra(:ão desprete n c i osa e por m i u do de uma ou tra dessas pacil'icas ex ped i��õe.;; a q ue estava m affeitos os jes u í tas em obed i c ncia aos �uperiores e its regras do seu Insti tuto , organisado m i l i tarmen te pelo fundador, que, sabem os rodos , fo i �o ldad o por sua vez, e por signal que reri d o no sitio d e P a m · p lona, c i rcumsta n c i a que deu enst'jo it sua co n v ersiw, e portanto ao estabelecimonto da Ordem de .J esus .

. Mas essa m issão se fez j<i. no seculo 18. Inicia-se d i ta Memoria em 1 732 com as ordem;

do Pro v i ncial l\lareos Coelho e do v isita.dor José de l\Icnd onça para a v i n da do p roprio i\Ian uel Pinhe i ro . ao Ceará, c re fere dcmoradamente as muitas fad igas o trabalho�, que elle e consocios experimentaram na a d rn i n istra\'àO das d i versas n ldeias , a té en tão re­gi das por pad res secu l a res.

Os mais conhecidos desses pad res secu l ares e x ­istentes e n tão n a \�tpltania eram Dom i ngos Ferre i ra Ch aves, Fel i x de AzeY edo, Christovam de Albuquer­que, Antonio Farinha. e Fern an do de A lbuquerque. O . p r i meiro da l ista, de quem conheço u m testa men­to fe ito a 28 de Agosto de 1 749, e m natural de Vi­dago, A rccbispc1.do de Braga, e f i lho lngitimo de Do­mingos Ferre i ra e M aria l\ie n d es, poss u ía te rra s. 1 10 Cocó, n a Ribe i ra do Curú compradas a Pedro Bar­roso Valente (Si tio Pato�, Burití) , e 110 sitio de

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r arahu. Na J.vfemoria ha a reparur u m pou<"o na manei ra.

eomo são graphados os nomes d as aldeias C earenses. Relativamente a f>a'l'auynba vejo m a is u m a ver. eou · f i rmada a m inha assen,:ào de q u e os documen tos al l ­t igos registam Ptmmyaha de p refereucia a ]Jo'l'lmga­h a . As pala v r as fiwne piccolo, peq ucn o rio, pareeem dar o si�n i fi cado do termo Agwmambi, um m ix to de portuguez e tupy, a q ue vem juntas, significado,

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DA ACADE�liA CEARENSE ---- - - -- - - --- · ·- --- ·· - --·· · ·- · --

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�diás, em opposiçiio aos d ir.eres de e n ten d idos qm� trad uzem nambi por orel h a , ar.a .

Dos nomes de missionarios, que enumera, ha al· gun s que n�ereccm el ogioso reparo, como por exemplo o de .Jacob ou .l acopo Coch leo, que chegou ao Bra­sil em Hi62 ao mesmo tempo q ue l!'el ippc B u rel c .r o;io H uedes, aq uel l e , missionaria do Rio G ra nde, P este, do Rio S. Franc isco emquanto o eonsentiu a poderosa Casa da. Torre, e, mais ta rd e, do Cear:l onde cel ebrisou - se .

.Ta.coh Coch leo teve o berço em A rtois, Ph i l i · ppevi l le, em 1629, entrou na Compan h ia a. :1 de l\Iaio de 1 649 em Tourna r, c fez p rofiss:1o do 4.o voto a. 2 de Fe vereiro de I66i"). ·

Veio para o Ceará em 1 662 j u ntamente com o Padre Pedro Francis(·o, gen ovcz, nascido em 1 6 1 5, filiado cm 1 640 no Col legio do Rio de Janeiro e coad ­j uctor espir itual t?m 1 652, c, depois de u ma resi dencia de d ez annos n c. Cearit, tc v o a. scn cargo a m issão dos índios <.J,u i r i r·is, foi rei tor do Collegio do Rio d0 .J an ei ro e direetor dos joYens escolasticos da Bahia.. Nesta ultima loca l idade f.;}z -se notaYe l pelas innmne ­ra s conversões de protestantes, que operou. Fal leceu <1 1 7 de Abril de 1 7 1 0 em cheiro de santidade.

Passe agora o leitor a compulsar as J1erno�·im�. Vt1o p u bl i cadas em i tali ano p a ra melhor resguardo P. <'Studo do modo ele d izer e graphar do autor.

Lí ng-ua facil como <'•. o i taliano a nós o utros Bra.· !';i ! P. i ros1 d ispenso-me d e dar aq u i a tra.du cção.

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