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Muito Além do Jardim de Infância - O desafio do preparo de alunos e professores on-line Wilson Azevêdo Muito Além do Jardim de Infância - O desafio do preparo de alunos e professores on-line Wilson Azevêdo Seminário Teológico Presbiteriano do Rio de Janeiro [email protected] Abstract From the characterization of a new space (virtual) and a new temporality (multi-synchronous), this work, written from the experience developed since 1997 in the Theological Presbyterian Seminary of Rio de Janeiro, detaches the importance of the previous preparation of students for online learning environments, as well as the importance of the development of abilities of communities animation in teachers for systems of distance education with adoption of new technologies. Keywords: Distance Education. Online Learning. Virtual Learning Environments. Computer-Mediated Education. A Educação a Distância recebeu notável impulso a partir da aplicação de novas tecnologias, notadamente aquelas que envolvem a Internet. A intensa capilarização das redes interconectadas de computadores vem ampliando o público desta modalidade de ensino ao mesmo tempo em que confronta aqueles que trabalham em educação com novos desafios dentro de uma nova realidade. Novas tecnologias, ao se disseminarem pela sociedade, levam a novas experiências e a novas formas de relação com o outro, com o conhecimento e com o processo de ensino-aprendizagem. Foi assim, no passado, com a disseminação da escrita que, como lembrou muito bem Walter Ong, é uma tecnologia (ONG:1998). A própria origem da Educação e da Escola, tal como as concebemos hoje, depende fundamentalmente desta tecnologia de registro e recuperação de informação que é a escrita. E o desenvolvimento desta tecnologia promoveu grandes transformações na prática educativa. Hoje, para nós, é praticamente inconcebível ensinar e aprender sem livros, objetos que somente começaram a ser usados em larga escala com o advento da máquina de imprimir e da técnica de corte de papel que permitiu que os livros se tornassem portáteis. Atualmente, as novas tecnologias, especialmente as que estão ligadas às chamadas "mídias interativas", estão promovendo mudanças na Educação, num processo que parece estar apenas começando. Para a maioria dos educadores elas são absolutamente desconhecidas. Uma parcela muito pequena teve algum contato ou usa com alguma freqüência estas tecnologias. E, mesmo para estes, elas representam uma imensa novidade. Num primeiro momento, novas tecnologias são uma novidade que requer adaptação em termos operacionais. É preciso aprender a mexer com equipamentos, a trabalhar com programas e assimilar conceitos e vocabulário próprios de uma nova área. Mas, além disto, estas tecnologias levam a novas experiências em um sentido mais profundo. No mundo da comunicação mediada por computador vive-se num outro espaço e num outro tempo, diverso do tempo e do espaço vividos no mundo da comunicação de oralidade primária e da cultura escrita. O novo espaço tem sido chamado de "ciberespaço", mas também de "mundo virtual" ou ainda "espaço virtual". É um espaço que não se define por coordenadas geográficas nem por seus elementos materiais concretos. A localização de uma "sala virtual" é um endereço lógico, uma seqüência de caracteres que identifica um conjunto de arquivos binários num disco de computador. O espaço de interação dos grupos de discussão na Internet, materialmente falando, seria a soma das microscópicas áreas de disco magnético que armazenam as mensagens circuladas em seu interior nas máquinas de cada participante e no servidor que as distribui. Ou seja, definir materialmente este "espaço virtual" é não definir nada de substantivo a seu respeito. Quando, numa sala de aulas virtual, alguém afirma "estamos aqui", este "aqui" refere-se na verdade a um espaço puramente relacional, cuja realidade material ou localização geográfica não tem a menor importância. Assim como uma nova representação do espaço surge sob a influência da tecnologia da escrita, as novas tecnologias fazem aparecer um novo espaço onde é preciso aprender a se movimentar. 1

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Muito Além do Jardim de Infância - O desafio do preparo de alunos e professores on-line Wilson Azevêdo

Muito Além do Jardim de Infância - O desafio do preparo de alunos e professores on-line

Wilson AzevêdoSeminário Teológico Presbiteriano do Rio de Janeiro

[email protected]

Abstract

From the characterization of a new space (virtual) and a new temporality (multi-synchronous), this work, written from the experience developed since 1997 in the Theological Presbyterian Seminary of Rio de Janeiro, detaches the importance of the previous preparation of students for online learning environments, as well as the importance of the development of abilities of communities animation in teachers for systems of distance education with adoption of new technologies.Keywords:Distance Education. Online Learning. Virtual Learning Environments. Computer-Mediated Education.

A Educação a Distância recebeu notável impulso a partir da aplicação de novas tecnologias, notadamente aquelas que envolvem a Internet. A intensa capilarização das redes interconectadas de computadores vem ampliando o público desta modalidade de ensino ao mesmo tempo em que confronta aqueles que trabalham em educação com novos desafios dentro de uma nova realidade.

Novas tecnologias, ao se disseminarem pela sociedade, levam a novas experiências e a novas formas de relação com o outro, com o conhecimento e com o processo de ensino-aprendizagem. Foi assim, no passado, com a disseminação da escrita que, como lembrou muito bem Walter Ong, é uma tecnologia (ONG:1998). A própria origem da Educação e da Escola, tal como as concebemos hoje, depende fundamentalmente desta tecnologia de registro e recuperação de informação que é a escrita. E o desenvolvimento desta tecnologia promoveu grandes transformações na prática educativa. Hoje, para nós, é praticamente inconcebível ensinar e aprender sem livros, objetos que somente começaram a ser usados em larga escala com o advento da máquina de imprimir e da técnica de corte de papel que permitiu que os livros se tornassem portáteis.

Atualmente, as novas tecnologias, especialmente as que estão ligadas às chamadas "mídias interativas", estão promovendo mudanças na Educação, num processo que parece estar apenas começando. Para a maioria dos educadores elas são absolutamente desconhecidas. Uma parcela muito pequena teve algum contato ou usa com alguma freqüência estas tecnologias. E, mesmo para estes, elas representam uma imensa novidade.

Num primeiro momento, novas tecnologias são uma novidade que requer adaptação em termos operacionais. É preciso aprender a mexer com equipamentos, a trabalhar com programas e assimilar conceitos e vocabulário próprios de uma nova área. Mas, além disto, estas tecnologias levam a novas experiências em um sentido mais profundo. No mundo da comunicação mediada por computador vive-se num outro espaço e num outro tempo, diverso do tempo e do espaço vividos no mundo da comunicação de oralidade primária e da cultura escrita.

O novo espaço tem sido chamado de "ciberespaço", mas também de "mundo virtual" ou ainda "espaço virtual". É um espaço que não se define por coordenadas geográficas nem por seus elementos materiais concretos. A localização de uma "sala virtual" é um endereço lógico, uma seqüência de caracteres que identifica um conjunto de arquivos binários num disco de computador. O espaço de interação dos grupos de discussão na Internet, materialmente falando, seria a soma das microscópicas áreas de disco magnético que armazenam as mensagens circuladas em seu interior nas máquinas de cada participante e no servidor que as distribui. Ou seja, definir materialmente este "espaço virtual" é não definir nada de substantivo a seu respeito. Quando, numa sala de aulas virtual, alguém afirma "estamos aqui", este "aqui" refere-se na verdade a um espaço puramente relacional, cuja realidade material ou localização geográfica não tem a menor importância. Assim como uma nova representação do espaço surge sob a influência da tecnologia da escrita, as novas tecnologias fazem aparecer um novo espaço onde é preciso aprender a se movimentar.

Mas também as novas tecnologias dão origem a uma nova temporalidade. Elas intensificam uma experiência já conhecida da cultura escrita, a da correspondência através de cartas. O próprio nome "correio eletrônico" expõe a afinidade entre estas experiências. Tecnicamente define-se esta modalidade de comunicação como "assíncrona", isto é, como uma comunicação que acontece de forma independente da simultaneidade do tempo. A comunicação entre duas pessoas num contexto presencial, ou numa conversa telefônica, ou ainda através do rádio, depende de um determinado momento para acontecer. Se eu tomo um telefone e ligo para alguém e este não se encontra naquele momento no mesmo lugar em que se encontra o aparelho para o qual estou ligando, a comunicação não acontece. Ao escrever para esta mesma pessoa, no entanto, eu aproveito uma característica da escrita, sua disponibilidade no tempo, e a comunicação poderá então acontecer, independente do lugar e do horário em que a carta for recebida. Aliás, é aqui interessante notar que, à primeira vista, o "correio eletrônico" parece apenas acelerar a troca de mensagens. Mas, ao promover esta aceleração, o e-mail está, na verdade, promovendo uma nova experiência com o tempo, como também com o espaço. Pessoas que se correspondem por carta quando escrevem "estamos aqui" não estão se referindo a um espaço comum, compartilhado por ambas. Elas não experimentam um outro espaço. Acelere, porém, a distribuição de mensagens e crie a possibilidade de rapidamente várias cópias de uma mesma mensagem chegarem a várias pessoas que desta forma se correspondem entre si e você passará a ter um novo espaço - mas igualmente um novo tempo. Um "multílogo" (SHANK & CUNNINGHAM:1996), isto é, uma conversa dezenas de intervenções pode ser sustentada por vários dias através do e-mail. Duas ou mais pessoas cujas agendas dificilmente permitiriam se encontrar sequer ao lado de um telefone no mesmo horário, podem se comunicar como se

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estivessem sentadas por horas numa mesa de bar ou numa sala de estar.

Ambientes virtuais sustentados pelas novas tecnologias de informação e de comunicação combinam recursos síncronos e assíncronos. São ambientes "multissíncronos" (MASON: 1998), Em ambientes assim é possível dar início a uma conversa através da troca assíncrona de mensagens via e-mail e, posteriormente, continuá-la num encontro virtual "em tempo real" numa sala de chat, para, em seguida, concluí-la novamente através do e-mail. A temporalidade que é experimentada em tais ambientes é de natureza diversa daquela introduzida pela escrita e que permitiu que nossas sociedades se sentissem participantes de uma única História. Como também difere daquela vivida por sociedades orais, um tempo cíclico em que o passado não se marca por datas. É um tempo "esticado" por dentro da temporalidade histórica, uma sensação de contiguidade sem simultaneidade, um estar sempre "aqui" independente do "agora" de cada. Uma nova temporalidade que se precisa aprender a administrar e a agendar.

Este novo espaço e este novo tempo colocam um desafio para a prática educativa que utiliza novas tecnologias. Em primeiro lugar é preciso acentuar o fato de serem novidade. E toda novidade requer que se trabalhe um processo de adaptação. É preciso promover a ambientação de professores e alunos no espaço virtual e no tempo multissíncrono dos sistemas online de educação a distância. A expansão que se prevê para esta modalidade de ensino nos próximos anos (conferir a este respeito o relatório do International Data Corporation, "Distance Learning Takes Off, Fueled by Growth in Internet Access", publicado em 9/2/99 em http://www.idc.com/Data/Consumer/content/CSB020999PR.htm. Romiszowiski afirma que "não avançaremos muito no próximo século antes que haja mais estudantes à distância do que em campi universitários convencionais". In CASTRO, Cláudio M. ed. Education in the Information Age. New York, BID, 1998) tornam o desafio ainda mais dramático. Se as projeções estiverem corretas, milhões de pessoas em todo o mundo estarão sendo colocadas em ambientes virtuais de ensino-aprendizagem, precisando aprender, antes de mais nada, a se movimentar no novo espaço e a se programar na nova temporalidade. Como encarar este desafio?

Na experiência desenvolvida há 2 anos no Seminário Teológico Presbiteriano do Rio de Janeiro este desafio se manifestou na forma de um problema. Com dezenas de estudantes matriculando-se a cada mês, tínhamos um fluxo contínuo de novos alunos, sem qualquer experiência anterior em ambientes online de educação a distância. A cada turma que se formava percebíamos uma dificuldade grande destes alunos, manifestando-se numa espécie de angústia que abalava a motivação - elemento fundamental em programas de educação a distância. Um destes alunos manifestou esta sensação de forma exemplar. Escreveu ele numa mensagem para uma de nossas salas de aulas virtuais: "Estou me sentindo "zonzo""... "Assim que passar esta vertigem...". Esta é a sensação de quem se vê, de um momento para outro, colocado numa outra relação com o espaço e com o tempo!

As dificuldades na dimensão temporal também se manifestavam em outro problema, igualmente vivido no ensino presencial, mas com características próprias do ambiente virtual. Os índices de evasão eram preocupantes. Nas primeiras turmas chegou a ser da ordem dos 30%. E quando pesquisávamos os motivos, na quase totalidade dos casos os alunos alegavam "falta de tempo". "Falta de tempo" pode significar muita coisa. Mas, quando se coloca este motivo na perspectiva da temporalidade multissíncrona dos ambientes virtuais, percebe-se que muitos alunos estavam fracassando na questão da administração do tempo. Estes alunos não estavam conseguindo ajustar sua disponibilidade de tempo com a dinâmica assíncrona/síncrona do ensino online. Alguns deles desistiam porque, acostumados ao ritmo de exigência síncrona dos ambientes presenciais, sentiam-se sempre "atrasados" em relação ao programa de estudo, sem perceber que, na maior parte dos casos, tratava-se apenas de agendar-se em relação ao cronograma da turma: com uma distribuição irregular de horas ao longo da semana, em alguns dias sentir-se-iam atrasados, mas em outros se veriam "adiantados" em relação ao grupo.

Mas ainda um outro fator era observado na adaptação de nossos alunos ao novo ambiente. Acostumados a "assistir" aulas, outros alunos demoravam a "pegar", a se envolver na dinâmica participativa que o uso de recursos altamente interativos acaba por provocar. Para responder a uma carta enviada por uma mala-direta, eu preciso tomar caneta, papel e envelope, escrever e depois me dirigir a uma agência postal. Para responder a uma mensagem de e-mail, basta clicar num botão na tela. Esta facilidade acaba provocando a interação, muitas vezes até de maneira excessiva. Aqueles que já experimentaram os resultados do envio de uma "mala-direta eletrônica" sabem que é muito fácil receber respostas - principalmente as mais desaforadas - quando se usa o correio eletrônico...

Mesmo com esta facilidade, alguns alunos adotavam uma atitude bastante passiva. Isto era ainda mais intrigante quando se tratava de alunos que já estavam relativamente bem acostumados a ambientes virtuais em geral. Alguns de nossos alunos participavam de grupos de discussão via e-mail e tinham experiência com o espaço-tempo virtual. Nestes grupos de discussão estes alunos eram razoavelmente participativos. Mas, colocados em um ambiente virtual de ensino online que utilizava o mesmo recurso (grupos ou listas de discussão), passavam a ficar em "silêncio virtual", sem enviar uma linha. Tecnicamente era o mesmo recurso. Se disséssemos que o aluno estava em um grupo de discussão ele tinha um comportamento mais ativo. Se disséssemos que ele estava numa sala de aulas virtual, seu comportamento era outro, mais passivo.

Este aluno enfrentava outro tipo de problema de adaptação ao ambiente online. Não era um dificuldade resultante da tecnologia, pelo menos não diretamente. O problema era o modelo pedagógico no qual ele fora ambientado desde sua pré-escola. Um ambiente em que o aluno é visto fundamentalmente como um receptor de conteúdos, cuja tarefa é assimilar e reproduzir, mas quase nunca problematizar, analisar, refletir, isto é, discutir.

É perfeitamente possível reproduzir este mesmo modelo em ambientes online. Oferecer um curso sem maior incentivo à interação entre alunos e professores tem sido uma das muitas formas de se fazer educação a distância via Internet. Mas é inegável que os recursos mais atraentes que a Internet oferece são os interativos, que permitem colocar pessoas em contato umas com as outras. Se no ambiente virtual de ensino-aprendizagem são disponibilizados estes recursos e seu uso é incentivado, o aluno precisará desenvolver outra atitude, adquirir novos hábitos, deixar de ver-se como um receptor no final de uma linha e passar a ver-se como um nó de transmissão numa teia de linhas de comunicação. Fundamentalmente precisará deixar a postura passiva e adotar uma postura ativa.

As dificuldades experimentadas por nossos alunos nos levaram a criar um módulo introdutório, "Como Tornar-

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se um Aluno Online". A literatura sugeria que alunos iniciantes fossem apresentados aos recursos do sistema adotado para o gerenciamento do ensino a distância mediado por computador (HARASIM:1995, HILTZ:1994). Mas, além disto, percebemos que era preciso apresentá-los ao ambiente de maneira mais ampla, não somente em relação aos aspectos operacionais, mas fundamentalmente aos aspectos pedagógicos e sócio-culturais envolvidos. O módulo tem 10 dias de duração e em seu programa, além dos aspectos teóricos aqui mencionados, são abordados aspectos práticos como a administração do tempo e estratégias de aprendizagem a distância. Mas um dos aspectos mais importantes é que através dele o aluno é desafiado a interagir em turma, a desenvolver uma atitude mais participativa e ativa.

Isto nos leva a um último ponto. Interação acontece de alguma maneira em ambientes presenciais, ainda que de modo informal. Turmas são grupos sociais, são comunidades. Este fato passa despercebido na prática docente convencional. Mas uma das coisas que logo se evidencia ao se passar para ambientes virtuais é que turmas virtuais são comunidades virtuais de aprendizagem colaborativa - um conceito fundamental para o desenvolvimento da educação a distância com uso de novas tecnologias. Este aspecto comunitário tem se destacado graças à adoção de mídias interativas entre as novas tecnologias. Mas agora o desafio se coloca do lado dos professores.

Na formação de um professor este aspecto é muito pouco ou quase nunca explorado. O professor é preparado para utilizar o melhor recurso para transmitir um conhecimento. Para isto ele pode até mesmo ser capacitado para utilizar dinâmicas de grupo, técnicas de incentivo à interação entre alunos. Mas são recursos utilizados episodicamente, considerando a turma de alunos como um grupo. Mas o aspecto comunitário das turmas é pouco ou quase nunca levado em conta. Se turmas são comunidades, que papel então estaria reservado ao professor?

Foi aqui que uma interessante característica dos professores do Seminário Presbiteriano revelou-se extremamente proveitosa. Todos os professores de nosso programa de educação continuada via Internet (PECNet) são pastores. E na formação de pastores um aspecto é amplamente levado em conta: pastores trabalham com comunidades. Ao serem colocados em um ambiente online de educação a distância esta formação acabou exibindo uma fecundidade pedagógica que dificilmente poderia mostrar em ambientes convencionais. Em comunidades religiosas o pastor tem o papel de um animador, que procura estimular a interação dentro da comunidade, identificando e investindo em lideranças comunitárias, e mobilizando-a em torno de um programa comum.

Ora, a expertise mais requerida hoje de um professor online se encontra precisamente aí: hoje o professor tem, em ambientes virtuais, o papel de animador de uma comunidade virtual de aprendizes, uma espécie de "pastor" do "rebanho" de alunos. A exploração desta confluência de habilidades pastorais e docentes em nossos professores é um aspecto que deverá demandar um aprofundamento maior no futuro. O fato é que esta experiência parece mostrar que a Poimênica - a reflexão sobre a prática pastoral - pode ter, neste momento de desenvolvimento de modelos de educação online, uma grande contribuição a dar à Pedagogia (Lévy, em A Inteligência Coletiva, cita o pastor como o protótipo do seu "engenheiro do laço social", especialista em animar coletividades inteligentes, cuja habilidade seria fundamental na nova economia do conhecimento).

Pode estar num passado muito distante de nossas carreiras escolares a lembrança do momento em que vimos um quadro de giz pela primeira vez. Em um determinado período deste passado todo um trabalho foi desenvolvido no sentido de nos preparar para um ambiente educacional - a sala de aulas presencial - no qual aprendemos a nos posicionar, a nos comportar, a agir e a reagir. Hoje, muito além do jardim de infância, somos colocados diante do desafio de fazer um trabalho semelhante, preparando alunos e professores para os novos ambientes criados pela aplicação das novas tecnologias à educação. Precisamos de uma espécie de "pré-escola virtual".

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

CASTRO, Cláudio M. ed. Education in the Information Age. New York, BID, 1998.

HARASIM, Lynda et alli. Learning Networks. A Field Guide to Teaching and Learning Online. Cambridge, MIT Press, 1995.

HILTZ, Starr. The Virtual Classroom. Learning without limits via computer networks. Norwood, Ablex, 1994.

LÉVY, Pierre. A Inteligência Coletiva. Por uma Antropologia do Ciberespaço. S. Paulo, Loyola, 1998).

MASON, R. Globalising Education. Trends and Applications. London, Routledge, 1998.ONG, Walter. Oralidade e Cultura Escrita. Campinas, Papirus, 1998.

SHANK, G. & CUNNINGHAM, D. "Mediated Phosphor Dots: Toward a Post-Cartesian Model of CMC via the Semiotic Superhighway" in ESS, Charles. Ed. Philosophical Perspectives on Computer-Mediated Communication. Albany, SUNY Press, 1996.

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PANORAMA ATUAL DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NO BRASIL

Wilson AzevêdoConsultor educacional da SENAI/CNIDiretor técnico-pedagógico da Aquifolium Educacional

Preletor do Seminário Virtual:Panorama Atual da Educação a Distância no Brasil, realizado entre os dias 7 e 14/08/2000,realizado pela Aquifolium Educacional

A aplicação de novas tecnologias na Educação a Distância (EaD), especialmente aquelas ligadas à Internet, vem modificando o panorama dentro deste campo de tal modo que, seguramente, podemos falar de uma EaD antes e depois da Internet. Antes da Internet tínhamos uma EaD que utilizava apenas tecnologias de comunicação de "um-para-muitos" (rádio, TV) ou de um-para-um (ensino por correspondência). Via Internet temos as três possibilidades de comunicação reunidas numa só mídia: "um-para-muitos", "um-para-um" e,

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sobretudo, "muitos-para-muitos". É esta possibilidade de interação ampla que confere a EaD via Internet um outro status e vem levando a sociedade a olhar para ela de uma maneira diferente daquela com que olha outras formas de EaD.

Durante muito tempo Educação a Distância foi considerada, para usar as palavras do filosofo francês Pierre Levy, uma espécie de "estepe" do ensino, utilizada principalmente quando outras modalidades de educação falhavam. Se o sistema educacional convencional falhava em proporcionar escolaridade mínima a uma parcela significativa da população, então a Educação a Distância era chamada para suprir esta lacuna. Com isto a sociedade se acostumou a olhar para a EaD como uma educação "de segunda categoria", a ser utilizada especialmente por aqueles que não tiveram oportunidade de uma educação "melhor", a educação presencial convencional. A linguagem e o formato dos programas de EaD através do rádio e da televisão mostravam que eles estavam dirigidos para o "andar de baixo" da sociedade, para os excluídos do sistema educacional. Educação a Distância era "coisa de pobre...".

De repente chega a Internet e os congressos e encontros de Educação a Distância lotam de gente interessada em conhecer as novas tecnologias a ela aplicada. Jornais e revistas começam a dar destaque a projetos de escolas e universidades virtuais. E isto não é um fenômeno isolado, brasileiro. Mundialmente as melhores e mais caras universidades começam a montar seus campi virtuais e a oferecer Educação a Distância via Internet.

De um lado está o "charme" e o apelo da novidade: hoje tudo o que envolve Internet chama a atenção. De outro lado, há a percepção clara de que estamos diante de uma tecnologia que permite coisas impensáveis em outras modalidades que utilizam outras tecnologias, como, por exemplo, a formação de comunidades virtuais de aprendizagem colaborativa. Isto é, comunidades compostas por pessoas que estão em diversas partes do mundo e que interagem todos com todos, sem que necessariamente estejam juntas ou conectadas, na mesma hora e no mesmo lugar - em modo assíncrono, como dizem os especialistas. Uma mensagem pode ser enviada num determinado horário para um grupo de 30 ou 40 pessoas que a lerão, cada uma num horário diferente, e a ela reagirão também cada uma no seu tempo, sustentando-se um debate por dias seguidos (tal como estamos vivenciando aqui). Via Internet pode-se experimentar aprender junto com outros, interagindo com muitos, independente do tempo e do lugar de cada um.

No mundo inteiro as instituições de ensino estão procurando se informar e acompanhar esta verdadeira revolução educacional que está acontecendo, inclusive e especialmente as mais tradicionais instituições de Educação a Distância. A chamada educação online está desafiando estas instituições a repensarem seus modelos pedagógicos ao mesmo tempo em que oferece soluções para problemas com que estas mesmas instituições vêm se confrontando cada vez mais, à medida que passamos de uma sociedade industrial para uma sociedade da informação. Hoje, a informação "envelhece" mais rapidamente. O tempo de vida dos saberes é cada vez menor. Material didático escrito e reproduzido para ser utilizado por 5 ou 10 anos torna-se obsoleto em muito menos tempo. Produzir, reproduzir e distribuir material didático para a Educação a Distância convencional é algo relativamente caro. Em geral, trata-se de investimento a ser recuperado a longo prazo. No entanto, em algumas áreas, como Informática ou Medicina, um curso por correspondência ou em vídeo que leve 1 ano para ser produzido, pode tornar-se totalmente obsoleto 2 ou 3 anos após começar a ser distribuído. Começa a ficar cada vez mais caro e cada vez mais trabalhoso fazer Educação a Distância baseada no desenvolvimento de material impresso ou em vídeo. Educação a Distância via Internet começa a ser vista (ilusoriamente, como veremos adiante) por algumas destas instituições como uma alternativa para reduzir custos ou permitir a rápida atualização de conteúdos sem os altos custos de reimpressão e distribuição do material impresso, por exemplo.

Ao mesmo tempo em que isto ocorre, percebe-se que a EaD via Internet pode ajudar a EaD em geral a superar uma de suas maiores barreiras, a da manutenção da motivação do estudante. Uma das maiores dificuldades da EaD convencional está no chamado isolamento do estudante, que não conta com o apoio e o estímulo de um grupo de pessoas que estão nas mesmas condições que ele, aprendendo as mesmas coisas e ajudando-se mutuamente a vencer dificuldades neste aprendizado, em outras palavras, uma "turma". No caso da tele-educação isto vem sendo enfrentado através da organização de grupos locais de alunos reunidos em "tele-salas", mas nem sempre é possível reunir um grupo que se encontre num mesmo lugar, na mesma hora - condição sine qua non para o funcionamento de uma "tele-sala". No caso do

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ensino por correspondência, tenta-se vencer esta dificuldade através do trabalho de auxiliares, os chamados "tutores", que "vão atrás" do aluno quando este passa muito tempo sem dar noticias ou sem cumprir alguma tarefa. Mas, por mais atencioso que um tutor seja é muito difícil que um apenas consiga manter o estudante motivado por muito tempo. Ora, com a Internet, pode-se organizar os alunos em turmas, tal como no ensino presencial, e isto certamente tem reflexos positivos sobre a motivação do estudante.

Na verdade, assim como a Educação a Distância convencional exigiu o desenvolvimento de uma pedagogia especifica, a educação online exige o desenvolvimento de um modelo pedagógico especifico. É a construção deste modelo que estamos hoje assistindo. Ainda há muito a se criar, experimentar e corrigir neste campo desafiador de constituição de uma pedagogia online, mas hoje há razoável consenso em torno do fato de que esta pedagogia deve estar atenta aos seguintes aspectos:

1. Cada vez mais se exige hoje profissionais e cidadãos capazes de trabalhar em grupo

interagindo em equipes reais ou virtuais.

2. Cada vez mais trabalhar e aprender se tornam uma só coisa, e como trabalhar se torna

cada vez mais algo que se faz em equipe, aprender trabalhando se faz cada vez mais

em grupo.

3. Mais do que o sujeito "autônomo", "autodidata", a sociedade hoje requer um sujeito que

saiba contribuir para o aprendizado do grupo de pessoas do qual ele faz parte, quer

ensinando, quer mobilizando, respondendo ou perguntando. É a inteligência coletiva do

grupo que se deseja pôr em funcionamento, a combinação de competências

distribuídas entre seus integrantes, mais do que a genialidade de um só.

4. Dentro deste quadro, aprender a aprender colaborativamente é mais importante do que

aprender a aprender sozinho, por conta própria. Co-laborar, mais do que simplesmente

laborar.

5. Também dentro deste quadro, os papeis de professor e aluno se modificam

profundamente. O aluno deixa de ser visto como mero receptor de informações ou

assimilador de conteúdos a serem reproduzidos em testes ou exercícios. O professor

deixa de ser um provedor de informações ou um organizador de atividades para a

aprendizagem do aluno. Aluno e professor passam a ser companheiros de comunidade

de aprendizagem, o professor com uma função de liderança, de "animação" no sentido

mais literal da palavra, de despertar a "alma" da comunidade. E nisto é apoiado e

acompanhado por seus alunos, que também animam-se uns aos outros, procurando

todos o crescimento de todos.

Como se vê, são desafios grandes que exigem um grande esforço. Em primeiro lugar, um grande esforço para aprender a ser um aluno online. Isto não é a mesma coisa que ser um aluno convencional e também não se confunde com o aprendizado operacional de novas tecnologias. Ser um aluno online é mais do que aprender a surfar na Internet ou usar o correio eletrônico. É ser capaz de atender às demandas dos novos ambientes online de aprendizagem, é ser capaz de se perceber como parte de uma comunidade virtual de aprendizagem colaborativa e desempenhar o novo papel a ele reservado nesta comunidade.

Em segundo lugar, exige o esforço por parte do professor de tornar-se um professor online. Mais uma vez, aqui também, isto não se confunde com o aprendizado operacional de novas tecnologias. Não se trata apenas de ensinar o professor à "mexer com o computador", navegar na web ou usar o e-mail. Assim como aprender a usar quadro-negro e giz não faz de ninguém um professor convencional, aprender a usar computador, periféricos e software não faz de ninguém um professor online. Professor online precisa ser antes de tudo convertido a uma

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nova pedagogia. Não é apenas mais um novo meio no qual ele tem que aprender a se movimentar, mas é uma nova proposta pedagógica que ele tem que ajudar a criar com sua pratica educacional. Assumir o papel de companheiro, liderança, animador comunitário, é algo bem diferente do que tem sido sua atividade na educação convencional. Seu grande talento deverá se concentrar não apenas no domínio de um conteúdo ou de técnicas didáticas, mas na capacidade de mobilizar a comunidade de aprendizes em torno da sua própria aprendizagem, de fomentar o debate, manter o clima para a ajuda mútua, incentivar cada um a se tornar responsável pela motivação de todo o grupo.

Este novo aluno e este novo professor ainda não existem. Precisam ser criados e, depois de criados, aperfeiçoados continuamente nesta nova área de pratica educativa. Não se faz isto de um dia para o outro. É coisa que nossa sociedade vai viver por muitos anos, talvez décadas. O desafio não é pequeno: é imenso. Por isto, é preciso olhar com certa desconfiança algumas iniciativas que tratam a educação online como se fosse apenas mais uma outra maneira de se fazer Educação a Distância, ou apenas a mera transposição da velha sala de aulas para o mundo virtual. Especialmente aquelas iniciativas que pensam ser isto uma questão de se desenvolver apenas o hardware, a conectividade ou o software especializados para Educação a Distância via Internet. Muitos recursos vêm sendo investidos nestes elementos - e é realmente importante que continuem sendo investidos. Mas fazer isto não é todo o investimento necessário e nem é o mais importante investimento. O momento atual exige investimentos pesados em peopleware. Isto é, em recursos humanos para a educação online. Nosso país ocupa posição de destaque no campo da infra-estrutura de comunicação de dados para suporte a projetos de Educação a Distância via Internet. Temos empresas que hoje exportam software de educação online para o mundo inteiro. Mas ainda estamos muito aquém de nossas necessidades em peopleware, em professores e alunos capazes de ensinar e aprender online. Esta é a maior dificuldade enfrentada hoje no desenvolvimento de programas de educação online. Não faltam maquinas, não faltam programas, não faltam conexões, e, onde falta, é só comprar e instalar. Não é caro, pelo contrário, é cada vez mais barato. O que falta mesmo é gente capacitada e especializada em educação online...

É por isto que não podemos nos iludir com falsas promessas: EaD online de qualidade não é nem tão barato e nem tão lucrativo quanto muitos imaginam. A EaD convencional investe no desenvolvimento, reprodução e distribuição de material e na atuação da tutoria - um investimento muito maior nos primeiros que na segunda. E baseia sua economia no ganho em escala, isto é, na possibilidade de empregar este material, com o suporte de uma tutoria, em um número grande de alunos. Em toda parte, porém, este modelo começa a viver sua crise, pois a possibilidade do ganho em escala está diminuindo, não por causa de uma retração de mercado, pelo contrário: o número de alunos somente tende a aumentar. É o tempo de vida útil do material didático que só tende a diminuir em todos os campos do saber, pela obsolescência acelerada da informação e do conhecimento.

Porém, EAD online de qualidade investe muito mais em recursos humanos. Os custos de reprodução e distribuição de material digital são infinitamente menores que os do material impresso. Mas os custos docentes são crescentes, pois EAD online de qualidade, ao contrário do que muitos pensam, não prescinde do professor. Simplesmente não é possível fazer EaD online de qualidade com uma pequena equipe de tutores cobrando exercícios e tarefas de milhares de estudantes e confiando na automatização de rotinas didáticas via software. Isto seria apenas uma inadequada e equivocada transposição do modelo convencional de EaD para o novo meio, ignorando justamente a novidade deste meio. Educação online de qualidade requer muitas horas/aula de educadores online capazes, especializados em animação de comunidades virtuais de aprendizagem colaborativa. E isto não é barato - e nem pode ser...

Estamos vivendo um momento fecundo da história, de mudança de paradigmas, inclusive na educação. Estas mudanças são mais profundas que uma simples troca do vídeo pelo cd-rom ou da página impressa pela home page. O momento atual exige clareza nesta percepção. Há 2 mil anos Jesus Cristo já dizia que "não se põe vinho novo em odres velhos, pois o vinho novo romperá os odres, entornar-se-á o vinho e os odres se estragarão; pelo contrário, vinho novo deve ser posto em odres novos" (Lucas 5:37). O vinho novo da Educação a Distância via Internet não pode ser posto nos velhos odres dos modelos que estão em crise aqui e em todo o mundo; tem que ser posto nos odres novos de um novo paradigma educacional aberto para uma nova sociedade, uma nova economia, uma nova cultura.

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Leia outro artigo do autor:

Muito além do jardim de infância: O desafio do preparo de alunos e professores on-line

(Wilson Azevêdo)

Para não chamar urubu de meu louro: Afinal, o que é um curso online?

*Wilson Azevedo

A mudança cultural que acompanhou o surgimento do livro impresso, e mais, do livro portátil, propiciado pelo desenvolvimento de tecnologias que tornaram o papel mais maleável e dobrável e os tipos menores, foi de tal ordem que repercute até os dias de hoje, de forma que atualmente é praticamente impossível dissociar a atividade educacional do livro: um exemplar na mão de cada aluno - um luxo inconcebível nos tempos medievais - é imagem corriqueira hoje.

Desde então estabeleceu-se uma divisão de trabalho entre dois tipos de organização voltadas para tarefas distintas: gráficas e editoras, dedicadas à indústria do livro e escolas e universidades, focadas na prestação de serviços educacionais. Gráficas e editoras produzem livros, escolas e universidades oferecem cursos. E ninguém confunde livro com curso. Mesmo que um livro tenha o título de "Curso de" alguma coisa, todos sabem que se trata de um livro e não de um curso.

Ao mesmo tempo o livro impresso tornou-se recurso fundamental para cursos. Livros didáticos ou Manuais para cursos se tornaram um importante segmento da indústria do livro. Livros concebidos, projetados e escritos para servirem de material de apoio em cursos. Até poucos anos estivemos assim, distinguindo com clareza o que é um curso, uma seqüência estruturada e organizada de atividades para a aprendizagem, baseado fundamentalmente em interação coletiva, e o que é um conteúdo organizado e estruturado para servir de base às atividades de aprendizagem em cursos, isto é, um livro didático.

Hoje, porém, com a rápida proliferação de iniciativas de educação online, esta clareza vem se desfazendo: em muitas destas iniciativas percebe-se uma grande confusão entre tutorial e curso online, oferecendo-se, com o nome de "curso", um tutorial.

O que é um "tutorial"? Tutorial pode ser definido como um conteúdo organizado e estruturado em formato hipertextual para servir à aprendizagem, baseado em um modelo auto-instrucional e na interação com este conteúdo. E um curso online, o que é? Um conjunto de atividades pedagógicas baseado fundamentalmente em interação coletiva online, desenvolvido através de redes de computadores.

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Assim como livros podem ser ótimos recursos didáticos para cursos presenciais, tutoriais podem ser ótimos recursos didáticos para cursos online. Mas não são cursos online!

No entanto, hoje reina a confusão: pega-se um tutorial, dá-se a ele o nome de "Curso de" alguma coisa e uma parcela significativa do público passa a acreditar que ao navegar neste tutorial estará fazendo um curso! Mas ninguém imagina estar fazendo um curso ao ler um livro, mesmo que este livro tenha o título de "Curso de". Por que então a dificuldade em distinguir tutorial de curso?

Penso que a origem desta dificuldade reside numa visão limitada do que é a Internet e do que são as novas tecnologias da informação e da comunicação. Predomina o aspecto "informação" sobre o "comunicação" na percepção de muitos. Enxerga-se muito mais as possibilidades de distribuição e organização da informação que as possibilidades de comunicação mediada por computador, especialmente de interação coletiva.

Mesmo no ensino presencial, um curso ministrado por um professor para um único aluno não funciona da mesma forma que um curso para 2 ou mais alunos. Num curso a possibilidade de interação coletiva não é algo tão secundário. Pelo contrário, é fundamento para todas as atividades que nele são desenvolvidas.

A aprendizagem proporcionada pela leitura atenta de um bom livro difere daquela proporcionada pelo envolvimento ativo nas atividades de um curso, assim como a aprendizagem proporcionada pela navegação em um tutorial online difere daquela proporcionada por um curso online.

Para assimilar informações e aprender procedimentos, ler um livro ou navegar num tutorial auto-instrucional pode ser suficiente. Mas para a aprendizagem reflexiva, crítica, conceitual e de valores o livro ou o tutorial somente pode revelar-se limitado.

Por outro lado, se as necessidades de aprendizagem são relativamente rasas e tanto o tempo quanto a verba disponíveis são relativamente curtos, um curso online baseado em aprendizagem colaborativa pode ser inadequado.

Quando se dispõe de tempo, mesmo a aprendizagem procedimental ou informativa pode ser enriquecida pela interação coletiva. A resolução de problemas é um bom exemplo de metodologia colaborativa envolvendo procedimentos.

É preciso saber discernir limites e possibilidades de cada recurso para poder selecionar o mais adequado a cada diferente tipo de demanda e situação.

Hoje ainda nos deparamos com esta confusão. Mas penso que com o tempo, o mercado de educação online, tanto de produtores e desenvolvedores quanto de consumidores, amadurecerá e assim tornar-se-á cada vez mais raro encontrar quem chame tutorial de curso, urubu de "meu louro" e compre gato por lebre.

*Wilson Azevedo é diretor de Ética e Qualidade da Abed- Associação Brasileira de Educação a Distância. www.aquifolium.com.br/educacional.

Rentabilizar a Internet

no Ensino Basico e Secundario:dos Recursos e Ferramentas Online aos LMS

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Ana Amelia Amorim [email protected] do Minho

Resumo:O acesso a Internet nas escolas, o equipamento das salas de informatica e a iniciativa “Escola, Professores e Computadores Portateis” criaram as condicoes tecnologicas para que professores e alunos possam usufruir da diversidade de informacao online, da comunicacao, da colaboracao e partilha com outros, a que se acresce a facilidade de publicacao online. A integracao dos servicos da Internet nas praticas lectivas com um proposito definido de caracter disciplinar e transdisciplinar pode proporcionar um enriquecimento tematico, social e digital para os agentes envolvidos e sobre ela nos vamos debrucar na segunda parte deste artigo.Comecaremos por salientar o emergir da economia do conhecimento em rede, enquanto extensao cognitiva. Desta realidade, ressalta a necessidade de conectividade e a importância do conectivismo, imprescindivel ao ser humano do seculo XXI e que abordamos na segunda parte.Na terceira parte, incidimos sobre as vantagens da utilizacao de LMS (Learning Management Systems), como o Moodle, no apoio ao ensino presencial para o professor e os alunos. Abordamos tambem as suas implicacoes ao nivel de suporte ao aluno e de interaccao online, que conduz os agentes educativos de uma situacao de ensino presencial para o ensino misto: blended-learning.Por fim, concluimos advertindo para a importancia de se comecar a utilizar os recursos e as ferramentas online, para se evoluir para um ambiente que e familiar aos alunos e atraves do qual podem aprender critica e colaborativamente.

Palavras-Chave:Colaboracao, Comunicacao, Conectivismo, LMS, Pesquisa, Publicacao online.Carvalho, Ana Amelia Amorim (2007). Rentabilizar a Internet no Ensino Basico e Secundario: dos Recursos e Ferramentas Online aos LMS. Sísifo. Revista de Ciências da Educação, 03, pp. 25-40.Consultado em [mes, ano] em http://sisifo.fpce.ul.pt25

Introdu caoTermos como Internet e WWW (World Wide Web) enraizaram-se no vocabulario quotidiano e na vivencia de cada cidadao, como comprova a expressao“a Internet e o tecido das nossas vidas” (Castells, 2004, p. 15). A Internet reflecte-se na reorganizacao das nossas vidas, no modo como comunicamos e como aprendemos. A sua importancia e tão marcante que Castells (2004) a compara, ao nivel de impacto, a galaxia de Gutenberg, expressao criada por McLuhan (1962) para caracterizar o efeito dacriacao da imprensa por Gutenberg, propondo, por analogia, a Galáxia Internet.“Nao existe uma centralidade [na Internet], mas sim uma nodalidade, baseada numa geometria reticular” (Castells, 2004, p. 267). Ela mantem-se como uma rede aberta e como meio para aprender e partilhar, suportando varios servicos.A World Wide Web foi concebida com o intuito de ser um repositorio do conhecimento humano, constituindo- se como espaco de partilha (Berners-Leeet al., 1994), que cresce a um ritmo nao imaginado. The World Wide Web (W3) was developed to be a pool of human knowledge, which would allow collaborators in remote sites to share their ideas and all aspects of a common project (Berners-Lee et al., 1994, p. 76). Levy (2001) clama da dimensao da

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Web “oceânica e sem forma” (p. 154), para a qual todos os que nela publicam contribuem. Alem disso, todos os autores da Web se encontram, potencialmente, ao mesmo nivel: “uma crianca encontra-se ai em pe de igualdade com uma multinacional” (Levy, 2000, p. 154).E, pois, imperioso preparar as geracoes para esta nova forma de estar, onde todos sao consumidores e produtores e onde as capacidades de pesquisar ede avaliar a qualidade da informacao sao criticas Carvalho, 2006; Carvalho et al., 2005).Dentro de algumas dezenas de anos, o ciberespaço, as comunidades virtuais, as suas reservas de imagens, as suas simulações interactivas, o seu irreprimível aumento de volume de textos e sinais, será o mediador por excelência da inteligência colectiva da humanidade. Com este novo suporte de informação e de comunicação emergem géneros de conhecimentos extraordinários, critérios de avaliação inéditos para orientar o saber, novos protagonistas na produção e tratamento dos conhecimentos. Toda a política de educação deverá tê-lo em consideração (Levy, 2000, p. 179).E nesta linha de preocupacoes que os Ministerios da Ciencia e Tecnologia e da Educacao tem promovido iniciativas varias que procuram fomentar a integracao da Internet nas escolas. Em 2002, o Ministerio da Ciencia e Tecnologia, em parceria com a Fundacao para a Computacao Cientifica Nacional(FCCN), as Escolas Superiores de Educacao e algumas Universidades promoveu o Programa Acompanhamento da Utilizacao Educativa da Internetnas Escolas Publicas do 1o Ciclo do Ensino Basico, designado abreviadamente por Internet@ EB1. Este programa teve continuidade no ProjectoCompetencias Basicas em TIC nas EB1”, da responsabilidade do Ministerio da Educacao através da Equipa de Missao CRIE (Computadores, Redes e Internet nas Escolas), e, mais recentemente, a “Iniciativa Escolas, Professores e Computadores Portateis”, em Marco de 2006. Deste modo, muitas das escolas receberam computadores portateis. Para que estes equipamentos possam ser rentabilizados e para que o potencial de aprendizagem atraves da Internet possa ser aproveitado, e fundamental não descuidar a formacao dos professores.A formacao tem que incidir nao so sobre a utilizacao da tecnologia mas tambem sobre a sua integracao pedagogica na sala de aula. Para alem dacontextualizacao teorica, os professores devem ser confrontados com exemplos concretos de aplicacao nas suas areas disciplinares para que possam ver como integrar os recursos e as ferramentas, como dinamizar a sua exploracao, que papel desempenhar na aula. Zhao (2007) salienta que o saber que o professor detem sobre a tecnologia e a sua experiencia em usa-la são factores criticos para a aprendizagem bem sucedida dos alunos com a tecnologia.Com a rapidez de evolucao do conhecimento, a educacao deve dar prioridade a “aquisicao da capacidade intelectual necessaria para aprender a aprenderdurante toda a vida, obtendo informacao armazenada digitalmente, recombinando-a e utilizandoa para produzir conhecimentos para o objectivo desejado em cada momento” (Castells, 2004, p. 320).Para isso, o professor tem um novo papel a desempenhar: o de facilitador da aprendizagem, apoiando o aluno na sua construcao individual e colaborativa do conhecimento; proporcionando-lhe autonomia na aprendizagem, incentivando ao desenvolvimento de pensamento critico, a capacidade de tomada de decisao e a aprendizagem de nivel elevado1. Por vezes, associa-se o professor que usa a tecnologia a um professor inovador, que rege as suas aulas seguindo uma abordagem construtivista.

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Gostariamos de alertar para o facto de que a utilizacao da tecnologia nao e garantia, por si so, de um determinado tipo de abordagem – mais directiva,centrada no professor ou mais centrada no aluno, mais construtivista – ou do tipo de organizacao da turma, em trabalho individual ou colaborativo. Emboa verdade, ela ate pode reforcar abordagens centradasno professor. No estudo realizado por Zhao (2007), sobre a integracao da tecnologia nas aulas, constatou-se que os professores usavam a tecnologianum continuo que vai de uma abordagem centrada no professor ate uma abordagem centrada no aluno.A posicao que defendemos da particular ênfase ao uso da Internet e dos seus servicos como meio para aprender, individual e colaborativamente, naoso atraves de pesquisa livre ou estruturada mas tambem como meio para apresentar e partilhar o trabalho realizado a turma e a todos os que lhequeiram aceder online.Neste artigo, comecamos por abordar o emergir da economia do conhecimento em rede, alertando para as suas implicacoes na forma como dependemosdas conexoes que estabelecemos na rede para uma permanente actualizacao. Assim, aliada a necessidade de conectividade, impoe-se um novo conceito: conectivismo.Deste emergir da economia do conhecimento em rede, novas capacidades sao exigidas como pesquisar, seleccionar e citar; cooperar e colaborarpresencialmente e online; e, ainda, publicar e partilhar online. A diversidade de informacao online bem como de actividades orientadas para a pesquisa, de exercicios de correccao automatica, de simulacoes,de jogos, entre outros, constituem recursos a integrar nas praticas lectivas. Por outro lado, a capacidade de colaboracao e um requisito cada vez mais procurado, que compete ao professor dinamizar nas aulas, ajudando os alunos a distinguir colaboracao de cooperacao.Por fim, focaremos as vantagens e limitacoes de um LMS (Learning Management System), como o Moodle, plataforma de apoio a aprendizagem noensino presencial. Perante o elevado numero de enderecos de escolas portuguesas no site oficial do Moodle, provavelmente resultante do projecto“moodle.edu.pt”, urge investigar sobre a utilizacao real e pedagogica da plataforma.O emergir da economiado con hecimen to em redeO dualismo da sociedade do conhecimento e da economia do conhecimento estao relacionados, como refere Peters (2007). As ideias de uma econosisifo mia associada a rede surgem nos anos 70, altura emque Roland Artle, Christian Averous, Lyn Squire e Jeffrey Rohlfs demonstraram a possibilidade deum mercado alternativo. Nos anos 90, verificaramsemudancas globais nas industrias da informacao,seguindo-se a liberalizacao das telecomunicacoes(idem). Burke (2002), referindo-se a segunda vagada sociologia do conhecimento, menciona, entrevarios aspectos, que esta difere da primeira por seter verificado uma mudanca da aquisicao e transmissaodo conhecimento para a sua construcao ouproducao e por os detentores do conhecimento naoserem mais uma classe ou elite (apud Peters, 2007).O numero de sites e paginas na Web cresce diariamente.O conhecimento que se vai construindoduplica de 18 em 18 meses, segundo a American Societyof Training and Documentation (ASTD apud

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Siemens, 2005). A enfase deixa de ser no acumularconhecimento mas na capacidade de o seleccionar,transformar e de o reutilizar em novas situacoes.Para facilitar o acesso a informacao similar ou relacionada,Berners-Lee e o World Wide Web Consortium(W3C) publicaram as especificacoes paraa Web semantica, a nova geracao Web, indicandoas suas funcionalidades. O W3C pretende criar ummeio universal para troca de informacao, associandoaos documentos descricoes do seu significado paraserem mais facilmente pesquisados e localizados.The Semantic Web provides a common frameworkthat allows data to be shared and reused across application,enterprise, and community boundaries. Itis a collaborative effort led by W3C with participationfrom a large number of researchers and industrialpartners (W3C, 2007, s.p.).O’ Reilly (2005) propos o conceito de Web 2.0,que consiste na conceptualizacao de uma nova geracaode aplicacoes na Web. A Web e vista como umaplataforma em que tudo esta acessivel. As pessoasdeixam de precisar de ter o software no seu computadorporque ele esta disponivel online, facilitandoa edicao e publicacao imediatas, como a Wikipedia,o wiki, o podcast, o blog. E um novo patamarde interaccao que facilita a colaboracao e a partilhade informacao, como acontece com o hi5, o myspace,para mencionar alguns dos tipos de softwaresocial. Bryant (2006) salienta tambem a utilidadedo “social bookmarking”, como o Del.icio.us, e do“social networking”, como a Elgg, que integra blog,arquivos e a categorizacao por etiquetas (“tags”).Alem disso, a tecnologia RSS (Really SimpleSyndication) permite subscrever uma ligacao a pagina2,recebendo o utilizador uma notificacao decada vez que a pagina e alterada.Devido a facilidade de acesso criada pela rede,uma nova abordagem vem ganhando terreno, a conectividade,que exige aos professores e aos alunosa capacidade de lidarem com o conhecimento narede. Com o conhecimento na Internet, segundoAlbion e Maddux (2007), emergem tres pilares: direitosde autor e plagio, desenvolvimento de capacidadese competencias para colaboracao efectiva e aavaliacao do aluno. Sobre este ultimo ponto, os autoresdefendem que se o conhecimento esta na rede,a avaliacao tambem se deve reflectir na rede.Monereo (2005) tambem reconhece que a Internetse tornou uma extensao cognitiva e um meio desocializacao de grande magnitude, particularmente,para os jovens. O autor identifica quatro competenciassocio-cognitivas que podem e devem serrentabilizadas na Internet: aprender a procurar informacao,

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aprender a comunicar, aprender a colaborare aprender a participar na sociedade.As oportunidades na rede sao inumeras paraprofessores e alunos desenvolverem uma aprendizagemautentica.A diversidade de recursos e grande, implicandotempo de pesquisa e de exploracao. Para todas asdisciplinas ha conteudos, actividades com correccaoautomatica, simulacoes e jogos.O exemplo que se segue mostra como os alunospodem ser envolvidos na aprendizagem e no ensinode conteudos, rentabilizando-se os recursos daWeb, partilhando-se o conhecimento, fomentandosea aquisicao de competencias tecnologicas pelosalunos. O autor reporta que tambem os resultadosobtidos nos testes foram superiores aos obtidosnuma abordagem tradicional.Instead of lecturing, the participant [teacher] dividedstudents into small groups. Each group exploreda different revolution, created a PowerPoint presentationwith pictures from the Internet, and thentaught the class about their topic. Then, each group28 sisifo 3 | ana amelia amorim carvalho | rentabilizar a internet no ensino basico e secundariocreated test questions (…) and the teacher drew fromtheir test questions to create a (…) test for the class totake. Further, all students used Inspiration to createa web of the wars and Timeliner program to make atimeline of the major war events (Zhao, 2007, p. 325).Conec tividade e conec tivismoA conectividade caracteriza o estar do sujeito narede. E uma capacidade imprescindivel na economiado conhecimento. Saber o que conectar, aque conectar, passou a ser uma capacidade basilar,perspectivada por varios autores.Por exemplo, Castells (2004, p. 76) reforca a conectividadeatraves de um epiteto mencionando a“conectividade autodirigida, ou seja, a capacidadede qualquer pessoa para encontrar o seu propriodestino na Rede e, se nao o encontrar, para criar epublicar a sua propria informacao, suscitando assima criacao de uma nova Rede”. Salvat (2003), aoenumerar dez aspectos que caracterizam a geracaodigital em situacoes de ensino-aprendizagem, indicaa conectividade, referindo que oferece oportunidadesvariadas para aceder a informacao e as relacoessociais, concluindo que: “Por este motivo, estanueva generacion tiende a pensar de forma diferentecuando se enfrenta um problema y las formas deacceso, busqueda de informacion y comunicacionse realizan a partir del uso de las TIC” (s.p.).Siemens (2005) reconhece a importancia da conectividade,referindo que “we derive our competence

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from forming connections”. Salienta nao soa importancia de estabelecer conexoes entre fontesde informacao mas tambem criar padroes uteis deinformacao. Conexoes entre ideias e areas disparespodem originar inovacoes.O autor salienta que as teorias de aprendizagem,como behaviorismo, cognitivismo e construtivismo,nao exploram o impacto das tecnologias e dasredes na aprendizagem, propondo uma teoria deaprendizagem para a era digital: o conectivismo.Siemens (2005) menciona que o conectivismo integraos principios das teorias do caos, da rede, dacomplexidade e da auto-organizacao. Considera osseguintes sete principios do conectivismo:- a aprendizagem e o conhecimento baseiam-sena diversidade de opinioes;- a aprendizagem e um processo de conexao denos especializados ou fontes de informacao;- a aprendizagem pode estar em aplicativos naohumanos;- a capacidade para conhecer mais e mais criticado que o que e conhecido;- criar e manter conexoes e necessario para facilitaruma aprendizagem continua;- a capacidade para identificar conexoes entreareas, ideias e conceitos e crucial;- actualizacao e a intencao de todas as actividadesde aprendizagem conectivistas;- a tomada de decisao e em si um processo deaprendizagem: escolher o que aprender e prever asconsequencias da nova informacao no real que vaiser alterado (idem).Considerar o conectivismo uma teoria de aprendizagem,tal como esta caracterizada por Siemens(2005), parece-nos infundado embora reconhecamosa importancia que a conectividade tem na eradigital. A caracterizacao que o autor faz sobre a importanciadas conexoes na aprendizagem esta bemconseguida. Como refere o autor, as conexoes quenos permitem aprender mais sao mais importantesdo que o nosso estado actual de conhecimento.Learning (defined as actionable knowledge) canreside outside of ourselves (within an organizationor a database), is focused on connecting specializedinformation sets, and the connections that enable usto learn more are more important than our currentstate of knowing (Siemens, 2005, s.p.).O conectivismo assenta no facto de que as decisoesa tomar se baseiam em informacoes quetambem estao em constante mudanca. Dai quedistinguir entre informacao importante e muito importanteseja vital. Do mesmo modo, a capacidadede reconhecer quando uma nova informacao vem

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alterar o estado das decisoes tomadas torna-se tambemcritico, particularmente para as organizacoes.O autor salienta que o individuo e as organizacoessao organismos aprendentes (Siemens, 2005).Uma das capacidades a desenvolver nesta eraconsiste em reconhecer a importancia de aprender,devendo o sujeito estar sensivel a mudanca resultantede novas informacoes.sisifo 3 | ana amelia amorim carvalho | rentabilizar a internet no ensino basico e secundario 2930 sisifo 3 | ana amelia amorim carvalho | rentabilizar a internet no ensino basico e secundarioNa senda da pes quisa :seleccionar , ci tar e plagiarHa 30 anos atras, o acesso a informacao era sobretudopossivel nas bibliotecas, onde se encontravamlivros e artigos recentes. Actualmente, tudo, ouquase tudo, esta na Web. Mesmo que determinadotexto nao esteja disponivel, pelo menos tem-se acessoa sua referencia, podendo o utilizador procedera sua encomenda. Nos ultimos anos, a politica deOpen Access tem contrariado o modo de procedertradicional de algumas revistas cientificas, fazendocom que o acesso fique aberto a todos, gratuitamente,mas mantendo os criterios de avaliacao dosartigos por peritos na area.Deste modo se compreende, como referem Albione Maddux (2007), que mais do que o acessoa informacao o desafio esta, agora, sobretudo naseleccao da informacao. Esta ideia e tanto mais importantequanto a publicacao online nao e necessariamentesujeita a qualquer avaliacao previa dasua qualidade, como acontece, normalmente numaeditora. Por outro lado, com a Web 2.0 (O’Reilly,2005) a facilidade de publicacao online veio alargaro espectro de possiveis autores. Assim, saber pesquisare avaliar a qualidade da informacao encontradapassaram a ser dois requisitos complementaresde grande importancia. E necessario orientaros alunos na avaliacao da informacao encontrada,ajudando-os a identificar parametros que os orientemnesse processo (Carvalho, 2006; Carvalho etal., 2005; Pinto, 2006).Fomentar uma pesquisa livre, sem qualquerorientacao, numa aula, com alunos inexperientes,trara mais inconvenientes do que vantagens. Comesse tipo de abordagens ja ha alunos que associama pesquisa na Internet a uma aula para brincadeirana rede; uma oportunidade para fazerem o que lhesapetece. Por esses motivos, para alem do tema geralde pesquisa devem tambem ser solicitados aspectosespecificos, que nao so permitem afunilar a pesquisacomo orientam a seleccao da informacao que os

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alunos tem de fazer.Tem surgido actividades, como a Caca ao Tesouroe a WebQuest, que tiram partido dos recursosexistentes na Web, disponibilizando apontadorespara os sites e orientando os alunos nas etapasa seguir. Tem-se vindo a constatar que os alunosreagem positivamente envolvendo-se nas tarefassolicitadas (Cruz, 2006; Cruz & Carvalho, 2005;Guimaraes, 2005; Martins, 2007).A Caca ao Tesouro apresenta uma introducaotematica, questoes varias sobre a tematica, preferencialmentenum crescendo de dificuldade, apresentandoapontadores para sites e termina com umaquestao aglutinadora de todas as questoes colocadas,designada como a grande questao ou questaofinal (cf. exemplo sobre Albert Einstein3). A Web-Quest e mais complexa e e constituida por cincocomponentes: introducao, tarefa, processo, avaliacaoe conclusao (cf. Carvalho, 2002). O conceitofoi criado em 1995 por Bernie Dodge e Tom March(Dodge, 1995), tendo por objectivo tirar partido dosrecursos existentes online e motivar os professoresa usar a tecnologia. Dodge (2002) considera a tarefa,a componente mais importante da WebQuest, tendoproposto doze tipos de tarefas – a “WebQuestTaskonomy”. Para grande surpresa sua, muitas dasWebQuests que existem nao sao verdadeiras Web-Quests, porque se limitam a solicitar a reproducaoda informacao encontrada nos sites (Dodge, 2006).O processo constitui, em nossa opiniao, uma componenteessencial na orientacao do trabalho dosalunos. Eles recebem em cada etapa informacaosobre o que fazer, a que sites aceder, como apresentardeterminada informacao. Por estes motivos, aWebQuest torna-se auto-suficiente, promovendo aautonomia dos sujeitos na aprendizagem.Um outro aspecto que nao pode ser descuradoprende-se com a referencia aos sites consultados,acautelando-se desse modo os direitos de autor eo plagio. Reutilizar recursos em diferentes contextose uma forma de rentabilizar a informacao disponivel.Sensivel a estes aspectos, muitos sites tema permissao de reutilizacao dos “Creative Commons”4, no entanto, isso nao da o direito a omitir areferencia da origem da informacao.Embora o acesso seja livre, a referencia deveaparecer tao completa quanto possivel, com a indicacaodo autor, do ano, do endereco electronico(URL) e da data de acesso. Ao abordar estes aspectose tambem imprescindivel distinguir entre citare plagiar. Muitos professores constatam plagios frequentesnos trabalhos e muitos deles nao sao pordesonestidade dos alunos, e mesmo por ignorancia.

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Aprender a analisar, a sintetizar e a reaplicar em disisifo3 | ana amelia amorim carvalho | rentabilizar a internet no ensino basico e secundario 31ferentes contextos, torna-se imprescindivel e podeser, simultaneamente, uma forma de combater oplagio.Comunica cao, coopera caoe colabora caoAs competencias socio-cognitivas sao cada vezmais valorizadas e podem ser tambem desenvolvidasatraves da Internet (Monereo, 2005). Cada vezse da mais enfase a colaboracao, a dinamica de grupo,a auto-regulacao e a capacidade de lideranca.O construtivismo social valoriza a negociacao naconstrucao de sentido com os outros (Bonk & Cunningham,1998; Jonassen et al., 1995; von Glasersfels,1996). Vygotsky (1978) tambem perspectivaa aprendizagem como um processo social, desenvolvendoo conceito de zona de desenvolvimentoproximo. Os sujeitos beneficiam da capacidade deum colega ou do apoio do professor que esteja numnivel mais desenvolvido e os possa ajudar a subirmais um degrau no seu desenvolvimento.Actividades como a WebQuest, a Caca ao Tesouro,entre outras, assentam no trabalho emgrupo, implicando a interaccao entre os alunos, anegociacao da aprendizagem em curso, a responsabilizacaopelo trabalho a realizar. Estas actividades,geralmente, pretendem fomentar o trabalhocolaborativo, que implica a interaccao constanteentre os sujeitos durante a realizacao das tarefas.No entanto, muitas vezes, verifica-se que o trabalhopassa a ser cooperativo. Embora haja diferentesdefinicoes (Dillenbourg, 1999; Gokhale, 1995; Johnson& Johnson, 2000) e, mesmo, quem nao distingacolaborativo de cooperativo, consideramosque os termos nos reportam a situacoes diferenciadas,tendo o termo cooperativo antecedido o termocolaborativo. Os dois termos partilham a ideia de“trabalhar com”, mas a diferenca reside no modocomo o processo se desenrola.Como mencionam Henri e Rigault (1996), numaabordagem cooperativa as tarefas sao divididas pelosmembros do grupo e sao realizadas individualmente,numa abordagem colaborativa as tarefas saorealizadas por todos num continuo de partilha, dialogoe negociacao. Muitas vezes verifica-se que osalunos rapidamente optam por realizar o trabalhode forma cooperativa, dividindo as tarefas e responsabilizando-se cada um por uma. Por esse motivo,cabe aos professores alertarem os alunos sobre omodo como devem trabalhar, proporcionando-lhesorientacoes (Hathorn & Ingram, 2002; Johnson &

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Johnson, 2000; March, 2003; Paulus, 2005).Os espacos online sincronos facilitam o dialogoe a negociacao, como as salas de conversacao (MSN)e as ligacoes telefonicas online ou videoconferencia(Skype), por exemplo. Ferramentas de escrita partilhada,como o Wiki, facilitam a publicacao onlinee a construcao de conhecimento.Publicar e par til har onlineQuando os alunos sabem que vao disponibilizar osseus trabalhos na rede, fazem-no, por vezes, commaior satisfacao e empenho, porque outros cibernautaspodem ver o que eles realizaram. Esse aspectoe particularmente sentido quando recebemum comentario ao trabalho realizado, por exemplo,atraves de um blog (Cruz & Carvalho, 2006). Destemodo, passam a produtores na Web (Eca, 1998),contribuindo para a massa oceanica que refereLevy (2001).Com as ferramentas da Web 2.0, a facilidade depublicacao e uma realidade. O professor, os colegase os proprios encarregados de educacao podemacompanhar os trabalhos realizados. Os alunos podemusar as salas de informatica da escola ou a bibliotecapara realizarem as suas publicacoes online.Os mais afortunados, podem trabalhar em casa. Algunsja tem substituido o caderno diario pelo wikiou pelo blog (Carvalho et al., 2006).Ao levar os alunos a utilizarem as ferramentasgratuitas e de facil publicacao existentes na Webesta-se a contribuir para o desenvolvimento e preparacaode cidadaos aptos para a sociedade da informacaoe do conhecimento. E, deste modo, estamosa proporcionar condicoes para que os alunosaprendam com a tecnologia, apoiando-os na “construcaode significados” (Jonassen, 2007, p. 21).O que se tem verificado em estudos realizadosneste ambito, e que os alunos aprendem os conteudos,aprendem a pesquisar, a avaliar a informacaoencontrada, a sintetizar, a apresentar e a disponibilizaronline (Cruz et al., 2007; Moura & Carvalho,2006). Eles sentem orgulho dos seus trabalhos.Os professores que criam os seus sites de apoioas disciplinas que leccionam, nao so apresentam aplanificacao das suas aulas, como as actividades adesenvolver com apontadores para os sites a consultar,bem como a integracao de ferramentas quepodem ser usadas como colaborativas, como oblog, podcast e o wiki, e ferramentas de comunicacaocomo o forum e chat (cf. Cruz, 2006; Moura,2005). As actividades podem ser WebQuest, Cacaao Tesouro, outras actividades de pesquisa orientada,exercicios no HotPotatoes, informacoes audiono podcast, videos no YouTube, entre outros.

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Perante os trabalhos disponibilizados pelos alunos,por exemplo, no Blogger, no Goowy, no Podomatic,o professor disponibiliza um comentarioa cada um. Os debates tambem ocorrem de formaassincrona no forum. Por vezes, os alunos solicitamapoio online, fora do tempo escolar, no chat.Os encarregados de educacao, como tambemveem as tarefas a realizar e os produtos feitos pelosseus educandos, bem como os comentarios da professoraa cada trabalho disponibilizado, deixam deficar apreensivos e de encararem a Internet comoum momento de lazer nas aulas.Neste momento existe uma variedade ampla deferramentas5 que os professores e os alunos podemusar e que tem a vantagem de serem gratuitas e defacil publicacao online. A titulo de exemplo, indicamos:Blogger, WordPress (blog); Pbwiki, Wikispaces(wiki), Podomatic (podcast: audio e video),Google Docs & Spreadsheets (processador de textoe folha de calculo), Goowy (portal pessoal), Bubbl,Glinkr (mapa de conceitos); Timeliner, Dandelife(barra cronologica), Slideshare (partilha de apresentacoes),Flickr (partilha de fotos), Bubbleshare,Slidestory (partilha de fotos e de audio); Voki(apresentacoes em 3D); Jumpcut (criacao de videoa partir de imagens); Modulus (video), Google Video,DailyMotion e YouTube (partilha de videos),Google Agenda (calendario), Google Page Creator(paginas Web), SurveyMonkey (questionarios online).Ainda ha muitos (alunos, professores e pessoasem geral) que so querem ver o que os outros fazem.Esses ainda estao numa fase de “voyeur”, tem quecrescer e atingir a maturidade, passando a contribuirpara a Web.Usar um LMS (Learning Managemen tSys tems ): van tagens e limi tacoesOs LMS (Learning Management Systems) – plataformasde apoio a aprendizagem - surgiram para darapoio a formacao a distancia online. As plataformasfacilitam a disponibilizacao de recursos em diferentesformatos como texto, video e audio, apontadorespara sites, avisos aos alunos, interaccao professor-alunos atraves de ferramentas de comunicacao,ferramentas de apoio a aprendizagem colaborativae registo das actividades realizadas pelos alunos. Oaluno, atraves de um LMS, tem uma posicao favoravelface a aprendizagem porque, como refere Mason(2006), “the learner now decides when and whereto log on, how to work through the course materials,what resources to draw on, whom to workwith collaboratively, when to contribute to discussions,and so on” (p. 65).Os LMS passaram a ser utilizados em regime

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blended-learning, no apoio as sessoes nao presenciais,e tambem no apoio ao regime presencial noensino superior e mais recentemente nos diferentesniveis de ensino.O Ministerio da Educacao atraves da Equipade Missao CRIE proporcionou formacao a muitosprofessores das escolas portuguesas atraves e sobrea plataforma open source Moodle, de acordo como Quadro de Referencia da Formacao Continuade Professores na Area das TIC. Estas iniciativasajudam a sensibilizar os professores para o uso dastecnologias, neste caso da plataforma. No entanto,a formacao so podera ser proficua se for ajustadaao estado de conhecimentos previos dos formandose das suas praticas lectivas. Algumas questoes inquietam-nos como: um professor que nao usa nassuas praticas o blog, o wiki, o chat, por exemplo,vai conseguir passar a usar essas ferramentas naplataforma adoptada? Isto e, vai conseguir mudarrapidamente as suas praticas? Vai conseguir interiorizaras vantagens e as limitacoes de cada uma?No que concerne a formacao, Duarte et al. (2007)e Valente e Moreira (2007) mostram-se criticos epreocupados. Alguns formadores tambem temdesabafado que embora tentem abordar aspectospedagogicos relacionados com o uso da plataformaveem-se questionados sobre as funcionalidades tecnicasda mesma. Por outro lado, Duarte et al. (2007)32 sisifo 3 | ana amelia amorim carvalho | rentabilizar a internet no ensino basico e secundarioreferem que “as questoes relacionadas com a administracaode uma disciplina moodle, constituiram ocentro das preocupacoes dos formadores, em detrimentodas questoes relacionadas com o trabalhode projecto e com a integracao contextualizada dasTIC no quotidiano da escola e da sala de aula, coma natureza dos materiais de apoio disponibilizadose dos produtos esperados da formacao” (p. 614). Osautores alertam para o facto de que: “embora hajavantagens numa certa uniformizacao no softwareutilizado [Moodle] parece-nos que tambem haalgum perigo em que se confunda o produto, pormuito bom que seja, com a classe de software a quepertence” (Duarte et al., 2007, p. 616). Valente eMoreira (2007) retomam, de certa forma, esta preocupacao,mencionando terem “tambem algumasreservas sobre a eficacia da moda em que se tornouter uma instancia Moodle na retaguarda de tudo oque se chame formacao” (p. 798).Com base nas interaccoes registadas no CCUM(Centro de Competencia da Universidade do Minho),Valente e Moreira (2007) concluem que a utilizacaoda “plataforma e mais a de repositorio de

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informacao do que de local de construcao de conhecimentoatendendo a diferenca abismal entrevisualizacoes e edicoes” (p. 789). Tendo presenteque houve o cuidado da formacao de professoresem TIC, realizada em 2006, ter sido comum a nivelnacional, seguindo um mesmo modelo de formacao,com os mesmos materiais de suporte e tendoo Moodle como plataforma de trabalho, Valente eMoreira (2007, p. 789) questionam-se sobre se “aplataforma estara a tornar-se mais uma moda doque um factor de inovacao inequivoco”, referindoa necessidade de analisar os relatorios de avaliacaoda formacao. A que acrescentamos que e preciso iras escolas para avaliar o impacto da formacao.Resultante dessa formacao, comecam a surgirrelatos de utilizacao da plataforma Moodle, comoos de Lacerda (2007), Lopes e Gomes (2007) e Florese Flores (2007), professores experientes no usodas TIC. Lacerda (2007) refere que “esta plataformapermite ao professor definir uma metodologiade ensino e aprendizagem, organizando o espacode interaccao de acordo com uma dada intencionalidade,promovendo a auto-aprendizagem comrecurso a uma rede de colaboracao” (p. 316), tendocolocado ficheiros para consulta ou para descarregar,indicado sites, testes de escolha multipla realizadosno Hot Potatoes, chat, portefolios e forunsque foram usados por alunos (N=42) de duas turmasde 10o ano de Biologia e Geologia.Lopes e Gomes (2007) descrevem uma experienciarealizada de Abril a Junho de 2006 com umaturma de 15 alunos de Biologia e Geologia de 11oano, que pretendeu envolver os alunos em actividadesde pesquisa, partilha e interaccao. As actividadespropostas nos espacos da disciplina foram“a realizacao de diarios de bordo para registo deaprendizagens, a participacao em foruns de discussaoe a organizacao de pequenos portefolios deaprendizagem” (p. 820).Flores e Flores (2007) descrevem a utilizacaoda Moodle no 1o ano do 1o Ciclo do Ensino Basico,tendo criado um espaco para alunos, para professorese outro para os encarregados de educacao.Para os alunos foi disponibilizado “um repositoriotransdisciplinar: Jogos On-line, Lingua Portuguesa,Estudo do Meio, Matematica, Ingles e ExpressaoPlastica” (p. 496), que os pais podiam explorarcom os filhos em casa. Dos 22 alunos da turma, “10tinham computador e destes apenas 5 tinham Internet.No entanto, o entusiasmo levou a que algunspais adquirissem computador e aderissem a Internet“(Flores & Flores, 2007, p. 498). Tambem noestudo realizado por Cruz (2004) os pais reconheceram

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a pertinencia de aceder a Internet e compraramcomputador e o acesso a rede.Facilidade em usarSe muitas das ferramentas que as plataformas disponibilizam(blog, wiki, chat, forum, testes de correccaoautomatica, portefolios, etc.) se encontramgratuitamente na Web, a questao que se coloca e,entao, a seguinte: porque usar uma plataformaquando posso agregar num site apontadores paradiferentes ferramentas, que eu, enquanto docenteposso escolher?Note-se que este problema de sentir a necessidadede determinada ferramenta e colocado aos formadores,como reportam Valente e Moreira (2007),“a diversidade de acessorios que a plataforma traztem-se mostrado insuficiente para satisfazer a ansiade inovacao ou de novidade que muitos dos utilizadoresmanifestam, levando a procura de novasfuncionalidades” (p. 786).sisifo 3 | ana amelia amorim carvalho | rentabilizar a internet no ensino basico e secundario 33A resposta prende-se com o facto de que e maisfacil usar uma plataforma, na qual ja existem variasferramentas, do que criar um site e disponibilizaros apontadores para as diferentes ferramentas. Noentanto, ha duas grandes limitacoes na utilizacaode uma plataforma: por um lado, as funcionalidadesespecificas de cada plataforma, por outro lado,as funcionalidades que o administrador do sistemadefiniu como pertinentes e que podem ser limitativaspara o professor. Numa plataforma, o administradordefine as funcionalidades que disponibilizae se nao tiver sensibilidade para abordagens colaborativas,por exemplo, podera nao colocar acessiveisas ferramentas necessarias. Ou entao, consideraque determinada ferramenta nao tem interessepara as suas aulas, esquecendo-se de que pode serpertinente para outros professores. Esse e um dosmotivos por que se podem encontrar plataformasMoodle com diferentes funcionalidades.A facilidade em usar e reconhecida pelos utilizadoresdepois de uma introducao a plataforma,como tambem reportam Cowan (2006), Carvalho(2007), Lacerda (2007), entre outros.Privacidade e seguranca na InternetAceder a uma plataforma, normalmente, implicater uma palavra passe. Por esse motivo, a informacaofica privada ao professor e aos seus alunos, podendoestes constituir uma pequena comunidadede aprendizagem. Em privado, partilham as duvidas,as descobertas, as reflexoes. Professor e alunosficam protegidos da curiosidade alheia. Na plataformaesta salvaguardada a falta de seguranca da

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Internet. Privacidade e seguranca ficam garantidascom a plataforma.No entanto, como se esta num espaco protegido,o da plataforma, tambem se perde o contacto comoutros interlocutores quer sejam colegas da mesmaescola ou de outras escolas e que ate gostariam dedeixar um “post” no blog. Tudo sao opcoes com assuas vantagens e as suas limitacoes.O apoio a dar aos alunos online de forma sincronaou assincrona, sob a forma de comentarios afazer aos trabalhos ou as mensagens colocadas noforum, de esclarecimentos de duvidas, muitas vezestirando partido dos “emoticons”, ajuda a criar umespirito de partilha e de companheirismo na aprendizagem.Mesmo em caso de doenca, do professor ou deum aluno, o acompanhamento pode ser dado atravesda plataforma, desde que haja um computadorcom ligacao a Internet em casa.E o futuro?O futuro esta em aberto. Tudo depende das opcoes feitas ou a fazer, da necessidade sentida por cada um de alterar as praticas.Nao nos agrada a ideia da plataforma também aparecer com a funcao de site da escola, como acontece em alguns casos. Se pode parecer uma forma de familiarizar professores e alunos com o ambiente da plataforma, com a sua interface, pode também ter o reverso da medalha. Pode induzir em erro alguns docentes, motivando-os a usa-la como repositório de conteudos. Ora se se designa de plataforma de apoio a aprendizagem, ou como se tem vulgarizado, plataforma de aprendizagem, por que ha-de funcionar como portal da escola? Porque desvirtuar as suas funcionalidades?Nao seria mais vantajoso ter o site da escola com informacao util e pertinente para os encarregados de educacao, professores e alunos, como localizacao, contactos, conselho executivo, horarios, calendário escolar, horario de atendimento dos directores de turma, entre outros. Nesse site deve haver um apontador para a plataforma adoptada. Deste modo, distingue-se a informacao da escola disponível para os agentes educativos e a comunidade em geral, da plataforma de apoio a aprendizagem. Este ambiente de apoio a aprendizagem deve ser preservado para orientar, para questionar, para reflectir, para aprender colaborativamente.Nao nos parece surpreendente que numa primeira abordagem a plataforma possa ser usada como repositorio. E preciso um periodo de adaptacao, ate porque e mais simples disponibilizar conteúdos do que utilizar as outras ferramentas. Alem disso, e bastante util para o professor e os alunos disponibilizarem os recursos a consultar e a analisar. Valente e Moreira (2007) tambem referem que a plataforma esta a ser mais usada como repositorio, como ja mencionamos. Lopes e Gomes (2007, p. 819) relatam que das 17 disciplinas na plataforma da escola, 6 “disciplinas disponibilizaram materiais educativos, mas sem qualquer actividade de interaccao”, 6 “com mate- 34 sisifo 3 | ana amelia amorim carvalho | rentabilizar a internet no ensino basico e secundario riais educativos e um forum para apoio e orientacao dos alunos, mas sem actividades explicitas de interaccao” e so 5 “com dinamizacao de diversas actividades de interaccao e colaboracao entre alunos e entre estes e o professor na plataforma”, neste caso “foram utilizadas varias estrategias e actividades de interaccao, desde a participacao e colaboracao em foruns

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tematicos, a realizacao de portefolios digitais de aprendizagem e, nalguns casos, a realizacao de diarios da aula e actividades de auto-avaliacao online” (ibidem). Os proprios alunos valorizaram os recursos na plataforma quando inquiridos, sendo esses dados confirmados pelos acessos, como referem os docentes: “do total de entradas no espaço virtual, cerca de 80% foi para aceder a recursos e apenas cerca de 15% para participar em alguma actividade de interaccao” (Lopes & Gomes, 2007, p. 821).

Os alunos tambem demoram a adaptar-se a novas metodologias. Em outros estudos tem-se verificado a necessidade dos alunos confirmarem com o professor a tarefa a executar por mais que ela esteja explicitada no site (Barros, 2006; Cruz, 2006; Guimaraes, 2005; Oliveira, 2002). Assumirem-se como condutores da sua aprendizagem, libertando-se da subserviencia do professor demora tempo. Do mesmo modo, adaptarem-se a novas abordagens e reconhecer a sua importancia na aprendizagem também necessita de tempo, de reconhecimento de uma forma diferente de aprender. Nao podemos descurar que os alunos estao habituados a que a sua avaliacao seja centrada nos conteudos, por isso, reconhecer aimportancia dos conteudos na plataforma e coerente com uma pratica que lhes e comum.No site oficial do Moodle6, o nosso pais esta muito bem representado com 1023 sites portugueses registados num total de 26846 provenientes de 184 paises, a que nao deve ser alheio o projecto “moodle.edu.pt”7. Precisamos, agora, de estudos que nos permitam avaliar o que esta a ser feito com a plataforma. Dos professores que receberam formacao, quantos estao a usar a plataforma nas suas disciplinas? Que funcionalidades usam? Como rentabilizam a plataforma nas aulas e fora delas?Dao apoio aos alunos online? A plataforma esta a ser usada como repositorio de recursos e/ou como espaco de partilha de aprendizagem? Que impacto tem na aprendizagem? Que opiniao tem os professores e os alunos sobre a utilizacao da plataforma?Que papel tem o Conselho Executivo na dinamizacao da plataforma na escola?Estas sao algumas das questoes a que urge responder para se compreender como esta a ser utilizada a plataforma, que ja se pode designar de fenomen Moodle.

Conclusao

Ao longo deste artigo defendemos a utilizacao dos recursos que existem na Web e salientamos a necessidade de saber pesquisar, saber avaliar a informacao encontrada e saber referir as fontes correctamente.E importante que os alunos saibam distinguir citar de plagiar.Existe uma serie de ferramentas gratuitas e disponíveis na Web que permitem a construcao de blogs, wikis, podcasts, mapas de conceitos, etc., que despertam o interesse dos alunos e que os motivam para aprender porque tambem vao publicar online e vao receber os comentarios dos colegas, do professor e, possivelmente, de outros cibernautas.Aprendem a criticar os trabalhos uns dos outros e a desenvolverem trabalhos colaborativos, apropriando- se da facilidade de publicar e de interagir na Web atraves das ferramentas disponibilizadas na Web 2.0.

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Professores ha que, sensiveis a importancia destas ferramentas, desenvolveram sites com recursos, com actividades, com ferramentas colaborativas e de comunicacao, criando uma dinamica interactivacom os seus alunos, onde se partilham trabalhos, duvidas e reflexoes e onde se fomenta a aprendizagem colaborativa atraves de tarefas desafiantes.Todas essas funcionalidades podem ser implementadas numa plataforma de apoio a aprendizagem, com a vantagem de professor e alunos terem a privacidade e poderem sentir-se seguros por nao estarem expostos a outros cibernautas.A plataforma exige do professor conhecimento da tecnologia, criatividade e muita dedicacao para conceber e dinamizar actividades. Outras plataformas ha, como a “Escola Virtual”, que disponibilizam os conteudos programaticos de cada disciplina com actividades interactivas e orientadoras da aprendizagem dos alunos. No estudo realizado por sisifo 3 | ana amelia amorim carvalho | rentabilizar a internet no ensino basico e secundario 35 Santos (2006), alunos e professores de Matematica do 12o Ano consideraram a integracao da Escola Virtual nas aulas muito proficua.Cremos que nesta altura compete ao Ministerio da Educacao assumir responsabilidade pela disponibilizacao de conteudos interactivos e com qualidade para os diferentes niveis de ensino, como a ontece no Brasil no site RIVED (Rede Interactiva Virtual de Educacao), onde ha muitos objectos de aprendizagem prontos a serem reutilizados, que pretendem estimular o raciocinio e o pensamento critico. Assim, o professor pode descarregar os conteúdos e inseri-los na plataforma, na sua disciplina.Ambientes em 3D tem vindo a ganhar popularidade como Active Worlds, There, Red Light Center, destacando-se o Second Life (SL). O mundo virtual em 3D e construido pelos residentes, criando cada um a sua personagem. Aberto ao publico em 2003, contem actualmente 7 256 167 pessoas, segundo informacao no site SL8. Tem sido usado sobretudo no ensino superior, mas desde 2005, foi criado um espaco para adolescentes, o Teen SecondLife. A Open University, no Reino Unido, tem em curso o projecto “Schome Park”, desenvolvido no Teen Second Life. Os resultados favoraveis obtidos no estudo piloto, fazem encarar o ambiente como promissor de aprendizagem em ambientes 3D. O proprio nome do projecto Schome (not school, not home) sugere um espaco hibrido. No site (Twining, 2007) do projecto advoga-se que e uma nova forma de educar, que apoiara a aprendizagem das pessoas ao longo da vida. Integrara espacos fisicos e virtuais e tem como foco o processo.Como as tecnologias moveis, como Tablet PCs, PDAs e telemoveis, estao a ficar menos dispendiosas, o acesso em qualquer lugar e a qualquer hora a informacao desejada online comeca a ficar facilitado.Alem disso, a partir de Setembro de 2007 inicia-se o programa e-Iniciativas, no ambito do projecto Novas Oportunidades, para professores e alunos do ensino basico e secundario, entre outros, poderem adquirir computador portatil e acesso a banda larga a precos reduzidos.Acima de tudo, gostariamos de concluir alertandopara a necessidade de se ter um espirito aberto e adaptavel a novas ferramentas que podem ser rentabilizadasno processo de ensino-aprendizagem. O que hoje parece fascinante em breve pertencera ao passado. Com a vinda do novo browser Seadragon vamos alterar o modo como usamos os ecras e navegamos na informacao. Com o Surface da Microsoft vamos alterar o modo como interagimos com oconteudo digital: sem rato nem teclado, o ecra esta integrado numa mesa e com as maos interage-se no

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conteudo, permitindo tambem que varias pessoas trabalhem simultaneamente.Face a estas inovacoes muito se vai alterar na forma como interagimos com o conteudo e como comunicamos, mas o importante e criar situacoes que envolvam os alunos na aprendizagem, que os ajudem a desenvolver o pensamento critico e que os preparem para a tomada de decisao, numa sociedade globalizada e concorrencial. 36 sisifo 3 | ana amelia amorim carvalho | rentabilizar a internet no ensino basico e secundario

Notas1. Equivale a expressao “higher-order thinking”.2. Os sites tem que ter “feeds” (fontes) RSS.3. “Albert Einstein: Caca ao Tesouro” em http://www.iep.uminho.pt/aac/diversos/CT/einstein/(consultado em Junho de 2007).4. “Atraves das Licencas Creative Commons, oautor de uma obra define as condicoes sob as quaisessa obra e partilhada, de forma proactiva e construtiva,com terceiros, sendo que todas as licencasrequerem que seja dado credito ao autor da obra, daforma por ele especificada.” Em http://www.creativecommons.pt/ (consultado em Junho de 2007).5. Ferramentas Web –Web 2.0 –List of Web 2.0application links. Em http://www.web20searchengine.com/web20/web-2.0-list.htm (consultado emJunho de 2007).6. http://moodle.org/sites/ (consultado em 11 deJunho de 2007).7. Projecto de disseminacao da plataforma Moodlepor todo o ensino basico e secundario. Emhttp://moodle.crie.min-edu.pt/mod/resource/view.php?id=10074 (consultado em Junho de 2007).8. http://secondlife.com/ (consultado em 20 deJunho de 2007).Referencias bibliograficasAlbion, P & Maddux, C. (2007). Networked Knowledge:Challenges for Teacher Education. Journalof Technology and Teacher Education, 15, 3,pp. 303-310.Barros, A. C. (2006). Utilização dos Princípios da WebQuestna Leitura Extensiva em Língua Estrangeira:um estudo no 8º ano do Ensino Básico. Mestradoem Educacao, na area de especializacao de TecnologiaEducativa. Braga: Universidade de Minho.Berners-Lee, T.; Cailliau, R.; Luotonen, A.;Nielsen, H. & Secret, A. (1994). The World-Wide Web. Communications of the ACM, 37, 8,pp. 76-82.Bonk, C. J. & Cunningham, D. (1998). Searching forlearner-centered, constructivist, and socio-culturalcomponents of collaborative educationallearning tools. In C. J. Bonk & K. S. King (eds.),Electronic collaborators: Learner-centered technologiesfor literacy, apprenticeship, and discourse.

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