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Na Sérvia, as Mulheres de Negro (WIB, na sigla inglesa) organizaram dois debates no Teatro Dah, em Belgrado, sobre activismo, construção da paz e teatro. Entre os participantes estiveram os membros da rede nacional das Mulheres de Negro, mulheres da Bósnia Herzegovina e artistas de teatro nacionais e interna- cionais. A WIB exibiu um documentário sobre a violência sofrida por mul- heres em situações de conflito armado. Foi cir- culada ainda uma declaração sobre a necessidade de desmili- tarização da sociedade sérvia. Pontos altos da Semana de Acção Global Contra a Violência Armada Êxitos do Comitê Preparatório para o Tratado sobre o Comércio de Armas, de Julho Sobreviventes de Violência Armada presentes no Encontro de Especialistas Governamentais Formação de Mulheres no Mali Notícias das Filipinas e da Colômbia 16 Dias de Activismo contra a Violência de Género Semana de Acção Global Contra a Violência Armada As Mulheres da IANSA estiveram particularmente activas nesta edição da Semana de Acção Global Contra a Violência Armada, que decorreu entre os dias 13 e 19 de Junho. Vários eventos foram organizados em todo o mundo, contando com níveis impressionantes de participação, impacto e cobertura mediática, o que revela a diversidade e força deste movimento global. As organizações Mulheres pela Paz e Democracia no Nepal (WPD-Nepal), RUWON Nepal e Raksha Nepal organizaram uma discussão interactiva em Kathmandu com mulheres líderes sobre o impacto das armas de pequeno porte nas vidas de mulheres e meninas. Entre os e as participantes estavam 33 mulheres de difer- entes partidos políticos, organizações da sociedade civil e órgãos da comunicação social. Os e as partici- pantes fizeram intervenções sobre a importância do Tratado sobre o Comércio de Armas e sobre a pre- venção e redução da violência doméstica armada. O Fundo Humanitário Cultural Sukhumi , na Geórgia, distribuiu panfletos e posters com consel- hos em vários centros de apoio a mulheres nas cidades de Kutaisi, Tskhaltubo, Khoni, Poti e Khurcha. Organizou ainda seis encontros com mais de 100 par- ticipantes, onde se partilharam experiências sobre os horrores da guerra. A conferência de imprensa final contou com a participação de 15 representantes de media nacionais e regionais, tendo sido transmitida pelos canais de tele- visão locais "Rioni" e "Mega TV" e pelo canal nacional Georgia Channel 1, bem como pelas estações de rádio "Imedi", "Tavisupleba", e "Dzveli kalaki. No Burundi, a organização Dagropass recolheu teste- munhos junto de sobreviventes de violência armada. Uma das mulheres sobreviventes afir- mou “Apelo ao governo do Burundi que garanta o controlo rigoroso das armas de fogo no país, bem como a segurança das suas populações, pois uma vez que fomos afectados directamente pela violência armada não podemos correr dos perigos que prevalecem no país.” A organização Mulheres Jornalistas para a Justiça no Congo (FMJC) divulgou um comu- nicado de imprensa sobre as actividades pro- gramadas para a Semana de Acção Global, que foi publicado em três jornais nacionais. As actividades tiveram lugar em quarto províncias da República Democrática do Congo e con- taram com o apoio das Nações Unidas. International Action Network on Small Arms (IANSA), Development House, 56-64 Leonard Street, London, EC2A 4LT, UK T: +44 20 7065 0876 F: +44 20 7065 0871 E: [email protected] W: www.iansa-women.org Boletim Nº 24, Maio de 2011 Rede de Mulheres da IANSA Mulheres em Acção: Prevenindo a Violência Armada

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Na Sérvia, as Mulheresde Negro (WIB, na siglainglesa) organizaramdois debates no TeatroDah, em Belgrado, sobreactivismo, construção dapaz e teatro. Entre osparticipantes estiveramos membros da redenacional das Mulheresde Negro, mulheres daBósnia Herzegovina eartistas de teatronacionais e interna-cionais. A WIB exibiu umdocumentário sobre aviolência sofrida por mul-heres em situações deconflito armado. Foi cir-culada ainda umadeclaração sobre anecessidade de desmili-tarização da sociedadesérvia.

Pontos altos da Semana de Acção Global Contraa Violência Armada Êxitos do Comitê Preparatório para o Tratadosobre o Comércio de Armas, de Julho Sobreviventes de ViolênciaArmada presentes no Encontro de Especialistas GovernamentaisFormação de Mulheres no Mali Notícias das Filipinas e daColômbia 16 Dias de Activismo contra a Violência de Género

Semana de Acção Global Contra a Violência ArmadaAs Mulheres da IANSA estiveram particularmente activas nesta edição da Semana de Acção GlobalContra a Violência Armada, que decorreu entre os dias 13 e 19 de Junho. Vários eventos foramorganizados em todo o mundo, contando com níveis impressionantes de participação, impacto ecobertura mediática, o que revela a diversidade e força deste movimento global.

As organizações Mulheres pela Paz e Democracia noNepal (WPD-Nepal), RUWON Nepal e Raksha Nepalorganizaram uma discussão interactiva em Kathmanducom mulheres líderes sobre o impacto das armas depequeno porte nas vidas de mulheres e meninas. Entreos e as participantes estavam 33 mulheres de difer-entes partidos políticos, organizações da sociedadecivil e órgãos da comunicação social. Os e as partici-pantes fizeram intervenções sobre a importância doTratado sobre o Comércio de Armas e sobre a pre-venção e redução da violência doméstica armada.

O Fundo Humanitário CulturalSukhumi, na Geórgia, distribuiupanfletos e posters com consel-hos em vários centros de apoio amulheres nas cidades de Kutaisi,Tskhaltubo, Khoni, Poti eKhurcha. Organizou ainda seisencontros com mais de 100 par-ticipantes, onde se partilharamexperiências sobre os horrores daguerra. A conferência de imprensafinal contou com a participação de15 representantes de medianacionais e regionais, tendo sidotransmitida pelos canais de tele-visão locais "Rioni" e "Mega TV" epelo canal nacional GeorgiaChannel 1, bem como pelasestações de rádio "Imedi","Tavisupleba", e "Dzveli kalaki.

No Burundi, a organizaçãoD a g r o p a s s recolheu teste-munhos junto de sobreviventesde violência armada. Uma dasmulheres sobreviventes afir-mou “Apelo ao governo doBurundi que garanta o controlorigoroso das armas de fogo nopaís, bem como a segurançadas suas populações, poisuma vez que fomos afectadosdirectamente pela violênciaarmada não podemos correrdos perigos que prevalecemno país.”

A organização Mulheres Jornalistas para aJustiça no Congo (FMJC) divulgou um comu-nicado de imprensa sobre as actividades pro-gramadas para a Semana de Acção Global, quefoi publicado em três jornais nacionais. A sactividades tiveram lugar em quarto provínciasda República Democrática do Congo e con-taram com o apoio das Nações Unidas.

International Action Network on Small Arms (IANSA), Development House, 56-64 Leonard Street, London, EC2A 4LT, UKT: +44 20 7065 0876 F: +44 20 7065 0871 E: [email protected] W: www.iansa-women.org

Boletín No. 25, Julio 2011 Red de Mujeres de IANSA

ISSN 1994-2206 (Impreso) ISSN 1994-2214 (En línea)

Mujeres Trabajando: Previniendo la violencia armada

Boletim Nº 24, Maio de 2011 Rede de Mulheres da IANSA

Mulheres em Acção: Prevenindo a Violência Armada

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Mulheres em Acção: Prevenindo aViolência Armada, boletim trimestral daRede de Mulheres da IANSA, disponívelem inglês, francês, espanhol e por-tuguês. Compilado por Rebecca Gerome

International Action Network on Small Arms (IANSA), Development House, 56-64 Leonard Street, London, EC2A 4LT, UKT: +44 20 7065 0876 F: +44 20 7065 0871 E: [email protected] W: www.iansa-women.org2

Bulletin No. 25, juillet 2011 Réseau des Femmes d’IANSABoletín No. 25, Julio 2011 Red de Mujeres de IANSABoletim Nº 24, Maio de 2011 Rede de Mulheres da IANSA

No dia 15 de Junho, a Câmara de LosAngeles aprovou uma resolução recon-hecendo a Semana de Acção GlobalContra a Violência Armada e nomean-do o dia 18 de Junho como o Dia dePrevenção da Violência Armada nacidade. A Câmara distinguiu ainda aorganização Women Against GunViolence (WAGV) pelo seu trabalhoem prol da redução da violência arma-da. Para celebrar estas iniciativas, aWAGV promoveu uma vigília no dia 18de Junho.

O Conselho Libanês para Resistir àViolência contra as Mulheres(LECORVAW) organizou uma mesaredonda sobre “O impacto de armasde fogo na vida de mulheres e meni-nas em situações de violênciadoméstica” em Tripoli, no norte doLíbano. Entre os participantesestiveram advogados, professoresuniversitários, médicos forenses eactivistas. Foi a primeira discussãodo género no Líbano, onde as armasde fogo são um tema bastante politi-zado e sensível, e a primeira vezque as armas de fogo foram abor-dadas enquanto instrumentos deameaça em situações de violênciadoméstica. A organização Lawyersfrom WILpower (uma rede de mul-heres advogadas) falou sobre anecessidade de impedir pessoascom registo criminal ou historial deviolência de acederem a armas defogo, enquanto que Bilal Sablouh,um médico forense, partilhou a suaexperiência sobre os efeitos físicos epsicológicos das armas de fogo e daviolência armada na vida das mul-heres.

Em Amman, na Jordânia, o Centro de Estudos dasMulheres da Universidade da Jordânia organizou umsimpósio sobre o impacto das armas de fogo na esferafamiliar. Lubna Dawany, advogada e activista pelos direitosdas mulheres, uma juíza, e Mervat, uma sobrevivente deviolência doméstica armada fizeram apresentações orais.A perna de Mervat foi amputada depois de o seu tio a atin-gir com o tiro. A violência deu-se na sequência do divórciode Mervat face ao seu marido violento. Vários participantesemocionaram-se com o testemunho de Mervat, enquantoque o juiz expressou a sua frustração com as falhas do sis-tema judicial em julgar o crime, prometendo seguir o casoe fazer todos os esforços para que os e as perpetradoresde violência doméstica sejam julgados.

Semana de Acção Global Contra a Violência Armada

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Bulletin No. 25, juillet 2011 Réseau des Femmes d’IANSABoletín No. 25, Julio 2011 Red de Mujeres de IANSABoletim Nº 24, Maio de 2011 Rede de Mulheres da IANSA

A Rede de Mulheres Sobreviventes Manipuri ea Fundação Indiana de Controlo de Armas orga-nizaram conjuntamente um evento em Imphal,Manipur, na lado indiano da fronteira entre a Índiae Burma. Mais de 100 mulheres sobreviventes deviolência armada estiveram presentes e adop-taram unanimemente a Declaração de Imphal queapela aos governos indianos e outros que apoiemo processo do Tratado sobre o Comércio de Armase atribuam destaque à questão da assistência àsvítimas no Tratado.

No Sudão, a organização Upper Handorganizou um workshop comunitáriopara sensibilizar a população sobre osefeitos nefastos da violência armada eviolência doméstica, em especial no quediz respeito à saúde mental das vítimas.Foi também discutida a necessidade deuma abordagem inter-religiosa paraencontrar soluções para a redução daviolência armada nas comunidades.

A Organização para o Empoderamento de Mulheres organizouum protesto em Islamabad, Paquistão.

Semana de Acção Global Contra a Violência Armada

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Omaior feito da semana foi ainclusão de uma referência àviolência de género no

preâmbulo do novo draft doEmbaixador Moritan, Presidente doComité Preparatório, no dia 14 deJulho de 2011, o que revela que oapoio, a paciência, a confiança e apersistência produzem, de facto,mudanças.

No primeiro dia da Reunião, no dia11 de Julho, a carta aberta da Redede Mulheres da IANSA, que contacom a assinatura de membros de 53países, foi publicada no ATT Monitore distribuída às 192 delegações,aquando da sua entrada na sala deconferências das NaçõesUnidas.

Jasmin Nario-Galace, dasFilipinas, interveio no eventoparalelo sobre “Saúde, mulheres,desenvolvimento e o Tr a t a d osobre o Comércio de Armas”, co-organizado pela A s s o c i a ç ã oInternacional de Médicos para aPrevenção da Guerra Nuclear(IPPNW), a Rede de A c ç ã oInternacional sobre Armas dePequeno Porte (IANSA) e o ComitéInternacional da Cruz Ve r m e l h a(ICRC). Jasmin abordou o impactodesproporcional da violência armada

na vida das mulheres e meninas eelencou oito possíveis contributosdas mulheres na promoção e imple-mentação do Tratado sobre oComércio de Armas.

O discurso de Jasmin foi tambémpublicado na edição de 12 de Julhodo ATT Monitor, e distribuído aos del-egados. Jasmin também escreveuum artigo sublinhando a presença eparticipação limitada de mulheresnas delegações dos Estados mem-bros durante os trabalhos da 3ªReunião do Comité Preparatóriopara o Tratado sobre o Comércio deArmas.

Durante a semana, a Declaração dePosição da Rede de Mulheres daI A N S A foi usada para apoiar asactividades de lobby e incidênciapolítica junto dos delegados e dosrepresentantes governamentais pre-sentes.

Na quarta-feira, dia 13 de Julho,Carole Engome, membro da IANSAoriunda da República CentralAfricana, presidiu ao evento paralelo“O Contexto Africano: Prevenindo oComércio Ilícito de Armas através dorespeito pelos mecanismos deimplementação do Tratado sobre oComércio de Armas”, organizadopelo Ministério Francês dosNegócios Estrangeiros, pelaAmnistia Internacional e pela IANSA.

Carole Engome foi outra das repre-sentantes das ONG que se dirigiu aoplenário no dia 14 de Julho de 2011.Esta foi uma oportunidade para aRede de Mulheres da IANSA sublin-

har a importância da referên-cia à violência de género con-tida no preâmbulo do novodraft do Embaixador Moritan,Presidente do ComitéPreparatório, e outros aspec-tos mencionados na declar-ação de posição da IANSA. Odiscurso de Carole Engomeestá disponível em francês e

inglês no site da IANSA.

Depois da divulgação do último draftno dia 14 de Julho, vários Estados,como as Fiji, Saint Lucia, Grenada,Trinidad e Tobago e Quénia, argu-mentaram sobre a necessidade deincluir as questões de género emoutras áreas do Tratado, incluindonas secções dos princípios, objec-tivos, critérios e assistência a víti-mas.

Estamos muito satisfeitas por ver osnossos esforços e trabalho dar fru-tos. As mentalidades estão a mudare é apenas o início.

TCA: Sucesso do Activismo da Rede de Mulheres da IANSA no Comité Preparatório

À esquerda: Embaixador Moritan; À direita: CaroleEngome, Sessão plenária de quinta-feira, 14 de Julho

O activismo e a persistência da Rede de Mulheres da IANSA ao longo do processo do Tratado sobre o Comércio deArmas obteve resultados concretos nesta edição do Comité Preparatório. A Rede de Mulheres da IANSA esteve par -ticularmente activa no lobby durante a terceira reunião do Comité Preparatório para o Tratado sobre o Comércio deArmas (ATT PrepCom), que teve lugar entre 11 e 15 de Julho de 2011 nas Nações Unidas, em Nova Iorque.

A equipa da Rede de Mulheres da IANSA incluiu:•Anne Marie Narine, WINAD, Trinidad e Tobago•Carole Engome, Rede Centro Africana de Armas de Pequeno Porte, RepúblicaCentro Africana •Ema Tagicakibau, Fundação para o Avanço das Mulheres doPacífico, Fiji•Folade Mutota, WINAD, Trinidad e Tobago•Jasmin Nario Galace, Centro para a Educação para a Paz e WE Act 1325, Filipinas•Marren Akatsa-Bukachi, EASSI, Quénia•Mimidoo Achakpa, WREP e Rede de Mulheres da IANSA, Nigéria•Nelcia Robinson, Comitê de Desenvolvimento das Women, São Vincente eGrenadines•Nounou Booto Meeti, Rede de Mulheres da IANSA, Reino Unido/RepúblicaDemocrática do Congo•Pauline Dempers, organização Breaking the Wall of Silence, Namíbia•Pauline Perez, Kingston and St Andrew Action Forum Benevolent Society, Jamaica•Rebecca Gerome, Rede de Mulheres da IANSA, França/Médio Oriente

•Susan Alfonso, WINAD, Trinidad e Tobago

Bulletin No. 25, juillet 2011 Réseau des Femmes d’IANSABoletín No. 25, Julio 2011 Red de Mujeres de IANSABoletim Nº 24, Maio de 2011 Rede de Mulheres da IANSA

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Bulletin No. 25, juillet 2011 Réseau des Femmes d’IANSABoletín No. 25, Julio 2011 Red de Mujeres de IANSABoletim Nº 24, Maio de 2011 Rede de Mulheres da IANSA

Um painel de mulheres partici-pantes em ambos os proces-sos de negociação entre o

governo filipino e a Frente deLibertação Islâmica Moro (GPH-MILF) e entre o governo filipino e aFrente Democrática Nacional (GPH-NDF) deram conta do actual estadodas conversações de paz. A advoga-da Johaira Wahab explicou oenquadramento de género que ogoverno filipino tem usado nas nego-ciações com a MILF, enumerandomulheres que estiveram envolvidasnas negociações no passado e nopresente. A advogada Raissa Jajurieclarificou ainda que não existe qual-quer tipo de mandato que proíba aparticipação de mulheres nas nego-ciações.

Sobre as conversações de paz entreo governo filipino e a FrenteDemocrática Nacional, JurgetteHonculada, a activista pelos direitosdas mulheres presente na dele-gação governamental, explicou queas preocupações das mulheres nãoestão a ser ignoradas nas actuaisnegociações. Referiu ainda queexistem questões técnicas que têmde ser discutidas antes de se passarpara um debate mais detalhado daspreocupações dos actores envolvi-dos. Estas posições foram apoiadaspela observadora independente do

Comité de Monitorização GPH, aDra. Jennifer Santiago Oreta. OComité de Monitorização GPH emconjunto com o Comité deMonitorização NDF formam oComité Conjunto de Monitorização(JMC), um órgão criado aquando doprimeiro acordo entre GPH e NDF, oacordo de CARHRIHL. Segundo aDra. Oreta, existem espaços para aparticipação de mulheres nas nego-ciações, mas é necessário percebera dinâmica das mesmas para garan-tir um envolvimento efectivo dasmulheres nestes processos.

Irene Santiago da organizaçãoMindanao 1325 e Karen Tanada, doInstituto para a Paz GZO, ambosmembros do WE Act 1325, partil-haram os resultados das consultas

com mulheres sobre o processo depaz, organizadas em Davao eZamboanga.

Uma das sessões do workshopdecorreu ao final da tarde, permitin-do que os participantes identificas-sem desafios e sugerirem recomen-dações sobre a participação de mul-heres e o progresso da agenda dasmulheres nos processos de paz.Grace Saguinsin, Mardi Suplido,Irene Santiago, e Karen Tanadaforam as facilitadoras dos grupos doworkshop.

Liderada pelo Centro para aEducação para a Paz de MiriamCollege, pela Sulong CARHRIHL, epela WE Act 1325, a consulta demulheres é uma das poucas iniciati-vas destinadas a reforçar a partici-pação de mulheres nos processosde paz e defender acordos sensíveisàs relações de poder de género –dois dos principais apelos daResolução do Conselho deSegurança das Nações Unidas 1325sobre Mulheres, Paz e Segurança eum dos compromissos estabelecidospelas Filipinas no seu Plano deAcção Nacional para aImplementação da Resolução 1325.Esta colaboração ilustra os compro-missos feitos de forma a garantir queas vozes das mulheres sejam ouvi-das em processos de construção dapaz. Ao invés de olhar as mulherescomo eternas vítimas, estas iniciati-vas procuram reconhecer o papeldas mulheres enquanto agentes demudança e os seus contributos paraum mundo justo, pacífico e susten-tável.

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As mulheres nas negociações e acordos de paz: workshop de consulta Como podemos garantir que as questões que importam para as mulheres sejam discutidas em negociações de paz?Como podemos certificar-nos de que os acordos de paz incluam perspectivas de género? Estas foram algumas dasquestões colocadas por Jasmin Nario-Galace, da organização Mulheres Comprometidas com a Implementação daResolução 1325 (WE ACT 1325, na sigla inglesa) na consulta com mulheres que teve lugar no passado dia 21 de Junhode 2011. O evento, subordinado ao tema “Mulheres nas negociações e acordos de paz”, reuniu 56 mulheres e home -ns para debater as questões enfrentadas pelas mulheres em situações de conflito e as potenciais estratégias deinclusão de género nas negociações de paz actualmente em curso.

Esta colaboração ilustra oscompromissos feitos deforma a garantir que as vozesdas mulheres sejam ouvidamem processos de construçãoda paz. Ao invés de olhar asmulheres como eternas víti -mas, estas iniciativas procu -ram reconhecer o papel dasmulheres enquanto agentesde mudança e os seus con -tributos para um mundo justo,pacífico e sustentável.

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Mais de vinte mulheres de dezasseis países da Áfricafrancófona participaram numa formação exclusiva

para mulheres sobre ʻMulheres, género e controlo dearmas de pequeno porteʼ, no Mali, entre 20 e 23 deJunho de 2011.

Estiveram presentes mul-heres do Benin, Burkina-Faso, Burundi, Camarões,República Centro Africana,Chade, Congo, Costa doMarfim, RepúblicaDemocrática do Congo

(DRC), Gabão, Guiné, Mali, Níger, Ruanda, Senegal eTogo. Também participaram na formação representantesda Comissão Nacional de Armas de Pequeno Porte doMali, do Programa de Armas de Pequeno Porte doECOWAS (ECOSAP), e do Centro Regional das NaçõesUnidas para a Paz e o Desarmamento em África(UNREC). A formação foi oficialmente lançada pelaMinistra do Género do Mali. O chefe da representação

da ONU Mulheres no paísinterveio na sessão deencerramento e distribuiucertificados às partici-pantes.

A formação foi organizada pela Rede de Mulheres daIANSA em colaboração com a Rede de Acção da ÁfricaOcidental sobre Armas de Pequeno Porte (WAANSAMali) e com a Associação de Mulheres pelas Iniciativasde Paz (AFIP), depois do sucesso da sessão piloto queteve lugar na Etiópia em 2009 e da formação que ocor-reu em 2010 na América Central.

Face aos pedidos que a IANSA tem recebido de váriasregiões, estão actualmenteem planeamento duas out-ras formações exclusivaspara mulheres, que terãolugar ainda em 2011 noPeru e na Nova Guiné.

Reunião de Especialistas Governamentais

Razões para as mulheres não viverem a guerra

Formação exclusiva para Mulheres em Bamako

Várias mulheres da Rede de Mulheres da IANSAestiveram presentes na Reunião de Especialistas

Governamentais de 2011, aproveitando para aprendermais sobre o Programa de Acção das Nações Unidassobre Armas de Pequeno Porte e sobre marcação, reg-isto e rastreamento de armas. Enquanto parte dosesforços da IANSA para revelar o rosto humano da vio-lência armada, no dia 12 de Maio de 2011, a IANSAorganizou em conjunto com a Missão Permanente doLuxemburgo nas Nações Unidas um evento paralelo inti-tulado “Sobreviventes da Violência Armada: Reforçandoo Programa de Acção da ONU”. O evento foi presididopor Philip Alpers, da organização Gunpolicy.org, e con-tou com comentários de Olivier Maes, Representante daMissão Permanente do Luxemburgo nas NaçõesUnidas. As apresentações estiveram a cargo de Mewael

Okbay Ghebreslassie, da Eritreia; Guerda Benjamin, daorganização OFAT Haiti; Dra. Nidia Rodriguez, daAssociação Internacional de Médicos para a Prevençãoda Guerra Nuclear (IPPNW), do Equador; e LauraLyddon, Rede de Mulheres da IANSA, Reino Unido.

No evento, foi lançada a publicação da Rede deMulheres da IANSA “Voices of Survivors: the differentfaces of gun violence” [“Vozes de Sobreviventes: asdiferentes faces da violência armada”, em português],que contém 16 testemunhos de mulheres sobreviventesde violência armada em vários países a nível mundial. Aviolência retratada nos relatos das sobreviventes temlugar em vários contextos e circunstâncias, tendo comoúnico denominador comum o uso indevido das armas defogo.

LA Liga Internacional de Mulheres pela Paz e pelaLiberdade (LIMPAL, na sigla espanhola) da Colômbia

publicou o artigo “Desarmar a Violência Contra asMulheres: uma LutaPermanente” na edição deJunho do seu boletim. De21 a 23 de Junho, aLIMPAL organizou encon-tros sobre “Razões paraas mulheres não viverem aguerra”, para discutirquestões como a paz e

justiça social. Ao longo dos últimos cinco meses, a

LIMPAL tem trabalhado com umgrupo de 30 mulheres na comu-nidade de Juan Pablo II, organi-zando workshops sobre a Lei1257 sobre violência contra asmulheres e sobre a Resoluçãodo Conselho de Segurança dasNações Unidas 1325. Durante ostrabalhos as mulheres criaramos seguintes slogans: “Chega deabusos, o meu corpo é um ter-ritório seguro” e “Todas as mulheres têm direito a viverem paz”.

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16 Dias de Activismo contra a Violência de Género

Nos últimos anos, a Rede deMulheres da IANSA tem estadocada vez mais activa nos 16 Dias

de Activismo contra a Violência deGénero, coordenados pelo Center forWomenʼs Global Leadership. O ano de2011 não será excepção. O tema destaedição dos 16 Dias de Activismo é “Dapaz em casa para a paz no mundo:vamos combater o militarismo e aViolência Contra as Mulheres!”

Através do enfoque dado às formascomo a “paz em casa” se estende e rela-ciona com a “paz no mundo”, recon-hece-se que os valores da não-violênciapodem influenciar as atitudes de amigos,famílias, comunidades, governos e out-ros actores.

Os temas da campanha de 2011 estãorelacionados com a questão do controlode armas de pequeno porte e o uso dearmas de fogo para perpetrar e facilitarviolências contra mulheres e meninas, ofoco central do trabalho da Rede deMulheres da IANSA em todo o mundo:

1.A união de movimentos de mulheres,direitos humanos e pacifistas no desafioao militarismo;

2.Proliferação de armas de pequenoporte e seus papéis em situações de vio-lência doméstica;

3.Violência sexual durante e depois deconflitos armados;

4 . Violência política contra mulheres,

incluindo violência eleitoral;

5.Violência sexual e de género cometidapor agentes estatais, particularmenteforças policiais e militares.

A edição de 2011 dos 16 Dias deActivismo representa uma oportunidadepara considerar o que nós, enquantoparte do movimento global de direitosdas mulheres, podemos fazer paradesafiar as estruturas que permitem quea violência contra as mulheres per-maneça a vários níveis, do local ao glob-al. Que seja um sucesso!

Os disparos para o ar foramcriminalizados na Colômbia.Desde 30 de Maio de 2011,

as pessoas que dispararem para o arserão julgadas e condenadas apenas entre 1 e 4 anos de prisão,mesmo se não existirem vítimas.Esta decisão seguiu-se à morte deum adulto e três crianças e ao feri-mento de outras 14 pessoas emresultado de disparos para o ar efec-tuados nas celebrações do A n oNovo em todo o país.

Esta disposição procura reduzir osíndices de morbilidade e mortalidaderesultantes de balas perdidas e dis-paros feitos para o ar em ocasiõesde festa. De acordo com estimativasoficiais, em 2010 morreram pelomenos 70 pessoas vítimas de balasperdidas nas grandes cidades daColômbia. Uma grande percentagemdas vítimas são crianças. A organiza-ção CERAC, membro da IANSA esediado em Bogotá, estima quecerca de 1000 pessoas tenham mor-rido no país ao longo dos últimos dezanos em resultado de balas perdi-das. Ou seja, quatro mortes por dia.

Por ano, estima-se que sejam feri-das cerca de 100 pessoas, mul-

heres, homens e crianças, em resul-tado destes disparos. Estes númerospodem, contudo, ser ainda mais ele-vados, uma vez que muitos dos feri-mentos são registados enquanto aci-dentes e que a polícia e o InstitutoNacional de Medicina Legal não têmcritérios e procedimentos comuns noregisto e análise destes casos.

Muitos sobreviventes sofrem destress traumático ou ficaram inca-pacitados fisicamente, o que reduz asua capacidade de trabalho. Nestecontexto, é comum que as esposas,mães, irmãs e filhas dos sobre-viventes se tornem as principaisprovedoras ou cuidadoras da casa edos familiares. Os sobreviventes eas suas famílias têm ainda de lidarcom a impunidade, uma vez quemuitos dos perpetradores não sãosequer indiciados ou julgados.

Na Colômbia, muitas balas perdidasresultam de lutas entre gangs ouconflitos entre grupos criminosos eforças de segurança. Contudo, osdisparos resultantes de celebrações,comuns durante jogos de futebol,casamentos, e festas de Natal e AnoNovo são percebidos como focosespeciais de insegurança, uma vez

que qualquer pessoa pode ser viti-mada.

Por essa razão, a Colômbia e outrospaíses da América Latina, onde estetipo de disparos é também comum,precisam de canalizar os seusesforços neste sentido. É necessáriotrabalhar com a polícia e com acomunidade de saúde pública pararecolher dados mais fiáveis sobreesta realidade, envolver jornalistasem campanhas de sensibilização eprevenção e criar espaços para quehomens e mulheres vítimas de balasperdidas possam partilhar as suashistórias e opiniões.

A criminalização deste tipo de dis-paros em celebrações na Colômbiarepresenta uma vitória importantepara o movimento global contra aviolência armada e constitui umaoportunidade para a sociedade civilmonitorar a implementação e fiscal-ização desta nova lei.

Adriana Medina Lalinde é colom -biana e está a pesquisar o papel dacampanha global contra a violênciaarmada no âmbito do seu doutora -mento.

Colômbia criminaliza disparos para o ar por Adriana Medina Lalinde

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International Action Network on Small Arms (IANSA), Development House, 56-64 Leonard Street, London, EC2A 4LT, UKT: +44 20 7065 0876 F: +44 20 7065 0871 E: [email protected] W: www.iansa-women.org8

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A Rede de Mulheres da IANSA é a única rede internacional dedicada às conexões entre género, direitosdas mulheres, armas de pequeno porte e violência armada. Foi estabelecida em 2001 enquanto um grupode discussão de mulheres nos eventos da IANSA, tendo sido formalizada em 2005. Actualmente associapaíses tão diversos como as Ilhas Fiji, Senegal, África do Sul, Argentina, Canadá e Sudão.

Agradecemos o apoio do governo norueguês.