Mulheres Missionárias - Pr. Leonério Faller

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    MULHERES MISSIONRIAS

    Leonrio Faller

    INTRODUO

    O presente trabalho, obviamente, no visa esgotar o assunto, pois omesmo muito vasto. Mas queremos observar um pouco na histria daIgreja Crist a participao da mulher (solteira e casada) no trabalhomissionrio e ver como no presente e no futuro elas podero continuarajudando.

    Este trabalho tem um objetivo prtico: iniciar na Igreja EvanglicaLuterana do Brasil (IELB), denominao da qual fazemos parte, umareflexo sobre a possibilidade de formar nas escolas oficiais e daroportunidade para missionrias solteiras ou casadas trabalharem nasigrejas locais ou em campos de misso.

    Para isto, vamos tambm observar a participao da mulher na TheLutheran Church Missouri Synod (EUA denominao que fundou aIELB), a participao na IELB e os cursos que as escolas oficiais oferecemtambm para mulheres. A, vimos a necessidade de fazer uma rpidafundamentao teolgica sobre o ministrio pastoral.

    Assim, anlise histrica e fundamentao teolgica nos ajudaro achegar a algumas propostas prticas.

    I. A Participao das Mulheres na Igreja

    Tanto o Antigo Testamento como o Novo Testamento falamfavoravelmente de mulheres no servio de Deus, citando, por exemplo,Miriam (x 2.3-10), Ester, Noemi e Rute, Ana (Lc 2.36-38), MariaMadalena (Mt 28.1), Maria e Marta (Lc 10.38-42), Lide e Eunice (2Tm1.5), Priscila (At 18.2, 18, 26), Ldia (At 16.4-16, 40). Estas e outrasmulheres da Bblia exerceram grande influncia no servio do Senhor.

    Vejamos a participao da mulher em geral no trabalho da igrejaatravs dos sculos.

    1. Participao em geral

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    Nos primeiros sculos, mulheres crists ajudaram a socorrer outroscristos que passaram por sofrimentos, perseguies e martrios. Mulherescomo Mnica, me de Agostinho, com suas oraes e esforos dedicadosprepararam homens paqra dedicarem suas vidas a Cristo.

    Tambm na era ps-reforma, mulheres crists tiveram influncias devrias maneiras. A Condessa de Zinzendorf e Susana Wesley (me de Joo eCarlos Wesley) tiveram importncia decisiva.

    No sculo XVIII encontramos o nome de Brbara Ruckle Heckdenominada me do metodismo na Amrica. Tambm Ana Marshman quelevou o evangelho ao norte da ndia e em 1800 dedicou-se educao

    feminina.1

    Na metade do sculo XIX e depois, mulheres foram uma grande forana proclamao do evangelho s mulheres na ndia. Em 1869 foiestabelecido o primeiro hospital para mulheres nesse pas. Dr. Clara N.Swain, metodista americana, considerada a primeira mdica missionria.2

    Estes poucos relatos podem ser multiplicados muitas vezes em vriaspartes do mundo como um testemunho do herico trabalho de mulheres emmisses. Na Lutheran Cyclopedia lemos que during these earlier centurieswomen served the church as individuals, each in her own way. They becomestimuli for women to organize for missions.3

    2. As mulheres se organizam para a misso

    Aps a Guerra da Revoluo (Revolutionary War) vrios grupos demulheres crists nos Estados Unidos organizaram-se para levantar ofertaspara misses nacionais e estrangeiras. Um dos primeiros grupos foi demulheres Quakers. Em 1800 em Boston organizaram-se mulheres Batistas.Em 1801 foi a vez das Presbiterianas e em 1819 das Metodistas.4

    Assim muitas organizaes de mulheres formaram-se para apoiarmisses. No tinham nenhum precedente pelo qual pudessem se nortear.Elas desenvolveram suas prprias idias, dedicaram-se muito orao ecreram que o Esprito Santo as guiaria. Sua lealdade a Cristo e s misses,

    1 LUTHERAN CYCLOPEDIA. Erwin L. Lueker, ed., 1975; p. 823;2 Ibid., p. 823;3 Ibid., p. 823;4 Ibid., p. 823;

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    em orao e estudo da Bblia, um exemplo para mulheres crists tambmde nossos dias.5 [Traduo.]

    Foram surgindo inmeras sociedades missionrias femininasinterdenominacionais ou independentes. Em 1890 havia 34 sociedadesfemininas ligadas misso que oravam por misses, levantavam ofertas paramisses, enviavam missionrias e as sustentavam. No final do sculopassado a fora missionria americana contava com 60% de mulheres. Como passar do tempo estas sociedades missionrias interdenominacionais foramdesaparecendo e dando lugar para as sociedades missionriasdenominacionais.6

    3. A organizao das mulheres luteranas americanasNo meio luterano dos Estados Unidos sabemos que em 1837 numa

    conferncia em Nova York do Snodo Germnico da Igreja Luterana estandoos maridos presentes, as mulheres foram incentivadas a se organizarem paraajudar na formao de missionrios. Como resultado formou-se aAssociao Feminina do Snodo de Hartwick para a Educao deMissionrios Estrangeiros.7

    A partir de ento, muitas organizaes femininas americanas paraajudar na obra missionria foram se formando no seio das Igrejas Luteranas.Alguns exemplos: em 1882 as mulheres da Igreja Luterana Augustana

    decidiram se organizar para awaken a greater interest for missions and amore general support of the same8 dentro e fora do pas. Logo aps aorganizao da Igreja Luterana Unida na Amrica em 1918, organizou-setambm a Sociedade Missionria de Mulheres. Porm, j antes desta data, apartir de 1908 foi se organizando o Danish Womens Mission Fundparaauxiliar pastores jovens e pequenas congregaes, e cultivar o amor pelasmisses.9

    5 Ibid., p. 823;6 Anotaes em classe no curso de Histria da Expanso Missionria da Igreja

    com a professora Dr Joyce Every-Clayton, CEM, jul/96;7 LUTHERAN CYCLOPEDIA, p. 823;8 Ibid., p. 824;9 Ibid., p. 824;

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    No ano de 1942, foi organizada na The Lutheran Church MissouriSynod a Lutheran Womens Missionary League. Mas, sobre estaorganizao feminina luterana falaremos no captulo seguinte.

    Portanto, desde o sculo passado mulheres crists americanas devrias denominaes organizaram-se com o grande objetivo de promovermisses nacionais e estrangeiras conscientizando, orando, ofertando,ajudando a formar profissionais e missionrios para os campos de misso,enviando missionrios e muitas missionrias. De modo que, mulheres cristsamericanas alm de darem suporte para misses, tiveram entre elas inmerasjovens que se envolveram em misses pelo mundo a fora e foram grandes

    bnos de Deus para a expanso do evangelho.II. Biografias de Missionrias Solteiras

    No sculo XIX, embora a sociedade fosse contrria idia demulheres solteiras trabalharem em campos missionrios, havia homens queas julgavam necessrias, e a partir de 1820, mulheres solteiras comearam atrabalhar para misses estrangeiras.10

    No ano de 1861, havia apenas uma missionria no estrangeiro.Cinquenta anos depois o nmero subira para 800 professoras, 140 mdicas,380 evangelistas, 79 enfermeiras diplomadas, 578 diaconisas e ajudantesnativas.11

    As mulheres saiam-se bem em quase todas as atividades,principalmente na medicina, na educao e na traduo da Bblia. Hert Kaneafirma: Quanto mais difcil e perigosa a tarefa, maior nmero de mulheresem proporo ao de homens.12

    Quais as motivaes que impulsionavam mulheres solteiras ao pontode deixarem suas famlias e sua ptria para viverem a solido, asdificuldades e os sacrifcios da vida missionria?

    1. O amor de Deus as motivava a querer servi-lo. Porm,queriam faz-lo de tempo integral e s havia oportunidadenos campos missionrios no exterior.

    10 TUCKER, Ruth A. ...E at aos confins da terra. So Paulo: Vida Nova, p.245;

    11 Ibid., p. 246;12 Ibid., p. 248;

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    2. O campo missionrio era o nico meio de dar oportunidadepara aquelas que desejavam trabalhar de tempo integral naigreja crist. O servio de proclamar a Palavra eraconsiderado atividade masculina. Algumas que no sculopassado foram para os campos de misso o fizeramenfrentando muita oposio. Uma, Florence Nightingle, quemuito desejava ir e no pode, disse: Eu teria dado a ela(igreja) minha cabea, minhas mos, meu corao. Mas noos aceitou.13

    3. O campo missionrio dava condies para aventura e

    estmulo. Enquanto os homens podiam aventurar-se comosoldados, marinheiros e exploradores, as mulheres tinhamesta oportunidade nas misses.14

    1. Lottie

    Uma das primeiras mulheres solteiras a se entregarem ao trabalhomissionrio foi Charlotte (Lottie) Diggs Moon. At hoje mencionadacomo a santa padroeira das misses batistas.15

    Lottie Moon nasceu em 1840 na Virgnia e cresceu em Viewmont.Eram em sete irmos, todos fortemente influenciados pela f persistente,pela ambio e independncia de sua me, que enviuvou em 1852. 16 Tinha

    boa educao e cultura. Trabalhou como professora numa escola da Gergia,mas ansiava por um ministrio cristo e por novas aventuras.17 Em 1872sua irm mais nova, Edmonia, foi para a China como missionria e em 1873Lottie a seguiu.

    Mas devido a problemas de sade, a irm teve que voltar para casa.Lottie, ento, passou por um perodo de depresso. Sentia-se frustrada noministrio devido solido, desapareceu o ideal romntico da obramissionria, achava extremamente difcil identificar-se com o povo chins e

    13 Ibid., p. 247;14 Ibid., p. 247;15 Ibid., p. 248;16 Ibid., p. 248;17 Ibid., p. 249;

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    como professora considerava praticamente impossvel penetrar suas mentesembotadas.18

    Comeou a viajar pelas povoaes rurais e por volta do ano de 1885,concluiu que seu ministrio seria mais eficaz se fosse a Ping-tu e comeasseali uma obra.19 Queria trabalhar de tempo integral como evangelista elivrar-se da autoridade arrogante do diretor da misso.

    A evangelizao pioneira em Ping-tu foi extremamente difcil. Slentamente e com muita persistncia que conseguiu fazer amizade com asmulheres e mesmo assim no foi fcil atra-las para o cristianismo, semprimeiro alcanar os homens.20

    Quatorze anos aps a chegada na China, 1887, Lottie comeou pelaprimeira vez evangelizar chineses do sexo masculino, quando homenschegaram sua casa em Ping-tu para ouvir mais sobre a nova doutrina queas mulheres haviam lhes sussurado. Lottie visitou a vila deles e pela primeiravez viu to grande interesse em aprender. Adiou novamente suas frias eescreveu ptria: No pode haver certamente alegria maior do que salvaralmas.21 Apesar de oposio, estabeleceu ali uma igreja e dois anos depois,1889, aconteceram os primeiros batismos por um pastor batista. Duranteduas dcadas houve crescimento sendo batizadas mais de mil pessoas.

    Dos anos 1890 at sua morte em 1912, Lottie passava parte do ano nas

    povoaes fazendo trabalho evangelstico e noutra parte passava emTengehow treinando novos missionrios, aconselhando mulheres e lia comprazer livros e revistas ocidentais. Escrevia muito procurando recrutarmulheres para o trabalho missionrio. Para os Estados Unidos planejou em1888 uma semana de orao e uma oferta especial de Natal a ser preparadas por mulheres e dirigida exclusivamente s misses.22

    Mais. Ruth Tucker acrescenta:

    Ela tambm solicitou mulheres fortes e vigorosas paraencher as fileiras deixadas vazias pelos homens. A resposta

    18 Ibid., p. 251;19 Ibid., p. 251;20 Ibid., p. 252;21 Ibid., p. 252;22 Ibid., p. 253;

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    foi imediata... Nos anos que se seguiram, a oferta de Natalcresceu e foi possvel enviar mais mulheres solteiras paraservir na China.23

    Lottie morreu de inanio aos 72 anos. Nos anos que se seguiram,

    a Oferta de Natal Lottie Moon aumentou e a histria deLottie Mon foi repetida inmeras vezes... Para as mulheresbatistas do sul, Lottie se tornara um smbolo do que elasmesmas gostariam de fazer para Deus. Ela era um exemplobrilhante de feminilidade crist e igualdade sexual.24

    2. Amy

    Amy Carmichael tornou-se um exemplo brilhante para as mulherescrists de todas as denominaes no Reino Unido.25

    Nasceu numa famlia rica da Irlanda do Norte em 1867. Quandoestava com 18 anos seu pai morreu deixando a famlia em difcil situaofinanceira. Em Belfast pde envolver-se no trabalho missionrio urbano,fazendo com que os interesses espirituais se tornassem o centro de sua vida.Mas foi sua participao numa conferncia bblica interdenominacional, aqual enfatizou a teologia da vida interior, que modificou sua vida eestimulou o seu crescimento espiritual.26

    Quando sentiu-se chamada para misses, encontrou resistncia daparte do presidente da Conveno Keswick, de quem era um tipo de filhaadotiva.

    Aos 24 anos foi para o trabalho missionrio no Japo. SegundoTucker,

    Ela envolveu-se alegremente no trabalho, mas comoacontecera com tantos missionrios antes dela, encontroudecepes. A lngua japonesa parecia-lhe impossvel dedominar e a comunicao missionria no era o ambienteharmonioso que previra. Ela escreveu me: ...somos

    23 Ibid., p. 253;24 Ibid., p. 253;25 Ibid., p. 254;26 Ibid., p. 254;

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    exatamente o que somos a nem um pouco melhores e odiabo est terrivelmente ocupado... barcos missionriosantes excelentes, hoje no passam de restos de naufrgios.A sade de Amy tambm se tornou um problema. Ela maistarde confiou a Sherwood Eddy que ficara comesgotamento nervoso durante o primeiro ano de... servio,sofrendo, como fazem alguns estrangeiros, do que erachamado de cabea japonesa. O clima, escreveu me,tem um efeito terrvel sobre o crebro.27

    Depois de trabalhar 15 meses no Japo, foi para o Ceilo e mais tarde

    para a ndia, onde permaneceu por mais de 25 anos sem uma licenasequer.28

    Em Dohnavar, ndia, dedicou-se a livrar crianas, especialmente deuma terrvel degradao no templo pago, onde vendiam meninas comoprostitutas para serem casadas com deuses e depois entregues aos hindus.Amy foi acusada de sequestro e ameaada de morte. Mas com ajuda demulheres indianas convertidas ao cristianismo, continuou o trabalho e 12anos depois j tinha 130 crianas na Associao Dhonavur.

    Por atender as criancas em suas necessidades fsicas, de educao e deformao de carter, foi criticada de no ser suficientemente evangelstica.Ela se defendia dizendo que era preciso tratar da pessoa no seu conjunto corpo e alma.

    Passou por grande conflito quando ainda no Japo teve de enfrentar aperspectiva de manter-se solteira o resto de sua vida29 Tranquilizou-sequando teve a certeza que Deus jamais a desampararia.

    Acreditava que a Associao Dohnavur precisava de pessoas comtempo integral para serem mes e conselheiras espirituais das crianas.Organizou uma ordem religiosa protestante para mulheres solteirasdenominada de Irms da Vida Comum.

    Tucker, conclui:

    27 Ibid., p. 255;28 Ibid., p. 256;29 Ibid., p. 256;

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    Mesmo tendo passado seus ltimos vinte anos comoinvlida, devido a uma queda, Amy continuou escrevendolivros e fazendo apelos a favor da causa de suas queridascrianas. Morreu no ano de 1951, em Dohnavar, aos 83anos.30

    Observamos nestas missionrias e em todos os grandes homens deDeus que conflitos humanos e espirituais, e at depresso psicolgica emmuitos casos, fizeram parte da vida. Porm, pela graa e pelo poder de Deuspuderam, apesar destes conflitos, realizar trabalhos significativos na obramissionria da Igreja Crist.

    III. A participao de mulheres do Snodo de Missouri na misso

    Queremos neste captulo descrever um pouco a participao dasmulheres da The Lutheran Church Missouri Synod na misso. Desejamosfalar desta denominao luterana americana devido ao fato de ter sido elaque em 1900 iniciou trabalhos no Brasil e deste trabalho resultou a fundaoda Igreja Evanglica Luterana do Brasil (IELB) em 1904, da qual fazemosparte.

    Infelizmente no dispomos de literatura recente sobre o assunto paravermos como est atualmente a participao na misso de missionriassolteiras missourianas.

    A The Lutheran Church Missouri Synod foi organizado em abril de1847 em Chicago por pastores e cristos luteranos provenientes da Europa,especialmente da Alemanha. A partir de agora neste trabalho vamos usar aexpresso resumida e aportuguesada Snodo de Missouri.

    1. Organizao Missionria Feminina

    A partir de 1928, foi fomentada a idia de que os grupos de mulheresj existentes nas igrejas locais se organizassem visando unir esforos paraapoiar trabalhos missionrios. Em julho de 1942 foi organizada a LutheranWomens Missionary League. Esta Liga, que continua em plena atividade,desde o incio mantm seu objetivo missionrio descrito em dois itens:

    30 Ibid., p. 257;

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    a. Desenvolver e manter uma conscincia missionria entre asmulheres do Snodo: Educao Missionria InspiraoMissionria Servio Missionrio.

    b. Levantar fundos para projetos missionrios promovidos peloSnodo, especialmente para aqueles que no tm recursossuficientes no oramento.31

    O primeiro congresso da Lutheran Womens Missionary League foirealizado em 1943 em Fort Wayne. Estiveram presentes 73 delegadasrepresentando as 36.890 senhoras luteranas ativas nas sociedades femininasdas igrejas locais e escolheram como lema o Salmo 100.2: Servi ao Senhor

    com alegria.32

    No perpassar dos anos esta Liga tem ajudado em projetos missionrioscomo escolas, seminrios, hospitais, construes de capelas e outros projetosao redor do mundo com oraes e ofertas. The major programs are directedtoward Christian growth and missionary service.33

    2. Associao de Diaconisas

    Em 1919 foi organizada a Associao de Diaconisas Luteranas, queinicialmente esteve ligada ao Hospital Luterano de Fort Wayne. Em 1943 otreinamento de diaconisas foi transferido para a Universidade de Valparaiso.

    Quanto formao destas diaconisas, Mayer afirma:At first the program was only one and one half years inlength. Subsequently it was lenghthened to two years. When,in 1946, the deaconess were required to take a full four yearcollege program, the entire academic training of the womenwas placed in the hands of the university.34

    Desde o incio o treinamento de diaconisas visava prepar-las paraatuarem em enfermagem, em educao e em servio social. A LutheranCyclopedia de 1975 traz que though many deaconesses in various churches

    31 BAEPLER, Walter A. A Century of Grace: A history of the Missouri Synod

    1847-1947. 1947, p. 280;32 Ibid., p. 280;33 Ibid., p. 280;34 MEYER, Carl S., ed. Moving Frontiers; Reading in the History of the

    Lutheran Church-Missoury Synod. 1964, p. 390;

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    serve in nursing, social welfare, institutional work, and foreign missions, agrowing number are being trained to serve as assistants to parish pastors.35

    3. Missionrias Solteiras na ndia e na China

    Visando ter acesso mais rpido com o evangelho entre pagos,misses mdicas tm feito parte da estratgia missionria em pases comondia, Nigria, Hong Kong, Nova Guin e Filipinas por parte do Snodo deMissouri.

    Nessas misses tem havido uma participao importantssima deenfermeiras missionrias solteiras. Neste tpico do captulo vamos nos detersobre missionrias solteiras missourianas em dois pases: ndia e China.

    Em 1913 o Snodo de Missouri enviou ndia a missionriaenfermeira, solteira, Louise Ellermann, a qual foi a pioneira no trabalhomissionrio mdico do Snodo nesse pas. Aps sete anos de trabalho,Louise de frias nos Estados Unidos, faz direo do Snodo um relatosobre seu trabalho e pede que sejam enviados ndia mais obreirosmissionrios (homens e mulheres) que tambm possam atuar na rea dasade.36

    Meyer, comentando sobre Louise, afirma:

    We had only one missionary nurse in ndia 1920, Miss

    Louise Ellermann, now home on furlough, supported bywomens societies in our circles. She has given invaluableservice to our missionaries in cases of sickness and in thelast year prior to her furlough not only assisted 2,810 nativepatients in their physical needs but for their spiritual welfarealso referred them by encouraging words and tracts to theone thing needful. We should have more such faithfulwomen workers for our medical mission, but especially amissionary doctor, whether male or female.37

    Em 1921 o Snodo estabeleceu um hospital em Ambur, ndia, sob adireo do Dr. Theodore J. Doerderlein. Neste mesmo ano foi enviada ajovem missionria enfermeira Angela Rewinckel. Fez um trabalho

    35 LUTHERAN CYCLOPEDIA. p. 223;36 MEYER, p. 337;37 Ibid., p. 337;

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    excepcional como enfermeira chefe e missionria at dezembro de 1958,quando voltou para os Estados Unidos com 76 anos. Em 1959 Angelarecebeu uma homenagem especial pelo Concordia Seminary, que um dosseminrios do Snodo nos Estados Unidos. Meyer conclui: God hascertainly permitted her to be a blessing to many through her chosen work.38

    A partir de 1922 o Snodo intensifica a fora missionria na ndia. Emquase cada ano de 1922 a 1935 entre os missionrios seguem tambmmissionrias solteiras. Exemplos:

    1922 enfermeira Etta Herold e a professora HenriettaZiegfeld;

    1923 dois missionrios e a jovem missionria GertrudeStrieter;

    1926 as missionrias Anena Christensen e Louise Rathke eseis missionrios;

    1927 seis missionrios e as jovens missionrias ElsieMahler, Clara Mueller e Meta Schrader;

    1932 dois missionrios e as missionrias Amelia Docter eEster Feddersen;

    1935 um missionrio e uma missionria, Margaret Lutz.39

    Infelizmente no temos literatura mais recente disponvel paraobtermos informaes a partir de 1935.

    Beapler afirma que for various reasons some of the missionariescould serve in India only a few years and then had to return to the States.40

    O Snodo no esperava trabalhar naquele pas s com missionriosamericanos. Por isso, j em 1942 fundou um seminrio teolgico emNagercoil a fim de preparar ministros indianos.41

    38 Ibid., p. 338;39 BAEPLER, p. 289;40 Ibid., p. 289;41 Ibid., p. 289;

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    Em trabalho missionrio na ndia o Snodo envolveu missionriospastores, diaconisas, enfermeiras, como tambm professores-catequistas,evangelistas e mulheres de Bblia (bible women). Baepler explica que:

    Bible women are native female workers who are trained tomeat the Indian women in their homes and to teach them theWord of God. They work under the suypervision of thewives of our missionaries, nurses and deaconeses in the so-called zenana missions, that is missions to the femalepopulation of India.42

    Em julho de 1945 a igreja luterana indiana contava com 36

    missionrios e 4 missionrias, 20 pastores, 17 evangelistas, 152 catequistas,10 mulheres de Bblia, 264 professores e professoras, 2 mdicos indianos, 5enfermeiros e 5 enfermeiras. Eram 210 igrejas locais e 66 pontos de ensino epregao. Eram 19.503 membros batizados e 5.211 comungantes.

    O trabalho missionrio na China foi iniciado pelo Snodo de Missouriem 1917. Dos anos 1922 a 1943 foram enviados China 34 missionrios,estando entre esses 1 mdico, 2 professores e 5 jovens missionrios. Essasforam em:

    1923 as jovens missionrias Frieda Oelschlaerger e MarieOelschlaerger;

    1924 a jovem Martha Naden; 43

    1926 a jovem Gertrude Simon;

    1931 a jovem Clara Rodenbeck.44

    Em 1937 a estatstica do trabalho do Snodo de Missouri na China eraa seguinte: 16 congregaes organizadas, 36 pontos de pregao, 17missionrios e 2 missionrias, 53 obreiros nacionais, 2.589 membros.45

    No ano de 1942, durante a Segunda Guerra Mundial, missionriosmissourianos e suas famlias foram mandados de volta para os EstadosUnidos. Na China ficaram apenas 4 missionrios. Mas logo aps a guerra

    42 Ibid., p. 289-290;43 Ibid., p. 292-293;44 Ibid., p. 293-294;45 Ibid., p. 295;

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    novamente foram enviados inmeros obreiros: 15 missionrios, 1 mdico, 2enfermeiras.46

    Sem sombra de dvida, a atuao de missionrias solteiras luteranasmissourianas enfermeiras, professoras, diaconisas, etc teve um papelimportantssimo nas misses da ndia e China. admirvel e motivo deagradecer a Deus o fato de, por exemplo, a missionria enfermeira AngelaRewinkel gastar na misso estrangeira a maior parte de sua vida profissional. um exemplo a ser imitado.

    IV. A participao de mulheres da IELB na misso

    A igreja Evanglica Luterana do Brasil (IELB), a segunda maiordenominao luterana no pas, com 214 mil membros e presente em todos osEstados brasileiros, foi fundada em 1904 sob a liderana de missionriosamericanos da The Lutheran Church Missouri Synod.

    1. A posio da mulher na IELB

    A exemplo da denominao que a fundou, a IELB tambm no ordenamulheres ao ministrio pastoral, ou seja, no tem pastoras. Entende que:

    como pessoas, homens e mulheres so iguais. Sua funo, noentanto, diferente... A mulher tem uma funo que sdela: ser me (1Tm 2.15). O homem tem uma funo que

    s dele: a didaskalia (a autoridade no ensino, 1Tm 2.12),isto , a funo de cabea no Ofcio da Palavra. Ambos,homem e mulher, tm responsabilidades tanto na famliahumana como na famlia de Deus. Apenas a funo diferente. No Ofcio da Palavra a mulher tambm tem aresponsabilidade de profetizar..., ficando qualificada comodom de Deus Igreja para ser profeta e evangelista (Ef4.11). O dom de pastores-mestres (poimnas-didasklous, Ef4.11) tem a reserva do kefal (cabea), conforme 1Tm 2.12.A liderana do Ofcio da Palavra permanece com o homem,com o ministro-pastor, o homem-kefal, designado por

    Deus.47

    46 Ibid., p. 296-297;47 PARECERES DA CTRE da IELB. A mulher na Igreja. 1995, vol. I, p. 25;

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    O Dr. Seibert, analisando O papel da mulher na igreja em um artigona revista Vox Concordiana, afirma:

    Entre as qualificaes que Deus revelou para algum entrarno ministrio eclesistico, uma ser homem (1Tm 2.12-14)...Exercer o ministrio eclesistico implica em desempenharmuitas funes. O ministro prega a palavra, o ministroensina, batiza, administra a Santa Ceia, testemunha, consola,ampara, dirige o culto pblico e assim por diante. Exercer oministrio no significa que o ministro seja a pessoa quedesempenha todas estas funes. A todos os membros da

    igreja participam auxiliando o seu ministro eclesistico paraque todas as funes do ministrio exlesistico sejam bemdesempenhadas. Os membros da congregao participam doministrio auxiliando no ensino, no testemunho, naadorao, na comunho, no servio. Permanece, noentanto, como responsvel pelo ministrio eclesistico a

    pessoa do ministro. Esta a razo porque numacongregao (igreja local) no apenas a pessoa do

    ministro que precisa pregar, lecionar escola bblica, visitar

    os enfermos e os necessitados e assim por diante. Emboraestas funes sejam responsabilidade do ministro, todos os

    cristos, homens e mulheres, podem participar dasmesmas.48

    Mais adiante, o Dr. Seibert esclarece mais:

    Assim, homens e mulheres podem ajudar o ministro de suaigreja testemunhando, ensinando crianas, jovens e adultos,amparando aos necessitados, promovendo comunho eadorao e assim por diante. Participar das funes doministrio no implica em ser ministro... O fato de algumhomem ou mulher dirigir um estudo bblico no torna estapessoa um ministro da igreja... Assim sendo, no nos parece

    48 REVISTA VOX CONCORDIANA Suplemento Teolgica: So Paulo,1989, vol. I, p. 46;

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    imprprio uma mulher dirigir um estudo bblico para acongregao (igreja local).49

    Da deduzimos que: nada impede de mulheres solteiras ou casadasserem evangelistas ou missionrias na IELB:

    desde que haja, perto ou distncia, um pastor que seja aautoridade no ensino sobre a evangelista ou a missionria;

    desde que no administre a santa ceia nem celebre o batismo(a no ser em caso de emergncia, j que temos o batismoinfantil).

    Portanto, nas atividades ligadas ao ensino da Palavra que fazem partedas tarefas no sacerdcio universal de todos os crentes, as mulheres estolivres para servir ao Senhor.

    2. Organizao missionria feminina

    Apesar de a IELB no ordenar pastoras, moas e mulheres casadastm tido um envolvimento cada vez maior nas atividades da igreja(denominao) h mais de 50 anos. Tem sido um envolvimento progressivo:reunio nos departamentos femininos da igreja local para estudo bblico,cooperar na obra da misso principalmente com oraes e ofertas, praticar acaridade, visitar doentes, ornamentar o altar com flores e embelezar o recinto

    para os cultos, ser professoras em escolas paroquiais, ser professora deescola dominical infantil e de escola bblica missionria; mais tarde, votar eser votada nas assemblias das igrejas locais, fazer parte da diretoria dasigrejas locais e at do conselho diretor da denominao.

    Oito anos aps a fundao da Lutheran Womens Missionary Leaguenos Estados Unidos, ou seja 1950, foi fundada no Brasil a Liga de SenhorasLuteranas do Brasil como entidade auxiliar na IELB, a qual tem comoobjetivo a misso. Durante esses anos a Liga tem orado, ofertado,incentivado envolvimento de cristos luteranos, homens e mulheres, emmisses. Com suas ofertas, por exemplo, tm ajudado na construo decapelas em misses no Brasil, doando folhetos evangelsticos e materialdidtico para escolas bblicas missonrias, como tambm tem ajudado acustear a formao de diaconisas e pastores nos seminrios da denominaco.

    49 Ibid., p. 47;

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    3. Missionrias solteirasCom a criao dos Centros Integrados de Misso (CIM) da IELB nos

    anos 80 em cidades do norte e nordeste do Brasil especialmente, foramnecessrios profissionais de educao, de administrao e de servio socialpara desenvolver atividades sociais e a misso. Atravs da revista oficial Mensageiro Luterano e dos pastores, os Departamentos de Misso e deAo Social da IELB solicitaram profissionais (mdicos, dentistas,enfermeiras, administradores, professores, etc), cristos luteranosconsagrados ao Senhor de ambos os sexos para atuarem naqueles campos.

    Em 1977, este projeto comeou a ser colocado em prtica e um bom

    nmero de cristos leigos (homens, mulheres, rapazes e moas) aceitaram odesafio.

    A maioria que atendeu ao chamado foi de moas. Apesar de no teremformao missionria acadmica, neste trabalho vamos cham-las demissionrias considerando que estiveram diretamente envolvidas notrabalho missionrio. Vrias eram diaconisas formadas pelo InstitutoConcrdia de So Leopoldo, RS, uma das escolas centrais da IELB.

    J que pouqussimo foi escrito sobre este projeto, decidimos fazer umapesquisa de campo. Preparamos dois questionrios um para dois lderes daIELB que por alguns anos ajudaram a coordenar o projeto (no trabalho

    vamos design-los apenas de lderes) e outro para mulheres que nopassado participaram deste importante trabalho. Este ltimo enviamos paraquatro mulheres que por ocasio da participao no projeto eram solteiras,atualmente uma solteira e trs so casadas. Vamos conservar o anonimatodos entrevistados.

    A seguir vamos discorrer sobre estas missionrias solteiras, aexperincia que tiveram, tendo por base os questionrios recebidos.Procuraremos fazer uma anlise e apresentar algumas propostas para aIELB. Seria bom que algum outro fizesse uma pesquisa mais ampla com asdemais jovens que participaram do projeto e com os pastores com quemtrabalharam.

    A formao acadmica destas quatro jovens moas antes de partir parao campo missionrio era: magistrio, secretariado, nutrio e servio social.

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    As motivaes que as impulsionaram a deixar suas famlias e irempara bem longe num projeto indito na IELB foram vontade de servir aoSenhor, muita vontade de dedicar-me ao trabalho missionrio da IELB,possibilidade de incentivar, ou melhor, iniciar um trabalho na concepode trabalho social dentro da IELB, conhecer novas realidades e tentarviver melhor com outras pessoas a partir do amor que Cristo tem por mim,dificuldades no relacionamento familiar, necessidade de auto-afirmaoe de incio curiosidade e depois o desejo de vencer desafios.

    Da parte da liderana dos Departamentos da denominao no foidado nenhum treinamento missionrio preparatrio. Apenas houve uma

    entrevista com o secretrio de Misso e com o presidente da IELB, quandoera combinado sobre o tempo que a jovem ficaria no campo, honorrios,moradia, trabalho a realizar, etc. A maior parte dos detalhes era tratado como pastor do campo. Alis, algo positivo era que cada local tinha um pastorresidente para coordenar o trabalho.

    Atuaram como professoras de matrias seculares nas escolas dasmisses, dirigentes de reunies de orientao s mes, professoras de escolasbblicas missionrias, dirigentes de estudos bblicos, dirigentes no trabalhocom jovens, dirigentes de coral, visitas missionrias.

    As atividades em que se sentiram melhor e mais felizes em realizarforam: lecionar, dirigir escola bblica infantil e estudos bblicos familiares,visitas missionrias e coordenar reunies de mobilizaes para resolverproblemas vividos pelas pessoas.

    Cada uma das entrevistadas respondeu que o pastor da misso faziareunio de planejamento. Porm, s s vezes os pastores faziam momentosdevocionais com elas. No entanto, sentiram nos pastores uma imensavontade de estar ao nosso lado assessorando e at mesmo ajudandomaterialmente o grupo. Uma escreveu que meu pastor foi muito amigo,mas de certa forma sentiu-se um pouco enciumado com o trabalho que eufazia fora das aulas junto s famlias dos alunos como devoes e estudosbblicos. No incio no gostou. Achou que estvamos querendo formar um

    partido...Fui realmente para evangelizar mais do que simplesmente daraulas. Aproveitava toda folga para estar com as pessoas e transmitir o amorde Deus. Depois tivemos uma reunio onde deixamos claro que apenasqueramos trabalhar para o reino de Deus.

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    Ao perguntarmos aos lderes sobre como o pastor que trabalha comoutros obreiros nas Frentes de Misso pode ajud-los, responderam: Precisadar apoio logstico, espiritual, entusiasmo e que saiba ser pastor. Precisareciclar-se para trabalhar em equipe. Um ministrio compartilhado nopertence nossa tradio. Para poder prestar ajuda, o pastor precisa conhecermelhor as outras funes e trocar idias com os demais obreiros. Deve serum dos membros da equipe e no o chefe ou dono da misso.

    A respeito do projeto e do relacionamento entre pastores e obreirosauxiliares, uma entrevistada concluiu: Acredito que, por ser um projetonovo na IELB, ningum estava preparado. Tanto o pastor quanto eu e demais

    pessoas que se envolveram foram aprendendo na prtica.Na questo quais as vantagens de ser solteira para um trabalho em

    Frentes de Misso? todas responderam: mais disponibilidade de tempo paradedicar-se ao trabalho. Quanto s desvantagens vem principalmente asolido (falta do apoio familiar e do carinho nas horas difceis),discriminao (muitas vezes voc vista como uma pessoa aventureira ouleviana. Isto ocorria muito na poca devido s jovens que participavam doProjeto Rondon e muitas tinham vida bastante desregrada. Por extenso, asmissionrias tambm deveriam ser assim), muitos convites do mundo ea gente precisa aprender a dar conta de muita coisa sozinha.

    Porm, todas concordam que tiveram vantagens espirituais,psicolgicas e afetivas: mais estudo da Bblia e orao, mais tempo paraevangelizar, oportunidade de ser mais til a Deus e ao prximo, conhecermuitas pessoas e outras culturas, amadurecimento, aprendi a ser maisgente.

    A solido era mais sentida em ocasies de datas especias (pscoa,natal, dias dos pais e das mes) e quando o trabalho no tinha o progressodesejado. Mas experimentaram que a solido possvel de ser superadaenvolvendo-se muito no trabalho e fazendo muita amizade com pessoascrists do local, criando um crculo de pessoas que tenham com voccoisas em comum, conscientizando-se da tarefa que Deus lhe incumbiu e

    saber que Ele no lhe abandona e atravs da orao.Um fator que s vezes pode ajudar ou atrapalhar o nimo a questo

    moradia. Sobre o tipo de moradia ideal as missionrias tm opinies

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    diferentes. Duas preferem morar com outras colegas, uma prefere morar coma famlia da misso e outra morar sozinha. Sugesto: talvez nos doisprimeiros meses a candidata devesse morar onde a misso puder oferecer,mas depois poderia ser dada a oportunidade de a missionria escolher ondeprefere residir.

    Uma das que trabalhou por 10 meses e estava com 18 anos na poca,respondeu o seguinte sobre moradia: Ficamos numa casa com cincoprofessoras. Foi difcil, pois cada uma vinha de uma regio diferente, comcostumes diferentes, valores e hbitos diferentes. Tivemos muitos atritos porser uma turma muito nova. Mas mesmo assim valeu a experincia.

    4. Reativar ou intensificar este projeto?Atualmente, poucos luteranos leigos do sul ou sudeste esto

    trabalhando nas frentes de misso do norte e nordeste. Ao perguntarmos aoslderes porque diminuiu o nmero de participantes neste projeto,responderam: O esvaziamento dos Centros Integrados de Misso por partedos sucessores na administrao nacional, mudana na direo da igrejanacional, h excesso de pastores, no h verbas, falta de viso missionria.

    Os dois lderes concordam que vale a pena a direo da IELBreativar ou intensificar este projeto. Jamais deveria ter sido interrompido.Das moas missionrias, trs acham que a IELB deveria voltar a enviar

    jovens para ajudar nas Frentes de Misso. Uma acha que seria maisfrutfero se fossem enviados casais.

    Para este projeto funcionar melhor, segundo os lderes, a IELBprimeiro precisa saber o que ela quer e tomar decises a longo prazo. Nodeve ficar a merc das idias boas ou desastrosas, de cada novo presidenteou secretrio de misso ou missionrio. Deve preparar seus obreiros deforma especfica para a misso integral em determinada regio e igualmenteos obreiros dos outros ministrios. Dar apoio aos voluntrios, valorizar taltrabalho. Duas missionrias afirmam que a IELB deveria primeiro definirde forma clara sua concepo de misso. Mas alm disso, junto com asdemais, afirmam que deve haver curso de treinamento para os candidatosantes da partida para o campo, ser apresentado a eles um perfil decandidatopara os mesmos terem condies de melhor decidir, haver

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    encontros mais seguidos entre os missionrios dos vrios campos para maiorentrosamento e troca de experincias.

    As entrevistadas responderam que aconselhariam algum a participarde um trabalho como elas fizeram. Apresentariam como razes ocrescimento espiritual, emocional e psicolgico, uma oportunidade deservir a Deus e de conviver com outras realidades, uma experinciaincalculvel por mais difcil que seja.

    No caso de um treinamento preparatrio aos candidatos, asmissionrias foram unnimes que preciso ser treinado em evangelismoprtico. Alm desta matria sugerem antropologia cultural (para diminuir o

    susto cultural e saber respeitar a cultura local), relaes humanas,administrao de recursos humanos e materiais. Um dos lderes sugere:doutrina, conhecimentos bsicos de enfermagem, aconselhamento (questesde famlia, vcios, etc).

    Rapazes e moas missionrios so importantes e necessrios, opinamos lderes. Um argumenta que solteiros geralmente so jovens e jovens tmentusiasmo, vontade de aprender e levam para o resto da vida e para ondeforem esta experincia. O outro lder lembra que sendo solteiros, oinvestimento financeiro menor. Mas de preferncia deviam ser obreiroscasados. Solteiros, depende da idade. Misso no convescote. Porm, asvantagens de serem missionrias solteiras ou mesmo casadas, principalmentepara o nordeste, a receptividade para contactar elemento femininoevitando desconfianas por parte dos maridos e dos pais.

    V. O que est sendo feito na IELB

    Gostaramos de destacar algo muito positivo que est acontecendo naIELB para formao de obreiros. So os cursos de diaconia e de teologia porextenso atravs da Escola Superior de Teologia (EST) situada na cidade deSo Paulo. Mais de 200 alunos de diversas partes do Brasil esto inscritos ecursando.

    1. Curso de diaconia

    Um dos cursos de Diaconia em Evangelismo. Para pessoas de ambosos sexos que tenham concludo o primeiro grau ou atuam na rea deevangelizao.

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    De acordo com o Catlogo Acadmico da EST, o curso... tem comofinalidade preparar pessoas para uma evangelizao mais efetiva nascongregaes e pontos de misso. Para tal estuda sua teologia e prtica.50

    Algumas matrias devem ser estudadas de forma intensiva comdocentes da EST, na prpria escola ou fora onde haja um nmero maior dealunos. Mas a maioria das matrias podem ser ministradas por pastores daregio com a orientao e superviso da escola.

    O Catlogo descreve:

    As disciplinas de curso em Evangelismo so oferecidas pelosistema de crditos. At a concluso do curso, o alunodever completar 16 crditos na rea de Bblia e Doutrina, 6crditos na rea de Histria, 16 crditos na rea de Teoria ePrtica do evangelismo, 4 crditos em Leitura Programada e6 crditos em Atividades Prticas. Este curso compreende aotodo 48 crditos.51

    Quanto durao, o curso dever ser completado, no mnimo, emtrs anos e, no mximo, em seis.52

    Pelo que observamos no Catlogo Acadmico, este curso possui umcurrculo muito bom e bem montado, com contedo de alto nvel, equipandoos alunos para serem bons evangelistas tanto nas igrejas locais como emmisses.

    2. Curso de teologia

    Outro curso aberto a pessoas do sexo feminino o Bacharelado emTeologia em Educao Crist. Este visa formar professores de EducaoCrist a nvel de terceiro grau, que estejam habilitados a dirigir e executar oprograma de educao crist tanto das igrejas locais como das escolas deprimeiro e segundo graus.53 oferecido na EST de So Paulo namodalidade residencial e por extenso, e na ULBRA (Universidade Luteranado Brasil) em Canoas, RS.

    50 CATLOGO ACADMICO do Instituto Concrdia de So Paulo. 1993-1994, p. 25;

    51 Ibid., p. 26;52 Ibid., p. 26;53 Ibid., p. 29;

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    O currculo do Bacharelado em Teologia em Educao Crist da ESTconsta de 193 crditos. Sendo 69 crditos no departamento de TeologiaExegtica, 31 crditos no departamento de Teologia Sistemtica; 22 crditosno departamento de Teologia Histrica; 33 crditos no Departamento deTeologia Prtica; 11 crditos de disciplinas optativas; o estgiosupervisionado de um ano considerado como 18 crditos e 3 crditos deleitura programada.

    No dispomos para este trabalho do currculo do Bacharelado emTeologia em Educao Crist na ULBRA, mas deve ser igual ou parecidocom o da EST.

    Sem dvida este tambm um curso de alto nvel dando boa formaoaos alunos.

    No entanto, a IELB deveria permitir que este curso formasse tambmmissionrias. Usando o mesmo currculo e tendo o cuidado de no pr-estgio, realizado durante o curso, e no estgio, de um ano, hajaenvolvimento das alunas em atividades evangelsticas ou missionrias,timas missionrias podero ser formadas.

    Sendo o mesmo currculo para formao de professores (as) emeducao crist e de missionrias, na poca de ir para o estgio a alunapoder escolher se deseja ser professora em educao crist ou missionria.

    E ento, cada terminalidade dever ter o tipo de estgio mais apropriado paraa formao desejada.

    VI. Propostas IELB

    Aps este estudo, com o objetivo de servir Igreja Crist e umaparte desta especificamente que a IELB (Igreja Evanglica Luterana doBrasil), humildemente apresentamos algumas propostas prticas.

    Antes porm, tornamos a enfatizar que o papel da mulher na Igreja importantssimo. J em 1987, dois teros da fora missionria mundial eramformados de mulheres. No 1 Congresso Missionrio bero-Americanorealizado em 1987 em So Paulo, foi afirmado:

    Apesar dos problemas, barreiras e obstculos, muitasmulheres esto se realizando no cumprimento missionrio.Elas tm feito contribuies significativas ao evangelismo,

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    estabelecimento de igrejas, liderana da igreja,desenvolvimento e ao social. Elas so mdicas,enfermeiras, educadoras, tradutoras da Bblia, jornalistas,musicistas, conselheiras, administradoras, assistentes sociais,secretrias e at aviadoras.54

    O Dr. Nestor Beck acertadamente afirmou:

    O Senhor concedeu Igreja no s pastores e mestres, mastambm apstolos, profetas e evangelistas, bem comodiconos, presbteros e supervisores. As escolas oficiais,portanto, formaro diversos (tipos de) ministros, para serem

    praticadas todas as funes da Igreja. Por razes histricas ecircunstanciais, as escolas oficiais da IELB se restringiram,por algum tempo, a formar pastores somente. As escolasprecisam persistir no esforo de formar professoresprimrios, diconos e diaconisas, evangelistas, missionrios,capeles.55

    Ressaltamos:

    As escolas, portanto, formaro diversos (tipos de)ministros, para serem praticadas todas as funes da Igreja.

    e precisam persistir no esforo de formar... diconos ediaconisas, evangelistas, missionrios e nsacrescentamos e missionrias.

    Diante do exposto, propomos:

    1. Que haja na IELB entre os Ministros Auxiliares56 tambmevangelistas (homens e mulheres) e missionrias;

    54 MCKINNEY, Lois. In: Revista Ultimado. fev./1988, p. 8;55 BECK, Nestor. A formao de obreiros para a misso. In: Igreja, Sociedade e

    Educao estudos em torno de Lutero: Porto Alegre, p. 117;56 O Regimento da IELB, edio 1996, no Art. 96, fala de Ministros Auxiliares

    e os define: "Ministro Auxiliar aquele formado pela IELB atravs de seusEducandrios Oficiais, para servir como auxiliar dos pastores, em harmonia e sob asua superviso." No Art. 97, descreve quem so eles: "So considerados MinistrosAuxiliares: diconos em Educao Crist, em Evangelizao, em Servio Social eem Msica."

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    2. Que sejam designadas de evangelistas pessoas dadenominao que fizerem o curso de Diaconia emEvanglismo oferecido pela Escola Superior de Teologia deSo Paulo;

    3. Que sejam designadas de missionrias moas e mulheresda denominao que cursarem o Bacharelado em Teologiaem Educao Crist da Escola Superior de Teologia ou daUniversidade Luterana do Brasil, desde que realizem no pr-estgio e no estgio atividades evangelsticas e/oumissionrias;

    4. Que evangelistas e missionrias possam realizar todas asatividades que fazem parte do sacerdcio universal doscrentes, sendo vedado a elas/eles a administrao dossacramentos (batismo e santa ceia);

    5. Que evangelistas e missionrias tenham as mesmasatribuies, sendo que s missionrias, por fazerem umcurso teolgico mais profundo e mais extenso, possam serdadas tarefas mais difceis e/ou de maior responsabilidade;

    6. Que as missionrias possam fazer e/ou coordenar trabalhosmissionrios nas igrejas locais, em pontos de misso e em

    frentes avanadas de misso no Brasil ou no exterior;7. Que continuemos a incentivar rapazes e moas, homens e

    mulheres a fazerem os cursos oferecidos pelas escolasoficiais;

    8. Que, sendo aprovado pela IELB atravs dos canaiscompetentes a formao de missionrias, que divulguemos,incentivemos e desafiemos moas e mulheres dadenominao a se prepararem para trabalhar comomissionrias;

    9. Que a Diretoria nacional da IELB e os Seminrios tratemdos detalhes para a execuo deste projeto;

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    10. Que a Diretoria nacional da IELB e especialmente a rea deMisso providencie a colocao destas no trabalhomissionrio.

    CONCLUSO

    O estudo deste assunto deu-nos a oportunidade de conhecer um pouco

    sobre a importantssima participao da mulher no trabalho da Igreja,principalmente no trabalho missionrio. Quer atravs de organizaesmissionrias ou diretamente, inmeras mulheres crists tm ajudado na obramissionria.

    preciso incentivar e desafiar mulheres solteiras e casadas a seprepararem bem para atuarem como missionrias no Brasil e exterior.

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