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M`Yerushalaim

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Roma

como um movimento judaico Messiânico

se tornou católico e romano

4 de Abibe de 5772

Rosh Baruch Ben Avraham

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Introdução

Uma das mais intrigantes perguntas para qualquer investigador da história é: Como um movimento israelita nascido em Yerushalaim fundado por doze enviados todos eles judeus, escolhidos por um Messias judeu que chamou Yerushalaim de a cidade santa e que declarou não ter vindo abolir nem um yud ( a menor letra da Torah) e nem um traço (elemento de ligação entre as letras) se transformou numa organização global que nega quase todos os valores do judaísmo?

Estamos nos interrogando como surgiu esta potência

avassaladora, a Igreja Católica Apostólica Romana a quem os crentes modernos, apesar de sua sinceridade, de sua redenção pelo sangue do Messias e de sua fé inquebrantável naquele que “nos salvou não segundo às nossas obras, mas segundo a sua própria determinação e graça que nos foi dada em Yeshua há Maschiach antes dos tempos eternos,” (1 Timóteo 1:9) ainda devem mais do que sabem e mais dp que normalmente estão dispostos a admitir. Igreja Católica Apostólica Romana e do sistema de culto, crenças e adoração que ela chamou de cristianismo apostólico.

Para responder a essa pergunta é preciso recorrer à história do

movimento judaico messiânico do primeiro século, conhecer as suas raízes, o pano de fundo histórico que deu origem ao mais poderoso movimento religioso de todos os tempos, o cristianismo. É preciso deixar de lado a história recontada pela Igreja Católica Apostólica Romana a fim de descobrirmos que há uma diferenciação enorme entre o tronco (judaísmo messiânico) erguido no primeiro século e o galho, o cristianismo romano surgido no quarto século. Fazendo isso constataremos que chegou a hora de todos nós, crentes iluminados pela palavra de assumirmos outra identidade, não a nova identidade surgida no quarto século, mais dos crentes do primeiro século.

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Todos os Crentes em Yeshua se Chamavam de Fato Cristãos?

Estamos acostumados a identificar os seguidores do Messias,

redimidos e salvos pela graça salvadora do Pai através de seu sangue simplesmente como cristãos. Esta tem sido a forma como a maioria dos grandes e médios movimentos se identifica em todos os lados. Aqui no Ocidente é a uma convicção que todos os seguidores de Yeshua no primeiro século se identificavam pelo termo grego cristãos. Isso é natural. Com nossos olhos voltados para o nosso próprio umbigo e ignorando a força avassaladora da Igreja Católica Apostólica Romana sobre o pensamento ocidental nem nos ocorre sequer imaginar que os crentes messiânicos do oriente onde nasceu a nossa fé pudessem se chamar outra coisa além de cristãos ou se basearem noutro “original” do Novo Testamento que não seja em grego. Assim, a maioria dos crentes se declara parte da cristandade.

No ocidente a exceção contraditória são os nossos irmãos

testemunhas de Jeová que paradoxalmente se declaram genuínos cristãos ao mesmo tempo em que se declararam separados da cristandade, ainda que nesse caso, seu posicionamento segregacionista está longe de ser adequado, uma vez que o sangue de Yeshua nos tornou irmãos na mesma redenção, apesar das minudências que nos separam. Mais recentemente o movimento judaico messiânico vem atraindo os judeus crentes em Yeshua que até então viviam na sua maioria nas igrejas cristãs à uma identidade distinta, o judaísmo messiânico, e que não obstante é vista pela igreja cristã como um movimento novo, de judeus que amam a Yeshua mas não conseguem se desprender de suas tradições milenares.

Do Oriente, mais especificamente da Índia, tomamos

conhecimento da existência do povo כנעניה kenanayah, um povo endogâmico (que se casa apenas dentro de seu clã), que se identifica como a seita judaica dos zelotes que se converteu em massa a Yeshua depois da destruição de suas comunidades pelo exército romano e que fugiu para a índia no ano 343 perseguido nem mais nem menos do que pela Igreja Católica recém surgida.

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Eles mantém a tradição de que 72 famílias, sendo perseguidas por que se negaram a mudar a data da celebração do pessach e a renunciar outros costumes judaicos fugiram para a Índia indo aportar nas costas de Malabar, no atual estado de Kerala onde praticaram o judaísmo, e cultivaram o uso do hebraico e do aramaico de seus antepassados até a chegada dos portugueses e sua inquisição que os obrigou a abandonar a língua, os rituais e as praticas da Torah. A comunidade hoje reduzida a cerca de 60 mil pessoas sobreviveu, apesar das perseguições, graças ao casamento endogâmico.

Na mesma Índia outro grupo de crentes em Yeshua que

reivindica seu surgimento no primeiro século graças a pregação de Tomah, o apóstolo de Yeshua também chamado de o Gêmeo são os nasrani de Kerala. Tomah havia ido à Índia para converter os judeus de Cochin, israelitas que haviam chegado à índia nos dias de Shlomo há Melech, 900 anos antes. O fato de terem sido fundados por um dos doze, de terem tido forte influência judaica entre eles em seus primórdios de se chamarem a si mesmos de nasrazni (nazarenos), em vez de cristãos, nome que se dão a si mesmos até ao dia de hoje é uma prova indeclinável de que os crentes judeus do primeiro século não se chamavam cristãos, mas nazarenos, tal como as provas que serão demonstradas mais tarde nesse artigo.

Esse fato prova que o termo cristãos foi tipicamente ocidental,

e mais ainda próprio da igreja greco-romana. Os nasrani, que são cerca de 6 milhões uns 12% da população de Kerala se mantiveram dentro dos marcos estritos do judaísmo até ao quarto século quando caíram sob o domínio do patriarcado da Pérsia, já fortemente influenciado por Roma. A partir daí o judaísmo foi sendo gradualmente abandonado, acabando por morrer com a chegada dos portugueses e a proibição das liturgias em aramaico e hebraico. No entanto, até ao dia de hoje, restaurada a liberdade de culto com o fim da pressão da inquisição, a liturgia da igreja nasrani mistura o malayalam que é uma das línguas nativas do kerala com o siro-aramaico adotado ainda nos dias de Tomah, o apostolo de Yeshua e seu glorioso fundador.

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Porque iniciamos o presente estudo sobre a trajetória dos crentes de Jerusalém para Roma justamente por sua identidade? A razão é simples, a maioria esmagadora dos crentes, algo como 99,99% deles, ou talvez mais está convencida de que Yeshua veio para fundar uma nova religião, o cristianismo, e que cristão é a melhor definição de seguidor de Yeshua.

Yeshua o Nazareno

Como sabemos o termo nazareno deriva do hebraico ָנַצר netzar e do aramaico netzarayah que significa broto ou rebento e ainda guardar e manter. Sua raiz está relacionada com a palavra hebraica ָנִזר nazir que significa separado ou consagrado, algo que tem tudo a ver com o Messias que Ra separado e santificado como nenhum outro homem que tenha vivido ou que venha a viver e com seus seguidores que são chamados ser separados do mundo. A Brit Chadashá diz que Yosef, avisado em sonhos retirou-se para Netzaret, a fim de que Yeshua pudesse ser chamado apropriadamente de nazareno.

“E depois de ter sido avisados em sonhos, retirou-se para o distrito da Galiléia. Lá, ele fez sua casa em uma cidade chamada Nazaré, de modo que o que fora dito pelos profetas pudesse ser cumprido, "Ele será chamado de Nazaré."

Críticos da fé em Yeshua como Maschiach dizem que a declaração não procede por que nenhum profeta mencinou a frase “ele será chamado netzar ou nazareno. O que eles ignoram aqui é o fato de que é comum aos interpretes e escritores judeus se referirem não apenas ao que os profetas falaram literalmente no pashot, mas também aquilo que falaram em remez ou dica, em drash ou metáfora e mesmo em sod, ou nível oculto. Isso os judeus sabem, pois o método está presente em toda a literatura rabínica, só que preferem fazer vistas grossas a fim de depreciarem a fé em Yeshua. E bem, vários profetas mencionaram o surgimento da raiz de Yshay (Jessé). Um deles foi Yirmiahu.

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“Brotará uma vara do tronco de Yshay, e um ramo brotará das suas raízes. Ve · ya · · tza cho ter mig · ge · za · yi ve shai · ne · tzer mi · sha

· ra · · shav yif reh.” Yeshayahu/Is 11:1.

Outro detalhe a considerar é que os crentes judeus incluíam outros escritos em seu cânon. Chanok por exemplo é mencionado por Yehudáh como um profeta messiânico que antecipou a vinda do rei nas nuvens. Só que no caso ele mencionou Chanok, e na profecia “ele será chamado nazareno”, se os discípulos se referirem ao nível pashot ou literal estarão mencionado outro profeta cujo nome não nos é revelado. No entanto, Jerônimo que travou contato com os nazarenos no quarto século diz que o escritor se referia à Yeshayahú e que os nazarenos entendiam que o profeta estava fazendo uma insinuação, não uma declaração direta. Tal posição, é compatível com a forma judaica de interpretar as Escrituras.

De toda a forma não há duvida alguma de que Yeshua foi

chamado Netzary ou nazareno. A prova maior foi sua identificação no dia da execução quando ao ser perdurado no madeiro, Pilatos mandou colocar sobre ele o título real escrito em três línguas que usavam e ainda usam caracteres diferentes, o hebraico, o grego e o latim. Yochanan nos informou sobre isso.

“E Pilatos mandou preparar uma placa que foi escrita e pregada

numa estaca, onde se lê: Yeshua de Netzeret, o rei dos judeus."

Yochanan/Jo 19:19. (Bíblia Judaicam versão do Dr. David Stern)

Pilatos não criou um título para a Yeshua. Ele tanto se

identificava como era identificado como tal. Ao entrar na Sinagoga de K`far-Nachum o homem possesso de um espírito impuro gritou-lhe:

“Ah! O que você quer de nós, Yeshua de Natzaret? Veio para nos

destruir? Eu sei que você é o santo de Elohim.” Marcos 4:35

Quando os fariseus que não criam nele conspiraram para o

prender enviando homens com armas e lanternas, em busca do nazareno o Maschiach se assumiu a si mesmo como o nazareno:

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“Yeshua sabendo tudo o que ia acontecer, saiu e lhes perguntou “A quem vocês procuram?” A Yeshua de Natzaret,” eles responderam. Ele disse: “Sou eu”. Yochanan 18:5. (Bíblia Judaica, Versão do Dr. David Stern).

Sabemos ainda que na Estrada de Damasco Yeshua se

identificou a si mesmo ao chamar Shaul na língua hebraica dizendo: “Sou Yeshua de Natzaret a quem tu persegues. “ Atos 22:8.

Isso explica por que dentro do judaísmo, os seguidores de

Yeshua eram conhecidos pelos membros das demais seitas judaicas como perushim e tsadokim como os integrantes da seita dos netzarim ou nazarenos. Shaul foi acusado de ser uma das “principais pestes” daquele grupo.

“Descobrimos que este home é uma peste. Ele é um

agitador dos judeus pelo mundo todo e é o líder da seita dos netzarim.” Atos 24:5. (Bíblia Judaica, Versão do Dr. David Stern).

A Seita Judaica dos Nazarenos – Os Primeiros Messiânicos

Bem, já sabemos que Yeshua se identificou como nazareno,

que seus seguidores e adversários o tratavam como nazarenos e que até os demônios o nomeavam como tal. Por que então os crentes em Yeshua não são chamados de nazarenos e não se chamam a si mesmos como tais, mas preferem se chamar cristãos, a exceção da Igreja do Nazareno, uma organização metodista com 27,5 mil congregações e 2,13 milhões de membros?

Essa é uma pergunta importante por que temos testemunhos

insuspeitos de que nos dias de Jerônimo, os judeus crentes em Yeshua não se chamavam cristãos, mas nazarenos e eram vistos com maus olhos pela igreja romanizada.

"Mas estes sectários... não se chamam a si mesmos de cristãos,

mas de Nazarenos...". (Epifânio; Panarion 29)

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A crença dos nazarenos diferia dos cristãos do quarto século não na confiança firme de que Yeshua era o Maschiach e Salvador prometido. O testemunho de Epifanio é ainda mais incisivo. Os nazarenos eram judeus de fé e prática. Teodoreto afirma que os nazarenos rejeitavam os escritos de Shaul. Quando vimos anteriormente através dos nazarenos do oriente essa informação não procede. Os nazarenos do oriente incluíram todas as epístolas de Shaul em seu Canon. Há mais indícios de que os ebionitas (pobres), ou pelo menos parte deles tivesse rejeitado a Shaul.

É importante lembrar que Shaul procedia de uma escola

judaica que facilitava as coisas para os gentios piedosos, a escola se Hillel, de onde procedeu o grande rabi Gamaliel, instrutor de Shaul. Por sua vez a escola de Shamai afugentava os gentios e considerava que eles estavam sob idênticas obrigações que os judeus se queriam ser considerados piedosos. Ainda que o ponto de vista de Hillel foi acatado por todo o judaísmo, parece que os ebionitas não o aceitaram, e fazendo assim tiveram que rejeitar também a Shaul, já que foi Shaul e não Yeshua que ensinou que os gentios não precisavam cumprir toda a Torah.

Como netzarim eles tinham uma crença comum e sustentavam

que Yeshua era o Maschiach, mas paralelamente a isso guardavam a Torah de Moshe, com seus dias de guarda e observavam rigidamente a circuncisão:

“Eles não têm ideias diferentes, mas confessam tudo

exatamente como a Lei proclama e na forma judaica - exceto por sua crença no Maschiach a seu favor! Porque eles reconhecem tanto a ressurreição dos mortos e a criação divina de todas as coisas, e declaram que Elohim é um, e que seu Filho é Yeshua há Maschiach.” -Epifânio de Salamis, Panarion 29.7.2

“Eles discordam com os judeus, porque eles vieram à fé em

Cristo, mas como eles ainda estão acorrentados pela lei - a circuncisão, o sábado, e o restante - eles não estão de acordo com os cristãos.” -Epifânio de Salamis, Panarion 29.7.4

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“Eles usam não apenas o Novo Testamento, mas o Velho Testamento, assim, como os judeus fazem.” -Epifânio de Salamis, Panarion 29.7.2

“Eles têm bessorat há Mattay (Evangelho segundo Mateus) em sua

totalidade em hebraico. Pois é claro que eles ainda preservam esta, no alfabeto hebraico, como foi originalmente escrito.” - Epifânio de Salamis, Panarion 29.9.4

Quanto aos costumes Jerônimo se confundia em como

classificar os nazarenos, não os considerava judeus por que acreditam em Yeshua e não os considerava cristãos por que eles criam em Moshe.

“Que direi dos ebionitas que fingem ser cristãos? Para estes

dias ainda existem entre os judeus por todas as sinagogas do Oriente uma heresia que é chamada de Minaeans (hereges), e que ainda é condenada pelos fariseus; [seus seguidores] são normalmente chamados de "Nasarenos ', pois eles acreditam que o Maschiach, o filho de Elohim, nasceu da Virgem Maria, e mantém que ele padeceu sob Pôncio Pilatos, e subiu ao céu, e no qual também acreditamos. Mas enquanto eles fingem ser tanto judeus como cristãos, eles não são.” (Citado em Jewish Encyclopedia a partir de Ep. LXXXIX. Anúncio Augustinum). Por outro lado ele nos revela uma coisa surpreendente, os

nazarenos tinham suas sinagogas, ou secretamente mantinham sua fé em Yeshua dentro das sinagogas de seus irmãos judeus que então os chamavam de min, que era o termo comum para todos os tipos de hereges.

Bem, estes testemunhos confirmam uma cisão entre os

seguidores de Yeshua, e confirmam que os judeus que criam em Yeshua não se apresentavam como cristãos, mas como nazarenos, e que os tais eram cumpridores da Torah e que conservavam o texto hebraico de Matytyahu ou Mateus. Isso tudo nos leva de volta ao título desse tópico: por que hoje os crentes em Yeshua se declaram cristãos? Claro que essa não é toda a questão. Mas comecemos por ela.

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Cristãos ou Chamados Cristãos?

O termo cristão é mencionado apenas três vezes na Brit

Chadashá ou Novo Testamento. Lemos no livro de Atos que “em Antioquia, foram os discípulos, pela primeira vez, chamados cristãos." (Atos 11:26). Ora, As escrituras nem mesmo dizem que eles se chamaram cristãos, mas que eles foram chamados de cristãos. Desde logo uma coisa é ser chamado cristão por alguém que não é judeu, que mora fora de Israel e outra coisa é um judeu chamar-se a si mesmo cristão dentro de Israel.

O texto aqui referido mostra que nem os crentes se chamaram

a si mesmo cristãos e mais do que isso, que eles foram chamados como tais pelos gentios que viviam fora de Israel. Ora Antioquia era uma cidade grega, atualmente sob domínio turco e localizada a 310,59 milhas (499,83 km) de Yerushalaim. Ali por primeira vez os seguidores de Yeshua foram apelidados de cristãos. Bom, raramente se discute sobre isso.

A palavra cristão está cristalizada na mente do povo, e se

imagina que a palavra grega Cristos seja apenas a tradução da palavra hebraica Maschiach. Isso em parte é verdadeiro. Um sacerdote pagão, consagrado ao serviço de seus deuses nos templos era de fato chamado de Cristos. Ao traduzir o Novo Testamento do aramaico para o grego no quarto século entendeu-se que a palavra seria a ideal. Por nosso lado recomendamos o emprego do original hebraico Maschiach (askenazi Moshiach), de sua tradução para o português Ungido ou então Messias, palavra portuguesa hebraica relacionada com o inglês Messiah (Messaia).

Por outro lado, toda a vez que sabemos que a palavra Cristo

não é a mais adequada para nos referirmos a Yeshua, deve ficar subentendido que é recomendável que os crentes em Yeshua prefiram também se chamar nazarenos ao se identificar com Yeshua ou messiânicos para demonstrar sua fé em Yeshua. Aliás, era exatamente dessa forma que eles se chamavam até pelo menos o século VII quando surgiu o islamismo e o Al Kuran que declara:

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“Os judeus dizem que os nazarenos (Nasara) não são nada, e os nazarenos (Nasara) dizem que é os judeus que não são nada. No entanto, ambos leem o Livro. E aqueles que não sabem dizer como a sua palavra. Alah julgará entre eles as suas disputas no Dia da Ressurreição.” Hassan Al-Fathi Qaribullah Alcorão Tradução, 2:113. AL-113 Baqara

O que queremos deixar claro é que o cenário religioso dos

primeiros dois século exclui a existência do catolicismo e por conseguinte da fé que ele sustenta, o cristianismo, declarado por Constantino a religião oficial e única do Império. O fato de que os reformadores do século XVI, apesar de mudarem muitos dos aspetos da religião católica não tivessem se preocupado em mudar sua senha de identificação se deve ao fato de eles promoveram a Reforma, a mudança e melhora da Igreja, mas deixaram de lado a Restauração que Adonay reservou para nossos dias.

Não Havia Relações Judaico Cristãs no Primeiro Século

Ora, é preciso que se diga que no primeiro século não se

falava da relação entre cristãos e judeus. Com isso não estamos negando de forma alguma a existência de Yeshua há Maschiach e de seus milhares de seguidores. Não permita Elohim que digamos ou nem mesmo pensemos semelhante blasfêmia. Na verdade o que estamos afirmando é que a melhor forma de negar a essência da obra de Maschiach é supor que haviam azedas relações judaico-cristãs, e que os cristãos do primeiro século estavam enfrentando o judaísmo como precursores da Igreja que lhe declararia guerra e que perseguiria os judeus em nome de Jesus como parte de uma missão sagrada cujos frutos últimos foram colhidos na Alemanha Nazista.

Dizer que havia um conflito entre judeus e cristãos no primeiro

século nega os fatos por que o cristianismo como força política e braço do Estado Romano ainda não havia surgido no cenário da história quando nazarenos, zelotes, saduceus e principalmente fariseus se enfrentavam acerca da identificação ou não de Yeshua como Messias. Todos estes debates se estabeleceram à sombra do Templo e sob o teto das sinagogas ou Beit Knesset da Judéia

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Yeshua era um judeu, descendente biológico de David, circuncidado ao oitavo dia, apresentado no templo mediante os sacrifícios. Ele ia à Sinagoga a cada shabat, tomava parte nas parashot (porções semanais da Torah) e das haftarot (leitura dos profetas). Ele era um praticante da Torah, celebrava o Pessasch e não a páscoa romana, participava do shacharit não da missa dominical. Quando curava um leproso ordenava que ele se mostrasse ao sacerdote para que ele lhe declarasse limpo. Quando entrava no Templo se enchia de zelo pela santidade daquele lugar. Quando encontro os cambistas no Templo, virou as mesas, os expulsou dizendo: “Não façam da Casa de Meu Pai uma casa de venda”.

O que se diz em relação a Yeshua tem de ser dito também em

relação a seus seguidores que eram apenas judeus frequentadores assíduos da sinagoga e do Templo. O conceito de que os discípulos sendo judeus se tornaram “cristãos”, uma palavra grega, e passaram a viver como gentios de costas voltadas para o templo não se sustenta de forma alguma. As Escrituras dizem que os primeiros seguidores de Yeshua “perseveravam diariamente unânimes no templo”. Atos 2:47. Mostram ainda que eles iam ao Templo nas horas regulares de oração. Para todos os efeitos não há como se dizer que os discípulos eram cristãos, a menos que cristianismo significasse judaísmo, mas os cristãos em geral supõem que o cristianismo tem pouco a ver com o judaísmo exceto na crença nos mesmos profetas. Assim, pelo próprio testemunho das Escrituras se conclui que os crentes do primeiro século não eram cristãos como hoje se supõe, mas judeus praticantes crentes em Yeshua.

Embora essa revelação produza o feito de um choque pós-

traumático sobre muitos crentes, tal trauma pode ser necessário para o resgate da verdadeira história e da verdadeira identidade da kehilah de Maschiach (Igreja do Messias). Na verdade o cristianismo é um movimento que surge no final do segundo século, subserviente aos interesses dos governantes e que vai lentamente sufocando o movimento nazareno ou messiânico que inicialmente era liderado por judeus tão aferrados ao templo e à sinagoga como qualquer outro segmento.

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Sim o movimento nazareno surgiu à sombra do templo. Lugar amado por todos os judeus fossem ְצדּוִקים tsadokim (saduceus), קנאים zelotes como Kefa ou פרושים perushim (fariseus) da Beit Hillen (Casa de Hillel) como Shaul ou Paulo que se opunham aos outros fariseus os da Casa de Shamai. Estes grupos apesar de sua rivalidade acérrima na interpretação das Escrituras, rivalidade que as vezes degenerava em luta armada e assassinatos, eram um só em defesa do Templo como local sagrado,

Isso à exceção dos essênios que acreditavam na santidade do

templo, mas não em seus sacerdotes, especialmente no principal deles que chamavam o mestre da iniquidade, razão pela qual não o visitavam. Segundo eles, o kohem há gadol, o sumo sacerdote havia maculado o lugar santo e conspurcado seus rituais por não ser um legítimo descendente de Tzadok, o descendente de Aharaon escolhido por Adonay para o sacerdócio, mas um político traidor à serviço do odiado Império Romano.

Ou seja, os messiânicos ou nazarenos eram uma seita judaica,

nascida à sombra do Templo e nada mais do que isso. No entanto, os crentes em Yeshua como Messias eram apegados a tudo o que está escrito na Torah e nos profetas (Atos 24:14) e como seguidores de Yeshua viam o Beit Há MIkdesh como a casa de seu pai tal como Yeshua a chamava (Yochanan/Jo 2:16) e a Yerushalaim como a cidade do grande rei em cujo nome não se devia jurar (Tehilim/Sl 48:2, Matytyahú/Mt 5:34), pois era a cidade santa (Yeshayahú/Is 52:1 Nehemiah/Ne 11:1 Matytiahú/Mt 27:52).

Estes crentes subiam regularmente ao templo para orar na

hora nona (Atos 3:1) como qualquer israelita o faria, e permaneciam unidos em torno do Templo (Atos 2:26), pois para eles a santidade daquele lugar não tinha desaparecido por causa da infidelidade de alguns. Por essa razão crentes messiânicos iam ao templo, pagavam votos e ofereciam sacrifícios. (Atos 21). Ou seja, no primeiro século judeus crentes em Yeshua eram vistos apenas como mais uma seita que se somava às quatro já existentes, fariseus, saduceus, essênios e zelotes.

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Por isso muitas vezes os nazarenos ou messiânicos partilhavam as mesmas sinagogas. (Atos 13:6, 14) Nessas oportunidades partilhavam de todos os direitos não só de visitantes, mas de leitores da Torah e de mestres da palavra como parte do mesmo povo (Atos 13:15, 42 e 18:19-20), impressionando e fazendo discípulos para o Messias dentro de um contexto judaico e não para atraí-los a uma nova religião, até por que essa religião ainda nem mesmo existia.

Por essa razão Shaul fazia questão de se declarar que era

judeu (Atos 18:10) religioso, um fariseu, filho de fariseus (Atos 23:6). Logo se existe uma coisa acerca do qual se pode falar com absoluta certeza e de que os cristãos tal como o conheceríamos a partir do quarto século em sua doutrina e em sua visão não tinham qualquer relação com as descrições dos evangelho, do livro de Atos ou das cartas de Shaul. As relações judaico cristãs só surgiriam definitivamente 300 anos depois quando Roma, senhora da fé de seu povo decide apoiar os bispos apóstatas de Roma e seus aliados.

O 1º Trauma Entre Judeus Messiânicos e Tradicionais (67 a 70 EC)

Quem quer que frequente uma congregação que dá espaço à

manifestação do livre pensamento notará debates acirrados entre crentes que partilham uma porção de coisas em comum, mas que discordam num ponto em particular. Experimente a falar de predestinação numa escola dominical, numa escola sabatina ou num encontro de líderes evangélicos e verá acirradas discussões entre cristãos. Isso não era diferente entre os judeus.

É um fato que havia confrontos entre nazarenos e fariseus, e

que estes confrontos se desenrolam nos locais públicos e privados, no entanto, e que ocasionalmente pessoas destemperadas partissem até para a violência a fim se resolver disputas ideológicas. Mas normalmente os confrontos entre nazarenos e fariseus não eram mais intensos dos que opunham fariseus e saduceus, e nem mesmo mais intensos dos que opunham as duas casas rivais do farisaísmo, a Beit Hillel e a Beit Shamay.

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Nada faz supor que os nazarenos que fugiram de Yerushalaim no ano 70 e que para lá retornaram pouco depois até serem banidos definitivamente chegaram a ser uma Igreja Católica Apostólica Romana por uma simples e natural involução de sua fé. Que se tornam “cristãos” gentios. No entanto sabemos que as origens da Igreja Católica Apostólica Romana também são judaicas, ou pelo menos parcialmente judaicas.

Para entender por que um movimento judaico chegou a uma

ramificação tão transviada chamada cristianismo católico romano é preciso ter em conta que o judaísmo e seus diversos segmentos passou por três traumas tremendos. O primeiro trauma ocorreu no ano 70 quando Yerushalaim foi atacada pelos romanos, o templo foi destruído e os crentes messiânicos ficaram fora da luta.

A razão disso é que haviam sido advertidos por Yeshua de que

deviam fugir para os montes quando vissem Yerushalaim cercada de exércitos, já que a cidade seria inapelavelmente destruída. (Matytyahú/Mt 24:16). O fato de que os crentes em Yeshua tivessem se negado a lutar ao lado dos fanáticos zelotes, edomitas e outros extremistas que tomaram a cidade de assalto por ocasião da celebração da festa de Pessach e tivessem fugido para a cidade de Pela antes da sua tomada pelas tropas romanas semeou a desconfiança entre judeus não messiânicos e judeus messiânicos acerca da verdadeira identidade religiosa dos nazarenos.

A partir daí os messiânicos começaram a ser vistos como

traidores da causa judaica, e não apenas como pessoas que sustentavam pontos opostos como ocorria com perushim (fariseus) e tsadokim (Saduceus). Os vínculos que uniam as diferentes seitas numa religião comum, o judaísmo e num lugar sagrado comum a todos, o templo, começaram a ruir, principalmente a partir do momento em que a subida ao monte Tzion, expressão máxima da fé judaica já não era possível por que o Templo estava em ruínas. Ainda assim os zakenim (anciãos) da circuncisão dirigiam a obra desde Yerushalaim. Distanciados, mais ainda assim unidos em torno da cidade santa.

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Sabemos que mesmo ante um claro distanciamento entre a seita dos nazarenos e as seitas dos perushim e tsadokim os crentes em Yeshua seguiram tão ligados a Yerushalaim como antes. Ali eram tomadas as decisões mais importantes para o desenvolvimento da missão de proclamar a bessorat ao mundo e principalmente o caminho a seguir para atrair os gentios à Torah como é narrado em Atos 15 e Atos 21 bem como no livro de Galátas.

O 2º Trauma Entre Judeus Messiânicos e Tradicionais (130 a 132 EC)

No entanto, um trauma muito maior viria 60 anos depois

quando Bar Kosba, um, mentiroso trapaceiro e fanático foi ungido Messias pelo pai da era tanaítica, o renomado Rabi Yosef Akiba. Os crentes em Yeshua sabiam que viriam homens em seu próprio nome que seriam cridos pelos que tinha rejeitado Yeshua depois dele ter vindo em nome de seu pai. (Yochanan 5:43).

Isso veio efetivamente acontecer no ano 130, por ocasião da

Segunda Revolta Judaica contra Roma. E o problema não era nem mesmo combater um império que acabara de desrespeitar o monte santo colocando sobre ele uma estátua do ímpio Adriano. Em defesa do lugar santo era mais que provável que os messiânicos estivessem dispostos a se sacrificar desde que a causa fosse compatível com sua fé, mas esse não era o caso. Eles não estavam sendo convidados a defender os lugares santos, mas a se engajar na luta em defesa de um homem profano que habilmente catalisara a indignação do povo contra Roma em benefício de sua própria glória.

O Problema era o juramento em torno de um falso Messias

que havia ludibriado o Beit Din rabínico cujos olhos foram fechados para abraçar o messias verdadeiro, mas se abriam para um messias falso a quem os messiânicos jamais seguiriam nem na vida e nem na morte. Essa era uma decisão difícil para os crentes messiânicos. Ver seu povo envolvido numa batalha em nome de um falsário sem nada poder fazer para ajudar não deve ter sido tarefa fácil para os crentes em Yeshua.

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Ali estavam bandidos nacionais escravizando seu povo e levando-os a sustentar uma luta sangrenta cujos resultados para eles eram certos, a derrota e a humilhação numa reedição ainda maior. Eles sabiam que a hora da gueuláh ainda estava distante, os demais não.

“A rebelião dos judeus tomava novamente maior força e maior

extensão. Rufo, governador da Judéia, com o reforço militar enviado pelo imperador e tirando partido sem piedade de sua louca temeridade, marchou contra eles. Aniquilou em massa milhares de homens, de crianças e de mulheres, e ao amparo da lei da guerra reduziu seus territórios à escravidão. Mandava então sobre os judeus um chamado Barkokebas, que significa "estrela", um homem homicida e bandido, mas que, por seu nome, como se tratasse com escravos, dizia que era luz descida dos céus para eles, e com mágicas enganosas fazia ver aos maltratados que brilhava.” Eusébio de Cesaréia, História Eclesiástica, Casa Publicadora das Assembléias de Deus, Rio de Janeiro, Pág. 269.

Mas se era difícil para os crentes não ajudar seus irmãos

quando os exércitos de Roma reduziam cidades e vilas e escombros, humilhavam suas mulheres e virgens e massacravam, torturavam e escravizavam seus irmãos, para os demais judeus entender por que não se juntavam a eles naquela luta de morte foi ainda mais difícil. O Rabi Akiva Ben Yosef (17-137), cuja tumba se encontra em Tiberíades, sendo objeto de veneração pelos judeus ortodoxos até o dia de hoje foi o instrumento da separação espiritual entre judeus crentes em Yeshua e os descrentes ao abençoar o embusteiro Bar Kochba como Rei e Messias de Israel.

A verdade é que embora isso não pudesse ser entendido pela

comunidade judaica não messiânica os crentes em Yeshua não podiam marchar sob as ordens de um fanático e lunático que se proclamava Messias. Na guerra em que pereceram 500 mil judeus, os messiânicos que sabiam quem era o verdadeiro Messias não estavam lá. Uma barreira enorme se abriu entre os judeus tradicionais seguidores do embusteiro Bar Kosba com a benção do Rabino Akiba, o grande herói da Era Talmúdica e os judeus messiânicos que foram então amaldiçoados pelo Rabino Akiba e passaram a ser denunciados como falsos, hipócritas e apóstatas.

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No ano 133 os revoltosos foram finalmente silenciados. Centenas de milhares deles foram mortos e muitos escravizados. Meninas judias foram vendidas como prostitutas e mulheres arrancadas dos braços de seus maridos. Cerca de 580 mil judeus perderam a vida na infame revolta liderada por um infame messias, e sufocada pelo mais infame dos exércitos da antiguidade, o exercito romano.

A batalha foi entre judeus não messiânicos enganados com a

perspectiva de que a hora da redenção havia chegado e as detestáveis legiões romanas, no entanto os messiânicos que não haviam seguido o trapaceiro Bar Kochba e o cego Rabi Yosef Akiba, (17-137) os quais também amavam Yerushalaim mais do que qualquer lugar na terra viriam a sofrer um duro golpe. Se por um lado Yeshua era o Messias de uns e Bar Kochba o Messias dos demais, para ambos os grupos Yerushalaim era a cidade santa e o Monte Tzion o lugar sagrado.

Por esse motivo, até a segunda revolta a direção das

congregações messiânicas de todo o mundo, tanto as formadas por judeus, como as formadas por judeus e gentios se localizava em Yerushalaim. Era dali, que eles dirigiam a obra e deitavam halachá para todos os crentes, judeus ou gentios. E segundo as contas apresentadas por Eusébio de Cesaréia os anciãos da circuncisão foram em número de 15 desde Yakov (Tiago) até Yehudáh (Judas).

Os bispos de Jerusalém, desde o Salvador até os tempos de

Adriano: “ No que tange às datas dos bispos de Jerusalém, nada encontrei conservado por escrito, porque, na verdade, uma tradição afirma que tiveram vida muito breve. Do que foi deixado por escrito, consegui tirar a limpo isto: que até o assédio dos judeus, nos tempos de Adriano, houve uma sucessão de bispos em número de quinze, e dizem que desde a origem todos eram hebreus que haviam aceitado sinceramente o conhecimento de Cristo, tanto que aqueles que estavam capacitados a julgá-los consideraram-nos até dignos do cargo de bispos. Naquele tempo, efetivamente, a igreja era toda composta por fiéis hebreus, desde os apóstolos até o assédio dos que então restavam, quando os judeus, novamente separados dos romanos, foram vítimas de grandes guerras.

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Portanto, como quer que tenham terminado os bispos procedentes da circuncisão naquele momento, talvez seja necessário agora dar sua lista desde o primeiro. O primeiro pois, foi Tiago, o chamado irmão do Senhor; depois dele o segundo foi Simeão; o terceiro, Justo; o quarto, Zaqueu; o quinto, Tobias; o sexto, Benjamim; o sétimo, João; o oitavo, Matias; o nono, Felipe; o décimo, Sêneca; o décimo primeiro, Justo; o décimo segundo, Levi; o décimo terceiro, Efrem; José o décimo quarto e, depois de todos, o décimo quinto, Judas..

Estes foram os bispos da cidade de Jerusalém, desde os

apóstolos até o tempo de que estamos falando, e todos oriundos da

circuncisão.. Achava-se o reinado em seu décimo segundo ano quando Sixto,

que havia cumprido seu décimo ano no episcopado de Roma, foi sucedido por Telesforo, sétimo a partir dos apóstolos. Passando ainda um ano e alguns meses, Eumenes recebe em sucessão a presidência da igreja de Alexandria; segundo a ordem, foi o sexto. Seu predecessor havia permanecido no cargo onze anos.” Eusébio de Cesaréia, História Eclesiástica, Casa Publicadora das Assembleias de Deus, Rio de Janeiro, Págs. 268-269.

Após Yehudá no ano 135, começaram então os bispos

incircuncisos a governarem a comunidade messiânica de Yerushalaim, que passou a ser composta apenas de gentios.

“Por decisão e por mandato de uma lei de Adriano proibiu-se a

todo o povo judeu dali em diante pôr os pés sequer na região que rodeia Jerusalém, de forma que nem de longe podiam contemplar o solo pátrio. Isto foi contado por Ariston de Pela. Assim foi que a cidade chegou a ficar vazia da raça judia, e foi total a ruína de seus antigos moradores. Pessoas de outra raça vieram a habitá-la, e a cidade romana então constituída logo trocou de nome e se chamou Elia, em honra ao imperador Adriano. Mas também a igreja dali veio a ser composta de gentios, e o primeiro que se encarregou de seu ministério, depois dos bispos que procediam da circuncisão, foi Marcos..” Eusébio de Cesaréia, História Eclesiástica, Casa Publicadora das Assembléias de Deus, Rio de Janeiro, Pág 356

A tradição cristã diz que esta rápida sucessão se devia ao fato

de que os líderes da comunidade sobreviveram pouco tempo, sendo logo assassinados por seus irmãos judeus.

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Na minha opinião essa é mais uma lenda cristã sustentada por Eusébio e por toda a cristandade romana e apóstata para justificar mais tarde tanto a mudança da sede para Roma como as posteriores perseguições cruéis contra os irmãos de Yeshua, os judeus. Na minha opinião o que ocorria é que regularmente a comunidade messiânica substituía seus zakenim que eram então despachados para outras missões.

É bom ressaltar, que a Roma que mais tarde absorve a visão de

Yeshua como Messias, não sem antes corrompê-la, não estava em guerra com judeus não messiânicos, mas com todos os judeus. Assim, ainda que os messiânicos não participaram da luta, nem por isso foram tratados com mais brandura ou tolerados. Adriano se proclamara Elohim e exigira adoração de seus súditos. Se os crentes messiânicos não estavam prontos nem mesmo a aceitar um Messias judeu impostor que se proclamava defensor da unicidade de Elohim quanto mais um Elohim impostor chamado Adriano, homem de amaldiçoada memória para todos os crentes, messiânicos ou não.

Assim, a ira de Adriano, maldita seja sua memória não

conheceu distinções entre judeus messiânicos e não messiânicos. Ele odiou os judeus como um todo. Isso tem sido um fato quando a política de estado é antissemita. No entanto, se a primeira revolta contra Roma criara um trauma, havia agora um segundo trauma. Por segunda vez os judeus não messiânicos, por não crerem em Yeshua o último de todos os profetas de Israel, haviam sido reduzidos a humilhação, à escravidão e ao morticínio.

Da mesma maneira como o profeta Yirmiahú exortara os

crentes a saírem da cidade santa, abandonando as armas e rendendo-se ao invasor caldeu, Yeshua apelara aos de sua geração para não resistir ao perverso invasor romano. A razão era simples, o poder que Roma exercia sobre Israel havia sido determinado por Elohim por causa dos pecados do povo. Isso Yeshua deixara claro a Pôncio Pilatos quando disse: Nenhuma autoridade terias sobre mim, se de cima não te fora dado.” Yochanan/Jo 19:11. Mas o discurso de Yeshua foi desconsiderado pela maioria.

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O que Yeshua disse de Pilatos, representante oficial do poder romano em Israel não é menos verdadeiro em relação ao Império. Quem conhece a história judaica sabe que o domínio romano sobre os judeus foi um severo castigo pelo qual a crueldade judaica foi punida.

Os judeus, depois de conquistarem a independência no ano 165 derrotando o império selêucida e o maldito Antioco não foram capazes de gerir a sua independência e precisaram da intervenção de Roma para por fim a uma guerra civil em que judeus matavam judeus sem a mínima piedade. Um dos episódios mais dantescos dessa época foi promovido pelo rei judaico Sobre Alexandre Janeu (103-76 AEC).

” Ele obrigou os chefes (inimigos) a se retirarem a Betom, tomou a cidade e os mandou prisioneiros a Jerusalém, onde para se vingar das ofensas que tinha recebido, usou contra eles da mais horrível crueldade. Ao mesmo tempo, quando se entregava a um banquete com as suas concubinas, num lugar bastante elevado, de onde podia ver tudo, mesmo ao longe, ele fez crucificar uns oitocentos na sua presença, e estrangular diante de seus mesmos olhos, enquanto eles ainda viviam, suas mulheres e filho.” Flavio Josefo, A História dos Hebreus, CPAD, Rio de Janeiro, 1992, pag. 318-319.

Isso explica por que os crentes messiânicos se negaram a lutar

e o que causou o segundo trauma nas relações interjudaicas, ainda mais grave que o primeiro ocorrido no ano 67 por ocasião da primeira revolta.

Se na primeira revolta eles não participaram da guerra em

defesa de Yerushalaim por que Yeshua os ordenara fugir da cidade santa quando ela estivesse cercada de exércitos e por que a cidade havia sido tomada por um bando de bestas selvagens que a levaram a ruína na segunda revolta eles não participaram por foi conduzida por um louco ainda mais desvairado que os bandidos que a dominaram no primeiro cerco. E enquanto isso os judeus não crentes em Yeshua viam os crentes como traidores. As portas para que os judeus não mais se unissem ao movimento messiânico estavam sendo fechadas lentamente e só voltariam a se abrir de novo passados mais de 15 séculos.

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A rivalidade e a separação definitiva entre judeus crentes em Yeshua e os não crentes estava agora começando para valer. Dali para a frente eles não teriam mais acesso às sinagogas e lendas deploráveis sobre Yeshua passariam a ser sustentadas a fim de que a comunidade judaica sujos olhos Elohim fechava, não na totalidade, mas em grande parte não mais pudesse sequer discutir a hipótese de Yeshua ser o Maschiach.

Isso veio a se manifestar claramente nas fontes rabínicas dos

anos posteriores especialmente com a redação do abominável e traumático ספר תולדות ישו Sefer Doledot Yeshu (Livro da História de Yeshu) revelariam mais tarde. A asquerosa obra que permitia aos judeus verem Yeshua como um manzer filho de uma prostituta judia com um soldado romano e ao mesmo tempo se protegerem nos debates afirmando que Yeshu Ben Pandera era apenas um impostor cuja narrativa nada tem a ver com Yeshua Ben Yosef. Habilmente os rabinos medievais criaram um personagem que teria vivido durante a época da rainha judia helenista Salomé Alexandra (139-67 AEC), mas cujas narrativas nas entrelinhas visavam criar um contraponto para o Maschiach.

O 3° Trauma Entre Crentes e Yeshua e o Judaísmo – O Rompimento

A partir do momento em que os judeus foram proibidos de

entrar em Yerushalaim a liderança da Kehilah Mundial a partir da cidade santa por parte de nazarenos judeus fiéis à Torah que tinha sido a fiadora da fidelidade de todas as outras congregações se desfez e cada um começou a se arranjar como podia.

Os gentios passaram a ser cada vez mais numerosos dentro do

movimento. Uma previsão sombria feita por Shaul ainda nos seus dias se encaminhava para o seu cumprimento: “Porque eu sei isto que, depois da minha partida, entrarão no meio de vós lobos cruéis, que não pouparão ao rebanho; e que de entre vós mesmos se levantarão homens que falarão coisas perversas, para atraírem os discípulos após si.” Atos 20:29-30

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Com a proibição da entrada dos judeus em Yerushalaim, a liderança judaico messiânica se dispersou. Os bispos de Alexandria, de Roma, de Bizâncio, de Antioquia e de outros importantes centros começaram a lutar entre si pela primazia. Os judeus e os prosélitos do judaísmo crentes em Yeshua começaram a perder espaço. Os falsos crentes se lançaram numa luta para chegar ao poder político bajulando militares, patrícios, senadores e monarcas prometendo colocar os crentes a seu serviço enquanto eles mesmos eram galardoados com posições elevadas dentro do Império.

Faltava então o terceiro rompimento. A confissão de fé

adotada pela cidade de Bizâncio, mais tarde Constantinopla e hoje Istambul na Turquia Européia é um exemplo trepido da era de trevas espirituais surgida no quarto século da era cristã. Dessa vez não seria um rompimento entre judeus, não por causa da Torah nem dos rituais, posto que todos os dirigentes do movimento nazareno, sendo judeus, eram devidamente circuncidados. Seria um rompimento com o judaísmo, com os rituais do povo eleito, com as práticas que fizeram de um movimento fundado por Yeshua um movimento judaico. Uma confissão de fé horripilante e abominável foi elaborada na capital do Império Romano Ocidental, que dominava sobre o Oriente Médio, terra da maioria dos nazarenos.

“ Renuncio a todos os costumes, ritos, legalismos, pão ázimo e

sacrifícios de cordeiros dos hebreus, e a todas as demais celebrações hebraicas, preces, aspersões, purificações, santificações, jejuns, luas novas, shabats, ...hinos, cantos,... abstinência de alimentos e bebidas dos hebreus; numa palavra renuncio tudo que é judaico, absolutamente tudo, a todas as leis, ritos e costumes... e se mais tarde quiser renegar e voltar à superstição judaica, ou for surpreendido fazendo uma refeição com os judeus, ou celebrando suas festas, ou conversando secretamente e condenando a religião cristã em vez de rejeitá-las abertamente e condenar sua fé vazia, que o tremor de Caim e a lepra de Gehazi se apoderem de mim, assim como os castigos legais a que me reconheço sujeito. E que eu seja um anátema no mundo que há de vir, e que satanás e os demônios se apoderem de minha alma.” (Profissão de fé da Igreja de Constantinopla: de Assemi, cod. Lit., p. 105, citado em David Stern pag.49 – Livro O manifesto Judeu Messiânico- 1989- Editora Comunidade Emanuel).

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Agora, o rompimento seria entre os gentios herdeiros e filhos da fé judaica e seus benfeitores e pais espirituais, os judeus. Crentes em Yeshua, conduzidos por falsos mestres foram levados a uma forma apóstata de judaísmo chamada de cristianismo. A razão disso é que no quarto século, muitos crentes em Yeshua, tanto judeus como gentios ainda preferiam o culto numa sinagoga onde se preservavam as festas bíblicas e a liturgia correta do que o culto sem vida numa igreja católica.

Ninguém pode viver uma religiosidade sem culto, sem liturgia,

sem restrições e sem regras. Se a kehilah judaica devia ser suprimida para em seu lugar surgir uma Igreja Romana profundas modificações tinham de ser feitas no elohinismo, na liturgia, na visão do Criador. Os romanos estavam acostumados com as vestais, vistas como mulheres santas por que renunciavam ao sexo, estavam acostumados a centenas de deuses e deusas sobre os quais pairavam três deuses que governavam seu imundo panteão.

Bispos que quisessem granjear o rápido apoio de pagãos e

semipagãos convencidos de que o cristianismo agora em ascensão seria bom para seus negócios e desejável para a sua luta pelo poder precisavam aproximar rapidamente a nova fé do dos sacerdotes pagãos que operavam ainda em seus templos. Uma catadupa de heresias teria de ser liberada. Finalmente a grande apostasia predita estava atuando.

Celibatos sacerdotais, dias de guarda idênticos ao dos pagãos,

mas dedicados a Jesus o novo nome inventado para o Messias e o governo de um supremo pontífice tal como ocorria nos templos pagãos tinha de ser imposto. Mas era preciso mais, a própria liturgia tinha de mudar. Um rebanho de santos e de santas de ouro e de prata, de ferro e pedra, de madeira e de barro começariam a adornar os templos pagãos agora proibidos de exibir os ídolos antigos cujo mandato acabava de ser caçado. Templos eram convertidos rapidamente em Catedrais que deviam ser tão semelhantes a seu passado que seus frequentadores não se espantassem e os abandonassem.

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O cristianismo surge, pois não como uma forma religiosa no sentido absoluto do termo, mas como um braço da política estatal para controlar os confins do império criando uma igreja unificada que lhe dê suporte. O Estado acabara de descobrir que uma religião unificada lhe era muito mais útil que o multifacetado paganismo explícito e suas centenas de deuses e deusas que infestavam o Império, mas não o uniam.

Mas o que fazer com aquele conceito de um Elohim único e

invisível, próprio dos judeus que sempre despertou desconfiança entre os pagãos barrando conversões massivas por parte de um povo acostumado a centenas de deuses e deusas? Também esse conceito tinha de ceder espaço, ele não era de nenhuma ajuda para a religião cristã fundada por Constantino.

Assim, negando o que Yeshua dissera, a saber, que o Pai era

maior do que ele, a doutrina da trindade proclamaria a absoluta e coeterna igualdade não só entre o Pai e o Filho, mas também entre estes e o Espírito Santo. A unicidade de Elohim foi partida em três. Saia o conceito conhecido como monoteísmo estrito e surgia o monoteísmo utópico. O movimento agora já quase nada teria de judaísmo, exceto um apego formal aos profetas que seriam interpretados a seu bel prazer.

A partir daí Judeus fiéis já não podiam encontrar na “Igreja

Cristã” ora inventada um lugar para adorar ao Elohim de Israel crendo em seu Messias judeu, quando até mesmo seu nome hebraico foi suprimido em lugar de um nome que o aproximava de Zeus, o chefe do panteão grego. O grupo que havia herdado dos judeus a sua fé, os seus profetas, o seu Messias e o seu culto passou a deplorar qualquer manifestação de fé que lembrasse o passado judaico. Quase tudo o que era judaico tinha de ser substituído. O sábado foi trocado pelo domingo, as festas bíblicas pelo natal que outrora cultuava Ninrod. O primeiro dia de Abibe que biblicamente marca o início do ano foi mudado para o primeiro de Janeiro, erm honra a Jano, o deus das duas cabeças, o deus das portas e das mudanças.

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Saia o judaísmo e entrava o Romanismo. A kehilah, antes hierosolimitana era agora romana em sua essência. O Talit cedera lugar à Toga. Os crentes se distanciariam de Yerushalaim, por muito tempo, mas não para sempre. Adonay que permitiu o afastamento entre judaísmo e cristianismo entre as cidades de toda a terra e Yerushalaim, entre os gentios e os judeus também determinou a reconciliação, não de tal forma que os judeus se tornem gentios, mas de uma forma em que os dez homens das nações se apeguem à orla de um judeu para irem com eles, descobrindo que ao contrário do que Roma ensina, Elohim ainda está com eles e com eles estará até ao fim.

Assim virão muitos povos e poderosas nações, a buscar em

Yerushalaim a Yah Tsebaot, e a suplicar o favor de Yah. Assim diz Yah Tsebaot: Naquele dia sucederá que pegarão dez homens, de todas as línguas das nações, pegarão, sim, na orla das vestes de um Yehudy, dizendo: Iremos convosco, porque temos ouvido que Elohim está convosco.” Zechariah/Zc 8:22-23

O Uso de Cristo e Cristão nos Originais Gregos do NT

O que foi dito até aqui levanta uma questão: Se o NT escrito

originalmente em grego prova que o Messias foi chamado de Cristo e seus seguidores de cristãos não deveríamos deixar tudo como está e continuar a chamar o Messias por um titulo grego e seus seguidores por um adjetivo também grego, cristãos?

Acredito sinceramente que esse não é o melhor caminho. A

primeira razão já foi dada, a palavra Maschiach se refere a uma unção vinda do alto, dos céus, e a palavra Cristo se refere a uma unção terrena entre os gregos. A segunda razão é que a restauração tende a nos libertar de mitos criados pela igreja de Roma a que estamos acostumados. Ora um desses mitos criados pela igreja de Roma, encantada com termos digamos assim, mais light, como Kurios em vez de Adonay, Theos em vez de Elohim e Iesous em vez de Yeshua, é que o Nt foi originalmente escrito em grego. Isso não é verdade, as provas apontam para o hebraico e o aramaico.

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Como foi dito anteriormente, pela influência de Roma aprendemos a olhar apenas para nosso próprio umbigo, esquecendo que a kehilah ou igreja não nasceu na Grécia, mas em Israel. Para responder mais adequadamente a questão relativa a ter sido o Novo Testamento escrito em grego leia nosso artigo: O Novo Testamento Foi Mesmo Escrito em Grego e Sacramenta o nome

de Jesus?

Conclusão

Estamos certos de que todos os cristãos sinceros, que são

aqueles que se apegam às escrituras e tem uma sede de servir a Adonay posta em suas almas pela ruach há kodesh serão chamados nesse tempo a um retorno às raízes judaicas da fé cristã. São nossos irmãos salvos pela mesma graça e impelidos pelo mesmo espírito a uma renovação crescente de sua fé e de seu caráter. Quando chamamos a atenção desse fato, o fazemos para desmistificar o engano perpetuado pelos prelados romanistas, um engano nem sempre consciente, pois há muitos padres que sinceramente servem a Elohim na Igreja de Roma, acreditando que ela foi de fato fundada por um judeu chamado Pedro, ou melhor Kefah. Aqui é claro, preciso dizer que quando sob a percepção da graça como único instrumento da salvação optamos pela busca de outra identidade e propomos uma revisão dos motivos para nos assumirmos como cristãos não estamos negando nem a sua fé em Yeshua e nem a unidade com os demais crentes.

Mas pelo contrário, estamos em busca de uma identidade

histórica que descreva mais apropriadamente aquilo que Yeshua foi e o sistema de fé que ele defendeu do que o movimento surgido em Roma no quarto século. Não é nossa intenção levantarmos mais uma bandeira de divisão entre o povo de Adonay. Então que fique claro, nosso objetivo não é dizer: “Retira-te, e não te chegues a mim, porque sou mais santo do que tu.” Yeshayahu/Is 65:5 Não estamos em pé para dizer que somos os melhores da terra e arredores. O povo de Adonay já sofreu por causa disso.

M`Yerushalaim le`Roma - De Jerusalém Para Roma

Edições Comunidade de Israel

www.Comunidadedeisrael.com.br Página 29

Isso os crentes já tem o suficiente desde que apoiada no braço do Estado a Igreja de Roma, politizada e paganizada, distante 2.305 km de Yerushalaim e separada por 300 anos da primitiva fé nascida em Israel decidiu se erguer sobre todas as demais congregações impondo a visão de seu Bispo sobre todos os demais.

Se existem demônios que precisam ser contidos e

encarcerados enquanto avançamos no rumo da restauração são os da diferenciação, do orgulho e do exclusivismo. Quando nos apercebemos que Adonay fez um pacto com Avraham de que sua semente seria multiplicada como o pó da terra, que seria onipresente no mundo como o orvalho que abençoa a terra e que ele seria o pai de uma multidão de povos ele matou o exclusivismo à sua própria nascença.

Aliás, é justamente isso que deveria nos despertar para a

necessidade de questionarmos sobre a conveniência de nos declararmos cristãos quando descobrimos que o cristianismo não foi o movimento espiritual que transformou o mundo como estamos acostumados a pensar, mas a força política que unificou Roma justamente quando ela se desintegrava. Somos crentes no Maschiach, messiânicos que acreditam em sua vinda como esperam seu regresso. Por causa disso estamos questionando até que ponto a identidade cristã corresponde exatamente aquilo que almejamos agora que estamos nos voltando de Roma para Yerushalaim tal como está vivamente profetizado.