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Os senhores que nos quizerem honrar com artigos e desenhos terão a bondade de remette- los, em arta fechada, á redacção da SEMANA ILXUSi'RADA, no Imperial Instituto Artis- tico, largo de S. Francisco de Paula n. 16, onde tambem se assigna. QUINTO ANNO. N. 217. PUBLICA-SE TODOS OS DOMINGOS. JrliJCíyvo. CORTE.PROVÍNCIAS Trimestre. . 5S000 Semestre . . 9S00O Anno .... 16S000 Semestre .... 11SO0O Anno ...... 188000 Avulso 500 rs. 8Br__ ^^ ^^^ ______ ^ ^ ______ __\_\\_m^-xx-X ~—-'"--^...x£x Xtmx'„-^_. _z7_Ki ~<y æ^^Bjfv- ' '^____W__________m _______ ' '"' V ¦-¦'¦' -~v'-. "-.¦'-- ¦:_-_.' '_——_- -^—-**,*%l£''—vI-^-y-i-"c,:'-4£^s.'^~-J- ,.^f -"' Xlí\xy~~** ¦í*3C%íJ^%^^Prvi*.________________}&_} ¦ >--'!."¦*. "*-^^^%íi^w—*xTv-^^«i I^w^^..;*-;!-";.';!;;^.-»-.*!*^^^^»^^^^^^^'.?J i^__M ________S ' ' 'S* ' ^^ rí¥j7 0 GttÂNDE COMETA. ²Qual é a direcção do cometa, nhonhô? ²Paris, moleque. Todos os cometas trazem a guerra comsigo; este foje da guerra. E' um cometa pessoal.

N. 217.ANNO. JrliJCíyvo.memoria.bn.br/pdf/702951/per702951_1865_00217.pdf · tão boa, os mais augustos príncipes da Europa, vendo-a n'hma cabana, terião resignado a todas as prin-

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Os senhores que nos quizerem honrar comartigos e desenhos terão a bondade de remette-los, em arta fechada, á redacção da SEMANAILXUSi'RADA, no Imperial Instituto Artis-tico, largo de S. Francisco de Paula n. 16,onde tambem se assigna.

QUINTO ANNO.

N. 217.PUBLICA-SE

TODOS OS DOMINGOS.

JrliJCíyvo.CORTE. PROVÍNCIAS

Trimestre. . 5S000Semestre . . 9S00OAnno .... 16S000

Semestre .... 11SO0OAnno ...... 188000

Avulso 500 rs.

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0 GttÂNDE COMETA.Qual é a direcção do cometa, nhonhô?Paris, moleque. Todos os cometas trazem a guerra comsigo; este foje da guerra. E' um cometa pessoal.

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1734 SEMANA ILLUSTRADA.

SEMANA ILLUSTRADA,Rio, 5 de Fevereiro de 18G5.

Novidades da semana.Desceu do Olympo, para onde foi do Parnaso

" A musa que na tuba e não na lyraAltisonos accentos só respira. "

Usando do privilegio da ubiqüidade, inauferivel aosnumens, anda de cidade em cidade, de villã^em villa,de povoado em povoado chamando os brasileiros ásarmas.

E é com o mais nobre fim que prosegue na romariasem dar tregoas á tuba.

O fim é mostrar na Assumpção e em Humaitá quea hora do façanhoso autocrata do Paraguay, os mo-mentos derradeiros de seu furioso despotismo estão pres-tes a soar.

O fim é provar a essa fera bipede, encarnação do ty-rano de Pheres, que não lhe hão de valer cães de fila,que os batalhões do Brasil, phalanges de Pelopidas, hãode, quando menos, mandal-o de presente ao feroz Rozasde execrável recordação.

Abençoada musa ! Nunca enrouqueça o teu clarim eem quanto todo o Paraguay não tiver a sorte da antigaCarthago, não cesse o teu enthusiasmo de electiisar opatriotismo dos filhos do primeiro império americano.

Tens inspirado a todos, és infatigavel, musa. Guerra !guerra ! é o teu grito estrugidor. Guerra até que a na-ção se vingue como se devem vingar nações independen-tes, que antes de tudo presão a honra.

Tens apregoado -" união dos brasileiros ; chamas aocombate todas as espadas que cortem, todos or braçosque as saibão brandir, toaas as cabeças, que pensão,todos os corações que não querem apagado o fogo dopatriotismo na pyra da dignidade nacional, incombustacomo deve ser a do Brasil.

Novidade desde que nas águas do Prata e nos Iodosdo Paraguay se jogou a primeira affronta ao impérioninguém ouve senão os teus cantos épicos, ninguémattende senão ás tuas inspirações.

Prosegue, rainha das pierides, que o Dr. Semanair-te-ha louvando, por que sabe como um teu provectoalumno, que

" Quem valorosas obras exercitaLouvor alheio muito esperta e incita "

Estão abertas as portas do templo de Jano no reina-do do Nnma brasileiro.

Estavão fechadas.Ai daquelles que as obrigarão a abrir.O sangue já derramado c. por derramar caia sobre as

cabeças desses malvados.

Maldição sobre elles íEscravos de déspotas sanguinários, que os embrute-

cem na pratica de crueldades fique conhecendo-os omundo civilisado e os aponte ás gerações vindourascomo a nodoa mais repugnante do século actual.

O Brasil, paiz agrícola e commercial, terra fadada agrandes destinos, não aspirava os foros de nação guer-reira.

"iFCSJÍiÇG T/IO OP

quantos demandavão-lhe as plagas hospitaleiras.Orientaes e paraguayos pensarão que elle dormia, que

podião zombar de seu somno.Enganarão-se e o desengano commeçou de registrar-

se nas muralhas e habitações de Paysandú.O registro não ha de ficar em meio1 Ha de conti-^

nuar e completar-se nos reduetos de Humaitá e nãspraças da Assumpção.

E* para isso que o gigante resupino ergue-se e bradaa seus filhos.

E' para isso que semelhante brado, sobrelevando aassonancia de interesses privados, rompe a espessura dematas, atravessa pelos fraguedos das montanhas, vencea extenção dos campos e prepara á nobre vindicta do in-teresse eommum os briosos filhos do gigante erguido.

E' para isso que as espartanas brasileiras, sufíbeandoo sentimento da maternidade, vigorão a coragem da-quelles a que derão ser e de que fazem cidadãos sol-dados.

E' por isso que o governo imperial multiplica-se naacquisição de meios de triumpho, bem merecendo dopaiz, que já lhe faz justiça, fechando os ouvidos ás ar-guições gratuitas de um ou outro pessimista, para osquaes não ha governo possivel senão sabido da grey dopessimismo.

E' para isso emfim que a nação se levanta.Causa, por sua natureza justa e santa, entregue a

taes recursos de defesa, não pôde deixar de ser coroadado mais completo suecesso como o espera

O Dr. Semana.

Um romance da vida real.

Existia em 1838 uma moça tão formosa, tão linda.tão boa, que os mais augustos príncipes da Europa,vendo-a n'hma cabana, terião resignado a todas as prin-cezas para oíferecer-lhe a sua mão e coroa.

Porém longe de sahir d'uma cabana nasceu ao péd'um dos mais altos thronos do mundo. Era a amávele formova Maria Nicolowna, filha de Nicoláo, Czar detodas as Russias. O pai a viu crescer como uma flor daprimavera e, escolhendo por entre os herdeiros dos maio-res reinos fixou seus olhos no mais bello, mais rico emais poderoso.

Um dia disse á sua filha predilecta, sorrindo-se decontentamento: Minha filha,chegaste á idade de casares-

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SEMANA ILLUSTRADA. 1735

r te • escolhi o príncipe que te fará rainha, o marido que1 será capaz de tornar-te feliz.i q marido que é capaz de fazer-me feliz? Balbuciou! corada a princeza, e um suspiro foi a única objecção do: coração.i —Queira meu paifallar, continuou ella,reparandoque

a fronte do imperador enrugava-se. Vossa Magestadefalle e achará obediência.—Obediência ! diss<* Nicoláotremendo pela primeira vez durante a sua vida. Entãosó o dever te obrigará a receber o marido da minha„.-.„ o * .víoDa_0a].ou-='j--eAnniaAlae;rima cahÍQ_de seusolhos.—Neste caso já deste o seu coração a alguém i Aprinceza não respondeu. Falia Maria, ordeno-o. A_ estaspalavras, que farião tremer cincoenta e cinco milhõesde homens, prostou-se a princeza aos pés do Czar. Sim,meu pai confesso-o, o meu coração já não me pertencemais. E' d'um moço, que não o sabe, e que jamais o

, saberá, se esta fôr a vontade de Vossa Magestade. Sóiuma ou duas vezes me vio de longe, nunca falíamos e• nunca faltaremos, se V. M. o ordena.| 0 imperador não disse cousa alguma e parecia palli-' do. Deu algumas voltas na sala e não ousou perguntar

ípelo nome deste homem. Elle, capaz de desafiai- todos1 os monarchas da Europa á testa de seus exércitos,1 tremeu pensando no ente desconhecido que queria dis-,' putar-lhe o seu thesouro mais caro.

—E' um rei ? perguntou finalmente.i —Não, meu pai.

—Herdeiro de um reino.! —Não, meu pai.| —Um Gran-duque ?j —Não, meu pai.' —O filho de uma família reinante ?

—Não, meu pai.j O imperador parou e ficou um instante privado da! falia.i Um fidalgo Russo r

—Não, meu pai.—Um estrangeiro ?—Sim.O imperador sentou-se e cobrio a cara com as mãos

como Agameumon perante o sacrificio de Iphigenia.—Está elle na Rússia ?—Sim, meu pai.

(Continua).

Elueubrações de um misanthropo á luz docaudieiro. /

O NOVO BERESÍTH.CAPITULO II.

(Continuação).67. Depois da apparição do leão da litteratura com-

temporanea, ou do edictor-livreiro, e dos mais entes jádescriptos em paragraphos precedentes, uma febre abra-zadora consumia a imaginação do philosopho, e por con-

selho do espirito que o collocou n'este singular theatro,tratou de afastar os seus olhares do primeiro planodo panorama que desenrolava-se na sua presença e oslançou para o fundo do variado painel que contemplava.

68. Vio então cousas peregrinas e quasi ineffaveis. Aprimeira que chamou toda a sua attençao foi um entetambém einbryonario, composto mysterioso dejuven-tude e velhice, de belleza e feaidade, de saúde e enfermi-dade, de luxo e máo gosto, de prazeres e cansaço, defestins e enjôo, de adulação e desprezo, de incenso emiasmas mephiticos. dp. admiração e_espanto_ Este ser.era moço, mas não innocente ; bello, mas não fresco ;ataviado com luxo, mas sem elegância ; rodeado deprazeres, mas indifferente aos mais elevados attractivosdo espirito, lisonjeado, mas sem conhecer o veneno doadulador.

69.Esteentejoven e bello em apparencia passeava pe-Ias ruas do mundo com moÍÍeza,iançava olhares lascivos,fazia alarde da immodestia, desconhecia a sua dignidadede creatura de Deus. abastardava os seus dotes na-turaes, amesquinhava a sua razão, tornava-se o ludi-brio dos espíritos atilados ; mas era cego. faltava-lhe aluz da religião, da educação e da própria consciênciae acreditava que por ser o alvo de muitos pince-nez ebinóculos, e muitos olhares e requebros insipidos, era arainha desta orgia que denomina-se sociedade culta,

70. Esta flor, que não é fresca—como a virgem, nemviçosa—como a mãi, nem interessante—como a viuva,ultraja com as suas galas exteriores a innocencia dadonzella recatada, a virtude da mãi de família, o reco-lhimento da viuva, e torna-se a inquietação, a deses-peração e talvez a desgraça da mór parte das mulheresvirtuosas, que cumprem á risca os deveres próprios doseu sexo e condição. O expectaculo quotidiano dado poreste embrvão é de um exemplo perverso : acabrunha avirtude nascente, desespera a resignação e torna vacii-lante a fé dos justos.

71. A mór parte dos homens, actores do theatrosocial, prefere esse ente faceiro, de espirito evaporado,e de coração de esponja aos verdadeiros thesouros debelleza, candura, e virtude.

{Continua).

os per-UU Ull-lUll»

Os leitores da Semana Ulustraãa conhecemsonagens, que figurão em um dos quadros dtnumero, com o provérbio—de boa madeira boa acha

Do âmago da madeira, de que procede a boa acha,que com tão aturado fogo alumiou as muralhas de Pay-sandú, destacárão-se as seguintes vozes poéticas, quevamos registrar em nossas columnas :

Meu velho sangue p'ra mais nada presta;D'arvore a seiva diminue, fenece;A raiz sécca, a flor desapparece;Do tronco a vetustez se manifesta.

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__l.\ JOVEN F.SIIOnA. MfITO CIIMKNTA. DESEJAVA SABER ALGUMA COUSA DA FIDELIDADE DE SEU MARIDO.

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Estr foi interrogada, mas infelizmente não podia dar esela- Aquella não foi interrogada, mas estava no caso de dar os'ec!;iu:i;t>. v.suctos a esse respeito. esclarecimentos mais exactos.

Uojt pt Ia primeira vez apresento ao publico a minhaHISTORIA NATURAL POPULAR.io. HomoXantippus (Tyrannus domesticus). Família dos con-lenhosos. O lyranno caseiro tem sempre rasão quando discutecom a mulher, porque encontra sempre mulheres delicadas esubmissas. Esta espécie é eommum mas não apparece á luz

porque a encobre a delicadeza das mulheres. Dá realce ás""""•"" "~i 4"- °» «CTca.uivcm aasiui peio contraste,o fulge como a luz n'um fundo de sombras. Come de tudotemperado com fel. (Continua.)

OH! AS TIAS.Alfredo.— Minha tia dá licença que eu danse esta valsa com

a minha sriiüinha ?Tia.— N.So Alfredo, ella já dansou muito, é precise dessa-

sar um pouco; no entanto podes dansarcomigo!

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Lopez II e Leandro Gomei,Deos os fez, o diabo os ajuntará.

Que flm levou o Jucá ?- Pois não sabes ? O Pimentel prendeu-o para voluntário.

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IUNI.FQJRME..DO EXERCITO BRASILEIRO.

«¦ «.* j° un,"&pBse ia exercito brasileiro, aãopwiu pelo esverno para ss campanhas orienta! e paraguay* Cremos fazer comM m desenho um sertfeo «o» leitores ds' Sesstnaí

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1737 SEMANA ILLUSTRADA.

Mas perto d'elle, Paysandú o attesta,Virente ramo reproduz-se e cresce :AiVre desta arv're bella reverdece,Na vida ha pouco e já c'os céos intesta.

Alfândega da côríe.

Amigo Sr. Dr. Semana.

Para mostrar que tenho sympathia pelo Sr. inspeci tor da Alfândega, e lhe desejo uma boa administração,í animo-me a dizer á S.S. algumas das causas, além da{avultada entrada de mercadorias no mez de Dezembro,

i que traz atrapalhados e em desordem os armazéns de! sua repartição. São ellas tão visíveis, que admira nãoI ter o Sr. inspector visto com seus próprios olhos quaesellas sejão.

Diz o meu camaradinha, que o Reg. de 1860 tem sa-bias disposições, e entre ellas as que regulão o serviçodas capatazias e das descargas dos navios, etc.

Determina, que todas as mercadorias de um naviosejão recolhidas a um só armazém, excepto as conside-radas d'estiva, que irão para armazém separado, eaquellas que devem ser despachadas sobre agua, o quetudo está especificado nas respectivas tabellas.

Tão sabias disposições não se cumprem ou porque asecção a quem incumbe determinar esse serviço tem pro-posito de o deixar ir a matróea, ou porque seu chefe oc-cupa o tempo em cousas de mais interesse, fechando osouvidos aos milhares de queixas que quotidianamentese fazem.

E' verdade que as partes querem antes fallar com oSr. inspector, que os ouve a todo o momento do quecom o chefe da Ia sucção!

Para esse senhor dar audiência, é preciso haver ocea-sião, e saber quem 6 o sujeito que pretende a audien-cia ; porque do contrario o porteiro ou guarda-gradesque o cerca, não dá ingresso ao pretendente !!!

Ia-me esquecendo do que queria dizer sobre a desor-dem e confusão dos armazéns.

0 Sr. inspector sabe, que o cimento, os gigos de louça,j as obras grossas de ferro, etc, devem ser despachadassobre agua, e seguir seu destino ; e S. S. não vê quetaes mercadorias estão se armazenando na alfândega,tomando espaço á aquellas que alli devem ser recolhi-das ? Não sabe S. S. que um navio descarrega 4 volu-mes da mesma marca com mercadoria da mesma espe-cie, e que cada um desses volumes 6 recolhido a arma-z-esi-differente, suecedendo muitas vezes o dono pôr cmdespacho taes volumes, e vêr-se o despachante e o con-ferente atarantado em procura delles ?

Quer S. S. a prova disto, recorra ao seu archivo, queahi encontrará muitos despachos neste gosto. E não éisto atrapalhação do serviço e confusão nos armazéns ?

Sr. inspector veja essas cousas, dê remed o a ellas,que o atrapalhamento e confusão cessaráõ, e o expe-

diente será mais abreviado, e não haveráõ tantas quei-xas contra a sua alfândega.Para outra vez diremos mais alguma cousinha a S.S.

se se dignar attender ao que fica exposto, que sem du-vida não é senão conselho de amigo.

Assim espera oO Testemunho.

raysiiuuu ,

Querem ver uma imagem das ruinas de Paysandú ?Percorrão a cidade do Rio de Janeiro.Não ha rua em que se não amontoem pedras, arêas !

terras, taboas, tijolos, tubos, ferros, o diabo emfim.Tudo devido á companhia de esgotos.Mas a obra é boa; trata-se de livrar a população da

peste; é a verdadeira sorte grande para op fluminenses.

O grande cometa.

O grande cometa, cuja estampa vai na primeira pa-gina,é um dos maiores que tem apparecido no nosso ho-risonte político.

Na falta de denominação apropriada, o Dr. Semana,apezar de não ser competente, lembra uma que talvezseja adoptada pelos sábios.

O cometa pôde chammar-se D. Chica.

Agua benta.Um poetastro, muito conhecido nesta cidade, dizia

ha dias a um amigo:O Gonçalves Dias era um rapaz de muito talento,

não tem duvida ; mas não vejo rasão para o barulhoque se tem feito com a morte delle. Outros ha que nãotem merecido tanta attenção. Entretanto a gente tra-balha, a gente compõe muitas cousas boas, tão dignascomo as delle.... e nada.

Isto fez-me lembrar o grande Conde que por umamodéstia calculada, contava assim as suas prosas:Fez-se isto, tomou-se aquillo, ganhou-se a vie-toria....

O Conde da poesia brasileira nem até é original.Afíirmão-me que algumas pedras rirão ouvindo as

reflexões do poeta.

Causa c effeito.E' incontestável que os hotéis do Rio de Janeiro são

notáveis pela variedade e pelo esplendor de alguns.Houve sempre grande dedicação em fazer dos templos

de Como e de Baccho, verdadeiros logares de bema-ventürança.

Mas isto requeria outra cousa.Está se cuidando dessa cousa, que é o encanamento

subterrâneo da cidade para.... os leitores sabem o resto.A obra do encanamento corresponde á obra da hospe-

daria, pela mesma rasão que o effeito deve corresponderá causa.

i

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SEMANA ILLUSTJKADA. 1738

¦I

1I

Amostra de espirito.

Uma amostra do espirito do nosso tempo.Ha um indivíduo chamado Figueirôa, que tem por

ami(To outro indivíduo chamado Carneiro.

Sempre que este vai jantar á casa daquelle, aquellemanda assar um pedaço de carneiro.

Este cuidado de fazer com que venua sempre um pto de carneiro, não é porque o amigo seja muito apaixo-nado da carne desse animal, mas é para que Figueirôatenha occasião de dizer uma cousa de espirito.

Assim que, quando todos os convivas estão muitoattentos o amphytrião descobre o assado e diz ao seuamigo:

— Sr. Carneiro, carneiro !0 amphytrião ri muito, e os comensaes fazem coro

com elle mostrando uma alegria tão descomedida que ao-ente não sabe, se tem por objecto o dito ou o assado.

Mas o Sr. Carneiro cançado de ouvir aquillo, andou jP°f,' , „. , . - ¦• . An„m» u oi. vj.i." u ' T grs_ fiscaes do Rio de Janeiro, estaes vingados : doua cogitar uma resposta igualmente espmtuosa. No fim ^|0íá ualm itoria 'de um mez achou o que lhe convinha j p^j^ ^ ^ ge criou n0 Rocio ou n0 Larg0

E na primeira occasião em que o Sr. Figueirôa dizia ;do paço animal semelhante.ao Sr. Carneiro !

iíisioria de cobra.

Srs. fiscaes do Eio de Janeiro, dou as mãos á palma-toria.

Yeio para o Museo Nacional uma cobra giboia. Temcerca de 15 metros de comprimento e 52 centimetros degrossura junto ao eollo.

Este animalzinho cuida o leitor que foi creado n'al-gum matto virgem ? Não senhor: foi creado no meio da icidade de Campos, na praça Principal!

No meio dessa praça o matto é tão espesso qne chegou;a crear uma serpente deste calibre, sem que até o dia 2de Janeiro ninguém desse por ella, nem mesmo os fis-caes.

Uma folha de Campos, dando noticia do facto, dizque a cobra é da espécie chamada boa constrictcr* queé commum nas fiorestas virgens do Amazonas e ãaNova Zelândia.

Deve accrescentar-se — e na praça Principal de Cam-

Sr. Carneiro, carneiro.O Sr. Carneiro, depois de despojar uma costelleta do

animal seu homonymo, deu o osso ao Sr. Figueirôacom estas palavras:

Sr. Figueirôa, rôa.Ninguém applaudio o dito, não porque fosse mais tolo

que o primeiro, mas porque o autor era convidado comoos outros.

Qnem tem mais espirito ?Os que se rirão da primeira vez.

(Histórico).

Supplicio de Tantalo.

Os adversários da antigüidade vão mudar esta figuramythologica para outra mais moderna.

As portas dos açougues da cidade são de grades, paradeixar entrar o ar necessário á carne que se corromperiadurante a noute.

Mas, para maior segurança, dormem presos enormescães que ladrão sempre que ouvem passos na rua.

Ora, os cães, ao mesmo tempo que guardão as casaspassão alguma hora de tormento andando em roda dosquartos de carne que não lhes ficão ao alcance do fo-cinho.

suplício de tantalo

chamar-se-ha de ora avante—Supplicio de caxorro deaçougue.

Certas necessidades.

Uma pessoa, urgida'por certa necessidade, e vendo oestado das paiedes externas dos templos desta corte. _procurou satisfazel-a n'uma das paredes dos arcos que!ligâo as duas partes do palácio imperial da cidade,;

Immediatamente uma praça que conversava com asentinella daucharia, correu ao distraindo transeunte e,intimou-lhe que se retirasse dalli.

Nada niãis justo.Mas do acto da sentinella, que executava uma ordem

superior, decorre o seguinte :Aqui não é possivel exercer tal necessidade, mas fora j

d'aqui, nas paredes de todas as casas e templos, póde-sefazel-o sem perigo.

Isto é, fica consignado que as paredes dos templos e jdas esquinas das ruas são os logares próprios para estas jurgecias publicas.

Se a policia e a câmara municipal querem isto mesmo, jse resolvem assim, de um modo tácito, peço licença para-dizer que a câmara municipal e a policia commettem ;ium grande erro.

Os arcos, as esquinas e os templos não podem conti-nuar a ser logradouros públicos para tal espécie, do quese. precisa já e já é de edificações próprias, como nas ei-dades civilisadãs, afim de servir-se a um tempo ao aceice á necessidade.

Typ. do Imp. Inst. Artístico — Largo de S. .16

11

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JD. BARBARA,

SPARTANA DE MINAS-GERAES." Meu filho, toma este escudo; volta com elle ou volta sobre elle!

(Vide Jornal do Commercio de 28 de Janeiro, n» gazelilha sob a epigraphe—Patriotismo).