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BIBLIOGRAFIA: MOEDAS PORTUGUESAS- Alberto Gomes, Lisboa, 2003 LA NUMISMATIQUE EM 10 LEÇONS - P. Perriere / P. Colombani, Paris, 1979 HISTORIA DEL DINERO – E. Victor Morgan, Madrid, 1972 Pag. 14 NASCIMENTO E MORTE DO TOSTÃO Amílcar Monge da Silva Oeiras 2012

Nascimento e morte do tostao a5

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BIBLIOGRAFIA:

MOEDAS PORTUGUESAS- Alberto Gomes, Lisboa, 2003

LA NUMISMATIQUE EM 10 LEÇONS - P. Perriere / P. Colombani, Paris, 1979

HISTORIA DEL DINERO – E. Victor Morgan, Madrid, 1972

Pag. 14

NASCIMENTOE MORTE DO TOSTÃO

Amílcar Monge da Silva

Oeiras 2012

Tostão de prata: Último tostão em prata de 835‰ com 20 mm de diâmetro e 2,50 gramas. Marquilha “10 CENTAVOS”. Apenas um tipo com data de 1915.

Tostão de Cupro-níquel: Com 19 mm de diâmetro e 3,00 gramas. Marquilha “10 CENTAVOS”. Conhecidos dois tipos com datas de 1920 e 1921.

Tostão de Bronze (1ª série): Com 22 mm de diâmetro e 4,00 gramas. Marquilha “10 CENTAVOS s”.

Conhecidos 6 tipos com datas de 1924, 1925, 1926, 1930, 1938 e 1940.

Tostão de Bronze (2ª série): Com 17,5 mm de diâmetro e 2,00 gramas. Marquilha “X CENTAVOS”.

Conhecidos 31 tipos com datas de 1942 a 1969.

Apenas nesta série, moedas de X e XX centavos, aparecem de novo os algarismos romanos.

Tostão de Alumínio: Com 15 mm de diâmetro e 0,50 gramas. Marquilha “10 CENTAVOS ”. Conhecidos 11 tipos com datas de 1971 a 1979.

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Tostões de D. Carlos I: Pelo Decreto de 7 de Maio de 1891 cunharam-se em prata de 916,6‰ com 20 mm de diâmetro e 2,50 gramas. Marquilha “100”. Conhecidos 7 tipos com datas de 1890 a 1898.

Pela Lei de 21 de Julho de 1899 cunharam-se em cuproníquel com 23mm de diâmetro e 4,00 gramas; marquilha “100” apenas um tipo com data de 1900.

A partir de D. Carlos todas as moedas têm a legenda em Português e não há mais algarismos romanos.

Tostões de D. Manuel II: Pela Lei de Setembro de 1908 cunharam-se em prata de 835‰ com 20 mm de diâmetro e 2,50 gramas. Marquilha “100”. Conhecidos 3 tipos com datas de 1909, 1910 e (1910 proof).

1910- Implantação da República

Em 5 de Outubro de 1910 uma revolução põe fim ao regime monárquico e é implementada a República.

As antigas moedas continuam a ter curso legal e só em 22 de Maio de 1911, por Decreto de Lei, é criada uma nova unidade de contagem: O Escudo dividido em 100 Centavos.

Porém, só em 1912 é cunhada a primeira moeda de 50 centavos; seguem-se os 20 centavos em 1913 e os 10 centavos e 1$00 em 1915. A moeda em cobre tarda e é a época das cédulas de recurso emitidas pelas Câmaras Municipais e outras entidades.

Temos de esperar até 1917 para ver cunhado o 1 Centavo em bronze.

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NASCIMENTO E MORTE DO

TOSTÃO

Introdução

Introduzido no séc. XVI por D. Manuel I, circulou durante mais de 500 anos. Originalmente era uma bonita moeda de prata; em 1979 viu terminar os seus dias como uma minúscula moeda de alumínio.

Era então motivo de chacota e corriam as anedotas sobre ela:

• Chamam-lhe o “Marcelino” em referência a Marcelo Caetano, então Primeiro-ministro do Estado Novo (destituído pelo golpe militar de 25 de Abril de 1974).

• Era denominado de “moeda flutuante” pois, posto cuidadosamente à superfície de um copo de água, flutuava sustido apenas pela tensão superficial da água.

• Na época colocava-se um punhado de “marcelinos” na palma da mão, soprava-se e dizia-se que o número de moedas que ficasse na mão, era igual ao número de anos que Marcelo Caetano se ia aguentar no governo.

História da sua origem

Quase até ao final do séc. XV há falta de metais preciosos na Europa. A moeda é por isso cunhada sobretudo em bolhão, uma liga de baixo teor de prata.

A moeda medieval é normalmente de baixa espessura a fim de aumentar a duração dos cunhos.

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É pois uma grande novidade quando, em 1474, é pela primeira vez cunhada no Ducado de Milão uma bonita moeda com grande teor de prata, grande módulo e espessura e em que a cabeça do governante aparece sem qualquer coroa ou seja, de “testa nua”; daí serem as moedas apelidadas de TESTONES e , posteriormente, TOSTÕES.

O seu sucesso faz com que de seguida a moeda seja copiada por outros ducados e depois por outros estados europeus: Em França Luís XII emite em 1513 o TESTON DE DEZ SOLDOS , substituído pelo Franco em 1574; em Inglaterra, Henrique VIII cunha em 1504 o XELIM DE DOZE PENCE, inicialmente denominado TESTOON ou TESTON.

Nascimento em Portugal

Corria o reinado de D. Manuel I. O obsoleto sistema monetário em uso era baseado no REAL BRANCO; era um sistema confuso em que o valor da moeda era fixo por decreto real.

Em 1504 D. Manuel I reformula todo o sistema monetário com base no sistema decimal.

O Cruzado era a moeda de conta nas grandes transacções comerciais. Nas pequenas transacções era o Vintém (20 Reais) a moeda de conta.

Tudo isto é tido em conta nos valores do novo sistema.

Pela primeira vez aparecem algumas moedas com marquilha (Valor da moeda): Português de prata (X Vinténs), Tostão (V Vinténs) e o Real (R).

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Enquanto D. Miguel é rei são fundidos os canhões e os sinos da ilha Terceira para cunhar, em nome de D. Maria II, os 80 reis de 1829 (Maluco). Em 1830 são cunhados em Londres os V e os X réis de cobre (D. Maria II). Em 1833 são cunhados no Porto, durante o cerco, os V, X e 40 Réis - Série LOIOS de D. Maria II. Em 1834 são carimbados os REALES A OCHO espanhóis para os valorizar em 870 réis.

Há por conseguinte muita moeda em circulação, das mais variadas origens e muita dela é falsa. Excepto em Inglaterra, todos os países Europeus utilizam já o sistema decimal.

Há necessidade de cunhar nova moeda pelo que é a altura ideal para introduzir o sistema decimal o que é feito pela Lei de 24 de Abril de 1835. Mantêm-se as legendas em latim. A partir desta data todas as moedas têm marquilha, sendo as de cobre em algarismos romanos e as de prata e ouro em algarismos arábicos

Tostões de D. Maria II: Não se cunharam tostões pela lei antiga. Cunharam-se em prata de 916,6‰ com 19 mm de diâmetro e 2,96 gramas. Marquilha “100” e com as datas de 1836, 1838, 1843, 1851, 1853 e (1853 Proof).

Tostões de D. Pedro V: Cunharam-se em prata de 916,6‰ com 20 mm de diâmetro e 2,50 gramas. Marquilha “100” e com as datas de 1857, 1858, 1859, (1859 Proof) e 1861.

Tostões de D. Luís I: Cunharam-se em prata de 916,6‰ com 20 mm de diâmetro e 2,50 gramas. Marquilha “100”. Conhecidos 22 tipos com datas de 1862 a 1889.

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Tostões de D. João Regente: Em prata de 916,6‰ com 22 mm de diâmetro e 3,06 gramas. Marquilha LXXX. Conhecem-se 3 tipos, todos cunhados em Lisboa e sem data.

Tostões de D. João VI: Em prata de 916,6‰ com 22 mm de diâmetro e 3,06 gramas. Marquilha LXXX. Conhecem-se 3 tipos, todos cunhados em Lisboa e sem data.

Tostões de D. Pedro IV: Em prata de 916,6‰ com 22 mm de diâmetro e 3,06 gramas. Marquilha LXXX. Conhece-se um tipo, cunhado em Lisboa e sem data.

Tostões de D. Miguel I: Em prata de 916,6‰ com 22 mm de diâmetro e 3,06 gramas. Marquilha LXXX. Conhecem-se dois tipos, cunhados em Lisboa e sem data.

Lei de 24 de Abril de 1935 – Sistema decimal

Quando em 1834 D. Maria II toma finalmente posse do trono, para além das cunhagens regulares dos reinados anteriores, há muita moeda cunhada para fazer face às necessidades da guerra e também para afirmação política.

Correm os patacos de Bronze cunhados por D. João Regente, D. João VI, D. Pedro IV, D. Miguel e os cunhados no Porto em nome de D. Maria II.

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Metal Designação Marquilha Valor(Reais)

Ouro989,9‰

Português de ouro-10 Cruzados 4.000Cruzado (1) 400¼ Cruzado-Tostão de Ouro (2) 100

Prata916,6‰

Português de prata X-10 vinténs 200Tostão V-5 vinténs 100Vintém XX (3) 20½ Vintém 10Cinquinho 5

Cobre Real R 1½ Real 1/2Ceitil 1/6

(1) No início do reinado valia 390 Reais Brancos. Em 1517 passou a valer 400 Reais.

(2) Esta moeda só existe nas crónicas e nunca foi cunhada sendo que os dois exemplares no Museu Numismático são moedas de fantasia: Quarto de Cruzado, Moeda de ouro, do tamanho de hum Vintém, lavrou-a ElRey D. Manoel depois da morte da Rainha D. Maria ſua mulher, e a trazia na bolſa para dar aos pobres; valia 100 réis.(In “Historia genealógica da Casa Real Portugueza” de António Caetano de Sousa).

(3) A marquilha XX só aparece a partir de D. João III.

Tostões de D. Manuel I: Moeda em prata de 916,6‰ com 28 mm de diâmetro e um peso de 9,3 a 10 gramas. Na frente quase todas apresentavam uma marquilha, V, significando cinco vinténs. No verso apresentavam a Cruz de Cristo e, pela primeira vez, a legenda IN HOC SIGNO VINCES. Foram cunhados em Lisboa e no Porto, com 67 tipos diferentes.

Tostões de D. João III: Moeda em prata de 916,6‰ com 30 mm de diâmetro e um peso de 9,3 a 10 gramas. Na frente quase todas apresentavam uma marquilha, V, significando cinco vinténs. Inicialmente ostentavam a Cruz de Cristo mas, pela Lei de 10 de Julho de 1555, passaram a ostentar a Cruz de Avis.

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Ambos foram cunhados em Lisboa e no Porto e há mais de 100 tipos conhecidos.

Tostões de D. Sebastião: Moeda em prata de 916,6‰ com 30 mm de diâmetro e peso de 8,8 gramas. sem marquilha. Inicialmente apresentam a Cruz de Avis mas, pela Lei de 22 de Abril de 1570 voltam a ostentar a Cruz de Cristo.

Ambos cunhados em Lisboa e no Porto e com cerca de 60 tipos conhecidos.

Tostões dos Governadores do Reino: Moeda em prata de 916,6‰ com 30 mm de diâmetro e 6,65 gra-mas de prata.

Sem marquilha.

Apenas se conhece um tipo.

Tostões de D. António I: Moedas em prata de 916,6‰ que inicialmente tinham 30 mm de diâmetro e 8,6 gramas de prata. Sem marquilha.

As vicissitudes do reinado obrigaram a reduzir o seu diâmetro para 24mm e depois para 22mm. Apenas uma foi cunhada em Lisboa; as restantes foram cunhadas em Angra do Heroísmo de onde D. António partiu para o exílio.

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Tostões de D. João V: Em prata de 916,6‰ de 21 mm de diâmetro e com 3,27 a 3,6 gramas. Todos com serrilha e marquilha LXXX. Conhecem-se 14 tipos cunhados em Lisboa todos sem data.

No Porto foi cunhado apenas um tipo com data de 1707.

Tostões de D. José I: Em prata de 916,6‰ com 22 mm de diâmetro e 3,06 gramas. Marquilha LXXX. Conhecem-se 11 tipos, todos cunhados em Lisboa e sem data.

Tostões de D. Maria I e D. Pedro III: Em prata de 916,6‰ com 22 mm de diâmetro e 3,06 gramas. Marquilha LXXX. Conhecem-se 3 tipos, todos cunhados em Lisboa e sem data.

Tostões de D. Maria I: Em prata de 916,6‰ com 22 mm de diâmetro e 3,06 gramas. Marquilha LXXX. Conhecem-se 7 tipos, todos cunhados em Lisboa e sem data.

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Ou seja:

Designação antiga

Marquilha

Antigo valor

Novo valor

Nova designação

OuroMoeda 4000 4.000 4.800 Moeda½ Moeda 2000 2.000 2.400 ½ MoedaQuartinho 1000 1.000 1.200 QuartinhoPrataCruzado 400 400 480 Cruzado ½ Cruzado 200 200 240 12 VinténsTostão - 100 120 6 vinténs4 Vinténs LXXX 80 100 Tostão2 vinténs XXXX 40 50 ½ TostãoVintém - 20 20 Vintém

(*) Valores em Réis

Para aumentar a confusão monetária, D. Pedro II manda ainda carimbar Cruzados velhos com “500”e Meios Cruzados velhos com “250”. Significava que, simultaneamente, corriam Cruzados com marquilha “400” a valer 480 réis, Cruzados com carimbo “500” valendo 500 réis, Meios Cruzados com marquilha “200” valendo 240 réis e Meios Cruzados com carimbo “250” valendo 250 réis.

Com D. João V, apesar de se terem introduzido novas espécies monetárias em ouro, a regra dos 20% manteve-se. Só em 1853, 147 anos depois e com a introdução do sistema decimal, é que este original “desenrascanço à portuguesa” finalmente desapareceu.

Tostões de D.Pedro II (nova lei): Em prata de 916,6‰ com 22 mm de diâmetro e 3,46 gramas. Marquilha LXXX. Cunhados em Lisboa, sem data, conhecidos 19 tipos.

Também cunhados no Porto com datas de 1689, 1690, 1691, 1692, 1693, 1696, 1697, 1699, 1700 e 1702.

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D. Filipe I proibiu a posse destas moedas e mandou entregá-las no prazo de 15 dias; a pena pelo não cumprimento era a forca. São todas extremamente

raras.

Foram também carimbados com um “Açor” alguns exemplares dos reinados anteriores.

Tostões de D. Filipe I: Moeda em prata de 916,6‰ de 32mm de diâmetro e 8,19 gramas. Sem marquilha.

Todas cunhadas em Lisboa. Há 28 tipos conhecidos.

Tostões de D. Filipe II: Moeda em prata de 916,6‰ de 32 mm de diâmetro e 8,19 gramas. Sem marquilha.

Todas cunhadas em Lisboa. Há 49 tipos conhecidos.

Tostões de D. Filipe III: Moeda em prata de 916,6‰ de 30mm de diâmetro e 8,19 gramas. Sem marquilha.

Todas cunhadas em Lisboa. Há 30 tipos conhecidos.

Tostões de D. João IV: Pela Provisão de 14 de Fevereiro de 1641 foram cunhados em prata de 916,6‰ de 28 mm de diâmetro e 8,19 gramas. Sem marquilha. Cunhadas em Lisboa. Há

12 tipos conhecidos. Pela primeira vez há algumas com a data de 1641.

Pela Provisão de 1 de Julho de 1641 mantêm o módulo mas o peso é reduzido para 6,74 gramas. São cunhados em Lisboa com as datas de 1641 e 1642. Há 19 tipos conhecidos.

Pelo

Alvará de 8 de Junho de 1643 o peso é reduzido para 5,73 gramas, com 26mm de diâmetro. São cunhados em Lisboa, Porto e Évora e não têm data. Há 53 tipos conhecidos.

Com o Carimbo “100” foram marcados vários “LXXX reais” de reinados anteriores.

Tostões de D. Afonso VI: Pela Lei anterior, em prata de 916,6‰ com 26 mm de diâmetro e 5,73 gramas. Sem marquilha. Cunhados em Lisboa com 5 tipos conhecidos e sem data.

Pela Lei de 22 de Março de 1663 passam a 24 mm e 4,58 gramas. Não têm data e há 20 tipos conhecidos.

Com o Carimbo “100” foram marcados vários “LXXX reais” de reinados anteriores.

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Tostões de D. Pedro Regente: Pela Lei de 22 de Junho de 1676, cunhados em prata de 916,6‰ com 24 mm e 4,58 gramas. Sem marquilha. Apenas se conhece um exemplar cunhado em Lisboa.

1677-Início da cunhagem mecânica

Em finais de 1677, era D. Pedro o Príncipe Regente em nome de seu pai D. Afonso VI. A proposta de D. Luís de Menezes, terceiro Conde da Ericeira e Vedor da Fazenda, é aceite por D. Pedro e dá-se início à cunhagem mecânica usando para o efeito uma prensa de balancé.

Tostões de D. Pedro Regente: Pela Lei de 22 de Junho de 1676, com 24 mm e 4,32 gramas. Sem marquilha. Cunhados em Lisboa, sem data. Há 7 tipos conhecidos.

Tostões de D. Pedro II: Decreto de 28 de Setembro de 1683 cunhados em prata de 916,6‰ com 24 mm e 4,32 gramas. Sem marquilha. Cunhados em Lisboa, conhecem-se dois tipos.

Lei de 4 de Agosto de 1688

Subitamente, os valores da prata e do ouro subiram cerca de 20%. Isso colocou um grande problema à Tesouraria Real pois não era possível recolher rapidamente toda a moeda a fim de a fundir e fazer nova moeda. Assim, pela lei de 4 de Agosto de 1688, foram fixados novos valores para as moedas de ouro e prata, incrementando o seu valor em cerca de 20 %.

A lei foi genial mas, quando se esperava que lentamente fossem recolhidas as antigas moedas e cunhados novas com o peso reduzido, ficámos durante quase 150 com um aberrante sistema monetário em que as moedas de cobre tinham o seu valor facial, e as de ouro e prata, apesar de ostentarem um valor facial, valiam cerca de 20 % mais.

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