Nervo Olfatório

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NERVO OLFATRIO: PRIMEIRO NERVO CRANIANOGENERALIDADES O olfatrio um nervo sensitivo com fibras aferentes viscerais especiais, constitudo de filamentos desmielinizados com funo olfatria; o nico nervo do corpo a manter contato direto com o ambiente. Os bulbos e os tratos olfativos so uma parte do rinencfalo ou paleoncfalo olfativo. Leses do I nervo apresentam anosmia ou hiposmia. Os tratos olfatrios situam-se no sulco olfatrio na superfcie orbital dos lobos frontais e, essa proximidade inferior com os plos frontais, uma relao anatmica importante. Na anosmia existe perda da capacidade para perceber e reconhecer tanto substncias odorferas como aromticas; grande parte interpretada como paladar percebida pelo sistema olfatrio. O sabor uma sntese derivada do I nervo, das papilas gustativas, e de outros rgos terminais sensoriais existentes dentro da boca e faringe. Paciente com leso no sistema olfatrio pode se queixar de ageusia, anosmia e no pode sentir o sabor da comida, mas alguns com anosmia a identifica. Anosmia unilateral pode no ser percebida. A olfao filogeneticamente um dos mais antigos tipos de sensao. Nos mamferos inferiores extremamente importante e o crtex olfativo constitui uma grande parte dos hemisfrios cerebrais. Nos primatas superiores e no homem menos essencial, ainda que permanea no crebro uma estrutura complexa, especialmente nas suas relaes com o hipotlamo e com os ncleos do tronco cerebral. A relao do bulbo olfativo com o crtex piriforme, entorrinal (rea 28 de Brodmann) e prorinal conhecida por ativar os circuitos de memria remota. A correlao entre o sistema olfativo, hipotalmico e centros autonmicos est ligada a muitas funes viscerais, como o centro pneumosttico, que inibe a respirao diante de inalao txica. Mas, do ponto de vista estrutural, o I nervo mais um trato nervoso exteriorizado do crtex cerebral (rinencfalo) do que um nervo craniano. Contudo, associado ao I nervo existe o nervo vmeronasal que une o rgo vmeronasal com o bulbo olfativo e, posteriormente, com o complexo amigdalide, sugerindo que esse nervo seja uma diferenciao do I nervo.

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NEUROHISTOLOGIA A membrana olfativa uma placa marrom amarelada de epitlio especializado que compreende uma rea de 2,5 cm2. Situa-se na parte superior da cavidade nasal, tanto na superfcie lateral como no septo da mucosa nasal. Ainda existe uma rea relativamente pequena sobre a parede medial da concha nasal superior, parte superior do septo e no teto do nariz. Situados no alto na cavidade nasal a maior parte do ar inspirado no alcana o epitlio olfativo. A inspirao forada pode ser necessria para criar corrente suficiente para que o ar alcance as terminaes olfativas (Fig.1).

Fig. 1

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Durante a quinta semana de vida embrionria aparecem junto com o nariz, as clulas nervosas que formaro o epitlio olfativo. O neuroepitlio tem trs tipos de clulas: 1. Neurnios

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bipolares olfativos (NBO); 2. Clulas de sustentao que mantm o nvel eletroltico do espao extracelular, principalmente do potssio; e 3. Clulas basais do epitlio olfativo que podem se renovar muito rapidamente. Os receptores celulares ou NBO tem dendrito nico, existindo 6 a 10 milhes de clulas em cada cavidade nasal. Eles se estendem da superfcie da mucosa at a lmina basal. Na superfcie ele se dilata, forma a vescula olfatria e projeta-se sobre o tapete mucoso com um nmero varivel de clios. Os clios variam de comprimento, e as vesculas membranosas ligadas aos clios banham-se na camada mucosa. Os seus clios tm estrutura clssica com 9 pares de filamentos perifricos e 2 axiais, neles encontram-se receptores capazes de detectar molculas odorferas responsveis pelo incio da transduo. As clulas de sustentao so idnticas as clulas neuronais do sistema nervoso central (SNC). Os NBO e as clulas de sustentao so ligados, formando complexos, abaixo da vescula olfatria. As clulas de sustentao tm um mecanismo de suporte para os receptores celulares e seus processos, que permitem um contato direto, interneural, com a vescula e o dendrito. Eles contm espessas camadas de filamentos, que podem contrair-se em resposta a certos estmulos. A regenerao receptora com funo olfativa pode ocorrer aps alguns estmulos. As clulas basais so poligonais e esto em contato com as clulas de sustentao, servindo como elemento de renovao das clulas de sustentao e dos receptores sensoriais. Essas clulas entram em mitose, migram e amadurecem para transformarem-se em novos neurnios. Existe um ciclo permanente de renovao dessas clulas receptoras, que apresentam uma vida mdia de 45 dias. Mesmo na idade adulta, as clulas basais do origem a novos receptores sensoriais. As glndulas de Bowman so compostas por glndulas tuboalveolares que produzem uma quantidade de muco que banha, constantemente, o neuroepitlio olfatrio e, dentro das glndulas de Bowman, esto s imunoglobulinas A e M, lactoferrina e lizoenzima que tentam dificultar a entrada de patgenos no crebro. Os NRO esto ligados as clulas de sustentao por adeso fechada que bloqueiam a superfcie olfativa e impede a entrada de substncias mais profundamente. Essa camada protege o epitlio de desidratao, agente infecciosos, proporciona um leito semirgido aos clios olfativos, e dissolve e dissemina as partculas odorferas (Fig.2).

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Fig. 2

Os axnios das clulas olfatrias compreendem em mdia 20 ramos em cada narina. Cada axnio contm 15.000 a 25.000 filetes desmielinizados, que ao penetrar na lamina crivosa do osso etmide so circundados e mielinizados pelas clulas de Schwann (a mielinizao dos axnios

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no realizada pelos oligodendrcitos). Os axnios recebem uma bainha tubular da dura e da piamter; a primeira continua com o peristeo do nariz e, a ltima, adjacente ao neurilema do I nervo. Curiosamente, o lquido cfaloraqueano passa pela lmina crivosa do etmide e chega ao epitlio nasal e aos gnglios linfticos cervicais. A comunicao entre a cavidade nasal e intracraniana uma porta de entrada para infeco nas meninges e crebro, principalmente nas fraturas de crnio. Aps passar pela lmina crivosa do osso etmide, as fibras do NBO misturam-se com as clulas de Schwann e, juntas, formam um espessamento de at 1000 filetes. Os nervos so pequenos e no mielinizados, e sua taxa de conduo baixa. Os axnios do NBO ao entrarem no bulbo olfatrio (BO), fazem sinapses no glomrulo olfatrio. Dentro do BO existem quatro neurnios distintos: as clulas mitrais, as clulas em tufo ou penacho, as clulas granulares, as clulas periglomerulares e, uma estrutura emaranhada chamada de glomrulo. 1) As clulas mitrais so em nmero de 50.000 por bulbo olfatrio, apresentam dois tipos de dendritos: um apical, em direo a periferia que faz sinapse com os axnios dos neurorreceptores, e um dendrito basal, que se ramifica e emite um axnio mielinizado, que se mistura com as vias olfatrias. Seus axnios do colaterais simples para excitar as clulas granulares e, colaterais recorrentes para excitar o glomrulo, utilizando o glutamato ou aspartato como neurotransmissores. 2) As 150.000 clulas em tufo ou penacho so poligonais, menores do que as mitrais, e representam o segundo neurnio, com organizao dendrtica e axonal idntica. Elas emitem dendritos para vrios glomrulos em toda a camada plexiforme externa, mas emitem um dendrito por glomrulo. 3) As clulas granulares no tm axnios, mas seus dendritos contm espculas. Estas fazem importantes conexes dendrodendrticas com as clulas mitrais e em penacho: as clulas granulosas inibem as mitrais e em penacho, e estas as excitam. As clulas granulares recebem fibras aferentes vindas do SNC, contendo como mediador qumico: acetilcolina, serotonina, noradrenalina, encefalina e a substncia P. 4) As clulas periglomerulares so neurnios de associao, que mantm a ligao entre dois glomrulos, utilizando dopamina, GABA e a substncia P. Por outro lado, os glomrulos consistem de fileiras de ilhas acelulares esfricas, contendo em mdia 25.000 de clulas receptoras. As fibras do I nervo fazem sinapse com os dendritos apicais dos neurnios mitrais e em tufo. A excitao das clulas mitrais e em tufo

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atravs de seus dendritos primrios controlada por sinapses inibitrias por uma populao heterognea de clulas periglomerulares (Fig.3).

Fig. 3

Em resumo, a partir da lmina crivosa do etmide, existem seis estratos: 1) camada fibrilar, formada pelos prolongamentos centrais amielnicos das clulas olfatrias; 2) camada glomerular, formada pelas sinapses entre os axnios das clulas olfatrias e as clulas mitrais e as clulas em penacho; ao redor dos glomrulos existem as clulas periglomerulares; 3) camada plexiforme externa, constitudas pelos dendritos das clulas mitrais; 4) camada plexiforme interna, onde se concentram os axnios das clulas mitrais e em penacho; 5) camada de clulas granulares com seus processos; e 6) camada periventricular, que rodeia os restos do pice do ventrculo lateral, contendo clulas ependimrias e gliais; alm dos axnios das clulas mitrais e em penacho e dendritos profundos das clulas granulares mais profundas.

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O bulbo, trato e lobo olfatrios O bulbo um corpo ovide e achatado que repousa na lmina crivosa do osso etmide e o ncleo terminal do nervo olfatrio. O BO a primeira estao da via olfatria com organizao laminar tangencial. Os axnios, principalmente os das clulas mitrais do bulbo olfatrio, cursam atravs do trato olfatrio e ao passar pelas clulas do ncleo olfatrio anterior fazem sinapses, e depois se dividem em estria olfativa lateral e medial. As fibras que se originam em clulas do ncleo olfatrio anterior projetam-se: 1) perifericamente, para as clulas granulares internas do bulbo olfatrio ipsilateral; 2) atravs da parte anterior da comissura anterior, para o ncleo olfatrio anterior contralateral e bulbo olfatrio. As projees do ncleo olfatrio anterior de um lado atingem, dessa forma, as clulas granulares internas do bulbo olfatrio, em ambos os lados e o ncleo olfatrio anterior contralateral (Fig.4).

Fig. 4

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As fibras da estria olfatria lateral ipsilateral atingem o crtex piriforme e partes do complexo amigdalide do mesmo lado. Ao chegar rea piriforme ou crtex olfatrio primrio as fibras seguem para fazer sinapses em trs importantes reas do crtex cerebral: rea piriforme, periamigdalide e entorrinal: 1) o crtex piriforme ou giro olfatrio lateral estendem-se para a regio amigdalide, sendo considerado um centro de rel olfatrio; 2) a rea periamigdalide uma pequena regio psterosuperior ao complexo amigdalide (os itens 1 e 2, formam o crtex olfatrio primrio); 3) o crtex entorrinal ou rea 28 de Brodmann a parte mais importante do giro parahipocampal, sendo considerada a rea olfatria secundria. O crtex piriforme projeta fibras para o crtex entorrinal, crtex prorinal, ncleos amigdalides, rea prptica lateral, ncleos da banda diagonal de Broca, ncleo dorsomedial do tlamo, alm do quadrante psterolateral do crtex rbitofrontal. As vias olfatrias diretas e indiretas para os ncleos amigdalides corticomediais e basolaterais, influenciam quase todo o complexo. As fibras da estria olfatria medial continuam com a rea subcalosa e com o giro paraterminal: ambas constituem a rea septal. O ncleo septal medial e lateral situa-se superior comissura anterior e a rea prptica, prxima da base do septo pelcido. O ncleo septal medial fica contnuo com o ncleo e trato da faixa diagonal e tem conexes com o complexo nuclear amigdalide. As clulas do ncleo septal medial e dos ncleos do feixe diagonal so fortemente colinrgicas. Os ncleos septais recebem aferncia da formao hipocampal atravs do frnix. As aferncias para o ncleo septal medial ascendem do feixe prosenceflico medial e do fascculo mamilar. As fibras eferentes dos ncleos septais projetam-se atravs: 1) da estria medular para o ncleo da habenular medial; 2) do feixe prosenceflico para o hipotlamo lateral e tegmento mesenceflico; e 3) do frnix para a formao hipocampal (Fig.5). Em resumo, o caminho anatomofisiologico do sistema olfatrio constitudo de: 1) receptores olfatrios bulbo olfatrio trato olfatrio ncleo olfatrio anterior ipsilateral estria olfatria lateral - crtex olfatrio primrio (crtex entorrinal ou rea 28 de Brodmann, hipocampo e amgdala) e estria olfatria medial (comissura anterior, ncleo olfatrio contralateral, tubrculo bulbar contralateral; hipotlamo e tlamo). Formao hipocampal frnix estria terminal hipotlamo tronco cerebral medula espinhal. Tlamo crtex rbitofrontal.

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Fig. 5

NEUROFISIOLOGIA Clulas receptoras especficas so estimuladas por substncias especficas. Para um cheiro ser percebido uma substncia voltil deve se espalhar no ar ou tornar-se solvel em gua. Molculas que provocam o mesmo cheiro esto mais relacionadas com a sua forma do que com a qualidade qumica. Os quimiorreceptores tanto para olfato como paladar so nicos, constitudos de exemplos bem definidos de regenerao neuronal em humanos. Nos clios existem minsculos botes ou quimiorreceptores que ao serem estimulados causam influxo de ons, excita e ativa os sistemas mensageiros dentro das clulas. A intensidade do estmulo olfativo determinada pela frequncia do disparo dos neurnios aferentes. A regulao do apetite e da saciedade obedece a um ciclo diurno que aumenta e reduz nas refeies. O sistema olfatrio adapta-se rapidamente ao estmulo sensitivo e para mant-lo necessrio ser repetido. Quando o estmulo chega ao

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epitlio sensitivo, dispara uma onda negativa. A transduo do estmulo eltrico olfativo, em parte, mediada pela adenil-ciclase dependente do sistema de protena-G. Existe um segundo mensageiro na via do AMP-c, mas a substncia ainda no conhecida. Estmulo aferente do V nervo libera neuropeptdeos que produzem aumento da secreo de muco na mucosa nasal, edema local e espirro. Os neurnios receptores de olfato apresentam a propriedade de transportar materiais depositados na cavidade nasal (alumnio, cdmio, cobalto, ouro, lecitina, vrus, aminocidos, drogas, protenas, solventes, imunoglobulinas, etc.), por fluxo antergrado, at o bulbo olfatrio. Da, por fluxo retrgrado, esses elementos podem chegar a diferentes regies enceflicas, como o crtex olfatrio primrio, medial ao sulco rinal e colateral. Por outro lado, o controle centrfugo central da atividade do BO provm de principalmente quatro fontes: ncleo olfatrio anterior tanto ipsilateral como contralateral; ncleo do ramo horizontal da estria diagonal e algumas regies vizinhas, todas colinrgicas; crtex olfatrio prpiriforme; tronco cerebral, especialmente do lcus ceruleus e ncleo da rafe. Todas essas atividades eltricas recebidas pelo BO so ipsilaterais e contralaterais. Enquanto que o controle centrfugo perifrico da atividade do BO realizado pelos axnios do I nervo (Fig. 5).

Influncia do nervo trigmio Esse nervo distribui-se por toda a mucosa respiratria nasal e orofaringa, incluindo em seu territrio de distribuio a mucosa olfatria e o rgo vmeronasal. Suas terminaes podem ser excitadas por odorantes, assim como estmulos tteis, dolorosos e trmicos. O V nervo possui sensibilidade menor as substncias odorferas do que o sistema olfatrio, mas quase todas as substncias os odorferas quando em concentrao suficiente, podem lhe estimular. precisamente essa propriedade que origina as confuses quanto natureza sensorial da percepo experimentada. Muitas das percepes que o homem atribui ao olfato devem-se, na realidade, ao sentido trigeminal, pois ele intervm de forma total, parcial, direta ou indireta nas percepes identificadas como odor e sabor. Interage com o sistema olfatrio da seguinte forma: 1) pela modificao do fluxo areo nasal; 2) mediante as influencias centrifugas podem influenciar o BO ou outras partes do sistema olfatrio; 3) pela alterao de reflexos axnicos

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locais e liberao de neurohormnios e neurotransmissores; 4) por ser um novo ingresso quimiossensorial adicionado ao olfatrio. Em resumo, o mecanismo da percepo do olfato ocorre da seguinte maneira: substncias odorferas ligao aos receptores estimulao de uma protena G ativao do sistema de adenilciclase formao de AMP cclico ligao do AMP cclico aos canais de catinicos especficos abertura dos canais catinicos e influxo de sdio e clcio abertura dos canais de cloreto regulado por clcio despolarizao da membrana no receptor potencial de ao. Entretanto, o olfato mais apurado de alguns indivduos (degustadores de vinho, pessoas que trabalham com perfume, alguns cozinheiros), pode distinguir outros mil odores diversos, muitas vezes em pequena quantidade (acuidade olfatria), que est relacionado com fatores perifricos e centrais do sistema olfatrio, devido: A) a um maior nmero de receptores estimulados e a uma sensibilidade maior dos mesmos; B) as mais extensas conexes centrais e a uma melhor elaborao das mensagens enviadas por receptores, que alcanam os centros do crtex cerebral (Fig.6).

Fig. 6

1. Correntes de ar que contm as molculas odorferas. 2. Filetes laterais do nervo olfativo direito: so constitudos pelas reunies dos prolongamentos centrais de muitos receptores olfativos. 3 e 4. Bulbo e trato olfativo direito. 5. Circunvoluo do hipocampo com seu uncus

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(alaranjado): considerada a estao terminal dos impulsos olfativos, embora esses, no homem terminem em outra rea do crebro, tanto do mesmo lado, como do lado oposto. 6. Em verde, sobre a face medial do lobo occipital direito, reas corticais visveis: primria (6) em volta da fissura calcarina, elaborativa (6A) e gnsica (6B). 7. Em marrom, sobre a face medial do lobo parietal direito, reas da sensibilidade geral do membro inferior esquerdo e dos rgos genitais: primria (7), elaborativa (7A) e gnsica (7B). Em amarelo, a mucosa olfativa com suas partes: sobre o corneto superior (8), sobre o septo (9) e sobre a abboda (10). 11. Orifcios do lado esquerdo da lmina crivosa, vistos do alto, como se apresentam aps a remoo do bulbo olfativo e do revestimento menngeo da base do crnio do mesmo lado. 12. Receptores cujos clios imersos no muco, captam molculas odorferas. 13. Filete olfativo: constitudo pela juno dos prolongamentos centrais de vrios receptores. 14. Lmina crivosa. 15. Clula mitral: transporta as informaes olfativas at os centros cerebrais. 16. Glndula mucgena. 17. Clulas basais.

SEMIOLOGIA Para se examinar o I nervo, primeiro precisa-se confirmar que a passagem nasal est aberta. Pode interferir no exame: a atrofia, alergia, rinite hipertrfica, alteraes mucides, plipos e sinusite. Pode existir variao individual na eficincia olfativa. Deve-se observar a capacidade de percepo, identificao e nomeao da substncia nas narinas, comparadas e, qualquer diferena, anotada. Batimento de asa de nariz ao cheiro forte em crianas e pacientes histricos indica olfato intacto. Percepo do cheiro indica funo do nervo e vias e, identificao, funo cortical.

O olfato testado por lquidos ou leos volteis no irritativos. De olhos fechados, uma narina do paciente examinada e a outra fechada, trazendo a substncia prxima narina aberta. Pede-se ao paciente para inalar uma substncia e indicar se sentiu, no preciso identificar. Repetir o procedimento na outra narina e comparar. A percepo do cheiro mais importante do que sua identificao. So usados para o teste qualitativo: alcatro, leo de rosas, eucalipto, lavanda, canela, terebentina, baunilha, gua de amndoa. Entretanto, as substncias mais usadas

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so: caf, benzoaldedo (leo de amndoa amargo), alcatro e leo de limo. Evitar substncias que pode estimular as terminaes gustativas ou perifricas do trigmio na mucosa nasal como: clorofrmio pelo paladar doce; piridina pelo amargo; hortel, mentol, cnfora uma sensao de frescor; e amnia, solues forte de acido actico, lcool e formolaldeido.

DESORDENS DA FUNO OLFATIVA 1. Quantidade reduo ou perda do olfato, hiposmia e anosmia; hiperosmia o aumento da acuidade olfativa. 2. Qualidade dois transtornos ocorrem: 1) parosmia a distoro de um odor que est presente, uma perverso da olfao e depende de alteraes corticais; e 2) cacosmia a presena de sbito odor desagradvel, comparado ao cheiro de borracha ou pano queimado, ou de excremento. A cacosmia pode ocorrer por irritao do bulbo olfatrio, amgdala ou do ncus. Quando constitui crise uncinata, indica um processo patolgico na parte nterobasal do lobo temporal. 3. Alucinao olfativa a percepo de um odor qualquer que apenas o paciente sente e causada por desordens do lobo temporal (crises epilpticas localizadas no ncus, crises uncinadas) ou doenas psiquitricas. 4. Agnosia olfativa a perda da discriminao entre odores e seu reconhecimento pela qualidade, mas a capacidade de perceber os aspectos do cheiro (detectar, adaptar e reconhecer diferentes intensidades) est normal. 5. Afasia olfativa a perda da denominao do odor. 6. Anosmia especfica esse termo usado para pessoas normais que no consegue distinguir um cheiro especfico de uma substncia ou de uma classe de aromas. Esse fenmeno de cegueira olfatria similar aquele de cegueira para cores. A anosmia especifica para almiscarado e cheiro de urina transmite-se por herana autossmica recessiva. 7. Presbiosmia a reduo do olfato devido ao envelhecimento.

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CAUSAS DE HIPOSMIA E ANOSMIA Leso do nervo trigmio causa alteraes trficas da mucosa nasal, envolvendo a sensao do tato e temperatura. Doenas genticas ou do desenvolvimento como a sndrome de Kallmann ligada ao cromossomoX, causa hipogonadismo, anosmia por displasia ou aplasia dos bulbos olfativos. Doenas txicas e metablicas como deficincia de vitamina B12, B6 e A, cobre e zinco, chumbo, cdmio, clcio e tolueno, hipermese gravdica, perodo menstrual, anemia perniciosa, anestesia de longa durao, fibrose cstica, doena de Addison e envenenamento por estricnina. Nas doenas degenerativas como doena de Alzheimer, ocorre anosmia talvez por degenerao do hipocampo; na doena de Parkinson por degenerao do I nervo; na doena de Huntington por degenerao dos neurnios do ncleo medial do tlamo; e na Epilepsia do lobo temporal por pacientes com lobectomia temporal. Infeco das vias reas superiores causam anosmia permanente em 15 a 25% dos casos; infeco viral, incluindo hepatite viral, encefalite epidmica e sfilis, Os processos infecciosos das meninges na base dos lobos frontais que uma sequela comum de meningite epidmica. Abscessos dos lobos frontais e osteomielite da regio frontal e etmoidal. Hidrocefalia; Trauma craniano com fratura da lamina crivosa do osso etmide e, consequente hemorragia de base dos lobos frontais, pode causar distenso, esmagamento, presso sobre os filamentos olfativos, sendo permanente. Anosmia complica em 5 a 20% da maioria dos traumas cranianos, isolado ou associado diabete inspido e rinoria: a incidncia em caso de rinoria de 80%. A granulomatose de Wegener e o craniofaringeoma podem afetar o epitlio nasal ou o nervo olfativo. Doena da artria cerebral anterior prxima de sua origem no polgono de Wills pode produzir perda homolateral do olfato. Processos expansivos cerebrais como meningeoma da fenda esfenoidal que consiste de atrofia ptica unilateral ou papiledema e exoftalmia, e anosmia ipsilateral. Meningeomas da goteira olfatria ou da lamina crivosa do osso etmide consiste de anosmia, neurite retrobulbar ou atrofia ptica, progredindo para anosmia bilateral. Glioma do lobo frontal tambm pode causar anosmia unilateral e atrofia ptica na forma da sndrome de Foster Kennedy: anosmia e atrofia

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ptica no mesmo lado do tumor e papiledema no lado oposto (essa sndrome foi primeiro descrito por Williams Gowers). Glioma pituitrio e paraselar podem manifestar anosmia bilateral precoce. Substncias irritativas estimulam as terminaes do trigmio (amnia, cido actico, leos volteis).

CAUSAS DE HIPEROSMIA Meningite assptica; Enxaqueca; Indivduos neurticos; Fumo excessivo, ingesto de sulfato de anfetamina ou uso prolongado de cocana podem causar hiperestimulao do olfato com sua perda temporria ou permanente.

CAUSAS DE PAROSMIA E CACOSMIA Estados psicticos e trauma craniano, especialmente na regio do uncus.

CAUSAS DE ALUCINAO OLFATIVA Estados psicticos ou como fenmeno de obsesso resulta de uma leso orgnica por processo irritativo. So importantes na localizao neurolgica decorrentes de leses neoplsicas e vasculares. Acredita-se que o corpo amigdalide seja a fonte das alucinaes. Crise uncinata precedida por uma aura que consiste de alucinao gustativa ou olfativa desagradvel, seguida de perda de conscincia, dilatao das narinas, estalando os lbios, movimentos de saborear ou de mastigao. Ocorre por leso irritativa no giro uncinato, hipocampo, amgdala, poro medial do lobo temporal ou estruturas circunvizinhas. Crise psicomotora do lobo temporal pode ter distrbio de memria, automatismo, fenmeno visual e auditivo e manifestaes psicticas. Uma neoplasia pode ou no ser responsvel. Nunca existe qualquer evidencia de perda objetiva do olfato nesses pacientes. Sndrome de abstinncia alcolica. Doenas psiquitricas como esquizofrenia e depresso.

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CAUSAS DE AGNOSIA OLFATIVA Psicose de Korsakoff; Leso no lobo temporal medial ou no ncleo dorsomedial do tlamo.

DESORDENS OLFATIVAS POR LESO DO NERVO OU VIAS CENTRAIS Condies respiratrias ou inflamatrias causam perda do olfato devido obstruo das passagens nasais; Leses da radiao olfativas ou do crtex olfativo nunca causam perda do olfato, exceto se bilaterais, mas pode causar hiposmia ou agnosia do olfato; Leses irritativas podem causar perverses do olfato e alucinaes olfativas. LEITURAS RECOMENDADAS:

1. CAMPBELL, W.W. DeJONG: The Neurologic Examination. Sixth Edition, Philadelphia, Lippincott Williams & Wilkins, 2005, p.671. 2. CARPENTER, M.B. Fundamentos de Neuroanatomia. Quarta Edio, Maryland, Panamericana, 1999, p. 458. 3. CINGOLANI, H.E & HOUSSAY, A. B. Fisiologia Humana de Houssay. Stima Edio, So Paulo, Artmed, 2004, p.1123. 4. DANTAS, A. M. Os Nervos Cranianos: Estudo Anatomoclnico. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 2005, p. 213. 5. DeJONG, RN. The Neurologic Examination. Fourth Edition, Maryland, Harper & Row, 1979. p. 840. 6. NETTER, F.H. Colecin Ciba de Ilustaciones Mdicas. Tomo I \ 1, Sistema Nervioso: Anatomia Y Fisiologia, Barcelona, Salvat Editores, 1987, p. 235. 7. ROPPER, A.H and BROWN, R.H. ADAMS and VICTORS: Principles of Neurology. Eighth Edition, Newn York, McGraw Hill, 2005, p.1382.

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