203
ii UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ INSTITUTO DE TECNOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ELÉTRICA Rafael Rorato Londero Avaliação do Impacto da Integração de Aerogeradores na Estabilidade de Tensão de Longo-Prazo em Sistemas Elétricos de Potência TD 106 / 2014 UFPA / ITEC / PPGEE Campus Universitário do Guamá Belém-Pará-Brasil 2014

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ii

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

INSTITUTO DE TECNOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ELÉTRICA

Rafael Rorato Londero

Avaliação do Impacto da Integração de Aerogeradores

na Estabilidade de Tensão de Longo-Prazo em Sistemas

Elétricos de Potência

TD 106 / 2014

UFPA / ITEC / PPGEE

Campus Universitário do Guamá

Belém-Pará-Brasil

2014

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

INSTITUTO DE TECNOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ELÉTRICA

Rafael Rorato Londero

Avaliação do Impacto da Integração de Aerogeradores na Estabilidade de

Tensão de Longo-Prazo em Sistemas Elétricos de Potência

Tese submetida à Banca

Examinadora do Programa de

Pós-Graduação em Engenharia

Elétrica da UFPA para a

obtenção do Grau de Doutor em

Engenharia Elétrica na área de

Sistemas de Energia.

UFPA / ITEC / PPGEE

Campus Universitário do Guamá

Belém – Pará – Brasil

2014

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

INSTITUTO DE TECNOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ELÉTRICA

AVALIAÇÃO DO IMPACTO DA INTEGRAÇÃO DE AEROGERADORES NA

ESTABILIDADE DE TENSÃO DE LONGO-PRAZO EM SISTEMAS ELÉTRICOS

DE POTÊNCIA

AUTOR: RAFAEL RORATO LONDERO

TESE DE DOUTORADO SUBMETIDA À AVALIAÇÃO DA BANCA

EXAMINADORA PELO COLEGIADO DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO

EM ENGENHARIA ELÉTRICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ E

JULGADA ADEQUADA PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE DOUTOR EM

ENGENHARIA ELÉTRICA NA ÁREA DE SISTEMAS DE ENERGIA ELÉTRICA.

BANCA EXAMINADORA:

Profa. Dra. Carolina de Mattos Affonso

(ORIENTADOR – UFPA)

Prof. Dr. João Paulo Abreu Vieira

(CO-ORIENTADOR – UFPA)

Prof. Ph.D. Glauco Nery Taranto

(MEMBRO – UFRJ)

Prof. Dr. Selênio Rocha Silva

(MEMBRO – UFMG)

Prof. Dr. Marcus Vinicius Alves Nunes

(MEMBRO – UFPA)

Prof. Dr. Ubiratan Holanda Bezerra

(MEMBRO – UFPA)

VISTO:

Prof. Dr. Evaldo Gonçalves Pelaes

(COORDENADOR DO PPGEE/ITEC/UFPA)

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus

familiares e amigos que contribuíram

direta ou indiretamente para a

realização do mesmo.

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AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar agradeço a meus pais Raul José Londero e Leda Inês Rorato

Londero, por todo o apoio durante a minha vida. Agradeço pela formação moral que

me foi dada e pela oportunidade de ter uma formação profissional, pois sem o incentivo

deles nada teria sido possível.

Agradeço a Professora Carolina Mattos, pela orientação que me foi dada para

realização desta tese, e ao Professor João Paulo pelas inúmeras discussões produtivas

sobre o assunto.

Agradeço aos companheiros do GSEI pela ajuda e sugestões na pesquisa e ao

ambiente de trabalho que fora oferecido.

Agradeço ao CNPq pelo incentivo financeiro.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.......................................................................................... 1

1.1 A Energia Eólica no Brasil e no Mundo................................................. 1

1.2 Motivação............................................................................................... 6

1.3 Objetivos................................................................................................. 9

1.4 Revisão Bibliográfica............................................................................. 11

1.5 Estrutura da Tese.................................................................................... 18

1.6 Trabalhos Publicados.............................................................................. 20

2. SISTEMAS EÓLICOS............................................................................... 21

2.1 Introdução............................................................................................... 21

2.2 Sistemas Eólicos a Velocidade Constante.............................................. 22

2.3 Sistemas Eólicos a Velocidade Variável................................................ 23

2.4 Principais Componentes de um Sistema Eólico..................................... 24

2.5 Turbina Eólica........................................................................................ 25

2.5.1 Controle de Posição das Pás da Turbina Eólica......................... 31

2.6 Caixa de Engrenagens............................................................................ 33

2.7 Gerador................................................................................................... 34

2.7.1 Gerador de Indução em Gaiola.................................................... 36

2.7.2 Gerador de Indução Duplamente Excitado.................................. 37

2.7.3 Gerador Síncrono com Conversor de Capacidade Nominal........ 39

2.8 Conclusões.............................................................................................. 40

3. ESTABILIDADE DE TENSÃO................................................................ 42

3.1 Introdução............................................................................................... 42

3.2 Conceitos de Estabilidade de Tensão e Segurança de Tensão................ 43

3.3 Classificação da Estabilidade de Tensão................................................ 48

3.4 Mecanismo da Instabilidade de Tensão................................................. 50

3.5 Curva PV................................................................................................ 52

3.6 Análise Estática e Dinâmica................................................................... 63

3.7 Conclusões.............................................................................................. 63

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viii

4. GERADOR DE INDUÇÃO DUPLAMENTE EXCITADO.................. 65

4.1 Introdução.............................................................................................. 65

4.2 Modelo do DFIG para Estudos em Regime Permanente....................... 66

4.3 Considerações na Modelagem para Estudos de Estabilidade................ 67

4.4 Representação do Gerador de Indução.................................................. 69

4.5 Representação da Turbina Eólica e Controle de Passo......................... 74

4.6 Representação do Sistema Mecânico.................................................... 79

4.7 Representação dos Conversores e do Link CC..................................... 82

4.8 Estratégia de Controle para o GSC....................................................... 87

4.9 Estratégia de Controle para o RSC........................................................ 93

4.10 Cálculo dos Limites dos Conversores e Curva de Capacidade........... 97

4.10.1 Limite da Corrente do Rotor..................................................... 99

4.10.2 Limite da Corrente do Estator.................................................. 101

4.10.3 Limite da Tensão do Rotor........................................................ 102

4.10.4 Definição dos Limites de Potência Reativa do DFIG............... 104

4.10.5 Potências Ativa e Reativa Totais fornecida pelo DFIG............ 105

4.11 Cálculo dos Limites das Malhas de Controle do RSC........................ 112

4.11.1 Malha de Controle de Potência Ativa....................................... 113

4.11.2 Malha de Controle de Potência Reativa................................... 114

4.11.3 Avaliação dos Termos ............. 114

4.12 Conclusões........................................................................................... 115

5. GERADOR SÍNCRONO COM CONVERSOR DE CAPACIDADE

NOMINAL..................................................................................................

117

5.1 Introdução.............................................................................................. 117

5.2 Modelo do Gerador Síncrono com Rotor Bobinado.............................. 118

5.3 Malha de Controle da Tensão do Capacitor........................................... 119

5.4 Malha de Controle do Inversor.............................................................. 123

5.5 Curva de Capacidade do FRC................................................................ 128

5.6 Conclusões............................................................................................. 131

6. RESULTADOS........................................................................................... 132

6.1 Introdução............................................................................................... 132

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6.2 Sistema Teste.......................................................................................... 133

6.3 Impactos Causados pela Integração de Aerogeradores SCIG e DFIG.... 134

6.3.1 Abertura de uma Linha de Transmissão no Trecho 6-7................. 135

6.3.2 Aumento de Carga de 20%............................................................. 137

6.4 Impacto dos Diferentes Modos de Controle do DFIG............................ 139

6.4.1 Cenário 1: Carga Estática.............................................................. 140

6.4.2 Cenário 2: Carga Estática e Dinâmica ......................................... 143

6.5 Contribuição de Aerogeradores a Velocidade Variável para Suporte de

Potência Reativa.......................................................................................

145

6.6 Contribuição do GSC para a Estabilidade de Tensão de Longo-Prazo... 150

6.6.1 Impacto do Nível de Penetração Eólica.......................................... 151

6.6.2 Nível de Penetração Intermediário (15,3%)................................... 153

6.7 Conclusões.............................................................................................. 157

7. CONCLUSÕES FINAIS E TRABALHOS FUTUROS.......................... 159

7.1 Considerações Finais.............................................................................. 159

7.2 Integração de Aerogeradores SCIG e DFIG........................................... 159

7.3 Modos de Controle: Fator de Potência ou Tensão Terminal.................. 160

7.4 Contribuição de Aerogeradores para o Suporte de Potência Reativa...... 160

7.5 Contribuição do GSC para a Estabilidade de Tensão de Longo-Prazo... 161

7.6 Conclusões Finais................................................................................... 161

7.7 Trabalhos Futuros................................................................................... 166

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................. 167

ANEXO – DADOS DO SISTEMA TESTE......................................................... 177

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1.1: Crescimento da capacidade total instalada em energia eólica pelo

mundo..........................................................................................................................

2

Figura 1.2: Evolução da capacidade eólica total instalada no Brasil......................... 4

Figura 1.3: Matriz Elétrica Brasileira 2013................................................................ 5

Figura 1.4: Complementaridade das fontes hídrica-eólica na região nordeste......... 6

Figura 2.1: Estrutura de um aerogerador de eixo horizontal...................................... 24

Figura 2.2: Representação aerodinâmica de uma turbina eólica................................ 27

Figura 2.3: Elemento de seção da pá na posição ..................................................... 28

Figura 2.4: Forças atuantes em um elemento de seção da pá..................................... 29

Figura 2.5: Evolução da potência das turbinas eólicas com o aumento do diâmetro 31

Figura 2.6: Controle Estol: o aumento do ângulo de ataque proporciona um

maior descolamento do escoamento sobre a pá...........................................................

32

Figura 2.7: Curva de potência para aerogeradores com potência de 850 kW............ 33

Figura 2.8: Divisão do mercado eólico entre os maiores fabricantes em 2012.......... 35

Figura 2.9: Gerador de indução em gaiola conectado diretamente a rede elétrica..... 36

Figura 2.10: Gerador de indução duplamente excitado ligado a rede elétrica........... 37

Figura 2.11: Gerador síncrono com conversor de capacidade nominal ligado a rede

elétrica..........................................................................................................................

40

Figura 3.1: Classificação da estabilidade de tensão................................................... 48

Figura 3.2: Sistema de potência elementar................................................................. 53

Figura 3.3: Curva PV e definição da margem de estabilidade de tensão MET......... 55

Figura 3.4: Definição da Capacidade de Transmissão Disponível CTD.................... 58

Figura 3.5: Evolução do máximo carregamento para diferentes cargas ( ).......... 60

Figura 3.6: Aumento da demanda da carga para carga do tipo potência constante... 62

Figura 3.7: Limite de Estabilidade............................................................................. 62

Figura 4.1: Janela de tempo dos fenômenos de estabilidade nos sistemas de

potência........................................................................................................................

68

Figura 4.2: Modelo dinâmico de ordem reduzida do DFIG....................................... 73

Figura 4.3: Curvas ................................................................................... 76

Figura 4.4: Potência mecânica para várias velocidades de ventos e .............. 76

Figura 4.5: Malha de controle de passo da turbina eólica.......................................... 77

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Figura 4.6: Sistema de controle do DFIG................................................................... 78

Figura 4.7: Sistema mecânico representado por duas massas.................................... 80

Figura 4.8: Diagrama de blocos para o modelo duas massas do eixo mecânico........ 80

Figura 4.9: Conversores e link CC............................................................................ 82

Figura 4.10: Cálculo de para estratégia de controle do GSC................................ 85

Figura 4.11: Malhas de controle para o GSC............................................................. 91

Figura 4.12: Estratégia de controle do RSC.............................................................. 93

Figura 4.13: Malhas de controle de potência ativa e reativa para o DFIG................. 96

Figura 4.14: Quadripolo representativo do gerador de indução................................. 97

Figura 4.15: Curva de capacidade do DFIG considerando apenas o RSC (terminal

igual a 1 p.u.)...............................................................................................................

110

Figura 4.16: Curva de referência do DFIG............................................ 111

Figura 4.17: Curva de capacidade para diferentes valores de tensão terminal.......... 112

Figura 4.18: Curva de capacidade completa para tensão terminal igual a 1 p.u....... 112

Figura 5.1: Diagrama de blocos do gerador síncrono de polos salientes................... 119

Figura 5.2: Chopper tipo boost................................................................................... 120

Figura 5.3: Diagrama de blocos da malha de controle do chopper............................ 122

Figura 5.4: Representação do inversor de tensão....................................................... 123

Figura 5.5: Estratégia de controle para o inversor...................................................... 124

Figura 5.6: Malhas de controle do inversor................................................................ 126

Figura 5.7: Limitação de corrente do inversor........................................................... 127

Figura 5.8: Sistema de controle do FRC.................................................................... 128

Figura 5.9: Curva de capacidade do DFIG e FRC para tensão terminal igual 1 p.u. 130

Figura 5.10: Curvas de capacidade considerando a capacidade do inversor do FRC

igual a 1 MVA.............................................................................................................

131

Figura 6.1: Diagrama unifilar do sistema teste........................................................... 133

Figura 6.2: Regime de ventos..................................................................................... 133

Figura 6.3: Comportamento das variáveis do gerador G3.......................................... 135

Figura 6.4: Tensões nas barras de carga..................................................................... 136

Figura 6.5: Potência reativa fornecida/consumida pela barra de geração eólica........ 136

Figura 6.6: Tensões nas barras de carga..................................................................... 137

Figura 6.7: Efeito da comutação dos taps do OLTC.................................................. 138

Figura 6.8: Curvas PV................................................................................................ 139

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xii

Figura 6.9: Tensão na barra 11................................................................................. 141

Figura 6.10: Tensão na barra 8................................................................................... 141

Figura 6.11: Corrente de campo de G3...................................................................... 141

Figura 6.12: Posição do tap........................................................................................ 142

Figura 6.13: Potência reativa fornecida pelo DFIG................................................... 142

Figura 6.14: Curva PV da barra 8............................................................................... 143

Figura 6.15: Tensão na barra 11................................................................................. 143

Figura 6.16: Tensão na barra 8................................................................................... 143

Figura 6.17: Corrente de campo do gerador G3........................................................ 144

Figura 6.18: Posição do tap........................................................................................ 144

Figura 6.19: Potência reativa absorvida pelos motores.............................................. 145

Figura 6.20: Curva PV da barra 8............................................................................... 145

Figura 6.21: Sistema teste modificado com parque eólico transferido para a barra 2 146

Figura 6.22: Regimes de vento com velocidades altas e baixas................................. 146

Figura 6.23: Tensão na barra 8 durante condições de altas velocidades.................... 147

Figura 6.24: Tensão na barra 8 durante condições de baixas velocidades................. 147

Figura 6.25: Potência reativa injetada pelo DFIG durante condições de altas

velocidades...................................................................................................................

148

Figura 6.26: Potência reativa injetada pelo DFIG durante condições de baixas

velocidades...................................................................................................................

148

Figura 6.27: Potência reativa injetada pelo FRC durante condições de baixas

velocidades...................................................................................................................

149

Figura 6.28: Potência reativa injetada na barra 2 durante condições de baixas

velocidades...................................................................................................................

149

Figura 6.29: Curva PV da barra 8 durante condições de baixas velocidades............. 149

Figura 6.30: Limite de potência reativa para todos os níveis de penetração.............. 152

Figura 6.31: Tensão na barra 8 para todos os níveis de penetração........................... 152

Figura 6.32: Limite de potência reativa para todas tecnologias com ... 153

Figura 6.33: Tensão na barra 8................................................................................... 154

Figura 6.34: Evolução do tap...................................................................................... 154

Figura 6.35: Corrente de campo do gerador G3......................................................... 155

Figura 6.36: Potência reativa injetada pelo DFIG(RSC) e FRC e os seus limites de

potência reativa............................................................................................................

155

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xiii

Figura 6.37: Potência ativa produzida pelos aerogeradores....................................... 155

Figura 6.38: Ângulo de passo..................................................................................... 155

Figura 6.39: Coeficiente de potência.......................................................................... 156

Figura 6.40: Potência reativa injetada pelo DFIG(RSC+GSC).................................. 156

Figura 6.41: Potência reativa absorvida pelos motores de indução............................ 156

Figura 6.42: Curva PV da barra 8............................................................................... 156

Figura 6.43: Carregamento do sistema....................................................................... 157

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1.1: Os 10 países com maior capacidade eólica instalada no mundo............ 3

Tabela 1.2: Os 10 países com maior capacidade eólica adicionada em 2013........... 3

Tabela 2.1: Os maiores fabricantes de aerogeradores no mundo em 2012............... 35

Tabela 3.1: Característica e sensibilidade da carga................................................... 55

Tabela 6.1: Cenários de geração................................................................................ 134

Tabela 6.2: Cenários de geração e controle do DFIG............................................... 140

Tabela 6.3: Níveis de penetração eólica.................................................................... 151

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LISTA DE ABREVIATURAS

BEM Blade Element Momentum (Momento do Elemento das Pás)

CA Corrente Alternada

CC Corrente Contínua

CET Compromissos Existentes da Transmissão

CTD Capacidade de Transferência Disponível

DFIG Doubly Fed Induction Generator (Gerador de Indução Duplamente Excitado)

EE Electrically Excited (Eletricamente Excitado)

FACTS Flexible AC Transmission Systems (Sistemas de Transmissão CA Flexíveis)

FRC Full Rated Converter (Conversor de Capacidade Nominal)

GFC Gear and Full Converter (Caixa de Engrenagens e Conversor Nominal)

GSC Grid-Side Converter (Conversor do Lado da Rede)

HVDC High Voltage Direct Current (Transmissão CC em Alta Tensão)

IG Induction Generator (Gerador de Indução)

IGBT Insulated Gate Bipolar Transitor (Transistor Bipolar de Porta Isolada)

MBC Margem de Benefício de Capacidade

MCT Margem de Confiabilidade da Transmissão

MET Margem de Estabilidade de Tensão

OEL Over-Excitation Limiter (Limitador de Sobre-excitação)

OLTC On-Load Tap Changer (Comutador de Tap sob Carga)

ONS Operador Nacional do Sistema Elétrico

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xvi

PCH Pequenas Centrais Hidrelétricas

PDE Plano Decenal de Energia

P+I Ações de controle Proporcional e Integral

PM Permanent Magnets (Imã Permamente)

PMU Phasor Measurement Unit (Unidade de Medição Fasorial)

PROINFA Programa de Incentivo as Fontes Alternativas

PWM Pulse Width Modulation (Modulação por Largura de Pulso)

RSC Rotor-Side Converter (Conversor do Lado do Rotor)

SCIG Squirrel Cage Induction Generator (Gerador de Indução em Gaiola)

SEE Sistemas de Energia Elétrica

SHEM Selective Harmonic Elimination Modulation (Eliminação Harmônica Seletiva)

SIL Surge Impedance Loading (Impedância de Surto)

SIN Sistema Interligado Nacional

SVC Static Var Compensator (Compensador Estático de Reativo)

STATCOM Static Compensator (Compensador Estático)

TSR Tip Speed Ratio (velocidade específica de ponta de pá)

UEL Under-Excitation Limiter (Limitador de Sub-excitação)

UHE Usina Hidrelétrica

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xvii

LISTA DE SÍMBOLOS

sensibilidades (carga estática)

ângulo de ataque e ângulo de passo (turbina eólica) [graus]

ângulo de torção [radianos]

erro de velocidade, erro de potência e erro de tensão [p.u.]

ângulo de carga [radianos]

ângulo de fase da tensão terminal em relação ao eixo

[graus]

velocidade específica de ponta de pá

velocidade específica ótima de ponta de pá

fluxo magnético do estator no eixo [p.u.]

fluxo magnético do rotor no eixo [p.u.]

densidade do ar [kg/m3]

ângulo do fator de potência da carga [graus]

fase interna do conversor k no eixo [graus]

fase do conversor k no eixo [graus]

velocidade angular do sistema de potência [rad/s]

velocidade mecânica da turbina [rad/s]

velocidade síncrona [p.u.]

área coberta pelas pás do rotor da turbina eólica [m2]

relação de transformação do transformador

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xviii

relação de transformação dos transformadores T1 e T2 do FRC

número de pás do rotor da turbina eólica

[B] matriz susceptância [p.u.]

C capacitância do capacitor do link CC [p.u.]

coeficiente de potência

coeficiente de arrasto e sustentação

comprimento de corda [m]

D coeficiente de amortecimento [p.u.]

energia armazenada no capacitor [p.u.]

tensão subtransitória do gerador síncrono do FRC [p.u.]

tensão interna do conversor k no eixo [p.u.]

tensão interna do inversor no eixo [p.u.]

tensão transitória interna do DFIG no eixo [p.u.]

frequência de ressonância do eixo mecânico [Hz]

força resultante, sustentação, arrasto, axial e tangencial [N]

[G] matriz condutância

constante de inércia equivalente, turbina e gerador [s]

corrente no capacitor, indutor, diodo e inversor [p.u.]

corrente de armadura do gerador síncrono do FRC [p.u.]

corrente do inversor no eixo [p.u.]

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xix

corrente do conversor k no eixo [p.u.]

corrente do conversor k no eixo [p.u.]

corrente do estator no eixo [p.u.]

corrente do rotor no eixo [p.u.]

constante de tensão do conversor k

constante de corrente do conversor k

fator de forma para modulação PWM do conversor k

rigidez do eixo mecânico [p.u./rad.elet.]

indutância do indutor do chopper boost do FRC [p.u.]

auto-indutância do estator e rotor [p.u.]

indutância do estator, rotor e magnetização [p.u.]

índice de modulação do conversor k

índice de modulação do chopper

índice de modulação do inversor

número de conversores conectados em pontes trifásicas do

conversor k

potência ativa do estator, rotor, conversor k e total [p.u.]

potência ativa solicitada pela carga e potência ativa inicial

potência ativa dissipada pelo DFIG em função da corrente do rotor

e da tensão do rotor [p.u.]

máximo carregamento [Watts]

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xx

potência contida na massa ventos [Watts]

potência mecânica extraída pela turbina [Watts]

potência reativa do estator, rotor, conversor k e total [p.u.]

potência reativa solicitada pela carga e potência reativa inicial

potência reativa drenada pelo DFIG em função da corrente do

rotor e da tensão do rotor [p.u.]

raio do rotor (turbina eólica) [m]

resistência de comutação [p.u.]

resistor de dissipação [p.u.]

distância do cubo do rotor até o elemento [m]

potência aparente do estator, rotor, conversor e total [p.u.]

potência aparente em função da corrente do rotor, corrente do

estator e tensão do rotor [p.u.]

escorregamento [p.u.]

constante de tempo de circuito aberto do DFIG [s]

torque eletromagnético (carga), mecânico (turbina) e torção [p.u.]

torque axial e tangencial [N.m]

velocidade relativa do vento e suas componentes (tangencial e

axial) [m/s]

tensão inicial para o ponto de operação

tensão de saída do retificador e tensão no inversor [p.u.]

tensão crítica no ponto de máximo carregamento [p.u.]

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xxi

tensão de saída a vazio do retificador [p.u.]

tensão terminal no eixo [p.u.]

tensão do estator no eixo [p.u.]

tensão do rotor no eixo [p.u.]

amplitudes do sinal modulante e portadora triangular do sinal

PWM

tensão no capacitor do link CC [p.u.]

reatância de circuito aberto e reatância transitória do DFIG [p.u.]

reatância subtransitória de eixo direto do gerador síncrono do FRC

[p.u.]

[Y] matriz admitância

impedância (resistência, reatância) do estator [p.u.]

impedância (resistência, reatância) do rotor [p.u.]

impedância do núcleo (reatância) [p.u.]

impedância (resistência, reatância) do transformador de

acoplamento [p.u.]

reatância dos transformadores T1 e T2 do FRC [p.u.]

[Z] matriz impedância

z demanda solicitada pela carga

taxa de variação de potência

taxa de variação do ângulo de passo

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xxii

Subscritos

eixo do controle (direto e quadratura)

quantidades referentes ao estator, rotor e magnetização

máximo e mínimo

eixo de referência do sistema de potência (real e imaginário)

b valor base

c quantidades referentes ao inversor do FRC

CA,CC quantidades do sistema CA e CC

conversor 1 e 2 para o DFIG (GSC e RSC)

valor de referência

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xxiii

RESUMO

Esta tese analisa os impactos causados na estabilidade de tensão de longo-prazo em

sistemas elétricos de potência, por meio da integração de aerogeradores a velocidade

constante: gerador de indução em gaiola SCIG (Squirrel Cage Induction Generator); e

aerogeradores a velocidade variável: gerador de indução duplamente alimentado DFIG

(Doubly Fed Induction Generator) e gerador síncrono eletricamente excitado com

conversor de capacidade nominal FRC (Full Rated Converter). Aerogeradores a

velocidade variável são capazes de fornecer potência reativa graças aos conversores de

eletrônica de potência, os quais estão sujeitos a limitações de tensão e corrente, e

dependem das condições de operação do sistema e do regime de ventos. Assim como os

geradores síncronos convencionais, os aerogeradores a velocidade variável são descritos

por curvas de capacidade que definem os limites de injeção/absorção de potência reativa

como função da tensão terminal e da potência ativa injetada. Equipamentos como

transformador com comutador de tap sob carga OLTC (On-Load Tap Changer), o

limitador de sobre-excitação OEL (Over-Excitation Limiter) dos geradores síncronos,

cargas estáticas e dinâmicas (motor de indução) são levados em consideração nas

análises, pois afetam significativamente a estabilidade de tensão de longo-prazo. A

contribuição dos aerogeradores a velocidade variável é analisada considerando os

modos de controle (fator de potência ou tensão terminal), regimes de velocidades dos

ventos (altas e baixas) e a importância do suporte de potência reativa do DFIG pelo

conversor do lado da rede GSC (Grid-Side Converter) para prevenção do colapso de

tensão.

Palavras-chaves: Aerogerador a Velocidade Constante, Aerogerador a Velocidade

Variável, Curvas de Capacidade, Conversor do lado da rede, Estabilidade de Tensão de

Longo-Prazo.

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xxiv

ABSTRACT

This thesis analyzes the impacts on long-term voltage stability at electric power

systems, through integration of fixed-speed wind generator: squirrel cage induction

generator SCIG; and variable-speed wind generators: doubly fed induction generator

DFIG and electrically excited synchronous generator with full rated converter FRC.

Variable-speed wind generators are capable of providing reactive power due to the

power electronic converters, which are subject to limitations of voltage and current, and

depend on power system operating conditions and wind speed regime. As well

conventional synchronous generators, variable-speed wind generators are described by

capability curves that define the limits of injection/absorption of reactive power as a

function of terminal voltage and active power injected. Equipment such as on-load tap

changer transformer OLTC, over-excitation limiter OEL of synchronous generators,

static and dynamic loads (induction motors) are taken into account in the analyzes,

therefore significantly affect the long-term voltage stability. The contribution of the

variable-speed wind generators are analyzed considering the control modes (power

factor and terminal voltage), the wind speeds regimes (high and low) and the

importance of reactive power support from DFIG by grid-side converter GSC to prevent

the voltage collapse.

Keywords: Fixed-Speed Wind Generator, Variable-Speed Wind Generator, Capability

Curve, Grid-Side Converter, Long-Term Voltage Stability.

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1

Capítulo 1

Introdução

1.1 A Energia Eólica no Brasil e no Mundo

O interesse pelas energias renováveis é uma tendência generalizada em vários países do

mundo, pelo fato de proporcionar redução dos impactos ambientais, diversificação da

matriz energética e independência dos combustíveis fósseis. As tecnologias aplicadas às

energias renováveis compreendem usinas térmicas baseadas em biomassa, células

combustíveis, usinas eólicas, usinas solares, pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) e

etc. De todas as fontes renováveis, a energia eólica é a que mais cresce no mundo em

capacidade instalada [1]. A maior parte do potencial eólico mundial encontra-se no mar,

distante dos grandes centros de consumo, fazendo com que os parques eólicos sejam

conectados por longas linhas de transmissão, trazendo novos desafios para a operação

dos sistemas de energia elétrica (SEEs) do mundo todo [2].

As fontes renováveis ganharam importância, principalmente, devido aos

problemas ambientais ocasionados pela exploração de fontes de energia não-renováveis,

como os combustíveis fósseis que emitem grandes quantidades de gases causadores do

efeito estufa, fenômeno responsável pelo aquecimento global e mudanças climáticas.

Para conter o aumento da temperatura global foi criado o Protocolo de Quioto em 1997

no Japão, o qual visou à redução de gases de efeito estufa. O Protocolo de Quioto

expirou em 2012, porém, a Conferência do Clima de Doha, no Quatar, a chamada COP-

18 garantiu a sua continuidade de 2013 a 2020, com revisão de novas metas em 2014.

Em 2013, mais de 35 GW em capacidade eólica adicionada entrou em operação

nos SEEs de todo mundo, apresentando uma pequena queda em comparação a 2012,

quando a capacidade eólica global adicionada excedeu 45 GW. Em termos de

investimentos no setor eólico global, ocorreu uma pequena queda de US$ 80,9 bilhões

(2012) para US$ 80,3 bilhões (2013) [3]. A capacidade global estava em 318.105 MW

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2

ao final de 2013, representando um crescimento acumulado de mercado maior do que

12,5%, conforme mostra a Figura 1.1.

Figura 1.1 Crescimento da capacidade total instalada em energia eólica pelo mundo [3].

A China assumiu a liderança no rank dos 10 países com maior capacidade

eólica instalada no mundo, representando o maior mercado eólico desde 2009 [3],

conforme mostra a Tabela 1.1. Incertezas políticas sobre as regras das taxas de

produção de crédito e a desaceleração da economia, forçaram os Estados Unidos a

reduzir sua capacidade eólica a ser adicionada [3], conforme mostra a Tabela 1.2. Ao

final do ano de 2013, 24 países estavam com mais 1.000 MW de capacidade instalada,

sendo: 16 na Europa, 4 na Ásia-Pacífico (China, Índia, Japão e Austrália), 3 na América

do Norte (Estados Unidos, Canadá e México) e 1 na América Latina (Brasil).

Pelo segundo ano consecutivo, o mercado latino-americano instalou mais de 1

GW de capacidade eólica. Em 2012, seis mercados regionais instalaram 1.225 MW

sobre um total de 3,5 GW de capacidade. Em 2013, apenas quatro mercados incluindo

Brasil, Chile, Argentina e Uruguai responderam por 1.163 MW sobre um total de 4,8

GW de capacidade eólica [3].

Ao final de 2013, o Brasil mais uma vez lidera na América Latina, com 953 MW

de capacidade adicionada, seguido por Chile (130 MW), Argentina (76 MW) e Uruguai

(4 MW). Embora, todos os projetos de geração eólica no Brasil estejam completamente

comissionados, alguns parques eólicos ainda não entraram em operação por atrasos em

obras de construção de linhas transmissão que os conectam ao sistema elétrico. O Brasil

39.295 47.693 59.024

74.122 93.927

120.923

159.766

199.739

237.227

282.272

318.105

0

50.000

100.000

150.000

200.000

250.000

300.000

350.000

2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

Cap

acid

ade

Tota

l In

stal

ada

(MW

)

Anos

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3

é um grande mercado promissor em energia eólica onshore. O Brasil contratou 4,7 GW

de capacidade eólica em apenas três leilões em 2013, e aguarda acrescentar quase 7 GW

até o final de 2015 [3].

Tabela 1.1 Os 10 países com maior capacidade eólica instalada no mundo [3].

País Capacidade Total no final de 2013 [MW] %

China 91.412 28,7

Estados Unidos 61.091 19,2

Alemanha 34.250 10,8

Espanha 22.959 7,2

Índia 20.150 6,3

Reino Unido 10.531 3,3

Itália 8.552 2,7

França 8.254 2,6

Canadá 7.803 2,5

Dinamarca 4.772 1,5

Resto do Mundo 48.332 15,2

Total top 10 269.773 84,8

Total 318.105 100

Tabela 1.2 Os 10 países com maior capacidade eólica adicionada em 2013 [3].

País Capacidade adicionada em 2013 [MW] %

China 16.088 45,6

Alemanha 3.238 9,2

Reino Unido 1.883 5,3

Índia 1.729 4,9

Canadá 1.559 4,5

Estados Unidos 1.084 3,1

Brasil 953 2,7

Polônia 894 2,5

Suécia 724 2,1

Romênia 695 2

Resto do Mundo 6.402 18,1

Total top 10 28.887 82

Total 35.289 100

No fim de 2013, o Brasil tinha 3,5 GW de capacidade eólica instalada, o

suficiente para suprir 8 milhões de famílias, representando 3% do consumo nacional de

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4

energia elétrica. Somente em 2013, 34 novos parques eólicos entraram em operação,

adicionando 953 MW ao Sistema Interligado Nacional (SIN). A indústria eólica e sua

cadeia de fornecedores estão se estabelecendo firmemente no Brasil e nove fabricantes

internacionais abriram instalações no país. O Plano Decenal de Energia do governo

brasileiro (PDE 2022) estabelece uma meta de 17 GW de capacidade eólica instalada a

ser alcançada até 2022, sendo responsável por 9,5% do consumo nacional de energia

elétrica [3]. A Figura 1.2 apresenta a evolução da capacidade total eólica instalada no

Brasil nos últimos anos.

Figura 1.2 Evolução da capacidade eólica total instalada no Brasil [3].

Quase metade da nova capacidade eólica instalada em 2013 é proveniente de três

novos complexos de parques eólicos: 160 MW do complexo de Asa Branca composto

por cinco parques eólicos, 150 MW do complexo de Calango também distribuídos por

cinco parques eólicos e 120 MW do complexo de Renascença composta por quatro

parques eólicos. Estima-se que os leilões eólicos de 2013 criarão mais de 70.000 novos

empregos e trarão investimentos de US$ 8,8 bilhões para a indústria eólica [3].

O PROINFA (Programa de Incentivo as Fontes Alternativas) conforme descrito

no Decreto nº 5.025, de 2004, foi instituído com o objetivo de aumentar a participação

da energia elétrica produzida por empreendimentos concebidos com base em fontes

eólicas, biomassa e PCH no SIN. O intuito foi promover a diversificação da matriz

energética brasileira, buscando alternativas para aumentar a segurança no abastecimento

de energia elétrica, além de permitir a valorização das características e potencialidades

29 237 247 341

606

927

1.431

2.508

3.461

0

500

1.000

1.500

2.000

2.500

3.000

3.500

4.000

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

Cap

acid

ade

Tota

l In

stal

ada

(MW

)

Anos

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5

regionais e locais. A Figura 1.3 apresenta um panorama atual da matriz elétrica

brasileira.

A fonte hidrelétrica é a principal responsável pelo fornecimento de energia

elétrica no Brasil e o nível dos reservatórios representa a quantidade de energia

hidrelétrica disponível para o SIN. Nesse contexto, a região nordeste do Brasil tem uma

característica interessante com relação à produção de energia eólica. A velocidade dos

ventos costuma ser menor nos períodos chuvosos e maior nos períodos de estiagem.

Essa característica favorece a complementaridade entre as fontes hídrica e eólica.

A Figura 1.4 apresenta o volume do reservatório da UHE Sobradinho e a

geração eólica da região nordeste durante o ano de 2012. Durante o 1º semestre o

volume dos reservatórios é alto, e a oferta de energia é grande, explicando porque as

tarifas do período úmido são menores do que as tarifas praticadas no período seco.

Porém, no 2º semestre quando o nível dos reservatórios está baixo a geração eólica é

alta, fazendo com que a tarifa do período seco tenda a diminuir, além de garantir uma

capacidade maior de armazenamento para os reservatórios.

Em 2012, por questões de segurança energética, foi necessário o despacho de

termelétricas em momentos que a geração não conseguiria atender a carga, atuando em

horários de ponta de carga, elevando o valor das tarifas e dos encargos aos

consumidores.

Outras Térmicas 1,4

Nuclear 2 Carvão 3 Eólica 3,5

Derivados do Petróleo 7,7

Biomassa 11,4

Gás Natural 12,5 Hidrelétrica

85,9

Capacidade Instalada (GW) Figura 1.3 Matriz Elétrica Brasileira 2013 [3].

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Em dezembro de 2012, a geração eólica poupou os consumidores brasileiros de

R$ 500 milhões a mais de encargos de segurança energética. Considerando o ano todo, a

fonte eólica evitou cerca R$ 1,6 bilhões e caso as usinas eólicas não existissem o valor

pago pelos encargos seria de R$ 3,4 bilhões [5]. A complementaridade da fonte eólica,

além de proporcionar economias nas tarifas e encargos, garante maior segurança e

confiabilidade ao sistema.

Já o ano de 2014 promete altos encargos a serem pagos pelo consumidor devido

à escassez das chuvas, reforçando a necessidade de expansão do parque eólico

brasileiro.

Figura 1.4 Complementaridade das fontes hídrica-eólica na região nordeste [4].

1.2 Motivação

A busca por fontes de energia renovável visa à diversificação da matriz

energética mundial, consequentemente, promove a independência dos combustíveis

derivados do petróleo com a redução das tarifas de energia e ainda contribui ao meio

ambiente para a diminuição do aquecimento global. Nesse cenário mundial, o aumento

da penetração eólica pelos sistemas de potência do mundo todo levou muitos operadores

de sistemas a reformularem seus códigos de rede, com respeito à geração eólica.

Os primeiros aerogeradores de grande porte conectados aos sistemas de potência

operavam a velocidade constante, compostos tipicamente por geradores de indução do

tipo gaiola de esquilo SCIG (Squirrel Cage Induction Generator), os quais são

desprovidos de controle de potências ativa e reativa. Esse tipo de aerogerador ganhou

popularidade na indústria pela construção robusta e barata, porém devido às novas

5

10

15

20

25

30

Volu

me d

o R

eserv

ató

rio [

km

3]

Meses do Ano

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12150

200

250

300

350

400

Gera

ção E

ólic

a [

MW

]

Reservatório

Usina Eólica

Período Úmido Período Seco

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7

tendências dos códigos de rede, que exigem rápida recuperação da tensão terminal e

fornecimento de potência reativa durante a ocorrência de faltas (em grande parte dos

países europeus), fez com que os aerogeradores a velocidade constante perdessem

mercado para os esquemas a velocidade variável, compostos por gerador de indução

duplamente excitado DFIG (Doubly Fed Induction Generator) e gerador síncrono com

imã permanente ou eletricamente excitado com conversor de capacidade nominal FRC

(Full Rated Converter), ambos controlados por conversores de eletrônica de potência.

Graças aos conversores, os aerogeradores a velocidade variável são capazes de fornecer

potência reativa e alcançar as metas exigidas pelo código de rede. Atualmente, a

tecnologia de aerogeradores a velocidade variável domina o mercado eólico de

fabricantes.

Com o aumento da demanda, os grandes parques eólicos são exigidos a fornecer

potência reativa para o sistema de potência quer seja em situações de contingências,

como também para aliviar o congestionamento do sistema de transmissão nos

momentos de ponta de carga, oferecendo flexibilidade operacional ao sistema de

potência. Em todos os casos, o fornecimento de potência reativa visa o aumento da

margem de estabilidade de tensão, em momentos que o sistema de potência encontra-se

altamente carregado. Pelo fato do conversor do FRC possuir maior capacidade em

relação aos conversores do DFIG, poderia se pensar que o FRC possui por consequência

maior capacidade de fornecer potência reativa ao sistema de potência [6,7]. Entretanto,

na literatura não existe nenhuma avaliação para a estabilidade de tensão de longo-prazo

considerando o fornecimento de potência reativa por parte do conversor do lado da rede

GSC (Grid-Side Converter) do DFIG.

Embora os esquemas a velocidade variável possam representar uma excelente

possibilidade de melhorar o comportamento dinâmico do sistema de potência, ainda

existem grandes desafios a serem superados pela integração desta tecnologia as redes

elétricas, no que diz respeito aos diversos problemas operacionais que podem ocorrer,

especialmente sob um nível de penetração elevado [8,9]. Dentre os problemas, pode-se

destacar o fenômeno de instabilidade de tensão, considerado há algum tempo uma

preocupação constante na operação dos sistemas de potência modernos.

Restrições ambientais e financeiras embargam a expansão do sistema de

transmissão, fazendo com que os sistemas de potência operem próximos aos seus

limites de capacidade, aumentando os riscos de instabilidade de tensão. Os

equipamentos que compõem o sistema de transmissão, o tipo de gerador e a natureza da

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8

carga, influenciam fortemente a estabilidade de tensão. A expansão do sistema de

transmissão brasileiro não consegue acompanhar o aumento da demanda e da geração

eólica no país [3].

A estabilidade de tensão esta associada à capacidade do sistema em manter

tensões adequadas em todas as suas barras após um distúrbio. Geralmente, a

instabilidade aparece na forma de uma queda progressiva e descontrolada da tensão em

algumas barras, provocada por mecanismos de restauração da carga e reservas

insuficientes de potência reativa [10-12]. A instabilidade de tensão é um fenômeno não-

linear, de caráter local, mas pode abranger a maioria/totalidade do sistema de potência

pela atuação em cascata dos equipamentos de proteção. Dependendo da característica da

carga, os fenômenos envolvidos na estabilidade de tensão podem ser de natureza rápida

ou lenta. Nesta tese, a ênfase será dada aos fenômenos de longo-prazo, com duração de

vários segundos até poucos minutos, ao contrário da instabilidade de curto-prazo que se

dá poucos segundos após a ocorrência da perturbação na rede.

A instabilidade de tensão pode ocorrer pelo aumento gradual da carga ou

operação em contingência. Em ambos os casos, quando o sistema de potência opera

estressado com altos níveis de carregamentos, próximo do limite de máxima

transferência de potência, uma sequência de eventos pode levar o sistema de potência ao

colapso de tensão [10-12]. Pode-se citar como exemplos de blecautes os que atingiram

parte dos Estados Unidos e Canadá em agosto de 2006, Itália em 2003 e Grécia em

2004 [13-15].

O transformador com comutador de tap sob carga OLTC (On-Load Tap

Changer), o limitador de sobre-excitação da corrente de campo OEL (Over-Excitation

Limiter) das máquinas síncronas e o motor de indução são os principais equipamentos

que contribuem para a instabilidade de tensão [10-12]. O OLTC é indispensável para

grandes consumidores industriais e redes de distribuição, pois aumenta a capacidade de

máxima transferência de potência através do controle da posição do tap, contudo esse

processo acelera a depreciação da tensão. O OEL é uma proteção contra sobre-

aquecimento do enrolamento de campo devido elevadas solicitações de potência reativa

e quando este equipamento atua, a excitação é reduzida drasticamente, normalmente

levando o sistema de potência ao colapso de tensão. O motor de indução é uma das

principais máquinas utilizadas na indústria em diversos segmentos, contudo o alto

consumo de potência reativa combinada com as ações do OLTC e do OEL pode levar o

sistema de potência ao colapso de tensão.

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Inicialmente, grande parte dos aerogeradores a velocidade variável operavam

sob fator de potência constante, normalmente próximo do unitário para vender a maior

potência ativa disponibilizada pelos ventos. Entretanto, com o aumento da penetração

eólica, os aerogeradores passaram a contribuir para o balanço de potência reativa do

sistema de potência, controlando a tensão terminal da central eólica. Nesse contexto, o

modo de controle do DFIG será analisado sob o ponto de vista da estabilidade de tensão

de longo-prazo.

Em 2014, espera-se que o Brasil ultrapasse a capacidade de 4.400 MW de

potência eólica instalada, dividindo com o grande potencial hidrelétrico existente, a

responsabilidade de atender a demanda [5]. Particularmente na região nordeste, os

ciclos hidrológico e eólico se complementam, conforme mostrado na Figura 1.4. Para

incentivar o suporte de potência reativa pelos aerogeradores, os operadores de sistema

pelo mundo todo oferecem compensações financeiras aos investidores de energia eólica.

Desse modo, quando a velocidade dos ventos é baixa a produção de potência ativa

diminui disponibilizando capacidade de potência reativa, podendo o aerogerador

oferecer um suporte adequado ao controle de tensão. Apesar das tecnologias a

velocidade variável serem capazes de fornecer potência reativa, a sua produção depende

também das limitações de tensão e corrente dos conversores de potência. Nesse

contexto, a estabilidade de tensão foi analisada sob regimes de velocidades de ventos

altas e baixas, indicando que nas baixas velocidades de ventos, o aerogerador pode

funcionar de modo similar ao compensador síncrono.

1.3 Objetivos

O objetivo deste trabalho é analisar a contribuição de aerogeradores para a

estabilidade de tensão de longo-prazo, considerando os limites de capacidade de cada

tecnologia impostos pelos conversores de eletrônica de potência, ação combinada do

OLTC e OEL, o modo de controle do aerogerador (fator de potência ou tensão

terminal), as condições do regime de ventos (velocidades altas e velocidades baixas). Os

limites de potência reativa são descritos, matematicamente, por curvas de capacidade,

tal como nas máquinas síncronas e modificados segundo a condição de operação do

aerogerador. Essas características são incorporadas aos controles das malhas de tensão e

velocidade dos aerogeradores a velocidade variável, constituindo os limites variáveis.

Todo o estudo foi realizado utilizando o ANAREDE (Programa de Análise de Redes) e

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o ANATEM (Programa de Análise de Transitórios Eletromecânicos), ferramentas

desenvolvidas pelo CEPEL (Centro de Pesquisas em Energia Elétrica) e amplamente

utilizadas pelo setor elétrico para realização de estudos de expansão e operação do

sistema elétrico brasileiro. Os principais objetivos desta tese são:

Analisar o impacto de diferentes tipos de tecnologias de aerogeradores na

estabilidade de tensão de longo-prazo, como aerogeradores do tipo DFIG, FRC e

SCIG, bem como o impacto do aumento de seu nível de penetração no sistema;

Analisar as diferentes formas de curva PV (Power-Voltage Curves) das barras de

carga do sistema de potência e a sua relação com a modelagem dos

equipamentos dinâmicos presentes no sistema, incluindo os aerogeradores, além

de seu impacto direto no ponto de máximo carregamento do sistema;

Representar as limitações impostas pelos conversores de potência nas condições

de operação por curvas de capacidade para os aerogeradores a velocidade

variável;

Analisar o impacto dos diferentes modos de controle do DFIG na estabilidade de

tensão de longo-prazo, operando através do controle de tensão ou controle do

fator de potência;

Analisar a influência do comportamento dos ventos na capacidade de

controlabilidade dos aerogeradores de velocidade variável para fornecimento de

potência reativa e controle da tensão terminal;

Analisar os efeitos dos limites variáveis representados pelas curvas de

capacidade dos aerogeradores nas malhas de controle de tensão e potência ativa;

Avaliar a contribuição do conversor GSC do DFIG para a estabilidade de tensão

de longo-prazo.

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1.4 Revisão Bibliográfica

Nos últimos anos, diversas pesquisas foram realizadas para avaliar o impacto da

integração da geração eólica na estabilidade de tensão, sob o ponto de vista do curto-

prazo.

Os estudos de estabilidade de tensão de curto-prazo produzidos na literatura

focam na capacidade de sobrevivência a afundamentos de tensão, comumente referida

como ridethrough, procedimento adotado pelos operadores de sistemas no mundo todo

para aumento da margem de estabilidade. O procedimento ridethrough determina que os

aerogeradores devam permanecer conectados ao sistema de potência e na maioria dos

casos, fornecendo suporte de potência reativa para rápida recuperação da tensão

terminal. No Brasil, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) não exige

fornecimento de potência reativa dos aerogeradores durante o procedimento de

ridethrough [16]. Muitos autores produziram vários trabalhos nessa linha de pesquisa

considerando aerogeradores a velocidade fixa e variável [17-23]. Todos os autores

reconhecem que a geração eólica a velocidade variável é benéfica para a margem de

estabilidade. Porém, nada se pode concluir a respeito da estabilidade de tensão de

longo-prazo.

Alguns trabalhos também avaliaram os impactos ocasionados pela integração da

geração eólica na estabilidade de tensão utilizando a análise estática [24,25]. No

entanto, os modelos estáticos são insuficientes para descrever completamente o

fenômeno da instabilidade de tensão [10].

Corsi [26] apresenta uma análise detalhada do impacto da atuação do OLTC

bem como do OEL em simulações no domínio do tempo para a estabilidade de tensão

de longo-prazo. O autor também avalia as formas das curvas PV devido à ação dinâmica

do OLTC e do OEL, revelando que tais controles limitam a estabilidade de tensão e

despreza-los pode levar a falsas conclusões a respeito da margem de estabilidade de

tensão de longo-prazo. Complementando este trabalho, Corsi [27] propõe um método

para estimar um indicador de proximidade da estabilidade de tensão baseado no

equivalente de Thevenin através de medições de unidades fasoriais PMU (Phasor

Measurement Unit). Resultados mostram que o algoritmo é capaz de indicar com

precisão e rapidez o equivalente de Thevenin ao operador de sistema, fornecendo

subsídios para tomada de decisões em tempo real. Entretanto, o autor não considera a

participação da geração eólica. Até o momento, poucas publicações foram feitas

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analisando os efeitos da geração eólica na estabilidade de tensão de longo-prazo,

avaliando o desempenho dinâmico do sistema e a interação entre dispositivos de

proteção e controle contínuos e discretos, tais como o OLTC e o OEL.

Freitas [28] avalia a estabilidade de tensão considerando cargas estáticas em um

sistema de distribuição com presença de geração eólica. A estabilidade de tensão foi

investigada pela análise dinâmica considerando o SCIG (Squirrel Cage Induction

Generator). Adicionalmente, o autor avalia a estabilidade de tensão pelas curvas PV

plotadas de forma “quase-dinâmica” (o valor final das variáveis foram armazenadas e

novas simulações foram realizadas resgatando o ponto de operação da simulação

anterior). O autor conclui que a geração eólica degrada a margem de estabilidade de

tensão quando a potência ativa injetada pela geração distribuída aumenta. A principal

contribuição deste trabalho deve-se a análise da influência do SCIG na estabilidade de

tensão por intermédio das curvas PV. Contudo, o autor não leva em consideração os

aerogeradores a velocidade variável, os quais possuem potencial para melhorar a

estabilidade de tensão.

Houssain [29] analisa os problemas ocasionados pela integração de grandes

parques eólicos que consistem de aerogeradores a velocidade constante e variável em

sistemas de potência de grande porte sob o ponto de vista da estabilidade de tensão de

curto-prazo e a estabilidade angular a pequenas perturbações. Vários estudos de caso

são apresentados, contudo muitas conclusões são conhecidas por muitos estudos

anteriores, como exemplo: a alta compensação de potência reativa por bancos de

capacitores pode levar o sistema de potência ao colapso, devido principalmente à

qualidade pobre de compensação do banco de capacitores, a qual é um elemento passivo

[10,11]. Aerogeradores a velocidade constante deterioram a margem de estabilidade de

tensão devido o alto consumo de potência reativa durante a falta [17,18,30]. O eixo

mecânico do aerogerador pode interagir com modos de oscilação mal-amortecidos

conduzindo o sistema de potência a instabilidade [31]. Porém, alguns resultados

interessantes são apresentados, como o caso das interações adversas entre equipamentos

FACTS (Flexible AC Transmission Systems) e o uso excessivo desses equipamentos

como compensação para aerogeradores SCIG, podendo levar o sistema de potência à

instabilidade em ambos os casos. Ao considerar o DFIG nos estudos de curto-prazo, a

capacidade de potência reativa não é explorada ao máximo, levando o autor a

conclusões bastante pessimistas a respeito da capacidade de sobrevivência do DFIG. A

principal contribuição desse estudo deve-se a integração dos grandes parques eólicos

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com equipamentos FACTS, podendo ocorrer interações adversas para o sistema de

potência.

Complementando o estudo anterior, Pereira [32] trata da estabilidade de tensão

de curto-prazo e de longo-prazo em uma mesma simulação, considerando a capacidade

de sobrevivência e as ações do OLTC e OEL com a integração de aerogeradores SCIG e

equipamentos FACTS, tais como o STATCOM (Static Compensator) e o SVC (Static

Var Compensator). Assim como no estudo anterior, o autor conclui que o SCIG é

prejudicial para a estabilidade de tensão do sistema de potência, devido ao aumento do

consumo de potência reativa com o aumento do escorregamento. Por este motivo se faz

necessária à utilização dos equipamentos STATCOM e SVC para compensação de

potência reativa do parque eólico. Os estudos comprovaram que os equipamentos

FACTS contribuem para a melhoria da estabilidade de tensão do sistema de potência,

evitando inclusive o colapso de tensão. Contudo, o STATCOM apresenta um

desempenho melhor do que o SVC devido à característica corrente constante, a qual a

potência reativa injetada varia linearmente com a tensão, enquanto que para o SVC a

potência reativa injetada varia com o quadrado da tensão sofrendo grandes

consequências para o suporte de potência reativa durante a ocorrência de faltas. Em

geral, o autor conclui que um equipamento STATCOM de menor capacidade pode

fornecer suporte adequado ao controle de tensão, quando seria necessário um SVC de

maior capacidade para cumprir satisfatoriamente o mesmo controle de tensão.

Ullah [33] analisa a estabilidade de tensão de longo-prazo e de curto-prazo

considerando aerogeradores a velocidade fixa e variável, operando com controle de

fator de potência ou controle de potência reativa. A curva de capacidade é limitada

basicamente pela corrente máxima do conversor, produzindo um semicírculo com raio

igual à potência aparente do conversor, desprezando o limite imposto pela potência

mecânica da turbina. A respeito da estabilidade de tensão no longo-prazo, o autor

considera um caso otimista, no qual a velocidade do vento é baixa e as reservas de

potência reativa são altas, além de considerar a velocidade do vento constante durante

toda a simulação, ou seja, desprezando os efeitos dos limites variáveis nas malhas de

controle dos conversores. O autor considera o efeito depreciativo do OLTC em

simulações no domínio do tempo, concluindo que o controle de potência reativa pelos

aerogeradores a velocidade variável é positivo para o aumento da margem de

estabilidade de tensão do sistema de potência, entretanto o efeito crucial do OEL não foi

considerado nas simulações.

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Ming [34] propõe duas estratégias de controle para o DFIG: controle da tensão

terminal e controle do fator de potência. O autor avalia a estabilidade de tensão por

meio de simulações estáticas (fluxo de carga), quase-estáticas (levando em consideração

equações dinâmicas com perturbações muito lentas) e simulações dinâmicas no domínio

do tempo e conclui que o modo de controle da tensão terminal permite um aumento da

margem de estabilidade de tensão em relação ao controle do fator de potência, porém

ambos os modos de controle conseguem manter a tensão em intervalos limitados. A

grande contribuição deste trabalho deve-se a investigação dos modos de controle do

DFIG na estabilidade de tensão, porém o autor desconsidera os limites variáveis nas

malhas de controle do DFIG.

Lund [35] formulou matematicamente os limites que definem a curva de

capacidade do DFIG, a saber: limite de corrente do rotor, limite de corrente do estator e

limite de tensão do rotor. O controle de potência reativa é feito, prioritariamente, pelo

RSC de modo que a corrente do conversor é o principal fator limitante para a produção

de potência reativa, enquanto os limites térmicos dos enrolamentos do estator

determinam a máxima capacidade de absorção de potência reativa. A tensão do rotor

apresenta limitações somente quando o escorregamento é elevado, nesse caso a proteção

de subtensão atuaria desconectando o aerogerador. Dessa forma, as principais restrições

da curva de capacidade do DFIG são a corrente do rotor, a corrente do estator e o limite

de potência mecânica imposta pela turbina eólica. Devido à necessidade de

magnetização da máquina, o DFIG possui uma capacidade maior de absorver do que

injetar potência reativa, considerando apenas o controle do conversor do lado do rotor

RSC. Porém, esse estudo não avalia a estabilidade de tensão de longo-prazo sem

mencionar como os limites da curva de capacidade poderiam ser incorporados aos

limites das malhas de controle de potência ativa e reativa do DFIG.

Engelhardt [36] leva em consideração efeitos adicionais na construção da curva

de capacidade do DFIG, como por exemplo: perdas, filtros para melhoria da qualidade

da energia, influência das baixas velocidades na temperatura de junção dos

semicondutores, saturação do núcleo magnético e tensão máxima do conversor do lado

da rede. Dentre esses efeitos, a temperatura de junção dos conversores impõe restrições

severas para o fornecimento de potência reativa. O autor apresenta a contribuição do

GSC na curva de capacidade, indicando que o limite de potência reativa do DFIG pode

ser estendido quando este conversor entra em operação. Ao final do estudo, o autor

indica como os limites da curva de capacidade podem ser incluídos nas malhas de

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controle do DFIG, entretanto, o autor não realiza simulações visando avaliar esses

efeitos na estabilidade de tensão de longo-prazo.

Konopinski [37] aborda exclusivamente o DFIG em todas as suas análises,

levando em consideração a formulação matemática da curva de capacidade proposta por

Lund [35]. A curva de capacidade nesse estudo considera somente a contribuição do

RSC. O autor discute o suporte de potência reativa quando o DFIG é restrito a operar

com fator de potência na faixa 0,95 adiantado/atrasado (devido a normas

regulamentadoras do operador de sistema) ou usando todo o limite de potência reativa

que a curva de capacidade pode oferecer. Segundo as análises estáticas baseadas no

fluxo de carga ótimo visando à operação econômica do sistema de potência, o autor

concluiu que o aumento da penetração eólica, a operação com fator de potência restrito,

causa o aumento das perdas no sistema de potência, elevando os custos de operação.

Análises dinâmicas de curto-prazo revelaram que a operação com fator de potência

restrito pode levar o sistema de potência ao colapso de tensão mesmo quando o

aerogerador opera em uma situação conservadora, na qual a velocidade dos ventos é

baixa e as reservas de potência reativa são abundantes, porém não podem ser utilizadas

devido à regulamentação imposta pelo operador de sistema. A grande contribuição deste

trabalho deve-se a representação adequada da curva de capacidade, com a inclusão

destes limites nas malhas de controle do DFIG nos estudos dinâmicos. Entretanto, o

autor não explora completamente a capacidade de potência reativa da máquina,

desprezando a contribuição essencial do GSC para a estabilidade de tensão de longo-

prazo.

Kayikçi [38] estuda diferentes estratégias de controle de potência reativa para o

DFIG considerando analises de curto-prazo com foco no ridethrough. O autor adota

corretamente a curva de capacidade do DFIG, sendo que o controle de potência reativa

pode ser realizado, exclusivamente, pelo RSC/GSC ou particionado entre ambos os

conversores, porém os limites das malhas de controle são fixos e iguais a 1 p.u.. O autor

também discute qual das componentes da corrente do rotor ( ou deve ser

priorizada durante a falta; concluindo que a escolha depende da relação R/X do sistema

de potência. Para faltas próximas ao aerogerador DFIG (R/X baixa) recomenda-se que a

componente seja priorizada, pois a componente reativa da impedância da rede é

predominante, ao passo que para faltas distantes do aerogerador DFIG (R/X alta)

recomenda-se que a componente seja priorizada, pois a componente ativa da

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impedância da rede é predominante e priorizar, equivocadamente, o controle de

potência reativa pela componente pode produzir uma resposta oscilatória

comprometendo a estabilidade do sistema de potência. O autor atenta para o controle

coordenado entre conversores RSC e GSC para evitar uma corrente de circulação entre

as malhas do estator e rotor causando grande absorção, desnecessária, de potência

reativa durante a falta. O autor adota diferentes dimensionamentos para os conversores

RSC e GSC dependendo da estratégia de controle adotada. O autor conclui que o

controle coordenado é a melhor estratégia para o controle de tensão. A principal

contribuição deste trabalho está no emprego do GSC para o suporte de potência reativa,

entretanto análises de longo-prazo não são realizadas e nada se pode concluir a respeito

da estabilidade.

Meegahapola [39] estuda o DFIG considerando a curva de capacidade completa

baseada na formulação matemática de Lund [35]. A autor implementa uma estratégia de

controle coordenado entre o RSC e o GSC, na qual o RSC assume o controle primário

de tensão e caso a reserva de potência reativa seja insuficiente para atender a demanda,

o GSC assume o excedente de potência reativa. O conversor GSC é sobredimensionado

em 50% de sua capacidade, para aumentar a capacidade de injeção de reativos,

principalmente quando o conversor RSC é bloqueado pela proteção de crowbar durante

o transitório provocado por uma falta. Nesse sentido, um primeiro estudo aborda os

benefícios do controle coordenado para a melhoria da estabilidade transitória, entretanto

em relação à Kayikçi [38] os limites das malhas de controle são variáveis com as

condições de ventos e determinados pela curva de capacidade. Um segundo estudo

adota um controle secundário de tensão para um alimentador radial de um sistema de

distribuição, sendo que a repartição de potência reativa é feita através de um estatismo,

o qual pode ser fixo ou adaptativo, conforme a localização do aerogerador no

alimentador. Esse estudo abrange um horizonte de longo-prazo (10 minutos) visando

mitigar a flutuação da tensão sobre o alimentador devido à variação da velocidade do

vento. Apesar de considerar o OLTC, o sistema teste é extremamente simples e não

opera de forma estressada e nenhuma conclusão pode ser feita a respeito da estabilidade

de tensão de longo-prazo. A principal contribuição deste trabalho é a implementação de

um controle de tensão entre aerogeradores com repartição de potência reativa através de

estatismo adaptativo, o qual pode apresentar resultados positivos para a estabilidade de

tensão de longo-prazo, dependendo de qual estratégia de controle seja empregada.

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Ullah [40] discute a viabilidade técnica e econômica do FRC como fornecedor

de potência reativa para o sistema de potência, formulando um modelo de custo da

energia reativa a ser paga pelo operador de sistema, auxiliando-o na tomada de decisão

para operação ótima do sistema de potência. Conforme o aerogerador expande a sua

capacidade de potência reativa, a capacidade dos conversores aumenta, onerando os

custos do serviço ancilar. Contudo, esses custos de sobredimensionamento representam

apenas 2,25% do investimento total do parque eólico quando o parque eólico opera com

fator de potência nominal de 0,9. O autor representa a curva de capacidade do FRC

considerando limitações de tensão e corrente dos conversores, sendo que a limitação de

tensão pode ser contornada com o sobredimensionamento dos componentes, expandindo

consideravelmente o limite de potência reativa do aerogerador. A principal contribuição

deste trabalho deve-se a formulação matemática do custo da potência reativa para o

operador de sistema, integrando definitivamente a geração eólica como uma fonte de

potência reativa qualificada, capaz de oferecer suporte para a manutenção da

estabilidade de tensão de longo-prazo.

Aumuller [41] investiga os impactos causados na estabilidade de tensão de

longo-prazo pelo gerador de alta tensão Powerformer. Esse gerador é uma máquina

síncrona, normalmente utilizada em usinas hidrelétricas ou termelétricas, conectada

diretamente ao barramento de alta tensão, dispensando o transformador elevador [42]. O

Powerformer é uma máquina síncrona de construção especial, na qual o enrolamento do

estator é constituído de cabos de alta tensão com isolação de XLPE (polietileno

reticulado), permitindo uma baixa corrente no estator, característica que confere um

aumento na capacidade de potência reativa do gerador [41,42]. Polinder [43] e

Blaabjerg [7] apontam que os aerogeradores de grande porte (acima de 10 MW) do

futuro serão conectados diretamente ao sistema de transmissão em alta tensão, seja por

uma conexão CC ou CA, de forma semelhante ao Powerformer. Aumuller [41] compara

o Powerformer com o gerador síncrono convencional, considerando os efeitos do OLTC

e dois modelos de OEL com características de atuação diferentes. O autor destaca que

um alto ganho do OEL pode contribuir para ocorrência mais rápida do colapso de

tensão. O autor ainda conclui que o Powerformer na maioria dos casos apresenta um

desempenho dinâmico melhor do que o gerador síncrono convencional, postergando o

colapso de tensão do sistema de potência. Apesar de não considerar a geração eólica

neste trabalho, a grande contribuição do autor deve-se ao uso do Powerformer o qual

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apresenta uma capacidade de potência reativa muito grande e a escolha adequada dos

ganhos do OEL.

Tazil [44] aborda uma revisão geral sobre os avanços tecnológicos do DFIG nos

últimos 25 anos, cobrindo uma vasta pesquisa na literatura mundial com mais de 180

referências bibliográficas do assunto. O autor aborda as diferenças entre os sistemas

eólicos a velocidade constante e velocidade variável, a modelagem do aerogerador

DFIG, controle de passo da turbina eólica, técnicas de controle vetorial para as malhas

de potência ativa e reativa, softwares para simulação e implementação experimental do

DFIG, aspectos relacionados à conexão do aerogerador DFIG ao sistema de potência,

operação em sistemas isolados e outras áreas de aplicações. Sobre toda essa imensa

revisão bibliográfica do autor, não consta trabalhos mencionando contribuições ou

análises com aerogeradores a velocidade variável para a estabilidade de tensão de

longo-prazo.

Nota-se que a literatura ainda carece de trabalhos com análises detalhadas no

que se refere aos aspectos dinâmicos que contribuem e impactam no processo da

instabilidade de tensão de longo-prazo envolvendo a geração eólica.

1.5 Estrutura da Tese

Esta tese de doutorado está organizada da seguinte forma:

O Capítulo 1 apresenta uma breve descrição da situação da energia eólica no

contexto nacional e internacional, discutindo aspectos relacionados com a

integração de parques eólicos na rede elétrica no que se refere ao problema de

estabilidade de tensão, além do objetivo proposto nesta tese. É feita uma revisão

bibliográfica dos principais trabalhos relacionados ao tema apresentado;

No Capítulo 2 são apresentados os componentes de um sistema eólico para fins

de geração de energia elétrica, descrevendo os principais sistemas a velocidade

fixa e velocidade variável, bem como os geradores utilizados, o controle da

turbina eólica e um panorama atual do mercado eólico de fabricantes;

No Capítulo 3 é apresentada uma introdução aos conceitos básicos de

estabilidade de tensão, descrição do mecanismo da instabilidade de tensão de

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longo-prazo envolvendo os equipamentos OLTC e OEL, característica das

cargas estáticas, curvas PV estáticas, máximo carregamento e limite de

carregamento do sistema de potência e a complementariedade entre a análise

estática e a análise dinâmica para a estabilidade de tensão de longo-prazo;

O Capítulo 4 aborda o aerogerador DFIG, tratando da representação estática para

fluxo de carga, a modelagem dinâmica para estudos de estabilidade de tensão de

longo-prazo do gerador de indução de rotor bobinado, da turbina eólica e o

controle de passo, os conversores RSC e GSC com suas respectivas malhas de

controle, a curva de capacidade do DFIG considerando a operação do conversor

GSC fornecendo ou não potência reativa para o sistema de potência e a definição

dos limites variáveis das malhas de controle;

O Capítulo 5 trata da modelagem do FRC para representação estática e dinâmica

considerando os limites variáveis nas malhas de controle. Será apresentada a

curva de capacidade do FRC para definição dos limites variáveis das malhas de

controle;

No Capítulo 6 são apresentados os resultados referentes aos estudos de casos: i)

avaliação dos impactos causados pela integração de aerogeradores SCIG e

DFIG, ii) influência dos modos de controle do DFIG (controle de tensão ou fator

de potência), iii) influência do regime de ventos na capacidade de potência

reativa do DFIG e iv) contribuição do conversor GSC para a estabilidade de

tensão de longo-prazo;

Finalmente, no Capítulo 7 são apresentadas as conclusões relativas a cada estudo

de caso analisado no Capítulo 6. Além disso, conclusões finais sobre o impacto

da integração de aerogeradores para a estabilidade de tensão de longo-prazo e

sugestões de trabalhos futuros visando à investigação de assuntos não

explorados nesta tese.

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1.6 Trabalhos Publicados

R. R. Londero, C. M. Affonso, J. P. A. Vieira, Impactos Causados pela

Integração de Aerogeradores DFIG e Gaiola na Estabilidade de Tensão de

Longo-Prazo em Sistemas Elétricos, XII Simpósio de Especialistas em

Planejamento da Operação e Expansão Elétrica, Maio 2012, Rio de Janeiro,

Brasil, pp.1-9;

R. R. Londero, C. M. Affonso, J. P. A. Vieira, U. H. Bezerra, Impact of

Different DFIG Wind Turbines Control Modes on Long-Term Voltage Stability,

Innovative Smart Grid Technologies (ISGT Europe), 2012 3rd

IEEE PES

International Conference and Exhibition, Oct 2012, Berlin, pp.1-7;

R. R. Londero, J. P. A. Vieira, C. M. Affonso (2012), Comparative Analysis of

DFIG Based Wind Farms Control Mode on Long-Term Voltage Stability,

Advances in Wind Power, Dr. Rupp Carriveau (Ed.), ISBN: 978-953-51-0863-4,

InTech, DOI: 10.5772/52690.

R. R. Londero, C. M. Affonso, J. P. A. Vieira, Contribuição de Aerogeradores a

Velocidade Variável para a Estabilidade de Tensão de Longo-Prazo, XIII

Simpósio de Especialistas em Planejamento da Operação e Expansão Elétrica,

Maio 2014, Foz do Iguaçu, Brasil, pp.1-10;

R. R. Londero, C. M. Affonso, J. P. A. Vieira, Long-Term Voltage Stability

Analysis of Variable Speed Wind Generators, IEEE Transactions on Power

Systems (artigo aceito para publicação). 2014.

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Capítulo 2

Sistemas Eólicos

2.1 Introdução

A cada ano muitos consumidores adquirem acesso à energia elétrica pelo mundo todo.

O aumento da demanda de energia torna o sistema de potência cada vez mais solicitado,

necessitando de reforços e construção de novas linhas de transmissão. As fontes

renováveis fizeram emergir a importância da preservação ambiental e da diversificação

das fontes de energia na matriz energética.

Neste contexto, a energia eólica ganhou bastante importância no cenário

mundial, alcançando níveis de penetração elevados. Nos anos 80, a concepção

dinamarquesa de aerogeradores ganhou bastante popularidade pelo baixo custo de

instalação e simplicidade operacional, conquistando grande aceitação no mercado e na

indústria. Contudo, devido a grande penetração e incapacidade de fornecer suporte a

rede elétrica, muitos estudos concluíram que este tipo tecnologia oferece sérios riscos

para a operação segura e confiável do sistema, especialmente do ponto de vista da

estabilidade. Para o sistema de potência oferecer operação segura e aceitável, tornou-se

imprescindível o fornecimento de serviços ancilares por parte dos grandes parques

eólicos. Capacidade de sobrevivência a afundamentos de tensão (fault ride-through) e

controle de tensão terminal são alguns dos serviços ancilares exigidos, pelos operadores

de todo mundo, aos grandes parques eólicos conectados ao sistema de transmissão e

subtransmissão.

Neste capítulo são apresentados os sistemas eólicos a velocidade constante e a

velocidade variável, destacando suas vantagens e desvantagens para conexão à rede

elétrica. Em seguida, os principais componentes de um sistema eólico e um panorama

do mercado eólico mundial entre os principais fabricantes.

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2.2 Sistemas Eólicos a Velocidade Constante

Cronologicamente, os sistemas eólicos a velocidade constante foram os

primeiros sistemas de grande porte instalados pelo mundo, dominando o mercado eólico

nos anos 80 com a chamada concepção dinamarquesa.

Nos sistemas eólicos a velocidade constante, a frequência do gerador é fixada

pela frequência da rede elétrica. O rotor não pode girar a uma velocidade maior do que a

velocidade síncrona, embora haja uma pequena variação de 1 a 2% devido ao

escorregamento do gerador, relativo à potência gerada. Mudanças na velocidade do

vento não afetam a velocidade do rotor, mas causam flutuações no torque

eletromagnético, podendo comprometer a qualidade da energia gerada, especialmente

para redes elétricas fracas [30]. À medida que aumenta a capacidade do parque eólico,

aumenta também o nível de curto-circuito no ponto de conexão com a rede elétrica de

tal forma que o parque eólico não pareça mais desprezível frente ao sistema de potência.

Sistemas eólicos a velocidade constante normalmente empregam o gerador de

indução em gaiola (SCIG), pois a característica de velocidade constante é atraente para

carregamento variável. Por este motivo o gerador de indução em gaiola é diretamente

conectado a rede elétrica, e devido à sua construção simples e robusta, o gerador de

indução em gaiola é a alternativa mais barata para produção de energia elétrica.

Sistemas eólicos a velocidade constante não aproveitam ao máximo todo o

potencial eólico disponível nos ventos, pois a velocidade específica de ponta de pá

(Tip Speed Ratio) é variável, fazendo com que, na maioria das vezes, a turbina não

esteja em operação otimizada. Nesse caso, a turbina eólica é projetada para uma

velocidade de vento a qual ocorre com maior probabilidade no local. Esta velocidade de

vento esta relacionada a um único que proporciona o máximo aproveitamento

energético da turbina eólica. Para velocidades excessivas ocorre descolamento natural

das linhas de fluxo sobre a pá em um processo conhecido por estol (Stall). O estol pode

ser controlado a ocorrer em outras velocidades de vento, mas para isso é necessário que

o ângulo de passo seja modificado. Sistemas eólicos a velocidade constante,

normalmente, não possuem esse tipo de controle, conduzindo toda estrutura a maiores

cargas mecânica com risco de excitação de modos estruturais (torre, pás e eixo

mecânico) [17].

Máquinas de indução em gaiola invariavelmente consomem potência reativa,

muitas normas regulamentadoras de operadores de sistema determinam que sejam

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instalados bancos de capacitores para correção do fator de potência [16]. Como a

máquina de indução em gaiola não possui excitação é necessário que tal máquina

absorva potência reativa para formar o campo magnético girante durante o processo de

energização e partida da máquina. Por este motivo emprega-se comumente soft-starters

para controlar a corrente absorvida pela máquina do banco de capacitores de modo a

realizar uma partida mais suave sem grandes transitórios para o sistema de potência [2].

2.3 Sistemas Eólicos a Velocidade Variável

Nos sistemas eólicos a velocidade variável, a frequência da rede é desacoplada

da frequência do rotor a partir da utilização de conversores estáticos de eletrônica de

potência. Tais conversores possibilitam a operação em velocidade variável do rotor da

turbina eólica. Em função deste desacoplamento, surge a designação de aerogeradores a

velocidade variável. Os principais aerogeradores dessa categoria são: o gerador de

indução duplamente excitado (DFIG) e o gerador síncrono com conversor de

capacidade nominal (FRC).

A capacidade de variar a velocidade do rotor aumenta a flexibilidade de

operação da turbina fazendo com que a velocidade específica de ponta de pá seja

constante, normalmente projetada para alcançar a máxima eficiência da turbina. Para

velocidades excessivas, a turbina é descarregada gradualmente pelo controle do ângulo

de passo, fazendo com que a estrutura não seja submetida a cargas mecânicas elevadas.

A capacidade do conversor não esta relacionada à potência nominal do gerador,

mas em função da banda de velocidades que o conversor irá operar definindo assim a

potência de escorregamento sobre o rotor. Dessa maneira, o custo do conversor aumenta

conforme a largura da banda de velocidades [45]. Tipicamente, a banda de velocidades

é selecionada -40% a +30% em torno da velocidade síncrona (0,6 – 1,3 p.u.). A

operação em velocidade variável apresenta algumas vantagens em relação aos esquemas

que operam a velocidade constante:

Redução da fadiga e stress no sistema de mecânico e em toda estrutura;

Diminuição do custo de manutenção, aumento do intervalo de operação do

aerogerador e melhora na qualidade de energia;

Aproveitamento ótimo do recurso eólico;

Diminuição do nível de ruído aerodinâmico.

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24

2.4 Principais Componentes de um Sistema Eólico

A grande maioria dos sistemas eólicos atuais é de eixo horizontal com a turbina

eólica posicionada a montante do escoamento do vento conforme a Figura 2.1, para

evitar efeito de sombra da torre, ocasionando um torque pulsante podendo fadigar as pás

do rotor [45]. A configuração dos componentes inseridos na nacele não é única,

podendo o gerador estar na base da torre para diminuir o peso sob a mesma. Porém,

comumente a configuração descrita na Figura 2.1 é a mais usada pelos fabricantes de

aerogeradores no mundo [45]. Para estudos de estabilidade, os seguintes componentes

devem ser considerados:

Figura 2.1 Estrutura de um aerogerador de eixo horizontal.

Turbina eólica: responsável por transformar a energia cinética do vento em

energia mecânica de rotação;

Caixa de engrenagens: responsável por transmitir a energia mecânica entregue

pelo eixo da turbina (baixa rotação) para o eixo do gerador (alta rotação).

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Geradores síncronos multipolos não utilizam este componente, e neste caso o

eixo da turbina é acoplado diretamente ao eixo do gerador, como é o caso do

FRC. São conhecidos como sistemas de acoplamento direto (Direct Drive);

Gerador elétrico: os geradores mais usados para aplicações em sistemas eólicos

são as máquinas de indução com rotor em gaiola (para velocidade constante),

máquina de indução com rotor bobinado, máquina síncrona eletricamente

excitada e máquina síncrona a imã permanente (todas usadas para velocidade

variável);

Sistema de controle: destina-se ao controle e monitoramento do aerogerador

para maximização da potência extraída dos ventos e proteção de toda a estrutura.

Para o parque eólico agregar maiores quantidades de potência, os aerogeradores

são interligados e espaçados de maneira adequada tal que o escoamento turbulento seja

minimizado de uma turbina para outra. O ponto de conexão com a rede elétrica é feito

por uma subestação de grande porte que conecta todo o parque eólico (não mostrado na

Figura 2.1). Já a conexão com o parque eólico é feito por um transformador de pequeno

porte, normalmente 690 V : 6,9 kV, localizado na base da torre de cada aerogerador.

2.5 Turbina Eólica

A turbina eólica é o principal componente de um aerogerador, pois através dela

ocorre a conversão de energia contida na massa de ventos para energia mecânica de

rotação.

As turbinas eólicas devem ser projetadas de modo a extrair a maior quantidade

de potência dos ventos. A potência contida numa massa de ventos é dada por [17]:

onde:

: potência contida na massa de ventos [Watts];

: densidade do ar [kg/m3];

: área coberta pelas pás do rotor [m2];

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: raio da pá [m];

: velocidade do vento [m/s].

A potência extraída pela turbina de uma massa de ventos é dada por [17]:

(2.2)

onde:

: coeficiente de potência [adimensional].

O coeficiente de potência é função do ângulo de passo e da velocidade

específica de ponta de pá (Tip Speed Ratio – TSR), dada por [17]:

Sendo que é a velocidade tangencial na ponta da pá, a velocidade de

rotação da turbina no eixo da turbina. Nos sistemas eólicos a velocidade constante, o

coeficiente de potência é função somente de e o ângulo de passo é fixo. Nesse caso

a turbina eólica é projetada para atingir a potência nominal em um determinando ,

enquanto que nos sistemas a velocidade variável, o coeficiente de potência é função

tanto de como de proporcionando uma extração maior de potência dos ventos,

devido à capacidade de posicionamento angular das pás.

O coeficiente de potência é um número menor que a unidade e limitado ao valor

máximo teórico de 59,3% estabelecido por Betz. Comercialmente, as turbinas eólicas

possuem coeficiente de potência máximo situado na faixa de 25-45% [2]. É nítido

através da equação (2.2) que uma turbina eólica consegue extrair mais potência de uma

massa de ventos quanto maior o coeficiente de potência.

A Figura 2.2 representa a turbina eólica sob o ponto de vista aerodinâmico. O

método do Momento dos Elementos das Pás BEM (Blade Element Momentum) é usado

para calcular o torque mecânico imposto às pás pela ação do vento, possibilitando a

determinação da potência mecânica extraída pela turbina [17,46].

Turbinas eólicas são movidas por forças de sustentação L (Lift) e arrasto D

(Drag). As modernas turbinas eólicas trabalham prioritariamente pela ação de forças de

sustentação [17,45,46]. A força de sustentação é responsável por produzir torque

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mecânico, enquanto a força de arrasto é a principal responsável pelas solicitações

mecânicas impostas à turbina. Cada elemento de seção da pá de comprimento

infinitesinal contribui para o torque mecânico. O plano define o plano de

rotação das pás.

Figura 2.2 Representação aerodinâmica de uma turbina eólica [17].

A Figura 2.3 representa um elemento de seção da pá. O plano define o

plano do rotor, ou seja, o plano no qual o elemento de seção da pá dista do cubo do

rotor. A linha de corda representa a linha a qual contém o comprimento transversal do

elemento, denominado corda. O ângulo de ataque é medido em relação ao vetor

velocidade relativa e a linha de corda, e o ângulo de passo é medido em relação

à e o plano do rotor. Quando a pá está em movimento o vetor velocidade relativa

possui componentes axial e tangencial ao movimento da pá , dados por [17]:

(2.4b)

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Sendo a velocidade do vento incidente não perturbado, a velocidade

mecânica de rotação da turbina e os coeficientes e originados pela formação do

vórtex ao redor do elemento, os quais dependem das características aerodinâmicas da

pá. Quando a turbina está parada, o vetor velocidade relativa está alinhado com o

vetor velocidade do vento não perturbado . Nesta situação o ângulo de ataque é

elevado (próximo de 90o) e a componente de arrasto da força resultante é dominante.

Porém, à medida que o vento incide sobre a turbina, a mesma ganha velocidade e o

ângulo de ataque vai diminuindo, a componente tangencial da velocidade relativa

vai aumentando e a componente de sustentação da força resultante aumenta.

Figura 2.3 Elemento de seção da pá na posição [17].

Para o caso de uma turbina com três pás, amplamente produzida pela indústria

eólica, para geração de energia é esperado que a velocidade tangencial seja 5 a 10 vezes

maior do que a velocidade do vento não perturbado, ou seja, [47].

O melhor desempenho para a seção de aerofólio ocorre quando o ângulo de

ataque é mantido constante, isto é, a velocidade específica de ponta de pá é mantida

constante em seu valor ótimo . Dessa forma, conhecida a velocidade do vento não

perturbado , a malha de controle de velocidade calcula a velocidade do rotor para

manter a turbina em operação ótima seguindo , especificado pelo projeto

aerodinâmico. Este desempenho ótimo só pode ser alcançado nos esquemas de

velocidade variável graças aos conversores de estáticos de eletrônica de potência.

As forças de sustentação e arrasto são dadas por [17]:

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(2.5b)

Sendo o comprimento da corda, e os coeficientes de sustentação e

arrasto, respectivamente. Estes coeficientes são determinados por meio de medições em

túnel de vento variando-se o ângulo de ataque, definindo as características de

sustentação e arrasto de um aerofólio [46,47]. Estas curvas revelam que para ângulos de

ataque pequenos, o coeficiente de sustentação é alto, crescendo de forma

aproximadamente linear, enquanto o coeficiente de arrasto é quase nulo. Curvas típicas

mostram que a partir de o escoamento não é mais laminar e ocorre descolamento

das linhas de fluxo da parte superior do aerofólio, produzindo uma diferença de pressão

da parte superior para a inferior que reduz o coeficiente de sustentação e aumenta o

coeficiente de arrasto, iniciando o processo conhecido por estol [46].

A força de arrasto alinha-se com a velocidade relativa enquanto a força

de sustentação é perpendicular à velocidade relativa . A força resultante possui

componentes de arrasto e sustentação, conforme a Figura 2.4. Se , um torque de

aceleração é produzido movimentando a turbina com velocidade de rotação

entregando potência mecânica ao eixo da turbina. Entretanto, somente a força

tangencial a qual está alinhada com plano do rotor é usada efetivamente para

produção de movimento. A força axial atua ao longo do eixo da turbina e

responsável pelo estresse mecânico da estrutura [46,47].

D

L

1x

1y

RELV

F

tF

axF

Linha de Corda

Figura 2.4 Forças atuantes em um elemento de seção da pá.

Por inspeção da Figura 2.4, a força axial e a força tangencial são dadas por [17]:

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(2.6b)

Multiplicando-se a força axial e a força tangencial pela distância medida desde

o cubo do rotor até o elemento de seção da pá produz um elemento de torque axial

e um elemento torque tangencial em relação ao centro da pá, respectivamente.

Integrando-se ao longo de todo o raio da pá e multiplicando pelo número de pás ,

obtem-se o torque axial e o torque tangencial sobre a pá, dados por [17]:

A potência mecânica produzida pela turbina será dada por:

(2.8)

O coeficiente de potência pode ser calculado pelas equações (2.2) e (2.8),

Percebe-se que o coeficiente de potência tem forte relação com a força de

sustentação. Pela Figura 2.4 quanto maior a força de sustentação, menor a força de

arrasto e maior a força tangencial, dessa forma o torque tangencial sofre forte influência

da força de sustentação, e consequentemente o coeficiente de potência também.

Para a turbina eólica gerar mais potência, independente das condições de vento,

os fabricantes aumentam a altura da torre e o diâmetro das pás do rotor para que a

turbina cubra uma maior aérea e consequentemente absorva mais ventos, desenvolvendo

mais potência, conforme (2.1). Em elevadas altitudes, a velocidade dos ventos é maior e

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o escoamento menos turbulento, reduzindo o estresse mecânico sobre as pás. A Figura

2.5 mostra a evolução da potência das turbinas eólicas com diâmetro do rotor.

Figura 2.5 Evolução da potência das turbinas eólicas com aumento do diâmetro [2].

2.5.1 Controle de Posição das Pás da Turbina Eólica

As turbinas eólicas utilizam dois tipos de controle aerodinâmico para limitar a

potência extraída e evitar sobrecargas à estrutura. As turbinas mais modernas

empregadas em esquemas a velocidade variável adotam o controle de passo (Pitch

Control), enquanto os esquemas a velocidade constante usam o controle estol (Stall

Control).

O controle estol é um sistema passivo que reage à velocidade do vento. As pás

do rotor são fixas em seu ângulo de passo e não podem girar em torno de seu eixo

longitudinal. O ângulo de passo é escolhido de forma que, para velocidades de vento

superiores à nominal, o escoamento descola-se naturalmente da superfície da pá e o

escoamento torna-se turbulento, produzindo o efeito estol. Esse descolamento das linhas

de fluxo sobre o perfil das pás reduz a força de sustentação e aumenta a força de arrasto,

diminuindo o coeficiente de potência e consequentemente a potência extraída pela

turbina eólica. Os sistemas eólicos a velocidade constante normalmente adotam este tipo

de controle. Para melhorar o aproveitamento energético, alguns sistemas a velocidade

constante utilizam o controle de estol ativo (Active Stal Control), o qual regula ângulo

de passo sobre um pequeno intervalo negativo de valores [17], ampliando um pouco a

banda de velocidades de operação da turbina.

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À medida que a velocidade do vento aumenta, a velocidade específica de ponta

de pá decresce. Nesse momento o ângulo de ataque aumenta causando o

descolamento das linhas de fluxo do perfil da pá e o processo de estol se inicia,

conforme mostra a Figura 2.6.

O controle estol é mais simples do que o controle de passo porque as turbinas

não necessitam de um sistema de posicionamento da pá. Em comparação ao controle de

passo, as turbinas eólicas com controle estol apresentam estrutura do cubo do rotor mais

simples e necessidade de menor manutenção devido a menor quantidade de peças

móveis.

Para o controle de passo, quando a velocidade do vento está abaixo da

velocidade nominal, a turbina eólica opera extraindo o máximo de potência disponível

do vento, operando em e o ângulo de passo é reduzido de modo que o coeficiente

de potência seja máximo [46]. Outras estratégias de controle fixam o ângulo de passo

próximo de para extração da máxima potência do vento [17]. Ultrapassada a

velocidade nominal, o ângulo de passo aumenta, reduzindo o coeficiente de potência

para manter a potência nominal de saída.

(a)

(b)

(c)

(d)

Figura 2.6 Controle Estol: o aumento do ângulo de ataque proporciona um maior descolamento do

escoamento sobre a pá.

A Figura 2.7 mostram curvas de potência para sistemas eólicos a velocidade

variável (controle de passo) e a velocidade constante (controle estol). A curva de

potência tem três pontos chaves na escala de velocidade:

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Velocidade de partida: velocidade mínima para produzir potência útil;

Velocidade nominal: velocidade do vento a qual produz a potência nominal;

Velocidade de corte: velocidade de vento para a qual a turbina é desconectada

pela ação do sistema de controle de passo para evitar a fadiga do rotor.

Figura 2.7 Curva de Potência para aerogeradores de 850 kW.

2.6 Caixa de Engrenagens

Normalmente, os geradores de indução não possuem muitos polos. O estator e o

rotor são feitos de material ferromagnético e o entreferro apresenta pequena espessura,

de tal forma que uma pequena corrente é necessária para produção de fluxo magnético

e, consequentemente, do torque eletromagnético. Nas máquinas com muitos polos, o

entreferro aumenta bastante, necessitando de um fluxo magnético elevado e de uma

corrente elétrica elevada para produzir o mesmo torque eletromagnético que uma

máquina com poucos polos. Portanto, devido ao baixo número de polos, o eixo do

gerador opera em velocidades relativamente altas, ao passo que o eixo da turbina

trabalha em baixas velocidades, incompatibilizando o acoplamento direto. Para

solucionar esse problema, uma caixa de engrenagens multiplica a velocidade da turbina

pela relação de engrenagens para que a velocidade no eixo do gerador seja alta. Devido

a natureza do potencial eólico, a rotação da turbina encontra-se na faixa de 15 a 20 rpm,

enquanto o eixo de alta velocidade (eixo do gerador) opera na faixa 1200 a 1800 rpm.

0 5 10 15 20 25 300

100

200

300

400

500

600

700

800

900

1000

Velocidade do vento [m/s]

Potê

ncia

[kW

]

Velocidade Constante

Velocidade Variável

Velocidade

Nominal

Velocidade

de Corte

Velocidade

de Partida

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A caixa de engrenagens, além de pesada e encarecer o custo final do projeto

(25% do custo sem instalação), é o equipamento mecânico que mais apresenta falhas,

necessitando de mais manutenções. Conforme aumenta a relação de engrenagens, mais

caro, complexo e pesado torna-se a caixa de engrenagens. O ruído aerodinâmico e as

perdas aumentam com a quantidade de engrenagens [47]. Por estas razões, muitos

fabricantes desenvolveram aerogeradores sem a caixa de engrenagem, ou seja, com

acoplamento direto entre a turbina e o gerador (Direct Drive). Geralmente, os geradores

empregados nos sistemas de acoplamento direto são máquinas síncronas multipolos de

baixa frequência o que permite trabalhar em velocidades compatíveis com a geração

eólica.

2.7 Gerador

Durante o período de 2005 a 2009, os preços das turbinas aumentaram em

resposta a crescente demanda global, elevando os custos de material e outros fatores. No

entanto, a produção em larga escala e o aumento da eficiência, melhoraram o fator de

capacidade e reduziram os custos de fabricação das turbinas, bem como os custos de

operação e manutenção. Como resultado, a energia eólica onshore (turbinas instaladas

em terra) apresenta agora um custo competitivo mais barato do que a energia

convencional em alguns mercados (alguns locais na Austrália, Índia e os Estados

Unidos), embora o novo gás de xisto esteja, em alguns países, dificultando a competição

da energia eólica (e outras energias renováveis) com o gás natural. Instalações offshore

(turbinas instaladas no mar) permanecem pelo menos duas vezes mais caro que as

onshore [48].

Os 10 maiores fabricantes de aerogeradores do mundo representaram 77% do

mercado mundial em 2012. Eles vieram da China (4), Europa (4), Índia (1) e Estados

Unidos (1). A Vestas (Dinamarca), o maior fabricante desde 2000, rendeu sua liderança

a GE Wind (terceiro em 2011), devido principalmente ao forte mercado dos Estados

Unidos. A Siemens saltou de nono (2011) para terceiro, seguido por Enercon

(Alemanha) e o Grupo Suzlon (Índia), as quais subiram um posto em relação a 2011.

Outras empresas de topo foram Gamesa (Espanha) e Goldwind, United Power, Sinovel

e Mingyang (toda a China); tanto Goldwind e Gamesa caíram do top cinco, conforme

mostra a Figura 2.8. Diante desse contexto são apresentadas as tecnologias de

aerogeradores mais usadas por fabricantes no mercado mundial.

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A Tabela 2.1 apresenta os 10 maiores fabricantes de aerogeradores no mundo

relativo ao ano de 2012. Nota-se que os sistemas a velocidade variável (DFIG, FRC e

GFC) estão dominando o mercado eólico, porém os sistemas a velocidade fixa (SCIG)

ainda encontram-se disponíveis com mercado reduzido.

Tabela 2.1 Os 10 maiores fabricantes de aerogeradores no mundo em 2012 [43].

Fabricante Conceito Diâmetro do Rotor (m) Potência (MW)

GE Wind (EUA) DFIG

FRC (PM)

77 – 120

113

1,5 – 2,85

4,1

Vestas (DIN) DFIG

GFC PM

80 – 100

112 – 164

1,8 – 3

1,8 – 8

Siemens (ALE) GFC IG

FRC (PM)

82 – 120

101 – 154

2,3 – 3,6

3 – 6

Enercon (ALE) FRC (EE) 48 – 126 0,8 – 7,5

Suzlon (IND) SCIG

DFIG

52 – 88

95 – 97

0,6 – 2,1

2,1

Gamesa (ESP) DFIG 52 – 114 0,85 – 2

GFC PM 128 4,5

Goldwind (CHN) FRC (PM) 70 – 109 1,5 – 2,5

United Power (CHN) DFIG

FRC (PM)

77 – 100

100

1,5 – 3

3

Sinovel (CHN) DFIG 60 – 113 1,5 – 5

Mingyang (CHN) DFIG

GFC PM

77 – 83

92 – 108

1,5

2,5 – 3

* GFC (Gear and Full Converter), PM (Permanent Magnets), IG (Induction

Generator), EE (Electrically Excited)

Mingyang (CHN) 3%

United Power (CHN)

5%

Sinovel (CHN) 3% Goldwind (CHN)

6%

Suzlon (IND) 7%

GE Wind (EUA) 16%

Gamesa (ESP) 6%

Enercon (ALE) 8%

Siemens (ALE) 9%

Vestas (DIN) 14%

Outras 23%

Figura 2.8 Divisão de mercado eólico entre os maiores fabricantes em 2012 [1,48].

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2.7.1 Gerador de Indução em Gaiola (SCIG)

A concepção mais usual e predominantemente adotada pelos fabricantes para o

gerador de indução em gaiola considera a ligação direta do estator da máquina na rede

elétrica. Durante a partida para formação do campo magnético girante do estator, o

gerador consome grandes quantidades de potência reativa. Para suavizar a partida,

emprega-se uma chave estática soft-starter, que tem como objetivo reduzir a corrente de

partida durante a energização da máquina. A Figura 2.9 apresenta o esquema de ligação

do gerador de indução em gaiola com a rede elétrica.

Além da chave estática, estes sistemas são compostos por bancos de capacitores,

os quais são responsáveis pela excitação da máquina. O banco de capacitores é

requerido por diversas normas de operadores de sistema [16], para que o parque eólico

não drene potência reativa do sistema, podendo comprometer sua operação e

estabilidade [17]. Entretanto, o banco de capacitores não oferece um suporte adequado

ao aerogerador, pois a potência reativa fornecida depende da tensão do barramento, a

qual pode estar sendo afetada por fatores externos, proporcionando uma qualidade pobre

no fornecimento de potência reativa [49].

Caixa de

Engrenagens

Sistema

de

Potência

Barra

Terminal

Transformador

de Potência

(Subestação)

Barra do

GeradorGerador de

Indução em

Gaiola

Soft-Starter

Banco de Capacitores

Figura 2.9 Gerador de indução em gaiola conectado diretamente a rede elétrica.

Para melhorar o aproveitamento energético do potencial eólico, algumas vezes

são empregados dois geradores de indução, sendo um para baixas velocidades e outro

para altas velocidades, obviamente esta concepção encarece bastante o aerogerador,

além de não conseguir o melhor aproveitamento possível. Para baratear a solução

anterior, o estator é construído com dois enrolamentos de polos diferentes isolados entre

si, de tal forma que o rotor comute o número de polos conforme a velocidade do vento.

Entretanto, o custo ainda é elevado sem conseguir aproveitar integralmente todo o

potencial eólico disponível.

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As máquinas de indução são ligadas às turbinas eólicas através de caixas de

engrenagens. Esse acoplamento indireto reflete a fragilidade do eixo do gerador perante

amortecimento de oscilações provocadas por faltas ou súbitas mudanças na velocidade

do vento. O comportamento do SCIG quando inserido em sistemas eólicos a velocidade

constante é investigado em detalhes no Capítulo 6.

2.7.2 Gerador de Indução Duplamente Excitado (DFIG)

Diferentemente do SCIG, o DFIG consiste de um gerador de indução de rotor

bobinado, pelo qual um controle de baixa potência através do conversor RSC comanda

a potência ativa e reativa que circulam pelo estator, conforme a Figura 2.10. Os

conversores proporcionam operação em velocidade variável, desacoplando a frequência

do sistema da rotação do gerador. Esses conversores são dimensionados pelo máximo

escorregamento que a máquina irá operar, garantindo uma banda de velocidades maior,

podendo aproveitar ao máximo o potencial eólico em diferentes velocidades de vento.

Tipicamente, a potência desses conversores varia 25-30% da potência do gerador [2].

CV

RSC

(ligado ao rotor)

GSC

(ligado ao estator)

Estator

Caixa de

Engrenagens

Gerador de

Indução de

Rotor Bobinado

Rotor

Crowbar

Sistema

de

Potência

Barra

Terminal

Transformador

de Potência

(Subestação)

s sP jQ

r rP jQc cP jQ

t tP jQ

Transformador de

Acoplamento

Barra do

Gerador

TP

Figura 2.10 Gerador de indução duplamente excitado ligado à rede elétrica.

Na maioria dos casos, os conversores estáticos adotam modulação PWM (Pulse

Width Modulation) produzindo harmônicos em altas frequências, barateando o custo do

filtro. Porém, existem técnicas de modulação que eliminam harmônicos e seus

correspondentes múltiplos, como é o caso da SHEM (Selective Harmonic Elimination

Modulation PWM) [2]. Chaves estáticas do tipo IGBT (Insulated Gate Bipolar

Transistor) montadas em ponte são comumente usadas nos conversores estáticos, pois

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38

proporcionam frequências de chaveamento maiores com menores perdas de

chaveamentos e redução significativa no conteúdo harmônico do sinal de corrente,

substituindo os antigos tiristores [50].

A geração de potência ocorre tanto para operação sobre-síncrona (acima da

velocidade síncrona) quanto sub-síncrona (abaixo da velocidade síncrona). Acima da

velocidade síncrona, tanto o estator quanto o rotor fornecem potência ativa para o

sistema de potência, enquanto abaixo da velocidade síncrona, o rotor consome potência

ativa, mas o estator sempre fornece potência ativa, graças aos conversores estáticos que

permite o fluxo de potência ativa entrando ou saindo do rotor. Diferentemente, o

gerador de indução em gaiola necessita de operação sobre-síncrona para fornecer

potência ativa para o sistema de potência.

Técnicas de controle vetorial, especialmente de campo orientado, proporcionam

relativo desacoplamento entre as malhas de controle de potências ativa e reativa. Desse

modo, o DFIG pode controlar independentemente as potências ativa e reativa, como

fazem os geradores síncronos convencionais. Essa importante característica confere

capacidade ao DFIG de poder controlar a tensão terminal ou fator de potência da

máquina.

Inicialmente, o DFIG era controlado com fator de potência constante,

normalmente unitário, para fornecer maior quantidade de potência ativa para os

consumidores, pois a venda de energia era exclusivamente sobre a potência ativa. Com

o crescimento da penetração de aerogeradores nos sistemas de potência por todo o

mundo, o DFIG passou a ser responsável por fornecer também potência reativa,

obrigatoriamente, em condições de falta [21]. Entretanto, muitos operadores de sistemas

por todo mundo, oferecem aos aerogeradores a velocidade variável compensações

financeiras quando fornecem serviços ancilares ao sistema de potência [40,51].

O DFIG pode fornecer potência reativa pelo estator e pelo conversor GSC.

Porém, frequentemente o GSC opera com fator de potência unitário, não fornecendo

potência reativa para o sistema de potência, controlando somente a tensão do link CC.

Caso esse conversor opere com fator de potência diferente do unitário, a capacidade de

potência reativa será aumentada [36], oferecendo maior suporte para o controle de

tensão. No Capítulo 4, por meio das curvas de capacidade do aerogerador DFIG, será

demonstrada a capacidade adicional de potência de potência reativa do GSC.

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39

2.7.3 Gerador Síncrono com Conversor de Capacidade Nominal (FRC)

O gerador síncrono foi a solução adotada por fabricantes para eliminar a caixa de

engrenagens da nacele. A fabricante alemã Enercon foi a pioneira nessa concepção,

dominando uma fatia considerável no mercado de fabricantes de aerogeradores. A caixa

de engrenagens, além de encarecer o custo final do aerogerador, é o equipamento

mecânico que mais apresenta falhas, necessitando de maiores manutenções. Outra

vantagem da eliminação da caixa de engrenagens é a redução do peso sobre a torre,

aumento da eficiência do sistema mecânico com redução do ruído aerodinâmico.

Para compensar a baixa velocidade da turbina eólica, o gerador síncrono é

projetado com um número de polos elevado. Como consequência, o torque de partida

para essas máquinas é elevado, tornando o gerador mais pesado e menos eficiente do

que os geradores convencionais para turbinas eólicas [2]. Para aumentar a eficiência e

diminuir o peso, o estator dos geradores com acoplamento direto é projetado com

grande diâmetro, necessitando de naceles maiores do que as convencionais, encarecendo

o projeto [45]. Para reduzir o custo referente ao aumento da nacele e não diminuir a

eficiência quando o torque é elevado, empregam-se caixas de engrenagens com baixa

relação de transformação, sendo estas mais baratas, leves e compactas do que as usadas

pelo DFIG. Esta concepção de gerador é chamada de GFC (Gear and Full Converter) e

foi adotada para suprir as carências do DFIG em relação às exigências de ridethrough

pelos operadores de sistema [43]. Esta concepção pode usar tanto o gerador síncrono,

seja eletricamente excitado ou a imã permanente quanto o gerador de indução em

gaiola, preferível pelo baixo custo e robustez.

Geradores síncronos não necessitam consumir potência reativa para formação do

campo magnético girante. A excitação pode ser via corrente de campo ou imã

permanente. Quando a máquina apresenta um enrolamento de campo é chamada de

eletricamente excitada (Electrically Excited). Máquinas com enrolamento de campo

mantém a tensão terminal constante, independente da variação da carga, graças ao ajuste

contínuo da corrente de campo por parte dos reguladores de tensão. Máquinas a imã

permanente (Permanent Magnets) não possuem controle sobre a excitação, mas são

construtivamente mais leves e menores e mais eficientes eletricamente em relação às

máquinas com enrolamento de campo, pois as perdas nos imãs devido as correntes

parasitas são bem menores do que as perdas no enrolamento de campo da máquina

eletricamente excitada [2].

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Da mesma forma que o DFIG, o FRC usa conversores estáticos para operação

em velocidade variável. Neste esquema, esses conversores proporcionam

desacoplamento total da frequência do sistema em relação à frequência do gerador. Uma

desvantagem é uso de conversores com potência nominal igual ao do gerador síncrono,

encarecendo o custo do conversor e do aerogerador.

Dependendo do gerador adotado (eletricamente excitado ou imã permanente), o

controle de potência ativa e reativa será diferente. Caso a máquina a imã permanente

seja escolhida, são usados dois conversores controlados: um no lado da máquina e outro

no lado da rede. Para a máquina eletricamente excitada, o conversor do lado da máquina

é uma ponte retificadora a diodos não controlada e o controle é feito por um chopper e

um inversor. Nesta tese será considerada somente a máquina eletricamente excitada,

conforme mostra a Figura 2.11.

A troca de potências ativa e reativa com a rede elétrica é feita pelo controle do

inversor através de técnicas de controle vetorial, proporcionando controle independente

de velocidade do rotor e da tensão terminal. O chopper do tipo boost controla a

qualidade da tensão no capacitor, o qual alimenta o inversor.

O Capítulo 5 é dedicado integralmente ao FRC, modelando todos os

componentes presentes na Figura 2.11, bem como a construção da curva de capacidade.

1tX 2tX

Retificador

a Diodo

InversorChopper

CVDR

1CCI

1CCV

2CCI

1m2m 2

Filtro

2V

1V

'

2CCI

Gerador

Síncrono

1I

Sistema

de

Potência

Barra

Terminal

Transformador

de Potência

(Subestação)

t tP jQ

TP

Figura 2.11 Gerador síncrono com conversor de capacidade total ligado a rede elétrica.

2.8 Conclusões

Atualmente, os sistemas eólicos a velocidade constante estão perdendo espaço

para os sistemas eólicos a velocidade variável, os quais seguem dominando o mercado

eólico de fabricantes. No entanto, não há o domínio completo do mercardo eólico por

parte de somente uma única tecnologia, pois a variedade de aerogeradores está

aumentando. Os sistemas a velocidade variável usados atualmente têm seus pontos

fortes e fracos e deverão manter-se nos próximos anos [43].

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41

No caso do DFIG, conversores de baixa potência (25-30% da potência nominal

do gerador) ligados ao rotor da máquina controlam as potências ativa e reativa entregues

à rede. Já para o FRC, os conversores devem ter a mesma capacidade do gerador,

encarecendo o custo do aerogerador, porém a grande vantagem dessa tecnologia é o

desacoplamento total da frequência do gerador sobre a frequência do sistema aliado a

eliminação da caixa de engrenagens.

Técnicas de controle vetorial com modulação PWM proporcionam o controle

independente de potências ativa e reativa, utilizando chaves IGBT com menores perdas

de comutação e de condução dos que os antigos tiristores usados nos primeiros

aproveitamentos. O link CC permite fluxo de potência ativa em ambos os sentidos,

podendo o DFIG consumir ou fornecer potência ativa pelo conversor GSC, dependendo

do escorregamento do rotor, o qual é controlado pelo conversor RSC.

Parques eólicos de grande capacidade normalmente conectados no nível de

transmissão oferecem serviços ancilares ao operador de sistema, na maioria das vezes

fornecendo potência reativa em momentos que as máquinas síncronas fornecem grandes

quantidades de potência ativa, operando sem reservas de potência reativa.

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42

Capítulo 3

Estabilidade de Tensão

3.1 Introdução

Os primeiros problemas de estabilidade de sistemas de potência foram de natureza

angular. Na ocorrência de faltas próximas as unidades geradoras, a tensão terminal

afundava bruscamente, causando grande abertura angular entre as máquinas,

provocando velocidades excessivas, levando o sistema a perder o sincronismo. Por este

motivo este problema ficou conhecido na literatura como estabilidade angular. Os

sistemas de excitação eram bastante rudimentar e grande parte das máquinas operava

com excitação constante (sem controle de campo). Esta prática influenciava diretamente

para a perda de sincronismo entre as máquinas. Na época, a eletrônica de potência era

incipiente tecnologicamente e os sistemas de excitação apresentavam baixos ganhos, o

que por sua vez resultava em um torque de sincronismo insuficiente para conter a

aceleração do rotor. Com o desenvolvimento da eletrônica de potência, o regulador de

tensão tiristorizado com altos ganhos foi à solução adotada para este problema.

Na década de 60, a interconexão de sistemas de potência de grande porte

emergiu um problema de estabilidade associado a oscilações rotóricas de baixa

frequência não-amortecidas, causando excursões cada vez maiores dos ângulos dos

rotores, até o momento que a unidade geradora necessitava ser desligada. Estes

problemas eram devidos aos altos ganhos dos reguladores de tensão que reduziam a

componente de torque de amortecimento, provocando a oscilação da máquina contra

todo o sistema ou contra outras unidades geradoras. Este problema ficou conhecido

como estabilidade a pequenas perturbações, associado com pequenos distúrbios que o

sistema possa enfrentar, tal como aumento da carga ou modificações na topologia do

sistema de transmissão e subtransmissão no período pós-falta. O estabilizador de

sistemas de potência instalado em unidades geradoras, estrategicamente determinadas

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43

pela análise modal, fornece amortecimento às oscilações de baixa frequência,

eliminando o problema.

O problema da estabilidade de tensão surgiu mais recentemente, como

consequência das características dos modernos sistemas de potência, que devido à falta

de investimentos no sistema de transmissão por restrições econômicas e ambientais,

tendem a ser operados bastante carregados. A instabilidade de tensão se caracteriza pelo

declínio progressivo das tensões em parte ou em todo o sistema, em períodos de tempo

que variam desde segundos até intervalos prolongados da ordem de dezenas de minutos.

O problema ocorre devido ao desbalanço entre a potência reativa demandada e a

potência reativa fornecida, porém a característica da carga, os equipamentos associados

ao controle da tensão, o controle automático da geração e o sistema de proteção, podem

influenciar significativamente na estabilidade de tensão.

Este capítulo tem por finalidade apresentar alguns conceitos básicos do

fenômeno da instabilidade de tensão, classificar os tipos de estabilidade de tensão,

descrever o mecanismo da instabilidade de tensão, abordar a curva PV e analisar a

estabilidade de tensão sob modelos estáticos (análise estática) e dinâmicos (análise

dinâmica).

3.2 Conceitos de Estabilidade de Tensão e Segurança de Tensão

A estabilidade de tensão está ligada ao conceito geral de estabilidade de sistemas

de potência conforme a definição proposta [12].

A Estabilidade de Sistema de Potência é a habilidade de um sistema elétrico de

potência, para uma dada condição de operação inicial, de retornar para um estado de

equilíbrio depois de ser submetido a um distúrbio físico, com a maioria das variáveis

limitadas tal que praticamente todo o sistema permaneça intacto.

Observe que este conceito não menciona a grandeza da perturbação e nem quais

variáveis de estado estão envolvidas. De fato, para um sistema ser estável todas as

variáveis devem estar limitadas em intervalos aceitáveis para qualquer que seja a

perturbação. O conceito de estabilidade enunciado aplica-se aos sistemas de potência

interconectados, ou seja, refere-se à estabilidade do sistema global e não a um

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subsistema ou elemento. Por exemplo, algum gerador pode perder o sincronismo e, por

conseguinte, desconectado do sistema principal sem necessariamente levar todo o

sistema de potência à instabilidade. Do ponto de vista do operador de sistema, o sistema

de potência permanece estável, porém do ponto de vista do operador da usina, ocorreu a

instabilidade de uma unidade geradora.

A estabilidade de tensão é formulada com base nesse conceito, definindo a

variável de interesse como sendo a tensão, conforme proposto a seguir [12].

A estabilidade de tensão refere-se à habilidade de um sistema de potência em

permanecer com tensões estacionárias em todas as barras do sistema após ser

submetido a um distúrbio para uma dada condição de operação inicial.

A estabilidade é uma condição de equilíbrio entre forças que se opõem em um

sistema, de tal forma que estas forças se cancelam instantaneamente quando a

estabilidade é alcançada. Por exemplo, para a estabilidade angular, as forças em

oposição são os torques mecânico e elétrico, respectivamente, aplicados ao eixo do

gerador síncrono, de tal forma que em equilíbrio, o rotor não acelera ou desacelera, ou

seja, a velocidade permanece constante. Para a estabilidade de tensão as forças em

oposição são a potência fornecida e a potência demandada do sistema de potência, ou

seja, quando a potência demandada é igual à potência fornecida, a tensão permanece

constante. Caso a demanda seja maior do que a potência fornecida à tensão tende a cair

podendo levar o sistema de potência a instabilidade, caso nenhuma ação seja tomada.

A instabilidade de tensão é manifestada pelo declínio progressivo da tensão em

algumas barras após uma perturbação [12]. A instabilidade não representa

necessariamente o blecaute do sistema de potência, mas pode conduzi-lo a essa situação.

O colapso de tensão é um termo muito usado na literatura e refere-se à sequência de

eventos que levam ao blecaute ou tensões muito baixas em uma parte significativa do

sistema de potência [12]. Este fenômeno pode ser local, envolvendo um conjunto de

barras ou uma área de controle, neste caso sendo chamado de colapso parcial, ou

abrangendo a totalidade/maioria das barras do sistema de potência, denominando-se

colapso global.

Muitos autores apresentam definições diferentes dos termos instabilidade e

colapso de tensão apresentados. Segundo Kundur [49] e Taylor [11], a instabilidade de

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tensão é o declínio incontrolável a níveis extremamente baixos, causando o blecaute do

sistema, enquanto o colapso de tensão é processo pelo qual o sistema é conduzido à

instabilidade. Segundo Van Cutsem [10] a instabilidade de tensão é o processo pelo

qual a tensão atinge um ponto de operação inaceitável, enquanto que o colapso de

tensão refere-se à inexistência do ponto de operação levando ao declínio incontrolável

da tensão.

Em situações de carregamento elevado, normalmente algum controlador ou

limitador atinge o seu limite, tornando o sistema de potência altamente não linear. Nessa

situação, as potências ativa e reativa interferem no controle de tensão. Portanto, a

instabilidade de tensão não é necessariamente um desbalanço de potência reativa, de

modo que pode ocorrer em sistemas de corrente contínua [10]. A necessidade de

potência reativa decorre da natureza dos sistemas de corrente alternada devido ao

defasamento angular entre tensão e corrente, embora o suporte de potência reativa, por

parte de geradores e outros componentes, seja conveniente para evitar a instabilidade de

tensão.

O fenômeno da instabilidade de tensão normalmente é associado a situações de

carga elevada que provoca subtensão nas barras. Embora menos comum, a instabilidade

de tensão pode ocorrer por sobretensão, com pelo menos um caso relatado na literatura

[12]. Nessa situação, a carga é baixa e o sistema de transmissão torna-se capacitivo

promovendo uma elevação incontrolável da tensão, causando atuação do limitador de

subexcitação das máquinas síncronas UEL (Under-Excitation Limiter) e dos

equipamentos de proteção, realizando sucessivos desligamentos de barras/linhas

levando o sistema de potência ao blecaute. Contudo, nesta tese o foco será dado ao

fenômeno de instabilidade de tensão por subtensão.

A instabilidade de tensão esta associada intrinsecamente à capacidade de

máxima transferência de potência do sistema de transmissão para a carga [10-12,49].

Quando a impedância característica (também conhecida por impedância de surto “surge

impedance”) da linha de transmissão é igual à impedância da carga, ocorre o casamento

de impedâncias, e nessa situação, a tensão na carga possui um perfil plano recebendo

potência igual à potência natural da linha SIL (Surge Impedance Loading). À medida

que a carga aumenta, o sistema de transmissão fornece potência maior do que o SIL,

tornando-se mais indutivo e a tensão tende a cair, provocando a instabilidade de tensão

por subtensão [49]. Para o caso de instabilidade por sobretensão, o sistema de

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transmissão fornece potência menor do que o SIL, causando o efeito capacitivo da linha

quando a carga é baixa, levando o barramento a uma situação de sobretensão [12].

A instabilidade de tensão envolve os seguintes aspectos básicos:

A característica da carga envolvendo a dinâmica de restauração da carga;

Os equipamentos disponíveis para o controle de tensão na rede, os quais influem

na habilidade da rede de transferir potência dos pontos de geração até os pontos

de consumo;

O distúrbio ao qual a rede pode ser eventualmente submetida.

Dependendo da sensibilidade da carga em relação à tensão, pode-se ter três tipos

de cargas: potência constante, corrente constante e impedância constante. Todos esses

modelos adotam uma representação exponencial para a carga, sendo que o modelo de

potência constante independe da tensão, o modelo de corrente constante varia

linearmente com a tensão e o modelo de impedância constante depende do quadrado da

tensão. A sensibilidade da carga em relação à tensão influencia fortemente o processo

de restauração da carga, podendo levar o sistema de potência a instabilidade.

À medida que a carga aumenta a tensão tende a cair e a demanda solicitada por

cargas do tipo impedância constante tende a diminuir devido à dependência quadrática

com a tensão. Ações de equipamentos responsáveis pelo controle de tensão tentam

recuperar a tensão de algumas barras promovendo a restauração da carga. Contudo, a

capacidade do sistema de transmissão pode estar esgotada não suportando mais a carga

restaurada podendo surgir à instabilidade.

O transformador com comutador de tap sob carga OLTC, o limitador de sobre-

excitação da corrente de campo OEL e o motor de indução são os principais

equipamentos que contribuem para a instabilidade de tensão.

O OLTC é indispensável para grandes consumidores industriais e redes de

distribuição, pois aumenta a capacidade de máxima transferência de potência através do

controle da posição do tap. Este equipamento mantém a tensão constante no barramento

até que seu limite seja atingido, desse modo, a carga no secundário do OLTC pode ser

considerada como potência constante, sendo esta característica mais crítica para a

estabilidade de tensão [10,11]. O OEL é uma proteção contra sobre-aquecimento do

enrolamento de campo devido a elevadas solicitações de potência reativa. Quando este

equipamento atua, a excitação é reduzida drasticamente, normalmente levando o sistema

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de potência ao colapso de tensão. O motor de indução é uma das principais máquinas

utilizadas na indústria em diversos segmentos, contudo o alto consumo de potência

reativa combinada com as ações do OLTC e do OEL pode levar o sistema de potência

ao colapso de tensão.

Um distúrbio pode influenciar mais significativamente equipamentos e cargas

que tenham respostas rápidas ou lentas, contribuindo mais decisivamente para a

ocorrência de um ou outro tipo de instabilidade. Por exemplo, o motor de indução é

determinante para uma forma mais rápida de instabilidade, por outro lado um

incremento de carga influenciará mais fortemente na dinâmica lenta, pela característica

de atuação do OLTC [10,11].

O conceito de estabilidade não implica necessariamente em uma operação

satisfatória do sistema de potência. Por exemplo, um sistema de potência pode ser

estável após um corte de carga, perdendo uma grande quantidade de consumidores. Por

esta razão o conceito de segurança de um sistema de potência tem grande importância e

é apresentado a seguir [12]:

A Segurança de um Sistema de Potência refere-se ao grau de risco de sobrevivência de

iminentes distúrbios (contingências) sem interrupção do serviço ao consumidor.

Depende da condição de operação do sistema bem como a probabilidade do conjunto

de contingências.

O conceito de segurança está relacionado ao critério N-1, no qual o sistema de

potência deve ser capaz de operar sem interrupções de serviço ao consumidor, para

ocorrência de uma contingência.

A segurança de tensão (Security Voltage) refere-se a operação estável e

satisfatória de um sistema de potência seguido de uma contingência ou aumento de

carga [11]. Implica em uma considerável margem de estabilidade de tensão do ponto de

operação até o ponto de instabilidade de tensão (ponto de máxima transferência de

potência) seguido de contingências.

A seção 3.5 referente a curva PV apresentará o conceito de margem de

estabilidade de tensão e a relação entre operação segura e o conceito de capacidade de

transferência disponível intimamente ligado ao conceito de margem de segurança e

margem de estabilidade de tensão.

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48

3.3 Classificação da Estabilidade de Tensão

Do ponto de vista do operador do sistema é importante reconhecer a forma de

instabilidade para que seja possível tomar medidas preventivas ou corretivas para

solucionar o problema de instabilidade.

A estabilidade de tensão pode ser dividida em duas categorias: estabilidade a

pequenas perturbações e estabilidade a grandes perturbações, conforme a Figura 3.1.

Estabilidade do

Sistema de Potência

Estabilidade

Angular

Estabilidade de

Tensão

Estabilidade

Transitória

Estabilidade a Pequenas

Perturbações

Estabilidade de

Tensão a Grandes

Perturbações

Estabilidade de

Tensão a Pequenas

Perturbações

Longo-PrazoCurto-Prazo

Estabilidade de

Frequência

Longo-PrazoCurto-PrazoCurto-Prazo

Figura 3.1 Classificação da Estabilidade de Tensão dentro da Estabilidade de Sistemas de Potência [12].

A estabilidade de tensão a grandes perturbações (Large-Disturbance Voltage

Stability) refere-se à habilidade do sistema de potência em manter as tensões

estacionárias após a ocorrência de grandes perturbações tais como: curto-circuito, perda

de geração, ou contingência de circuitos [12]. Depende das características do sistema e

da carga, e das interações entre os controles contínuos e discretos, além dos

equipamentos de proteção. Dentre estes equipamentos com chaveamento discreto, pode-

se citar os limitadores de corrente de campo e os transformadores com tap sob carga.

Requer a análise não-linear do sistema por meio de simulações no domínio do tempo,

por um período de tempo suficientemente grande para capturar as interações entre estes

equipamentos, podendo variar de alguns segundos a dezenas de minutos [12].

A estabilidade de tensão a pequenas perturbações (Small-Disturbance Voltage

Stability) refere-se à habilidade do sistema de potência em manter as tensões

estacionárias após a ocorrência de pequenas perturbações como a mudança gradual na

carga do sistema. Depende das características das cargas e dos controles contínuos e

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49

discretos. Nesses estudos muitos autores empregam análises estáticas, baseadas nas

equações do fluxo de carga para avaliar a estabilidade de tensão por meio das curvas PV

para fornecer uma aproximação da margem de estabilidade de tensão. Por meio da

linearização das equações estáticas do fluxo de carga, pode-se obter profundas

informações sobre sensibilidade do sistema, determinando os trechos, barras e geradores

que podem oferecer riscos a estabilidade de tensão [12,49]. Esses estudos são

conduzidos dessa forma porque a dinâmica dos equipamentos envolvidos no controle de

tensão é muito lenta e a tensão atinge rapidamente o regime permanente, devido atuação

dos reguladores de tensão [11]. Contudo, a linearização não leva em conta efeitos não-

lineares tais como as ações do OLTC e OEL. Logo, a combinação das análises linear e

não-linear, baseadas em simulações no domínio do tempo, devem ser usadas de maneira

complementar para fornecer subsídios para solucionar o problema de instabilidade de

tensão [12,49].

A estabilidade de tensão de curto prazo (Short-Term Voltage Stability) envolve a

atuação de componentes de dinâmica rápida, tais como motores de indução, cargas

eletronicamente controladas e conversores HVDC (High Voltage Direct Current) [12].

O período de estudo é da ordem de segundos até dezenas de segundos e a análise do

fenômeno requer a solução adequada de um sistema de equações diferenciais não-

lineares, da mesma maneira que é feita para a estabilidade angular. A modelagem da

carga é essencial para capturar o fenômeno. Contudo, faltas próximas à carga são

importantes para manifestação da instabilidade de tensão de curto-prazo, diferentemente

do caso da estabilidade angular na qual faltas próximas ao gerador são as mais

importantes. É recomendado que o termo estabilidade transitória de tensão não seja

usado [12].

A estabilidade de tensão de longo prazo (Long-Term Voltage Stability) trabalha

com hipótese de que as oscilações de potência são completamente amortecidas, sendo

que a frequência do sistema é uniforme. Está associada ao aumento gradual da carga

com a curva de demanda diária e ações de controle de equipamentos que envolvem uma

dinâmica lenta, sustentando por longos períodos de desbalanço entre a potência ativa e

reativa do sistema [12]. O período de estudo da estabilidade de longo prazo pode se

estender de vários segundos até dezenas de minutos, e simulações no domínio do tempo

são necessárias para análise do comportamento dinâmico do sistema em conjunto com

análises estáticas para estimação da margem de estabilidade, identificação de fatores

que influenciam a estabilidade e avaliação de cenários de contingências [12].

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50

No curto-prazo o sistema de potência é estável e a tensão recupera-se

rapidamente. Entretanto, a ação combinada de equipamentos com dinâmica lenta, tais

como o transformador com comutador de tap sob carga e o limitador de sobre-excitação,

desencadeia processos que levam a longos períodos de sustentados desbalanços de

potências ativa e reativa. O transformador com comutador de tap sob carga promove a

restauração da carga a longo-prazo e nessa situação o sistema de transmissão pode estar

congestionado ou a geração é insuficiente para atender a demanda, causando

afastamento da região de atração até ocorrer a instabilidade [12].

O foco desta tese está na estabilidade de tensão de longo prazo, através de

pequenas perturbações. A próxima seção descreve detalhadamente a cadeia de

processos que conduzem o sistema de potência ao colapso de tensão.

3.4 Mecanismo da Instabilidade de Tensão

Quando um sistema é submetido a um súbito aumento de demanda de potência

reativa seguido de uma contingência, a demanda adicional de potência reativa é dada

pelas reservas de potência reativa dos geradores e compensadores. Geralmente, existem

reservas suficientes de potência reativa e o sistema atinge um nível de tensão estável.

Contudo, é possível, devido a uma combinação de eventos e as condições do sistema,

que a demanda adicional de potência reativa possa levar o sistema ao colapso de tensão,

causando um blecaute parcial ou total.

Um cenário típico de colapso de tensão poderia ser como [49]:

O sistema de potência está operando em uma configuração topológica com

muitos de seus geradores fora de serviço. Como resultado, algumas linhas de

transmissão estão extremamente carregadas e as reservas de potência reativa

estão em um nível mínimo.

A perda de uma linha sobrecarregada causa uma sobrecarga adicional nas linhas

remanescentes, tornando o circuito fortemente indutivo, aumentando por sua vez

as perdas de potência reativa nas linhas (a potência reativa absorvida pela linha

aumenta rapidamente para cargas acima da impedância característica), causando

uma forte demanda de potência pelo sistema.

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51

Imediatamente após a perda da linha, as tensões das barras próximas aos centros

de carga sofreriam uma redução considerável devido à demanda excedente de

potência reativa. Isto poderia causar uma redução de carga, consequentemente,

uma redução do fluxo de carga pelas linhas de transmissão produzindo um efeito

estabilizante. O regulador de tensão dos geradores restauraria rapidamente a

tensão terminal por um aumento na excitação. Nesse estágio, os geradores

poderiam estar operando dentro dos limites da curva de capacidade de suas

máquinas, ou seja, dentro dos limites de aquecimento da armadura e do campo.

O regulador de velocidade controlaria a frequência pela redução de potência

ativa.

A diminuição dos níveis de tensão nas linhas de transmissão próxima aos centros

de carga seria refletida para o sistema de distribuição. As subestações com

OLTC tentariam restaurar as tensões e a carga pelo lado do sistema de

distribuição para os valores de pré-falta em cerca de 2 a 4 minutos. Cada

mudança de tap do OLTC produziria um incremento no carregamento das linhas

de transmissão, aumentando as perdas ativas e reativas causando uma grande

queda de tensão no sistema de transmissão. Se a linha está carregada

consideravelmente acima da potência natural SIL, cada aumento no fluxo de

potência da linha causa várias perdas reativas na linha.

Como resultado, cada mudança no tap, aumenta a geração de potência reativa

pelos geradores para o sistema. Gradualmente, os geradores atingiriam seus

limites de potência reativa (imposto pela máxima corrente de campo

permissível) e ocorreria a atuação do OEL. Quando o primeiro gerador

alcançasse seu limite de corrente de campo, sua tensão terminal cairia. Em

tensão terminal reduzida para uma geração de potência ativa fixa, a corrente de

armadura aumentaria. A atuação do OEL limita a potência reativa injetada pelo

gerador para manter a corrente de armadura dentro dos seus limites permissíveis.

Logo, outros geradores repartiriam a demanda de potência reativa, atingindo

seus limites de capacidade de potência reativa e ocorreria a atuação do OEL para

outros geradores.

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52

O processo avançaria, consequentemente, ao colapso de tensão em avalanche,

possivelmente levando a perda de sincronismo das unidades geradoras e a um grande

blecaute.

Na Itália, em 2003, um blecaute teve início pela saída de uma linha de

transmissão de 380 kV na Suíça, próxima da fronteira da Itália, que estava altamente

carregada [15]. A reconexão da linha após a falta não foi possível e vinte minutos

depois houve o desligamento de uma segunda linha de transmissão da Suíça, próxima

da fronteira da Itália, seguido de uma rápida sequência de desligamentos de várias

outras linhas devido a níveis de tensão muito baixos oriundos de uma instabilidade de

tensão. Como consequência do desbalanço entre geração e carga, a frequência do

sistema da Itália começou a cair, e após alguns segundos, a Itália sofreu um blecaute

total. Vários motivos foram reportados como responsáveis pelo blecaute, como ações

inadequadas de corte de carga dos operadores e um cenário de grande importação de

potência de países vizinhos.

Pode-se citar como ações corretivas contra o colapso de tensão o chaveamento

de banco de capacitores, bloqueio do tap de transformadores, redespacho da geração e

corte de carga [10-12,49].

3.5 Curva PV

Um dos métodos de análise estática mais utilizados para estudos de estabilidade

de tensão baseia-se na curva PV (Power-Voltage), a qual indica o carregamento máximo

do sistema de potência em regime permanente. A curva PV pode ser obtida pela solução

de sucessivos fluxos de carga, segundo o processo conhecido por fluxo de potência

continuado (Continued Power Flow). Para cada aumento na demanda, um problema de

fluxo de carga é resolvido, e os pontos de equilíbrio obtidos definem a curva PV. Esta

seção trata dos conceitos envolvendo curvas PV e a estabilidade de tensão e noções de

operação segura e estável traduzidas pelo termo segurança de tensão apresentado na

seção 3.1.

Considere o sistema de potência elementar mostrado na Figura 3.2 abaixo. Este

sistema é composto por um gerador conectado a um transformador elevador ligado a

uma linha de transmissão a qual alimenta uma carga terminal.

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53

TXX

1V2VV

EsX

I

Figura 3.2 Sistema de potência elementar.

Conforme mencionado na seção 3.2, a estabilidade de tensão é um problema

intrínseco a natureza da carga e aos equipamentos que realizam o controle de tensão no

seu barramento. Por este motivo, a representação da carga é importante e normalmente

o gerador é tomado como um barramento infinito, conforme será adotado a seguir. Esta

suposição leva em conta que o nível de curto-circuito do sistema de transmissão

remanescente (representado pelo transformador, a linha de transmissão e carga) é muito

menor do que aquele no terminal do gerador. Assumindo que o gerador controla a

tensão no lado de alta do transformador, as potências ativa e reativa transferidas a

carga serão dadas por:

Sendo o ângulo de carga, definido pela diferença de fase das tensões e .

Pelo fato da tensão ser mantida constante pelo gerador, a carga não “enxerga” a

reatância do transformador elevador e nem a reatância do gerador . A equação

(3.2) pode ser reescrita como:

Elevando-se ao quadrado as equações (3.1a) e (3.2) e somando-as, elimina-se

pela identidade trigonométrica , resultando:

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54

Resolvendo para , obtém-se [10]:

Assumindo que a tensão é mantida constante pelo controle do gerador e o

sistema de transmissão não altera sua topologia mantendo sua reatância constante.

Logo, a tensão na carga depende das potências ativa e reativa transferidas pelo

sistema de transmissão, definindo a característica da rede.

O modelo exponencial é comumente adotado em estudos de estabilidade de

tensão para representar a característica da carga estática. Logo, as parcelas de potência

ativa e reativa consumidas pela carga serão dadas por [10]:

sendo o ponto de operação inicial o qual corresponde a tensão , z é a

demanda solicitada pela carga e os expoentes que definem a sensibilidade da

carga em relação a tensão aplicada na carga .

Os expoentes denotam as diferentes características da carga, podendo assumir

qualquer valor. Entretanto, três características da carga são bastante conhecidas e

adotadas em muitos estudos de estabilidade de tensão: potência constante, corrente

constante e impedância constante. Essa classificação é dada quanto à sensibilidade da

carga em relação à tensão.

A característica de potência constante é independente do valor da tensão da

carga, ou seja, o consumo não se modifica com a variação da tensão aplicada ao

barramento. Nesse caso a sensibilidade é igual à zero. Para a característica de corrente

constante, o consumo varia linearmente com a tensão, assumindo sensibilidade igual a

1. Enquanto que, para a característica de impedância constante, o consumo varia com o

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55

quadrado da tensão, assumindo sensibilidade igual a 2. A Tabela 3.1 resume as

sensibilidades quanto à característica da carga.

Tabela 3.1 Característica e sensibilidade da carga.

Característica Sensibilidade

Potência Constante 0

Corrente Constante 1

Impedância Constante 2

As sensibilidades nem sempre são iguais, podendo as componentes ativa e

reativa variar de maneira diferente. Entretanto, assumindo a carga com fator de potência

constante, pode-se garantir que as sensibilidades são iguais e que as parcelas ativa e

reativa variam na mesma proporção [10]. Considerando uma carga com fator de

potência constante e variando-se as potências ativa e reativa transferidas à

carga segundo (3.4), obtém-se a curva PV que representa a característica da rede.

Considerando uma carga com característica potência constante, para uma dada demanda

, a interseção da característica PV da carga com a característica PV da rede, define o

ponto de operação do sistema de potência, conforme apresenta a Figura 3.3.

Figura 3.3 Curva PV e definição de margem de estabilidade de tensão MET.

A curva PV representa a variação da tensão da barra de carga com o aumento da

demanda. O limite de máxima transferência de potência é atingido em e a partir

0 500 1000 1500 2000 2500 30000

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1

Carregamento [MW]

Tensão n

a c

arg

a V

2 [

p.u

.]

MET

A

B

Pmax

Vcrit

P0

Característica da Rede

Característica da Carga

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56

deste ponto nenhum acréscimo de potência pode ser transferido pelo sistema de

transmissão. Por este motivo, é conhecido como ponto de máximo carregamento

[10]. Este ponto de operação, comumente referido na literatura como “nariz” da curva

PV, estabelece uma tensão crítica abaixo da qual o sistema é considerado instável

para carga do tipo potência constante [10,11,49]. Essa afirmação pode ser facilmente

verificada pela Figura 3.3, observando que a partir de a característica da carga

não intercepta a característica da rede, provocando inexistência de um ponto de

operação, levando o sistema de potência ao colapso de tensão pelo processo de

restauração da carga [10,52]. Acima de a carga é suprida por tensão elevada e

corrente baixa, e abaixo de tem-se uma solução das equações de fluxo de carga que

corresponderia ao atendimento da carga com tensão baixa e corrente elevada, podendo

levar a atuação da proteção, comprometendo ainda mais a estabilidade. Os valores

críticos variam de acordo com as condições do sistema, tais como despacho da geração,

limites dos geradores e fator de potência das cargas. Para cargas do tipo potência

constante, a interseção da característica da carga com a característica da rede resulta em

dois pontos de equilíbrio A e B. Conforme a carga aumenta, os pontos A e B deslocam-

se para o máximo carregamento, até que as duas soluções tornam-se iguais em ,

ponto de equilíbrio instável sela-nó a partir do qual ocorre o colapso de tensão [10].

A margem de estabilidade de tensão é uma medida da capacidade de

transferência de potência do sistema de transmissão. Este índice é amplamente utilizado

e representa a distância, em MW ou em percentual, do ponto base de operação até o

ponto de máximo carregamento [11].

A margem de estabilidade de tensão esta intimamente relacionada ao

conceito de margem de segurança relativo à segurança do sistema de potência,

conforme foi apresentado na seção 3.1.

A estabilidade do sistema de potência tem um efeito significativo nos mercados

elétricos competitivos [52]. À medida que a margem de estabilidade é degradada, seja

pela ocorrência de faltas ou contingências, os preços da geração tendem a se tornar mais

caros para garantir a estabilidade e limitando o consumo.

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57

A margem de segurança é definida usando o conceito de Capacidade de

Transferência Disponível do sistema de transmissão, segundo a NERC (North

American Electricity Reliability Corporation), matematicamente dada por [52]:

em que,

representa a Capacidade de Transferência Total , corresponde a máxima potência

que pode ser transferida enquanto os limites térmicos das linhas de transmissão , os

limites de tensão nos barramentos e os limites de estabilidade não são violados

para operação em contingência segundo o critério N-1, o qual estabelece operação

estável e satisfatória para o sistema de potência para o pior caso contingência. Os

compromissos existentes na transmissão representam a carga inicial a qual o

sistema esta servindo antes da contingência. A margem de confiabilidade da

Transmissão , considera possíveis incertezas na operação não previstas pelo

critério N-1, aumentando a margem de segurança, normalmente expressa como 5% da

em condição normal de operação [52]. Finalmente, a Margem de Benefício de

Capacidade é utilizada para definir as exigências de reserva de capacidade de

transmissão para fornecer possíveis incrementos da demanda, sendo ela tipicamente

fixada em zero na prática, pois os incrementos esperados da demanda são considerados

no e as cargas tendem a ser bastante inelásticas aos preços, logo relativamente

previsível não necessitando de margem para incertezas na operação. Por meio da curva

PV, a Figura 3.4 ilustra os conceitos apresentados anteriormente dividindo a curva PV

em duas regiões de operação: segura e não segura. Observe que, quanto maior a

maior será e mais ampla será a faixa de operação segura.

A extensão da margem de estabilidade é uma preocupação constante para os

operadores de sistema, quer seja para garantir a estabilidade como para proporcionar um

atendimento adequado à carga. O aumento da geração eólica pelos sistemas de potência

do mundo todo emergiu muitos estudos de estabilidade para averiguar a contribuição

dessa tecnologia para margem de estabilidade. Esta tese apresenta uma contribuição

significativa da geração eólica para incrementar a margem de estabilidade.

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58

Figura 3.4 Definição da Capacidade de Transmissão Disponível .

A margem de estabilidade e consequentemente, a margem de segurança estão

ligadas pelo limite de máxima transferência de potência conhecido também como

ponto de máximo carregamento. Associado ao máximo carregamento esta a tensão

crítica , conforme mostra a Figura 3.3. A tensão crítica ocorre quando (3.4) possui

duas tensões iguais. Para que isso aconteça é necessário que o terceiro termo dentro da

raiz seja nulo.

Assumindo carga com fator de potência constante, pode-se escrever:

Quando a tensão crítica ocorre, necessariamente o máximo carregamento ocorre.

Substituindo (3.10) em (3.9),

0 500 1000 1500 2000 25000

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1

Carregamento [MW]

Tensão n

a c

arg

a V

2 [

p.u

.]

CET

Operação em

Contingência

Operação Normal

MCT

Carga Máxima

para o critério N-1

P0

Operação Segura Operação Não Segura

CTD

CTT

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Resolvendo para ,

O máximo carregamento é estritamente positivo. Portanto, a solução positiva

será adotada e o máximo carregamento será dado por:

Logo, a tensão crítica será dada por:

Segundo as equações (3.13) e (3.14), o ponto crítico depende do

fator de potência da carga , da topologia da rede e do controle de tensão .

A Figura 3.5 mostra as curvas PV da rede para diferentes valores de fator de

potência. Cada curva indicada é para diferentes valores de e à medida que a carga é

compensada (valores negativos de ) o máximo carregamento aumenta,

proporcionando maiores margens e mais segurança para operação do sistema de

potência.

Outras formas de compensação seria a redução do efeito indutivo da linha

transmissão pela alocação série/paralelo de capacitores ou FACTS diminuindo o

comprimento elétrico pela redução da reatância do sistema de transmissão [10,11].

Porém, a perda de uma linha no sistema de transmissão (operação em contingência)

pode fazer com que a reatância aumente e diminua a capacidade de transmissão,

conforme mostrado na Figura 3.4.

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60

Figura 3.5 Evolução do máximo carregamento para diferentes cargas ( ).

Longas distâncias podem dificultar o suporte de potência reativa e o controle

remoto de tensão é comprovadamente ineficiente e inadequado [10,11], a menos que

seja de forma compartilhada tal como um controle secundário de tensão. Longas

distâncias implicam necessariamente maiores perdas ativas e reativas podendo o gerador

perder controle da tensão terminal ocasionando um aumento da reatância do sistema de

transmissão pela inclusão das reatâncias do transformador e do gerador, reduzindo a

capacidade de transferência de potência. Essa situação pode ser alcançada pela atuação

combinada do OLTC e OEL, conforme descrito na seção anterior.

A forma da curva PV é influenciada pela operação do OLTC e OEL, e quando

estes equipamentos não estão sendo considerados quando deveriam ser os resultados a

respeito da estabilidade do sistema serão equivocados [26]. Particularmente, para o caso

da carga potência constante, o erro cometido é pouco ao se afirmar sobre o ponto crítico

do sistema, e este caso representa uma boa aproximação para uma primeira avaliação da

estabilidade do sistema. Porém, para a carga corrente constante, desprezar a dinâmica

do OLTC e OEL altera significativamente o ponto crítico do sistema e nesse caso a

0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000

0.2

0.4

0.6

0.8

1

1.2

Carregamento [MW]

Tensão n

a c

arg

a V

2 [

p.u

.]

Máximo Carregamento

-0.20

0.0

0.200.40

-0.40

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61

instabilidade ocorreria muito depois em relação ao caso em que o OLTC e OEL estão

sendo modelados [26].

A característica da carga influencia a estabilidade de tensão. Para cargas do tipo

impedância constante, a instabilidade não ocorre, pois a característica da carga sempre

intercepta a característica da rede, tal que pela análise estática sempre existe um ponto

de operação estável. Isso pode ser provado matematicamente pela substituição de

(3.5a,b) para característica impedância constante, em (3.3) [53]. Pela análise estática,

quanto maior a sensibilidade da carga mais estável será o sistema de potência [53].

Entretanto, a dinâmica de restauração da carga pode conduzir um ponto de operação

estável para um ponto de operação instável [10]. Limitaremos a discussão a análise

estática para elucidar a importância da característica da carga.

Considere o aumento da demanda para uma carga do tipo potência constante,

conforme apresentado na Figura 3.6. Conforme a demanda aumenta os pontos de

operação estável e instável se aproximam, até atingir o ponto de máximo carregamento

a partir do qual não existe solução para o fluxo de carga, levando ao colapso de tensão.

Para a carga do tipo potência constante a fronteira com a instabilidade é dada pelo

máximo carregamento. Porém, para outros tipos de carga com diferentes sensibilidades,

o sistema de potência pode operar abaixo do ponto de máximo carregamento sem que

ocorra a instabilidade.

Considere uma carga com sensibilidade dada por representada na

Figura 3.7. Observe que esta carga apresenta uma sensibilidade maior do que o caso da

carga potência constante, portanto espera-se que esta carga consiga atingir uma

demanda maior. De fato, a carga opera além do ponto de máximo carregamento

atingindo uma demanda maior. Para uma demanda maior do que aquela do ponto L, a

característica da carga não intercepta a curva PV, levando o sistema de potência ao

colapso de tensão. A maior demanda que o sistema de potência pode atender é aquela

dada tangente à curva PV, neste caso o ponto L, chamado de limite de estabilidade. Em

geral, para sensibilidades o limite de estabilidade ocorre para uma

demanda maior do que aquela do máximo carregamento, enquanto para não

existe limite de estabilidade, ou seja, qualquer demanda pode ser atingida sem ocorrer o

colapso de tensão [10].

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62

Figura 3.6 Aumento da demanda para carga do tipo potência constante.

Figura 3.7 Limite de Estabilidade.

0 500 1000 1500 2000 2500 30000

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1

Carregamento [MW]

Tensão n

a c

arg

a V

2 [

p.u

.]

aumento da demanda z Pmax

0 500 1000 1500 2000 2500 30000

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1

Carregamento [MW]

Tensão n

a c

arg

a V

2 [

p.u

.]

Pmax

z

L

Limite de Estabilidade

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63

3.6 Análise Estática e Dinâmica

A dinâmica dos equipamentos que influenciam a estabilidade da tensão é

geralmente lenta. Sendo assim, muitos aspectos do problema poderão ser estudados

utilizando métodos estáticos, que verificam a viabilidade do ponto de equilíbrio

representado por uma condição de operação específica do sistema. As técnicas de

análise estática permitem uma rápida e simples avaliação das condições críticas do

sistema elétrico, podendo-se analisar diversos cenários. Os métodos estáticos baseiam-

se em análises de fluxo de carga, nas curvas PV e QV, e no cálculo de índices de

proximidade da instabilidade de tensão. As análises estáticas são muito úteis para

análise de contingências, onde diversos cenários devem ser analisados.

No entanto, os métodos estáticos não contemplam a atuação dos equipamentos

dinâmicos do sistema, como a coordenação da proteção e equipamentos de controle.

Para tal, deve-se utilizar a análise dinâmica por meio de simulações no domínio do

tempo, com maior detalhamento dos componentes presentes no sistema, o que implica

em um tempo computacional mais elevado e uma resposta fiel do comportamento

dinâmico do sistema após a ocorrência de qualquer tipo de perturbação.

Em contraste com a análise estática em que os pontos de equilíbrio da curva PV

não são dependentes do tempo, a análise dinâmica apresenta o comportamento

transitório do sistema.

Este trabalho analisa a estabilidade de tensão de longo-prazo por meio da análise

dinâmica, representando todos os componentes da rede como geradores síncronos,

gerador de indução, OLTC, OEL e etc.

3.7 Conclusões

Neste capítulo apresentaram-se conceitos básicos sobre estabilidade de tensão,

como a distinção entre os termos instabilidade de tensão e colapso de tensão. Vários

autores propuseram diferentes definições, contudo reconhecendo que ambos os

conceitos referem-se à instabilidade do sistema de potência como resultado final.

Porém, o colapso de tensão refere-se à inexistência de um ponto de operação causando a

queda progressiva e incontrolável da tensão, ao passo que a instabilidade de tensão se

refere a pontos de operação instáveis que podem conduzir ou não ao colapso de tensão.

A estabilidade de tensão é um fenômeno que depende do tipo de perturbação e da janela

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64

de tempo de estudo, sendo importante reconhecer o tipo de instabilidade para poder

tomar medidas preventivas.

A viabilidade técnica-econômica de um ponto de operação, traduzido por uma

condição de operação satisfatória e estável é mensurada pela margem de estabilidade do

sistema de potência. Uma condição de operação segura e estável é traduzida por uma

margem de segurança elevada o que implica em uma grande margem de estabilidade.

A curva PV é um dos principais métodos de análise estática da estabilidade de

tensão, contudo dependendo dos controles envolvidos e do tipo de carga adotado, a

modelagem estática pode ser inadequada e as conclusões obtidas pelas curvas PV

estáticas serão errôneas. Dentre os principais responsáveis por tais conclusões

equivocadas, são o OLTC e OEL, os quais combinados produzem um efeito

depreciativo no perfil de tensão, portanto é importante considerar a dinâmica de tais

equipamentos em estudos de estabilidade de tensão, bem como o tipo de carga e a sua

dinâmica, pois a carga é um dos principais componentes para a instabilidade de tensão.

Por fim, as análises estáticas e dinâmicas devem ser usadas em conjunto para

detectar o tipo de instabilidade e tomar as ações necessárias para solucionar o problema.

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65

Capítulo 4

Gerador de Indução Duplamente Excitado

4.1 Introdução

O DFIG é uma das tecnologias de aerogeradores mais utilizadas em grandes parques

eólicos pelo mundo todo. Para realizar a conexão ao sistema de potência, os operadores

do mundo todo exigem certos requisitos técnicos aos aerogeradores para garantir a

estabilidade do sistema.

Faltas nas proximidades do parque eólico drenam grandes correntes dos

aerogeradores para alimentar o curto-circuito, consequentemente correntes muito

elevadas circulam pelos conversores estáticos, podendo danifica-los facilmente. Devido

as correntes excessivas nos conversores, na ocorrência de faltas, o parque eólico era

desconectado imediatamente, ocasionando problemas de estabilidade aos sistemas

elétricos. Por este motivo, os parques eólicos foram obrigados a permanecer conectados

à rede elétrica na ocorrência de faltas, dando origem ao procedimento de ridethrough,

amplamente exigido por vários operadores de sistema no mundo todo.

O crescimento da demanda com os anos, acompanhado pela falta de reforços ao

sistema de transmissão, fez surgir novos problemas de estabilidade, dentre estes a

estabilidade de tensão; associado fortemente ao desbalanço de potência reativa. Para não

sobrecarregar a geração firme do sistema com fornecimento remoto ineficiente de

potência reativa aos grandes centros de consumo, muitos operadores de sistema exigem

que grandes parques eólicos forneçam potência reativa ao sistema quando solicitado

pelo operador.

Há poucos anos, muitos parques eólicos operavam com fator de potência

unitário para permitir a maior venda de potência ativa possível aos seus consumidores.

Entretanto, devido à operação sobrecarregada do sistema de transmissão, os parques

eólicos foram obrigados a fornecer potência reativa ao sistema de potência em

momentos de contingências conforme exigido pelo operador. Dessa forma, o DFIG

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66

pode operar como compensador de potência reativa nos momentos em que a

disponibilidade de ventos é baixa, favorecendo um aumento na margem de estabilidade

de tensão.

Dentro deste cenário é importante avaliar a capacidade de fornecimento de

potência reativa por parte dos aerogeradores, pois os problemas de instabilidade de

tensão estão associados diretamente às reservas de potência reativa.

Todavia, em alguns casos, o controle de potência reativa pelo aerogerador é

impraticável. Parques eólicos offshore localizam-se dezenas de quilômetros distante da

costa do litoral. Nesse caso, para que a conexão ao sistema de transmissão atinja uma

solução de compromisso técnica-econômica, o link HVDC normalmente é a solução

preferida e o controle da tensão no ponto de conexão com a rede elétrica é feito pela

subestação conversora em terra e não pela subestação eólica localizada no mar [2].

Entretanto, este problema não será avaliado nesta tese, será suposto que o parque eólico

localiza-se em terra (onshore) próximo a rede elétrica e conectado via reatância indutiva

representativa do transformador da subestação do parque eólico.

Este capítulo estuda a capacidade de fornecimento de potência reativa por parte

do DFIG, através da curva de capacidade. Primeiramente, abordando a sua

representação para estudos em regime permanente, seguido da modelagem dinâmica

incluindo os controles e finalmente, serão derivados os limites de

fornecimento/absorção de potência reativa através dos limites definidos nas curvas de

capacidade considerando o GSC operando com fator de potência unitário ou diferente.

4.2 Modelo do DFIG para Estudos em Regime Permanente

O modelo mais utilizado para representação do DFIG em estudos de fluxo de

carga é a barra PV, pois este tipo de aerogerador permite controle independente de

potência ativa e reativa. Na barra PV são dadas a geração de potência ativa e a tensão

terminal, enquanto a potência reativa e a fase da tensão são calculadas. A tensão é

mantida constante dentro de uma faixa de potência reativa estabelecida pela curva de

capacidade da máquina. Extrapolado o limite de injeção de reativos, a potência reativa

fornecida para a rede é fixada no máximo e a tensão terminal perde controle e torna-se

uma variável. Portanto, é importante determinar os limites de potência reativa para que

o ponto de operação não seja equivocado. O final do capítulo é dedicado ao cálculo dos

limites de potência reativa seja para a análise estática ou dinâmica.

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67

Dependendo da capacidade do parque eólico, o DFIG pode ser representado em

estudos de fluxo de carga como barra PQ, na qual a máquina controla o fator de

potência. Neste caso, a potência ativa e reativa são especificadas, enquanto o módulo da

tensão terminal e sua fase são calculados.

O modo de controle do DFIG por tensão terminal ou fator de potência afeta

significativamente a estabilidade de tensão do sistema de potência.

Nesta tese estes modos de controle serão avaliados sob o foco da estabilidade de

tensão de longo-prazo.

4.3 Considerações na Modelagem para Estudos de Estabilidade

Normalmente, um sistema de potência de grande porte apresenta centenas ou

milhares de equações diferenciais não-lineares, as quais descrevem a dinâmica dos

equipamentos envolvidos. Fenômenos de curta duração (alta frequência) possuem

constantes de tempo muito baixas, da ordem de microsegundos, como é o caso de

transitórios de chaveamentos, enquanto fenômenos de longa duração (baixa frequência)

possuem constante de tempo da ordem de segundos ou dezenas de segundos, como é o

caso das dinâmicas de longo-prazo: atuação do tap do OLTC e atuação do OEL (veja

Figura 4.1).

Nesse sentido, o modelo dinâmico do equipamento deve estar adequado à janela

de tempo de observação do fenômeno a ser estudado. Modelos bastante sofisticados, em

geral associados a dinâmicas ultra-rápidas como transitórios eletromagnéticos,

envolvem passos de integração muito pequenos, necessários para que sejam capturados

os detalhes de alta frequência do fenômeno e dessa forma o tempo de computação torna-

se elevado mesmo para um fenômeno de curta duração e impraticável para um

fenômeno de longa duração [54].

Entretanto, modelos mais detalhados podem permitir o estudo simultâneo de

dois fenômenos com apenas uma simulação. Considere um sistema de potência

tomando carga conforme a demanda de seus consumidores. Em determinado instante,

ocorre uma falta em uma linha de transmissão. A falta é extinta pela abertura dos

disjuntores e a linha é retirada de operação. Deseja-se avaliar a estabilidade do sistema

de potência no momento que a falta é aplicada e o comportamento pós-falta

considerando a tomada de carga. Essa situação envolve estudos de estabilidade a curto-

prazo e longo-prazo, pois durante a falta o sistema de excitação e o controle de tensão

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68

respondem rapidamente graças as constantes de tempo da ordem de milisegundos e a

tensão se estabiliza rapidamente. Porém, após a falta a tensão pode estar mais baixa do

que o valor pré-falta, isso pode causar atuação do OLTC na tentativa de restabelecer a

tensão da carga, drenando maiores quantidades de potência reativa, podendo causar

atuação do OEL.

Porém, esse estudo simultâneo envolve passos de integração de tamanhos

bastante diferentes, fazendo com que o tempo de simulação computacional seja

excessivo e, dependendo do método de integração utilizado, uma instabilidade numérica

pode ocorrer pela incompatibilidade dos modelos usados nas diferentes janelas de

tempo estudadas [54]. Recomenda-se que o modelo adotado seja formulado e adequado

para apenas um estudo de estabilidade correspondente a uma determinada janela de

tempo de interesse.

Figura 4.1 Janela de tempo dos fenômenos de estabilidade nos sistemas de potência [55].

Esta tese aborda a estabilidade de tensão de longo-prazo e o modelo adotado

compatível com esse estudo envolve a janela de tempo da dinâmica de longo-prazo,

conforme a Figura 4.1.

10e-7 10e-6 10e-5 10e-4 10e-3 10e-2 10e-1 1 10e1 10e2 10e3 10e4 10e5 10e6

Escala de Tempo [s]

Dinâmica de Longo Prazo

Ressonância Subsíncrona

Regulação do Intercâmbio de Potência

Demanda Diária

Sobretensões de raios

Sobretensões de chaveamentos

Estabilidade Transitória

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69

4.4 Representação do Gerador de Indução

Normalmente para estudos de estabilidade, o gerador é modelado em termos das

variáveis d-q oriundas da transformação de Park, por dois motivos:

A transformação de Park retira a dependência angular temporal das indutâncias

da máquina, fazendo com que a equação diferencial seja mais simples de ser

resolvida;

A transformação de Park usa dois eixos ortogonais independentes; desse modo

as componentes reais e imaginárias de qualquer fasor escrito em termos das

coordenadas d-q são independentes. Essa propriedade é interessante para

implementação do controle vetorial do DFIG, cuja estratégia do referido

controle é mostrada mais adiante.

Primeiramente é importante convencionar o sentido positivo das correntes nos

enrolamentos da máquina (pode-se convencionar também o sentido do fluxo de

potência). Para operação motora é usual considerar as correntes positivas quando estão

entrando nos enrolamentos do rotor e estator. Logo, os fluxos podem ser escritos como

[49]:

Os índices d, q, s e r denotam: o eixo direto, eixo de quadratura, variáveis do

enrolamento do estator e variáveis do enrolamento do rotor, respectivamente. Os fluxos

, as indutâncias e as correntes estão todos escritos em por unidade p.u. na base da

máquina. As indutâncias próprias do estator e do rotor são dadas por [49]:

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70

sendo que representam as indutâncias de dispersão do estator e rotor e

indutância de magnetização, todos em p.u., respectivamente.

A convenção de correntes adotada para operação geradora foi apresentada no

Capítulo 2, na qual a corrente é considerada positiva quando está saindo do estator e

positiva quando esta entrando no rotor [56]. Aproveitando a Equação (4.1) é necessário

trocar o sinal das correntes do estator, logo

O campo magnético é o acoplamento entre o rotor e o estator. Tensões são

induzidas no estator/rotor pelo movimento relativo entre o campo magnético girante do

estator e o campo girante do rotor, segundo a lei de Faraday. A tensão terminal será

composta de uma queda de tensão devido à resistência do enrolamento, uma

componente de tensão de velocidade e uma componente de tensão induzida sem

movimento, simplesmente pela variação temporal da corrente alternada nos

enrolamentos. Logo, as tensões nos terminais do estator/rotor serão dadas por [49]:

onde e são a tensão e a resistência, respectivamente, do estator/rotor de acordo com

o subscrito, é a velocidade angular síncrona e é o escorregamento. Todas as

Equações (4.4) estão em p.u. e a velocidade angular síncrona para a

base do sistema, portanto

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71

onde,

Para o SCIG, as tensões do rotor são iguais a zero, nas equações (4.5c,d), porque

o rotor encontra-se curto-circuitado, enquanto que para o DFIG estas tensões são

diferentes de zero, pois os conversores realizam o controle pelo rotor.

Os transitórios do estator ( e ) nas equações (4.5a,b),

normalmente são de natureza muito mais rápida do que os transitórios do rotor

( e ) nas equações (4.5c,d) e de acordo com as considerações feitas

na seção anterior, os transitórios do estator podem ser desprezados, reduzindo o modelo

de quarta ordem para um modelo de segunda ordem, chamado de modelo de ordem

reduzida [2,49,54,57].

A principal diferença entre os modelos detalhado e reduzido está nos transitórios

seguidos de faltas (grandes perturbações). O transitório do modelo detalhado apresenta

correntes com maiores magnitudes em relação ao modelo reduzido [57]. Essas correntes

elevadas podem causar atuação da proteção crowbar do aerogerador, retirando a

máquina de operação. Nesse caso, a atuação da proteção pode comprometer, a curto-

prazo, a estabilidade transitória do sistema.

A estabilidade de longo-prazo, conforme visto no Capítulo 3 está associada à

interação de equipamentos de dinâmica lenta provocado por sucessivos incrementos da

demanda, causando pequenos distúrbios no sistema de potência, incapazes de provocar

súbitas correntes nos enrolamentos do estator. Essa premissa exclui o modelo detalhado

e adota o modelo reduzido. O modelo detalhado é fortemente indicado para estudos de

ridethrough e de estabilidade transitória, as quais envolvem grandes perturbações [57].

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72

Portanto, desprezando-se os transitórios do estator e manipulando as equações

(4.3) e (4.5) convenientemente, define-se o modelo de ordem reduzida, por

onde:

Sendo que e são as reatâncias de circuito aberto e transitória, respectivamente,

e são as componentes de eixo direto e quadratura da tensão transitória interna

, respectivamente, e é a constante de tempo de circuito aberto dada

em segundos. Nesta tese, os conversores são modelados como fontes de tensão

controladas, por este motivo o modelo de ordem reduzida considera as componentes

e para o DFIG, mas existem modelos que consideram os conversores como fontes

de corrente controladas [58], reduzindo as malhas de controle e facilitando a sintonia.

Esta abordagem de fontes de corrente controlada simplifica as equações e reduz o tempo

de computação e os resultados finais são muito próximos em relação ao modelo fonte de

tensão controlada [30]. Contudo, a abordagem de conversores modelados como fontes

de tensão foi adotada porque este modelo encontra-se implementado no ANATEM [56].

A Figura 4.2 apresenta o diagrama de blocos para as equações (4.6c,d). A

transformação de eixos se faz necessária porque as referências angulares para o sistema

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73

de potência e o controle dos conversores serem diferentes. Os subscritos referem-

se ao eixo do sistema de potência, enquanto os subscritos ao eixo do controle

vetorial. Para representar o SCIG, basta anular as tensões no rotor e desprezar a

transformação de eixos [56].

A interface com o modelo de ordem reduzida é dada pelas equações de potência

ativa e reativa trocadas com a rede pelo estator, o controle de potência ativa e

reativa efetuado pelo rotor e torque eletromagnético , dados por [49]:

slip

slip

'

0Ts

'

0Ts

mL

mL

'

01

1

sT

'

01

1

sT s

rr

m

L

L

rr

m

L

L

s

m

rr

L

L

m

rr

L

L

rrL

1

rrL

1

'XX

'XX

Transformação

de eixos

Transformação

de eixos '

Rr

'

Ir

Rr

Ir

IsI

RsI

IrI

RrIdrI

qrI

RrV

IrV

drV

qrV

'

Re

'

Ie

Figura 4.2 Modelo dinâmico de ordem reduzida para o DFIG [56].

Mais adiante, é mostrado que a potência ativa do rotor e a potência ativa do

estator se relacionam pelo escorregamento , sendo que a capacidade do conversor é

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74

determinada pelo escorregamento máximo . As equações de interface (4.8) são

muito úteis para equacionar a técnica de controle vetorial.

4.5 Representação da Turbina Eólica e Controle de Passo

Para estudos de estabilidade de tensão, a frequência não é um problema, assim

como o sincronismo [49]. Nestes estudos a frequência do sistema não contém

harmônicas. Entretanto, a carga é dependente da frequência e a operação fora da

frequência nominal pode danificar o equipamento alimentado, forçando atuação da

proteção, levando a perda de carga para o sistema de potência.

Nas máquinas síncronas quando a rotação da máquina primária diminui, a

frequência gerada diminui proporcionalmente e a tensão gerada é dependente da

frequência, portanto uma queda na frequência do sistema provoca quedas na tensão do

sistema de potência. Esse efeito pode, eventualmente, conduzir o sistema de potência a

uma instabilidade de tensão. Entretanto, essa instabilidade nada se relaciona ao controle

de potência reativa e sim ao controle primário carga-frequência. Nesse caso, a

instabilidade de tensão ocorreu devido a um problema de instabilidade de frequência.

A instabilidade de frequência está fortemente associada ao controle primário

carga-frequência, necessitando de uma modelagem adequada para a máquina primária, a

qual pode envolver dinâmicas lentas. Turbinas eólicas apresentam dinâmica lenta,

envolvendo constantes de tempo da ordem de dezenas de segundos [17]. Essa dinâmica

lenta está relacionada aos transitórios da turbina pelas mudanças de velocidade dos

ventos e do ângulo de passo das pás até a turbina atingir o regime permanente [17].

Porém, a modelagem detalhada da turbina eólica envolvendo os efeitos transitórios não

é necessária para a estabilidade de tensão de longo prazo, pois não envolve diretamente

o controle de potência reativa da máquina.

As curvas usadas para calcular a potência extraída da turbina eólica

considera operação em regime permanente e não apresentam qualquer dinâmica

referente à passagem de um ponto de operação para outro [17]. Isso significa que a

turbina eólica atinge o regime permanente instantaneamente quando a velocidade do

vento muda subitamente. A literatura carece de análises detalhadas para a estabilidade

de tensão de longo-prazo considerando os transitórios envolvidos na dinâmica lenta da

turbina eólica.

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75

Nesta tese, a turbina eólica é modelada usando as curvas segundo a

equação (2.2) apresentada no Capítulo 2. A dinâmica da máquina primária foi

desconsiderada e a potência mecânica fornecida aos geradores síncronos é considerada

constante. O controle automático da geração não está representado e todo aumento da

demanda é compartilhado exclusivamente entre o aerogerador e o barramento infinito

da rede elétrica sob estudo.

As curvas podem ser obtidas analiticamente ou através de tabelas.

Analiticamente, o coeficiente de potência pode ser expresso por [56]:

onde:

Os coeficientes podem ser constantes ou variáveis. Muitos autores,

dependendo da dimensão da turbina, adotam diferentes valores para as constantes [59],

mas nesta tese os coeficientes e são constantes, enquanto o restante dos

coeficientes são funções tabeladas do ângulo de passo [56]. A Figura 4.3 mostra as

curvas obtidas usando as equações (4.9) e (4.10), considerando os

coeficientes e constantes, enquanto o restante dos coeficientes como variáveis do

ângulo de passo .

Nestas curvas, quanto menor maior será . A curva de potência do

aerogerador é construída baseada na curva da turbina eólica, a qual depende

do perfil aerodinâmico, que confere sustentação e arrasto, e das dimensões das pás. A

curva de potência é feita considerando o melhor aproveitamento energético possível, por

este motivo . Pela Figura 4.3 observa-se para o maior valor de .

Segundo a estratégia de controle de passo, geralmente a turbina eólica maximiza a

extração de potência eólica para velocidades abaixo da nominal [60], na qual o

controlador rastreia o valor ótimo da velocidade específica de ponta de pá o qual

produz o maior coeficiente de potência conforme a Figura 4.3. Fixando-se a

velocidade do vento, a potência mecânica é calculada segundo (2.2) variando-se ,

obtendo-se uma faixa de velocidade da turbina para cada segundo (2.3). Dessa

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forma, para cada velocidade de vento obtém-se valores máximos de potência mecânica,

conforme a Figura 4.4. A curva ótima indicada na figura é usada para construir a curva

de potência do aerogerador.

Figura 4.3 Curvas .

Figura 4.4 Potência mecânica para várias velocidades de vento e .

6 7 8 9 10 11 12

0.3

0.32

0.34

0.36

0.38

0.4

0.42

0.44

0.46

0.48

Tip Speed Ratio - TSR

CP

- C

oefc

iente

de P

otê

ncia

0.01.0

2.0

3.0

4.0

5.0

6.0

0 10 20 30 40 50 60 700

100

200

300

400

500

600

700

800

850

900

Velocidade da Turbina [rpm]

Potê

ncia

[kW

]

Curva Ótima

5 m/s

8 m/s

7 m/s

6 m/s

9 m/s

10 m/s 10,5 m/s

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77

A estratégia de controle de passo empregada nesta tese consiste no

aproveitamento ótimo do recurso eólico e reduzir a carga aerodinâmica sobre as pás

quando a potência mecânica extrapolar a potência nominal, normalmente adotada pelos

produtores eólicos. Nas altas velocidades de vento, quando a potência mecânica

ultrapassar a potência nominal, o controle de passo atua no sentido de diminuir a

potência mecânica para isso reduzindo Para alcançar esse objetivo, o controlador

aumenta o ângulo de passo de referência . A Figura 4.5 mostra o diagrama de

blocos da malha de controle de passo.

1

1 PsT

r

Turbina

Caixa de

Engrenagens

1

2 H s

acelP

acelT

Controle de Passo

maxmax /& dtd

minmin /& dtd

P + Iref

V

maxr

M

TP

tP

Figura 4.5 Malha de controle de passo da turbina eólica [56].

A velocidade é determinada pela carga mecânica que a turbina é

submetida, pela emissão de ruído acústico e outros objetivos de projeto [60] que são

refletidos na curva de referência (específica de cada fabricante). Se a

velocidade do rotor esta abaixo de , o erro de velocidade é menor que zero

( ), provocando a redução do ângulo de referência para zero entrando em

operação otimizada [11]. Isso significa que a velocidade do vento está abaixo da

velocidade nominal e o aproveitamento energético torna-se máximo pela elevação do

coeficiente de potência para e o ângulo de passo para zero. Contudo, se a

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velocidade do vento ultrapassa a velocidade nominal, e o ângulo de passo

aumenta reduzindo o coeficiente de potência, mas mantendo a potência ativa constante

no valor máximo estabelecido pela curva de potência. Nessa situação a turbina não

trabalha de forma otimizada e o controle de passo atua para reduzir a carga

aerodinâmica sobre as pás. Para evitar a fadiga das pás durante as mudanças do ângulo

de passo, o controle é limitado por uma taxa de variação máxima e mínima do ângulo de

passo [59,60]. Em alguns esquemas de controle de passo, o sinal de entrada para o

controlador é composto por parcelas referente ao erro de velocidade e erro de

potência [17].

Para compreender melhor a operação do DFIG, acompanhe a Figura 4.6. Esta

figura representa o sistema de controle do DFIG englobando, genericamente, todas as

malhas de controle. Conhecida a demanda , obtém-se a velocidade de referência

através da curva . A velocidade de referência é controlada pelo RSC, o

qual produz a tensão do rotor com componentes ativas e reativas para atender a

demanda e a tensão da barra terminal ou fator de potência do aerogerador,

conforme especificado.

r

ref

ref refP W

Conversor

ligado ao rotor

Controle de

passo

Turbina

Eólica

tV

refV

V

rV

Barra

Terminal

Gerador de

Indução com

Rotor Bobinado

Conversor

ligado ao estator

cQ

r

maxr

Sistema de

Potência

tP

tP

TPV

Figura 4.6 Sistema de controle do DFIG.

Quando a tensão terminal cai abaixo de um valor limiar, o GSC entra em

operação fornecendo potência reativa a barra terminal para restaurar a tensão, podendo

ser desligado quando a tensão terminal atingir um valor adequado. O suporte de

potência reativa por parte do GSC é bastante explorado na literatura para procedimentos

de ridethrough, mas em regime permanente opera normalmente sob fator de potência

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unitário, ou seja, sem fornecer suporte de potência reativa. A contribuição de potência

reativa do GSC para evitar o colapso de tensão é imprescindível, constituindo uma das

principais contribuições desta tese.

4.6 Representação do Sistema Mecânico

O sistema mecânico é formado pelo acoplamento indireto dos eixos do gerador e

da turbina eólica por uma caixa de engrenagem. Esse acoplamento indireto se deve as

diferentes velocidades no eixo da turbina (baixa velocidade) e eixo do gerador (alta

velocidade).

A caixa de engrenagem caracteriza um acoplamento fraco entre o eixo do

gerador e da turbina, principalmente nas modernas turbinas, com relação de transmissão

da ordem 1:100 expondo muito mais a fragilidade do eixo [17]. O eixo pode ser

considerado rígido, quando a sua rigidez é superior a 3 p.u. e suave quando inferior a

1 p.u. [59]. Para turbinas eólicas a rigidez encontra-se na faixa 0,15 – 0,40 , o que

representa uma baixa rigidez [17].

Quando a rigidez do eixo é baixa, o desbalanço entre o torque de carga e

torque mecânico fornecido pela turbina provoca a torção no eixo, causando

oscilações. Nesse caso, o sistema mecânico deve ser representado por um modelo de

duas massas, conforme a Figura 4.7. A rotação das massas (turbina e gerador) causa um

deslocamento angular [radianos] provocando torção no eixo. As equações do

movimento para o modelo de duas massas em p.u. é dada por [59]:

sendo a velocidade síncrona do sistema em rad/s.

A Figura 4.8 apresenta o diagrama de blocos do modelo duas massas referente

as equações (4.11a,b,c).

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80

Em regime permanente não existe desbalanço de torque, ou seja, .

Porém, uma falta pode desencadear um súbito desbalanço de torque, podendo ocorrer

ressonância do eixo com algum modo de oscilação mal amortecido do sistema, caso o

eixo seja de baixa rigidez.

mT tH gH

t

g

Rotor do Gerador

Rotor da Turbina

sk Te

Figura 4.7 Sistema mecânico representado por duas massas.

s

k sskM

r

M

r

Te

mT

sH t2

1

sH g2

1

tP

TP

Figura 4.8 Diagrama de blocos para o modelo duas massas do eixo mecânico.

A frequência de oscilações no sistema de eixo dos geradores DFIG se encontra

no intervalo 1,44 – 4,55 Hz [61], relativamente próximo da frequência natural de

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81

oscilações eletromecânicas dos geradores síncronos convencionais (0,2 – 2,5 Hz) [49],

logo, existe a possibilidade de interação adversa entre parques eólicos e geradores

síncronos por modos de oscilação mal amortecidos. A frequência de ressonância natural

do sistema mecânico será dada por [17]:

Gautam [62] efetuou análise modal para aerogeradores DFIG, entretanto usou

uma representação equivalente de máquina síncrona para representar o aerogerador. Mei

[31] estudou análise modal para aerogeradores DFIG levando em consideração o

modelo do gerador de indução e confirmou que as interações adversas do eixo mecânico

com o sistema de potência só podem ser percebidas pela representação do modelo de

duas massas, a qual devido a baixa rigidez do eixo é o fator principal das oscilações.

Hughes [63] propôs um estabilizador para amortecer esses modos mal amortecidos.

Contudo, a exploração desses modos mal amortecidos está fora do escopo dessa tese.

Alguns autores sugerem uma modelagem considerando duas massas,

especialmente para o caso do SCIG [17,60], pois além da baixa rigidez do eixo este tipo

de aerogerador é desprovido de controle. Dessa forma, as oscilações no eixo podem

conduzir a flutuações no torque de carga comprometendo a qualidade da energia e a

estabilidade do sistema de potência. Contudo, essas oscilações mal amortecidas de baixa

frequência não fazem parte dos estudos de estabilidade de tensão de longo-prazo [10].

Por este motivo, apesar do fraco acoplamento no SCIG devido a caixa de engrenagens,

o sistema mecânico será representado pelo modelo massa global.

Pela Figura 4.5, o sistema mecânico do DFIG é representado pelo modelo

massa concentrada para o conjunto turbina-gerador (constante de inércia ).

Essa representação supõe que o eixo que conecta as duas massas seja de alta rigidez,

desprezando a torção no eixo. Apesar da baixa rigidez do eixo, o controle independente

de potência ativa e reativa proporcionado pelo RSC desacopla a velocidade do rotor da

frequência do sistema de potência, não refletindo a fragilidade do eixo no torque de

carga, por este motivo o modelo massa concentrada pode ser adotado para o DFIG [60].

Considerando o modelo massa concentrada, a equação de oscilação em p.u., a

qual completa o conjunto de equações da máquina assíncrona, será dada por:

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sendo que é um fator de amortecimento, normalmente muito baixo o qual pode ser

desprezado. Essa suposição conservadora enobrece a robustez do controle nos

resultados. Nas equações (4.11) o fator de amortecimento foi desprezado.

Em relação ao DFIG, o modelo de duas massas é fortemente indicado para

estudos de estabilidade transitória, pois a falta aplicada pode provocar atuação do

crowbar, bloqueando o RSC. Nesse caso, o DFIG perde controlabilidade e comporta-se

como um SCIG, uma vez que o circuito do rotor foi curto-circuitado pela atuação do

crowbar.

A estabilidade de tensão de longo-prazo avaliada nesta tese é experimentada por

pequenos incrementos da carga as quais não provocam atuação do crowbar, pois este

tipo de proteção é para curto-circuitos. Por este motivo, adotou-se o modelo massa

concentrada para o DFIG.

4.7 Representação dos Conversores e do Link CC

A Figura 4.9 exibe o modelo adotado para os conversores e o link CC, onde

representa a reatância do transformador de acoplamento (Figura 2.10). Para o sistema

de potência, os conversores são vistos como fontes de tensão controladas, enquanto que

para o elo CC como fontes de correntes controladas. O link CC e os conversores podem

ser vistos como um conversor back-to-back com modulação PWM seno-triangular e

fluxo bi-direcional de potência compostos por pontes trifásicas para cada conversor

[64].

CI

RSC (C2) GSC (C1)

EstatorRotor

Sistema CC

1CCI2CCI

1I

2I

CV

1m

11TE

2m

2 2TE

rVsV

tX

Figura 4.9 Conversores e link CC.

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83

Assumindo uma fonte CC ideal e modulação PWM ideal (índice de modulação

em frequência infinito), a componente fundamental da tensão de linha (valor p.u.) e a

tensão CC (valor p.u.) podem ser relacionadas uma com a outra como segue [65]:

onde cada conversor possui módulo e fase controláveis. O módulo é

diretamente proporcional ao fator de modulação , o qual varia entre 0 e 1 supondo

que não ocorra saturação na saída [65], e a tensão no capacitor . Multiplicando-se

ambos os lados da equação (4.14) por bases convenientes e racionalizando o

denominador,

Logo, a tensão em cada conversor será dada por [64]:

onde:

sendo,

: relação de transformação dos transformadores

: número de conversores conectados em pontes trifásicas

: fator de forma da onda gerada

: tensão base do sistema CC [kV]

: tensão base nos terminais do conversor [kV]

: tensão base no primário do transformador do conversor [kV]

: tensão base no secundário do transformador do conversor [kV]

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84

Para o rotor não existe transformador ligando o RSC ao enrolamento do rotor e

ambos os conversores empregam uma ponte trifásica. O transformador opera com

relação de transformação nominal casando com as tensões do estator e do conversor,

para o caso do GSC. Logo, a constante simplifica-se para,

O controle do fator de modulação é realizado por modulação PWM seno-

triangular, na qual a referência é uma portadora triangular e o sinal modulante uma

senóide de baixa frequência, neste caso a tensão terminal. O conversor operando na

região linear funciona como um amplificador linear para a componente fundamental do

sinal modulado [65]. Para o caso de uma modulação PWM real, o conteúdo harmônico

da tensão apresenta altas frequências e pode ser facilmente eliminado por pequenos

filtros CA [66]. O fator de modulação pode ser calculado como:

onde e são as componentes da fonte de tensão controlada o

qual representa o conversor para o lado CA do sistema de potência. e são as

amplitudes das tensões do sinal modulante e portadora, respectivamente.

Os sinais e são as saídas das malhas de controle do conversor , o qual

pode ter diferentes propósitos de controle. O GSC controla a tensão e a potência

reativa fornecida pelo conversor, caso esteja operando com fator de potência

diferente do unitário. O RSC controla a potência ativa e reativa do estator

fornecida pela máquina.

Dependendo do propósito de controle, o cálculo da fase será diferente, pois

depende da orientação do controle vetorial. Por exemplo, considere a estratégia de

controle do GSC, conforme se apresenta na Figura 4.10. O controle é realizado pelo

eixo d-q e a tensão terminal (tensão do estator) encontra-se alinhada com o eixo q. O

eixo Re-Im representa a referência do sistema de potência, portanto a fase deve ser

medida partindo desta referência, conforme indicado na Figura 4.10. Logo,

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85

onde é a fase interna dada por:

Re

Im

d

q

1

1dV

1TE

1qV1i

1

sV

Figura 4.10 Cálculo de para estratégia de controle do GSC.

As correntes CC podem ser calculadas a partir das correntes CA dos

conversores admitindo que não existe perda nos conversores. Pelos conversores

ocorre somente fluxo de potência ativa e admitindo que não existem perdas, a potência

no link CC será igual a potência ativa do lado CA do conversor . Portanto,

Multiplicando ambos os lados de (4.22) por bases convenientes e reescrevendo

as potências em função de tensão e corrente, obtém-se

Substituindo (4.16) em (4.23),

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86

Isolando a corrente

Finalmente,

onde [14]:

a constante é usada para as correntes e depende dos mesmos fatores que a constante

. e são as bases de potência do DFIG e do link CC, respectivamente.

A dinâmica do capacitor pode ser modelada em termos das correntes ou das

potências e que atravessam o elo CC. Para facilitar a modelagem, sem perda de

resultados, desprezaram-se as perdas nos conversores, enrolamentos do rotor, estator e

transformador de acoplamento. Logo, a energia armazenada no capacitor será:

Diferenciando,

Logo, a dinâmica do capacitor será representada pela equação diferencial:

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87

Portanto, a tensão no link CC é modificada de acordo com a diferença de

potência entre o conversor do lado do estator e do conversor do lado do rotor . Para

que o link CC esteja estável, a tensão deve permanecer constante independentemente

do fluxo de potência que o atravessa. A oscilação da tensão do capacitor pode provocar

o desligamento da unidade e a perda de uma grande geração pode comprometer a

estabilidade do sistema de potência.

4.8 Estratégia de Controle para o GSC

O principal objetivo do controle do GSC é manter a tensão do link CC constante,

independentemente da direção e magnitude do fluxo de potência que o atravessa.

Opcionalmente, o conversor pode fornecer potência reativa para controlar a tensão

terminal caso esta fique abaixo de um desejado limiar. É mostrado que o suporte de

potência reativa pelo conversor pode evitar a instabilidade e melhorar o perfil de tensão

nas barras, especialmente quando o controle atua precocemente.

Considere o sentido do fluxo de corrente sobre o GSC dado pela Figura 4.9. As

equações, em p.u., que relacionam a tensão do conversor com a tensão do estator em

coordenadas d-q são dadas por [67]:

onde e são as componentes da tensão do conversor GSC ,

e são as componentes da corrente do conversor GSC , e são a

resistência e reatância do transformador de acoplamento, respectivamente.

Desprezando a resistência do transformador de acoplamento e os transitórios

do estator, obtém-se:

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88

Segundo a estratégia de controle vetorial da Figura 4.10, a tensão terminal

(tensão do estator) está alinhada com o eixo q. Logo,

e

Substituindo as condições de contorno (4.34) nas equações (4.33a,b), obtém-se:

As potências ativa e reativa injetadas pelo conversor são dadas por:

As potências ativa e reativa injetadas na rede elétrica pelo conversor são:

Aplicando as condições de contorno (4.34) nas equações (4.37a,b), obtém-se:

Substituindo as equações (4.35a,b) nas equações (4.36a):

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89

Observe que (4.39a) é idêntica a (4.38a). De fato, a resistência do transformador

de acoplamento foi desprezada, portanto não existem perdas na transmissão de potência

ativa do GSC até o estator.

Substituindo as equações (4.35a,b) nas equações (4.36b):

Substituindo (4.38b) e observando que

, chega-se a:

Portanto, a potência reativa transmitida pelo GSC não é a mesma que chega ao

estator devido às perdas reativas no transformador de acoplamento.

Pela equação (4.31) percebe-se que a tensão do link CC, , pode ser controlada

pela potência ativa, , e consequentemente pela componente conforme (4.39a), ou

pela componente conforme (4.35a). Consequentemente, a potência reativa entregue

ao estator, , pode ser controlada pela componente conforme (4.39b), ou pela

componente conforme (4.35b). Essas conclusões conduzem as malhas de controle

do GSC para a tensão do link CC e o suporte de potência reativa dadas na Figura 4.11.

Os limites de tensão presentes nas malhas de controle podem ser calculados

pelas equações (4.35a,b) como segue:

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90

É necessário definir as correntes máximas e mínimas para estabelecer os limites

superior e inferior. O módulo da corrente do conversor GSC será dada por:

Logo, para que uma corrente esteja limitada é necessário que a equação (4.41)

seja satisfeita, a qual representa um semicírculo de raio igual centrado na origem. A

máxima corrente que o conversor pode suportar continuamente sem danifica-lo

será dada pela sua corrente nominal.

Isolando ,

Logo,

Consequentemente,

Substituindo as equações (4.44) nas equações (4.40), resulta:

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91

CV

C r e fV 1dV

1maxdV1maxdV

1mindV 1mindV

P+I

(a) Malha de controle da tensão do link CC.

CQ

refQ 1qV

1minqV

1maxqV1maxqV

P+I

1minqV

(b) Malha de controle de potência reativa.

Figura 4.11 Malhas de controle para o GSC [56].

Frequentemente, o GSC é operado com fator de potência unitário, ou seja, neste

modo de controle o conversor não fornece potência reativa para a rede elétrica, pois a

potência ativa, normalmente, é única parcela de energia que pode ser vendida, devido à

falta de incentivos financeiros para venda de potência reativa. Porém, um estudo demonstra

que o fornecimento de potência reativa por aerogeradores pode ser bastante

recompensado financeiramente pelo parque eólico, especialmente nos casos em que o

erro de previsão cometido pelo operador de sistema é maior do que 0,5 p.u. para

despacho de geração eólica, pois além da perda do custo de oportunidade, paga-se pela

geração de potência reativa com grandes reservas [40].

A análise de investimentos revela que a potência reativa fornecida por

aerogeradores é mais barata do que a de outros equipamentos convencionais [51]. O

fornecimento de potência reativa, por aerogeradores, para controle de tensão é uma

alternativa suplementar economicamente atrativa, pois reduz as perdas e o

congestionamento do sistema de transmissão, bem como maior suporte ao sistema no

caso de faltas. Na Europa, Alemanha e Espanha são alguns dos países que incentivam

financeiramente a venda de potência reativa [51]. Portanto, inevitavelmente o GSC

deverá fornecer potência reativa ao sistema, seja por questões de estabilidade do sistema

elétrico, como por incentivos financeiros ao proprietário do parque eólico.

Na Alemanha, dependendo do porte da geração eólica, o proprietário deve

compulsoriamente fornecer potência reativa para a rede no caso de faltas, segundo

curvas de ridethrough do operador de sistema. As metas exigidas pelo operador de

sistema, muitas das vezes rígidas por questões de segurança e estabilidade, faz com que

os conversores de eletrônica de potência fornecidos pelos fabricantes sejam

dimensionados acima da capacidade do gerador, para o caso do FRC [51]. O custo do

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92

conversor do FRC para fornecer somente potência ativa nominal fica em torno de 1,5%

do custo do investimento total do parque eólico. Contudo, um sobredimensionamento de

50% eleva para 2,25% do custo total do parque eólico, porém com reserva de potência

reativa de 0,65 p.u. em condições nominais de operação [40]. Logo, o custo do

sobredimensionamento para o DFIG será inferior ao do FRC, devido a menor

capacidade dos conversores.

Basicamente, o controle da tensão terminal é feito pelo RSC, pois este conversor

controla a potência reativa pelo estator, a qual representa a maior parcela de potência

reativa injetada para a rede. Em alguns casos, este controle pode ser feito,

prioritariamente, pelo GSC, enquanto que o RSC atua de maneira complementar [38].

Entretanto, devido à baixa capacidade do GSC, este controle pode rapidamente perder

controlabilidade, por este motivo, nesta tese, o RSC foi escolhido para o controle

prioritário, enquanto que o GSC atua de maneira complementar.

Quando ambos os conversores (RSC e GSC) participam do controle de tensão,

deve haver alguma estratégia de coordenação para evitar correntes de circulação pelos

conversores. Considere que o controle é realizado pelo conversor GSC. Devido à baixa

capacidade deste conversor, pode acontecer da tensão terminal perder controlabilidade e

seguidamente o conversor RSC assumir o controle da tensão, forçando o conversor GSC

a consumir grandes quantidades de potência reativa. Para evitar esta situação, um dos

conversores deve ser controlado por estatismo de tensão [38].

O controle de tensão terminal pela potência reativa do DFIG pode ser feito de

várias maneiras. Por exemplo, o GSC pode ser o conversor prioritário enquanto o RSC

atua complementando-o quando este chega ao seu limite. A demanda de potência

reativa pode ser repartida entre os conversores de maneira proporcional ao fluxo de

potência reativa pelo estator/rotor. Por exemplo, o RSC comanda da potência

reativa total, enquanto o GSC se responsabiliza por [38]. Em contrapartida, o RSC

pode ser o prioritário e o GSC assume o comando quando este é bloqueado pelo

crowbar [17].

Nesta tese são apresentados os casos em que o GSC opera tanto com fator de

potência unitário quanto com valores diferentes do unitário, segundo a estratégia de

controle coordenado. Neste caso, o RSC é o conversor principal e o GSC o conversor

complementar. Quando a tensão terminal está abaixo de 0,9 p.u., o GSC injeta potência

reativa para a barra terminal até a tensão terminal se recuperar. É mostrado no capítulo

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93

de resultados que esse suporte de potência reativa pelo GSC age como último recurso

para a manutenção da estabilidade do sistema de potência.

4.9 Estratégia de Controle para o RSC

O objetivo do conversor ligado ao rotor é controlar a potência ativa do estator e a

tensão terminal/fator de potência da máquina. A potência ativa é controlada pela

velocidade do rotor através da curva de referência , específica de cada

fabricante [60]. Dependendo da velocidade do vento, o controle de passo pode atuar e

nesse caso o controlador rastreia a potência nominal. A potência reativa é controlada de

forma a manter constante um fator de potência especificado ou a tensão terminal. Será

demonstrado que o controle do fator de potência é mais prejudicial para a estabilidade

de tensão do que o controle da tensão terminal.

Esse objetivo é alcançado através do controle vetorial (ou controle de campo

orientado) [2], alinhando-se o fluxo do estator com o eixo d, consequentemente,

alinhando a tensão do estator (tensão terminal) com o eixo q, conforme a Figura

4.12.

Re

Im

dq

2

sV

2

s2TE

2i 2dV

2qV

Figura 4.12 Estratégia de controle do RSC.

Segundo a estratégia adotada representada pela Figura 4.12, tem-se:

Retomando as equações de interface (4.8b,c) para a potência ativa e reativa

e aplicando as condições de contorno (4.46), obtém-se

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94

Pelo fato das componentes e serem ortogonais, as equações (4.47)

justificam o desacoplamento das malhas de controle de potência ativa e reativa pelas

componentes e , respectivamente. Entretanto, como o controle é realizado pelo

RSC é conveniente expressar a potência ativa e reativa em função das componentes

e pertencentes ao rotor.

Aplicando as condições de contorno (4.46) as equações de enlace de fluxo do

estator (4.3a,b), obtém-se

Isolando pela equação (4.48b),

A componente pode ser obtida pela equação (4.48a),

Aplicando as condições de contorno (4.46) às equações de tensão no estator

(4.5a,b) e desprezando-se as resistências,

Substituindo (4.51) em (4.50),

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95

Substituindo as equações (4.49) e (4.52) nas equações da potência ativa e reativa

(4.47a,b) e considerando p.u.

Segundo as equações (4.30), a potência ativa pode ser controlada por um laço

de controle mais externo pelo torque eletromagnético através da velocidade do rotor

e mais internamente pela componente , enquanto a tensão terminal é

controlada pela potência reativa e mais internamente pela componente , conforme

a Figura 4.13 [56]. Nesta figura, o índice 2 refere-se ao conversor 2 (RSC), e todas as

quantidades referidas ao rotor pelo índice r podem também ser referidas pelo índice 2,

pois a corrente do rotor é a mesma que circula pelo conversor 2.

1

1 PsT

r

ref

sP

refPrefTe

maxTe

minTe

max max& /P dP dt

min min& /P dP dt

maxTe

minTe

2maxqI2maxqI

2minqI2minqI

2q refI

2qI

o r dP

2maxqV

2minqV

2maxqV

2minqV

2qV

P+I

P+I P+I

(a) Malha de controle de potência ativa/velocidade do rotor.

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96

sQ

ordQ

tV

re fVmaxsQmaxsQ

minsQ minsQ

2d refI

2dI2maxdI2maxdI

2mindI 2mindI

2dV

2maxdV2maxdV

2mindV2mindV

P+I P+I P+I

(b) Malha de controle da tensão terminal/fator de potência.

Figura 4.13 Malhas de controle de potência ativa e reativa para o DFIG [56].

Pela malha de controle de velocidade/potência ativa o erro de velocidade é

processado por um controlador PI para produzir o torque de referência , o qual

serve de entrada para o mecanismo de controle de potência, produzindo o sinal de

referência de potência . O erro de potência serve ao controlador PI para produzir

. Esta referência é comparada com o valor medido e o erro serve para produzir

o sinal que representa a componente q da tensão do conversor 2 .

Analogamente, pela malha de controle da tensão terminal, o erro de tensão serve

para produzir a referência de potência reativa , a qual por sua vez produz a

referência e finalmente o sinal que representa a componente d da tensão do

conversor 2 .

Alguns dos limites impostos nas malhas de controle de potência ativa e reativa

são dependentes das condições de vento, portanto, variáveis com o tempo. Por exemplo,

à medida que a velocidade do vento aumenta, a potência ativa tende a aumentar

rapidamente e as reservas de potência reativa tendem a diminuir, ou seja, o limite de

potência reativa pelo estator deve diminuir com aumento da velocidade do vento,

e consequentemente a potência reativa injetada pela máquina.

Considerar os limites fixos com a variação do vento é uma hipótese muito

otimista do ponto de vista da estabilidade de longo-prazo, porém para a estabilidade de

curto-prazo, essa simplificação é válida sem perda de resultados.

Esta tese considera os limites apresentados nas malhas de controle de potência

ativa e reativa variáveis com o vento e a seção seguinte apresenta em detalhes o cálculo

de todos esses limites.

A avaliação da estabilidade de tensão de longo-prazo considerando limites

variáveis é uma das principais contribuições desta tese.

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97

4.10 Cálculo dos Limites dos Conversores e Curva de Capacidade [35]

O modelo do T do gerador de indução de rotor bobinado pode ser representado

por um quadripolo para investigar a influência da corrente do estator, corrente do rotor e

da tensão do rotor na capacidade de potência reativa.

sI

rI

sV

rV

s

sZ

mZ rZ

Figura 4.14: Quadripolo representativo do gerador de indução.

As equações seguintes formuladas com base no quadripolo da Figura 4.14 são

importantes para desenvolverem as relações de potência aparente do estator como

função das variáveis do rotor.

As matrizes [Y], [G] e [B] são as matrizes admitância, condutância e

susceptância, respectivamente. Essas matrizes foram derivadas da matriz impedância

[Z] dada por:

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98

onde

Para um sistema qualquer, genericamente a matriz impedância [Z] é dada por:

Logo, a matriz admitância [Y] é:

Considerando os parâmetros do DFIG, a matriz [Y] é:

Para um quadripolo qualquer a matriz condutância [G] é dada por:

Considerando os parâmetros do DFIG, a matriz [G] é:

A matriz susceptância [B] genericamente é dada por:

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99

Considerando os parâmetros do DFIG, a matriz [B] é:

Para todas as equações apresentadas,

4.10.1 Limite da Corrente do Rotor

A corrente do rotor é basicamente limitada pela capacidade do conversor do lado

do rotor, cuja potência é 30% da potência nominal do gerador de indução. Portanto,

menores correntes deverão circular pelos enrolamentos do rotor para não danificar o

conversor ligado ao rotor. Diante desse fato, o DFIG apresenta uma capacidade maior

para absorver do que para fornecer potência reativa.

Para determinar a potência aparente do estator como função da corrente do rotor,

deve-se expressar a corrente do estator como função da corrente do rotor. Pela equação

(4.54b), pode-se escrever

A potência aparente do estator como função da corrente do rotor será dada

por:

Substituindo (4.65) em (4.66)

Substituindo os termos da matriz [G] dados pela equação (4.61)

Desprezando-se as resistências perante as reatâncias,

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100

O primeiro termo da equação (4.69) é uma constante desde que a tensão no

estator seja fixa. Essa suposição é razoável desde que a máquina esteja operando com

controle de tensão terminal. O segundo termo pode ser usado para avaliar a potência

reativa, fixando a corrente do rotor no valor nominal da corrente do conversor e

variando-se a sua fase. Alternativamente, a potência aparente pode ser escrita como a

equação de um círculo com raio igual à potência aparente e o centro pela potência ativa

e reativa, da seguinte forma:

onde:

potência reativa injetada no estator [p.u.];

: potência reativa drenada pela máquina [p.u.];

: potência ativa injetada no estator [p.u.];

: potência ativa dissipada pela máquina [p.u.].

depende da resistência do rotor, a qual usualmente é muito baixa, portanto

normalmente despreza-se . Logo,

Isolando

Sendo que,

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101

onde:

: módulo da tensão terminal (tensão do estator) [p.u.];

: módulo da corrente rotor [p.u.];

: reatância de magnetização (reatância do núcleo) e reatância do estator [p.u.].

Nota-se que invariavelmente é negativo reduzindo a capacidade de injeção

de reativos e aumento da capacidade de absorção de reativos. Este é um dos fatores mais

limitantes para o DFIG, o qual compromete bastante o seu desempenho para a

estabilidade de tensão em relação a outras tecnologias de aerogeradores de velocidade

variável.

O limite de potência reativa é definido quando é máximo. Isso ocorre

quando a corrente do rotor é máxima, mas desde que a tensão não varie. Observe

que influencia a de maneira diretamente proporcional, portanto uma redução de

implica uma diminuição do limite de potência reativa .

A escolha da máxima corrente do rotor é tal qual o seu módulo não

extrapole a capacidade do conversor ligado ao rotor. Portanto,

4.10.2 Limite da Corrente do Estator

O estator não apresenta nenhuma limitação em relação ao conversor. A equação

da potência aparente será um círculo de raio potência aparente e centro na origem.

Logo,

Isolando

Sendo que,

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102

A potência aparente do estator é determinada pelos módulos da tensão e da

corrente que circulam pelo estator.

Neste caso, o limite de injeção/absorção de potência reativa é atingido

quando circula pelo estator a máxima potência aparente permissível, tal que não

danifique os enrolamentos do estator (limite térmico). Logo,

Sendo que,

4.10.3 Limite da Tensão no Rotor

Usando a equação (4.54a), pode-se expressar a corrente de estator como função

da tensão no rotor,

A potência aparente do estator como função da tensão no rotor será,

Substituindo (4.80) em (4.81),

Substituindo os termos da matriz [Y] dados pela equação (4.59),

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103

O produto usualmente é pequeno e pode ser desprezado,

Observando que,

e

Logo,

Desprezando-se as resistências,

O primeiro termo da equação (4.86) é fixo, visto que a tensão terminal é

controlada. O segundo termo é variável com o escorregamento e a tensão no rotor e

pode ser usado para avaliar a capacidade de potência reativa fixando-se a tensão do

rotor no valor nominal. A equação da potência aparente pode ser escrita novamente

como a equação de um círculo com raio igual à potência aparente e centro .

onde:

potência reativa injetada no estator [p.u.];

: potência reativa drenada pela máquina [p.u.];

: potência ativa injetada no estator [p.u.];

: potência dissipada pela máquina [p.u.].

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104

As resistências foram desprezadas na presença das reatâncias, então despreza-se ,

Isolando ,

Sendo que,

O limite de injeção/absorção de potência reativa será máximo quando

for máximo. Isso ocorrerá quando a tensão no rotor é máxima, mas desde que a

tensão não varie. Observe que influência a de maneira diretamente

proporcional, portanto uma redução de implica uma diminuição do limite de injeção

de potência reativa .

A escolha da máxima tensão do rotor é tal qual o seu módulo não

extrapole a capacidade do conversor ligado ao rotor. Normalmente, é feito igual à

tensão nominal do conversor. Assim, o limite de injeção/absorção de potência reativa

será dado por:

A tensão no rotor é o fator menos limitante em relação aos outros apresentados.

4.10.4 Definição dos Limites de Potência Reativa do DFIG

Esses limites serão definidos pela interseção das equações (4.74), (4.78) e (4.91),

sendo escolhido o valor de menor módulo. Pelo fato da limitação de tensão do rotor

variar inversamente com o escorregamento, a potência aparente tende aumentar e a

equação (4.91) não apresenta limitações tão restritivas quanto às equações (4.74) e

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105

(4.78). A tensão no rotor é um fator limitante somente quando o escorregamento for

elevado.

Como a equação (4.74) apresenta sempre negativo, veja (4.73b), então os

valor de potência reativa injetada será sempre menor do que o valor de potência reativa

definido pela equação (4.78). Logo, a corrente do rotor é o fator limitante para injeção

de potência reativa por parte do DFIG sendo governado pela equação (4.74).

Em contrapartida, a potência reativa absorvida dada pela equação (4.74) será

maior do que a potência reativa absorvida dada pela equação (4.78) devido ao termo

ser sempre negativo e dessa forma o limite de absorção de potência reativa é definido

pela equação (4.78) referente ao limite de corrente do estator.

4.10.5 Potências Ativa e Reativa Totais Fornecidas pelo DFIG

A potência ativa total fornecida pelo DFIG é dada pela soma da potência ativa

fornecida pelo estator e a potência ativa fornecida pelo GSC.

O link CC transfere somente potência ativa. Desprezadas as perdas nos

enrolamentos e nos conversores, a potência ativa fornecida pelo RSC deve ser igual à

potência ativa fornecida pelo GSC.

Então, a potência ativa total fornecida pelo DFIG será,

A potência ativa fornecida pelo rotor pode ser avaliada pela potência aparente do

rotor dada por,

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106

Novamente, o sinal negativo deve-se a convenção adotada para a potência

saindo da máquina. A tensão no rotor pode ser encontrada como função da corrente do

rotor pela equação (4.54b),

Substituindo (4.96) em (4.95),

Substituindo os parâmetros da matriz [G] dados por (4.61) em (4.97),

O produto é pequeno comparado a . Desprezando-se

novamente as resistências,

Comparando as partes reais das equações (4.99) e (4.69), pode-se aproximar,

Logo, a potência ativa total fornecida pelo DFIG, é dada por:

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107

Isolando

Substituindo (4.102) em (4.100),

A equação (4.102) é importante para definição dos limites de

fornecimento/absorção de potência reativa do estator definidos pelas equações (4.74),

(4.78) e (4.91). Enquanto que a equação (4.102) é importante para definição do limite de

potência reativa do GSC. Sabendo-se que a potência ativa entregue ao rotor é a igual

à fornecida pelo conversor do estator , conforme (4.93), então

O link CC permite operação independente dos conversores RSC e GSC, uma vez

que nenhuma potência reativa é transferida pelo link. Portanto, a potência aparente dos

conversores não pode ser relacionada.

A potência aparente fornecida pelo conversor do lado da rede é dada por:

Isolando ,

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108

Pode-se perceber a importância da equação (4.104) para o cálculo do limite de

potência reativa.

A potência aparente do conversor é o produto dos módulos da tensão do

conversor e da corrente que circula pelo conversor ,

O limite de potência reativa do conversor é definido pela máxima

corrente sobre o conversor referente à máxima potência aparente que o conversor

pode operar continuamente, dada por:

A corrente máxima do conversor é definida pela corrente nominal do

equipamento. Portanto, o limite de potência reativa do conversor é dado por:

A definição do limite de potência reativa do conversor é importante quando o

conversor GSC opera com fator de potência diferente do unitário, fornecendo potência

reativa para o sistema de potência. Neste caso, a potência reativa total fornecida pelo

DFIG é,

O limite de potência reativa que a máquina pode fornecer é,

Conforme apresentado, o limite de injeção de potência reativa por parte do

estator é limitado pela corrente do rotor, conforme (4.74). Ao passo que o limite

do conversor GSC não sofre qualquer interferência do conversor RSC devido ao

desacoplamento proporcionado pelo link CC.

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109

Substituindo (4.74) e (4.109) em (4.111)

Caso o GSC opere com fator de potência unitário, despreza-se o terceiro termo

da equação (4.112) e o limite de potência reativa do DFIG é dado simplesmente pelo

limite de potência reativa do estator, segundo (4.74).

A equação (4.112) é válida somente quando o GSC entrar em operação, caso

contrário o limite de injeção de potência reativa é dado por (4.113).

O limite de absorção de potência reativa é definido substituindo (4.78) em

(4.111) conjuntamente com (4.109) para caso que o GSC for ativado.

A curva de capacidade é completada substituindo a potência ativa do estator

pela potência ativa total fornecida pelo DFIG. Portanto, substituindo (4.102) e

(4.104) em (4.112)

Analogamente para o limite de absorção de potência reativa dado por (4.114)

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110

Conhecida a velocidade do rotor através da equação do eixo mecânico, o

escorregamento pode encontrado por:

A potência ativa total esta relacionada à velocidade do rotor pela curva de

referência fornecida pelo fabricante. Dessa forma pode-se obter a curva de

capacidade do DFIG dada na Figura 4.15 considerando somente a operação do RSC

quando a tensão terminal é igual a 1 p.u.

Figura 4.15 Curva de capacidade do DFIG considerando apenas o RSC (tensão terminal igual a 1 p.u.).

A potência mecânica é limitada pelo escorregamento, o qual confere a

velocidade de referência para obtenção de que determina o limite de potência

mecânica da turbina dado pelo escorregamento que atinge potência máxima na curva

conforme a Figura 4.16. Nesse caso .

Se o escorregamento torna-se cada vez mais positivo (operação sub-síncrona) a

curva de capacidade é comprimida pelo limite de potência mecânica conforme indicado

pelos escorregamentos na Figura 4.15. Caso o escorregamento torne-se negativo

(operação sobre-síncrona) a curva de capacidade é expandida. Esse comportamento se

deve ao fornecimento/absorção de potência ativa por parte do GSC, seja quando a

-1 -0.8 -0.6 -0.4 -0.2 0 0.2 0.4 0.6 0.80

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1

Potência Reativa (p.u.)

Potê

ncia

Ativa (

p.u

.)

Sub-excitado

s = 0

s = 0.13

s = 0.07

Sobre-excitado

Limite de Potência

Mecânica da Turbina

s = -0.08

Limite de Corrente do EstatorLimite de Corrente

do Rotor

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111

velocidade do rotor está acima da velocidade síncrona (operação sobre-síncrona) ou

quando está abaixo da velocidade síncrona (operação sub-síncrona). Devido ao termo

negativo da equação (4.74), o DFIG tem uma tendência para absorção de potência

reativa, ou seja, conforme a máquina é carregada, o limite de injeção de potência reativa

reduz-se mais do que o limite de absorção potência reativa. Esse comportamento não é

favorável para a estabilidade de tensão, pois ao atingir o limite de potência reativa a

tensão terminal perde controlabilidade, afetando diretamente a tensão terminal e a

capacidade de potência reativa da máquina.

Figura 4.16 Curva de referência do DFIG.

A potência aparente depende diretamente da tensão aplicada no barramento

terminal, conforme (4.73a) e (4.77). Se a tensão terminal diminui, a potência aparente

diminui proporcionalmente e o limite de potência reativa na curva de capacidade

também diminui, conforme mostra a Figura 4.17. Esse é um comportamento

desfavorável para a estabilidade de tensão, pois à medida que o sistema de potência é

carregado as reservas de potência reativa tornam-se mais escassas pela depreciação da

tensão.

Para contornar esse comportamento desfavorável, o GSC entra em operação

quando a tensão terminal cai abaixo de 0,9 p.u., fornecendo potência reativa para o

barramento terminal e expandindo o limite de potência reativa, segundo (4.115). A

Figura 4.18 mostra a expansão da curva de capacidade do DFIG quando o GSC entra

em operação para tensão terminal igual 1 p.u. O ganho de margem pelo GSC será

0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 10.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1

1.1

Potência (p.u.)

Velo

cid

ade (

p.u

.)

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112

decisivo para a preservação da estabilidade de tensão de longo-prazo. Considerando os

dados de fabricantes fornecidos no Anexo, os conversores estão sobredimensionados em

5,3% em relação à potência nominal do DFIG.

Figura 4.17 Curva de capacidade para diferentes valores de tensão terminal.

Figura 4.18 Curva de capacidade completa para tensão terminal igual a 1 p.u.

4.11 Cálculo dos Limites das Malhas de Controle do RSC

Definidos os limites da curva de capacidade podem-se definir os limites

presentes nas malhas de controle de potência ativa e reativa do RSC na Figura 4.13. Os

limites de tensão são avaliados posteriormente.

-1 -0.8 -0.6 -0.4 -0.2 0 0.2 0.4 0.6 0.8 10

0.2

0.4

0.6

0.8

1

Potência Reativa (p.u.)

Potê

ncia

Ativa (

p.u

.)

Vt=0.95 p.u.

Vt=1.00 p.u.

Vt=1.05 p.u.

Sub-excitado Sobre-excitado

-1.5 -1.2 -0.9 -0.6 -0.3 0 0.3 0.6 0.9 1.20

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1

Potência Reativa (p.u.)

Potê

ncia

Ativa (

p.u

.)

DFIG(RSC)

DFIG(RSC+GSC)

DFIG(RSC+GSC) Qtmax

DFIG(RSC) Qtmax

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113

4.11.1 Malha de Controle de Potência Ativa

Os valores máximos e mínimos de potência ativa e as suas respectivas taxas de

variação de potência são determinados em função das características aerodinâmicas da

turbina eólica e do comprimento das pás, o qual define a potência nominal que a turbina

eólica pode fornecer [60]. Dessa forma o controle de passo atua para evitar a fadiga

mecânica das pás e restrito sob uma taxa de variação imposta pela dimensão da turbina

eólica [60]. Portanto, conhecido e pelos dados do fabricante, pode-se

determinar o torque máximo e o torque mínimo pela equação do torque.

Naturalmente, na base da máquina, tem-se:

e

Pela equação (4.53a) da potência ativa do estator, pode-se calcular os limites da

componente .

Isolando

Mas, , porém Logo,

Logo, e podem ser calculados pelos valores do torque máximo e

torque mínimo segundo (4.118).

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114

4.11.2 Malha de Controle de Potência Reativa

Os limites de potência reativa e correspondem aos limites de

injeção e absorção de potência reativa do estator, calculados na secção anterior segundo

as equações (4.74) e (4.78). Pela equação (4.53b), referente à potência reativa do

estator, pode-se definir os limites e correspondente as componentes

reativas de injeção e absorção.

Isolando ,

Portanto, e serão definidos por e , respectivamente.

4.11.3 Avaliação dos Termos

As malhas de controle do RSC com conversores do tipo fonte de tensão

comandam em um laço de controle mais interno as componentes da corrente do rotor

( e ) e em um laço de controle externo a velocidade do rotor ou tensão terminal,

dependendo da malha de controle. Segundo Slootweg [58], as malhas de controle de

corrente possuem constantes de tempo muito pequenas, e rapidamente a corrente do

rotor atinge o valor de referência (próximo de 10 ms). Logo, pode-se desprezar a malha

interna de corrente, assumindo que a corrente do rotor atinge sua referência

instantaneamente quando a tensão terminal não se afasta de seu valor nominal.

Nesse caso, desprezar a malha interna de corrente simplifica o modelo do

gerador de indução. Isso elimina pequenas constantes de tempo associadas ao rotor,

aumenta o passo de integração e reduz o esforço computacional sem perda de precisão

nos resultados. Contudo, durante uma falta, a tensão terminal sofre uma queda abrupta e

a suposição de tensão terminal constante não é mais válida. Porém, para estudos de

estabilidade de tensão de longo-prazo no qual a tensão terminal não varia bruscamente,

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115

o modelo proposto por Slootweg [58], no qual os conversores são modelados como

fontes de corrente controladas é válido.

Nunes [30] avalia a estabilidade transitória sob dois modelos de conversores

(fonte de corrente e fonte de tensão) e chegou à conclusão de que ambos fornecem

resultados muito parecidos e igualmente precisos. Porém, essa conclusão foi tomada

para uma falta aplicada distante do parque eólico, ou seja, a tensão terminal do parque

eólico sofre poucas consequências devido à alta impedância entre o ponto de falta e o

barramento do parque eólico. Para uma falta próxima ao parque eólico, o autor utiliza

apenas o modelo fonte de corrente, impossibilitando tomar qualquer conclusão

comparativa entre os modelos fonte de corrente e fonte de tensão.

Ekanayake [57] comparou os modelos do DFIG de 3ª e 5ª ordens para estudos

estabilidade transitória considerando que os conversores são modelados como fontes de

tensão. O autor concluiu que os modelos de alta ordem apresentam picos de correntes

significativos para faltas localizadas próximo ao aerogerador podendo causar atuação do

crowbar para o caso em que modelos de 3ª ordem não provocariam atuação dessa

proteção. Esse resultado justifica que para estudos de estabilidade transitória o modelo

adotado para o DFIG deve ser representado pelo modelo de 5ª ordem. Por outro lado,

para estudos de estabilidade de tensão de longo-prazo a janela de tempo de interesse

envolve constantes de tempo muito maiores, podendo novamente desprezar a malha

interna de corrente e adotar o modelo proposto por Slootweg [58].

Outra justificativa para desprezar a malha interna de corrente e adotar o modelo

fonte de corrente esta no fato de que a tensão do rotor não limita a capacidade de

potência reativa do DFIG, conforme exposto na seção 4.10.3. Portanto, desprezar a

malha corrente não causará perda na precisão dos resultados para estudos de

estabilidade de tensão de longo-prazo.

Apesar da discussão anterior, a malha de corrente foi representada porque o

modelo inicialmente desenvolvido para o DFIG foi feito para estudos de estabilidade

transitória [56] e os limites de tensão são escolhidos com valores suficientemente altos

( 1 p.u.) de tal forma que a tensão do rotor não seja saturada.

4.12 Conclusões

O suporte de potência reativa por parte do DFIG para aumento da margem da

estabilidade de tensão é uma alternativa empregada por muitos operadores de sistema do

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116

mundo todo. Contudo, para se obter êxito na avaliação da estabilidade de tensão é

irrevogável o uso de um modelo adequado, seja para diminuição do esforço

computacional como para obtenção de resultados mais precisos [54].

O modelo originalmente desenvolvido para o DFIG era empregado para estudos

de estabilidade transitória [56], na qual a janela de tempo é muito menor do que a janela

da estabilidade de tensão de longo-prazo. Uma das grandes diferenças nesses estudos

está na variação da velocidade do vento. Para a estabilidade transitória a potência

mecânica é constante durante o intervalo de tempo de estudo, enquanto para a

estabilidade de tensão de longo-prazo a velocidade do vento varia com o tempo,

modificando os limites de potência reativa. Esta consideração é uma das principais

contribuições desta tese para a avaliação da estabilidade de tensão de longo-prazo,

definindo os chamados de limites variáveis.

Limites variáveis são limites que variam com as condições de operação do

aerogerador, seja pela característica da demanda como pela intermitência da fonte

eólica, sendo inquestionável a inclusão desses limites nas malhas de controle do

aerogerador para produção de resultados que represente uma condição muito próxima

da real das reservas de potência reativa do parque eólico.

A determinação correta das reservas de potência reativa contribui muito para a

decisão do operador de sistema sobre qual gerador deve ser incluído no controle

secundário de tensão para melhoria da margem de estabilidade de tensão. Uma

estimação inadequada das reservas de potência reativa pode conduzir o operador de

sistema a falsas conclusões sobre a estabilidade de tensão de longo-prazo do sistema de

potência.

A operação do GSC no suporte de potência reativa causa uma expansão

significativa na curva de capacidade do DFIG, podendo contribuir efetivamente para a

preservação da estabilidade do sistema de potência. Muitos estudos realizados

consideram a operação do GSC somente para o ridethrough quando o crowbar atua

bloqueando o RSC para não danifica-lo, nessa situação o GSC fornece potência reativa

para a rápida restauração da tensão terminal e desbloqueio do RSC, trazendo o DFIG

para operação normal [17].

O Capítulo 6 demonstra por meio de resultados a contribuição dos limites

variáveis e do GSC para a avaliação da estabilidade de tensão de longo-prazo.

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117

Capítulo 5

Gerador Síncrono com Conversor de Capacidade

Nominal

5.1 Introdução

O FRC e o DFIG são as concepções de aerogeradores mais utilizadas nos grandes

parques eólicos do mundo todo, dominando uma fatia considerável do mercado eólico

de fabricantes, conforme apresentado no Capítulo 2.

O FRC é uma concepção de aerogerador a velocidade variável que pode ou não

empregar caixa de engrenagens. A supressão da caixa de engrenagens evita custos de

manutenção e interrupções, além de reduzir os custos fixos. Porém, um aerogerador sem

caixa de engrenagens necessita de um gerador elétrico com muitos polos para poder

compensar a baixa rotação da turbina eólica, tornando o gerador elétrico grande, pesado

e caro. Isto exige que as naceles do FRC sejam maiores do que as do DFIG,

encarecendo o custo do aerogerador FRC. Contudo, a caixa de engrenagens quando

utilizada possui uma relação de engrenagens baixa e o projeto é simples e não onera o

custo significativamente, pois o gerador elétrico possui uma grande quantidade de

polos. Quando a caixa de engrenagens é eliminada, normalmente, adota-se o gerador

síncrono, seja de rotor bobinado ou a imã permanente. O gerador síncrono a imã

permanente é mais eficiente eletricamente e mais leve, porém mais caro do que o

gerador síncrono de rotor bobinado. Nesta tese a ênfase será dada ao FRC com gerador

síncrono de rotor bobinado, amplamente produzido pela fabricante alemã Enercon [68].

O FRC com gerador síncrono de rotor bobinado emprega uma ponte retificadora

a diodos nos terminais do gerador síncrono ou conectado por transformador para

adequação do nível de tensão. O fluxo de potência processado pela ponte retificadora é

unidirecional, por conseguinte, não há controle sobre a potência transferida do

retificador ao link CC. O controle da tensão do barramento CC é realizado por um

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118

chopper tipo boost, enquanto que a potência ativa fornecida para rede e a tensão

terminal são ambas controladas por inversor PWM do tipo fonte de tensão controlada,

semelhante aos conversores do DFIG. A operação em velocidade variável é alcançada

pelo inversor PWM que desacopla totalmente a frequência mecânica de rotação do

gerador da frequência elétrica do sistema de potência.

Vários estudos foram realizados com o FRC para avaliação da capacidade de

ridethrough do aerogerador [68-70]. Entretanto, poucos estudos foram realizados com o

FRC com o objetivo de avaliar a estabilidade de tensão de longo-prazo, especialmente

considerando a sua capacidade de potência reativa e a inclusão de limites variáveis nas

malhas de controle.

Devido o FRC ser um aerogerador a velocidade variável, existe algumas

semelhanças entre o FRC e o DFIG. De fato, a representação estática do FRC para

estudos de fluxo de carga é a mesma do DFIG, podendo ser representado por barra PV

ou barra PQ, dependendo do propósito do controle: tensão terminal ou fator de potência.

A turbina eólica e o controle de passo seguem a mesma estratégia de aproveitamento

ótimo do recurso eólico e evitar sobrecarga mecânica sobre as pás para velocidades de

vento elevadas. O eixo mecânico é representado pelo modelo massa global

simplesmente porque não existe caixa de engrenagens, logo o eixo pode ser considerado

rígido e a equação (4.13) é válida também para o FRC. Devido a essas semelhanças

esses componentes não serão abordados neste capítulo.

Esse capítulo segue os mesmos objetivos do capítulo anterior: modelagem do

gerador para estudos de estabilidade de tensão, modelagem das malhas de controle dos

conversores, definição da curva de capacidade e dos limites variáveis das malhas de

controle dos conversores considerando as limitações do aerogerador.

5.2 Modelo do Gerador Síncrono com Rotor Bobinado

Pelo fato da rotação em baixa velocidade, o gerador síncrono é modelado como

tendo polos salientes, constituído de um enrolamento de campo e dois enrolamentos

amortecedores: um no eixo direto e outro no eixo em quadratura. Como o conceito de

operação desta máquina é a velocidade variável, a fim de otimizar a geração da turbina

eólica, poderão ocorrer grandes excursões da velocidade angular do rotor . Portanto,

este efeito foi considerado no cálculo do torque eletromagnético e da tensão

subtransitória . Para a solução da rede CA do lado do retificador, a máquina foi

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119

representada por uma tensão atrás da reatância subtransitória de eixo direto (a

saliência subtransitória foi desprezada). A dinâmica das componentes e

é

mostrada na Figura 5.1 abaixo.

FDE

/''

QE ''

QE

DI

/'

QE

SAT

'

0

1

dsT ''

0

1

dsT

'

DD

LD

LL

LL

LD

DD

LL

LL

'

'

LD

LD

LL

LL

'

''

'''

DD LL

LD LL ''

(a) Diagrama de bloco do eixo direto.

''

1

qosT

''

QQ LL QI

/''

DE ''

DE

(b) Diagrama de bloco do eixo em quadratura.

Figura 5.1 Diagrama de blocos das equações do gerador síncrono de polos salientes [69].

5.3 Malha de Controle da Tensão do Capacitor

A Figura 5.2 mostra o circuito do chopper tipo boost do link CC. Este circuito

funciona pelo controle do disparo e do corte da chave de potência G1. Quando a chave é

fechada, a corrente sobre o indutor aumenta, armazenando energia no campo

magnético. Ao abrir a chave, o diodo D1 entra em condução imediatamente, carregando

o capacitor. Este chaveamento é realizado em alta frequência (ordem de kHz) através do

controle do índice de modulação que comanda a abertura ou o fechamento da chave

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120

de potência G1, por sua vez controlando a tensão do capacitor e a corrente . Este

chopper é chamado de boost porque a tensão de saída é sempre maior do que a tensão

de entrada, consequentemente o índice de modulação está no intervalo

[68].

CV

G1

D1

L

C

1ccI

ccI1ccV

1m

Controle

'

2ccI2ccI

Figura 5.2 Chopper tipo boost.

A tensão é o valor médio da saída do retificador em ponte de 6 pulsos a

diodos, dada por [68]:

sendo o valor médio da tensão de saída do retificador sem carga terminal, é a

resistência de comutação a qual depende da indutância parasita da fonte [66] e é o

valor médio da corrente de saída do retificador. Caso exista um filtro conectado na barra

terminal do gerador síncrono, a resistência de comutação será dependente somente

da reatância do transformador . Porém, o esquema adotado não emprega filtros e a

resistência de comutação deve incluir a reatância subtransitória do gerador

síncrono além da reatância do transformador . Logo [69],

Como não existe filtro conectado na barra terminal do gerador, a tensão de

comutação será a tensão subtransitória do gerador síncrono [69]. Portanto, a tensão

será dada por [68]:

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121

Para representar a equação (5.3) em p.u. deve-se escolher uma base conveniente

para ambos os lados e considerar a relação de transformação do transformador.

Logo,

onde é a constante do retificador. Substituindo (5.5) em (5.1),

A tensão sobre o indutor será dada por:

onde é a tensão sobre a chave de potência G1 e L a indutância do indutor. A tensão

sobre o capacitor será calculada como:

sendo C a capacitância do capacitor. Para controlar a tensão do capacitor e a corrente

do indutor é necessário estabelecer relações entre essas variáveis e o índice de

modulação Admitindo que não existe perdas na chave de potência G1 e no diodo

D1, pode-se escrever [68]:

Em termos de valores médios, o chopper conversor funciona como um transformador

CC. O índice de modulação será dado por:

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122

Pelas equações (5.4) – (5.10) é possível construir o diagrama de blocos da malha

de controle do chopper conforme a Figura 5.3. Os limites relativos ao índice de

modulação foram definidos anteriormente e os limites de corrente dependem das

capacidades nominais da chave de potência e do diodo e não dependem das condições

de ventos, portanto esses limites são fixos durante todo o estudo.

CV

C r e fV

maxREFI 1maxm1maxm

minREFI minREFI

REFI

1minm

P+I P+I

1CCI

1minm

maxREFI

11 cKa

sL

1

sC

1

crR

cV

CV

1m

rdV 0 1CCV''E

'1CCV

2CCI

CI'2CCI

Retificador

Indutor

Controle do Chopper

Chopper Capacitor

cI

Figura 5.3 Diagrama de blocos da malha de controle do chopper [69].

O controle do chopper é dividido em duas malhas de controle. A malha externa

controla a tensão do capacitor produzindo uma corrente de referência para a malha

interna, a qual controla o índice de modulação para retornar a tensão do capacitor para a

referência e a corrente do indutor para . As dinâmicas do indutor e do

capacitor são representadas pelas funções de transferências e ,

respectivamente. O controle da tensão do capacitor é imprescindível para operação

adequada do inversor PWM. Caso a tensão do capacitor ultrapasse a faixa

p.u., o parque eólico é desconectado do sistema de potência.

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123

O resistor de dissipação , acionado exclusivamente para suavizar os

transitórios eletromecânicos decorrente de faltas, não esta representado na Figura 5.3.

Quando ocorre um curto-circuito próximo ao aerogerador, a potência elétrica tende a

diminuir e o rotor a acelerar. O resistor de dissipação evita que a máquina acelere

dissipando energia até que o controle de passo atue diminuindo a potência elétrica de

saída. A representação foi omitida porque para estudos de estabilidade de tensão de

longo-prazo não ocorre atuação do resistor de dissipação pelo incremento da carga.

5.4 Malha de Controle do Inversor

A Figura 5.4 mostra a representação do inversor PWM, idêntica aos conversores

do DFIG. Para a rede CA o inversor é visto como uma fonte de tensão com módulo e

fase controladas. O módulo é diretamente proporcional à tensão do capacitor e ao

índice de modulação . Para o link CC o inversor é visto como uma fonte de corrente

com magnitude diretamente proporcional ao índice de modulação A dinâmica do

conversor é tão rápida que esta fora da janela de tempo de interesse da estabilidade de

tensão de longo-prazo, sendo representada simplesmente por equações algébricas, dadas

por [69]:

onde as constantes e são definidas da maneira como foi feito para o DFIG.

Inversor

Sistema CC

2CCI

CV

2m

2

2tX

DR

'

2CCI

Barra

Terminal

S

tV

cI

2EccI

Figura 5.4 Representação do inversor de tensão [69].

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124

Para se definirem as malhas de controle do inversor é necessário estabelecer uma

estratégia para o controle vetorial. A Figura 5.5 apresenta a orientação para o controle

vetorial do inversor na qual a tensão terminal está alinhada com o eixo em quadratura

do controle vetorial, de forma semelhante ao que foi feito para o GSC. Para que o

controle vetorial seja efetivo é necessário realizar uma transformação de eixos, pois as

variáveis do eixo do sistema de potência possuem uma referência diferente do

eixo do controle . Observe que a tensão interna do inversor esta representada

no eixo do sistema de potência porque a fase é medida em relação a esse eixo.

O inversor é responsável pelo controle de potência ativa e tensão terminal/fator

de potência, conforme especificado.

Re

Im

d

q

dcV

2E

qcV2i

2

tV

Figura 5.5 Estratégia de controle para o inversor [69].

As potências ativa e reativa fornecidas para a rede são dadas por:

As equações (5.12a,b) estão representadas no eixo do controle, sendo e as

componentes de eixo direto e quadratura da tensão terminal , respectivamente; e

são as componentes de eixo direto e quadratura da corrente do conversor ,

respectivamente. Pela Figura 5.5 nota-se que:

e

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125

Aplicando as condições de contorno (5.13) as equações (5.12a,b), obtém-se:

Portanto, a potência ativa pode ser controlada pela componente e a potência

reativa pela componente .

Como inversor PWM é uma fonte de tensão controlada, necessita-se estabelecer

relações entre as potências ativa e reativa fornecidas para a rede com as componentes

e da tensão interna do inversor representada no eixo do controle. Todos os

transitórios do estator (rede) são desprezados de modo que as variáveis do sistema de

potência atingem o regime permanente instantaneamente. Ao invés de usar as equações

de Pena [67] como foi feito para o GSC, admitindo regime permanente pela Figura 5.4,

pode-se escrever:

Aplicando as condições de contorno (5.13) em (5.16),

Comparando ambos os lados da equação (5.18), pode-se inferir:

Pelas equações (5.14a,b) e (5.19a,b) a potência ativa/velocidade é controlada

pela componente , enquanto que a potência reativa/tensão terminal é controlada pela

componente . Com base nessas informações, podem-se formular as malhas de

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126

controle do inversor, definidas na Figura 5.6. Observe que essas malhas são muito

semelhantes às malhas de controle do RSC definidas para o DFIG.

1

1 PsT

r

ref refPrefTe

maxTe

minTe

max max& /P dP dt

min min& /P dP dt

maxTe

minTe

P+I

P+I P+IcP dcV

maxdcVmaxdcV

mindcVmindcV

maxqcImaxqcI

minqcIminqcI

qREFI

qcI

(a) Malha de controle de potência ativa/velocidade.

tV

re fV

P+I P+I P+I

cQ

REFQ

maxqcV

minqcVminqcV

qcV

dcI

dREFI

maxdcImaxdcI

mindcImindcI

maxqcVmaxcQ

maxcQ

mincQ mincQ

(b) Malha de controle de tensão terminal/fator de potência.

Figura 5.6 Malhas de controle do inversor [69].

Novamente os limites de tensão e corrente das malhas de potência ativa e

potência reativa, podem ser definidos do mesmo modo que foram obtidos para o GSC.

O limite é dado por (veja Figura 5.7):

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127

onde é a corrente nominal do inversor. O limite de tensão do inversor pode

apresentar limitações mais severas do que a corrente nominal, porém à medida que o

inversor e o link CC são sobredimensionados, a corrente nominal torna-se a principal

limitação de potência reativa [40]. O limite de tensão foi desprezado no cálculo dos

limites do GSC e também desprezado no cálculo dos limites do inversor. Logo, os

limites de tensão são dados por:

d

q

corrente limitada

corrente não-limitada

maxdcI

maxcIqcI

cI

Figura 5.7 Limitação de corrente do inversor [69].

A Figura 5.8 apresenta o sistema de controle do FRC mostrando como as

malhas de controle interagem. A tensão do capacitor é controlada pelo chopper

através do índice de modulação . É importante ressaltar que o controle da tensão

do link CC é indispensável para a operação adequada do inversor, o qual é a principal

interface com o sistema de potência.

A velocidade do gerador é controlada pela demanda , a qual serve de entrada

para a curva de referência (disponível no Anexo) que realimenta o controle

do inversor pelo erro de velocidade para a malha de controle de potência ativa dada na

Figura 5.6(a). Caso a velocidade do gerador seja maior do que a velocidade nominal

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128

( ) o controle de passo atua aumentando o angulo de passo para reduzir a

potência mecânica entregue pela turbina eólica.

A tensão terminal é controlada pela tensão de referência , a qual pode ser

fornecida pelo um controle secundário de tensão, ou simplesmente, o valor nominal da

tensão terminal. O erro de tensão serve a malha de controle de potência reativa dada na

Figura 5.6(b). Caso o controle do fator de potência seja especificado, a potência reativa

é calculada de modo a manter constante o fator de potência desejado.

Gerador

Síncrono

Filtro e

TransformadorRetificador a

DiodoSistema CC

Inversor de

Tensão

Regulador de

Tensão

Controle do

Chopper

Controle de

Passo

Turbina

EólicaControle do

Inversor

ref refP W

2tX

2m2

ref

fdE

"E

1m

1CCV

1CCI

1V2CCI

1I

maxr

refV

tV

V

tPCV

V

mT

22 E

Figura 5.8 Sistema de controle do FRC.

5.5 Curva de Capacidade do FRC

A curva de capacidade determina os limites de potência reativa

da malha de controle de tensão terminal/fator de potência.

A capacidade de potência reativa do FRC está intimamente ligada à capacidade

do inversor, a qual pode ser aumentada por um pequeno custo no

sobredimensionamento do inversor, oferecendo capacidades de potência reativa até 0,6

p.u. em carga nominal [40]. A viabilidade econômica do incremento da capacidade do

inversor com o suporte de reativa como parte de serviços ancilares oferecidos pelos

aerogeradores FRC é comprovadamente positiva para o investidor e para a estabilidade

do sistema de potência [40,51].

A avaliação correta dos limites de potência reativa é necessária para não

danificar o inversor e criar conclusões errôneas a respeito da margem de estabilidade de

tensão do sistema de potência.

A curva de capacidade do inversor é um semicírculo centrado na origem com

raio igual à potência aparente. A limitação de potência reativa nesse caso se deve a

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129

corrente máxima que o equipamento pode suportar, a qual foi realizada igual à corrente

nominal. Essa limitação é idêntica ao limite de corrente do estator para o DFIG,

matematicamente dada por:

e

onde

A capacidade do inversor sofre dos mesmos efeitos adversos da redução da

tensão terminal como foi exposto para o DFIG. Isso pode ser comprovado pela equação

(5.22c) que relaciona diretamente a tensão terminal com a potência aparente.

Normalmente, o inversor é sobredimensionado acima do nominal do gerador,

seja para o aerogerador cumprir as metas do código de rede ou para o investidor obter

maiores ganhos fornecendo potência reativa ao sistema de potência em momentos que a

velocidade dos ventos é baixa. Nesse sentido é importante considerar a limitação de

potência mecânica da turbina eólica, pois o inversor sobredimensionado possui

capacidade maior do que a turbina. Logo, a curva de capacidade do FRC deverá ser

limitada também pela potência mecânica nominal da turbina eólica.

A Figura 5.9 compara as curvas de capacidades do DFIG e FRC considerando a

operação do GSC para tensão terminal nominal. Essas curvas foram plotadas na base de

potência do DFIG, cujos dados encontram-se no Anexo conjuntamente com os dados do

FRC. As curvas de capacidade do DFIG na Figura 5.9 são as mesmas apresentadas no

capítulo anterior e a curva de capacidade do FRC considera o mesmo

sobredimensionamento de 5,3% para a capacidade do inversor em relação à potência

mecânica da turbina eólica, ou seja, a potência nominal do inversor é igual a 895 kVA.

Conforme a potência ativa aumenta, ocorre redução do limite de potência

reativa. Por este motivo, considerar os limites de potência reativa fixos é uma hipótese

conservadora a respeito da estabilidade de tensão de longo-prazo, pois a velocidade do

vento esta variando continuamente, modificando a potência ativa e consequentemente o

limite de potência reativa.

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130

É notável o ganho de potência reativa do DFIG quando o GSC entra em

operação, superando o FRC o qual apresenta conversores com capacidade superior.

Porém, quando o GSC opera com fator de potência unitário, ou seja, sem fornecer

potência reativa, o FRC apresenta um limite bem maior de potência reativa em relação

ao DFIG.

Figura 5.9 Curva de capacidade do DFIG e FRC para tensão terminal igual a 1 p.u.

Aumentando a capacidade nominal do inversor para 1 MVA, ou seja,

considerando um sobredimensionamento de 17,6% em relação a potência mecânica da

turbina eólica, o limite de potência reativa do FRC praticamente iguala-se ao

DFIG(RSC+GSC), conforme mostra a Figura 5.10. Em relação ao caso anterior, houve

um acréscimo de 12,3% de capacidade no inversor do FRC para que este pudesse

igualar o limite de potência reativa do DFIG(RSC+GSC), levando em conta que os

conversores do DFIG estão sobredimensionados em apenas 5,3%. Isto explica a

importância do GSC para a estabilidade de tensão de longo-prazo.

Naturalmente, conforme aumenta a capacidade do inversor o custo da energia

gerada fica mais cara, dessa forma o DFIG pode oferecer energia mais barata do que o

FRC para um mesmo nível de segurança do sistema de potência. A análise de diferentes

sobredimensionamentos do inversor do FRC e dos conversores do DFIG sobre a

estabilidade de tensão de longo-prazo, assim como a análise de custo envolvida no

preço da energia gerada está fora do escopo desta tese de doutorado.

-1.5 -1.2 -0.9 -0.6 -0.3 0 0.3 0.6 0.9 1.20

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1

Potência Reativa (p.u.)

Potê

ncia

Ativa (

p.u

.)

DFIG(RSC)

FRC

DFIG(RSC+GSC)

DFIG (RSC) Qmax

FRC Qmax

DFIG (RSC+GSC) Qmax

Limite da Turbina Eólica

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131

Figura 5.10 Curvas de capacidade considerando a potência do inversor do FRC igual a 1 MVA.

5.6 Conclusões

Valendo-se das conclusões do capítulo anterior, os limites variáveis nas malhas

de controle do inversor do FRC são adotados nesta tese para adequação quanto à

premissa da variação da velocidade do vento nos estudos de estabilidade de tensão de

longo-prazo.

A construção da curva de capacidade do FRC é muito mais simples do que a

curva do DFIG, apresentando limitações apenas para o inversor e turbina eólica.

Dependendo do sobredimensionamento dado ao inversor, a capacidade de

potência reativa do FRC pode ser expandida por um custo muito baixo. Em condições

nominais, o FRC apresenta capacidade maior do que o DFIG, porém quando o GSC

entra em operação o DFIG supera o FRC. Entretanto, não existe na literatura qualquer

estudo comparativo entre o DFIG e o FRC qualificando a importância de cada

tecnologia para preservação da estabilidade de tensão de longo-prazo.

O próximo capítulo demonstra por meio de resultados a contribuição de cada

tecnologia de aerogerador na estabilidade de tensão de longo-prazo.

-1.5 -1.2 -0.9 -0.6 -0.3 0 0.3 0.6 0.9 1.20

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1

Potência Reativa (p.u.)

Potê

ncia

Ativa (

p.u

.)

DFIG(RSC)

FRC

DFIG(RSC+GSC)

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132

Capítulo 6

Resultados

6.1 Introdução

Este capítulo apresenta os resultados de simulações referentes aos estudos e análises do

impacto de aerogeradores a velocidade fixa e variável na estabilidade de tensão de

longo-prazo de sistemas de potência, realizados em diferentes cenários de operação

envolvendo, sobretudo, os modelos dinâmicos do OEL e OLTC, combinados com

modelos estáticos e dinâmicos de cargas (motor de indução), usando simulações no

domínio do tempo.

Primeiramente, a estabilidade de tensão será avaliada pela comparação dos

aerogeradores SCIG e DFIG, desprezando inicialmente o efeito dos limites variáveis nas

malhas de controle. Em seguida, os modos de controle (fator de potência ou tensão

terminal) dos aerogeradores a velocidade variável são analisados sob o ponto de vista da

estabilidade de tensão de longo-prazo.

Outro estudo abordado na presente tese é a análise da contribuição de

aerogeradores a velocidade variável para a estabilidade de tensão de longo-prazo

considerando cenários de regimes de velocidades de vento alta e baixa.

Todos os estudos anteriores consideram o conversor GSC do DFIG operando

com fator de potência unitário, ou seja, sem fornecer potência reativa. O último estudo

desta tese analisa a contribuição decisiva do conversor GSC do DFIG no suporte de

potência reativa para o controle da tensão terminal e prevenção do colapso de tensão.

Todas as simulações foram realizadas utilizando os softwares ANAREDE e

ANATEM desenvolvidos pelo CEPEL [71,72], ferramentas computacionais

amplamente usadas para realização de estudos de expansão e operação do sistema

elétrico brasileiro.

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133

6.2 Sistema Teste

A rede elétrica adotada nas simulações desta tese de doutorado é apresentada na

Figura 6.1 por meio do seu diagrama unifilar. Para fins dos estudos pretendidos, foram

realizadas modificações no sistema original apresentado na referência [49], no qual

foram acrescentados a barra 12 e do transformador T6 para conexão do parque eólico

indicado na barra 12. Duas gerações síncronas convencionais são modeladas: G2 e G3.

G1 é a barra de referência do sistema de potência podendo ser considerado um sistema

de grande porte. Dependendo do estudo analisado o parque eólico é representado,

alternadamente por aerogeradores: SCIG, DFIG ou FRC. O dispositivo OEL encontra-

se instalado nos geradores G2 e G3. O OLTC está conectado no trecho entre as barras

10 e 11. Os modelos e dados do OEL [49] e OLTC [73] adotados nas simulações

encontram-se no Anexo. Dependendo do estudo realizado, diferentes cenários de carga

e geração são adotados, bem como diferentes composições a respeito da carga. O parque

eólico segue o regime de ventos indicado na Figura 6.2.

G1

G2

G3T1

T2

T3

T4

T5 OLTC

1

2

3

5

6 7

8

9 10 11

12T6

Barra

InifinitaParque

Eólico

Figura 6.1 Diagrama unifilar do sistema teste.

Figura 6.2 Regime de ventos.

0 50 100 150 200 250 3006

8

10

12

14

16

18

Tempo (s)

Velo

cid

ade d

o v

ento

(m

/s)

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134

6.3 Impactos Causados pela Integração de Aerogeradores SCIG e DFIG [74]

Diferentes cenários de geração foram considerados conforme a Tabela 6.1. Para

ambos os cenários foi considerada uma geração de 200,9 MW na barra 12, composta

por um parque eólico de 250 máquinas de 850 kW. O parque eólico é constituído ora

por aerogeradores DFIG ora por aerogeradores SCIG, alternadamente, de modo a

avaliar seu impacto na estabilidade de tensão de longo-prazo.

Para o caso do DFIG, a geração eólica foi declarada no fluxo de carga como

barra PQ gerando 200,9 MW + j0,0 Mvar e nas simulações dinâmicas foi considerado o

controle da tensão terminal. No caso do SCIG foi alocado um banco de capacitores na

barra 12 para compensar a potência reativa consumida pelo aerogerador, de modo que

ele opere com fator de potência unitário. Este ajuste foi feito considerando apenas o

Cenário 1. As simulações são encerradas em 200 segundos.

A carga da barra 8 foi representada 100% como impedância constante, e a carga

da barra 11 foi representada por 50% corrente constante e 50% impedância constante,

tanto para a componente de potência ativa quanto para a de potência reativa.

Tabela 6.1 Cenários de geração.

Cenário Gerador 1 Gerador 2 Gerador 3 DFIG

P(MW) Q(Mvar) P(MW) Q(Mvar) P(MW) Q(Mvar) P(MW) Q(Mvar)

Cenário 1 3.767,9 462,7 1.736,0 -236,1 1.154,0 389,8 200,9 0,0

Cenário 2 4.312,4 1.086,4 1.736,0 422,4 1.154,0 1.030,2 200,9 0,0

Cenário Gerador 1 Gerador 2 Gerador 3 SCIG

P(MW) Q(Mvar) P(MW) Q(Mvar) P(MW) Q(Mvar) P(MW) Q(Mvar)

Cenário 1 3.767,9 462,7 1.736,0 -236,1 1.154,0 389,8 200,9 0,0

Cenário 2 4.321,0 1.109,9 1.736,0 450,1 1.154,0 1.059,4 200,4 -8,5

Para avaliar os diferentes impactos causados pelos aerogeradores SCIG e DFIG

na estabilidade de tensão de longo-prazo, duas análises foram feitas, as quais são

apresentadas a seguir.

Abertura de uma linha de transmissão no trecho 6-7 quando o sistema de

potência opera no Cenário 2;

Aumento gradativo da carga de 20% em relação à carga inicial do Cenário 1.

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135

6.3.1 Abertura de uma Linha de Transmissão no Trecho 6-7

Nesta análise considera-se o cenário 2 e aplica-se a abertura de uma linha de

transmissão entre as barras 6 e 7 no instante de 1 segundo. Após a abertura da linha de

transmissão, a demanda por reativos no sistema aumenta e os geradores tendem a

fornecer mais reativos, aumentando a corrente de campo das máquinas. No entanto, a

corrente de campo não pode aumentar indefinidamente de modo a manter a máquina em

operação segura e estável. Assim, quando a corrente ultrapassa um determinado valor

limite, o OEL atua reduzindo a corrente de campo, e consequentemente a potência

reativa fornecida pela máquina. Isto pode ser observado na Figura 6.3, que mostra a

redução da corrente de campo do gerador G3 e a consequente redução na potência

reativa fornecida pela máquina. Nota-se quando o DFIG está operando, o gerador G3

apresenta uma excitação menor, ocasionando uma retardação um pouco maior na

atuação do OEL, neste caso o OEL atua no instante de 11 segundos, enquanto para o

SCIG o OEL atua em 9 segundos. Ressalta-se que a atuação do OEL pode contribuir de

forma efetiva para o fenômeno da instabilidade de tensão.

(a) Corrente de campo.

(b) Potência reativa.

Figura 6.3 Comportamento das variáveis do gerador G3.

Com uma queda significativa na tensão, quer seja pela saída da linha como pela

atuação do OEL, o OLTC atua aumentando o tap para absorver mais reativos do sistema

e elevar a tensão da barra 11 para a tensão de referência. Porém, enquanto o OLTC

proporciona o aumento da tensão na barra 11 (Figura 6.4(a)), a tensão nas outras barras

0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200

1.5

1.55

1.6

1.65

1.7

1.75

1.8

1.85

Tempo (s)

Corr

ente

de c

am

po d

e G

3 (

p.u

)

DFIG

SCIG

0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200800

900

1000

1100

1200

1300

1400

Tempo (s)

Potê

ncia

Reativa inje

tada p

or

G3 (

Mvar)

DFIG

SCIG

ação do OEL

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136

diminui, como pode-se observar a tensão da barra 8 ilustrada na Figura 6.4(b). A

diminuição da tensão na barra 8 ocorre até o OLTC alcançar o seu tap superior, o que

ocorre um pouco antes de 60 segundos. Observa-se pela Figura 6.4 que as tensões nas

barras de carga variam consideravelmente com o vento após 60 segundos, inclusive com

a presença do gerador DFIG, pois diante de tal cenário operativo crítico, a potência

reativa do DFIG ilustrada na Figura 6.5, atinge seu limite operacional (80 Mvar) após a

retirada da linha, devido a limitação da componente da corrente do rotor imposta

pelo controle.

(a) Barra 11.

(b) Barra 8.

Figura 6.4 Tensões nas barras de carga.

Figura 6.5 Potência reativa fornecida/consumida pela barra de geração eólica.

Embora o DFIG fique sem capacidade de regular a tensão diante das variações

de vento observadas após 60 segundos, nota-se que quando o mesmo está em operação,

0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 2000.86

0.87

0.88

0.89

0.9

0.91

0.92

Tempo (s)

Tensão n

a b

arr

a-1

1 (

p.u

.)

DFIG

SCIG

ação do OEL

ação do OLTC

Flutuação da tensão

com o vento

0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 2000.88

0.89

0.9

0.91

0.92

0.93

0.94

0.95

0.96

Tempo (s)

Tensão n

a b

arr

a-8

(p.u

.)

DFIG

SCIG

ação do OEL

ação do OLTC Flutuação da tenão

com o vento

0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200-150

-100

-50

0

50

100

Tempo (s)

Potê

ncia

Reativa inje

tada p

elo

parq

ue e

ólic

o(M

var)

DFIG

SCIG

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137

ambas as barras de carga mantém tensões mais elevadas em relação ao caso que o SCIG

é usado, devido ao fato do gerador DFIG fornecer potência reativa para o sistema

contribuindo positivamente para a estabilidade, enquanto que o SCIG absorve potência

reativa, após a retirada da linha, contribuindo para uma maior queda de tensão nas

barras.

6.3.2 Aumento de Carga de 20%

Nesta análise considera-se o incremento sucessivo da demanda total do sistema,

desde 1 segundo até 200 segundos, com incrementos de 0,1% em relação a carga inicial

do Cenário 1 a cada segundo. Ao final da simulação, tem-se um aumento de 20% em

relação à carga inicial. O Cenário 1 foi escolhido pois apresenta a condição de operação

mais otimista para o sistema.

A Figura 6.6 apresenta o comportamento das tensões nas barras 8 e 11. Nota-se

que com o aumento da demanda, a tensão diminui fazendo com que o OLTC atue para

manter a tensão na barra 11 próximo à tensão de referência. Porém, enquanto o OLTC

opera para restaurar a tensão na barra 11, a tensão da barra 8 diminui progressivamente,

contribuindo negativamente para a estabilidade de tensão. Por esta razão, a potência

ativa consumida pela carga da barra 11 continua aumentando, enquanto que a potência

ativa consumida pela carga da barra 8 começa a reduzir, como pode ser observado pela

Figura 6.7(a). Isso se deve a dependência da tensão na característica da carga.

(a) Barra 11. (b) Barra 8.

Figura 6.6 Tensões nas barras de carga.

0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 2000.85

0.86

0.87

0.88

0.89

0.9

0.91

0.92

Tempo (s)

Tensão n

a b

arr

a-1

1 (

p.u

.)

DFIG

SCIG

ação do OLTC

ação do OEL

0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 2000.9

0.92

0.94

0.96

0.98

1

1.02

1.04

Tempo (s)

Tensão n

a b

arr

a-8

(p.u

.)

DFIG

SCIG

ação do OLTC

ação do OEL

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138

A Figura 6.7(b) apresenta o comportamento da corrente de campo do gerador

G3 pela atuação do OEL. Nota-se quando o SCIG está em operação, após 150 segundos

a corrente de campo atinge seu limite máximo e o OEL atua, reduzindo bruscamente a

corrente de campo e a potência reativa fornecida pelo gerador G3, e consequentemente,

as tensões das barras 8 e 11. Quando o DFIG está conectado, a atuação do OEL só

ocorre em 163 segundos. Assim, nota-se que a operação do DFIG no sistema tem efeito

positivo, postergando a atuação do OEL, proporcionando menor risco de intervenção da

proteção de subtensão e a degradação da segurança do sistema.

(a) Carga nas barras 8 e 11.

(b) Potência reativa do gerador G3.

Figura 6.7 Efeitos da comutação dos taps do OLTC.

A Figura 6.8 apresentam as curvas PV que mostram o comportamento da tensão

nas barras 11 e 8, a medida que a carga aumenta. Estas curvas foram obtidas por meio

de simulações que consideram a dinâmica dos equipamentos presentes na rede. Através

delas, pode-se obter o ponto de máximo carregamento do sistema, que é a potência

máxima que o sistema pode alcançar. Os resultados mostram que a inserção da geração

eólica contribui positivamente para o aumento do máximo carregamento do sistema.

Quando comparadas as duas tecnologias de geração eólica, nota-se que a máxima

potência transferida aumenta ainda mais quando o DFIG é usado, pois este tipo de

tecnologia possui capacidade de fornecer potência reativa para o sistema, pelo controle

de tensão da máquina. Deve-se destacar que o traçado das curvas PV são irregulares,

pois representam as ações discretas do OEL e do OLTC, as quais não são modeladas

por meio de análise estática (fluxo de carga).

0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 2003000

3100

3200

3300

3400

3500

3600

3700

3800

Tempo (s)

Carg

a (

MW

)

DFIG

SCIG

Barra-8

Barra-11 ação do OLTCação do OEL

0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 2001.15

1.2

1.25

1.3

1.35

1.4

1.45

1.5

1.55

1.6

1.65

Tempo (s)

Corr

ente

de C

am

po d

e G

3 (

p.u

.)

DFIG

SCIG

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139

Devido à capacidade de injeção de potência reativa dos aerogeradores a

velocidade variável proporcionado pelos conversores de eletrônica de potência,

inevitavelmente o DFIG apresentará melhor desempenho do que o SCIG. Por este

motivo, os estudos seguintes são avaliados exclusivamente considerando as tecnologias

de aerogeradores a velocidade variável. É importante destacar que a capacidade de

potência reativa foi considerada invariável com as condições de operação, desprezando

os efeitos dos limites variáveis na capacidade de potência reativa. Todos os casos

seguintes consideram os limites variáveis. É imprescindível considerar os limites

variáveis para validar a análise dos estudos de estabilidade de tensão de longo-prazo.

(a) Barra 11

(b) Barra 8

Figura 6.8 Curvas PV.

6.4 Impactos dos Diferentes Modos de Controle do DFIG [75]

O sistema teste usado nesse estudo é o mesmo apresentado na Figura 6.1. Dois

cenários de geração foram considerados. No cenário 1, a carga da barra 8 foi

representada 100% como impedância constante, e a carga da barra 11 foi representada

por 50% corrente constante e 50% impedância constante, tanto para a componente de

potência ativa quanto para a de potência reativa. Já no cenário 2 foi considerada a

modelagem estática e dinâmica das cargas. A componente ativa da carga da barra 8 foi

representa por um equivalente de 450 motores de indução. O parque eólico é composto

de 1420 máquinas de 850 kW. A Tabela 6.2 apresenta os níveis de geração dos dois

cenários.

6550 6600 6650 6700 6750 6800 6850 6900 6950 7000 70500.83

0.84

0.85

0.86

0.87

0.88

0.89

0.9

0.91

0.92

Tensão n

a b

arr

a-1

1 (

p.u

.)

Carregamento (MW)

DFIG

SCIG

Sem parque eólico

6550 6600 6650 6700 6750 6800 6850 6900 6950 7000 70500.88

0.9

0.92

0.94

0.96

0.98

1

1.02

1.04

1.06

Tensão n

a b

arr

a-8

(p.u

.)

Carregamento (MW)

DFIG

SCIG

Sem parque eólico

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140

Tabela 6.2 Cenários de geração e controle do DFIG.

Cenário 1 Cenário 2

Gerador G1 2.747 MW 1.115,5 MW

Gerador G2 1.736 MW 1.736 MW

Gerador G3 1.154 MW 1.154 MW

DFIG (modo PV) 1.200 MW - j364 Mvar 1.200 MW - j14,3 Mvar

DFIG (modo PQ) 1.200 MW + j100 Mvar 1.200 MW + j200 Mvar

O estudo foi realizado pela análise dos impactos dos modos de controle do

DFIG: tensão terminal (modo PV) ou fator de potência 0,99 adiantado (modo PQ). Dois

casos foram analisados:

Cenário 1: carga estática;

Cenário 2: carga estática e dinâmica;

As simulações foram executadas considerando um gradativo aumento de carga

de 20%, com incrementos de 0,1% a cada segundo até 200 segundos, encerrando a

simulação em 300 segundos.

6.4.1 Cenário 1: Carga Estática

Conforme a carga aumenta, a tensão na barra 11 diminui, ocasionando a atuação

do OLTC para manter a tensão próxima a referência, em ambos os modos de controle,

como mostra a Figura 6.9. Contudo, enquanto o OLTC melhora o perfil de tensão na

barra 11, a cada operação do tap a tensão da barra 8 é progressivamente degradada e a

potência reativa fornecida pelos geradores síncronos aumenta, principalmente quando o

modo de controle do fator de potência é empregado pela geração eólica, conforme

mostra a Figura 6.10. No modo de controle de tensão, o DFIG mantém o nível de

tensão na barra devido a sua capacidade de fornecimento de potência reativa.

A redução da tensão nas barras 8 e 11 são diretamente refletidas na corrente de

campo do gerador G3. Conforme a carga aumenta, o regulador de tensão do gerador G3

rapidamente restaura a tensão terminal pelo aumento da excitação. Isso resulta em um

fluxo adicional de potência reativa pelas indutâncias dos transformadores e linhas de

transmissão, causando um aumento nas perdas do sistema e quedas de tensão. Nesta

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141

situação, o gerador G3 tende a alcançar o limite da corrente de campo com o aumento

de carga, como mostra a Figura 6.11.

Figura 6.9 Tensão na barra 11.

No Cenário 1, o OEL do gerador G3 é ativado somente quando o DFIG opera

com controle do fator de potência, reduzindo a margem estabilidade de tensão de longo-

prazo. Por outro lado, como pode ser visto na Figura 6.11, o modo controle de tensão

do DFIG evita a atuação do OEL, apesar da corrente de campo do gerador G3 ser maior

nos 110 segundos iniciais. Como consequência o controle de tensão oferece menores

riscos de intervenção da proteção e degradação da segurança do sistema de potência.

Figura 6.10 Tensão na barra 8.

Figura 6.11 Corrente de campo em G3.

A Figura 6.12 mostra o comportamento do OLTC durante o aumento de carga.

O OLTC atinge o seu limite superior quando os aerogeradores são configurados para

0 50 100 150 200 250 3000.88

0.885

0.89

0.895

0.9

0.905

0.91

0.915

0.92

0.925

Tempo (s)

Tensão n

a b

arr

a-1

1 (

p.u

.)

Controle de tensão

Controle do fator de potência

0 50 100 150 200 250 3000.95

1

1.05

1.1

Tempo (s)

Tensão n

a b

arr

a-8

(p.u

.)

Controle da tensão

Controle do fator de potência

0 50 100 150 200 250 3000.9

1

1.1

1.2

1.3

1.4

1.5

1.6

Tempo (s)

Corr

ente

de c

am

po d

e G

3 (

p.u

.)

Controle de tensão

Controle do fator de potência

atuação do OEL

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142

operarem com controle do fator de potência, e neste caso o DFIG não consegue fornecer

potência reativa para manter as tensões no sistema. A situação torna-se mais crítica a

cada mudança de tap, porque a potência reativa injetada pelos geradores síncronos tende

a alcançar o seu limite, levando a perda do controle de tensão. Por outro lado, quando o

modo de controle de tensão é empregado, o OLTC não atinge o seu tap superior,

aumentando a margem de estabilidade de tensão de longo-prazo.

A Figura 6.13 mostra que conforme a carga aumenta, quando o DFIG opera

com controle de tensão, este reduz imediatamente a potência reativa consumida,

injetando potência reativa no sistema, continuamente até 187 segundos quando atinge o

limite máximo de potência reativa. O modo de controle de tensão melhora o balanço de

potência reativa fornecida e consumida no sistema de potência.

Figura 6.12 Posição do tap.

Figura 6.13 Potência reativa do DFIG.

A Figura 6.14 mostra a curva PV da barra 8 quando o DFIG opera com controle

do fator de potência ou tensão terminal. Estas curvas foram obtidas pelo aumento da

carga e plotando a tensão na barra 8 considerando os aspectos dinâmicos dos

eequipamentos do sistema. Esta curva indica que o ponto de máximo carregamento

(“nariz” da curva), o qual é a máxima potência que o sistema pode fornecer, aumenta

significativamente quando o DFIG opera com controle de tensão. É importante destacar

que os contornos das curvas PV são irregulares sendo que elas representam a atuação

discreta dos equipamentos OEL e OLTC.

0 50 100 150 200 250 3000.9

0.95

1

1.05

1.1

1.15

Tempo (s)

Tap (

p.u

.)

Controle de tensão

Controle do fator de potência

0 50 100 150 200 250 300-600

-400

-200

0

200

400

600

800

Tempo (s)

Potê

ncia

Reativa inje

tada p

elo

DF

IG (

Mvar)

controle de tensão

controle do fator de potência

Page 166: New Avaliação do Impacto da Integração de Aerogeradores na …ppgee.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/teses/Rafael Rorato... · 2015. 12. 15. · Londero, por todo o apoio durante a minha

143

Figura 6.14 Curva PV da barra 8.

6.4.2 Cenário 2: Carga Estática e Dinâmica

Como pode ser visto nas figuras 6.15 e 6.16, a operação do DFIG com controle

do fator de potência resulta no colapso de tensão do sistema, ocasionada pela ação

combinada do OEL e OLTC. Neste caso, a estratégia de controle do fator de potência

degrada a margem de estabilidade de tensão de longo-prazo do sistema de potência.

Figura 6.15 Tensão na barra 11.

Figura 6.16 Tensão na barra 8.

A Figura 6.17 mostra o comportamento da corrente de campo do gerador G3. O

controle do fator de potência aumenta a demanda da corrente de campo e o OEL opera

em 160 segundos reduzindo a corrente de campo, e consequentemente, a potência

reativa injetada pelo gerador G3 diminui. Por outro lado, quando o DFIG opera com

controle de tensão o OEL é ativado somente em 240 segundos, aumentando a margem

6600 6800 7000 7200 7400 7600 78000.95

1

1.05

1.1

Carregamento (MW)

Tensão n

a b

arr

a-8

(p.u

.)

Controle de tensão

Controle do fator de potência

0 50 100 150 200 250 3000.65

0.7

0.75

0.8

0.85

0.9

0.95

1

Tempo (s)

Tensão n

a b

arr

a-1

1 (

p.u

.)

Controle de tensão

Controle do fator de potência

0 50 100 150 200 250 3000.65

0.7

0.75

0.8

0.85

0.9

0.95

1

1.05

Tempo (s)

Tensão n

a b

arr

a-8

(p.u

.)

Controle de tensão

Controle do fator de potência

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144

de estabilidade de tensão. O controle de tensão do DFIG demonstra que pode ser

utilizado para melhorar a estabilidade de tensão de longo-prazo em um sistema de

potência com alto nível de penetração eólica. Pode-se concluir que o controle de tensão

do DFIG tem um efeito positivo na estabilidade de tensão quando o sistema de potência

é submetido a um gradual aumento de carga, considerando os aspectos dinâmicos

combinados do OLTC e OEL em conjunto com a característica da carga. É importante

destacar que a característica da carga e os equipamentos usados no controle de tensão do

sistema de potência estão entre os principais fatores que afetam a estabilidade de tensão.

A Figura 6.18 mostra o comportamento do OLTC durante o aumento de carga.

Observe que o OLTC encontra-se na posição de tap mínimo quando o DFIG opera com

controle do fator de potência, e a priori as perdas reativas nas linhas de transmissão são

menores em relação ao caso do controle de tensão. Contudo, durante a dinâmica o

OLTC efetua várias mudanças de tap em sequência até atingir o tap superior,

aumentando o consumo de potência reativa a cada mudança de tap, o que ocasiona a

atuação precoce do OEL conforme visto na Figura 6.17, e aumenta o risco de

instabilidade de tensão. Isso se deve ao fato de que a potência reativa fornecida pelo

DFIG não aumenta conforme a demanda. Esta é a grande desvantagem do controle do

fator de potência. Por outro lado, o controle de tensão retarda a atuação do OLTC.

Quando o OLTC não efetua mudanças na posição do tap, a potência reativa absorvida

aumenta pouco, assim como as perdas nas linhas de transmissão, causando apenas uma

pequena queda nas tensões. Neste caso, o sistema de potência esta muito mais apto a

manter a estabilidade de tensão.

Figura 6.17 Corrente de campo do gerador G3.

Figura 6.18 Posição do tap.

0 50 100 150 200 250 3001.1

1.2

1.3

1.4

1.5

1.6

1.7

1.8

Tempo (s)

Corr

ente

de c

am

po d

e G

3 (

p.u

.)

Controle de tensão

Controle do fator de potência

0 50 100 150 200 250 3000.92

0.94

0.96

0.98

1

1.02

1.04

1.06

1.08

1.1

1.12

Tempo (s)

Tap (

p.u

.)

Controle de tensão

Controle do fator de potência

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145

O controle da tensão terminal pelo DFIG baseado no controle da corrente do

rotor permite a manutenção da potência reativa consumida pelos motores como mostra a

Figura 6.19. Neste caso, não existe necessidade de compensação extra de potência

reativa para manutenção da estabilidade de tensão de longo-prazo do sistema de

potência. Por outro lado, o controle do fator de potência causa um aumento na potência

reativa drenada pelos motores, necessitando de compensação adicional para evitar o

colapso de tensão provocado pelo estol dos motores.

A Figura 6.20 mostra a curva PV da barra 8 para ambos os modos de controle.

Os resultados mostram que o controle de tensão aumenta o ponto de máximo

carregamento, uma vez que este modo de controle pode fornecer suporte de potência

reativa ao sistema de potência. As simulações indicam que o controle de tensão do

DFIG representa um benefício para o sistema, aumentando a margem de estabilidade de

tensão do sistema de potência. Indiscutivelmente, o suporte potência reativa por parte do

controle da tensão terminal é decisivo para a estabilidade de tensão e os estudos

seguintes foram realizados considerando somente o modo de controle da tensão

terminal, tanto para o DFIG quanto o FRC.

Figura 6.19 Potência reativa absorvida pelos

motores.

Figura 6.20 Curva PV na barra 8.

6.5 Contribuição de Aerogeradores a Velocidade Variável para Suporte de

Potência Reativa [76]

Para fins do estudo pretendido, foram realizadas modificações no sistema teste

apresentado, transferindo o gerador síncrono G2 (com OEL instalado) para a barra 3 e o

parque eólico para a barra 2, excluindo a barra 12, conforme a Figura 6.21. O estudo é

0 50 100 150 200 250 3001000

1200

1400

1600

1800

2000

2200

2400

Tempo (s)

Potê

ncia

Reativa a

bsorv

ida p

elo

s m

oto

res (

Mvar)

Controle de tensão

Controle do fator de potência

4400 4600 4800 5000 5200 5400 5600 5800 60000.65

0.7

0.75

0.8

0.85

0.9

0.95

1

1.05

Carregamento (MW)

Tensão n

a b

arr

a-8

(p.u

.)

Controle de tensão

Controle do fator de potência

Page 169: New Avaliação do Impacto da Integração de Aerogeradores na …ppgee.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/teses/Rafael Rorato... · 2015. 12. 15. · Londero, por todo o apoio durante a minha

146

conduzido substituindo a cada simulação o DFIG, FRC e gerador síncrono com OEL na

barra 2, todos com mesma capacidade de geração. Os aerogeradores DFIG e FRC

operam controlando a tensão terminal, pois este modo de controle é mais efetivo para a

estabilidade de tensão. Nesse estudo a capacidade do inversor do FRC é igual a 1 MVA.

O parque eólico é composto por um gerador equivalente de 1.324 turbinas de 850 kW

com níveis de geração 1.000 MW e 425 MW para regimes de velocidades de vento alta

e baixa, respectivamente, conforme a Figura 6.22. O sistema encontra-se operando no

cenário de carga leve segundo [49].

G1

Parque

Eólico

G2 (1736 MW)T1

T2

T3

T4

T5 OLTC

1

2

3

5

6 7

8

9 10 11

Barra de

Referência

Figura 6.21 Sistema teste modificado com parque eólico transferido para a barra 2.

Figura 6.22 Regimes de vento com velocidades altas e baixas.

A carga estática da barra 8 foi representada 100% impedância constante para as

componentes ativa e reativa, enquanto a carga da barra 11 foi representada por 50%

corrente constante e 50% impedância constante, para ambas componentes ativa e

reativa.

0 50 100 150 200 250 3002

4

6

8

10

12

14

16

18

Tempo (seg)

Velo

cid

ade d

o V

ento

(m

/s)

Alta Velocidade

Baixa Velocidade

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147

O estudo foi desenvolvido para mostrar como o DFIG e FRC contribuem para a

estabilidade de tensão de longo-prazo. Com este objetivo, simulações foram executadas

para os regimes de alta e baixa velocidade do vento com incrementos de 0,1% a cada

segundo até 200 segundos, totalizando um aumento de carga de 20%, encerrando a

simulação em 300 segundos. Neste sentido, o comportamento dinâmico do sistema é

investigado quando o gerador síncrono convencional, DFIG e FRC são alternadamente

conectados na barra 2.

As figuras 6.23 e 6.24 apresentam o comportamento da tensão na barra 8

considerando condições de alta e baixas velocidades do vento, respectivamente.

Observa-se que a tensão na barra 8 diminui menos quando o FRC é conectado, para

condições de baixas velocidades de vento. Conforme a demanda aumenta, o OLTC

opera para manter a tensão na barra 11, depreciando progressivamente a tensão na barra

8. Para cada movimento do tap, a potência reativa injetada pelos geradores aumenta

gradualmente, até o gerador convencional e os aerogeradores alcançarem seus limites,

perdendo o controle automático de tensão sob a barra terminal.

Figura 6.23 Tensão na barra 8 durante

condições de altas velocidades de vento.

Figura 6.24 Tensão na barra 8 durante

condições de baixas velocidades de vento.

As figuras 6.25 e 6.26 mostram a potência reativa injetada pelo DFIG e o seu

limite de potência reativa para condições de alta e baixa velocidade, respectivamente.

Note que no início da simulação, o DFIG ainda tem margem para injetar potência

reativa na rede. Contudo, com o aumento progressivo da carga, o limite de potência

reativa do DFIG é atingido. Este efeito é mais pronunciado nas altas velocidades, sendo

que o aumento da velocidade do vento diminui as reservas de potência reativa do DFIG.

Na condição de alta velocidade do vento, a demanda de potência reativa pode exceder o

0 50 100 150 200 250 3000.88

0.9

0.92

0.94

0.96

0.98

1

1.02

1.04

1.06

Tempo (seg)

Tensão n

a B

arr

a-8

(p.u

.)

DFIG

FRC

Maq.Síncrona

0 50 100 150 200 250 3000.88

0.9

0.92

0.94

0.96

0.98

1

1.02

1.04

1.06

Tempo (seg)

Tensão n

a B

arr

a-8

(p.u

.)

DFIG

FRC

Maq. Síncrona

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148

limite de potência reativa do DFIG, o qual é definido pela corrente nominal do

conversor RSC. O controle não permite que a corrente do rotor ultrapasse o valor

nominal do conversor para que este não seja danificado. Mas, ao atingir o limite de

potência reativa a tensão terminal perde controlabilidade e não pode ser mais mantida

constante, aumentando o risco de instabilidade de tensão.

Figura 6.25 Potência reativa injetada pelo

DFIG durante condições de altas velocidades de

vento.

Figura 6.26 Potência reativa injetada pelo

DFIG durante condições de baixas velocidades

de vento.

Claramente pode ser observado que o limite de potência reativa do FRC é

superior ao limite do DFIG, conforme mostra a Figura 6.27. Quando o DFIG esta

conectado, a potência reativa alcança o seu limite antes dos 100 segundos, enquanto que

o limite de potência reativa do FRC é atingido em aproximadamente 190 segundos,

ocasionando menores riscos de intervenção da proteção e degradação da segurança do

sistema.

A Figura 6.28 fornece uma comparação direta da potência reativa injetada pelo

DFIG, FRC e o gerador síncrono, todos conectados alternadamente na barra 2, durante

as condições de baixas velocidades de ventos. Como pode ser observado o OEL do

gerador síncrono começa a reduzir a potência reativa próximo aos 190 segundos. Neste

caso, a demanda de potência reativa será transferida para os outros geradores,

sobrecarregando o gerador síncrono G2 localizado na barra 3.

A Figura 6.29 mostra a curva PV da barra 8 nas condições de baixas

velocidades do vento. Estas curvas foram obtidas plotando a cada ponto a tensão da

barra 8 e o carregamento do sistema, considerando toda a dinâmica envolvida no

processo. Estas curvas indicam o ponto de máximo carregamento do sistema, os quais

0 50 100 150 200 250 300-100

0

100

200

300

400

500

600

700

800

Tempo (seg)

Potê

ncia

Reativa (

Mvar)

Qdfig

Qmax

0 50 100 150 200 250 300300

400

500

600

700

800

900

Tempo (seg)

Potê

ncia

Reativa (

Mvar)

Qdfig

Qmax

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149

referem-se a maior demanda que o sistema pode atender. Os resultados mostram que o

FRC e o gerador síncrono contribuem similarmente para o aumento do ponto de

máximo carregamento do sistema, quando comparado ao DFIG. Um indicador muito

comum da margem de estabilidade de tensão é o “nariz” da curva PV, o qual é definido

como o ponto de máximo carregamento do sistema. Contudo, a ponta do “nariz” da

curva PV não corresponde ao ponto de instabilidade de tensão, exceto para cargas do

tipo potência constante, ou seja, a instabilidade normalmente ocorre depois da ponta do

nariz e mais longe será quanto maior a porção de carga do tipo impedância constante.

Figura 6.27 Potência reativa injetada pelo FRC

durante condições de baixas velocidades dos

ventos.

Figura 6.28 Potência reativa injetada na barra 2

durante condições de baixas velocidades dos

ventos.

Figura 6.29 Curva PV da barra 8 obtida nas condições de baixas velocidade de vento.

0 50 100 150 200 250 300400

500

600

700

800

900

1000

1100

1200

1300

1400

Tempo (seg)

Potê

ncia

Reativa (

Mvar)

Qfrc

Qmax

0 50 100 150 200 250 300200

400

600

800

1000

1200

1400

Tempo (seg)

Potê

ncia

Reativa (

Mvar)

DFIG

FRC

Maq.Síncrona

atuação do OEL

6650 6700 6750 6800 6850 6900 6950 70000.9

0.92

0.94

0.96

0.98

1

1.02

1.04

Tensão n

a B

arr

a-8

(p.u

.)

Carregamento do Sistema (MW)

DFIG

FRC

Maq.Síncrona

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150

É importante mencionar que o traçado da curva PV é irregular devido a atuação

discreta do OLTC e OEL, os quais não são modelados na análise estática. A grande

contribuição no balanço de potência reativa do sistema deve-se ao FRC, quando

comparado ao gerador síncrono e principalmente ao DFIG, diminuindo a demanda de

potência reativa sobre os outros geradores do sistema, postergando a atuação do OEL no

gerador G2, proporcionando ao operador de sistema mais alternativas para reduzir o

risco de colapso de tensão.

Até o momento, todos os estudos apresentados consideraram a capacidade do

DFIG somente com suporte de potência reativa pelo RSC. Devido a maior capacidade

do inversor do FRC, pode-se levar a crer que o FRC oferece um suporte melhor de

potência reativa do que o DFIG. Contudo, a contribuição do GSC é decisiva para a

preservação da estabilidade de tensão, conforme será apresentado no estudo seguinte.

6.6 Contribuição do GSC para a Estabilidade de Tensão de Longo-Prazo [77]

Assim como o estudo anterior, este caso analisa apenas os aerogeradores a

velocidade variável operando com controle de tensão:

DFIG (RSC): o suporte de potência reativa é fornecido exclusivamente pelo

RSC, enquanto o GSC opera com fator de potência unitário;

DFIG (RSC+GSC): o suporte de potência reativa é fornecido por ambos os

conversores, sendo que o GSC entra em operação quando a tensão terminal do

DFIG está abaixo de 0,90 p.u., permanecendo ligado caso não haja intervenção

do operador;

FRC: gerador síncrono bobinado com conversores de mesma capacidade do

gerador (895 kVA);

Três diferentes cenários de geração eólica são considerados para o sistema da

Figura 6.1. A cada nível de geração eólica é associado um nível de penetração

definido como a relação entre a capacidade eólica total instalada e a geração total.

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151

A Tabela 6.3 apresenta os níveis de penetração estudados. Para cada nível de

penetração a quantidade de máquinas que compõe o parque eólico é aumentada de

modo que a velocidade inicial do vento seja a mesma dada pela Figura 6.2. Este

procedimento foi adotado para garantir que os aerogeradores DFIG e FRC iniciem a

simulação no mesmo ponto de operação de modo a realizar um estudo comparativo

coerente entre as tecnologias.

A parcela ativa da carga da barra 8 foi representada por um equivalente de 450

motores de indução, enquanto a componente reativa foi representada 100% como

impedância constante. A carga da barra 11 foi representada por 50% corrente constante

e 50% impedância constante, tanto para a componente de potência ativa quanto para a

de potência reativa. As simulações foram executadas considerando um gradativo

aumento de carga de 20%, com incrementos de 0,1% a cada segundo até 200 segundos,

encerrando a simulação em 300 segundos.

Tabela 6.3 Níveis de penetração eólica.

Nível de Penetração Eólica (MW) G1(MW) G2(MW) G3(MW)

11,5% 600 1.716,3 1.736 1.154

15,3% 800 1.519,8 1.736 1.154

19,1% 1.000 1.322,9 1.736 1.154

6.6.1 Impacto do Nível de Penetração Eólica

Nesta seção, os comportamentos do DFIG e FRC serão analisados considerando

os três níveis de penetração apresentados na Tabela 6.3. A Figura 6.30 apresenta os

limites de potência reativa para todas as tecnologias e todos os níveis de penetração. Os

resultados mostram que conforme a penetração eólica aumenta, o limite de potência

reativa também aumenta, melhorando a estabilidade de tensão do sistema de potência.

A Figura 6.31 mostra o comportamento da tensão na barra 8 para todas as

tecnologias e níveis de penetração. O cenário mais crítico é o caso de menor nível de

penetração, no qual o sistema de potência é instável para todas as tecnologias. Para o

nível de penetração intermediário (15,3%), somente o DFIG(RSC+GSC) permanece

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152

estável. Conforme a penetração eólica aumenta, todas as tecnologias convergem para

um cenário de operação estável.

O limite de potência reativa varia de uma tecnologia para outra devido as

características dos aerogeradores, para um mesmo nível de penetração. A Figura 6.32

apresenta o limite de potência reativa para todas as tecnologias considerando o nível de

penetração de 15,3%. Está claro que o suporte de potência reativa do DFIG aumenta

quando o GSC entra em operação. Note que, para este cenário, somente quando DFIG

(RSC+GSC) esta conectado o sistema não entra em colapso. Observe que o FRC

apresenta maior capacidade de potência reativa durante todo o tempo (exceto quando o

GSC entra em operação), mesmo assim não consegue evitar o colapso de tensão devido

ao processo de restauração da carga, o qual será explicado na próxima seção. Os

resultados a seguir serão apresentados considerando o nível de penetração intermediário

(15,3%), o qual detalha o mecanismo de instabilidade de tensão e destaca a contribuição

do GSC para a preservação da estabilidade de tensão de longo-prazo.

Figura 6.30 Limite de potência reativa para

todos os níveis de penetração.

Figura 6.31 Tensão na barra 8 para todos os

níveis de penetração.

0 50 100 150 200 250 3000

500

1000

1500DFIG(RSC)

Potê

ncia

Reativa (

Mvar)

PL = 11.5% PL = 15.3% PL = 19.1%

0 50 100 150 200 250 3000

500

1000

1500DFIG(RSC+GSC)

Potê

ncia

Reativa (

Mvar)

PL = 11.5% PL = 15.3% PL = 19.1%

0 50 100 150 200 250 3000

500

1000

1500FRC

Tempo (s)

Potê

ncia

Reativa (

Mvar)

PL = 11.5% PL = 15.3% PL = 19.1%

0 50 100 150 200 250 3000.6

0.7

0.8

0.9

1

DFIG(RSC)

Tensão n

a b

arr

a-8

(p.u

.)

PL = 11.5% PL = 15.3% PL = 19.1%

0 50 100 150 200 250 3000.6

0.7

0.8

0.9

1

DFIG(RSC+GSC)

Tensão n

a b

arr

a-8

(p.u

.)

PL = 11.5% PL = 15.3% PL = 19.1%

0 50 100 150 200 250 300

0.6

0.8

1

FRC

Tensão n

a b

arr

a-8

(p.u

.)

Tempo (s)

PL = 11.5% PL = 15.3% PL = 19.1%

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153

Figura 6.32 Limite de potência reativa para todas as tecnologias com .

6.6.2 Nível de Penetração Intermediário (15,3%)

Nesta seção, o comportamento do DFIG(RSC), DFIG(RSC+GSC) e FRC são

analisados em maiores detalhes considerando somente o nível de penetração de 15,3%.

A Figura 6.33 apresenta o comportamento da tensão na barra 8 considerando

todas as tecnologias. Observe que todos aerogeradores iniciam no mesmo ponto de

operação. Contudo, conforme a carga aumenta, as diferenças entre eles tornan-se mais

evidentes. O sistema permance estável quando o DFIG(RSC+GSC) está em operação. O

sistema torna-se instável para todos os outros casos, e o perfil de tensão diminui mais

rapidamente quando o DFIG(RSC) é conectado, ou seja, o GSC opera com fator de

potência unitário não fornecendo potência reativa para o sistema de potência.

Note que o DFIG (RSC) e DFIG (RSC+GSC) apresentam o mesmo

comportamento até a tensão cair abaixo de 0,9 p.u, pois o GSC entra em operação

somente quando a tensão terminal do DFIG é menor do que 0,9 p.u.

A Figura 6.34 mostra a atuação do OLTC, o qual tenta restaurar o nível de

tensão na barra 11, e progressivamente degrada a tensão na barra 8. A cada mudança de

tap, a potência reativa injetada pelos geradores síncronos aumenta gradualmente, até

que os geradores síncronos e aerogeradores atinjam seus limites de potência reativa,

levando a perda do controle de tensão. Pode ser visto que o OLTC atinge seu tap

superior primeiramente quando o DFIG é usado, impondo uma alta taxa de mudança de

tap. Em seguida, o OEL opera reduzindo a potência reativa injetada pelo gerador 3,

0 50 100 150 200 250 3000

100

200

300

400

500

600

700

800

900

1000

Tempo (s)

Lim

ite d

e P

otê

ncia

Reativa (

Mvar)

DFIG(RSC) FRC DFIG(RSC+GSC)

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154

como mostra a Figura 6.35. Quando o DFIG é conectado o OEL atua em 206 segundos.

Quando o FRC é conectado, o OEL atua atrasado, em 254 segundos. Logo, o FRC tem

um efeito positivo no sistema sendo que este retarda a operação do OEL quando

comparado com os outros casos, oferecendo a priori menores riscos de intervenção da

proteção e degradação na segurança do sistema de potência.

Figura 6.33 Tensão na barra 8.

Figura 6.34 Evolução do tap.

A Figura 6.36 mostra a potência reativa injetada/absorvida pelo DFIG e FRC e

suas capacidades máximas quando o GSC do DFIG está operando com fator de potência

unitário. Note que, no início da simulação o DFIG ainda tem reserva de potência reativa

para injetar na rede. Conforme a carga aumenta, ele atinge o seu limite de potência

reativa. Além disso, o regime de ventos torna-se desfavorável quando o sistema de

potência está estressado. De acordo com a curva de capacidade do DFIG apresentada no

Capítulo 5 (veja Figura 5.9), altas velocidades de ventos implica baixa capacidade de

injeção de potência reativa. Como consequência, o DFIG perde o controle da tensão

terminal. Devido à alta capacidade dos conversores do FRC, o seu limite de potência

reativa é estendido quando comparado ao DFIG(RSC).

A Figura 6.37 mostra a potência ativa produzida pelos aerogeradores. Observe

que a potência ativa aumenta/diminui conforme a variação do vento dada na Figura 6.2.

Quando a velocidade do vento é menor do que a velocidade nominal da turbina (veja a

curva de potência no Anexo), o ângulo de passo diminui (veja Figura 6.38), para

otimizar o aproveitamento eólico maximizando o coeficiente de potência , conforme

mostra a Figura 6.39.

0 50 100 150 200 250 3000.65

0.7

0.75

0.8

0.85

0.9

0.95

1

1.05

Tempo (s)

Tensão n

a b

arr

a-8

(p.u

.)

DFIG (RSC)

FRC

DFIG (RSC+GSC)

0 50 100 150 200 250 3000.94

0.96

0.98

1

1.02

1.04

1.06

1.08

1.1

1.12

Tempo (s)

Tap (

p.u

.)

DFIG (RSC)

FRC

DFIG (RSC+GSC)

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155

A Figura 6.40 mostra a potência reativa injetada pelo DFIG e a sua capacidade

máxima quando o GSC está controlando a potência reativa. Esta figura também mostra

a potência reativa do DFIG injetada no estator e pelo GSC. Quando a tensão terminal do

DFIG torna-se menor do que 0,90 p.u., o que ocorre próximo de 250 segundos, o GSC

injeta potência reativa tentando restaurar a tensão terminal (veja a parte inferior da

Figura 6.40). O sistema permanece estável devido a potência reativa injetada pelo GSC.

Esse resultado mostra a importante contribuição do GSC para manter a estabilidade de

tensão do sistema de potência.

Figura 6.35 Corrente de campo do gerador G3.

Figura 6.36 Potência reativa injetada pelo

DFIG(RSC) e FRC, e os seus limites de

potência reativa.

Figura 6.37 Potência ativa produzida pelos

aerogeradores.

Figura 6.38 Ângulo de passo.

0 50 100 150 200 250 3001.15

1.2

1.25

1.3

1.35

1.4

1.45

1.5

1.55

1.6

Tempo (s)

Corr

ente

de c

am

po d

e G

3 (

p.u

.)

DFIG (RSC)

FRC

DFIG (RSC+GSC)

254 seg.

206 seg.

0 50 100 150 200 250 300-400

-200

0

200

400

600

800

DFIG (RSC)

Potê

ncia

Reativa (

Mvar)

QDFIG

QDFIGmax

0 50 100 150 200 250 300-400

-200

0

200

400

600

800

FRC

Tempo (s)

Potê

ncia

Reativa (

Mvar)

QFRC

QFRCmax

0 50 100 150 200 250 300100

200

300

400

500

600

700

800

900

Tempo (s)

Potê

ncia

Ativa (

MW

)

DFIG (RSC)

FRC

DFIG (RSC+GSC)

0 50 100 150 200 250 3000

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

Tempo (s)

Beta

(gra

us)

DFIG (RSC)

FRC

DFIG (RSC+GSC)

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156

Figura 6.39 Coeficiente de potência. Figura 6.40 Potência reativa injetada pelo

DFIG (RSC+GSC).

Quando o GSC do DFIG está fornecendo potência reativa, a demanda de

potência reativa dos motores de indução é mantida, como mostra a Figura 6.41. Por

outro lado, a operação de outros tipos de aerogeradores, causa um aumento na potência

reativa drenada pelos motores, necessária para manter o balanço de potência reativa do

sistema. Neste caso, o motor é sujeito a um súbito estol que causa um colapso de tensão

manifestado como a queda imediata da tensão em todas as barras do sistema.

A Figura 6.42 mostra a curva PV da barra 8 considerando os aspectos

dinâmicos do OEL e OLTC. Esta curva indica o ponto de máximo carregamento

(“nariz” da curva PV), o qual é a máxima potência que o sistema pode transferir a carga.

As ações antecipadas do OEL e OLTC claramente diminuem o “nariz” quando usando o

DFIG, mesmo com o GSC operando, indicando a priori que o FRC fornece um aumento

na margem de estabilidade de tensão.

Figura 6.41 Potência reativa absorvida pelos

motores de indução.

Figura 6.42 Curva PV da barra 8.

0 50 100 150 200 250 3000

0.05

0.1

0.15

0.2

0.25

0.3

0.35

0.4

0.45

0.5

Tempo(s)

Cp

DFIG (RSC)

FRC

DFIG (RSC+GSC)

0 50 100 150 200 250 300-200

0

200

400

600

800

Potê

ncia

Reativa (

Mvar)

QLIMtot

QDFIG

0 50 100 150 200 250 300-200

0

200

400

600

800

Tempo (s)

Potê

ncia

Reativa (

Mvar)

Q

totQ

sQ

GSC

GSC

0 50 100 150 200 250 3001000

1200

1400

1600

1800

2000

2200

Tempo (s)

Potê

ncia

Reativa a

bsorv

ida p

elo

s m

oto

res (

Mvar)

DFIG (RSC)

FRC

DFIG (RSC+GSC)

5000 5100 5200 5300 5400 5500 5600 5700 5800 5900 6000 61000.75

0.8

0.85

0.9

0.95

1

Tensão n

a b

arr

a-8

(p.u

.)

Carregamento (MW)

DFIG (RSC)

FRC

DFIG (RSC+GSC)

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157

A Figura 6.43 mostra o carregamento do sistema indicando quando o

carregamento máximo ocorre para cada tecnologia de aerogerador. Note que após 200

segundos, apesar do aumento de carga ser finalizado, a carga do sistema continua

aumentando quando o FRC está operando, porque a carga é restaurada pela injeção de

potência reativa do FRC. Contudo, este processo de restauração da carga leva a atuação

do OEL conduzindo o sistema de potência ao colapso de tensão.

A ação do OEL degrada a injeção de potência reativa, a qual coincide com o

máximo carregamento do sistema. Depois da ação do OEL, a tensão e o carregamento

caem em todas as barras levando ao colapso de tensão, exceto para o caso do DFIG

(GSC+RSC) quando o GSC é ativado em 250 segundos, tornando-se uma fonte de

potência reativa suplementar em defesa contra a instabilidade de tensão da carga. A

influência adicional de potência reativa pelo GSC é muito importante para a prevenção

do colapso de tensão quando comparado aos casos do DFIG (RSC) e FRC.

Figura 6.43 Carregamento do sistema.

6.7 Conclusões

Graças aos conversores de eletrônica de potência, os aerogeradores a velocidade

constante são superados pelos aerogeradores a velocidade variável, os quais podem

fornecer potência reativa ao sistema de potência para aumentar a margem de

estabilidade de tensão, oferecendo menos riscos de intervenção da proteção e

degradação da segurança. Contudo, é importante quantificar com precisão a capacidade

de potência reativa dos aerogeradores a velocidade variável para não cometer erros a

respeito da estabilidade do sistema de potência.

0 50 100 150 200 250 3004400

4600

4800

5000

5200

5400

5600

5800

6000

6200

Tempo (s)

Carr

egam

ento

(M

W)

DFIG (RSC)

FRC

DFIG (RSC+GSC)

DFIG(RSC)

Carga MáximaDFIG(RSC+GSC)

Carga Máxima

FRC Carga Máxima

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158

Apesar da influência da representação do eixo mecânico pelo modelo duas

massas na estabilidade do sistema de potência no longo-prazo, as causas da

instabilidade não são de natureza da estabilidade de tensão. Adotar o modelo massa

global não modifica as conclusões a respeito do estudo da estabilidade de tensão de

longo-prazo, pressupondo-se que as oscilações de baixa frequência sejam amortecidas

por estabilizadores de sistemas de potência.

O controle da tensão terminal é fundamental para aumentar a margem de

estabilidade de tensão. O controle do fator de potência pode levar o sistema de potência

a instabilidade quando o nível de penetração da geração é elevado no sistema de

potência.

Desprezar os efeitos dos limites variáveis é uma premissa muito otimista a

respeito da margem de estabilidade de tensão de longo-prazo do sistema de potência. De

fato, os limites de potência reativa se modificam com as condições de operação do

sistema e do próprio aerogerador, pois dependem das condições de vento do local. Altas

velocidades de ventos diminuem as reservas de potência reativa do aerogerador,

enquanto que nas baixas velocidades de ventos, as reservas de potência reativa são

expandidas e o aerogerador pode fornecer um suporte adequado ao controle de tensão,

comportando-se similarmente como um compensador síncrono.

Por fim, a contribuição do GSC é decisiva para preservar a estabilidade de

tensão do sistema de potência. A injeção de potência reativa pelo GSC é uma medida

corretiva para a estabilidade de tensão, pois evita o colapso causado pela atuação do

OEL ou pelo processo de restauração da carga.

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159

Capítulo 7

Conclusões Finais e Trabalhos Futuros

7.1 Considerações Finais

Neste capítulo primeiramente são apresentadas às conclusões relativas a cada estudo de

caso apresentado no Capítulo 6 e em seguida são dadas as conclusões finais englobando

todas as contribuições a respeito da integração de aerogeradores para a estabilidade de

tensão de longo-prazo em sistemas elétricos de potência. Conforme informado no

capítulo anterior, todas as simulações foram realizadas com os softwares ANAREDE e

ANATEM, considerando a modelagem dinâmica dos aerogeradores (SCIG, DFIG e

FRC), bem como dos principais componentes que influenciam a estabilidade de tensão

de longo-prazo, tais como: OLTC, OEL e o motor de indução.

Ao final do capítulo, trabalhos futuros são sugeridos de forma a dar continuidade

ao trabalho apresentado, enfocando outros temas a serem explorados dentro da

estabilidade de tensão de longo-prazo envolvendo aerogeradores a velocidade variável.

7.2 Integração de Aerogeradores SCIG e DFIG

Os resultados mostraram que os aerogeradores DFIG apresentam melhor

desempenho em relação aos aerogeradores SCIG, quanto à tendência de impacto

positivo para a estabilidade de tensão de longo-prazo, aumentando o máximo

carregamento do sistema, reduzindo perdas de potência reativa e retardando o instante

de atuação do OEL. Estes benefícios são alcançados à custa dos conversores de

eletrônica de potência instalados nos aerogeradores a velocidade variável, conferindo

controlabilidade para a potência ativa e reativa, oferecendo um suporte melhor de tensão

em relação aos aerogeradores a velocidade constante.

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160

Os aerogeradores SCIG não oferecem suporte nenhum ao controle de tensão,

pelo contrário, sempre absorvem potência reativa, especialmente sob escorregamento

elevado. O banco de capacitores instalado nos terminais do parque eólico é uma fonte

passiva de potência reativa com regulação pobre de tensão sob elevados níveis de

compensação. A potência reativa fornecida pelo banco de capacitores depende do

quadrado da tensão, ou seja, uma pequena variação na tensão compromete a potência

reativa fornecida pelo banco, podendo levar o sistema de potência ao colapso de tensão

quando o mesmo está sob elevados níveis de compensação.

7.3 Modos de Controle: Fator de Potência ou Tensão Terminal

Os resultados mostraram que o controle do fator de potência é fraco para a

margem de estabilidade de tensão, principalmente quando as reservas de potência

reativa são insuficientes e também quando o motor de indução é usado para representar

parte da carga. O controle de tensão é mais robusto do que o controle do fator de

potência, aumentando o carregamento máximo do sistema de potência e retardando a

atuação do OLTC e OEL, diminuindo os riscos de intervenção da proteção e prevenindo

o sistema de potência contra o colapso de tensão.

A robustez do controle de tensão se deve ao melhor aproveitamento das reservas

de potência reativa em relação ao controle do fator de potência, o qual possui uma

reserva bastante restrita conforme aumenta o fator de potência. No controle do fator de

potência, a potência reativa varia conforme a potência ativa injetada pelo DFIG, ao

passo que no controle de tensão a potência reativa injetada no sistema aumenta

conforme a necessidade da demanda, fazendo com que a tensão da carga local

permaneça constante, pelo menos até o limite de potência reativa não ser atingido.

O controle de tensão, como parte dos serviços ancilares, direcionou o mercado

de fabricantes de aerogeradores para os sistemas a velocidade variável, devido ao

suporte qualificado de potência reativa.

7.4 Contribuição de Aerogeradores para o Suporte de Potência Reativa

Este estudo mostra que os aerogeradores a velocidade variável tem um impacto

mais positivo para a estabilidade de tensão de longo-prazo nas condições de baixas

velocidades do que nas condições de altas velocidades. Os resultados claramente

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161

mostram que o FRC aumenta a margem de estabilidade de tensão, quando o sistema de

potência é submetido a um lento aumento de carga, levando a um processo em cadeia de

subsequentes atuações do OLTC e OEL. Graças a maior capacidade dos conversores do

FRC, esta tecnologia de aerogerador consegue oferecer um suporte melhor de tensão do

que o DFIG. Contudo, conversores de maior capacidade oneram o custo da energia

eólica e do sistema eólico. Como parte dos serviços ancilares, nas baixas velocidades de

ventos os aerogeradores podem fornecer potência reativa ao sistema, operando de

maneira similar ao compensador síncrono. Neste sentido, o FRC pode ter um destaque

no mercado eólico do futuro, devido a sua grande capacidade de suporte de potência

reativa. Esta é uma característica importante que deve ser considerada na escolha da

tecnologia de aerogerador para ser integrada nos parques eólicos dos sistemas de

potência do futuro.

7.5 Contribuição do GSC para a Estabilidade de Tensão de Longo-Prazo

A influência do conversor GSC do DFIG sobre a estabilidade de tensão é

investigada adotando duas estratégias de controle: GSC com fator de potência unitário,

a qual normalmente é empregada, e GSC com controle de potência reativa. Os

resultados das simulações mostram que o aumento da penetração eólica é benéfica para

a estabilidade de tensão de longo-prazo do sistema de potência. Conforme os níveis de

penetração aumentam, ambas as tecnologias de aerogeradores a velocidade variável

conseguem proporcionar mais potência reativa, melhorando a estabilidade de tensão. Os

resultados também mostram que o FRC é mais robusto do que o DFIG quando o sistema

de potência é submetido a um aumento gradual de carga, resultando em um processo

acumulativo envolvendo ações combinadas do OLTC e OEL. No entanto, quando

conversor GSC está controlando a potência reativa, uma melhoria significativa é obtida.

O aerogerador DFIG tem mais capacidade de potência reativa do que FRC quando o

conversor GSC pode fornecer potência reativa ao sistema de potência. Nesse caso, o

comportamento dinâmico do sistema é melhor e a estabilidade de tensão é melhorada.

7.6 Conclusões Finais

A energia eólica é a energia renovável que mais cresce no mundo em capacidade

adicionada e apresenta a maior capacidade instalada no mundo todo em relação às

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162

outras energias renováveis, conforme visto no Capítulo 1. A cada ano cresce a

penetração eólica nos sistemas de potência do mundo todo, seja para a diversificação da

matriz energética, independência dos combustíveis fósseis, diminuição dos impactos

ambientais e competitividade no mercado da geração de energia. Por estes motivos e

muitos outros, a energia eólica vem sendo estudada durante muitos anos por vários

pesquisadores.

A integração da energia eólica nos sistemas de potência do mundo todo criou

novos desafios para os operadores de sistema, no que diz respeito à operação e a

estabilidade do sistema de potência. Isso se deve à característica intermitente da fonte e

à dinâmica diferenciada dos aerogeradores em relação aos geradores síncronos

convencionais.

Conforme visto no Capítulo 2, os primeiros sistemas eólicos de grande porte

conectados aos sistemas de potência operavam a velocidade constante, constituídos por

SCIG. Esse tipo de aerogerador ganhou bastante aceitação no mercado eólico de

fabricantes pela construção robusta e barata e operação simples, sem necessidade de

sistemas de controle complexos. Entretanto, a medida que a penetração eólica alcançava

níveis elevados, surgiram os primeiros problemas de instabilidade associados aos

aerogeradores.

Para conter o avanço da penetração eólica do SCIG, os operadores de sistema

reformularam os códigos de rede exigindo novas metas, sendo a capacidade de

sobrevivência a afundamentos de tensão, conhecido como procedimento de ridethrough,

a principal delas. Quando uma falta acontecia próximo ao aerogerador, o operador de

sistema permitia que o mesmo fosse desconectado durante a falta e resincronizado com

o sistema de potência após a eliminação da falta. A desconexão do parque eólico

provocava sérios riscos à estabilidade do sistema de potência, por este motivo o

procedimento de ridethrough passou a ser exigido pelos operadores de sistema. Devido

à incapacidade de fornecer potência reativa do SCIG para rápida recuperação da tensão

terminal, os aerogeradores SCIG apresentavam problemas de estabilidade,

especialmente instabilidade de tensão no curto-prazo.

Diante desses problemas de instabilidades, o mercado eólico de fabricantes

surgiu com um novo conceito de sistema eólico: velocidade variável, do qual fazem

parte o DFIG e o FRC. Neste caso, os aerogeradores são equipados com conversores de

eletrônica de potência, capazes de oferecer um melhor aproveitamento energético do

potencial eólico e maior controlabilidade, especialmente no fornecimento de potência

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163

reativa. Essas características determinaram a perda de mercado dos aerogeradores SCIG

na integração de grandes parques eólicos na atualidade, conforme visto no Capítulo 2.

Muitos trabalhos foram feitos na literatura enfocando o procedimento de

ridethrough tanto para aerogeradores a velocidade constante como velocidade variável.

Notadamente, os aerogeradores DFIG e FRC superaram os aerogeradores SCIG,

cumprindo as exigências dos códigos de rede e melhorando a margem de estabilidade

do sistema de potência. Pode-se dizer que atualmente o procedimento de ridethrough,

em aerogeradores a velocidade variável, é uma tarefa solucionada no mundo todo.

Contudo, a expansão do sistema de transmissão não acompanha o crescimento

da carga. Isto faz com que o sistema de potência opere cada vez mais próximo dos seus

limites em condições de carregamento elevado. Quando o sistema de potência opera

sobrecarregado, as quedas de tensão nas linhas de transmissão aumentam e as tensões

nas barras de carga diminuem, devido à incapacidade do sistema de transmissão atender

a demanda requerida. Esse é um cenário característico de instabilidade de tensão de

longo-prazo. Os principais componentes que influenciam diretamente na estabilidade de

tensão de longo-prazo são: OLTC, OEL e o motor de indução, conforme apresentado no

Capítulo 3. Todos esses equipamentos foram levados em consideração nos estudos

realizados nesta tese.

A estabilidade de tensão de longo-prazo foi amplamente estudada e discutida na

literatura abordando quase que exclusivamente a geração síncrona convencional. Poucos

estudos envolvendo aerogeradores na estabilidade de tensão de longo-prazo foram

realizados. Atualmente, com o crescimento da demanda e a escassez dos investimentos

no sistema de transmissão, associado a crescente penetração eólica, a estabilidade de

tensão de longo-prazo constitui-se como um problema em vanguarda nos modernos

sistemas de potência do mundo todo.

Para poder avaliar o suporte de tensão dos aerogeradores a velocidade variável é

necessário determinar corretamente as reservas de potência reativa dos aerogeradores

DFIG e FRC. Os capítulos 4 e 5 abordaram com detalhes a construção da curva de

capacidade para os aerogeradores DFIG e FRC, respectivamente. A capacidade de

potência reativa dos aerogeradores a velocidade variável está intimamente ligada à

capacidade dos conversores de potência. Especificamente para a estabilidade de tensão é

importante avaliar a parte da curva de capacidade referente à injeção de potência

reativa. Para o DFIG, a corrente do conversor no rotor é fator limitante para a produção

de potência reativa, indicando que este aerogerador tem uma capacidade maior para

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absorver potência reativa do que injetar. Entretanto, o suporte de potência reativa pelo

GSC expande consideravelmente a curva de capacidade do DFIG. Para o FRC, a

corrente do inversor é o fator limitante de potência reativa e a capacidade de potência

reativa é do aerogerador é controlada exclusivamente pelo inversor, o qual apresenta a

mesma capacidade para injeção/absorção de potência reativa.

A capacidade de potência reativa pode ser expandida facilmente pelo

sobredimensionamento dos conversores de potência. Conforme discutido no Capítulo 4,

o sobredimensionamento do conversor corresponde a um custo insignificante sobre o

investimento total, estimulando ainda mais o investidor para adoção de um conversor

sobredimensionado. Evidentemente, esta prática deve ter efeitos benéficos para a

estabilidade de tensão de longo-prazo. Contudo, como parte dos objetivos desta tese, a

contribuição de cada aerogerador para a estabilidade de tensão de longo-prazo foi

analisada sob as mesmas condições, ou seja, considerando a capacidade nominal de

cada aerogerador sem ganhos proporcionados pelo sobredimensionamento dos

conversores.

A integração de aerogeradores SCIG, em níveis elevados, trás sérios riscos a

estabilidade de tensão de longo-prazo do sistema de potência, porque essa máquina

absorve grandes quantidades de potência reativa em situações de contingências, fazendo

com que o OLTC provoque mudanças de tap com maior frequência. Esse efeito provoca

o dreno de potência reativa do restante do sistema para atender a carga controlada pelo

OLTC, levando a sobrecarga dos geradores síncronos convencionais com subsequente

atuação do OEL e inevitavelmente a ocorrência do colapso de tensão.

Por outro lado, a integração de aerogeradores a velocidade variável oferece mais

estabilidade ao sistema de potência, graças aos conversores de eletrônica, capazes de

proporcionar operação em velocidade variável com maximização do aproveitamento do

recurso eólico e fornecimento de potência reativa para o controle de tensão.

Quando o DFIG opera com controle da tensão terminal, o sistema de potência

apresenta um comportamento dinâmico melhor em relação ao controle do fator de

potência, inclusive podendo evitar o colapso de tensão com carga dinâmica fortemente

indutiva, como é o caso do motor de indução. Com o controle da tensão terminal, o

sistema de potência consegue atender uma demanda maior sem ocorrência do colapso

de tensão, graças às atuações atrasadas do OLTC e OEL proporcionadas pelo

fornecimento de potência reativa do aerogerador. Desse modo seria interessante

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165

considerar a contribuição dos aerogeradores a velocidade variável para o controle de

tensão secundário dos sistemas de potência.

Devido à complementariedade das fontes hídrico-eólica no Brasil, os

aerogeradores podem ajudar a atender a demanda durante o ano todo. Contudo, apenas

os aerogeradores a velocidade variável oferecem um grande potencial para suporte de

potência reativa. Quando a velocidade dos ventos é baixa as reservas de potência reativa

são abundantes, e o aerogerador pode operar como uma fonte de potência reativa

alternativa, tal como um compensador síncrono, SVC ou FACTS. Em certos casos, o

sistema de potência auxiliado por aerogeradores pode apresentar um comportamento

dinâmico melhor do que aqueles suportados pelos geradores síncronos convencionais.

Essa característica complementar pode ser usada de forma adequada pelos operadores

de sistema para atender a demanda e evitar o colapso de tensão.

Dentre os aerogeradores a velocidade variável, sob mesmas condições de

operação e capacidade dos conversores de potência, o DFIG destaca-se a frente do FRC

em relação à contribuição para estabilidade de tensão de longo-prazo. Isso se deve a

contribuição do GSC no suporte do controle de tensão, o qual consegue expandir os

limites de potência reativa do DFIG além dos limites do FRC, conforme visto nos

capítulos 4 e 5.

O GSC pode evitar o colapso de tensão quando usado como uma fonte auxiliar

de potência reativa em relação ao estator para o controle da tensão terminal. Nos

momentos em que as reservas de potência reativa do aerogerador pelo controle do RSC

encontram-se escassas, seja pelas condições dos ventos ou pelas condições da rede, o

GSC entra em operação, elevando rapidamente a tensão terminal e contribuindo para a

restauração a carga, mesmo assim consegue evitar o colapso de tensão. Diferentemente

do FRC, no qual o processo de restauração da carga conduz ao colapso de tensão.

Finalmente, pode-se concluir que a integração, em altos níveis de penetração,

dos aerogeradores a velocidade variável, apesar de trazer novos desafios operacionais

para o sistema de potência, em geral, contribui positivamente para a estabilidade de

tensão de longo-prazo. Os aerogeradores a velocidade variável podem oferecer

flexibilidade operacional ao sistema de potência pela complementação das fontes

hídrico-eólica, suporte ao controle de tensão e ações corretivas para evitar o colapso de

tensão.

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166

7.7 Trabalhos Futuros

Através dos resultados alcançados e das conclusões apresentadas, novas

pesquisas sobre o tema são levantadas a seguir:

Investigação da contribuição de aerogeradores a velocidade variável para o

controle secundário de tensão, considerando curvas de capacidade e limites

variáveis;

Inclusão do modelo dinâmico da turbina eólica, o qual leva em conta longos

períodos transitórios entre mudanças de velocidade do vento;

Investigação da influência da estratégia de controle de passo sobre a estabilidade

de tensão de longo-prazo;

Investigação da contribuição do sobredimensionamento dos conversores de

potência dos aerogeradores a velocidade variável para a estabilidade de tensão

de longo-prazo;

Proposta de novas estratégias de controle coordenado entre os conversores RSC

e GSC do DFIG para a estabilidade de tensão de longo-prazo;

Avaliação da complementariedade entre as fontes hídrico-eólica na operação e

na estabilidade de tensão de longo-prazo de sistemas de potência;

Inclusão dos aerogeradores a velocidade variável no controle automático da

geração e investigação de suas consequências sobre a estabilidade de tensão de

longo-prazo;

Investigação da estabilidade de tensão de longo-prazo com aerogeradores a

velocidade variável considerando um sistema de potência real, com várias

barras, gerações, proteções, OEL, OLTCs, cargas térmicas controladas por

tensão, etc.

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Anexo – Dados do Sistema Teste

Geradores Síncronos (em p.u. na base da máquina):

G1: barra infinita

G2: H = 2,09 s Sb = 2200 MVA

G3: H = 2,33 s Sb = 1400 MVA

Ra = 0,0046 Xd = 2,07 X’d = 0,28 X

”d = 0,215

Xq = 1,99 X’q = 0,49 X

”q = 0,215 Xl = 0,155

T’d0 = 4,10 s T

’q0 = 0,56 s T”d0 = 0,033 s T

”q0 = 0,0062 s

Figura A1 Curvas de capacidades dos geradores G2 e G3 em suas respectivas bases.

Dados do sistema de potência (em p.u. na base Sb = 100 MVA):

Linha 5-6 R = 0,0 X = 0,0040 B = 0,0

Linha 6-7 R = 0,0015 X = 0,0288 B = 1,173

Linha 9-10 R = 0,0010 X = 0,0030 B = 0,0

Transformador T1 R = 0,0 X = 0,0020 a = 0,8857

Transformador T2 R = 0,0 X = 0,0040 a = 0,8857

Transformador T3 R = 0,0 X = 0,0125 a = 0,9024

Transformador T4 R = 0,0 X = 0,0030 a = 1,0664

Transformador T5 R = 0,0 X = 0.0026 a = 1,0800

Transformador T6 R = 0,0 X = 0,01 a = 1,0000

0,

0,227

0,455

0,682

0,909

-0,42 -0,18 0,05 0,29 0,53 0,77

Potencia Reativa Gerada (p.u.)

Curva de Capacidade G2

Ponto de Operacao G2

Curva de Capacidade G3

Ponto de Operacao G3

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Transformador com comutador de tap sob carga OLTC:

Compensação de

queda de tensão

Elemento

Sensor

Motor para

acionamento

Relé com

temporizaçãoComutador

refV ta p

Figura A2 Diagrama de blocos do OLTC.

Tempo de atraso para o 1o tap 30 s

Tempo de atraso para os taps subsequentes 5 s

Banda morta 1% tensão da barra

Intervalo de tap 16 taps

Comprimento do tap 5/8% (0,00625 p.u.)

Regulador automático de tensão AVR:

RsT1

1

tV

REFV

OELV

AK fdE

Figura A3 Diagrama de blocos do AVR.

KA 400

TR 0,02 s

Limitador de sobre-excitação OEL:

1K2K

1

s

limI

fdI

fdI

max 2fdImax1fdI

0

0

OELV

Figura A4 Diagrama de blocos do OEL.

Ifdmax1 (p.u.) Ifdmax2 (p.u.) K1 K2 Ilim (p.u.)

1,407 2,144 0,248 12,6 3,85

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30t (seg)

max2 1.6fdI FLC

max1 1.05fdI FLC

0

fdI

FLC = Full Load Current

Figura A5 Curva característica do OEL.

Motor de indução (% base da máquina)

rs xs xm rr xr Potência H f

1 14,5 330 0,8 14,5 4826 HP 0,6 s 60 Hz

* Torque de carga de característica quadrática

SCIG (% base da máquina)

rs = 0,85 rr = 0,712 xr = 8,094 xs = 5,776 xm = 505,9

f = 60 Hz P = 850 kW Hg = 0,5 s Ht = 3,0 s ks = 0,3

Polos = 4

DFIG (% base da máquina)

rs xs xm rr xr Potência H Polos f Sc

0,85 5,776 505,9 0,712 8,094 850 kW 3,5 s 4 60 Hz 300 kVA

FRC (% base da máquina)

Ld = 113,8 L’d = 35 Ll = 15,8 T

”d = 0,08s Ra = 0,0

Lq = 68,1 L”d = 28,8 T

’d = 5,6s T

”q = 0,15s f = 20 Hz

H = 3,5s D = 0,0 Polos = 90 Sg = 895 kVA Sc = 895 kVA

* na seção 6.6 Sc = 1 MVA

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Turbina Eólica:

Figura A6 Curva de Potência do DFIG.

Figura A7 Curva de Potência do FRC.

2 4 6 8 10 12 14 16 180

100

200

300

400

500

600

700

800

900

Velocidade do vento (m/s)

Potê

ncia

(kW

)

4 6 8 10 12 14 16 180

100

200

300

400

500

600

700

800

900

Velocidade do vento (m/s)

Potê

ncia

(kW

)

Diâmetro (m) Engrenagem Potência

SCIG 58 69 850 kW

DFIG 58 74,5 850 kW

FRC 58 1 850 kW

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Figura A8 Curva de referência do FRC.

0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 10.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1

1.1

Potência (p.u.)

Velo

cid

ade (

p.u

.)