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Nº 29 / Julho 2010 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA NFL ZINE ÁLVARO DE MOYA E MAIS DE SUAS HISTÓRIAS KORZUS: NOVO ÁLBUM, NOVOS RUMOS E TUDO COM MUITA DISCIPLINA! ERIC DE HAAS: UM HOLANDÊS BEM BRASILEIRO! BANDANOS: MANTENDO VIVA A REAL ESSÊNCIA DO CROSSOVER! BANDANOS: MANTENDO VIVA A REAL ESSÊNCIA DO CROSSOVER! RESENHAS DE CD´S E PUBLICAÇÕES NFLZINE29.P65 22/07/2010, 01:54 1

NFL Zine #29

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Entrevistas, resenhas de CDs, Demos, Publicações,

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Nº 29 / Julho 2010 DISTRIBUIÇÃO GRATUITANFL ZINE ÁLVARO DE MOYA E MAIS

DE SUAS HISTÓRIAS

KORZUS:NOVO ÁLBUM, NOVOSRUMOS E TUDO COMMUITA DISCIPLINA!

ERIC DE HAAS: UMHOLANDÊS BEMBRASILEIRO!

BANDANOS: MANTENDO VIVA AREAL ESSÊNCIA DO CROSSOVER!

BANDANOS: MANTENDO VIVA AREAL ESSÊNCIA DO CROSSOVER!

RESENHAS DE CD´S E PUBLICAÇÕES

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Escreva para: caixa postal 15030 CEP: 01537-970, São Paulo – SP,enviando um envelope selado endereçado a si próprio. Se quiser, coloqueem seu envelope selo de um centavo, escrevendo no rodapé direito “cartasocial” endereçado a Hamilton Tadeu, pois carta social só vale de pessoafísica para pessoa física. Para receber o zine, envie envelope selado comselo de 2º porte e especifique o número do zine que você adquiriu e quenúmeros você gostaria de ter. O NFL ZINE não será mandado como cartasocial, pois excede o peso de 10 gramas estipulado pelo correio.SE VOCÊ NÃO FIZER ISSO NÃO RECEBERÁ RESPOSTA.

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Este zine é escrito por Hamilton Tadeu, com exceção das matériasassinadas. As pessoas estão autorizadas a usar as matérias ounotícias deste zine em suas mídias, contanto que citem a fonte.

Editor: Hamilton Tadeu, pode olhar lá em cima, que é!Revisão e diagramação: é o editor que faz isso!Jornalista responsável: Bah, pare com isso! Tem não!imagens: cedidas pelos entrevistados ou retiradas da internet. Foto doBandanos na capa: Mauricio Santana.Tiragem: 7.000 exemplares!AGRADECIMENTOS: aos entrevistados, aos anunciantes, aos leitoresque escrevem pro zine, Álvaro de Moya, Gerard Werron, Eric de Haas, asbandas Korzus e Bandanos e a todos que distribuem os zines pelo Brasilafora e que de alguma forma ajudam na divulgação e na construção domesmo, aos bons entendedores e finalmente a Deus.

EDITORIAL CURTO E DIRETO

Como uma imagem vale mais que mil editorias, a capa mostra quemestá na edição e para saber mais deles, só lendo as entrevistas. Apesardas entrevistas com as bandas estarem com letras menores, o conteúdoé bom e as entrevistas mais longas, serão encurtadas para a versãoimpressa do NFL ZINE, enquanto no futuro blog sairá na íntegra. Logomais o jornalzine se extenderá para a internet, como segue a tendência. Outros projetos relacionados ao NFL ZINE ou que se derivaram deleestão aguardando sua estréia ou de seu retorno como a demorada segundaedição da revista em quadrinho NFL COMICS. Apesar desse editorialservir para esta publicação, sinto que devo comunicar ao leitor o queacontece em relação a outra publicação. Sinceridade é tudo, certo?

Hamilton Tadeu, sendo breve!

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KORZUS: DISCIPLINA BEM ESTRUTURADA!A tradiconal banda paulistana Korzus lançou “Discipline of hate”, seu mais recente álbum que

marca uma nova e ótima fase para a banda com várias conquistas. O quinteto cedeu umaentrevista exclusiva após um sensacional pocket show numa livraria em São Paulo. Confira!

Por Hamilton Tadeu

NFL – Vocês acabaram de fazer um pocket show num evento pequenoorganizado por uma das livrarias Cultura de São Paulo onde oauditório lotou e a galera agitou. Curtiram fazer um evento assim?Dick – Foi um negócio interessante, pois é uma espécie de ensaio propúblico e isso lembra os anos 80 onde a gente fazia ensaio num quartinhoe entrava toda a rua, vários amigos. Entrava de 20 a 30 pessoas numquartinho pequeno, menor que esse palco aqui do auditório. Foi meio queum revival de tocar pra um público pequeno, só faltou ter mesmo ummonte de amigos assistindo, mas na verdade o público que é nossoamigo. Foi divertido pra caramba!NFL – Esse novo trabalho tem uma produção excelente. Mexer emseu próprio disco, produzindo-o no Mr. Som requer mais cuidado,dá mais insegurança afinal é o som de sua própria banda e aatenção precisa ser maior, ou não?Heros – Cara, isso é fogo mesmo! Produzir sua própria banda é horrível.É um cuidado maior ainda do que a banda dos outros. É a tua banda,cara! Quem sabe o CD ficasse melhor se não fosse a minha banda. Euquero tanto pra minha banda que as vezes estraga.NFL – Que tipo de mudanças sutis vocês fizeram em relação ao“Ties of blood”, afinal o timbre da guitarra mudou um pouco,provavelmente na fase da produção. Notei solos no meio da músicaque me lembram a fase do guitarrista Nicastro no começo dos anos90, mas um pouco diferente! Vocês fizeram várias demos, antes?Heros (virando-se para Dick) – A gente fez duas demos, não é isso? Agente se preocupou um pouco mais com os solos, pois o Antônio é maisvirtuosinho e tal (risos).Dick (enquanto os outros começam a rir) – É um trabalho que, assim comovocê perguntou pra ele sobre produzir o próprio trabalho, sei que você táligado que na casa de ferreiro o espeto é de pau. Daí você fica preocupadopra caramba e se dedica mais. A gente fez duas pré-produções para analisarcomo estava o trabalho e demos uma filtrada em algumas coisas...Heros – Foi algo com mais cuidado!Antônio – Em relação ao lance dos solos eu penso que foi meio quenatural fazermos mais solos nesse CD. Eu tenho meu jeito de tocar e oHeros também sola bem pra caralho. Foi um processo natural fazermosmais solos e com mais notas. Se ficou parecido com o estilo do Nicastroou de qualquer outro guitarrista que passou pela banda foi coincidência.Heros – O nosso próximo passo é o Korzus instrumental, só de solos (risos).NFL – Você demorou muito para se adaptar a banda já que seujeito de tocar no Chaosphere era diferente?Antônio – Pô, velho! Era bem diferente mesmo. A palhetada era foda depagar. Era um sofrimento no começo, mas depois de uns três ou quatromeses eu consegui me adaptar.Rodrigo – Mas até que tem uma facilidade agora, pois antes você eravocalista e guitarrista, e aqui é só toca guitarra.Pompeu – Mas aqui ele faz backing vocals também, canta do mesmojeito. Canta sim, não tem o que falar, canta e pronto. Ah, tô precisandocomer algo, porque já tô aqui arretado (risos).NFL – Quais as temáticas das letras do álbum novo e porque aescolha do nome “Discipline of hate?”Antônio – As temáticas são variadas e abordam temas da vida, dasvivencias e experiências pessoais de cada um, muitas frustrações, traições,etc. Penso que o título “Discipline of hate” sintetiza muito o momento peloqual o Mundo passa, desse caos todo e da banalização da violência. Vocêvê nos noticiários e morte em tudo quanto é canto, desgraça e ninguém sechoca mais com isso. Eu lembro que há dez anos a coisa era diferente, poisse matavam alguém o pessoal ficava impressionado e hoje em dia se umcara é esquartejado, as pessoas acham isso normal. Eu acho que o títulotem a ver com isso, do lance do ódio que está se tornando uma coisa triviale pra nós o álbum é um grito de raiva contra isso, basicamente.Dick – O título “Discipline of hate” casou com a temática das letras e agente tinha o nome de “Discipline of terror” que a gente bolou nos anos 90e que guardamos na manga para ser uma música ou alguma história daépoca, e não acabamos usando. E como chegamos a ficar na dúvida donome, o Pompeu lembrou do “disciplina do terror” e falou “Cara, isso aquié disciplina do ódio!” e encaixou direitinho com a temática das músicas.Antônio – A essa hora a gente já tinha uma pá de música pronta e caiucomo uma luva!Heros – E a gente estava sofrendo uma pressão para dar o título do CDe ninguém tinha uma idéia. Daí fudeu!Pompeu – Quem... quem... quem chegou com a luz, fala aí, Dick?Dick – Foi o Pompeu, pronto. Aeeeeee (risos dos demais)!NFL – Notei que a esposa do Dick, a Susanne, foi co-autora emuma letra e Justin Sorochaman, que é o tour manager do Korzusparticipa de quatro letras. Falem sobre essas e outras parcerias!

Dick – Desde o “Ties of blood” já vem ocorrendo algumas parcerias,pois chega uma hora que suas idéias ficam flutuando na sua cabeçae o Pompeu teve umas opiniões de outros como ele já teve minhas,do Heros, do Antônio e de outros dentro das músicas, então ajudabastante. E como o Korzus não é só uma banda e sim uma família, hápessoas envolvidas em volta e cada um acaba dando uma idéia evocê absorve ela e acha legal. Minha esposa fez algumas letras, oJustin também colaborou e o Antônio também. É uma questão deparceria. É uma família que ajuda a fazer um trabalho.NFL – Como o Korzus avalia uma parceria para letras de quemnão é da banda, pois sei que tem uma letra que o Vitor Rodrigues,do Torture Squad ajudou a fazer no CD “Ties of blood”?Dick – Na verdade o Vitinho é um amigão da gente e ele veio comuma idéia, mostrou pro Pompeu e ele achou a letra legal, combinou,encaixou num arranjo que a gente tinha e é isso aí.NFL – O estilo ainda é Korzus, mas um pouco mais encorpado enoto muitas semelhanças ao “Mass Ilusion” e ao “Pay for yourlies”, dois álbuns que para mim marcavam uma evolução naqualidade sonora é gráfica do Korzus. Noto que a banda tem fasesque a sonoridade muda em algum aspecto sem se distanciar dosanos 80 e começo dos 90, mas também com muito Slayer. O Slayeré a principal influência da banda, pois nesse CD nota-se muitoisso, principalmente do Slayer de 15 anos pra cá?Pompeu – E porque a gente não pode ser influência pro Slayer (pausa)?NFL – Será que é porque eles não apareceram um pouquinhoantes, embora na mesma época?Heros – Só fez sucesso antes, mas é da mesma época.NFL – Será que não é pensamento de terceiro mundo essa eternacomparação?Pompeu – Será que de repente eles não ouviram nenhum disco nosso efalaram “Vamos fazer uma música assim também!”?Heros – No Monsters of Rock que a gente tocou demos o álbum “KZS”pros caras e no disco seguinte deles tinha uma das últimas músicas queera “Internally” pra caralho!Dick – Tinha a base parecidíssima.Heros – A gente não quer falar que os caras copiaram, mas é igual...Pompeu – Voltando ao que eu queria dizer, são bandas da mesma épocae talvez a gente tenha ouvido o Slayer antes deles terem ouvido a gente,mas é o seguinte cara: cada um tem o seu trabalho. Se você ouvir oúltimo disco do Korzus e o último do Slayer, onde você pode achar quesão iguais? Só no batú-batú-batú... (nota: Pompeu imita uma cadênciarápida e comum para falar da velocidade das duas bandas). Aliás asafinações são diferentes.Antônio – É a raiva que o negócio tem. Tem tudo a ver!Dick – O maior fator dessa questão de Slayer e Korzus é que existe umacoisa chamada inconsciente coletivo. Você tem certas informações queos caras lá do Slayer também tem e alguém no Japão ou em outro lugardo mundo também tem. Então você acaba fazendo um tipo de música eletra parecida, mesmo que você não copiou ou não ouviu. Falar que agente é influência do Slayer? Sim! A gente tem um grande orgulho dissoe acreditar que eles começaram no anos 80 e nós também, só queestamos no Brasil e eles estão lá. O inconsciente coletivo é muito fortenessa situação toda, por tocarmos esse estilo de música. E acredito quea energia que a nossa música passa como composição é parecida coma do Slayer, e não tem como o cara não falar que não é parecido. Semprevai rolar uma comparação, mas Slayer é Slayer e Korzus é Korzus.NFL – Pelo começo da música “Raise your soul” nota-se umainfluência de um Thrash mais moderno também. Tem algo deMachine Head, assim?Heros (olhando pro Pompeu) – Nem é Thrash moderno, cara. É HardRock, bicho. Algo como o KISS, né?Pompeu – Foi de onde veio. A idéia do refrão assim veio lá de trás dosanos 80 de músicas como a “I love it loud” com aquele “ô-ô-ô-ô ow”(Pompeu canta o começo da música). Eu pensei mais nessa música doque qualquer outra coisa.Heros – A gente pensou em fazer um refrão que vai ficar na cabeça dapessoa e não vai sair nunca mais.Pompeu – Exatamente!NFL – E a letra de “Hipocrisia” tem alguma ligação com a música“Peça perdão” do “Ties of blood” já que as duas mandam umrecado claro em português e tocam em assuntos relacionados assensações humanas de erros e menosprezo?Pompeu – Como o nome diz, “Hipocrisia” já diz tudo. Se você foracompanhar a letra dela, vai ver que são todos os momentos em que aspessoas entram em contradição e são hipócritas, como enganar os pais, afamília, ficar falando que você é uma coisa e na verdade é outra, ficarpedindo ou exigindo coisas dos outros que você não faz quando te pedem.

Isso é uma coisa natural do ser humano em qualquer lugar do mundo. Pramim a hipocrisia é uma coisa muito grande, pois estou falando apenas umaparte da hipocrisia, de algumas características dela. Se formos falar dehipocrisia não iria caber numa música de um minuto e meio.Dick – Daí a gente se dedicou mais pro lado da mentira.Pompeu (enfático) – Exatamente! É o lado da pessoa até acreditar naprópria mentira. Mas não tem nenhuma ligação com a música “Peçaperdão”, é um outro assunto completamente diferente, e é naquela pegadamais Punk Rock. É uma música que ao colocar a voz nela me baseeimuito em bandas brasileiras como Ação Direta e Ratos de Porão.NFL – A letra da música “My enemy” sugere que a pessoa pode serinimiga dela mesma. Alguma vez vocês já se traíram seja em queaspecto for, tanto preguiça, falta de segurança, capacidade mentalou física quando achariam que teriam tais capacidades e tinhamapenas a falsa sensação?Pompeu – Com certeza! Penso que todos nós que estamos aqui nessaentrevista, inclusive você, já passamos por isso.Rodrigo – Que atire a primeira pedra quem nunca passou por isso!Pompeu – É isso aí. Isso é uma coisa normal de acontecer com o serhumano em qualquer lugar. É uma coisa muito real.NFL – Agora que a banda terá uma exposição maior no exteriorpelo contrato que fizeram pensam que o público do exterior vaiestranhar o som da banda tão similar ao Slayer? Podem até pensar“Mais uma banda nova fazendo esse tipo de som com 20 anos de‘atraso’?”, pois eles não sabem da história do Korzus e podemnão curtir muito metal brasileiro como tem gringo que curte.Dick – Sobre essa questão que você está colocando, nas resenhas quevem lá de fora sobre esse nosso trabalho, os caras fazem uma levecomparação com o Slayer pela agressividade e intensidade da música,mas a maioria dos críticos e dos entendidos de Heavy Metal enfatizam

Da esq p/ dir: Dick (baixo), Heros (guitarra), Pompeu (vocal),Antônio (guitarra) e Rodrigo (bateria).

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uma coisa, que a banda também é de 1983 e não ficam nos comparandoe nem nos chamam de banda nova. Sabem que somos uma banda antigado Brasil, quase que uma banda cult no Brasil, por assim dizer, e opessoa----l lá fora conhece muito bem a banda. Por incrível que pareçatodos os comentários enfatizam bem isso: “Eles têm a mesma energia doSlayer, mas não são cópias do Slayer!”. É um negócio que a genteachou bem interessante, pois aqui sempre falaram que a gente era cópiae nunca falaram que temos o mesmo pique. Existe um milhão de bandaspor aí e no passado esse título de ser igual ao Slayer ou ser o Slayerbrasileiro era legal, mas hoje em dia não diz muita coisa, pois sabemos arealidade da situação. É interessante saber que o pessoal lá fora conhecea banda e sabe que ela existe há vinte e poucos anos.NFL – Mas me referia aos fãs, ouvintes e não aos críticos.Dick – Sim, mas como hoje temos uma coisa chamada Google, cara,então não tem essa. É Deus no céu e o Google na Terra (Heros começaa rir). Lá tem tudo sobre você e até coisa que você não lembra mais. Ainformação hoje em dia tá muito mais fácil. Na nossa época era tudo nabase do fanzine, da troca de cartas e então ficava difícil. Hoje tá fácil, e apessoa conhece a história da banda.NFL – Vocês gravaram quase vinte músicas e para os lançamentosem cada país ou continente os bônus foram diferentes. Comoavaliaram as escolhas das músicas para cada mercado?Heros – Na real foram dezesseis músicas!Dick – São dezessete se contar a “Guerreiros do metal”Heros – Mas essa vai sair no documentário “Brasil Heavy Metal”. Éóbvio que “Hipocrisia” tinha que sair aqui. A música do vocalista doEktomorf, o Zoltan Farkas, que é a “We are just the same” saiu na Europae gente tinha duas músicas pra escolher pro Japão e Estados Unidos queeram “I´m your god” e a “Power drunk”. A primeira ficou pro Japão e aoutra pros Estados Unidos.Antônio – A gente adoraria que todas as músicas saíssem no CD e naverdade tem uma faixa bônus para cada lugar.Dick – Mas é uma coisa de marketing também.Antônio – Você dá uma atenção especial para cada público e isso fazuma diferença em termos de marketing.Dick – E quem sabe daqui há uns meses, numa próxima edição, ou maispra frente a gente lance todas aqui no Brasil.NFL – Além do Zoltan alguém mais participa de alguma música?Dick – Tem o Silvio Golfetti que participou com um solo numa música queele ajudou a compor em 2006 quando ele ainda estava na banda. Eleajudou a compor “Slavery”, “Power drunk” e tem uma base dele na “I´myour god”.NFL – A banda ganhou um patrocínio da bebida Jagermeister e émais uma banda Jagerband como outras bandas também são. Issoajuda no que a banda? Ter um ônibus exclusivo deles pra rolarbalada parece não ser de muita serventia artisticamente falando. Oueles vão ceder ônibus personalizado pra turnê do Korzus? Sei quetem algo relacionado a um ônibus do Korzus rodando por aí.Pompeu – Eles vão ajudar a gente em relação a flyers, cartazes, apoiosendo que aqui no Brasil a Jagermeister é uma coisa nova. Aqui eles não tema estrutura que eles tem na Europa. Depende de como a bebida vai reagiraqui. Lá fora eles tem até festivais na Europa. Eles patrocinam um festivalinteiro. É aonde as jagerbandas tocam e tem toda uma estrutura pra isso. Éuma coisa nova no Brasil. Eles estão aqui há um ano ou dois e você não querque eles façam um festival aqui num estádio né?! Não é bem por aí!Rodrigo – É uma bebida antiga lá fora. Se você ver vídeos da Copa doMundo de 1974 - se não me engano - eles eram patrocinadores da Copa.É uma bebida muito tradicional na Alemanha e no Mundo Todo, só que noBrasil está começando a chegar agora.

Pompeu – Já está crescendo e a nossa função como uma jagerbandabrasileira é ajudar a marca a crescer e quem sabe num futuro próximo elavenha a fazer no Brasil o que eles fazem na Europa. Nosso objetivo éajudar a marca nisso, em prol do Heavy Metal.Dick – E como a marca também colabora com a banda na parte gráficacomo o Pompeu falou, aonde eles tem distribuição da bebida rola umtransporte pra banda.NFL – Existe a cerveja do Sepultura, mas será que pode surgir acerveja do Korzus?Dick (se adiantando) – Cerveja eu não sei, mas uma pinga braba é bemcapaz (risos)!Heros – Tem cerveja do Sepultura? Eu não sabia!Pompeu – Possivelmente logo mais, vocês vão ouvir falar da cervejaKorzus, sim.NFL - O Korzus está com uma promoção que levará um fã parauma viagem, não é?Dick - Essa promoção é uma parceria do Korzus com o energético MegaEnergy, que vai sortear uma viagem de uma semana com tudo pago napróxima tour do Korzus para Europa, que será anunciada. Para participar éfácil, na compra do CD você entra no site e preenche uma ficha de participaçãoe envia uma frase respondendo “Porque quero viajar com o Korzus?”, juntocom o selo ORIGINAL que está no encarte do CD. As melhores frases serãoselecionadas e serão julgadas por uma comissão de responsa e televisionadapelo programa Stay Heavy. Compre o CD e participe!NFL – Uma coisa que achei estranha e outras pessoas poderãoachar é o fato da banda se produzir e ganhar grana pelo trampofeito para ela mesma, ou seja, Pompeu e Heros ganharam doKorzus para produzir o CD do Korzus, quando a gente pode pensarque como sendo os produtores iam economizar com grana deestúdio. Achei que a banda receberia grana de alguma gravadorapra isso. Não é estranho a banda fazer uma vaquinha para pagaroutros integrantes da banda?Heros – Cara, é o seguinte... a gente não é mais novinho, entende? Eutenho filho, o Pompeu e o Rodrigo também tem, então é uma empresa,cara. Eu e o Pompeu temos o estúdio, o Dick trabalha com backdrops ecada um paga o que tem que pagar. Tá no estúdio paga o estúdio, tem queter backdrop, paga o backdrop. Não dá pra ser festa e temos contas prapagar, né cara?NFL – Mas todo mundo divide os custos e no final você acabapagando a si mesmo?Heros – Sim, sim!Dick – E daí rola aquele lance... Casas Korzus, né cara! Você paga emmil vezes, tem a sua vantagem. É como ele disse, cada um tem seutrabalho. Ele tem o dele, eu tenho o meu... Cada um teu seu formato detrabalhar com sua parte, mas como envolveu a banda envolveu descontos,facilidades, etc. É claro que a banda ia fazer o CD com o Heros e oPompeu, pois é a melhor qualidade no Brasil.Heros – Somos os melhores (risos).Dick – É verdade, cara! Pra gente parece ser o melhor. Eu não conheçooutro que tenha mais capacidade, mas se surgir a gente trabalha comesse outro, assim como se surgir alguém que faça backdrops melhor, agente faz trabalho com a pessoa se der melhores condições. Cada umajudou e tá dentro de casa.Antônio – A prioridade não é trabalhar exclusivamente dentro da bandae para a banda, mas é que na banda temos pessoas competentes tantopara fazer gravação e backdrops, e isso vem a calhar. É isso aí!NFL – Vocês falaram agora que a banda é uma empresa, e o Korzusé uma banda tão importante e boa no cenário quanto outras bandascomo Sepultura e outras mais. Quanto maior a banda, mais visados

ficam para críticas e muitos vão achar que a banda não é maisunderground. Não vão entender as entrelinhas do negócio (todoscomeçam a falar).Pompeu – Olha, olha! O que é underground, cara?Aqui no Brasil é oseguinte cara. Ou você não é nada ou você é alguma coisa, não temesse papo de underground. Ou você vai começando e batalhando comoum louco como a gente fez anos atrás ou você é alguma coisa que aspessoas conhecem. Não tem isso de “underground”. Tem undergroundfora do país!Dick – O underground é quando você tá começando, quando tudo é difícil.Quando você vai engatinhando e vai passando os anos você vaiorganizando o seu trabalho. Esse papo de “underground”... a gente fazum som underground porque não está na mídia popular, está na mídiaespecializada que é o que você faz e outros também. Você também nãoé mais underground, cara! O seu jornal virou conhecido no Brasil. Quandovocê era só conhecido na tua área e em alguns bares é underground.Pompeu – Isso. Só quando teus amigos te conheciam é underground.As pessoas não sabem traduzir do inglês pro português, o que de fato é“underground”, então tudo que é Metal é underground.NFL – Tem gente que parou no tempo e pensa que tem que sersempre assim e não se pode ganhar grana com Metal.Pompeu – Exatamente! A gente vive de Metal e nossos negócios paralelosvivem conforme é o Heavy Metal e a banda. A banda é um motor prosnossos negócios. Se a banda está em alta os nossos negócios estãotodos em alta.Dick – Como o Korzus trabalha pro Metal não só tocando e fazendoserviços paralelos, você também tá trabalhando pro Metal, mantendo osistema vivo do fanzine, com edição de papel. Você não virou umaedição virtual, que é só luz. Então você continua mantendo e você fala:“Pô, eu sou underground!”, mas não, a parada se profissionalizou. Aforma como você vê as coisas e o modo que você apresenta essascoisas, de como você apresenta as bandas pras pessoas, é algoprofissional. Você continua underground de coração! É diferente!NFL – O clipe da música “Truth” teve produção da banda mesmoou o Micka fez tudo na faixa já que ele está produzindo odocumentário “Brasil Heavy Metal” que lançará um vinil com umaregravação de “Guerreiros do Metal” do Korzus?Dick – O Micka tem o trabalho dele, que é a produtora Idéia House, eéramos amigos desde os anos 80 quando ele tocava na banda Santuário,e a gente tocava junto e tal. Ele acabou vendo a banda e falou “Vamosfazer uma parceria? Eu vou fazer um clipe pra vocês” e é claro que agente pagou pelo clipe, que é o trabalho dele, e a produção e direção todado vídeo, as idéias vieram do Micka, porque ele tem uma visão melhordo que a nossa em relação ao vídeo. A gente tem uma visão melhor dosom, a gente tem a audição pra coisa. Ele tem a visão. A gente deixounas mãos dele e o resultado foi super-satisfatório, acima do esperado.NFL – Pela participação que vocês estão tendo desse documentário,vocês estão achando interessante pelo pouco que estão sabendo?Dick – Sim, é bem legal! É uma honra participar do Brasil Heavy Metal.Heros – E pelo que sabemos, é trilha sonora vai ser “Guerreiros do metal”!NFL – Valeu pela entrevista e o espaço é de vocês paraacrescentarem algo, deixar mais frases filosóficas quem sabe...Dick – Qualquer coisa a gente vai se falando na saída e vão surgindonovas idéias, obrigado pelo seu apoio. Você tá no cenário há mais dequinze anos né, quase vinte e pô... é um prazer ter você aqui com agente! E você também é um guerreiro do Metal.Heros – Sempre dando uma força pra gente, a gente agradece muito avocê, cara!Pompeu – Você é um guerreiro do Metal.

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A HORA DA RODA E DOS MOSHES CHEGOU!O quarteto paulista Bandanos é uma banda quevem ganhando mais público a cada dia com seu

Crossover interessante, assumindo na música,no palco e postura, atitudes de uma bandarealmente baseada no conceito do estilo.Confira na entrevista abaixo cedida pelo

vocalista Chris, mais sobre a banda e o mundoque envolve o Bandanos. A banda conta comLuciano Metrankor na bateria, Alex Buch no

baixo e Marcelo Sycopapa na guitarra!

NFL - Fala aí Chris. Você tem banda, já editou zine e jáproduziu ou produz shows como os eventos conhecidoscomo “The Night of the Living Thrashers”. Fale-me umpouco de sua trajetória nesses três aspectos de suavida e de como fã de bandas, zines e frequentador deshows antes de produzi-los. Ah, presumo que você vaicomeçar essa entrevista me agradecendo pelaoportunidade como é de costume, né? Acertei (risos)?Chris - Enfim, NFL ZINE. Momento esse muito aguardadopor minha pessoa. Realmente como sempre, vouagradecer a você pela oportunidade de poder meexpressar aqui em suas páginas, e a todos que estãolendo a mesma... Obrigado! Esse zine é um marco dentrodo underground, resistência em tempos de web, econfesso que estava ansioso pra ver qual seriam asquestões, já que sempre podemos esperar de tudo dassuas perguntas. Não é, não? Acompanho suas ediçõesdesde a época que ainda era em xerox. Pois é mesmoverdade, antes de fazer “música” eu produzia zines nadécada de 90 e também produzia os festivais de bandasHardcore/Grind/Crust na cidade de São Roque e Itapevino interior de SP, região onde morava, e atualmenteorganizo o festival Thrash/Crossover “The Night of theLiving Thrashers” em São Paulo. Posso dizer que estátudo interligado, pois conheci à maioria das pessoasque convivo hoje no cenário musical por meio dos zinesque eu fazia e os festivais que organizava. As própriaspessoas que toco hoje no Bandanos eu já mecorrespondia há anos, pois o Luciano tocava no PrimeOver, o Alex no Rot/Cruel Face, e era responsável peloselo e distro Bucho Discos e fazia zine, e o Papa tocavano Stand of Living que acabei indo tocar posteriormente...Zines são literalmente “mágicos”, eu vi um à primeira vezno colégio, chamava Concreto Armado e logo quis fazer omeu. Eu já disse isso antes, mas eles são a “cenapensando”, nele você conhece a cena pela cena, ou seja,ponto de vistas de gente que vive aquilo e não aquelainformação já meio “pasteurizada” que a imprensa ejornalistas do rock/metal costumam nos dar nas revistasespecializadas (com exceções obviamente). Acredito quesem eles muito do que foi feito no Brasil não teria sidodocumentando, e muitas bandas nem existiriam hoje,pois me lembro de grandes nomes como Dead Fish,Mukeka di Rato, Krisiun, Claustrofobia, Confronto, AçãoDireta e outras respondendo entrevistas em fanzinesmuitas anos atrás e hoje são o que são... Já o “NightThrashers” foi uma “volta ao passado”. Fazer show é muitogratificante, e quando são os “caras das bandas” quefazem show e não produtores escrotos e oportunistas ouainda moleques deslumbrados querendo aparecer prosamigos, as coisas fluem melhor porque NÓS (dasbandas) sabemos o que queremos e precisamos paraas coisas funcionarem... O Leon do Apocalyptic Raidsque veio junto com galera do Farscape em uma dasedições disse isso pra mim e é fato mesmo. Já estamosna quinta edição, e trouxemos bandas de vários lugaresdo Brasil assim como o Doctor Livind Dead da Suécia.Proposta é a mesma em todas as edições: bandasThrash/Crossover de ambas as cenas: Metal e Hardcoretocando junto em festival sem divisões de “tribos”. Esselance de freqüentador de shows também conta, pois coma experiência dos shows que fui, assim como dos queorganizei tento da melhor forma possível, orientar ascoisas junto com Tiago (vocal da banda Grindcore D.E.R.)que é meu parceiro no festival fazer as coisas da melhormaneira. O público é parte mais importante de tudo isso,sem eles não dava pra fazer nem zines, nem bandas,nem discos... Afinal pra quem seriam? Essas coisas nósfazemos pra compartilhar com pessoal e são eles opúblico que fazem que tudo isso continue a se mexer...

Estamos em um momento bem positivo emtermos de público. Bandanos mesmo temtocado em vários estados e lugares em SPe sempre tem público prestigiando oseventos, seja essa molecada thrasheira/crossover punks, crusties ou galerahardcoreana, ou seja, pessoal da antigaque voltou a prestigiar os eventos... Vamosaproveitar então esse bom momento prafazer as coisas ficarem ainda melhores.NFL - Que zines você já produziu e quaisvocê destaca na atualidade e que vocêcurtia e não curte mais?Chris - Os que eu produzi eram o CaosFanzine, Tribal Screams, Satyagraha,Action for Life, e meus favoritos eram oAcademia de Punk Rock, Action for Life,CDC, HC pra mim e pra Você, Ponto deVista Positivo, Demência Zine, InfernalSanctum, Eletrocution, tinha zine doMarcelo Rot também como chamava?Atualmente não acompanho maisprodução de zines, é até mesmo difícil você pegar umem mãos... Pessoal esqueceu o quando é legal fazerum. Quem me jogou um nas mãos outro dia foi RicardoChakal que está fazendo um trampo bem massachamado Criminal Agression senão me engano...Galera hoje curte muito fazer blogs e tal, tem uns bemmassa com entrevistas e sons pra download...NFL - E o que você curte em termos de quadrinhos,cinema, literatura e música que não seja relacionadoao Rock Pesado? Li em algum lugar que você ouveTim Maia por exemplo. É isso mesmo?Chris - HQ´s... É, quando moleque eu fui um grandeconsumidor de Marvel e DC Comics... Acho que comeceilendo muito Tex que foram herdados do meu avô, umverdadeiro aficionado. Depois foram os grandes Heróisda TV, Conan o Bárbaro, Hellraiser, Teia do Aranha, Hulk,Crypta, Spawn, Sandman, Monstro do Pântano, Sin City,Spirit, Metal Pesado. Literatura que eu posso citar: Goethe,Nietzsche, Sun-Tsu, Bukowski, H.P. Lovecraft, Dostoievski,Anton Lavey, Álvares de Azevedo. Cinema vou de GeorgeRomero que tem até música do Bandanos emhomenagem, Quentin Tarantino, Takashi Miike do Japão,Dario Argento, entre outros... Gosto muito de terror, sejatrash ou não dos Gialos e dos cults anos 80/90. Nãotenho visto nada maneiro em cinema em termos de terrornos últimos anos. Música também tem muita coisadiferente que não seja rock... Tim Maia é unanimidade noBandanos. A gente passava o som na Europa com TimMaia e a galera ficava sempre sem entender nada. Gostode muitas outras coisas um pouco de Jazz, Reaggae,Gangsta-Rap. Melhor parar de dizer porque essa galera aíé muito radical e podem querer boicotar a banda! He! He!NFL – O que abordam as letras do Bandanos? A temáticaé mais urbana ou algo que engloba o Mundo Inteiro?Chris - Já disseram que nossos temas são urbanos,não me lembro onde, e acho que não podemos fugirmuito disso já que somos uma banda de São Paulo,mas não posso dizer que os temas também não sejamglobais. Já ouvi uma entrevista do Clemente (Inocentes)em uma rádio que ele dizia que o Punk em SP foi tão forteno início, com muitas bandas surgindo, como em cidadescomo Londres ou Nova Iorque por causa da neuroseurbana que os grandes centros impõem aos jovens declasse média e baixa. Isso é verdade e não acho queseja muito diferente o sentimento que esse excesso deconcreto, barulho, poluição do ar, e toda essa loucura docotidiano não acabem nos influenciando a colocar prafora todo descontentamento com rumo das coisas. Nãosou mais um “jovem”, mas tem coisas que você sente ese incomoda a qualquer tempo ou lugar. Minhas letrasnão seguem um padrão ou lógica, pra falar a verdade euapenas as escrevo geralmente em contextos que nadatem haver com a banda, faço algumas anotações, estejaeu onde estiver, e depois mostro pros caras. Se elescurtirem eu uso senão vai pra gaveta. Tem letra doBandanos que escrevi há quase 10 anos como a “Comas Próprias Mãos” e estou usando só agora, apenasfaço algumas adaptações e por ai vai. Não sou metódicocom essas coisas. Já disse pra eles também fazeremletras que eu cantava na boa. Não me incomodo eminterpretar sentimento de outra pessoa. O Marcelo vocaldo L´Enfer e ex-vocal do Constrito fez uma letra pra gentechamada “Nervos de Aço” e nós até já gravamos...

NFL - Sei de uma música que foibaseada numa treta com uns nazisque rolou num show do Bandanos,mas não que tenha sido com a banda.Como foi isso?Chris - Festival Hardcore de São Paulo.Senão me engano em 2003. Algunsindivíduos que se diziam nazistasapareceram por lá, em um festival comumas mil pessoas presentes, entreelas 80% de punks ou envolvidos comisso, e resolveram querer arrumarconfusão, tirar uma onda e por finalencarar todo mundo. Hostilizaramalgumas pessoas em uma estação demetrô próxima do evento no primeirodia e enfim buscaram pelo final de todahistória que foi o linchamento de doisdeles. Foi uma parada muito sinistracom polícia envolvida e tudo mais, aletra nasce desse incidente trágico. Elatinha outro nome porque a idéia era do

nosso primeiro vocal, eu mantive a idéia e dei uma“releitura” pra ficar mais com a minha cara. É cômico verpessoas defenderem uma idéia como nazismo em umpaís miscigenado como o Brasil, como uma diversidadeabsurda de culturas e povos, onde nem de longe háqualquer possibilidade de supremacia entre qualquerraça sobre a outra. Uma grande estupidez que teve umfinal trágico. Felizmente para eles.NFL - O Bandanos fez uma turnê em 2009 pela Europapassando por onze países e teve uma versão em vinildo álbum “We crush your mind with the Thrash inside”lançada na Europa e Japão. Fale-me da tour, dos bonse maus momentos, das coisas interessantes ouesquisitas que vocês viram e se o álbum tem algodiferente do CD lançado aqui, como algum bônus ouencarte diferente na arte.Chris - Nossa, pra falar da tour eu preciso de umas 3edições inteiras aqui do jornal. Em primeiro lugar, vamosdeixar bem claro que sair em tour pra Europa, não énada demais nos dias de hoje. Foi tudo no esquemaunderground (DIY), sem nenhum selo ou produtoramainstream responsável pela banda, apenas umainiciativa nossa baseada em contatos que tínhamos porlá, em razão dos membros já terem ido com outras ex-bandas, assim como ajuda de bandas/amigos queforam pra lá recentemente. Apenas isso. Nada demais.Eu havia escrito um diário de turnê, com detalhes decada dia do tour com um panorama de tudo que vi egostei, mas por sumária burrice esqueci que haviaescrito nesse caderno e o joguei fora! O que posso dizer,é que foi uma experiência única e que muitas vezes nãotemos noção de que um trabalho que você faz, (muitasvezes não valorizado em seu próprio país da forma quedeveria) atravessou o oceano e tem raízes plantadasnos mais remotos lugares que você possa imaginar. Asbandas daqui são bem conhecidas por lá, e o pessoalrealmente se interessa pelo que fazemos. Tocar emlugares e cidades que você ouve falar pelo nome apenasou lembra de algum disco ao vivo da bandas que vocêcurte gravado por lá. Foi como em um show emTimissoara, na Romênia onde tocamos em um Festivalde bandas e a galera cantavam nossas músicas emportuguês “alienígena” junto com agente, cena essa quese repetiu em muitos países. Foram 30 dias na Europa,tocando todos os dias e sendo muito bem recebido emtodos os cantos com gente ansiosa para nos ver,pedindo músicas pelos nomes e agitandoenlouquecidamente junto com a banda. Lógico rolaramshows ruins, ou shows que éramos apenas mais umabanda no cartaz, mas foi tudo muito recompensador.Vendemos muito merchandising e álbuns. Reencontroscom amigos de várias bandas que já vieram pro Brasiltambém em tour e encontros com pessoas que apenasconhecíamos pela internet... Pra mim os melhoresshows foram na Itália e República Tcheca. Não vejo ahora de voltar de novo... Coisas bizarras tiveram muito,tipo dormir na casa do um Black Metal na Dinamarcacom a casa totalmente lotada de cruzes invertidas,estátuas de demônios pagãos, pictures de bandas BlackMetal e garrafas de uma bebida chamada Viking Blood!Tá bom? Eu me senti em casa...NFL - Nesse momento da entrevista o Violator está emturnê no exterior e o split que seria lançado com eles

No alto, Alex eMarcelo; abaixo, Chris e Luciano

Por Hamilton Tadeu

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e Bandanos, foi adiado para esse ano. O álbum estápara sair? Estou sabendo que eles vão pegar os CDsou vinis no Europa, mas a capa está pronta aqui noBrasil. É isso mesmo?Chris - Esse lançamento já tem mais de um ano deatraso. Nós devíamos ter levado esses discos na nossatour européia do ano passado pra divulgação, mas umaseqüência de infelicidades acabou atrasando e muitotodo desenrolar das coisas. Os discos foram prensadosna Alemanha, ainda no ano passado e as capas eencartes foram feitas aqui no Brasil, apenas à algunsmeses atrás, ou seja, o Violator que divide esse EP comagente ira pegar os discos em Berlin juntar as capascom os vinis e começar a divulgação por lá apenas doshow de Berlin em diante! Ufa! Nem acreditamos quefinalmente teremos em mãos esse nosso material.Gravamos dois sons novos pra ele assim como um coverdo Corrosion of Conformity da música “Kiss of Death”, dodisco Animosity. A capa ficou por conta do artista CraigHolloway que já trabalhou com bandas como AgnosticFront, Hatebreed, Negative Aproach, entre outras. Quemquiser sua cópia escreva logo e reserve a sua.NFL - A banda recebeu ótimas críticas em revistasnacionais voltadas mais para o Heavy Metal como aRock Brigade e a Roadie Crew, que certamentevalorizaram a banda tanto musicalmente como napostura. Esse tipo de pontos a favor mexe com o ego,mas vocês não sobem no pedestal se achandodemais, pois sabem que o negócio é seguir em frente,afinal elogios não colocam comida na mesa né? Essescomentários a favor da banda ajudaram em algo nasvendas ou mais pessoas indo a shows do Bandanos?Chris - Sim lógico. Tudo ajuda a banda. Seja uma notaem um blog ou fanzine de tiragem mínima, alguémsempre irá ouvir falar, ou dar uma lida em algo sobre abanda. Mas acho que o que ajuda mesmo é os shows.As pessoas precisam e gostam de ver as bandas aovivo, isso sim é muito positivo e nos trás muitasexperiências ótimas. Nesses shows que fazemosmuitas grandes amizades e parcerias nasceram e com

certeza outras virão. Mas isso não quer dizer que sairem uma revista com uma boa resenha faça sua bandadecolar. Bandanos é uma banda de que não para. Todosna banda têm seus “trabalhos na vida real”, masconseguimos ou pelo menos tentamos sempre manterum nível razoável de shows por mês assim como estarsempre trabalhando em planos de novos materiais outurnês. Pretendemos ir para Europa de novo em 2011,assim como voltar ao Chile e tocar em outros países daAmérica do Sul, por isso estamos sempre fazendocontatos, enviando materiais, conversando aqui,negociando acolá. Não tem porque achar que estamosacima ou abaixo de qualquer banda aqui no país. Nãose trata de competição, tem lugar pra todas as bandasdesde que você procure trabalhar e agir de forma claracom as pessoas que depositam confiança em você.NFL - Depois que o Metallica começou a compor letrasmais voltadas pra realidade moral e social, as bandasforam entrando na onda, embora os punks fizessemisso há um bom tempo. Hoje há centenas de bandasno Brasil que cantam sobre a realidade apontando oucriticando erros, mas não cantam sobre uma possívelsolução para alguns problemas. O Bandanos quecertamente expõe a realidade em suas letras já cantoualgo sobre alguma solução sobre a sociedade quevocês desprezam mas que fazem parte? Vocêescreve para algum site, blog ou revista dando seuponto de vista do dia-a-dia do ser humano?Chris - Não acho que isso seja mérito do Metallica. Elesjá têm méritos demais pra gente dar mais esse pra eles.Essa pergunta é interessante, pois nos remete a cenaThrash dos anos 80. Todas as bandas em sua maioriacom exceções da ala mais EVIL como Slayer, Venom,Possessed entre outras voltava sua temática mais praletras sociais... Vio-lence, Death Angel, Exodus,Forbidden, Testament, Overkill na Califórnia, assim comoo Nuclear Assault e o Anthrax em NY mandavam ver emtemas políticos sociais, não deixando sombra de dúvidaque o movimento Thrash surgiu num contexto da somada atitude e rebeldia do Puk/Hardcore com a

agressividade e técnica da musica METAL. Nodocumentário “Get Thrashed” assim como na matériasobre Bay Area recentemente publicada em uma revistasuperconceituada no Brasil - a Roadie Crew - todas asbandas entrevistadas citavam suas influências deNWOBHM e de bandas Punk, deixando nítida a forteinfluência do Heavy Metal, mas também do Punk/Hardcoresobre essa cena que nascia. Não tiro também os méritosdas letras do Metallica, mesmo eles tendo feito discostão ruins depois do Black Álbum e ficando ultra-milionários. Querendo ou não eles eram a maiorreferência para todas as bandas desse rolê da Bay Area.Atualmente eles apenas provam o que todos já sabemos:as massas consomem apenas o que é comercial, ecomercial geralmente é lixo pra um público que éabsurdamente exigente com sua música. Se elesfizessem um disco que milhões de pessoas conseguemconsumir/ouvir isso não poderia ser metal. Pessoas quegostam de Metal não é massa. Elas são o gueto. E oMetal é isso. Atualmente não escrevo nem colaboro comnem uma publicação seja escrita ou on-line. Sobre asletras como eu disse antes não seguem um padrão, masacho eu que em canções como “Disputa sem Prêmio”,“Oscar de Melhor Ator”, “Testamento” e “Azul, Vermelho eBranco” está nítida essa face de descontentamento erepúdio aos caminhos da auto-destruição iminente epróxima de nossa espécie (des)humana.NFL - Valeu pela entrevista e de fato você fala muito epelo jeito se você contasse sobre aquela turnê européiapenso que daria mesmo umas três edições do jornal(risos)! E sobre Platterhead ou Splatterhead, eu li semo S num site mas deduzi que poderia ser com S. Bom,ficamos por aqui e a gente se esbarra nos shows. Oespaço é teu e sei que vai ter shows em Sampa e naGrande Sampa em Agosto e Setembro, não é?Chris - Pois é, eu me segurei aqui pra não falar maisainda. Esses veículos de divulgação de idéias tão raroshoje em dia, temos que aproveitar! Obrigado a todosque tiveram interesse na entrevista, esperamos vertodos por aí nos nossos shows. Quem quiser entrar emcontato fique a vontade, nosso negócio é tocar equeremos mostrar a cara em todas as cidades que nosconvidarem. Daqui pro fim do ano tem muita coisamarcada. Embarcamos esse mês pra tão esperada tourno Nordeste. Setembro tocamos em São Paulo duasvezes... Dia 04 no 7 Beer em um Festival de bandasThrash com Cursed Slaughter, Madhouser e outras, edia 25 com Musica Diablo a banda nova dos manos doNitrominds, Threath e o Derick do SEPULTURA nosvocais... Será primeiro show deles em SP e fomosconvidados pra fazer parte dessa festa. Antes disso, emAgosto temos shows em Curitiba dia 14 e Campinasdia 08. Confiram nossa agenda no blog ou myspace.Crossover is back! Thrash till the Bone!!!

No começo dos anos 70 na rua Augusta, no centro deSão Paulo, havia o Cine Marachá, da empresa Havaíonde eu fazia a programação da “Sessão Maldita”, e meconfiaram o cinema para que eu transformasse emcinema de arte. Nessa “Sessão Maldita” havia ummovimento muito grande e ao lado do cinema existia umrestaurante árabe, que devia ser o Augustus, mas haviauma escadinha ao lado do cinema, que ia para uma casavelha e havia uma placa com a famosa frase “Os cãesladram e a caravana passa” e subíamos para chegarnesse restaurante onde ficávamos beliscando ebebendo. Dentre essas pessoas os cantores Jorge BenJor - que na época era apenas Jorge Ben - e o Toquinhoestavam sempre por lá, e apesar de ambos serem damúsica, o Jorge Ben era e ainda é fanático porquadrinhos. Ele lia tudo quanto era gibi e acompanhavatudo aquilo. Quando ele começava a falar de todosaqueles super-heróis, daquelas revistas da Rio Gráficae da Ebal, eu não conhecia a maioria que ele mencionava,mas ele lia tudo. Ele lia tanto, que um leitor denunciouque a música que ele compôs e era um grande sucessodele, foi tirada de uma poesia que foi publicada numadas revistas de super-heróis da Ebal do Adolfo Aizen.Nessas revistas havia textos e não apenas quadrinhos,e numa delas havia uma poesia que tinha a frase “Tododia era, dia de índio”. Foram procurar o Jorge Ben e eledisse que realmente havia lido essa poesia mas pensouque fosse de domínio público. Ele achou a poesia tãoboa que resolveu musicá-la e ele não sabia se tinha umautor, pois na revista não foi publicado o nome do autor,não dizia nada. Esse tipo de coisa mostrou como ele gostava dequadrinhos e como ele acompanhava todas as coisasnesse período. Anos mais tarde eu acabei encontrandoele em Roma e ele estava fazendo um show numa praçadentro de uma tenda e lá estava vários artistas do cinemaitaliano como o comediante Orlando Buzzanca e todosestavam pulando nas cadeiras ali da tenda, pois a música

do Jorge Ben contagia, anima, incendeia as platéias. Muitotempo depois, quando eu estava dirigindo a revista MetalPesado procurei o Jorge Ben e propus para ele fazer umarevista em quadrinhos, mas não acabou acontecendo isso.Ele agora se chamava Jorge Ben Jor, e como ele começoua ser conhecido no Mundo Todo, havia um probleminhanos Estados Unidos, pois havia um cantor chamadoGeorge Benson e toda vez que tocava uma música doJorge Ben nos Estados Unidos, o computador dava comosendo do George Benson e a Sociedade dos DireitosAutorais Norte Americana pediu pro Jorge Ben mudar onome dele para não confundir. Na última vez que vi o Jorge,ele ainda lia histórias em quadrinhos. Voltando a época dos anos 70 sobre a programaçãodo cine Marachá eu resolvi passar o “Submarino Amarelo”dos Beatles numa sessão especial as 22:00 horas e otrânsito parou na Rua Augusta, porque tinha tanta gentena sala de espera do cinema, na calçada e na calçadado outro lado da rua tanto é que os ônibus e carros nãopodiam passar. O jornal “A folha de São Paulo” chegou apublicar uma foto do que tinha acontecido no local. Eutive que passar o filme de novo a meia noite e o pessoalque estava na rua dispersou, voltando para assistir asessão da meia-noite. O Toquinho não era ligado emquadrinhos, mas sempre foi ligado em compor músicaspara crianças e ele tem uma linha excepcional deprodução musical, tanto sozinho quanto com o Viníciusde Morais ou com o Tom Jobim, mas quem era fanáticomesmo era o Jorge Ben Jor. Num desses encontros aliao lado do cine Marachá, eu, Toquinho e outras pessoas,conversávamos sobre quadrinhos e o Ben Jor começoua falar de um quadrinho da Marvel e achávamos que eleestava falando besteira e ele não arrediou o pé.Achávamos que ele estava inventando a história e umtempo depois descobri que ele tinha falado a verdade,tanto é que o Jorge Ben veio mostrando o gibi para dizerque era verdade. Isso mostra o quanto ele lê e entendedos quadrinhos que lê. Naquela época eram encontrossemanais e na época o Ben Jor não estava numatemporada de shows constantemente, mas ele era umapessoa que lia tanto e conhecia tanto que eu mesmonão conseguia acompanhar o que ele lia.

JORGE BEN JOR,O FÃ DE QUADRINHOS

Histórias que o Moya conta... Por Álvaro de Moya

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NFL – Como era e como é o cenário Heavy na Holandade onde você vem? Havia muitos shows? Quais bandasde lá se destacaram internacionalmente?Eric – O cenário era bem agitado, com muitos shows.As bandas da Inglaterra, Alemanha e EUA estavamsempre fazendo turnês e incluindo a Holanda. Não havianenhuma banda que deixava a Holanda de fora das suasturnês e portanto era muito bom. Como está isso hojeem dia eu não sei, porque estou morando aqui no Brasile nem me atualizo com o que acontece por lá.NFL – Como você começou a se interessar porfotografia e como conseguiu seus primeiros trabalhosdentro do cenário Heavy?Eric – Sempre achei a fotografia interessante e compreia minha primeira câmera em 1980, eu acho. Logo, umassemanas depois, rolou um show dos Rolling Stones eentão eu levei a câmera, pulei a cerca da arquibancadae consegui chegar bem em frente ao palco lá no meioda platéia. Eu consegui tirar boas fotos lá, o que meincentivou a levar a câmera para todos os shows emque eu ia... todos de Metal, claro. Nessa época, na minhacidade, estava começando a ser feita a revista“Aardschok” e o dono me pediu para ajudá-lo em algunsshows e tirar fotos, visto que ele não tinha tempo parafazer isso. O resultado ficou bom e aí ele me deixou tirarfotos e me pediu para ir a todos os shows e festivaisque rolavam naquela época.NFL – Como você veio parar no Brasil e porque decidiumorar aqui?Eric – Vim passear uma vez e amei o país, e antes dofinal da minha viagem eu já tinha decidido que eu queriamorar aqui. O clima quente, as lindas praias e aspessoas bem mais amigáveis me convenceram a ficar,e me mudei pra cá ainda no mesmo ano.NFL – Lembro de um artigo na Rock Brigade narrandoa coletiva de imprensa que o Metallica cedeu por voltade 1989 ou logo depois e quando você entrou na sala,o Lars Ulrich ou o James Hatfield comentaram algocomo “Olha quem está aqui!”. Não foi algo assim?Eric – Há! Há! Há! Sim, o Lars olhou para mim e virando-separa o James dizendo: “Caramba! Descemos no paíserrado!” e deu uma risada. Daí é claro que ele queria sabero que eu estava fazendo lá, e foi aí que eu disse que tinhame mudado. Claro que naqueles dias saímos juntos denovo tanto em São Paulo como no Rio de Janeiro.NFL – Você tinha mais acesso ao pessoal das bandashá 20 anos do que hoje em dia e mesmo sendo amigos

do pessoal do Metallica e do Slayer,acaba sendo difícil falar com eles emshows as vezes, não é?Eric – Com certeza, afinal estou morandoaqui no Brasil há 22 anos, sendo queantes eu estava sempre em todas asturnês européias destas bandas,revezando no volante com Tom Araya, porexemplo, como aconteceu na primeiraturnê européia do Slayer. Acabei fazendoamizade com todas as bandas daquelaépoca, como Slayer, Metallica, IronMaiden e por aí vai. Porém, agoramorando no Brasil os contatos ficarammais escassos. Eu não vou para a turnêdeles na Europa e eles quase não tocampor aqui e aí com o passar do tempoacabo tendo pouco contato com eles. Em contrapartidaas bandas mais novas agora estão vindo mais pra cá ecom eles tenho mais contato agora.NFL – Você e Tom Araya, o baixista do Slayer, dividiama direção da van na primeira excursão do Slayer pelaEuropa?! Como era naquele tempo e como foi essaexperiência realmente de amizade?Eric – Há! Há! Há! Sim, eles chegaram na Europa esomente o Tom sabia dirigir - ou pelo menos era o únicoque se habilitou para dirigir - , os outros não podiam.Eles tocaram na Bélgica e uns dias depois no festivalDynamo na Holanda. Ai eu percebi que somente o Tomestava dirigindo. Numa turnê desse tipo é difícil, poisele tem que fazer passagem de som, tocar e em seguidadirigir ainda! Ninguém aguenta! Então, quando eu vi isso,me ofereci para ir junto com eles por uma ou duassemanas. Depois eles foram pra Dinamarca e um amigomeu foi revezando com ele no volante.NFL – Como se deu a mudança de fotógrafo para diretorde gravadora. A Century Media existe no Brasil ainda,pois hoje você está na Dynamo Records?Eric – Como fotógrafo de bandas de Metal eu nãoconseguiria me sustentar e portanto fui procurar fazeroutras coisas relacionadas ao Metal e a música. Econforme estes trabalhos ocupavam mais o meu tempo,acabou não sobrando espaço para continuar tirandofotos e acabei parando. A Century Media Records nãoexiste mais no Brasil, pois a matriz da Alemanha seassociou a EMI e com isso eles fecharam alguns dosseus escritórios como o daqui. Hoje sim estou com aDynamo Records e temos aproximadamente unsduzentos lançamentos na ativa no catálogo ainda.

NFL – Recentemente teve um bate-papo numa das lojas da livrariaCultura em São Paulo, onde você,Andreas Kisser, Ricardo Batalha eSilvio Golfeti comentaram sobre ocenário Heavy atual e no passado.Você até citou que no McDonalds emum país da Europa é comum de seouvir Burzum por exemplo. O quevocê achou do bate-papo em si, aindamais com uma platéia animadafazendo perguntas e comentários otempo todo?Eric – Adorei! Aquele país em questãoé a Finlândia. É incrível como vocêouve Metal em todos os lados e a rádiomais ouvida de Helsinque é uma rádiode Metal, incluindo o Extremo. Masvoltando ao assunto, foi uma iniciativamuito boa da livraria Cultura para darespaço ao Rock e Metal, comlançamento do livro “Heavy Metal, a

história completa” e até organizar aquele bate-papo.Muito boa foi a escolha dos participantes, cada um nasua área. O Heavy Metal continua batalhando econquistando espaços que até há alguns anos eraimpossível de pensar e de conseguir.NFL – Morar em São Roque, uma cidade próxima aSão Paulo com um mini-zoológico, piscina e sempoluição é gratificante?Eric – Muito (risos)! Um sonho. Perto do trabalho maslonge da poluição, no meio da natureza. É tudo de bom!NFL – Quem você acha que gosta de beber mais: vocêou o Kai Hansen (nota: líder da banda Gamma Ray eex-Helloween)? (risos)Eric – Acho que vou chamar ele para uma cerveja paradiscutirmos isso juntos. Há! Há! Há!NFL – Valeu pelo papo rápido, Eric. Deixe umamensagem aos leitores!Eric – Valeu! Muito obrigado pelo espaço e pelo seutrabalho em prol do Heavy Metal. Muito obrigado aosleitores e continuem visitando, lendo e apoiando os zines.Grande abraço!

ERIC DE HAAS: ALGUÉM COM MUITAS CONEXÕES!Vindo da Holanda há mais de vinte anos, Eric de Hass pode ser considerado alguémcom muitas conexões pois além de viajar muito e fazer conexão pelos aeroportos

afora, já foi fotógrafo, motorista de van pro Slayer e conhece praticamente todas aslendas do Heavy Metal dos anos 80. Confira abaixo algumas de suas histórias!

Por Hamilton Tadeu

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ZONA INDEPENDENTE: CD - DDDDDVD VD VD VD VD - demo/single - PUBLICAÇÕES - sites

CDPor Hamilton Tadeu

PUBLICAÇÕESROKO-LOKO E ADRINA-LINA – Heyho let´s go! – Marcio Baraldi está devolta com outra coletânea sua, trazendomuito material para leitura impressos empapel de ótima qualidade e com bastantecor num volume de 52 páginas. É umacoletânea de trabalhos publicados entre2004 e 2006 com HQ´s de uma página eas vezes de duas. No final da revista háuma coletâneas de tiras, todas bemsacadas. Baraldi produz como ninguéme como ele diz na orelha do livro ele éum “work-rocka-holic”, ou seja, umviciado em trabalho e em Rock. As tiradasda coletânea são interessantes, tendo hora um humor simples demais eoutras horas bem sacado e mostrando Roko-Loko em suas aventuras edesventuras pelo mundo do Heavy Metal e suas tentativas de conseguirpelo menos um beijinho da Tarja Turunen, ex-vocalista da bandaNightwish. Quem pensa que é zoação demais com as bandas é porque não entende a homenagem que Baraldi faz tanto com aspersonalidades da música quanto com as bandas e nacionais quanto asinternacionais de forma respeitosa, por isso que ele está onde está.Essa coletânea mostra um passo a mais na carreira e empreitada docartunista marqueteiro que ele é, pois marca o primeiro lançamento deseu selo GRRR! (Gibi Raivoso, Radical e Revolucionário!). Acesse osite do Baraldi www.marciobaraldi.com.br e confira tudo que ele já fezou peça pelos livros dele.

KORZUS – Discipline of Hate – CD tãoaguardado dessa banda paulista depois de6 anos de seu último lançamento, o “Tiesof Blood”, e o que comprovamos aqui éque de fato esse é o melhor lançamento doKorzus até hoje. O disco tá uma porradado começo ao fim e sem baladas, comosempre. É claro que a banda tem várioshinos e músicas marcantes ao longo dosanos, mas este CD está mais encorpado, mais evoluído e com muitasdoses de influências do Slayer de fases diferentes. A bateria de Rodrigoencorpa muito a música e o novo guitarrista, Antonio Araújo, se entrosoubem com a banda. Pompeu canta igual a antes, mas o timbre de sua vozestá pouco diferente de álbuns anteriores, coisa que acontece com eledependendo da fase do Korzus. Dizem que o vocalista que marca a carada banda, mas o estilo de cantar do Pompeu não mudou e esse timbrenão é notável. A banda cuidou muito dessa produção, desde o encarteaté o som, que é o mais importante e ainda o CD traz o clipe da música“Truth” em vários formatos como para celulares e medias players. OKorzus acertou nesse CD que com certeza marcará uma nova e boafase da banda.

THE ORDHER – Kill the betrayers – Abanda gaúcha já recebeu elogios de AlexWebster, baixista do Cannibal Corpse erecentemente abriram o show doBenediction em São Paulo, chamando aatenção do público presente; sendo assim,preste atenção neles que você pode gostardo som dessa banda de Death Metal brutal.A comparação com Krisiun e Morbid Angelna pegada é inevitável e eles conseguem montar riffs bons, interessantese com uma sonoridade maciça convincente e com um estilo compersonalidade. A banda é um trio e sendo assim há apenas um guitarristae quem conhecia o CD anterior lançado em 2007, “Weaponize” vaiachar esse mais intenso. Sabia mais da banda acessandowww.myspace.com/theorderextreme

MAITHUNGH – Lust in the kingdom of god – Banda de Death/BlackMetal com vocais oscilando entre o Blacke Grindcore, ora guturais, ora rasgados.Apesar do disco ter sido gravado no Brasile masterizado na Alemanha, o resultadonão ficou tão elaborado assim, mas ficoucom uma sonoridade cru atraente. NesseCD nota-se claramente influencias do maistradicional e underground Metal Nacionaloriginário dos anos 80, dando a banda um“que” de banda nacional facilmente

reconhecível. A capa é polêmica com uma mulher nua se masturbandocom uma cruz invertida e quase todas as letras falam sobre sexo, coisanão muito comum dentro do estilo, que aborda geralmente outros assuntos.É difícil achar uma ou mais bandas para comparar o som para vocêentender o que eles fazem, mas a banda possui bons riffs rápidos ecadenciados, uma bateria interessante e um pé no Metal tradicional.Conheça-os em www.maithungh.com

CONFRONTO – Sanctuarium – Bandade Thrashcore bem cultuada no undergrounde que no começo do ano fez um showespetacular em São Paulo para a gravaçãode um DVD comemorando 10 anos dabanda. O quarteto carioca mostra em seusdez sons na agressividade lírica de seusom a realidade urbana e política do paísmisturando o Hardcore com peso eagressividade chegando perto do Thrash,mas não é classificado como Crossover. Os riffis da guitarra e suacadência seguida de perto pela cozinha da banda (baixo e bateria),enriquecem-se tendo um vocal apropriado como é o do Felipe Chehuanneste CD. Se o estilo te agrada e você nunca ouviu falar dessa bandacarioca que costuma assolar por onde toca, está na hora de acessar o sitewww.myspace.com/confronto e conhecer a banda, que está saindo parauma turnê na Europa e só retornam no começo de Setembro.

USPÍCIUS – Punkrusp – Coletâneas com34 bandas punks tocando Punk e Hardcoretanto atual quanto no estilo dos anos 70, bemcru mesmo. Há bandas com produção cruacomo os discos dos anos 70 e 80 e outras jáum tanto bem melhores, mas que tocam oestilo Punk 77. Há nomes consagrados dentroda cena punk nacional como Olho Seco,Garotos Podres, Deserdados, DZK eAgrotóxico. A coletânea foi organizada por Xinêz, vocalista e líder da bandaExcomungados, que abre o CD cantando sobre um fato da USP, faculdadecursada por ele e que rendeu algumas letras de músicas para a banda. Praquem se sente bem vendo ou usando visual com um moicano, coturno,roupas rasgadas e pogando muito, coros cheio de “ô-ô-ô” a lá Cólera epoucas notas tocadas repetidas vezes em músicas de quase dois minutosde duração, o CD é uma boa pedida. Para quem acha o estilo Punk-Rockrepetitivo e simples demais, nem chegue perto do CD, mas se é tua praia,essa coletânea vale a pena. Caso queira comprar o CD escreva [email protected]

ENDLESS MASSACRE – Volume III – Coletânea em suma combandas de Death e Thrash, mas também trazendo bandas de Grindcore,e Splatter. Como a coletânea é independente a produção é uma coisa aparte, pois cada banda manda a música pronta gravada por eles mesmose possivelmente que está num CD de cada banda ou prestes a serlançada, por isso algumas produções estão melhores ou mais acertadas

do que as outras. Tem banda que estámais cristalina e outras mais sujas, masnada cru demais. Os estilos vão de umCannibal Corpse da banda Overlock atéum Death trabalhado da banda PsychoticEyes e nomes mais conhecidos docenário underground como ChemicalDisaster, Morfolk (com boas músicas porsinal) e os belgas do Agothocles.Coletâneas sempre são um tiro no escuroem se tratando de bandas undergrounds pouco conhecidas, mas quemapóia o Metal Nacional e curte de montão o estilo tanto quanto ummonstro do Heavy internacional e sempre curtiu coletâneas de qualidade,essa vai ser mais uma que a pessoa vai curtir. Chaosmaster é uma dasbandas interessantes desse volume misturando um Candlemass comCeltic Frost dando um resultado interessante. A banda Corrosivo,cantando em português lembra muito o Claustrofobia. As bandasapresentam estilos que tem por aí a torto e a direito, mas nem por issosão tão chatas ou comuns. A qualidade e sonoridade é tãoa melhor doque certas porcarias que vem lá de fora.Vale a pena procurar pelasmatérias da coletânea na internet e pelos myspaces das bandas queaqui estão e ver se te agrada ou escreva para [email protected]

NFLZINE29.P65 22/07/2010, 01:548