181
Nico Rocha PERCURSO DO ARTISTA PROJETO Nico Rocha PERCURSO DO ARTISTA PROJETO Arquiteto, artista plástico e professor em Poéticas Visuais, Nico Rocha inaugura a primeira exposição do projeto Percurso do Artista. Em seus desenhos e esculturas, o artista dirige uma atenção particular ao processo criativo e à transformação das idéias, sensações e percep- ções em matéria. Nico é gaúcho e ganhou vários prêmios na área. É autor da obra O Peixe, que foi doada para a UFRGS e instalada na entrada do Campus Centro. É também autor do Memorial da Usina do Gasômetro, realizado em 1994, e do Monumento do Acesso ao Estudante, na PUC- RS (1997). FOTO: THEO STORCHI DA ROCHA Architect, artist and Visual Poetics professor, Nico Rocha inaugurates the first exhibition of the The Artist’s Path project. In his drawings and sculptures, the artist dedicates particular attention to the creative process and to the transformation of ideas, feelings and perceptions into matter. Nico is a Brazilian gaucho and won several awards in the area. Is author of The Fish, which was donated to the UFRGS and installed at the entrance of the Campus Center. He is also author of the Usina do Gasômetro Memorial, work conducted in 1994, and of the Monument of Student Access, PUC- RS (1997). Percurso do Artista é um projeto de extensão desenvolvido pelo Departamento de Difusão Cultural da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Através de exposições individuais, a obra e a trajetória de artis- tas-professores da universidade são narradas de forma a construir uma nova relação do público com a história da arte e da vida desses artistas, e também com os espaços culturais da UFRGS. O Percurso do Artista foi pensado, assim, sob duas perspectivas: de um lado, a valorização da trajetória e da obra de artistas profes- sores e, de outro, o resgate de espaços culturais que compõem o patrimônio da universidade. Os conceitos de percurso e de narrativa que identificam o projeto foram pensados com o intuito de instigar um movimento de renovação dos espaços culturais da Universidade, da relação da comunidade com as obras dos artistas, assim como de um sentido de perten- cimento à instituição. O projeto Percurso do Artista atua, sob uma ótica, em uma esfera tangível, através da exposição, do acesso a obras de arte e do contato com o artista em um espaço de memória da universidade. Em outra, contempla o intangível, ao conceber a arte (e de forma mais ampla, a cultura) como caminho para a formação de capital cultural e, em última análise, como instrumento transformador da sociedade. Juliana Gonçalves Mota Coordenadora do projeto Percurso do Artista Departamento de Difusão Cultural – Pró-Reitoria de Extensão da UFRGS The Artist’s Path is an extension project developed by Cultural Diffusion Department of Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Through individual exhibitions, the work and life story of academic artist- professors are narrated to establish a new relationship between the public and the history of art and the life of these artists, and also with the cultural spaces of UFRGS. was thinking, then, from two perspectives: on one hand, to appreciate the history and the work of artists and professors, on the other, to rescue cultural spaces which form the university heritage. The concepts of course and narrative that identifies the project were designed in order to investigate a renewal movement of the university cultural spaces, the relationship between the community and the works, as well as to provide a sense of belonging to the institution. The project operates, from one perspective, in a tangible sphere, through the exhibition, through the access to works of art and through contact with art and contact with the artist in the memory space of university. In another perspective, the project includes the intangible, when it conceives art (and more extensively, culture) as a path for the formation of a cultural capital and, ultimately, as a transforming instrument in society. Juliana Gonçalves Mota coordinator Department of Cultural Diffusion – Rectory of Extension Activities of UFRGS The Artist’s Path The Artist’s Path The Artist’s Path

Nico Rocha . the Artist's Path . UFRGS .BR

Embed Size (px)

Citation preview

Nico R ochaP E R C U R S O D O A R T I S T AP R O J E T O

Nico

R o

cha

PE

RC

UR

SO

D

O

AR

TI

ST

AP

RO

JE

TO

Arquiteto, artista plástico e professor em Poéticas Visuais, Nico Rocha inaugura a primeira exposição do projeto Percurso do Artista. Em seus desenhos e esculturas, o artista dirige uma atenção particular ao processo criativo e à transformação das idéias, sensações e percep-ções em matéria. Nico é gaúcho e ganhou vários prêmios na área. É autor da obra O Peixe, que foi doada para a UFRGS e instalada na entrada do Campus Centro. É também autor do Memorial da Usina do Gasômetro, realizado em 1994, e do Monumento do Acesso ao Estudante, na PUC- RS (1997).

FOTO

: TH

EO S

TOR

CH

I DA

RO

CH

A

Architect, artist and Visual Poetics professor, Nico Rocha inaugurates the first exhibition of the The Artist’s Path project. In his drawings and sculptures, the artist dedicates particular attention to the creative process and to the transformation of ideas, feelings and perceptions into matter. Nico is a Brazilian gaucho and won several awards in the area. Is author of The Fish, which was donated to the UFRGS and installed at the entrance of the Campus Center. He is also author of the Usina do Gasômetro Memorial, work conducted in 1994, and of the Monument of Student Access, PUC-RS (1997).

Percurso do Artista é um projeto de extensão desenvolvido pelo Departamento de Difusão Cultural da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Através de exposições individuais, a obra e a trajetória de artis-tas-professores da universidade são narradas de forma a construir uma nova relação do público com a história da arte e da vida desses artistas, e também com os espaços culturais da UFRGS.

O Percurso do Artista foi pensado, assim, sob duas perspectivas: de um lado, a valorização da trajetória e da obra de artistas profes-sores e, de outro, o resgate de espaços culturais que compõem o patrimônio da universidade.

Os conceitos de percurso e de narrativa que identificam o projeto foram pensados com o intuito de instigar um movimento de renovação dos espaços culturais da Universidade, da relação da comunidade com as obras dos artistas, assim como de um sentido de perten-cimento à instituição.

O projeto Percurso do Artista atua, sob uma ótica, em uma esfera tangível, através da exposição, do acesso a obras de arte e do contato com o artista em um espaço de memória da universidade. Em outra, contempla o intangível, ao conceber a arte (e de forma mais ampla, a cultura) como caminho para a formação de capital cultural e, em última análise, como instrumento transformador da sociedade.

Juliana Gonçalves Mota

Coordenadora do projeto Percurso do ArtistaDepartamento de Difusão Cultural – Pró-Reitoria de Extensão da UFRGS

The Artist’s Path is an extension project developed by Cultural Diffusion Department of Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Through individual exhibitions, the work and life story of academic artist-professors are narrated to establish a new relationship between the public and the history of art and the life of these artists, and also with the cultural spaces of UFRGS.

was thinking, then, from two perspectives: on one hand, to appreciate the history and the work of artists and professors, on the other, to rescue cultural spaces which form the university heritage.

The concepts of course and narrative that identifies the project were designed in order to investigate a renewal movement of the university cultural spaces, the relationship between the community and the works, as well as to provide a sense of belonging to the institution.

The project operates, from one perspective, in a tangible sphere, through the exhibition, through the access to works of art and through contact with art and contact with the artist in the memory space of university. In another perspective, the project includes the intangible, when it conceives art (and more extensively, culture) as a path for the formation of a cultural capital and, ultimately, as a transforming instrument in society.

Juliana Gonçalves Mota coordinator

Department of Cultural Diffusion – Rectory of Extension Activities of UFRGS

The Artist’s Path

The Artist’s Path

The Artist’s Path

Nico R ochaP E R C U R S O D O A R T I S T AP R O J E T O

Equipe Exposição

Reitor

Carlos Alexandre Netto

Vice-Reitor e Pró-Reitor de Coordenação Acadêmica

Rui Vicente Oppermann

Pró-Reitora de Extensão

Sandra de Fátima Batista de Deus

Vice Pró-Reitor de Extensão

Ângelo Ronaldo Pereira da Silva

Diretora do Departamento de Difusão Cultural

Claudia Boettcher

Coordenadora do Projeto Percurso do Artista

Juliana Mota

Equipe do Departamento de Difusão Cultural

Carla BelloEdgar HeldweinLígia PetrucciSinara RobinTânia Cardoso

Bolsistas

Laura GalliLia de OliveiraRenan SanderRenata Signoretti

Mediação

Glenda Barbosa Soares Simone Cristina Rodrigues

| Exhibition Team

Rector

Vice-Rector and Prorector of Academic Administration

Pro-Rectory of Extension

Vice Prorector of Extension

Directory of Department of Cultural Diffusion

Coordinator of Percurso do Artista Project

Department of Cultural Diffusion

Scholarship Students

Mediation

Design Gráfico

WildStudio

Projeto Museográfico

Ceres Storchi

Projeto de Iluminação

Fernando Ochôa

Montagem

Alexandre Moreira Marcelo Moreira

Equipe Catálogo |

Design Gráfico

Flávio Wild

Tradução e Revisão do Português

Enéias Farias Tavares Fotografias

Theo Storchi da Rocha Martin Streibel Stefano Ferragni Gianni Mari Paolo Vandrash Nico Rocha

Edição de Imagens

Nico Rocha WildStudio

Impressão

Real Colors Gráfica

Graphic Design

Museum Exhibit Design

Lighting Project

Exhibition Assistance

Catalogue Team

Graphic Design

Translation and Portuguese Revision

Photos

Image Editing

Printing

Projeto Percurso do Artista (2010 : Porto Alegre, RS)

Projeto Percurso do Artista : Nico Rocha / [catálogo da exposição organizada pelo Departamento de Difusão Cultural da UFRGS; artista Luiz Antônio Carvalho da Rocha]

Porto Alegre : UFRGS, 2011.

188 p. : il., color. 1. Artes plásticas – Brasil – Escultura. 2. Arte – Exposição. I. Rocha, Luiz Antônio Carvalho da. II.Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Departamento de Difusão Cultural

CDU 730(81)

Catalogação-na-publicação: Biblioteca Central/UFRGS

Nico R ochaP E R C U R S O D O A R T I S T AP R O J E T O

Proj

eto

‘Per

curs

o do

Art

ista

’ |

|

Nic

o R

ocha

‘The

Art

ist’s

Pat

h’ P

roje

ct

10

Uma das missões da Pró-Reitoria de Extensão, através do Departamento de Difusão Cultural, é

difundir obras de cultura à comunidade. Desta forma, a exposição Percurso do Artista buscou em

2010 narrar a história de Nico Rocha – escultor e professor do Instituto de Arte da UFRGS, membro

da comunidade universitária.

Ao convidá-lo para inaugurar o Percurso do Artista, nossa preocupação foi a de permitir que

diferentes leituras fossem possíveis de ser feitas pelos visitantes. O desafio proposto ao artista era

uma exposição complementada pelo detalhamento do processo criativo, elemento sempre ausente

das mostras mas essencial para a Universidade. Isso porque os equipamentos culturais são espaços

ricos em aprendizagem, permitindo que o saber acadêmico e o saber artístico estejam articulados e

decodificados para serem apropriados pelo público.

O catálogo que agora lançamos é o registro do trabalho escultórico, com as transformações da

matéria em operação e com as interpretações que a obra suscita. Luiz Antônio Carvalho da Rocha –

que assina Nico Rocha – apresenta nestas páginas toda essa evolução da ideia à obra de arte,

salientando em todos os momentos que a obra de arte faz parte de um processo e que este

desenvolvimento é o principal elemento de criação.

Sandra de Deus

Pró-Reitora de Extensão da UFRGS

11

Apr

esen

taçã

o |

Pre

sent

atio

n

One of the objects of UFRGS Rectory of Extension, in partnership with the Cultural Diffusion Department, is

diffusing cultural events to community. For this reason, in 2010, the exhibition 'The Artist’s Path' objectified to report

Nico Rocha’s history – sculptor and professor at UFRGS Arts Institute and member of the academic community.

When we invited him to initiate the ‘The Artist’s Path' exhibition series, it was our concern to make possible to

visitors perceive different readings of his works. This challenge demands to Rocha an exhibition complemented by his

creative process explanation, an element often absent in these events, but essential to the university context. We

defend this point of view because cultural instruments are reaching spaces of learning; spaces which permit the

academic and artistic knowledge to be articulated, comprehended and appropriated by the public.

The catalogue that we publish in this moment is a sculpture work register, with its transformations of substance

in action and with the interpretations that work stimulates. Luiz Antônio Carvalho da Rocha – who assigns Nico Rocha

– presents in these pages the evolution from idea to work of art, accentuating in every sentence that the work of art is

part of a process and that this development is the main element of creation.

Sandra de Deus

Rectory of Extension Activities Dean of UFRGS

A disciplina do deslocamento

The discipline of displacement

Flávio Gonçalves

Sobre processo e pensamento

On Process and Thoughts

ExposiçãoPercurso do Artista

‘The Artist’s Path’ Exhibition

Nico RochaSala João Fahrion | UFRGS

15 30 45

Sumário Summary

Genealogias e Cronologia

Percurso dos Trabalhos

Linha de Trabalhos

Esculturas Esculturas Públicas

Descrição dos trabalhos | Check list

84 94 168

182

Genealogies and Cronology Course of Works | Sculptures Public Sculptures

A disciplina do deslocamentoFlávio Gonçalves

Who wants to analyze a subject must see things from the “inside”.

Surrounding is not enough; the observer needs to penetrate in

another practice, in another way of thinking (which, in this case,

has the greatest opening of signification, the poetics). However,

sometimes the observer can also be an artist, what signifies a

displacement even further, since we have to leave a practice in order

to enter in another one. Alberti, in his De pictura, initially presents the

complexity of this task by suggesting that to investigate a particular

practice demands to carry the tools of another practice – what it is

a matter of method. It is not by chance that the author starts with

mathematics, an intersubjective foundation that helps him to evoke

the subjectivity of the painting.

15

A d

isci

plin

a do

des

loca

men

to |

The

dis

cipl

ine

of d

ispl

acem

ent

Debruçar-se sobre uma produção em arte é como entrar no mundo do outro, de regras

distintas e ocultas. Aquilo que nos parece ao outro se estranha. Diz-se que o artista é o criador de um

mundo (ou de seu iconoclasmo). Um mundo onde a significação ganha para si um labirinto, e onde

trabalho, estratégia e invenção ganham o nome de obra. Criar um mundo é propor um princípio de

realidade, ou interpretá-la de algum modo, ao modo da arte.

O primeiro deslocamento a ser realizado quando se pretende falar sobre uma produção em

arte é deslocar a posição de observador para mais perto. Quem quer analisar deve estar de algum

modo “dentro”. Não basta apenas acercar-se, mas há que se penetrar numa prática, numa forma de

pensar (que, nesse caso, possui a maior das aberturas, a poética). Pode-se, como é o caso do autor

deste texto, ser ele mesmo um artista, o que significa deslocar-se ainda mais, pois temos que

deixar uma prática para adentrarmos outra. Alberti, em seu De pictura, fala-nos inicialmente da

complexidade dessa tarefa, pois para adentrarmos uma prática devemos portar as ferramentas

de uma outra – questão de método. Não por acaso ele começa pela matemática, uma base

intersubjetiva que o ajuda a evocar a subjetividade da pintura.

The discipline of displacement

To analyze a production of art is similar to enter in a world

of Other, in a world of distinct and hidden rules. What is familiar to

us is strange to the other. It is said that an artist is a world creator

(or a creator of his/her own iconoclasm). In this created world the

signification receives its own labyrinth and the works, strategies and

inventions receive the name of artworks. To create a world is either to

propose a principle of reality or to interpret this very principle in a

different way, an artistic way.

The first displacement when we intend to talk about a

production of art consists in moving the observer to a closer position.

Proj

eto

‘Per

curs

o do

Art

ista

’ |

|

Nic

o R

ocha

‘The

Art

ist’s

Pat

h’ P

roje

ct

16

Here, we are going to discuss the construct of a sculpture

whose drawing is the basic indication of its development, as the artist

himself affirms. Nico Rocha’s drawings provide spaces which emerge

on paper sheets as much as on other materials proper to generate

surfaces and volumes. This dynamic use of the drawing and sculpture

structural logic crossing the boundaries between languages seems to

be a product of the artist’s intimacy with the project. The emphasis

given here to sculpture or drawing tries to, on the one hand, follow a

tradition that Nico Rocha’s production does not detach itself from its

original proposed matters, and on the other hand, to reaffirm the

phenomenological foundations of both practices. The work observed

as actions exceeds the conception of specific languages (the verb 'to

cut', for example, can refer to several manifestations).

Trataremos aqui de uma produção em escultura que tem no desenho uma matriz

básica de seu desenvolvimento, como o artista mesmo afirma. Seus trabalhos formam

espaços tanto na folha de papel quanto nos materiais próprios a gerar superfícies e volumes.

Esse tratamento dinâmico da lógica estrutural do desenho e da escultura, cruzando fron-

teiras entre as linguagens, parece ser fruto da intimidade do artista com os devires do

projeto. A ênfase dada aqui à escultura ou ao desenho procura, de um lado, respeitar uma

tradição da qual a produção de Nico Rocha não se distancia pelas questões que propõe e,

de outro, reafirmar a fundamentação fenomenológica de uma prática e outra. O trabalho

visto como ação transborda a concepção de linguagens específicas (o verbo “cortar”, por

exemplo, pode ser referido a uma diversidade de manifestações).

A remissão que fazemos aqui ao diagrama, ao desenho e à escultura visa a dar

estrutura à análise que se seguirá dos trabalhos de Nico Rocha. Como afirma o artista, “Fluxo 1sem a possibilidade de recursividade não existe.”

I

Um diagrama é um plano que traz à luz suas conexões. Ele tem, assim, o valor de

demonstração por meio de uma organização esquemática de sentidos abstratos. A forma

comum é o gráfico, mas, em seu sentido mais amplo, usa tempo, espaço e outros materiais

abstratos como componentes. Um diagrama põe as ideias em plano; ele parece nos propor:

The mention that we made here to diagram, drawing, and

sculpture, intends to provide a structure for the following analysis on

Nico Rocha's works. As the artist states, “There is no stream without 1 the possibility of recursion.”

I

A diagram is a plan that brings into light its connections. Then,

it has a value of demonstration through a schematic organization

of abstract meanings. Its common shape is a graphic, but in a

wider sense, a diagram makes use of time, space, and other abstract

materials as compounds. A diagram lay down ideas into plan. It

seems to invite us: “see how I think”. A diagrammatic structure

17

A d

isci

plin

a do

des

loca

men

to |

The

dis

cipl

ine

of d

ispl

acem

ent

“veja como penso”. A estrutura diagramática tanto segue o desenvolver de uma ideia a

autorregulando e moldando, como se refere a ela como rememoração do que foi já concebido

pela mente.

Dar visualidade ao pensamento, forma à reflexão, pressupõe uma base comum entre

uma instância e outra, mantendo unidade de sentido entre imaginação e demonstração.

Charles Peirce é quem nos propõe de forma mais direta essa conexão entre diagrama

e mente. Ele propunha que nossa mente é diagramática, pois pensamos de forma análoga

ao sentido estrutural de um diagrama, estabelecendo conexões e produzindo estruturas

significativas a partir de conteúdos heteróclitos. Um raciocínio diagramático, para ele,

ilustraria o esforço em organizar e apresentar de forma intuitiva em nossa imaginação ideias e

teorias nascentes. Isso se daria pois um diagrama opera por semelhança. Nossa mente seria

assim icônica em sua forma elementar de estruturação, logo diagramática e em contínua

operação de conexão, de relação e substituição, seguindo um fluxo inexorável que tem no

tempo seu paradigma fundamental. Representar seria, nesse contexto, substituir através de

estruturas sensíveis, um conteúdo sensível prévio que nossa imaginação concebe. Um

diagrama demonstra de forma objetiva o poder dessa substituição. Dizer que nossa mente é

diagramática corresponde a dizer que pensamos através de imagens, de representações. A

reflexão de Peirce a respeito da estrutura diagramática de nossa mente tem a matemática

como exemplo, a mais abstrata das ciências segundo ele. Mas Peirce amplia esse en-

tendimento a outras esferas quando associa ao poder do pensamento diagramático a

fecundidade criativa da busca por soluções, aliando a isso o próprio pensamento artístico:

develops ideas by self-regulating and reshapes them as much as

remembrances of what has been earlier conceived by mind.

To give visual shape to thoughts, to give form to reflections,

demands a common ground between one instance and another, is

what keeps unity of meaning between imagination and demonstration.

Charles Peirce is that one who proposes in a directly way this

connection between diagram and mind. He suggested that our mind is

diagrammatic because we think similarly to the structural sense of a

diagram and, consequently, we establish connections and provide

significant structures from heteroclitic contents. According to him, a

diagrammatic reasoning would illustrate the effort to intuitively put in

order and to present in our imagination ideas and rising theories. This

would happen because a diagram operates through similarity. Our

mind could be considered iconic in its elementary way of structuring

and for this reason it is a diagrammatic one for its continuous working

operations of connection, relation, and replacement, following a

relentless stream of thoughts which has in time its fundamental

paradigm. From this perspective, to represent would mean to

substitute, through sensitive structures, a previous sensitive content

that our imagination conceives. A diagram demonstrates objectively

the power of this replacement. To say that our mind is diagrammatic

corresponds to say that we think through images, through dia-

grammatic representations. Peirce's reflections on diagrammatic

structures in our minds can be illustrated by mathematics, the most

abstract of the sciences according to him. However, Peirce expands

associations to this understanding to another spheres by relating the

Proj

eto

‘Per

curs

o do

Art

ista

’ |

|

Nic

o R

ocha

‘The

Art

ist’s

Pat

h’ P

roje

ct

18

“O trabalho do poeta ou do romancista não é muito diferente do trabalho do homem de

ciência. O artista introduz uma ficção, mas esta não é uma ficção arbitrária, pois exibe

afinidades que a mente aprova declarando que elas são belas; o que releva da mesma

espécie geral, sem que isso signifique dizer que a síntese é verdadeira. O geômetra traça

um diagrama que é, senão exatamente uma ficção, ao menos uma criação, e a observação

desse diagrama o torna capaz de sintetizar e de mostrar as relações entre os elementos que 2

pareciam não possuir anteriormente qualquer conexão necessária entre eles.”

3O desenho foi considerado, desde as suas primeiras teorizações, como sendo a prova do artista;

a demonstração de sua capacidade de reproduzir o visível e o sensível graficamente. Sua proximidade

conceitual com o diagrama está relacionada a concepção do desenho como expressão das ideias.

Uma expressão que era comum da mesma forma à geometria, e à perspectiva, por conseguinte. Como

prova, o desenho se mostra imediato e direto; um exercício cuja facilidade de acesso aos meios torna

próprio para a demonstração do mais simples dos projetos. Em consequência, aliamos ao desenho a

ideia de projeção, um lançar à frente das ideias. No mesmo sentido, diz-se que o desenho é tensionado 4 pelo desejo, um desejo de dar forma a nossa visão de mundo ou a nossas sensações.

O raciocínio diagramático encontra no desenho uma expressão privilegiada por sua capacidade

de tornar visível finas abstrações da mente; abstrações que descrevem estruturas, percursos e que

têm na cartografia uma das mais audaciosas empresas: projetar o todo que nos envolve, atualizando a

cada momento nossa presença nele. A essas duas naturezas falamos da dimensão conceitual e 5grafológica do desenho para fazer a separação entre concepção e concreção.

power of diagrammatic thought to the creative fertility of the search

for solutions, associating it the artistic thinking itself:

“The work of the poet or novelist is not so utterly different from that of the

scientific man. The artist introduces a fiction; but it is not an arbitrary one; it

exhibits affinities to which the mind accords a certain approval in

pronouncing them beautiful, which if it is not exactly the same as saying

that the synthesis is true, is something of the same general kind. The

geometer draws a diagram, which if not exactly a fiction, is at least a

creation, and by means of observation of that diagram he is able to

synthesize and show relations between elements which before seemed to 2

have no necessary connection.”

Since its first theorizations, drawing was considered the proof 3of the artist , a demonstration of his or her ability to graphically

reproduce the visible and the sensitive. Its conceptual proximity to

diagrams refers to the conception of drawing as expression of ideas.

This expression was just as common to geometric shapes and,

consequently, to perspective. As proof, drawing shows itself to be

immediate and direct; easily employed to its wide range of access,

which makes it suitable for demonstrating the simplest projects. As a

consequence, we relate drawing to the notion of projection, to the

notion of throw out ideas. Similarly, it is said that drawing is tensioned 4by desire, a desire for giving shape to our view of the world or to

our feelings.

Diagrammatic logic finds in drawing a privileged expression

by its capacity of making visible the subtle abstractions of mind.

These abstractions describe structures and paths, and they have in

cartography one of the most auspicious accomplishments: projecting

the whole around us, continuously updating our presence in it.

19

A d

isci

plin

a do

des

loca

men

to |

The

dis

cipl

ine

of d

ispl

acem

ent

A escultura, de outro lado, funda sua práxis na tangibilidade de suas concepções. A

construção da forma não é apenas a expressão de um esquema, mas a proposição de uma

presença, de um corpo possível que estabelece relações com seu entorno e com o próprio

corpo do observador, o que demanda deste um investir-se com seu próprio corpo, como

numa confrontação. A materialidade do desenho remete às ideias, enquanto a presença da

escultura remete à ação, como tal uma antiga concepção afirmava dois processos distintos 6de sua elaboração: opera-se por subtração ou por agregação.

Como disciplina, a escultura trata de aspectos mais voltados à experiência

fenomenológica do nosso corpo no mundo: peso, gravidade, equilíbrio, massa, vazios e

cheios. A negação ou superdeterminação desses fatores parece constituir sua poética

num sentido mais direto: o que afeta os corpos de forma geral afeta a escultura e conforma 7o pensamento em relação a sua prática.

Existem escultores que não admitem estudos preparatórios em desenho, pois

alegam que isso afetaria a natureza de sua concepção. Nessa posição de pureza, a

transação entre a concepção e a obra se daria sem o ensaio projetivo do desenho. Estrutura

nasce de estrutura, forma de matéria, o que nos coloca diante de um tipo de pensamento

distinto daquele da ordem gráfica, em que o direto substitui a transação do projeto. A ação

direta da escultura não elimina contudo o ensaio, o desvio ou a hesitação.

Outros artistas cultivam ambas as práticas. Nesse caso, a disciplina gráfica de um

escultor é tanto invenção do possível quanto promessa de concreção. Giacometti é um

Outside the matter restrictions, the existence of a diagram seems to

be unlimited in the world of the ideas. For these two natures we talk

about conceptual and graphological dimensions of drawing, doing a 5distinction between conception and concretion.

Sculpture, in other hand, grounds its practice in the tangibility of

its conceptions. The construction of a shape is not only the expression

of a scheme, but the proposition of a presence, and the proposition of a

possible body that establishes relations with its surroundings and with

the observer's own body. As a result, it is demanded from observer

to devote his/her own body, as if a confrontation. The materiality of

drawings refers to ideas, while the presence of the sculpture refers to

actions. This affirmation combines with an ancient conception that

established two distinct processes of elaboration: it is either possible 6to operate by subtraction or by aggregation.

As a discipline, sculpture addresses to aspects more focused

on the phenomenological experience of our body in the world: such as

weight, gravity, balance, mass, emptiness and replete. Denying or

emphasizing any of these factors seems to build the poetics in a more

direct way: in general what affects bodies also affects sculpture and 7conforms the thought to its practice.

There are sculptors who will not admit preparatory studies

of drawing, since they claim this would affect the nature of their

conception. In this position of purity, the transaction between

conception and artwork would occur without the projective test

of drawing. Structure arises from structure, and shape from matter.

This formulation confronts us with a different kind of thought from

that one of a graphic order, in which the project’s transaction is

replaced by the straight one: where there are inscriptions, there are

Proj

eto

‘Per

curs

o do

Art

ista

’ |

|

Nic

o R

ocha

‘The

Art

ist’s

Pat

h’ P

roje

ct

20

exemplo de artista que transitava entre desenho e escultura, possuindo uma obra gráfica marcada pelo

sentido estrutural e construtivo do desenho, fruto de seu treinamento em desenho junto ao atelier de 8um escultor . Com efeito, seus desenhos possuem pouca sinuosidade ou extensão em suas linhas;

porém, uma fratura constante como se o material a fazer as marcas fosse o cinzel e não o lápis. A folha

de papel era trabalhada por ele como uma área de escavação (“Desenhar é fazer buracos no vazio”), ou

como uma construção em busca de volumes, lapidando a figura como se fosse um sólido. Como afirma

Didi-Huberman, “Desenhar equivale a construir e construir equivale a tornar o volume adequado onde 9uma figura possa ser capaz de se inscrever e habitar”. De um espaço para a projeção (e a abertura que

esta encena), o suporte se torna uma morada para a figura.

O pensamento tridimensional e estrutural da escultura não apenas dispõe o seu objeto, mas o

gera (e o revoluciona) em consideração a sua posição no espaço atual. Posição aqui colocada não como

coordenada ou disposição, mas como afirmação de uma ideia do que seja a escultura em si e a maneira

como esta se estabelece em relação aos registros arquitetônicos e contextuais em que se insere. Disso

em muito resultam as considerações sobre como espaço e escultura se afetam mutuamente:

“O que significa fazer escultura para você agora? Serra já havia sugerido uma definição de

escultura: que ela motivava um corpo e enquadrava um lugar numa disposição em paralaxe entre

os dois. Mas ele também posicionava escultura entre dois outros termos: oposto à pintura de um 10

lado e crítico da arquitetura de outro.”

projections. The direct action of sculpture does not eliminate,

however, the test, the deviation, or the hesitation.

Other artists cultivate both practices. In this case, the

sculptor's graphic discipline is not only an invention of possible, but

also a promise of concretion.

Giacometti is an example of an artist who transited between

drawing and sculpture. His graphic artwork distinguished by its

structural and constructive sense of drawing, a product of his training 8in drawing in the atelier of another sculptor . Indeed, Giacometti's

drawings have little sinuosity or extension in its lines; but they are

rather a constant fracture which works as if his material to sculpt

were a chisel, not a pencil. The sheet of paper was arranged by him as

an excavation area (“To draw is to make wholes on emptiness”), or as

a construction that is looking for volume, lapidating the figure as if it

were a solid object. As Didi-Huberman states, “Drawing corresponds

to building, and building corresponds to creating the proper volume 9where a figure may be able to inscribe itself and inhabit.” From a

space of projection (and the opening that this figure enacts), the

support becomes a dwell for the figure.

Sculpture's three-dimensional and structural thinking not only

disposes its object, but also generates it (and revolutionizes it) in

regard to its current position in space. Position is not understood here

as coordinated or as disposition of place, but as assertion of an

idea considering what a sculpture is in itself; and also considering the

way this idea settles in relation to other architectural and contextual

inscriptions. Considerations on how space and sculpture affect each

other are a result of this:

21

A d

isci

plin

a do

des

loca

men

to |

The

dis

cipl

ine

of d

ispl

acem

ent

II

Nico organiza suas ideias a partir do que chama Esquemas, como “O pensar e o pensar-fazer

versus matéria” [1], representando fluxos de conceitos e suas esferas de ação no seu processo de

trabalho. Esses diagramas parecem ser criados com a mesma liberdade poética de suas escul-

turas, descrevendo diferentes níveis de concepção do trabalho (e de sua fabulação). À primeira

vista, eles serviriam a demonstrar uma dada situação, mas seu estado movente torna necessário

um diagrama subsequente (às vezes sobreposto ao primeiro), e assim sucessivamente. Em seu

conjunto, esses diagramas reforçam mais o impulso do processo de estabelecer conexões e de

projetar estruturas do que uma intenção sintética. Sua interpretação só pode ser intuída dada

a grande latitude dos conceitos apresentados e de suas múltiplas conexões. Para o artista,

esses esquemas possuem uma função ambígua, ora são reflexão sobre o processo, ora desenhos

independentes. Sua existência reforça, contudo, a importância dada aqui ao pensamento dia-

gramático em sua poética.

1

“What does making sculpture mean to you right now? Serra has already

suggested one definition of sculpture: that it motivate a body and frame a

place in a parallactic relay between the two. But he also positions sculpture

between two other terms: opposed to painting on the one hand, and critical 10

of architecture on the other.”

II

Nico organizes his ideas from what he calls Schemes, such as

“Thinking and thinking-and-making versus matter” [1], representing

streams of concepts and their range of action in the artist's working

process. These diagrams seem to be created with the same poetic

freedom of his sculptures, describing different levels of the working

process (and its fabling). At first sight, they were meant to be used for

a definite situation, but their changing condition demands a necessity

of a subsequent diagram, which sometimes overlaps the former

diagram, and so on. Taken together, these diagrams mainly reinforce

the impulse of the process in establishing connections and in

projecting structures, instead of reveal a synthetic intention. Their

interpretation can only be perceived due to the wide range of meanings

of the presented concepts and their multiple connections. For the

artist, these schemes are provided with an ambiguous function,

sometimes they are reflections about the process and sometimes they

1. Esquema do Fazer, Pensar-fazer e da Matéria, 2007

Proj

eto

‘Per

curs

o do

Art

ista

’ |

|

Nic

o R

ocha

‘The

Art

ist’s

Pat

h’ P

roje

ct

22

A transação entre essas duas linguagens distintas [desenho e escultura], porém

altamente complementares, caracteriza o trabalho de Nico Rocha, fazendo com que operações

próprias de uma linguagem sejam aplicadas à fatura da outra – e vice-versa. Assim, uma

escultura pode ser recortada, ampliada, costurada, planificada (canibalizada, enfim), gerando, a

partir da mesma abertura conceitual do desenho, outros trabalhos que vão se conformar às

tensões específicas do espaço onde se instalam.

Os materiais utilizados para a sua construção guardam qualidades próprias do pen-

samento gráfico, fazendo com que a abordagem e as ações realizadas constituam um espaço

em comum entre uma linguagem e outra: arames, canos e malhas permeáveis que deixam

entrever a forma como se estruturam. Um corpo que expõe sua gênese.

Os trabalhos se referem a assuntos caros à escultura, opondo gravidade e equilíbrio, pesos

e estruturas. São proposições em suspensão, formas que revolucionam em espirais, em tubos. E

alguns de seus títulos remetem a essa natureza volátil: chaminé, vórtice, onda, cartografia,

deslocamento. Como estruturas que se inscrevem no espaço, os trabalhos, em sua maioria,

giram em torno de seu eixo e se desdobram suspensos no ar. Uma suspensão que equivale a uma

levitação. Coisas sem peso levitam. Como desenhos, por exemplo (Louise Bourgeois chamava

seus desenhos de “pensamentos-pluma”, leves e desprendidos). Essa forma de operar surgiu

como um modo de se trabalhar por todos os lados, revolucionando a escultura sobre seu eixo,

testando o equilíbrio de suas partes.

are independent drawings. However, these reflections emphasize the

importance here attributed to diagrammatic thinking in its poetics.

The transaction between these two distinct but extremely

complementary languages [drawing and sculpture] characterizes

Nico Rocha’s work, what causes those proper operations from a

specific language could be interchangeably applied to another one. In

this manner, a sculpture can be trimmed, extended, seamed, and

planned (cannibalized, in short), producing, from the same conceptual

gap of a drawing, other works to be conformed to the specific

tensions of the space where they were installed.

The materials used for the construction of such works

preserve particular qualities from graphic thinking, resulting in

approaches and actions that could constitute a common space

between one language and another: wires, pipes and permeable

meshes which enable us to distinguish the way these languages are

arranged. A body which exposes its own genesis.

These works refer to particular topics of sculpture, which

oppose gravity and balance, weight and structure. They are pro-

positions in suspension, forms which turning themselves in spirals

and tubes. Some of their titles refer to this volatile nature: chimney,

vortex, wave, cartography, displacement. As structures inscribed

in space, most of the works revolve around their axis and unfold

themselves in midair. One suspension corresponds to a kind of

levitation. Weightless objects float. Such as drawings, for example

(Louise Bourgeois named his drawings 'feather-thinking', light and

detached). This modus operandi has emerged as a way of working in

all possible sides, rotating the sculpture around their own axes,

testing the balance of their parts.

23

A d

isci

plin

a do

des

loca

men

to |

The

dis

cipl

ine

of d

ispl

acem

ent

As esculturas suspensas no ar ou na parede reforçam, pela transparência de sua

estrutura em arame e malha, a proximidade com o desenho: uma elevação da concepção

em detrimento da gravidade; uma atenção às relações internas da forma que nega a

possibilidade da queda, a rendição do projeto. O cobre e o chumbo são os materiais

escolhidos por suas qualidades dúcteis, uma maneabilidade do peso e da densidade. Como

no pensamento, a passagem de um material ao outro se dá como costura (e tempo), um

entrelaçamento recursivo. A permeabilidade das camadas da escultura gera tanto volume

quanto deixa ver o histórico de sua constituição. Quando podemos ver através (o dentro e

o fora), não é a topografia que importa, mas o entendimento de sua geração. Pensamento

é, nesse sentido, adição.

O trabalho “Cartografia” [2] propõe uma abertura mais direta ao diagrama, pois o

trabalho sugere um percurso. Feito em trânsito durante uma residência artística, é formado

por tubos de cobre e peças moldadas em chumbo que lembram conexões. Um rascunho

rápido e moldável, que se adapta ao lugar onde for instalado, e que permite ser modificado

2

2. Cartografia, 2010

Proj

eto

‘Per

curs

o do

Art

ista

’ |

|

Nic

o R

ocha

‘The

Art

ist’s

Pat

h’ P

roje

ct

24

pelo artista a qualquer momento, como num jogo. Essas conexões podem ser cúpulas, abrigos

que parecem congregar caminhos, rotas. O trabalho é definido no chão como um mapa rodoviário;

a seguir é erguido na parede, guardando, no entanto, a memória de sua ligação com o plano

horizontal. Em sua fabulação, Nico sugere ainda que as linhas em cobre contenham fluidos que

circulem de um ponto ao outro; nesse caso, as cúpulas viram bacias, e os itinerários, dutos.

A metáfora de um sistema de escoamento com bacias e canos nasce, no processo de

trabalho do artista, da experiência háptica com os materiais. Uma experiência que é portanto

significante, que necessita de ações, de contato para sua formação. Mesmo que seja preciso uma

imagem inicial (uma visão exploratória), ela vai se conformando com a manipulação e a fatura. O

trabalho de modelar a matéria modela por sua vez também essa visão. A coincidência entre

formação e concepção está na base do pensamento de Luigi Pareyson e da sua Teoria da

Formatividade. Para o filósofo, “a obra antes mesmo de existir como formada, age como formante

e como guia do processo de sua própria formação, sem que se possa dizer, no entanto, que a

forma formante seja algo diferente da forma formada pois elas são, ao contrário, a mesma 11 coisa.” Conformar a matéria às ideias equivaleria aqui a desprezar a experiência do fazer e os

caminhos imprevisíveis que daí surgem.

Sculptures suspended in the air or hung in the wall reinforce,

through the transparency of their wire and mesh structures, to

drawing: a rise of conception in detriment of gravity; a close attention

to the internal relations of shape, which deny the possibility of falling,

the surrender of project. Copper and lead are chosen by the ductile

qualities of these materials, which provide maneuverability of weight

and density. As in thinking, transiting from one material to the other

it happens as seam (and time), a type of recursive interlace. The

permeability of layers of sculpture produces as volume as it reveals

the steps of its constitution. When we can see through (inside and

outside), topography is not as important as the comprehension of its

inception. In this sense, thinking means adding.

“Cartografia” [2] proposes a more direct opening to the

diagram, especially because it suggests a path. This work, made

during an artist residency, consists of copper tubes and lead molded

pieces that resemble connections. It is a quick and pliable sketch that

can be adapted to whatever place it is installed, which can be

modified by the artist at any moment, as if a game. These connections

can be domes, shelters that seem to assemble paths, or routes. This

work is defined on the ground as a road map, and then lifted to the

wall, though still keeping alive in memory its connection with the

horizontal plan. In his fabling, Nico also suggests that copper lines

enclose fluids moving from one point to another. In that case, domes

become bowls, as itineraries become ducts.

The metaphor of a drainage structure made with bowls

and pipes begins in the artist's working practice of haptic experience

with materials. It is, for this matter, a significant experience which

demands actions, a contact for its construction. Even if an initial

image (an exploratory vision) is necessary, it is slowly conformed to

manipulation and mode of making. The work of molding materials also

25

A d

isci

plin

a do

des

loca

men

to |

The

dis

cipl

ine

of d

ispl

acem

ent

Em suas reflexões sobre o processo de concepção de seus trabalhos, Nico confere

importância especial a ideias como deriva e desafeição, dois pressupostos que servem

como recursos críticos durante o desenvolvimento do trabalho. O primeiro lembra a

necessidade de se deixar conduzir pelo poder formante da obra, e o segundo procura evitar

o prematuro estabelecimento desta, fazendo com que um caminho demasiado previsível

seja escolhido. A fabulação parece ser o elemento de mediação que mantém vivo o que o

artista chama de litígio. De uma outra perspectiva, Luciano Fabro ilustra sua posição em

relação à atualidade da matéria como uma fabulação capaz de produzir novos significados,

pois se desvia do sentido estabelecido:

“[…] para o artista, contrariamente ao que pensa o cientista, a matéria não é

física, mas metafísica. No momento em que a física entra no domínio, no

espaço de operação artística, ela se transforma em metafísica. Por um lado ela

perde certos pesos, certas dimensões, e de outro ela adquire valores diferentes

[...] A metafísica dá a fisicalidade, à materialidade algo que a torna não energia, 12

mas energética.”

molds by its time this perspective. The coincidence between shaping

and conceiving is basis for Luigi Pareyson’'s thoughts and for his

Theory of Formativity. According to the philosopher, “the artwork acts

as a creator and guides to the process of its own creation even before

it has been created, however, it does not mean that the forming form

is something different from the formed form, on the contrary they 11are the same thing.” Conforming matter to ideas would correspond

here to disregard the experience of making, as well as ignore the

unpredictable paths that would arise from this action.

In his considerations about the designing process of work,

Nico attributes special importance to conceptions such as drift and

disaffection. Two assumptions which function as critic resources for

the development of his work. The first one reminds the need to be led

by the forming power of artwork and the second attempts to prevent a

premature establishing of the artwork, avoiding that a predictable

path could be chosen. In this process, fabling seems to be the

mediator element that keeps alive what the artist calls litigation. From

another point of view, Luciano Fabro exemplifies his position on the

presentness of matter as a fable capable of producing new meanings,

since it diverts from the established significations:

“[...] for the artist, different from what scientists think, matter is not

physical; it is rather metaphysical. At the moment physics enters the field, the space and the artistic operation, it is transformed into metaphysics. On the one hand, it loses weight and dimension, but on the other hand,

it acquires different values. […] Metaphysics provides physicality to 12

materiality, which makes it energetic instead of energy.”

Proj

eto

‘Per

curs

o do

Art

ista

’ |

|

Nic

o R

ocha

‘The

Art

ist’s

Pat

h’ P

roje

ct

26

“Alambique” [5] é um trabalho formado por um sistema de bacias e canaletas que nasceu

da experiência de ao menos três trabalhos precedentes: primeiro “Cartografia”[2], “Grelhadefluxo” [3]

e “Giacomettiman” [4]. Como estágio final, “Alambique” exemplifica o processo de deriva e de

experimentação que a manipulação direta dos materiais pode gerar no trabalho do artista. Uma cúpula

virada do trabalho “Cartografia” torna-se uma bacia – uma bacia num sistema sugere a distribuição de 13líquidos, e a ideia dessa distribuição gera o fluxo dos trabalhos subsequentes. De um esquema radial

foram sendo agregados outros conjuntos de formas baseadas na solução técnica desenvolvida para

as cúpulas. A exemplo da sobreposição de fluxos dos esquemas conceituais em desenho criados

por Nico, os trabalhos são sequências de transformações e de retomadas, a partir de materiais

compartilhados. Quando “Alambique” foi enfim dado como pronto, os trabalhos precedentes já haviam

sido assimilados materialmente ao processo.

5

works are sequences of transformations and resumptions, starting

from shared material. When “Alambique” was finally taken as con-

clude, previous works had already been materially incorporated to

the process.

“Heidegger” [6] is a work that seems to follow a different kind

of path. It is completely constituted of a single material (copper wire),

which brings unity to the work. The structure is formed by two

overlapped and spaced grids, horizontally distributed, creating a

kind of wire-framed three-dimensional model suspended above our

heads: the copper wire web recreates in the lower grid a topography

of concentric circles, remitting us to the ground or a vortex storm. The

“Alambique” [5] consists of a system of bowls and channels,

a work which had its origin in the experience of at least three previous

works: “Cartografia” [2], “Grelhadefluxo” [3] and “Giacomettiman” [4].

In its final stage, “Alambique” exemplifies the drift and the experi-

mentation process which direct manipulation of materials is able to

generate in the artist's work. An up sided down dome in the sculpture

“Cartografia” becomes a basin – what suggests the distribution of

liquids, and the idea of this distribution results in a flow for subsequent 13work. From a radical scheme, other sets of forms had been gathered,

based on technical solution developed for the domes. Just as with the

overlapping flows of conceptual schemes designed by Nico, these

5. Alambique, 2008

27

A d

isci

plin

a do

des

loca

men

to |

The

dis

cipl

ine

of d

ispl

acem

ent

3

4

3. Grelha de Fluxo, 2008 | 4. Giacomettiman, 2008

Proj

eto

‘Per

curs

o do

Art

ista

’ |

|

Nic

o R

ocha

‘The

Art

ist’s

Pat

h’ P

roje

ct

28

“Heidegger” [6] é um trabalho que parece percorrer outro tipo de caminho. Ele é construído

totalmente com um só material (fio de cobre), o que confere unidade ao trabalho. A estrutura é

composta por duas grades sobrepostas e espaçadas entre si horizontalmente, formando uma espécie

de modelo tridimensional em wire-frame que paira suspenso acima de nossas cabeças: a trama de fios

de cobre reproduz na grade inferior uma topografia de círculos concêntricos que nos fazem pensar num

terreno ou no vórtice das tempestades. A ligação entre um plano e outro é feita com fios costurados de

forma aleatória como raios. A oposição céu/terra é assim estabelecida, e o conjunto elevado num plano

que remete às projeções mentais faz com que o trabalho retome as questões do pensamento gráfico

exploradas até aqui. Podemos olhá-lo pelo lado ou por baixo, construindo assim, nessa escala

imaginária de um vasto terreno, um passeio em sobrevoo próprio das projeções. A inspiração formal

do trabalho parece vir dos gráficos presentes nos livros de Edward R. Tufte, como o seu Envisioning

Information. O título, no entanto, remete a sua reação ao pensamento metafísico do filósofo. Entre céu e

terra é como o artista posiciona Heidegger (ou a visão que este tinha da arte).

Nesse trabalho podemos experimentar de forma mais clara a relação que as esculturas

estabelecem com o corpo do espectador, uma vez que se colocam acima de nossas cabeças. Uma

ligação que está na origem da geração das obras, no embate do artista com a matéria. Lembrança de

um enfrentamento, os trabalhos fazem corpo; suspensos, rivalizam com o nosso espaço, pois não estão

apenas inseridos (no entendimento do filósofo em questão), mas são já espaço.

Nesse confronto com o nosso próprio corpo, as esculturas de Nico Rocha lembram-nos que

possuímos também um dentro e um fora, cujo peso se equivale e que duplamente carregamos. Essa

construção material e conceitual parece estruturar as formas preparando-as para a leveza e para o

desprendimento – e nos liberta por breves instantes de nosso peso.

In this work we can experiment more clearly the relation

established by sculptures with the spectator's body, since it places

itself above our heads. A connection which is the origin of the creation

of artworks as well as in artist’s struggle with the matter. As a

remembrance of confrontation, works make bodies; suspended, they

compete with our space, since they are not only inserted in space

(according to the presented philosopher), but they already are space.

In this confront with our own bodies, Nico Rocha’s sculptures

remind us that we also have an inside and an outside, whose weight is

comparable and that we tolerate in double. This material and conceptual

construction seems to structure shapes, preparing them for levity and

detachment – and it liberate us, for brief moments, from our weights.

connection between one plan and another is made with wires

that randomly sew them like lightning. The opposition sky-earth is

established and the elevated set situated on a plan that refers to

mental projections enables the work to retake issues from graphic

thinking that had been explored before. We might observe it from the

side or from bellow, building in this imaginary scale of vast land an

birds-eye view typical of the idea of projection. The formal inspiration

of work seems to rise from the graphics found in the books of Edward

R. Tufte, such as Envisioning Information. The title, however, refers to

his reply to the philosopher's metaphysical thinking. In an indefinite

place between sky and earth is where the artist situates Heidegger (or

Heidegger's vision about art).

29

A d

isci

plin

a do

des

loca

men

to |

The

dis

cipl

ine

of d

ispl

acem

ent

1 Luiz Antônio Carvalho da Rocha. O Processo de Descoberta na Escultura: desafeição, Fabulações, Fluxos e Deriva. Tese de doutorado, PPG-Artes Visuais, UFRGS, 2009.

Peirce citado por Christiane Chauviré em seu texto “Le dessin de la preuve: Peirce, Wittgenstein et les mathématiques”, onde a autora procura refletir sobre as bases do pensamento diagramático do filósofo e sua relação com o desenho e a matemática: “É através do diagrama, figura estilizada de um estado de coisas imaginadas pelo matemático que ele [Peirce] retorna para explicar o pensamento matemático em seu aspecto fecundo, de forma análoga à criação artística.”, in La Part de L'oeil: Dossier Dessin, nº 6. Bruxelas, 1990, pp. 17-21.Hubert Damisch. Fenêtre jaune cadmium : ou le dessous de la peinture. Editions du Seuil, Paris, 1984, p. 220.Patrick de Haas. Le dessin contemporain, in Actualité des arts plastiques, n° 51. CNDP, Paris, 1980.Ver Bernice Rose. Drawing Now. Metropolitam Museun of Modern Art, New York, 1976.

(http://hdl.handle.net/10183/17773).2

3

4

5

6 As conseqüências e o debate desses dois procedimentos foge ao escopo desse texto. Para saber mais ver Rudolf Wittkower. A Escultura, São Paulo, Martins Fontes, 1994.Richard Serra: “Quando algo é verdadeiramente equilibrado, torna-se desprovido de peso.”, citado por Rafael Urano Frajndlich, “Um debate americano: mediação, escultura e arquitetura – sobre a entrevista de Peter Eisenman a Richard Serra em 1993, in Revista Ars, ECA-USP, ano 7, nº 13, 2009, pp. 50-63.Conforme Didi-Huberman, Le Cube et le Visage: Autour d'une Sculpture d'Alberto Giacometti. Edições Mácula, Paris, 1993, pp. 31.Idem, pp. 30. Hal Foster, The Un/making of Sculpture, in Richard Serra, October Files.The MIT Press, Massachusetts, 2000, pp. 175-200.Luigi Pareyson. Conversations sur l'esthétique. Editions Gallimard, Paris, 1992, p. 127.Entrevista com Luciano Fabro, 1996, de Daniel Soutif, in Luciano Fabro, catálogo da exposição. Edições do Centre George Pompidou, Paris, 1996, pp.43-44. Ver a tese de doutorado do artista, p. 131-136.

7

8

9 10

11 12

13

6

6. Heidegger, 2010

1 Luiz Antônio Carvalho da Rocha. O Processo de Descoberta na Escultura: desafeição, Fabulações, Fluxos e Deriva. Thesis dissertation, PPG-Artes Visuais, UFRGS, 2009 (http://hdl.handle.net/10183/17773).

2 Peirce quoted by Christiane Chauviré in her text “Le dessin de la preuve: Peirce, Wittgenstein et les mathématiques”, in which the author attempts to contemplate over the basis for the philosopher's diagrammatic thinking regarding drawing and mathematics: “Peirce attempts to explain mathematical thinking in its most profound aspect, analogous to artistic creation, through this diagram, which is a stylized figure from a state of imagination.”, in La Part de L'oeil: Dossier Dessin, nº 6. Bruxelas, 1990, pp. 17-21.

3 Hubert Damisch. Fenêtre jaune cadmium : ou le dessous de la peinture. Editions du Seuil, Paris, 1984, p. 220.

4 Patrick de Haas. Le dessin contemporain. In Actualité des arts plastiques, n. 51. CNDP, Paris, 1980.

5 See Bernice Rose. Drawing Now. Metropolitam Museun of Modern Art, New York, 1976.

6 more information see Rudolf Wittkower. A Escultura, São Paulo, Martins Fontes, 1994.

7 Richard Serra: “When something is truly balanced it becomes weightless.”, quoted by Rafael Urano Frajndlich, “Um debate americano: mediação, escultura e arquitetura – about Peter Eisenman' interview with Richard Serra in 1993, in Revista Ars, ECA-USP, ano 7, nº 13, 2009, pp. 50-63.

8 Didi-Huberman, Le Cube et le Visage: Autour d'une Sculpture d'Alberto Giacometti. Editions Mácula, Paris, 1993, p. 31.

9 Didi-Huberman, 1993, p. 30.10

Hal Foster. The Un/making of Sculpture. In Richard Serra, October Files. The MIT Press, Massachusetts, 2000, p. 175-200.

11 Luigi Pareyson. Conversations sur l'esthétique. Editions Gallimard, Paris, 1992, p. 127.

12 Interview with Luciano Fabro, 1996, de Daniel Soutif, in Luciano Fabro, exhibition catalogue. Editions du Centre George Pompidou, Paris, 1996, p. 43-44.

13 See Nico's thesis dissertation, p. 131-136.

Consequences of the debate for these two procedures are out of the scope of this text. For

exposiçãoExhibition | Sala João Fahrion | Reitoria da UFRGS

1

31

Expo

siçã

o |

Exh

ibiti

on

1 e 2. Vistas da exposição | Exhibition views

2

Proj

eto

‘Per

curs

o do

Art

ista

’ |

|

Nic

o R

ocha

‘The

Art

ist’s

Pat

h’ P

roje

ct

32 3. Vista da exposição | Exhibition view

3

4

33

Expo

siçã

o |

Exh

ibiti

on

5

4 e 5. Cartografia, 2008

Proj

eto

‘Per

curs

o do

Art

ista

’ |

|

Nic

o R

ocha

‘The

Art

ist’s

Pat

h’ P

roje

ct

34 6 a 9. Peixe projetivo, 2010

7 8 9

6

35

Expo

siçã

o |

Exh

ibiti

on

10. Decomposição | 11. Chaminé ao vento,, 2010 2004-2007 | 12. Não É..., 2010 | 13. Vista da exposição

10 11 12

13

Proj

eto

‘Per

curs

o do

Art

ista

’ |

|

Nic

o R

ocha

‘The

Art

ist’s

Pat

h’ P

roje

ct

36 14 e 15. Deslocamentos, 2010 | 16. Heidegger, 2010 | 17. Wegener, 2010

14

15

18

16

17

19

20

41

Expo

siçã

o |

Exh

ibiti

on

21

18. Ondamata | 19. Penrose,, 2005-2007 2010 | 20. Heidegger, 2010 | 21. As Galinhas, 2010

Proj

eto

‘Per

curs

o do

Art

ista

’ |

|

Nic

o R

ocha

‘The

Art

ist’s

Pat

h’ P

roje

ct

42 22. Vortex | 23. Verme, 2010 | , 2007-2010 24 e 25. Vistas da exposição

22

24

23

25

Sobre processo e pensamentoNico Rocha

Apresento minha produção artística escultórica neste texto, as origens e motivações que me

levaram a trilhar esse percurso e como ele se constituiu a partir da prática de desenho já existente na

segunda metade dos anos 60.

Vou tratar aqui principalmente do aspecto interno de meu exercício artístico, não me detendo

em análises de obras. Sempre me interessou a reflexão que trata do processo de criação; como

as coisas surgem, o que fazemos com elas, como transformamos ideias, imagens e pulsões

articulando-as em um trabalho.

Em toda prática artística existe um forte componente de autoconhecimento, pois se trata

de conhecer a organização interna “da casa”, saber como funcionamos; isso tem a ver com a

observação atenta acerca de nossos processos mentais. Para isso, duas vertentes de análise

são essenciais, do percurso e do processo: o percurso como o desenvolvimento de um conjunto

de trabalhos (gênese diacrônica) e o processo de desenvolvimento de um trabalho (a gênese

sincrônica). Ambos são amarrados na temporalidade e na transitoriedade – transformações ao

longo do tempo, mas jamais de forma linear – e os considero elementos fundamentais para o

meu entendimento.

On Process and Thoughts

“The nature of my fantasy, my senses, my intelligence, my culture, provides me with

images; I attempt to relay these images to others through my work…” FABRO, Luciano.

Vademecum. In Luciano Fabro. Barcelona, Fundació Joan Miró, 1990.

I present in this essay my artistic sculptural production.

Besides, I will describe in a systematic way some of the backgrounds

and motivations that led me to roam that artistic route, how it

resulted from the drawing technique, it was my common practice in

the second half of the '60s.

In this text, my main focus will be in discussing the inner

aspect of my artistic exercise, not in analyzing my own works. I have

always been interested in art discussions on creative process; how

things come out, what we do with them, how we can transform and

express ideas, images and impulses into art production.

In all kinds of artistic practice, there is an intense element of

self-knowledge, especially because we are discussing about knowing

the internal organization of your own “home”. For this purpose, we

need to know how we work and how this has to do with a careful

observation of our mental processes. Two complemented words are

essential for this meditation: route and process. I consider the first

one as the development of collective works (diachronic genesis) and

second one as the progress of a particular work (synchronic genesis).

Both of them are submitted to temporality and transience, in nonlinear

”The nature of my fantasy, my senses, my intelligence, my culture, provides me

with images; I attempt to relay these images to others through my work…” FABRO,

Luciano. Vademecum in Luciano Fabro. Barcelona, Fundació Joan Miró, 1990.

45

Sob

re p

roce

sso

e pe

nsam

ento

| O

n Pr

oces

s an

d Th

ough

ts

Proj

eto

‘Per

curs

o do

Art

ista

’ |

|

Nic

o R

ocha

‘The

Art

ist’s

Pat

h’ P

roje

ct

46

Não considero a prática artística como um processo linear. Hoje vejo que o “como” chegar às

soluções tem tanta importância quanto chegar a algum objeto específico, pois nisso está a chave da

continuidade do desenvolvimento. Semeamos o que colher a frente no modo como articulamos o

percurso que leva a cada trabalho.

No final dos anos 60, toda ação que podia ser detectada como atividade artística se resumia ao

desenho. Era mais simples e direto, desenhos que me permitiam estar em algum lugar, fazer algo que

não podia ou não tinha condições, deixando o desenho acoplado à imaginação.

Assim o desenho me propiciava experiências que de outro modo não poderia ter. Tal como a

fábula grega da filha de Butades, que traçou a sombra de seu amado que partia, eu realizava sonhos,

trazia à presença – vivenciava algo no desenho.

Era uma forma ancestral de agir, pois permitia aos desenhos funcionar como momentos, como

forma de evocar, trazer à vida; assim o desenho funcionava para mim. Desenhar era estar na presença

ou estar imerso, vivendo aquilo (e naquilo) que desenhava.

Essa é a dinâmica que se instalou e que construiu meu desejo pelo desenho e foi também o mote

para a busca de certo grau de domínio da representação. Uma possibilidade de mundo imaginário que

estava à mão, literalmente, uma forma de autonomia dos meus sonhos.

Isso não quer dizer que, uma vez feito o desenho, eu voltasse seguidamente a ele, não era nesse

sentido. Não os colocava na parede ou na porta do guarda-roupa. Ele era forte no momento mesmo em

que era executado e enquanto era executado. Eu acumulava desenhos, mas dificilmente voltava a eles

transformations through time; and I considerer them as fundamental

elements for my own artistic understanding.

Instead of reflect on artistic practice as a linear process, I

see its means that result in artistic solutions as important as the

conclusion of a specific object, especially because justly is in those

means that we find the key for the continuity in artistic progress. In

this process we sow what we will harvest ahead, we articulate the

path that leads to each work.

In the late 1960's, every action that could be detected as

my artistic activity was restricted to drawing technique. Drawing

allowed me to go another places and to do things that I could not

otherwise do, as drawings are directed connected to imagination,

and was more simple and direct.

At that time, drawing took me to experiences which I would

not be able to realize in another way. Similarly to Greek tale of

Butades, whose daughter traced the shadow of her lost beloved one,

I made dreams come true, bringing them to reality. By drawing, I was

experiencing something.

That one was a primitive kind of acting, because drawings could

function as moments, instants of time, and they were capable of

brought and summoned things into life. This was what drawing signified

to me and performed it was to be in the presence of something else or to

be absorbed for its essence, it was to be living it and living in it.

That was the dynamic established in me, resulting in my craving

for drawing, and the main reason for my decision of pursuing a certain

level of ability in the art of representation. A chance for an imaginary

world was literally available, a sort of autonomy for my dreams.

Nevertheless, this doesn't mean that once drawings were

finished I could come back to them again and again. I never fixed them

on wall or posted them on some wardrobe door. Those drawings were

really powerful during the moment of their creation, just while that

moment. Despite of my habit to pile up them, I would rarely come back

ou mantinha-os à vista. A matriz estava na forma de compartilhamento que ocorria no

momento do fazer – no desenhar – e, depois que era guardado, não mais se manifestava.

Esse mecanismo de viver algo por meio do desenho se mantém na raiz, no fundo da

minha atividade como artista. O fazer artístico é compartilhar um momento – hoje diferente

daquele original – e uma criação de mundo (GOODMAN, 1978; 11). Nesse compartilha-

mento, a manualidade é fundamental pela sua capacidade de trazer próximo o pensar, o

sentir e o realizar. Eu experiencio essa construção como uma contínua vivência de algo, não

presente na sua origem, e que então me é tornado possível – ou presente – inicialmente

pelo exercício do desenho, no momento mesmo de sua constituição: o trazer à presença

era viver o mundo alterizado.

Quando surge a escultura, sendo também, em sua origem, uma extensão do

desenho (de duas para três dimensões), ela também vai buscar trazer algo à presença. Na

escultura, o trazer à presença manteve o prazer de estar junto – que, mais adiante, vou

equacionar na questão do prazer na prática artística [1].

to them or keep them in my sight, close to me. Their matrix was

in the manner of sharing occurred during the very moment of

drawing, and after they were stored, they no longer manifested

their power.

This mechanism of living something through drawing is

kept deep inside the roots of my activity as an artist. I think that

the artistic activity is about sharing a moment – now different

from the original moment – and sharing a creation of a particular

world (GOODMAN, 1978). In this sharing, the manual aspect is

fundamental for its ability to approximate thoughts, feelings and

actions. I experiment this construction as a living experience of

something not present at its first moment, but at the same time

becomes available and present to me through drawing, at the

very instant of their formulation: bringing them to life was living

that altered world.

When sculpting practice appears, initially as a kind

of extension of drawing (from two to three dimensions), it

also attempts to bring something to presence. In sculpting, the

movement of bringing something to presence results in the

pleasure of been close together – sensation which later I will

equate to the pleasure hypothesis in the artistic production [1].

1

47

Sob

re p

roce

sso

e pe

nsam

ento

| O

n Pr

oces

s an

d Th

ough

ts

1. Bloco com anotações, 2008

Proj

eto

‘Per

curs

o do

Art

ista

’ |

|

Nic

o R

ocha

‘The

Art

ist’s

Pat

h’ P

roje

ct

48

2

Naquele momento, na transição do bidimensional para o tridimensional – meu início na

escultura – o trazer à presença centrava-se na figura humana. Esse estar na presença e

esse compartilhar uma realidade com o trabalho se estabelece como marca fundacional em

minha atividade escultórica; tanto que minha primeira exposição individual, em 1979, chamava-se

Os Hóspedes, na Galeria 542.

A produção escultórica se desenvolveu apoiada em quatro pilares. São estes os dados que

trouxe do desenho e as armas que levei para a escultura:

1. O desenho como forma de pensamento inicial (e que ainda hoje mantenho) para a

escultura, a qual, como evolução do desenho, também mantém esta afinidade: recompor no real,

fora das duas dimensões do papel, a mesma gramática básica de linha, ponto, nó, textura, superfície,

grade [2], etc., inclusive a flutuabilidade no lugar mesmo da

construção – o modo como o desenho delineado acontece sobre

a superfície do papel [3 e 4] – que, na escultura, se traduz pela

suspensão da peça por um eixo vertical. Os pentimentos [5] –

a contínua reavaliação no esboço em andamento.

2. A manualidade – que me permitia uma forma de

autonomia e portabilidade; a capacidade de realizar de forma

autônoma. A proximidade e intimidade com o processo de

geração formal, tal como no desenho.

In the beginning, during the transition from two to three dimensions,

the process of bringing the work to presence was centralized in human figure.

This fact, to be in the presence of something and this co-participation of

reality with the work, became a basis mark for my sculpting work. That is

the reason why my first individual exhibition, in 1979, was called 'The Guests',

at Galeria 542.

My activity was developed based on four principles which represent

the knowledge I inherit from drawing and the weapons that I undertake in

my sculpture:

1. The drawing – this can be conceived as the initial thought for

sculpture (a principle that I still preserve in my mind today). According to my

own drawing development, sculptures, as an evolution from drawing, can

preserve this affinity: this capacity to rearrange in the real what is bi-

dimensional in paper, this possibility to re-create drawing characteristics, as

2. O espanto, 1986

3 5

3. A representação – algo que estava presente ou não podia ser vivenciado era,

portanto, realizado ou tornado “real”. Algo está no lugar de alguma outra coisa, é um

representante, um signo de outra coisa. Isso é mais forte no desenho, pois, tratando-se

de uma representação bidimensional, ela pode se referir mais facilmente a outra

coisa não-gráfica (imaginária ou existente, mas não presente). Já a escultura é algo

presente, ela pode ser um signo de algo , mas, independente de

representar algo, antes de ser um signo, é uma coisa no mundo. Em meu caso, esse

caráter de signo, de representante, é extremamente forte e presente.

4. O compartilhamento – a experiência ou vivência comum, o tornar presente

algo conjunta e momentaneamente no trabalho, a viagem conjunta na criação que é

comandada pela emoção baseada em condução intuitiva.

(MITCHELL, 1987; 56)

4

49

Sob

re p

roce

sso

e pe

nsam

ento

| O

n Pr

oces

s an

d Th

ough

ts

the lines, knots, junctions, textures, surfaces, grids [2] etc., which

includes the suspension on the construction space – the manner in

which the lines of the drawing are distributed over the surface of

paper [3 and 4]. In sculpting this suspension is translated for the

suspension of objects in vertical axes. Finally, the pentimentos [5]

that represents the constant re-evaluation of the current draft

in development.

2. The manual aspect – this gave me some sort of autonomy

and portability; the capacity to perform art in an autonomous way.

In other words, this is what gave me the proximity and the intimacy

with the formal process of creation, just like in drawing.

3. The representation – this is something which could not be

experienced, but which were capable to be presented once and

performed or turned into “real”. One thing replacing another is a

kind of a representative substitute, a sign for another thing. This is

much more perceivable in drawing, since it deals with bi-dimensional

representations and it is able to refer more easily to a non-graphic

object (real or imaginary, but not present). On the other hand, the

sculpture is something present. Besides, it can be a sign for something

else, but before been a sign (representative or not) it is a material object

in real world. In my own experience, this signic and, in the same time,

representative nature of sculpture is extremely powerful and present.

4. The sharing – the experience or sharing with the work,

which turns something real and present into the temporality and

collectiveness of my work; this creative journey is commanded by an

intuitive and oriented emotion.

3. Estudo para escultura, 1999 | 4. Mulher, 1980 | 5. Esboço de escultura, 1983

Proj

eto

‘Per

curs

o do

Art

ista

’ |

|

Nic

o R

ocha

‘The

Art

ist’s

Pat

h’ P

roje

ct

50

Naquele primeiro momento, entendia também que deveria tornar a figura o mais real

e presente possível – inteira e íntegra [6]. O poder fazer foi o desejo que me guiou nesses

anos iniciais, a demonstração de poder trazer algo à existência, experimentando graus

diversos de realismo, ainda que usasse materiais que o contradiziam.

Da linha – o arame ou vareta – procurei posteriormente obter a superfície por meio da

malha de nylon estendida entre as linhas das varetas de ferro. Mais adiante, descobri as

telas metálicas [7], e nelas a possibilidade de recuperar os mesmos dispositivos gráficos do

desenho. Só depois vieram as chapas e os tubos.

6 7

Then, I also considered that I should make that figure as real and present as possible – fully and

completely [6]. The ability to do something, the demonstration been able to bring something to life, was

what guided me in those early years of work, the experimentation with different levels of realism, although

the materials I used contradicted that realism.

From lines – wire or rod – I sought obtaining a surface through nylon stockings extended between the

iron rod wires. Later I discovered the metallic wire mesh [7] and, consequently, the possibility of recovering

the same graphic devices of drawings. Much later I start to use sheet metals and tubes.

At a certain point, the human figure seemed limited to me in terms of its capacity of modification and

expansions in the sharing. I was no longer interested in the different poses and gestures which isolate and

6. A trapezista, 1986 | 7. Encaixados, 1986

51

Sob

re p

roce

sso

e pe

nsam

ento

| O

n Pr

oces

s an

d Th

ough

ts

8

9

10

complete human figure could offer. For this reason, I start to explore the

possibilities of inserting this figure into different contexts [8]. Then, the figure

started to appear in groups [9], in situations or scenes more elaborated. Even

when they were related to actions, they dealt in several different ways with the

psychology of the figure and the context where the action was performed [10].

In the transformation of expressive and interpretative possibilities of

figures, in the exploration of groups and scenes, I started the exploration of

narratives with the hypothesis that further it could develop a more constructive

and syntactic character. These narratives were focusing in the composition or

Em certo momento, a figura humana me pareceu limitada na

sua capacidade de propor alterações e ampliações no compar-

tilhamento. Não mais me interessavam as diferentes poses e gestos

que a figura humana isolada e inteira podia me proporcionar; busquei

explorar as possibilidades de sua inserção em contextos [8]. A figura

então aparecia em grupos [9], ou em situações ou cenas que co-

meçaram a ser mais trabalhadas e que diziam de forma diversa (mas

ainda relacionada à ação) da psicologia da figura ou do contexto no

qual se desenrolava a ação [10].

8. Uomo sotto le colone, 1986 | 9. Sob o mesmo teto, 1987 | 10. Uma história, 1986

Proj

eto

‘Per

curs

o do

Art

ista

’ |

|

Nic

o R

ocha

‘The

Art

ist’s

Pat

h’ P

roje

ct

52

Na transformação das possibilidades expressivas e interpretativas da figura, na exploração de

grupos ou cenas, iniciei a investigação de narrativas que posteriormente desenvolveram um caráter mais

construtivo e sintático: centradas na composição ou construção da figura, na sua particular sintaxe

construtiva desenvolvida na articulação dos materiais; ou seja, centradas nos modos construtivos

desenvolvidos pela sintaxe que coloca juntos linhas, nós, planos, grades e superfícies [11, 12, 13].

Deixei aflorar mais o processo construtivo e menos a temática. Esse processo sempre foi um misto

de modelagem, assemblage e composição, porém identifiquei duas modalidades de construção da figura,

uma que chamei de corte e costura [14], e outra que chamei de modelagem e gerência de excedentes [15].

No primeiro caso, a de corte e costura, é a forma mais direta de obtenção do objeto pretendido –

recortando as partes necessárias, montando, sobrepondo e costurando. Nessa situação, sobra menos

resíduo, há menos matéria restante.

Na modelagem e gerência de excedentes, o corte e a retirada não são utilizados. A solução da

escultura passa por acomodar, de forma expressiva, coerente e compatível, o material excedente da

escultura (a tela que sobra da superfície do corpo representado). Em certos trabalhos, a própria forma e

configuração do pedaço de tela retirado do rolo é uma proposição inicial para a forma futura, como na

proposta As Galinhas [16].

No caso do corte e costura, a determinação do trabalho se dá pela configuração precisa da sua casca

externa, da superfície-limite; no caso da figura, é pela superfície da pele. As esculturas tinham a estrutura-

suporte da casca configuradora, mas não tinham interior.

construction of figure, in its particular constructive syntax, developed

through the manipulation of materials; in other words, narratives

were based on constructive methods developed by syntax, which

links lines, knots, plans, grids and surfaces [11, 12, 13].

In this process, I gave more space to constructive practice

than to its themes. This process has been always a mix of modeling,

assembling and composition. However, I identified two kinds of

construction of figure: one I called cutting and sewing [14], and the

other, modeling and management of remainders [15].

In the first case, cutting and sewing are the most objective

form to get to the intended object – cutting the essential parts and

organizing, overlapping and sewing them. In this situation, there are

fewer residues and less remnant material.

In the modeling and managing remainders, cutting and

removing are not used. The solution of sculpture begins to arrange –

in an expressively, consistently and compatibly form – the remnant

material (the wire netting that left from the surface of represented

form). In some works, the form and configuration of a piece of wire

taken from netting roll is an initial proposition for a future form, as

occurs in As Galinhas [16].

In the case of cutting and sewing, the determination of work

depends on the precise configuration of its external form, of its surface-

limit; in figure, this is the surface of skin. These sculptures had a

structural support for the configuration bark, but they didn't have the

interior.

In the second case of modeling, the recognition of sculpture

bark is not very accurate and, according to the distribution of its re-

mainders, the legibility tended to become weaker. This management

of remainders results in more expressivity and otherness in the

manipulation of folds, which was not just a mannerism but a way to put

53

Sob

re p

roce

sso

e pe

nsam

ento

| O

n Pr

oces

s an

d Th

ough

ts

No segundo caso, o da modelagem, o reconhecimento da casca não é tão

preciso, e, pela distribuição dos excedentes, a legibilidade começava a enfraquecer.

A gerência dos excedentes trazia expressividade e alteridade no manejo das dobras,

para além do maneirismo, colocava a forma trabalhada em um contexto em que

a ondulação barroca das dobras (DELEUZE, 2005; 8) começava a mostrar outras

sugestões de leitura e de sentido para o trabalho.

Se no primeiro caso a figura emergia literal e evidente, no segundo, a flutuação

dos excedentes tornava sua leitura e identificação mais ambígua e não evidente.

11 12 13

the worked form in a context which the baroque corrugation of plaids starts to reveal diverse

readings and meanings to work.

If in the first case the figure emerged in a literal and evident way, in the second, the

fluctuation of these remainders made interpretation and identification more ambiguous.

Anyway, the creation of worlds based on the notion of sharing establishes an affective

relationship with the work in construction. This affection, which was an important initial component

in my process, turned out to restrict the growth of work. The effects of this construction of process,

which was based on this way of sharing are today under displacement specifically for include

their contradiction: the quest for a distant gaze – which is one of the flanks that I explored in my

understanding of the necessity of change in any work.

11. Fragmentada, 1989 | 12. Mulher sentada, 1985 | 13. Dancer, 1986

Proj

eto

‘Per

curs

o do

Art

ista

’ |

|

Nic

o R

ocha

‘The

Art

ist’s

Pat

h’ P

roje

ct

54

14 15 16

De todo modo, a criação de mundo que ocorre a partir da noção de com-

partilhamento estabelece uma relação afetiva com o trabalho em construção. A

afeição, que foi um importante componente inicial de meu processo, passou a limitar o

crescimento do trabalho. Os efeitos dessa construção de processo, que se estruturou

em cima dessa forma de compartilhamento, hoje se deslocam para incluir aí sua

contradição: a busca de um olhar distanciado – um dos flancos que explorei na minha

compreensão da necessidade de transformação do trabalho.

Eu crio mundos com as mãos, represento coisas que estão no lugar de outras

coisas. Eu produzo signos, mas as coisas têm existência para mim – elas sugerem

I create worlds with my hands; I represent objects in place of others. I produce signs, but they

have real existence for me – they suggest possible worlds. In this constant world of my visions and its

materializations, disaffection is what may be put this world into movement, it is the disaffection that

produces ruptures in the affective relationship formed in the creation of my work.

In consequence, the construction of a disaffected process becomes an essential movement for

my artistic activity. Disaffection suggests unfamiliarity to this recently created internal world (See

Chklovsky in “A Arte como Procedimento” – TOLEDO, 1970; 45). This rupture with intimacy – with this

false identity – establishes in the sculpturing process a conflictive cycle between the interior images

and their external representation.

This is a cycle formed from the image-idea to the action-in-the-material (which aims to obtain

the original idea in material) and it intends to materialize the idea. Through unfamiliarity, this cycle asks

14. Executivo voador, 1986 | 15. Far west, 2000 | 16. As Galinhas, 2000

55

Sob

re p

roce

sso

e pe

nsam

ento

| O

n Pr

oces

s an

d Th

ough

ts

mundos. Nesse mundo estável – de minhas visões e de sua materialização – é a desafeição que pode

colocá-lo em movimento. Ela produz uma ruptura nas relações afetivas que se formam no processo de

constituição do trabalho.

Deste modo, a construção de um processo de desafeição se tornou o movimento essencial do

meu fazer artístico. A desafeição traz um estranhamento (cf. Chklovsky em A Arte como Procedimento –

AZEVEDO, 1970; 45) ao mundo interior criado. A ruptura da intimidade – da falsa identidade – estabelece um

ciclo no processo escultórico de confronto entre as imagens interiores e a sua realização no exterior.

Um ciclo que vai da ideia-imagem para a ação-na-matéria (busca obter na matéria a ideia original)

para a realização dessa ideia e que, pelo estranhamento, pergunta à matéria-transformada o que ali se

apresenta. Um ciclo de retorno, não mais da ideia para o trabalho, e sim da realidade configurada

externamente para minha percepção e meu julgamento [17].

Isso representa uma alteração em meu processo, esse retorno ao trabalho em andamento para ali

auscultar “o que o trabalho me diz” ou o que ali se encontra. É um movimento do contraditório, de

questionamento, produzido naturalmente a partir da decisão de utilizar estratégias de estranhamento

como instrumento de investigação e análise da escultura em seu processo de transformação.

to transformed material what it presents. It is a returning cycle, not

from idea to work, but from a configured reality to my perception and

evaluation [17].

This represents a change in my own process, the return to

the on-going work for inquiring about “what the work is telling to me”,

or what can be found there. It is a movement on questioning and

its contradictions, naturally based on the decision of using strategies

of unfamiliarity as an instrument of analysis and investigation of the

sculpture in its own process of transformation.

Although I still construct based on the idea of sharing, placing this

relation in a cycle of unfamiliarity which is recursive and subsequent.

Unfamiliarity is inserted in a whole of strategies which I composed for

opening the process of sculpting construction, and to produce a certain

extending time in order to get an outside look on my work.

With this, the on-going work begins to present itself, through a

shift in the way of seeing, as a surprising object – no longer familiar –

which shares with me a common space of existence. It inquires me by

its elaboration; it offers itself as a kind of question, as an open path.

I can no longer foresee the final work. On the contrary, through

several strategies on unfamiliarity, I seek to get closer to the work,

investigating its hypothesis, aiming a consistent more complex and

17

17. Croquis Ciclos do Processo de Criação, 2007

Proj

eto

‘Per

curs

o do

Art

ista

’ |

|

Nic

o R

ocha

‘The

Art

ist’s

Pat

h’ P

roje

ct

56

Ainda construo a partir do compartilhamento, mas coloco essa relação dentro de um ciclo de

estranhamento que é recursivo e sucessivo. O estranhamento se insere em um conjunto de

estratégias que construí com o intuito de abrir o processo de construção escultórica, também

alongando tempos e olhando estranhadamente para o trabalho.

O trabalho em andamento começa então a se propor, por meio da alteração do olhar, como

um objeto surpreendente – não mais familiar – e que ainda compartilha comigo um espaço comum

de existência. Ele me questiona em sua constituição, se propõe como questão, como caminho

em aberto.

Não mais antevejo o trabalho final, ao contrário – por meio de uma série de estratégias de

estranhamento – busco me aproximar do trabalho, investigando as diversas hipóteses ali existentes,

procurando uma fusão consistente, mais complexa e ambígua. Isso implica ciclos e fluxos, idas e

vindas. Essa forma de pensar o fazer surge porque a matéria selecionada e a forma de trabalho que

articulei para minha construção escultórica assim o permitem; recursividades e recorrências, desvios

e reaproveitamentos, etc., o material permite esse esboçar e investigar contínuo [18].

A abertura da forma-possível corresponde à abertura do processo, e a abertura do processo

libera a forma-possível [19]. É impossível distinguir precedências. A dinâmica do trabalho não permite

essas generalizações e, quando é colocada em movimento – quando iniciamos um movimento de

alteração do processo – não conseguimos saber onde ele vai emergir nem que resultado trará.

Por meio desse estranhamento, começa também a ocorrer a identificação da condição de

autonomia: o olhar curioso sobre o trabalho em andamento consegue ver outras direções a seguir.

Through this unfamiliarity, there is also an identification of the

autonomous condition: the curious gaze over the work in progress

may perceive different paths to follow. In the different stages of my

creation, I start to identify an expressive autonomy which signifies

other forms of final result, an idea that leads to other methods of work.

Through this shift on emphasis– which does not need the form

as a whole or the complete figure – the sense of completeness is

replaced by the autonomy of fragments and ambiguity. The situation

of more ambiguous perception and legibility is in an expressive

autonomous position. The fragment has outlines which do not explicit

the form; on the contrary, they suggest other forms [20]. The use of

porous materials and the transparence of the object as a whole

ambiguous blending. The implications of this attitude are cycles and

fluxes, ups and downs. This way of thinking the artistic activity comes

out because my selected materials and style of working enable this

occurrence: resources and recurrences, detours and compensations

etc. permit a continuous draft and investigation [18].

The opening of the possible-form corresponds to the opening

of the process, and this opening discharges the possible-form [19].

It is impossible to distinguish precedence. The dynamics of work

doesn’t permit these generalizations and, when this dynamics is put

in movement – at the moment we start a modifying movement in the

process –, we will not be able to know where it will emerge neither

which results will bring.

Começo a identificar, nas etapas do trabalho, uma autonomia expressiva que aponta para

outras formas de resultado. Essa ideia de resultado final leva a outros modos de trabalho.

Com esse deslocamento de ênfase – que já não vê mais a necessidade da forma integral

e da figura completa –, o sentido de completude é substituído pela autonomia e pela

ambiguidade do fragmento; o momento alçado a uma possibilidade de finalização. Na condição

de autonomia expressiva está a identificação de uma situação de percepção e legibilidade mais

ambígua. O fragmento tem silhuetas que não explicitam a forma, pelo contrário, sugerem

outras [20]. O uso de materiais porosos e a transparência do conjunto potencializam essa

ambiguidade e indeterminação da forma (o jogo de ver a forma invertida, ver através) e, em

certos casos, possibilitam ver simultaneamente mais de uma leitura para ela.

empower the ambiguity and the lack of determination of the forms; this is the trick of seeing through,

seeing upside down. In some cases, this kind of material contemporaneously offers more than one

interpretation to the form.

Although fragments initially represented figures, the focus moved to its constitutive mode [21].

This alteration frees the formal logic from the correspondent representation of the figure, establishing a

progressive autonomy from the fragment compared to the figure (as previously intended). This autonomy

enabled fragments to accomplish a level of fruition which did not depend on the figure or scene where it

was inserted. This result, this passing and transitory state, is exactly what interests to me.

57

Sob

re p

roce

sso

e pe

nsam

ento

| O

n Pr

oces

s an

d Th

ough

ts

18

18. Esquema do Fazer, Pensar-fazer e da Matéria, 2007

Proj

eto

‘Per

curs

o do

Art

ista

’ |

|

Nic

o R

ocha

‘The

Art

ist’s

Pat

h’ P

roje

ct

58

Ainda que o fragmento inicialmente representasse a figura, o foco se deslocou para

o seu modo de constituição [21]. Isso libera a lógica formal da representação correspondente

da figura, estabelecendo uma autonomia progressiva do fragmento em relação à figura

(como intencionada anteriormente) e permitindo chegar a uma forma de fruição que é

independente da identificação da figura ou da cena em que ela se insere ou de onde ela

descende. Esse resultado, essa condição momentânea e transitória, passa a me interessar.

A ênfase na sintaxe leva ao fragmento, que por sua vez leva à ambiguidade, a uma

abertura de leitura. Essa fresta, ao se abrir, não se recompõe novamente. Outras figuras,

outras espécies de figuras, passam a existir, outro imaginário se instala no processo

escultórico (BACHELARD, 1990; 194), e sua visão vai sobrepor-se à visão da figura. Esse é um

processo de contínuo deslocamento, que permite a abertura discursiva para além da leitura

da cena, para outros tipos de universos semânticos.

The emphasis in syntax leads to the fragment which, in turn,

leads to the ambiguity and to the opening of meanings. This opening,

this gap, does not recompose itself. Other figures, other types of

figures, come to existence, and other imaginary inhabit sculpting

process with a totally new manner of seeing that will overlap the

figure’s original. This is a constant shifting process which permits a

discursive opening beyond the reading of a scene, toward new kinds

of semantic universes.

Is a process of constant reallocation and interpretative pursuit

in the work [22]. Drifting is composed through a constant developing

of the work, focusing on the process and an uninterested and curious

gaze; a gaze which seeks a surprise in the sculpting results. The

accumulation of these strong moments in the same proposition

constitutes a strategy of meaning construction which leads to a

litigious condition. 19

19. A rusga, 2000

É o processo de deslocamento contínuo e de busca

interpretativa no trabalho [22]. A deriva se constitui no desen-

volvimento contínuo do trabalho com foco no processo e no olhar

desinteressado e curioso; olhar que busca a surpresa naquilo que

resulta do ato escultórico. A acumulação desses diversos mo-

mentos fortes em uma mesma proposta constitui uma estratégia

de construção de sentido que conduz a uma condição litigiosa.

No momento em que permito, e até mesmo busco, a

ambiguidade por meio desses procedimentos (de sobreposição,

de distanciamento, de uso do fragmento, etc.), passo então a me

interessar pela articulação dessas diferentes visões que se

sobrepõem no trabalho em andamento. A resolução desses im-

passes se dá na articulação de múltiplas visões (BÖHM, 2008; 75)

em um mesmo trabalho, nos litígios arbitrados. O resultado do

processo deixa de ser um ponto final previsto e passa a ser

entendido como um nó, um entroncamento para onde várias

direções interpretativas convergem.

59

Sob

re p

roce

sso

e pe

nsam

ento

| O

n Pr

oces

s an

d Th

ough

ts

In the very moment I permit, and even seek, the ambiguity through

these procedures (overlapping, disaffection, fragment use, etc.), I developed

an interest for the manipulation of these different interpretations, what

overlaps the on-going work. The solution to these impasses stays on the

manipulation of multiple interpretations of a single work in arbitrated litigious.

The result of this process is no longer an expected final spot, but it is seen as a

knot, a crossing point where several interpretative directions converge.

It is in this crossing point, composed by the same equation of different

directions, when different interpretations struggle for dominance, that I pursuit

to establish my work: in the most intense point, the powerful-form. This

condition creates what I call sense of immeasurability; a feeling of abyss

accompanied by the multiple interpretations that are seen as contem-

poraneous possibilities in work.

Based on this conclusion, the sculpting creation is determined by

the movement between successive edges. In the sculpting process, the 21

20

20. Atleta, 1988 | 21. Homem, 1988

Proj

eto

‘Per

curs

o do

Art

ista

’ |

|

Nic

o R

ocha

‘The

Art

ist’s

Pat

h’ P

roje

ct

60

22

22. Esquema do Processo de Obtenção Escultórica, 2008

“A Rusga” [19], it opens over itself towards its internal space. The

representation of its interiorities, its guts, is the overlapping – one

thing inside another – through a topological exercise, as an external

image which bends over itself and enters back to the inside of the

configured volume [24]. The interior space of the work transforms

itself into a litigious zone with the articulation of its surface and its

internal parts.

During the work, it is easy to have ideas. From a certain point,

ideas are attracted by other ideas which can or can not find a body or

an object. It is a characteristic of my intuitive process searching my

inner self to seek for resonances, similarities, affections and clues.

This monitoring is what makes me capture other emerged situations

which must be translated throughout the process, to the object in

formation, to be evaluated in its pertinence.

61

Sob

re p

roce

sso

e pe

nsam

ento

| O

n Pr

oces

s an

d Th

ough

ts

É nesse entroncamento, composto pelas diferentes direções equacionadas, em que

as visões divergentes contendem buscando a primazia, que procuro situar o trabalho: na condição

de intensidade máxima; a forma-forte. Essa condição gera o que chamo de sensação de inco-

mensurabilidade, um sentimento de abismo que acompanha a multiplicidade de sentidos vistos

como possibilidades contemporâneas no trabalho.

A partir dessa conclusão, a construção escultórica se define pelo caminhar entre sucessivos

gumes. No processo escultórico, o trabalho não tem passado nem futuro; tem presente e ao se

tornar passado, se torna história; assim, as reflexões ou os raciocínios que antecedem ou sucedem

a sua realização não têm maior ou menor importância. É o processo que me leva a centrar a

atenção no que tenho e não no que busco (ou quero) ter.

Portanto, o aparecimento do fragmento e o início da ênfase na sintaxe da forma escultórica

se constituem em estratégias (intuitivas ou espontâneas) que levam ao enfraquecimento da

legibilidade da interpretação predominante e liberam a fruição das partes (a fruição da gramática

associativa, que é construção) para outras formas de leitura do trabalho [23].

O corte e a costura pressupunham que a forma da escultura era dada por sua casca, pela

superfície da pele, mas quando ela se abre, seja pela investigação das possibilidades do fragmento

e da construção modelada, por exemplo, em A Rusga [19], ela se dobra sobre si mesma, em

direção ao interior. A representação de interioridades, vísceras, é a sobreposição – uma coisa

dentro da outra – por meio do exercício topológico, do exterior que se dobra sobre si mesmo e volta

para dentro do volume configurado [24]. O espaço interior do trabalho passa a ser também zona de

litígios com a articulação da superfície e do interior.

work has no past and no future, but it has present, and when turns

into past, it becomes history. As a result, reflections or logics which

occur after or before the conclusion of work are not important. It is the

process which helps me to focus on what I have and not on what I

seek (or want) to have.

Then, the appearing of the fragment and the beginning of

the emphasis in the sculpting syntax of form formulate intuitive or

spontaneous strategies which weaken the predominant legibility of

interpretation and also release the fulfillment of each part toward

other types of reading the work [23].

Cutting and sewing assumed that the sculpture form was

determined by its external appearance, in the surface of the skin,

but when this form is expanded, by the investigation of the possi-

bilities of the fragment and the modeled construction, such as in

Proj

eto

‘Per

curs

o do

Art

ista

’ |

|

Nic

o R

ocha

‘The

Art

ist’s

Pat

h’ P

roje

ct

62

É fácil ter ideias ao trabalhar. A partir de certo momento, as ideias são atraídas

por outras ideias que encontram ou não seu corpo/objeto. É uma característica

do meu processo intuitivo continuamente rastrear o meu interior em busca de

ressonâncias, de afinidades, afecções e pistas. Essa varredura é o que me faz captar

tantas outras situações que surgem e que devem ser trazidas à luz do processo, para o

objeto em constituição, para serem avaliadas na sua pertinência.

Um trabalho em andamento é um imã. Um trabalho em andamento quer dizer

uma forma em constituição que se encontra na presença de uma mente que está

concentrada nas suas questões, equacionando, seguindo trilhas. Nesse contexto, as

A work in progress is like a magnet. A work in progress is like a form in composition which can

be found through the existence of a mind focused on its own questions, evaluating, following its own

trails. In this context, ideas are drawn into the vacuum of this displacement. It is easier to have ideas

observing the current work than experiencing them through other ideas, especially if they reside in

concrete things and not in other ideas.

This is the central issue of the intuitive construction of work: what falls in the net (KOONING,

1994; 86), in the course of the configuration process, what is pertinent and what is not are constantly

kept in check. Emerged ideas, connected to the creation process, do not necessarily belong to that

specific moment or work. The identification of deviations leads further to the sense of genealogy.

At this moment, they are not deviations anymore; they are developments, because there is in

a choice around them. For example, the genealogic graphic of the works performed in London and Bad

23 24

23. Templo, 2001 | 24. Corpo topológico, 2005

63

Sob

re p

roce

sso

e pe

nsam

ento

| O

n Pr

oces

s an

d Th

ough

ts

ideias são sugadas no vácuo desse deslocamento. É mais fácil as ideias novas virem da observação do

trabalho em andamento do que de outras ideias, principalmente se elas residirem nas coisas, e não em

outras ideias.

Essa é uma questão central na construção intuitiva do trabalho: do que cai na rede (De KOONING,

1994; 86), na esteira do processo de configuração, a sua pertinência e o seu pertencimento são conti-

nuamente colocados em xeque. As ideias que surgem, atreladas ao processo de criação, não são

necessariamente nativas daquele momento ou daquele trabalho. A identificação dos desvios é que leva,

mais adiante, à noção de genealogia.

Nesse momento, não são mais desvios, são desdobramentos – já existe uma decisão sobre eles –

por exemplo, o gráfico da genealogia dos trabalhos realizados em Londres e Bad Ems [pgs. 85 e 90]

apresenta as conexões entre eles naquele período. A escultura Troncográfico [25], na qual, no curso do

trabalho, identifiquei uma ideia (ou representação) de fluxo bifurcado na parte interna, em tela, da estrutura

de tubo de cobre, um fluxo que se ramifica (pela bifurcação), gerou a noção que vim a desenvolver a seguir

na escultura Dinomapa [26]. Esse trabalho, inicialmente, tinha vinculação com uma ideia de mapa – por

exemplo, um mapa de uma linha de metrô, como se o solo fosse transparente e pudesse ver as estações

enterradas – o que me levou a imaginar ramificações mais arbustiformes, que foram exploradas

posteriormente no Arbusto ardente [27]. Este, por sua vez, pelo desenvolvimento do modo de sustentação

das telas – com a passagem de fios que fixam os elementos de cima para baixo – me levou à ideia de

passar essas linhas horizontalmente. A seguir, em outro trabalho, passei as linhas pelo ângulo interno

formado pelas paredes do atelier, sem objetivo ou forma claros, e isso me levou aos Varais [28, 29, 30], que

lembram redes, como as que se estendem para capturar peixes ou pássaros, que no atelier têm um

comportamento semelhante, capturando ideias e imagens fugazes.

Ems [pgs. 85 and 90] presents connections between the works

developed in that period. In Troncográfico [25], throughout the

process of its creation, I identified an idea (or a representation) of

a bifurcated flow on the internal area, (in wire mesh), in the structure

of the copper tube, a ramifying flow (through bifurcation). This

perception created the sense which I further developed in the

sculpture Dinomapa [26]. Initially, this work had an association with

the idea of a map, a subway map, for example, as if the soil was

transparent and would be possible to see the underground station.

This idea led me to imagine ramifications similar to bushes, which

were further explored in ArbustoArdente [27]. Developing the struc-

ture for supporting the wire mesh (using threads which fix the element

from up to down) led me further to the ideas of passing these lines

horizontally. Afterward, in some other work, I passed the lines through

the internal angle formed by the walls of the studio, doing this

with nothing particular in mind, which led me to Varais [28, 29, 30].

These remind me nets to capture fishes and birds, an idea that in

my studio had a similar behavior, where I try to capture ephemeral

ideas and images.

In consequence, the work grows by adding, gathering frag-

ments, impressions (images, associations, objects, etc.) and so on.

It is a drifting process which is not internal to an isolated work, but it

constitutes a sequence, a collection of works.

This drifting path doesn’t mean a wandering path. The simple

account for accumulated works if registered in documentation and

memories (works, drawings, schemes, sketches, etc.), clearly pre-

Proj

eto

‘Per

curs

o do

Art

ista

’ |

|

Nic

o R

ocha

‘The

Art

ist’s

Pat

h’ P

roje

ct

64

Assim o trabalho vai se constituindo por acreção, ajuntamento de fragmentos, de

impressões (imagens, associações, objetos, etc.), e assim por diante. É uma dinâmica de

deriva que não é apenas interna ao processo de um trabalho isolado, mas se constitui em

uma sequência, um conjunto de trabalhos.

Esse percurso em deriva não quer dizer percurso errático. O simples cômputo

dos trabalhos acumulados em registros da documentação e da memória (desenhos,

esquemas, fotos, croquis, etc.) coloca mais claramente o que varia e quais constantes se

sedimentam em meu trabalho ao longo desse tempo (KÜBLER, 1978; 33), demonstrando o

processo de deriva.

Quanto mais longe no tempo esse passado retrocede, melhor é a visão do conjunto

e do sentido das relações. Deste ponto, no presente, é difícil distinguir, ter clareza daquilo

que está próximo de onde me encontro, do que faço hoje em meu trabalho. Não consigo

sents what modifies or not in the work during all this years (KÜBLER, 1978; 33), records that show

this drifting process.

Further this past recedes in time, better is the overview of the whole and the perception of

correlations. At this point, in present, it is difficult to distinguish or clarify what is close to the place

where I am, what I am doing in my work today. I cannot clearly observe the scenery around me, 'bushes',

'stones and trees' next to me – I can’t clearly differentiate the directions and motivations which surround

me –, but I can see more clearly and acutely through the creations that goes back in time. I have a better

understanding of my production from the perspective of the passing time [31].

25

25. Troncográfico, 2007

65

Sob

re p

roce

sso

e pe

nsam

ento

| O

n Pr

oces

s an

d Th

ough

ts

26

ver claramente a paisagem ao meu redor, os “arbustos”, as “pedras e árvores”

próximas a mim – não consigo distinguir claramente direções e motivações, aquilo

que me circunda –, mas posso ver mais clara e agudamente na produção que recua

no tempo: entendo melhor minha produção na perspectiva do tempo decorrido [31].

Este ponto cego, do presente, em meu ponto de vista é acessível apenas pela

intuição e pela ressonância. O futuro pode ser qualquer, ele se mostra em suas

possibilidades e tradicionalmente nos engana ao nos ultrapassar e surpreender.

Ter acesso ao presente é intuir ou pressagiar (PAREYSON, 1993; 71), mas

também analisar as tendências nas linhas da produção que vêm do passado e que

This blind spot, the present, in this point of view is accessible only through intuition and

resonance. The future may be anything, it shows in its possibilities and typically fools us, passing

over and surprising us.

Accessing the present means to foresee or to presage (PAREYSON, 1993; 71), but it also

means to analyze patterns in the past production which come in the mist of present work. Another

possibility for understanding is connected to reflections through graphics and schemes. These

graphic arrangements help to establish concepts and the correspondent extraction of relation

according to their configuration [32, 33]. This is an articulation between geometric and conceptual

relations. Graphics and schemes are forms of thinking, attempts to see what is for me inaccessible,

a possibility of enlightening the hazy past.27

26. Dinomapa, 2007 | 27. Arbusto ardente, 2007

Proj

eto

‘Per

curs

o do

Art

ista

’ |

|

Nic

o R

ocha

‘The

Art

ist’s

Pat

h’ P

roje

ct

66

30

28

29

28. Varal geométrico, 2008 | 29. Varal rupestre, 2008 | 30. Welcome, 2008

67

Sob

re p

roce

sso

e pe

nsam

ento

| O

n Pr

oces

s an

d Th

ough

ts

penetram a névoa que circunda o trabalho no presente. Outra possibilidade de compreensão se

liga às reflexões feitas na forma de gráficos e esquemas. Eles são disposições gráficas que

auxiliam o estabelecimento de conceitos e a correspondente extração de relações de acordo

com sua configuração [32, 33]. É uma articulação entre relações geométricas e relações

conceituais. Gráficos e esquemas são formas de pensamento, são tentativas de ver aquilo que

me é inacessível, de aceder ao presente enevoado.

O presente se esconde no conjunto de todas as possibilidades que deixamos crescer

durante o pensar do trabalho, concentrados no pensar, no pensar-fazer e no próprio fazer. Essa

bruma que se constitui em nossa consciência seria fruto do nosso contínuo pensar sobre as

coisas. Essa bruma é o palheiro que esconde a agulha.

The present hides itself in the collection of all possibilities that we let develop while we think about the

work, focused on the process of thinking and of thinking/doing and on the relation between them. This mist that

constitutes itself in our consciousness would be a result of our constant reflection about things. This mist is the

haystack where lies the needle.

In this uneasy position, the present where I am, is where I think and foresee. In this position, I perceive that

in conducting my work, differently from graphics and schemes, my hands have a knowledge which defies cerebral

logic. Like the sight surprising me with ignored views, the hands give me different directions for what had been

previously thought.

31

31. Esquema de genealogia, primeira versão, 2006

Proj

eto

‘Per

curs

o do

Art

ista

’ |

|

Nic

o R

ocha

‘The

Art

ist’s

Pat

h’ P

roje

ct

68

Neste lugar desconfortável, o presente onde estou, é onde penso, onde intuo. Dessa

posição percebo que, no fazer por mim mesmo dirigindo o trabalho, diferente dos gráficos e

esquemas, as mãos têm um conhecimento que escapa à minha lógica cerebral, do mesmo

modo como a visão, quando surpreendentemente me propõe vistas ignoradas, direções

diversas do que fora mentalizado anteriormente.

Meus sentidos e habilidades pensam comigo. Refiro-me à manualidade como processo

sintético de avaliação; as mãos de algum modo sabem (PALAASMAA, 2009; 82), e isso, me

parece, liga-se a essa síntese que corresponde ao processo intuitivo. A interação de quatro

esferas resume o processo catalítico conduzido pela intuição: a esfera do desejo e da intenção

(aquela área fluida desse mar primordial que é o pensar), a das decisões e consequências

do pensar-fazer, que levam ao trabalho, a da matéria escolhida (de suas características) e,

finalmente, a das mãos (do que elas produzem na matéria) na forma de operar a matéria [18].

Se eu descrevia claramente no início (na forma de figuras), agora não pretendo mais

extrair agulhas de palheiros. Satisfaço-me em estimar que elas ocupem um determinado

contexto de existência – um “tufo” ou pedaço desse palheiro. Procuro trazer à luz uma seção ou

trecho significante desse palheiro como o contexto de sentido mais significativo do trabalho

(o entorno ao nó), estabelecido a partir de uma condição de existência: aquilo que em minha

tese chamei de forma-forte, a condição de incomensurabilidade.

My senses and abilities participate on my thinking. I refer to

the manual aspect as a syntectic evaluation process; a process that

somehow my hands know (PALAASMAA, 2009; 82), and this, it seems

to be connected to a synthesis that correspondent to intuitive

process. The interaction of four spheres compresses the catalytic

process led by intuition: the sphere of intention and will (the fluid

area of this primordial sea conceived as thinking process), the sphere

of decisions and consequences of thinking-doing which lead to

the work, the sphere of chosen material (of its characteristics),

and finally, the sphere of hands (what they produce in the material),

the way they operate in the material [18].

If I clearly described my work in the beginning (as figures), now

I do not have pretensions of looking for a needle in the haystack. I am

satisfied in estimating that those needles occupy a certain existence

context – a 'tuft' or piece in this haystack. I seek to enlighten a

significant part of this haystack as a meaning context more relevant to

the work (the surroundings of a knot), an established context based

on an existing position: what I called strong-form in my thesis, the

condition of immeasurability.

This haystack is not pre-existent; it is filtered by the structure of

my understanding of the work's construction. The feeling exists, but it

is unrevealed; what I am able to do is just manage the work towards a

higher or lower intensity of this feeling.

69

Sob

re p

roce

sso

e pe

nsam

ento

| O

n Pr

oces

s an

d Th

ough

ts

32. Esquema do processo de obtenção, dobra-litígio-obtenção, 2007 | 33. Esquema: o trabalho como encruzilhada, 2007

32

33

Proj

eto

‘Per

curs

o do

Art

ista

’ |

|

Nic

o R

ocha

‘The

Art

ist’s

Pat

h’ P

roje

ct

70

tanding gives results; there is an issue of efficiency in this way

of thinking my creation process. A metaphor is never delimited

or restricted, it is a substitution which displaces ideas; and this

displacement always escaped from the restriction of meanings.

Like Perseus fighting against Medusa, looking indirectly to be

able to see her, to have a clearer sense of the creature, when we

constantly look for the present we hide it, as if we are looking at its

borders, never directly. The most inclusive definition is always the

most vague and imprecise.

The present moment of work, its principles, may be accessible

if I imagine the continuity of its historical trends, the lines which

converge to the present time. I can see the principles coming from

certain directions and, for this, I can distinguish the possible futures on

Esse palheiro não preexiste, ele se forma destilado pela estrutura de minha forma de

pensar a construção do trabalho. A sensação existe não desvendada, o que posso fazer é

manejar o trabalho na direção de maior ou menor intensidade dessa sensação.

Quando o processo é predominantemente intuitivo, as fichas podem vir a cair depois.

Guiar-se pela intuição com frequência quer dizer trabalhar mais com dados faltantes, porém

dos quais se tem a impressão ou presságio, do que com aquilo que se percebe.

O mundo da intuição, em meu caso, é um mundo indireto, em que uma definição

discursiva precisa é vazia. Nesse mundo, a definição mais precisa das coisas é por metáforas.

Com a metáfora, consigo dar conta do que quero dizer ou expressar, do lugar de onde penso e

construo os meus trabalhos, de onde eles existem em potência e em ação. Uma física invertida

operada a partir da intuição.

Até o momento, isso é o que parece dar conta das coisas e de como elas se comportam

em meu fazer. É também o contexto significativo que melhor me permite operar esse fazer.

Esse entendimento produz resultados, há uma questão de eficácia nessa forma de entender

meu processo de criação. Uma metáfora jamais é circunscrita ou limitada, ela é uma subs-

tituição que desloca, e este deslocamento sempre escapa à redução de sentido, à sua

delimitação .[34 e 35]

When the process is mainly intuitive, then ideas may come

down later. Find orientation on intuition process frequently means

working with missing data, not with data based on what we perceive,

but data that we have an impression or a presage.

In my perception, the world of intuition is an indirect world,

where a precise discursive definition is empty. In this world, the most

precise definition of things is through metaphors. Through metaphor, I

am able to express what I want to say, the place where I think and

construct my works, where these works exist in potential and in fact.

An inverted physics operated by intuition.

Until this moment, this is what it means to express things and

how these things work in my creation process. It is also the significant

context which makes me able to operate my creation. This unders-

71

Sob

re p

roce

sso

e pe

nsam

ento

| O

n Pr

oces

s an

d Th

ough

ts

Assim como Perseu enfrentou a Medusa, olhando indiretamente para poder vê-la, para conseguir

ter uma noção mais clara, buscar ver o presente é escondê-lo continuamente, olhando ao lado, nunca

diretamente. A definição mais inclusiva é a mais vaga e imprecisa.

O momento presente do trabalho, seus fundamentos, podem se tornar acessíveis se imagino a

continuidade das suas tendências históricas, as linhas que convergem para o tempo presente. Consigo

vê-lo chegando de determinadas direções e, portanto, posso distinguir futuros possíveis na hipótese de

continuidade dessas tendências para onde está o presente. Esses fluxos podem ser longos (a minha

própria genealogia escultórica [36]) ou curtos (o desenvolvimento interno de um trabalho em direção à

sua consecução [37]), mas obedecem a uma mesma dinâmica.

the hypothesis of the continuation of these trends to the place where the

present is. These flows may be longer, [my own sculpting genealogy, 36] or

shorter (the internal development of a work towards its achievement [37]), but

they are always governed by the same dynamics.

When I refer to needles in a haystack, I do not want to mean that I am

the one who distribute these needles in there and reveal them progressively in

work. It is not about hiding in the work something which it is clearly presented in

my mind, hiding it from the observer. To whom who works in a world of inverted

physics, to have (or see) something clearly and then to veil it in work is inefficient

and this would empty the work from its own incommensurability. 35

34

34. Esquema de referências para o trabalho Banana genealógica, 2007 | 35. Banana genealógica, 2008

Proj

eto

‘Per

curs

o do

Art

ista

’ |

|

Nic

o R

ocha

‘The

Art

ist’s

Pat

h’ P

roje

ct

72

Quando me refiro às agulhas em um palheiro, não quero

dizer que sou eu que ali as distribuo e depois vou revelando-as

progressivamente no trabalho. Não se trata de esconder no

trabalho algo que se apresenta de forma clara à minha mente,

que então escondo do observador. Para quem trabalha em

um mundo com a física invertida, ter (ou ver) algo claramente

e depois escondê-lo no trabalho é ineficiente e o esvazia de

sua incomensurabilidade.

Se houver algo claro como ponto de partida, este deverá

se transfigurar no trabalho, sendo perdido para ser achado

mais adiante no processo. As formas que assolam o meu

universo de criação não contêm conceitos evidentes; eles

são subjacentes e, por meio de operações noturnas, busco

manipulá-los não os trazendo à luz solar. As esculturas são

traduções de conceitos que jazem escondidos. Daí a noção de

processo como o fulcro principal, como a mais alta instância

dessa criação.

So, if there is a clear starting point, it should be transfigured in the

work: it must be lost to be found further in the process. The forms which

inhabit my universe of creation do not have self-evident concepts; they are

underlying and, through nocturnal operations, I seek to manipulate these

forms, never bringing them to natural light. Sculptures are translations

of hidden concepts. Based on this point of view, we have the notion of

process as the main foundation, as the most important stage of creation.

The emphasis on the process means an open ending in this inverted

physics of my intuition world, the fulcrum concentrates in procedures.

If these procedures are inaccessible to me in the present moment, if

the comprehension of the work is in a future which is wide and possible,

what is left for me is the confidence in the process, a confidence in the

investigation of the future possibilities, in all those aspects which are

ahead as possibilities.

36

37

36. Esquema inicial para genealogias, Londres, 2008 | 37. Sequência de construção do Brasão, 2008

73

Sob

re p

roce

sso

e pe

nsam

ento

| O

n Pr

oces

s an

d Th

ough

ts

Ênfase no processo quer dizer final em aberto. Assim, nessa física invertida do mundo de minha

intuição, o fulcro se centra nos procedimentos. Se esses são inacessíveis a mim em seu presente, e a

compreensão do trabalho se encontra em um futuro que é amplo e possível, o que resta é a confiança

no processo, na investigação das possibilidades de futuro e o que, nessa noção, se encontra adiante

como possibilidade.

Nesse meio fluido e caleidoscópico, a condução centrada no procedimento pode vir a fazer

sentido diante da multiplicidade de variáveis dispostas. O processo tem para mim essa característica

noturna, vaga, ambígua. É na aceitação dessa fluidez contínua que me desloco, usando essa mesma

fluidez em direção ao resultado que vai sendo determinado no momento.

Não é mais a fixação a priori da forma a ser executada, nem avançar reto em direção a ela, a cada

momento sabendo o quão pronto está e o que resta a ser feito. A descoberta da condução em cada

trabalho acontece no ir e vir do processo. O sentido que vemos no trabalho se constrói junto, não existem

pontos fixos da forma nem do que se pretende com cada trabalho. Forma e sentido são tecidos juntos no

decorrer do processo [38].

Pensá-lo dessa forma, é claro, pressupõe um divisar algo a distância a cada momento (não

necessariamente a mesma coisa de maneira contínua), mas não implica obtê-lo. Isso está vinculado

tanto à capacidade de gerar visões para seguir adiante, quanto, fundamentalmente, à capacidade que

tenho de me livrar delas, de abandoná-las quando necessário para chegar ao resultado. A capacidade de

desafeição e estranhamento das soluções intermediárias é um elemento central para uma dinâmica

In this fluid process, a kaleidoscopic one, the orientation

centered in the procedure may come to make sense for the

accessible multiple variables. For me, the process has this nocturnal,

vague and ambiguous characteristic. It is in the acceptance of this

ongoing flux in which I move myself, using this same flux to lead me to

the result, a result determined by the moment.

In this moment, it is not any more the previous determination

of the form to be executed, neither its moving straight towards the

form, always being aware of the progress of work. The discovery of

the management of each work happens through the ups and downs

of the process itself. The meaning that we observe in the work is

constructed with the form; there are no fixed or planned points in the

form of each work. Form and meaning are built together in the course

of the process [38].

Of course, thinking the process in this manner presupposes to

see something at distance in every moment (which is not necessarily

the same all the time), but it doesn’t imply obtaining this vision.

This is related to the ability of producing views to move forward

and fundamentally to the ability that I have to abandon these views

when necessary to arrive to a result. The ability of disaffection and

unfamiliarity on intermediate solutions is a central element for the

dynamic of process [39]. Being able of giving up previous images

is as important as identifying unpredicted situations which are

disposed as strong possibilities in the work. We will have access to

what is new if we stop seeing exclusively what we consciously and

intentionally inserted in the work.

The sculptural thinking is not a conscious conduction – or at

least in what concerns to all totalities and tonalities involved; thinking

processual [39]. Poder abrir mão de imagens precedentes é tão importante quanto a

capacidade de identificar situações não pensadas, imprevistas, e que se colocam como

possibilidades fortes no trabalho. Temos acesso ao novo se deixamos de ver no trabalho

só aquilo que consciente e intencionalmente ali colocamos.

O pensar escultórico não é uma condução consciente – ou pelo menos não de

todas as totalidades e tonalidades envolvidas; o pensar também não produz as coisas em

sequência. No curso de perseguição a um trabalho, outras coisas são atingidas e caem ao

longo do caminho. São talvez partes, pedaços de outros percursos, cruzamentos com

outras possibilidades e assim, no trabalho, distinguir entre o que é pertinente e o que não

é passa a ser fundamental. Como são ordenadas as diferentes visões nesse imenso

palheiro? Pela ressonância. Como se determina a condição de autonomia do trabalho;

quando ele já tem existência autônoma? Pela ressonância.

A ressonância não se constitui em uma avaliação exterior, visual e direta. Ela é uma

avaliação intuitiva que, por uma série de procedimentos, busco trazer à consciência de

forma mais sistemática. É também uma tessitura conceitual (de lógica interna, de estudo

do funcionamento e das intenções visadas) para auxiliar na avaliação. A ressonância

provoca os acordes internos que têm de ser julgados internamente, mas tem de ser

confrontada com a lógica posterior, que pode ser estendida sobre o processo todo, no

qual a leitura histórica dos trabalhos produzidos vai fornecer pistas de onde se esteja e do

que seja pertinente e válido naquele momento.

Esses conceitos que desenvolvo aqui são entendimentos que visam a estender ou

tecer esse arcabouço de auxílio, a guia-mestra de investigação da intuição. Eles fornecem

aportes paralelos para diminuir o hiato entre o irracional, intuitivo, interior e o produto

externalizado: o trabalho. Segundo meu ponto de vista, eles se constituem em formas de

fabulação que povoam o mundo da criação.

also does not produce things in sequences. When we are pursuing a certain work, other objects are

reached and, sometimes, fall during the course. Maybe, they are parts and pieces of other courses, which

cross other possibilities, and then, in the work, it is essential to distinguish between what is relevant and

what is not. How are the different visions organized in this huge haystack? Through resonance. How the

condition of the work’s autonomy is determined, when it has autonomous existence? Through resonance.

The resonance is not an exterior, visual and direct evaluation. It is an intuitive evaluation that I

intent to systematically bring to consciousness through a series of procedures. It is also a conceptual

texture (of an internal logic, of a study of function and aimed intentions) to support the evaluation. The

resonance stimulates internal chords later to be judged also internally, but it has to be confronted with the Proj

eto

‘Per

curs

o do

Art

ista

’ |

|

Nic

o R

ocha

‘The

Art

ist’s

Pat

h’ P

roje

ct

74

75

Sob

re p

roce

sso

e pe

nsam

ento

| O

n Pr

oces

s an

d Th

ough

ts

logic that can be applied to the whole process, in which the historical

background of produced works is going to provide clues of where it is

and what is relevant and valid at that moment.

The concepts that I developed here are understandings

which aim to amplify or to interlace this assistance outline, a guide

concerning the investigation of intuition. They provide parallel subsides

to diminish the gap among irrational, intuitive, interior, and the external

product: the work. According to my point of view, concepts consti-

tuted as a kind of fables that inhabit the world of creation.

I named fables (LÉVI-STRAUSS, 1989; 24) the mental courses

that I use in the process of creating a sculpture. They exist in the mind

that creates the fables. Some of them are going to appear in the

surface of the final work. Others, however, are made to keep the

development of the project going.

The person who does not have interests in it can not see

these other forms of work, even when they show more obvious

layers, such as space occupation shape, in relation [42] to the

observer's body (totem, landscape and installation); even when they

As fabulações (LÉVI-STRAUSS, 1989; 24) são percursos mentais que faço no processo de

obtenção da escultura. Elas têm existência na cabeça que fabula. Algumas vão permanecer mais

ou menos à tona no trabalho em sua constituição final, mas outras são feitas para manter o

processo correndo.

Quem não se propõe não verá essas outras formas de existência do trabalho, apesar de haver

algumas camadas ou níveis mais óbvios, como ocupação no espaço, forma, na relação [42] com o

corpo do observador (totem, paisagem e instalação), para além, na relação com o plano horizontal e

com o mundo: o que chamo de eixo – a relação de posição e mesmo a situação que estabelece a

conexão do trabalho com o espaço em torno, entre o céu e a terra (sua constituição no mundo),

etc.(HEIDEGGER, 1975; 149)

38 39

38. Esquema dos futuros possíveis em um trabalho, 2005 | 39. Esquema de estudo de encruzilhadas, 2008

Proj

eto

‘Per

curs

o do

Art

ista

’ |

|

Nic

o R

ocha

‘The

Art

ist’s

Pat

h’ P

roje

ct

76

Fabulações sucessivas, articuladas por meio da construção formal (que também propõe outros

níveis de fabulação), levam à sensação de incomensurabilidade que comentei. Isso é um indício de

estabilidade, de chegada nas proximidades de uma forma-forte que pode regular o litígio estabelecido e

conduzir à conclusão.

Fabular é uma forma de extrair ou de colocar no trabalho uma série de situações possíveis,

estabelecendo relações internas que imagino existam no palheiro e que podem lançar luz no obscuro

universo da intuição. Não existe o desejo de acabar com essa escuridão; o aspecto noturno é uma

característica dessa forma de trabalho, dessa forma de pensar. A intenção é buscar estratégias de operar

mais eficientemente nesse obscuro universo. O uso dos gráficos é outra forma de investigação.

Os gráficos e esquemas são constelações, são distribuições geométricas. Os conceitos que

identifico – aqui chamados de termos – distribuem-se nessas constelações de forma geométrica: em

pares, ao longo de um eixo [32, 33], em trincas [42] e em quadrados [41] – algumas vezes em torno de

um centro de distribuição [43], etc. A partir dessas diferentes distribuições, esses termos estabelecem

relações entre si, que pre-existem às suas definições: ao ocupar determinadas posições, cada termo

sugere relações com os outros [41]: relações específicas da posição que ocupam – vértice ou meio – e de

que lado vão, etc. Por exemplo, nas relações triangulares, pode-se dividir entre oposições dois contra um e

oposições de todos contra todos [43]. Nos quadrados, os termos se dividem em pares, ou em trincas

contra um, e assim por diante.

show relations to the horizontal plan and the world. This is what I call

the axis – the relation of position and situation which establishes the

connection between the work with its surroundings, between heaven

and earth (its constitution in the world), etc. (HEIDEGGER, 1975; 49)

Successive fables articulated through the formal construction

which also suggests other levels of fabling, bring the sensation of

immensurability, which I had mentioned earlier. This is evidence of

consistency and proximity of a power-form allowed to regulate the

established litigation and to lead to a conclusion.

In this sense, fabling is a way of extracting or inserting in the

work a series of possible situations, establishing internal relations

which I imagine that exist in the haystack and that can throw some

light in the obscure universe of intuition. There is no desire to cease

this darkness; this dark aspect is a characteristic of this way of working

or thinking. The intention is to pursuit other strategies that function

more efficiently in this obscure universe. The use of graphics is another

way of investigating my process.

Graphics and schemes are constellations, geometric distri-

butions. The concepts I identify – here called terms – are geometrically

distributed in these constellations: in pairs, along an axis [32, 33], in

cleavages [42] and in squares [41], sometimes around a distribution

center [43], etc. From these different distributions these terms

therefore establish relations among themselves, relations that preexist

their definitions. At the moment they occupy certain positions,

each term suggests relations with the others [41]. There are specific

relations concerning their positions in space – vertex or middle – and to

40

41

40. Esquemas das transições nos trabalhos, 2008 | 41. Esquema das relações autor-fruidor, 2007-2008 77

Sob

re p

roce

sso

e pe

nsam

ento

| O

n Pr

oces

s an

d Th

ough

ts

Proj

eto

‘Per

curs

o do

Art

ista

’ |

|

Nic

o R

ocha

‘The

Art

ist’s

Pat

h’ P

roje

ct

78

which side they are placed etc. For example, in the triangular relations they can be divided in oppositions of

two against one or of all against all [43]. In the squares the terms are divided in pairs, or a set of three against

one, and so on.

Graphics and schemes can also indicate frames of reading, possibilities that walk along in a

work, without closing themselves in a single explanation. Interpretation represents also a reduction. When

presented in graphics, grids, or schemes, the interpretative possibilities restrained in a work [43] provide

clues for the reinterpretation, which avoid shutting and reduction. Graphics are visual metaphors, graphics

Os esquemas e gráficos podem também dar uma indicação de vertentes de leitura,

coisas que caminham juntas em um trabalho, sem se fechar em uma explicação única. Toda

a interpretação representa também uma redução. Ao se apresentar em uma forma de

gráfico, grade ou esquema, as possibilidades interpretativas contidas em um trabalho [43]

fornecem pistas para a reinterpretação, evitando o fechamento e a redução. Os gráficos são

metáforas visuais, são uma tentativa de identificar relações obscuras que potencializem o

processo de decisão dentro de uma dinâmica centrada na intuição.

Não acredito na precedência da verbalização como a mais correta correspondência

para com o universo interior que cada trabalho contém. A explanação gráfica, na forma de

esquemas e desenhos, desloca a ênfase da interpretação do discurso construído por meio da

verbalização para um discurso visual e gráfico.

42

42. Esquema de estudo das possibilidades de interação entre autor-trabalho no processo de obtenção da escultura, 2007

79

Sob

re p

roce

sso

e pe

nsam

ento

| O

n Pr

oces

s an

d Th

ough

ts

43

43. Esquema de estudo das possibilidades de relações de leitura dos objetos em um lugar, 2008

Proj

eto

‘Per

curs

o do

Art

ista

’ |

|

Nic

o R

ocha

‘The

Art

ist’s

Pat

h’ P

roje

ct

80

Ao chamar de universo ou de mundo, não quero necessariamente caracterizar como tendo

extensão infinita (ter extensão já o torna denso o suficiente), apenas convoco a atenção para o

fato de que, em cada trabalho, está contido um conjunto de camadas de sentido e significado que

lhe dão existência. Muitas dessas camadas são apenas pressentidas por mim, outras são

ignoradas, mas todas elas se rebatem e refletem, ampliando-se. Elas podem ser trabalhadas em

conjunto por intermédio da noção de espessura e de profundidade.

Outra das fabulações que faço na condução do trabalho está vinculada ao compar-

tilhamento – nas diferentes modalidades de interação interpretativa que posso assumir no

andamento da escultura.

O compartilhamento é uma fabulação que diz respeito às relações do meu corpo, de como

penso e de como me relaciono com a escultura e com o espaço [42, 44]. A partir da hipótese

das diferentes formas de relação (confrontação, imersão e projeção), vou buscar outras

possibilidades no trabalho: dimensão, distribuição, espacialização. Essas fabulações são alguns

dos elementos dessa investigação. Eles vão propor outros termos a serem inseridos na equação

do compartilhamento e posteriormente serem observados em seus efeitos e alterações sobre

a minha análise.

44. Esquemas do processo de obtenção escultórica, 2008

44

81

Sob

re p

roce

sso

e pe

nsam

ento

| O

n Pr

oces

s an

d Th

ough

ts

O Totem – eu e ele no mundo, a figura isolada que me confronta e questiona – a

confrontação – quer seja a Narcisa [ pg.106 ] quer seja o Penrose [ pg. 40 ].

A Instalação – eu neste mundo que me circunda e submete – a imersão, meu atelier.

O Deslocamento [pg. 37] também tem essa impressão, apesar de que à distancia, ela inicial-

mente se colocar como totem.

A Paisagem – eu naquele mundo lá. Eu me projeto no espaço de existência do trabalho –

a projeção. Pela sua escala o trabalho me propõe essa desmaterialização e a projeção nesse lugar

possível nele representado.

Cada uma das diferentes modalidades de compartilhamento (formas de vivência desses

mundos no processo de construção) vai determinar que relação cada trabalho propõe, qual a

forma preponderante em cada situação: ele pode assumir, em determinado enfoque, uma

situação de totem, de instalação, ou então de paisagem. São diferentes formas de o meu corpo

compartilhar o espaço com o objeto em constituição, colocando-se em relação a ele. Os corpos

são importantes e centrais em meu trabalho.

Inicialmente era corpo contra corpo, a sensualidade das figuras já me colocava

numa situação assim – posteriormente, quando o corpo abandona o imaginário do trabalho,

outro corpo permanece, o do autor, e é ele que medeia as modalidades de relação que as

esculturas propiciam.

are attempts to identify obscure relations that enhance the decision

process inside the dynamics of a intuition based process.

In fact, I do see verbalization as the most correct correspon-

dence to the interior universe that each work contains. The graphic

explanation, in the form of schemes and graphics, displaces the

emphasis of the discourse interpretation built through verbalization

for visual and graphic approach.

When I name my works as universes or worlds, I do not want

necessarily to characterize them as having an infinite extension

(having extension already makes it dense enough), but I just point to

the fact that in each work there is an aggregation of layers, senses

and meanings that are responsible for their existence. Many of these

layers are just sensed by me, other are ignored, but all of them resist

and reflect, expanding themselves. They can be worked together

through the notion of thickness and depth.

A different kind of fable I accomplish when the development

of some of my works is connected to sharing and its different forms of

interpretative interaction which I can assume during the development

of a sculpture.

Sharing is a fabling that refers to the relation of my body, how

I think, and how I communicate with sculpture and space [42, 44].

From this assumption of the diverse forms of relation (confrontation,

immersion and projection) I ask for other possibilities in the work,

such as dimension, distribution and spacial disposition. These fables

compose some of the elements of this investigation. They suggest

other terms to be inserted in the sharing equation, and after they will

be observed in their effects and changes on my analysis.

A totem – the other and I in the world; the isolated figure that

both confronts and questions me – the confrontation – which can

either be represented by “Narcise” [pg. 106] or “Penrose” [pg. 40].

Proj

eto

‘Per

curs

o do

Art

ista

’ |

|

Nic

o R

ocha

‘The

Art

ist’s

Pat

h’ P

roje

ct

82

45

45. Esquema das relações entre a idéia e o trabalho resultante, 2007

83

Sob

re p

roce

sso

e pe

nsam

ento

| O

n Pr

oces

s an

d Th

ough

ts

Meu trabalho hoje ainda se baseia na representação; hoje represento meus processos

mentais ao pensar o trabalho, represento minha mente trabalhando e estabelecendo relações,

descrevendo processos, inventados ou não, internos e externos. É disso que hoje trato; paisagens

mentais que correspondem muitas vezes a reflexões sobre a construção em andamento, processos

mentais representados pela espacialização da escultura. Penso o trabalho, penso e represento meu

processo no trabalho. Conduzido pelas vias internas, minha produção se centrou no que penso e

represento. São processos imaginados, fenômenos em andamento ou em desenvolvimento que

procuro demonstrar, como teoremas, através da minha gráfica escultórica tridimensional.

The installation – I in this world that surrounds and restrains

me – the immersion, my atelier. “The displacement” [pg. 37] also

gives this impression, although from distance it was placing itself

initially as a totem.

The Landscape – I in the world over there. I project on the

space of existence of the work – the projection. By its scale, the work

suggests to me a sort of dematerialization and the projection in the

possible place represented in the work.

Each one of these different sharing modes (forms of expe-

riencing these worlds in the process of construction) is going to

determine which kind of relation they suggest, which kind of form is

prevailed in each situation: it presupposes in a determinate approach,

a situation of totem, of installation or landscape. These are different

forms of my body share the space with the constituting object, putting

itself in relation to it. Bodies are important and essential in my work.

First of all, it was body against body, the sensuality of figures

already placed me in a situation like that one described earlier.

Then, when body abandons the imaginary of the work, another body

remains, the author’s one, and it is this body which mediates the

relations that the sculptures propitiate.

At the present moment, my work still has the representation

as its basis; today I represent my mental processes when thinking

about my work; I represent my mind in working and establishing

connections, describing processes, invented or not, internal or

external. This is my current focus; mental landscapes that many

times correspond to reflections about the ongoing construction,

mental processes represented by the spatial aspects of a sculpture.

I think the work; I think and represent my process in the work.

Leaded by internal paths, my production centers in what I think

and represent. These are imaginary processes, ongoing or in deve-

lopment phenomena that I intent to demonstrate, as theorems,

through my three-dimensional sculptural graphics.

HEIDEGGER, Martin. Poetry, Language, Tought. New York, USA. Haper & Row Publishers, 1975.

KUBLER, George. The Shape of Time: Remarks on the History of Things. New Haven, USA: Yale University Press, 1978.

LÉVI-STRAUSS, Claude. O Pensamento Selvagem. Campinas, SP: Papirus, 1989.MITCHELL, W.J.T. Iconology: Image, Text, Ideology. Chicago, USA: The University of Press.

1986.PAREYSON, Luigi. Estética, Teoria da Formatividade. Petrópolis, Ed. Vozes, 1993.

BACHELARD, Gaston. O Ar e os Sonhos. São Paulo: Martins fontes, 1990.BOHM, David. On Creativity. London, UK: Routledge , 2008.CHKLOVSTI, Viktor. A Arte como Procedimento. In TOLEDO, Dionísio de O. .Teoria da

Literatura – Formalistas Russos. Porto Alegre: Editora Globo, 1971.De KOONING, Elaine. The Spirit of Abstract Expressionism: Selected Writings. New York,

USA: George Braziller, 1993.DELEUZE, Gilles. A Dobra, Leibnitz e o Barroco. São Paulo: Papirus Editora, 2005.GOODMAN, Nelson. Ways of World Making, Indianapolis, Hackett Publishing Company,

1978.

e cronologiagenealogiasGenealogies and cronology

85

Gen

ealo

gias

e c

rono

logi

a /

Gen

ealo

gies

and

cro

nolo

gy

1

Proj

eto

‘Per

curs

o do

Art

ista

’ |

|

Nic

o R

ocha

‘The

Art

ist’s

Pat

h’ P

roje

ct

86

2

3

4

91

Gen

ealo

gias

e c

rono

logi

a /

Gen

ealo

gies

and

cro

nolo

gy

Genealogia | Genealogy – Arbusto ardente, 2008

Genealogia | Genealogy – Giacomettiman, 2008

Genealogia | Genealogy – Dinomapa, 2008

Genealogia | Genealogy – Varal rupestre, 2008

Genealogia | Genealogy – Fogo no cliff, 2008

Genealogia | Genealogy – Varal geométrico, 2008 5

6

esculturasPercurso dos trabalhos | Course of works | Sculptures

95

Perc

urso

dos

tra

balh

os –

Esc

ultu

ras

| C

ours

e of

wor

ks –

Scu

lptu

res

1 a 3. Cabeças I, II e III, 1979 | 4. Cabeça IV, 1980

1

3

2

4

96

Proj

eto

‘Per

curs

o do

Art

ista

’ |

|

Nic

o R

ocha

‘The

Art

ist’s

Pat

h’ P

roje

ct

5

8

6

97

5. O bode | 6. Anjo | 7. Homem | 8. Executivo | 9. Mulher, 1980

97

Perc

urso

dos

tra

balh

os –

Esc

ultu

ras

| C

ours

e of

wor

ks –

Scu

lptu

res

10 e 11. Geringonça 1 | 12 e 13. Geringonça 2,, 1980 | , 1982 , 1982 , 1982 1980 14. Torso | 15. 2 torsos | 16. Empregada | 17. Subtração, 1982

1010

14

11

15

12

16

13

17

Proj

eto

‘Per

curs

o do

Art

ista

’ |

|

Nic

o R

ocha

‘The

Art

ist’s

Pat

h’ P

roje

ct

98 18. Sado, 1981

18

99

Perc

urso

dos

tra

balh

os –

Esc

ultu

ras

| C

ours

e of

wor

ks –

Scu

lptu

res

19. Burning | 20. Mulher no saco, 1988 , 1987 | 21. On the road, 1987

19

21

20

Proj

eto

‘Per

curs

o do

Art

ista

’ |

|

Nic

o R

ocha

‘The

Art

ist’s

Pat

h’ P

roje

ct

100 22 e 23. Judeu errante 24. Passarinho | | 25. Oferenda | 26. Lady | 27. Oração, 1987

22 23

24 25 26 27

101

Perc

urso

dos

tra

balh

os –

Esc

ultu

ras

| C

ours

e of

wor

ks –

Scu

lptu

res

28. Sentada ao sol, 1988

28

Proj

eto

‘Per

curs

o do

Art

ista

’ |

|

Nic

o R

ocha

‘The

Art

ist’s

Pat

h’ P

roje

ct

102

29

29. Fragmentada, 1988

103

Perc

urso

dos

tra

balh

os –

Esc

ultu

ras

| C

ours

e of

wor

ks –

Scu

lptu

res

30

31 33

32

30. Cabaret | 31. Homem no topo do mundo | 32. Touro | 33. Três pontos, 1988

34. Na bacia | 35 e 36. Ginasta, 1987 , 1989

3536

34

Proj

eto

‘Per

curs

o do

Art

ista

’ |

|

Nic

o R

ocha

‘The

Art

ist’s

Pat

h’ P

roje

ct

104

105

Perc

urso

dos

tra

balh

os –

Esc

ultu

ras

| C

ours

e of

wor

ks –

Scu

lptu

res

37

38

39

37. Corpo exposto | 38. Sonâmbula | 39. Matrona grega, 1987, 1988 , 1988

Proj

eto

‘Per

curs

o do

Art

ista

’ |

|

Nic

o R

ocha

‘The

Art

ist’s

Pat

h’ P

roje

ct

106 40. Narcisa | 41. Sedução | 42. Executivo voador | 43. O beijo | 44. Mulher no cavalo, 1986

40

42

41

43 44

107

Perc

urso

dos

tra

balh

os –

Esc

ultu

ras

| C

ours

e of

wor

ks –

Scu

lptu

res

45. Ginasta | 46. Egípcios | 47. Na cama, 1985, 1987 , 1985

45 46

47

Proj

eto

‘Per

curs

o do

Art

ista

’ |

|

Nic

o R

ocha

‘The

Art

ist’s

Pat

h’ P

roje

ct

108 48 e 49. Bailarina, 1987

48 49

109

Perc

urso

dos

tra

balh

os –

Esc

ultu

ras

| C

ours

e of

wor

ks –

Scu

lptu

res

50. Adoradora, 1988

50

Proj

eto

‘Per

curs

o do

Art

ista

’ |

|

Nic

o R

ocha

‘The

Art

ist’s

Pat

h’ P

roje

ct

110

52

51 e 52. Gladiador, 1989 | 53. Estudo, 1988

51

53

111

Perc

urso

dos

tra

balh

os –

Esc

ultu

ras

| C

ours

e of

wor

ks –

Scu

lptu

res

55

54 e 55. Mulher sentada, 1985

54

Proj

eto

‘Per

curs

o do

Art

ista

’ |

|

Nic

o R

ocha

‘The

Art

ist’s

Pat

h’ P

roje

ct

112 56. Minitronco I | 57. Minitronco II | 58. Minitronco III, 1992

56 57 58

113

Perc

urso

dos

tra

balh

os –

Esc

ultu

ras

| C

ours

e of

wor

ks –

Scu

lptu

res

59. Executivo III, 1986

59

Proj

eto

‘Per

curs

o do

Art

ista

’ |

|

Nic

o R

ocha

‘The

Art

ist’s

Pat

h’ P

roje

ct

114 60. Intimidade, 1989

60

115

Perc

urso

dos

tra

balh

os –

Esc

ultu

ras

| C

ours

e of

wor

ks –

Scu

lptu

res

61. Clown | 62. Guardião,, 1991 1989

61 62

Proj

eto

‘Per

curs

o do

Art

ista

’ |

|

Nic

o R

ocha

‘The

Art

ist’s

Pat

h’ P

roje

ct

116

63

64 65

63. As Parcas | 64. Hidra, 1988 , 1987 | 65. Tronco feminino, 1987

117

Perc

urso

dos

tra

balh

os –

Esc

ultu

ras

| C

ours

e of

wor

ks –

Scu

lptu

res

66. Matrona II, 1987

66

Proj

eto

‘Per

curs

o do

Art

ista

’ |

|

Nic

o R

ocha

‘The

Art

ist’s

Pat

h’ P

roje

ct

118 67. Universo | 68. Bosque, 1989 , 1988

67

68

119

Perc

urso

dos

tra

balh

os –

Esc

ultu

ras

| C

ours

e of

wor

ks –

Scu

lptu

res

69. O homem e o rio | 70. Recinto, 1989 , 1990 | 71. No cais, 1991

70 71

69

Proj

eto

‘Per

curs

o do

Art

ista

’ |

|

Nic

o R

ocha

‘The

Art

ist’s

Pat

h’ P

roje

ct

120

72

72. Abismo | 73. Correndo da montanha, 1989 , 1989

73

121

Perc

urso

dos

tra

balh

os –

Esc

ultu

ras

| C

ours

e of

wor

ks –

Scu

lptu

res

74. O Pássaro | 75. Indícios na sala de música, 1989 , 1991

74

75

Proj

eto

‘Per

curs

o do

Art

ista

’ |

|

Nic

o R

ocha

‘The

Art

ist’s

Pat

h’ P

roje

ct

122 76 a 79. O nadador, 1988

76

77

78 79

123

Perc

urso

dos

tra

balh

os –

Esc

ultu

ras

| C

ours

e of

wor

ks –

Scu

lptu

res

80

80. O nadador, 1988

Proj

eto

‘Per

curs

o do

Art

ista

’ |

|

Nic

o R

ocha

‘The

Art

ist’s

Pat

h’ P

roje

ct

124 81. Cadela | 82. Paisagem, 1989 , 1989 | 83 e 84. Ovo frito, 1991

83

8481

82

125

Perc

urso

dos

tra

balh

os –

Esc

ultu

ras

| C

ours

e of

wor

ks –

Scu

lptu

res

85. O índio | 86. Barqueiro, 1989 , 1989

85 86

Proj

eto

‘Per

curs

o do

Art

ista

’ |

|

Nic

o R

ocha

‘The

Art

ist’s

Pat

h’ P

roje

ct

126 87. O Golfo, 1989

87

127

Perc

urso

dos

tra

balh

os –

Esc

ultu

ras

| C

ours

e of

wor

ks –

Scu

lptu

res

88. Deslocamento e Identidade, 1989

88

Proj

eto

‘Per

curs

o do

Art

ista

’ |

|

Nic

o R

ocha

‘The

Art

ist’s

Pat

h’ P

roje

ct

128 89. Vista de topo | 90. Paisagem com mãos, 1990 , 1990

89

90

129

Perc

urso

dos

tra

balh

os –

Esc

ultu

ras

| C

ours

e of

wor

ks –

Scu

lptu

res

91. Fogo na ravina | 92. Sonho de lua cheia, 1989

91

92

Proj

eto

‘Per

curs

o do

Art

ista

’ |

|

Nic

o R

ocha

‘The

Art

ist’s

Pat

h’ P

roje

ct

130 93 e 94. A rusga, 2000

94

93

131

Perc

urso

dos

tra

balh

os –

Esc

ultu

ras

| C

ours

e of

wor

ks –

Scu

lptu

res

95

96

95. Centurião, 1994 | 96. Dama, 1993

Proj

eto

‘Per

curs

o do

Art

ista

’ |

|

Nic

o R

ocha

‘The

Art

ist’s

Pat

h’ P

roje

ct

132 97. Paisagem com avião | 98 a 100. Estudos I, II e III, 1996

97

98 99 100

133

Perc

urso

dos

tra

balh

os –

Esc

ultu

ras

| C

ours

e of

wor

ks –

Scu

lptu

res

101. Hélice, 2001 | 102. Conjunção, 2005

102

101

Proj

eto

‘Per

curs

o do

Art

ista

’ |

|

Nic

o R

ocha

‘The

Art

ist’s

Pat

h’ P

roje

ct

134

103 104

103 e 104. Corpo aéreo, 2002-2003

135

Perc

urso

dos

tra

balh

os –

Esc

ultu

ras

| C

ours

e of

wor

ks –

Scu

lptu

res

105. Estudos para saturno, 2004 | 106. Saturno, 1999-2001

105

106

Proj

eto

‘Per

curs

o do

Art

ista

’ |

|

Nic

o R

ocha

‘The

Art

ist’s

Pat

h’ P

roje

ct

136 107. Corpo topológico | , 2005 108. Turbina, 2003-2005 | 109. Topologias, 2005

107

108

109

137

Perc

urso

dos

tra

balh

os –

Esc

ultu

ras

| C

ours

e of

wor

ks –

Scu

lptu

res

110. Conjeturando, 2005

110

Proj

eto

‘Per

curs

o do

Art

ista

’ |

|

Nic

o R

ocha

‘The

Art

ist’s

Pat

h’ P

roje

ct

138

111

111. O intestinado, 2000-2006

139

Perc

urso

dos

tra

balh

os –

Esc

ultu

ras

| C

ours

e of

wor

ks –

Scu

lptu

res

112 e 113. O sinal, 2007

113

112

Proj

eto

Perc

urso

do

Art

ista

/

– N

ico

Roc

haPr

ojet

o Pe

rcur

so d

o A

rtis

ta

140 114. Troncográfico, 2007

Proj

eto

‘Per

curs

o do

Art

ista

’ |

‘The

Art

ist’s

Pat

h’ P

roje

ct |

Nic

o R

ocha

114

115

115. Dinomapa, 2007 141

Perc

urso

dos

tra

balh

os –

Esc

ultu

ras

| C

ours

e of

wor

ks –

Scu

lptu

res

Proj

eto

‘Per

curs

o do

Art

ista

’ |

|

Nic

o R

ocha

‘The

Art

ist’s

Pat

h’ P

roje

ct

142 116 e 117. Escorpionda, 2007 | 118 e 119. Lábios, 2007

116

119

117

118

120

143

Perc

urso

dos

tra

balh

os –

Esc

ultu

ras

| C

ours

e of

wor

ks –

Scu

lptu

res

120 e 121. Arbusto ardente, 2007121

Proj

eto

‘Per

curs

o do

Art

ista

’ |

|

Nic

o R

ocha

‘The

Art

ist’s

Pat

h’ P

roje

ct

144 122. Displaced, 2007

122

145

Linh

a de

tra

balh

os –

Esc

ultu

ras

/ Li

nha

de t

raba

lhos

– E

scul

tura

s

123 a 125. Varal geométrico, 2008 | 126. Detalhe

123

124 125126

Proj

eto

‘Per

curs

o do

Art

ista

’ |

|

Nic

o R

ocha

‘The

Art

ist’s

Pat

h’ P

roje

ct

146 127 e 128. Banana genealógica, | 129. Gráfico de referências 2008

128

127 129

147

Perc

urso

dos

tra

balh

os –

Esc

ultu

ras

| C

ours

e of

wor

ks –

Scu

lptu

res

130 a 132. Varal rupestre, 2008

132

130 131

Proj

eto

‘Per

curs

o do

Art

ista

’ |

|

Nic

o R

ocha

‘The

Art

ist’s

Pat

h’ P

roje

ct

148 133 e 134. Fogo no cliff, 2008

134

133

149

Perc

urso

dos

tra

balh

os –

Esc

ultu

ras

| C

ours

e of

wor

ks –

Scu

lptu

res

135 a 137. Bull’s head, 2008

135

136 137

Proj

eto

‘Per

curs

o do

Art

ista

’ |

|

Nic

o R

ocha

‘The

Art

ist’s

Pat

h’ P

roje

ct

150 138 a 140. Manhood, 2008

138

139

140

151

Perc

urso

dos

tra

balh

os –

Esc

ultu

ras

| C

ours

e of

wor

ks –

Scu

lptu

res

141. Brasão, 2008

141

Proj

eto

Perc

urso

do

Art

ista

/

– N

ico

Roc

haPr

ojet

o Pe

rcur

so d

o A

rtis

taPr

ojet

o ‘P

ercu

rso

do A

rtis

ta’

|

| N

ico

Roc

ha‘T

he A

rtis

t’s P

ath’

Pro

ject

152 142 e 143. Cigarra, 2008

142

143

153

Perc

urso

dos

tra

balh

os –

Esc

ultu

ras

| C

ours

e of

wor

ks –

Scu

lptu

res

144 a 146. Grelha de fluxo, 2008

144

145

146

Proj

eto

‘Per

curs

o do

Art

ista

’ |

| N

ico

Roc

ha ‘

The

Art

ist’s

Pat

h’ P

roje

ct

154 147 e 148. Giacomettiman, 2008

147

148

155

Perc

urso

dos

tra

balh

os –

Esc

ultu

ras

| C

ours

e of

wor

ks –

Scu

lptu

res

149 a 151. Alambique, 2008

149

150 151

Proj

eto

‘Per

curs

o do

Art

ista

’ |

|

Nic

o R

ocha

‘The

Art

ist’s

Pat

h’ P

roje

ct

156 152. Cartaz da exposição , 2006-2007 | 153. Vista Künstlerhaus Schloss Balmoral OpenStudio, Bad Ems, Alemanha, 2008

152

153

Proj

eto

‘Per

curs

o do

Art

ista

’ |

|

Nic

o R

ocha

‘The

Art

ist’s

Pat

h’ P

roje

ct

158

154

155

154 a 158. O Pensar e o fazer, 2008

156

157

158 159

163

Perc

urso

dos

tra

balh

os –

Esc

ultu

ras

| C

ours

e of

wor

ks –

Scu

lptu

res

159. Development of a cube, 2008 | 160. Affective cartography, 2008 | 161. Swimmer’s cliff, 2008

160

161

Proj

eto

‘Per

curs

o do

Art

ista

’ |

|

Nic

o R

ocha

‘The

Art

ist’s

Pat

h’ P

roje

ct

164 162. | 163. The valley, the river, 2008 A topografia do lugar, 2008 | 164. Curvas de nível, 2008

162

163 164

165

Perc

urso

dos

tra

balh

os –

Esc

ultu

ras

| C

ours

e of

wor

ks –

Scu

lptu

res

165. Welcome, 2008 | 166. A ferrovia, 2008

165

166

166 167. Vista do OpenStudio, 2008

167

167

Perc

urso

dos

tra

balh

os –

Esc

ultu

ras

| C

ours

e of

wor

ks –

Scu

lptu

res

168. Saxophone digestion, 2008 | 169. Flow of my thoughts, 2008

168

169

Public Sculptures

esculturaspúblicas

169

Perc

urso

dos

tra

balh

os –

Esc

ultu

ras

Públ

icas

| C

ours

e of

wor

ks –

Pub

lic S

culp

ture

s

170. Vista Núcleo Interno | , 1994 View Core Group

170

Memorial da Usina do Gasômetro

Proj

eto

‘Per

curs

o do

Art

ista

’ |

|

Nic

o R

ocha

‘The

Art

ist’s

Pat

h’ P

roje

ct

170 171 a 176. Croquis. Fabricação. Montagem | , 1994 Croquis. Fabrication. Assembling

171

172

173

174 175 176

171

Perc

urso

dos

tra

balh

os –

Esc

ultu

ras

Públ

icas

| C

ours

e of

wor

ks –

Pub

lic S

culp

ture

s

177 e 178. Vistas externas, 1994 | External views

177

178

Proj

eto

‘Per

curs

o do

Art

ista

’ |

|

Nic

o R

ocha

‘The

Art

ist’s

Pat

h’ P

roje

ct

172 179 a 182. Croquis. Fabricação. Montagem, | 1994 Croquis. Fabrication. Assembling

179 180 181

182

PUC RS – O Rochedo

173

Perc

urso

dos

tra

balh

os –

Esc

ultu

ras

Públ

icas

| C

ours

e of

wor

ks –

Pub

lic S

culp

ture

s

183

183. Vista, 1998 | View

Proj

eto

‘Per

curs

o do

Art

ista

’ |

|

Nic

o R

ocha

‘The

Art

ist’s

Pat

h’ P

roje

ct

174 184 e 185. Maquete, 2002 | Plastic

184

185

UFRGS – O Peixe

175

Perc

urso

dos

tra

balh

os –

Esc

ultu

ras

Públ

icas

| C

ours

e of

wor

ks –

Pub

lic S

culp

ture

s

186

187

186 e 187. Fabricação, 2002 | Fabrication

Proj

eto

‘Per

curs

o do

Art

ista

’ |

| N

ico

Roc

ha

‘T

he A

rtis

t’s P

ath’

Pro

ject

176 188, 189 e 196. Vistas | | 190 a 195. Croquis, 2002 Views

188

190

189

191 192 193 194 195

196

198

199 200 201 202

CHC – Santa Casa

197

181

Perc

urso

dos

tra

balh

os –

Esc

ultu

ras

Públ

icas

| C

ours

e of

wor

ks –

Pub

lic S

culp

ture

s

197 a 202. Croquis e Maquete | 203 a 208. Fabricação, 2008

203

204

205 206 207 208

Proj

eto

‘Per

curs

o do

Art

ista

’ |

|

Nic

o R

ocha

‘The

Art

ist’s

Pat

h’ P

roje

ct

182

A DISCIPLINA DO DESLOCAMENTO

1 – Gráfico do pensar e da matéria, 20072 – Cartografia, 20103 – Grelha de Fluxo, 20084 – Giacomettiman, 20085 – Alambique, 20086 – Heidegger, 2010

EXPOSIÇÃO ‘PERCURSO DO ARTISTA’

1 – Sala João Fahrion – vista da exposição 2 – Sala João Fahrion – vista da exposição3 – Sala João Fahrion – vista da exposição4 – Cartografia – detalhe5 – Cartografia – montagem Sala João Fahrion, junho 2010

tubo de cobre, vareta de ferro cobreado, manta de chumbo / cooper pipe, cooper covered iron rod, lead sheet275 x 420 x 20 cmColeção do artista / Artist's collection

6, 7, 8 e 9 – Peixe projetivo, 2010 tela de aço inox, tubo de cobre, vareta de ferro cobreado, manta de chumbo, papelão / stainless steel wire mesh, cooper pipe, cooper covered iron rod, lead sheet, cardboard

100 x 140 x 90 cmColeção particular / Private collection

10 – Decomposição, 2010 madeira, prego, tubo de cobre, vareta de ferro

cobreado / wood, nails, cooper pipe, cooper covered iron rod125 x 60 x 50 cmColeção do artista / Artist's collection

11 – Chaminé ao vento, 2004-2007chapa de aço galvanizado, manta de cobre, tela de aço galvanizada, tela de aço inox, vareta de ferro cobreado / galvanized steel sheet, lead sheet, galvanized wire mesh, stainless stell wire mesh, cooper covered iron rod65 x 75 x 38 cmColeção particular / Private collection

12 – Não é..., 2010chapa de cobre, tela de aço inox, tubo de cobre,vareta de ferro cobreado, arame de aço inox / cooper sheet, stainless steel wire mesh, cooper pipe, cooper covered iron rod, stainless steel wire110 x 70 x 45 cmColeção do artista / Artist's collection

13 – Sala João Fahrion – vista da exposição14, 15 – Deslocamentos, 2010

tubo de cobre, vergalhão de aço, chapa de aço corten, manta de chumbo, varetas de ferro cobreado / cooper pipe, steel bar, corten steel sheet, lead sheet, cooper covered iron rod320 x 1350 x 280 cmColeção do artista / Artist's collection

16, 17 – Wegener, 2010manta de chumbo, tela de aço inox, varetas de ferrocobreado / lead sheet, stainless steel wire mesh, coopercovered iron rod120 x 75 x 70 cmColeção particular / Private collection

THE DISCIPLINE OF DISPLACEMENT

‘THE ARTIST’S PATH’ EXHIBITION

18 Ondamata, 2005-2007 tela de aço galvanizada, vareta de ferro cobreado, barra de aço / galvanized wire mesh, cooper covered iron rod,

steel bar56 x 184 x 50 cmColeção particular / Private collection

19 – Penrose, 2010tela de aço inox, tubo de cobre, vareta de ferro cobreado, manta de chumbo, barra de aço / stainless steel wire mesh, cooper pipe, cooper covered iron rod, lead sheet, steel bar.135 x 188 x 115 cmColeção do artista / Artist's collection

20 – Heidegger, 2010 vareta de ferro cobreado, barra de aço / cooper covered

iron rod, steel bar107 x 196 x 260 cmColeção do artista / Artist's collection

22 – Vortex, 2010tela aço inox, vareta de ferro cobreado, tubo de cobre, vareta de aço inox, manta de chumbo / stainless steel wire mesh, cooper covered iron rod, cooper pipe, stainless steel rod, lead sheet195 x 95 x 75 cmColeção particular / Private collection

23 – Verme, 2007-2010 tela de aço inox, tela de aço galvanizado, vareta de ferro

cobreado, tubo de cobre, arame galvanizado, arame de aço inox / stainless steel wire mesh, galvanized wire mesh, cooper covered iron rod, cooper pipe, galvanized wire, stainless steel wire135 x 240 x 119 cmColeção particular / Private collection

24, 25 – Sala João Fahrion – vista da exposição

SOBRE PROCESSO E PENSAMENTO

1 – Bloco com Anotações, 20082 – O espanto, 1986

tela galvanizada, tela soldada galvanizada, laca de nitrocelulose / galvanized wire mesh, galvanized welded wire mesh, nitrocellulose paint and coating135 x 67 x 75 cm Coleção particular / Private collectionFoto / Photo Gianni Mari

3 – Estudo para escultura,1999 pastel / dry pastel4 – Mulher, 1980 vareta de ferro cobreado, meia de nylon / cooper covered iron rod, stockings

200 x 90 x 75cmColeção particular / Private collection

5 – Esboço de escultura, 1983 Vareta de ferro cobreado / cooper covered iron rod 65 x 75 x 70 cm

6 – A trapezista, 1986tela galvanizada, corda de nylon, pintura e laca de nitrocelulose / galvanized wire mesh, nylon rope, nitrocellulose paint and coating155 x 145 x 55 cmColeção particular / Private collectionFoto / Photo Stefano Ferragni

7 – Encaixados, 1986Tela galvanizada, laca de nitrocelulose / galvanized wire mesh, nitrocellulose paint and coating100 x 50 x 45 cmColeção particular / Private collectionFoto / Photo Stefano Ferragni

ON PROCESS AND THOUGHTS

8 Uomo sotto le colone, 1986tela galvanizada soldada, tela galvanizada, arame galvanizado, laca de nitrocelulose / galvanized welded wire mesh, galvanized wire mesh, galvanized wire, nitrocellulose paint120 x 120 x 40 cmColeção particular / Private collectionFoto / Photo Gianni Mari

9 – Sob o mesmo teto, 1987tela galvanizada, arame galvanizado, laca de nitrocelulose /galvanized wire mesh, cooper pipe, nitrocellulose paint220 x 110 x 45 cm Coleção particular / Private collection Foto / Photo Gianni Mari

10 – Uma história, 1986tela galvanizada, tubo de cobre, chapa de latão, vareta deferro cobreado / galvanized wire mesh, cooper pipe, brasssheet, cooper covered iron rod250 x 120 x 35 cm Coleção particular / Private collectionFoto / Photo Gianni Mari

11 – Fragmentada, 1989tela galvanizada, arame galvanizado, laca de nitrocelulose / galvanized wire mesh, galvanized wire,nitrocellulose paint and coating58 x 27 x 23 cm Coleção particular / Private collectionFoto / Photo Gianni Mari

12 – Mulher sentada, 1985chapa de latão, chapa de galvanizado, tela galvanizadaeletrosoldada, tela galvanizada, tubo de cobre, laca denitrocelulose / brass sheet, galvanized sheet, galvanizedwelded wire mesh, cooper pipe, nitrocellulose paint andcoating99 x 63 x 45 cm Coleção particular / Private collection

13 – Dancer, 1986 tubo de cobre, chapa de latão / cooper pipe, brass sheet

112 x 56 x 45 cm Coleção particular / Private collection

14 – Executivo voador, 1986tela galvanizada, vareta de ferro cobreado, laca denitrocelulose / galvanized wire mesh, cooper covered ironrod, nitrocellulose paint and coating95 x 74 x 32 cmColeção particular / Private collectionFoto / Photo Stefano Ferragni

15 – Far west, 2000 tela galvanizada, vareta de ferro cobreado / galvanized wire

mesh, cooper covered iron rod125 x 110 x 45 cm Coleção do artista / Artist's collection

16 – Galinhas, 2000tela galvanizada / galvanized wire meshdimensão variável / variable dimensionsColeção do artista / Artist's collection

17 – Croquis Ciclos do processo de criação, 200718 – Esquema do Fazer, Pensar-fazer e da Matéria, 200719 – A rusga, 2000

tela galvanizada, vareta de ferro cobreado / galvanized wiremesh, cooper covered iron rod165 x 135 x 124 cm Coleção particular / Private collection

20 – Atleta, 1988 chapa de aço carbono, tela galvanizada, tubo de cobre, laca de nitrocelulose / carbon steel sheet, galvanized wire mesh, cooper pipe, nitrocellulose paint and coating 70 x 60 x 35 cm

Coleção particular / Private collectionFoto / Photo Paolo Vandrash

183

Des

criç

ão d

os t

raba

lhos

| W

orks

des

crip

tion

21 Homem, 1988 chapa de aço carbono, tela galvanizada, tubo de cobre,

laca de nitrocelulose / carbon steel sheet, galvanizedwire mesh, cooper pipe, nitrocellulose paint and coating74 x 55 x 35 cmColeção particular / Private collection Foto / photo Paolo Vandrash

22 – Processo de obtenção escultórica, 200823 – Templo, 2001 tela galvanizada, vareta de ferro cobreado / galvanized wire

mesh, cooper covered iron rod58 x 86 x 26 cm Coleção particular / Private collection

24 – Corpo topológico, 2005tela galvanizada, tubo de cobre, vareta de ferro cobreado /galvanized wire mesh, cooper pipe, cooper covered iron rod60 x 110 x 80 cm Coleção particular / Private collection

25 – Troncográfico, 2007tela de aço inox, tubo de cobre, varetas de ferro cobreado, tela de alumínio / stainless stell wire mesh, cooper pipe, cooper covered iron rod, aluminium wire mesh120 x 185 x 65 cmTrabalho desmontado / dismantled work

26 – Dinomapa, 2007tela de aço inox, tubo de cobre, vareta de ferro cobreadoarame galvanizado / stainless steel wire mesh, cooperpipe, cooper covered iron rod, galvanized wire120 x 165 x 15 cmTrabalho desmontado / dismantled work

27 – Arbusto ardente, 2007 tela de aço inox, tubo de cobre, vareta de ferro cobreado /

stainless steel wire mesh, cooper pipe, cooper covered iron rod205 x 85 x 45 cmTrabalho desmontado / dismantled work

28 – Varal geométrico, 2008arame galvanizado, papelão, tela de aço inox, tubo de cobre, manta de chumbo, fita crepe / galvanized wire, cardboard, stainless steel wire mesh, cooper pipe, lead sheet, masking tape115 x 155 x 55 cmTrabalho desmontado / dismantled work

29 – Varal rupestre, 2008papel canson, tela de aço inox, arame galvanizado, tubo decobre, vareta de ferro cobreado / stainless steel wire mesh,galvanized wire, cooper pipe, canson paper, cooper coverediron rod175 x 230 x 65 cmTrabalho desmontado / dismantled work

30 – Welcome, 2008 tela de aço inox, vareta de ferro cobreado, papelão, tubo decobre, arame galvanizado / stainless steel wire mesh, coopercovered iron rod, cardboard, cooper pipe 105 x 55 x 50 cmTrabalho desmontado / dismantled work

31 – Esquema de genealogia, primeira versão, 2006 /Genealogy scheme, first version

32 – Esquema do processo de obtenção, dobra-litígio- obtenção 2007 / Obtainment process scheme, fold-litigation-obtainment33 – Esquema: o trabalho como encruzilhada, 2007 /

Scheme: the work as a crossroad34 – Esquema de referencias para o trabalho Banana

genealógica, 2007 / Reference scheme for the work Banana genealógica

Esquema do

35 Banana genealógica, 2008 tubo de cobre, vareta de ferro cobreado, arame galvanizado /

cooper pipe, cooper covered iron rod, galvanized wire180 x 125 x 35 cmTrabalho desmontado / dismantled work

36 – Esquema inicial para genealogias, Londres, 2008 /Initial scheme for the genealogies, London

37 – Seqüência de construção do Brasão, 2008 /Constructing sequence to Brasão

38 – Esquema dos futuros possíveis em um trabalho: vários momentos de forma-forte, 2005 / Scheme for the work's possible futures: several moments of the strong-shape

39 – Esquema de estudo de encruzilhadas, 2008 / Scheme for study of crossroads

40 – Esquemas das transições nos trabalhos, 2008 / Scheme for the transitions between works

41 – Esquema das relações autor-fruidor, 2007-2008 / Scheme for the relationship between author-observer

42 – Esquema de estudo das possibilidades de interação entre autor-trabalho no processo de obtenção da

escultura, 2007 / Scheme for study of the interaction possibilities between author-work in the sculpting process

43 – Esquema de estudo das possibilidades de relações de leitura dos objetos em um lugar, 2008 / Scheme for study of the reading of objects related to the place

44 – Esquemas do processo de obtenção escultórica, 2008 / Scheme for the sculpture process45 – Esquema das relações entre a idéia e o trabalho

resultante, 2007 / Scheme for the relations between ideas and the resulting work

GENEALOGIAS E CRONOLOGIA

1 – Genealogia e referencias (processamento paralelo) da produção desenvolvida no programa 2006 / 2007 TrAIN Residency at the Künstlerhaus Schloss Balmoral, Bad Ems. 2008 / Genealogy and references (parallel processing) of the developed production in the program

2 – Linha de tempo e famílias constitutivas da produção desenvolvida no programa 2006 / 2007 TrAIN Residency at the Künstlerhaus Schloss Balmoral, Bad Ems. 2008

3 – Cronologia da produção escultórica 1979 / 20104 – Genealogia e linha de tempo dos trabalhos desenvolvidos

na bolsa sanduíche, Londres e Bad Ems.5 – Genealogia de trabalhos isolados6 – Cronologia / cronology 1973 / 2010

ESCULTURAS

1 – Cabeça I, 1979 vareta de ferro cobreado / cooper covered iron rod13 x 26 x 17 cmColeção privada / Private collection

2 – Cabeça II, 1979vareta de ferro cobreado / cooper covered iron rod16 x 24 x 19 cmColeção privada / Private collection

GENEALOGIES AND CHRONOLOGY

SCULPTURES

3 Cabeça III, 1979vareta de ferro cobreado / cooper covered iron rod23 x 31 x 25 cmColeção privada / Private collection

4 – Cabeça IV, 1980 vareta de ferro cobreado / cooper covered iron rod

30 x 24 x 26 cmColeção privada / Private collection

5 – O bode, 1980vareta de ferro cobreado / cooper covered iron rod90 x 70 x 80 cmColeção privada / Private collection

6 – Anjo, 1980arame galvanizado / galvanized wire50 x 160 x 120 cmColeção privada / Private collection

7 – Homem, 1980vareta de ferro cobreado / cooper covered iron rod77 x 55 x 30 cmColeção privada / Private collection

8 – Executivo, 1980vareta de ferro cobreado / cooper covered iron rodColeção do artista / Artist's collection

9 – Mulher, 1980vareta de ferro cobreado, meia de nylon / cooper covered ironrod, stockings195 x 97 x 65 cmColeção privada / Private collection

10, 11 – Geringonça 1, 1980 vareta de ferro cobreado, papel vegetal / cooper covered iron rod, vellum paper 60 x 60 x 23 cm Coleção do artista / Artist's collection

12, 13 – Geringonça 2, 1980 vareta de ferro cobreado, papel vegetal / cooper covered iron

rod, vellum paper 75 x 65 x 54 cmColeção privada / Private collection

14 – Torso, 1982tela de aço inox, tela hexagonal galvanizada, vareta de ferrocobreada, laca de nitrocelulose / stainless steel wiremesh, hexagonal wire net, cooper covered iron rod,nitrocellulose paint and coating82 x 48 x 38 cmColeção privada / Private collection

15 – 2 torsos, 1982tela de aço inox, tela hexagonal galvanizada, vareta de ferrocobreada, laca de nitrocelulose / stainless steel wiremesh, hexagonal wire net, cooper covered iron rod,nittrocellulose paint and coating88 x 52 x 46 cmColeção privada / Private collection

16 – Empregada, 1982 tela de aço inox, vareta de ferro cobreada, laca de nitrocelulose / stainless steel wire mesh, cooper covered iron

rod, nitrocellulose paint and coating74 x 35 x 46 cmColeção privada / Private collection

17 – Subtração, 1982tela de aço inox, tela hexagonal galvanizada, vareta de ferrocobreada, laca de nitrocelulose / stainless steel wiremesh, hexagonal wire net, cooper covered iron rod,nitrocelulose paint and coating97 x 64 x 45 cmColeção privada / Private collection

Proj

eto

‘Per

curs

o do

Art

ista

’ |

|

Nic

o R

ocha

‘The

Art

ist’s

Pat

h’ P

roje

ct

184

18 Sado, 1981vareta de ferro cobreada, meia de nylon / cooper covered iron rod, nylon stockings44 x 105 x 55 cmColeção privada / Private collection

19 – Burning, 1988 tela galvanizada, arame galvanizado, tela galvanizada

eletrosoldada, laca de nitrocelulose / galvanized wiremesh, welded galvanized wire mesh, nitrocellulose paint and coating113 x 62 x 68 cmColeção privada / Private collectionFoto / Photo Gianni Mari

20 – Mulher no saco, 1987 tela galvanizada eletrosoldada, laca de nitrocelulose / welded galvanized wire mesh, nitrocellulose coating

140 x 37 x 35 cmColeção privada / Private collectionFoto / Photo Gianni Mari

21 – On the road, 1987tela galvanizada, arame galvanizado, tela galvanizadaeletrosoldada, laca de nitrocelulose / galvanized wire mesh, welded galvanized wire mesh, nitrocellulose paint and coating90 x 85 x 60 cmColeção privada / Private collectionFoto / Photo Gianni Mari

22, 23 – Judeu errante, 1987tela galvanizada, varetas de ferro cobreado, laca denitrocelulose / galvanized wire mesh, cooper covered ironrod, nitrocellulose paint and coating112 x 86 x 43 cmColeção privada / Private collection

24 – Passarinho, 1987tela galvanizada, chapa de aço galvanizado, vareta de ferrocobreado, arame galvanizado, laca de nitrocelulose / galvanized wire mesh, galvanized sheet, coopercovered iron rod, nitrocellulose paint and coating64 x 48 x 36 cmColeção privada / Private collection

25 – Oferenda, 1987tela galvanizada, vareta de ferro cobreado, aramegalvanizado, laca de nitrocelulose / galvanized wire mesh,cooper covered iron rod, nitrocellulose paint and coating88 x 53 x 49 cmColeção privada / Private collection

26 – Lady, 1987tela galvanizada, chapa de aço galvanizado, vareta de ferro cobreado, arame galvanizado, laca de nitrocelulose / galvanized wire mesh, galvanized sheet, cooper covered iron rod, nitrocellulose paint and coating95 x 73 x 38 cmColeção privada / Private collection

27 – Oração, 1987tela galvanizada, chapa de aço galvanizado, vareta de ferro cobreado, arame galvanizado, laca de nitrocelulose / galvanized wire mesh, galvanized sheet, cooper covered iron rod, nitrocellulose paint and coating58 x 63 x 39 cmColeção privada / Private collection

28 – Sentada ao sol, 1988chapa de aço galvanizado, vareta de ferro cobreado, aramegalvanizado, laca de nitrocelulose / galvanized sheet,cooper covered iron rod, nitrocellulose paint and coating52 x 46 x 38 cmColeção privada / Private collection

– 29 Fragmentada, 1988tela galvanizada, arame galvanizado, laca de nitrocelulose /galvanized wire mesh, galvanized wire, nitrocellulose paintand coating58 x 27 x 23 cmColeção privada / Private collectionFoto / Photo Gianni Mari

30 – Cabaret, 1988 tela galvanizada, arame galvanizado, vareta de ferro cobreado, laca de nitrocelulose / galvanized wire mesh, galvanized wire, cooper covered iron rod, nitrocellulose paint and coating

80 X 48 X 42 cmColeção privada / Private collectionFoto / Photo Gianni Mari

31 – Homem no topo do mundo, 1988tela da arame galvanizado eletrosoldada, tela galvanizada, arame galvanizado, laca de nitrocelulose / welded galvanized wire mesh, galvanized wire mesh, galvanized wire, nitrocellulose paint and coating205 x 182 x 109 cmColeção privada / Private collection

32 – Touro, 1988chapa de latão, tela de latão, tela galvanizada, aramegalvanizado, laca de nitrocelulose / brass sheet, brasswire mesh, galvanized wire mesh, nitrocellulose paint and coating45 x 94 x 18 cmColeção privada / Private collection

33 – Três pontos, 1988chapa de aço carbono, tela de latão, varetas de ferro cobreado / carbon steel sheet, brass wire mesh, cooper covered iron rod52 x 36 x 23 cm Coleção privada / Private collection

34 – Na bacia, 1987chapa de latão, tubo de cobre, tela galvanizada, vareta deferro cobreado, laca de nitrocelulose / brass sheet, cooperpipe, galvanized wire mesh, cooper covered iron rodnitrocellulose paint and coating134 x 140 x 42 cmColeção privada / Private collectionFoto / Photo Gianni Mari

35, 36 – Ginasta, 1989chapa de aço carbono, tubo de cobre, tela de latão, vareta de ferro cobreado / carbon steel sheet, cooper pipe, brass wire mesh, cooper covered iron rod87 x 64 x 42 cmColeção privada / Private collection

37 – Corpo exposto, 1988tela de galvanizado, chapa de aço carbono, laca de nitrocelulose / galvanized wire mesh, carbon steel sheet, nitrocellulose paint and coating107 x 38 x 21cmColeção privada / Private collectionFoto / Photo Gianni Mari

38 – Sonâmbula, 1988 chapa de aço carbono, tela galvanizada, tubo de cobre,

laca de nitrocelulose / carbon steel sheet, galvanizedwire mesh, cooper pipe, nitrocellulose paint and coating74 x 50 x 25 cmColeção privada / Private collectionFoto / Photo Paolo Vandrash

39 – Matrona grega, 1887 chapa de aço carbono, tela galvanizada, arame de ferro

cobreado, laca de nitrocelulose / carbon steel sheet,galvanized wire mesh, cooper covered iron rod, nitrocellulosepaint and coating73 x 48 x 22 cmColeção privada / Private collection

– 40 Narcisa, 1986tela galvanizada, vareta de ferro cobreado, laca denitrocelulose / galvanized wire mesh, cooper covered ironrod, nitrocellulose paint and coating65 x 48 x 39 cmColeção privada / Private collectionFoto / photo Stefano Ferragni

41 – Sedução, 1986tela galvanizada, vareta de ferro cobreado, laca denitrocelulose / galvanized wire mesh, cooper covered ironrod, nitrocellulose paint and coating85 x 69 x 45 cmColeção privada / Private collectionFoto / Photo Stefano Ferragni

42 – Executivo voador, 1986 tela galvanizada, vareta de ferro cobreado, laca de nitrocelulose / galvanized wire mesh, cooper covered iron rod, nitrocellulose paint and coating

95 x 74 x 32 cmColeção privada / Private collectionFoto / Photo Stefano Ferragni

43 – O beijo, 1986 tela galvanizada, vareta de ferro cobreado, laca de nitrocelulose / galvanized wire mesh, cooper covered iron rod, nitocellulose paint and coating.

80 x 82 x 43 cmColeção privada / Private collectionFoto / Photo Stefano Ferragni

44 – Mulher no cavalo, 1986 tela galvanizada, vareta de ferro cobreado, laca de nitrocelulose / galvanized wire mesh, cooper covered iron rod, nitrocellulose paint and coating

117 x 120 x 43 cmColeção privada / Private collectionFoto / Photo Stefano Ferragni

45 – Ginasta, 1987 tela galvanizada, vareta de ferro cobreado, laca de

nitrocelulose / galvanized wire mesh, cooper covered iron rod, nitrocellulose paint and coating 52 X 38 X 35 cmColeção privada / Private collection

46 – Egípcios, 1985 tela galvanizada, vareta de ferro cobreado, laca de nitrocelulose / galvanized wire mesh, cooper covered iron rod, nitrocellulose paint and coating

78 x 52 x 21 cmColeção privada / Private collection

47 – Na cama, 1985tela galvanizada, vareta de ferro cobreado, laca denitrocelulose / galvanized wire mesh, cooper covered iron rod, nitrocellulose paint and coating80 x 180 x 25 cmColeção privada / Private collection

48, 49 – Bailarina, 1987 tubo de cobre, chapa de latão / cooper pipe, brass sheet.148 x 114 x 48 cmColeção privada / Private collection

50 – Adoradora, 1988chapa de aço carbono, tubo de cobre, vareta de ferrocobreado, tela galvanizada, laca de nitrocelulose /carbon steel sheet, cooper pipe, cooper covered iron rod,galvanized wire mesh, nitrocellulose paint and coating.75 x 48 x 32 cmColeção privada / Private collection

51, 52 – Gladiador, 1989chapa de aço carbono, massa plástica, laca de nitrocelulose /carbon steel sheet, bondo putty filler, nitrocellulosepaint and coating89 x 69 x 42 cmColeção do artista / Artist's collection

185

Des

criç

ão d

os t

raba

lhos

| W

orks

des

crip

tion

53 Estudo, 1988papel craft, pastel seco / craft paper, dry pastel.42 x 52 cmColeção privada / Private collection

54, 55 – Mulher sentada, 1985 chapa de latão, chapa de galvanizado, tela galvanizada

eletrosoldada, tela galvanizada, tubo de cobre, laca denitrocelulose / brass sheet, galvanized sheet, galvanizedwelded wire mesh, cooper pipe, nitrocellulose paint andcoating99 x 63 x 45 cmColeção privada / Private collection

56 – Minitronco I, 1992tela galvanizada, laca de nitrocelulose / galvanized wire mesh,nitrocellulose paint28 x 8 x 9 cmColeção privada / Private collection

57 – Minitronco II, 1992tela galvanizada, laca de nitrocelulose / galvanized wire mesh, nitrocellulose paint25 x 8 x 14 cmColeção privada / Private collection

58 – Minitronco III, 1992 tela galvanizada, laca de nitrocelulose / galvanized wire mesh, nitrocellulose paint

28 x 8 x 9 cmColeção privada / Private collection

59 – Executivo III, 1986tela galvanizada, chapa de aço carbono, tubo de cobre,laca de nitrocelulose / galvanized wire mesh, carbonsteel sheet, cooper pipe, galvanized wire mesh, nitrocellulosepaint and coating140 x 80 x 25 cmColeção privada / Private collection

60 – Intimidade, 1989tela galvanizada, vareta de ferro cobreado, laca denitrocelulose / galvanized wire mesh, cooper covered ironrod, nitrocellulose paint and coating97 x 53 x 59 cmColeção privada / Private collection

61 – Clown, 1991 tela galvanizada, vareta de ferro cobreado, laca de nitrocelulose / galvanized wire mesh, cooper covered iron rod,

nitrocellulose paint and coating93 x 87 x 55 cmColeção privada / Private collection

62 – Guardião, 1989tela galvanizada, tubo de cobre, vareta de ferro cobreado,laca de nitrocelulose / galvanized wire mesh, cooperpipe, cooper covered iron rod, nitrocellulose paint andcoating144 x 135 x 65 cmColeção privada / Private collection

63 – As Parcas, 1988 tela galvanizada, vareta de ferro cobreado, massa plástica, laca de nitrocelulose / galvanized wire mesh, cooper

covered iron rod, bondo putty filler, automotive paint andcoating76 x 98 x 21 cmColeção privada / Private collection

64 – Hidra, 1987 chapa de aço carbono, tela galvanizada, laca de nitrocelulose / carbon steel sheet, galvanized wire mesh, nitrocellulose paint and coating 55 x 42 x 16 cm Coleção do artista / Artist's collection Foto / Photo Martin Streibel

– 65 Tronco feminino, 1987 tela galvanizada, vareta de ferro cobreada, laca de nitrocelulose / galvanized wire mesh, cooper covered iron rod, nitrocellulose paint and coating

78 x 72 x 36 cmColeção privada / Private collectionFoto / Photo Martin Streibel

66 – Matrona II, 1987chapa de aço carbono, tela galvanizada, laca denitrocelulose / carbon steel sheet, galvanized wiremesh, nitrocellulose paint and coating104 x 72 x 28 cmColeção privada / Private collectionFoto / Photo Martin Streibel

67 – Universo, 1989 vareta de ferro cobreado, chapa de aço galvanizado, laca de nitrocelulose / cooper covered iron rod, galvanized

steel sheet, nitrocellulose paint and coating31 x 31 x 16 cmColeção privada / Private collection

68 – Bosque, 1988vareta de ferro cobreado, chapa de aço galvanizado / cooper covered iron rod, galvanized steel sheet27 x 29 x 23 cmColeção privada / Private collection

69 – O Homem e o rio, 1989 chapa de aço galvanizado, massa plástica, laca de nitrocelulose / galvanized steel sheet, bondo putty filler, nitrocellulose paint and coating

73 x 103 x 18 cmColeção privada / Private collection

70 – Recinto, 1990chapa de aço galvanizado, massa plástica, laca denitrocelulose/ galvanized steel sheet, bondo puttyfiller, nitrocellulose paint and coating48 x 64 x 42 cmColeção privada / Private collection

71 – No cais, 1991chapa de aço galvanizado, massa plástica, laca denitrocelulose / galvanized steel sheet, bondo putty filler,nitrocellulose paint and coating68 x 42 x 32 cmColeção privada / Private collection

72 – Abismo, 1989 chapa de aço galvanizado, massa plástica, laca denitrocelulose / galvanized steel sheet, bondo putty filler,nitrocellulose paint and coating109 x 87 x 32 cmColeção privada / Private collection

73 – Correndo da montanha, 1989chapa de aço galvanizado, massa plástica, laca de nitrocelulose / galvanized steel sheet, bondo putty filler, nitrocellulose paint and coating68 x 59 x 38 cmColeção privada / Private collection

74 – O Pássaro, 1989chapa de aço galvanizado, massa plástica, laca de nitrocelulose / galvanized steel sheet, bondo putty filler, nitrocellulose paint and coating56 x 94 x 17 cmColeção do artista / Artist's collection

75 – Indícios na sala de música, 1991compensado, madeira, tela galvanizada, massa plástica,laca de nitrocelulose / chipboard, wood, galvanizedwire mesh, bondo putty filler, nitrocellulose paint and coating.87 x 120 x 22 cmColeção privada / Private collection

– 76, 77, 78, 79, 80 O nadador, 1988chapa de aço galvanizado, arame galvanizado / galvanized steel sheet, galvanized wire96 x 560 x 320 cmColeção privada / Private collection

81 – Cadela, 1989 chapa de aço galvanizada, laca de nitrocelulose /galvanized steel sheet, nitrocellulose paint and coating48 x 13 x 39 cmColeção privada / Private collection

82 – Paisagem, 1989compensado, madeira, massa plástica, algodão, chapa deaço galvanizado, vareta de ferro cobreado, tintaacrílica / chipboard, wood, bondo putty filler, canvas,galvanized steel sheet, cooper covered iron rod, acrilic paint41 x 48 x 7 cmColeção privada / Private collection

83, 84 – Ovo frito, 1991compensado, madeira, massa plástica, algodão, chapa deaço galvanizado, vareta de ferro cobreado, tinta acrílica /chipboard, wood, bondo putty filler, canvas, galvanized steelsheet, cooper covered iron rod, acrilic paint54 x 42 x 16 cmColeção privada / Private collection

85 – O indio, 1989compensado, madeira, massa plástica, algodão, chapa de aço galvanizado, vareta de ferro cobreado, tela galvanizada, tinta acrílica / chipboard, wood, bondo putty filler, canvas, galvanized steel sheet, cooper covered iron rod, galvanized wire mesh, acrilic paint.165 x 78 x 19 cmColeção privada / Private collection

86 – Barqueiro, 1989compensado, madeira, massa plástica, algodão, chapa deaço galvanizado, vareta de ferro cobreado, tubo de cobre,tinta acrílica / chipboard, wood, bondo putty filler, canvas,cooper pipe, cooper covered iron rod, galvanized wire mesh,acrilic paint148 x 73 x 18 cmColeção privada / Private collection

87 – O Golfo, 1989algodão, papel craft, massa plástica, vareta de ferrocobreado, tubo de cobre, tinta acrílica / canvas, craft paper, bondo putty filler, cooper pipe, cooper covered ironrod, acrilic paint94 x 65 x 9 cmColeção privada / Private collection

88 – Deslocamento e identidade, 1989compensado, massa acrílica, algodão, chapa de açogalvanizado, vareta de ferro cobreado, tinta acrílica /chipboard, stucco, canvas, cooper coverediron rod, acrilic paint63 x 80 x 16 cmColeção privada / Private collection

89 – Vista de topo, 1990papel craft, algodão, vareta de ferro cobreado, massa acrílica, tela galvanizada, chapa de aço galvanizado, tinta acrílica / craft paper, canvas, cooper covered iron rod, stucco, galvanized wire mesh, galvanized steel sheet, acrylic paint46 x 75 x 14 cmColeção privada / Private collection

90 – Paisagem com mãos, 1990 algodão, vareta de ferro cobreado, massa acrílica, tela galvanizada, chapa de aço galvanizado, tinta acrílica / canvas, cooper covered iron rod, stucco, galvanized wire mesh, galvanized steel sheet, acrylic paint

48 x 68 x 16 cm Coleção privada / Private collection

Proj

eto

‘Per

curs

o do

Art

ista

’ |

|

Nic

o R

ocha

‘The

Art

ist’s

Pat

h’ P

roje

ct

186

91 Fogo na ravina, 1989compensado, madeira, massa plástica, algodão, chapa deaço galvanizado, tinta acrílica / chipboard, wood, bondoputty filler, canvas, cooper pipe, acrilic paint46 x 114 x 16 cmColeção privada / Private collection

92 – Sonho de lua cheia, 1989 algodão, vareta de ferro cobreado, massa acrílica, tela

galvanizada, chapa de aço galvanizado, tinta acrílica / canvas,cooper covered iron rod, stucco, galvanized wire mesh,galvanized steel sheet, acrylic paint64 x 108 x 21 cmColeção privada / Private collection

93, 94 – A rusga, 2000tela galvanizada, vareta de ferro cobreado / galvanized wire mesh, cooper covered iron rod165 x 135 x 124 cmColeção do artista / Artist's collection

95 – Centurião, 1994manta de chumbo, tubo de cobre, vareta de ferro cobreado / lead sheet, cooper pipe, cooper covered iron rod56 x 65 x 46 cmColeção privada / Private collection

96 – Dama, 1993tela galvanizada, laca de nitrocelulose / galvanized wiremesh, nitrocellulose paint39 x 23 x 15 cmColeção privada / Private collection

97 – Paisagem com avião, 1996papelão / cardboard196 x 256 x 35 cmColeção privada / Private collection

98 – Estudo I, paisagem com avião, 1996papel canson, pastel seco, carvão / canson paper, dry pastel,charcoal66 x 96 cmColeção do artista / Artist's collection

99 – Estudo II, paisagem com avião, 1996 papel canson, pastel seco, carvão / canson paper, dry

pastel, charcoal 66 x 96 cm Coleção do artista / Artist's collection

100 – Estudo III, paisagem com avião, 1996papel canson, pastel seco, carvão / canson paper, dry pastel, charcoal66 x 96 cmColeção do artista / Artist's collection

101 – Hélice, 2001chapa de aço carbono / carbon steel sheet51 x 111 x 65 cmColeção privada / Private collection

102 – Conjunção, 2005chapa de aço carbono, tubo de cobre, varetas de ferrocobreado, vergalhão de aço, tela galvanizada / carbon steelsheet, cooper pipe, cooper covered iron rod, steel bar,galvanized wire mesh194 x 98 x 54 cmColeção privada / Private collection

103, 104 – Corpo aéreo, 2002-2003manta de chumbo, tubo de cobre, vareta de ferrocobreado, corda de seda / lead sheet, cooper pipe, cooper covered iron rod, silk rope78 x 54 x 57 cmColeção privada / Private collection

– 105 Estudos para saturno, 2004bloco canson A4, nanquim / canson A4, índia ink29 x 21 cmColeção do artista / Artist's collection

106 – , 1999-2001tubo de cobre, vareta de ferro cobreado, tela galvanizada /cooper pipe, cooper covered iron rod, galvanized wire mesh212 x 186 x 63 cmColeção privada / Private collection

107 – Corpo topológico, 2005 tela galvanizada, tubo de cobre, varetas de ferro cobreado /

galvanized wire mesh, cooper pipe, cooper covered iron rod60 x 110 x 80 cmColeção privada / Private collection

108 – Turbina, 2003-2005tela galvanizada, massa plástica, vareta de ferro cobreado /galvanized wire mesh, bondo putty filler, cooper covered iron rod50 x 100 x 50 cmColeção do artista / Artist's collection

109 – Topologias, 2005papel canson, pó xadrez, grafite, carvão, pastel seco / canson paper, pigment, powdered graphite, charcoal, dry pastel195 x 90 cmColeção do artista / Artist's collection

110 – Conjeturando, 2005tela de aço inox, tubo de cobre, vareta de ferro cobreado,vergalhão / stainless steel wire mesh, cooper pipe, coopercovered iron rod, steel bar80 x 205 x 50 cmColeção privada / Private collection

111 – O intestinado, 2000-2006tela galvanizada, tela de aço inox, vareta de ferro cobreado / galvanized wire mesh, stainless stell wire mesh,cooper covered iron rod155 x 85 x 35 cmColeção privada / Private collection

112, 113 – O sinal, 2007 tela galvanizada, vareta de ferro cobreado / galvanized wire mesh, coope covered iron rod

200 x 210 x 43 cmColeção privada / Private collection

114 – Troncográfico, 2007tela de aço inox, tubo de cobre, vareta de ferro cobreado,tela de alumínio / stainless steel wire mesh, cooper pipe,cooper covered iron rod, galvanized wire mesh, aluminiumwire mesh120 x 185 x 65 cmTrabalho desmontado / dismantled work

115 – Dinomapa, 2007tela de aço inox, tubo de cobre, vareta de ferro cobreado,arame galvanizado / stainless stell wire mesh, cooperpipe,cooper covered iron rod, galvanized wire120 x 165 x 15 cmTrabalho desmontado / dismantled work

116, 117 – Escorpionda, 2007manta de chumbo, tubo de cobre, vareta de ferro cobreado/ lead sheet, cooper pipe, cooper covered iron rod25 x 60 x 18 cmTrabalho desmontado / dismantled work

118, 119 – Lábios, 2007manta de chumbo, tubo de cobre, vareta de ferro cobreado / lead sheet, cooper pipe, cooper covered iron rod65 x 35 x 30 cmTrabalho desmontado / dismantled work

Saturno

120, 121 Arbusto ardente, 2007 tela de aço inox, tubo de cobre, vareta de ferro cobreado / stainless steel wire mesh, cooper pipe, cooper

covered iron rod205 x 85 x 45 cmTrabalho desmontado / dismantled work

122 – Displaced, 2007papelão, tubo de cobre, arame galvanizado, vareta de ferrocobreado, carvão / cardboard, cooper pipe, galvanized wire,cooper covered iron rod, charcoal135 x 140 x 28 cmTrabalho desmontado / dismantled work

123 – Varal geométrico, 2008arame galvanizado, papelão, tela de aço inox, tubo decobre, manta de chumbo, fita crepe / galvanized wire,cardboard, stainless steel wire mesh, cooper pipe, leadsheet, masking tape115 x 155 x 55 cmTrabalho desmontado / dismantled work

124, 125 – Varal geométrico, 2008estágio intermediário / intermediate state

126 – Varal geométrico, 2008 anotações em fita crepe / notes on masking tape115 x 155 x 55 cmColeção privada / Private collection

127 – Banana genealógica, 2008tubo de cobre, vareta de ferro cobreado, aramegalvanizado / cooper pipe, cooper covered iron rod,galvanized wire180 x 125 x 35 cmTrabalho desmontado / dismantled work

128 – Banana genealógica, 2008estágio intermediário / intermediate state

129 – Banana genealógica, 2008gráfico de referencias. papel sulfite A4, canetaponta porosa / references graphic, sulphite paperA4, ballpoint pen29 x 21 cmTrabalho desmontado / dismantled work

130 – Varal rupestre, 2008 estágio intermediária / intermediate state131, 132 – Varal rupestre, 2008

papel canson, tela de aço inox, arame galvanizado, tubo decobre, vareta de ferro cobreado / stainless steel wire mesh, galvanized wire, cooper pipe, canson paper, coopercovered iron rod175 x 230 x 65 cmTrabalho desmontado / dismantled work

133, 134 – Fogo no cliff, 2008manta de chumbo, tubo de cobre, tela de aço inox, varetade ferro cobreado / lead sheet, cooper pipe, stainless steelwire mesh, cooper covered iron rod48 x 145 x 65 cmTrabalho desmontado / dismantled work

135, 136, 137 – Bull's head, 2008tubo de cobre, tela de aço inox, vareta de ferro cobreado / cooper pipe, stainless steel wire mesh, cooper covered iron rod 60 x 45 x 75 cmTrabalho desmontado / dismantled work

138, 139, 140 – Manhood, 2008manta de chumbo, tubo de cobre, arame galvanizado / leadsheet, cooper pipe, galvanized wire32 x 60 x 45 cmTrabalho desmontado / dismantled work

187

Des

criç

ão d

os t

raba

lhos

| W

orks

des

crip

tion

141 Brasão, 2008tela de aço inox, tela de cobre, tubo de cobre, vareta deferro cobreado, arame galvanizado, manta de chumbo,carvão / stainless steel wire mesh, cooper pipe, cooper wiremesh, cooper covered iron rod, lead sheet, charcoal110 x 90 x 23 cmTrabalho desmontado / dismantled work

142, 143 Cigarra, 2008tela de aço inox, tela de cobre, tubo de cobre, vareta deferro cobreado, arame galvanizado / stainless steel wiremesh, cooper wire mesh, cooper pipe, cooper covered ironrod, galvanized wire67 x 124 x 54 cmColeção privada / Private collection

144, 145, 146 – Grelha de fluxo, 2008manta de chumbo, tubo de cobre, vareta de ferrocobreado, arame galvanizado / lead sheet, cooper pipe,cooper covered iron rod, galvanized wire40 x 230 x 125 cmTrabalho desmontado / dismantled work

147, 148, 149 – Giacomettiman, 2008manta de chumbo, tubo de cobre, vareta de ferro cobreado arame galvanizado / lead sheet, cooper pipe, cooper covered iron rod, galvanized wire50 x 190 x 115 cmTrabalho desmontado / dismantled work

149, 150, 151 – Alambique, 2008 manta de chumbo, tubo de cobre, vareta de ferro cobreado,

arame galvanizado / lead sheet, cooper pipe, cooper covered iron rod, galvanized wire

50 x 190 x 115 cm Trabalho desmontado / dismantled work152 – Cartaz da exposição OpenStudio, 2006/07 TrAIN Residency at the Kunstlerhaus Schloss Balmoral, Bad Ems, 2008

153 Vista OpenStudio, Bad Ems, Alemanha, 2008154, 155, 156, 157, 158 O Pensar e o fazer, 2008

tela de aço inox, tubo de cobre, vareta de ferro cobreado, papelão, arame galvanizado, prego inox / stainless steel wire mesh, cooper pipe, cooper covered iron rod, cardboard, galvanized wire, stainless steel nails240 x 300 x 340 cmColeção privada / Private collection

159 – Development of a cube, 2008vareta de ferro cobreado, arame galvanizado, manta dechumbo / cooper covered iron rod, galvanized wire, lead sheet265 x 130 x 120 cmColeção privada / Private collection

160 – Affective cartography, 2008manta de chumbo, tubo de cobre, arame de aço cobreado/ lead sheet, cooper pipe, cooper covered iron rod435 x 420 x 18 cmColeção privada / Private collection

161 – Swimmer's cliff, 2008manta de chumbo, tubo de cobre, vareta de ferrocobreado, tela de aço inox / lead sheet, cooper pipecooper covered iron rod, stainless steel wire mesh45 x 155 x 37 cmColeção privada / Private collection

162 – The valley, the river..., 2008 papelão, tubo de cobre, vareta de ferro cobreado, arame

galvanizado, gouache, pastel seco / cardboard,cooper pipe, cooper covered iron rod, galvanized wire,gouache and pastel57 x 178 x 115 cmColeção privada / Private collection

163 – A topografia do lugar, 2008desenho em papel canson, tinta acrílica, gouache,nanquim / drawing on canson paper, acrílic, gouache andíndia ink110 x 150 cmColeção privada / Private collection

– –

164 Curvas de nível, 2008.desenho em papel canson, tinta acrílica, nanquim / drawingon canson paper, acrílic, índia ink150 x 110 cmColeção privada / Private collection

165 – Welcome, 2008tela de aço inox, vareta de ferro cobreado, papelão, tubo decobre, arame galvanizado / stainless steel wire mesh, cooper covered iron rod, cardboard, cooper pipe55 x 105 x 50 cmColeção privada / Private collection

166 – A ferrovia, 2008manta de chumbo, tubo de cobre / lead sheet, cooper pipe45 x 100 x 12 cmColeção privada / Private collection

167 – Vista do OpenStudio168 – Saxophone digestion, 2008

tela de aço inox, manta de chumbo, vareta de ferrocobreado / stainless steel wire mesh, lead sheet, coopercovered iron rod115 x 65 x 24 cmTrabalho desmontado / dismantled work

169 – Flow of my thoughts, 2008Tela de aço inox, vareta de ferro cobreado / stainlesss steelwire mesh, cooper covered iron rod145 x 128 x 154 cmTrabalho desmontado / dismantled work

2 Este livro foi impresso em papel Couché Fosco 150gr/m2 Supremo 250gr/m (capa) na Gráfica Odisséia para a Pró-Reitoria de

Extensão da Universidade Federal do Rio Grande do Sul em março de 2011.

(miolo) e Cartão