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Mai o 97 Ano III Nº 14 50$00 SUMÁRIO Pág. 2 Pág. 2 Pág. 2 Pág. 2 Pág. 2 Honesto estudo com longa Honesto estudo com longa Honesto estudo com longa Honesto estudo com longa Honesto estudo com longa experiência misturada experiência misturada experiência misturada experiência misturada experiência misturada Pág. 3 Pág. 3 Pág. 3 Pág. 3 Pág. 3 Conselho Pedagógico e a Conselho Pedagógico e a Conselho Pedagógico e a Conselho Pedagógico e a Conselho Pedagógico e a melhoria da qualidade de ensino melhoria da qualidade de ensino melhoria da qualidade de ensino melhoria da qualidade de ensino melhoria da qualidade de ensino Pág. 5 Pág. 5 Pág. 5 Pág. 5 Pág. 5 Geração Rasca e Fúria Anti- Geração Rasca e Fúria Anti- Geração Rasca e Fúria Anti- Geração Rasca e Fúria Anti- Geração Rasca e Fúria Anti- sebentista sebentista sebentista sebentista sebentista Pág. 6 Pág. 6 Pág. 6 Pág. 6 Pág. 6 Técnicos de contas já têm Técnicos de contas já têm Técnicos de contas já têm Técnicos de contas já têm Técnicos de contas já têm estatuto estatuto estatuto estatuto estatuto Pág. 8 Pág. 8 Pág. 8 Pág. 8 Pág. 8 Como escolher um computador Como escolher um computador Como escolher um computador Como escolher um computador Como escolher um computador Pág. 10 Pág. 10 Pág. 10 Pág. 10 Pág. 10 António Guterres em visita António Guterres em visita António Guterres em visita António Guterres em visita António Guterres em visita relâmpago à E.S.G.S. relâmpago à E.S.G.S. relâmpago à E.S.G.S. relâmpago à E.S.G.S. relâmpago à E.S.G.S. CHARLOT BAR "Oseuespaço" Querido Ideias Esta é provavelmente a última vez que nos encontramos nestas circunstâncias. Desde o dia em que te demos forma até hoje muitas estórias ficaram pelo caminho, crescemos juntos, lado a lado, eu era ainda caloira quando te fundámos, por ti e contigo descobri o outro lado da escola, aquele lado mais ou menos oculto, - talvez discreto seja a palavra indicada – ao qual nem todos têm acesso directo, é um mundo fascinante – pelo bom e pelo mau sentido– e muito trabalhoso, como tu, mas como quem corre por gosto não sente nem lamenta tanto o cansaço, não lamento o tempo que despendi contigo e com outras actividades extra-curriculares que tive a oportunidade e o privilégio de desenvolver ao longo destes três magníficos anos. Mas deixa-me concentrar apenas em ti; ao longo destes anos foste sempre muito “caprichoso”, todos os meses inventavas uma “birra” para nos deixar preocupados e sem saber se saírias a tempo e em “boa forma”. E por isso nunca foste perfeito, talvez uma vez ou outra para confirmar a regra, mas não mais. No entanto para mim e para todos os que se preocupam contigo directamente serás sempre único e eterno, é também por esse motivo que te guardarei na minha memória como uma lição de vida: as coisas podem ser planeadas para serem perfeitas, e podem até parecer perfeitas, porque apenas olhamos para elas e por vezes não as vemos. Mas a perfeição absoluta pode também ser um mau sinal, se alguém um dia se convence que algo que fez está perfeito pode significar que não há mais imaginação, ambição e criatividade dentro de si. Por isso e na recta final apenas guardo tinta para agradecer muito sentidamente a todos aqueles que te ajudaram, de uma forma ou de outra, a “nascer” mês após mês, a todos os que te leram e desculparam as nossas falhas, pequenas lacunas que, acreditem, nos pesaram bastante na consciência. Se me permites gostaria de neste pequeno espaço enviar um grande abraço cheio de carinho e amizade àquelas pessoas que ao longo destes três anos conviveram diariamente comigo, e por esse motivo partilharam as preocupações que me deste e muitas outras: os meus eternos Amigos. Para sempre e até sempre… IDEIAS. Luzia Valentim

N.º 14 o ideias maio 97 ano iii

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Maiiiiio 97 Ano III Nº 14 50$00

S U M Á R I O

Pág. 2Pág. 2Pág. 2Pág. 2Pág. 2 Honesto estudo com longaHonesto estudo com longaHonesto estudo com longaHonesto estudo com longaHonesto estudo com longa

experiência misturadaexperiência misturadaexperiência misturadaexperiência misturadaexperiência misturada

Pág. 3Pág. 3Pág. 3Pág. 3Pág. 3 Conselho Pedagógico e aConselho Pedagógico e aConselho Pedagógico e aConselho Pedagógico e aConselho Pedagógico e a

melhoria da qualidade de ensinomelhoria da qualidade de ensinomelhoria da qualidade de ensinomelhoria da qualidade de ensinomelhoria da qualidade de ensino

Pág. 5Pág. 5Pág. 5Pág. 5Pág. 5 Geração Rasca e Fúria Anti-Geração Rasca e Fúria Anti-Geração Rasca e Fúria Anti-Geração Rasca e Fúria Anti-Geração Rasca e Fúria Anti-

sebentistasebentistasebentistasebentistasebentista

Pág. 6Pág. 6Pág. 6Pág. 6Pág. 6 Técnicos de contas já têmTécnicos de contas já têmTécnicos de contas já têmTécnicos de contas já têmTécnicos de contas já têm

estatutoestatutoestatutoestatutoestatuto

Pág. 8Pág. 8Pág. 8Pág. 8Pág. 8 Como escolher um computadorComo escolher um computadorComo escolher um computadorComo escolher um computadorComo escolher um computador

Pág. 10Pág. 10Pág. 10Pág. 10Pág. 10 António Guterres em visitaAntónio Guterres em visitaAntónio Guterres em visitaAntónio Guterres em visitaAntónio Guterres em visita

relâmpago à E.S.G.S.relâmpago à E.S.G.S.relâmpago à E.S.G.S.relâmpago à E.S.G.S.relâmpago à E.S.G.S.

CHARLOTBAR

"O seu espaço"

Querido Ideias

Esta é provavelmente a última vez que nosencontramos nestas circunstâncias. Desde o

dia em que te demos forma até hoje muitasestórias ficaram pelo caminho, crescemos juntos,

lado a lado, eu era ainda caloira quando te fundámos,por ti e contigo descobri o outro lado da escola, aquele

lado mais ou menos oculto, - talvez discreto seja a palavraindicada – ao qual nem todos têm acesso directo, é ummundo fascinante – pelo bom e pelo mau sentido– e muitotrabalhoso, como tu, mas como quem corre por gosto nãosente nem lamenta tanto o cansaço, não lamento o tempo quedespendi contigo e com outras actividades extra-curricularesque tive a oportunidade e o privilégio de desenvolver aolongo destes três magníficos anos.Mas deixa-me concentrar apenas em ti; ao longo destes anosfoste sempre muito “caprichoso”, todos os meses inventavasuma “birra” para nos deixar preocupados e sem saber sesaírias a tempo e em “boa forma”. E por isso nunca fosteperfeito, talvez uma vez ou outra para confirmar a regra,mas não mais. No entanto para mim e para todos os que sepreocupam contigo directamente serás sempre único eeterno, é também por esse motivo que te guardarei na minhamemória como uma lição de vida: as coisas podem serplaneadas para serem perfeitas, e podem até parecerperfeitas, porque apenas olhamos para elas e por vezes nãoas vemos. Mas a perfeição absoluta pode também ser ummau sinal, se alguém um dia se convence que algo que fezestá perfeito pode significar que não há mais imaginação,ambição e criatividade dentro de si. Por isso e na recta finalapenas guardo tinta para agradecer muito sentidamente atodos aqueles que te ajudaram, de uma forma ou de outra,a “nascer” mês após mês, a todos os que te leram edesculparam as nossas falhas, pequenas lacunas que,acreditem, nos pesaram bastante na consciência.Se me permites gostaria de neste pequeno espaço enviar umgrande abraço cheio de carinho e amizade àquelas pessoasque ao longo destes três anos conviveram diariamentecomigo, e por esse motivo partilharam as preocupações queme deste e muitas outras: os meus eternos Amigos.Para sempre e até sempre… IDEIAS.

Luzia Valentim

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O Ideias

O Jornal "O Ideias" épublicado nos meses deJaneiro, Março, Abril, Maio,Junho, Novembro e Dezembrocom uma tiragem de 600exemplares.

Pode ser fotocopiadopara distribuição gratuita.

Endereço para contactos:Jornal "O Ideias" - Escola Superior deGestão de SantarémComplexo AndaluzApartado 2952003 Santarém CodexTel.:332121 Fax: 332152

Directora: Luzia ValentimRedacção: José Luís Carvalho, NunoBernardo e António BraçaisMontagem: Rui CostaRevisão: José Luís CarvalhoPublicidade: Luzia Valentim, RuiCosta e Nuno BernardoImpressão: Tipografia Escolar

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“ Honesto Estudo com Longa Experiência Misturada”

É esta a divisa da Universidade deÉvora. Sendo esta a segundaUniversidade a ter sido construída emPortugal, é perfeitamente compreensívelque a experiência e a tradição académicas,sejam valores a preservar.

Nos claustros desta Universidade,posso afirmar sem receio nenhum,“respira-se história”. É o peso dos séculos,a herança de todos aqueles que por aquipassaram (alunos e professores) e quecom a sua passagem, marcaramdefinitivamente as suas vidas e aevolução da própria Universidade.

A meu ver, Évora consegue, porenquanto, manter algumas coisas queconsidero indispensáveis para uma boavida académica: é um meio pequeno emque todos se cruzam, todos se misturam(falo de cursos, evidentemente!) e acimade tudo todos se respeitam.

Nos chamados “Locais de Culto”,isto é , bares, tabernas, tascas, cafés, etc.,difunde-se o “saber e a experiência” não

adquiridos nas salas de aulas, havendoentão lugar para o convívio entre oselementos dos diferentes cursos da U.E.

Porém, se é na noite eborense,principalmente às quartas e quintas feiras,que todos se reúnem, durante o dia, evisto não haver lugares suficientes noedifício principal, todos estão em locaisdiferentes. A Universidade tem apostadoem vários pólos, criando diversosedifícios, para que assim possa haver umaseparação dos vários departamentos deensino. Olhando para tudo isto, eprincipalmente para o crescente númerode alunos e de residências universitárias,afirmo que a Universidade está a crescer,fazendo votos para que, a estecrescimento, não corresponda uma perdade qualidade.

A fim de preservar a tradiçãoacadémica de que tanto nos orgulhamos,e de fomentar o “espírito académico”, foicriado há já alguns anos o Conselho deNotáveis, que, para além de orientarem

as praxes académicas, representam ainstituição nas solenidades maisimportantes.

Um Coisa é certa: tanto em Évoracomo em Santarém, há bons e mausalunos, bons e maus professores. Hámuita gente que custa a perceber adiferença entre ser estudante e seruniversitário! Tudo tem o seu peso, cadacoisa tem a sua importância, mas énecessário conjugar o estudo com umtempo de vida que nunca maisvoltaremos a ter!

E porque não fazer-vos um convite?Apareçam por Évora na Queima das

Fitas deste ano, e quem sabe, se por entrenoites bem “regadas”, entre petiscos enovas amizades, não vão descobrir umpouco daquilo que vos tenho vindo afalar?

Felicidades para o vosso Politécnico,e Viva o Espírito Académico!!

João F. Carapito - Port/Francês U.E.

INSTITUTO POLITÉCNICO DE SANTARÉMXVII Aniversário

12 de Junho de 1997

PROGRAMA

• 16H30M Escola Superior de EducaçãoComplexo Andaluz- Inauguração da Exposição Imagens de Outrora: anos 30-40

• 21H00M Teatro Municipal Sá da BandeiraO IPS em movimento- Apresentação do documentário Scalabis (1936-1939)de Manuel Luís Vieira e Arnaldo Coimbra- Sarau: Teatro, Fado, Coros, Dança, Música, Canção...

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Maio/1997

UM NOVO ÓRGÃO A DEBRUÇAR-SE SOBRE UMA VELHA QUESTÃO:O CONCELHO PEDAGÓGICO E A MELHORIA DA QUALIDADE DE

E N S I N O

Elaborados que estão os estatutosda ESGS e encontrando-se em funções aAssembleia de Escola, o ConselhoDirectivo e o Conselho Científico nosmoldes fixados pelos referidosestatutos, dá-se início ao processo deeleição dos membros de um órgão quenunca antes tinha existido: o ConselhoPedagógico.

Ainda segundo os estatutossupracitados, cada curso que está ouque venha a estar em funcionamento naESGS ( CESE´s incluídos) serárepresentado por quatro elementos:dois docentes - um professor e umassistente - e dois discentes, sendo aseleições dos seus membros feitas porcursos e por corpos. Daqui se retira queestamos perante um órgão que irá sercomposto por trinta e seis membros, emrepresentação dos nove cursos emfuncionamento ou que irão a curtoprazo funcionar .

A questão que agora se põe é emque medida este órgão poderá dar umcontributo válido para odesenvolvimento da ESGS,melhorando-se a qualidade de ensino.

De acordo com as suas atribuiçõese competências, são três as grandesáreas de intervenção:

Avaliação do desempenhopedagógico dos docentes da ESGS -Com efeito, compete a este órgão criar eimplementar um processo de análise eavaliação, não do conteúdoprogramático das disciplinas, mas daforma como esse mesmo conteúdoprogramático é transmitido. Na práticae salvo melhor interpretação, avalia-se omodo como as aulas são dadas e osconhecimentos são transmitidos, se háou não dificuldades de percepção dasdiversas matérias por parte dosdiscentes e em que medida esta falha decomunicação pode ser imputada aodocente. Pretende-se com este processomelhorar a forma como o conhecimentoé transmitido, rectificando-se eventuaisfalhas, e não pôr em causa o docente,isto porque não se está contra pessoas,mas sim contra situações.

Elaboração de pareceres,propostas e/ou pedidos deesclarecimento aos outros órgãos da

ESGS sobre, latus sensus, qualquerassunto ou decisão de natureza ou comimplicações pedagógicas- Esta é agrande área de intervenção do ConselhoPedagógico. Embora a maior parte dasdeliberações deste órgão não tenhamcarácter vinculativo, isto é, o ConselhoPedagógico não é um órgãoeminentemente deliberativo, tendoantes um carácter marcadamenteconsultivo, a elaboração de parecerespressupõe um debate, uma discussãoentre as partes envolvidas sobre oseventuais problemas de índolepedagógica de que a ESGS padece oupode vir a padecer, sobressaindo, maisdo que a decisão, os argumentospertinentes que fundamentam a mesma.Na prática, existirá mais informação acircular, permitindo assim umaparticipação mais activa e produtivados discentes, podendo-se obter comisto eventuais compromissos e soluçõessobre matérias relevantes comométodos de ensino, organizaçãocurricular, calendário e horário escolar,regime de frequências, avaliação,transição de ano, precedências, etc.Da mesma forma, ao pediresclarecimentos aos outros órgãos degestão da ESGS sobre matérias oudeliberações sobre questões de naturezanão pedagógica, mas com implicaçõespedagógicas (por exemplo, a fixaçãodos números máximos de matrículasanuais) para que possa pronunciar-sesobre o assunto, o Conselho Pedagógicotornar-se um importante veículo deacção pedagógica, na medida em que setorna possível a todas as partesinteressadas compreendercorrectamente e claramente qual o rumoque a ESGS está a seguir e porquê.Parto, evidentemente, do pressupostoque um órgão ,para poder pronunciar-se sobre uma matéria ou umadeliberação sobre uma questão destetipo, terá que ter acesso aospressupostos ou fundamentos queserviram de base a essa mesma matériaou deliberação.Toda esta situação, a processar-se destaforma, origina uma certa pressão paraque os diversos órgãos funcionem eque, sobretudo, interajam entre si, combenefícios óbvios para a instituição epara todas as partes envolvidas neste

processo.

Promover acções de formação eorganizar seminários, colóquios,conferências e outras actividades deinteresse pedagógico: Esta área tembastantes potencialidades, na medidaem que, se tal for acordado entre aspartes, pode-se conseguir mais emelhores resultados do aqueles queforam conseguidos até hoje em eventosdesta natureza mais uma vez comgrandes benefícios para a ESGS emgeral.

Posto isto, parece-me claro que oConselho Pedagógico tem bastantespotencialidades que podem e devem seraproveitadas sendo, quanto a mim, olocal privilegiado para analisar aqualidade de ensino neste microcosmoseducacional que é a ESGS.

Se assim for encarado, este órgãoserá o local onde se poderá fazer maisceleremente uma correcta triagem dosproblemas que existem e queeventualmente surjam, na medida queeste conselho assenta numarepresentação directa de todos os cursosem funcionamento na ESGS.

Se o Conselho Pedagógico for umórgão activo, poderão os centros dedecisão da ESGS ter mais e melhorinformação disponível sobre oquotidiano desta escola e sobre osproblemas e dificuldades que ocorrem ,poder-se-á criar um clima decooperação mais profundo entredocentes e discentes em matérias que aambos dizem respeito, do que aqueleque existe. Se este órgão for um órgãopassivo, é minha convicção, que a realmelhoria da qualidade de ensino naESGS, fique, no mínimo muito aquémda potencial melhoria da qualidade deensino.

Termino concluindo que oConselho Pedagógico será aquilo quequer docentes quer discentes queremque seja, pois ambos têm iguaisresponsabilidades a assumir.

As partes têm agora a palavra.

Armando RodriguesMembro da Assembleia que

elaborou os estatutos da E.S.G.S.

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O Ideias

A LUTA DA LUZ CONTRA AS TREVAS OU A ESTRANHA REIVINDICAÇÃO DOE N S I N O S E B E N T E I R O

Por Mestre Helder PereiraIndependentemente de atingir o objectivo proposto, o

signatário deste texto tem procurado através de todos osmeios disponíveis, dignificar o exercício da sua profissão, bemcomo o nome da instituição onde esta se desenvolve.

Pensa no entanto que ele só poderá ser realizadomediante um conjunto complexo e interdependente deesforços que pressupõem um trabalho rigoroso, aturado equotidiano de auto-formação que se deverá traduzir, nodesenvolvimento do seu próprio espírito crítico, no aumentoda sua capacidade reflexiva e na reciclagem e actualizaçãopermanente dos seus conhecimentos científicos; tarefas estasque por sua vez, deverão ser inculcadas e incentivadas nosrespectivos alunos, através do seu magistério.

Significa isto que se encontraprofundamente convicto que para que seatinjam os padrões de um ensino moderno epróximo dos que existem em sistemas quecomparativamente ao nosso, apresentam umavanço de mais de 40 anos e que se encontramna vanguarda do desenvolvimento científico etecnológico, ter-se-à de enveredar pela atitudepouco cómoda, mas certamente frutífera, queconsiste na procura de formas que fortaleçam a transmissão deferramentas essenciais para a transmissão do saber. Destemodo será necessário erradicar a tendência herdadaancestralmente que se materializa na formação de autómatose recitadores de fórmulas e receitas desligadas do contexto, oude indivíduos que num futuro próximo, estarão tãopreparados para o exercício da sua profissão como umparaplégico estará para um jogo de futebol de alta competição.

Todos os relatórios e estudos elaborados pelos melhoresespecialistas mundiais consideram que entre estas duas vias,não existe escolha intermédia, uma vez que representam adiferença entre a “luz” e as “trevas”. Por certo, tal facto, naactualidade será de conhecimento geral, tal como já o foi dosestudantes portugueses de sucessivas gerações, dando origemde que há mais de trinta anos - após muitas e árduas lutas - a“luz” tivesse conseguido vencer as “trevas”. Ou por outraspalavras que felizmente se tivesse conseguido abolir o arcaicoe bafiento “ensino sebenteiro”.

O mesmo que curiosa e estranhamente alguns dosestudantes desta escola agora reivindicam, tentando fazerretroceder o ensino superior neste país, em cerca de 50 anos ecom consequências tão nefastas como incalculáveis eirreversíveis.

Sem querer ocupar mais espaço, permitam-me ainda a

liberdade de fazer lembrar duas questões, sobretudo aosnovos paladinos do “sebentismo”, ainda que sejam por esteseventualmente consideradas irrelevantes:

1 - A elaboração das bibliografias para cada uma dascadeiras não é um simples ritual iniciático, ou caprichoso deum docente gastador de papel, antes constitui um instrumentofundamental do processo de aprendizagem, pode é apenas serutilizado por aqueles que realmente querem aceder aoverdadeiro conhecimento, e se recusam a ser menosreceptáculos de informação estéril e inoperante.

2 - A elaboração das sinistras sebentas, agorareivindicadas, (será que aqueles que as reivindicam sabem

realmente o que é uma sebenta? Ou confundem-nacom um caderno de textos?) por si só põe em causaum princípio sagrado que é defendido por todosaqueles que prezam um ensino condizente com aépoca em que vivemos: o princípio da autonomiacientífico-pedagógico, quer das instituições, quer dosrespectivos docentes (Já tinham pensado nissosenhores sebenteiros? Provavelmente não, mastambém não admira.)

Pelo anteriormente exposto e também poroutros motivos que estarei sempre disposto a explicar a quemeventualmente se mostre interessado, e principalmente porqueme recuso de forma firme a pactuar com uma perspectiva deensino-aprendizagem que na sua essência revela uma visãotacanha e medieval do ensino superior e igualmente porqueme recuso a contribuir para a formação de indivíduos acéfalos,desde já declaro que me encontro completamente indisponívelpara elaborar qualquer espécie de sebenta. Caso contrárioestaria a hipotecar um dos valores que considero maissagrados, que enquanto docente, que mais genericamenteenquanto cidadão. Refiro-me ao princípio de um ensino livre,aberto e rigoroso cientificamente.

Deste modo, jamais num futuro me poderão acusar deter sido cúmplice daqueles que querem dar um passo atrás nahistória. (Aquela mesma história a que alguns aleivosamentenão reconhecem ter o seu conhecimento, qualquer importânciapara a sua formação).

Contudo estarei permanentemente disponível, comoaliás é meu dever, para acompanhar, esclarecer e orientar asactividades científicas e outras, de todos quanto realmentetenham curiosidade em aprender e que para isso recorram aosmeus modestos préstimos.

PRECISAMOS DE COLABORADORES. CONTACTA-NOS!

In "O Ideias" n.º 3 de Junho de 1995

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Maio/1997

Geração Rasca e Fúria Anti-sebentista

Por:Engº Jorge Constantino

(Assist. Área de Informática)

Não duvido que todos os relatóriose estudos elaborados pelos melhoresespecialistas mundiais apontem paraum ensino que não ‘forme’ autómatos erecitadores de fórmulas. Contudo,custou-me ver, num número anteriord’O IDEIAS, invocadas as palavrasdesses melhores especialistas para dizermal das sebentas, sem acompanharessas palavras dum levantamento dosmotivos que terão levado quem mais ascontesta (os alunos - e foi como alunoque eu aprendi a contestá-las...) a querertê-las agora de volta.

O problema é comparável a outrosfenómenos (xenofobia e ultra-nacionalismos, droga e prostituição,violência juvenil e criminalidade, etc):haverá sempre bons especialistascapazes de condenar esses fenómenos,sem que essa condenação resolva por sisó os problemas - critica-se por causados efeitos (aceito!), mas ignora-se oufala-se com muito pouca convicção dassuas causas (acho mal!).

Tal como nesses casos (em quemais vale prevenir do que reprimir),preferia ver discutir novas formas deevitar o sebentismo do que assistir à sua

condenação pura e simples. Por isso, noinício de cada ano lectivo, naquelafatídica primeira aula que coroa osvencedores da corrida ao EnsinoSuperior e em que sinto recair sobremim todo o peso da responsabilidadede não trair as suas enormesexpectativas, lá me vêm à cabeça, vezessem conta, as mesmas perguntas. Apercentagem de alunos que não está noseu curso preferido não tem nenhumefeito no processo educativo? Ascondições de ensino (nomeadamente adimensão das turmas) não condicionamo tipo de aprendizagem? Uma apostamais agressiva na formação permanente(incluindo pedagógica) dos docentesserá desnecessária? Uma cooperaçãomais visível da escola com o meioempresarial terá pouca importância naadequação dos programas dasdisciplinas? O conflito entre os mundosdo ensino e do emprego (o primeiro anão querer formar autómatosrecitadores de fórmulas e o segundo apropôr cada vez mais empregosinformatizados para os quais seprocuram autómatos recitadores defórmulas) já foi resolvido? A

perspectiva de uma ferozcompetitividade no mercado detrabalho, com o inerente risco dodesemprego, não leva ninguém a fazernas sebentas a busca ilusória dumamelhor formação? A criação de forunsde debate na Escola (louve-se opioneirismo de O IDEIAS) não ajudariaos mais vulneráveis a resistir aosencantos do sebentismo, contribuindopara a procura de formas alternativasde ensino? E a recente greve dosdocentes não foi, afinal, um grito deprotesto contra os graves problemasque os afectam e, por inevitávelconsequência, aos seus alunos?

Sebentas outra vez: porque será?Por mero “rasquismo”? Acho que sim.Mas por um “rasquismo” que estámenos nas pessoas e mais nas situaçõesque as condicionam (alunos, docentes,funcionários, dirigentes, ...). Sou contraas sebentas, mas que a situação estánegra, lá isso está. E quando issoacontece... salve-se quem puder. Vemnas sebentas!

QUAL A SUA OPINIÃO?

Desafio aos rascas

Bem aventurado seja o “Ideias”.Bem aventurados sejam todos

quantos vão pô-lo em marcha.Bem aventurados os que ousam

criar, reflectir, debater, criticar, fazercoisas. Numa palavra: PARTICIPAR.

Dos outros, o mundo já temmuitos. Ninguém sente a sua falta.

É para já tudo o que tenho paravos dizer. O excedente de verbo teráapenas como consequência umaocupação indevida de espaço queporque é vosso, não me pertence. Secontinuasse iria cair na tentaçãopaternalista de dar conselhos, mais amais a quem deles não precisa.

Obviamente isso jamais farei.

Não, não ocuparei o vosso espaço, nemcairei em tentação de vos dizer que avossa folheca só valerá a pena e terápiada, se fôr uma lufada de ar fresco. Oque quer dizer, um jornal livre, crítico,plural, imaginativo e responsável.

Se for contra todas as formas decensura e um espaço onde tudo possaser debatido sem preconceito.

Se não reflectir um espírito deseita, se não fizer concessões ao humorfácil e à crítica fortuita, superficial e nãofundamentada.

É claro que não vos alertarei parao facto de virem no futuro a passar pormomentos de desânimo, motivados porcríticas dos que nada fazem, dos quenão conseguem fazer melhor, ou aindados que não toleram a diferença e a

liberdade de opinião.Permita-me no entanto, tomo a

liberdade de vos lançar um desafio:Demontrem que o que é rasca échamarem-vos rascas, ou que quandomuito os rascas que existem estão juntodaqueles que vos lançaram o anátema.

O primeiro passo já o deram.Têm portanto a responsabilidade deprosseguir a caminhada.

Força creio que não vos falta.Quanto ao resto depois

conversaremos.

Mestre Hélder PereiraIn "O Ideias" n.º 1 de Abril de 1995

In "O Ideias" n.º 5 de Dezembro de 1995

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O Ideias

TÉCNICOS DE CONTAS JÁ TÊM ESTATUTOEm 17 de Outubro passado foi

publicado o decreto-lei nº 265/95 que éprecisamente o diploma que aprova oestatuto dos Técnicos Oficiais de Contas(TOC’s) e cria a respectiva Associação.

Depois de ter lido o referidodecreto-lei creio que há alguns aspectosque merecem ser focados neste jornal,até como pistas de reflexão para oscolegas de Gestão de Empresas.

Em primeiro lugar é preciso ter emlinha de conta que os novos direitos dosTOC’s trazem consigo novos deveres.Entre os direitos está nomeadamenteconsagrado o direito à informação e odireito de exigir por escrito aconfirmação de qualquer instruçãoquando o achar necessário; isto alémdos direitos que passam a existir porforça da criação da Associação e queestão mencionados no n.º2 do artigo 18.ºdo referido decreto-lei.

Entre os deveres contam-se o decontribuir para o prestígio da função,pelo que penso que deverá ultrapassar-se a fase do individualismo no seio daclasse. A maior exigência e dignidadeno exercício da profissão assim orequerem, pois doravante só serátécnico de contas quem estiver apto asê-lo, ou seja, quem se esforçar peloaperfeiçoamento diário do seu saber,tarefa nada fácil devido à tradição deimplementação de leis fiscais emPortugal. Mas este decreto-lei vemtambém corporizar a função dos TOC’sna regularidade fiscal da contabilidadedas empresas. Assim, e do meu pontode vista estes profissionais passam adesempenhar uma tarefa de interessepúblico, pelo que não consigocompreender muito bem que tenhamque ser as entidades privadas obrigadasa disporem de TOC nos termos destedecreto a pagar o salário do referidoprofissional, ainda para mais quandoeste está munido de poderes defiscalização.

Num país como o nosso onde sevaloriza o alcance dos objectivosindependentemente dos meios e onde afuga aos impostos é até bem vista istopode trazer alguns problemas, tal comojá foi referenciado em revistas da áreada gestão. De facto o TOC tem o deverde participar ao Ministério Público,através da Associação, os factosdetectados no exercício das respectivasfunções de interesse público que

constituam crimes públicos, tal comoreferencia o art.º 25.º.

Assim e em primeiro lugar seriabom que se esclarecesse o que é que sãocrimes públicos; e em segundo lugarque se mencionassem vários crimespúblicos e que se ensinassem os TOC’sa procurá-los na legislação. Mas se emrelação à primeira questão qualquerindivíduo licenciado em Direito nospode esclarecer, já em relação à segundanão é bem assim pela simples razão deque a legislação actual não apresentapropriamente uma enumeração decrimes a considerar públicos. Podemoscom algum esforço e com a ajuda dumespecialista em Direito retirar da leipenal que são os mais graves, aquelesque, ocorridos, impõem a acusação doMinistério Público, sem queixa ouacusação particular. Mas a essência daquestão permanece em dúvida porqueum especialista em contabilidade comlicenciatura ou bacharelato em gestãoou contabilidade não temconhecimentos suficientes para,detectada qualquer anomaliacontabilística classificá-la de crimepúblico ou não. Para nós (de gestão) émuito difícil estabelecer uma fronteiraentre crimes públicos e crimes

particulares, pois somos leigos emDireito.

Preste-se agora uma atençãoredobrada na redacção do artigo 25.º :“Os técnicos oficiais de contas devem...” Mas qual o sentido desta palavra? -Dever corporativo? - já que aparticipação deve dirigir-se àAssociação. Dever moral? Dever ético?- já que uma anomalia contabilística estánormalmente subjacente a falsificações,omissões, fuga de impostos... Ou deverlegal?

Outra questão e que me apanhoude surpresa é a dos limites deactividade e pontuação. De facto os

TOC’s só podem prestar serviço a umnúmero limitado de empresas,consoante os respectivos volumes denegócios. Por exemplo um técnico decontas não pode exercer as suas funçõesnum mesmo ano económico em mais de4 empresas com um volume de negóciossuperior a 3 milhões de contos cada. Istoquer dizer que em determinadasocasiões basta que aumente o volumede negócios de uma empresa na qual otécnico exerça funções para que tenhaque deixar de exercer essas mesmasfunções em pelo menos uma dessasempresas.

Desta forma já se chegou inclusivéa admitir e a recear o aparecimento dummercado de “pontos” onde técnicos queexcedam os limites fixados com base novolume de negócios das “suas”empresas passariam a vender os pontosexcedentários a técnicos que ainda nãotenham atingido aqueles limites. Alémdesta situação já se chegou também aadmitir o não respeito pelos limites, aalteração dos mesmos ou a suasupressão.

Finalmente e no que diz respeito àcomposição do Conselho Disciplinar daAssociação dos Técnicos Oficiais deContas creio que há também umaobjecção justa que se pode fazer. OsEstatutos prevêem que este órgão sejaconstituído por um presidente e doisvogais, sendo o primeiro eleito emassembleia geral e estes nomeados peloMinistro das Finanças, um emrepresentação da Inspecção Geral deFinanças e o outro da Direcção Geral deContribuições e Impostos.

Não obstante o legislador nãoressalvou expressamente que os doisvogais devem ser também especialistasnas matérias que envolvem a função deTOC; espero contudo que este requisitoseja tido em conta, até por uma questãode respeito e de dignidade para umaclasse que esperou mais de trinta anospor esta legislação.

José Luís CarvalhoIn "O Ideias" n.ª 7 de Março de 1996

ESTATUTOS

DESTINADOS A

ACABAR COM A

CONFUSÃO GERAM

ALGUMA

CONFUSÃO!

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Maio/1997

Coelho & Sá, Lda.INDÚSTRIA ALIMENTAR

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LIBERDADE!

POR TIMOR...

Pomba branca, sem asas para voar!Ecos de dor, ressoando!Vozes caladas, gritando!Alertas chegados, envoltos nas ondasdo mar!

Represálias humanas:Que roubam a existência,Assaltam a clemência.Burguesias de um poder: Tiranas!

Ser eu. Não existe.Pensar. Proibido.Orgulho. Ferido.Essência de povo: persiste!

É esta essência que é luta.A sobrevivência da liberdade.O apelo a nós humanidade,Para que a verdade se discuta!

Sílvia InácioSílvia InácioSílvia InácioSílvia InácioSílvia Inácio

Momentos de PoesiaQuando a solidão é minha dama de

companhia, o meu pensamento divaga e eu perco-me.

Valerá a pena?A vida pode ser tão bela, mas ao mesmo

tempo sufocante. Nascer. Nascer para quê? Parasofrer? Será que os momentos bons irão superar umdia todas as tristezas desta vida ingrata?

Será que esta ingratidão vai sersuperada?

Aonde é que nós vamos parar? Qual seráo nosso destino.

Por mais quanto tempo é que iremos serinfelizes, por mais quanto tempo é que nosandaremos a enganar, a tentar disfarçar umarealidade, afogar os nossos ressentimentos, asnossas angústias. Qual será o dia em que iremosenfrentar tanta loucura?

Se calhar tarde de mais e aí já não irá darpara consertar o mal feito. Só nos restarásobreviver, até um dia tudo acabar!

Viver para sofrer. Sobreviver paraprolongar uma existência arrastada pela miséria!

Oh. vida cruel!Sílvia MateusSílvia MateusSílvia MateusSílvia MateusSílvia Mateus

AUSÊNCIAAUSÊNCIAAUSÊNCIAAUSÊNCIAAUSÊNCIAEntre nós existe um rioonde correm, alterosas,águas que nascem do friodas nossas vidas perigosas

Não há ponte nem barquinhonem pássaro de voarnem jangada nem peixinhoque nos faça aproximar

Olho triste para tigrito alto, em segredo,que quando te conhecijurei nunca ter medo

E mergulho sem pensarno que tenho pela frentevou nadando até chegaronde me deixe a corrente

Ou a morte ou a verdadehá-de ser o resultadomorto, resta a saudadevivo, estás a meu lado

João GoulartJoão GoulartJoão GoulartJoão GoulartJoão Goulart

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O Ideias

como esco lhe r um compu tado r ?L

Quando decide comprar umcomputador o cidadão comumdepara-se frequentemente com oproblema de saber qual o computadorque deve comprar e onde o deveadquirir.

Na maioria dos casos o compradorem questão desconhece quasetotalmente o que deve comprar equando se dirige a uma casa deinformática as explicações são poucase fracas ou até nenhumas - existemexcepções que merecem os meusparabéns.

Pretendo então expor aqui, nãoum manual exaustivo para o qualseriam necessárias várias páginas,mas unicamente dar algumasindicações de como deve escolher oequipamento.

Peço a devida atenção para o factode que um computador pode serutilizado em mil e uma tarefas tendocada uma as suas exigênciasespecíficas. Logo, é incorrecto indicarqualquer configuração não sabendode antemão qual a utilização a dar aocomputador.

Imaginemos que o caro leitordecidiu adquirir um computador parase entreter em sua casa e realizaralguns documentos relacionados coma sua actividade profissional.

O primeiro passo é conhecerexactamente quais as tarefas aexecutar no computador. Poderáassim, quando consultar uma casa deinformática, dar uma ideia do quepretende.

O segundo passo será consultarpreços e anúncios em revistas daespecialidade e em jornais. Deveprestar atenção especialmente aosanúncios em que mais se pormenorizaa consituição do computador. Quantomenos pormenorizado fôr o anúnciomenos possibilidades você tem deconhecer a qualidade e também asperformances do equipamentoanunciado e logo de saber se o preçoserá ou não justo.

Ao analisar estes anúncios énecessário recordar que a preçosbombásticos (ao que chamamospechinchas) corresponde quasesempre uma péssima qualidade. Eminformática, nomeadamente emequipamento, não existem

pechinchas. É possível comprar umbom computador a um bom preçomas é impossível um bomcomputador ser barato. Utilize estesanúncios apenas para se orientarinicialmente.

O terceito passo, talvez o maisimportante, é aconselhar-se comalguém da sua confiança e que estejadentro do assunto.

Expônha-lhe quais os seus planospara a "máquina" e quanto pretendedispender já que, o preço ésensivelmente proporcional àsperformances.

O quarto passo será dirigir-se àscasas de informática, apresentar o seucaso e pedir um orçamento. Tenhaespecial atenção aos orçamentos, demodo que nestes devem constar umadescrição completa e promenorizadaao ponto de serem referenciados amarca, modelo e versão de cadacomponente. Só assim poderá teruma ideia da qualidade doequipamento e das respectivasperformances.

Não esqueça nunca que numcomputador um bom disco rígido,bastante memória e uma boa placa devídeo podem fazer tanto ou mais pelaperformance do que um bomprocessador, além do que, quandoquiser fazer uma evolução para maior

performance não lhe adianta muitoinstalar um processador mais rápidose os restantes componentes nãoestiverem à altura. Será como colocarum motor Ferrari num Mini.

É ainda aconselhável exigirsempre que do orçamento constemtambém as condições de compra,garantias, software incluído, a data doorçamento e a identificação de quem ofez.

Mais uma vez, mostre osorçamentos a uma pessoa de suaconfiança e que esteja dentro doassunto e peça-lhe que o aconselhe.

Se possível compre numa casaperto do local onde vive, é sempre umsinal de que pode lá ir "chatear" decada vez que o computador derproblemas - se os der, é claro.

Depois é uma questão de escolhero que na sua opinião mais lhe convém.

Na próxima edição entrarei empormenores relativamente àconstituição de um computadorexplicando porque deve escolher ocomponente A ou B em vez de X ou Y.

Por agora deixo um orçamento,para quem se quiser orientar, que nãosendo uma pechincha também não édos mais altos.

Rui Costa

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In "O Ideias" n.º 11 de Janeiro de1997

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Maio/1997

Lei de Bases: a base de uma polémicaHerlânder Gomes Ferreira*

Costumeiro é fazer-se o balançode acontecimentos que, pela suarelevância, marcaram o decurso deum ano transacto. Ao nível do EnsinoSuperior merece, em meu entender,relevar a discussão provocada peloanúncio de algumas “linhas”inovadoras que deverão constar naproposta de uma nova Lei de Bases doSistema Educativo, proveniente doMinistério da Educação. Digo“deverão constar”, já que não é doconhecimento dos principaisinteressados qualquer documentoescrito, sendo porém certo que todosnós ouvimos as declarações doMinistro da Educação, proferidas emsucessivas conferências de imprensa eas notícias que, sobre este assunto, osmeios de comunicação socialveicularam.

Assistimos a alguma agitaçãonos meios académicos,consubstanciadas em manifestaçõesde estudantes de algumas escolas deensino superior universitário e emdeclarações proferidas porresponsáveis de diversas escolas

universitárias.Cabe indagar o que terá

motivado tanta inquietação.Com efeito, o Ministro da

Educação anunciou que aos InstitutosPolitécnicos deveria ser reconhecida apossibilidade de conferir licenciaturase que às Escolas Superiores deEducação poderia caber aresponsabilidade de formar docentespara o “Terceiro Ciclo”. Estas são asafirmações que originaram apolémica.

Ouviu-se então reclamar,sobretudo, pela “qualidade deensino” indexada à “formaçãocientífica” que, supostamente, asE.S.E.(s) não poderiam assegurar.

Ninguém contesta anecessidade de os docentes do ensinosecundário possuirem sólidasformações científica, filosófica,cultural e pedagógica. Ninguémcontesta, também, que a todas asinstituições de ensino superior -politécnico e universitário - se exigequalidade.

Porém, entre discurso manifestoe discurso latente vai “um passo”...

Haverá que questionar a funçãodo ensino superior bem como os

objectivos subjacentes a cadasubsistema. Há que saber quemforma o quê e para quê: os licenciadosem biologia serão biólogos ( ouprofessores de ciências naturais? ), oslicenciados em... serão profissionaistitulares do ramo para o qual forampreparados ou irão exercer a docêncianos ensinos básico e secundário (como recurso?... ) ? E os bacharéisencontram, de facto, emprego nas taisfunções das quais, diz-se, “tanto opaís carece”?

Pergunto-me, assim, se o quedespoletou tanta polémica não terásido um acto—reflexo inerente àsobrevivência, traduzido na procuradesesperada de manter o exclusivo deum mercado potencial de emprego.

Mais que relembraracontecimentos passados impõe-se,agora, encarar o futuro, questionandoo que poderá ocorrer perante o (perspectivado ) desenvolvimento doensino superior politécnico, qual asua “especificidade”, a suaidentidade e, em ambos ossubsistemas de ensino, qual a relaçãoentre vocação, formação e emprego.* Professor Adjunto na E.S.G.S.

Tradição... A tradição já não é o queera. A nossa cultura ocupa cada vezmais um lugar secundário nas nossasvidas e a moral e bons costumes vãosendo substituídos pela sua ausência,dando lugar a um “vazio” decomportamento e modo de agirsocialmente. Toda a cultura emPortugal tende a ser importada como amaioria dos bens e de alguns serviços,dando a entender que não temoscapacidade para evoluir culturalmentee para assumir a nossa própriaidentidade, atribuindo o devido valoraos usos e costumes que nos chegaramdesde os nossos antepassados,herdados e mantidos religiosamente aolongo dos tempos pelas gerações quenos precederam, carregados desimbolismo e de razão de ser de umpovo nobre e astuto, que em tempos,defendeu a pátria como se da própriavida se tratasse, sem medo nem

renúncia, tudo por uma questão dehonra e devoção ao que lhes havia sidolegado pelos seus compatriotas, frutode tantas glórias e derrotas passadas.

Há quem seja levado a pensar quetudo foi em vão, como há quem serevolte contra tanta indiferença eesquecimento, assim como há tambémquem nem pense nisto acomodado aviver a sua própria vida usufruindo elutando apenas pelo que lhe transmiteconforto e bem estar, tudo mais podeparecer desnecessário e inútil, mashaverá momentos em que envoltos narotina quotidiana sintam a necessidadede algo diferente, algo que lhescomplete também outro lado do seuser, não apenas o lado material ou oafectivo, sem que sejam capazes dedefinir essa mesma necessidade. Naverdade todas as vidas seriam mais“ricas” se tivessem algo mais paratransmitir aos seus sucessores que a

vida quotidiana, as festas deaniversário, as prendas do Natal, asférias do Verão, os discos do Rei Elvis,dos Metállica, os ovos da Páscoa, ofilme do Carnaval no Brasil, o álbum defamília ou as travessuras de umfamiliar mais extrovertido. O que faltanas nossas vidas é aquilo querenunciamos ao preferir ir à discotecapela milésima vez em vez de participarnum dos vários eventos tradicionaisque ainda existem um pouco por todo opaís e que definem não só a culturacomo também a identidade do povoPortuguês. Não há que renunciar aoque nos identifica culturalmente sobpena de um dia nos perdermos paranunca nos voltarmos a encontrar. Atéporque a tradição já não é o que eraporque nunca foi o que havia sido...

Luzia Valentim

T R A D I Ç Ã O

In "O Ideias" n.º 11 de Janeiro de1 9 9 7

In "O Ideias" n.º 6 de Janeiro de 1996

ANTÓNIO GUTERRES EM VISITA RELÂMPAGO À E.S.G.S.

Foi no mês passado que osecretário geral do Partido Socialistaesteve entre nós, numa visita relâmpagoque teve lugar no auditório da nossaescola. Estiveram presentes deputadosdo distrito, o presidente da Câmara deSantarém, representantes da nossaescola e outras autoridades públicas.

António Guterres iniciou o seudiscurso a falar sobre o futuro dosistema educativo, sem antes deixar deprecisar o seu estado actual, e mostrar asua natural preocupação pelo facto dehá alguns anos para cá o peso daeducação ter vindo a ser diminuído noOrçamento Geral do Estado. ParaAntónio Guterres a educação é umfactor de justiça social, no entantoactualmente são as famílias mais ricasque têm maior acesso à cultura e àformação qualificada. Para atenuar asdiferenças sociais existentes, no seuponto de vista, torna-se imperativoinvestir no ensino, começando logo pelopré-primário, criando desde logo ascondições necessárias para que todas as

crianças tenham acesso a ele. Emseguida fez alusão ao ensino básico queapelidou de “fábricas de aulas”, dadasas carências de material didáctico econdições do meio.

No final da sua intervenção,António Guterres falou sobre o ensinosuperior em Portugal, começando pordescrever a necessidade de haver umafutura articulação entre asuniversidades e os institutospolitécnicos, por forma a eliminar ospreconceitos sociais existentes, e assim,em seu entender, a lógica dosbacharelatos e das licenciaturas sãológicas a rever, uma vez que o ensinosuperior deve ir ao encontro daspessoas, possibilitando-lhes umaformação de acordo com os seusinteresses. Referiu ainda, no decorrer doseu discurso, a necessidade de seremcriadas facilidades no prolongamentodos estudos a nível superior.

Sobre a polémica Acção SocialEscolar, António Guterres adverte parao facto de esta estar circunscrita ao

ensino superior público, e de se ter feitoum investimento muito reduzido nestedomínio, mas que deve crescer nospróximos anos. No seguimento destaárea faz alusão às propinas, cujoprincipal objectivo, em seu entender é oda justiça e equidade; por isso defendeque os filhos das pessoas maisabastadas devem pagar, mas não deacordo com o IRS, porque não são essesque pagam imposto, uma vez que “sólhes falta adqurir um atestado depobreza nas freguesias onde residem”.

António Guterres termina o seudiscurso alertando para o facto de areforma educativa ser incompatível como investimento que foi feito dentrodessa área; ao que se seguiram váriascríticas ao governo pela forma comoconduziu a formação profissional e àatenção que tem vindo a dar àeducação.

Luzia Valentim In "O Ideias" n.º 2 de Maio de 1995

B U R O C R A C I A S

Talvez a maior parte dos estudantesainda não saiba, mas a verdade é que, emtermos legais, para provar que um alunoestá a estudar num determinadoestabelecimento de ensino basta entregaruma fotocópia do seu cartão de estudanteou do boletim de matrícula. Neste sentidobasta que o cartão de estudante ou oboletim de matrícula contenham o nomecompleto do aluno, o grau de ensino e oano lectivo da matrícula. É precisamentedisto que trata o decreto-lei nº 416/93 de24 de Dezembro.

Os certificados de matrícula doscerca de 500 mil alunos dos ensinossecundário, profissional, artístico esuperior são exigidos para umaquantidade enorme de processos, taiscomo o abono de família, adiamento aoserviço militar obrigatório, bolsas deestudo, etc. Daí que a aplicação destedecreto traga muitas vantagens,nomeadamente, o desaparecimento demilhares de papéis que se preenchemaquando do acto de matrícula, a

diminuição dos custos administrativos doEstado, menores custos financeiros paraos alunos e ainda ganhos em termos detempo, na medida em que se pode obteruma fotocópia do cartão de estudantedum momento para o outro, enquantoque um certificado de matrícula não seobtém muitas vezes nem dum dia para ooutro.

Mas o problema é que as instituiçõesque costumam pedir os certificados dematrícula desconhecem este decreto . E asinstituições que conhecem o decretosimplesmente não aceitam as fotocópiasdos cartões de estudante porque achamque não provam nada. Assim nós nãotemos outro remédio a não ser pedirsucessivamente no início de cada anolectivo certificados de matrícula para tudoe mais alguma coisa, desembolsando maisuns trocos sem necessidade. E o que émais absurdo é que a esmagadora maiorparte das vezes são as própriasinstituições da Administração Pública querecusam a apresentação do cartão de

estudante, enquanto que pelo contrário háentidades privadas para as quais bastauma simples fotocópia do cartão deestudante para os alunos obterem asregalias a que têm direito.

Mas o absurdo transforma-se emridículo quando temos em linha de contaos custos inerentes aos certificados dematrícula. Se o decreto-lei nº 416/93 fossede facto aplicado a comunidade chegariaa poupar mais de um milhão e trezentosmil contos por ano.

É por isso que, ao contrário dealguns colegas meus, eu não fico nadaadmirado pelo facto de haver alunosnesta escola que nem sequer requereramo seu cartão de estudante junto dorepresentante da C.G.D. que se deslocoupropositadamente aqui para esse efeito.De facto, para quê perder tempo arequerer um cartão que na prática nãoserve para nada ?

José Luís CarvalhoIn "O Ideias" n.º 5 de Dezembro de 1995

C O N S U M O : C O N S I D E R A Ç Õ E S ( M U I T O ) B R E V E S

Seja-me permitido agradecer oamável convite, que a redacção de “OIdeias” me endereçou, para colaborarneste segundo número. Sem pretenderrepetir palavras de circunstância, nãopoderia desperdiçar a oportunidade deexprimir o meu apreço pela publicaçãoe pelos seus mentores.

Mais do que o vosso convite,agradeço sobretudo, a vossa iniciativa:vós estudantes, já merecíeis: a E.S.G.S.(todos nós) já merecia.

Resta-me desejar-vos o maiorsucesso e... muitas (e boas) IDEIAS.

A palavra consumo invadiu oléxico do quotidiano. Fala-se em“direitos dos consumidores”, em“fidelização do consumidor”, enquantoos índices de consumo servem comocritérios de avaliação do estado dedesenvolvimento da economia e, assim,como bitolas para julgamento dosucesso ou insucesso das políticas socio-económicas adoptadas pelos governos.

Simultaneamente, o “cidadãocomum” descobre, de súbito, serpossuidor do novo e promissor estatutode consumidor. O cidadão-consumidoré, de repente, o centro de todas as

atenções: o estado cria legislação paraprotecção do consumidor, criam-seassociações de defesa do consumidor, eas empresas “juram solenemente” que oconsumidor é o principal (quando nãomesmo exclusivo) motivo de suasexistências e por isso é lema comum“servir” o cliente (consumidor).

Batalhões de “homens demarketing” esforçam-se por desvendarminuciosamente as “necessidades”, as“preferências” e mesmo os caprichosdos consumidores e a publicidadeafirma uma missão altruísta e deindiscutível valor social: fornecerinformação criteriosamenteseleccionada (“mastigada”), aoconsumidor, dispensando-o assim doincómodo de a procurar e a analisar.

De uma forma muito sucinta edecerto algo irónica, parece-me estaraqui retratada a essência do discurso“consumista” que aflora uma dasvertentes do consumo, a ideológica eque remete para a reflexão sobremodelos de organização social.

Mas o consumo é um fenómenomultíplice e daí a diversidade de áreasdo saber que o elegeram como um dosseus principais objectos de estudo, caso

notório o das ciências sociais, comparticular destaque para a psicologia, asociologia e, naturalmente, a economia.Daí também, a justificação para o factode o consumo ter conquistado“dignidade académica”, tornando-se(nas suas diversas vertentes) matériaobrigatória, principal mas nãoexclusivamente, nos currículos doscursos de economia e gestão.

Sem detrimento do seu sentidoimediato (o económico), importatambém o seu significado mediático(psicossociológico). De facto, oconsumo é também um instrumento derelação individual com o social. Nosconsumos reflectem-se crenças, valorese atitudes. É através dos consumos que,quotidianamente, o EU se afirmaperante o(s) OUTRO(s), tenta satisfazeros seus desejos e completar-se.Consumir não significa somente gastar;é também sinónimo de usufruir econsumar (uma reflexão quase neminiciada mas que talvez possa despertara vossa curiosidade).

* Docente da cadeira dePsicologia do Consumidor

In “O Ideias” n.º 2 de Maio de 1995

Herlânder Gomes Ferreira *