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No curso do inquérito, a autoridade policial realiza diligências com relativa discricionariedade, a fim de apurar todas as circunstâncias em que o fato criminoso ocorreu. O CPP apresenta um rol de medidas investigativas – Artigo 6º do CPP –, por exemplo... Esse rol não é restritivo, portanto, não impede que a autoridade policial realize outras diligências. O ofendido e o indiciado poderão requerer realização de diligências à autoridade policial, mas esta não está obrigada a deferi-las – Artigo 14 do CPP. Contraditória e ampla defesa Há grande discussão entre os processualistas e os tribunais acerca da aplicabilidade do contraditório e da ampla defesa no inquérito policial. A Constituição prevê, expressamente, que as duas garantias se aplicam tanto aos processos judiciais quanto aos processos administrativos. Além disso, a Lei 9.784/99 – que regula os procedimentos administrativos no âmbito da Administração Pública Federal – também garante ao cidadão que litiga contra o Estado a proteção do contraditório e da ampla defesa. A atividade investigatória desenvolvida pela polícia judiciária é extremamente relevante na apuração dos fatos. No curso do inquérito, será produzida prova pericial, destinada à documentação damaterialidade do fato antes que os vestígios deixados pela ação criminosa desapareçam. Art. 5º, LV – Aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e a ampla defesa. Provas cautelares são aquelas cuja produção na fase pré-processual depende de autorização judicial, por importarem em restrições a direitos fundamentais do investigado. Quanto às provas antecipadas, antes da reforma, já havia previsão de produção antecipada de provas que pudessem perecer antes de iniciada a instrução criminal – Artigos 225 e 366 do CPP. O Artigo 156, I, prevê agora a produção antecipada de provas urgentes e relevantes, mesmo antes de iniciada a ação penal, observadas a necessidade,adequação e proporcionalidade da medida. Como a produção antecipada de provas implica restrição aos direitos de contraditório e defesa, sua adoção exige que o juiz aplique o teste da proporcionalidade. A medida deve ser necessária e idônea para a apuração dos fatos, e o sacrifício das garantias constitucionais deve ser justificado pela relevância da prova que se pretende produzir antecipadamente. A entrevista prévia com o advogado é condição necessária para que o investigado

No Curso Do Inquérito

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No curso do inqurito, a autoridade policial realiza diligncias com relativa discricionariedade, a fim de apurar todas as circunstncias em que o fato criminoso ocorreu.

O CPP apresenta um rol de medidas investigativas Artigo 6do CPP , por exemplo...Esse rol no restritivo, portanto, no impede que a autoridade policial realize outras diligncias.

O ofendido e o indiciado podero requerer realizao de diligncias autoridade policial, mas esta no est obrigada a deferi-las Artigo 14do CPP.

Contraditria e ampla defesaH grande discusso entre os processualistas e os tribunais acerca da aplicabilidade docontraditrioe daampla defesano inqurito policial.

A Constituio prev, expressamente, que as duas garantias se aplicam tanto aos processos judiciais quanto aos processos administrativos.

Alm disso, aLei 9.784/99 que regula os procedimentos administrativos no mbito da Administrao Pblica Federal tambm garante ao cidado que litiga contra o Estado a proteo do contraditrio e da ampla defesa.

A atividade investigatria desenvolvida pela polcia judiciria extremamente relevante na apurao dos fatos.

No curso do inqurito, ser produzidaprova pericial, destinada documentao damaterialidade do fatoantes que os vestgios deixados pela ao criminosa desapaream.

Art. 5, LV Aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral so assegurados o contraditrio e a ampla defesa.

Provas cautelaresso aquelas cuja produo na fase pr-processual depende de autorizao judicial, por importarem em restries a direitos fundamentais do investigado.

Quanto s provas antecipadas, antes da reforma, j havia previso de produo antecipada de provas que pudessem perecer antes de iniciada a instruo criminal Artigos 225e366do CPP.

OArtigo 156,I, prev agora a produo antecipada de provas urgentes e relevantes, mesmo antes de iniciada a ao penal, observadas anecessidade,adequaoeproporcionalidade da medida.

Como a produo antecipada de provas implica restrio aos direitos de contraditrio e defesa, sua adoo exige que o juiz aplique o teste da proporcionalidade.

A medida deve ser necessria e idnea para a apurao dos fatos, e o sacrifcio das garantias constitucionais deve ser justificado pela relevncia da prova que se pretende produzir antecipadamente.

A entrevista prvia com o advogado condio necessria para que o investigado exera, de forma adequada, seu direito de no se autoincriminar.

Contudo, o STF firmou o entendimento de que a CF no impe a nomeao pela autoridade policial de advogado para acompanhar o interrogatrio do investigado.

A CF apenas assegura a faculdade de o preso ou investigado se fazer acompanhar por advogado.

A jurisprudncia ptria no d valor probatrio confisso feita pelo ru em fase policial, especialmente se o interrogatrio no tiver sido acompanhado por advogado.

O MP detm a atribuio derequisitar diligncias investigatrias e instaurao de inqurito policialArtigo 129, VIII,da CF.

A atividade de coleta de elementos indicirios desenvolvida pela polcia judiciria tem como destinatrio o MP, a quem incumbe formular aopinio delicti.

Opinio delicti a avaliao acerca da existncia de base ftica mnima que legitime e justifique o oferecimento de denncia em face de algum indivduo.

Por conta da atribuio privativa de iniciar a ao penal, surgiu uma controvrsia sobre a possibilidade de o MP instaurar, em seu mbito interno, investigaes de carter criminal, semelhantes ao inqurito policial, realizando ele prprio diligncias investigatrias e, com base em tais elementos, oferecer denncia.

A delao premiada est prevista naLei 9.807/99. Embora j tivesse sido tratada em leis anteriores, a delao premiada no tinha a abrangncia que possui hoje.

A delao no permite qualquer tipo de acordo. Sua vantagem limita-se possibilidade de reduo de pena de um a dois teros ou de perdo judicial. O perdo judicial s se aplica a quem ru primrio.

Algumas observaes sobre aLei 9.807/99so pertinentes...A titularidade da ao penal, em regra, do prprio Estado, exercida por um de seus rgos, o MP Artigo 129, I,da CF.

Por isso, dizemos que a ao penal pblica.

O princpio da oficialidade sofre excees nos casos em que a lei condiciona a deflagrao da persecuo penal manifestao de vontade do ofendido.

Trata-se daao penal pblica condicionada representao.

Na ao penal pblica condicionada representao, o ofendido pode preferir que no seja instaurado o processo criminal.

Para isso, basta que ele no oferea a representao do prazo assinado em lei em regra, de seis meses, conformeArtigo 38do CPP.

Uma vez oferecida a denncia, o ofendido no ter mais qualquer ingerncia no curso da ao penal.

A ao penal privada deve ser proposta pelo prprio ofendido. O MP atua no processo apenas como fiscal da lei custos legis.

O ofendido pode dispor da ao penal privada a qualquer tempo, inclusive abandonando pura e simplesmente o processo perempo.

A ao penal pblica condicionada representao ajuizada pelo MP e indisponvel uma vez iniciada.

Para que o direito de ao seja regularmente exercido, devem estar presentes seus requisitos.

Ao apreciar a petio inicial, o juiz exercer umjuzo de admissibilidadequanto existncia das condies da ao, verificando ainda se esto presentes os pressupostos para regular instaurao do processo.

O fato de a ao ter sido regularmente proposta viabiliza a instaurao do processo, mas no tem qualquer influncia sobre o resultado final da lide.

So trs as condies exigidas para o exerccio do direito de ao, seja penal ou civil... Legitimidade das partes; Possibilidade jurdica do pedido; Interesse de agir.

Em regra, a titularidade do direito de ao do titular do direito material objeto da lide. Ainda de acordo com oCdigo de Processo Penal...

Artigo do Cdigo de Processo Penaldeliberao

Artigo 24Nos crimes de ao pblica, a titularidade dojus puniendie, consequentemente, alegitimidade ativapara a causa do Estado, que a exerce por meio do MP Artigo 129, I,da CF eArtigo 24do CPP.

Artigo 30Se a ao privada, a legitimidade ativa para a causa do ofendido ou de quem tenha qualidade para represent-lo, na dico doArtigo 30do CPP.

Artigo 31OArtigo 31do CPP atribui legitimidade concorrente para ajuizar ao penal privada aos sucessores do ofendido, no caso de morte ou declarao judicial de ausncia deste. A ao deve ser ajuizada contra aquele a quem esteja sendo imputada a prtica do fato criminoso.

Artigo 33Se o ofendido for menor de 18 anos ou incapaz por deficincia mental, o direito de queixa ser exercido por seu representante legal ou por curador nomeado pelo juiz, nas hipteses doArtigo 33do CPP.

Artigo 34OArtigo 34do CPP atribui legitimidade ativa concorrente ao ofendido que tiver entre 18 e 21 anos, e a seu representante legal. Isso significa que cada um deles pode, sem anuncia do outro ou at mesmo contra sua expressa vontade, ajuizar a ao penal privada.

A aferio da legitimidade passiva deve considerar a prova indiciria que acompanha a petio inicial de denncia ou queixa.

Ter legitimidade para responder a ao penal a pessoa contra a qual haja indcios suficientes de autoria do fato criminoso descrito na denncia.

Clique empara acessar comentrio sobrea substituio processual.Clique empara acessar comentrio sobrea legitimidade ativa concorrente.Clique empara acessar exemplo sobrea titularidade do direito.Clique empara acessaro Artigo 129 da CF.Clique empara acessar oArtigo 24 do CPP.Clique empara acessar oArtigo 30 do CPP.Clique empara acessar oArtigo 31 do CPP.Clique empara acessar oArtigo 33 do CPP.Clique empara acessar oArtigo 34 do CPP.

Um pedido juridicamente possvelquando o provimento requerido encontra acolhida, em tese, no ordenamento jurdico.

No processo penal, a denncia ou queixa deve descrever em tese um fato tpico, com todas as suas elementares e circunstncias inclusive, o elemento subjetivo do crime , e pedir a aplicao da pena em tesecominada.

Se o fato descrito no se incluiem um tipo penal, evidente que o pedido de condenao ser impossvel.

Divergncias quanto interpretao detipos penais em abstratopodem gerar dvida sobre se determinada conduta ftica realmente se incluiem determinado tipo.

Isso leva rejeio da denncia ou queixa em virtude de o juiz entender que os fatos descritos nem em tese configuram um crime.

Nesta hiptese, no se justificaria sequer a instaurao da ao penal, pois ainda que todos os fatos estivessem provados, o ru no teria cometido crime algum.

A parte teminteresse juridicamente tutelado para propor a aoquando...

...pode obter uma melhora concreta em sua situao jurdica em decorrncia do acolhimento de seu pedido utilidade...

...no lhe possvel atingir tal melhora, a no ser que recorra ao Judicirio necessidade.

O Estado, traduzindo o interesse pblico na represso penal, ter sempre pretenso legtima de punir quem tenha cometido um crime.

Tal punio, contudo, depender necessariamente da prvia instaurao do processo devido nulla poena sine judicio.

Mesmo que, ao final do processo, o ru venha a ser absolvido, isso no afeta o interesse em sua instaurao.

No entanto, tal interesse no deve existir somente em tese, mas deve estar demonstrado no caso concreto.

Se no houver prova indiciria suficiente que d seriedade denncia ou queixa, o juiz deve rejeit-las por no se evidenciar, na hiptese, legtimo interesse na propositura da ao penal contra aquela pessoa em decorrncia daquele fato.

Outra hiptese de falta de interesse de agir ocorre quando se vislumbra a possibilidade do advento da prescrio pela pena em concreto.

Pressupostos processuaisso requisitos que devem estar presentes para que o processo seja instaurado e se desenvolva validamente Artigo 395, II, 1 parte,do CPP.

Dessa forma, o processo deve ser instaurado perante o juiz competente e imparcial, e as partes devem ter capacidade para estar em juzo legitimatio ad processum.

As partes tambm devem estar representadas por advogados regularmente inscritos na OAB capacidade postulatria.

A petio inicial deve conter os requisitos legais Artigo 41do CPP e a citao do ru deve ser feita com estrita obedincia s normas processuais.

Argumentaao

m nosso cotidiano, observamos diversas situaes em que osargumentosso decisivos para...

...a tomada de decises.

...a persuaso de nossos interlocutores.

Diariamente, os indivduos travam relaes em contextos argumentativos dos mais variados no tempo e no espao, o que amplia e refora as possibilidades e as interaes desenvolvidas nas mais diversas situaes da vida social.

Aquele a quem se dirige a mensagem em um processo de comunicao.As definies de interlocutor, receptor ou destinatrio, e, ainda, a de leitor variam de acordo com as diferentes concepes de sujeito da linguagem.

Entre as diversas concepes de sujeito da linguagem, destacam-se as seguintes...i. Sujeito psicolgico relacionada concepo de lngua como representao do pensamento. O sujeito, neste caso, visto como o dono de suas vontades, de suas aes e de seu dizer;ii. Sujeito determinado pelo sistema aliada noo de lngua como estrutura. O sujeito, neste caso, visto apenas como o lugar por onde o discurso, oriundo das estruturas lingusticas, instaura-se;iii. Sujeito ativo relativa viso de lngua como lugar de interao. O sujeito, neste caso, participa, ativamente, da construo de imagens e de representaes, sem as quais no haveria comunicao.iv. preciso ter estratgia e, mais ainda, que esta estratgia seja balizada por limites ticos, morais e jurdicos.

Observamos que os fins e os meios se apresentam em constante interao, transformao e releitura a partir do desenvolvimento dosargumentosnos mais diversos espaos e contextos...v. ...seja do ponto de vista doresultado, dadecisoou dapersuaso.Atualmente, o papel da argumentao na vida cotidiana est relacionado ao processo dedesencantamento do mundo, que foi amplamente descrito porMax Weber.

vi. No contexto contemporneo, no observamos mais espaos produtores de verdades universais.

A prpria ideia de verdade tambmtem sido problematizadapor diversos estudos ao longo do sculo XX.

Nesse sentido, uma transformao tem ocorrido na vida dos indivduos...

Consequentemente, alteraes substanciais tm sido produzidas no campo da argumentao.

Diante da derrocada daverdadeno mundo contemporneo, oargumentose apresenta como a principal forma de interao social nas diversas situaes em que os indivduos se encontram.

Nesse contexto, recebe destaque o argumento maispersuasivo, e no necessariamente o maisverdadeiro.Segundo o dicionrioAurlio......raciocnio, indcio ou prova pelo qual se tira uma consequncia ou deduo.

Desse modo, utilizadoem um debate para defesa de um ponto de vista, sendo o elemento bsico para a fundamentao de uma teoria.Portanto, a possibilidade de adotar diferentes estratgias argumentativas evidencia a construo, a partir do embate racional deargumentos, de ummundo de possibilidades.

Mais especificamente, os argumentos permitem discutir as condies de possibilidade de emergncia de um conhecimento que receber a adeso dos indivduos.

Essas condies revelam, justamente, os mbitos possveis de aplicao dos argumentos, de modo que no sejam constitudos de verdades fixas e imutveis no tempo e no espao.Paralelamente ao debate entreverdadeeargumento, podemos observar o debate entre arealidadee asconstrues dialgicas.

A realidade consiste em uma totalidade inalcanvel pelo indivduo.

Dessa forma, diante da impossibilidadefticade conhecermos o real e a verdade de forma absoluta, a argumentao surge como estratgia de construo deconsensosou de persuaso, que se desenvolvem por meio do recurso ao dilogo.

Acomunicao elemento primordial para o sucesso da argumentao.

A comunicao permite aos atores estabelecerem compromissos, pactuaes e criarem contextos com uma forte dinmica de persuaso.

Paralelamente ao debate entreverdadeeargumento, podemos observar o debate entre arealidadee asconstrues dialgicas.

A realidade consiste em uma totalidade inalcanvel pelo indivduo.

Dessa forma, diante da impossibilidadefticade conhecermos o real e a verdade de forma absoluta, a argumentao surge como estratgia de construo deconsensosou de persuaso, que se desenvolvem por meio do recurso ao dilogo.

Acomunicao elemento primordial para o sucesso da argumentao.

A comunicao permite aos atores estabelecerem compromissos, pactuaes e criarem contextos com uma forte dinmica de persuaso.

Construes dialgicas

Entendimento firmado pelos indivduos por meio de interaes travadas pela utilizao do dilogo de maneira no impositiva ou viciada.

Consenso: Meio pelo qual os indivduos alcanam um entendimento que lhes permita estabelecer estratgias em comum acordo.

O cenrio altamente complexo... Encontramos osparadigmasda verdade e da realidade problematizados por contextos argumentativos...

Contudo, ainda possvel incrementar tal complexidade ao reconhecer que a argumentao envolvediferentes variveis, que se relacionam emmltiplos contextos.

Dessa forma, a estratgia argumentativa, seja para o argumentador, seja para aquele que alvo de persuaso, varia de acordo com...

...a idade, o sexo, a situao social, o gnero, a histria de vida, as expectativas subjetivas, os valores...

Alm disso, a estratgia depende do contexto em que a argumentao se desenvolve...

...poltico, jurdico, econmico, social, cultural, religioso, biolgico...