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1 ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO E STADO DO RIO GRANDE DO SUL DESIGUALDADES REGIONAIS MESA DIRETORA 3º ANO DA 50º L EGISLATURA - 2001 PRESIDENTE: DEPUTADO SÉRGIO ZAMBIASI 1º V ICE-PRESIDENTE: DEPUTADO FRANCISCO ÁPPIO 2º V ICE-PRESIDENTE: DEPUTADA MARIA DO ROSÁRIO 1º S ECRETÁRIO: DEPUTADO ALEXANDRE POSTAL 2º S ECRETÁRIO: DEPUTADO JOÃO OSÓRIO 3º S ECRETÁRIO: DEPUTADO PAULO AZEREDO 4º S ECRETÁRIO: DEPUTADO MARCO PEIXOTO 4º ANO DA 50º L EGISLATURA - 2002 PRESIDENTE: DEPUTADO SÉRGIO ZAMBIASI 1º V ICE-PRESIDENTE: DEPUT ADO VALDIR A NDRES 2º V ICE-PRESIDENTE: DEPUTADA MARIA DO ROSÁRIO 1º S ECRETÁRIO: DEPUTADO ALEXANDRE POSTAL 2º S ECRETÁRIO: DEPUTADO KALIL SEHBE 3º S ECRETÁRIO: DEPUTADO MANOEL MARIA 4º S ECCRETÁRIO: DEPUTADO MARCO PEIXOTO

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ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

DESIGUALDADES REGIONAIS

MESA DIRETORA 3º ANO DA 50º LEGISLATURA - 2001 PRESIDENTE: DEPUTADO SÉRGIO ZAMBIASI 1º V ICE-PRESIDENTE: DEPUTADO FRANCISCO ÁPPIO 2º V ICE-PRESIDENTE: DEPUTADA MARIA DO ROSÁRIO 1º SECRETÁRIO: DEPUTADO ALEXANDRE POSTAL 2º SECRETÁRIO: DEPUTADO JOÃO OSÓRIO 3º SECRETÁRIO: DEPUTADO PAULO AZEREDO 4º SECRETÁRIO: DEPUTADO MARCO PEIXOTO 4º ANO DA 50º LEGISLATURA - 2002 PRESIDENTE: DEPUTADO SÉRGIO ZAMBIASI 1º V ICE-PRESIDENTE: DEPUT ADO VALDIR ANDRES 2º V ICE-PRESIDENTE: DEPUTADA MARIA DO ROSÁRIO 1º SECRETÁRIO: DEPUTADO ALEXANDRE POSTAL 2º SECRETÁRIO: DEPUTADO KALIL SEHBE 3º SECRETÁRIO: DEPUTADO MANOEL MARIA 4º SECCRETÁRIO: DEPUTADO MARCO PEIXOTO

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ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

DESIGUALDADES REGIONAIS COMPOSIÇAO PARLAMENTAR DA SUBCOMISSÃO

Deputado João Luiz Vargas - PDT, Relator.

Deputado Marco Peixoto - PPB Deputado Berfran Rosado - PPS Deputada Jussara Cony - PCdoB Deputado Ronaldo Zulke - PT Deputado Germano Bonow - PFL Deputado Jorge Gobbi - PSDB Deputado Luis Augusto Lara - PTB Deputado Bernardo de Souza - PPS

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SUMÁRIO

1 - Histórico das desigualdades 1.1. As Desigualdades Regionais no Espaço Brasileiro 1.1.1. Breve Histórico A articulação comercial A integração produtiva. As formas de inserção do País 1.1.2. O Desenvolvimento Regional 1.1.3. A Região Sul brasileira 1.1.3.1. As Fontes de Dinamismo 1.1.3.2. As Principais Transformações 1.1.3.3. O impacto social 1.2. As desigualdades regionais no Estado do RS 1.2.1. As origens 1.2.2. O período recente A Agricultura A Indústria 1.2.3. A população 1.2.4. A situação atual

A Região Sul A Região Norte A Região Nordeste

2 - Condicionantes locais 3 - Audiências realizadas

Região das Hortênsias Região do Vale do Caí Região Serrana Região Delta do Jacuí Região Sul Região Centro-Sul Região da Campanha

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Macroregião Norte Região Norte Região da Produção

Região Nordeste Região do Alto Jacuí Região Noroeste Região das Missões Região da Fronteira Noroeste Região do Vale do Taquari

Região do Vale do Rio Pardo Região Central Região Fronteira Oeste Região do Litoral Norte Região do Vale do Paranhana e Encosta da Serra 4 - Considerações Finais

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Fórum das Desigualdades Regionais

O F órum das Desigualdades Regionais, que realizou uma primeira rodada de audiências no segundo semestre de 2001 nas regiões do Estado, teve como objetivo apontar as diferenças de desenvolvimento dessas regiões e buscar alternativas integradas entre o poder público e a sociedade civil. O Fórum é uma ação conjunta da Assembléia Legislativa do Estado do RS, dos Conselhos Regionais de Desenvolvimento (Coredes), da Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sil (Famurs) e da União dos Vereadores do RS (Uvergs).

Os seus objetivos foram de buscar a igualdade no Estado, desmistificar a

idéia de que o RS se divide entre a metade sul considerada pobre e a metade norte apontada como rica e buscar soluções de maneira integrada e criativa entre as autoridades públicas e a sociedade civil. Os trabalhos foram coordenados pelo Relator da Subcomissão Mista Especial que Trata das Desigualdades Regionais, o deputado João Luiz Vargas (PDT).

1 - Histórico das desigualdades

O aprofundamento das diferenças regionais voltou à tona como um dos assuntos principais a temas discutidos no âmbito da questão federativa brasileira. A Tabela 1 apresenta o Produto Interno Bruto-PIB dos Estados brasileiros nos anos de 1985, 1990 e 1995, demonstrando a desigualdade entre as Regiões brasileiras.

Tabela 1

BRASIL – Participação de Regiões no PIB % Regiões 1985 1990 1995 Brasil 100 100 100Norte 4,35 3,48 3,24Nordeste 13,55 13,18 12,58Centro-Oeste 6,24 5,92 5,86Sudeste 58,19 60,79 62,60 Minas Gerais 9,67 12,49 13,12 Espírito Santo 1,67 1,71 2,10 Rio de Janeiro 12,78 10,89 13,17 São Paulo 34,07 35,70 37,45Sul 17,69 17,34 15,72 Santa Catarina 3,50 3,32 3,37 Rio Gde. Do Sul 7,93 7,00 6,61 Paraná 6,25 6,31 5,95

FONTE: CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDUSTRIA -CNI

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Pela leitura da Tabela 1, observa-se que, em 1995 - 78,32% da produção total do Brasil encontrava-se concentrada nas Regiões Sudeste e Sul, restando às Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste os demais 21,68%. A questão das desigualdades regionais não pode deixar de ser considerada como um problema da federação brasileira. Os desequilíbrios regionais levam os Estados a uma situação de disputa competitiva para melhoria na sua posição econômica, consubstanciada na adoção de políticas fiscais para atração de investimentos, sem consideração pelos demais entes federados. 1.1. As Desigualdades Regionais no Espaço Brasileiro

Nesta seção, discute-se as desigualdades regionais no Brasil, a partir do Relatório da Comissão Mista Especial do Senado Federal: Desequilíbrio Econômico Inter-regional Brasileiro – 1993. Trata-se, pois, de uma síntese do referido relatório. 1.1.1. Breve Histórico

Resultado da expansão comercial européia, a ocupação e o povoamento do

Brasil se deram por meio de surto de atividades exportadoras que, sucedendo-se ao longo do tempo, foram fixando populações em diferentes pontos do território nacional. E, conforme o sucesso ou insucesso da exploração econômica – em particular, a capacidade ou incapacidade de levar à diversificação e à industrialização – estabeleceram-se diferenciações nítidas entre esses focos isolados de civilização, bem retratadas nos indicadores econômicos e sociais, consagrando a herança regional do desenvolvimento do País.

Sob o compasso do comportamento do mercado externo, ao ocaso de

uma região, surgia outra; de uma base econômica, passava-se a outra, de tal forma que nossa história é marcada pela descontinuidade espacial e temporal, com reflexos profundos nas relações regionais.

O Nordeste, graças à cana-de-açúcar, foi a região que mais acumulou

capital nos séculos XVI e XVII; essa primazia coube, no século XVIII, à mineração, em Minas Gerais, atividade que produziu elos com as demais regiões, máxime com Sul (Rio Grande do Sul ); a partir do século XIX, foi a vez do café no Rio de Janeiro e, sobretudo, em São Paulo – e com as outras regiões em crise e estagnação econômica – quando foram fincadas no Sudeste as bases da concentração do capital e, por conseqüência, da industrialização; com isso, tinha origem as atuais desigualdades regionais.

Antes de prosseguir, deve-se registrar o ciclo da borracha na Amazônia,

de cerca de meio século de duração, que apresentou volume de exportação, no seu auge (1890-1920), beirando a metade as de café, e o cacau, na Bahia, já neste século, de menor expressão.

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Esvaziado o ciclo econômico de exportação, a região se voltava para dentro, buscando o mercado interno, a substituição de uma cultura por outra, a diversificação e, num estágio mais maduro, a industrialização.

O algodão, no Nordeste, impulsionado pela revolução industrial na

Inglaterra e pela Guerra da Secessão nos Estados Unidos, expandiu-se e funcionou como atenuador da prolongada crise do açúcar, entremeada de curtos períodos de recuperação, e, em conjunto com a pecuária, permitiu a ocupação da hinterlândia nordestina, seguida da diversificação e industrialização. A pecuária, em Minas Gerais, tomou o lugar da atividade mineradora. Já a borracha, na Amazônia, não teve, a rigor, sucedâneo, a não ser, em nível bem abaixo, as industrias de madeira, alimentos, bebidas e fumo.

O Rio Grande do Sul constitui, nesse contexto, exemplo à parte de

economia voltada para dentro. Ligada, já nos primórdios do século XVIII, a São Paulo e, daí a Minas Gerais, pelo comércio, consolidou-se, desde cedo, como celeiro do Brasil, seja na lavoura, seja na pecuária, além de, pioneiramente, haver construído parque industrial para atender à demanda do nascente, mas promissor mercado interno.

O Centro-Oeste, só mais tarde, começa a ter efetivadas, as suas

potencialidades. De início, sob a influência de São Paulo, o Extremo-Sul de Goiás e Mato Grosso era incorporado à economia brasileira. Depois, com Brasília e os eixos rodoviários Brasília – Belo Horizonte e Belém – Brasília, ocorreria a integração definitiva.

Aconteceram vários ensaios de industrialização, amparados tanto por

conjunturas mundial favorável – I Grande Guerra (1914-1918) e Grande Depressão (1929) – como pela prosperidade do café. Não demorou, portanto, para que São Paulo promovesse, em decênios, intenso processo de substituição inter – regional de importações, pondo em xeque os esforços industrializantes de região como o Sul.

Enquanto isso, por exemplo, apoiava-se, no Nordeste, a monocultura da

cana-de-açúcar fundando-se o Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA), em 1931, no lugar de medidas voltadas para uma agricultura diversificada e, mesmo, para a industrialização.

A partir de então, os desequilíbrios regionais, nacionais na denominada

fase primário – exportadora, só fazem aprofundar-se. E, nestas condições, processavam-se a integração inter-regional no País, sob a liderança de São Paulo.

Veio a II Guerra Mundial e, no seu bojo, inaugurou-se novo ciclo da

industrialização. A concepção de Getúlio Vargas, endossada por Juscelino Kubitschek,

era de um pólo industrial no Sudeste que, por “efeito transbordamento”, deveria

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irradiar-se em todo o Brasil. Tal a lógica de Volta Redonda, da Vale do Rio Doce, da industria automobilística em São Paulo, etc. E, assim com as economias de aglomeração altamente favoráveis ao Sudeste e, principalmente, a São Paulo, não havia como evitar a acumulação espacialmente desigual no País.

Foi praticamente segundo essa linha-mestra que se pôs em prática o

processo de substituição de importações - primeiro, de bens de consumo, depois, de bens de capital e de insumos básicos – acentuando-se inexoravelmente as desigualdades regionais.

Ainda no Governo Juscelino Kubitschek, surgia a SUDENE, marco

referencial do planejamento regional no Brasil, com a missão de contrabalançar, com a coordenação dos investimentos federais e o auxilio incentivos fiscais, as forças que conduziam aos desequilíbrios, fenômeno que repercutia na geopolítica sul -americana, dada a temida ameaça de Nordeste transformar-se numa nova Cuba.

Essa experiência foi levada também para o Norte, por intermédio da

Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (SUDAM). No entanto, tanto um c aso como no outro, os empreendimentos que

prosperaram, pobres, em geral, de Interligação e incapazes de intermediar, em grau razoável, renda e emprego advindos dos incentivos fiscais, não conseguiram, apesar das grandes mudanças havidas, especialmente Nordeste, reverter o processo de desigualdades regionais. É bem verdade que os incentivos fiscais e regionais, ao longo do tempo, foram sendo esvaziados, servindo como fonte a programas setoriais , como: pesca (1966), reflorestamento e turismo (1966), EMBRAER (1969), PIN (1970), MOBRAL (1970),PROTERRA (1971). Os incentivos fiscais do Nordeste foram partilhados com a Amazônia (1963 e 1969) e o Estado do Espírito Santo (1969). A partir de 1974 os Fundos Setoriais foram agrupados no FISET, e os regionais, em FINOR, para o Nordeste, FINAM, para a Amazônia e FUNRES, para o Estado do Espírito Santo.

O novo ciclo de desenvolvimento, iniciado em meados dos anos 60, sob

os auspícios de governos militares, era conduzido no sentido de fazer do Brasil, a curto prazo, uma potência, objetivo cuja consecução exigia o crescimento econômico acelerado. Significa dizer que eficiência preponderava sobre a equidade. Em outros termos, os investimentos – e havia para isso fontes abundantes de financiamentos no mercado financeiro internacional – deveriam ser canalizados para onde houvesse retorno mais pronto e imediato. E, essa maneira, o Sudeste (leia-se, sobretudo, São Paulo) acabou por consolidar a sua hegemonia na matriz produtiva nacional, permanecendo as demais regiões como elos subalternos.

A fim de tentar reduzir esse distanciamento, mas visando, acima de tudo,

ao objetivo do crescimento acelerado, o Governo Central lançou, nos anos 70, programas para as regiões menos desenvolvidas, dentro da concepção de integração

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espacial e, principalmente, de pólos de desenvolvimentos. Tais programas, no entanto, em geral, não alcançaram os seus objetivos. A retórica se sobrepõe à ação.

Resumindo, a historia econômica das regiões brasileiras se confunde com

a história da industr ialização do País e da constituição e consolidação do mercado interno brasileiro. Nesses processos foi tomando forma uma divisão inter-regional de trabalho e, em conseqüência, foram se definindo estruturas produtivas e papéis diferenciados para cada região no interior da economia nacional, com repercussão sobre o desenvolvimento econômico e as condições de vida nas distintas regiões.

Neste particular, é importante destacar o avanço que teve a industria de

São Paulo sobre os mercados regionais, os momentos críticos pelos quais passara, as indústrias das regiões menos desenvolvidas, face ao acirramento da concorrência, e a reação das lideranças regionais e nacionais ao agravamento das “desigualdades regionais”no Nordeste, na Amazônia e no sul do País.

Dos processos que tiveram repercussões importantes sobre as economias

regionais, ao longo da história econômica do País, é importante referir-se a três principais pontos: o processo de articulação comercial inter-regional; o de integração produtiva; e as formas mais recentes de inserção do País na economia mundial, com os rebatimentos regionais daí decorrentes.

A articulação comercial . Esta foi a forma prevalecente de vinculação

entre as regiões anteriormente isoladas, constituindo o que se denominou de “arquipélago regional brasileiro”, que se delineia com a concentração industrial em São Paulo e no Sudeste e se intensifica a partir da implantação da indústria pesada, na segunda metade dos anos 50. Sua base foi a compra e venda de mercadorias e de produtos regionais, com as demais regiões buscando, com maior ou menor sucesso, colocar seus excedentes exportáveis ou seus produtos industrializados no mercado interno brasileiro, em formação.

As regiões menos industrializadas, como o Nordeste e a Amazônia,

perderam mercado para a industria que se consolidava no Sudeste e em São Paulo, e os desequilíbrios regionais, já presentes há décadas na economia, a partir das diferentes dinâmicas dos setores exportadores regionais, ampliaram-se e passaram a construir, no final do dos anos 50 e no início dos anos 60, um tema de grande apelo político e significativas repercussões sociais.

A integração produtiva. Com início nos anos 60, decorrente da própria

continuidade do processo de industrialização e, em parte, associada às novas formas de atuação do Estado brasileiro no enfrentamento da questão regional à articulação comercial anteriormente referida se superpõe num processo de integração produtiva que tem por base a transferência de capitais produtivos para as regiões menos industrializadas, com a presença da grande empresa e dos grupos oligopolistas em todas as regiões brasileiras. Isto se dá, em grande parte, com base nos incentivos fiscais e financeiros que as políticas regionais e setoriais ofereciam aos

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empreendimentos que se dirigiam para as regiões menos industrializadas. Esta transferência de recursos produtivos ampliou os estreitos limites de acumulação de capitais e de crescimento das regiões menos industrializadas e alterou, em alguns casos, a base econômica dessas regiões, até mesmo do Nordeste.

Convém destacar aqui que, nesse processo de integração, sob a

hegemonia de São Paulo, uma das economias mais duramente afetada foi a do Rio Grande do Sul, que, historicamente, desenvolve-se, ao contrário do ocorrido em outras regiões voltadas para atendimento do mercado interno.

As formas de inserção do País. A abertura do sistema produtivo

brasileiro para o exterior teve um impulso significativo quando se percebeu a premente necessidade de geração de divisas para o equilíbrio do balanço de pagamentos, notadamente com a dimensão que, na segunda metade dos anos 70, alcançaram os serviços da dívida externa. A políticas de estímulos às exportações e os acordos econômicos internacionais realizados provocaram significativas transformações na economia brasileira, concentradas em algumas regiões. Os exemplos são os mais diferentes, cabendo ressaltar o papel relevante que a maior abertura do País à competição internacional desempenhou para a modernização e expansão da agricultura do Sul, Sudeste e Centro-Oeste, e a exploração de reservas minerais do País, sobretudo na Amazônia e, em particular, no Estado do Pará.

À presença das grandes frações do capital produtivo em algumas regiões

menos industrializadas, estimulada pelos incentivos fiscais e financeiros, soma-se a presença motivada pelos investimentos diretos do Estado, ou pelos seus estímulos, visando à exportação e geração de divisas.

Destas mudanças resultam, nos anos 70, grande dinamismo das

economias regionais, com diminuição das taxas de crescimento na segunda metade, sobretudo nas regiões mais industrializadas. Nos anos 80, o recrudescimento do processo inflacionário e a crise fiscal e financeira do Estado deram lugar à estagnação econômica brasileira, que repercutiu de modo diferenciado nas regiões. É o que se vai ver com detalhes, a seguir.

1.1.2. O Desenvolvimento Regional

As considerações que se seguem referem-se, em linhas gerais, aos processos econômicos mais relevantes ocorridos nas duas décadas no País e, em particular ao avanço da integração das regiões brasileiras e seu impacto sobre estruturas econômicas regionais. Além disso, tratam da questão social a partir de indicadores selecionados, identificando, no tocante às regiões, os elementos uniformizados e diferenciadores.

É importante levar em conta, inicialmente, que, de 1970 a 1990, a

economia brasileira por várias fases cíclicas, registrando-se grande dinamismo até

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1973, seguido de desaceleração que, no entanto, possibilitou entre 1974 e 1980 crescimento médio de 7,1% do PIB. Nos anos 80, a economia praticamente se estagna, com o produto crescendo à taxa média de apenas 1,5%. O que vai ser examinado adiante abrange o auge do ciclo expansivo, que ficou conhecido como o “milagre econômico”, a fase de desaceleração (1974-80).

Istvan Karoly, que depôs na comissão, faz interessante resumo do

processo ocorrido no período 1970-1990, por região, descendo aos desempenhos dos Estados. Ei -lo, a seguir:

“Nunca perspect iva de 20 anos pode-se, utilizado os quadros a seguir, em

síntese concluir que”: a)“A Região Sul praticamente se estagnou. Embora tenha havido evolução

absoluta e positiva no crescimento de todos os Estados, a região manteve a sua posição ao longo de 20 anos. O Estado de Santa Catarina cresceu positivamente, especialmente entre 1970 e 1980. O Paraná evoluiu regular e constantemente. Apenas o Rio Grande do Sul (RS) perdeu posição”.

“Assim, a evolução de Santa Catarina e do Paraná compensou a evolução do RS em nível regional”.

“Vale observar que a região Sudeste é 3,64 vezes mais poderosa em termos produtivos que a região Sul , a segunda mais importante do País".

“Conclui-se que a produção está mal distribuída, gerando diferenciais de renda, emprego e desenvolvimento que, apenas, poderão ser minorados co adoção de políticas governamentais e estaduais integradas, de longo prazo”.

b)“A Região Sudeste permanecia dominante em termos absolutos e relativos

no contexto nacional. Trata-se do motor da economia nacional e das atividades de consumo e investimentos. É a fonte dos investimentos e de concentração dos lucros gerados no País, mantendo uma força polarizadora permanente".

“A queda de participação em 4,65% no período é diminuta e corresponde a um ganho em produção exercido pelos Estados que Integrariam mais recentemente a economia nacional. Na região, Minas Gerais apresentou um crescimento positivo e significativo, sobretudo no período 1975/1985. São Paulo, o mais importante Estado da Federação, diminuiu paulatinamente a sua participação”.

A maior perda ficou com o Rio de Janeiro, cujo esvaziamento econômico necessitava ser avaliado e sustado com urgência, por caracterizar empobrecimento claro de sua população.

c)“A Região Nordeste expôs um ritmo variado de crescimento no período

estudado”. “De 1970 para 1975, a sua participação no PIB caiu, de tal sorte que a

região não se beneficiou significativamente da fase do “milagre”. A partir de 1975 o crescimento ocorre e a região como um todo se beneficia dos maciços investimentos que lá são realizados, contudo, o crescimento é muito variado e diferenciado".

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“O maior beneficiário desse crescimento é o Estado da Bahia, que sozinho abocanhou 1% de participação adicional da região, no período de 20 anos. O Maranhão também realizou incrementos de produção notáveis, especialmente na década de 80, e nesta, no período de 1985/1990. Veio e Maranhão de um processo de recessão na década de 70”.

“Os demais Estados nordestinos se estagnam ou involuem, o que caracteriza empobrecimento dramático na região historicamente mais pobre do País. O Piauí cresceu a taxa negativa no período, assim como a Paraíba, Pernambuco, Alagoas e Sergipe”.

d)“É na Região Norte, que representa mais 65% do território nacional, que o

PIB mais cresceu em 20 anos. Nesse espaço geográfico, a taxa de crescimento nominal da evolução do PIB foi de 62% contra 45% do Centro-Oeste. Ainda assim, este PIB permanece muito diminuto face ao potencial de região, tendo passado de 2,15% para 3,49%, entre 1970 e 1990".

“O Es tado do Pará lidera a região, seguindo do Amazonas. As maiores taxas de crescimento se registram em Roraima, Rondônia e Amazonas".

“Os sinais de estagnação são claros no Acre e, sobretudo, no Amapá". e)“A Região Centro-Oeste cresceu celeremente em 20 anos. “Considerando

que ela é formada por três Estados e pelo Distrito Federal, e que o processo de interiorização do País através da criação da Capital gerou uma força polarizadora na região, o seu crescimento no período foi excelente".

“Entre os Estados que mais se destacam em seu crescimento, encontra-se o Mato Grosso do Sul. O Distrito Federal evoluiu na década de 80".

f)“O crescimento das regiões Norte , Centro-Oeste e Nordeste se deu em

detrimento da região Sudeste". “As regiões mais industrializadas do País – Sudeste e Sul – foram as mais

afetadas com a emergência da crise doméstica (incapacidade de crescimento auto-sustentado, baseado no financiamento do setor privado pelo setor público e crescimento do Estado-empresário) e internacional (falta de acesso a fontes alternativas de financiamento por causa da moratória)”.

1.1.3. A Região Sul brasileira 1.1.3.1. As Fontes de Dinamismo

O movimento da economia sulina nos anos 70 e 80 acompanhou no mesmo

ritmo a trajetória da economia brasileira nesse período, atestando sua forte integração com as demais regiões, principalmente com a região Sudeste. Nesse sentido, é possível observar grande expansão de seus níveis de atividade durante a década de 70 acompanhada de alterações significativas na sua estrutura produtiva, seguida, nos anos 80, de uma desaceleração no ritmo de crescimento.

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A expansão do produto regional nos anos 70 contrapõe-se com a quase estagnação verificada no primeiro qüinqüênio dos anos 80. As informações disponíveis registram, para 1970/80, crescimento de 10,4% ao ano, enquanto que, para o período de 1980/1985, o percentual foi de apenas 1,9%.

A região seguiu, em linhas gerais, o mesmo movimento da economia do

País na década de 70: a expansão acelerada na primeira metade, na qual prevalecera as condições favoráveis do “milagre” econômico (1967-73); e a desaceleração na segunda metade. À exceção de Santa Catarina, os traços gerais da economia brasileira são seguidos pelas demais Unidades da Federação: Paraná e Rio Grande do Sul. O Paraná, em particular, reduz expressivamente em 1975-80 as suas taxas de crescimento, em relação ao período 1970-75.

Em termos setoriais, uma observação que cabe fazer é a de que enquanto o

setor industrial aponta para uma desaceleração moderada nas duas metades das décadas (18,0% em 1970/75 e 16,1% em 1975/80), próxima, portanto, à medida do decênio (equivalente a 17,0%), os setores agropecuários e de serviços, sobretudo o primeiro apresentam uma desaceleração significativa entre 1970/75 e 1975/80. A agropecuária sulina praticamente se estagna na sua segunda metade da década de 70, quando são comparados os anos extremos da série (1975 e 1980). Por sua vez, o setor de serviços cresceu a taxas mais modestas que descritas anteriormente.

A partir de 1980, as economias estaduais da região alteram profundamente

a natureza de sua evolução, seguindo a trajetória apresentada pela economia brasileira: a crise dos anos 80 alcança de modo semelhante as economias estaduais, interrompendo o crescimento acelerado dos anos 70.

As diferenciações setoriais no crescimento do PIB regional provocaram as

mudanças ocorridas na estrutura produtiva. A uma diminuição da participação da agricultura e dos serviços no produto gerado na região Sul na década de 70 correspondeu o crescimento do setor industrial, que passou a responder por mais 1/3 do PIB regional em 1980 e em 1985, quando, dez anos antes, esta participação situava-se em torno de 1/5 do total. E mesmo a agricultura, em que pese à sua perda de importância relativa, sofreu transformações significativas, ampliando a produção de exportáveis, através da expansão da agroindústria ligada ao complexo soja (óleo, farelo,ração) no Paraná e no Rio Grande do Sul e no processamento de carnes suínas e de aves em Santa Catarina, restringido a produção de alimentos. Esse processo conduziu à mecanização da produção e à introdução de insumos modernos, proporcionando transferência dos estímulos dinâmicos da agricultura para segmentos da industria.

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1.1.3.2. As Principais Transformações

Durante as duas décadas, sobretudo a de 70, a economia da região Sul passou por alterações de vultos na sua estrutura produtiva e na distribuição espacial da sua atividade econômica.

Sem minimizar a intensidade das mudanças por que passou a agropecuária,

o seu decl ínio relativo chama a atenção. Representando ¼ do produto interno de 1970, o setor superou, de pouco, em 1985, 1/6 do produto da região. Bem menor, sem deixar de ser expressivo, é o declínio do terciário :de 53%, no início da série considerada, ele reduz sua participação para 46,8%, em 1985. Praticamente todos os subsetores do terciário, à exceção dos intermediários financeiros e, em menor escala, dos transportes e comunicações e outros serviços, perdem importância relativa com o decorrer dos anos.

As distribuições do produto entre as Unidades Federadas que compõe a

região Sul sugere que, entre 1970 e 1985, foi o Rio Grande Sul que mais perdeu em importância relativa no contexto regional.

No que diz respeito à industria sulina, em primeiro lugar, deve-se considerar

que, se bem que cada Unidade da Federação conserve suas particularidades, ocorreram transformações da maior importância na economia industrial da região, associadas a um dinamismo inusitado da produção manufatureira. Assim, o Paraná altera de forma radical a sua base econômica, com a implantação de um setor que, de pouco dinâmico, passa a liderar o crescimento da economia. De uma industria que, antes da década de 70, estava constituída de atividades de beneficiamento de produtos agrícolas (erva-mate, madeira, café, óleos vegetais), com tecnologia pouco elaborada, no geral, surge um processo bem nítido de incorporação de novos ramos (material elétrico e comunicações, material de transporte) e são ampliados gêneros industrializados já existentes, como o da química (combustíveis e lubrificantes), papel e papelão, com a incorporação de novas atividades que envolvem um maior grau de processamento da meteria prima, além da industria de produtos alimentares, que perde a sua característica de industria rudimentar das décadas anteriores. Vale ressaltar, ainda, que esta nova industria não só se volta para o mercado nacional, como é marcada por uma nova organização e pela presença de frações extra-regionais do capital, até mesmo estrangeiros.

Atrelada à industria e à economias nacionais, a industria gaúcha, por meio

da produção de insumos – matérias -primas, peças e componentes – e outros produtos, notadamente a partir dos gêneros como o da metalúrgica, material elétrico e de comunicações e material de transporte, consolida e aprofunda, nos anos 70, a sua articulação com o centro dinâmico do País. Além disso, face às condições favoráveis do comércio internacional e à política de estímulos às exportações do Governo Federal, parte do segmento tradicional da industria estadual (calçados, couros, carnes e subprodutos) é dinamizada e passa por profundas modificações na sua organização e nos seus processos de trabalho. A industria de bens de capital cresce também e muito

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nesse período de maior dinamismo para a economia brasileira, mormente em razão da expansão da agricultura empresarial e moderna da região, sustentada pela política de créditos e estímulos governamentais. Ao lado disto, deve -se assinalar a complementaridade de alguns segmentos produtivos – carrocerias, reboques, semi-reboques – bem como a de equipamento para a agricultura com fortes vinculações com a economia nacional, que receberam impulsos derivados da dinâmica mais geral do País.

As poucas informações disponíveis sugerem que as mudanças na estrutura

produtiva que vinham ocorrendo nos anos da década de 70 perderam seu ímpeto nos anos 80. Os dados do IBGE sobre a industria sulina mostram que, nos anos 80, o valor da transformação industrial mantém quase a mesma distribuição percentual entre os grandes grupos industriais e seus componentes.

Em resumo, as tendências bem evidentes da alterações na estrutura

produtiva da industria da região Sul, no sentido de uma produção voltada, cada vez mais, para os bens intermediários, bens duráveis de consumo e de bens de capital, constatadas entre 1970 e 1980, perderam sua intensidade nos anos 80, em vista da desaceleração da economia e das perspectivas pessimistas dos investidores e empresários.

Quanto a agricultura, a modernização que ocorreu, em especial nos anos 70,

esteve associada não só às necessidades da industria de bens de capital para o setor agrícola, recentemente instalada com capacidade de produção acima da demanda, como às grandes empresas agroindustriais, processadoras de matéria – prima, e à política de exportação e de geração de divisas imprescindíveis à continuidade do desenvolvimento agrícola e industrial do País. O crédito oficial, a o participação das empresas estatais de assistência técnicas e a política de preços mínimos que priorizava sobremaneira as culturas para exportação foram os instrumentos primordiais da acelerada dos processos tecnológicos no Paraná, sobretudo, mas, igualdade, na economia rural de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul.

A lavoura empresarial passa a marcar cada vez mais economia rural da

região, substituindo as culturas alimentares e as unidades produtivas de tipo familiar, articulando produtores em torno de grandes cooperativas com fortes conseqüência sobre os processos de trabalho e o nível de emprego, e trazendo impactos relevantes sobre o meio ambiente. As transformações se traduzem, igualmente, na constituição de complexos agroindustriais, até mesmo com participação do capital internacional, que agregam e consolidam seus interesses em torno da pecuária da carne, da pecuária do leite, da produção e beneficiamentos dos cereais e das oleaginosas,

1.1.3.3. O impacto social

Os impactos sociais das transformações da região Sul se deram na direção do crescimento do emprego formal e do processo de urbanização, associados – a partir

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de políticas sociais adotadas – a uma diminuição no índice de mortalidade infantil, na elevação da esperança de vida e na redução acentuada do percentual de analfabetos. A diminuição da geração de empregos formais nos anos 80 – por conta do nível de atividade foi compensada, em parte, pelo aumento do emprego na administração federal, a exemplo do que ocorreu em outras regiões.

1.2. As desigualdades regionais no Estado do RS1 1.2.1. As origens

A divisão aceita para análise dos desequilíbrios regionais no RS é a que o divide em três grandes regiões:

A Sul, predominantemente agrária, constituída, pelas áreas situadas abaixo da linha leste -oeste formada pelos vales dos rios Jacuí e Ibicuí, onde predominam a grande propriedade, a pecuária e a lavoura do arroz.

A Norte, também predominantemente agrária, compreendendo a área do Planalto, tendo por caracterização as propriedades pequenas e médias. Região heterogênea, com uma produção que se historicamente foi diversificada, hoje concentra-se na lavoura de trigo e soja.

A região Nordeste, constituída pelo eixo Porto Alegre- Caxias do Sul e pelas

áreas adjacentes, que teve a partir do início do século a implantação de um tecido industrial diversificado e dinâmico.

A região Sul foi, historicamente, uma sociedade baseada na pecuária e na

produção de charque, tendo por características a grande propriedade e a concentração de renda. Com gigantescas estâncias de criação, pouca mão-de-obra, e baixa monetização econômica, a região teve seu auge no fornecimento de charque ao Centro do País. O charque, alimento consumido pelos escravos e população mais pobre do centro do País, foi o propulsor da prosperidade dos principais centros urbanos do Sul: Pelotas com o maior número de charqueadas e Rio Grande – com porto servindo de escoamento à produção.

Neste período, Porto Alegre era tão somente uma capital político-

administrativa de pouca importância econômica. A região Norte era a região mais atrasada do estado, consistindo, sua economia, de uma pecuária atrasada, com extrativismo ervateiro ou florestas inexploradas. A região só viria a mudar seu perfil sócio-econômico com a chegada da imigração alemã e italiana durante o século dezenove. A organização das colônias em torno da pequena propriedade e da produção agrícola, trouxeram a Porto Alegre a paulatina ascensão ao posto de principal centro econômico do Estado.

1O capítulo 1 está baseado na publicação RS 2010 – Desequilíbrios Regionais

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“A capital, localizada às margens de um estuário para onde converge a rede fluvial que banha o Nordeste do território rio-grandense, onde se situavam os primeiros assentamentos mais importantes, beneficiou-se da sua posição para servir como ponto de expedição das exportações coloniais para os mercados do centro do País e como centro atacadista onde as áreas coloniais se abasteciam de produtos manufaturados importados de consumo corrente. As exportações coloniais eram constituídas por uma gama diversificada de produtos de origem agropecuária, entre os quais se destacavam a banha, os cereais e o vinho.”2

O Norte do estado povoou-se pela imigração dos descendentes da

imigração italiana e alemã que, em busca de nova terras, foi colonizando o Norte do Estado desde o Planalto até às margens do rio Uruguai, processo que manteve-se até as últimas décadas do século 20.

A sociedade do Norte será bem distinta da do Sul, pois caracterizada pela

pequena propriedade de produção diversificada; uma distribuição de renda bem menos concentrada e núcleos urbanos bastante próximos viria a constituir uma rede urbana expressiva.

Enquanto a região Sul estagna-se a partir de meados do século 19, pela

decadência das charqueadas, a região Norte continuará seu desenvolvimento, desenhando-se, com isto, as características da espacialidade econômica gaúcha: um Norte mais dinâmico e rico, de economia diversificada; e, um Sul de baixo crescimento econômico e estrutura produtiva especializada.

A industrialização agravou o processo de diferenciação das regiões

gaúchas. Embora tenha surgido inicialmente em Rio Grande pela facilidade de acesso aos mercados do centro do País, a indústria prosperou de fato, no eixo Nordeste. As indústrias da região Nordeste foram originárias, em sua maior parte, dos capitais excedentes das áreas coloniais. Estas indústrias eram, ao mesmo tempo, integradas às áreas coloniais mais densamente povoadas e com distribuição de renda mais uniforme, da região Norte. Esta integração somada às exportações para o centro do Pais permitiu uma dinâmica de crescimento absolutamente distinta da região Sul, com dificuldades oriundas de sua função de produção, de sua população escassa e de sua renda concentrada.

A excessiva especialização da produção sulina vis -a-vis a diversificada

produção nordestina do RS também explica a baixa industrialização da região. A aceleração do crescimento industrial no último séc ulo dará o formato definitivo à distribuição regional gaúcha. O eixo Porto Alegre - Caxias do Sul – a região Nordeste do Estado irá destacar-se da agricultura colonial. As crescentes economias externas de localização e urbanização atrairão um número cada vez maior de investimentos manufatureiros para a região. Este processo se dará concomitante à política de substituição de importações vigente no País.

2 Projeto 2010 – Desequilíbrios Regionais, pág.10.

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Assim o RS terá um Nordeste industrializado; um Norte baseado na pequena e média propriedade e na agropecuária; e, um Sul, com uma economia baseada na pecuária e no latifúndio. 1.2.2. O período recente A Agricultura

No período mais recente, isto é, de 1970 em diante, a região Norte aumenta significativamente de importância na agropecuária do estado, conforme nos mostra a Tabela 2.

Tabela 2 Participação das regiões no produto interno bruto do setor agropecuário do Rio Grande do Sul, 1939-1990 1939 1949 1959 1970 1980 1985 1990 Nordeste 16,77 16,56 13,50 11,77 12,82 11,89 14,48 Norte 44,12 52,43 52,69 54,03 49,79 52,66 53,04 Sul 39,11 31,02 33,79 33,18 37,39 35,45 32,47 Total 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 Fonte: Desequilíbrios Regionais do RS – Projeto 2010

Um fenômeno de pelo menos oito décadas: as regiões Nordeste e Sul perde participação relativa para a Norte em termos de produção agrícola, embora esta perda de posição relativa não tenha sido constante. Durante os anos oitenta a região Norte perde participação. Este declínio, está associado ao término da expansão de novas áreas para o cultivo de soja e trigo. Concomitantemente a região Sul terá um crescimento expressivo, vinculado ao novo ciclo da agropecuária da produção de arroz irrigado. De fato, enquanto as lavouras ali representavam, em 1970, menos de 10% do total, em 1980 passaram a representar 16,2% do total.

Assim, embora a agricultura da região mostrasse sinais de recuperação ao

longo dos anos setenta, isto não se confirmará na década de 90, pois sua participação relativa irá novamente declinar. Uma explicação para este declínio reside no fato de que boa parte dos agricultores da região Sul estava endividada, o que estagnou a produção. Já a região Norte voltou a crescer, dos anos oitenta em diante, o que parece ter sido obtido pelos ganhos de produtividade e a maior diversificação das linhas de produção, como resultado da integração entre a lavoura e a pecuária.

Conforme conclusões do estudo sobre os Desequilíbrios Regionais no RS –

projeto 2010: “Ao analisar o contexto que fazem parte essas desigualdades de crescimento agropecuário é importante ter em vista alguns aspectos em que as condições do Norte e do Sul são bastante diferenciadas. O primeiro diz respeito às características dos solos e sua adequação em termos de capacidade para uso agrícola. Trata-se evidentemente,, de uma questão técnica [...]. Apesar disto, é possível registrar

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que o Norte conta com um percentual maior de áreas adequadas para o uso continuado com lavouras, sem restrições maiores (solos da Classe III). Enquanto no Norte, 44,72% da área total pertencem a esta categoria, no Sul o percentual é de apenas 29,74%.

O segundo aspecto a ter em conta são as diferenças existentes entre os

agentes econômicos das duas regiões quanto ao dinamismo empresarial. É conhecido o fato de que os empreendedores da região Sul tem mostrado pouca aptidão para a diversidade e a mudanças na linha de produção. O que já não ocorre na região Norte. A Indústria

Se no período anterior a 1970 o parque fabril aumentava sua concentração no eixo Porto Alegre – Caxias do Sul, conforme nos ilustra a Tabela 3, quando amplia sua participação de 55,06% para 70,20%, o mesmo já não ocorre na década seguinte, quando a participação da região Nordeste se estabiliza, para, entre os anos oitenta e noventa aumentar sua participação em dois pontos percentuais. Tabela 3 Participação das regiões no produto interno do setor Industrial do Rio Grande do Sul, 1939-1990 1939 1949 1959 1970 1980 1985 1990 Nordeste 47,57 51,15 55,06 70,20 70,37 72,17 72,12 Norte 17,85 21,53 19,29 16,28 15,47 15,44 15,50 Sul 34,57 27,33 25,63 13,50 14,16 12,38 12,38 Total 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 Fonte: Desequilíbrios Regionais do RS – projeto 2010

A região Sul, ao contrário das outras duas regiões aumenta levemente sua participação de 13,50% para 14,16%, entre os anos 70 e 80, porém, entre os anos 80 e 90 irá novamente perder posição relativa para a região Nordeste, pois a região Norte neste período, mantém-se estável. A região Norte irá, embora pouco, perder posição relativa, passando de 16,28% para 15,47% entre os anos 70 e 80, porém, manter-se-á estabilizada entre os anos 80 e 90.

A principal mudança ocorrida, de fato, é que na indústria gaúcha ocorreu o processo de descontração concentrada3 na região Nordeste. Pois ao mesmo tempo em que esta região aumentou sua participação na renda estadual, Porto Alegre que era o principal pólo da região até 1970 perde importância econômica em virtude de um crescimento bem inferior às demais sub-regiões da região Nordeste.

Do ponto de vista da dinâmica setorial e do emprego ao longo dos anos oitenta e no início dos anos noventa observa-se que a região Nordeste, em termo do 3 Op.cit. pág. 22

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emprego industrial, perdeu dois pontos percentuais, embora tenha aumentado sua participação relativa em oito gêneros: Minerais não Metálicos, Metalúrgica, Borracha, Couros, Química, Fertilizantes, Produtos Farmacêuticos, Matérias Plásticas e Têxtil.

A região Sul, teve queda, no agregado de dois pontos percentuais, entre

1986 e 1993, melhorando de posição em alguns gêneros: Madeira, Vestuário, Bebidas, Editorial e Gráfica e Diversas, Material Elétrico, Mobiliário, Matérias Plásticas e Calçados.

A região Norte teve sua participação ampliada em quase quatro pontos

percentuais para o mesmo período. Os gêneros com maior ganho foram : Material Elétrico, Material de Transportes, Papel e Papelão, Fertilizantes, Perfumaria, Vestuário, Calçados, Produtos Alimentares e Fumo. Tabela 4 Participação das regiões e sub-regiões no número total de empregados da indústria do Rio Grande do Sul Região 1986 1988 1991 1993 Nordeste 72,88 71,43 70,16 70,69 Norte 16,44 18,23 19,87 20,39 Sul 10,68 10,34 9,97 8,92 Total 100,00 100,00 100,00 100,00 Fonte: Desequilíbrios Regionais do RS – projeto 2010

As mudanças decorrentes da distribuição geográfica do emprego, conforme pode se visto na Tabela 4, mostram que a região Norte teve considerável avanço, em detrimento da queda ocorrida na região Sul.

A conclusão que se obtém é que o que ocorre no Estado, é uma progressiva

ampliação da desconcentração concentrada do RS., na qual participam as áreas mais antigas do tecido industrial gaúcho – fenômeno bastante visível em relação a Porto Alegre e a região Nordeste – e alguns pontos mais distantes da Região Norte. A região Sul, até o momento, não conseguiu integrar-se a este processo. 1.2.3. A população

A dinâmica da população gaúcha no último século pode ser observada na Tabela 5 abaixo. A região Nordeste nos últimos 30 anos teve o crescimento mais expressivo, passando de 34,28% para 46,32% do total da população. A região perde, nos últimos 110 anos, participação relativa na população: se em 1890 a população da região alcançava 52,07% do total do RS, em 1996 este percentual terá se reduzido ,praticamente, à metade: 24,95% do total da população.

A região Norte que tem sua participação ampliada até 1950: quando irá

atingir 40,57% do total da população; declinando, paulatinamente, ao longo do último lustro do século XX até 28,72%.

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Conforme conclui o estudo dos Desequilíbrios Regionais – projeto 2010: “O

vínculo entre o padrão espacialmente concentrado de crescimento da indústria gaúcha e a direção dos fluxos de migrações internas é evidente. Na medida em que a geração de novos empregos, diretos e indiretos, oriundos do crescimento industrial, foi centralizada em uma parcela do território do Estado, tenderam a intensificar-se os movimentos migratórios em direção a essa área mais dinâmica.” (a região Nordeste). Tabela 5 Participação das regiões no total da população do Estado, 1890-1996

1890 1900 1920 1940 1950 1960 1970 1980 1991 1996 Nordeste 28,04 30,06 27,47 25,57 26,68 30,66 34,28 40,21 44,74 46,32 Norte 19,89 21,54 31,23 38,76 40,57 39,23 37,17 33,48 30,07 28,72 Sul 52,07 48,40 41,30 35,67 32,75 30,11 28,54 26,31 25,19 24,95 Total 100,00 100, 00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 1.2.4. A situação atual A Região Sul

Com uma estrutura econômica mais simples, baseada na pecuária de corte e na produção orizícula, a região é a com maiores problemas pois os dois setores apresentam dificuldades. Estas dificuldades são, de um lado, o grau de endividamento dos produtores de arroz e de outro, o baixo dinamismo da pecuária de corte. As opiniões sobre o futuro destas atividades são bastante controversas. Alguns, visualizando oportunidades através da abertura ao exterior pelo fornecimento da carne verde aos exigentes (e fechados) mercados europeus, além de fornecimento de proteína para os emergentes mercados asiáticos, o que asseguraria um novo ciclo de riqueza à região. Outros, céticos em relação à capacidade empreendedora da região e às reais possibilidades que um ciclo exportador possa trazer à região (não seria suficiente para alavancar a já combalida região).

A cadeia agro-industrial da região vinculada à fruticultura - sobretudo à

produção de pêssego também enfrenta uma situação bastante delicada em função da atual política de abertura à importação de produtos concorrentes como é o caso do pêssego grego.

Os mais de 10 anos do MERCOSUL também não foram suficientes para

melhorar a economia da região Sul, ao contrário, as políticas cambiais, associadas a competição das áreas vizinhas com ofertas de terras a preços menores e câmbio favorável enfraqueceram ainda mais a região. Por outro lado, uma visão otimista do processo –a permanecer a política de integração – é que a região tem seu locus favorecido em relação ao MERCOSUL. Neste sentido, o eixo Pelotas – Rio Grande

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com um industrialização razoável, instituições de ensino superior (4) podem ajudar no processo de revitalização da região. Já as partes da região Sul mais próximas da região metropolitana do Estado poderão ser, eventualmente, beneficiadas pela desconcentração industrial. O que quase ocorreu no caso da FORD. A região Norte

Embora com uma estrutura produtiva também l igada ao setor primário, é, uma economia bem mais complexa, por apresentar uma maior diversificação e articulação do “agro-business”. Os maiores desafios decorrem da concorrência oriunda do centro do País, com o fornecimento de produtos similares. O baixo nível de produtividade e a concorrência das novas áreas do norte e centro do País afetam diretamente a produção do binômio soja-trigo, cujo futuro parece estar bastante ameaçado.

Do mesmo modo o setor de suinocultura sofre processo semelhante, embora

as características culturais dos produtores e mão-de-obra para o trabalho integrado com a indústria atenuem o problema a curto prazo.

Outros setores também apresentam alguns problemas: laticínios com a

concorrência no mercado nacional; a agroindústria de aves pelo custo dos insumos e distância dos mercados consumidores.

Um setor mais dinâmico, e que não aparece com problemas a curto prazo é

o do fumo, com investimentos importantes na região. A Região Nordeste

Os estudos mais recentes vinculam o dinamismo da região ao desenvolvimento do MERCOSUL – apesar de seus percalços-, em função de que a atratividade da região é devida a sua competitividade sistêmica. O incremento dos fluxos de negócios em direção ao Prata, naturalmente virão a ampliar a economia da região. Os últimos grandes investimentos na região por parte da indústria automobilística tem comprovado esta tendência.

O setor calçadista, o responsável por 1/3 dos empregos da região é

bastante dependente das condições cambiais tendo comportamento cíclico e sofrendo concorrência de outras regiões do País (Nordeste) e exterior (Sudeste Asiático e China), uma vez que o diferencial de competitividade baseia-se no baixo custo da mão-de-obra. Há uma tendência de que a expansão do investimento das empresas calçadistas ocorra fora da região, o que sinaliza problemas a longo prazo.

A vitivinicultura concentrada na região colonial italiana também tem ciclos

vinculados a situação cambial brasileira. Sofreu forte concorrência no início do Plano Real em função da competição externa dos vinhos do MERCOSUL e da Europa e,

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hoje, com o câmbio mais favorável volta a crescer a taxas razoáveis, tendo aprimorado a qualidade e voltando-se mais a produção de sucos. A tendência do setor é a concentração com o desaparecimento de inúmeras empresas.

A longo prazo a região Nordeste tende pela urbanização excessiva a sofrer

perda competitiva locacional em função de deseconomias externas, semelhante ao ocorrido com a grande região de São Paulo necessitando intervenções do poder público em escalas cada vez maiores. É necessário, portanto, a adoção de medidas de planejamento para prevenir o surgimento e agravamento destes problemas.

2 - Condicionantes locais

O professor Pedro Bandeira, Doutor em Economia, professor de graduação e Coordenador do Departamento de Ciências Econômicas da UFRGS foi o responsável pela apresentação do painel Condicionantes Nacionais e Internacionais do Desenvolvimento Regional que norteou os debates durantes as audiências do Fórum das Desigualdades Regionais.

Segundo Bandeira, o desenvolvimento das regiões não depende apenas de

atos de vontade, mas é condicionado por condicionantes internacionais, nacionais e regionais. Dentre os fatores internacionais, considera um dos mais importantes a competitividade, causada pela abertura cada vez maior das economias, que muitas vezes sacrifica a qualidade de vida da população. Os fatores nacionais que influenciam o desenvolvimento regional são os modelos de políticas adotadas pelo governo federal, que possuem um foco predominantemente setorial.

Existe no Brasil, conforme Bandeira, um padrão herdado que condiciona o

desenvolvimento industrial no polígono que parte da região de Belo Horizonte, passa pelo interior de São Paulo, do Paraná e vai até a região de Porto Alegre e Caxias do Sul. Esse padrão atrai investimentos somente para essas regiões e dificulta que áreas situadas fora desse polígono se industrializem.

Existem três outros fatores condicionantes que diferenciam as regiões: o

potencial para gerar riquezas, a capacidade de seus atores políticos e econômicos identificarem essas potencialidades e o grau de potencialidade de se manterem competitivas. Conforme o professor, “ao lado dos capitais físico e humano, há o capital cultural, que faz com que algumas pessoas de algumas regiões sejam mais capazes de cooperar na busca de objetivos comuns, superando suas divergências.”

As soluções para a falta de dinamismo da economia da região sul, para o

empobrecimento da agricultura familiar na região nordeste e a falta de industrialização do norte do estado, passam, portanto, pelo chamado capital social das populações. As características da organização social como a confiança, normas e sistemas contribuem para melhorar a eficiência das cidades em busca de ações coordenadas. As cidades

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em que a população se une em busca de alternativas tem mais chances de alcançar um futuro melhor e mais próspero.

A seguir, acompanhe os relatos das audiências do Fórum das

Desigualdades Regionais. 3 - Audiências realizadas ⇒ Região das Hortênsias

O ponto forte da economia da região das Hortênsias está ligado ao turismo e

ao comércio que atrai. Por isso, a falta de investimento em estradas, divulgação e infra-estrutura, além da sazonalidade do turismo, afetam diretamente o desenvolvimento dos municípios. Esta foi a tônica do debate da terceira audiência do Fórum das Desigualdades Regionais, realizada no auditório da Universidade de Caxias do Sul (UCS), em Canela.

Para o presidente da Câmara de Vereadores de Canela e prefeito em exercício, vereador Júlio Cezar Vaccari, o principal problema da região é o escoamento de turistas para outras áreas do estado que estão desenvolvendo seu setor turístico, como a Serra gaúcha. Colocou que para um melhor aproveitamento do turismo nas épocas mais quentes do ano, são necessários investimentos em estradas, pois a forma que a região encontra para atrair pessoas durante todo o ano é a facilidade de deslocamento de turistas de outros estados. Além disso, considera importante uma melhora na área de segurança, já que o aeroporto das Hortênsias que está em fase de conclusão, irá atrair um grande contingente de população flutuante para a região, garantindo a segurança para turistas que virão de todas as partes do Brasil e do exterior.

O professor Isidoro Zorzi apresentou o painel “Desafios Locais e Regionais de Desenvolvimento”. Segundo Zorzi, a região se destaca entre as outras por suas potencialidades, principalmente no aspecto econômico. Porém, o professor ressaltou o problema dos oito municípios que compõem as Hortênsias estarem divididos em duas sub-regiões que não possuem um desenvolvimento homogêneo: a zona na qual predominam a indústria moveleira, têxtil e aquela onde está concentrado todo o eixo turístico, que é composta pelos municípios de Gramado, Canela e Nova Petrópolis. Os outros cinco municípios: Cambará do Sul, Bom Jesus, Jaquirana, São Francisco de Paula e São José dos Ausentes têm uma outra cultura e uma outra realidade, mas as mesmas belezas que também podem ser exploradas pelo turismo para amenizar os desequilíbrios existentes e buscar o crescimento homogêneo da região, e a conseqüente melhora da qualidade de vida da população. Para o presidente do Corede das Hortênsias/Planalto das Araucárias, João Olavo Rosés, os grandes desafios são um planejamento estratégico regional e a união entre os municípios da região para buscar apoios e recursos que proporcionem um desenvolvimento das potencialidades das Hortênsias.

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O vereador Manoel Archimimo Licks, representante da Uvergs falou da importância da melhoria nas estradas para facilitar os acessos aos pontos turísticos. Já Luiz Irineu Schenkel, prefeito municipal de Picada Café e representante da Famurs, disse que, além do turismo, é preciso valorizar a indústria e a agricultura e buscar a igualdade social na região.

⇒ Região do Vale do Caí Composta principalmente por pequenas propriedades rurais, que têm na

agricultura de sustentação sua principal base econômica, a região do Vale do Caí vê no setor primário seus principais problemas de desenvolvimento. A diminuição do espaço físico para a produção e a falta de financiamento foram os fatores apresentados por autoridades e especialistas na primeira reunião do Fórum das Desigualdades Regionais, realizada em São Sebastião do Caí.

Os municípios do Vale do Caí têm como base a cultura do morango. Também são cultivados uvas, amora, figo, pepino, milho e repolho, além da produção de vinhos. Na indústria, destacam -se os setores cerâmico, moveleiro, calçadista e o têxtil. Sendo de cultura alemã, a região também é conhecida pela fabricação artesanal do chopp.

Para o diretor da UCS do Vale do Caí, Clóvis Assmann, os principais problemas do vale do Caí são a exaustão das terras utilizadas, a diminuição dos módulos rurais e a preservação ambiental das encostas dos rios, que impedem a ocupação destas áreas. Assmann apresentou o painel “Desafios Locais e Regionais de Desenvolvimento” e ressaltou a necessidade de uma revisão dos conceitos de ocupação das terras da região, especialmente para as famílias que pretendem manter a atividade agrícola como seu sustento principal. Também considera necessária a inserção de novas tecnologias no processo produtivo e a especialização e qualificação do agricultor, não apenas para produzir, mas para saber vender seu produto, trazendo um valor agregado ao seu trabalho. O prefeito de São Sebastião do Caí, Léo Alberto Klein, também destacou os problemas agrícolas da região. Citou o caso do cancro cítrico, bactéria que provoca lesões nas folhas, frutos e ramos. “Existe um projeto em nível federal, mas onde está o apoio do Estado e os investimentos dos municípios?” questionou. Também apelou para que houvesse uma maior união entre as cidades. “Um município isolado não consegue resolver problema nenhum”, completou.

Para o presidente do Corede do Vale do Caí, Valério José Calliari, os problemas podem ser amenizados com uma política agrícola favorável, com juros compatíveis com o mercado, e com a garantia de colocação dos produtos, principalmente nos casos de supersafra.

O economista Antônio Carlos Galvão, analista de desenvolvimento cientifico e tecnológico do CNPq, apresentou o painel “Condicionantes Nacionais e Internacionais do Desenvolvimento Regional” na audiência. Apontou a articulação das pessoas como fator determinante para um desenvolvimento regional harmônico. “Nós temos um paradigma de desenvolvimento mais voltado ao macro desenvolvimento regional, que muitas vezes passa por cima das pessoas. Agora

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cada vez mais o desenvolvimento se subregionaliza e requer essa participação ativa e constante da sociedade para que os resultados sejam mais efetivos para essa população”, afirmou o economista.

Galvão destacou que o Rio Grande do Sul é o povo que mais tem condições de apresentar esse tipo de desenvolvimento, pois tem instituições capazes e capital social suficiente para fazer valer essas prerrogativas. “Os níveis de desenvolvimento humano do Estado são muito elevados. Ao contrário de outras regiões, o Rio Grande do Sul tem uma cultura de envolvimento político dos cidadãos”, afirmou.

⇒ Região Serrana

Os problemas sociais derivados da migração de pessoas de outras regiões são

a principal preocupação de desenvolvimento da Serra. Apesar de ser uma das áreas mais desenvolvidas economicamente do Rio Grande do Sul, a região apresenta dificuldades, principalmente nas áreas de saúde, habitação e infra-estrutura. Essa foi a radiografia obtida da Serra na segunda audiência do Fórum das Desigualdades Regionais na Câmara de Industria e Comercio de Caxias do Sul.

O presidente do Conselho Regional de Desenvolvimento da Serra, Rui Pauletti, acredita que o Rio Grande do Sul é dividido em três macroregiões: a região sul, com uma política estagnada; a região norte, que também está relativamente paralisada em função da monocultura e da queda da soja; e a região nordeste, que é pujante, mas também apresenta problemas internos como a saúde, a habitação e a falta de ligações asfálticas. Também apontou a migração de pessoas de outras regiões e a falta de medidas de estímulo para as pequenas propriedades como causas das dificuldades da Serra.

O coordenador da macrorregiao Nordeste e membro do Fórum dos Coredes, José Antônio Adamole, falou que, apesar de a região da serra ser uma das que tem a mais alta renda per capita do estado, ela tem dificuldades, principalmente de infra -estrutura, como estradas, saneamento básico, ferrovias e energia. “No setor agrícola, que é um dos mais importantes para a região, muitos municípios ainda não têm a energia elétrica trifásica, que hoje é uma exigência”, exemplificou. Adamole apresentou, juntamente com o professor Isidoro Zorzi, o painel “Desafios Locais e Regionais de Desenvolvimento”. A integração das políticas públicas e o investimento no conhecimento foram apontados como uma das soluções para esses problemas.

Para o deputado Kalil Sehbe (PDT), a solução para a Serra deve passar pela estruturação de cooperativas habitacionais e a regionalização do atendimento à saúde. Isso pode amenizar as dificuldades causadas pela falta de mão-de-obra qualificada que está gerando problemas sociais.

Para o deputado José Ivo Sartori (PMDB), um dos grandes desafios é manter os padrões de desenvolvimento da região. Ele apontou a questão social como uma das mais difíceis que a Serra deve enfrentar. “Só podemos enfrentar essa dificuldade juntos, o poder público e a sociedade”, concluiu.

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⇒ Região do Delta do Jacuí As desigualdades regionais na região do Delta do Jacuí foram debatidas no

Campus da Ulbra em Guaíba, no âmbito do Fórum das Desigualdades Regionais.O município de Guaíba, após quase três anos da desistência da instalação de uma montadora da Ford no Rio Grande do Sul, ainda procura sua recuperação econômica. A administração municipal está desafiando o governo estadual a ceder o espaço que seria destinado à empresa para que a prefeitura busque outras alternativas de investimentos para a área. Uma das idéias é a construção de um porto multimodal, com um distrito industrial acoplado, que beneficiaria toda a região. “Se em dois anos nós não industrializarmos essa área, nos declaramos incompetentes”, afirmou o secretário municipal de Desenvolvimento Econômico e Emprego, Victorio Roberto Menegotto. Guaíba está se preparando para receber a primeira fábrica de beneficiamento de madeira da América Latina, a Boise Cascade do Brasil.

Como soluções para os principais problemas de desenvolvimento da região do Delta do Jacuí, Menegotto também destacou a reativação da termelétrica Jacuí I, a travessia de barcas entre Guaíba e Porto Alegre e a implantação de postos de fiscalização de ICMS nas demais entradas de Porto Alegre, como existe na entrada por Guaíba.

⇒ Região Sul A região Sul do estado, que vem sofrendo há décadas dificuldades no setor

econômico, debateu as possíveis soluções para alavancar o seu desenvolvimento. O encontro do Fórum das Desigualdades Regionais aconteceu em Pelotas, no auditório da Universidade Católica.

A causa do empobrecimento da Região Sul foi atribuída, principalmente, ao fato de sua economia estar baseada no setor primário. A aplicação de recursos e incentivos fiscais para a região foram apresentados como hipóteses para solucionar os problemas de empobrecimento da população e falta de investimentos. Para o deputado Bernardo de Souza (PPS), a falta de ferrovias, a fundamentação da economia no setor primário, a decadência da atividade industrial e a dispersão dos centros urbanos são as principais causas do retrocesso econômico da região. “Nós temos meios, temos pessoas, temos condições, território e inteligência para nos desenvolvermos”, afirmou o deputado. A adesão da comunidade a um plano de desenvolvimento também foi classificada como fundamental. “Nenhum projeto de desenvolvimento vai ser eficaz se a comunidade não aderir a ele”, lembrou.

Quanto à necessidade de incentivos para a região Sul, o deputado destacou a emenda de sua autoria aprovada por unanimidade na Assembléia Legislativa que estabelece a redução de impostos para regiões ou municípios do Estado que tenham índice de desenvolvimento econômico e social inferiores à média estadual. No entanto, lembrou que a região Sul não tem recebido a atenção que merece do

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governo do Estado pelo descumprimento da Lei de Diretrizes Orçamentárias, que determina a duplicação dos recursos para a Metade Sul do Estado.

A deputada Cecília Hypolito (PT) destacou na audiência que o tipo de desenvolvimento que foi implantado na Metade Sul, baseado na grande propriedade, com poucas culturas, e vinculada à agricultura familiar, exclui socialmente a maioria da população. “Hoje estamos trabalhando para que aqueles que estiveram por muito tempo excluídos socialmente tenham a possibilidade de ser incluídos através de uma série de programas”, afirmou a deputada, lembrando o RS Rural, que agora está incluindo os pescadores artesanais, e as iniciativas para estimular pequenas empresas, como o setor de conservas.

A presidenta do Conselho Regional de Desenvolvimento da Região Sul, Roselani Sodré, falou sobre os desafios locais de Desenvolvimento, em um painel apresentado em conjunto com o assessor técnico do Corede, João Carlos Medeiros Madail, e com o prefeito de Santana da Boa Vista, Ruy de Freitas. Roselani apresentou as dificuldades culturais que dificultam o avanço da diversificação da matriz produtiva e da modernização da região. Também falou sobre as distancias territoriais, que, por serem muito grandes, dificultam o escoamento da produção. Destacou a necessidade de incentivos fiscais e de financiamentos compatíveis com as necessidades da região.

⇒ Região Centro-Sul A problemática da região Centro-Sul do Estado se situa na dificuldade que

enfrenta a agricultura e o turismo, que trazem junto os agravantes como a falta de empregos. A avaliação foi apresentada no painel Desafios Locais e Regionais do Desenvolvimento apresentado pelo presidente do Conselho Regional de Desenvolvimento do Centro-Sul, Luiz Cézar de Oliveira Leite, juntamente com o prefeito de Camaquã, João Carlos Fagundes Machado. Os dois apresentaram também um documento com as prioridades da região.

Segundo Leite, a principal atividade da região Centro -Sul é a agricultura, principalmente a plantação de fumo. Por isso, considera necessário o estudo de uma nova matriz produtiva para a região para diversificar a economia. No setor turístico, o presidente do Corede lamentou que os recurs os governamentais para o RS estejam voltados para o Litoral Norte e para a Serra. “Nós temos aqui diversos municípios que margeiam o maior lago de água doce do mundo, mas não temos um plano estadual nem nacional de turismo”, ressaltou. Acredita que a atividade turística poderia gerar mais empregos e renda.

Também sobre a geração de emprego e renda, ele considera necessária a atração de empresas para o Centro-Sul, e não só para o eixo Pelotas -Rio Grande. Destacou também que a região é uma das maiores produtoras e depositárias de carvão natural do sul do país, mas que faltam projetos de desenvolvimento para esse setor. O caso da Jacuí I foi lembrado como forma de gerar empregos. A recuperação das obras de Jacuí I poderia criar cerca de dois mil empregos diretos e dez mil indiretos.

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Na avaliação do deputado João Osório (PMDB), que fez a abertura do evento em nome da Mesa Diretora da Assembléia na região, uma das principais necessidades da região Centro-Sul é a instalação de uma planta industrial. E, para isso, seria preciso oferecer incentivos fiscais para atrair investidores, alavancando o desenvolvimento econômico e social e resolvendo os problemas das desigualdades regionais.

O deputado destacou a presença de entidades representativas na reunião para a real ização de um diagnóstico da região da Costa Doce. Comentou que, embora os problemas existam e devam ser apurados, deve-se lembrar que a região tem localização privilegiada, entre a capital e o porto de Rio Grande, o que facilita o encontro de novas soluções.

No âmbito do desenvolvimento regional, a deputada Jussara Cony (PCdoB) destacou o projeto de agroindústria em plantas medicinais como diversificação de cultura adaptada à pequena propriedade e à agricultura familiar. Segundo a deputada, essa cadeia produtiva, desde o plantio até a fabricação de medicamentos pode ser geradora de empregos, de renda, de qualidade de vida, de preservação ambiental, de soberania e de dinamização da economia. Destacou a rica biodiversidade do Brasil e do Rio Grande do Sul, salientando que na região sul do Estado há um pólo que se adapta para o desenvolvimento econômico regional baseado nessa cultura.

Representando o governo, o Secretário de Estado do Gabinete da Metade Sul, Luiz Henrique Schuch, apresentou alguns programas do governo. O diretor de Estudos Regionais e Urbanos do Ipea, Gustavo Maia Gomes, falou sobre as condicionantes nacionais e internacionais do desenvolvimento regional.

⇒ Região da Campanha O desenvolvimento do turismo regional, a agregação de valor à produção local,

a redução de impostos e a aplicação de maiores recursos nos municípios da Campanha foram apontados como possíveis soluções para os problemas de desenvolvimento da região, durante a audiência do Fórum das Desigualdades Regionais, realizada no auditório da Escola Estadual Carlos Kluwe, em Bagé. O painel Desafios Locais e Regionais de Desenvolvimento foi apresentado pelo prefeito de Bagé e presidente do Conselho Regional de Desenvolvimento da Campanha, Luís Fernando Mainardi (PT),e pelo prefeito de Caçapava do Sul, Jorge Abdalla. Para Mainardi, é necessário reafirmar as potencialidades regionais da campanha, fazendo com que a produção da região seja cada vez mais qualificada. Em especial, destacou a questão da carne da campanha, que é considerada a melhor do país, mas que o setor ainda precisa ser qualificado. Como alternativas de reconversão econômica para a região, o prefeito citou o caso da indústria, que foi afugentada historicamente devido às diversas guerras que ocorreram. “A reconversão dessa região passa necessariamente por programas que trabalhem as potencialidades das regiões”, falou Mainardi.

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Nesse sentido, apontou as como potencialidades da Campanha como a cerâmica, a reconversão da fruticultura e o turismo. “Estamos em parceria com os governos estadual e federal para desenvolvê-las”, colocou.

O Prefeito Jorge Abdalla considera a falta de recursos para o desenvolvimento das agroindústrias como um dos principais problemas da campanha. Ele destacou também a potencialidade da região para o turismo, seguindo a tendência atual que é a do desenvolvimento do turismo rural e do turismo interno. O que é necessário, na sua avaliação, é um maior aporte de recursos para o setor, pois as prefeituras não têm condições de melhorar sua infra-estrutura somente com recursos próprios. “São atividades que nos estamos deixando de explorar por uma divisão de recursos errada, que podemos corrigir com conversas e entendimentos”, colocou Abdalla. O deputado bageense Luis Augusto Lara (PTB) disse que a saída para os problemas de desenvolvimento da Metade Sul do estado passa pela redução dos impostos e pelo aumento da aplicação de recursos do orçamento do estado para a região. “Nós já temos todos os diagnósticos sobre a estagnação, o que precisamos é de medidas efetivas”, colocou o deputado. Colocou que há um estudo da Universidade Católica de Pelotas que aponta que se fosse reduzido 10% do ICMS, a vinda de empresas para a região irá crescer tanto que, em cinco anos, os municípios teriam condições de devolver ao governo do Estado esses recursos. Representando o governo, o Secretário de Estado do Gabinete da Metade Sul Luiz Henrique Schuch, apresentou alguns programas do governo para a região da Campanha, como o da reforma agrária, o de pólos reformados e de pólos cerâmicos e a valorização do turismo rural. Afirmou que o governo tem se empenhado em atuar sobre a questão das desigualdades regionais com um conjunto de programas e através de uma análise estratégica.

Nesse sentido, Schuch considerou fundamental a realização de audiências do Fórum Democrático em todas as regiões do Estado, pois através disso, é possível aperfeiçoar o conjunto de medidas que devem ser adotadas. Sobre a questão da região Sul ser classificada como pobre economicamente, ele disse que o discurso do vitimismo regional é a pior maneira de enfrentar os problemas de desenvolvimento, porque há uma crise generalizada no país. “Não é pelo ciúme ou pela inveja de regiões mais desenvolvidas que nós poderemos equacionar esses problemas”, colocou Schuch.

⇒ Macrorregião Norte

Os problemas de infra-estrutura foram novamente apontados como os

principais a serem enfrentados na macrorregião norte do Estado para o combate às disparidades locais. A necessidade de rodovias para o escoamento da produção e a atração de novos investimentos foram as prioridades apresentadas na reunião realizada na cidade de Erechim, no âmbito do Fórum das Desigualdades Regionais.

Estradas e aeroporto são as demandas latentes da região, conforme o presidente do Conselho Regional de Desenvolvimento da região Norte Júlio Cezar Brondani. Segundo ele, essa necessidade impede que as oportunidades de desenvolvimento do norte do Estado sejam efetivadas, afasta o crescimento das

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empresas locais e conseqüentemente o incremento do Produto Interno Bruto regional. “Hoje nós somos ilhados por via aeroportuária e rodoviária”, analisou, enfatizando a urgência dessas demandas.

Brondani avaliou também que um dos desafios a serem vencidos pela região é a busca de uma igualdade de oportunidades e o fim da crença que a região norte é a parte mais rica do Rio Grande do Sul. “Se nós parecemos estar em uma situação melhor, não é pelo tamanho do nosso PIB, mas sim pela atitude de querer fazer mais e melhor”, concluiu.

O deputado Iradir Pietroski (PTB) afirmou na audiência que, ao contrário do mito que se desenvolve no Rio Grande do Sul, a região norte é muito pobre, abrigando municípios com a menor renda per capita do Estado. “Nós já estamos no novo milênio, não se comporta mais haver municípios sem asfalto, porque o asfalto é o progresso, é a economia e faz com que a agroindústria se desenvolva”, analisou o líder do Partido Trabalhista Brasileiro. Salientou que o governo deve se preocupar mais no desenvolvimento de setores como transportes, tecnologia, pesquisa, energia elétrica e telefonia.

O deputado Ivar Pavan (PT), líder do governo na Assembléia Legislativa, ressaltou que o aeroporto regional, que estava há 20 anos parado, está pronto para ser reinaugurado. No setor rodoviário, ele informou que a RST-480, que é um grande pólo rodoviário que liga a região norte a Santa Catarina, deverá ser concluída ainda neste governo. Também falou sobre o trecho que liga Erechim a Aratiba, que já foi concluído e outro pólo rodoviário que liga Erechim a Lagoa Vermelha via Sananduva, que está em fase de conclusão. Pavan lembrou que a demanda de infra-estrutura no norte está reprimida há muitos anos, os recursos orçamentários ainda são insuficientes para atender todas as necessidades da região. O diretor do Departamento de Desenvolvimento Regional e Urbano da Secretaria de Coordenação e Planejamento, Tarson Nuñez, destacou que o governo do Estado vem apoiando as atividades econômicas nas regiões menos desenvolvidas com programas de apoio à agricultura familiar, que é a base do desenvolvimento de muitas regiões. Ele também falou sobre programas da Secretaria de Desenvolvimento na área de extensão empresarial e de apoio às pequenas e médias empresas e lembrou que o simples aumento do Produto Interno Bruto não significa o crescimento econômico de uma região.

⇒ Região Norte A falta de investimentos públicos na região norte e a excessiva atenção

destinada pelos governantes para a metade sul do Estado foram abordadas na reunião do Fórum das Desigualdades Regionais, realizada no município de Frederico Westphalen.

O presidente do Conselho Regional de Desenvolvimento do Médio Alto Uruguai, Edemar Girardi, considerou a questão da malha viária uma das mais problemáticas para o extremo norte do Estado, já que é a única alternativa de transporte da região. Segundo o presidente do Corede, a BR-386, trecho entre Iraí e

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Sarandi, está em estado de calamidade, causando até risco de vida para os que ali trafegam.

Girardi apontou que 14 trechos que deveriam estar pavimentados, conforme prioridade apresentada pelo Corede, estão paralisados. Considera necessária a definição de políticas públicas que contemplem as regiões mais pobres. Ele apresentou o painel Desafios Locais e Regionais do Desenvolvimento, juntamente com o prefeito de Iraí, Urivalde Pigatto; e o assessor jurídico da Amzop e secretario geral do Comitê da Reconversão da Metade Norte Reconvernorte, Luiz Valdemar Albrecht. Para o deputado Vilson Covatti (PPB), não faltam diagnósticos para os problemas da região, mas são necessárias ações efetivas. O deputado, que foi presidente da Comissão Especial da Bacia do Rio Uruguai, detectou que a região é a mais pobre do Rio Grande do Sul, pois tem a menor renda per capita do estado. Segundo Covatti, não há caminhos para o desenvolvimento se não houver recursos e a participação do poder público. “O estado tem que participar com obras de infra-estrutura, para podermos efetivamente ter desenvolvimento”, declara. Ressaltou que não há nenhuma obra do governo estadual em andamento na região e há demandas na área de transportes, saúde, educação, agroindústria.

A coordenadora, regional da Secretaria do Trabalho, Cidadania e Assistência Social, Jaqueline Dallagnol, falou sobre os principais investimentos do governo no combate às desigualdades regionais no Rio Grande do Sul e na região. Segundo ela, o executivo vem buscando um desenvolvimento integrado, através de políticas para a área empresarial, com investimentos em núcleos de trabalho e geração de trabalho e renda.

Para a região do Médio Alto Uruguai, Jaqueline destacou os investimentos estaduais na reabertura do Frigorífico Mabella, que deve criar 250 empregos diretos e a possibilidade de desenvolvimento da suinocultura. Também considera a questão do turismo, baseado nas pedras preciosas uma alternativa de desenvolvimento para a região.

⇒ Região da Produção A 14º audiência do Fórum Democrático sobre as desigualdades regionais foi

realizada em Passo Fundo. Na ocasião, foram debatidas as necessidades de infra-estrutura de que a região da Produção necessita para buscar seu desenvolvimento integrado. O chefe de gabinete da prefeitura de Passo Fundo, Sérgio Vilhena, falou sobre os desafios locais de desenvolvimento. Na sua avaliação, os principais problemas da região da Produção estão nas áreas de transporte, fornecimento de energia, sistema de comunicação, saneamento e integração. Segundo Vilhena, essas questões influenciam na atração de empreendimentos. “Nós precisamos de uma estrutura que realmente mobilize e interesse os empresários, trazendo investimentos para essa região”, avaliou.

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Representando o governo do Estado, o coordenador regional do Gabinete de Relações Comunitárias, Renê Cecconello, falou sobre os programas de investimento do Executivo na região.

⇒ Região Nordeste A industrialização e a comercialização dos produtos agrícolas dos municípios

do Nordeste do Estado foram apontados como alternativas de desenvolvimento para a região. O assunto foi abordado na audiência do Fórum das Desigualdades Regionais realizado em Lagoa Vermelha.

O prefeito da cidade, Moacir Volpato, avaliou que a falta de investimentos de sucessivos governos estaduais causou uma pobreza na região e a migração de mão-de-obra para outras áreas do Estado. “A nossa população ficou velha, pobre e doente”, colocou o prefeito. Segundo Volpato, para enfrentar essa situação, é necessária a criação de alternativas de renda, como a instalação de um pólo tecnológico na região. Para ele, não existe como provocar o desenvolvimento sem tecnologia, principalmente na área agrícola, com a necessidade de industrialização dos produtos da região.

Segundo o vice-prefeito de Lagoa Vermelha, Altamiro da Silva, um dos grandes problemas da região nordeste é a falta de indústrias, que dificulta a agregação de valor aos produtos locais e o incremento de renda para as famílias da região. Quanto aos investimentos públicos na região, ressaltou programas estaduais como a Municipalização Solidária, o Primeiro Emprego e o RS Rural. Volpato e Silva apresentaram o painel Desafios Locais e Regionais do Desenvolvimento.

⇒ Região do Alto Jacuí As dificuldades no setor primário foram apontadas como problemáticas na

audiência do Fórum das Desigualdades Regionais no município de Cruz Alta, na região do Alto Jacuí.

O prefeito do município de XV de Novembro, Ildemar Güntzel, falou em nome da Associação dos Municípios do Alto Jacuí e da Famurs sobre os desafios locais de desenvolvimento. Para ele, a principal dificuldade da região é a dependência do setor primário, que atualmente está abalado economicamente em função dos custos da produção. Segundo ele, a solução estaria na adoção de uma política mais equilibrada que pudesse dar amparo e tranqüilidade aos produtores.

O presidente Conselho Regional de Desenvolvimento do Alto Jacuí, Luiz Pedro Bonetti, endossou a avaliação de Güntzel, ressaltando que não houve nos últimos tempos investimentos na transformação de matéria-prima. Também considerou necessárias políticas públicas para o setor, possibilitando que os produtores possam agregar renda trabalhando na transformação da cadeia produtiva.

Na avaliação do relator da Subcomissão das Desigualdades Regionais, deputado João Luiz Vargas (PDT), nessa segunda etapa dos debates que percorreu o noroeste do Estado ficou confirmado que, ao contrário do que era colocado, essa

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região enfrenta muitas dificuldades para o seu desenvolvimento. Segundo ele, os dados recolhidos nas audiências serão levados para outras regiões, para demonstrar que no Rio Grande do Sul existem áreas pobres no norte e no sul e áreas ricas no norte e no sul do Estado. “Não é como vem se pregando há muito tempo de que o sul é pobre e o norte é rico”, explicou o deputado.

Deputado Marco Peixoto (PPB) considerou fundamental esse debate com as lideranças do Rio Grande do Sul para recolher informações para o desenvolvimento do Estado. “A Subcomissão das Desigualdades foi uma grande conquista não só para os deputados, mas para as entidades representativas gaúchas”, destacou Peixoto.

⇒ Região Noroeste A necessidade de investimentos no setor primário, principalmente na

qualificação dos produtores para a industrialização das matérias-primas, agregando valores à sua produção, foi apontada como a questão-chave para a superação das desigualdades de desenvolvimento no Noroeste Colonial do Estado. A audiência do Fórum Democrático para debater as disparidades regionais aconteceu no auditório da Unijuí, no município de Ijuí.

O professor Paulo Afonso Frizzo, presidente do Corede Noroeste Colonial, e representante da reitoria da Unijuí, falou sobre os desafios locais de desenvolvimento. Segundo Frizzo, a região vem sofrendo um empobrecimento, apesar de ser potencialmente rica. Na sua opinião, isso acontece por causa de uma excessiva especialização em produzir apenas matérias primas, insumos para serem industrializados em outras regiões. “Isso está gerando um processo de empobrecimento relativo crescente”, ressaltou.

Para solucionar essa questão, destacou-se que seria necessária a diversificação da matriz produtiva da região, principalmente através da industrialização dos produtos o que geraria mais empregos e renda para a população. Para isso, seria indispensável o aporte de recursos governamentais e de agências internacionais.

Para o prefeito de Ijuí, Valdir Heck, a região empobreceu porque as políticas federais não contemplam a produção primaria dos municípios, que dependem dela para o seu desenvolvimento. “No momento em que se usou o produto agrícola como moeda de troca, a nossa região empobreceu”, afirmou o prefeito. Para Heck, falta uma política adequada para geração de renda e agregação de valores para os produtores dos municípios do Noroeste Colonial. Também citou como uma dificuldade para as ações das prefeituras a Lei de Responsabilidade Fiscal. Segundo ele, os prefeitos estão engessados e a legislação deve ser flexibilizada.

O representante da Secretaria Estadual de Desenvolvimento e Assuntos Internacionais, Pedro Giehl, informou que o governo está desenvolvendo um conjunto de atividades em todas as regiões do Estado. Na região Noroeste, destacou o desenvolvimento do setor metal-mecânico e a qualificação produtiva em outros setores industriais. “Esses programas buscam resolver os problemas

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produtivos da região, como a crise da agricultura, que necessita de um redimensionamento”, afirmou Giehl.

⇒ Região das Missões O debate sobre os problemas de desenvolvimento da região das Missões foi

realizado no auditório da Universidade Regional Integrada (URI). A distribuição de renda e a valorização do setor primário foram as alternativas citadas como importantes para a melhoria da qualidade de vida das missões.

Para o prefeito do município de Roque Gonzales, Antônio Pedro Sarzi Sartori, um dos principais problemas da região é a má distribuição de recursos, tanto em nível federal quanto estadual. Citou o caso dos impostos FPM e ICMS. “A nossa região é essencialmente agrícola e o ICMS sobre a produção primária é quase insignificante”, exemplificou. Na palestra “Desafios Locais e Regionais de Desenvolvimento, o prefeito apresentou dados econômicos e políticos dos 25 municípios que compõem a região das Missões. Outra problemática apresentada foi sobre a falta de investimentos nas áreas de transportes, turismo, cultura e para o setor primário.

Segundo o deputado Adroaldo Loureiro (PDT), a região missioneira é deprimida economicamente porque sua base econômica está no setor primário, que vem sofrendo constantes desgastes nos últimos anos. O deputado também destacou que as Missões têm imensas potencialidades e uma mão-de-obra qualificada, mas precisa definir suas vocações e buscar alternativas para superar essas dificuldades.

⇒ Região da Fronteira Noroeste A fronteira Noroeste do Rio Grande do Sul debateu seus principais problemas

de desenvolvimento regional e as alternativas de desenvolvimento no município de Santa Rosa.

O presidente do Corede Fronteira Noroeste, Roberto Antônio Donadel, e o prefeito de Santa Rosa, Alcides Vicini, falaram sobre o desenvolvimento da região. Foi ressaltada a necessidade da construção de uma ponte sobre o Rio Uruguai, que facilitaria a integração com os países do Mercosul, e do importante apoio dos governos federal e estadual para o desenvolvimento industrial da região. A migração da mão-de-obra qualificada para outras áreas do estado foi apontada como uma das problemáticas da Fronteira Noroeste.

O professor Clelio Campolina Diniz, diretor do Departamento de Ciências Econômicas da Universidade Federal de Minas Gerais, falou sobre as condicionantes nacionais e internacionais do desenvolvimento regional. Para Diniz, o mundo está passando por uma profunda transformação, dada pelo processo de globalização, com uma tendência de integração e de conflitos e de aumento das diferenças internacionais, na qual o Brasil está inserido. “É um grande desafio para o nosso país se inserir na dinâmica da economia mundial à luz de todos os conflitos econômicos e políticos que estão acontecendo”, explicou. Diniz apresentou para a

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comunidade da região Noroeste uma reflexão dividida em quatro pontos principais: as transformações internacionais e a inserção do Brasil, o modo como as várias regiões se inserem dentro da economia brasileira, uma análise da dinâmica regional da economia brasileira e o papel das instituições locais para a construção de um projeto de desenvolvimento.

O representante da Secretaria do Desenvolvimento e dos Assuntos Internacionais, Pedro Giehl, apresentou os investimentos do governo na região. Segundo o deputado Elvino Bohn Gass (PT), o governo do Estado está estimulando a suinocultura e a produção leiteira da região. “Estamos trabalhando para que o produtor possa agregar renda, ou seja, industrializar para que possa trazer mais renda na nossa região”, destacou o deputado.

Segundo a avaliação do deputado Aloísio Classmann (PTB), a região Noroeste precisa unir suas lideranças e buscar alternativas regionais. “Nós não temos universidade federal gratuita nem pontes internacionais como existem na região Sul”, ressaltou o deputado. Segundo ele, faltam incentivos governamentais para o desenvolvimento da região, principalmente na exploração do turismo e fortalecimento da agricultura.

⇒ Região do Vale do Taquari As autoridades, os estudantes e o público em geral discutiram os problemas de

desenvolvimento da região do Vale do Taquari no auditório da Univates, em Lajeado.

A população da cidade estava ainda comemorando a inauguração da nova ponte sobre o Rio Taquari, ocorrida na tarde da audiência e o anúncio feito pelo ministro dos Transportes, Eliseu Padilha, sobre a finalização da duplicação da BR-386 de Estrela até Canoas, que faltam apenas 30 quilômetros. Isso foi considerado um avanço que alavancará a economia da região, melhorando o escoamento da produção e tornando o Vale do Taquari um ponto de passagem para turismo e negócios no Rio Grande do Sul.

Mesmo reconhecendo que a região é privilegiada em relação às outras do Estado, por ter uma economia bem desenvolvida e uma população culturalmente forte, as autoridades do Vale do Taquari detectaram alguns problemas de desenvolvimento na região: má distribuição de renda per capita; a necessidade de criação de novos empregos, através do incentivo a micro e pequenas empresas; e a diminuição das desigualdades entre os municípios mais desenvolvidos e os mais pobres da região.

O prefeito municipal de Teutônia e vice-presidente da Famurs, Ricardo José Brönstrup, destacou que o Vale tem muito a comemorar, por seu grande índice de crescimento, pela cultura existente e pela força da atividade agrícola. “No entanto, isso não nos dá o direito de nos acomodarmos”, completou. Segundo ele, é preciso qualificar cada vez mais a mão-de-obra, seja na agricultura, no comércio, na indústria ou na prestação de serviços.

O secretário municipal da Indústria e Comércio de Lajeado, Carlos Martini, avaliou que a região tem predominância sobre outras na questão do

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desenvolvimento devido à matriz cultural, ao espírito progressista dinâmico da sua gente, à formação dos recursos humanos, aos eixos rodoviários e à infra-estrutura disponível na região. Como desafio para manter esse desenvolvimento constante, ele considera necessário ampliar ainda mais a formação dos recursos humanos, a descentralização dos recursos governamentais, beneficiando municípios menos desenvolvidos e como forma de evitar a migração para a região metropolitana do Estado.

O economista Lucildo Ahlert, professor do Departamento de Ciências Econômicas da Univates, apresentou à população os desafios locais e regionais para o desenvolvimento do Vale do Taquari. Segundo dados apresentados pelo professor, um quinto da população da região tem entre dez e 20 anos de idade. Esse fato traz um problema sério em termos de necessidade de emprego para esse contingente. Como os empregos na região são oferecidos, principalmente nos micro e pequenos empreendimentos, é preciso políticas favoráveis para que essas empresas possam contratar jovens sem experiência, bem como oferecer cursos técnicos para a profissionalização dos estudantes.

Para os problemas no setor primário, que abriga 34% da população da região, o economista apontou a introdução de pequenas agroindústrias para o aumento da geração de renda dos agricultores. Assim, o agricultor não fica apenas na produção de matéria-prima, podendo também transformá-la e comercializá-la. Nesse sentido, o professor destacou o associativismo como uma boa solução para a obtenção de renda para os agricultores.

Outro problema apontado por Ahlert na região do Vale do Taquari foi a distribuição de renda. Segundo ele, há uma desigualdade na distribuição da renda per capita entre os municípios e entre as famílias. Para superar essa dificuldade, o economista enfatizou a importância de investimento em educação.

O presidente do Conselho Regional de Desenvolvimento do Vale do Taquari e reitor da Univates, Ney Lazzari, também destacou os privilégios econômicos e territoriais da região, apontando que a renda per capita é elevada em relação às outras regiões do Estado. Mas mesmo assim, a região apresenta diferenças de renda muito elevadas, com a distinção entre os municípios mais próximos do Rio Taquari, que têm uma renda bastante elevada, e as cidades mais perto da Serra, como Fontoura Xavier e São José do Herval, que têm rendas mais baixas.

Lazzari garantiu que a região tem pensado muito nessa questão e tomado iniciativas para modificar esse tipo de desenvolvimento nos municípios mais precários. “Agora, isso não é fácil. São situações históricas complexas e que precisam de um investimento muito grande, não só de recursos financeiros, mas um investimento em recursos humanos, na qualificação das pessoas e em educação”, destacou.

Para o deputado Luís Fernando Schmidt (PT), as soluções para as discrepâncias econômicas da região devem partir do investimento na agroindústria, que pode fundamentar uma melhor distribuição de renda nessas regiões menos desenvolvidas do Vale. O deputado Elmar Schneider (PMDB) destacou a importância da nova ponte e do anúncio da duplicação para o desenvolvimento da região. “Tenho a certeza absoluta que, com a duplicação da BR-386, com um projeto de desenvolvimento e com a proximidade que o Vale do Taquari tem da capital, do

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pólo Petroquímico, da Serra e do Vale do Rio Pardo, a nossa região passará a crescer cada vez mais”, concluiu. ⇒ Região do Vale do Rio Pardo

A comunidade do Vale do Rio Pardo teve a oportunidade de participar, em Santa Cruz do Sul, da 19ª audiência do Fórum das Desigualdades Regionais. Autoridades e lideranças debateram os principais problemas de desenvolvimento da região e suas possíveis soluções.

O vice-presidente do Conselho Regional de Desenvolvimento do Vale do Rio Pardo e reitor da Unisc, Luís Augusto Campis, considera o problema de concentração de renda em alguns municípios como um dos principais a serem solucionados na região. Segundo ele, no Vale do Rio Pardo existe uma região mais desenvolvida, que abrange municípios como Santa Cruz do Sul, Venâncio Aires e Vera Cruz, que tem sua economia baseada no minifúndio e na industrialização do fumo. Por outro lado, há também a parte norte, onde boa parte da população vive com índ ices de qualidade de vida negativos, como nos municípios de Lagoão e Segredo.

Para Campis, a solução poderia ser a construção de uma malha rodoviária que pudessem colocar os municípios que ainda não contam com acesso asfáltico em contato com o resto do estado e facilitar o escoamento da produção local, propiciando também o estabelecimento de novos empreendimentos na região. O prefeito de Rio Pardo, Edvilson Brum, destaca a necessidade da reforma tributária para o Brasil e para os municípios. “No momento em que tivermos uma distribuição equilibrada dos impostos entre os municípios, estados e a União, as desigualdades sociais vão diminuir”, avaliou. Campis e Brum apresentaram o painel Desafios Locais e Regionais de Desenvolvimento.

O representante do Vale do Rio Pardo no Parlamento gaúcho, deputado Osmar Severo (PTB), considera a região privilegiada, pois possui um setor empresarial desenvolvido e uma economia baseada em pequenas propriedades. Ele também destaca a importância da administração pública e da universidade no progresso da região. O deputado Berfran Rosado (PPS) falou sobre a importância do debate na eliminação das desigualdades regionais. Para ele, esse processo depende da capacidade do setor produtivo de se organizar e gerar empregos e também do apoio dos organismos governamentais.

O economista Ilvo Debus falou sobre as condicionantes nacionais e internacionais do desenvolvimento regional. Na sua avaliação, o conjunto de fatores que compõem a globalização, como as restrições ao comércio internacional e o subsídios são os principais condicionantes internacionais para o desenvolvimento regional. Segundo ele, esses fatores acabam refletindo na economia dos países e direta ou indiretamente afetam as microrregiões. No âmbito nacional, Debus aponta a falta de políticas públicas voltadas para o combate às desigualdades como principal condicionante para o desenvolvimento regional. Ele lembrou que, a partir da constituição de 1988, o governo federal vem atuando nesse sentido em nível das macrorregiões, mas na prática foi comprovado que essa sistemática não atua efetivamente na redução das desigualdades. Portanto, seria necessária a adoção de

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uma nova sistemática de atuação do poder público, no sentido de viabilizar políticas voltadas para as microrregiões, levando em conta as diferenças entre elas.

Para o Rio Grande do Sul, o economista destaca a necessidade de investimentos na educação e no apoio às pequenas e médias empresas. Debus é consultor da Fundação Getúlio Vargas e da Confederação Nacional de Municípios, para assuntos da Lei de Responsabilidade Fiscal e consultor-geral adjunto de Orçamento, Fiscalização e Controle do Senado Federal. Representando o governo Estado, o coordenador regional do Gabinete de Relações Comunitárias, Albino Gewehr, falou sobre as ações do governo no combate às desigualdades regionais.

O Fórum das Desigualdades Regionais conclui seus debates na próxima semana, completando 22 audiências em todas as regiões do Estado. No dia 13 de dezembro, as audiências acontecem nos municípios de Taquara e Tramandaí. No dia 14, em Porto Alegre, será realizada a audiência final, quando será apresentado o relatório das reuniões e os resultados da pesquisa realizada pelo Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Ufrgs sobre as desigualdades regionais.

⇒ Região Central

Buscar alternativas econômicas e incentivos para o setor primário, agregar valor à produção local e atrair indústrias são os principais objetivos da região Central do Estado para seu desenvolvimento integrado. O assunto foi tratado em Santa Maria, através do Fórum das Desigualdades Regionais, quando diversas autoridades locais, deputados da região e a comunidade em geral debateram seus problemas de disparidade.

O relator da Subcomissão das Desigualdades Regionais, deputado João Luiz Vargas (PDT), avalia que a região central está sofrendo os reflexos dos problemas enfrentado pela agricultura e agropecuária no Rio Grande do Sul e necessita de uma política agrícola que tenha o compromisso com aqueles que querem produzir. Para o deputado José Farret (PPB), uma das soluções para o desenvolvimento da região é a adoção de políticas públicas para a atração de indústrias para o centro do Estado. Ele explica que ainda se faz necessário um desenvolvimento tecnológico, para que a mão-de-obra qualificada, devido à grande quantidade de universidades existentes na região, não saia de seus municípios.

A avaliação do deputado Marco Peixoto (PPB), as duas prioridades para o Rio Grande do Sul e principalmente para a região são a geração de emprego e a geração de renda. “Nós não podemos mais aceitar que municípios da região Central e da metade sul estejam hoje em situação de desigualdade em relação aos municípios da metade norte”, avalia Peixoto. Segundo ele, a instalação de indústrias na região poderia ocasionar essa geração de emprego e renda e diminuir a migração de mão-de-obra para outras áreas, oferecendo oportunidades de trabalho para os jovens da região.

A agregação de valores aos produtos do setor primário também foi apontada pelo deputado Otomar Vivian (PPB) como uma das alternativas para o desenvolvimento da região. Nesse sentido, ele defende a aplicação de recursos para desenvolver o agrobusiness, possibilitando melhorar a renda dos produtores e consequentemente sua qualidade de vida. Segundo Vivian, as ações conjuntas do

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governo, dos empresários, dos trabalhadores, amparadas em uma educação de qualidade, possibilitada pelas diversas universidades instaladas na região, poderão ocasionar um desenvolvimento equilibrado no Centro do Estado.

Para o prefeito de Nova Esperança do Sul, Ivori Antônio Guasso, a região Central precisa modificar a sua matriz produtiva, aproveitando a nossa tradição no setor primário, mas procurando agregar valores aos produtos através da industrialização. Segundo ele, a diminuição do estímulo ao setor agropecuário fez com que a região Central ficasse sem alternativas econômicas. “Quando a agropecuária extensiva começou a decair, a nossa região não soube se reciclar, por isso hoje precisamos de investimentos fortes”, explicou. Guasso também destacou a pluralidade de atrativos turísticos como outra potencialidade a ser explorada na região.

O economista Ilvo Debus falou sobre as condicionantes nacionais e internacionais do desenvolvimento regional, e o diretor do Departamento de Desenvolvimento Regional e Urbano do governo estadual, Tarson Nuñes, destacou os programas do governo no combate às desigualdades regionais. Também participou da audiência o deputado Berfran Rosado (PPS). ⇒ Região Fronteira Oeste

A distância entre os municípios da Fronteira Oeste e a necessidade de melhorias na infra-estrutura da região foram os principais pontos debatidos no município de Uruguaiana, durante a 17ª audiência do Fórum das Desigualdades Regionais, realizada no Clube Comercial.

As autoridades presentes também falaram sobre a necessidade de investimentos federais da região, pois ela é a porta de entrada do país para os vizinhos do Mercosul. Com base na agricultura, com ênfase no cultivo de arroz, a economia fronteiriça vem sofrendo prob lemas principalmente no escoamento da produção devido às más condições das estradas e à distância existente entre os municípios da região, que encarece o preço do produto devido ao frete.

Para o presidente do Conselho Regional de Desenvolvimento da Fronteira Oeste, Hildebrando dos Santos, um dos principais problemas é a distancia de cerca de 100 quilômetros entre os 12 municípios que compõem a Fronteira Oeste do Estado, o que ocasiona um isolamento entre as comunidades. Segundo ele, um dos pontos fundamentais para o desenvolvimento da região é a melhoria das estradas para agilizar o deslocamento entre as cidades, já que fisicamente é impossível encurtar as distâncias entre elas. De acordo com o presidente do Corede, há três municípios na região que ainda não têm acesso pavimentado. Santos apresentou, juntamente com a vice-prefeita de Alegrete, Leoni Fagundes Caldeira, o painel Desafios Locais e Regionais do Desenvolvimento.

O deputado Frederico Antunes (PPB) alertou para o fato de a fronteira Oeste ser o grande portal de entrada do Brasil para os países do sul, por isso devem ser aprimorados os investimentos nas áreas de transporte, treinamento de recursos humanos, pesquisa e tecnologia. Consequentemente, na sua avaliação, a energia obtida através do gasodut o Brasil-Bolívia poderia ser melhor aproveitada, atraindo investidores de outras regiões do estado e do país. “Nós cumprimos um papel de pára-choques da integração dos países do Mercosul e devemos ser vistos pelas autoridades

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federais como vitrine do Brasil. Ser canto do estado não significa que a região deve ser escanteada”, avaliou. Antunes.

O secretário de Estado do Gabinete da Metade Sul, Luiz Henrique Schuch, apresentou programas do governo estadual para o combate às desigualdades regionais. Segundo ele, estão sendo tomadas ações que envolvem a agregação de valor aos produtos das regiões, especialmente com a agroindustrialização e ações que visam destacar as especialidades regionais. Na sua avaliação, esses programas vão refletir positivamente para o desenvolvimento do Rio Grande do Sul. Para a Fronteira Oeste, Schuch falou sobre um programa de pesquisa com base nos areais da região, transformando-os em potencialidade de renda e desenvolvimento para os municípios.

O economista Ilvo Debus falou sobre as condicionantes nacionais e internacionais do desenvolvimento regional. Debus é consultor da Fundação Getúlio Vargas e da Confederação Nacional de Municípios, para assuntos da Lei de Responsabilidade Fiscal e consultor-geral adjunto de Orçamento, Fiscalização e Controle do Senado Federal. Também participaram da audiência o deputado João Luiz Vargas (PDT), relator da Subcomissão das Desigualdades Regionais; o deputado Marco Peixoto (PPB), representando a Mesa Diretora da Assembléia Legislativa; e o deputado Berfran Rosado (PPS).

⇒ Região do Litoral Norte O modelo econômico voltado somente para o turismo sol e mar não serve mais

para os municípios do Litoral Norte. Esta constatação foi apresentada, durante a penúltima audiência pública do Fórum Democrático que trata das desigualdades regionais, realizada em Tramandaí.

A questão foi apresentada pelo presidente do Corede Litoral Norte, professor Eraclides Lumertz Maggi. Para ele, este modelo precisa ser repensado, e ainda ser agregado novos mecanismo de des envolvimento.

O Presidente entende que os pólos tecnológicos são a saída para a região, citando como exemplos a indústria moveleira, a citricultura, melhoria do reganho bovino e da indústria metalúrgica. Em áreas mais específicas, o professor cita a produção do mel em Cidreira e Pinhal.

Ainda segundo o presidente do Corede Litoral Norte, o projeto Caminho da Águas, que já consta no orçamento da União, criando alternativas de turismo para a região durante o ano inteiro. Ressalta ainda a importância das obras na BR 101 e na Rota do Sol para o desenvolvimento da região.

O deputado João Luiz Vargas(PDT), relator da Subcomissão Mista Especial para tratar das Desigualdades Regionais, ressaltou durante a audiência, a importância dos trabalhos da Assembléia Legislativa, que estão chegando ao fim. "Através das 22 audiências públicas foi possível fazer uma radiografia das regiões do Estado e construir um documento que será entregue ao governo do Estado, ao presidente do Tribunal de Justiça , e também à Presidência da República. Também foi possível quebrar o paradigma de que a Metade Sul é a região mais pobre e Metade Norte a mais rica", afirmou.

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O deputado João Luiz Vargas apontou a pesquisa realizada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, que será divulgada juntamente com o Relatório Final da Subcomissão. Salientou a constatação de que o desemprego é o maior problema de todas as regiões do Estado. Ficando em segundo lugar questões diferenciadas, como segurança pública, infra-estrutura, agricultura e saúde.

O prefeito de Tramandaí, Edegar Munari Rapaki, entende que a grande questão do Litoral Norte realmente é o fato de viver, quase que unicamente, dos meses de verão. Para ele, o problema foi agravado, este ano, pela falta dos turistas argentinos e também pelo encurtamento das férias escolares. Segundo ele, cada vez mais o calendário escolar vem dimunuindo o período de veraneio.

⇒ Região do Vale do Paranhana e Encosta da Serra

A necessidade da diversificação da economia e a contrução de um pronto socorro regional, nos municípios que fazem parte do Coredes Paranhana e Encosta da Serra, foram algumas das reivindicações apresentadas ao relator da Subcomissão Mista Especial que trata das Desigualdades Regionais, deputado João Luiz Vargas, no auditório da Faculdade de Taquara.

O professor e assessor técnico do Coredes Paranhana e Encosta da Serra, Paulo Roberto Von Mengden, ressalta que hoje 90% dos empregos da região vêm da indústria couro-calçadista, e “sempre que há uma crise nas exportações, há o desemprego em massa na região”. Entende que é possível desenvolver novas alternativas econômicas para a região, principalmente no setor moveleiro, construção civil e turismo. O professor afirmou durante a sua apresentação, que na região, aparentemente homogênea, há uma ilha de desigualdes.

O Coredes há 10 anos discute uma série de propostas que elegeram como ações prioritárias, diminuindo as desigualdades. Além das questões do emprego, pedem a conclusão de várias obras asfálticas, que para o professor ativarão toda a economia da região, permitindo que a atividade industrial possa crescer ainda mais. Salientou a questão dos planos diretores de desenvolvimento urbano e o plano diretor integrado de desenvolvimento rural como primordiais para a região. Crédito Assistido, apoio técnológico e infra-estrutura de saúde, educação e Segurança, são outras necessidades.

O prefeito de Taquara, Délcio Hugentobler, elogiou a iniciativa da Assembléia Legislativa em promover o debate, que permitiu apontar as necessidades regionais, possibilitando o repensar de um projeto de desenvolvimento. Ressaltou o trabalho que já vem sendo implantado no seu município que trata da questão ambiental, com a readequação dos lixões na região. Entende que há urgência de uma política de geração de empregos.

Estiveram presentes ainda o prefeito de Igrejinha, Elir Domingo Girardi, representando a Famurs, o vereador Cléo Inácio Gonzaga, secretários da Mesa Diretora da Câmara de Vereadores de Taquara, o presidente do Corede Paranhana e Encosta da Serra, os professores Delmar Henrique Backes e Cláudio Kaiser além de um significativo número de representantes da comunidade regional.

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4 - Considerações Finais

O resultado dessa primeira rodada de audiências do Fórum das Desigualdades Regionais aponta para a premissa de que o Rio Grande do Sul deve ser analisado como um todo e não dividido em duas partes. Perceber as diferenças e as peculiaridades entre as diversas regiões é fundamental na construção de um projeto para sensibilizar os governantes e elaborar alternativas para o desenvolvimento de todo o estado.

Nesta primeira rodada, o Fórum das Desigualdades Regionais buscou

desmistificar a idéia de que o RS se divide entre a metade sul considerada pobre e a metade norte apontada como rica e buscar soluções de maneira integrada e criativa entre as autoridades públicas e a sociedade civil, propondo-se, neste sentido, a adoção de uma política de desenvolvimento regional, de dimensão e origens verdadeiramente estadual, que , ao invés de apenas parcialmente contemplar as regiões mais atrasadas com áreas-problema, vislumbre o conjunto das regiões do Estado, com suas peculiaridades, diferenciações, potencialidades e demandas próprias.

Segundo o Professor Pedro Bandeira, o desenvolvimento das regiões não

depende apenas de atos de vontade, mas é condicionado por condicionantes internacionais, nacionais e regionais. Dentre os fatores internacionais, considera um dos mais importantes a competitividade, causada pela abertura cada vez maior das economias, que muitas vezes sacrifica a qualidade de vida da população. Os fatores nacionais que influenciam o desenvolvimento regional são os modelos de políticas adotadas pelo governo federal, que possuem um foco predominantemente setorial. Existe, no Brasil, um padrão herdado que condiciona o desenvolvimento industrial no polígono que parte da região de Belo Horizonte, passa pelo interior de São Paulo, do Paraná e vai até a região de Porto Alegre e Caxias do Sul. Esse padrão atrai investimentos somente para essas regiões e dificulta que áreas situadas fora desse polígono se industrializem.

Com o avanço da industrialização, a região Nordeste tem crescido de

importância. Hoje ela reúne metade da população gaúcha e é responsável por ¾ do PIB estadual. Porém, mesmo com esses avanços e com melhores indicadores a região ainda possui grandes diferenças sociais. Estima-se que 1 milhão e 700 mil pessoas estão em situação de indigência, ou seja, ¼ do total da população da região.

Essa situação do nordeste do estado está relacionada com a falta de

dinamismo da economia das regiões norte e sul do estado que gerou uma intensa migração da população para as áreas mais industrializadas do nordeste.

Para os resultados do Fórum das Desigualdades Regionais serem

propositivos, o Relator da Subcomissão considera de suma importância a proposta do deputado João Osório (PMDB) que Entende fundamental levar o documento final do

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Fórum das Desigualdades Regionais ao conhecimento do Presidente da República, para que se busque a elaboração em conjunt o de um projeto de desenvolvimento integrado e de incentivos estaduais e federais para o Estado do Rio Grande do Sul.

Concluída a primeira fase de atividades da Subcomissão Mista Especial

que Trata das Desigualdades Regionais, o relator, deputado João Luiz Vargas, ressalta a importância de mantermos, com os Deputados que participaram da fase inicial, mesmo que informalmente, reuniões setoriais que servirão para agregar novos elementos para o trabalho que será desenvolvido no decorrer deste ano.

É O RELATÓRIO.

Deputado João Luiz Vargas. Relator.

Deputado Marco Peixoto Deputado Luis Augusto Lara Deputada Jussara Cony Deputado Ronaldo Zulke Deputado Germano Bonow Deputado Jorge Gobbi Deputado Berfran Rosado Deputado Bernardo de Souza