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Misti Bai Escola “Nós queremos ir a escola” Edição: Larissa Prado Comissão Nó Djunta Mon [email protected]

Nó Misti Bai Escola

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Material para a divulgação do projeto Nó Misti Bai Escola que acontece na África. A proposta é a de pessoas apadrinharem crianças de Guiné-Bissau para que elas consigam ir para a escola e permanecer lá até terminar os estudos. Para mais informações: [email protected] https://www.facebook.com/pages/Comiss%C3%A3o-N%C3%B3-Djunta-Mon/365927093509756?fref=ts

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1Nó Misti Bai Escola“Nós queremos ir a escola”

Nó Misti Bai Escola“Nós queremos ir a escola”

Edição: Larissa Prado

Comissão Nó Djunta [email protected]

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COMISSÃO NÓ DJUNTA MONFruto de uma Missão Universitária Ir. Henri Vergès

Em Julho de 2013 cerca de 60 universitários da PUCPR, Cam-pus Curitiba realizou a Missão Universitária Ir. Henri Vergès. A experiência consiste basicamente na imersão dos jovens nas comu-nidades de vulnerabilidade social do Complexo do Maciço, em Flo-rianópolis. Porém, nesse último ano, os jovens tiveram a oportuni-dade de conhecer e conviver com o Padre Maio da Silva, vindo de Guiné-Bissau a convite do Padre Vilson, tinha chegado ao Brasil havia menos de uma semana em busca de ajuda para o seu projeto de educação aos jovens da Co-munidade de Empada, onde ele é o Pároco.

Com uma fala simples, reple-ta de crença e esperança, Padre Maio apresentou seu sonho aos participantes da missão. Inspi-rados por suas palavras e pelas palavras do Padre Vilson, doze jovens daquele grupo se dispuse-ram a conhecer um pouco mais do desejo do Padre Maio de mudar o destino dos adolescentes de sua comunidade.

No café-da-manhã do último dia de Missão, mergulhados em sentimentos e ideias, percebe-ram que o desejo de cada um de transformar as experiências e o aprendizado da Missão numa ação concreta mais duradoura havia encontrado um rosto no so-nho do Padre. Entre o receio de encarar uma empreitada da qual não faziam ideia da proporção e o desejo de contribuir, ainda que mi-nimamente, para a construção de um mundo melhor, foi plantada a

semente da Comissão Nó Djunta Mon. Mal sabíamos nossos nomes, a maioria

foi apresentada um ao outro naquela sema-na de Missão, porém, já compartilhávamos um sonho que com o passar do tempo nos faria criar laços maiores que a amizade. No dia 13 de julho, após o retorno de Florianó-polis, a Comissão teve sua primeira reunião. Nessa data, tínhamos o nome de “Comissão da África”. Então, passo a passo, reunião a reunião fomos criando forma e organização de modo que nosso primeiro desafio fosse vencido: 200 jovens iniciar o ano letivo em setembro de 2013. E conseguimos: graças

a muito trabalho, dedicação e carisma da nossa parte, ao aparecimento de pessoas generosas em nosso caminho e à bênção e à condução de Deus aos nossos passos.

Já se foram oito meses desde nosso nas-cimento como Comissão e mal consegui-mos mensurar o tamanho do aprendizado que todo esse processo nos oportunizou. Somos jovens privilegiados por ter sido con-fiado a nós um projeto tão grandioso, pois nele são investidos sonhos e vidas. Agra-decemos a todas as pessoas que de forma direta ou indiretamente sonharam junto co-nosco.

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VISITA DO PE MAIO EM CURITIBA SET/2013

Durante a primeira semana de setembro de 2013, o Pe. Maio da Silva (coordenador do Projeto em Guiné-Bis-sau), passou a semana junto com os integran-tes da Comissão Nó Djunta Mon, auxiliando na divulgação do pro-jeto, além de conhecer a realidade da nossa universidade e cotidia-no em Curitiba. Neste período tivemos muitos momentos de partilha, onde ele nos relatou sobre seu país, a rea-

lidade da comunidade em que estamos de-senvolvendo o projeto, historias e lendas lo-cais.

O Pe. Maio ficou hospedado na casa dos Padres Maristas durante toda a sema-na, participou de al-gumas ações diárias junto com eles e os seminaristas que resi-dem na casa. Estive-mos em três encontros de PJM do TecPUC, fazendo uma reflexão sobre solidariedade e

trabalho em comunidades, além da divulgação sobre o projeto “Nó Misti Bai Escola” (Queremos ir à Escola!).

Na missa da Paróquia Jesus Mestre (PUCPR) ele participou como co-celebrante junto com o Pe Renivaldo. No sábado e domingo 7 e 8 de setembro de 2013; além de visitar e conhecer o Pró-Ação da Vila Torres, participou de algumas reuniões com equipes de trabalho no Grupo Ma-rista.

Após o seu retorno, o Pe. Maio relata ter gostado muito de sua visita, do prazer em conhecer Curitiba, e se aproximar dos integrantes da co-missão. Sempre que possível, nos telefona de Empada para saber como estamos e dizer que está com saudades, dizendo que reza por nós e os padrinhos todos os dias. Conta sobre o dia-a-dia dos jovens na escola, muito emocionado e diz estar muito contente com o andamento do pro-jeto.

Carta do Pe. Maio (Núbia)Após conhecer o Brasil em sua vivência de aproximadamente 2 me-

ses, e construir junto a comissão Nó Djunta Mon o projeto “Nó misti bai escola”, Pe. Maio retorna a Guiné Bissau, reencontra seu povo e além de levar com ele uma boa nova, levou um conhecimento diferenciado sobre o Brasil e o desejo de muitos brasileiros em ajudar África. Ao lado cons-tam algumas palavras que expressam sua experiência conosco.

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GUINÉ-BISSAUDados do país:Nome: República da Guiné-Bissau.Localização: Oeste da África.Línguas: português (oficial), português crioulo e dialetos regionais.Religião: animista, islâmica, minorias cristãs.População: 1.503.000, em número de 2008.Independência: 10 de setembro de 1974.PIB: US$ 442 milhões (estimativa de 2008).Renda “per capita” anual: $600 (2008).

Localizada na costa ocidental da África, a Guiné-Bissau faz fronteiras com o Senegal (ao norte), Guiné (ao sul e leste) e com o oceano Atlântico (a oeste). Também faz par-te do território da Guiné-Bissau o arquipélago dos Bijagós, formado por mais de 80 ilhas. A nação integra a Comuni-dade dos Países de Língua Estrangeira.

O território que atualmente corresponde ao país da Guiné-Bissau foi colonizado por portugueses em 1446. Os colonizadores instalaram feitorias para a realização do trá-fico de escravos com a população nativa. Somente no dia 24 de setembro de 1974, a Guiné-Bissau conquistou sua independência, tornando-se a primeira colônia portuguesa na África a conseguir esse feito.

A economia do país é pouco desenvolvida. A agricultura, responsável por absorver mais de 80% da força de traba-lho local, baseia-se no cultivo de castanha de caju (o país é o sexto maior produtor mundial), algodão, arroz, inhame, banana, manga e cana-de-açúcar. Essa atividade econô-mica ocupa 12% da superfície territorial da Guiné-Bissau.

A pesca é outro elemento importante para a economia nacional – o país é exportador de camarão. Existem gran-des reservas minerais a serem exploradas na Guiné-Bis-sau, já foram confirmadas reservas de fosfato, bauxita e petróleo.

O país apresenta vários problemas socioeconômicos, possui um dos seis piores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) do planeta. A maioria da população vive a baixo da linha de pobreza, com menos de 1,25 dólar por dia; a expectativa de vida é uma das menores do mundo – 46 anos.

Fonte: brasilescola.com

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CONTO POPULAR DA GUINÉ-BISSAU

Dizem na Guiné que a primeira viagem à Lua foi feita pelo Macaquinho de nariz branco.

Segundo dizem, certo dia, os macaquinhos de nariz branco resolveram fazer uma viagem à Lua a fim de traze-la para a Terra. Após tanto tentar subir, sem nenhum sucesso, um de-les, dizem que o menor, teve a idéia de subirem uns por cima dos outros, até que um deles conseguiu chegar à Lua. Porém, a pilha de macacos desmoronou e todos caíram, menos o menor, que ficou pendurado na Lua. Esta lhe deu a mão e o ajudou a subir.

A Lua gostou tanto dele que lhe ofereceu, como regalo, um tamborinho.

O macaquinho foi ficando por lá, até que começou a sentir saudades de casa e resolveu pedir à Lua que o deixasse vol-tar.

A lua o amarrou ao tamborinho para descê-lo pela corda, pedindo a ele que não tocasse antes de chegar à Terra e, as-sim que chegasse, tocasse bem forte para que ela cortasse o fio.

O Macaquinho foi descendo feliz da vida, mas na metade do caminho, não resistiu e tocou o tamborinho. Ao ouvir o som do tambor a Lua pensou que o Macaquinho houvesse chegado à Terra e cortou a corda.

O Macaquinho caiu e, antes de morrer, ainda pode dizer a uma moça que o encontrou, que aquilo que ele tinha era um tamborinho, que deveria ser entregue aos homens do seu país. A moça foi logo contar a todos sobre o ocorrido. Vieram pessoas de todo o país e, naquela terra africana, ouviam-se os primeiros sons de tambor.

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ENTREVISTA Pe. VILSONExperiência na África

Quais as expectativas antes da ida do senhor para África - Guiné Bissau?A expectativa é a dimensão do encontro com o outro, com essa cultura, com ou-tras pessoas, com outro universo, com outro continente, com outro modo de ser, de viver, de pensar de relacionar-se com outra experiência. Experiencia da dimen-são mística com essa compreensão da abertura ao diferente. Expectativa é sem-pre essa abertura para acolher o diferente. O diferente enriquece. Minha expectativa era uma alargamento e um despojamento para um acolhimento daquele que é dife-rente de mim.

Quando chegou a Guiné-Bissau como foi este encontro?O encontro quando se encontra com cul-turas diferentes, com povos diferentes, depende muito da atitude. Atitude minha quando cheguei lá era me colocar no lugar deles, e a partir deles começar a pensar e inculturar-me na sua própria cultura, no seu modo de vida. Essa dimensão de que é hospede do outro, hospede de uma cul-tura, hospede de um povo, e como hos-pede tem que ter a profunda dimensão do Despojamento da gratuidade.

Este encontro gerou algum confronto?Todo o encontro com o diferente é um confronto, o confronto não é uma questão negativa, é a capacidade que a gente tem de alargar a experiência, de acolher as diferenças. O elemen-to fundante neste processo é a capacidade do dialogo e o diálogo requer em uma cultura como a África que primeiro se tenha uma grande capacidade de escuta, e a partir do meu olhar da minha visão, da minha presença de escuta, posso me comunicar, dialogar com o diferente.

De toda está vivência nesta permanência em Guiné-Bis-sau qual a experiência que obteve?Na medida que a gente vai com essa capacidade de escuta e uma escuta qualificada, não uma escuta qualquer, é uma

escuta pensante, é um olhar de observação, é um coração de acolhimento, nasce a possibilidade, a possibilidade da comunicação, comunicação esta que nasce da demanda do outro, não da nossa. E o projeto que se inicia com toda está questão da educação em Guiné Bissau de modo particular da Paróquia de Empada, nasce da escuta, da vida daquela juventude, e do desejo daquela juventude de concretizações, de materializar perspectivas desse projeto na relação com o processo educativo.

Além desta perguntas o que o Padre Vilson tem mais a dizer sobre toda essa vivência?Nós temos uma dívida com o continente Africano, no mun-do do mercado e das relações mercadológicas a África é um

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continente que é pouco visto no mundo e pouco pensado no mundo, pouco olhado. Eu creio que nós do continente Latino-Americano e do Brasil temos uma grande responsabilidade com o continente Africano, não de voltar-se ao continente Afri-cano com um olhar colonialista, um olhar assistencialista, mas um olhar de potencialização, de ajudar a criar espaços de co-operação, uma cultura de solidariedade entre Brasil e África, para desenvolver projetos, em que os próprios Africanos se-jam sujeitos do seus processos de organização, sujeitos de seus processos de autonomia, sujeitos de suas próprias vi-das, sujeitos de suas próprias vidas. O grande trabalho nosso está na linha de cooperação, de estabelecer uma cooperação que ajude a desenvolver ferramentas para que eles se desen-

volvam, para que eles criem condições de desenvolver-se a partir dos potenciais que eles tem, e aqui eu creio que eles tenham um processo importante, não é o que a gente dá para a África, mas o que a gente aprende com a África. Do ponto de vista da espiritualidade a África é um grande pulmão da espiritualidade, é um povo extremamente místico. A África nos ensina a dimensão mística, a dimensão da espiritualidade, a dimensão da provisoriedade. O que a gente tem a aprender com a população Africana, dentro do olhar do processo civi-lizatório hoje, como recuperar de novo o ser humano como pessoa, e romper com essa relação mercadológica.

Francis de Almeida

Criado em 23 de dezembro de 2010, em Florianópolis, o principal objetivo da instituição é promover a inclusão social de crianças, adolescentes, jovens e adultos através de sua rede composta por sete organizações. Atendidos de maneira direta e indireta, sempre com apoio pedagógico e alimentar, já

O Instituto Vilson Groh

fundação do Instituto. Trabalho este que se con-centra em se dedicar à inclusão social integral , através do desenvolvimento de atividades nas áreas de educação. cultura, esporte e de lazer.

Para garantir a continuidade destas ações e ampliar seu impacto positivo levando-o até ou-tras comunidades foi preciso construir uma base institucional sólida e permanente, que criasse sinergia entre as sete organizações que fazem parte da rede articulada pelo Instituto, chamada Rede IVG.

Além disso, a Rede IVG trabalha com jovens em conflito com a lei, crianças e adolescentes em situação de abandono e violência, adolescentes e jovens envolvidos com o universo da crimina-lidade, oferecendo-lhes oportunidades sociais e educativas, promovendo sua inclusão efetiva na sociedade.

O IVG teve a iniciativa de apresentar a reali-dade da Vila de Empada em Guiné-Bissau para diferentes parceiros, e assim foi criada a comis-são “Nó Djunta Mon” para auxiliar no trabalho de garantir os estudos de 200 jovens daquele local.

foram milhares os envolvidos que tiveram a oportunidade de vislumbrar outras oportunidades de vida através do trabalho do Padre Vilson Groh e sua equipe. Este resultado expressivo pôde ser alcançado por meio da experiência com trabalhos sociais desenvolvidos há mais de 30 anos, mesmo antes da

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DEPOIMENTOS DOS PADRINHOSKakau Brok e Marina GabanA possibilidade de apadrinhar uma criança da África, me remeteu a uma frase que li em algum dia da minha vida: “ O futuro pertence àqueles que acreditam na beleza de seus sonhos.” de Elleanor Roosevelt. Ajudar essas crianças a seguirem com o seu sonho de estudo, me faz sentir mais humana e completa. Incentivar um sonho é acreditar num futuro, e eu acredito que essas crianças terão um futuro brilhante, pois a educação é a base para que possam possuir um futuro melhor diante da realidade em que vivem. E acredito de coração, que essas crianças brilharão como as estrelas, extremamente brilhantes, nesse planeta que chamamos de Terra. Quiçá dali não sai o nosso Einstein do futuro?

Grupo de Jovens ALFANo ano de 2013 o Grupo de Jovens ALFA direcionou boa parte da sua atenção volta-da para a Jornada Mundial da Juventude, passamos uma semana no Rio e tivemos experiências e ensinamentos incríveis. Quando a Mayara apresentou o projeto para nós vimos que aquela era a oportunidade de colocar o aprendizado que tivemos com o Papa Francisco em prática. Saber que é a partir do nosso trabalho que pequenos gestos como esse estão dando frutos faz o nosso grupo se unir cada vez mais e que-rer repetir ações de ajuda e amor ao próximos sempre.

Sariana Vanderlinde:Há um tempo que venho refletin-

do se é o suficiente o que realizo na minha vida? Sempre me sinto fa-zendo menos do que posso, a rotina do dia a dia acaba tomando muito mais o meu tempo, mas não pode me impedir de fazer mais, e o que é esse fazer mais? Pra mim é me sentir importante pelo menos para uma pessoa, que no momento está precisando.

Mesmo vivenciando o carisma marista todos os dias no traba-lho, com crianças e adolescentes, e me sentindo completamente realizada com os desafios do dia a dia, sabendo que é um traba-lho de inúmeros desafios, mas muito gratificante, o sentimento de estar sendo útil ajudando o próximo é meu objetivo de vida.

Conheci o Projeto “No Misti Bai Escola” quando estava jus-tamente buscando fazer mais, eu estava participando como co-laboradora da Missão Universitária Henri Vergès, na cidade de Florianópolis, no morro Monte Serrat, conhecendo uma realidade

diferente e um território fascinante, com pessoas que tem um sentimento de pertença e cuidado com o lugar em que vivem. Em um dos momentos de reflexão após um dia de missão no morro, conheci padre Maio, onde apresentou para todos os missionários os objetivos, e a necessidade extrema deste projeto, não precisei pensar, e logo pergun-tei como poderia fazer para apadrinhar esses jovens que estão sendo privados de estudar por não terem material escolar e merenda. Logo que a comissão “Nó Djunta Mo” foi criada estabeleci um laço de cumplicidade com este projeto e com as pessoas da comissão, aliás, pessoas maravilhosas que fazem esse projeto enriquecer à cada dia.

Sinto-me muito feliz de fazer parte dessa família, e logo quero conhecer essa comunidade de Empada, conversar com os jovens que lá estão estudando, graças ao olhar do padre Maio, a parceria do padre Vilson, a dedicação da comissão e o apoio de todos os padrinhos.

Obrigada!