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No Mundo Estrela
Uma coruja -das -neves, um texugo, um veado e um
lobo reuniram -se junto a uma cascata de estrelas
cadentes. O seu pelo e as suas penas cintilavam
com a poeira estelar, e os seus olhos eram de um
profundo azul -índigo. A coruja piou baixinho.
— Meus amigos, vamos ver o que se passa com
os jovens animais e os seus Amigos Estrela no
mundo humano.
Ao tocar na superfície do lago com a ponta da
asa, formou -se lentamente uma imagem. Qua-
tro raparigas e quatro animais com olhos índigo
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preparavam -se para dormir. Uma rapariga com
cabelo louro -escuro abraçava uma raposa, uma
rapariga de caracóis pretos afagava um esquilo
vermelho, uma rapariga com cabelo castanho com-
prido fazia festas a uma corça e uma rapariga ruiva
estava enroscada ao lado de uma gata -selvagem
com pelagem malhada.
— Parecem todos felizes — disse o texugo, sus-
pirando de alívio.
A coruja Caçadora assentiu com a cabeça.
— Os jovens animais estão a sair -se bem. Têm
ensinado as Amigas Estrela a usar magia para
manter o mundo seguro. As boas ações feitas até
agora fortaleceram a corrente mágica que flui entre
o nosso mundo e o mundo humano, assim como
as capacidades mágicas das raparigas.
O lobo retesou -se.
— A imagem está a mudar!
Formou -se uma nova imagem. Uma pessoa,
envergando uma túnica preta de capuz, segura-
va uma taça de pedra cheia de pequenos objetos.
Elevavam -se sombras em remoinho do solo.
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Alarmado, o veado raspou o chão com as patas.
— Está alguém a usar magia negra perto das
Amigas Estrela!
A coruja anuiu, muito séria.
— Receio que seja a confirmação das nossas sus-
peitas. Os Animais Estrela e as suas amigas já der-
rotaram duas Sombras.
O lobo rosnou.
— Acho que sei quem é esta pessoa que vemos.
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— Pois sabes, meu amigo — disse a coruja.
— Já causou problemas no passado. A sua magia
foi em tempos bloqueada, mas agora já consegue
usá -la novamente.
— O que podemos fazer para a deter? — quis
saber o veado.
— Nada. — A coruja abanou a cabeça. — Cabe
aos novos Animais Estrela e às amigas eliminar
esta ameaça. A nós, resta -nos observar.
— E esperar que a magia negra não vença —
disse o lobo, sombriamente.
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Capítulo Um
A Maia estava parada numa ponte. De um dos la-
dos, uma névoa sombria ergueu -se do solo. O san-
gue da Maia gelou à medida que a névoa assumia
a forma de uma figura alta e esguia. Era uma Som-
bra — um espírito maligno das trevas que gostava
de fazer mal e magoar as pessoas.
Conforme a Sombra fixou a vista nela, a Maia
olhou em volta, desesperada. Onde estava a Giesta,
o seu Animal Estrela? E as suas amigas e os respe-
tivos Animais Estrela?
— Deixa -me passar! — sibilou a Sombra.
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A Maia manteve -se firme.
— Não!
Num cintilar de luzes estelares, uma raposa de
olhos índigo apareceu junto dela.
— Giesta! — suspirou a Maia, aliviada.
A Giesta, com um salto, pôs -se entre a Maia e
a Sombra.
— Volta para as trevas! — rosnou.
A Sombra riu -se à socapa.
— Porque haveria de te dar ouvidos? Apenas um
Fala Espírito pode dar -nos ordens.
O coração da Maia deu um salto quando come-
çaram a formar -se mais silhuetas atrás da primeira
Sombra.
Falaram em uníssono, com uma voz sinistra.
— Vocês podem ter derrotado a Sombra Desejo,
mas aquela que usa magia negra invocou mais de
nós. Quer que concretizemos todos os medos que
têm dentro de vocês!
Avançando, a primeira Sombra bateu na Giesta,
que uivou de dor ao ser arranhada pelas unhas
afiadas daquele espírito maligno.
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— Giesta! — gritou a Maia.
A Maia sentiu uma coisa a lamber -lhe o nariz.
— Estou aqui, Maia.
Ao escutar a voz da Giesta, a Maia pestanejou
e abriu os olhos, fitando o rosto assustado do ani-
mal. Depois, sentiu uma mão no ombro e ouviu
a Sita dizer gentilmente:
— Maia, acorda!
O coração da Maia abrandou aos poucos. Estava
no seu quarto com a Giesta ao colo e a Sita ajoe-
lhada ao lado. O Animal Estrela da Sita, uma gentil
corça chamada Faia, encontrava -se ao lado desta,
enquanto a Lottie e a Ionie ainda dormiam pro-
fundamente no chão ali perto com os respetivos
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Animais Estrela — um esquilo vermelho e uma
gata -selvagem. A luz cinza do amanhecer pince-
lava o céu.
— Estavas a ter um pesadelo? — quis saber a Sita.
A Maia assentiu com a cabeça.
— Era sobre uma Sombra. — Arrepiou -se com a
recordação. — Várias Sombras. A Giesta magoou-
-se. Foi horrível.
A Giesta lambeu -lhe a mão e a Maia envolveu -a
com os braços. Não suportava a ideia de a Giesta ser
ferida. Desde que se haviam tornado Amigas Estrela
há umas semanas, sentia -se profundamente unida
a ela e adorava -a mais do que tudo no mundo.
É como se fizesse parte de mim, percebeu.
O dia em que se conheceram na clareira no bos-
que não lhe saía da cabeça. Para espanto da Maia,
a raposa dirigira -lhe a palavra, dizendo que vinha
de um mundo diferente e que, se ela quisesse ser
sua Amiga Estrela, a ensinaria a usar magia para
fazer o bem e tornar o mundo um lugar melhor.
Acima de tudo, teriam de impedir que a magia ne-
gra fosse usada para infligir mal aos outros. Fora
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ainda mais espantoso quando as suas melhores
amigas também se tornaram Amigas Estrela.
— Provavelmente, tiveste um pesadelo por cau-
sa daquela horrível Sombra Desejo que combate-
mos ontem à noite — disse a Sita. — Mas a Ionie
mandou -a de volta para as trevas, lembras -te? Foi-
-se. Não tens nada com que te preocupar.
Enquanto a Maia sentia o medo desvanecer,
pensou se não estaria a Sita a pôr em prática as
suas capacidades mágicas especiais. Com a ajuda
dos Animais Estrela, as raparigas aprenderam a
usar a corrente de magia que fluía entre o mundo
humano e o Mundo Estrela, descobrindo que cada
uma possuía um dom específico. A Maia via coisas
que aconteciam noutros lugares e tinha acesso ao
futuro; a Sita conseguia curar e acalmar; a Lottie
era espantosamente ágil e a Ionie viajava pelas
sombras. Mais do que isso, a Ionie era uma Fala
Espírito, o que significava que podia dar ordens a
uma Sombra e enviá -la de volta para as trevas.
A Maia lançou um olhar de agradecimento à Sita.
— Tens razão. Desculpa ter -te acordado.
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— Maia, o que viste? — quis saber a Giesta.
— Isso interessa? — questionou a Sita. — Não
passou de um sonho.
A Giesta parecia ansiosa.
— Não tenho a certeza. À medida que as capaci-
dades mágicas de visão da Maia se desenvolvem, há
coisas nos seus sonhos que podem concretizar -se.
A Maia sentiu -se um pouco alarmada e tentou
lembrar -se do sonho.
— Eu estava numa ponte e a Sombra falou sobre
aquela que invocou a Sombra Desejo, chamando
mais Sombras… e depois apareceram muitas mais.
E depois a Sombra atacou.
— Espero que não se torne realidade — comen-
tou a Sita. — Já foi bastante assustador enfrentar
uma Sombra ontem à noite. Não quero lutar com
um monte delas.
Nesse momento, a Ionie sentou -se sonolenta e
afastou o cabelo ruivo da cara.
— O que se passa?
Ao lado dela, estava a Azeda, a gata -selvagem,
que se espreguiçou e rebolou sobre as costas.
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— Recuso -me a acreditar que já é de manhã —
bocejou. — Seja lá o que for, pode esperar.
— Não pode, não. Isto pode ser muito impor-
tante. Toca a acordar, gatinha — disse a Giesta,
saltando sobre a barriga da Azeda e aterrando na
ponta da cauda fofa. — Temos todos de conversar.
A gata -selvagem levantou -se de um pulo e sibi-
lou. Mas a Giesta ignorou -a e trotou para acordar
o esquilo Zimbro e a Lottie, enroscados dentro
do saco -cama. O Zimbro guinchou em protesto e
enroscou -se ainda mais nos braços da Lottie, pelo
que a Giesta continuou a lambê -los a ambos até
acordarem.
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Daí a nada, as raparigas estavam todas sentadas
em círculo, fazendo festas aos seus animais.
— Se a Giesta tem razão e o sonho da Maia for
verdadeiro — disse a Ionie —, então temos de ten-
tar descobrir quem está a invocar essas Sombras.
— A Sombra disse que era uma mulher — recor-
dou a Maia. — E que se trata da mesma pessoa que
invocou a Sombra Desejo.
— Quem me dera usar a tua magia para saber
mais, Maia — disse a Lottie.
A Maia desejou o mesmo, mas já tentara ver
quem invocara a Sombra Desejo e a sua magia nada
revelara além de escuridão. A Giesta dissera -lhe
que a pessoa parecia estar a usar um feitiço para se
esconder.
— Devíamos começar por descobrir quem deu
à família da Paige o pequeno gnomo com a Som-
bra Desejo presa no interior — disse a Ionie. —
Temos de saber se essa pessoa tinha conhecimento
da Sombra Desejo e que esta ia concretizar desejos
de forma horrível.
A Maia assentiu.
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— Cheguei a perguntar à Paige e ela disse que o
gnomo pertencia a uma amiga da mãe. Temos de
descobrir o nome dela. — Levantou -se de um pulo.
— Vamos já a casa da Paige.
A Ionie também se ergueu imediatamente.
— Sim, vamos a isso!
— Esperem! — disse a Lottie. — Ainda vai estar
toda a gente na cama.
— Oh, é verdade — disse a Ionie, desapontada.
A Maia suspirou. Agora que tinham um plano,
queria entrar já em ação.
— Enquanto esperamos, podiam tentar prati-
car alguma magia — disse a Giesta. — A magia
da Maia parece que ficou mais forte depois de ter
derrotado a Sombra ontem, por isso talvez tenha
acontecido o mesmo com as restantes.
O Zimbro saltou para a secretária da Maia, com
a cauda enroscada.
— Se calhar, todas conseguem fazer coisas novas!
— Oh, espero que sim! Já consigo fazer tanta coi-
sa incrível com a minha magia, imaginem se conse-
guisse fazer ainda mais — disse a Ionie.
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A Maia viu a Lottie a revirar os olhos. Às vezes,
a Ionie dizia coisas que pareciam gabarolice e
isso irritava muito a Lottie. A Maia também cos-
tumava sentir -se aborrecida, mas agora começava
a achar que a Ionie não se queria exibir, apenas
não pensava bem na forma como soavam as suas
palavras.
— Podíamos ir até à clareira — propôs a Faia.
A Giesta soltou um gritinho de concordância,
o Zimbro tagarelou animadamente e a Azeda as-
sentiu com a cabeça. Todos os animais adoravam a
clareira no bosque. Foi onde apareceram pela pri-
meira vez quando viajaram do Mundo Estrela e era
um lugar particularmente mágico.
O Zimbro saltou para o ombro da Lottie.
— Quando estivermos na clareira, pode ser que
consigamos descobrir qual de vocês é a superforte
de que falou a Sombra Desejo.
A Maia sentiu um arrepio percorrer -lhe a es-
pinha. Momentos antes de a Sombra Desejo ter
sido enviada de volta para as trevas, dissera -lhes
que uma delas viria a revelar -se tremendamente
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poderosa — tão poderosa que meteria medo à
pessoa que usava magia negra.
— Já me tinha esquecido disso — disse a Sita.
— Também eu — reconheceu a Lottie.
— Sem dúvida que vai ser a Ionie — declarou
a Azeda. — Ela já consegue viajar pelas sombras
e até mandar nas terríveis Sombras.
— Pode não ser a Ionie — contestou a Lottie.
— Pode ser a Maia ou a Sita.
— Oh, não queiram que seja eu — disse rapi-
damente a Sita. — Sinto -me feliz só por curar as
pessoas.
— Podes ser tu, Lottie — intrometeu -se a Maia.
— Tens uma agilidade incrível. Quem me dera con-
seguir correr, saltar e trepar como tu.
A Giesta pousou as patas na perna da Maia.
— Aposto que és tu a especial — sussurrou.
A Maia abraçou -a. Ela esperava mesmo que sim!
A Azeda trotou até à porta, com a cauda espe-
tada como uma vara.
— Porque estão todas aí na conversa? — per-
guntou. — Toca a andar!
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