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APOIOFRATERNO–CADERNO01/01 WILSONDACUNHA
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Material de Estudo – Tema 4
Apostila de Apoio Fraterno
Caderno 01/01
Noções à Luz do Espiritismo
APOIOFRATERNO–CADERNO01/01 WILSONDACUNHA
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ÍNDICE
PARTEPRIMEIRA–INTRODUÇÃO 5
PARTEPRIMEIRA-GENERALIDADES 13
PARTESEGUNDA-EXEMPLOSDEATENDIMENTO 48
PRIMEIROCASO 48
SEGUNDOCASO 49
TERCEIROCASO 52
QUARTOCASO 53
QUINTOCASO 54
SEXTOCASO 56
SÉTIMOCASO 57
OITAVOCASO 59
NONOCASO 60
DÉCIMOCASO 61
DÉCIMOPRIMEIROCASO 64
DÉCIMOSEGUNDOCASO: 74
DÉCIMOTERCEIROCASO 78
DÉCIMOQUARTOCASO 80
DÉCIMOQUINTOCASO 83
DÉCIMOSEXTOCASO 85
DÉCIMOSÉTIMOCASO 85
DÉCIMOOITAVOCASO 87
DÉCIMONONOCASO 89
VIGÉSIMOCASO 90
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VIGÉSIMOPRIMEIROCASO 91
VIGÉSIMOSEGUNDOCASO 92
VIGÉSIMOTERCEIROCASO 94
VIGÉSIMOQUARTOCASO 95
VIGÉSIMOQUINTOCASO 96
VIGÉSIMOSEXTOCASO 98
VIGÉSIMOSÉTIMOCASO 99
VIGÉSIMOOITAVOCASO 100
VIGÉSIMONONOCASO 100
TRIGÉSIMOCASO 102
TRIGÉSIMOPRIMEIROCASO 103
TRIGÉSIMOSEGUNDOCASO 104
TRIGÉSIMOTERCEIROCASO 106
TRIGÉSIMOQUARTOCASO 108
TRIGÉSIMOQUINTOCASO 109
TRIGÉSIMOSEXTOCASO 110
TRIGÉSIMOSÉTIMOCASO 111
TRIGÉSIMOOITAVOCASO 112
TRIGÉSIMONONOCASO 114
QUADRAGÉSIMOCASO 115
QUADRAGÉSIMOPRIMEIROCASO 117
QUADRAGÉSIMOSEGUNDOCASO 117
QUADRAGÉSIMOTERCEIROCASO 118
QUADRAGÉSIMOQUARTOCASO 119
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Parte Primeira – Introdução
Esse material tem em seu bojo três realidades principais:
1. Apresentar métodos que auxiliem as casas espíritas que
desejarem implantar esse atendimento e;
2. Oferecer algumas informações a serem adaptadas à linguagem
comum e não-literária, por ocasião do atendimento que se fizer
necessário. O nosso objetivo é oferecer uma relativa linguagem
para o grupo. Esse manual nunca será completado, pois a cada
instante, novos conhecimentos surgirão;
3. Lendo-o com atenção, veremos que esse trabalho irá exigir
formação de outras equipes de apoio. Eis o motivo das
dificuldades de se implantar em nossas casas espíritas, pois o
coordenador dessa atividade tornar-se-á mais conhecido do que
o Presidente da Casa.
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Toda pessoa que se vincule à uma espécie de Apoio Fraterno em
sua Casa Espírita, no decorrer do seu trabalho vai tornando-se
conhecida e respeitada pela exposição do conhecimento que
demonstra no seu dia-a-dia ao relacionar- se com os frequentadores da
casa.
Essa realidade faz com que as pessoas passem a buscar
esperança nas orientações. Atividade essa que vai exigindo do
trabalhador a cada dia mais e mais um estudo contínuo da literatura
espírita. Além disso, o trabalhador ainda precisa adquirir muita
psicologia no seu dia-a-dia em relação a modernidade da vida.
Através do Apoio Fraterno, podemos alterar a conduta, o
conceito, a atitude, o entendimento e até mesmo o destino das pessoas
atendidas. São momentos de muita responsabilidade, portanto fica
claro a importância do estudo e do entendimento do assunto tratado,
para que jamais seja um cego guiando outros cegos.
Mesmo que fosse possível, não poderíamos padronizar métodos
pessoais de atendimento. Mas devemos sim estabelecer um
compêndio de instrução generalizada que sirva para nortear esse
conjunto de atividades que cada um desempenha no seu próprio grupo
de Apoio Fraterno.
As informações contidas nesse material são de grande valia,
principalmente aos aprendizes, que estão iniciando sua integração ao
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grupo. Não somente para os grupos atuais, como também para a
posteridade.
É oportuno registrar que o trabalho de Apoio Fraterno não se
encerra em entrevistadores e recepcionistas. As casas devem formar
outros grupos de trabalho que deverão interagir com o grupo de Apoio
Fraterno, oferecendo apoio logístico sempre que solicitado.
Assim sendo, dependendo da demanda de serviço e da
característica do trabalho implantado, as casas deverão estar
implantadas com trabalhadores equipados com as seguintes aptidões:
• Médiuns passistas;
• Atendente de recepção;
• Entrevistador de Apoio Fraterno;
• Grupo de sustentação (prece);
• Grupo de implantação do Culto do Evangelho do Lar;
• Pessoa responsável pela mensagem e prece de abertura;
• Grupo mediúnico – para caso seja identificado a existência de
um processo obsessivo no entrevistado.
Toda pessoa do grupo de Apoio Fraterno deverá incorporar em
si um verdadeiro código de postura moral. O que sem dúvida resultará
em defesa espiritual contra as trevas.
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A seguir relacionaremos a característica da atividade de cada
participante do grupo de Apoio Fraterno.
Lembramos que esse trabalho não tem data para terminar,
porque toda vez que tivermos novas informações, aqui estaremos
registrando.
Atendente de Recepção:
Tem como finalidade receber fraternalmente aqueles que
procuram na Casa Espírita uma ajuda para os seus problemas.
Essa função é muito importante, visto que muitos que chegam
nessas situações encontram-se desorientados, nervosos e ás vezes até
receosos devido às suas origens religiosas, culturais e obsessivas. Esse
primeiro contato é de suma importância para a aceitação – ou não – da
assistência inicial prestada pelo plantonista a estender-se para o
entrevistador.
As pessoas encarregadas da função de atendente –
recepcionistas – devem ser preparadas e selecionadas levando em
consideração suas aptidões em torno de fraternidade, compreensão no
atendimento, indulgência e humildade para aceitar o fato de que
nunca devem tentar orientar o assistido em suas necessidades de
forma ostensiva, visto que um aconselhamento apressado poderia
resultar em prejuízos ainda maiores do que os apresentados
inicialmente.
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Além disso, deve-se lembrar também que outras pessoas estarão
chegando e isso traria congestionamento e prejuízos aos serviços da
casa.
Após o primeiro contato com o paciente, o atendente confirmará
o desejo da pessoa em ampliar o entendimento em torno do
espiritismo ou do auxílio desejado. Se houver confirmação, convidará
o mesmo para esse aprofundamento de informações e o apresentará ao
plantonista – entrevistador – para que ele possa receber o auxílio.
Outras responsabilidades do atendente:
• Iniciar as atividades com meia hora de antecedência em relação
ao atendimento do Apoio Fraterno;
• Recepcionar as pessoas e encaminhá-las ao plantonista de
atendimento quando for o caso;
• Atendimento atenciosos para que aqueles que retornam com
necessidades de mais um diálogo fraterno – o ideal é que esse
diálogo seja iniciado pelo mesmo entrevistador;
• Distribuir fichas (senhas) para aqueles que se apresentam para
dar início ou continuidade do tratamento fluidoterápico – passe;
• Regular a presença e assiduidade das pessoas em tratamento,
visto que haverá cancelamento do nome daqueles que não
comparecem aos dias marcados.
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Observação: A casa deve estabelecer um número de passes que
a pessoa necessita. O mais indicado seria que a pessoa em tratamento
indicasse quando se sentisse bem. Porém, como nem todos são
totalmente sinceros, deve-se fazer o uso do bom senso para que o
paciente não se torne um “papa-passe”. Estabelecer uma quantidade
máxima de passes seria criar uma equipe de médiuns com atividades
limitadas demais, ou seja, preguiçosos, por isso novamente é indicado
o bom senso: Iniciar com uma quantidade mínima – 3 passes por
exemplo, sendo um por semana – e ao final do tempo determinado,
realizar uma segunda entrevista, um retorno com o entrevistador para
que haja uma avaliação a determinar se o paciente necessita ou não de
mais fluidoterapia. Uma situação a ser avaliada caso a caso em cada
retorno realizado.
É necessário o bom senso e responsabilidade do atendente que
recepcionar as pessoas que procuram pelo chamado “passe especial”.
Essas pessoas, quando mal informadas, passam a desprezar o passe de
rotina da casa. Pacientes conhecidos como personalísticos.
Entrevistador de Apoio Fraterno:
Os entrevistadores devem reunir-se antes de dar início ao
plantão, para realizar a prece, a fim de se tornarem mais receptivos e
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intuitivos. Devem também estar a postos trinta minutos após o início
dos trabalhos de recepção.
O tempo da entrevista deve ser aproveitado ao máximo,
mantendo sempre em mente que uma entrevista se resume em auxílio
das seguintes maneiras:
v Confortando;
v Esclarecendo;
v Orientando e encaminhando para assistências mais adequadas,
podendo ser:
-Aos cuidados do grupo de obsessão, ao grupo de estudos
doutrinários, grupo de implantação do culto do Evangelho no Lar,
grupo de assistência ao passe ou qualquer outro serviço oferecido pela
casa.
Grupo de Sustentação e Prece:
Esse grupo é destinado especialmente àquelas pessoas que
chegaram à Casa Espírita em estado de muito sofrimento, passando
por dificuldades, mas que após receber os benefícios da Casa, sentem-
se melhor e sentem em si, também, uma necessidade latente de
praticar a caridade ao próximo, seja na doação do amor ou apenas no
desejo de auxiliar em qualquer outro trabalho.
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Sendo assim, após feita a organização do grupo, ele terá grande
valia com sustentação via prece silenciosa, na sala de fluidoterapia.
Não são ainda qualificados como passistas, mas servirão como
verdadeiras usinas de energia, facilitando o trabalho da
espiritualidade.
Grupo de Implantação do Culto do Evangelho do Lar:
O coordenador do grupo do Apoio Fraterno poderá, se
necessário, solicitar um ou mais trabalhadores dessa área, para
comparecer até a casa do paciente para auxiliar na implantação do
Culto do Evangelho do Lar.
Pessoa responsável pela mensagem e prece de abertura:
Com quinze minutos de antecedência ao início dos atendimentos
do passe-fluidoterápico, um trabalhador previamente escalado, reunirá
os que serão atendidos e os conduzirá à prece e reflexões.
Esse momento é de suma importância, visto que a prece é o
momento de ligação do filho ao Pai. É também o momento de
humildade do filho ao pedir o auxílio do Pai naquilo que necessita.
O próprio Jesus disse “a tua fé te curou”. Exemplo de prece:
Quanto a nós, Senhor, pedimos perdão por nossas falhas.
Ajuda-nos a desenvolver as virtudes que colocaste dentro de nossas
almas. Queremos cumprir bem os nossos deveres para alcançarmos o
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nosso aperfeiçoamento espiritual, pois somente assim poderemos
gozar da verdadeira felicidade. Graças, Senhor, por todas as bênçãos
que sempre nos dá. Por estes momentos de vibração, em que podemos
nos doar e viver um clima espiritual tão belo, tão reconfortante! Que
outras pessoas tenham também momentos assim. Despede-nos na Tua
paz.
Assim se encerra a parte inicial.
Parte Primeira - Generalidades
Em seguida, oferecemos ao entrevistador informações
generalizadas, que podem ser chamadas de “Pequeno manual do
entrevistador”.
É necessário abrir uma ressalva quanto ao seguinte assunto:
Assistência espiritual e receituário em face da lei:
No espiritismo, o conceito de assistência espiritual decorre
daquela sentença do Espírito da Verdade – contido no Evangelho
Segundo o Espiritismo:
“Amai-vos, eis o primeiro ensinamento, instruí-vos, eis o
segundo.”
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Eis portanto, o verdadeiro alimento com que se assiste aos que
procuram os Centros Espíritas na busca do pão espiritual.
A assistência espiritual, no entendimento do grupo de Apoio
Fraterno, deve compreender: entrevista, tratamento fluidoterápico,
socorro mediúnico e outros. Ou seja, o cuidado nunca será demais, a
fim de que não se esbarre na Contravenção Penal – Código Penal.
Quando nos referimos a esse cuidado excessivo, é para que a atenção
seja máxima para que nenhuma dessas coisas nunca ocorra:
Ø Anunciar cura, prescrever medicamentos, ministrar e aplicar
qualquer substancia, levar remédio ao doente hospitalizado ou
sob cuidados médicos, fazer diagnóstico e etc.
A casa espírita é um hospital espiritual, ou seja, os atendimentos
médicos são unicamente da espiritualidade, aos métodos deles. Não
devemos ser pretenciosos a ponto de achar que estar na casa nos dá
esse poder, que poderia levar todo o trabalho ruína abaixo.
O entrevistador – sua moral e conhecimento doutrinário:
O entrevistador deve enquadrar-se no conceito que Allan Kardec
descreveu no livro O Evangelho Segundo o Espiritismo:
“Se reconhece o verdadeiro espírita pela sua transformação
moral e pelo esforço que faz para dominar suas más inclinações.”
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Para tal, se faz necessário tornar-se um conhecedor dos
princípios basilares da Doutrina, como por exemplo:
• Reencarnação, comunicabilidade dos espíritos no mundo
corpóreo, emancipação da alma, enfim, conhecer os livros de Kardec
– o codificador da doutrina – e outras obras auxiliares.
O conhecimento expansivo da literatura espírita é fundamental,
para que nos momentos de atendimento, do diálogo, ele possa lembrar
que em tal situação, ele leu algo relativo a esse assunto, para que o
seu Apoio Fraterno nunca seja “Eu penso assim e nesse caso os
espíritos nos informam”.
Discriminação em face às informações dos entrevistados:
O acima exposto infelizmente ainda é uma realidade,
principalmente em torno das pessoas que falam dentro do
entendimento da Umbanda e seus pretos velhos.
Eles estão pretos velhos, mas não são pretos velhos. Eles podem
muito bem-estar aqui com a epiderme branca e olhos azuis.
Independente de tudo, a lição é que a Doutrina Consoladora de Jesus
jamais poderá discriminar, principalmente outros ideais religiosos.
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Além disso, a discrição deve ser constante na vida do espírita e
muito mais quando ele assume função de entrevistador.
Como entrevistador, a pessoa ficará a par dos problemas e
dramas da vida alheia, por isso uma necessidade ainda maior de
discrição, visto que é necessário haver um elo de confiança entre o
paciente e o entrevistador para que o atendimento seja feito com
maior eficácia.
O silêncio e a reflexão do entrevistador dão oportunidade aos
bons espíritos de concorrerem com sua parcela de ajuda para a
equação e talvez até apresentar a solução para os problemas
apresentados.
A discrição defenderá o entrevistador de possíveis perturbações
no decorrer do tempo.
O envolvimento emocional do entrevistador:
É recomendado que os atendentes e entrevistadores procurem se
preparar, educando a emoções, equilibrando o sistema nervoso,
cuidando do repouso físico e da economia das forças físicas e
psíquicas.
No diálogo com os necessitados, deve-se evitar a estupefação e
admiração incontidas diante da narração dos fatos. Interessar-se pelos
mesmos, sim, mas sem pieguismo e sentimentalismo. Ouvir mais do
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que inquirir, perguntar, interessar-se, mas manter neutro às emoções e
vibrações do entrevistado.
O valor do estudo doutrinário e da frequência regular ao
centro:
O estudo metódico e sistematizado da Doutrina amplia o campo
mental do trabalhador e aumenta seu acervo cultural,
consequentemente aumentando-lhe o potencial intuitivo e de
inspiração. Habilidades essas indispensáveis para a ação eficaz dos
técnicos da espiritualidade no trabalho de Assistência Espiritual.
Através da frequência regular ao Centro Espírita, estabelece-se
uma espécie de envolvimento magnético/espiritual entre o
entrevistador e a aura espiritual da Casa, possibilitando o trabalho da
equipe espiritual.
A necessidade de harmonia:
A harmonia é a base de todo trabalho construtivo, quando
realizado em equipe então, a necessidade é ainda maior.
É preciso lembrar que o apoio que a equipe espiritual fornece é
diretamente proporcional a harmonização e renúncia de opiniões
pessoais da equipe, que deve fixar-se exclusivamente nos objetivos
em questão.
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Combate à superstição (passe em objetos materiais):
Haverá momentos em que as pessoas aparecerão pedindo para
que roubas, objetos e até mesmo fotografias recebam passes. São
casos raros, mas existem e tem fundamentos, visto que era uma
prática conhecida na época de Jesus e muito vista em umbandas.
Esses casos exigem muito tato na abordagem do assunto. É
preciso o uso do bom-senso para não ofender a pessoa e para fazer o
bem apesar das superstições.
Um jeito de sair da situação, seria aconselhando a pessoa da
seguinte maneira:
-Meu irmão, ponha a roupa em seu colo, nós aplicaremos o
passe em você e você irá mentalizar o doente. Quando você retornar,
não precisar mais trazer a roupa, poios o seu intermédio e ação do
pensamento são o suficiente para que ele seja beneficiado.
Necessidade do tratamento em conjunto (médico e
espiritual):
O assistido deverá ser orientado, quando necessário, a também
buscar assistência médica.
Principalmente nos casos de obsessão mais aprofundada, pois os
obsessores sugam as suas energias físicas. Esse entendimento deve ser
estendido também nos casos de distúrbio físico.
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Isso pode despertar a seguinte dúvida: mas então qual é o papel de
socorro via passe?
Resposta:
O tratamento espiritual sempre será atuante e valoroso,
mas nunca devemos esquecer o ensinamento dos mentores espirituais
ao dizer: “a medicina existe na terra para servir o homem.”
Chico Xavier, em toda sua magnitude, sempre buscou os
serviços da medicina terrena durante toda a sua vida.
Tudo isso nos leva a percebe o quão é importante é a Doutrina
Espírita, que nos permite compreender a íntima relação dos
problemas: Espírito, Mente e Corpo.
Esclarecimento sobre a água fluídica:
Para esclarecer a seguinte questão, vejamos a opinião de
Emmanuel no livro “O Consolador”, questões 103 a 104:
“A água pode ser fluidificada de modo geral e em beneficio de
todos, todavia, pode sê-lo em caráter particular para determinado
enfermo, e neste casos, é conveniente que o uso seja pessoal e
exclusivo”.
Podemos utilizar o recurso fluidoterápico da água, mas com
critério, sem estendê-lo a todas as situações, de modo a evitar o
misticismo e fanatismo.
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O tempo da água benta já passou.
Pontos essenciais na orientação espiritual:
O nosso principal objetivo é despertar e implantar a fé e a
confiança nas criaturas. Pois é exatamente este medicamento – fé e
confiança – que está faltando.
Precisamos, portanto, seja como atende ou entrevistador,
cuidarmos das qualidades mínimas e essenciais para poder ajudar.
Qualidades essas que constituem nosso patrimônio espiritual,
que distribuiremos aos nossos irmãos que se aproximam do Centro
Espírita buscando orientação espiritual.
Ninguém pode dar aquilo que não possui, portanto, para que a
orientação se processe com êxito, é preciso que que nos encontremos
preparados e orientados, para assim podermos ajudar.
Evitar promessa de Cura:
Não podemos e nem devemos prometer a cura a qualquer pessoa
que se encontre com problemas físicos, mentais ou espirituais.
O entrevistador deverá orientar os necessitados a iniciar com
esforço próprio o melhoramento de seus próprios pensamentos e
atitudes, saindo do negativismo para o positivismo no tratamento
espiritual.
Eis o preceito: ajuda-te a ti mesmo que o céu te ajudará.
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Terapêutica complementar – atividade assistencial:
Não existe nenhum coadjuvante melhor para qualquer
tratamento do que quando o necessitado sente os primeiros sinais de
melhorar, sentindo-se útil e com necessidade de se colocar a trabalho
digno em favor de seu semelhante.
Nos departamentos da sua Casa Espírita, ou no dia-a-dia do seu
próprio trabalho, a caridade pode ser feita em qualquer lugar, desde
que haja a boa vontade.
Quanta caridade há naquela babá que proporciona segurança
àquela mãe que trabalha fora e sente que o seu filho está sendo bem
tratado. Quanta caridade naquela médica ao interessar-se pela dor
daquele doente.
Esses exemplos mostram que devemos incentivar as criaturas
que estejam se submetendo à orientação espírita, que se disponham o
mais breve possível a algum assistencial, não apenas na Casa Espírita,
mas também nas coisas que estão a sua volta: no trânsito, no seu
ambiente de trabalho, em seu próprio lar.
Devemos sempre lembrar dos ensinamentos do Cristo, que
nunca nos disse “Fora do espiritismo não há salvação”, mas sim:
“Fora da caridade não há salvação” – O bem cobre uma
multidão de pecados. A moeda que paga o mal que fizemos, é o bem
que praticamos ao nosso próximo.
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Como interpretar a higiene mental:
Os nossos irmãos enfermos e perturbados estão sempre
correspondência – sintonia – com aquilo que no momento lhes está
sucedendo, numa permuta contínua de vibrações negativas de dogmas
perturbadores e etc.
A mudança urgente do comportamento mental deverá, sem
dúvida, beneficiar essa pessoa, pois alterando-se a sintonia, estará se
elevando e ao se elevar está se libertando dessas chagas mentais que o
aprisionam.
A influência do pensamento na vida humana é indiscutível,
criando reflexos negativos ou positivos, segundo o rumo que lhe
dermos.
O fanatismo em torno dos médiuns em geral:
O endeusamento do médium, é, sem dúvida, um dos mais
funestos escolhos da mediunidade. É uma das coisas que mais traz
prejuízos aos médiuns, atingindo-os duramente, a curto, médio ou
longo prazo.
Mais do que todos os escolhos, o endeusamento é o ópio dos
médiuns, podendo fazê-lo resvalar, inapelavelmente, nos desfiladeiros
da vaidade, da presunção e do orgulho. Tudo por falta absoluta de
estudo evangélico e doutrinário, cuja ausência constitui sérios danos à
prática mediúnica.
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O intercâmbio mediúnico é acontecimento natural e o médium
nada mais é do que um ser humano como qualquer outro. Na
mediunidade, o fenômeno constitui o envoltório externo que reveste o
fruto do ensinamento.
Necessidade da leitura do Evangelho Segundo o Espiritismo:
Ler, mas principalmente vivenciar os ensinamentos contidos no
Evangelho é uma necessidade fundamental, pois nele está contido as
leis morais exemplificadas por Cristo.
Passar da fase de tê-lo em nossa periferia para tê-lo incorporado
em nosso ser. Eis uma terapia de grande valor nas enfermidades a que
estamos sujeitos.
Devemos recomendá-la a todos os enfermos do corpo e da alma
que nos procuram em busca de orientação. Pois a leitura desse livro
sempre oferece uma mensagem de paz, de esperança, de otimismo,
ajudando no processo de refazimento e reequilíbrio físico e espiritual.
Não é a toa que é também conhecida como “A Doutrina
Consoladora”.
Como orientar problemas de desvio de comportamento:
Para orientarmos alguém com problemas de desvio de
comportamento, precisamos vigiar as palavras para não sermos mal
interpretados.
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Caridade não é rebaixamento do nosso nível, mas elevação do
companheiro desajustado. Tolerância não é ceder às imposições
apaixonadas de espíritos desequilibrados, mas esforço para
reequilibrá-los pela mesma pauta que nos beneficia a alma.
Ajudemos sem desajustar-nos. Atendamos sem decair.
A necessidade da disciplina no trabalho espírita:
É necessário que se aprenda a obedecer ao culto das próprias
obrigações. Se não acreditamos na disciplina, observemos um carro
sem freio” – como nos fala André Luiz, na obra “Ideais e Ilustrações”.
Assim pois, no trabalho de nossa própria renovação, não
podemos desprezar nenhuma das nossas manifestações pessoais,
disciplinando-as, até com rigor, sem o que, dificilmente marcharemos
para a vanguarda da luz.
O valor do evangelho no lar:
Todos falamos enaltecendo o valor da realização do Evangelho
no Lar, porém, somente quem vence todas as barreiras das
dificuldades e consegue implantá-lo em seu lar é que pode sentir seus
benefícios com absoluta certeza e portanto, recomendá-lo a todos os
que sinceramente desejam transformar gradativamente o seu lar em
uma oficina de paz e amor.
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O entrevistador deverá orientar os necessitados, mostrando a
maneira correta de fazer o Evangelho no Lar, com toda simplicidade
cristã e oferecer uma pessoa da Casa Espírita que trabalhe nessa área
para acompanhar por duas ou três vezes essa implantação do
Evangelho.
Percebendo que determinada pessoa naquela casa atenha vínculo
com o Protestantismo, aconselha-se pedir a ela que leia tal capítulo e
versículo exposto no Evangelho Segundo o Espiritismo e compará-lo
com o mesmo capítulo e versículo na Bíblia. A pessoa possivelmente
observará uma profundidade maior de entendimento dentro do
Evangelho
Segundo o Espiritismo, que fala as mesmas coisas, mas de uma
maneira mais acessível.
Não esquecer que o comportamento correto das pessoas
envolvidas no Evangelho do Lar é honrar o compromisso individual
de cada participante de manter o padrão vibratório elevado até o
próximo Evangelho no Lar.
Como estabelecer um elo de confiança com o entrevistador:
Lamentavelmente, e por razoes políticas, casas que estabelecem
atendimento em conjunto com mais de um entrevistador, não darão
oportunidade de confiança ou liberdade ao assistido.
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Se com uma só pessoa fica difícil para a pessoa falar de suas
particularidades, piorou tendo mais alguém ao seu lado.
Jamais se esquecendo que se a responsabilidade estiver em cima
de um só entrevistador, ele não só tem a função de conduzir o
atendimento, como também a de intuir seus irmãos.
Conhecemos isso quando determinada casa passou a adotar esse
sistema, falsamente alegando a necessidade de suprir o companheiro
que naquele dia não estivesse bem. A verdade era com fins de
investigação, foi um desastre.
Quanto ao assunto em questão, a vontade do Criador, em
essência, é para nós procurarmos ter as atitudes mais elevadas que
somos capazes de assumir, onde quer que estivermos, em favor de
todas as pessoas. Estabelecendo através dessa atitude elos
indissolúveis de confiança com os nossos semelhantes.
Essa atitude mais elevada que somos chamados a abraçar diante
dos outros é sem dúvida, a execução do dever que as Leis do Eterno
Bem nos preceituam para a felicidade real e geral.
Como agir perante as pessoa idosas:
Devemos agir perante as pessoas idosas da mesma forma que
agimos junto aos nossos pais, quando na realidade os amamos e
respeitamos, tudo fazendo para que sintam através dos nossos gestos e
cuidados, esses nossos sentimentos.
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Cumprimentá-los afetuosamente, auxiliá-los cordialmente a se
locomoverem para as salas de entrevistas e de passe.
O valor terapêutico do passe:
Os benefícios que os passes nos proporcionam são efetivos na
restauração de energias.
Devemos explicar ao necessitado que o passe espírita – quando
bem aplicado – limpa a nossa aura espiritual, muitas vezes
impregnada de fluidos pesados, oriundo de ambiente diversos ou por
nossa vigilância nas atitudes diárias.
Devemos explicar também que devido a constância desses
fluidos, os mesmos poderão acarretar em doenças física, nervosismo e
etc., afetando intensamente o campo do psiquismo.
“Assim como a transfusão de sangue representa uma renovação
das forças físicas, o passe é uma transfusão de energias psíquicas” –
(Emmanuel – questão 98 da obra “O Consolador”).
Orientação sobre os desajustes familiares:
Deve-se explicar aos necessitados que a caridade deve começar
no lar. Informar sobre o cultivo da harmonia através das pequenas
coisas, tais como: o cumprimento das obrigações diárias com alegria e
otimismo.
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Um sorriso e uma palavra amiga não custam nada a ninguém.
Esclarecer que os desajustes familiares deverão ser corrigidos com
amor, conforme a regra áurea do Cristianismo: “Amai-vos uns aos
outros”.
Esclarecimentos sobre o valor da fé:
Esclarecer que a fé remove as montanhas das dificuldades.
Mostrar-lhes que todas as pessoas são iguais perante Deus, e se
confiarem nas próprias forças poderão mudar o rumo das coisas.
Lembras as palavras de Jesus: “Tudo que faço, podeis fazer, e
mais ainda”.
Orientação sobre problemas sentimentais:
Nesses casos, o entrevistador deverá conservar-se neutro, pois
tais assuntos geralmente são muito delicados.
O entrevistador deve, contudo, orientar os entrevistados para a
necessidade de confiarmos em Deus, capaz de nos ajudar a decidir
entre o coração e a razão. E assim, com equilíbrio espiritual, não
magoar e nem afetar o semelhante.
Para isso, é importante a meditação espiritual, a reflexão serena
e a confiança em Deus e no seu infinito amor.
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A orientação sobre os pedidos a distância:
Sempre que o entrevistador receber um pedido para alguém que
está em casa necessitado de ajuda espiritual, deverá anotar o nome,
endereço e idade numa folha de papel, entregando ao responsável pela
vibração ou pela reunião mediúnica.
Recomendar à pessoa que fez a solicitação acima para orientar o
necessitado, assim que puder se locomover, para comparecer ao
Centro Espírita a fim de receber o benefício direto através do passe e
da mensagem do Evangelho, que constitui uma fonte de benção e paz.
O valor da oração diário em casa:
Assim como limpamos a nossa casa no aspecto físico,
deveremos igualmente ornamentá-la com as flores do amor através da
prece, a fim de que os bons espíritos possam visitar e permanecer
conosco.
A oração é a luz da defesa do corpo e da alma.
Por que continuar no centro espírita após concluído o
tratamento espiritual:
Deve-se esclarecer aos necessitados que a frequência regular ao
Centro Espírita é uma forma de manutenção do benefício que
recebemos do mundo espiritual, tornando possível ampliar o nosso
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campo do conhecimento e preparar futuros obreiros da Seara Espírita,
onde existe tantas lágrimas para enxugar.
Todavia, deveremos respeitar o sentimento religioso do
necessitado, pois em alguns casos, trata-se de pessoas comprometidas
com outra religião e proselitismo deverá ser evitado.
Atitude do entrevistado na câmara de passes:
Explicar ao entrevistado, se necessário, que na câmara de passes
deverá ficar em prece mental e não fazer perguntas aos médiuns.
Não se preocupar com qual médium irá receber o passe e
permanecer com os nervos e músculos relaxados, evitando o
envolvimento com entidades espirituais.
Se necessário, abra o olho, desconcentre-se, respire fundo. Não
é o momento de se receber entidades, independente de quem seja.
Técnica da entrevista:
O entrevistador deverá ouvir e orientar o entrevistado, dentro da
ótica espírita, conservando sua neutralidade, falando com otimismo,
mas evitando o fanatismo. Deve ser agradável, atencioso e paciente
para estabelecer o elo de confiança junto ao necessitado.
Nunca ter a pretensão de tornar o necessitado em espírita, mas
sim em um Cristão, antes de qualquer outra coisa.
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Conceito de tratamento espiritual e milagres:
Muitas pessoas esperam o milagre através do passe e da água
fluidificada. Deve-se relembrar essas pessoas das palavras de Kardec:
“Milagres são atos da potência divina contra as leis comuns da
natureza”.
O trabalho da recuperação do corpo fundamenta-se na
reabilitação do espírito. Os espíritos realizam o trabalho de natureza
cientifica, no campo da medicina espiritual, onde não há lugar para o
milagre.
O entrevistador deverá sempre estimular o otimismo do
necessitado para despertar o potencial psicológico.
Hipocondria, clichês mentais e ideias fixas:
Devemos nos conscientizar de que muitas pessoas têm mania de
doença, e através desses pensamentos negativos, acabam por cultivar
as enfermidades e jamais encontram soluções para o problema.
Na realidade, trata-se de um fenômeno psicológico que poderá
transformar-se em um problema fisiológico e talvez até obsessivo
alimentado pelo psiquismo da própria pessoa.
Geralmente essas pessoas promovem a automedicação por
influência de propagandas comerciais ou receitas indicadas por leigos,
agravando ainda mais os desequilíbrios psíquicos, com consequências
desagradáveis para a economia orgânica.
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Para esses problemas, o diálogo fraterno tem papel construtivo e
fundamental.
Influência espiritual e desenvolvimento da mediunidade:
Quando o paciente diz ter depressão, angústias provocadas por
problemas sentimentais, ou ainda insônia e desinteresse pela vida,
recebe a tradicional orientação de espíritas não preparados:
“Você é médium e precisa desenvolver ou participar de
trabalhos mediúnicos”.
Essa orientação é feita também, muitas vezes – e erroneamente
– a pessoas que dizem ser nervosas e que tem crises de choro
constantes, ausência de vontade de sair de casa e etc.
Algumas pessoas desinformadas, ainda falam o seguinte
absurdo:
“Se você não desenvolver, vai piorar e você pode até
enlouquecer.”
Trata-se de uma orientação imprudente, incoerente e
comprometedora, que só poderá aumentar o quadro de perturbações.
Mesmo que exista evidência mediúnica ostensiva ou de certa
grandeza, essa pessoa precisa de carinho como forma de tratamento e
não de orientações errôneas.
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Reservando para o futuro a conversa sobre estágios em grupos
de estudo sobre mediunidade, com os exercícios metódicos dirigidos
por uma pessoa competente.
Embora essas sejam algumas das características de identificação
de mediunidade, não se pode afirmar necessariamente a existência de
obrigação espiritual na área da mediunidade ostensiva, até porque em
muitos casos após resolvido o problema obsessivo, esses sintomas se
silenciam.
O entrevistador jamais deve esquecer que mediunidade é o sexto
sentido que está aflorando na humanidade, não adianta querer ou não
querer, faz parte da natureza humana, assim como os outros cinco
sentidos que todos nós já dominamos.
O atendimento às crianças:
Evidentemente, o entrevistador não irá manter um diálogo com a
criança em nível de adulto. Geralmente são os pais e/ou responsável
que falam pelas crianças.
O entrevistador deve recomendar aos adultos para que perto das
crianças tenham atitudes otimistas e palavras ajustadas ao bem.
Explicar sobre a necessidade do diálogo e o exercício da paciência
construtiva.
Dependendo do problema o entrevistador deve oferecer toda
retaguarda de ajuda disponível na Casa Espírita.
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O valor da medicina convencional (terrestre):
A medicina é benção divina junto aos que sofrem, por esta
razão, Deus permitiu ao homem descobrir a anestesia.
Nunca se deve subestimar a medicina convencional, julgando a
medicina espiritual como superior.
O intercâmbio científico entre os dois planos é programa divino,
existindo uma solidariedade entre os médicos da Terra e os médicos
do Além através dos sentidos telepáticos, mesmo que inconsciente
para os humanos.
Lembrar sempre os necessitados que a fé não exclui a
previdência como nos adverte André Luiz no livro “Conduta
Espírita”.
Problema social e enfermidade:
Os problemas sociais fazem com que muitos necessitados
procurem a orientação espiritual oferecida nos Centros Espíritas.
O desemprego, por exemplo, é um problema social que provoca
desequilíbrio emocional e nervosismo.
Nesse caso, o passe se destina a tranquilizar o necessitado. É o
diálogo fraterno que tem o objetivo de orientar a pessoa.
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Além desse exemplo, outros exemplos de problemas sociais
podem ser entendidos como:
O homossexualismo, o adultério, o aborto e os desajustes
familiares.
Esses problemas geram enfermidades psíquicas, espirituais e
materiais, podem, em um momento de ira, nos fazer adquirir doenças
irreversíveis.
A assistência espiritual, nesses casos, tem o objetivo de
promover o reequilíbrio através de sua mensagem edificante.
Problemas coletivos – influência espiritual e perseguição:
Muitas pessoas procuram o Centro Espírita apresentando uma
neurose tradicional, resultado da subcultura: a mania de perseguição,
seja no trabalho, em casa ou em outros lugares.
Essas neuroses são tratadas na Casa Espírita como: influência
espiritual.
Como vemos, precisamos em nome do bom senso, combater a
“síndrome do encosto”, que é reconhecia pela mania de culpar sempre
os mortos pelos insucessos, como se a bondade de Deus começasse
para todos somente após o túmulo.
Devemos lembrar que o inferior não atinge o superior, e que o
remédio é o exercício do bem, pois a mecânica do intercâmbio entre o
corpóreo e o incorpóreo é problema de assimilação de vibração.
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Ou seja, deve-se procurar combater a preocupação de que todo
mal vem do espaço.
Ao (s) entrevistador (res), segue abaixo um pequeno universo
para reflexão de suas atividades no seu dia de plantão:
Quem procura o Centro – situação e expectativa:
I. Espíritas ou pessoas interessadas em conhecer a Doutrina
Espírita, que naturalmente devem ser encaminhados aos cursos
que a casa dispõe;
II. Pessoas não espíritas, enfermas, sofredoras, desalentadas, com
um cansaço fora do normal, pessoas perturbadas que buscam
ajuda.
Para muitas dessas pessoas expostas no segundo caso, o Centro
Espírita representa a última esperança, depois de peregrinarem por
consultórios médicos, hospitais, templos crentes, templos de
Umbanda e outros recursos, sem conseguirem encontrar alívio.
São muitas e variadas as razoes que levam as pessoas não
espíritas ao Centro, destacamos as seguintes por serem as mais
comuns:
v Perda de pessoas amadas;
v Desentendimentos conjugais ou familiares;
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v Filhos problemáticos;
v Desequilíbrios nervosos, psíquicos ou espirituais;
v Alcoolismo ou uso de tóxicos;
v Enfermidades renitentes ou doenças não diagnosticadas;
v Interesse em desenvolver mediunidade como uma solução para
problemas psíquicos;
v Desemprego e problemas econômicos;
v Ansiedade, angústia, dor.
Por isso que o espírita militante deve ser comedido nas atenções
e relacionamentos. É muito importante que os necessitados recebam
orientação segura e adequada para reencontrarem o equilíbrio e a paz.
A diferença entre entrevista e encaminhamento:
Entende-se por entrevista, um diálogo através do qual se poderá
verificar as necessidades e expectativas das pessoas a fim de orientá-
las ou, se necessário, encaminhá-las a outras assistências adequadas
oferecidas pela casa.
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O valor do diálogo fraterno:
Através do diálogo fraterno, o necessitado tem a oportunidade
de desabafar junto a alguém que se interesse pelo seu problema, esse é
o início do processo de reabilitação.
O entrevistador deverá falar sobre a necessidade da disciplina
mental e da prece como forças positivas que protegem a saúde. Deve
também lembrar-se sempre de que o diálogo fraterno não é
doutrinação e por isso não deve provocar indigestão filosófica no
necessitado.
A entrevista deve ser realizada em lugar reservado, onde possa
estar apenas o entrevistador e o entrevistado. Se este desejar ou
necessitar de acompanhante, convém permitir a presença de apenas
uma pessoa.
É aconselhável que a casa prepare trabalhadores em número
suficiente, a fim de permitir que cada entrevistado tenha o tempo
necessário, sem pressa. Evitando a preocupação de que alguém esteja
aguardando atendimento.
Encaminhamento:
Finalmente, após ter conversado o suficiente para atender os
problemas do entrevistado, o entrevistador deve:
Ø Encaminhar o paciente ao trabalho de assistência em que melhor
se enquadre;
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Ø Explicar detalhadamente como se realizam os trabalhos para os
quais está sendo encaminhado;
Ø Se for necessário, encaminhar para outra equipe, explicar as
razões desse detalhamento;
Ø Observar a aparência física e se necessário, orientar o paciente a
buscar também na medicina, o fortalecimento do corpo. Corpo
abatido tem menor resistência às doenças físicas e espirituais.
Retorno para avaliação:
O atendimento não se resume a apenas uma entrevista. Todas as
recomendações serão colocadas aos assistidos nas várias entrevistas a
que deverá se submeter. Caso haja interesse do paciente ou que o
entrevistador julgue necessário.
É natural surpreendermo-nos dando continuidade ao apoio
fraterno após o sono. Muitos dos assistidos afirmam:
-Eu o vi, ou sonhei que esteve em minha casa e conversamos.
A cada retorno será necessário avaliar os resultados obtidos com
o tratamento.
• Houve ou não houve melhora? Ligeira ou acentuada?
• As instruções dadas foram seguidas?
• Existem fatos novos a comentar?
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Nessa avaliação, verificar a necessidade de continuar o
tratamento fluidoterápico por mais tempo, ou, em certos casos, fazer
encaminhamento a outras equipes.
Quando o assistido alcançar razoável equilíbrio espiritual,
psíquico ou físico, se for o caso, convidar para o estudo sistemático da
Doutrina, encaminhando-o para os cursos de iniciação ao espiritismo.
Oferecer a oportunidade de se engajar atividade em favor do próximo.
Existe um interesse e uma grande curiosidade para o campo da
mediunidade. Mas é preciso estar alerta para as pessoas que tem
imaginação fértil, demonstrando tendências de fixação mental, de
supraexcitação, cuja natureza reflete incompatibilidade para o
processo do desenvolvimento mediúnico.
O encaminhamento dessas pessoas para grupos mediúnicos
deverá ser feito após um trabalho de triagem, a fim de se constatar
condições favoráveis para um bom aproveitamento dessas reuniões.
Requisitos e atitudes necessárias a quem atende –
entrevistador:
Requisitos:
Encontrar-se em situação moral e espiritual equilibrada, já sentindo o
desejo de servir incondicionalmente, sendo de preferência maior de
25 anos, a fim de contar com mais experiência de vida e inspirar
maior confiança aos entrevistados;
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• Possuir conhecimentos evangélico-doutrinários suficientes para
orientar e esclarecer com segurança;
• Amor ao próximo, para estar disposto a ouvir, atender e ajudar
ao entrevistado.
“Ter sempre em mente: Se o conhecimento socorre por fora, só
o amor socorre por dentro. O conhecimento pode pouquíssimo,
comparado com o muito que o amor pode sempre” – André Luiz no
livro “No mundo maior”
Manter-se em oração e vigilância para:
• Buscar a inspiração dos bons espíritos que orientam a tarefa;
• Não se deixar envolver pelos problemas do entrevistado ou pelo
espíritos em desequilíbrio que eventualmente o acompanham.
Quanto ao ouvir:
Serenidade: Não se escandalizar com atitudes descontroladas,
aflições e confidencias do entrevistado. Até porque estamos
encarnados na terra, ou seja, somos todos imperfeitos;
Compreensão: Para com os sentimentos e reações das criaturas;
Respeito: À pessoa humana e seu livre arbítrio. Portanto, não se
deve censurar nem condenar;
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Discrição: Guardar sigilo em torno dos problemas do
entrevistado.
É importante saber auxiliar com simplicidade, sem
personalismo, sem demonstrações de sabedoria ou superioridade,
nem a presunção de resolver – Opinião Espírita – Cap. 38.
É importante, também, saber dizer “não sei”, “não posso”...
Através de um diálogo fraterno e amigo, ouvindo com atenção e
interesse, o entrevistador procurará analisa, à luz da Doutrina Espírita,
com muito tato e amor, os problemas que forem apresentados.
Objetivando o esclarecimento e o conforto espiritual do entrevistado.
Procurar levantar o ânimo, colocando esperança em seu coração,
orientando-o sobre o que fazer para se melhorar, suportar, superar ou
solucionar os seus problemas.
Posturas que o entrevistador deve adotar:
• Importância e necessidade de humildade, tolerância,
compreensão e amor;
• Substituir pensamentos negativos por outros positivos;
• Esforçar-se para se reajustar às leis divinas;
• Cultivar hábitos da prece diária;
• Dedicar-se a leitura edificante.
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Verificar sempre se o assistido está sob cuidados médicos.
Quando se tratar de enfermos físicos ou de perturbações espirituais
graves, esclarecer sobre a importância do tratamento médico
paralelamente ao espiritual, recomendando que procure um médico de
sua confiança, se ainda não estiver em tratamento. Além disso,
aconselhar o assistido a pedir revisão da receita médica, caso venha a
sentir-se melhor com o tratamento da casa espírita.
O entrevistador deve ir colocando ao longo da entrevista, os
princípios doutrinários, em pequenas doses e no momento certo,
conforme a necessidade de cada um, tais como:
v Tudo está certo, o Criador não erra;
v Cada um de nós está ligado a pessoas, trabalho, cidade e muitas
outras circunstâncias ligadas as nossas necessidades de
reajustes;
v Tudo obedece às leis divinas, justas e imutáveis – causa e efeito;
v O acaso não existe, o que existe é lei de afinidade, provas e
expiações;
v Com a reencarnação, temos a oportunidade de recomeçar,
reajustar e progredir perante às leis divinas.
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Outros entendimentos necessários ao entrevistador:
Entrevista de ajuda: A entrevista de ajuda é considerada
importante e de grande valia para os Centros Espíritas porque as
pessoas que procuram a casa, na maioria das vezes, encontram-se com
problemas psicossomáticos, comportamentais, psíquicos ou
orgânicos. Por isso há a necessidade de pessoas capacidade em
entrevista e apoio fraterno, para poder proporcionar uma ajuda
adequada. Para que essa ajuda adequada ocorra, o entrevistador deve
ter amor, conhecimento da doutrina e treinamento básico de técnicas
de entrevista, tais como:
v Saber ouvir, pois as pessoas têm necessidade de falar, de se
abrir;
v Desejo de ajudar, baseado no idealismo, na fé raciocinada, no
conhecimento da Doutrina, na autoconfiança. Procurando
direcionar adequadamente as palavras, gestos, posição, voz,
face, vestuário e etc;
v Empatia, colocar-se no lugar do entrevistado para atender e
superar a empatia.
Considerados os itens acima, o entrevistador já conseguiu
visualizar as necessidades do entrevistado e com segurança, – se
necessário – indicará e encaminhará ao socorro adequado:
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• Fluidoterapia;
• Evangelho no lar;
• Apoio mediúnico;
• Reuniões públicas;
• Trabalho assistencial.
Haverá casos em que ao trabalhador, caberá apenas o trabalho
de ouvir. Por isso é importante ter em mente que o objetivo do
trabalho não é a catequização, mas auxílio fraterno aos corações
necessitados.
Observar a importância de um Centro Espírita que tem frentes
de trabalho que absorvam em serviços regeneradores as pessoas
indicadas durante o atendimento de apoio fraterno.
Procedimento inadequado de um entrevistador:
Quando o entrevistador aconselha erroneamente ao dizer ao
paciente:
-Você tem mediunidade, precisa desenvolver.
1. Chavão muito comum em muitos companheiros espíritas
desavisados. Totalmente desaconselhável por 2 motivos:
Os problemas ligados à perturbação e a mediunidade estão situadas na
mesma área psíquica, havendo a possibilidade de um massacrar o
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outro. Por exemplo: uma pessoa em estado de perturbação pode ver
espíritos, falar com eles e até ser influenciada por entidades
espirituais, sem que isso o torne médium na expressão exata da
palavra.
Retomando o equilíbrio ou resolvendo o problema que afligia
aquela pessoa, tudo poderá voltar ao normal.
Observação: A mediunidade, no dizer do Codificador, é uma
faculdade que ocorre em número pequeno de pessoas. A perturbação,
no entanto, tem um número elevado.
2. Quando a assistência espiritual é feita em primeiro lugar, sem
tocar na questão mediúnica, a maior parte das pessoas resolve
seus problemas. Apenas uma minoria continua com sintomas de
ordem mediúnica. Naturalmente, todos os que procuram a casa
poderão permanecer, uma vez que a área de trabalho é grande e
pretendemos utilizá-los, também, ajudando no grupo de
sustentação e etc.
Procedimentos totalmente inadequados do entrevistador:
• Dar orientação mediunizado;
• Decidir questões pessoais ou íntimas do paciente;
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• Fazer trabalhos mediúnicos na presença do assistido;
• Prometer soluções;
• Aproveitar a presença do assistido para vender rifas ou pedir
donativos em nome da casa espírita;
• Dar informações obtidas nos trabalhos mediúnicos;
• Encaminhar pessoas perturbadas para cursos de mediunidade e
nem médiuns com excesso de desequilíbrios para trabalhos
mediúnicos;
• Dar receituário de qualquer espécie, intitulando o trabalho como
um trabalho de cura.
Do que foi exposto, ficou claro que o entrevistador não deverá
fazer colocações pessoais, do seu ponto de vista e sim abalizadas em
registros literários da filosofia e ciência espíritas, ou aqueles que se
enquadrem no conceito da moral espírita.
Quanto ao atendimento mais amplo, não há pretensão em
estabelecer um término, pois a todo momento que novos
conhecimentos forem obtidos, possam ser incorporados para serem
passados ao entrevistador. A fim de que ele mesmo faça sua própria
síntese, adaptando com suas próprias palavras e as expondo na hora
certa, no atendimento ao assistido no Apoio Fraterno.
É muito importante que, dentro das possibilidades, essas
colocações levem o assistido a pensar e refletir.
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Observação: O entrevistador terá, além desse universo de
informações, a todo tempo, um material de consulta e reciclagem.
Parte Segunda - Exemplos de atendimento
Primeiro caso -Senhor Wilson – inicia a mãe – não é porque foi minha filha,
ou pela queda que teve no portão do inferno, mas sempre foi uma
menina diferente. O senhor precisa ver o diário dela.
E depois de muito conversar, e sentindo que a situação era
favorável, eu digo:
-Muito bem. Mas me diga, como vocês eram em termos de fé?
E a mãe respondeu:
-Bem, eu e meu marido acreditamos em Deus, mas sem seguir
religião alguma.
-Escute-me, – disse eu – um vaqueiro conduz o animal e seu
filhote, mas chegando a um riacho e tendo necessidade de continuar a
caminhada, busca a compreensão do animal, convidando-o a
atravessar esse riacho. O animal recusa. Só resta uma solução ao
vaqueiro, até porque não há mais tempo a perde. Ele pega em seu colo
o filhote e o leva a outra margem. Assim somos nós – expliquei – o
Cristo nos leva em seu colo em alguns momentos para que nós, os
pais, o acompanhemos. Quase sempre, são espíritos valorosos que
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pediram a Deus a oportunidade de ajudar os seus pais a acelerarem-se
no progresso.
O pai se silencia e logo pergunta:
-Será que tive que perder a minha filha para enxergar isso?
E eu respondi:
-O seu psiquismo de homem intelectualizado não se fez apenas
nesta existência, todos somos viajores do tempo, mas no seu caso, o
senhor vem vivenciando há muito o intelecto e a autoridade. Quantas
existências teria o senhor, necessidade de novamente conhecer, para
visualizar o que consegue agora?
Segundo Caso -Senhor Wilson – diz a moça – o amor entre eu e o meu marido
não mais existe.
Em atitude introspectiva, dedicando-lhe muita atenção, eu digo:
-Prudência e paciência, amanhã é outro dia, dê um pouco mais
de tempo ao próprio tempo. Nunca devemos esquecer que somos o
arquiteto da nossa própria felicidade ou infelicidade.
Muito ainda conversamos e após analisar as possibilidades, eu
digo:
-Um casal em constantes desavenças combinaram de ir a um
determinado lugar e plantar uma árvore, se a árvore crescesse iria ser
um sinal de que eles deveriam continuar juntos, e não separados como
estavam. E assim eles fizeram: plantaram a árvore. O calor do verão
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ameaçava a vida daquela planta e durante a noite, às escondidas,
regavam, adubavam, aquecendo aquela vida. Um dia, repetiram os
mesmos gestos, mas em dia e em hora equivalentes, quando um
chegava com o adubo e o outro chegava com o balde d`água. Eles se
entreolharam assustados. As lágrimas não puderam conter e o
magnetismo daquele momento foi irresistível, unindo-os em abraços
mútuo.
Nota: Sempre na relação entre duas pessoas – marido e mulher –
um é mais espiritualizado que o outro. Nesse caso, é compromisso
divino, o que está na vanguarda espiritual deve zelar pelo outro,
adubando, regando aquela árvore que ainda está plantada em terreno
árido, para que esse cuidado do amor orvalhe esses corações para que
possam florir, crescer e produzir bons frutos.
• Joana de Cusa, esposa do intendente de Heródes, diz à Jesus:
-Mestre, o meu marido é infiel, muito difícil, por esse motivo,
quero servi-lo.
Jesus, com o olhar amoroso respondeu:
-Sirva-me a distância, exemplificando o meu evangelho em seu
lar. Ama-o ainda mais, o criador não colocaria em seus braços, uma
jóia a ser lapidada se não a achasse digna para tal.
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Quantos casais percebem que ainda se ama, quando a morte
apresenta-se para um deles.
O diálogo se estabelecia em torno de acontecimentos de difícil
administração. Em dado momento da entrevista, me fizeram a
seguinte pergunta:
-O que é bom e o que é mau?
Respondi:
-Minha filha, quando falo que tudo está certo e que temos que
dar tempo ao tempo, é porque não temos ainda a capacidade de saber
o que é melhor para nós. Tenha paciência, amanhã será outro dia!
Maria Santíssima nos deu o exemplo quando disse: Pai, faça sua
vontade e não a minha, pois eu mesma não sei o que é melhor para
mim.
Para que a entrevista não se alongasse tornando-se improdutiva,
precedemos o encerramento. Mas fica aqui para nós outro
entendimento, a seguir relatado:
“Lin Yutang vivia com seu único filho. Certo dia perdeu o seu
cavalo que lhe constituía arrimo de vida valioso e exclamou:
-Que azar!
Poucos dias depois, o cavalo regresso e trouxe em sua
companhia muitos outros cavalos.
-Que sorte! – exclamou novamente.
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Seu filho, excitado por ver tantos cavalos, desejou experimentar
todos com ansiedade, vindo a cair e quebrar uma perna.
-Que má sorte! – comentou ele novamente.
Poucos dias depois, estourou a guerra. E como o rapaz estava
com uma perna quebrada, não foi convocado.
-Que sorte! – exclamou ele.”
Diante do exposto, a reflexão deve ser da pessoa. É importante
que a mesma sinta necessidade em buscar o entendimento.
É natural que diante de um obsedado, os familiares esperem do
entrevistador algumas colocações, e a melhor maneira é ser franco
com eles. Nada de acusar os espíritos, mas sim dizer-lhes:
-Meus amigos, ele está assim porque é devedor. Enquanto não
mudar de atitude, possivelmente ficará a mudar de Centro Espírita,
mas não mudará o problema. O problema será resolvido quando
fizermos do inimigo o amigo, ou utilizando em conjunto a ajuda da
casa espírita ou quando chega o final do nosso débito.
Terceiro Caso -Venho buscar alguma ajuda de vocês, o meu problema é com o
meu filho, hoje com dezoito anos e como nos dá aborrecimento e
tristeza!
Depois de muitas atenções, eu pergunto:
-Como ele foi criado? Atendido em todas as suas exigências?
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-Sim, teve todas as suas exigências exigidas por nós – respondeu
a mãe.
Eu respondo:
-Minha filha, muito gosto é sinal de desgosto. Pela idade que
tem não há mais possibilidades das benditas chineladas, agora é só a
oração e dizer que a casa está criando normas a serem seguidas, por
todo o tempo em que ele estiver vivendo as custas dos pais.
Nota: Se ainda criança, nunca aplicar chineladas com ódio,
raiva, mas sim com energia e não agradar logo em seguida.
Quarto Caso -O senhor está me dizendo que é comum a mediunidade? –
perguntou o assistido.
Aqui cabe uma reflexão, qual a responsabilidade e entendimento
maior que um médium deve ter além de estudo e mudança moral?
Vejamos:
Mediunidade é o sexto sentido a ser aperfeiçoado pelo homem.
Exemplo:
Ao sair da prisão, desejando esquecer o passado tenebroso,
encontra o amor na pessoa de uma jovem e dedica-se a trabalho
humilde, de baixa remuneração, mas honesto.
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É nessa fase de reconstrução íntima e esforço regenerativo, que
os antigos comparsas reencarnados o encontram.
Começa o cerco, o assédio com propostas, ameaças e a sugestão
do êxito material. Como por exemplo quando passam a intuir aquele
caixa de banco a dar um desfalque, afirmando que não será
descoberto.
Tudo é tentado para afastá-lo do caminho de
recuperação. Eis o atendimento maior que um médium deve ter além
do estudo. Sua persistência na conduta moral.
Quinto Caso É comum chegar à Casa Espírita aquela pessoa sofrida, que logo
diz:
-Não suporto o sofrimento – e vai relatando. E logo digo:
-Responda-me por favor, como é que o ferro transforma-se em
aço?
Naturalmente, essa pessoa não sabe, então respondemos:
-O aço, para tornar-se forte tem que passar por alta temperatura.
Assim caminhamos nós, até tornarmos rígidos e fortes
psiquicamente. E isso acontecerá somente quando alcançarmos
estágio de maturação espiritual.
Ela começa a chorar e eu digo:
-Filha, quem nunca chorou, nunca saberá o valor de uma
lágrima. As lágrimas de hoje serão as rosas no nosso amanhã. O
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soldado no quartel, tem proteção, não fica exposto, mas não tem
promoção. Assim somos nós quando ficamos paralisados na inércia
do progresso do espírito. Quem sofre está crescendo. Os chamados
homens felizes estão estacionados em seu progresso. Sofre a natureza
no ar, na terra e no mar. Sofre o animal, sofre o homem. Os mundos
felizes já conheceram a dor.
E eu continuo:
-Você, minha prezada jovem, pode perguntar para que serve a
dor, e eu te respondo: para polir o diamante bruto que ainda somos,
podendo assim um dia vir a brilhar. Para sermos mais felizes é
necessário entender a dor e nesse caso é necessário que venhamos
a experimentar:
• Conflitos íntimos;
• Tentações;
• Obstáculos no lar;
• Obstáculos no trabalho;
• Um dia de solidão;
• Desânimo e aflições;
• Trabalho intensivo, oferecendo recursos de desenvolvimento ao
nosso psiquismo, que transcende à morte física.
-Se nada disso tivermos – continuei – que tristeza será, pois será
um motivo de preocupação, porque com certeza estaremos
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estacionados. Precisamos de lutas para alcançar o entendimento e o
desenvolvimento do psiquismo.
Como pode-se perceber, a prática principal do entrevistador do
Apoio Fraterno é ouvir, acalmar, informar, reativar o ânimo, a
coragem e oferecer momentos de reflexão, principalmente nos
conflitos de consciência.
Sexto Caso -O senhor dá ênfase na necessidade de humildade para aceitar
tal situação... mas eu me considero uma pessoa humilde! – exclama o
assistido.
Na tentativa de levar esse entrevistado à reflexão, eu disse:
-Vejamos o que Jesus comenta concernente à humildade:
• Exemplo 01: O humilde é aquele que venceu o amor próprio, a
vaidade, o egoísmo, o ressentimento e a mágoa. Portanto, ele se
assemelha a cobra que deixa cair sua casca que o impedia de ver a
verdade e sentir o amor.
• Exemplo 02: Conta-se em um convento, nas proximidades de
Roma, que certa freira estava notabilizando-se em virtude de seus
inúmeros dons espirituais, que iam desde a difícil profecia, até as
curas mais assombrosas. O Papa pediu a Felipe de Neri que visitasse a
religiosa e que lhe fizesse um relatório confidencial a respeito da
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entrevista. Montado em sua mula, confiando na misericórdia do Pai,
lá se foi São Felipe. Moído de cansaço, apresentou-se à abadessa e
solicitou que fizesse vir a sua presença a famosa irmã milagreira. O
Santo pediu-lhe que ajudasse a tirar as botas que se apresentavam
encharcadas e cheias de lama, com o que, amuada, a freira não
concordou. Estava habituada a considerações especiais dos visitantes.
Como poderia ela, tão cheia de graças, descer do altar em que se tinha
colocado? O famoso santo nada mais pediu, nem conversou. Montou
o seu animal e regressou à Roma, onde confidenciou ao Papa: Nada
existe com que se preocupar. Não há milagres naquele convento,
porque ali não existe humildade.
Assim sendo, Sr. Entrevistador, quando falta a prática do amor e
quando a problemática for familiar, na necessidade do perdão, da
humildade e entendimento, poderíamos fazer essas colocações que
tem profundidade muito grande de impacto e reflexão.
Principalmente se as palavras do entrevistador saírem do
sentimento, carregadas do magnetismo do amor.
Sétimo Caso -Estou saindo de uma penitenciária. Da prisão, escrevi para
minha mulher que estaria ausente por muito tempo e que se ela não
aguentasse a solidão, se os nossos filhos começassem a fazer
perguntas e isto lhe fosse muito doloroso, me esquecesse. Eu
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compreenderia se ela arranjasse outro homem e disse isso a ela.
Também acrescentei na carta que ela nunca mais me escrevesse. E ela
nunca mais escreveu.
Chegou o dia da relativa liberdade e perguntaram ao assistido:
-E você, está voltando para casa?
-É isso mesmo, - respondi – pois quando na semana passada me
concederam livramento condicional, escrevi à minha mulher de novo:
Existe na entrada da cidade onde moramos um grande carvalho. Se
você ainda me quiser de volta, amarre um lenço verde à árvore. Se
pelo contrário, não me desejes mais, não amarre lenço nenhum.
A jovem esposa, ao ler o que o marido havia escrito, exclamou
comovida:
-Meu Deus!
As pessoas, senhoras, senhores, moças e rapazes do ônibus,
ficaram todos sabendo da história. O veículo começou a se aproximar
da cidade. Todos olhavam pela janela. Por fim, surgiu o frondoso
carvalho.
Vingo parecia petrificado. De repente, levantou-se e os seus
olhos brilharam. O carvalho parecia uma árvore de natal. Havia nele
20 ou 30 lenços verdes. Era uma mensagem extraordinária de boas
vindas.
As pessoas do ônibus se puseram a gritas, chorar e dançar dentro
do ônibus. Vingo desceu e se foi ao reencontro de amor e da vida.
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Ás vezes, vale a pena sofrermos para saber que somos amados.
Ou então, para verificar que os profundos afetos não se
extinguem com as adversidades.
Oitavo Caso Nesses desesperos de pais que perderam filho (s), costumamos
contar uma lenda persa intitulada de “As Jóias”:
Um velho rabino ausenta-se da sua casa nos afazeres religiosos.
Nesse período da sua ausência, a esposa, preocupada, procurava um
meio para dar notícias ao marido por ocasião da sua volta.
O marido, retornando para casa, percebe a estranha fisionomia
da esposa, beija-a e pergunto pelos filhos.
Ela responde:
-Tudo está bem, não se preocupe, vamos conversar e depois
falaremos dos filhos.
-Aconteceu alguma coisa com eles? Onde eles estão? –
perguntou o marido, apreensivo.
-Meu marido – respondeu ela – não são eles o problema, sou eu.
Pois veja, foi deixado ao meus cuidados uma jóia que eu me afeiçoei
a tal ponto que não quero mais devolver.
O velho rabino então responde:
-Estou surpreendido com a sua atitude, como querer para você
uma coisa que não lhe pertence? Mulher, eu vou lhe ajudar a devolver
essa jóia.
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-Não precisa! – exclamou ela – Essa jóia é o nosso filho, o
criador o buscou.
Ah, doutrina espírita! Você é a Doutrina Consoladora que Jesus
oferecer a humanidade ao dizer: “Tenho muita coisa para vos dizer,
mas ainda não estão preparados para ouvir. Na hora oportuna
mandarei o espírito da verdade para vos esclarecer”.
Nono Caso -Venho até esta casa espírita em busca de esclarecimentos para o
meu caso. – diz o assistido – Vivo bem, sou muito bem aposentado,
não tenho compromissos maiores, tenho o tempo necessário para
utilizar e apreciar o varandão e a rede da minha casa. Mas tenho uma
inquietação que não consigo identificar.
Dentro as muitas coisas a dizer cabíveis para o caso, aqui estão
alguns exemplos:
v Enquanto o seu corpo descansa abusivamente, o seu espirito se
inquieta, porque sente que não está progredindo;
v O homem, durante sua existência física, é um emaranhado de
suas vidas anteriores, entrechocando-se como em uma guerra,
em um campo de batalha mental;
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v As flores que colocamos em um vaso de porcelana fenecem,
mas o contrário acontece se as semeamos em outros corações;
v Milhares de espíritos, como crianças, planejam a futura
existência e mergulham na carne cheios de planos, a fim de se
tornarem vencedores. Mas ao chegar na terra, embriagam-se
com seu dia-a-dia. Alguns caminham, mas ao chegar o calor do
meio dia, quando o suor se apresenta em abundância, eles
procuram refrescar-se à sombra da inércia. Outros, mais
determinados, continuam a caminhar, mas ao chegar o temporal,
a luta é maior ainda, aí eles se abrigam e não mais caminham.
Retornam a vida espiritual acabrunhados com a falência da
existência em questão.
Décimo Caso Alguém muito querida e confrade no ideal espírita nos procura e
apresenta o segundo dilema:
-Acabo de formar-me em pedagogia, estou desempregada e o
estado – governo – me acena com um emprego junto com os jovens
de rua. Entre eles, prostitutas e homicidas. Tenho três dias para
decidir-me se aceito ou não esse emprego. O meu sonho é fazer
doutorado. Tenho medo em não aceitar esse serviço e isso ser o meu
compromisso espiritual.
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Como vemos, o assunto nos leva a uma ajuda que deve fluir
estritamente pela experiência do entrevistador. É importante lembrar
que se estiver em sintonia com a espiritualidade, terá uma ajuda
intuitiva.
-Você vai fazer doutorado de imediato? – perguntei a ela.
-Não, estou pensando – respondeu a moça.
-Você tem três dias para aceitar o emprego?
-Sim.
-Aceitando o emprego, - indago eu – quantos dias até ser
chamada?
-Trinta dias – respondeu ela.
-Após incorporada ao serviço, você pode pedir a exoneração do
cargo, não é? – perguntei.
-Sim – respondeu ela.
-Como vemos, minha filha – eu disse – você tem muito tempo
para sentir se lá é a sua responsabilidade. Ore e espere a resposta.
-Quanto aos meninos de rua, - continuei – tenho algumas
experiências pessoais que foram vivenciadas no período de dois anos,
quando fazíamos trabalho com meninos de rua no Bairro do Porto aos
domingos e em outro momento, diariamente, com meninos do centro
da cidade. Esse trabalho era feito em um espaço oferecido pelo
Coronel Meirelles, na antiga Creche São Francisco de Assis e se
consistia em passe, curativos em machucados e lanches. Para
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conquistar o direito de obterem o lanche, tinham a responsabilidade
do bom comportamento, lavar a sua roupa e vestindo-a mesmo
molhada. O calor de nossa cidade contribuía para que houve uma
secagem rápida. Esse trabalho terminou quando essas crianças foram
encaminhadas a fazendinha, recentemente criada na época. Uma das
experiências oriundas desse trabalho, eu passo à você como estimula
para aceitar sem medo esse emprego:
-O espírito daquela mãe, que caminha junto ao seu filho rebelde,
ao observar o carinho com que era tratado, assim se expressa em uma
de nossas reuniões mediúnicas:
-Meus queridos, para o mundo é um monstro, mas para meu
coração de mãe é meu filho!
-Que linda amizade conquistamos do outro lado da vida –
observei – serão essas mães, hoje beneficiadas, que estarão nos
saldando quando adentrarmos à nova vida. E você, prezada jovem,
tem em suas mãos a possibilidade de conquistar muito apreço de
quem já partiu desse mundo e que diz: “Não temos mais o corpo
físico para atuarmos na vida física, só vocês encarnados poderão fazer
por nós. Que Deus os recompensem.”
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Décimo Primeiro Caso No exercício de Apoio Fraterno, determinado dia tivemos uma
experiência muito dolorida. Atendemos naquele dia uma senhora,
ovem ainda, em estado de avançada gravidez. Com muita firmeza ela
buscava apoio, uma aprovação ou algo assim. Um incentivo talvez,
para concretizar o seu plano de bordo.
Percebendo sua intenção, disse a ela:
-Os cânceres de útero quase sempre vêm em função desses
erros. Quem nos diz que esse espírito que retorna não venha a ser o
seu amparo único na velhice? As dificuldades de muitas mulheres de
engravidarem no hoje, estão em dificuldade dos ontem, como essa na
qual você se encontra.
Continuei:
-Dessa atitude poderá surgir um grande sofrimento logo mais,
caso esse espírito não encontre força no perdão, tornar-se-á um
obsessor em potencial. Há do outro lado uma verdadeira ânsia de
reencarnar-se, levando muitos desses espíritos a aglutinarem-se nas
paredes do útero, por ocasião do aborto, conseguindo no seu ódio
causar hemorragias que muitas vezes leva essa mãe à morte.
E ainda perguntei:
-Como saber se esse ser que volta não é uma mãe querida do
passado a solicitar a possibilidade de retorno e sente-se rejeitada por
quem já lhe deu a vida?
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Naturalmente, surge uma certa curiosidade para saber o final
desse atendimento.
Com muita relutância, ela aceitou o passe ministrado por nosso
intermédio. Na ocasião, dirigíamos palavras de conforto ao reencarne
nesses termos:
-Meu querido, que você esteja tranquilo. Fé em Jesus,
serenidade nesse momento difícil. Que Jesus permita que você retorne
ao nosso mundo, para dar continuidade ao seu progresso espiritual.
Essas palavras eram para o espírito, mas pensava em alcançar o
coração dessa jovem mãe.
Ao final do passe, essa jovem levantou-se e saiu
apressadamente, zangada. Nunca mais a vimo. Só Deus sabe. Queira
Deus que ela não tenha adquirido as consequências vindouras,
narradas por Henrique Rodrigues no livro “Contos que a vida conta”.
“Há alguns anos, fui procurado pelos avós de uma garota de
certa cultura. Ela vivia momentos de grande tensão, com estado grave
de depressão e angústia.
Havia terminado um romance de longa e no dizer de seus
parentes, além dos problemas psíquicos, apresentava- se agora com
uma doença grave, dita como incurável, embora fosse possível
conviver com ela.
Julgam os parentes ter se originado essa doença do trauma
amoroso.
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Nada mais me foi dito.
Com os aparelhos de bio-feed-back que temos, através de
relaxamento e condicionamentos, orientação de vida e passes, a jovem
apresentou melhoras tão notáveis que em pouco tempo voltou aos
seus estudos e atividades profissionais.
Uns seis meses depois, o pai da moça nos procurou para saber se
aquela terapia ou tratamento teria curado tal enfermidade.
Evidentemente, respondi que não. Embora ele me dissesse da
surpresa do médico que controlava a enfermidade, pelo seu total
desaparecimento.
Disse-lhe então que: o tratamento havia curado uma doente
daquele mal e não o mal. Porque existem doentes e doenças. Que não
me trouxessem ninguém com aquela enfermidade porque eu não
poderia curar ninguém.
Algum tempo se passou e a moça volta a procurar-nos. Sentia
dores na base da coluna, ou seja, na articulação sacro- lombar.
Perguntou-me se eu não poderia outra vez dar um jeitinho.
Dispus-me a outra série de sessões e senti uma estranha
necessidade de lhe dar um passe. Normalmente não tenho essa
sensibilidade, mas algo sucedeu naquele dia.
Ela deitou-se, porque os tratamentos com os aparelhos são feitos
nesse posicionamento. Fiz uma prece e ao aproximar minhas mãos da
região ventral vi nitidamente, sobre o seu ventre, com veios que
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penetravam para o interior do seu organismo, uma massa gelatinosa
de um grena quase preto, que pulsava com regularidade. Era um
mecanismo difícil de traduzir o fato por vias até então desconhecidas.
Percebi que era um ser do sexo masculino. Seria um mongoloide
se houvesse nascido e estava aderido ao organismo da moça por
magnetismo poderosíssimo. Terminei o passe e disse a ela que o seu
tratamento agora deveria continuar em outro lugar: um Centro
Espírita. O que não a agradou, evidentemente.
Disse-lhe também que o caso dela, agora era inacessível à
terapêutica dos aparelhos. Diante de alguma resistência em aceitar o
meu aconselhamento, fiz-lhe algumas perguntas:
-Você fez algum aborto? – perguntei.
-Sim, - respondeu ela – mas há algum tempo, justamente antes
de procura-lo pela primeira vez. Esperei, em vão, que o rapaz
assumisse. Não querendo enfrentar a sociedade, fiz um aborto, que
quase foi um parto, dado o número de meses transcorridos.
-Era um menino – afirmei.
-Como você sabe? – perguntou ela, surpreendida.
-Eu o vi hoje. Ele foi a causa da sua enfermidade passada e
curada, mas revertida agora, em algo que prenuncia uma situação
mais grave. Procure ajuda onde lhe possam dar. Vá ao Centro Espírita
que frequento. Lá a equipe de espíritos da casa e os fluidos de seus
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componentes talvez possam fazer algo por você e por ele, o
assassinado.”
Diante do exposto, o entrevistado do Apoio Fraterno poderá
perguntar:
-Como poderemos colocar em prática coisas tão literárias e de
longas exposições, como essas e outras já expostas?
É muito fácil, vejamos:
Toda pessoa espírita que se propor a ajudar alguém em coisas
que transcendem as físicas, para obter um resultado um tanto
satisfatório, necessita ter em seu psiquismo informações armazenadas,
para que a assistência espiritual possa trazer a tona de forma intuitiva,
a ser verbalizada sinteticamente.
Esse caso nos leva a considerar aquela hipótese de abortar os
que a ciência, previamente, sabe que são portadores de anormalidade,
sem que ela tenha conhecimento de que nesse tipo de aborto a
gestante tem maior riscos de vida.
O ser reencarnante, enclausurado por profundos envoltórios que
isolam sua consciência, somente nascendo e passando então a ser
aprisionado em um corpo, que representará sua jaula carnal, separar-
se-á fisicamente de seus progenitores. E nessa carência do exercício
da consciência, obterá lentamente o mecanismo que o auxiliará no
esquecimento e no abrandamento das causas dos infortúnios.
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O bisturi do médico que executou o aborto, e que sei agora,
também sofreu problemas graves. Extraiu a forma física do ser que
estava no ventre da mãe, mas não conseguiu, apesar de toda perícia e
cuidados com que revestiu o ato criminoso, remover a essência, a
causa daquela deformação.
Ás vezes digo a certas mulheres e homens que é preferível
carregar um obsessor no ventre por nove meses, cria-lo como filho e
até discipliná-lo do que ficar com ele atrelado em espírito ao nosso
ser, apanhando dele.
Um outro caso ocorreu em uma grande cidade, de um dos
nossos mais importantes estados, com um único filho de um casal.
Tudo levava a supor, ser aquele rapaz, a reencarnação de um antigo
desafeto ou inimigo de seus pais de agora.
Corria o ano de 1970, quando um dia fomos procurados por um
casal. Ele médico, de aproximadamente cinquenta e seis anos,
mostrando mesmo assim, os traços de grande beleza de outrora.
Haviam assistido a um curso nosso e aproveitando a existência
de familiares de Belo Horizonte, nos procuravam para uma
orientação.
O filho, um belo rapaz de dezessete anos, desde as suas
primeiras manifestações de inclinações e vontades, mostrava aversão,
um comportamento fortemente hostil para com os pais. Tanto que
vivia em companhia da avó materna.
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Esse rapaz não era como se poderia esperar, um antissocial,
muito pelo contrário, excelente aluno, dedicado aos estudos,
relacionava-se bem com os colegas e tinha um grande número de
amigos.
Mas inexplicavelmente, sua personalidade mudava quando em
presença dos pais, tornando-se agressivo, com agressivo, com atitudes
verdadeiramente odiosas. E isso, apesar dos esforços dos pais para
conquistar-lhe a simpatia, pelas atitudes sempre conciliatórias e
mesmo amorosas que lhe denotavam.
Disse-me o pai que um dia, no auge de uma irritação sem
motivo plausível, ele chegou a dizer que se pudesse, os mataria. Ouvi
tudo e esperei o rapaz que veio sozinho.
Depois de uma observação muito superficial, senti nele um
drama, algo muito triste, uma triste profunda. Percebi também sua
personalidade simples, tímida, com reações incompreensíveis às
simples menções dos pais.
Observei ainda, a sua sugestionabilidade, de um espírito fraco, e
pensei em agir mais como psicólogo. Mas ele era tão facilmente
sugestionável que resolvi tentar uma regressão de memória para ver
se descobria algo que pudesse ajudar-me no diagnóstico e tratamento.
Regressões não são fáceis de fazer, porque não depende do
hipnotizador, mas sim de predisposições do paciente.
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Finalmente, esse jovem escorregava como que para trás, para o
passado. Seria um inimigo de outra existência? Foi pensando nisso
que intentei a regressão, mas tive uma surpresa.
Sabia do dia do seu nascimento, não me sendo, portanto, difícil
calcular o dia de sua fecundação. E assim, tão logo entrou naquele
perídio de vida fetal, tentou encolher-se, manifestando uma aversão
profunda pelos pais.
Eu intentaria leva-lo ao possível relato de uma outra existência,
se ao encontrar-se na casa de aproximadamente quinze dias de
fecundação, não mostrasse, aos gritos, a existência de uma
consciência presente.
-Eles vão me matar! Eles vão me matar!– exclamou ele. Eles?
Quem? Reminiscência de outras vidas? Quem seriam então os seus
pais de agora? Até quando essa convicção iria?
Quando cheguei com ele a altura de um mês e meio de gestação
no ventre da mãe, algo me surpreendeu. Rindo como um certo
sarcasmo e em um acesso de alegria, gritou inesperadamente:
-Agora eles não podem mais me matar!
Despertando, ele não se recordava do que havia falado,
continuando com o aspecto grave para estudos posteriores.
Chamei os pais e mostrei a gravação. À proporção que ele
desenvolvia, observei o progressivo abatimento deles. Ao final, o pai
disse:
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-Então compreendo agora. E dizer que pensávamos que o tempo
havia apagado os fatos...
-Que fatos? – perguntei – Olhe que não basta um diagnóstico de
razões. É necessário um terapêutico, e se não me contarem pode levar
seu filho...
Há muitos anos atrás, ele era chefe de serviço médico de um dos
muitos institutos de previdência e ela, sua secretária. Solteiros, de
boas famílias, transavam, como se costuma dizer, com o que ninguém
tem nada a ver. Não queriam se casar, ela para não assumir a
responsabilidade de uma casa e ele concordava com ela. Moravam
com suas famílias e seus encontros eram apenas para alegria, festa e
prazer. Tinha ela então, trinta e dois anos e ele, trinta e sete.
Um dia, algo passou a preocupá-los. A menstruacão dela atrasou
e sabiam muito bem o que aquilo poderia significar.
Positivada a gravidez, o feto foi julgado inconveniente e
condenado à morte pela destruição da prova. Foi esse dia que o
espírito do filho percebeu sua destinação. Ele seria eliminado, daí o
seu grito:
-Eles vão me matar!
Note que a entidade reencarnada percebe ser o drama dos dois.
Não acusava apenas ela.
Por um mês e meio, a criança viveu no ventre da mãe, sentindo-
se um estorvo, um indesejável. Não se nutria de amor dos pais, mas
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de raiva, da irritação deles, pelo simples fato de já ter nascido no seio
da vida material.
Quando estava com quarenta e cinco dias de gerado, o pai,
aquele médico que havia jurado defender vidas e aliviar sofrimentos,
veio buscar a amada para o aborto que seria feito em uma clínica
clandestina na periferia da cidade.
Entretanto, não sabiam que aquele caso, por razoes
desconhecidas, havia subido à instância superior e que o julgamento e
condenação feitos pelos pais, havia tido a sentença reformada. Pois no
caminho da clínica, o carro foi violentamente abalroado por um
caminhão. No espatifamento do carro, a mãe sobreviveu com duas
pernas fraturadas, o pai com uma vista vazada pelo espelho retrovisor
e o canal seminal rompido, o que por pouco não lhe acarretou
impotência sexual. A mãe, recolhida a um grande hospital, ficou
imobilizada pela necessidade da redução das fraturas, ambos
impossibilitados de consumar o que objetivavam. Foi esse momento,
acompanhado, lance por lance, pelo filho nascituro, que aliviado
disse:
-Agora eles não podem mais me matar! Esse especialista e
espírita concluiu:
Quantas vezes fui procurado por pais para saberem das razoes
de incompatibilidade extremas oriundas dos seus filhos? Quantas
vezes tive que indagar do quadro mental dos que geraram, do clima
APOIOFRATERNO–CADERNO01/01 WILSONDACUNHA
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mantido durante a gestação, pela mãe em relação ao pai? Seria
sentimento de amor? Ou aversão?
Naquele ser, de quinze dias de vida no plano físico, uma
consciência presente registrava tudo. Não havia ainda um cérebro
formado, mas o espírito lá estava.
Nem sempre as incompatibilidades são originárias da vida
presente. Não raro, a causa dos desentendimentos não vão longe. Um
espírito superior, sempre perdoará.
Quem agrediu a vida, as leis divinas, deve, a partir do momento
em que se conscientiza disso, passar a trabalhar em favor da vida, na
sua multiplicidade de formas. A vida sabe compensar os movimentos
de agressão com os momentos de reajuste. O arrependimento vazio é
que nada compensa.
Transcrevo na íntegra um atendimento fraterno, assim
conduzido pelo entrevistador.
Décimo Segundo Caso: -Então, Dona Idalina, em que posso servi-la? – pergunta Lauro,
entrevistador do Centro para encaminhamento aos serviços de
assistência espiritual.
Lauro tinha diante de si uma senhora de aproximadamente
cinquenta anos, expressão infelizes, como se carregasse sobre os
ombros os males do mundo inteiro.
APOIOFRATERNO–CADERNO01/01 WILSONDACUNHA
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-Vim pedir ajudar. Sinto-me deprimida e angustiada. Variadas
enfermidades me afligem.
-Já foi ao médico? – perguntou ele.
-Passei por vários. Há meses tomo remédios inutilmente –
respondeu ela.
-Tem filhos?
-Três, todos casados – disse ela. -E o marido? – indagou Lauro.
-Está bem, embora preocupado comigo. Não tenho queixas dele.
É um ótimo companheiro. Estaria perdida sem seu apoio. O senhor
acredita que eu esteja sob a ação de espíritos maus? – perguntou ela
-Pode ser – respondeu Lauro –, mas geralmente as pessoas
superestimam essa influência. Nosso males originam-se muito mais
em preocupações e tensões a que nós mesmos nos submetemos,
favorecendo o esvaimento das energias psíquicas. A partir daí podem
surgir enfermidades e perturbações, e até mesmo os envolvimentos
espirituais.
-Por que o tratamento médico não resolve? – perguntou ela.
-O médico cuida apenas dos efeitos. Persistindo as causas,
renovam-se incessantemente os males – respondeu Lauro.
-O que pode ser feito?
-Uma transfusão de energias magnéticas. Se a pessoa está com
anemia, pode recompor sua vitalidade recebendo sangue doado. O
mesmo ocorre no campo psíquico. Com toda boa vontade de
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doadores, no chamado passe magnético, podemos retemperar as
energias psíquicas, recuperando o equilíbrio – explicou ele.
-Qual a minha participação?
-A senhora virá semanalmente às reuniões. Acompanhará
atentamente as palestras. Depois irá se submeter ao passe, confiando-
se à oração.
Assim aconteceu. Durante várias semanas Idalina cumpriu com
fidelidade dos que sofrem, a prescrição que a ajudaria a superar o
sofrimento. Eventualmente, voltou a conversar com Lauro.
-Tudo bem, dona Idalina? – perguntou ele. -Melhorei um pouco
– respondeu ela.
-Persevere. Esses problemas são assim mesmo. Não se instalam
do dia para a noite, assim como não desaparecem da noite para o dia.
Demanda tempo.
No desdobramento das reuniões, a sofredora senhora ouvia as
considerações dos expositores, destacando insistentemente a prática
de caridade como o remédio ideal para os males humanos.
A instituição mantinha vários serviços assistenciais,
favorecendo aos frequentadores a possibilidade de colocar em prática
os conceitos ouvidos.
Idalina foi conhecê-los. Interessou-se pelo albergue, onde o
atendimento era feito por voluntários. Combinou com o marido e
ambos passaram a colaborar em duas noites por semana.
APOIOFRATERNO–CADERNO01/01 WILSONDACUNHA
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Passaram-se alguns meses e sem que se desse conta, os males de
Idalina foram lentamente desaparecendo. A angústia que a oprimia
perdeu espaço em seu coração, agora tomado pela disposição de
colaborar nas atividades da instituição.
Algum tempo depois, sorridente e feliz, aproximou-se do
atendente:
-Que papelão hein seu Lauro! – exclamou ela.
-O que foi, Dona Idalina? – respondeu ele, surpreso – Fiz algo
errado? Penitencio-me desde já...
-Não foi propriamente um erro, mas uma omissão – respondeu
ela.
-Omissão? – indagou ele, um pouco confuso.
-Sim. Omitiu-me o melhor tratamento: o serviço no Campo do
Bem. Estou tão feliz em servir que nem me lembro mais de meus
males. Por que não me disse nada sobre isso antes?
-É que se eu lhe recomendasse de início, a senhora teria a
impressão de que estávamos a cobrar por um benefício. Talvez até o
fizesse, mas simplesmente como quem toma um remédio, sem
perfeita consciência do significado desse trabalho. Deixando que a
iniciativa fosse sua, com base no conhecimento adquirido, o resultado
foi bem melhor. Não acha? – perguntou ele.
APOIOFRATERNO–CADERNO01/01 WILSONDACUNHA
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-Tem razão. Compreendo que o serviço em favor do semelhante,
é muito mais que mero remédio para a alma, mas sim a chave mágica
para a nossa felicidade.”
A Casa Espírita oferece o conforto espiritual, todo o amor, todo
o carinho, mas é absolutamente necessário a sua colaboração. O
entrevistado/atendente oferece ajuda, porém, o problema pessoal, só
você é capaz de resolver, se ajudar a si mesmo.
Do acima exposto, aproveito para lembrar que os aposentados,
na inércia do trabalho, atende à acomodação do físico, mas acarreta
insatisfação ao espírito que sente-se estacionado em progresso
espiritual. Eis os casos de insatisfação de muitos aposentados.
Décimo Terceiro Caso -Querido Pai-Velho, meu casamento é um martírio. Depois de
vinte anos convivendo com um homem insensível e violento, sinto-
me destruída emocionalmente. A situação se arrasta por pelo menos
quinze anos. Agora cheguei ao meu limite, não suporto mais esta
vida. Entre nós não há amor, tampouco companheirismo. Uma vez me
disseram que ele é meu karma e eu teria que aguentar. Diga-me, Pai-
Velho, o que devo fazer?
-É tia, a coisa está feia! Perdoe as palavras deste Negro velho,
mas acho que você é a maior responsável pela sua infelicidade. Em
um incêndio, minha filha, se a gente não se apressa em deter as
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chamas logo no início, depois que o fogaréu se espalha, fica muito
difícil.
E ele continuou:
-Se você afirma que tal situação de sofrimento se arrasta por
quinze anos, significa que você foi feliz no casamento por cinco anos.
Por que demorou tanto tempo para tomar uma decisão? Por que
deixou o fogo se propagar para depois tentar apagar as chamas? Você
se acomodou com a situação ou tinha alguma dependência dele? –
perguntou Nego-Velho.
-Acontece, minha filha, que vocês que estão no corpo demoram
muito para mudar de vida. Vão esperando... esperando... E depois
tudo fica mais difícil. Se é verdade que a fruta não deve ser colhida
antes de amadurecer, também é verdade que a demora excessiva para
colhê-la faz com que as mesmas apodreçam e não sirvam mais como
alimento. Nesse sentido, muito de vocês já estão começando a
apodrecer, no sentido figurado, é claro.
Ø Peço um aparte, no sentido de não engessar o entendimento em
torno da palavra “apodrecer”. Assim sendo convido para
atenção nos dizeres desse espírito em torno do aval da
espiritualidade quanto aos critérios quando se pensa em levar
avante a ação de separação. Eu sintetizo: avaliar e optar pelo
mal menor.
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-Como a minha filha mencionou sobre o karma – continuou Nego-
Velho – Pai Jacó gostaria de explicar que quando um karma está
gerando uma depressão no outro, quando o risco de um suicídio ou até
de um assassinato é eminente, vocês devem deixar o arma de lado e
fazer o que deve ser feito “escolhendo entre o mal menor”. Melhor
pagar um karma atrasado, do que complicar ainda mais a encarnação.
Nunca esquecer que cada caso é um caso.
Décimo Quarto Caso -Pai-Velho, há muitos anos sofri uma traição de minha esposa.
Foi um golpe duro, mas consegui perdoar. Apesar disso, o fato em si
me incomoda até hoje. Já se passaram quase dez anos e quando me
lembro do que aconteceu, é como se uma brasa acesa queimasse
dentro do meu peito. Como resolver isso?
-Nego-Velho gostaria de lembrar o irmão que os Espíritos não
possuem a atribuição de resolver os problemas dos filhos que
temporariamente estão encarnados. Muita gente procura os terreiros e
os centros espíritas com o objetivo de terem seus problemas
resolvidos, mas isso é uma ilusão. Quando eu estava amarrado no
tronco, recebendo as abençoadas chibatadas no dorso nu, ninguém se
ofereceu para tomar o meu lugar. Graças a Deus, ninguém tomou o
lugar de Pai-Jacó, porque naquela época, eu era possuído por um
demônio chamado orgulho e diariamente precisava ser submetido à
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sessões de exorcismo, através do tronco e da chibata. Se surgir na
vida de meus filhos, algum guia propondo resolver seus problemas, é
porque esse guia é meio desguiado. Ou seja, quero dizer que, apesar
do amparo da Espiritualidade, os filhos que mourejam no corpo, não
podem ser poupados de suas provas, justamente porque essas
provações é que vão lapidar o espírito de cada um.
Ele fez uma pausa, mas logo disse:
-Quanto a sua pergunta, aqui está a resposta:
-No entendimento deste Preto-Velho, o perdão representa
simbolicamente o extintor que apaga definitivamente essa tal brasa
que ainda queima dentro do seu peito. Isso significa que, se ainda está
queimando, é porque o irmão ainda não perdoou de verdade. No
fundo, você engoliu a traição. Tanto é verdade, que diariamente você
faz algo que muitos cônjuges que passaram por uma experiência
semelhante fazem: a cada discussão com a esposa, você faz questão
de lembrar, com riqueza de detalhes, o deslize da companheira. A
cada vez que faz isso, o irmão coloca o dedo em uma ferida que ainda
está aberta. Aliás, como vai cicatrizar, se o irmão não colabora?
Ele fez uma pequena pausa novamente, mas continuou: -E tem
mais! Ao longo do tempo, você vem usando a traição de sua esposa –
um único erro diga-se por passagem – para justificar suas escapadas.
Iludido, você pensa: Se ela me traiu, também tenho o direito de trair.
Pai-Velho gostaria de lhe dizer, que você é mais culpável do que ela.
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Pois ela agiu impensadamente, em um instante de desequilíbrio,
enquanto você trai sabendo exatamente o que está fazendo.
-Como se isso não bastasse – continuou Pai-Velho – a pesar de
um erro não justificar o outro, digo-lhe: Sua esposa só o traiu por
causa de sua indiferença e frieza. Por mais absurdo que pareça,
traindo-o ela só desejavam chamar sua atenção. Isso significa que
você também é responsável pelo erro cometido por sua companheira.
É como se você tivesse empurrado sua companheira para o equivoco.
Para finalizar, ele disse:
-Considerando tudo isso, talvez seja você quem tenha de pedir
perdão a ela e não o contrário. Perdoar não significa simplesmente
esquecer a ofensa recebida, mas sobretudo, compreender o erro do
outro, lembrando do fato acontecido – já que esquecer está
relacionado a memória – sem mágoas e sem desejo de vingança.
Sempre que puderem e conseguirem, os cônjuges devem se perdoar
um ao outro. Quem é capaz de perdoar, dá demonstração de
maturidade espiritual, até perdoar aquele que errou – independente se
foi ou não perdoado pela suposta vítima de seu erro – terá,
inevitavelmente, que responder pelo equívoco cometido.
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Décimo Quinto Caso -Querido Preto-Velho, tenho sofrido uma perseguição espiritual.
São muitos espíritos malévolos que me perseguem. A consequência é
que na minha vida nada mais dá certo. Desemprego, enfermidade,
desentendimentos familiares e etc. Por favor, me ensine uma
mandinga para que eu possa enfrentar esses espíritos do mal.
-Não opinião deste Nego-Velho, você tem um inimigo principal.
Digamos que ele seja mentor intelectual dos planos que estão sendo
articulados contra você. O nome desses inimigos é fantasia. Nego-
Velho vai explicar:
-Muitas pessoas, na tentativa de se eximir das próprias
responsabilidades e por não desejarem realizar em si mesmos a
renovação íntima, colocam a culpa de tudo que lhes acontece nos
maus espíritos. Antes de culpar os maus espíritos, vocês deveriam
fazer os seguintes questionamento a si mesmos:
• Será que a enfermidade do corpo não foi causada por maus
espíritos conhecidos como gula, fumo ou álcool?
• Será que a falta de um emprego, não é fruto da ação do inimigo
chamado falta de qualificação profissional?
• Será que a guerra familiar que eu experimento no meu lar não é
uma decorrência da presença dos fantasmas das clássicas
palavras: incompatibilidade, impaciência e intolerância?
APOIOFRATERNO–CADERNO01/01 WILSONDACUNHA
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-Às vezes, meu filho, o sujeito tem uma vida tão torta, que ele
não precisa ser vítima de nenhuma macumba para que na sua vida
nada dê certo; ele já sofre a influencia negativa dele mesmo. Outra
coisa importante, é dizer que os que estão encarnados, são espíritos
em evolução e talvez esses sofrimentos e desafios sejam apenas as
provas naturais da vida. E se o sofrimento bate com insistência a sua
porta talvez seja porque já tenha adquirido evolução espiritual
suficiente para experimentar esse ou aquele desafio.
E continuou:
-Na primeira hipótese citada, você não deve culpar os espíritos,
mas sim, mudar comportamentos. Na segunda hipótese, você deve
regozijar-se por estar tendo a oportunidade de liquidar seus débitos.
Meu filho, acho que tem lhe faltado fé e fraqueza. Mude o que pode
ser mudado e se resigne diante dos acontecimentos que não podem ser
alterados. Não se esqueça de que o sofrimento infelizmente é um
amigo bem-vindo, pois possibilita evolução espiritual. Não que
façamos apologia da dor, mas na maioria esmagadora das vezes,
somente depois de experimentar grandes sofrimentos, é que o espírito
desperta para as necessidades espirituais.
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Décimo Sexto Caso -Preto-Velho, faz muitos anos que sofro uma perseguição
espiritual. São três espíritos malandros e arruaceiros que sentem
prazer em criar situações constrangedoras em minha vida. O que devo
fazer?
-É filho, de fatos são três malandros e arruaceiros que o
perseguem. O problema é que em um passado distante não eram três
malandros, eram quatro, até que um deles reencarnou. Pai-Velho não
vai dizer mais nada... Vai deixar apenas você refletir.
Décimo Sétimo Caso -Tenho um câncer. Por que Deus fez isso comigo? Não aguento
mais esse sofrimento! Meu karma é muito difícil. Paizinho, eu lhe
peço, prepare algumas ervas para curar esse câncer.
-Mesmo que Pai-Jacó tivesse essa erva, não iria adiantar. Curar
o corpo sem a preocupação de curar a alma, apenas faz com que a
enfermidade mude de órgão, ou seja, a cura é fictícia.
Ele explicou:
-Nem todo sofrimento é um karma, muita das dores de nossos
irmãos encarnados não tem relação nenhuma com a encarnação
pretérita. Acrescento: se a causa não for identificada em ações
indevidas nessa existência, aí sim a causa pertence ao passado
existencial. Espiritualmente falando, tem muita gente que reencarna
para liquidar débitos e acaba mais endividada ao deixar a vida física.
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Em outras palavras, em cada reencarnação ganham um karma
novo. No seu caso, minha filha, você atraiu a enfermidade e continua
agindo de maneira a não deixar o câncer ir embora.
Nego-Velho explica:
-A filha guarda muita mágoa no coração, desde a juventude,
porque foi enganada por um sedutor e não lhe perdoou até hoje.
Somada a isso, a falta de uma religião e o desinteresse em conquistar
virtudes, contribuíram para que você se tornasse uma pessoa
inconformada. Habituou-se, ao longo dos anos, a queixar-se de tudo e
de todos. Além disso, a excessiva preocupação com a vida alheia fez
com que você se tornasse uma pessoa habituada a fofocas e
maledicências.
Ele continuou:
-Não fique zangada com Pai Jacó, não estou julgando – e nem
poderia – suas atitudes. Nego-Velho só ressaltou seus
comportamentos equivocados para explicar que você gerou o câncer
em si mesma. Essa enfermidade – no seu caso – não constava na sua
programação reencarnatória, portanto não é cármica e sim opcional.
Quero dizer que – por mais que pareça estranho – pelas atitudes
adotadas, você optou pela enfermidade, complicando voluntariamente
sua encarnação.
Ele ainda disse:
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-Raiva, mágoa, pessimismo, tristeza, maledicência, via de regra,
são geradores de enfermidade no corpo físico. Depois, não adianta
reclamar, porque uma vez a enfermidade instalada, haverá todo o
processo – em geral doloroso – para se ter novamente a saúde.
Décimo Oitavo Caso -Perdi um filho, Pai Jacó, um moço bonito e cheio de saúde que
foi vítima de um atropelamento. Na verdade, foi um assassinato,
porque o jovem que o atropelou estava embriagado. Maldito seja esse
jovem! Perdi meu filho por uma irresponsabilidade alheia... Depois
dessa tragédia, passei a ser favorável à pena de morte. Por favor, diga-
me algo para me consolar... Não posso viver sem ele!
-Como Nego-Velho vai consolar alguém que traz o coração
encharcado de ódio? Quando você diz “maldito seja esse jovem”, está
praguejando um enfermo. Desejar o mal do jovem assassino ou apoiar
a pena de morte vai reverter o que aconteceu?
Fez-se uma pausa. Mas ele continuou:
-Nego-Velho entende a sua dor de mãe, mas pense comigo... O
que aconteceu com o seu filho foi obra do acaso? Seria desatenção de
Deus? Preste atenção, minha filha! Se Deus é bom e justo, mesmo que
no mundo haja pessoas injustas, em verdade, considerando as Leis
Divinas, não há injustiça, em geral, liquida um karma, e quem
assassina adquire um. Caso você se esqueceu do ensinamento do
Nosso Senhor Jesus Cristo que diz:
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“Aprendestes que foi dito: amareis o vosso amigo e odiareis os
vossos inimigos. Eu, porém, vos digo: amai os vossos inimigos...”
-Isso não significa – explicou ele – que a “fia” tenha que ter esse
amor no coração pelo assassinato de seu filho, mas pelo menos,
desligue-se mentalmente desse irmão enfermo. Seu desejo de
vingança prejudica a você e a seu filho que, em verdade, você não
perdeu, já que a morte é apenas ficção, quando se acredita que ela seja
o fim do mundo.
-Seu filho – continuou Pai-Velho – continua moço, bonito e
cheio de saúde do lado de cá. E quando você diz que “não pode viver
sem ele”, não está se revelando ser uma mãe amorosa, mas sim,
egoísta e rebelde perante as Leis de Deus. Nego-Velho respeita e se
solidariza com sua dor, mas não pode apoiar seu sentimento de posse
e o seu desejo de vingança.
Ainda disse:
-O mal ainda vai existir por muito tempo nesse planeta Terra. É
natural que seja assim, pior para aquele que se fizer instrumento deste
mal. Não podemos esquecer, jamais, que mesmo nos sofrimentos
mais atrozes, temos a ação da Lei Imutável do Criador se fazendo
presente, em benefício daquele que sofre. Quem estende essa verdade
consegue tirar proveito da sua dor, utilizando-a para seu crescimento
interior.
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Ele aconselhou:
-Pacifica seu coração e confia um pouco mais em Deus.
Acrescento: Quem não estiver errado em nada, que atire a primeira
pedra, disse Jesus.
Décimo Nono Caso -Eu admito, Pai-Velho – respondeu ela – que ao longo de minha
vida já tive várias experiências no campo do sexo. Já tive sim, e até
hoje tenho o hábito de trocar com certa frequência de parceira sexual.
Faço isso porque estou em busca da minha alma gêmea. O que o
senhor acha?
-Nego-Velho acha que as chibatadas que recebeu quando ainda
estava no corpo e era escravo doeram menos do que a dor de ouvir
certas palavras...
Fez-se uma curta pausa, mas ele continuou:
-Sua pergunta me deixou confuso... Quer dizer que o irmão vai
experimentar no físico para escolher a alma? Tem “arguma” coisa
errada, você não acha?
Ele não respondeu.
-Na verdade, você não está procurando a alma gêmea, mas sim o
corpo que lhe proporcione mais prazer. No fundo, você é um espírito
aventureiro com graves desequilíbrios na área da sexualidade e seu
argumento não passa de uma tese infundada para tentar justificar o
que injustificável.
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Nego-Velho aconselhou:
-Muda logo de vida, meu filho! Antes que seja tarde demais... É
muito triste a condição de espírito desencarnados que, quando no
corpo carnal, perderam-se na prática do sexo sem respeito.
Vigésimo Caso -Meu Pai-Velho, não venho buscar ajuda para mim. Quero que o
senhor ajude minha esposa. Ela precisa mudar o seu jeito de ser para
que não venha a sofrer no futuro. O senhor me ajuda?
-Acho que Nego-Velho não entendeu – disse ele – Pai Jacó fica
pensando: será que sua esposa é muda? Será que ela tem algum
problema neurológico que a impede de se manifestar livremente?
Ele continuou:
-Muita gente que vem até o terreiro para pedir ajuda para
terceiro, em verdade, não deseja ajudar o outro de maneira que o
outro precisa, mas sim ajuda dos espíritos para induzir o outro a agir
de acordo com aquilo que ele acha ser correto. No fundo, meu filho,
você deseja transformar sua companheiro em um modelo de
comportamento adequado às suas necessidades.
Nego-Velho acrescentou:
-Ninguém tem o direito de tentar mudar o outro, ainda mais se
essa tentativa tem uma segunda intenção. Muita gente quer ajuda o
marido, a esposa, o filho, o pai, isso é louvável. O problema é que
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essas pessoas que buscam ajuda para os outros se esqueceram de
perguntar aos mesmos se eles querem ajuda.
Ele finalizou:
-No seu caso específico, é um pouco diferente, porque no fundo,
quer ajudar a si mesmo. Você quer que Pai Jacó induza sua esposa a
aceitar certas atitudes de sua parte. A ideia é convencê-la de que ela é
ciumenta demais e isso é verdade, portanto esse Nego-Velho pede
licença para ser bem claro com o irmão: não tente imputar à sua
esposa a culpa que é sua. Vá com Deus e que Jesus ilumine sua
consciência.
Vigésimo Primeiro Caso -Possuo uma doença incurável. Já me disseram que tenho de
resignado diante da provação, mas não consigo, sinto ódio dessa
maldita doença, que aos poucos me consome...
-Maldizer a enfermidade é ter comportamento infantil frente às
provações abençoadas, que visam a liberação do espírito. Em muitas
circunstâncias, a doença é a lipoaspiração do espírito. Ele, o espírito,
está simbolicamente se livrando das “gorduras” das mazelas, que
fazem com que o espírito esteja acima do peso espiritual adequado.
Ele aconselhou:
-Olhe para a sua doença como uma companheira difícil, mas
necessária. Faça amizade com ela, trate-a com respeito e carinho.
Fazendo isso, transformará uma suposta inimiga em uma aliada no
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seu processo evolutivo. Para encerrar, se tiver sabedoria, o seu sofrer
será o bem sofrer. E então, ela não vai consumir você como afirmou.
Ela – a doença – no máximo deixará seu espírito esbelto.
Ele finalizou:
-Abro um parênteses: Paradoxalmente o homem tem um terrível
pavor da morte, mas não reclama em nada as seiscentas outras mortes.
Assim como não pensa em tantos outros corpos que ele haverá de ter.
Vigésimo Segundo Caso -Meu problema, Pai-Velho, está no meu lar. Vim até esse
terreiro para pedir proteção a minha família. Eu e minha esposa não
conseguimos nos entender, e já percebi que o satanás está fazendo
morada em minha residência. Peça meu Pai-Velho aos Exus para
visitarem meu lar...
-Pai Jacó vai lhe dar um exemplo muito singelo para que você
entenda o que vem acontecendo no seu lar. Imagine que você faça
uma festa de aniversário e naturalmente distribuía antecipadamente os
convites para as pessoas que você deseja que estejam presentes a sua
festa. Imagine, agora, que no meio da festa alguém comece
simplesmente retirar seus convidados da festa, alegando que eles não
podem ficar ali. O que você acharia desta situação? Provavelmente
acharia um absurdo, não é?
Fez-se uma pausa.
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-O problema meu filho – explicou ele – é que em uma
comparação simbólica, é exatamente isso que acontece,
espiritualmente falando. Muitas pessoas evocam os santos, os anjos
ou os espíritos de acordo com a filosofia religiosa que acreditam, para
que esses “enviados do Senhor” visitem seus lares. No entanto,
quando os “Bons” chegam, os maus já estão lá dentro, fazendo a
maior festa. Infelizmente, não podemos colocá-los para fora porque
todos eles estão com o “convite” que lhes permitiu a entrada naquele
lar. Palavrões, hipocrisias, vícios, gritarias, traições e violência são
atitudes dos nossos irmãos ainda maldosos e ociosos. Normalmente se
pede a proteção dos Bons, porém, na prática optam pela companhia
dos maus.
Pai-Velho finalizou:
-Meu filhos, os espíritos amigos, independente de como são
chamados, ainda não possuem o poder de fazer milagres. Saiba, meu
filho, que via de regra, os “maus” são muito educados, pois quase
nunca entram sem bater. O pior é que muitas vezes, sequer os maus
precisam bater, pois a porta do nosso lar e a porta da nossa mente
estão escancaradas. Obviamente, não havendo controle nem
vigilância, qualquer um entra.
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Vigésimo Terceiro Caso -Sei que ter uma religião é importante. Tenho consciência de
que fazer a caridade é necessário. O meu problema é falta de tempo.
Trabalho muito e naturalmente, quando não estou no trabalho, prefiro
– por necessidade – ficar em casa descansando. Sem falar ainda que
preciso ficar com os filhos para que não seja apontado como um pai
ausente. Meus argumentos não são justos?
-Ó filho, desculpa a sinceridade do Nego-Velho, mas essa
conversa mole é “desculpismo” para não assumir compromisso com o
Cristo. Em verdade, não é falta de tempo que distancia o homem da
religião nem tampouco qualquer outro fator. O problema da maioria
das pessoas é que Jesus ainda não é prioridade em suas vidas. O dia
em que o Cristo for prioridade, de fato, ele estará diariamente
“presente” na “agenda” de nosso irmãos.
Ele finalizou:
-Quanto a necessidade de ficar com os filhos, lembre-se que
mais importante que quantidade, é qualidade. Há pais que ficam
pouco tempo com seus filhos, mas quando estão juntos dão uma
qualidade tão boa à convivência, que alguns minutos se transformam
em horas. Pense nisso, meu filho!
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Vigésimo Quarto Caso -Tenho um medo da morte! Preocupa-me principalmente a
questão de como eu vou morrer. Gostaria de ter méritos para morrer
dormindo, porque aí não sofreria na “passagem”. De que forma Pai
Jacó poderia me orientar?
-Pai Jacó conhece muita gente que morreu dormindo e acordou
deste lado, saltitando igual pipoca por causa do fogaréu oriundo do
“inferno” da consciência culpada. Enquanto muitas outras, vítimas de
acidentes de carro ou tragédias aéreas, que tiveram seus corpos físicos
mutilados, nenhum reflexo negativo tiveram em seus corpos
espirituais, depois da passagem para o lado de cá.
Ele continuou:
-Em verdade, o fator determinante do maior ou menos
sofrimento após a morte do corpo não está ligado ao tipo de morte que
se teve, mas sim ao tipo de vida que o indivíduo levou. Se o irmão
permite, Nego-Velho vai fazer uma brincadeira séria: Boa parte dos
encarnados vai morrer dormindo, porque a maioria permanece
“adormecida”, em uma espécie de hibernação em relação às coisas da
alma. Normalmente, é um “sono” milenar e esses necessitarão de
muitas encarnações para o devido “despertar de consciência”.
Nego-Velho finalizou:
-Em relação à sua indagação, eu aconselho: não se preocupe
tanto com a morte. Preocupe-se com a vida. Preocupe-se em viver
uma vida digna, honesta, uma vida voltada para a caridade e tente
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principalmente, a todo custo, conquistar a felicidade verdadeira. Não
a felicidade da forma que os homens entendem. Esta deve ser sua
preocupação, já que a vida espiritual é tão somente uma continuação
da vida que o indivíduo leva aí na Terra.
Vigésimo Quinto Caso -Pai Jacó, já frequentei tempo Evangélico, já fui católico e já
passei pelo Espiritismo. Apesar disso, não consegui encontrar a
verdadeira paz em nenhuma dessas religiões. Agora decidi ser
umbandista. Será que no Umbandismo, vou conseguir encontrar esse
Deus que eu procuro?
-Sinceramente, acho que não. O que tem faltado na sua vida,
meu filho é um encontro consigo mesmo. Não procure fora as
respostas que estão dentro de você. Em verdade, as definições
religiosas só existem porque o ser humano ainda não aprendeu a
amar. No estágio evolutivo em que o homem se encontra, ainda
necessita “filiar-se” a essa ou àquela religião, mas em um futuro
distante, o amor será a religião de todos os homens.
Ele explicou:
-O Umbandismo ainda é visto com muito preconceito por
adeptos à outras religiões. Isso acontece por dois motivos: primeiro
por ignorância. Pois para criticar algo, há necessidade de se conhecer
a fundo aquilo que se deseja criticar, mas muita gente simplesmente
fala mal daquilo que nem conhece. Um segundo motivo seria que,
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muitos pais-de- santo, mães-de-santo mal intencionados, desvirtuam,
ao longo do tempo, os princípios básicos da Umbanda. Só que pessoas
mal intencionadas também existem entre os espíritas, católicos,
evangélicos...
Pai-Velho concluiu:
-Portanto, meu filho, os objetivos de qualquer credo religioso
sempre são bons. As pessoas que militam nossas religiões nem
sempre o são. Entre todas elas, fique com o Cristo, exemplo maior de
virtude sobre a face da Terra.
Apesar de toda religião ter a função nobre de religar o home a
Deus, recorde que o Cristo afirmou: “O reino de Deus está dentro de
vós”.
E continuou:
-Deus é sempre o mesmo em qualquer lugar. Parece- me que
você está na busca de um “Deus” que atenda os seus caprichos
pessoais, por isso vive a “saltar” de religião em religião. Acrescento: é
interessante salientar que os nossos conflitos são fruto do nosso corpo
mental, viajor do tempo. Nos acompanha desde o princípio do nosso
ser. Eis os conflitos silenciosos.
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Vigésimo Sexto Caso
-Meu filho é homossexual. Tem até um namorado e isso eu não
aceito. Dizem que homossexualidade é doença, e se isso é verdade,
essa doença deve ter cura. Por isso eu o procurei. Preto-Velho, por
favor me ajude.
-O doente mais grave nessa história é “vois mecê”. O
preconceito é uma das doenças mais grave neste mundo de meu Deus.
Vou lhe fazer algumas perguntas e o senhor não me responda, apenas
reflita:
• A opção sexual determina o caráter de uma pessoa?
• Você vai amar menos seu filho porque descobriu a
preferência sexual dele?
• Quantos heterossexuais o senhor conhece, que mentem, traem
e brincam com os sentimentos alheios?
E concluiu:
-O homossexualismo de forma alguma pode ser condenável, até
porque, neste assunto, mais de 90% dos encarnados tem algum
problema ou alguma frustração nesta área. O homossexual vive uma
experiência e deve ser respeitado. Meu conselho é simples: ame, e não
julgue!
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Vigésimo Sétimo Caso -Meu filho está preso. Foi condenado por assassinato. Dizem
que ele é um maníaco sexual, mas eu não acredito. Sei que os crimes
já foram comprovados pela justiça, mas como mãe eu não posso
aceitar. Vou gastar tudo que tenho com advogados para tirar meu
filho da cadeia. O senhor me ajuda, Preto-Velho?
-Claro que Nego-Velho ajuda! E a melhor maneira de Pai Jacó
ajudar é orar para seu filho continuar na prisão. E desculpa esse Nego-
Velho! Sei que você é uma mãe desesperada, sei que seu coração
materno está aflito e justamente por isso, a filha não está raciocinando
corretamente. Pensei, minha filha: Você acha que a medicação
utilizada no combate a uma simples gripe, pode ser a mesma para
combater uma pneumonia? Para cada doença, não deverá haver uma
medicação adequada?
Fez-se um silêncio.
-Seu filho, solto nas ruas, comprometeria ainda mais a
reencarnação e, apesar de ser doloroso ouvir isso, eu lhe asseguro, a
cadeia é o melhor lugar para seu menino neste momento – explicou
ele – Seu filho pode até não se redimir trancafiado em uma cela,
porém, onde ele está, permanecerá estacionado espiritualmente e
solto, estaria se comprometendo ainda mais. Ajude-o, é seu dever de
mãe, mas não queira vê-lo fora da prisão, porque se isso acontecer,
tanto você, como ele, experimentarão dores ainda mais atrozes.
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100
Vigésimo Oitavo Caso -Venho em busca de ajuda para ter mais sucesso nos negócios.
Desejo proporcionar mais conforto para minha família. O senhor me
ajuda?
-Não é errado o que você deseja, é um direito desejar ter uma
vida mais confortável. Apesar disso, eu observei que o irmão veio
para o terreiro em um carrão importado. Também observei uma
pulseira de ouro no braço do irmão, que deve valer muito. Se eu não
estiver enganado, você tem casa própria e muitas outras que aluga
para ganhar dinheiro. É meu filho, em um mundo onde tanta gente
passa fome, acho que você devia doar um pouco do que tem, ao invés
de pedir mais a Deus. Você não acha?
Vigésimo Nono Caso -Pai Jacó, sou cristão, mas às vezes a incredulidade toma conta
do meu coração, porque não entendo certos ensinamentos de Jesus.
Vou ser franco com o senhor. Está escrito no Evangelho: “Seja o que
peçais na prece, crede que obtereis e concedido vos será o que
pedirdes”. O problema é que em muitas circunstâncias eu peço...
peço... e Deus não me atende. E em outros momentos, faço
indagações ao Pai e Ele não me responde. Por essa razão estou
desanimado...
-Jesus jamais poderia ter feito uma afirmação inverídica, sendo
assim, sem nenhuma sombra de dúvida, a frase é verdadeira. Não se
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esqueça, porém, de que Jesus afirmou: “Tudo que pedires, vos será
concedido”, mas Ele não disse quando será concedido. O problema,
meu filho, é que nem sempre o que pedimos a Deus é bom para nós.
Naquele momento, então, o Pai Amoroso, para nos proteger de nós
mesmos, nos atende ao pedido, mas não de imediato. Ás vezes, um
pedido feito em uma encarnação é atendido pelo Pai na outra
encarnação. Nego-Velho vai explicar melhor: tem gente que pede a
cura de uma doença, mas se aquela enfermidade tem a finalidade de
expurgar as chagas da alma, essa pessoa não poderá ser atendido de
imediato.
Ele continuou:
-Tem gente que ora pedindo melhores condições financeiras,
mas se esse indivíduo já caiu várias vezes por causa do mau uso do
dinheiro, melhor para ele, naquele momento, a dificuldade financeira.
E então concluiu:
-Por isso, meu filho, tenha humildade para pedir, mas também
tenha paciência para saber esperar. Além disso, nenhum pedido,
quando feito com sinceridade, fica sem resposta do Pai. Nesse
sentido, é preciso ter sabedoria para sentir a resposta de Deus. Aliás,
Deus envia diariamente aos homens, recados que necessitam ser
decifrados. Deus fala através da natureza, através de uma lágrima que
cai, de um sorriso que se desenha na face de uma criança, através de
um abraço, de um gesto de ternura. Enfim, Deus permanece
APOIOFRATERNO–CADERNO01/01 WILSONDACUNHA
102
“dialogando” com os homens o tempo todo, o problema é que em
geral esses mesmos homens não possuem sensibilidade auditiva para
ouvir as respostas do Criador.
Trigésimo Caso -Meu filho morreu em um acidente de carro, quando disputava
um racha. Quero crer que era seu destino morrer de maneira tão
violenta e ainda muito jovem. Estou aqui, Pai-Velho, para tentar
descobrir como meu filho está. Será que sua alma está sofrendo
muito? Será que ele está vagando sem rumo?
-Querida filha, os aflitos, “vivos” ou “mortos”, sempre vão
encontrar consolação no Cristo. “Vinde a mim” afirmou Nosso
Senhor Jesus, por isso, filha, em nossas dores, basta caminharmos até
o Cristo e teremos alívios para os nossos sofrimentos. Só há solidão e
desespero para as almas que ainda não aceitaram o convite de Nosso
Senhor. Sendo assim, independentemente do lugar onde esteja, se seu
filho quiser, terá o amparo da Divindade. Essa realidade, no entanto,
não exime seu filho de arcar com as responsabilidades de seus atos. O
homem altera diariamente o seu destino, para melhor ou para pior, de
acordo com as atitudes que tem. Sendo assim, não podemos culpar o
destino pelos desatinos cometidos pelos homens.
E concluiu:
-Seu filho não morreu porque era o seu destino, mas sim porque
“brincou” com a própria vida. Na verdade, seu filho teve a vida
APOIOFRATERNO–CADERNO01/01 WILSONDACUNHA
103
abreviada por causa da insensatez e da irresponsabilidade. Jamais
faltará amparo para seu filho, porém, ele deverá sorver o fel resultante
da atitude impensada.
Trigésimo Primeiro Caso -Pai Jacó, sou um adúltero. Nunca fui fiel a minha esposa até o
dia em que descobri que estava com AIDS. Por certo, adquiri o vírus
em alguma de minhas relações extraconjugais. Será que Deus vai me
perdoar? Será que eu tive culpa de adquirir o vírus HIV ou isso teria
acontecido de qualquer maneira por ser um karma?
-Meu filho, Deus está acima das mazelas humanas. Você está
imputando a Deus as arbitrariedades pertencentes ao ser humano, e
não à Divindade. Deus não se zanga, não perde a paciência e não erra.
Sendo assim, Deus não pode lhe perdoar porque nunca se zangou com
você. Deus é amor, Deus é o Pai Amoroso, como poderia zangar-se
com os erros de seus filhos?
Fez-se uma curta pausa, e ele continuou:
-Seu problema não é com Deus, é com sua própria consciência.
Caso esteja sinceramente arrependido, realize o auto-perdão para que
não caia no abismo da culpa. Outra coisa que Nego-Velho deseja
explicar é o seguinte: seu problema não tem nada a ver com karma.
Você não soube construir um lar com base no companheirismo e
amor, e ao se lançar nas aventuras sexuais, se expôs aos riscos
naturais de uma vida promíscua.
APOIOFRATERNO–CADERNO01/01 WILSONDACUNHA
104
Ele concluiu:
-Sei que é doloroso ouvir isso, mas essa é a realidade. Aproveite
esse drama que você está vivendo para reavaliar sua vida, dando-lhe
um novo redirecionamento. Talvez agora, ao experimentar uma dor
tão imensa, você possa olhar para sua esposa com outros olhos. Se é
verdade que somos responsáveis por aqueles que cativamos, não é
menos verdade que somos responsáveis por aqueles que infelicitamos.
Peça perdão a ela e, caso ela lhe perdoe, passe a respeitá-la e amá-la
como ela merece. Faça tudo isso para que possa amenizar essa difícil
situação causada por você mesmo.
Trigésimo Segundo Caso -Eu me apaixonei por um homem casado. Não desejo mal da
esposa dele, Pai Jacó. Mas quero este homem para mim. Não acho
que eu estou errada porque o amo e amor vale tudo. O que o senhor
acha?
-Pai Jacó não acha, tem certeza: se na construção de nossa
felicidade, contribuímos para a destruição da felicidade alheia, é como
construir uma casa na areia, em pouco tempo, tudo vai ruir. Em geral,
muita gente usa a expressão “eu amo” sem muita noção do real
significado desse sentimento. O amor, quando verdadeiro, respeita,
compreende, não está obrigatoriamente atrelado à comunhão carnal,
não exige, não cobra e plenifica corações. Por isso, a expressão “amor
à primeiro vista”, com exceção dos casos onde há um reencontro de
APOIOFRATERNO–CADERNO01/01 WILSONDACUNHA
105
almas gêmeas, é uma ilusão. O que existe, na verdade, é uma atração
física à primeira vista.
Ele complementou:
-Quantos afirmam amar, mas em verdade são movidos por
paixões descontroladas. Tanto isso é verdade que muitos, após
lutarem para conseguir o suposto amor de suas vidas, pouco tempo
depois afirma com naturalidade: o amor acabou. Esquecem-se de que
o amor verdadeiro não se extingue jamais, pelo simples motivo de ser
de alma para alma. Ama-se a alma, não vendo o corpo alquebrado
pelos anos.
Ele continuou:
-Nego-Velho está dizendo tudo isso para que a filha querida
possa reavaliar esse sentimento que me parece mais um capricho do
que amor. Ninguém será feliz querendo alicerçar a sua felicidade em
detrimento da infelicidade do próximo. Mesmo que seu sentimento
seja verdadeiro, uma vez que constatar que o amado é feliz com a
esposa, você poderá “amá-lo a distância”... Está é uma outra faceta do
amor verdadeiro: renunciar para que o outro seja feliz. Podemos
comparar com o momento em que Jesus abeirou- se do túmulo de
Lázaro e disse: desate-o e deixe que ele se vá.
E então finalizou:
-Aquele que ama verdadeiramente sente-se feliz com a
felicidade da pessoa amada, mesmo que essa felicidade seja fruto de
APOIOFRATERNO–CADERNO01/01 WILSONDACUNHA
106
uma união com outra pessoa. Em todas as situações, devemos dar o
primeiro passo, os demais serão menos difíceis. E, se após ter certeza
de que o que sente é um amor verdadeiro e se constatar que a pessoa
amada corresponde ao sentimento, ainda assim o envolvimento
sentimental é um erro. Não se deve começar uma nova história, sem
antes encerrar a história que já está vivendo. Por fim, minha filha, no
campo de sentimento, é preciso ter muito cuidado para não ferir
corações inocentes.
Trigésimo Terceiro Caso -Eu estou me acabando por causa do meu filho. Aos 18 anos, ele
é alcoólatra e irresponsável. Passo noites e noites acordada sem saber
onde e como ele está. Vivo em função dele. O pai dele desistiu de
tentar ajudar o filho e saiu de cada. Fiquei sozinha e quero continuar
tentando ajudá-lo, afinal, se a caridade é importante, praticá-la dentro
de casa é mais importante ainda. O problema é que não tenho mais
forças... O que devo fazer, Pai Velho?
-Nego-Velho vai ser franco: “esqueça” seu filho por um tempo,
antes que você morra primeiro do que ele. Antes de xingar o Preto-
Velho, espere que eu vou lhe explicar:
-Ninguém deve viver tão somente em função de outra pessoa.
Ao fazer isso, você está se anulando como mulher, esposa e filha de
Deus. É natural que queiramos o melhor possível para nossos entes
APOIOFRATERNO–CADERNO01/01 WILSONDACUNHA
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queridos, mas cada um tem a sua própria história e é preciso aprender
a respeita essa realidade.
Ele continuou:
-O pai do menino desistiu do filho por uma influência sua.
Afinal, uma vez se anulando como esposa, o que seu marido poderia
fazer? Acha que ele não tinha suas necessidades de homem? Não
percebeu que ele também precisava de um pouco de sua atenção e de
seu amor? Você menciona a necessidade da caridade dentro do lar, e
tal fato é inquestionável, porém, quando a caridade que fazemos nos
faz mal, é porque tem alguma coisa errada. Antes de ser seu filho, o
jovem é filho de Deus e se o Pai que o ama mais que você está
permitindo que ele aprenda através dos próprios erros, por que você
não pode permitir?
Ele aconselhou:
-Vá passear, pintar as unhas, vá ao cinema! Ou seja, cuide de
você antes de cuidar dos outros e não tenha a pretensão de tentar
impedir que seu filho faça as próprias escolhas. Peço que você não me
interprete mal. Sei que são palavras duras, mas seu filho não é mais
uma criança.
Aconselhe, dê os bons exemplos, preocupe-se com ele, mas não
tente viver a vida por ele. O que está fazendo não é amor, é
autodestruição.
Ele finalizou:
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-Esteja sempre por perto para que na hora que ele pedir ajuda,
possa ajudá-lo, mas não deixe de viver sua própria vida por causa
disso.
Trigésimo Quarto Caso -Já procurei pastor, padre, dirigentes espíritas, mas nenhum
conseguiu resolver meus problemas. Sei que nesse terreiro o trabalho
é sério porque não há cobrança para o atendimento. Por isso, Preto-
Velho, venho em busca de resposta. Por favor, diga que pode me
ajuda... Estou magoada e não consigo amar a mim mesma...
-Nego-Velho poderia receitar-lhe rosas vermelhas, flores de
alfazema, crisântemos amarelos e hibiscos vermelhos... Isso a ajudaria
a liberar seu coração da mágoa. Mas Nego-Velho tem outra receita:
-Sua vida está igual a uma carroça desgovernada. Ou como
dizem, sua vida se assemelha a uma ao vento, não tem direção.
Muitos são assim, nessa terra de meus Deus. Desejam que os outros
lhe digam o que fazer para não assumirem responsabilidades. Tome
em suas mãos as rédeas da carroça da vida. Tenha coragem de fazer
suas escolhas e não tenha tanto medo de errar, pois os erros fazem
parte do percurso. Não se iluda, ninguém resolverá os problemas que
foram criados por você mesma. Falta-lhe atitude e personalidade. Não
se preocupe tanto com o que os outros vão dizer a seu respeito, o
importante é a sua consciência. É isso que Nego-Velho tem para lhe
dizer.
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Trigésimo Quinto Caso -Pai-Velho, existe muita maldade no mundo. Somos obrigados a
conviver com assassinos, pedófilos, estupradores, sequestradores..
Essas pessoas que mais se parecem com monstros não poderiam, de
maneira mais rápida, ser retiradas do orbe terrestre e ser enviados para
outros mundos?
-Olhe, meu filho, se Deus for retirar da Terra todos aqueles que
carregam maldade no coração, o mundo vai ficar deserto... Nego-
Velho percebe muita arrogância na sua fala. Em verdade, do lugar
donde vieram esses criminosos, viemos também todos nós. Talvez, a
única diferença deles para conosco seja o fato de que nós já temos a
vontade de abandonar o mal, de resto, somos muito semelhantes. Não
se esqueça de que não é apenas a arma de fogo que mata. Muitos
matam com a língua ferina, muitos homens “violentam”
emocionalmente todos os dias suas companheiras, muitos irmãos
“sequestram” a felicidade alheia pela omissão e outros tantos
destroem vidas pela arma da indiferença. Por isso, meus filhos, não se
julgue tão melhor que esses criminosos, não valemos muito mais que
eles.
Ele continuou:
-Também não concordo com esse adjetivo “monstro”. São como
nós, filhos de Deus, temporariamente, vinculados ao mal. Todos nós
estamos mais pertos do inferno do que do céu. Aliás, falando em
inferno, no sentido figurado, é claro, ou seja, ao mencionarmos as
APOIOFRATERNO–CADERNO01/01 WILSONDACUNHA
110
religiões de dor ou redutos da maldade como o umbral e o submundo
astral, necessitamos lembrar que não prosseguimos em direção ao
“céu” se não voltarmos para resgatar os que estão no “inferno”.
E então finalizou:
-“Por que?” você poderia indagar. É simples: porque fomos nós
mesmos que contribuímos para que essas almas caíssem tanto
moralmente, daí o nosso dever de resgatá-las.
Como Nego-Velho já disse em outras ocasiões, repito: ame mais
e julgue menos.
Trigésimo Sexto Caso -Querido Pai-Velho, estou com um pequeno problema de saúde.
Os médicos me recomendaram uma cirurgia do intestino, mas eu não
quero fazer a cirurgia. Tenho muita fé e sei que Deus vai me ajudar
sem que eu precise fazer a cirurgia. Por essa razão, vim em busca de
suas ervas e do tratamento espiritual desse terreiro. Tenho quase
certeza de que ficarei curada.
-Com todo respeito, minha filha, acho que você veio ao lugar
errado. Na verdade, Deus não vai ajudá-la, porque já está ajudando.
Deus tem ajudado muito a humanidade, quando permitiu, por
exemplo, que a medicina avançasse tanto. Deus tem salvado muitas
vidas através dos bisturis manuseados pelos médicos terrenos,
verdadeiros missionários.
APOIOFRATERNO–CADERNO01/01 WILSONDACUNHA
111
Ele explicou:
-Os espíritos não são concorrentes dos médicos da Terra e
qualquer terreiro ou casa espírita que recomende ao consulente
abandonar o tratamento médico terreno, está cometendo grave erro. O
objetivo dos passes, das cirurgias espirituais ou das ervas é tão
somente contribuir para a saúde física, espiritual de nossos irmãos
encarnados. Jamais essas terapias espirituais terão o objetivo de
substituir a medicina terrena. É bem verdade que em alguns casos,
graças a fé e aos méritos, muitas pessoas são curadas de suas
enfermidades através de tratamentos espirituais. Apesar disso, nosso
desejo, dos espíritos amigos, é auxiliar na cura das enfermidades da
alma, em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo.
E então concluiu:
-Se você tem tanta fé, deposite essa fé nos seus médicos e ele,
por certo, realizarão a cirurgia com sucesso. Depois, você volte aqui,
que então faremos o tratamento espiritual para auxiliá-la em sua
recuperação.
Trigésimo Sétimo Caso -Pai-Velho, já estou com a idade avançada e muito doente. Sei
que a morte está próxima, mas eu desejo ficar um pouco mais por
aqui. Tenho muito ainda o que fazer e por isso venho até aqui, para
pedir-lhe que interceda em meu favor, solicitando aos anjos do Senhor
um pouco mais de vida no meu corpo físico.
APOIOFRATERNO–CADERNO01/01 WILSONDACUNHA
112
-Nego-Velho não tem todo esse poder, meu filho. Mas eu
conheço alguém que pode advogar em sua defesa. Esse alguém se
chama intenção e ela será auxiliada na defesa por um cabra muito
bom de serviço, chamado mérito. Peça a eles e eles vão defender
você. Ele concluiu:
-Desculpe a brincadeira de Pai Jacó... É uma brincadeira séria,
porque na verdade, muitas pessoas recebem a chamada moratória e
ficam no corpo um tempo mais longo do que aquele programado. Mas
para isso acontecer, é preciso que as intenções sejam nobres e os
méritos acumulados na atual existência, precisam ser muitos. Se o
filho tiver essas duas coisas a seu favor, fique tranquilo, porque é
possível que seja atendido. Aliás, meu filho, é bom que se lembre:
qualquer pedido a Deus através da prece deverá está respaldado pelas
atitudes e boas intenções, do contrário, serão apenas palavras, sem
algum “poder” e por isso não sensibilizará a Divindade que é
misericordiosa, mas também é soberanamente justa.
Trigésimo Oitavo Caso -Querido Pai-Velho, estou experimentando graves problemas de
ordem financeira. Venho até aqui pedir um trabalho para que eu
arrume um emprego. Tenho uma economia e apesar das dificuldades,
estou disposto a pagar pelo trabalho.
APOIOFRATERNO–CADERNO01/01 WILSONDACUNHA
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-Nego-Velho fica muito triste que vê as pessoas misturando
dinheiro com religião. O comércio dentro das religiões corre solto, e
pior, em geral há uma exploração da fé alheia. Toda religião tem
direito de solicitar donativos para a manutenção dos tempos, o que
não pode é associar a doação de dinheiro com favorecimentos da
Divindade ou fazer os fiéis acreditarem que quanto mais doarem, mais
Deus vai ajudá-los. Isso é safadeza, não tem outro nome.
Ele continuou:
-Preste atenção, meu filho, seja no terreiro, no centro espírita ou
na igreja, ninguém tem o direito de cobrar nada para ajudar o povo em
nome de Jesus. Mesmo aqueles que dizem “dê o que quiser”, de certa
forma, indiretamente, já está cobrando. Tem religioso que não cobra
dinheiro, mas cobra atenção, favorecimento e até gratidão, onde se
beneficiou alguém em nome de Jesus e esse alguém não lhe foi grato,
logo comenta: ajudei tanto fulano e ele nem me agradeceu. Isso é um
perigo!
Ele aconselhou:
-Em primeiro lugar, meu filho, é lógico que você não vai pagar
um centavo aqui nesse terreiro, porque os médiuns que aqui
trabalham, apesar de serem ainda muito imperfeitos, não fazem
comércio da mediunidade. E se por acaso, você for a algum lugar para
busca alivia para sua alma e lhe cobrarem, saia correndo...
E então finalizou:
APOIOFRATERNO–CADERNO01/01 WILSONDACUNHA
114
-Em segundo lugar, Nego-Velho não pode arrumar emprego “pro”
irmão, porque a única “empresa” que eu já tive até hoje foi o tronco.
Vou orar por você, mas não se iluda, porque os espíritos não tem
como sair por aí arranjado emprego para você. O único feitiço bom
que eu conheço para arrumar um emprego é levantar cedo, botar um
currículo debaixo do braço e sair à procura de serviço, até o sol se
pôr, se for necessário. Se você fizer isso, provavelmente o feitiço dará
resultado.
Trigésimo Nono Caso -Pai Jacó, desculpe a petulância, mas às vezes a gente vem
buscar uma palavra de conforto e acaba saindo daqui decepcionado. O
senhor raramente receita ervas e na maioria das vezes, dá respostas
que mais ofendem do que ajudam. Como o senhor explica isso?
-O que é mais fácil: sentar-se à mesa e deliciar-se com um
banquete ou ter que preparar toda a comida para depois se alimentar?
Na verdade, a maioria das pessoas só quer se banquetear com as
orientações espirituais, mas elas não estão dispostas a “fazer a
comida” da reforma íntima. Com base em meus insignificantes
conhecimentos, e em nome de Jesus, eu procuro consolar os aflitos,
mas minha consolação não pode ser fantasiosa, desprovida de bom
senso. Até porque, a melhor maneira de consolar é chamar a atenção
dos homens sobre as responsabilidades que lhe recais sobre os
ombros. Nego-Velho não tem a intenção de ofender, mas também não
APOIOFRATERNO–CADERNO01/01 WILSONDACUNHA
115
pode mentir para agradar. Definitivamente eu não tenho nenhuma
fórmula mágica para produzir a felicidade na vida daqueles que aqui
vêm.
E continuou:
-E tem mais, meu filho: ninguém tem essa fórmula mágica. Sem
esforço, muito trabalho e um desejo sincero de se tornar uma pessoa
melhor, nenhum dos filhos de Deus vai conquistar a felicidade que
deseja. Os banhos de ervas são muito bons, por exemplo: há ervas que
promovem o aumento da frequência vibratória dos chácaras; outras
ajudam a combater o esgotamento energético; outras auxiliam na
limpeza do campo áurico; e ainda outras que ajudam no tratamento
para insônia e etc.
E então concluiu:
-Apesar disso, querido filho, sem o despertar da consciência,
sem a vontade de ser útil ao próximo, sem desejo de servir desprovido
de interesses pessoais e principalmente sem a renovação íntima,
qualquer terapia será apenas paliativa. É por essa razão que eu prefiro
conversar mais e “receitar” menos.
Quadragésimo Caso -Pai Jacó, outro dia briguei com um amigo, porque ele disse que
os espíritos de Pretos-Velhos são atrasados moralmente e ignorante e
que eu não deveria dar valor às orientações que viessem deles. Eu fiz
mal em brigar com ele?
APOIOFRATERNO–CADERNO01/01 WILSONDACUNHA
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-Acho que o filho fez muito mal. Amizade é uma das maiores
riquezas que o ser humano tem. Quem tem amigos é rico e não sabe.
Foi graças a amizade dos negros que conviviam com Pai Jacó na
senzala, que esse nego não morreu de fome e sede. Até porque, meu
filho, seu amigo não disse uma mentira, só faltou completar a frase,
englobando na condição de espíritos atrasados e ignorantes quase
todos que atualmente estão reencarnados, mais os espíritos que
moram na vizinhança da Terra.
Ele concluiu:
-A preferência por assumir perispiritualmente as características
de um Pai-Velho, não me fazem nem melhor nem pior do que aqueles
espíritos que se apresentam “vestidos” como padres, freiras, solados
romanos. O problema é que, em geralmente, vocês se apegam a
detalhes se importância, e via de regra, quase todos nós encaixamos
nessa definição. Com crítica, ou sem crítica, “tamo” aqui, meu filho,
para trabalhar em favor dos nossos irmãos encarnados. Peça desculpas
a seu amigo, respeitando a opinião dele, até porque, nós – os Pretos
Velhos – estamos acostumados a trabalhar na calada da noite, sob o
peso da chibata do preconceito.
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Quadragésimo Primeiro Caso -Pai Jacó, meus filhos dão muito trabalho. Apesar da pouca
idade, não me respeitam, me agridem verbalmente na frente dos
outros... Naturalmente, eu os amo, mas eu queria uma orientação que
me ajude a “domá-los”. O que o senhor me diz?
-Nego-Velho diz: “Quando as vítimas reconhecem o algoz, a
coisa fica feia?”
Quadragésimo Segundo Caso -Estou desesperada! Sei que o aborto é errado, mas eu não tenho
outra opção. Tenho apenas quinze anos, meu namorado é traficante de
drogas. Sei que ele não vai assumir a criança e se eu contar a meus
pais, vão me expulsar de casa. Pelo amor de Deus, diga-me o que
fazer, Preto-Velho.
-Querida filha, apesar das circunstâncias do acontecido dizerem
o contrário, dar à luz a uma criança é sempre uma benção de Deus. O
primeiro passo é não envolver essas crianças nos problemas que são
apenas seus. Abortar é agravar a sua situação, abortar é um ato
covarde contra um ser que nada tem a ver com seus erros.
E concluiu:
-Os sofrimentos surgirão na sua vida por ocasião de sua
irresponsabilidade, mas farão com que você amadureça
emocionalmente, sem falar ainda que, essa criança pode fazer o seu
namorado mudar o rumo da vida dele. E mesmo que isso não
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aconteça, mesmo que seu pai a coloque para fora de casa, você já
adquiriu um compromisso com esse espírito que vai reencarnar. E
tentar desvencilhar-se dele agora, é um crime dos mais graves. Siga
em frente, ame essa criança e tenha coragem de assumir as
consequências de seus atos.
Quadragésimo Terceiro Caso -Sou irmã mais velha, por isso, sinto-me responsável pela minha
irmã mais nova. Faço quase tudo por ela, mas estou meio cansada
porque, por mais que eu faca, ela sempre exige mais e mais. É como
se ela nunca ficasse satisfeita. O que devo fazer? Onde estou errando?
-O vampirismo corre solto entre os encarnados... Pai Jacó vai
explicar:
-Muitas pessoas do convívio de nossos irmãos que estão no
corpo – especialmente da família consanguínea – muitas vezes
transformaram-se em sugadores de energia, dominadores da vida
alheia. São pais, filhos, irmãos, esposas ou maridos que exigem
atenção o tempo todo, cobram e exigem sem o menor peso na
consciência. Normalmente são chantagistas e vivem a se colocar na
condição de vítimas, verdadeiros vampiros.
E aconselhou:
-Reaja, minha filha! Você deve impor limites, manter uma
distância de segurança. Ajude-a sem permitir que ela invada a sua
privacidade. Na verdade, sua irmã se assemelha a um obsessor,
APOIOFRATERNO–CADERNO01/01 WILSONDACUNHA
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porque lhe rouba mais tempo e mais atenção do que tem direito. Você
também é responsável, porque permitiu que a situação chegasse a esse
ponto.
Por fim, concluiu:
-A caridade e o amor, quando sufocam a criam dependência,
deixam de ser virtudes e se transformam em problemas. É o que o
Negro-Velho acha.
Quadragésimo Quarto Caso -Sei que sou médium e tenho vontade de trabalhar com a
mediunidade, mas não desejo abrir mão da minha cervejinha e do meu
uísque. Há como conciliar, Pai-Velho?
-Nego-Velho vai responder com uma pergunta muito simples:
tem jeito de servir a Deus e ao Diabo ao mesmo tempo? A quem o
filho quer enganar?
Fez-se uma pausa. Ele continuou:
-As coisas não são bem assim... Nego-Velho não é moralista,
nem teria a audácia de apontar o que o médium pode e o que o
médium não pode fazer. Até porque, todo médium é um ser humano
pertencente ao mundo e por isso não será exigido dele uma conduta
de anjo. Acho, até mesmo, que se não houver um exagero, ingerir
bebida alcoólica nas reuniões sociais não seja algo condenável. O
problema é que, em geral, esse beber socialmente camufla atitudes de
alguém que já é um alcoólatra. Outra coisa importante de ser dita, é o
APOIOFRATERNO–CADERNO01/01 WILSONDACUNHA
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seguinte: no fundo, sua pergunta traz um duplo sentido. Em verdade,
o que você deseja saber, é se pode trabalhar para Jesus e continuar
levando a mesma vida de vícios a que está habituado.
E então ele explicou:
-Ser médium, trabalhar com a mediunidade, sem que essa
mediunidade conduza o medianeiro a profundas reflexões sobre si
mesmo e a profundas mudanças em seu comportamento, resultará em
uma mediunidade isenta de bons resultados.
E continuou:
-Por isso, meu filho, não se engane, conciliar uma vida de vícios
com um trabalho sério como a mediunidade exige é algo impossível.
Não que o trabalhador tenha que ser um exemplo de virtudes, não se
trata disso, mas ele necessita estar lutando contra suas mazelas,
esforçando-se no sentido de ser uma pessoa melhor. A que tipo de
espíritos você estará se atrelando no botequim?
Quadragésimo Quinto Caso -Foram oito anos de expectativa. Era meu primeiro filho, que
nasceu morto. Estou revoltada! Que Deus é esse? Que mal eu fiz para
merecer tamanho castigo? Desculpe minha sinceridade, mas é assim
que me sinto.
-Não peça desculpas por estar sendo sincera, minha filha. Não
esconder sentimentos e extravasar a dor que lhe vai à alma é um
direito seu. Presta atenção ao que Nego- Velho vai contar:
APOIOFRATERNO–CADERNO01/01 WILSONDACUNHA
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-Aqui deste outro lado, existem regiões muito feias, lugares de
muita dor. Locais onde o sofrimento atinge níveis inimagináveis.
Nego-Velho já se deparou com espíritos em forma de cobra, em
forma de peixe, em forma de ave e até com espírito sem forma
alguma. São todos irmãos nossos, que se deixaram contaminar tanto
com a maldade, que o corpo espiritual sofreu uma espécie de
“mutação” ou degeneração. Os espíritos chamam tal fenômeno de
ovoidizaçāo. O nome de fato, não importa, o que importa é que esses
nossos irmãos sofrem por demais, são dores físicas e mentais quase
insuportáveis.
Ele continuou:
-Uma vez, Pai Jacó acompanhou o resgate de um irmão nessas
condições. As pernas haviam atrofiado e estavam sendo devoradas
por vermes nojentos, os dois olhos haviam sido arrancados sem
piedade por espíritos malfeitores. O rosto estava desfigurado e o
irmão aparentava ter mais de cem anos, apesar disso, o corpo era
pequeno: menos de 1,50m e a cabeça, de tamanho desproporcional.
Não falava, apenas emitia grunhidos e da sua boca saíam uma gosma
escura. Os braços e as mãos estavam aniquilados. Era um sofrimento
tão grande que Pai Jacó chorou de tristeza. Não podíamos deixá-lo ali,
mas por causa do estado avançado da degeneração, estava a um passo
da ovoidizaçāo, também não seria possível tratá-lo em nosso hospital
APOIOFRATERNO–CADERNO01/01 WILSONDACUNHA
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do nosso plano. Era preciso interná-lo em primeiro lugar em uma
UTI.
E explicou:
-O espírito não teria condições de completar a reencarnação
devido a seu estado, mas o período de gestação deteria o processo de
ovoidizaçāo, além de dar uma arrumada no corpo espiritual. Para
quem gosta de palavras mais difíceis, o período de gestação
provocaria uma reestruturação do corpo espiritual. Irmã Benedita, que
me acompanhava, saiu a procurar algum coração bom que pudesse
acolher aquele ser em sofrimento em seu útero materno, apenas por
alguns meses. Meses que evitariam séculos de maiores sofrimentos.
Apesar de você não se lembrar, em desdobramento do corpo, através
do sono, Benedita pediu sua ajuda e você aceitou. Então,
providenciamos a estadia do espírito por algum tempo junto a você.
Após esse período de grande alivia para ele, o período de gestação,
foi-nos possível interná-lo em um hospital de nosso plano.
E continuou:
-O que para você, representou morte e tragédia, para nós,
representou renascimento e alívio de dores... Pacifique seu coração.
Em momento oportuno você será mãe, apesar de que para nosso
irmão em sofrimento você é a mãezinha querida que ele jamais vai
esquecer...
Por fim, acrescentou:
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-“Que Deus é esse?” Você indaga. Esse, minha filha, é o Deus
de amor, de bondade e de ternura. Por estar encarnada, a matéria
impõem certos limites, impedindo que você se lembre do
acontecimento em nosso plano, mas o que fizemos foi com sua
concordância.
E aconselhou:
-Pacifique seu coração, porque esse ser, esteja ele onde estiver,
pelo resto da eternidade, guardará uma imensa gratidão pelo que você
fez por ele.
Quadragésimo Sexto Caso -Por que, Pai-Velho, a nossa vida na Terra tem de ser tão difícil?
Praticamente não há tréguas. A gente resolve um problema e logo
surge outro, uma bola de novo que não tem fim... Deus poderia aliviar
um pouco, não é?
-Nego-Velho vai ser muito franco e o irmão não leve a mal... A
história espiritual da maioria esmagadora dos irmãos que estão
reencarnados no orbe terrestre é muito triste. Ao longo de milhares de
anos, o ser humano é um iludido em relação a si mesmo. Observe, por
exemplo, os religiosos do mundo. Os pais-de-santo, os dirigentes
espíritas, os pastores evangélicos, os padres, são quase todos espíritos
da pior espécie. Rebeldes, arrogantes, apaixonados pelo poder e
tiranos que, atualmente com os corações mais amolecidos e cansados
do mal, tentam se redimir. São encarnações e encarnações perdidas,
APOIOFRATERNO–CADERNO01/01 WILSONDACUNHA
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crimes nefastos e violência extrema. Essa é a realidade da maioria
daqueles que moram nessa “aldeia” chamada Terra.
Ele continuou:
-Sendo assim, meu filho, a vida só pode ser difícil, não há como
ser diferente, são muitos séculos de “mardade”... É muito débito a ser
quitado... O homem sobre a face da Terra só não sucumbe de vez,
porque o amor do Pai o sustenta de pé. Se é verdade que os problemas
diários formam uma bola de neve, também é verdade que quem
empurrou bola de neve montanha abaixo foi o próprio homem.
E concluiu:
-Na Terra, considerando o passado, ninguém, exatamente
ninguém, tem o direito de exigir nada da Divindade, até porque, todos
os benefícios que o homem recebe de Deus, nem de longe os recebe
por seus próprios méritos, mas sim pela Misericórdia Divina. Deus
não cobra, não pune, não exige, apenas ama.