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Estudo sobre nome empresarial
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Nome empresarial. Conceito. Natureza jurdica. Espcies: firma individual, razo social e denominao.
Formao. mbito de proteo legal. Ttulo de estabelecimento, insgnia e sinais de propaganda. Proteo
legal. Alienao do nome empresarial e ttulo de estabelecimento.
1. Nome Empresarial
O nome empresarial tem natureza de bem incorpreo, integrante do estabelecimento, e
que permite ao empresrio ser sujeito de direitos e obrigaes. gnero, que se subdivide em
duas espcies: firma e denominao.
A firma tem por base o nome civil. O empresrio individual s pode usar esta espcie
de nome empresarial: sua firma ser sempre seu nome civil, por extenso ou com abreviaes
parciais, acompanhado da atividade que desempenha.
A razo socia, na verdade, no uma espcie autnoma de nome empresarial, muito
menos sinnimo do gnero nome empresarial. Nada mais , razo social, do que a espcie
firma, usada pela sociedade, quando admissvel: a firma coletiva. Destarte, quando a
sociedade puder adotar firma, esta firma ser coletiva, e sinnimo de firma coletiva razo
social.
Quando a sociedade adotar a razo social, desta constar o nome de algum scio, mais
de um, ou mesmo todos os scios. Sendo sociedade regida pelo CC, ser exigida, tambm, a
presena, no nome, da atividade desempenhada. Na S/A, porm, no se exige a constncia da
atividade, aplicando-se a Lei 6.404/76 em detrimento do CC.
A denominao, por sua vez, tem seu conceito por excluso: se no h utilizao do
nome civil na composio do nome empresarial, denominao.
A sociedade registra, em seus atos constitutivos, o nome empresarial: este ser
necessariamente expresso no ato constitutivo. Levado ao registro, ganha a proteo contra sua
utilizao por terceiros no autorizados.
O registro garante a proteo em mbito estadual, em regra, pois a Junta Comercial
tem esta abrangncia. Esta a previso do artigo 1.166 do CC:
Art. 1.166. A inscrio do empresrio, ou dos atos constitutivos das pessoas jurdicas, ou as respectivas averbaes, no registro prprio, asseguram o uso
exclusivo do nome nos limites do respectivo Estado.
Pargrafo nico. O uso previsto neste artigo estender-se- a todo o territrio nacional,
se registrado na forma da lei especial.
Caso o empresrio queira proteger nacionalmente seu nome, basta que requeira a
extenso desta propriedade, como diz o pargrafo nico do artigo acima. Garantindo esta
regra, o artigo 5, XXIX da CRFB assim dispe:
(...) XXIX - a lei assegurar aos autores de inventos industriais privilgio temporrio para
sua utilizao, bem como proteo s criaes industriais, propriedade das marcas,
aos nomes de empresas e a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse social
e o desenvolvimento tecnolgico e econmico do Pas;
(...)
A Lei 9.279/96, no artigo 124, adiante transcrito, estabelece previso relevante sobre
este tema; o artigo 36 da Lei 8.934/94, dispe que:
Art. 36. Os documentos referidos no inciso II do art. 32 devero ser apresentados a arquivamento na junta, dentro de 30 (trinta) dias contados de sua assinatura, a cuja
data retroagiro os efeitos do arquivamento; fora desse prazo, o arquivamento s ter
eficcia a partir do despacho que o conceder.
E, por fim, os artigos 61 e 62 do Decreto 1.800/96 assim mencionam:
Art. 61. A proteo ao nome empresarial, a cargo das Juntas Comerciais, decorre, automaticamente, do arquivamento da declarao de firma mercantil individual, do
ato constitutivo de sociedade mercantil ou de alteraes desses atos que impliquem
mudana de nome.
1 A proteo ao nome empresarial circunscreve-se unidade federativa de
jurisdio da Junta Comercial que procedeu ao arquivamento de que trata o caput
deste artigo.
2 A proteo ao nome empresarial poder ser estendida a outras unidades da
federao, a requerimento da empresa interessada, observada instruo normativa do
Departamento Nacional de Registro do Comrcio - DNRC.
3 Expirado o prazo da sociedade celebrada por tempo determinado, esta perder a
proteo do seu nome empresarial.
Art. 62. O nome empresarial atender aos princpios da veracidade e da novidade e identificar, quando assim o exigir a lei, o tipo jurdico da sociedade.
1 Havendo indicao de atividades econmicas no nome empresarial, essas
devero estar contidas no objeto da firma mercantil individual ou sociedade mercantil.
2 No poder haver colidncia por identidade ou semelhana do nome empresarial
com outro j protegido.
3 O Departamento Nacional de Registro do Comrcio - DNRC, atravs de
instrues normativas, disciplinar a composio do nome empresarial e estabelecera
critrios para verificao da existncia de identidade ou semelhana entre nomes
empresariais.
Tavares Borba, minoritariamente, defende que o registro na Junta Comercial j se d
em mbito nacional, por fora do artigo 8 da CUP. Veja que tem seu fundamento, mas tese
bastante minoritria:
Art. 8: O nome comercial ser protegido em todos os pases da unio, sem obrigao de depsito ou de registro, quer faa ou no parte de uma massa de fbrica
ou de comrcio.
O artigo 1.163 do CC traz ainda outra previso relevante:
Art. 1.163. O nome de empresrio deve distinguir-se de qualquer outro j inscrito no mesmo registro.
Pargrafo nico. Se o empresrio tiver nome idntico ao de outros j inscritos, dever
acrescentar designao que o distinga.
Assim, a proteo se atm aos limites do registro, da mesma classe, pois do contrrio
no h, em regra, potencial de confuso no mercado. Por isso, se for caso de proteo,
prevalecer aquele que foi registrado antes, pelo princpio da anterioridade, que aqui tem
vigncia.
Veja, ento, que a semelhana pode ser admitida, e quando for, coexistiro os nomes
semelhantes ou iguais; mas esta coexistncia s admitida quando a atividade for diversa, e
se for acrescentada alguma caracterstica distintiva ao nome (de preferncia, aludindo
atividade diversa) do que veio ao registro por ltimo. Esta a aplicao do princpio da
especialidade.
A ao cabvel contra aquele que usa o nome empresarial de absteno de uso,
ordinria de no fazer, cumulada com pedido de indenizao.
O enunciado 213 do CJF garante sociedade simples a utilizao de razo social,
firma coletiva:
Enunciado 213 do CJF - Art. 997: O art. 997, inc. II, no exclui a possibilidade de sociedade simples utilizar firma ou razo social.
Vale aqui trazer um quadro comparativo dos tipos societrios (e empresrio
individual) e dos nomes empresariais que podem adotar:
Tipo societrio (ou empresrio individual) Firma Denominao
Empresrio individual Sim No
Sociedades regidas pelo CC, menos a
sociedade simples pura Sim No
Sociedade simples pura Sim Sim
Sociedade LTDA (artigo 1.158, CC) Sim Sim
Cooperativa No Sim
Sociedade annima No Sim
Sociedade em conta de participao No tem nome
Sociedade em comandita por aes Sim Sim
1.1. Ttulo do Estabelecimento
No se pode confundir o nome empresarial com o ttulo do estabelecimento, que o
que se chama, comumente, de nome fantasia. Este o nome dado ao negcio, sociedade, apenas para o relacionamento desta com a clientela. um acessrio do nome.
Veja que o ttulo do estabelecimento mais conhecido do que o nome. Muitas vezes,
se no na maior parte delas, o nome fantasia tem muito mais valor para a sociedade do que o
nome empresarial.
Para efeitos prticos, o nome empresarial vem sempre acompanhado da sigla que
identifica o tipo societrio. O nome fantasia, de seu lado, o que melhor se relaciona com a
clientela, no tendo meno formal alguma, em regra, estrutura da sociedade.
Propriedade industrial. Legislao. Marcas. Espcies. Classificao. mbito da proteo. Marca notria e de
alto renome. Registro. Cesso de direitos. Extino. Desenho industrial.
1. Marcas
Por conceito, marca o sinal que permite distinguir produtos industriais, artigos comerciais e servios profissionais de outros do mesmo gnero, de mesma atividade,
semelhantes ou afins, de origem diversa. , para o seu titular, o meio eficaz para a construo
da clientela. Assim, o que se busca com a marca diferenciar, para os consumidores, um produto
ou servio de outros do mercado, semelhantes ou afins, de modo que o consumidor possa
escolher a marca que melhor lhe aprouver.
Para Fran Martins, chamam-se marcas de indstria, de comrcio ou de servio, os nomes, palavras, denominaes, monogramas, emblemas, smbolos, figuras e quaisquer
outros sinais usados com o fim de distinguir mercadorias, produtos industriais ou servios, de
outros semelhantes. Destarte, de forma sinttica, a marca um sinal distintivo de produtos ou servios. A
Lei 9.279/96 assim menciona:
Art. 122. So suscetveis de registro como marca os sinais distintivos visualmente perceptveis, no compreendidos nas proibies legais.
Ali se verifica que h, assim como nas patentes de inventos e modelos de utilidades, a
presena de impedimentos legais ao conceito de marca.
Este artigo encerra uma discusso h muito travada: as marcas so sinais visualmente
perceptveis. Por isso, sinais sonoros ou olfativos no podero ser marcas. Elementos
tridimensionais, por sua vez, so possveis marcas, uma vez que so visualmente perceptveis.
H que se atentar ao princpio da especificidade das marcas: quando se obtm o
registro da marca, esta fica protegida, em regra, somente naquela classe em que tal produto ou
servio se enquadre. Assim o porque se as classes so diversas, os ramos so distintos, e no
h risco de que o consumidor seja prejudicado por eventual confuso entre produtos ou
servios. Esta regra tem uma exceo, que ser adiante vista: as marcas de alto renome.
1.1. Espcies de Marcas
O artigo 123 da Lei 9.279/96 introduz trs espcies de marcas, a saber:
Art. 123. Para os efeitos desta Lei, considera-se: I - marca de produto ou servio: aquela usada para distinguir produto ou servio de
outro idntico, semelhante ou afim, de origem diversa;
II - marca de certificao: aquela usada para atestar a conformidade de um produto ou
servio com determinadas normas ou especificaes tcnicas, notadamente quanto
qualidade, natureza, material utilizado e metodologia empregada; e
III - marca coletiva: aquela usada para identificar produtos ou servios provindos de
membros de uma determinada entidade.
O inciso I trata da marca propriamente dita, aquela que identifica distintivamente um
produto ou servio de outros idnticos. Assim, a lei trata esta espcie como marca de produto
ou servio.
O inciso II apresenta a marca de certificao, que utilizada para atestar qualidades
ou adequao do produto a certas normas. Esta marca no distingue o produto ou servio
individualmente, como a marca propriamente dita, do inciso I. Ela se presta a atribuir a
qualquer um que se enquadre sob sua certificao o atestado daquela qualidade ou
especificidade. Assim, um grupo de produtos ou servios de diversas outras marcas
propriamente ditas podem receber a mesma marca de certificao. Como exemplo, o selo de
qualidade da Abic, para cafs, ou o selo de qualidade ou adequao tcnica do Inmetro.
As marcas coletivas, do inciso III do artigo em comento, se prestam a identificar uma
origem, e tambm podem cumular-se com a marca propriamente dita na medida que sua
identificao apenas quanto a uma origem comum. Como exemplo, o champagne, que
marca coletiva que identifica todos os vinhos espumantes oriundos da mesma regio francesa.
Destarte, percebe-se que as marcas de certificao e coletivas tm por funo a
informao do consumidor, e no a identificao distintiva de um s produto ou servio.
1.2. Marcas de Alto Renome e Marcas Notrias
A CUP estabelece, no seu artigo 6, a proteo s marcas notrias, que se destina a
resguardar os direitos de detentores de marcas registradas em um pas, mas ainda no
registradas em outro. O termo marca notoriamente conhecida, previsto neste artigo da CUP, foi ratificado pela Lei 9.279/96, no artigo 126, em que prev proteo especial s marcas
assim consideradas, independentes de prvio depsito ou registro no Brasil:
Art. 126. A marca notoriamente conhecida em seu ramo de atividade nos termos do art. 6 bis (I), da Conveno da Unio de Paris para Proteo da Propriedade
Industrial, goza de proteo especial, independentemente de estar previamente
depositada ou registrada no Brasil.
1 A proteo de que trata este artigo aplica-se tambm s marcas de servio.
2 O INPI poder indeferir de ofcio pedido de registro de marca que reproduza ou
imite, no todo ou em parte, marca notoriamente conhecida.
Assim, a marca notoriamente conhecida, mesmo sem depsito no Brasil, ser
protegida na classe de produto ou servio em que notria.
Na marca notria a proteo no absoluta, mas apenas na classe de servio ou
produto que obtm notoriedade; mas, tratando-se de uma marca no registrada no Brasil, com
notoriedade no s no seu ramo de atividade, mas em todos os ramos, ser aplicado o disposto
no artigo 125 da Lei de Propriedade Industrial, referente as marcas de alto renome, conceito
explorado a seguir.
A Lei 9.279/96 criou um conceito diverso das marcas notrias, o conceito de marcas
de alto renome, trazido no seu artigo 125:
Art. 125. marca registrada no Brasil considerada de alto renome ser assegurada proteo especial, em todos os ramos de atividade.
A marca considerada de alto renome no Brasil ter proteo especial assegurada em
todas as classes, mantendo registro prprio para impedir o de outra que a reproduza ou imite,
no todo ou em parte, desde que haja possibilidade de confuso, pelo consumidor, quanto
origem dos produtos, mercadorias ou servios, ou, ainda, prejuzo para a reputao da marca.
A diferena entre marcas de alto renome e marcas notrias fundamental. Na marca
notria, a proteo destinada a marcas que no contam com registro no Brasil, mas so
registradas e evidentes ao pblico de outros pases (sendo, por vezes, notria tambm aqui,
por j ser o produto importado). O INPI, ao ser instado para registrar a marca, verificar que
esta j detida por outro titular, em outro pas, e notria rechaando o pedido de registro, ento. Esta a proteo marca notoriamente conhecida
1.
A marca de alto renome, por sua vez, tem registro no Brasil, em sua determinada
classe, j contando com a proteo formal nesta respectiva classe. Todavia, esta marca to
forte, to arraigada no mercado de consumo, que pode causar confuso em qualquer classe
1 Veja que no existe reconhecimento de notoriedade como requerimento principal. Ningum requer ao INPI que
reconhea a notoriedade de sua marca. Esta qualidade ser um fundamento para a negativa de um registro, ou
seja, ser reconhecida a notoriedade da marca quando, ao requerer sua inscrio, esta for negada em razo da
notoriedade. Assim tambm ocorre com a marca de alto renome.
que seja utilizada. Esta potncia da marca aferida segundo critrios contidos em uma
resoluo do INPI, que entende que ser de alto renome a marca em razo da fora da sua
propaganda; do mercado de consumo que ela alcana (nacional); do valor bruto que
movimenta; da circulao que tem no mercado, etc.
Uma vez configurada como marca de alto renome, a sua proteo um fenmeno
peculiar: como esta marca transcende a sua classe, ou, melhor dizendo, como a confuso do
uso desta marca em outras classes, por outros titulares, pode ser enorme, a sua proteo vai
alm da sua prpria classe. Assim, qualquer registro desta marca de alto renome, em
qualquer outra classe, ser indeferido, dada a alta capacidade de gerar confuso indevida ao
consumidor. So exemplos de marcas que alcanaram este patamar a Coca-Cola, a Brastemp,
etc.
1.3. Requisitos
A marca deve ser uma novidade relativa, significando que no precisa ser um item
indito, mas sim original, como o registro de um tringulo como marca, por exemplo,
perfeitamente possvel desde que seja original. O sinal precisa ser novo, indito, apenas na
utilizao da expresso lingstica ou smbolo adotado.
Outro requisito negativo: a marca no pode colidir com marcas notrias ou de alto
renome j registradas. E h ainda mais um requisito negativo, o desimpedimento, sendo que
os impedimentos esto no artigo 124 da Lei 9.279/96:
Art. 124. No so registrveis como marca: I - braso, armas, medalha, bandeira, emblema, distintivo e monumento oficiais,
pblicos, nacionais, estrangeiros ou internacionais, bem como a respectiva
designao, figura ou imitao;
II - letra, algarismo e data, isoladamente, salvo quando revestidos de suficiente forma
distintiva;
III - expresso, figura, desenho ou qualquer outro sinal contrrio moral e aos bons
costumes ou que ofenda a honra ou imagem de pessoas ou atente contra liberdade de
conscincia, crena, culto religioso ou idia e sentimento dignos de respeito e
venerao;
IV - designao ou sigla de entidade ou rgo pblico, quando no requerido o
registro pela prpria entidade ou rgo pblico;
V - reproduo ou imitao de elemento caracterstico ou diferenciador de ttulo de
estabelecimento ou nome de empresa de terceiros, suscetvel de causar confuso ou
associao com estes sinais distintivos;
VI - sinal de carter genrico, necessrio, comum, vulgar ou simplesmente descritivo,
quando tiver relao com o produto ou servio a distinguir, ou aquele empregado
comumente para designar uma caracterstica do produto ou servio, quanto
natureza, nacionalidade, peso, valor, qualidade e poca de produo ou de prestao
do servio, salvo quando revestidos de suficiente forma distintiva;
VII - sinal ou expresso empregada apenas como meio de propaganda;
VIII - cores e suas denominaes, salvo se dispostas ou combinadas de modo peculiar
e distintivo;
IX - indicao geogrfica, sua imitao suscetvel de causar confuso ou sinal que
possa falsamente induzir indicao geogrfica;
X - sinal que induza a falsa indicao quanto origem, procedncia, natureza,
qualidade ou utilidade do produto ou servio a que a marca se destina;
XI - reproduo ou imitao de cunho oficial, regularmente adotada para garantia de
padro de qualquer gnero ou natureza;
XII - reproduo ou imitao de sinal que tenha sido registrado como marca coletiva
ou de certificao por terceiro, observado o disposto no art. 154;
XIII - nome, prmio ou smbolo de evento esportivo, artstico, cultural, social,
poltico, econmico ou tcnico, oficial ou oficialmente reconhecido, bem como a
imitao suscetvel de criar confuso, salvo quando autorizados pela autoridade
competente ou entidade promotora do evento;
XIV - reproduo ou imitao de ttulo, aplice, moeda e cdula da Unio, dos
Estados, do Distrito Federal, dos Territrios, dos Municpios, ou de pas;
XV - nome civil ou sua assinatura, nome de famlia ou patronmico e imagem de
terceiros, salvo com consentimento do titular, herdeiros ou sucessores;
XVI - pseudnimo ou apelido notoriamente conhecidos, nome artstico singular ou
coletivo, salvo com consentimento do titular, herdeiros ou sucessores;
XVII - obra literria, artstica ou cientfica, assim como os ttulos que estejam
protegidos pelo direito autoral e sejam suscetveis de causar confuso ou associao,
salvo com consentimento do autor ou titular;
XVIII - termo tcnico usado na indstria, na cincia e na arte, que tenha relao com
o produto ou servio a distinguir;
XIX - reproduo ou imitao, no todo ou em parte, ainda que com acrscimo, de
marca alheia registrada, para distinguir ou certificar produto ou servio idntico,
semelhante ou afim, suscetvel de causar confuso ou associao com marca alheia;
XX - dualidade de marcas de um s titular para o mesmo produto ou servio, salvo
quando, no caso de marcas de mesma natureza, se revestirem de suficiente forma
distintiva;
XXI - a forma necessria, comum ou vulgar do produto ou de acondicionamento, ou,
ainda, aquela que no possa ser dissociada de efeito tcnico;
XXII - objeto que estiver protegido por registro de desenho industrial de terceiro; e
XXIII - sinal que imite ou reproduza, no todo ou em parte, marca que o requerente
evidentemente no poderia desconhecer em razo de sua atividade, cujo titular seja
sediado ou domiciliado em territrio nacional ou em pas com o qual o Brasil
mantenha acordo ou que assegure reciprocidade de tratamento, se a marca se destinar
a distinguir produto ou servio idntico, semelhante ou afim, suscetvel de causar
confuso ou associao com aquela marca alheia.
Assim, em sntese, as marcas sero registrveis quando forem originais (relativa
novidade), no colidentes com marcas notrias ou de alto renome, e desimpedidas.
Vale ressaltar que a proteo da marca registrada restrita classe dos produtos ou
servios a que pertence o objeto, ou seja, tambm se aplica o princpio da especialidade,
especificidade, assim como s invenes e modelos de utilidade.
1.4. Marcas x Nomes Empresariais
Uma sociedade empresria tem seu nome empresarial, seu identificador formal. Pode
ter tambm o nome do seu ambiente fsico nome fantasia , o que se chama de ttulo do estabelecimento. E pode ter ali produtos que comercialize, ou servios que preste, os quais, se
receberem uma identificao distintiva, esta identificao ser, por bvio, uma marca.
Veja que estes conceitos no se confundem. Por vezes, podem ser todos eles presentes,
e totalmente distintos um do outro: a mesma sociedade pode deter um nome empresarial
diferente do ttulo do estabelecimento, e diferente da marca de seus produtos. Vejamos um
exemplo: o Ponto Frio tem este ttulo como ttulo do estabelecimento, e seu nome empresarial
Globex Utilidades LTDA. Dentro do estabelecimento, h diversos produtos, cada um com
sua marca.
Ocorre que pode haver caso em que o nome empresarial, o ttulo do estabelecimento e
a marca dos produtos coincidem na terminologia, na expresso lingstica, mas no por isso
podem se confundir conceitualmente. Um exemplo: a Richards, comrcio de vesturio, tem
por nome empresarial Richards LTDA; tem por ttulo do estabelecimento Richards; e tem por
marca de seus produtos venda tambm Richards. Veja que a mesma expresso lingstica,
e at mesmo a mesma identidade visual, para conceitos distintos, todos detidos pela mesma
sociedade empresria.
O problema pode surgir quando a marca representada por uma expresso lingstica
detida por uma sociedade empresria, e o nome empresarial de outra sociedade empresria
tambm composto pela mesma expresso lingstica, situao esta que pode ocasionar
confuso ao pblico, e por isso demanda soluo. Como concluir qual se sobrepe, marca ou
nome?
H trs critrios a serem observados para definir se a marca ou o nome ser mantido.
Veja:
- H que se indagar se a marca de alto renome. Em caso afirmativo, prevalece a
marca, no importando o ramo de atuao do titular do nome empresarial conflitante.
Nesse caso, a notoriedade da marca traz consigo uma boa reputao e um prestgio,
que no podem ser colocados em jogo. Assim decidiu o STJ, no caso envolvendo a
marca Caracu e o nome empresarial Caracu Indstria e Comrcio LTDA (EDREsp
50609/MG). De modo similar, decidiu o TRF da 2 Regio fazendo prevalecer a marca
All Star em face do nome empresarial All Star Artigos Esportivos LTDA (EIAC
94.02.22597-8).
- Em ateno ao princpio da especificidade, deve se determinar o ramo de atuao, e,
caso no haja confuso, permitir a convivncia de ambos. Como afirmou o Ministro
Slvio de Figueiredo Teixeira:
Se distintos, de molde a no importar confuso, nada obsta possam conviver concomitantemente no universo mercantil. STJ 4 Turma Resp 119.998/SP, Relator Ministro Slvio de Figueiredo Teixeira, j. em 09.03.99, DJ de 10.05.99.
O TJDF reconheceu a possibilidade de convivncia da marca Farmamil com o
nome empresarial Amil, na medida em que uma se dedica ao ramo de farmcia e a
outra, prestao de assistncia mdica (TJDF, APC 2001.011.105497-5). O Tribunal
Regional Federal da 1 Regio admitiu tambm a convivncia de Antrtica (marca de
produto) com o nome da empresa Bar e Mercearia J.M Antrtica de P.C. LTDA (TRF
1 Regio, AMS 1999.01.00.001531-2).
- Caso atuem no mesmo ramo, havendo confuso pela convivncia da marca e do
nome, prevalece o princpio da novidade, ou seja, prevalece a anterioridade do
registro. Assim decidiu o TRF da 1 Regio, fazendo prevalecer o nome comercial da
Cia de Cimento Portland Poty, registrado em 17 de fevereiro de 1944, em face das
marcas Bloco Poty e Bloco Poti, tambm no mercado de construo civil, mas
registradas apenas em 1997 (TRF 1 Regio, AC 1998.33.00.015392-5).
Este critrio, de fato, bem coerente, e prima pela continuidade da atividade
econmica.
No obstante estes critrios, h uma corrente jurisprudencial que entende que a marca
sempre vai prevalecer, pois esta que, como registrada no INPI, tem eficcia nacional,
enquanto o nome empresarial tem eficcia estadual, vez que o seu registro na Junta
Comercial. Por isso, o STJ j decidiu que:
A proteo legal da denominao de sociedades empresrias, consistente na proibio de registro de nomes iguais ou anlogos a outros anteriormente inscritos,
restringe-se ao territrio do Estado em que localizada a Junta Comercial encarregada
do arquivamento dos atos constitutivos da pessoa jurdica. STJ 4 Turma - EEARES - EMBARGOS DE DECLARAO NOS EMBARGOS DE DECLARAO NO
AGRAVO REGIMENTAL NO REC 653609, Relator Ministro Jorge Scartezzini, DJ de 27/06/2005.
De qualquer forma, a casustica pode relativizar estes critrios, de forma a fazer
prevalecer a justia no caso concreto.
2. Procedimentos de Registro
O rgo competente para registro das marcas e patentes o INPI, como se sabe,
autarquia federal. O processo de registro em via administrativa, por bvio, sendo regido por
toda a sistemtica imanente a esta espcie de processo.
preciso ressaltar que o Judicirio no fica impedido de ser acessado por quem
discorde do resultado da via administrativa. A atividade administrativa do INPI no tira o
direito de acesso ao Judicirio para a soluo de questes pertinentes propriedade industrial,
diante do princpio do amplo acesso ao Judicirio, exarado na Constituio Federal, artigo 5,
inciso XXXV. Havendo a interveno do Judicirio, esta pode tanto se prestar a comandar
que seja registrado algo que fora recusado pela autarquia, quanto cancelar um registro
autorizado pela entidade.
A importncia do registro no INPI se nota por dois aspectos: do ponto de vista pblico,
promove a defesa do consumidor, evitando confuso, tornando claras as identidades; do ponto
de vista privado, auxilia o titular no combate concorrncia desleal, de forma a, por outro
lado, resguardar o direito do prprio desenvolvimento econmico do pas.
Vejamos, ento, os princpios principais que as refletem.
2.1. Tratamento nacional
conferida, no territrio brasileiro, a mesma proteo que se concede aos nacionais
aos proprietrios de bens a serem registrados que venham de outros pases signatrios, sem
qualquer diferenciao, muito menos discriminao. H igualdade entre nacionais e
estrangeiros, pois todos so unionistas, signatrios da CUP. o que prev o artigo 3 da lei
em tela:
Art. 3 Aplica-se tambm o disposto nesta Lei: I - ao pedido de patente ou de registro proveniente do exterior e depositado no Pas
por quem tenha proteo assegurada por tratado ou conveno em vigor no Brasil; e
II - aos nacionais ou pessoas domiciliadas em pas que assegure aos brasileiros ou
pessoas domiciliadas no Brasil a reciprocidade de direitos iguais ou equivalentes.
2.2. Independncia dos Bens Imateriais
O cancelamento, negao ou extino de um registro em um pas no implica que este
ser cancelado, negado ou extinto em outro pas. Nada impede que uma inveno seja
registrada na Europa, mas seja negada aqui, ou vice-versa. Igualmente, nada impede que um
registro continue vigente em um pas, aps seu cancelamento em outro.
2.3. Prioridade
Quem apresenta pedido de patente de inveno ou de modelo de utilidade em qualquer
pas unionista tem, durante o prazo de um ano (para as marcas o prazo de quatro meses),
prioridade para requerer o depsito da mesma inveno em pas diverso. Esta prioridade
reivindicada com a prova da data do primeiro depsito, que ser admitida em detrimento de
qualquer outro depsito posterior ao original. Assim dispem os artigos 17 e 127 da Lei
9.279/96:
Art. 17. O pedido de patente de inveno ou de modelo de utilidade depositado originalmente no Brasil, sem reivindicao de prioridade e no publicado, assegurar
o direito de prioridade ao pedido posterior sobre a mesma matria depositado no
Brasil pelo mesmo requerente ou sucessores, dentro do prazo de 1 (um) ano.
1 A prioridade ser admitida apenas para a matria revelada no pedido anterior, no
se estendendo a matria nova introduzida.
2 O pedido anterior ainda pendente ser considerado definitivamente arquivado.
3 O pedido de patente originrio de diviso de pedido anterior no poder servir de
base a reivindicao de prioridade.
Art. 127. Ao pedido de registro de marca depositado em pas que mantenha acordo com o Brasil ou em organizao internacional, que produza efeito de depsito
nacional, ser assegurado direito de prioridade, nos prazos estabelecidos no acordo,
no sendo o depsito invalidado nem prejudicado por fatos ocorridos nesses prazos.
1 A reivindicao da prioridade ser feita no ato de depsito, podendo ser
suplementada dentro de 60 (sessenta) dias, por outras prioridades anteriores data do
depsito no Brasil.
2 A reivindicao da prioridade ser comprovada por documento hbil da origem,
contendo o nmero, a data e a reproduo do pedido ou do registro, acompanhado de
traduo simples, cujo teor ser de inteira responsabilidade do depositante.
3 Se no efetuada por ocasio do depsito, a comprovao dever ocorrer em at 4
(quatro) meses, contados do depsito, sob pena de perda da prioridade.
4 Tratando-se de prioridade obtida por cesso, o documento correspondente dever
ser apresentado junto com o prprio documento de prioridade.
Tendo em vista que os pases unionistas tm que ser tratados de forma isnoma, ao se
registrar uma marca, ou obter patente, em um dos pases, fato que ser preciso o decurso de
algum tempo at que seja possvel, necessrio ou vivel proceder ao registro em outro. Assim,
a prioridade vem para assegurar esta preparao ao titular da marca ou patente, contando da
data do depsito (momento de requerimento do registro, prvio ao deferimento). Se, no
interregno de um ano desde o depsito, para patente, ou quatro meses, para marca, um terceiro
promover o depsito daquela marca em outro pas, o registro deste ser indeferido, ou, se
deferido por acidente, ser cancelado pelo registro do real titular.
Veja que, se no houvesse o primeiro depsito em outro pas, no haveria prioridade:
quem primeiro registrasse, no Brasil, seria o titular da marca ou patente, pelo princpio da
novidade, anterioridade perante os posteriores.
2.4. Precedncia
certo que a partir do registro que se constitui o direito exclusividade de uso do
item patenteado. Contudo, pode ocorrer que algum j venha, de fato, explorando aquele uso,
ou seja, algum j tenha inventado o item patenteado antes daquele que o registrou, mas, por
qualquer motivo, no tenha registrado.
Assim, o real inventor, aquele usurio de boa-f que j tenha inventado a coisa, ou o
modelo de utilidade, ou a marca ou o design, mas no tenha registrado, se comprovar o uso
daquele bem imaterial h pelo menos seis meses, e apresentar seu pedido de registro, poder
continuar o uso. Para patentes, este prazo de um ano. Os artigos 45 e 129, 1, da Lei
9.279/96, tratam do assunto:
Art. 45. pessoa de boa f que, antes da data de depsito ou de prioridade de pedido de patente, explorava seu objeto no Pas, ser assegurado o direito de continuar a
explorao, sem nus, na forma e condio anteriores.
1 O direito conferido na forma deste artigo s poder ser cedido juntamente com o
negcio ou empresa, ou parte desta que tenha direta relao com a explorao do
objeto da patente, por alienao ou arrendamento.
2 O direito de que trata este artigo no ser assegurado a pessoa que tenha tido
conhecimento do objeto da patente atravs de divulgao na forma do art. 12, desde
que o pedido tenha sido depositado no prazo de 1 (um) ano, contado da divulgao.
Art. 129. A propriedade da marca adquire-se pelo registro validamente expedido, conforme as disposies desta Lei, sendo assegurado ao titular seu uso exclusivo em
todo o territrio nacional, observado quanto s marcas coletivas e de certificao o
disposto nos arts. 147 e 148.
1 Toda pessoa que, de boa f, na data da prioridade ou depsito, usava no Pas, h
pelo menos 6 (seis) meses, marca idntica ou semelhante, para distinguir ou certificar
produto ou servio idntico, semelhante ou afim, ter direito de precedncia ao
registro.
2 O direito de precedncia somente poder ser cedido juntamente com o negcio da
empresa, ou parte deste, que tenha direta relao com o uso da marca, por alienao
ou arrendamento.
Resumindo: h usurio sem registro; um terceiro registra o item; a princpio, o direito,
que seria deste terceiro, vez que o registro constitutivo, pode ser obstado pelo que era
usurio de boa-f anterior, provando seu uso prvio de boa-f pelo prazo mnimo, quando
ento poder continuar usando o bem imaterial sem qualquer nus a ser pago ao proprietrio
do registro posterior.
2.5. Pipeline
Antes da edio da Lei 9.279, em 1996, no se reconheciam como patenteveis
algumas invenes, previstas no artigo 230 desta lei:
Art. 230. Poder ser depositado pedido de patente relativo s substncias, matrias ou produtos obtidos por meios ou processos qumicos e as substncias, matrias,
misturas ou produtos alimentcios, qumico-farmacuticos e medicamentos de
qualquer espcie, bem como os respectivos processos de obteno ou modificao,
por quem tenha proteo garantida em tratado ou conveno em vigor no Brasil,
ficando assegurada a data do primeiro depsito no exterior, desde que seu objeto no
tenha sido colocado em qualquer mercado, por iniciativa direta do titular ou por
terceiro com seu consentimento, nem tenham sido realizados, por terceiros, no Pas,
srios e efetivos preparativos para a explorao do objeto do pedido ou da patente.
1 O depsito dever ser feito dentro do prazo de 1 (um) ano contado da publicao
desta Lei, e dever indicar a data do primeiro depsito no exterior.
2 O pedido de patente depositado com base neste artigo ser automaticamente
publicado, sendo facultado a qualquer interessado manifestar-se, no prazo de 90
(noventa) dias, quanto ao atendimento do disposto no caput deste artigo.
3 Respeitados os arts. 10 e 18 desta Lei, e uma vez atendidas as condies
estabelecidas neste artigo e comprovada a concesso da patente no pas onde foi
depositado o primeiro pedido, ser concedida a patente no Brasil, tal como concedida
no pas de origem.
4 Fica assegurado patente concedida com base neste artigo o prazo remanescente
de proteo no pas onde foi depositado o primeiro pedido, contado da data do
depsito no Brasil e limitado ao prazo previsto no art. 40, no se aplicando o disposto
no seu pargrafo nico.
5 O depositante que tiver pedido de patente em andamento, relativo s substncias,
matrias ou produtos obtidos por meios ou processos qumicos e as substncias,
matrias, misturas ou produtos alimentcios, qumico-farmacuticos e medicamentos
de qualquer espcie, bem como os respectivos processos de obteno ou modificao,
poder apresentar novo pedido, no prazo e condies estabelecidos neste artigo,
juntando prova de desistncia do pedido em andamento.
6 Aplicam-se as disposies desta Lei, no que couber, ao pedido depositado e
patente concedida com base neste artigo.
A principal afeco deste impedimento era no que se referia a medicamentos, que,
desenvolvidos, no recebiam patente, caindo em domnio pblico. Esta situao prejudicava
muito o investimento em pesquisa nesta rea, pois no se garantia aos desenvolvedores,
inventores, o retorno na explorao exclusiva do produto, por meio da patente. Por isso, a lei
inverteu o pensamento at ento vigente, e permitiu tais patentes.
Ocorre que, quando a lei entrou em vigor, j havia uma enormidade de medicamentos
desenvolvidos antes que no contavam com a proteo da patente. E para estes, como ficaria a
proteo, uma vez que j estavam em domnio pblico?
Atento a isso, o legislador determinou que se estendessem os efeitos da lei aos
produtos anteriormente a esta desenvolvidos, pela previso do instituto da pipeline.
A sede especfica o 4 do artigo transcrito. Veja que ali a lei aponta para o artigo
40 do mesmo diploma, o qual determina o seguinte:
Art. 40. A patente de inveno vigorar pelo prazo de 20 (vinte) anos e a de modelo de utilidade pelo prazo 15 (quinze) anos contados da data de depsito.
Pargrafo nico. O prazo de vigncia no ser inferior a 10 (dez) anos para a patente
de inveno e a 7 (sete) anos para a patente de modelo de utilidade, a contar da data
de concesso, ressalvada a hiptese de o INPI estar impedido de proceder ao exame
de mrito do pedido, por pendncia judicial comprovada ou por motivo de fora
maior.
importante, aqui, fazer um parntese na explanao a fim de consignar os prazos de
vigncia dos bens imateriais, ou seja, das patentes e das marcas2. O artigo 40, j transcrito,
fixa a vigncia da patente para a inveno, em vinte anos, e para o modelo de utilidade, em
quinze anos. Para as marcas, o prazo de dez anos, prorrogveis sucessivamente por iguais
perodos, sem limite de prorrogaes, como previsto no artigo 133 desta lei:
Art. 133. O registro da marca vigorar pelo prazo de 10 (dez) anos, contados da data da concesso do registro, prorrogvel por perodos iguais e sucessivos.
1 O pedido de prorrogao dever ser formulado durante o ltimo ano de vigncia
do registro, instrudo com o comprovante do pagamento da respectiva retribuio.
2 Se o pedido de prorrogao no tiver sido efetuado at o termo final da vigncia
do registro, o titular poder faz-lo nos 6 (seis) meses subseqentes, mediante o
pagamento de retribuio adicional.
3 A prorrogao no ser concedida se no atendido o disposto no art. 128.
E para o desenho industrial, o prazo de dez anos, prorrogvel at trs vezes, por
perodos de cinco anos cada, totalizando o mximo de vinte e cinco anos. Assim dispe o
artigo 108 da Lei 9.279/96:
Art. 108. O registro vigorar pelo prazo de 10 (dez) anos contados da data do depsito, prorrogvel por 3 (trs) perodos sucessivos de 5 (cinco) anos cada.
1 O pedido de prorrogao dever ser formulado durante o ltimo ano de vigncia
do registro, instrudo com o comprovante do pagamento da respectiva retribuio.
2 Se o pedido de prorrogao no tiver sido formulado at o termo final da
vigncia do registro, o titular poder faz-lo nos 180 (cento e oitenta) dias
subseqentes, mediante o pagamento de retribuio adicional.
2 A vigncia no perptua por ser interesse social que haja o domnio pblico, eventualmente, do bem
imaterial. Na marca, no h esta limitao porque o interesse unicamente do particular em dela fruir, no
havendo qualquer interesse pblico que esta caia em domnio comum.
Voltando pipeline, o seu registro ser vlido por prazo no superior ao de vinte anos,
previsto no artigo 40. Assim se conta o prazo: se a patente j existia anteriormente lei de
1996 em outro pas, o tempo l corrido ser contabilizado quando o registro aqui for feito, a
partir de 1996. Descontado o tempo l corrido, o remanescente, at o teto de vinte anos, ser o
prazo de vigncia daquela patente no Brasil. simples: conta-se o prazo do primeiro registro
no exterior para ser descontado do prazo de vigncia no Brasil, pois se o prazo fosse contado
simplesmente do depsito aqui, poderia, somado ao prazo alhures, ser superior a vinte anos,
teto das invenes, por exemplo.
Esse depsito dever ser feito dentro do prazo de um ano contado da publicao da lei
(artigo 230, 1, Lei 9.279/96). Se perdido este prazo, qualquer terceiro ter direito legtimo
de requerer patente sobre aquele bem, no se aplicando mais a prioridade.
Concedida a patente pipeline, quem explorava o item patenteado dever parar de faz-
lo, pois a proteo idntica de qualquer patente, comportando todos os meios de defesa
possveis.
de se ressaltar que a lei fala em prazo remanescente de proteo no pas onde foi depositado o primeiro pedido, e no concedida a primeira patente. Consiste, entretanto, numa impreciso legal, pois necessria, pela mens legis, que se conte desde a concesso da
primeira patente, uma vez que o que se quer resguardar o prazo de proteo global. Veja: se
o primeiro pedido, feito h muito, foi abandonado, tendo sido concedida patente em outro
momento posterior, se se contar daquele primeiro, rechaado, o prazo remanescente poder
no mais existir, retirando-se a proteo que a lei quer conceder. Por isso, a interpretao
literal no pode ser feita, neste caso (apesar de ser o posicionamento do INPI). Veja:
ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANA. PROPRIEDADE INDUSTRIAL. PATENTES. LEI 9.279/96, ARTS. 40 e 230,4. PIPELINES.
CONTAGEM DE PRAZO.
1. A Lei n 9.279/96 introduziu um instituto temporrio, destinado a corrigir, em
parte, a falta de patentes, na legislao anterior, para as substancias, matrias ou
produtos obtidos por processos qumicos e as misturas ou produtos para fins
farmacuticos e alimentares ou medicamentos de qualquer espcie. Tal instituto
denominado PIPELINE, que nada mais do que o reconhecimento da patente
expedida no exterior pelo tempo que faltar para que ela termine no pas de origem.
Consoante a legislao ptria, o prazo de validade das patentes de vinte anos (art. 40
da referida lei), contados a partir do depsito.
2. Com acerto a sentena guerreada considerou o prazo inicial das patentes no exterior
como sendo aquelas que geraram a proteo por terem sido concedidas, nos termos do
artigo 230, 4 da LPI.
3. No h que se considerar, pedido de depsito, posteriormente abandonado e que,
portanto, no gerou qualquer direito Impetrante. (TRF2, AMS 35663/RJ, DJU
13/02/2001).
4. Remessa e recursos improvidos. Sentena mantida.
3. Cesso das Marcas e Patentes
Como direitos que o so, as marcas e patentes podem ser objeto de contrato de cesso.
A cesso de marcas est nos artigos 134 e 135 da Lei 9.279/96, e a das patentes nos artigos 58
e 59 do mesmo diploma.
Art. 58. O pedido de patente ou a patente, ambos de contedo indivisvel, podero ser cedidos, total ou parcialmente.
Art. 59. O INPI far as seguintes anotaes: I - da cesso, fazendo constar a qualificao completa do cessionrio;
II - de qualquer limitao ou nus que recaia sobre o pedido ou a patente; e
III - das alteraes de nome, sede ou endereo do depositante ou titular.
Art. 134. O pedido de registro e o registro podero ser cedidos, desde que o cessionrio atenda aos requisitos legais para requerer tal registro.
Art. 135. A cesso dever compreender todos os registros ou pedidos, em nome do cedente, de marcas iguais ou semelhantes, relativas a produto ou servio idntico,
semelhante ou afim, sob pena de cancelamento dos registros ou arquivamento dos
pedidos no cedidos.
Os contratos de cesso so denominados contratos de transferncia de tecnologia, e
seguem as regras gerais dos contratos de cesso.
A cesso pode ser total ou parcial. Cedido totalmente, um bem imaterial deixa de
poder ser utilizado pelo cedente; cedido parcialmente, ou melhor dizendo, licenciado, o bem
pode ser usado pelo cedente ou pelo cessionrio, concomitantemente.
As cesses exigem sempre a publicao pelo INPI, sendo necessrio o depsito de sua
feitura nesta autarquia, pois ela quem torna pblica a titularidade do bem imaterial.
3.1. Licena
A licena d direito ao licenciado a usar o bem imaterial. interessante, aqui, se
consignar que o Direito Industrial se realiza direta ou indiretamente. Veja: de forma direta, o
prprio titular do bem assume os riscos da explorao de sua marca ou patente; de forma
indireta, o proprietrio da inveno, por exemplo, no tem interesse em produzir
industrialmente seu invento, e por isso concede a licena de uso em favor de terceiro, que ser
o responsvel por fazer aquela explorao. Um exemplo corriqueiro de licena a franquia.
O uso do direito imaterial pode ser simultneo, sendo realizada a indstria de forma
direta e indireta, sem exclusividade dando licena a mais de uma pessoa ou pode ser dada exclusividade ao licenciado, sem que haja explorao por mais ningum, e at mesmo se
impedindo a explorao pelo prprio titular, licenciante. De qualquer forma, s produzir
efeitos aps a averbao no INPI, pois dali que se d a publicidade contra terceiros (mas no
requisito de validade ou de eficcia entre as partes).
A licena, em regra, voluntria: um contrato como outro qualquer. Contudo, pode
haver licena compulsria, excepcionalmente. o que se denomina, no vulgo, de quebra da
patente. Veja: o Estado pode impor que outrem possa explorar a inveno ou modelo de
utilidade, se a situao se enquadrar em um dos autorizativos legais da Lei 9.279/96, a saber:
Art. 68. O titular ficar sujeito a ter a patente licenciada compulsoriamente se exercer os direitos dela decorrentes de forma abusiva, ou por meio dela praticar abuso
de poder econmico, comprovado nos termos da lei, por deciso administrativa ou
judicial.
1 Ensejam, igualmente, licena compulsria:
I - a no explorao do objeto da patente no territrio brasileiro por falta de
fabricao ou fabricao incompleta do produto, ou, ainda, a falta de uso integral do
processo patenteado, ressalvados os casos de inviabilidade econmica, quando ser
admitida a importao; ou
II - a comercializao que no satisfizer s necessidades do mercado.
2 A licena s poder ser requerida por pessoa com legtimo interesse e que tenha
capacidade tcnica e econmica para realizar a explorao eficiente do objeto da
patente, que dever destinar-se, predominantemente, ao mercado interno,
extinguindo-se nesse caso a excepcionalidade prevista no inciso I do pargrafo
anterior.
3 No caso de a licena compulsria ser concedida em razo de abuso de poder
econmico, ao licenciado, que prope fabricao local, ser garantido um prazo,
limitado ao estabelecido no art. 74, para proceder importao do objeto da licena,
desde que tenha sido colocado no mercado diretamente pelo titular ou com o seu
consentimento.
4 No caso de importao para explorao de patente e no caso da importao
prevista no pargrafo anterior, ser igualmente admitida a importao por terceiros de
produto fabricado de acordo com patente de processo ou de produto, desde que tenha
sido colocado no mercado diretamente pelo titular ou com o seu consentimento.
5 A licena compulsria de que trata o 1 somente ser requerida aps decorridos
3 (trs) anos da concesso da patente.
Art. 70. A licena compulsria ser ainda concedida quando, cumulativamente, se verificarem as seguintes hipteses:
I - ficar caracterizada situao de dependncia de uma patente em relao a outra;
II - o objeto da patente dependente constituir substancial progresso tcnico em relao
patente anterior; e
III - o titular no realizar acordo com o titular da patente dependente para explorao
da patente anterior.
1 Para os fins deste artigo considera-se patente dependente aquela cuja explorao
depende obrigatoriamente da utilizao do objeto de patente anterior.
2 Para efeito deste artigo, uma patente de processo poder ser considerada
dependente de patente do produto respectivo, bem como uma patente de produto
poder ser dependente de patente de processo.
3 O titular da patente licenciada na forma deste artigo ter direito a licena
compulsria cruzada da patente dependente.
Art. 71. Nos casos de emergncia nacional ou interesse pblico, declarados em ato do Poder Executivo Federal, desde que o titular da patente ou seu licenciado no
atenda a essa necessidade, poder ser concedida, de ofcio, licena compulsria,
temporria e no exclusiva, para a explorao da patente, sem prejuzo dos direitos do
respectivo titular.
Pargrafo nico. O ato de concesso da licena estabelecer seu prazo de vigncia e a
possibilidade de prorrogao.
Assim se podem sintetizar as hipteses:
- Exerccio abusivo do direito, como a cobrana de preos excessivos;
- Abuso do poder econmico, como a patente usada para domnio do mercado;
- Falta de explorao integral no Brasil, ou seja, explorao concentrada em um s
local, havendo carncia de explorao daquele item em outras reas nacionais;
- Comercializao insatisfatria, mesmo atuando no mercado nacional, havendo
carncia de atendimento demanda;
- Dependncia de uma patente em relao a outra, sendo presente a intransigncia
negocial entre seus titulares;
- Emergncia nacional ou interesse pblico (como ocorreu com os medicamentos da
SIDA).
4. Extino dos Direitos
Como qualquer direito, os direitos da propriedade industrial esto sujeitos extino.
A Lei 9.279/96 trata do tema nos artigos 78, para patentes, e 142, para marcas:
Art. 78. A patente extingue-se:
I - pela expirao do prazo de vigncia;
II - pela renncia de seu titular, ressalvado o direito de terceiros;
III - pela caducidade;
IV - pela falta de pagamento da retribuio anual, nos prazos previstos no 2 do art.
84 e no art. 87; e
V - pela inobservncia do disposto no art. 217.
Pargrafo nico. Extinta a patente, o seu objeto cai em domnio pblico.
Art. 142. O registro da marca extingue-se: I - pela expirao do prazo de vigncia;
II - pela renncia, que poder ser total ou parcial em relao aos produtos ou servios
assinalados pela marca;
III - pela caducidade; ou
IV - pela inobservncia do disposto no art. 217.
A renncia deve ser ressalvada em relao aos diretos de terceiros. Veja: se o titular
concede licena voluntria, e depois renuncia, estar violando o terceiro, licenciado, pelo que
este dever anuir na renncia; se no o fizer, o terceiro permanece com sua exclusividade.
A caducidade o mero no uso do bem imaterial, ou o desuso.
A patente tem uma causa de extino a mais do que a marca: a falta de pagamento da
retribuio anual, como dispe o inciso IV do artigo 78.
Ambos os artigos mencionam como causa de extino a inobservncia do artigo 217.
Este artigo, da mesma lei, assim dispe:
Art. 217. A pessoa domiciliada no exterior dever constituir e manter procurador devidamente qualificado e domiciliado no Pas, com poderes para represent-la
administrativa e judicialmente, inclusive para receber citaes.
Assim, se o titular restar sem representao no pas, poder ser extinta a patente.
Sociedade em Conta de Participao
Esta sociedade tratada os artigos 991 a 996 do CC. Em verdade, atcnico tratar
desta sociedade em direito de empresas, pois, como se ver, no se trata de uma espcie ou
forma de sociedade, simples ou empresaria, mas sim de uma modalidade de contrato de
parceria, ou contrato de investimento.
O objetivo, a ratio desta sociedade fomentar o desenvolvimento de atividades
econmicas, ou seja, abrir caminho para promoo de investimentos.
Um exemplo tem grande valor: uma construtora, buscando implementar um
empreendimento, busca junto a investidores a parceria para, como seus recursos, realizar a
obra, e nesta parceria fica estipulado que, aps a venda do produto da obra, ser o lucro
rateado na forma que se pactuar, nas propores que bem entenderem. Este contrato uma
sociedade, no sentido tcnico? Veja que no h autonomia, no h patrimnio prprio, no h
domiclio, no h sequer nome empresarial da sociedade: o que h um contrato de
investimento, em que todos os atos negociais so realizados pela construtora. Assim, a relao
entre a construtora e os investidores um mero contrato civil de parceria a sociedade em conta de participao no tem nenhum dos atributos oriundos da teoria da personificao.
Dito isto, e debalde estas consideraes, a sociedade em conta de participao tratada
no Direito Empresarial. Mesmo que sua sede natural fosse no direito contratual, empresa, e
assim deve ser tratada. Ao menos em um aspecto o legislador andou bem: sociedade no
personificada, pois atribuir personalidade jurdica a um mero contrato de parceria seria uma
aberrao jurdica.
H, nesta sociedade, duas figuras fundamentais: o scio ostensivo, aquele que aparece
aos olhos do mercado, quem negocia, posta seu nome empresarial (ou civil, se pessoa fsica),
e, conseqentemente, quem responde por toda a atividade de empresa com seu patrimnio; e o
scio oculto, hoje denominado scio participante, que o investidor, parceiro que no atua na
atividade empresria.
O contrato da sociedade em conta de participao pode ser verbal ou escrito, e no
precisa ser registrado em qualquer rgo, pois documento a ser exigido entre os scios,
apenas, tendo efeitos apenas nas relaes intra societrias, pois como visto que se expe ao
mercado apenas o scio ostensivo ( por isso que se conhece esta sociedade como
sociedade de gaveta). Se quiserem, os scios podem at levar o contrato ao registro, mas como um contrato de parceria, de investimento, e no um ato constitutivo, ser registrado no
Cartrio de Ttulos e Documentos e no no RCPJ ou RPEM e claro que no ganha personalidade jurdica com este registro, mas apenas publicidade.
Reitere-se: aos olhos de terceiros, a nica personalidade jurdica que tem relevncia
a do scio ostensivo, pois a sociedade em conta de participao mero contrato de parceria.
Sendo assim, toda inflexo negocial porventura ocorrida ser a cargo do scio ostensivo.
Destarte, se alguma falncia tiver que ser requerida, ser nica e exclusivamente do scio
ostensivo, e se este a tiver decretada, uma peculiaridade deve ser observada: os scios ocultos,
scios participantes, investidores, sero habilitados, no concurso de crditos, como credores
quirografrios.
Aqui, merece maiores comentrios o artigo 994, 2, do CC:
Art. 994. A contribuio do scio participante constitui, com a do scio ostensivo, patrimnio especial, objeto da conta de participao relativa aos negcios sociais.
1o A especializao patrimonial somente produz efeitos em relao aos scios.
2o A falncia do scio ostensivo acarreta a dissoluo da sociedade e a liquidao
da respectiva conta, cujo saldo constituir crdito quirografrio.
3o Falindo o scio participante, o contrato social fica sujeito s normas que regulam
os efeitos da falncia nos contratos bilaterais do falido.
este dispositivo que determina a natureza quirografria dos crditos dos scios
ocultos. Mas e se, no contrato da sociedade em conta de participao, se estabelecer que os
crditos do scio oculto, na falncia, tero garantia real? Ser vlida esta previso?
A previso vlida e eficaz, em geral; todavia, no caso especifico da decretao da
falncia do scio ostensivo esta previso no ser eficaz, pois no ser oponvel norma de
ordem pblica, cogente, do artigo 994, 2, do CC: prepondera a natureza de crdito
quirografrio, legalmente estabelecida, sobre garantia real contratualmente gerada.
Prepondera a lei sobre o contrato.
Dissoluo das sociedades. Espcies de dissoluo. A Liqidao. A figura do liqidante. Deveres e
Responsabilidade. Partilha do remanescente entre os scios. Personalidade jurdica na dissoluo das
sociedades. Extino da sociedade. Credores no satisfeitos.
1. Introduo
A dissoluo da sociedade no a extino da personalidade jurdica no so sinnimos estes conceitos. A dissoluo um procedimento, e no curso deste, em
determinado momento, ocorre a extino da personalidade jurdica da sociedade, mas no
tcnico falar em dissoluo como sinnimo de extino da personalidade.
A pessoa jurdica, como se sabe, ganha a personalidade apenas quando efetua o
registro de seus atos constitutivos no rgo competente RPEM, Junta Comercial, para empresas, e RCPJ para sociedades simples. Uma vez adquirida a personalidade jurdica, a
pessoa jurdica que responde pelas obrigaes por si contradas.
Assim, o registro constitutivo da personalidade jurdica da sociedade. A exceo
aquisio de personalidade com o registro, quando este registro no tem o condo de fazer
surgir a personalidade jurdica da sociedade, a sociedade em conta de participao: como
cedio, mesmo havendo registro do contrato social desta sociedade, no haver aquisio da
personalidade jurdica. o que diz o artigo 993 do CC:
Art. 993. O contrato social produz efeito somente entre os scios, e a eventual inscrio de seu instrumento em qualquer registro no confere personalidade jurdica
sociedade.
Pargrafo nico. Sem prejuzo do direito de fiscalizar a gesto dos negcios sociais, o
scio participante no pode tomar parte nas relaes do scio ostensivo com terceiros,
sob pena de responder solidariamente com este pelas obrigaes em que intervier.
A sociedade annima tambm se constitui com o registro de seu estatuto. H,
entretanto, a tese isolada, diga-se de Tavares Borba que defende que a S/A se constitui no com o registro, o qual seria meramente complementar, mas sim com a assembleia de
constituio. Desde a assembleia, ento, a S/A teria personalidade jurdica, o registro seria
mero complemento. Seguindo-se, como se deve, a corrente majoritria, a S/A sempre ter seu
registro constitutivo necessariamente efetivado na Junta Comercial, pois a companhia, por
fora de lei, sempre empresria (da mesma forma que as cooperativas, embora tenham
natureza material de sociedades simples, em regra, mesmo se no o forem, mesmo se
materialmente empresrias, so sempre inscritas no RCPJ).
Se uma sociedade que certamente empresria estiver registrada no RCPJ ou o contrrio, uma sociedade simples registrada no RPEM , qual a conseqncia deste registro em rgo errneo? A sociedade passa a ser tratada como se fosse uma sociedade em comum,
seus scios sendo solidria e ilimitadamente responsveis.
A sociedade em comum, de seu lado, antiga sociedade irregular, ou de fato, aquela
sociedade despersonificada, sem personalidade jurdica (assim como a sociedade em conta de
participao). Destarte, se uma sociedade no tem contrato social, ou mesmo o tendo, no o
levou ao registro, sociedade em comum, sem personalidade jurdica. por isso que a
sociedade que est registrada em rgo errado assim tratada como se no tivesse registro.
Os scios da sociedade em comum tm responsabilidade ilimitada e solidria, mas
podem argir benefcio de ordem de seus bens particulares, a fim de que estes sejam
executados aps a execuo dos bens sociais, aqueles dedicados atividade empresria
(benefcio que no cabe quele scio que lidera a negociao pela sociedade). A
responsabilidade dos scios que tm benefcio de ordem, ento, subsidiria
responsabilidade patrimonial da prpria sociedade em comum.
2. Dissoluo das Sociedades
O procedimento de dissoluo regular tem trs fases: o ato de dissoluo; a liquidao
do ativo e passivo; e a partilha do ativo remanescente. A dissoluo ato a causa da
dissoluo, os motivos que ensejam a dissoluo, presentes no artigo 1.033 do CC (em rol
numerus appertus), que ser mais bem estudado logo adiante.
A liquidao, segunda fase, momento em que sero pagas as dvidas e recebidos os
ativos (no sendo mais admissvel a realizao de novos negcios, a assuno de novas
obrigaes). At a liquidao, a personalidade jurdica subsiste: s se extingue quando
finalizada a liquidao, havendo ou no ativos a partilhar. O marco extintivo o
arquivamento, no mesmo rgo de registro, da ata da assemblia que encerrou a liquidao,
averbao que pode ser feita pelo liquidante ou por qualquer scio (ata que depois ser ainda
publicada, vez que os dissidentes podero promover ao contra as atitudes tomadas na
liquidao, como se ver adiante). a exegese do artigo 51, combinado com o artigo 1.109 do
CC:
Art. 51. Nos casos de dissoluo da pessoa jurdica ou cassada a autorizao para seu funcionamento, ela subsistir para os fins de liquidao, at que esta se conclua.
1o Far-se-, no registro onde a pessoa jurdica estiver inscrita, a averbao de sua
dissoluo.
2o As disposies para a liquidao das sociedades aplicam-se, no que couber, s
demais pessoas jurdicas de direito privado.
3o Encerrada a liquidao, promover-se- o cancelamento da inscrio da pessoa
jurdica.
Art. 1.109. Aprovadas as contas, encerra-se a liquidao, e a sociedade se extingue, ao ser averbada no registro prprio a ata da assemblia.
Pargrafo nico. O dissidente tem o prazo de trinta dias, a contar da publicao da ata,
devidamente averbada, para promover a ao que couber.
Por fim, vem a fase da partilha: havendo ativos remanescentes, sero estes divididos
entre os scios, nas devidas propores de quotas.
Vale ressaltar que as associaes tambm devem passar pela dissoluo, quando
encerram suas atividades.
Se no houver o procedimento de dissoluo, ou se as trs fases no forem respeitadas,
em sua necessidade, a dissoluo irregular, o que ser tema de adiante.
A dissoluo um procedimento que pode ser extrajudicial ou judicial, a depender das
disputas e desacertos que envolva.
2.1. Desconsiderao da Personalidade Jurdica x Despersonificao
bvio que as situaes que intitulam este tpico no se confundem. Desconsiderar a
personalidade jurdica ignorar sua autonomia patrimonial em relao aos scios,
temporariamente, e para um caso concreto especfico, voltando a ser autnoma logo aps; a
despersonificao, por sua vez, movimento definitivo, extino da prpria personalidade
jurdica.
2.2. Causas de Dissoluo da Sociedade
Como visto, a primeira fase do procedimento de dissoluo a dissoluo ato, quando
se apresenta o motivo da dissoluo. As causas da dissoluo de pleno direito aparecem em
rol exemplificativo, no artigo 1.033 do CC:
Art. 1.033. Dissolve-se a sociedade quando ocorrer: I - o vencimento do prazo de durao, salvo se, vencido este e sem oposio de scio,
no entrar a sociedade em liquidao, caso em que se prorrogar por tempo
indeterminado;
II - o consenso unnime dos scios;
III - a deliberao dos scios, por maioria absoluta, na sociedade de prazo
indeterminado;
IV - a falta de pluralidade de scios, no reconstituda no prazo de cento e oitenta
dias;
V - a extino, na forma da lei, de autorizao para funcionar.
Tambm o artigo 206 da Lei 6.404/76 Lei da S/A traz rol parecido:
Art. 206. Dissolve-se a companhia: I - de pleno direito:
a) pelo trmino do prazo de durao;
b) nos casos previstos no estatuto;
c) por deliberao da assemblia-geral (art. 136, X);
d) pela existncia de 1 (um) nico acionista, verificada em assemblia-geral ordinria,
se o mnimo de 2 (dois) no for reconstitudo at do ano seguinte, ressalvado o
disposto no artigo 251;
e) pela extino, na forma da lei, da autorizao para funcionar.
II - por deciso judicial:
a) quando anulada a sua constituio, em ao proposta por qualquer acionista;
b) quando provado que no pode preencher o seu fim, em ao proposta por
acionistas que representem 5% (cinco por cento) ou mais do capital social;
c) em caso de falncia, na forma prevista na respectiva lei;
III - por deciso de autoridade administrativa competente, nos casos e na forma
previstos em lei especial.
Terminado o prazo da sociedade com durao determinada, a sociedade se dissolve;
contudo, se os scios continuarem com a atividade de empresa, a sociedade se mantm,
prorrogada por prazo indeterminado (artigo 1.033, I, do CC).
A dissoluo por falta de pluralidade de scios (artigo 1.033, IV, do CC, e 206, I, d, da LSA) merece especial ateno, pois como se sabe h casos em que se admite a sociedade
unipessoal, no Brasil: assim ocorre com a subsidiria integral, sempre unipessoal, e com a
empresa pblica, que pode ser unipessoal.
Quando a sociedade no puder ser unipessoal, se for S/A, ter que ser suprida a
pluralidade at realizao da assembleia geral ordinria do ano seguinte. Se for sociedade das
regidas pelo CC, como a LTDA, a pluralidade deve ser restabelecida em no mximo cento e
oitenta dias desde quando verificada a unipessoalidade. Do contrrio, a sociedade se dissolve.
Surge uma questo: a quebra da affectio societatis causa para dissoluo da
sociedade? Veja que no aparece em nenhum dos artigos que enumeram as causas, mas como
este rol aberto, doutrina e jurisprudncia pacificamente entendem ser causa hbil
dissoluo da sociedade. Mas note-se que esta dissoluo parcial: o scio que quiser se
retirar, com esta motivao, poder receber seus haveres e deixar a sociedade, no implicado
em finalizao da sociedade, que pode continuar com os scios remanescentes (ou pelo nico
scio, unipessoalmente, pelo perodo mximo dito em lei).
claro que a affectio societatis s poder ser causa de extino da sociedade que
tenha este elemento. Se a sociedade no tem affectio, no h como ser este perdido. Assim,
tem-se como exemplo de sociedade que no tem affectio societatis a sociedade annima
aberta, a qual no poder se dissolvida por este motivo (a S/A fechada, por seu lado, tem duas
correntes acerca da presena da affectio, sendo majoritria STJ, inclusive3 a corrente que entende-o possivelmente presente).
2.3. Espcies de Dissoluo da Sociedade
So cinco as espcies: judicial, extrajudicial, de pleno direito, parcial, total, e
integral.
A dissoluo de pleno direito, como se adiantou, baseada nas causas do artigo 1.033
do CC. A judicial, por sua vez, vem prevista nos artigos 1.034 e 1.035 do CC:
Art. 1.034. A sociedade pode ser dissolvida judicialmente, a requerimento de qualquer dos scios, quando:
I - anulada a sua constituio;
II - exaurido o fim social, ou verificada a sua inexeqibilidade.
Art. 1.035. O contrato pode prever outras causas de dissoluo, a serem verificadas judicialmente quando contestadas.
As causas criadas pelo contrato social, quando suscitadas, sero levadas a cabo pelo
Judicirio por isso o artigo 1.035 dissoluo judicial. A dissoluo parcial uma criao jurisprudencial pacificamente aceita, pois prima
pela defesa da continuidade da atividade empresria, da preservao da atividade. Fosse o
contrrio, toda retirada do scio seria causa de extino automtica da sociedade, como o era
na vigncia literal do CC de 1916. Se os scios no quiserem continuar, h outra causa, o
consenso, mas no automaticamente dissolvida a sociedade quando h a dissoluo parcial.
A dissoluo extrajudicial aquela em que h consenso entre os scios, sem haver
necessidade de provocar o Judicirio: simplesmente no h lide, no havendo necessidade de
interferncia judicial.
2.4. Legitimidade Ativa e Passiva para Dissoluo Judicial
A legitimidade ativa para a dissoluo judicial pertence a qualquer dos scios, como
diz o artigo 1.034 do CC, mas tambm pode ser dada ao Ministrio Pblico, ou ao interventor.
Suponha-se que um dos scios seja casado em regime de comunho universal: seu
cnjuge, no sendo scio, no tem legitimidade alguma, independentemente do regime lhe
garantir direito patrimonial sobre as quotas da sociedade. Nem mesmo havendo a separao
ser-lhe- dada legitimidade, como se extrai do artigo 1.027 do CC:
Art. 1.027. Os herdeiros do cnjuge de scio, ou o cnjuge do que se separou judicialmente, no podem exigir desde logo a parte que lhes couber na quota social,
mas concorrer diviso peridica dos lucros, at que se liquide a sociedade.
A legitimidade do MP se presta a promover a liquidao da sociedade quando, por
exemplo, for cassada a autorizao para funcionamento da sociedade (artigo 1.033, V, CC). O
artigo 1.037 traz esta hiptese:
Art. 1.037. Ocorrendo a hiptese prevista no inciso V do art. 1.033, o Ministrio Pblico, to logo lhe comunique a autoridade competente, promover a liquidao
judicial da sociedade, se os administradores no o tiverem feito nos trinta dias
3 No REsp 507.490, o STJ posicionou-se neste sentido, entendendo presente a affectio e possvel a dissoluo da
S/A fechada por sua quebra. Para o STJ, em regra, no h affectio nesta sociedade, mas pode existir.
seguintes perda da autorizao, ou se o scio no houver exercido a faculdade
assegurada no pargrafo nico do artigo antecedente.
Pargrafo nico. Caso o Ministrio Pblico no promova a liquidao judicial da
sociedade nos quinze dias subseqentes ao recebimento da comunicao, a autoridade
competente para conceder a autorizao nomear interventor com poderes para
requerer a medida e administrar a sociedade at que seja nomeado o liquidante.
Da leitura do artigo ainda se verifica que, mesmo quando legitimado, esta legitimidade
subsidiria: o MP s pode requerer a liquidao se os scios no o fizerem, em at trinta
dias da perda da autorizao.
A legitimidade do interventor vem na mesma hiptese, como se v no pargrafo nico
deste artigo 1.037: se o MP no promove a liquidao, a autoridade concedente da autorizao
perdida nomear interventor, o qual ter esta incumbncia, e administrar a sociedade at que
o liquidante seja nomeado.
A legitimidade passiva na dissoluo judicial da sociedade, singularmente, se a
dissoluo for total; se for dissoluo parcial, o polo passivo ocupado em litisconsrcio
necessrio pela sociedade e pelos scios remanescentes.
2.5. Dissoluo Irregular
Como dito, a dissoluo irregular se d quando o procedimento de trs fases
inobservado. Na dissoluo regular, os dbitos previdencirios e tributrios so apenas mais
um dos passivos a serem liquidados, e o seu mero inadimplemento no enseja
responsabilidade pessoal dos scios. Assim se posicionou o STJ no REsp 717.717/SP.
A responsabilidade pessoal dos scios (desconsiderada a personalidade jurdica pela
teoria menor), no entanto, ocorrer quando a dissoluo for irregular, para solver os dbitos
previdencirios e tributrios4.
2.6. Liquidao
A liquidao trazida nos artigos 1.102 a 1.112 do CC; para as sociedades em conta
de participao, cuja natureza jurdica de contrato de parceria, observado o artigo 914 do
CPC, o rito da prestao de contas:
Art. 914. A ao de prestao de contas competir a quem tiver: I - o direito de exigi-las;
II - a obrigao de prest-las.
H de se observar que nem sempre haver liquidao com a dissoluo: quando
simplesmente no existirem credores a serem pagos, e no existirem mais bens a serem
partilhados, bastar o registro do simples distrato social na Junta Comercial.
Outro caso a ser observado quando a sociedade poder ser extinta sem a dissoluo e
a liquidao: na incorporao ou fuso da sociedade, no se demanda o processo de
dissoluo, e, por bvio, no se liquida. A sociedade se extingue, integrando a incorporadora
ou a fusionante, mas no h o processo de dissoluo.
Na transformao, igualmente, no h dissoluo ou liquidao, e mais: sequer h
extino da sociedade, pois h mera alterao do tipo societrio da sociedade.
4 Vem surgindo uma releitura jurisprudencial desta responsabilizao pessoal dos scios: no basta que apenas
seja verificado o fechamento da sede social, por exemplo, para provocar a desconsiderao menor; o credor deve
comprovar a inteno do devedor em inadimplir o crdito.
2.6.1. Espcies de Liquidao
A liquidao extrajudicial regulada pelo CC, mas o contrato pode tratar de seus
procedimentos.
A liquidao judicial tratada no artigo 657 e seguintes do CPC de 1939, e tem lugar
quando a dissoluo judicial, ou quando os scios assim requererem, ou ainda quando o MP
requerer. Nada impede que a dissoluo seja judicial, mas a liquidao extrajudicial, se sobre
ela acordarem os scios.
importante no se confundir a liquidao, fase da dissoluo, com a liquidao
extrajudicial da Lei 6.024/74, nem com a liquidao da quota de um scio, do artigo 1.026,
pargrafo nico, do CC.
2.6.2. Liquidante
Liquidante aquele rgo de administrao da sociedade neste perodo. o
administrador da sociedade, nomeado para represent-la, enquanto esta ainda tem
personalidade jurdica, a fim de apurar ativos e passivos, e dar cabo das obrigaes da
sociedade. Os scios no mais podem atuar, a no ser para resolver situaes inadiveis
(nunca realizar novos negcios).
O liquidante pode ser nomeado antecipadamente no contrato social; no prprio ato de
dissoluo, primeira fase do procedimento; ou em deliberao dos scios. Neste ltimo caso,
o qurum de deliberao para nomear o liquidante ser por maioria de votos, segundo o valor
das quotas, ou pelo maior numero de scios presentes, havendo empate. Para Jos Waldecy
Lucena, porm, depender: se for judicial, pela maioria do capital social; se extrajudicial, pela
maioria por cabea presente.
Para a maior parte da doutrina, a liquidao tem incio justamente com a nomeao do
liquidante. Modesto Carvalhosa, porm, de forma isolada, entende que o requerimento da
dissoluo j faz iniciada a liquidao, imediatamente.
O qurum para destituio do liquidante o do artigo 1.038 do CC:
Art. 1.038. Se no estiver designado no contrato social, o liquidante ser eleito por deliberao dos scios, podendo a escolha recair em pessoa estranha sociedade.
1o O liquidante pode ser destitudo, a todo tempo:
I - se eleito pela forma prevista neste artigo, mediante deliberao dos scios;
II - em qualquer caso, por via judicial, a requerimento de um ou mais scios,
ocorrendo justa causa.
2o A liquidao da sociedade se processa de conformidade com o disposto no
Captulo IX, deste Subttulo.
Veja que se na deliberao se alcanar soluo no unnime, os dissidentes podero ir
ao Judicirio, requerer a providncia contrria, mas devendo, para tanto, provar justa causa.
A remunerao do liquidante ser decidida pelos scios, se liquidao extrajudicial; na
judicial, ser de um a cinco por cento dos ativos lquidos.
Os deveres do liquidante esto no artigo 1.103 do CC:
Art. 1.103. Constituem deveres do liquidante: I - averbar e publicar a ata, sentena ou instrumento de dissoluo da sociedade;
II - arrecadar os bens, livros e documentos da sociedade, onde quer que estejam;
III - proceder, nos quinze dias seguintes ao da sua investidura e com a assistncia,
sempre que possvel, dos administradores, elaborao do inventrio e do balano
geral do ativo e do passivo;
IV - ultimar os negcios da sociedade, realizar o ativo, pagar o passivo e partilhar o
remanescente entre os scios ou acionistas;
V - exigir dos quotistas, quando insuficiente o ativo soluo do passivo, a
integralizao de suas quotas e, se for o caso, as quantias necessrias, nos limites da
responsabilidade de cada um e proporcionalmente respectiva participao nas
perdas, repartindo-se, entre os scios solventes e na mesma proporo, o devido pelo
insolvente;
VI - convocar assemblia dos quotistas, cada seis meses, para apresentar relatrio e
balano do estado da liquidao, prestando conta dos atos praticados durante o
semestre, ou sempre que necessrio;
VII - confessar a falncia da sociedade e pedir concordata, de acordo com as
formalidades prescritas para o tipo de sociedade liquidanda;
VIII - finda a liquidao, apresentar aos scios o relatrio da liquidao e as suas
contas finais;
IX - averbar a ata da reunio ou da assemblia, ou o instrumento firmado pelos
scios, que considerar encerrada a liquidao.
Pargrafo nico. Em todos os atos, documentos ou publicaes, o liquidante
empregar a firma ou denominao social sempre seguida da clusula "em
liquidao" e de sua assinatura individual, com a declarao de sua qualidade.
Por bvio, na previso do inciso VII, no mais se fala em concordata, mas nem mesmo
a recuperao judicial ser possvel, uma vez que a sociedade no tem pretenses de
subsistncia. Dali, sobra apenas a confisso de falncia.
Os poderes do liquidante esto no artigo 1.105 do CC:
Art. 1.105. Compete ao liquidante representar a sociedade e praticar todos os atos necessrios sua liquidao, inclusive alienar bens mveis ou imveis, transigir,
receber e dar quitao.
Pargrafo nico. Sem estar expressamente autorizado pelo contrato social, ou pelo
voto da maioria dos scios, no pode o liquidante gravar de nus reais os mveis e
imveis, contrair emprstimos, salvo quando indispensveis ao pagamento de
obrigaes inadiveis, nem prosseguir, embora para facilitar a liquidao, na
atividade social.
Vale ressaltar que o liquidante no pode gravar de nus reais os imveis (salvo
aprovao por maioria dos scios ou autorizao do contrato social); no pode contrair
emprstimos (salvo para pagamento de obrigaes inadiveis); e no pode prosseguir na
atividade social (salvo para liquid-la).
2.6.3. Trmino da Liquidao
Assim dispe o artigo 1.109 do CC:
Art. 1.109. Aprovadas as contas, encerra-se a liquidao, e a sociedade se extingue, ao ser averbada no registro prprio a ata da assemblia.
Pargrafo nico. O dissidente tem o prazo de trinta dias, a contar da publicao da ata,
devidamente averbada, para promover a ao que couber.
Com o fim da liquidao, extingue-se a personalidade jurdica: dever ser lavrada ata
da assembleia, a qual dever ser levada ao Registro Pblico de Empresas Mercantis para
averbao. Em seguida, esta dever ser publicada, quando ter inicio o prazo dos dissidentes
(artigo 1.152, 1, CC).
Os credores no satisfeitos na liquidao, aps o encerramento desta, devero ajuizar
ao contra os scios, na medida do que estes receberam na partilha, bem como contra o
liquidante, pelos prejuzos.