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Subsídio da Coordenação de Pastoral da Rede Marista.
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1
Nósem rede
AÇÕES COTIDIANAS DÃO VIDA À EVANGELIZAÇÃOPáginas 7, 8 e 9
A IMPORTÂNCIA DA VIVÊNCIA GRUPAL PARA A PJMPáginas 12 e 13
PUBLICAÇÃO SEMESTRAL DA COORDENAÇÃO DE PASTORAL DA REDE MARISTA RS | DF | AMAZÔNIA - ANO 6 - NÚMERO 10 - 2015
Das lideranças aos colaboradores, a evangelização é missão de cada marista que se compromete com a continuidade do projeto de ChampagnatPáginas 3, 4, 5 e 6
Corresponsabilidade na missão de evangelizar
2
Evangelizar em e na RedeGerente da Coordenação de Pastoral, Ir. Valdícer Fachi
SUMÁRIOCOORDENAÇÃO DE PASTORAL
Integrar fé e vida, promover o diálogo e uma Igreja acolhedora, par-ticipativa, evangélica, profética, fraterna, disposta a desenvolver e par-tilhar sua dimensão mariana são desafios constantes para a nossa mis-são. A partir do coração do Evangelho, se reconhece a conexão íntima que existe entre evangelização e promoção humana, que se deve ne-cessariamente exprimir e desenvolver em toda a ação evangelizadora.
Com esse contexto e a partir da experiência de São Marcelino Cham-pagnat, entendemos a educação como meio privilegiado de evangeliza-ção, através do qual somos chamados a testemunhar e a anunciar Jesus de Nazaré. Portanto “pela educação evangelizamos.”
Para isso não servem as propostas místicas desprovidas de um vigoroso compromisso social e missionário, nem os discursos e ações sociais e pastorais sem uma espiritualidade que transforme o coração.
Nossos espaços educativos (Colégios, Unidades Sociais, Universi-dade, Hospital) precisam ser plataformas privilegiadas de evangeliza-ção e nelas se promova uma educação inclusiva, crítica, comprome-tida, compassiva e transformadora das realidades.
A luz desse contexto, a 10º edição do Nós em Rede traz na edi-toria Especial, nossas inspirações e os desafios da evangelização nos contextos atuais e dos espaços educativos. Já na editoria Missão nos relembra alguns espaços privilegiados para a missão, a luz da celebra-ção do Bicentenário Marista.
Na editoria PJM, apresenta a vivência grupal pautada no princípio da formação integral, para transcender-se; fazer, construir e dar sen-tido a existência.
Que a leitura possa nos ajudar/inspirar para sermos profetas evan-gelizadores para o nosso tempo!
Boa leitura!
EXPEDIENTEInformativo da Coordenação de Pastoral da Rede Marista (RS, DF, Amazônia).
Ano 6 - Nº 10 - 2015
Gerente Ir. Valdícer Fachi
Equipe responsável Karen Theline Cardoso dos Santos da Silva, Jaquelini Alves Debastiani, José Jair Ribeiro, Laura Skavinski Aparicio, Marcos José Broc, Vera Lucia Ribeiro.
Comentários e sugestões [email protected]
Produção: Comunicação Corporativa
Textos: Luísa Medeiros
Fotos: Arquivo Coordenação de Pastoral, Unidades Maristas e Assessoria de Comunicação Corporativa
Diagramação: Design de Maria
Revisão: Ir. Salvador Durante
Jornalista ResponsávelLidiane Amorim (DRT/RS 12725)
p. 3ESPECIALEvangelizar: missão, inspiração e desafios
p. 7PASTORAL NAS UNIDADESAção evangelizadora ganha forma em iniciativas cotidianas
p. 10MISSÃOEvangelização: essência da missão marista
p. 12PJMVivência grupal:lugar privilegiado paraa formação integral
p. 14DIRETRIZESNão somos uma ilha
p. 15EM REDERelembre algumas atividades do primeiro semestre
3
ESPECIAL
Evangelizar: missão, inspiração e desafios“Evangelizar é tornar o Reino de Deus presente no mundo.” As palavras do Papa Francisco, durante a apresentação da Evangelii Gaudium, em 2013, resumem a importância da evangelização para a Igreja e toda comunidade cristã. Mas como compreender a evangelização nos dias de hoje? Que desafios o cenário contemporâneo apresenta à ação evangelizadora para instituições que têm na evangelização o cerne de sua missão?
O documento Evangelizar na Rede Marista foi elaborado pela Coordena-ção de Pastoral, em consonância com o Conselho Provincial, após a escuta de diversos interlocutores da Rede Marista. Tem o objetivo de proporcio-nar alinhamento conceitual e definir direcionamentos evangelizadores e pastorais para as áreas de missão da Rede Marista: Educação, Assistência Social e Saúde.
De acordo com o documento Evan-gelizar na Rede Marista, a evangeliza-ção é missão fundamental de todo o cristão. Esta missão não é somente no sentido de di-
zer o Evangelho, mas também no sentido de viver e fazer, trazendo em si Jesus de Nazaré e seu projeto, por meio do serviço, diálogo, anúncio e testemunho de comunhão.
É ser testemunha do Evangelho
como forma de contribuir com a cons-
trução do Reino de Deus na terra. Atu-
almente, assumir esse compromisso é
estar comprometido em promover uma
sociedade onde o amor generoso e gra-
tuito transcenda o individualismo, a co-
operação e o ato de compartilhar coloca
a solidariedade acima da competição.
O Reino ‘traduzido’ para os dias de
hoje, é um modelo de sociedade em
que prevalece a defesa da vida, em que
o sucesso pessoal não coloque em de-
trimento o compromisso com o outro,
em que a dignidade e a compaixão
superem a indiferença1. Evangelizar
é, assim, a missão fundamental de to-
dos os que creem em Deus e em seu
projeto. Em outras palavras, de todos
aqueles que acreditam em uma reali-
dade social justa e democrática, onde
cada pessoa dá sua contribuição para
o desenvolvimento e o bem de todos.
1 Evangelizadores entre os jovens – Documento de referência para o Instituto Marista. (FTD, 2011)
4
ESPECIAL
Uma realidade humanizada, em que as
relações humanas são acolhedoras e
desinteressadas.
Nas palavras do Papa Francisco, todo
cristão é chamado a esse compromisso,
a tornar real esse modelo ideal de socie-
dade, a partir da integração entre fé e
vida. Promover o diálogo com diferentes
culturas e religiões, promover uma Igre-
ja acolhedora, participativa, evangélica,
profética e fraterna, e promover os valo-
res humanos e cristãos para a transfor-
mação social estão entre as atitudes es-
peradas de quem se compromete com a
missão de evangelizar. Ao compreender
tais dimensões, fica evidente a importân-
cia do trabalho pastoral junto a todos os
setores da Igreja e suas missões.
Dom Jaime Spengler, Arcebispo me-
tropolitano de Porto Alegre, explica que
a evangelização tem a tarefa de pro-
mover o cultivo dos sentimentos que
foram os de Jesus, apresentar Jesus e
seu evangelho na sua pureza e radica-
lidade. “A evangelização tem o dever de,
prudente, corajosa e ousadamente, sair
ultrapassando fronteiras, raças, condição
socioeconômica, preconceitos e discri-
minações, e ir ao encontro das periferias
existenciais. Enfim, somos convidados a
deixar o mundo um pouco melhor para
as novas gerações”, resume.
Nesse sentido, o Arcebispo explica
que é responsabilidade da Igreja Católica
estar atenta aos possíveis desrespeitos e
ameaças à vida. “A Igreja, comunidade
dos que se sabem filhos e filhas de Deus,
não pode se calar diante da injustiça.
Seguindo o Evangelho, encontramos
exemplos abundantes de atitudes de
Nosso Senhor diante das mais variadas
formas de sofrimento, injustiça e morte.
Atentos ao modo como Ele reagia, somos
nós também incentivados a não perma-
necer indiferentes. Ele nos deixou um exemplo para que façamos a mesma coisa.”
“Maria é para os evangelizadores escola de fé destinada a conduzir e a fortalecer no caminho que conduz ao encontro com o Criador do céu e da terra e com o Redentor da humanidade.”(trecho do documento Diretrizes da Ação Evangelizadora da Província Marista do Rio Grande do Sul)
Jeito Marista de EvangelizarSe a evangelização é missão pri-
mordial da Igreja Católica, para as
Unidades Maristas não poderia ser
diferente. Evangelizar é o coração da
missão marista, em todas as frentes
de atuação. Nesse sentido, o que dife-
rencia e caracteriza o jeito marista de
evangelizar? O presidente e provincial
da Rede Marista, Irmão Inacio Etges,
explica que a principal característica
é a ótica marial para toda e qualquer
ação evangelizadora.
“Somos, por essência, pessoas so-
lidárias, responsáveis, que respeitam o
próximo. Não apenas no sentido con-
ceitual, mas vivencial. Ser um exemplo
de vida é a nossa grande razão de exis-
tir. De Maria herdamos o espírito de
família, a ação colaborativa pelo bem
comum”, afirma.
Do fundador, São Marcelino Cham-
pagnat, é herdado o espírito prático –
evangelizar pelo exemplo, não apenas
pelas palavras. Irmão Inacio narra histó-
rias da trajetória de Champagnat que
demonstram a preocupação com os
Irmãos, a prioridade da vida: “No início
da história marista, trabalhávamos mui-
to em parceria com as prefeituras das
pequenas cidades francesas onde os
Irmãos atuavam. Certa vez, depois de
visitar uma casa de Irmãos, ele escre-
veu uma carta para um prefeito exigin-
do melhores condições de vida e bem
estar para aqueles que faziam o impor-
tante trabalho de evangelização – sob
o risco de cancelar o trabalho no local”.
O exemplo de cuidado inspira ain-
da hoje os líderes do Instituto Marista
em todo o mundo. Irmão João Carlos
do Prado, Diretor do Secretariado de
Missão do Instituto Marista, narra que
são quatro as formas mais tradicionais
de evangelizar no contexto marista:
• a mais tradicional, que vem desde
os tempos de Champagnat, é o tra-
balho educativo;
• através da representação e articula-
ção política, quando maristas lutam
pelos direitos e pela vida, onde ela
se encontra ameaçada, sendo a mo-
bilização a forma de evangelizar;
• pela instrumentalização de teorias
e estudos que embasam o trabalho
direto com crianças e jovens;
• por meio da presença marcante
como testemunho, seja de Irmão ou
Leigo marista.
Com base nesses conceitos, Ir. João
afirma que é preciso, permanente-
mente, repensar o papel comunitário
das ações, sejam elas em escolas, uni-
dades sociais, universidades, centros
de saúde ou comunidade de Irmãos.
“Precisamos ser comunidades irradia-
doras de missão marista e, naqueles
contextos não-cristãos, evangelizar
pela presença de Deus. Precisamos ser
alegres, apaixonados e comprometi-
dos com o carisma marista”, ressalta.
5
Estar atento às mudançasNas instituições confessionais a
evangelização é algo intrínseco, está
no seu DNA constitutivo, evangelizar
é um desafio que ultrapassa os séculos
e que encontra, em seu caminho, as
transformações vividas pelas socieda-
des. Adaptar-se constantemente a es-
sas realidades é primordial para a efeti-
vidade da ação evangelizadora.
Diversos são os estudiosos que bus-
cam compreender e caracterizar o atual
contexto sócio-histórico e as relações
interpessoais. O sociólogo Zygmunt Bau-
man denomina de Modernidade Líquida,
este tempo marcado por transformações
aceleradas, quando as relações, efêmeras,
possuem uma forte tendência à ruptura
com a tradição. Papa Francisco, na Evan-gelii Gaudium, demonstra preocupação à
cultura do exterior, imediato e superficial,
traços do tempo presente. “O individua-
lismo pós-moderno e globalizado favore-
ce um estilo de vida que debilita o desen-
volvimento e a estabilidade dos vínculos
entre as pessoas e distorce os vínculos
familiares”, afirma no documento.
Ao olharmos para os sujeitos, toman-
do como exemplo os jovens contempo-
râneos, as mudanças são ainda mais evi-
dentes. A geração atual é reflexo de seu
tempo, e consequentemente é muito
distinta das gerações e tempos passados.
A psicóloga Carmem Oliveira2 afirma
que os jovens de hoje querem ser reco-
nhecidos por aquilo que são, que vivem,
que sonham, que desejam; buscam auto-
nomia no pensar, no agir, na livre escolha.
Nesse cenário de transformações,
quais seriam as estratégias para uma
evangelização efetiva? Para Dom Jaime, é
uma só: o testemunho.
“O testemunho de quem se sabe
amado pelo Senhor; o testemunho de
quem fez a experiência do encontro com
o Senhor; de quem vive na intimidade
com seu Senhor, através da prece, da con-
templação, do estudo, do diálogo com os
irmãos; o testemunho de quem sabe que
não pode conservar para si tal experiên-
cia e, por isso, se sente corresponsável na
obra de anunciar a Boa-Nova aos homens
e mulheres de boa vontade”, afirma.
O próprio Papa Francisco é citado
como um dos maiores exemplos de
evangelizar pelo testemunho. Nesses
dois anos de pontificado, ele tem mos-
trado que a maneira mais efetiva de
evangelização, hoje, se dá pelos ges-
tos coerentes e sinais marcantes. Essa
convicção é compartilhada pelo Irmão
Inacio Etges que acrescenta, ainda, a
evangelização pela ação solidária – o
deixar-se tocar de forma subjetiva pela
realidade do outro.
“A época racional, dos grandes dis-
cursos, já passou. Vivemos a era do afe-
to, do humano, da subjetividade. Preci-
samos fazer como Champagnat e olhar
o mundo com os olhos de uma criança.
Com o olhar sensível, a afetividade, o es-
pírito de família, a evangelização se torna
um processo natural”, diz o Irmão.
Por ser dinâmica, a sociedade apre-
senta, ainda, um outro desafio para os
evangelizadores: a diversidade de cre-
dos. Em um contexto heterogêneo, no-
vamente as palavras do Papa Francisco
ganham destaque: “As diferenças entre
as pessoas e as comunidades por vezes
são incômodas, mas o Espírito Santo,
que suscita esta diversidade, de tudo
pode tirar algo de bom e transformá-lo
em dinamismo evangelizador que atua
por atração”.
É muito comum encontrar, nos espa-
ços de missão marista, diferentes contex-
tos religiosos. Irmão João Carlos do Prado
lembra que é preciso aprender a enten-
der as diferentes manifestações de Deus
nessas religiões, percebendo, também,
que todos compartilham de uma mesma
espiritualidade, a planetária e ecológica.
Estabelecer o diálogo, com predisposi-
ção para a construção da paz e do Reino
de Deus é fundamental para o processo
de evangelização.
2 Sobrevivendo no inferno – a violência juvenil na contemporaneidade. ( C. S. Oliveira, 2001)
6
ESPECIAL
Evangelizador, outro nome para dizer cristão
Nesse tempo de globalização mais
intensa, em que tudo o que é local é
global e vice-versa, e ao mesmo tempo
de pluralismo cultural e religioso pene-
trando todos os espaços, enquanto há
uma tendência tipicamente pós-mo-
derna de liquidificação das identidades
fortes, de flexibilização e aceitação do
pluralismo e da relatividade, há tam-
bém reações fundamentalistas e busca
de redefinições de fronteiras até com
construção de muros os mais variados.
Em meio a esta turbulência que atinge
também as religiões, é crucial alguma
resposta à pergunta: quem somos nós,
os cristãos?
Ser cristão é ser seguidor de Jesus
Cristo – simples assim! Mas o que isso
implica? O cristianismo, na origem, não
era uma religião, mas um movimento
que acolhia gente de diferentes ori-
gens religiosas. Sua atenção se voltava
para o que aconteceu com Jesus e sua
mensagem: tinham a convicção de ter
recebido uma boa notícia e de que de-
veriam passar adiante esta boa notícia.
Jesus, justo em sua humanidade
até a fragilidade de morte no suplício
romano da cruz, revelou Deus próxi-
mo dos frágeis, dos que morrem, dos
humildes e dos que precisam de am-
paro. Ele é o Messias, o indicado e o
responsável para realizar esta maravilha
de Deus em meio às lutas e dores hu-
manas. Ser cristão, portanto, é ser mes-siânico, é assumir junto com Jesus esta
indicação e esta responsabilidade que
ele desempenhou em torno do Reino
de Deus que se abre em sinais e festa
para os pequenos deste mundo. Não é
uma boa notícia para os que pretendem
dominar sobre os demais, para os que
tem sua confiança somente no dinheiro
e nas astúcias deste mundo, e por isso o
cristão que desempenha bem sua mis-
são é incompreendido, zombado e, se
for perturbador, é perseguido por quem
se sente poderoso neste mundo.
Importante é compreender que a
fé cristã não se circunscreve numa reli-
gião institucional com seus quatro ele-
mentos sempre presentes – os ritos, os
mandamentos, as doutrinas, as hierar-
quias – e não precisa ser uma religião
como um território que precisa ser de-
fendido e onde se demarca quem está
dentro e quem está fora. Jesus se en-
controu com homens zelosos pela reli-
gião e com o oficial romano e a mulher
cananeia que não eram da mesma tra-
dição religiosa, e deu a todos a mesma
atenção e importância.
Ser seu seguidor, ser um cristão,
não é, portanto, zelar por um território
de inclusão de uns e exclusão de ou-
tros. Pelo contrário, todos os encontros
de Jesus foram encontros de hospita-
lidade, ora ele mesmo hospedando,
acolhendo e recebendo, atendendo
sem acepção com seus sinais do Reino
de Deus, ora ele mesmo se oferecendo
para a hospitalidade de outros, surpre-
endendo com suas ofertas a Zaqueu,
à Samaritana, ao oficial romano, tanto
quanto aceitava a hospitalidade das
mulheres Marta e Maria, de Nicode-
mos. Uma vez ressuscitado, continua
com a mesma lógica em Emaús ou
na Galileia. Somos, em meio a tantas
formas de religião, a religião da hospi-
talidade, do encontro, do reconheci-
mento, da valorização do outro. Nisso
consiste a substância da boa notícia,
do evangelho, do Reino de Deus: que
todos somos hóspedes e hospedeiros.
E ser cristão é ser evangelizador desta
notícia, simples assim.
Luiz Carlos Susin, Frei capuchino, doutor em Teologia
pela Pontifícia Universidade
Gregoriana de Roma, professor
na PUCRS e na Escola Superior de
Teologia e Espiritualidade Franciscana
(Estef )
7
PASTORAL NAS UNIDADES
Na biografia do fundador, escrita
pelo Irmão João Batista Furet, exis-
te um depoimento de que, em dado
momento, Champagnat afirma que
não bastava um Irmão Marista ensinar
as ciências humanas ou a instrução
religiosa – para isso serviam professo-
res e catequistas. “O nosso objetivo é mais abrangente. Queremos educar as crianças, isto é, instruí-las sobre seus deveres, ensinar-lhes a apreciá-los, infundir-lhes o espírito (…), as virtudes do cristão e do bom cidadão.”
O modelo de educação idealizado
por Champagnat, há quase 200 anos,
até hoje inspira a ação evangelizadora
marista em todo o mundo. Na Rede Ma-
rista, cada espaço, unidade, empreendi-
mento são compreendidos como espa-
ços de evangelização. A compreensão
sobre o compromisso com a evange-
lização está expresso no documento
Evangelizar na Rede Marista, lançado
recentemente.
Vem de Novo Hamburgo, um exem-
plo de como a evangelização se con-
cretiza em ações e iniciativas cotidianas
nas distintas unidades. Trata-se do pro-
jeto de acolhida aos novos colaborado-
res, realizado no Colégio Marista PIO XII,
em Novo Hamburgo. Uma vez por ano,
todos os colaboradores (em todos os
níveis) são convidados a participar de
Ação evangelizadora ganha forma em iniciativas cotidianasMarcelino Champagnat optou pela educação como um dos meios privilegiados para evangelizar. Por isso, expressou a missão do Instituto Marista da seguinte forma: tornar Jesus Cristo conhecido e amado. Eis o sentido de nossa vocação e a finalidade de nosso instituto. Se falharmos nesse propósito, nosso Instituto será inútil.
um momento formativo e de reflexão
sobre os valores, objetivos, missão e
história maristas – é um primeiro mo-
mento possível de evangelização reali-
zado pelo Serviço de Pastoral.
A meta é atingir 100% dos novos
colaboradores. Eles são recebidos em
um ambiente acolhedor, preparado es-
pecialmente para esse momento. Além
da ambientação, músicas buscam “que-brar o gelo” e estimular que eles se co-
nheçam melhor.
“O primeiro momento consiste em
uma oração. É um momento bem vi-
vencial quando, além de conhecer os
símbolos maristas e seus significados,
eles são convidados a partilhar sua
experiência e conhecimento da Rede
Marista”, explica a Coordenadora de
pastoral do colégio, Cláudia Raquel
Büttenbender.
Os símbolos maristas também
são visitados, com contextualização
de seus significados. Datas importan-
tes, como o bicentenário do Institu-
to Marista e o centenário da atuação
marista em Novo Hamburgo também
são lembrados durante o encontro.
Ao olhar para a história, se percebe
o exemplo de vida como forma de
evangelizar nos valores, no respeito às diferentes crenças.
O Encontro de acolhida, realizado no Marista Pio XII, é um primeiro contato com a proposta evangelizadora da instituição
8
PASTORAL NAS UNIDADES
Dessa forma, o colégio consegue
colocar em prática a iluminação que
norteia a evangelização na Rede Ma-
rista (ainda segundo o Evangelizar na Rede Marista, que cita o documento
Evangelii Nuntiandi): “chegar a atin-
gir e como que modificar pela força
do Evangelho os critérios de julgar,
os valores que contam, os centros de
interesse, as linhas de pensamento, as
fontes inspiradoras e os modelos de
vida da humanidade”.
O professor de Geografia Pedro
Manfroi, que participou do último en-
contro, realizado em março, diz que
foi uma oportunidade de conhecer os
ideais de Champagnat. “Compreendi
que a Rede Marista é muito mais que
uma escola particular, que uma mis-
são: é formada por pessoas e ideais
que demonstram ser possível manter
laços de solidez em nossa sociedade,
cada vez mais líquida”, resume.
que ou seguem religiões diferentes que
não a católica ou que não fazem qual-
quer referência a isso, em casa.
“É aí que trabalhamos com o tes-
temunho, com o cuidado de mostrar
valores e princípios, muitas vezes até
sem falar no nome de Jesus, Maria ou
Champagnat. Tentamos adequar a lin-
guagem para ficar o mais acessível pos-
sível”, explica Rosana.
O Irmão Deomar Biondo, que atua no
Centro Social, diz que essa abordagem
gera uma relação de proximidade com as
crianças e os jovens. Eles são chamados
a trazer temas dos seus cotidianos para
serem discutidos em encontros, sob um
viés mais humano. O Irmão usa a pará-
bola do semeador para ilustrar o tipo de
ação evangelizadora realizada na Ilha:
“Tudo o que trabalhamos, aqui, são
sementes que vamos jogando pelo
caminho. O ensino, a espiritualidade,
o exemplo, são valores que os jovens,
pouco a pouco, vão absorvendo e pas-
sando adiante, em suas famílias, mais
tarde para seus filhos”, afirma.
Conhecer, qualificar, agir
A experiência de imersão em uma
região de vulnerabilidade social para re-
pensar processos, posturas e olhares re-
sultou em um novo norte para a atuação
pastoral nas Unidades Sociais da Rede
Marista. Em maio de 2014, Pastoralistas e
Responsáveis pelas Pastorais nessas uni-
dades se reuniram no Centro Social Ma-
rista Aparecida das Águas, na Ilha Grande
dos Marinheiros, para o 1º Encontro Mis-
tagógico Marista Provincial. A vivência foi
transformadora.
Iluminados pelo tema do Encontro,
Princípios da ação pastoral Marista em contextos de vulnerabilidade social, e
percebendo as carências e dificuldades
Para além da sala de aula
Evangelizar em um contexto de
grande diversidade cultural e religiosa é
o grande desafio para os Irmãos e edu-
cadores do Centro Social e Escola Marista
Aparecida das Águas, localizados na Ilha
Grande dos Marinheiros, em Porto Alegre.
A educadora Rosana Modzeiski, respon-
sável pela Pastoral nas unidades, diz que
os valores e exemplos maristas são traba-
lhados desde cedo, na Educação Infantil,
mesmo que de forma bem subjetiva.
Músicas, histórias bíblicas e conte-
údos ligados às datas litúrgicas fazem
parte do dia a dia dos alunos. Estar atento
às diferentes realidades, em um contex-
to social muitas vezes difícil, também faz
parte da ação pastoral. Especialmente
com os adolescentes e jovens, o cuidado
deve ser maior: muitos trazem, natural-
mente, resistências aos temas religiosos.
Herança, na maioria das vezes, de famílias
Educandos do Centro Social Marista Aparecida das Águas conhecem os valores maristas através de atividades didáticas
99
Encontro Mistagógico consolidou os princípios da atuação pastoral nas Unidades Sociais da Rede Marista
do ambiente em que estavam, os educa-
dores puderam compartilhar os desafios
que encontram no dia a dia e discutir
sobre os valores que orientam o seu tra-
balho. A partir dessas reflexões, foram de-
finidos os Princípios da atuação pastoral Marista em contextos de vulnerabilidade social: Realidade, Reino de Deus, So-lidariedade e Formação Permanente.
Francisco Geovani Leite, Supervisor
de Pastoral das Unidades Sociais narra
que os princípios foram elencados para
serem a base de toda e qualquer cons-
trução de projetos e Planejamento Peda-
gógico-Pastoral.
“Os princípios foram formulados para
serem vividos, experienciados. É um nor-
te para o olhar mais apurado diante dos
contextos onde cada unidade está inse-
rida e quais ações deverão ser realizadas
nesse meio. Todos foram convidados
a pensar quais os princípios que estão
presentes nos projetos em andamento e
quais podemos inserir naqueles que ain-
da serão realizados”, afirma.
Com os quatro elementos no hori-
zonte de ação, a Gerência Social da Rede
Marista tem acompanhado os empre-
endimentos e se surpreendido com os
resultados positivos: “Percebemos uma
mudança de mentalidade. Com cons-
ciência dos princípios, percebe-se que
não é possível fazer de qualquer jeito,
que o jeito marista de realizar segue
princípios e isso gera um senso de per-
tença de educadores e das famílias à ins-
tituição”, revela Leite.
Resultados que são percebidos tam-
bém dentro das unidades. Os anfitriões
do evento que definiu as diretrizes, o
Centro Social e a Escola Marista Apare-
cida das Águas, estão, pouco a pouco,
implementando esse novo paradigma
de ação. A educadora Rosana Modzeiski
conta que, a cada novo projeto, são re-
visados os princípios de atuação.
“O nosso modo de agir e se orga-
nizar está mudando. Agora já direcio-
namos os nossos projetos diretamente
para atender aos princípios, adaptando
para a nossa realidade e as necessida-
des da nossa região”, narra.
Rosana enfatiza que este é um pro-
cesso contínuo, por isso é fundamental
a participação nas formações contínu-
as, como o II Encontro Mistagógico, que
foi realizado em 2015.
“A longo prazo, acredito que esses
princípios vão transformar a forma de
agir e fazer a ação pastoral na Rede Ma-
rista”, afirma.
10
”Nossa forma de ver o mundo que nos cerca é marcada pela dimensão da fé. É um Ver com, na e pela fé. A razão de ser de nossa missão é a Evangelização.”
essência da missão marista
MISSÃO
Evangelizar educando, especial-
mente crianças e jovens, é, em sínte-
se, a missão marista desde a funda-
ção do Instituto.
Para o Irmão João Carlos do Pra-
do, é importante compreender que
não apenas escolas, centros sociais
ou universidades são espaços para
a educação. Mesmo que sejam, ge-
nuinamente, lugares para esse fim,
é preciso perceber a dimensão mais
ampla do termo educação.
“Há espaços formais e informais
de formação humana e todos es-
Evangelização:
ses espaços são privilegiados. Dentro
dessa ótica, surgem alguns desafios:
manter os espaços de missão naque-
las áreas que já estamos presentes e
ao mesmo tempo nos movermos para
novas fronteiras, e também ampliar-
mos a nossa visão de oportunidades e
desafios para a evangelização”, afirma.
Ele explica que cada marista tem
no cerne de sua missão o caráter mis-
sionário e profético, no sentido de ser-
mos presença naqueles espaços onde
está o grito da vida. É importante, as-
sim, estar nas periferias e nos contex-
tos de grande diversidade religiosa,
preservando o entendimento de que
o evangelho também se realiza em
outras profissões de fé. “Nosso papel é,
também, ajudar essas pessoas a serem
fieis aos valores que seguem, respei-
tando as diferenças”, indica.
Champagnat deu exemplo, à sua
época, de que a evangelização pode-
ria ser bem mais que anunciar o evan-
gelho. Cada pessoa é, em seu tempo,
chamada a trabalhar a diversidade
sem perder a identidade e valores, rea-
firmando suas crenças.
“Esse processo pode ser feito pela
educação. Mas não uma educação
desprovida de sentido, mas uma edu-
cação transformadora, uma educação
que evangeliza. Evangelização, nesse
contexto, é a própria promoção da
vida. Jesus disse eu vim para que todos tenham vida em abundância, então
ao levar a palavra de vida, estamos
evangelizando. No silêncio das nossas
línguas, muitas vezes, estamos promo-
vendo a vida.”
11
No contexto do bicentenário de
fundação do Instituto Marista, ao mes-
mo tempo em que voltamos nosso
olhar para o passado, emerge o desafio
de revitalizar a essência do carisma ma-
rista, com olhos voltados para o futuro.
O novo começo que marca o encerra-
mento de um ciclo e o início de outro,
exige pensar no que é necessário para
que a missão de evangelizar permane-
ça atual e pulsante. Como é possível
nos reinventarmos e mantermos nos-
sas convicções ao longo do próximo
centenário? De que forma podemos
repensar a evangelização nos diversos
espaços de atuação?
Convidamos três lideranças dos em-
preendimentos maristas para refletir de
que modo a evangelização se concreti-
za nos espaços onde atuam e como ela
se renova à luz do bicentenário.
Irmão Joaquim Clotet Reitor da PUCRS
“Conforme a exortação apostólica Ex Corde Ecclesiae, que constitui o marco referencial da Igreja Católica para suas instituições de Educação Superior, todos os princípios, projetos e atividades nelas desenvolvidos devem estar em sintonia com a doutrina e orientações contidas nesse documento. No que se refere aos professores e técnicos administrativos católicos, recomenda-se fidelidade à Igreja e, de outros integrantes, espera-se respeito ao caráter próprio da instituição. A PUCRS, além da disciplina de Humanismo e Cultura Religiosa oferecida aos alunos, disponibiliza também para a comunidade universitária os serviços do Centro de Pastoral e Solidariedade, como retiros, preparação para os sacramentos, grupos de oração, orientação ou acompanhamento pessoal e atividades de lazer e de voluntariado. Outros temas como a formação e a vivência da espiritualidade marista integram também uma parte das atividades do Centro, de modo especial neste período que precede à celebração do Bicentenário Marista.”
Rogério Anele Superintendente dos Colégios e Unidades Sociais da Rede Marista
“Reforçamos a evangelização por meio de diversas ações pedagógico-pastorais, que neste momento seguem, naturalmente, a trajetória até o Bicentenário. Percebo as unidades envolvidas com a temática, apropriando-se cada vez mais dos elementos fundacionais do Instituto. No início deste ano letivo, por exemplo, tivemos jornadas de estudos com os educadores em que esta temática esteve presente, bem como, em outros eventos que serão realizados em nossos Colégios e Unidades Sociais, que têm como referência as contribuições de um grupo de trabalho dedicado exclusivamente à data. Este é um tempo de reflexão que permite enxergar o nosso potencial de transformação e imergir no conceito que está por trás da história do Instituto Marista. Temos a oportunidade de projetar o futuro olhando para trás, orgulhando-se da caminhada percorrida. Nossa responsabilidade é grande, mas estamos preparados para este novo começo. “
Verónica Rubí Missionária Leiga Marista que atua no Distrito Marista do Amazonas
“A caminhada rumo ao Bicentenário, na tríplice fronteira de Brasil-Peru-Colômbia nos encontra no desejo e no esforço de gerir um novo projeto de comunidade, de presença marista: uma comunidade internacional, mista e missionária. Na experiência Montagne, o Padre Champagnat se viu interpelado pela realidade daquele jovem. A doença foi o motivo do encontro e a oportunidade para Marcelino revelar o Amor do Pai. A partir desse momento nada foi igual e, como bom homem de fé, não só se deixou interpelar pela indignação, mas procurou as maneiras de dar resposta. Hoje somos nós que damos continuidade ao sonho do Padre Champagnat. Como maristas, Irmãos e Leigos de mãos dadas, queremos estar atentos às situações atuais onde a vida clama e, com docilidade e disponibilidade, oferecer o que somos e temos para que muitos outros possam conhecer o Amor do Pai.”
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Vivência grupal: lugar privilegiado para a formação integralEm grupos, adolescentes e jovens têm a chance de ser protagonistas e artífices da renovação social.
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A PJM quer ser uma resposta às ne-cessidades de adolescentes e jovens e à forma de compartilhar os dons peculia-res entre si e com outros/as, tornando-se um lugar privilegiado para a educação e amadurecimento na fé, pois:
• promove crescimento pessoal e espiritual, tornando-se protagonistas da sua existência e tendo a oportunidade de construir seu projeto de vida, pautado na realização pessoal e na participação da transformação do mundo;
• é lugar onde se encontram, encontram outras experiências de vivência grupal, possibilitando fazer seu caminho de educação e amadurecimento na fé com outros e outras;
• é lugar onde se tornam mais conscientes da sua identidade, se comprometem a servir os/as outros/as e participam ativamente na vida da Instituição, da sociedade e na missão da Igreja.
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O princípio da formação integral é importantíssimo para vivenciar dentro do grupo um caminho que contemple as dimensões do ser humano.
Quando a PJM assume o princípio da formação integral, quer ajudar a construir sujeitos livres, autônomos, criativos, críticos, cuidantes, felizes, op-
tando pela integralidade e supondo que a ação de educação e amadureci-mento na fé parta dos/as adolescentes e dos/as jovens e das perguntas que fa-zem para entender o mundo que lhes cabe viver e construir. A formação inte-gral engloba as dimensões da pessoa e seus diversos processos.
• Personalização: corresponde à dimensão psicoafetiva. É a constante busca de respostas – não especulativas, mas existenciais – à pergunta: quem sou eu? É o esforço de tornar-se pessoa: descobrir-se, possuir, entregar-se.
• Socialização/integração: corresponde à dimensão psicossocial. É a capacidade de descobrir o/a outro/a que, em nosso contexto de grupo cristão, é o/a irmão/ã que queremos conhecer, com quem desejamos nos comunicar e estabelecer um relacionamento profundo.
• Sociopolítica: corresponde à dimensão política. Busca responder às perguntas “onde estou e que faço aqui?”. Trata-se de ajudar adolescentes e jovens a descobrir o mundo onde vivem e seu lugar nele, como sujeito de história.
• Teológica: corresponde à dimensão mística ou teologal. Todo ser humano indaga sobre a sua origem e destino, sobre o sentido de sua existência. A pergunta “para que existo” precisa ser respondida, precisa ser significada.
• Capacitação técnica: corresponde à dimensão técnica ou metodológica da pessoa que procura responder à questão do “como fazer?”.
• Vocacional: corresponde à dimensão vocacional que procura responder ao sentido da existência. A vida em si é uma realidade da qual precisamos tomar consciência. Não basta simplesmente estar no mundo, é necessário encontrar um significado que dê sentido aos sucessos e sofrimentos do dia a dia da vida.
A partir do principio da formação integral, adolescentes e jovens não são simplesmente usuários da vivência gru-pal, mas sim, sujeitos ativos, protagonis-tas e artífices da renovação social, onde possam ir crescendo em estatura, sabe-doria e graça.
Uma proposta de vivência grupal pautada no princípio da formação inte-gral precisa oferecer experiências pes-soais e de grupos onde adolescentes e jovens possam ser, possuir-se, doar-se no amor; conviver e comunicar-se; situ-ar-se e comprometer-se historicamen-te; transcender-se; fazer, construir e dar sentido a existência.
“Precisamos caminhar para um for-mato que nos assegure a liberdade de expressão, diálogos, articulação dentro de uma linha comum: a evangelização. Quem consegue manter esse diálogo, respeitando as diversidades, consegue resgatar nos corações a ternura pela juventude. Nem sempre é fácil, mas o resultado certamente será permanente e muito mais enérgico, prova disto é o carisma sonhado e gestado por São Marcelino Champagnat”. Vanessa No-pes – participa do Setor Diocesano de Juventude da Diocese de Santa Cruz do Sul (Assessora da PJM do Centro Social Marista Boa Esperança)
“A partir da experiência que acon-tece no grupo, os jovens tem a opor-tunidade de ter contato e participa-rem de outras atividades com outros grupos e outros espaços. Um exemplo disso é a possibilidade de participação nos espaços de articulação das políti-cas públicas de juventude, através das conferências, seminários, fóruns e das redes sociais. Os jovens que fazem es-tas experiências têm maiores possibili-dades de participação cidadã de terem una visão de mundo ampliada”. Maurí-cio Perondi – membro do CONJUVE/RS (coordenador do Observatório Juven-tudes PUCRS)
Nesse documento é possível encontrar os demais princípios de ação da PJM.
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DIRETRIZES
Não somos uma ilha
A compreensão sobre o conceito
de evangelização das Diretrizes da Ação
Evangelizadora da Rede Marista tem
uma intuição fundamental para que
sejamos eficazes no cumprimento de
nossa missão: viver e fazer inspirado no
evangelho. Daí poderíamos nos pergun-
tar: Que evangelho é esse? Sem dúvida,
a resposta está naquilo que viveu Jesus
de Nazaré, no que fez e no como fez
tendo por finalidade incluir preferencial-
mente os pobres em uma outra lógica: a
do Reino de Deus.
A proposta do Reino é a chave de lei-
tura para que façamos hoje um processo
evangelizador coerente com a realidade
de nosso tempo. Uma evangelização in-
serida e articulada, com a comunidade
eclesial e sociedade, exige que tenhamos
uma consciência planetária coletiva e
não exclusivista. Jesus não diz aos Após-
tolos para formarem um grupo exclusivo,
um grupo de elite. Jesus diz: «Ide, pois,
fazei discípulos de todos os povos» (Mt
28, 19). Quando diz, ‘todos’, são todos.
Cabem todas as diferenças, inclusive de
crenças diferentes, até mesmo não cren-
tes e não-cristãos, pois “todos somos
convidados a aceitar esta chamada: sair
da própria comodidade e ter a coragem
de alcançar todas as periferias que preci-
sam da luz do Evangelho.“ (Evangelii Gau-
dium, nº 20).
Um modo de viver autenticamen-
te a fé apontando para um horizonte
vasto, como o que somos chamados a
visualizar, é um desafio a perceber que
ninguém e nenhuma instituição é uma
ilha. Não há pessoa ou organização que
se basta a si mesma e sem humildade
pensa ser capaz de fazer o que quiser e
de modo isolado. Tudo está implicado.
Tudo se relaciona e tudo o que acontece
no mundo nos diz respeito.
Vivemos na sociedade e o Reino não
acontecerá fora dela. “Sociedade vem de
socius e id. Id, idade, que diz da força,
vigor; força e vigor do socius. Socius é o
companheiro. A força que faz e deixa ser
companheiro. Companheiros, os que,
unidos pela mesma força e vigor, formam
um grupo” (CF 2015, texto base p. 6). Os
modos de organização de pessoas consti-
tuídos com a finalidade de trabalhar pelo
bem comum precisam se perguntar se
aquilo que fazem está guiado pelos va-
lores da justiça, fraternidade, paz. A socie-
dade é dinâmica e se transforma. Quem
confessa ser cristão tem seu olhar fixo em
Jesus de Nazaré e vive em sociedade. A
vida e atuação de alguém que se inspira
no evangelho de Jesus de Nazaré é um
desafio para ser ativo na sociedade. Os
cristãos trabalham para que as estruturas,
as normas, a organização da sociedade
estejam a serviço de todos (CF 2015, texto
base p. 6). Daí a importância em somar-
mos forças, juntar as vozes e esforços com
instâncias e organizações que trabalham
em vista de causas socialmente justas.
Nós, maristas de Champagnat so-
mos igreja. O Instituto Marista, não está
separado do catolicismo porque “cami-
nha juntamente com toda a humanida-
de, participa da mesma sorte terrena do
mundo e é como que fermento e a alma
da sociedade humana, a qual deve ser
renovada em Cristo e transformada em
família de Deus.” (Gaudium et Spes. nº 40).
Nesse caminho inevitável que a mis-
são cristã tem na/com a sociedade, o
serviço, diálogo, anúncio e testemu-nho de comunhão devem estar des-
tinados a enfrentar a urgência de “criar
estruturas que consolidem uma ordem
social, econômica e política na qual não
haja iniquidade e onde haja possibilidade
para todos. (CELAM. Documento de Apa-
recida. Nº 384.). Será que esta pauta é um
argumento razoável para termos uma
articulação com tantas outras formas de
organização na sociedade que tem finali-
dades que somam-se às nossas?
José Jair Ribeiro, Karen Theline Cardoso
dos Santos da Silva, Marcos José Broc e
Vera Lucia Ribeiro.
“Se for possível, no que depender de vocês, vivam em paz com todos.” Romanos 12, 18.
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EM REDE
Confira algumas ações evangelizadoras que marca-ram o primeiro semestre nas Unidades Maristas.
A noite do dia 1º de abril, foi marcada pelo espetáculo A Paixão de Cristo, que levou cerca de mil pessoas para o Estádio Champagnat, no Colégio Marista Roque (Cachoeira do Sul, RS). A apresentação contou as últimas 12 horas de Cristo antes da crucificação. No palco, mais de 200 pessoas estiveram envolvidas na apresentação de música e teatro organizada pelo Departamento de Educação Artística e Cultura (DEAC). Os estudantes das oficinas 1, 2 e 3 do Grupo de Teatro Luz EncenAção apresentaram a história que teve ainda a participação dos estudantes, ex-alunos, pais, professores e colaboradores.
No mês de abril, a PJM da Escola Marista Santa Marta (Santa Maria, RS), promoveu torneio de futsal entre os adolescentes e jovens. O torneio é uma oportunidade de confraternização, cultivar o comprometimento com o grupo e, sobretudo, desenvolver o respeito com o adversário, mesmo perdendo a partida em campo, mas ganhando pontos na convivência humana. São dois torneios anuais, já há 15 anos, evangelizando através do esporte.
A PJM do Colégio Marista Santo Ângelo (Santo Ângelo, RS) realizou, pelo 4º ano consecutivo, a ação solidária Páscoa Feliz, em benefício das turmas da Escola Municipal Antônio Manoel. No dia 1º de abril, os jovens voluntários entregaram cestas de doces para 170 crianças e proporcionaram momentos recreativos e educativos para celebrar a Páscoa com jogos e brincadeiras. Durante o mês de março, cerca de 50 estudantes que integram a PJM mobilizaram colegas, pais e educadores para conseguir doações de chocolates e outras guloseimas
No mês de abril, os educandos do Polo Marista de Formação Tecnológica (Porto Alegre, RS), participaram de encontros vivenciais para trabalhar projeto de vida. A proposta é trabalhar um instrumento para que cada jovem visualize seu futuro com base naquilo que se é no agora, para que possa contribuir no cuidado e planejamento das suas várias dimensões, a partir de uma motivação ética e com valores cristãos oferecidos pela espiritualidade marista.
Com o objetivo de potencializar projetos da área, além de aproximar e possibilitar sinergias e alinhamento entre os empreendimentos, a Coordenação de Pastoral desenvolveu um programa específico que busca sistematizar e qualificar as práticas de voluntariado e desenvolver esforços em Rede. Uma das primeiras iniciativas nesse contexto foi o Encontro de Capacitação do Programa Voluntariado, realizado na Casa Marista da Juventude (Caju), nos dias 18 e 19 de março. Pela primeira vez estiveram reunidos todos os responsáveis pelas ações de voluntariado nos empreendimentos da Rede Marista.
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Rumo aos 200 anosde presença marista no mundo
A caminho do Bicentenário da atuação marista no Mundo, até julho de 2016, celebramos o Ano Fourvière, que leva o nome do Santuário de Lyon, na França, onde Champagnat e um grupo de
jovens sacerdotes realizaram a promessa de fundar uma associação religiosa em homenagem à
Maria, que chamaram de Sociedade de Maria. Champagnat lutou para que essa sociedade contem-
plasse Irmãos dedicados à educação. O nome Maristas, é em devoção à Maria e expressa um jeito
próprio de atuar e ser no Mundo. Neste período, recordamos que o nosso futuro está nas mãos de todas as pessoas que acreditam e vivem hoje o projeto de Champagnat.
C
M
Y
CM
MY
CY
CMY
K