7
MARX, K; ENGELS, F. Lutas de classes na Alemanha. São Paulo: Boitempo, 2010. É preciso reconhecer que o proletariado alemão constitui o teórico do proletariado europeu, assim como o proletariado inglês é seu economista político e o proletariado francês seu político. P. 45 No entanto, pessoas que submetem qualquer objeto a exercícios públicos de estilo literário são levadas a um conteúdo equivocado por essa mesma atividade formal, ao passo que o conteúdo equivocado, por sua vez, imprime à forma o cunho da banalidade. P.46. ________________ Primeiramente o “prussiano” nos permita uma observação estilística. A sua antítese está incompleta. Na primeira parte, consta que a penúria gera o entendimento, e, na segunda parte, que o entendimento político descobre a raiz da penúria social. O simples entendimento da primeira parte da antítese se transforma em entendimento político na segunda parte, assim como a simples penúria da primeira parte passa a ser penúria social na segunda parte. Por que esse artista do estilo dotou ambas as partes da antítese de maneira tão desigual? Não creio que ele tenha feito isso conscientemente. Farei agora uma leitura do seu real instinto. Se o “prussiano” tivesse escrito: “A penúria social gera o entendimento político e o entendimento político descobre a raiz da penúria social”, nenhum leitor imparcial teria deixado de perceber o contrassenso dessa antítese. A primeira coisa que cada um teria se perguntado é: por que o anônimo não associa o entendimento social à penúria social nem o entendimento político à penúria política, como manda a lógica mais elementar? Mas, passemos à questão propriamente dita! P. 47-8 _______________

Notas a Partir Da Luta de Classes

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Citações sobre as considerações de Marx e Engels acerca das lutas de classe

Citation preview

Page 1: Notas a Partir Da Luta de Classes

MARX, K; ENGELS, F. Lutas de classes na Alemanha. São Paulo: Boitempo, 2010.

É preciso reconhecer que o proletariado alemão constitui o teórico do proletariado europeu, assim como o proletariado inglês é seu economista político e o proletariado francês seu político. P. 45

No entanto, pessoas que submetem qualquer objeto a exercícios públicos de estilo literário são levadas a um conteúdo equivocado por essa mesma atividade formal, ao passo que o conteúdo equivocado, por sua vez, imprime à forma o cunho da banalidade. P.46.

________________

Primeiramente o “prussiano” nos permita uma observação estilística. A sua antítese está incompleta. Na primeira parte, consta que a penúria gera o entendimento, e, na segunda parte, que o entendimento político descobre a raiz da penúria social. O simples entendimento da primeira parte da antítese se transforma em entendimento político na segunda parte, assim como a simples penúria da primeira parte passa a ser penúria social na segunda parte. Por que esse artista do estilo dotou ambas as partes da antítese de maneira tão desigual? Não creio que ele tenha feito isso conscientemente. Farei agora uma leitura do seu real instinto. Se o “prussiano” tivesse escrito: “A penúria social gera o entendimento político e o entendimento político descobre a raiz da penúria social”, nenhum leitor imparcial teria deixado de perceber o contrassenso dessa antítese. A primeira coisa que cada um teria se perguntado é: por que o anônimo não associa o entendimento social à penúria social nem o entendimento político à penúria política, como manda a lógica mais elementar? Mas, passemos à questão propriamente dita! P. 47-8

_______________

Toda e qualquer revolução dissolve a antiga sociedade; nesse sentido, ela é social. Toda e qualquer revolução derruba o antigo poder; nesse sentido, ela é política. (...) A revolução como tal – a derrubada do poder constituído e a dissolução das relações antigas – é um ato político. No entanto, sem revolução o socialismo não poderá se concretizar. Ele necessita desse ato político, já que necessita recorrer à destruição e à dissolução. Porém, quando tem início a sua atividade organizadora, quando se manifesta o seu próprio fim, quando se manifesta a sua alma, o socialismo se desfaz do seu invólucro político. P. 49-50.

_______________

Rafael Watanabe, 15/12/15,
A 'penúria social' é suprassumido o 'entendimento social' quando Marx afirma: " por que o anônimo não associa o entendimento social à penúria social nem o entendimento politico à penúria politica, como manda a logica mais elementar?" Quiçá em um momento do processo, o 'entendimento politico' da 'penúria politica' leva à práxis
Page 2: Notas a Partir Da Luta de Classes

Marx, K. A guerra civil na França. São Paulo: Boitempo, 2011.

Durante os regimes subsequentes, o governo, colocado sob controle parlamentar – isto é, sob o controle direto das classes proprietárias –, tornou-se não só uma incubadora de enormes dívidas nacionais e de impostos escorchantes, como também, graças à irresistível fascinação que causava por seus cargos, pilhagens e patronagens, converteu-se no pomo da discórdia entre as facções rivais e os aventureiros das classes dominantes; mas o seu caráter político mudou juntamente com as mudanças econômicas ocorridas na sociedade. No mesmo passo em que o progresso da moderna indústria desenvolvia, ampliava e intensificava o antagonismo de classe entre o capital e o trabalho, o poder do Estado foi assumindo cada vez mais o caráter de poder nacional do capital sobre o trabalho, de uma força pública organizada para a escravização social, de uma máquina do despotismo de classe. Após toda revolução que marca uma fase progressiva na luta de classes, o caráter puramente repressivo do poder do Estado revela-se com uma nitidez cada vez maior. A Revolução de 1830, que resultou na transferência do governo das mãos dos latifundiários para as mãos dos capitalistas, transferiu-o dos antagonistas mais remotos para os antagonistas mais diretos da classe operária. Os burgueses republicanos, que tomaram o poder do Estado em nome da Revolução de Fevereiro, dele se serviram para os massacres de junho, a fim de convencer a classe operária de que a República “Social” significaria uma república que promove sua submissão social e convencer a massa monárquica dos burgueses e latifundiários de que eles podiam deixar aos “republicanos” burgueses o ônus e o bônus do governo. Porém, depois de sua heroica façanha de junho, os republicanos burgueses tiveram de abandonar o front e ocupar a retaguarda do “Partido da Ordem”, coalizão formada por todas as frações e facções rivais das classes apropriadoras, em seu antagonismo, agora publicamente declarado, às classes produtoras. P. 54-5.

_______________

A dominação política dos produtores não pode coexistir com a perpetuação de sua escravidão social. A Comuna, portanto, devia servir como alavanca para desarraigar o fundamento econômico sobre o qual descansa a existência das classes e, por conseguinte, da dominação de classe. Com o trabalho emancipado, todo homem se converte em trabalhador e o trabalho produtivo deixa de ser um atributo de classe. P.59

________________

A Comuna – a reabsorção, pela sociedade, pelas próprias massas populares, do poder estatal como suas próprias forças vitais em vez de forças que a controlam e subjugam, constituindo sua própria força em vez da força organizada de sua supressão -, a forma política de sua emancipação social, no lugar da força artificial (apropriada por seus opressores) (sua própria força oposta a elas e organizadas contra elas) da sociedade erguida por seus inimigos para sua opressão. A forma era simples, como o são todas as coisas grandiosas. P.129

________________

Page 3: Notas a Partir Da Luta de Classes

Decidi publicar o texto mais longo acima mencionado precedido das duas mensagens do Conselho Geral sobre a guerra franco-prussiana. Isso porque, antes de tudo, o segundo documento, que não pode ser plenamente compreendido sem o primeiro, trata da “guerra civil”. Porém, também pelo fato de que essas duas mensagens redigidas por Marx, não menos do que a Guerra civil, são amostras extraordinárias do prodigioso talento do autor, primeiramente demonstrado em O 18 de brumário de Luís Bonaparte*, em compreender claramente o caráter, o alcance e as consequências necessárias dos grandes acontecimentos históricos, em um momento em que esses acontecimentos ainda se desenrolam diante de nossos olhos ou mal acabaram de se completar. E, finalmente, porque na Alemanha ainda sofremos as consequências, previstas por Marx, daqueles

acontecimentos. – ENGELS, F. Introdução à Guerra civil na França. 1891. In Marx, K. A guerra civil na França. São Paulo: Boitempo, 2011, p.187

ENGELS, F. Anti-Duhring. Versao ebook: apresentação Nélson Jahr Garcia

O socialismo “Procura explicar a estrutura e funcionamento do sistema capitalista e avaliar caminhos para a superação de suas deficiências.” P. 1

“Seja-me permitido aqui um pequeno comentário pessoal. Ultimamente, tem-se aludido, com frequência, à minha participação nessa teoria; não posso, pois, deixar de dizer aqui algumas palavras para esclarecer este assunto. Que tive certa participação independente na fundamentação e sobretudo na elaboração da teoria, antes e durante os quarenta anos de minha colaboração com Marx, é coisa que eu mesmo não posso negar. A parte mais considerável das ideias diretrizes principais, particularmente no terreno econômico e histórico, e especialmente sua formulação nítida e definitiva, cabem, porém, a Marx. A contribuição que eu trouxe – com exceção, quando muito, de alguns ramos especializados – Marx também teria podido trazê-la, mesmo sem mim. Em compensação, eu jamais teria feito o que Marx conseguiu fazer. Marx tinha mais envergadura e via mais longe, mais ampla e mais rapidamente que todos nós outros. Marx era um gênio; nós outros, no máximo, homens de talento. Sem ele, a teoria estaria hoje muito longe de ser o que é. Por isso, ela tem, legitimamente, seu nome” (Engels, Ludwig Feuerbach e o fim da filosofia clássica alemã).

_____________________

Page 4: Notas a Partir Da Luta de Classes

MARX, K. Crítica do programa de Gotha. Versão para e-book. Boitempo, 2012

O fato de que os trabalhadores queiram criar as condições da produção coletiva em escala social e, de início, em seu próprio país, portanto, em escala nacional, significa apenas que eles trabalham para subverter as atuais condições de produção e não têm nenhuma relação com a fundação de sociedades cooperativas subvencionadas pelo Estado! No que diz respeito às atuais sociedades cooperativas, elas só têm valor na medida em que são criações dos trabalhadores e independentes, não sendo protegidas nem pelos governos nem pelos burgueses. P.41.

Também na Crítica do programa de Gotha – CULTURA BRASILEIRA – Versão que tenho em pdf

O Partido Operário Alemão - pelo menos se fizer seu este programa - demonstra como as idéias do socialismo não lhe deixaram sequer marcas superficiais; pois que, em vez de tomar a sociedade existente (e o mesmo podemos dizer de qualquer sociedade no futuro) como base do Estado existente (ou do futuro, para uma sociedade futura), considera mais o Estado como um ser Independente, com seus- próprios fundamentos espirituais, morais e liberais. (sic). Versão que tenho em pdf

____________

Anti-Duhring retirado do site

http://www.ebooksbrasil.org/adobeebook/duhring.pdf

dia 21-12-2015

_____________

SOBRE CONSIDERACOES DE ENGELS SOBRE AS CONJUNTURAS RUSSAS EM 1844.

ENGELS, FRIEDRICH. Notícias de São Petersburgo. The Northern Star, nº 341, de 25 de maio de 1844, com a nota editorial “Do nosso correspondente”. Disponível em https://www.marxists.org/portugues/marx/1844/05/25.htm consultado dia

Mudanças ministeriais consideráveis ocorreram em São Petersburgo. O Ministro das Finanças, Sr. Cancrin, caiu em desgraça, o mesmo ocorrendo com o Ministro da Polícia, o bem conhecido Conde Benkendorff. Nicholas está, evidentemente, lutando para manter um sistema que está rapidamente se destruindo. O sentimento anti-russo na Alemanha e nos outros Estados continentais está crescendo, mesmo com todos os

Page 5: Notas a Partir Da Luta de Classes

esforços do exército literário pago por Nicholas. A situação financeira do Governo é muito difícil; a pompa da corte, o inumerável exército de policiais e espiões, as despesas de diplomatas, de espiões, de repórteres, das intrigas secretas, do suborno por toda a Europa, o Exército e a Marinha, das guerras sem fim contra os circassianos1, consumiram toda a renda dos impostos e empréstimos. A política comercial restritiva do Sr. Cancrin impossibilitou o comércio exterior em algumas partes do Império e falhou em estabelecer um sistema nacional de indústrias. Entre a nobreza, três partidos distintos estão sendo traçados: a corte, a nobreza velha e os oficiais do Exército. Eles estão, constantemente, fazendo intrigas contra os demais e seu alvo é nada mais do que o domínio inclusive sobre a pessoa do Imperador, quem, como todos os déspotas, nada mais é do que uma ferramenta de seus favoritos.

1 Nota 229 do volume 3 do MECW: A referência é acerca das guerras desencadeadas pelo Governo czarista contra os povos do Cáucaso do Norte (adigueses, chechênios, avares, lezguianos, etc.) que lutavam por sua independência. Na década de 1820, a luta por liberdade desses povos contra os colonizadores czaristas e o domínio arbitário dos lordes feudais locais foi liderado por Shamil, que foi proclamado Imã do Daguestão em 1834. O movimento atingiu o seu pico na década de 1840 e foi suprimido em 1859.