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João Pessoa - PB, 26 a 29 de julho de 2015
SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural
NOVAS SOCIABILIDADES NO RURAL CONTEMPORÂNEO: DO ISOLAMENTO
DA JUVENTUDE RURAL AO PROTAGONISMO ENQUANTO CATEGORIA
SOCIOPOLÍTICA EMERGENTE.
SOCIABILITY NEW IN RURAL CONTEMPORARY: ISOLATION OF RURAL
YOUTH LEADERSHIP AS THE CATEGORY SOCIOPOLITICAL EMERGING.
Gisele Martins Guimarães. Professora na UFSM. Email: [email protected]
Ezequiel Redin. Doutorando do Programa de Pós Graduação em Extensão Rural - UFSM.
Email: [email protected]
Paulo Roberto C. da Silveira. Professor - UFSM. Email: [email protected]
Janaína Balk Brandão. Professora na UNIPAMPA em exercício provisório na UFSM.
Email: [email protected]
Grupo de Pesquisa: GT 7 – Agricultura Familiar e Ruralidade
Resumo
Este texto aborda as formas contemporâneas de sociabilidade possibilitadas pelas Tecnologias
de Informação e Comunicação (TIC) como internet e telefonia celular e a interferência destas
nas expectativas dos jovens rurais em relação a sua trajetória de vida. Como referência
empírica, apresenta-se a experiência de organização dos jovens rurais da Região Centro Serra
do Rio Grande do Sul, reunidos e organizados pela Associação Regional da Juventude Rural
do Território Centro Serra (AREJUR) a qual envolve cerca de nove mil jovens de doze
municípios da Região Centro Serra do Estado. Busca-se identificar a relação entre as novas
sociabilidades e o processo organizativo da juventude rural, assinalando possíveis efeitos das
TIC nas expectativas e demandas prioritárias dos jovens rurais considerando que essas novas
formas de sociabilidade vem permitindo que estes se conectem com a sociedade globalizada,
redimensionando suas relações sociais e redefinindo as bases de seu processo identitário,
permitindo assim uma maior visibilidade da Juventude Rural e suas demandas específicas,
elencando estes à condição de uma categoria sociopolítica emergente. Os resultados aqui
apresentados derivam de estudos que vem sendo realizados na Região Centro Serra/RS pela
Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), através do Núcleo Interdisciplinar de Extensão
e Pesquisa sobre Alimentação e Sociedade (NEPALS).
Palavras-chave: Juventude Rural – Agricultura Familiar – Desenvolvimento Rural.
Abstract
This text addresses the contemporary forms of sociability enabled by Information and
Communication Technologies (ICT) such as internet and mobile telephony and the effect of
these on the expectations of rural youth for his life story. As an empirical reference, shows the
rural youth organization experience of the Central Region Serra do Rio Grande do Sul,
gathered and organized by Rural Youth Association Regional Spatial Centre Serra (AREJUR)
which involves about nine thousand youngsters twelve municipalities of the Central State
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Serra. The aim is to identify the relationship between the new social arrangements and the
organizational process of rural youth, indicating possible effects of ICT in priority
expectations and demands of rural youth considering that these new forms of sociability is
allowing them to connect with the globalized society, resizing their social relations and
redefining the foundations of his identity process, thereby allowing greater visibility of rural
youth and their specific demands, listing these to the condition of an emerging socio-political
category. The results presented here are derived from studies being conducted in the Central
Sierra / RS Federal University of Santa Maria (UFSM), through the Interdisciplinary Center
for Extension and Research on Food and Society (Nepals).
Key words: Rural Youth - Family Agriculture - Rural Development
1. Introdução Desde a década de 1990, a literatura vem documentando elementos de mudança no
rural brasileiro, como a redução do número de famílias envolvidas com a agricultura, a
emergência de atividades não agrícolas no espaço rural, a presença da agricultura de tempo
parcial e ainda a pluriatividade como nova característica da organização do trabalho das
famílias rurais. Neste “novo rural”, atividades como turismo, indústria, comércio e serviços
surgem com crescente importância na ocupação da força de trabalho disponível, enquanto
fenômenos de êxodo rural são observados a partir do envelhecimento da população do campo
e a masculinização entre os seus remanescentes (CAMARANO e ABRAMOVAY, 1999).
Estudos recentes sobre o desenvolvimento rural brasileiro enfatizam uma intensa
migração dos jovens rurais para os centros urbanos em busca de opções de estudo, emprego
com salários fixos e direitos de previdência social, respeitados (STROPASOLAS, 2006). Este
êxodo dos jovens vem trazendo consigo ameaças à sucessão familiar implicando no provável
esvaziamento do rural em um futuro próximo. Ao examinar este processo no qual a juventude
rural assume a perspectiva de não permanecer no campo, as pesquisas apontam diversas
motivações para este comportamento, indo da baixa expectativa de renda na agricultura
camponesa, a falta de participação na gestão da economia familiar e ainda a busca por
melhores condições de infraestrutura, serviços públicos e opções de lazer (REDIN e
SILVEIRA, 2012). Neste sentido, adverte-se para a necessidade de estudos, que possam ir
além dos fatores que estimulam a saída do rural apontando e refletindo sobre os aspectos que
estimulam a juventude rural a permanecer nestes espaços.
Neste artigo o conceito de Juventude Rural assume significado de um ator coletivo,
relacionado a um projeto identitário que implica na dimensão da organização e luta política.
Deste modo, ultrapassa-se o enfoque que ressalta apenas fatores de ordem individual, a qual
tem como consequência uma análise que particulariza a situação de cada família e não
enfatiza os elementos relativos às expectativas e perspectivas dos jovens enquanto grupo
social, os quais agem e reagem condicionados, sobretudo, por políticas públicas que
interferem nas condições estruturais e conjunturais presentes em cada território (REDIN e
SILVEIRA, 2012).
Sob este prisma, busca-se abordar as contemporâneas formas de sociabilidade
possibilitadas pelas novas Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), como a internet
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e os telefones celulares e a possibilidade destas exercerem interferências nas decisões da vida
rural, a partir da possibilidade de interação com a sociedade global, afetando assim a
expectativas dos jovens em relação a sua trajetória de vida e em última instância nas formas
de participação destes, nos movimentos da Juventude Rural. Este processo implica em novas
perspectivas para a população rural, seja nos aspectos de acesso à informação como nas novas
possibilidades de interação social. Abordamos assim a relação entre estas novas
sociabilidades e o processo organizativo da juventude rural, buscando identificar efeitos das
TIC nas expectativas e perspectivas dos jovens rurais.
Como referência empírica, apresenta-se a experiência de organização dos jovens rurais
da Região Centro Serra do Rio Grande do Sul, reunidos e organizados pela Associação
Regional da Juventude Rural do Território Centro Serra (AREJUR) a qual envolve cerca de
nove mil jovens de doze municípios da Região Centro Serra do Estado: Arroio do Tigre,
Cerro Branco, Estrela Velha, Ibarama, Jacuizinho, Lagoão, Lagoa Bonita do Sul, Passa Sete,
Salto do Jacuí, Segredo, Sobradinho e Tunas. As experiências vivenciadas por essa
Organização Social permite-nos compreender como as TIC vêm influindo na ação coletiva
dos atores rurais, considerando que essas novas formas de sociabilidade podem permitir que
os jovens rurais conectem-se com a sociedade globalizada, redimensionando suas relações
sociais e redefinindo as bases de seu processo identitário.
Os dados empíricos aqui analisados derivam de estudos que vem sendo realizados na
Região Centro Serra/RS pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), através do
Núcleo Interdisciplinar de Extensão e Pesquisa sobre Alimentação e Sociedade (NEPALS),
onde se busca refletir sobre o papel exercido pelos jovens no rural contemporâneo,
objetivando conhecer suas demandas enquanto atores coletivos.
O presente texto está dividido em três seções. Na primeira apresenta-se a Juventude
Rural sob a conceituação de atores sociais coletivos com identidade em construção,
responsáveis pela preservação do patrimônio natural e social do rural, agentes políticos e
ainda promotores de transformação nos espaços em que vivem. Neste sentido, acredita-se que
as TIC, por meio da Internet e mais recentemente, os smartphones vem promovendo a criação
de novos espaços de sociabilidade no rural, bem como interatividade entre os atores, o que
pode estar condicionando o surgimento de novas organizações sociais e ainda o
fortalecimento das já existentes em função da aproximação dos jovens pelas redes
sociais.Diante deste cenário pergunta-se: Quais as implicações das TIC sobre as expectativas
e demandas prioritárias da Juventude Rural, bem como a organização destes enquanto
categoria sociopolítica?
Na segunda seção apresentamos a experiência da Associação Regional da Juventude
Rural da Região Centro Serra-RS, a AREJUR enquanto organização social da categoria. Esta,
formada por associações de jovens rurais dos municípios constituinte da Região Centro Serra,
constitui instância de representação e legitimidade das demandas dos jovens rurais da Região.
Trabalhos realizados pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) permitem-nos refletir
sobre questões referentes às expectativas e demandas prioritárias dos jovens rurais apontando
para o fomento e qualificação no acesso as TIC como fundamental para a permanência destes
no meio rural, juntamente com outro grupo de elementos que incluem questões de melhorias
de infraestrutura (estrada, energia, telefonia, etc.), produção e mercado.
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Por fim, a última seção apresenta reflexões no âmbito dos desafios da Juventude Rural
enquanto categoria sociopolítica emergente no rural contemporâneo.
2. Juventude Rural e as Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC)
A juventude rural contemporânea está imersa num conjunto de novas relações de
sociabilidade que constituem e se reconstituem diante das Tecnologias de Informação e
Comunicação (TIC) cada vez mais presentes no rural brasileiro. Estas, por sua vez,
correspondem a todas as tecnologias que interferem e mediam os processos informacionais e
comunicativos.
As TIC constituem um conjunto de recursos tecnológicos integrados entre si, que
proporcionam, por meio das funções de hardware, software e telecomunicações, interações
entre processos de negócios, de pesquisa científica, de ensino e aprendizagem. Como exemplo
citamos o rádio, o telefone (fixo e móvel) a televisão (analógica e digital) e a internet,
considerada a responsável pela revolução das redes em função de sua capacidade de promover
interatividade entre os sujeitos, aproximando sentidos através da informação e mecanismos de
sociabilidade, como o fazem as redes sociais.
Neste sentido, considera-se que estas têm papel fundamental no desenvolvimento uma
vez que facilitam o processo de comunicação, compreendido, em sua essência, como capital
social para os atores que necessitam dela para tomar suas decisões de produção e convivência
(BORDENAVE, 1983). Vale lembrar que o processo de comunicação no meio rural sempre
esteve ligado a informação, esta sob uma perspectiva técnica, tecnológica ou ainda de lazer
como faziam (e ainda o fazem) os inúmeros programas de rádio que atingem o meio rural por
meio de músicas e informes técnicos.
No entanto salienta-se que sob esta perspectiva, a informação não é reconhecida como
comunicação pela passividade com que os sujeitos a recebem. Completando essa análise nos
reportamos a Paulo Freire (1977) que assinala a importância da reciprocidade que não pode
ser rompida para que haja o ato comunicativo, o que implica em uma relação dialógica e não
unidirecional.
De outro lado, considerando-se a revolução da comunicação por meio da internet,
percebe-se a possibilidade de interatividade entre os sujeitos, esta dada pela troca em duas ou
mais vias de diálogo. Este fenômeno de reciprocidade seria então capaz de promover
comunicação, ou seja, se daria por meio de relações e significações sociais construídas de
forma coletiva pelas partes envolvidas: emissores e receptores, tendo a máquina como meio
de mediação.
E é deste mecanismo de construção em rede, proporcionado pela internet, que surgem
as possibilidades de sociabilidade, termo este sugerido por Georg Simmel (1983) que implica
em interação entre os sujeitos. Esta, movida na sociedade por objetivos comuns partilhados,
como posição social, cultura e aumento de capacidades por meio da informação e formação.
Todas estas e outras questões favorecidas pelo acesso crescente dos atores às Tecnologias da
Informação e Comunicação, cada vez mais presente entre os jovens, tanto urbanos quanto
rurais, muito embora os últimos ainda estejam em evidente desvantagem quando comparados
aos primeiros, no acesso ao serviço, como demonstram os dados de pesquisa do Comitê
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Gestor da internet no Brasil, indicando que a presença do computador na área urbana atinge
51% dos estabelecimentos, enquanto na área rural chegam a 16% nos domicílios (CGI, 2012).
No entanto, é fundamental que se reconheça que as TIC no meio rural potencializam a
comunicação e facilitam as trocas de experiências, sobretudo, entre os jovens, que veem nela
a possibilidade de sair para além de seus espaços geográficos e sociais, podendo fazer-se
pertencer a diferentes redes, onde a organização social pode emergir como resultado de um
processo de partilha de interesses e sentimentos de pertencimento.
No recorte empírico deste estudo (Região Centro Serra do RS), encontram-se
disseminados, em ordem cronológica, o rádio, a televisão, telefone fixo, o celular, computador
e internet, por último, mais contemporâneo, os smartphones. Para fins metodológicos, este
trabalho realiza um recorte em relação ao computador e a internet, que cada vez mais fazem
parte do cotidiano dos rurais influenciando, em um primeiro momento nos trabalhos
escolares, estendendo-se aos momentos de lazer. Num segundo momento, significam um
potencial de mudança na sociabilidade, antes dependentes das festas locais e hoje fundadas
também na aproximação com jovens urbanos (fisicamente ou virtualmente) através das redes
sociais.
Nesse interim, reconhece-se que o avanço das TIC no meio rural vem fornecendo
novas dinâmicas em relação à comunicação e a sociabilidade, promovendo simbioses na
juventude rural, aqui compreendida como uma construção social, como sugere Bourdieu
(1984, p. 152), quando diz que “(...) a juventude e a velhice não são dadas, mas construídas
socialmente, na luta entre jovens e velhos”. A relação entre idade social e idade biológica é
muito complexa, cujas ações estão ancoradas no sujeito coletivo, diante das esferas do circuito
social em que se estabelecem e legitimam enquanto gerações juvenis.
Ainda enfatizando a abordagem metodológica e conceitual do presente trabalho,
salienta-se que a juventude rural é aqui analisada no campo teórico como: sujeito de
transformação do campo (CASTRO, 2005); grupo responsável pela sucessão ou êxodo rural
(DIRVEN, 2001); agentes da manutenção e preservação do patrimônio da família rural
através das estratégias matrimoniais e reprodução biológica (BOURDIEU, 2009); ator político
(STROPASOLAS, 2006, CASTRO, 2009); agentes promotores de espaços sociais ligados ao
lazer, convívio, entretenimento e troca de experiências (REDIN e SILVEIRA, 2012).
A juventude nas sociedades camponesas, geralmente, coincide com uma etapa de
semidependência social, assinalada por uma precoce inserção produtiva e por um status
subordinado dos jovens no seio da família. Apesar da subordinação doméstica, em que não
possuem prestígio e poder, ocupam lugar central no espaço lúdico no âmbito da comunidade
e, frequentemente, participam em muitos aspectos da vida festiva, institucionalizada,
mediante agrupamentos coletivos (FEIXA PÀMPOIS, 2004), como os grupos de jovens rurais
unificados na Associação Regional da Juventude Rural no Território Centro Serra, RS, objeto
deste estudo.
Estudos como de Champagne (1986) alertam para a ampliação do espaço social dos
jovens rurais e a redução de controle da família camponesa. O isolamento geográfico e social
do meio rural tradicional tem efeitos sobre a sociabilização dos jovens. A partir do caso da
zonas de bosques, o autor mostra que a dispersão do habitat e a relativa autonomia econômica
reforçavam o isolamento das famílias rurais e lhes davam um monopólio de fato na
socialização de seus filhos, favorecendo assim uma reprodução social estritamente ligada a
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sua concepção de mundo, uma transcrição análoga. Tal fato proporcionava as famílias rurais
controle de todos os seus membros ao longo do tempo, sem concorrência.
Em contexto contemporâneo, especificamente na realidade sul-brasileira, acredita-se
que o avanço das TIC para o meio rural e a expansão e interiorização das universidades e
institutos federais de educação técnica e superior, têm colocado em xeque o saber da família e
o controle mais rígido do jovem no meio rural. Esse fenômeno provoca um empoderamento
deste perante a família e, em certa medida, uma ampliação das opções em relação ao seu
futuro profissional, o que certamente pode favorecer os processos migratórios.
Conforme Champagne (1986), em um espaço de interconhecimento onde tudo se
sabia, as famílias podiam envolver total e continuamente a vida de seus filhos, vigiando suas
atividades e suas amizades e até mesmo induzindo seus casamentos. Desse modo, impunham
seus valores, seu estilo de vida e sua acepção de excelência profissional. Nesse contexto de
microssociedade, acontecia a sucessão porque isso era evidente, seja por dever ou por
obrigação familiar e também pelas reduzidas opções que se colocavam como viáveis diante da
incerteza do abandono da vida na aldeia. A sociedade global se mostrava hostil e o
estranhamento dos jovens, diante das vivências possíveis fora da aldeia, os atemorizava e
acuava (CHAMPAGNE, 1986).
Assim, no contexto do sul do Brasil, a partir da década de 1940-1950, as famílias de
agricultores passam a ver no estudo, uma possibilidade para os filhos conseguirem trabalho no
meio urbano, considerando a saída do rural como sinônimo de acesso a melhores condições de
vida (SILVEIRA, 1994). Segundo investigação conduzida pelo grupo de pesquisa “Sociedade,
Ambiente e Desenvolvimento Rural” da Universidade Federal de Santa Maria, entre os anos
1990 a 1994 o trabalho era visto como sacrifício e, principalmente as mulheres eram
estimuladas a migrarem, já que os filhos homens representavam potencial de mão-de-obra
capaz de definir a capacidade de reprodução social da família. Alia-se a esta questão a prática
ainda comum no Sul do Brasil, das famílias adquirirem área em regiões de novas fronteiras
agrícolas em estabelecimento e com isto viabilizar a migração de parte da família (ou até de
famílias inteiras), buscando manter-se na agricultura.
Neste sentido salienta-se o papel que a educação tem cumprido no processo de
desvalorização da vida rural, enquanto reforça a ideia de que o espaço urbano oferece mais
atrativos, tanto em trabalho, quanto em qualidade dos serviços públicos disponíveis. De outro
lado verifica-se na atualidade um movimento em defesa de uma educação voltada à realidade
rural, buscando despertar nos jovens novas expectativas a partir de fontes de geração de
trabalho e renda pautados pela multifuncionalidade e mesmo a agricultura em tempo parcial,
re-significando os sentidos “da vida no campo”.
Este contexto muda radicalmente quando a crise econômica que se instala no Brasil,
na década de 1980, provoca diminuição da oferta de empregos urbanos de maior
remuneração, enquanto os problemas da hipertrofia urbana passam a serem sentidos de forma
mais precisa. Assim, a atração pelo meio urbano se arrefece e, em algumas regiões, é o
trabalho em tempo parcial que guia as estratégias de reprodução social (mantendo a família
toda no campo, mas com alguns membros se assalariando em parte ou na integralidade no
meio urbano).
Já no início dos anos 2000, as condições de infraestrutura rural tem uma pequena, mas
significativa melhora com relação ao acesso à informação e sociabilidade, iniciando-se assim
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um processo lento, mas contínuo de mudanças a partir da expansão das TIC trazendo novas e
mais diversas possibilidades de interação social. Pergunta-se: Que implicações estas novas
sociabilidades têm sobre os atores do rural contemporâneo, mais especificamente sobre a
Juventude Rural?
A principal justificativa deste estudo está relacionada à hipótese que essas
transformações que podem estar ocorrendo no espaço rural terão reflexo em relação à
sucessão rural e, se compreendidas e atendidas às demandas desses atores, poder-se-á
estruturar um novo cenário de possibilidades e motivações.
Para tanto a investigação realizada pelos atores do presente trabalho realiza dois
movimentos: o primeiro apresenta o processo organizativo da AREJUR, conhecendo seus
códigos em relação às perspectivas político-culturais enquanto jovens rurais, avançando-se
desta forma para o conhecimento do processo de constituição de um campo em torno da
juventude rural como ator social coletivo, o qual se articula em torno de suas
demandas/expectativas e de um conjunto de relações institucionais. O segundo movimento
dirige o olhar para as transformações que perpassam o rural com a vivência e uso das TIC.
3. Expectativas e demandas prioritárias dos jovens rurais a partir das novas formas de
sociabilidade: experiências da Associação Regional da Juventude Rural da Região
Centro Serra- RS (AREJUR)
A AREJUR foi fundada no ano de 2005, constituindo uma entidade educacional,
social, cultural e esportiva com tempo indeterminado de duração, de fins não econômicos.
Permanentemente, tem como sede o município de Candelária, Rio Grande do Sul, podendo
atuar em todos os municípios em que exista organização de Conselho ou Associação
Municipal de jovens rurais filiados à entidade.
Segundo seu estatuto, a AREJUR tem como principais objetivos: a) ser um órgão
representativo dos conselhos e associações filiadas; b) assessorar os conselhos e associações
municipais filiadas; c) participar e apoiar os eventos dos conselhos e associações municipais
filiadas; d) divulgar os trabalhos realizados em prol da juventude rural em âmbito municipal,
regional e estadual nos meios de comunicação; e) buscar o patrocínio para a realização de
atividades sócio-educativas, tais como: excursões, encontros, convenções, exposições,
intercâmbios, seminários, desfiles, treinamentos de lideranças, atividades esportivas, culturais,
etc.
A formação da associação regional se insere no processo de organização social dos
jovens rurais, além da realização de eventos, aspectos legais e de legitimidade social,
constituindo um campo simbólico que valoriza as origens, os valores e a força do segmento
rural na região que tem a economia primária como motriz. Além disso, a mobilização dos
jovens por meio de conselhos e associações municipais possibilita a exaltação de sua
identidade enquanto categoria sociopolítica, com demandas, direitos e deveres específicos.
E é sob esta condição que as entidades sociais de jovens rurais têm conseguido
concretizar reconhecimento, laços de confiança e respeito nas comunidades ao longo do
tempo, legitimando-se cada vez mais a partir do avanço das tecnologias de informação e
comunicação e instrumentos digitais como as redes sociais.
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Trabalho realizado por Redin (2012) na Região Centro Serra/RS, identificou que a
expansão da internet tem sido estimulada nas famílias, por demanda dos jovens. Em Arroio do
Tigre, por exemplo, (um dos municípios constituintes da Região) 45% dos usuários são
famílias agricultoras (internet via rádio) que estão aos poucos, aumentando suas interações
com o mundo virtual, sendo um dos motivos citados o estímulo aos filhos. Esta informação
foi disponibilizada em 2012, pela empresa “Interativa Informática”, que atualmente detém
aproximadamente 95% dos usuários de internet no rural do município e boa parte do rural de
outros municípios da Região Centro Serra.
O acesso à internet via rádio vem facilitando a vida dos moradores rurais, em especial
a dos jovens, aproximando-os dos espaços sociais. No entanto, em certa medida, esse
processo pode provocar uma vontade intrínseca de sair do rural pela percepção fascinante e
idealizada do urbano por meio da exaltação a estilos de vida ancorados no consumo
exacerbado e facilitações de serviços, ampliando ainda mais as desigualdades entre o rural e
urbano no que se refere às condições de infraestrutura e lazer, provocando insatisfação dos
jovens rurais com as pertinentes desigualdades visualizadas (REDIN, 2012).
Ainda sobre o município de Arroio do Tigre, Redin (2011) observou várias famílias
com um, dois ou mais celulares, bem como, em menor expressão (mas já bastante visível),
computadores, internet via rádio e televisões a cabo. Também foram visualizadas famílias de
agricultores com acesso a informações em tempo real sobre o comportamento do clima
durante a semana, sobre as projeções para a safra, sobre o comportamento do mercado
agropecuário, do dólar, ou informações ligadas ao lazer e ao entretenimento.
Segundo o pesquisador, dentre as motivações citadas pelos agricultores para
adquirirem computadores ligados à internet, destacam-se os seguintes elementos: a) existência
de jovens na propriedade, que necessitam elaborar trabalhos pelo computador, para fins de
estudos no ensino médio, sendo muito custoso o deslocamento destes à cidade; b) o agricultor
adquire a tecnologia e os serviços de internet com o objetivo de motivar a permanência do
jovem rural na propriedade (REDIN, 2011). Esse último elemento é bastante relevante para a
compreensão da expansão do uso das TIC no meio rural, uma vez que, normalmente, são os
jovens são quem dominam o manuseio dos equipamentos. Em um processo de transferência
de conhecimentos os pais aprendem com os filhos estabelecendo a aceleração dos processos
de inclusão digital entre os agricultores.
Sob este aspecto, atenta-se para internet no espaço rural como uma possibilidade de
ampliação ou criação de novos espaços sociais e, em segundo plano, como auxílio no
processo de qualificação dos aspectos produtivos, possibilitando informação, conhecimento
de tecnologias e ainda qualificação profissional por meio e cursos à distância. Neste sentido,
Sorj (2003) esclarece que a internet pode tornar-se um investimento necessário para
potencializar o capital humano e social dos jovens e de agricultores familiares, mas para tanto,
é imprescindível mobilizar recursos e serviços relativos ao seu aperfeiçoamento, ligados
diretamente aos anseios dos jovens, como a possibilidade de acesso ao ensino agrotécnico e
cursos superiores voltados à vida rural. Nessa alusão, as TIC podem cumprir papel
fundamental na melhoria do conhecimento técnico e produtivo, na gestão da propriedade e
dos recursos naturais.
Outro trabalho significativo para as análises deste artigo foi realizado por
pesquisadores do NEPALS/UFSM no ano de 2013, onde em parceria com a Emater Regional
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de Santa Maria-RS foram realizados cursos de formação de lideranças jovens para as
associações de Juventude Rural da Região Centro Serra. Por ocasião de um dos encontros
realizou-se uma pesquisa investigativa a cerca das expectativas e demandas prioritárias dos
jovens rurais com a entrada das TIC no meio rural e em particular na casa das famílias.
As perguntas foram direcionadas aos jovens por meio da utilização da técnica de
Grupo Focal. A utilização desta metodologia, de abordagem eminentemente qualitativa, tem
como objetivo revelar as percepções dos participantes sobre os tópicos em discussão. Por
meio de um agrupamento de pessoas com objetivos e elementos em comum, discute-se
percepções e conceitos, promovendo no coletivo a formação de ideias específicas de um
grupo. A técnica gera possibilidades contextualizadas pelo próprio grupo, oportunizando a
interpretação de crenças, valores, conceitos, conflitos, confrontos e pontos de vista (DEBUS,
1997).
No campo das expectativas dos jovens da AREJUR foram citadas várias questões,
indo desde elementos produtivos, de planejamento, crédito entre outros, todos atrelados ao
“sucesso” dos jovens como empreendedores rurais. Dentre as respostas sugeridas pelos jovens
de cada associação constituinte da AREJUR, destaque para: 1) Criação de uma escola técnica
na região Centro Serra/RS para qualificação dos jovens rurais; 2) construção de políticas e
projetos específicos voltados aos grupos de jovens; c) melhorias nas condições de
comunicação, envolvendo demandas por acesso a internet e telefonia rural. Diante da voz dos
jovens, foram reivindicados ainda maiores investimentos destinados a empreendimentos
gestados por jovens rurais.
Estas expectativas dão visibilidade à necessidade de políticas de inclusão digital no
meio rural, buscando facilitar o acesso aos serviços de internet e, ainda, a qualificação dos
atores para o uso das informações, o que se daria por meio de escolas técnicas, universidades
ou institutos federais com oferta de cursos voltados para o meio rural, incluindo a modalidade
“à distância”, cada vez mais presente na formação dos jovens. Nota-se que a formação
aparece como elemento central nas demandas, sendo a oferta de cursos profissionalizantes
uma condição para a permanência do jovem no rural.
A percepção conjunta dos atores também aponta para expectativas de caráter regional
(e não apenas municipal) como a instalação de agroindústrias de beneficiamento dos produtos
produzidos pelos jovens da AREJUR, entendendo esta como condição de fortalecimento dos
produtores da Região Centro Serra, frente ao mercado consumidor. Também aparecem de
forma expressiva, expectativas por melhores condições das estradas, transporte e crédito.
Dentre as expectativas citadas, são colocadas como demandas prioritárias dos jovens da
AREJUR: 1) Incentivos socioeconômicos ligados às atividades de produção e
comercialização dos produtos produzidos e processados (caso das Agroindústrias Familiares);
2) Políticas que garantam a expansão e qualificação dos serviços de internet e telefonia
celular, possibilitando aos atores acesso e ampliação do uso das TIC; 3) Oferta de cursos
profissionalizantes voltados para o meio rural; 4) Melhorias nas condições de Infraestrutura e
transporte público (estradas e serviços de ônibus).
As narrativas obtidas pela pesquisa a partir da técnica de grupos focais mostram que a
Juventude Rural tem consciência de suas potencialidades, bem como as do espaço rural,
redefinindo seu sentido como espaço de vida. Para tanto, reivindica mecanismos de formação
profissional (Escolas Técnicas e Universidades), como forma de permanência e atuação
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socioeconômica e ainda, ampliação na oferta de serviços de infraestrutura básica, o que inclui
melhorias de deslocamento rural-urbano e ainda, avanços em termos de qualidade e acesso as
tecnologias da informação e comunicação, principalmente internet, como forma de adquirir
conhecimento e garantir interatividade, saindo do isolamento para o centro das sociabilidades.
Neste sentido, o conjunto de dados citados neste artigo, revela que as TIC mantem
relação direta com as expectativas e as prioridades estabelecidas pela juventude rural
entrevistada. Os jovens rurais conectam-se a outros jovens, trocam contatos, combinam dias
de lazer, encontros e jogos esportivos fortalecendo o sentido do “ser jovem rural”. Os
entrevistados relatam que através das redes sociais, informam-se do cotidiano, recebem
informações da comunidade local e até de noticiários nacionais e internacionais.
Compartilham e recebem informações, inserem sua visão de mundo e estão expostos a
contrapontos, o que permite-nos (os autores), identificar sua passagem de sujeitos ocultos
(off-line) a sujeitos visíveis (online) na sociedade contemporânea.
Quanto às redes sociais, percebe-se que estas convocam os jovens a organizarem-se
em forma de grupos para compartilharem informações, além disso, a rede social serve como
forma de convocação para participação de espaços deliberativos entre os grupos de jovens,
tanto em nível local, municipal ou regional, fortalecendo as organizações sociais.
A criação de perfis (Facebook) das entidades representativas, nas redes sociais (como
exemplo, a AJURATI) tratam de legitimar socialmente a ação dos jovens rurais, que
acontecem no espaço público e transcendem para a rede virtual. As participações da juventude
rural em festivais artísticos e culturais, eventos esportivos, espaços deliberativos sobre ações
de intervenção local/regional, organização de eventos sociais, participação em ações alusivas
à cultura e as convenções sociais do território podem ser encontradas nos sites e nas páginas
de relacionamento virtual.
A sociabilidade do jovem rural, em interação com diferentes usuários mediados pela
conexão digital promove entre os atores uma posição de autonomia em relação a suas
decisões, legitimada pela organização destes enquanto categoria social. No caso em estudo
(AREJUR) a representação organizativa cria uma rede social que congrega determinados
capitais sociais, culturais e simbólicos angariando um importante espaço na sociedade
regional, interagindo com as disputas e se relacionando enquanto categoria sociopolítica,
dotada de anseios e particularidades.
4. Considerações finais: os desafios da Juventude Rural enquanto categoria sociopolítica
emergente.
Os dados das pesquisas apresentadas demonstram a importância das Tecnologias de
Informação e Comunicação na construção da identidade da Juventude Rural e o consequente
fortalecimento desta enquanto categoria sociopolítica emergente. A possibilidade de
interação e interatividade entre os jovens, através da internet, permite a aproximação (mesmo
que virtual) dos atores, conectando-os por meio de uma rede de expectativas, demandas e
valores reforçando o sentido de “ser jovem rural” derivando daí, a organização social destes
enquanto atores sociais coletivos.
Por isso, acredita-se que o avanço das TIC no meio rural pode potencializar a ativação
de recursos humanos, como, por exemplo, o fortalecimento das organizações de jovens,
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gerando inclusive uma transmissão de valores e significados ligados ao ethos camponês
(Jovem Rural). Neste sentido, o processo de organização da Juventude Rural permite aos
jovens uma maior visibilidade enquanto categoria social, com expectativas e demandas
específicas, o que faz destes, “novos” atores no cenário político. A partir disto, são muitos os
que passam a ocupar funções públicas (vereadores, secretários, membros de consórcios
intermunicipais) e de liderança, como presidência de sindicatos, associações e cooperativas.
Diante deste processo de organização, constroem possibilidades de poder intervir nas políticas
públicas e nas decisões sobre o desenvolvimento de suas comunidades.
No entanto, as TIC ainda não atingiram uma escala totalizante no meio rural, mesmo
que se verifique um acentuado avanço no que diz respeito à popularização da tecnologia.
Deve-se ainda considerar que as TIC no rural brasileiro, apesar dos efeitos globalizantes, são
incipientes para munir a Juventude Rural de informações capazes de torná-los agentes
verdadeiramente ativos do desenvolvimento rural. Para tanto, se faz necessário um processo
de animação social que os conduza e mobilize, no sentido de torná-los sujeitos mediadores
das demandas locais com as expectativas e desafios do rural contemporâneo. Acredita-se que
os agentes de extensão e desenvolvimento rural devam exercer este papel, colocando-se na
condição de “impulso externo” às organizações da Juventude Rural.
No caso da AREJUR, partindo-se das TIC como fundamentais no processo de
fortalecimento dos jovens rurais enquanto organização social percebe-se que é na busca por
formação profissional, que a Juventude Rural pode encontrar nas TIC um grande potencial.
Esta pode viabilizar novas formas de construção de conhecimento e de aproximação com
instituições de conhecimento, como Escolas Técnicas e Universidades (inclusive por meio da
modalidade de “Ensino a Distância”) que passam a ser demandadas em caráter prioritário
pelos jovens rurais como condição para sua permanência no rural, como demonstram os dados
das pesquisas aqui citadas.
As TIC, ainda no sentido da qualificação profissional, podem garantir suporte
informativo nos aspectos produtivos, oferecendo dados de clima, mercado e suporte ao uso
das tecnologias agrícolas, oportunizando assim, a possibilidade de melhorias produtivas e
sociabilidade, transpondo a questão do isolamento e da falta de informação como
características do rural.
As experiências vivenciadas pela AREJUR demonstram o potencial da Juventude
Rural enquanto categoria sociopolítica emergente, colocando a organização da Região Centro
Serra-RS como destaque no Estado no que se refere à mobilização e visibilidade de Jovens
Rurais. No entanto, os desafios no sentido de efetivação destes enquanto protagonistas do
rural contemporâneo ainda são muitos, com destaque para a ausência de políticas públicas que
garantam sua legitimação enquanto atores do processo de desenvolvimento rural.
Quando referimo-nos às políticas públicas, entendemos que estas não podem limitar-se
à agricultura enquanto atividade produtiva, tendo em vista que o rural contemporâneo é cada
vez mais multifuncional e pluriativo. Assim, apenas políticas de crédito ou mesmo de acesso a
compra de terras não são suficientes para garantir a permanência destes no rural, fazendo-se
urgente, políticas voltadas a educação rural, lazer, saúde e acesso a cultura, na agendas das
políticas públicas brasileiras.
Neste sentido, quanto mais os jovens estiverem preparados para as “novas atividades”
que hoje perpassam o rural contemporâneo, maiores serão suas possibilidade de realização
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pessoal e profissional. Considerando que os jovens procuram afirmações para o seu futuro e
aspiram a construção de seus projetos, sendo estes geralmente vinculados ao desejo de
inserção no mundo moderno, o que é facilitado pelo uso das TIC.
Outro desafio atribuído à Juventude Rural enquanto categoria sociopolítica refere-se à
representatividade destes nas instâncias de decisão participativa das gestões públicas, como
vagas em fóruns colegiados, Conselhos Municipais de Desenvolvimento Rural, Cultura,
COREDES (Conselho Regional de Desenvolvimento) ou ainda fóruns deliberativos dos
Territórios da Cidadania. A inserção nos espaços de discussão e deliberação para o
desenvolvimento permite o exercício de seu protagonismo servindo como impulso ao
fortalecimento de suas organizações representativas, bem como, a afirmação da Juventude
Rural como categoria política.
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