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Volume 17 número 3 Novembro 1999 ISSN 0102-0536 SOCIEDADE DE OLERICULTURA DO BRASIL Presidente Rumy Goto UNESP-Botucatu Vice-Presidente Nilton Rocha Leal UENF-CCTA 1º Secretário Arlete Marchi T. de Melo IAC 2º Secretário Ingrid B. I. Barros UFRGS-Porto Alegre 1º Tesoureiro Marcelo Pavan UNESP-Botucatu 2º Tesoureiro Osmar Alves Carrijo Embrapa Hortaliças COMISSÃO EDITORIAL DA HORTICULTURA BRASILEIRA Presidente Leonardo de Brito Giordano Embrapa Hortaliças Editor Antônio T. Amaral Jr. UENF-CCTA Editora Arminda Moreira Carvalho Embrapa Cerrado Editor Danilo F. Silva F o INPA Editor José Magno Q. Luz UFU Editor Marcelo Mancuso da Cunha IICA-MI Editora Maria Aparecida N. Sediyame EPAMIG Editora Maria do Carmo Vieira UFMS - CEUD - DCA Editora Mirtes Freitas Lima Embrapa Semi-Árido Editor Renato Fernando Amabile Embrapa Cerrados Editora Sieglinde Brune Embrapa Hortaliças CORRESPONDÊNCIA: Horticultura Brasileira Caixa Postal 190 70.359-970 - Brasília-DF Tel.: (061) 385-9000/9051 Fax: (061) 556-5744 www.hortbras.com.br [email protected] Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999. ÍNDICE CARTA DO EDITOR 181 PESQUISA Influência do ácido acetilsalicílico, da sacarose e da temperatura na conservação in vitro de segmentos caulinares de batata. A. M. da Conceição; G. R. de L. Fortes; J. B. da Silva. 182 Densidade radicular de progênies de pupunheira em função de adubação NPK. M. L. A. Bovi; S. H. Spiering; A. M. M. Barbosa. 186 Crescimento e estado nutricional de abóbora híbrida em função de adubação orgânica e mineral. N. F. Silva; F. A. Ferreira; P. C. R. Fontes; M. A. N. Sediyama. 193 Rendimento de híbridos de melão amarelo em diferentes densidades de plantio. L. C. Grangeiro; J. F. Pedrosa; F. B. Neto; M. Z. de Negreiros. 200 Aplicação de esterco bovino e uréia na couve e seus reflexos nos teores de nitrato e na qualidade. V. C. P. Zago; M. R. Evangelista; D. L. de Almeida; J. G. M. Guerra; M. C. P. Neves; N. G. Rumjanek. 207 Adubação química e calagem em erva-baleeira. M. de F. Arrigoni-Blank; V. Faquin; J. E. B. P. Pinto; A. F. Blank; O. A. Lameira. 211 Caracterização e avaliação de substratos para o cultivo do tomateiro fora do solo. J. L. Andriolo; T. S. Duarte; L. Ludke; E. C. Skrebsky. 215 Acúmulo de matéria seca e exigências nutricionais de plantas de alho provenientes de cultura de tecidos e de propagação convencional. F. V. Resende; V. Faquin; R. J. de Souza; V. S. Santos. 220 Ação do etileno em combinação com thidiazuron, nitrato de prata e ácido acetilsalicílico na cultura de anteras de pimentão. J. M. Q. Luz; J. E. B. P. Pinto; P. A. D. Ehlert; E. S. Cerqueira; I. Bedin. 226 Época de aplicação de fungicida para controle da mancha de Mycosphaerella do morangueiro. C. Furlanetto; C. K. Tomita; A. C. Café Filho. 231 INSUMOS E CULTIVARES EM TESTE Características comerciais de alho em Picos, PI. M. E. da C. Veloso; R. L. R. Duarte; C. A. Sobrinho; F. de B. Melo; V. Q. Ribeiro. 234 Avaliação da eficiência de formulações de Bacillus thuringiensis para o controle de traça-das- crucíferas em repolho no Distrito Federal. M. C. Branco. 237 Produção hidropônica de alface cv. Verônica em diferentes substratos. H. L. Tavares; A. M. R. Junqueira. 240 Desempenho de cultivares de batata em solo infestado com Ralstonia solanacearum, raça 1. A. M. Quezado-Duval; C. A. Lopes. 244 Caracterização dos estádios fenológicos da cúrcuma, em função da época e densidade de plantio. A. B. Cecílio Filho; R. J. de Souza. 248 NOVA CULTIVAR IPR 82-Araucária, cultivar de batata para olericultura sustentável. C. A. Scotti; N. R. X. de Nazareno. 254 Leopoldina: primeira cultivar de grão-de-bico para Minas Gerais. R. F. Vieira; M. A. V. de Resende; C. Vieira. 257 NORMAS PARA PUBLICAÇÃO 259 ESPECIAL Resumos do XXXIX Congresso Brasileiro de Olericultura 263 ÍNDICES 338

Novembro 1999 ÍNDICE - abhorticultura.com.br · no, Salles, Marcelo, Maria Aparecida, Maria do Carmo, Mirtes, Renato e Sieglinde). Infelizmente neste ano deixamos de contar com a

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Volume 17 número 3

Novembro 1999ISSN 0102-0536

SOCIEDADE DEOLERICULTURADO BRASILPresidenteRumy GotoUNESP-BotucatuVice-PresidenteNilton Rocha LealUENF-CCTA1º Secretário

Arlete Marchi T. de MeloI A C

2º SecretárioIngrid B. I. BarrosUFRGS-Porto Alegre

1º TesoureiroMarcelo PavanUNESP-Botucatu

2º TesoureiroOsmar Alves CarrijoEmbrapa Hortaliças

COMISSÃO EDITORIALDA HORTICULTURABRASILEIRAPresidente

Leonardo de Brito GiordanoEmbrapa Hortaliças

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CORRESPONDÊNCIA:Horticultura BrasileiraCaixa Postal 19070.359-970 - Brasília-DFTel.: (061) 385-9000/9051Fax: (061) [email protected]

Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999.

ÍNDICE

CARTA DO EDITOR181

PESQUISAInfluência do ácido acetilsalicílico, da sacarose e da temperatura na conservação in vitro desegmentos caulinares de batata.A. M. da Conceição; G. R. de L. Fortes; J. B. da Silva. 182Densidade radicular de progênies de pupunheira em função de adubação NPK.M. L. A. Bovi; S. H. Spiering; A. M. M. Barbosa. 186Crescimento e estado nutricional de abóbora híbrida em função de adubação orgânica e mineral.N. F. Silva; F. A. Ferreira; P. C. R. Fontes; M. A. N. Sediyama. 193Rendimento de híbridos de melão amarelo em diferentes densidades de plantio.L. C. Grangeiro; J. F. Pedrosa; F. B. Neto; M. Z. de Negreiros. 200Aplicação de esterco bovino e uréia na couve e seus reflexos nos teores de nitrato e na qualidade.V. C. P. Zago; M. R. Evangelista; D. L. de Almeida; J. G. M. Guerra; M. C. P. Neves;N. G. Rumjanek. 207Adubação química e calagem em erva-baleeira.M. de F. Arrigoni-Blank; V. Faquin; J. E. B. P. Pinto; A. F. Blank; O. A. Lameira. 211Caracterização e avaliação de substratos para o cultivo do tomateiro fora do solo.J. L. Andriolo; T. S. Duarte; L. Ludke; E. C. Skrebsky. 215Acúmulo de matéria seca e exigências nutricionais de plantas de alho provenientes de culturade tecidos e de propagação convencional.F. V. Resende; V. Faquin; R. J. de Souza; V. S. Santos. 220Ação do etileno em combinação com thidiazuron, nitrato de prata e ácido acetilsalicílico nacultura de anteras de pimentão.J. M. Q. Luz; J. E. B. P. Pinto; P. A. D. Ehlert; E. S. Cerqueira; I. Bedin. 226Época de aplicação de fungicida para controle da mancha de Mycosphaerella do morangueiro.C. Furlanetto; C. K. Tomita; A. C. Café Filho. 231

INSUMOS E CULTIVARES EM TESTECaracterísticas comerciais de alho em Picos, PI.M. E. da C. Veloso; R. L. R. Duarte; C. A. Sobrinho; F. de B. Melo; V. Q. Ribeiro. 234Avaliação da eficiência de formulações de Bacillus thuringiensis para o controle de traça-das-crucíferas em repolho no Distrito Federal.M. C. Branco. 237Produção hidropônica de alface cv. Verônica em diferentes substratos.H. L. Tavares; A. M. R. Junqueira. 240Desempenho de cultivares de batata em solo infestado com Ralstonia solanacearum, raça 1.A. M. Quezado-Duval; C. A. Lopes. 244Caracterização dos estádios fenológicos da cúrcuma, em função da época e densidadede plantio.A. B. Cecílio Filho; R. J. de Souza. 248

NOVA CULTIVARIPR 82-Araucária, cultivar de batata para olericultura sustentável.C. A. Scotti; N. R. X. de Nazareno. 254Leopoldina: primeira cultivar de grão-de-bico para Minas Gerais.R. F. Vieira; M. A. V. de Resende; C. Vieira. 257

NORMAS PARA PUBLICAÇÃO259

ESPECIALResumos do XXXIX Congresso Brasileiro de Olericultura 263

ÍNDICES338

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Address:Caixa Postal 19070359-970 Brasília-DFTel: (061) 385-9000/9051/9066Fax: (061) [email protected]

Journal of the BrazilianSociety of Vegetable Science

Volume 17 number 3November 1999

ISSN 0102-0536

Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999.

INDEX

EDITOR'S LETTER181

RESEARCHEffect of acetyl salycilic acid, sucrose and temperature on in vitro storage of potato shoots.A. M. da Conceição; G. R. de L. Fortes; J. B. da Silva. 182Root density of pejibaye progenies as a function of NPK fertilisation.M. L. A. Bovi; S. H. Spiering; A. M. M. Barbosa. 186Nutritional state of hybrid squash as a function of organic compost and mineral fertilizer.N. F. Silva; F. A. Ferreira; P. C. R. Fontes; M. A. N. Sediyama. 193Yield of yellow melon hybrids in different plant densities.L. C. Grangeiro; J. F. Pedrosa; F. B. Neto; M. Z. de Negreiros. 200Cattle manure and urea use on kale and their influence on the quality and nitrate content.V. C. P. Zago; M. R. Evangelista; D. L. de Almeida; J. G. M. Guerra; M. C. P. Neves;N. G. Rumjanek. 207Chemical fertilization and liming in Cordia verbenacea.M. de F. Arrigoni-Blank; V. Faquin; J. E. B. P. Pinto; A. F. Blank; O. A. Lameira. 211Evaluation of substrates for growing tomatoes in soilless culture.J. L. Andriolo; T. S. Duarte; L. Ludke; E. C. Skrebsky. 215Dry matter accumulation and nutrition requirements of garlic planted with clovesobtained by tissue culture or produceed directly on the field.F. V. Resende; V. Faquin; R. J. de Souza; V. S. Santos. 220Ethylene action in combination with Thidiazuron (TDZ), silver nitrate (AgNO3) andacetylsalicylic acid on sweet pepper anther culture.J. M. Q. Luz; J. E. B. P. Pinto; P. A. D. Ehlert; E. S. Cerqueira; I. Bedin. 226Timing of fungicide application for Mycosphaerella leaf spot control on strawberry.C. Furlanetto; C. K. Tomita; A. C. Café Filho. 231

PESTICIDES AND FERTILIZERS IN TESTEvaluation of garlic cultivars in Picos region, PI.M. E. da C. Veloso; R. L. R. Duarte; C. A. Sobrinho; F. de B. Melo; V. Q. Ribeiro. 234Efficiency of Bacillus thuringiensis formulations in controlling Diamondback Mothin cabbage in the Federal District.M. C. Branco. 237Yield response of hydroponic lettuce grown on three different substrates.H. L. Tavares; A. M. R. Junqueira. 240Performance of potato cultivars in soil naturally infested with race 1 of Ralstonia solanacearum.A. M. Quezado-Duval; C. A. Lopes. 244Characterisation of phenology stages of the turmeric, as a function of time and planting density.A. B. C. Filho; R. J. de Souza. 248

NEW CULTIVARIPR 82-Araucária, potato cultivar for sustainable vegetable production.C. A. Scotti; N. R. X. de Nazareno. 254Leopoldina: first chickpea cultivar for Minas Gerais State, Brazil.R. F. Vieira; M. A. V. de Resende; C. Vieira. 256

INSTRUCTUINS TO THE AUTHOR259

SPECIALAbstracts of the XXXIXCongress of the Brazilian Society of Vegetable 263

ÍNDICES338

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1 8 1Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999.

carta do editor

Com a publicação deste volume, completamos mais um ano de lutas e vitórias na condução danossa revista Horticultura Brasileira. Neste ano de 1999 temos a satisfação de poder apresentarao nosso público a revista com publicação quadrimestral. Todos aqueles que acompanham anossa luta e que colaboram conosco, sabem o árduo trabalho que temos para conseguir manter afrequência e a qualidade da nossa revista. Dessa forma quero aqui expressar o meu agradecimen-to especial aos nossos editores associados (Alice, Antônio Amaral, Arminda, Danilo, José Mag-no, Salles, Marcelo, Maria Aparecida, Maria do Carmo, Mirtes, Renato e Sieglinde).

Infelizmente neste ano deixamos de contar com a valiosa contribuição de dois de nossoseditores. Nossa colega Alice, que em março iniciou seu curso de doutorado, e nosso colega Sallesque estará dedicando mais tempo à pesquisa com a mosca-das-frutas. Aproveito esta oportunida-de para agradecer a ambos pela valiosa contribuição que prestaram à nossa revista nestes últimosanos. Muito sucesso em seus novos empreendimentos.

Aproveito a oportunidade para parabenizar a nova Diretoria da Sociedade de Olericultura doBrasil, na pessoa da presidenta, Dra. Rumy Goto, desejando-lhe pleno sucesso.

Leonardo de Brito Giordano

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1 8 2 Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999.

pesquisa

A batata (Solanum tuberosum L.) éa olerácea mais importante culti-

vada no Brasil, pelo seu alto potencialde rendimento e pelas suas proprieda-des nutricionais, com produtividademédia de 15 t/ha, com uma área planta-da, em 1995 de 178.174 ha e uma pro-dução de 2.692334 t (IBGE, 1997). Asáreas de produção estão concentradas,principalmente no Centro-Sul do país;o Rio Grande do Sul encontra-se emprimeiro lugar em área plantada e emquinto em produtividade, com 9,9 t/ha(IBGE, 1997).

O processo de conservação in vitro,que é baseado no crescimento lento dasespécies, tem sido considerado uma al-

CONCEIÇÃO, A.M. da; FORTES, G. R. de L.; SILVA, J.B. da. Influência do ácido acetilsalicílico, da sacarose e da temperatura na conservação in vitro desegmentos caulinares de batata. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 17, n. 3, p.182-185, novembro 1999.

Influência do ácido acetilsalicílico, da sacarose e da temperatura na con-servação in vitro de segmentos caulinares de batata.Adriane M. da Conceição1; Gerson Renan de L. Fortes2 ; João Baptista da Silva.3

1/ UFPel - Colegiado de Pós-Graduação em Agronomia, C. Postal 354, 96.010-900 Pelotas-RS; 2/ Embrapa Clima Temperado, C. Postal403, 96001-970 Pelotas-RS; 3/ UFPel/IFM, C.Postal 354, 96.010-900 Pelotas-RS.

RESUMO

O presente trabalho foi realizado no Laboratório de Cultura deTecidos da Embrapa Clima Temperado (Pelotas-RS), com o objeti-vo de estudar o efeito do ácido acetil salicílico (AAS), associado àsacarose e à temperatura na conservação in vitro de segmentoscaulinares das cultivares de batata Baronesa e Santo Amor. Os seg-mentos foram inoculados em meio de cultura com sais e vitaminasde MS, acrescido de 100 mg.L-1 de mio-inositol, 6 g.L-1 ágar e comsacarose nas concentrações de 10, 30 e 50 g.L-1 combinadas comácido acetil salicílico a 0, 3, 6, 9 e 12 mg.L-1. Após a inoculação omaterial foi mantido às temperaturas de10 e 25°C. O experimentoconstituiu-se de um fatorial AxBxCxD [temperatura (2) x sacarose(3) x AAS (5) x cultivar (2)], em blocos casualizados, com quatrorepetições, sendo cada explante uma parcela. O comprimento dosegmento caulinar foi analisado pelo teste de Duncan e pela regres-são polinomial dos fatores. As avaliações foram iniciadas 15 diasapós a instalação do experimento e continuadas a cada 15 dias, su-cessivamente ao longo de 180 dias. Da variável percentagem de so-brevivência do material em conservação in vitro foi calculado ape-nas o valor médio. A concentração de sacarose de 30 g.L-1 no meiode cultura, e a temperatura de 10°C, foram os melhores tratamentospara a melhor conservação in vitro e maior percentagem de sobrevi-vência dos segmentos caulinares de batata.

Palavras chaves: Solanum tuberosum L., cultura de tecidos.

ABSTRACT

Effect of acetyl salycilic acid, sucrose and temperature on invitro storage of potato shoots.

This work was carried out at the Tissue Culture Laboratory atEmbrapa Clima Temperado Pelotas-RS, Brazil, to evaluate theinfluence of acetyl salycilic acid (ASA), sucrose and temperature inthe in vitro storage of potato shoot cvs. Baronesa and Santo Amor.The shoot segments were inoculated on a medium containing MSsalts, vitamins, myo-inositol (100 mg.L-1), agar (6.0 g.L-1) and sucroseat 10, 30 and 50 g.L-1 combined with acetyl salicylic acid at 0, 3, 6, 9and 12 mg.L-1. After inoculation the material was kept at 10 or 25°C.The experiment was designed in a factorial A x B x C x D[temperature (2) x sucrose (3) x ASA (5) x cultivars (2)] and displayedin a randomized block with four replicates being each explant oneplot. The shoot growth was studied and the data were compared bythe Duncan test and by polinomial regression. Evaluation took placeevery 15 days and the last one was done 180 days after inoculation.The best results were obtained using in vitro storage with the shootskept at 10°C, on a medium containing to 30 g.L-1 sucrose.

Keywords: Solanum tuberosum L., tissue culture.

(Aceito para publicação em 01 de setembro de 1999)

ternativa à conservação de germoplasmafeita a campo em espécies propagadasvegetativamente (Roca et al., 1991).

O crescimento rápido das espéciesin vitro exige mais mão-de-obra e au-menta a possibilidade de perdas devidoà contaminação do material durante re-petições contínuas de subcultivo. Poroutro lado, o processo de conservaçãoin vitro diminui o número desubcultivos, como também reduz os cus-tos financeiros, as contaminações pormicroorganismos e a variaçãosomaclonal. O método de conservaçãoin vitro objetiva desacelerar ou até su-primir totalmente o crescimento dascélulas e tecidos in vitro, aumentando o

período entre cada subcultivo (Dorionet al., 1991).

O crescimento lento tem sido um su-cesso na manutenção das gemas de algu-mas espécies e tem manifestadoaplicabilidade podendo ser utilizado roti-neiramente para espécies como: batata, ba-tata-doce, maçã, pêra, kiwi, banana,forrageiras e ornamentais (Withers &Williams, 1990). Entre os fatores mais es-tudados para retardamento do crescimen-to, encontram-se a redução de temperatu-ra, bem como adição de inibidores de cres-cimento e osmóticos ao meio de cultura.

Os retardantes de crescimento sãoum grupo de componentes sintéticos que

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reduzem o elongamento da haste; e, ge-ralmente aumentam a coloração verdedas folhas. Esses componentes inibema divisão celular no meristema subapicaldas gemas, mas tem pouco efeito na pro-dução de folhas e no crescimento deraízes (Gianfagna, 1987).

Segundo Salisbury (1992), o ácidoacetil salicílico é um hormônio vegetalimportante para algumas respostas fisio-lógicas conhecidas. Tais como, forma-ção floral (Kaihara et al., 1981;Khurama & Maheshwari, 1978); fecha-mento dos estômatos (Larque-Saavendra, 1979); inibição da síntese deetileno (Leslie & Romani, 1988); resis-tência a patógenos (Mills & Wood,1984); produção de proteínas relaciona-das a patogenicidade (Ohashi &Matsuoka, 1987) e promotor na forma-ção de colônias de protoplastos(Carswell et al., 1989).

Leite et al. (1995), conservarammeristemas de alho in vitro utilizando oácido acetil salicílico em concentraçõesde até 4,0 mg.L-1 combinado commanitol 30 g.L-1 , em substituição asacarose; a maior percentagem de plan-tas sobreviventes (34,55%) foi obtida naconcentração de 0,5 mg.L-1, de ácidoacetilsalicílico.

Esse trabalho teve como objetivoestudar a modificação do meio de cul-tura, utilizando o ácido acetilsalicílicocomo retardante de crescimento associa-do a um agente osmótico, a sacarose, eà temperatura, na conservação in vitrode segmentos caulinares das cultivaresde batata, Baronesa e Santo Amor.

MATERIAL E MÉTODOS

O trabalho foi realizado no Labora-tório de Cultura de Tecidos da EmbrapaClima Temperado, Pelotas-RS.

Foram utilizadas plantas de batata(Solanum tuberosum L.) das cultivaresBaronesa e Santo Amor. Os tubérculosdessas cultivares foram plantados emvasos contendo solo esterilizado combrometo de metila. Após o crescimentoe desenvolvimento das ramas até a altu-ra aproximada de 20-25 cm, estas fo-ram cortadas e utilizadas para retiradados meristemas.

O meio de cultura utilizado para iso-lamento de meristemas foi constituído

por sais e vitaminas de MS (Murashige& Skoog, 1962), acrescido de sacarose(30 g.L-1), mio-inositol (100 mg.L-1), 6-benzilaminopurina (BAP) 1 mg.L-1 , áci-do-naftalenoacético (ANA) 0,01 mg.L-

1, ácido giberélico (AG3) 1 mg.L-1 e ágar(6 g.L-1), sendo o pH ajustado a 5,9 comNaOH (1N) antes da adição do agentesolidificante. Após a inoculação dosexplantes no meio de cultura os frascosforam mantidos em sala de crescimen-to, por 45 dias, sob 16 horas defotoperíodo, 2000 lux de intensidadeluminosa e temperatura de 25°C ± 2°C.

A partir do desenvolvimento dosmeristemas, em meio de cultura obte-ve-se brotações com 2 a 3 cm que fo-ram divididas em segmentos caulinarescontendo uma gema axilar e inoculadasem tubos de ensaio contendo 10 ml demeio básico MS sem reguladores de cres-cimento e com todos os demais compo-nentes da fase anterior. Os frascos forammantidos em sala de incubação à tempe-ratura e fotoperíodo idênticos aos utili-zados no desenvolvimento demeristemas. Após quatro semanas origi-naram-se novas brotações de 10 a 12 cm

Ao atingir o comprimento médio de12 cm, as brotações sadias (conformeteste de indexação realizados previamen-te) das duas cultivares foram divididasem segmentos caulinares de 2 cm decomprimento, contendo duas gemas axi-lares e inoculadas em meio MS acresci-do de sacarose (10, 30 e 50 g.L-1); ácidoacetilsalicílico (0, 3, 6, 9 e 12 mg.L-1) emantidas às temperaturas de 10 e 25°C.

O experimento constituiu-se de umfatorial AxBxCxD [temperatura (2) xsacarose (3) x AAS (5) x cultivar (2)],em blocos casualizados, com quatro re-petições, sendo que cada explante repre-sentou uma parcela. Os dados referentesao comprimento do segmento caulinarforam analisados utilizando-se o teste deDuncan e a regressão polinomial dos fa-tores. As avaliações foram iniciadasquinze dias após a instalação do experi-mento e continuadas a cada quinze dias,sucessivamente, ao longo de 180 dias.Da variável percentagem de sobrevivên-cia do material em conservação in vitrofoi apenas calculado o seu valor médio.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados da análise da variaçãoapresentaram significância estatísticapara a grande maioria dos fatores einterações. Somente não foram signifi-cativas (a=0,05) as interações AAS xcultivar e temperatura x AAS x culti-var. Tendo em vista este fato e visandouma simplificação do trabalho, selecio-namos apenas interações de primeiraordem que se apresentaram como alta-mente significativas (a=0,01). Da variá-vel percentagem de sobrevivência domaterial em conservação in vitro foiapenas calculado o seu valor médio.

A redução de temperatura proporcio-nou um menor crescimento dos segmen-tos caulinares para a cultivar Baronesaà temperatura de 10°C (Figura 1). Para25°C ocorreu uma inversão de cresci-

Ácido acetilsalicílico, sacarose e temperatura na conservação in vitro de batata.

Figura 1. Comprimento de segmentos caulinares de batata cvs. Baronesa e Santo Amor àtemperatura de 10 e 25°C, após seis meses de conservação in vitro, Pelotas-RS, EmbrapaClima Temperado, 1997 (as letras minúsculas correspondem as comparações entre as culti-vares, dentro de uma mesma temperatura e as letras maiúsculas indicam as comparaçõesentre as temperaturas, para uma mesma cultivar, pelo teste de Duncan (a=0.05)).

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mento em relação às cultivares, sendo ossegmentos caulinares da cultivar Baro-nesa os que mais cresceram. Isto podeser atribuído a uma característicagenotípica (Jabuonski & Furumoto,1987); a cv. Baronesa possui porte mé-dio, e a cv. Santo Amor porte baixo, em-bora a Santo Amor seja proveniente docruzamento entre as cultivares Baronesae Konsuragis (Hawkes, 1978). À tempe-ratura de 10°C, ocorreu um crescimentolento dos segmentos caulinares de bata-ta, provocado por uma desaceleração navelocidade do metabolismo celular, de-vido à baixa temperatura os processosmetabólicos são mais lentos (Desbrunais

et al., 1992). Resultados similares foramobtidos por Bhat & Chandel (1993), naconservação in vitro de gemas de bana-na, às temperaturas de 15 e 25°C. Estesautores concluíram que o crescimentolento dos segmentos ocasionado pela re-dução de temperatura é um fator impor-tante e determinante para a longevidadedo material em conservação.

Sharma & Chandel (1992) utilizan-do temperaturas de 5, 10, 15 e 25°C naconservação in vitro de segmentoscaulinares de Raulvofia serpentina, ob-servaram que os segmentos apresentaramredução no crescimento durante os quin-ze meses de armazenamento. Henshaw

et al. (1980), trabalhando com segmen-tos caulinares de genótipos de batata àtemperatura de 6°C e 8 h de fotoperíodoà noite e de 12°C e 16 h de fotoperíododurante o dia, obtiveram um índice de80% de sobrevivência do material em seismeses de conservação in vitro.

As cultivares Baronesa e Santo Amorproduziram 24 e 27 microtubérculos res-pectivamente, após 6 meses da conser-vação in vitro. Verificou-se que ocorreuum maior crescimento dos segmentoscaulinares com o aumento do nível desacarose, sendo que para o nível de 30g.L-1 obteve-se o maior comprimento dossegmentos caulinares, principalmentepara a cultivar Baronesa (Figura 2). Aredução verificada quando se passa de 30g.L-1 para 50 g.L-1 para a cultivar SantoAmor pode ser atribuída à formação demicrotubérculos quando utilizada a con-centração maior de sacarose no meio decultura. Karssem et al. (1991), relatamque a formação de microtubérculos éconseguida pela alta concentração deaçúcar no meio de cultura. Aumentandoa concentração de sacarose de 2 a 8%,houve um aumento de até 100% na for-mação de microtubérculos em estacasnodais com concomitante redução noelongamento do estolão.

Segmentos caulinares à temperatu-ra de 25°C apresentaram um maior com-primento, do que aqueles a 10°C em to-das as concentrações de sacarose, sen-do que a concentração de 30 g.L-1 foisuperior às demais. A temperatura de25°C proporciona um aumento na velo-cidade do metabolismo celular e,consequentemente, um maior cresci-mento dos segmentos caulinares (Figu-ra 3). Resultados similares foram obti-dos por Desbrunais et al. (1992) con-servando segmentos caulinares de caféin vitro à temperatura de 27°C com20g.L-1 de sacarose.

Com o aumento da concentração deAAS em meios de cultura submetidos àtemperatura de 25°C, ocorreu reduçãono crescimento médio dos segmentoscaulinares das distintas cultivares (Fi-gura 4). Os retardantes de crescimentoreduzirem o elongamento das hastes(Gianfagna, 1987). A temperatura de100C, quando comparada com a de 250C,foi mais eficiente na redução do cresci-mento dos segmentos caulinares, mes-mo na ausência de AAS. Entretanto,segundo Grout (1991), retardantes de

A.M. da Conceição et al.

Figura 2. Comprimento dos segmentos caulinares de batata cvs. Baronesa e Santo Amor nasconcentrações de 10, 30 e 50 g/l de sacarose, após seis meses de conservação in vitro, Pelotas-RS, Embrapa Clima Temperado, 1997 (as letras minúsculas correspondem as comparaçõesentre as concentrações de sacarose para uma mesma cultivar e as letras maiúsculas indicam ascomparações entre as cultivares, para uma mesma concentração, pelo teste Duncan (a=0.05)).

Figura 3. Comprimento de segmentos caulinares de batata para a média das cultivares àsconcentrações de 10, 30 e 50 g/l de sacarose, e sob temperatura de 10 e 25°C, após seismeses de conservação in vitro, Pelotas-RS, Embrapa Clima Temperado, 1997 (as letras mi-núsculas correspondem às comparações entre as concentrações de sacarose dentro de umamesma temperatura e as letras maiúsculas indicam as comparações entre as temperaturas,para uma mesma concentração de sacarose, pelo teste Duncan (a=0.05)).

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1 8 5Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999.

Figura 4. Comprimento de segmentos caulinares de batata para a média das cultivares àsconcentrações de 0, 3, 6, 9, e 12 mg/l de AAS, e temperatura de 10 e 25°C, após seis mesesde conservação in vitro, Pelotas-RS, Embrapa Clima Temperado, 1997.

crescimento devem ser adicionados aomeio de cultura e a temperatura deve serreduzida entre 1 e 10°C, para promoveruma redução na velocidade de cresci-mento do material em conservação.

Com respeito à percentagem de so-brevivência dos segmentos caulinares emconservação in vitro , obteve-se maiorpercentual de sobrevivência a 10°C, atin-gindo cerca de 87%, para a média dascultivares. À temperatura de 25°C, ocor-reu um maior percentual de perda dematerial atingindo aos seis meses de con-servação, com aproximadamente 57% desobrevivência. Estas perdas foram atri-buídas à contaminação pormicroorganismos, pois com o aumentoda temperatura há uma maiorcondensação de água no frasco, favore-cendo o desenvolvimento de fungos.Resultados semelhantes foram obtidosem estudos sobre a conservação in vitrode gemas de macieira, onde ocorreu per-da do material à temperatura de 26°C,devido à contaminação pormicroorganismos e à diminuição do meiode cultura. (Lundergan & Janick, 1979).Estes resultados com as cultivares Baro-nesa e Santo Amor superaram os obti-dos por Fortes et al. (1995), que obtive-ram quatro meses e meio de conserva-ção in vitro para segmentos caulinares dascultivares Baronesa e Monte Bonito.

Os resultados obtidos neste trabalho,sugerem que a melhor conservação invitro e a maior percentagem de sobrevi-vência dos segmentos caulinares de ba-tata foram obtidos com a concentraçãode 30 g.L-1 de sacarose no meio de cul-tura e à temperatura de 10°C.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem à EmbrapaClima Temperado, pelo uso das instala-ções para execução do ensaio e tambémao CNPq pelos recursos fornecidos.

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Ácido acetilsalicílico, sacarose e temperatura na conservação in vitro de batata.

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Palmeiras apresentam uma alta de-manda por nutrientes para

maximizar crescimento e produção(Hartley, 1977; Tinker, 1982; Bovi &Cantarella, 1996). No entanto, a magni-tude das respostas à aplicação de fertili-zantes depende de uma série de fatoresrelacionados à aquisição, transporte e

BOVI, M.L.A.; SPIERING, S.H.; BARBOSA, A.M.M. Densidade radicular de progênies de pupunheira em função de adubação NPK. Horticultura Brasilei-ra, Brasília, v. 17, n. 3, p. 186-193, novembro 1999.

Densidade radicular de progênies de pupunheira em função deadubação NPK .Marilene L. A. Bovi; Sandra H. Spiering; Antonia Marlene M. BarbosaInstituto Agronômico, C. Postal 28, 13.001-970 Campinas - SP

RESUMO

O uso eficiente de fertilizantes requer o conhecimento de seusefeitos tanto na biomassa aérea quanto na radicular, permitindo quese identifique uma adubação adequada do ponto de vista de umamelhor partição entre ambas. A massa de raízes secas por volume desolo vem sendo utilizada, principalmente em espécies perenes, comosubsídio para estimativas de biomassa radicular. Com esse objetivo,foram estudados os efeitos da adubação NPK na densidade radicularde três progênies de pupunheira (Bactris gasipaes Kunth), cultiva-das em um Aluvial álico (corrigido por meio de calagem) emUbatuba, SP (clima “Cfa”), durante o ano de 1993. O delineamentofoi um fatorial fracionado, composto por quatro doses crescentes denitrogênio (0 a 400 kg/ha/ano de N), fósforo (0 a 200 kg/ha/ano deP2O5 ) e potássio (0 a 200 kg/ha/ano de K2O), em experimento inte-grado (progênies e adubação). As amostras foram coletadas por oca-sião da primeira colheita de palmito (outubro de 1993), quando asplantas (cultivadas no espaçamento de 2 x 1 m) tinham cerca de doisanos de campo. Utilizou-se o método do trado, coletando-se, porparcela experimental, duas amostras na linha e duas na entrelinha.Houve diferenças entre genótipos (GE), com as progênies 2 e 3 apre-sentando, em média, maior densidade radicular que a progênie 1(5,15 e 6,20 contra 2,61 g/dm3, respectivamente). A interação GE xPO (posição da amostra) foi significativa, sendo que para as progê-nies 1 e 2 a maior densidade radicular foi obtida na linha (3,30 e6,60 g/dm3 na linha, contra 1,92 e 4,70 g/dm3 na entrelinha, respec-tivamente), enquanto para a 3 a ordem foi inversa (5,57 g/dm3 nalinha e 6,84 g/dm3 na entrelinha). Doses crescentes de potássio (K)apresentaram efeitos lineares positivos e significativos (R2 =0,93 a0,97) na densidade radicular das três progênies, com acréscimos entredose mínima e máxima variando de 18 a 28%. Não houve efeitosignificativo isolado de P, enquanto doses crescentes de N proporcio-naram um efeito linear positivo e significativo, mais evidente naprogênie 1 (médias de 2,26, 2,39, 2,62 e 3,16 g/dm3 para as doses 0,100, 200 e 400 kg/ha/ano de N, respectivamente). Não houveinteração estatisticamente significativa entre GE e fertilizantes apli-cados (NPK), exceto para GE x N x P. Embora com respostas dife-renciais de acordo com a progênie, constatou-se que a maior densi-dade radicular foi sempre obtida nas doses mais elevadas de N.

Palavras-chave: Bactris gasipaes, sistema radicular, palmito,absorção de nutrientes.

ABSTRACT

Root density of pejibaye progenies as a function of NPKfertilization.

The efficient use of fertilizers requires a knowledge of theireffects, not only on shoot biomass, but also on below-ground biomass,to identify an adequate fertilization level from the point of view of abetter partition between both. Dried root mass per soil volume hasbeen used, especially in perennial crops, as a substitute for estimatesof root biomass. With this objective, the root density of threeprogenies of the pejibaye palm (Bactris gasipaes Kunth) was studiedunder a combination of four nitrogen (0 to 400 kg/ha/year of N),phosphorus (0 to 200 kg/ha/year of P2O5) and potassium (0 to 200kg/ha/year of K2O) doses, in a field experiment. The area was locatedat Ubatuba, SP, Brazil, in an allic alluvial soil, corrected by liming.The samples were collected during the first heart of palm harvest(October, 1993), when the plants (cultivated in a 2 x 1 m spacing)were two years old. Samples were collected, between and withinplanting rows, using a root-soil auger sampler, 50 cm from the mainstem and at a 0-20 cm soil depth. There were differences amonggenotypes (GE), with progenies 2 and 3 showing, on average, higherroot densities than progeny 1 (5.15 and 6.20, against 2.61 g/dm3,respectively). The interaction GE x PO (sample position) wassignificant: progenies 1 and 2 showed the highest root densities withinplanting rows (3.30 and 6.60 g/dm3 within row, against 1.92 and4.70 g/dm3 between rows, respectively), while progeny 3 showed aninverse order (5.57 g/dm3 in the within row, and 6.84 g/dm3 betweenrows). There was a positive linear response to applied potassium (R2

=0.93 to 0.97), with increments between minimum and maximumdoses varying from 18 to 28%. There was no isolated significanteffect of P, while increasing doses of N provided a positive andsignificant linear effect, more evident in progeny 1 (averages of 2.26,2.39, 2.62 and 3.16 g/dm3 for the doses 0, 100, 200 and 400 kg/ha/year of N, respectively). There was no significant interaction betweenGE and fertilizers (NPK), except for GE x N x P. Although theresponses varied with progeny, higher root density was always foundat high nitrogen doses.

Keywords: Bactris gasipaes , root-system, heart of palm, nutrientuptake.

(Aceito para publicação em 01 de outubro de 1999)

utilização dos nutrientes disponíveis eaplicados ao solo. O sistema radiculardas plantas ocupa não mais que 2% dovolume superficial do solo (Böhm,1979; Sieverding, 1991). Portanto, asrelações entre a biomassa radicular e aquantidade e a proporção dos nutrien-tes aplicados determinam a eficiência de

absorção e, consequentemente, as res-postas de crescimento e/ou produção(Mengel, 1983). Comparadas àsdicotiledôneas, palmeiras possuem sis-tema radicular pouco eficiente devido àpresença em grande proporção de raízesgrossas, fibrosas e sem pelos absorven-tes (Tomlinson, 1990). Talvez por isso,

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alocam proporcionalmente maisbiomassa às raízes do que asdicotiledôneas. A absorção de nutrien-tes nessas plantas tende a ser funçãoquase que exclusiva do desenvolvimen-to do sistema radicular.

O uso de fertilizantes em cultivoscom alta extração de nutrientes exigecautela. O suprimento inadequado denutrientes, tanto falta quanto excesso,pode provocar restrições ao crescimen-to das plantas e alterar relações entrebiomassa aérea e radicular.Desbalanceamentos entre crescimentoradicular e aéreo, causados por falta ouexcesso de algum nutriente, são repor-tados em algumas espécies (Buwalda &Goh, 1982; Peng et al., 1993), eviden-ciando que nem sempre a alocação demaior quantidade de fotossintatos aosistema radicular se traduz em maiorcrescimento da parte aérea. Em plantasdependentes de fungos micorrízicos,como a pupunheira (Sudo et al., 1996),esse efeito pode ser ainda maior, comuma mudança no comportamentosimbiótico entre micorrizas e plantahospedeira. Embora a associação entrefungos micorrízicos e plantas tenha semostrado benéfica em situações de bai-xa disponibilidade de fósforo (Chulan,1991), ela é altamente detrimental emcondições de elevada disponibilidadedesse elemento (Peng et al., 1993). Há,nessas condições, maior demanda dofungo por fotossintatos, induzindo aplanta a aumentar o sistema radicular emdetrimento do crescimento da biomassaaérea. Sabe-se que a produção de pal-mito por pupunheiras e a duração eco-nômica do cultivo estão direta e positi-vamente associadas à sua biomassa aé-rea (Mora-Urpí et al., 1997; Bovi, 1998).Dessa forma, fatores que possam inter-ferir nessa característica devem ser ob-jeto de pesquisa.

O crescimento e a densidaderadicular são bastante afetados pelaspropriedades físicas e químicas do solo(Barley, 1970). Segundo esse autor, afertilidade de um solo reside, pelo me-nos parcialmente, na habilidade dasraízes crescerem e se ramificarem facil-mente no mesmo. Poucos são os artigosque relatam os efeitos da adubação nocrescimento ou densidade radicular acampo (Anilkumar & Wahid, 1988;

Pavan, 1995). A dificuldade da análiseda biomassa radicular nessas condiçõesprovavelmente é um dos principais fa-tores que restringem esses estudos.

Existem vários métodos para o es-tudo do sistema radicular de cultivos.Dentre eles, o método do trado descritopor Böhm (1979), além da simplicida-de, mostra-se bastante adequado quan-do grande parte do sistema radicular estánas primeiras camadas de solo. Por essemotivo, o método é indicado para plan-tas com sistema radicular fasciculado.Embora possa subestimar a densidadede raízes, devido a perdas no processode lavagem das mesmas, o método éapropriado para avaliações comparati-vas de tratamentos. O modo de reportara quantidade de raízes presentes em umaamostra também tem sido sujeito a mui-tas indagações. Comprimento, diâmetroe porcentagem de raízes em diferentescategorias de tamanho têm sido repor-tados (Gardner, 1960; Tailliez, 1971;Farrell et al., 1993). No entanto, quan-do é feita comparação entre tratamen-tos, a densidade radicular, expressa emmassa/volume ou em comprimento/vo-lume, é uma das características maisutilizadas (Gross et al., 1992; Hauser,1993; Mullins et al., 1994).

Existe alguma informação sobre osistema radicular da pupunheira. Arti-gos de Vandermeer (1977), Ferreira etal. (1980; 1995) e Morales & Vargas(1990) relatam que essa espécie possuiraízes em sistema fasciculado, com cer-ca de 75 a 80% delas distribuídas, demodo mais ou menos uniforme, nos pri-meiros 20 cm do solo. Algumas raízesapresentam maiores diâmetros, são maiscurtas e possuem acentuadogeotropismo, sendo consideradas raízesde sustentação ou ancoramento. Há ain-da alguma informação sobre o compor-tamento do sistema radicular dapupunheira em solos distintos (Ferreiraet al., 1980; 1995). Em ambos os estu-dos, foram utilizadas plantas adultas (cer-ca de 13 e 17 anos de idade, respectiva-mente), não submetidas a adubações re-gulares. No entanto, artigos comparan-do densidade radicular de pupunheirascultivadas para a produção de palmito,tanto em solos distintos como sob dife-rentes condições de fertilização, não fo-ram encontrados na literatura.

O presente trabalho foi realizado vi-sando estudar os efeitos da adubaçãoNPK em um Aluvial álico na densidaderadicular de pupunheiras, de forma arelacioná-la posteriormente com teoresde elementos no solo, crescimento daplanta e taxa de colonização de raízespor fungos micorrízicos nativos, permi-tindo que se identifique uma adubaçãoadequada do ponto de vista de uma me-lhor partição entre biomassa aérea ebiomassa radicular.

MATERIAL E MÉTODOS

Foram utilizadas parcelas experi-mentais de um ensaio fatorial fracionadoinstalado na Estação Experimental doInstituto Agronômico, localizada emUbatuba (23o27’S, 45o04’W, a seismetros de altitude). O clima da região é“Cfa”, pela classificação de Köppen,tropical, quente e úmido, compluviosidade anual normal de 2841 mm,evapotranspiração potencial normal de992 mm, excedente normal de 1849 mm,temperatura média anual de 20,8oC edéficit hídrico nulo. Os tratamentos fo-ram quatro doses de nitrogênio (0, 100,200 e 400 kg de N/ha), de fósforo (0,50, 100 e 200 kg de P2O5/ha) e de potás-sio (0, 50, 100 e 200 kg de K2O/ha), di-vididas em cinco aplicações anuais aolongo da estação chuvosa (outubro amarço). As fontes de nutrientes foram,respectivamente, nitrocálcio (22% deN), superfosfato triplo (45% de P2O5) ecloreto de potássio (60% de K2O). Osadubos foram aplicados em cobertura,em faixas de 50 cm de largura, dos doislados das plantas. A adubação teve iní-cio seis meses após a instalação do ex-perimento.

O ensaio foi conduzido em solo clas-sificado como Aluvial álico(Udifluvent), com as seguintes proprie-dades químicas a 0-20 cm de profundi-dade, após aplicação de calcáriodolomítico visando elevar a saturaçãopor bases (originalmente 14%) e dimi-nuir a saturação em alumínio: pH emCaCl2 5,0 (equivalente a pH 5,6 emágua); matéria orgânica 39 g/dm3; P (re-sina) 9 mg/dm3; K 1,3; Ca 28; Mg 16;H+Al 43 mmolc/dm3; capacidade de tro-ca catiônica 88 mmolc /dm3; saturaçãopor alumínio de 0% e saturação por ba-

Densidade radicular de progênies de pupunheira em função de adubação NPK.

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ses de 51%. O relevo da área experimen-tal é plano, apresenta boa drenagem enão há erosão. A composiçãogranulométrica do solo na profundida-de de 0-15 cm é de 10% de argila, 14%de silte, 13% de areia fina e 63% de areiagrossa. A maiores profundidades há umaprogressiva diminuição na porcentagemde areia grossa e aumento de areia fina.A porosidade total na profundidade de0-20 cm é de 49,97%, sendo constituí-da por 29,65% de macroporos e 20,32%de microporos. Na camada imediatamen-te inferior (20-40 cm) há uma reduçãoacentuada da microporosidade (9,75%)e um aumento da macroporosidade(42,92%). A densidade global nas duascamadas está em torno de 1,20 g/cm3

(Jorge & Bovi, 1994).O espaçamento entre plantas foi de

2 x 1 m. As parcelas possuíam 24 plan-tas úteis, com bordaduras duplas ao re-dor e as progênies, da raça “microcarpa”Pará (Mora-Urpí & Clement, 1988), es-tavam sorteadas dentro de cada parcela.Para o presente estudo foram utilizadastrês progênies. Dentro de cada progê-nie, as amostragens para o cálculo dadensidade radicular foram feitas comduas repetições na linha e duas na en-trelinha. As plantas apresentavam, porocasião da amostragem, dois anos decampo e não tinham sido ainda colhi-das. Cerca de 70% das plantas no expe-rimento estavam aptas à colheita.

Observações preliminares sobre adistribuição do sistema radicular dasplantas sob essas condições de cultivoforam feitas em duas plantas localiza-das nas bordas do ensaio. Utilizou-se ométodo de trincheira (Böhm, 1979), comprofundidade até 2 m e distância doestipe principal de 3 m. A partir dessasobservações preliminares, assumindo-sesimetria radial, estabeleceu-se que amaior concentração de raízes na profun-didade de 0 a 20 cm estava a uma dis-tância de 50 cm do estipe.

A densidade radicular das touceirasdos diferentes tratamentos (combina-ções de doses de NPK) foi estimada pelométodo do trado (Böhm, 1979), segun-do metodologia descrita por Fujiwara etal. (1994). Retiraram-se amostras na li-nha (1 m entre plantas) e na entrelinha(2 m entre plantas) para cada pontoamostrado, ambas a cerca de 50 cm da

planta e na profundidade de 0 a 20 cm,onde, segundo a literatura (Vandermeer,1977; Ferreira et al., 1980; 1995;Morales & Vargas, 1990) e as observa-ções preliminares, mais de 80% dasraízes da pupunheira se situam. Asraízes foram separadas do solo, lavadase pesadas. A secagem das mesmas foifeita em estufa a 70o C até peso cons-tante, seguindo-se nova pesagem. Osdados foram expressos em massa deraízes secas por volume de solo (g/dm3).

Os resultados foram submetidos àanálise de variância, com comparaçãoentre médias feita pelo teste de Tukey a5%. Regressões múltiplas em passosforam usadas para modelar a respostadas doses crescentes dos elementos nadensidade radicular das progênies depupunheira. A escolha da equação quemelhor se ajustou aos dados foi basea-da na significância do efeito da regres-são, dos desvios da regressão testadospelo teste F a 5% de probabilidade e nomaior coeficiente de determinação (R²).Os coeficientes das equações de regres-são foram testados até 10% pelo teste“t”. As derivadas primeiras das equa-ções foram igualadas a zero, determi-nando-se as doses dos elementos asso-ciadas à máxima e à mínima densidaderadicular por genótipo.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Caracterização e dimensões dasraízes

O sistema radicular das plantas ob-servado pelo método de trincheira, se-guiu, de um modo geral, o padrão apre-sentado pelas palmeiras (Tailliez, 1971;Hartley, 1977; Avilan et al., 1984;Tomlinson, 1990). Mostrou-se como dotipo fasciculado, com a grande maioriadas raízes de primeira ordem ou primá-rias (R1) crescendo horizontalmente emedindo cerca de 3,3 a 5,9 mm de diâ-metro. A maior parte delas alcançou, nasplantas observadas, de 1,5 a 2,0 m nahorizontal. Algumas raízes primáriascresciam verticalmente, alcançando pro-fundidades em torno de 1,5 a 2 m, sen-do consideradas raízes de sustentação.No entanto, notou-se que o ancoramentodessas plantas não é bom. Tombamentode touceiras após ocorrência de ventosfortes tem sido frequentemente obser-

vado no banco de germoplasma dessaspalmeiras instalado na região.

Observou-se que as raízes de segun-da ordem ou secundárias (R2) origina-ram-se de ramificações das raízes pri-márias, apresentando dimensões de 1,2a 2,9 mm de diâmetro, chegando a al-cançar até 35 cm de comprimento. Po-dem ter crescimento ascendente ou des-cendente, com uma tendência das raízessuperficiais crescerem acima da super-fície do solo. Raízes terciárias (R3) saí-ram das secundárias e apresentaram di-mensões em torno de 0,4 a 1,1 mm dediâmetro e 2 a 8 cm de comprimento.As raízes quaternárias (R4) raramentemediram mais do que 2 cm, com maiorfrequência encontrada entre 0,1 a 1 cmde comprimento e diâmetros sempre in-feriores a 0,5 mm (média entre 0,16 a0,32 mm). Juntamente com as terciárias,essas raízes são consideradas os órgãosprincipais de absorção em palmeiras epodem ser extensivamente desenvolvidasem solos ricos em nutrientes e matériaorgânica (Tomlinson, 1990). Como nasdemais palmeiras, observou-se que asraízes de pupunheira não possuem pelosabsorventes. No entanto, presume-se quea absorção é facilitada pelo grande nú-mero de raízes, alta proporção de raízessecundárias e terciárias em relação às demaiores diâmetros e presença de fungosmicorrízicos que comportam-se comoprolongamentos do sistema radicular(Tomlinson, 1990; Sieverding, 1991).

Observou-se ainda que as raízes sa-íram invariavelmente em ângulo próxi-mo a 90o. Houve variação nesse padrãoapenas quando as raízes foram anteriore involuntariamente cortadas, o quepode ocorrer durante a operação deroçada. Nesse caso, detectou-se um cres-cimento em tufo das raízes (observou-se de quatro a oito raízes de diâmetrosapenas um pouco inferiores à secçãocortada), principalmente das R1 e R2,que ocorreu próximo ao ponto de corte.

Embora não tenha sido feita separa-ção das raízes por diâmetro em cadaamostra dos tratamentos analisados(parcelas com diferentes combinaçõesde NPK), observou-se que o diâmetromédio das raízes teve variação seme-lhante às duas plantas anteriormenteobservadas (5,9 a 0,16 mm). Observou-se ainda que cerca de 63% (em peso)

M.L.A. Bovi et al.

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1 8 9Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999.

dos segmentos de raízes amostradaspertenciam às classes de menores diâ-metros (raízes terciárias e quaternárias- 1,1 a 0,16 mm), sem variações nítidasnessa porcentagem entre os tratamentos.Dimensões próximas às aqui encontra-das foram obtidas anteriormente porFerreira et al. (1995).

Efeito de genótiposObservou-se, pela análise de

variância dos dados obtidos pelo méto-do do trado, influência significativa dosgenótipos (F = 82,92***) na densidaderadicular da pupunheira. Não ocorreraminterações significativas entre genótipose nutrientes isolados (F de GE x N =0,91ns; F de GE x P = 1,07ns; F de GEx K = 0,92ns). Não foram também sig-nificativas as interações triplas entregenótipo, nitrogênio e potássio (F de GEx N x K = 0,87ns) e entre genótipos,fósforo e potássio (F de GE x P x K =

0,73ns). Apenas a interação entregenótipos, nitrogênio e fósforo mostrouser significativa a 1% de probabilidade(F de GE x N x P = 3,14**). Pelasignificância dessa interação para pal-meiras, a mesma será discutida maisadiante. Por sua vez, a interação entregenótipos e posição das amostras foi sig-nificativa (F de GE x PO = 15,12***)indicando que as progênies divergem nadensidade radicular encontrada na linhae na entrelinha. A progênie 1 apresen-tou significativamente menor densida-de radicular que as progênies 2 e 3 (Ta-bela 1), tanto na linha como na entreli-nha. Dois fatores principais podem es-tar envolvidos. O primeiro deles refere-se ao fato, já constatado para várias es-pécies vegetais (Salisbury & Ross,1991), de que genótipos divergem napartição entre biomassa aérea ebiomassa radicular. Raízes, assim como

folhas e frutos, são drenos (centros deimportação de fotoassimilados). No en-tanto, são drenos mais fracos que essesdois últimos órgãos. Sempre que hou-ver uma maior demanda de crescimen-to e expansão da parte aérea, estabele-ce-se um processo competitivo entredrenos que resulta no esgotamento dasreservas das raízes e na paralisação deseu crescimento, em detrimento de maiorcrescimento aéreo (Salisbury & Ross,1991). Diferenças entre material gené-tico para biomassa aérea e radicular têmsido reportadas em outras palmeiras(Ruer, 1967a,b; Hardon, 1982).

Outro fator que poderia ser aventa-do como causa da diferenças significa-tiva para densidade radicular entre pro-gênies está relacionado à maior ou me-nor suscetibilidade de genótipos ao alu-mínio. Tratando-se de solo originalmen-te ácido, tal fator poderia estar envolvi-

Tabela 1. Densidade radicular média de progênies de pupunheiras quando cultivadas sob doses crescentes de adubação nitrogenada,fosfatada e potássica. Ubatuba, Instituto Agronômico, 1998.

Elementos e doses Progênie 1 Progênie 2 Progênie 3 Progênie 1 Progênie 2 Progênie 3 MédiasLinha Entrelinha

g/dm3Nitrogênio 0 2,53 B a 5,28 A a 5,82 A b 1,98 C b 5,62 B a 7,69 A a 4,82100 3,24 C a 5,54 A a 4,84 B b 1,55 C b 3,71 B b 5,75 A a 4,11200 3,53 B a 5,56 A a 5,25 A b 1,71 C b 4,41 B b 7,23 A a 4,62400 3,90 B a 6,02 A a 6,35 A a 2,42 C b 5,08 B b 6,67 A a 5,07

Fósforo0 3,61 B a 5,50 A a 5,01 A b 1,99 C b 4,46 B b 6,81 A a 4,5650 2,45 C a 5,58 B a 6,43 A a 1,73 C b 4,99 B b 6,65 A a 4,64100 3,43 B a 5,55 A a 5,65 A b 2,01 C b 4,64 B b 7,73 A a 4,80200 3,73 B a 5,77 A a 5,19 A b 1,93 C b 4,72 B b 6,35 A b 4,61

Potássio0 2,96 B a 5,27 A a 5,29 A b 1,89 C b 3,97 B b 6,10 A a 4,2450 3,05 C a 4,75 B a 5,22 A b 1,82 C b 4,51 B a 6,51 A a 4,31100 3,73 B a 5,72 A a 5,37 A b 1,68 C b 5,16 B b 6,71 A a 4,73200 3,47 B a 6,66 A a 6,40 A b 2,27 C b 5,17 B b 8,03 A a 5,33

Médias 3,30 6,60 5,57 1,92 4,70 6,84 4,48

CV (%) 50,50 29,72 22,09 46,12 27,14 26,09 34,83

Médias seguidas da mesma letra na horizontal (maiúsculas para comparação entre progênies na mesma posição de amostra e minúsculaspara comparação entre posições de amostra dentro da mesma progênie) não diferem entre si a 5% de probabilidade pelo Teste de Tukey.

Densidade radicular de progênies de pupunheira em função de adubação NPK.

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1 9 0 Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999.

do. No entanto o solo foi corrigido previa-mente com calcário, alcançando pH emágua de 5,6, com consequenteneutralização do alumínio trocável (satu-ração por alumínio = 0). Além disto, asraízes do genótipo com menor densidaderadicular apresentavam a mesmamorfologia e medidas dos demaisgenótipos, não evidenciando os sintomasusuais de toxidez ao elemento e, deve-selembrar ainda, que a pupunheira é umaespécie tropical, nativa de regiões comsolos ácidos, de baixos teores de nutrien-tes e com elevada saturação por alumínio(Mora-Urpí, 1984), portanto originalmen-te pouco sensível à toxidez causada poresse elemento. Essa característica foi com-provada recentemente por Pachêco (1997)em mudas de pupunheira cultivadas emsolução nutritiva com concentrações cres-centes de Al (0 a 30 mg/L). O autor repor-ta que não foram visualizados sintomastais como encurtamento e engrossamentode raízes e que os maiores efeitos foramna parte aérea (redução no crescimentodevido a menor absorção de Ca, Mg e P)e não no sistema radicular, concluindo que,em relação a outras plantas cultivadas, apupunheira mostrou ser tolerante ao alu-mínio.

Posição das amostrasNão houve efeito significativo da

posição das amostras (F = 2,09 ns) quan-

do se considerou a média das progêni-es. No entanto, a interação progênie xposição das amostras (GE x PO) foi sig-nificativa (F 15,12***). Não obstante,não houve interações significativas(simples ou múltiplas) entre posição daamostra e nutrientes. Via de regra, maio-res densidades radiculares na linha (mé-dia de 3,30 e 6,60 g/dm3, respectivamen-te) foram obtidas para as progênies 1 e2, enquanto para a progênie 3, maioresmassas radiculares por volume fixo desolo foram encontradas na entrelinha(média de 6,84 g/dm3) (Tabela 1). Exce-ções são a progênie 2 na dose zero de Ne na dose 50 de K, onde não houve dife-rença estatística na densidade radicularentre linha e entrelinha; e a progênie 3,onde as doses 400 de N e 50 de P nãomostraram diferenças significativas en-tre a densidade radicular obtida nalinha e na entrelinha. Como oespaçamento nas entrelinhas foi o do-bro do espaçamento na linha, os resul-tados encontrados para as progênies 1 e2 estão dentro do esperado. Por sua vez,os resultados obtidos para a progênie 3indicam que trata-se provavelmente dematerial genético com sistema radicularmais abrangente, exigindo maiorespaçamento entre plantas. Não obstantea diferença entre densidade radicularencontrada para as progênies em estu-

do, não é possível fazer nenhuma afir-mação quanto à superioridade desta oudaquela, visto que o balanço entre asbiomassas aérea e radicular é que indi-ca a eficiência de um genótipo.

Efeito isolado de potássioDentre os elementos em estudo, hou-

ve um efeito linear positivo das dosesde potássio aplicadas ao solo sobre adensidade radicular (F = 5,10**) (Figu-ra 1). Não foram detectadas interaçõessignificativas entre esse elemento e osdemais, bem como entre ele e genótipos(F de N x K = 1,81 ns; F de P x K =1,31ns; F de GE x K = 0,92 ns). As pro-gênies reagiram de forma linear a dosescrescentes de potássio. O efeito foi maisevidente nas progênies 2 e 3, que apre-sentaram acréscimos na densidaderadicular, entre dose mínima e máximade potássio, de 28,1 e 26,7%, respecti-vamente (Tabela 1). A progênie 1, comdensidade radicular média significativa-mente menor que as demais, apresen-tou menor acréscimo entre doses de K(18,6%). De acordo com Sieverding(1991), a absorção dos íons que são su-pridos às raízes pelo mecanismo de di-fusão, tais como fósforo e potássio, de-pende da densidade de raízes por volu-me do solo. Um sistema radicular bemdesenvolvido, principalmente com rela-ção às raízes de menores diâmetros,apresenta maior área superficial, favo-recendo a absorção desses nutrientes.Embora para algumas espécies, taiscomo algodão, seja notório o efeito deaplicação de potássio na densidaderadicular (Mullins et al., 1994), não fo-ram encontradas citações relacionando-os em palmeiras. No entanto, sabe-seque as palmeiras apresentam alta de-manda por potássio, estando a biomassaaérea e a produção diretamente relacio-nadas a uma fertilização adequada emN e K (Hartley, 1977; Tinker, 1982;Bonneau et al., 1993). Principalmenteem solos arenosos, como o do presenteestudo, o potássio tem sido consideradoo principal elemento que afeta o cresci-mento e a produção do dendezeiro(Hartley, 1977; Tinker, 1982).

Interação entre N e PEmbora tenha sido reportado que o

fósforo é um dos elementos que maisafetam o sistema radicular de várias es-pécies (Sieverding, 1991), não foi de-

M.L.A. Bovi et al.

Figura 1. Densidade radicular de progênies de pupunheira em função de doses crescentesde potássio. Ubatuba, Instituto Agronômico, 1998.

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1 9 1Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999.

tectado efeito isolado, estatisticamentesignificativo, de doses de fósforo nadensidade radicular de pupunheiras (Fde 0,26 ns). Por sua vez, não obstantetenha sido observado efeito significati-vo de doses de N (efeito linear positi-vo) na característica avaliada (F =3,96**), detectou-se também interaçãosignificativa entre nitrogênio e fósforo(F = 6,83***) e, mais importante, entreprogênies e esses dois elementos (GE xN x P, com F = 3,14**). Como reporta-do anteriormente, não houve interaçãosignificativa (simples ou múltipla) en-tre a posição da amostra e os nutrientes,permitindo que se avalie o efeito dosnutrientes nos diferentes genótipos pelamédia de suas densidades radiculares(linha e entrelinha). As figuras 2, 3 e 4mostram a variação média da densida-de radicular de cada uma das progêniesem relação as doses de N e P. Interaçãosignificativa N x P já havia sido detec-tada anteriormente para as característi-cas biomassa aérea e atividade in vivoda enzima fosfatase ácida em folhas depupunheira (Bovi et al., 1998). Interaçãopositiva entre nitrogênio e fósforo temsido reportada também para outras pal-meiras (Ollagnier & Ochs, 1980; Tinker,1982; Tampubolon et al., 1990;Bonneau et al., 1993). Em todas as cita-ções, o efeito de N em P é maior do queo efeito de P em N, tal como o reporta-do aqui. Embora com respostas diferen-ciadas de acordo com a progênie emestudo, nota-se que maior densidaderadicular foi sempre obtida nas dosesmais elevadas de N (figuras 2, 3 e 4).Diante dos resultados obtidos com co-queiro e dendezeiro, Bonneau et al.(1993) argumentam que uma boa nutri-ção nitrogenada aumenta automatica-mente o teor de P nessas palmeiras, masisso não elimina a necessidade de apli-cação de adubos fosfatados. Do pontode vista fisiológico, o sinergismo deabsorção e assimilação existente entreN e P é facilmente explicado. Enquantoo nitrogênio é parte estrutural da molé-cula da clorofila, a taxa de fotossínteseé fortemente influenciada pela concen-tração de fósforo inorgânico nocloroplasto (Salisbury & Ross, 1991).Dessa forma, plantas bem nutridas emN e P têm maior capacidade de assimi-lação de CO2 e de sintetização decarboidratos durante a fotossíntese, re-

Densidade radicular de progênies de pupunheira em função de adubação NPK.

Figura 2. Densidade radicular da progênie 1 em função de doses de nitrogênio (N) e fósforo(P) (K = 0). Ubatuba, Instituto Agronômico, 1998.

Figura 3. Densidade radicular da progênie 2 em função de doses de nitrogênio (N) e fósforo(P) (K = 200). Ubatuba, Instituto Agronômico, 1998.

Figura 4. Densidade radicular da progênie 3 em função de doses de nitrogênio e fósforo (P)(K = 200). Ubatuba, Instituto Agronômico, 1998.

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1 9 2 Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999.

sultando em maiores quantidades debiomassa. A maior alocação desta parao sistema radicular pode ser particular-mente importante para a planta, poispermite mudanças na rizosfera (media-da pela exudação de ácidos orgânicos einteração com fungos micorrízicos),com conseqüente aumento na aquisiçãode nutrientes minerais e água.

Maximização e minimização dasrespostas

As respostas modeladas por meio deanálise de regressão, utilizando uma fun-ção polinomial quadrática, indicaram queas doses que maximizaram ouminimizaram a densidade radicular foramdiferentes para cada uma das três progê-nies. Para a progênie 1, a densidaderadicular máxima (3,4 g/dm3) foi obtidacom a seguinte combinação de elemen-tos: N = 400 kg/ha/ano de N, P = 0 a 200kg/ha/ano de P2O5 e K = 0 kg/ha/ano deK2O (Figura 2). Para essa mesma progê-nie o mínimo (1,2 g/dm3) foi obtido comN = 50 a 350, P = 80 a 150 e K = 200.

A densidade radicular máxima esti-mada para a progênie 2 foi de 6,10 g/dm3,obtida com N = 400, P = 0 a 200 e K =200 (Figura 3). Para essa mesma progê-nie, o valor mínimo foi de 3,8 g/dm3, paraa seguinte combinação de elementos: N= 100 a 150, P = 200 e K = 200.

Para a progênie 3, a densidaderadicular máxima foi de 8,2 g/dm3, ob-tida através da seguinte combinação: N= 400, P = 50 a 100 e K = 200 (Figura4). A densidade mínima de 4,6 g/dm3

foi obtida em duas combinações dife-rentes: N = 200 a 280, P =0 e K =0, ouN = 100 a 150, P = 200 e K =200.

Diferenças nutricionais observadasentre genótipos, tais como as aqui re-portadas, são esperadas, visto que osprocessos de absorção, transporte e uti-lização de nutrientes estão sob controlegenético (Baligar & Fageria, 1997). Se-gundo Baligar e Bennett (1986), a den-sidade radicular e a morfologia dasraízes afetam especialmente a eficiên-cia de absorção de potássio e fósforo,pela maior ou menor interceptação dasrotas de difusão.

Embora com diferenças marcantesentre as progênies, a maior densidaderadicular esteve sempre relacionada àdoses elevadas de nitrogênio (400 kg/

ha/ano de N). No entanto, em plantasonde o produto comercial é constituídopelo conjunto de folhas, como apupunheira para palmito, ênfase deve serdada aos fatores que promovam tambémo crescimento da parte aérea. Torna-se,portanto, imperativo verificar se essamaior densidade radicular, alcançadacom doses balanceadas de nitrogênio,fósforo e potássio, se reflete em maiorbiomassa aérea.

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Crescimento e estado nutricional de abóbora híbrida em função de adu-bação orgânica e mineral1 .Natan F. Silva2; Francisco A. Ferreira3; Paulo C. R. Fontes3; Maria Aparecida N. Sediyama4

2/UFG Escola de Agronomia, C. Postal 131, 74.001-970 Goiânia - GO; 3/ UFV - Dep. de Fitotecnia, 36.571-000 Viçosa-MG; 4 EPAMIG/UFV, 36.571-000 Viçosa - MG.

RESUMO

Foi conduzido um ensaio em estufa com cobertura plástica, emViçosa, MG, com finalidade de avaliar a resposta da abóbora híbri-da, cv. Tetsukabuto, a cinco doses (0, 25, 50, 100 e 150 g.dm-3) decomposto orgânico produzido com resíduos de suínos e bagaço decana em três níveis (0, 1 e 2) de adubação mineral (AM). No nível 1da adubação mineral foram adicionados, em mg.dm-3 de substrato,os elementos: 150 de P; 50 de N; 75 de K; 20 de S; 58,5 de Ca; 14 deMg; 0,5 de B; 0,5 de Cu; 1 de Zn e 0,1 de Mo. No nível 2 adicionou-se o dobro das doses dos nutrientes aplicadas no nível 1. O experi-mento foi em fatorial 5 x 3, e os tratamentos distribuídos em blocosao acaso com quatro repetições. Cada parcela foi constituída por umvaso contendo 10 dm3 de substrato, com uma planta cada. Após 36dias da semeadura, o composto orgânico e o adubo mineral propicia-ram aumentos da área foliar, da matéria seca da parte aérea das plan-tas e aumentos dos teores de P, K e S e redução dos teores de N, Mg,e Ca na matéria seca do limbo foliar.

Palavras-chave: Cucurbita maxima x C. moschata, teores denutrientes, crescimento, adubação orgânica, adubação mineral.

ABSTRACT

Nutritional state of hybrid squash as a function of organiccompost and mineral fertilizer.

An experiment was carried out in a plastic greenhouse, in Viço-sa, Minas Gerais, Brazil, to evaluate the response of hybrid squashcv. Tetsukabuto to five rates (0, 25, 50, 100, and 150 g/dm3) of organiccompost combined with three levels (0, 1 and 2) of mineral fertilizer.At level 1 of mineral fertilizer the following nutrients were added inmg per dm3 of substrate: 150 of P; 50 of N; 75 of K; 20 of S; 58.5 ofCa; 14 of Mg; 0.5 of B; 0.5 of Cu; 1 of Zn and 0.1 of Mo. At level 2,a double of the quantities applied at level 1 were added. Theexperiment was laid out as a 5 x 3 factorial arrangement, and thetreatments randomly distributed in blocks, with four repetitions. Eachsample comprised a pot containing 10 dm3 of substrate and a singleplant. Thirty six days after planting the organic compost and mine-ral fertilizer resulted in increases in leaf area, dry weight of aerialparts, and P, K and S content, and a decrease in the contents of N,Mg and Ca in the dry matter of the leaf blade.

Keywords: Cucurbita maxima x C. moschata, nutrientconcentration, growth, organic compost, mineral fertilizer.

(Aceito para publicação em 22 de setembro de 1999)

1 Parte da tese de doutoramento do primeiro autor, apresentado à UFV, Viçosa, MG. Trabalho executado com o apoio financeiro da CAPESe FAPEMIG.

Densidade radicular de progênies de pupunheira em função de adubação NPK.

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1 9 4 Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999.

O cultivo de abóbora híbrida cv.Tetsukabuto tem sido feito em di-

versas regiões produtoras do país, utili-zando adubação orgânica e mineral, masas doses ainda não estão bemestabelecidas (Makishima, 1991). NoBrasil, trabalhos relatando os efeitos daadubação no crescimento e nutrição des-te híbrido são, praticamente,inexistentes. Mesmo na literatura estran-geira poucos trabalhos contemplam estaplanta (Fontes & Lima, 1993).

A adubação orgânica, práticamilenar de fertilização dos solos culti-vados, reconhecidamente contribui paraa atividade biológica e produção dasculturas. Esse efeito da matéria orgâni-ca tem sido relacionado com seu con-teúdo de nutrientes e modificações naspropriedades físicas do solo, principal-mente através da melhor agregação dosolo, que, por sua vez, influencia na ca-pacidade de infiltração e retenção deágua, drenagem, aeração, temperatura epenetração radicular (Allison, 1973;Kang, 1991). Chen & Aviad (1990) eVaranine et al. (1993) afirmam que aresposta de crescimento obtida na pre-sença de matéria orgânica não pode serexplicada somente pelo seu conteúdo denutrientes ou melhores condições físi-cas do solo, mas também pela melhorabsorção de nutrientes.

Essa melhor absorção de nutrientespelas plantas na presença de matériaorgânica pode ser atribuída à interaçõesentre compostos orgânicos e a membra-na plasmática das células. Varanine etal., (1993) constataram um aumento daatividade de H+-ATPases da membranade vesículas isoladas de raízes de aveiana presença de substâncias húmicas debaixo peso molecular.

Nos solos brasileiros onde predomi-nam minerais argilosos como a caulinitae os óxidos hidratados de ferro e alumí-nio, com baixo poder de troca catiônica(Moniz et al. 1995; Santos & Batista1996), a matéria orgânica torna-se cons-tituinte de extrema importância na ma-nutenção da sua fertilidade, (Kang, 1991).

Silva Jr. & Vizzoto (1990) observa-ram maior rendimento e qualidade defrutos na cultura do tomateiro, quandoparte dos fertilizantes minerais foi subs-tituída pelo adubo orgânico. Kang(1993) afirma que, em solos do sul da

Nigéria, maiores produtividades de mi-lho foram obtidas com a combinação daaplicação dos fertilizantes minerais eorgânicos. Rodrigues (1990) tambémrelata maior produtividade de alface emfunção de doses de composto orgânico.No entanto, Pacheco (1996) estudandodoses de composto orgânico de cana-de-açúcar e dejeto de suínos não obteveganho de produtividade em repolho, masobservou uma redução dos teores de Nna planta.

Na região da Zona da Mata de Mi-nas Gerais, em razão de sua topografiaacidentada, o cultivo de olerícolas é feitoem pequenas propriedades e com pou-ca utilização de insumos. Em PonteNova, a suinocultura é uma atividade derelativa expressão, gerando grandesvolumes de resíduos orgânicos e constituin-do-se em grave problema de poluiçãoambiental, pois são acumulados em la-goas ou lançados diretamente nos cur-sos d’água. Uma alternativa seria utilizá-los como fonte de matéria orgânica paraos solos cultivados. Assim surgiu a ne-cessidade de um estudo que oriente ouso racional desses resíduos, principal-mente no cultivo de hortaliças, que tra-dicionalmente utilizam, além dos ferti-lizantes minerais, a adubação orgânica(Sediyama et al., 1995).

Desse modo o objetivo deste trabalhofoi avaliar o crescimento e o estadonutricional da abóbora híbrida cv.Tetsukabuto, em função da adubação comdoses de composto orgânico produzidocom resíduos de suínos e bagaço de canaem três níveis de adubação mineral.

MATERIAL E MÉTODOS

O ensaio foi conduzido em condi-ções de estufa com cobertura plástica,nas dependências do DFT/UFV, noMunicípio de Viçosa, MG. Utilizaram-se vasos de plástico preto, contendo 10dm3 de substrato, preparado com amos-tra de um solo Podzólico Vermelho-Amarelo Câmbico fase terraço, de tex-tura argilosa, coletado na camada ará-vel, na Estação Experimental daEPAMIG. Originalmente, esse soloapresentava as seguintes características:pH (H2O) = 5,9; P = 13,8 mg/dm3; K =66 mg.dm-3; Al = 0,0 cmolc.dm-3 ; H+Al= 2,4 cmolc .dm-3 ; Ca = 3,4 cmolc.dm-3 ;

Mg = 1,1 cmolc.dm-3 ; CTC-total = 7,01cmolc .dm-3 ; saturação de bases 65,7% ecarbono orgânico = 15,6 g.kg-1 .

Os tratamentos foram constituídospor cinco doses de um composto previa-mente preparado (0, 25, 50, 100 e 150g.dm-3, em base seca) e três níveis (0, 1e 2) de adubação mineral (AM), arran-jados em esquema fatorial 5 x 3, comquatro repetições. O delineamento ex-perimental foi blocos completoscasualizados. Cada parcela foi consti-tuída de um vaso com uma planta.

O composto utilizado foi preparadocom bagaço de cana enriquecido comdejeto líquido de suínos atingindo rela-ção C/N inicial aproximada de 35:1,seguindo metodologia adaptada deKielh (1985). Na confecção da pilha docomposto, o bagaço de cana foi dispos-to em camadas de 20 a 30 cm e irrigadocom dejeto líquido de suínos. Na ope-ração de revolvimento, a cada três ouquatro semanas, adicionou-se maisdejeto líquido de suínos, enriquecendoe devolvendo a umidade adequada aocomposto. No momento de utilização,aos 90 dias, o composto apresentava asseguintes características pH (H2O) = 6,9;N = 14,5 g.kg-1 P = 12,4 g.kg-1; K = 6,7g.kg-1 ; Ca = 24,9 g.kg-1; Mg = 5,0 g.kg-

1; S = 3,1 g.kg-1; carbono orgânico = 250g.kg-1; matéria seca = 354 g.kg-1 e rela-ção carbono/nitrogênio = 17,2.

No nível 1 da adubação mineral, fo-ram adicionados os seguintes elementos,por dm3 de substrato: 150 mg de P, 50mg de N, 75 mg de K, 20 mg de S, 58,5mg de Ca, 14 mg de Mg, 0,5 mg de B,0,5 mg de Cu, 1 mg de Zn e 0,1 mg deMo, utilizando-se os sais KH 2PO4 ,Ca(H2PO4)H2O, (NH4)2SO4 , NH4N03 ,MgSO 4 , H3BO3, CuSO4 , ZnSO 4 e(NH4)6Mo7O24. No nível 2 adicionou-seo dobro das doses dos nutrientes aplica-dos no nível 1. Esses nutrientes foramadicionados ao solo na forma de solução,na quantidade de 500 ml por vaso. Nosvasos correspondentes aos tratamentos dadose 0 (zero) de adubo mineral, foramaplicados 500 ml de água deionizada.

Foram feitas duas adubações de co-bertura com uréia, em todos os vasos,inclusive no tratamento zero, aplican-do-se 50 e 80 mg.dm-3 de N no décimoquinto e no vigésimo-quinto dia, respec-tivamente, após a semeadura.

N.F. Silva et al.

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1 9 5Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999.

Na semeadura plantaram-se quatrosementes por vaso, a 1,5 cm de profun-didade, deixando-se após os desbastes,apenas uma planta por vaso no décimodia após a semeadura. As irrigações fo-ram feitas, inicialmente a cada dois outrês dias aplicando-se dois ou três litrosde água por vaso. Com o crescimentodas plantas a freqüência e as quantida-des de água aplicadas foram aumenta-das de modo a atender a demanda emanter o substrato com umidade próxi-ma da capacidade de campo.

No décimo quinto dia, antes da pri-meira adubação em cobertura, e no tri-gésimo-sexto dia após a semeadura, fo-ram tomadas amostras de solo dos va-sos, a dez centímetros da haste das plan-tas, para determinar a condutividade elé-trica na umidade de saturação em extra-to aquoso de 100 g de solo seco(Richards, 1954). No trigésimo-sextodia foi feita a medida da maior largurade cada folha, para estimar a área foliarpor meio de um modelo matemático pre-viamente desenvolvido (Silva, 1997). Olimbo foliar da quinta, sexta e sétimafolha aberta contadas a partir do ápiceforam colhidos, pesados e utilizadospara a determinação do teor de nutrien-tes. A parte aérea das plantas foi colhi-da para obtenção do peso da matériafresca e, em seguida, juntamente comas amostras dos limbos foliares, foramsubmetidas a secagem, em estufa a 600C,até peso constante, determinando-seentão o peso da matéria seca. As amos-tras para as determinações dos teores denutrientes foram moídas em moinho dotipo Wiley, com peneira de 20 mesh, eacondicionadas em frascos, para poste-rior análise. Para as análises químicasrealizadas conforme metodologia em-pregada por Malavolta et al. (1997), asamostras foram digeridas com H2SO4 eH2O2 para determinação dos teores deN pelo reagente de Nessler, e com áci-do nitro-perclórico, para as determina-ções de P por colorimetria, K porfotometria de chama, S por turbidimetriae Ca e Mg por espectrofotometria dechama de absorção atômica.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A Tabela 1 apresenta as equações deregressão com os respectivos coeficien-

tes de determinação (R2) dacondutividade elétrica dos substratos aos15 dias e aos 36 dias após a semeadura,da área foliar e do peso da matéria secada parte aérea.

Observou-se efeito significativo dainteração AM x Composto na área foliar.O desdobramento da interação mostrouque no nível zero da AM, o efeito dadose de composto orgânico sobre a áreafoliar seguiu o modelo quadrático baseraiz quadrada, e, nas doses 1 e 2, mode-los lineares positivos (Tabela 1). Naausência de AM as doses iniciais (25 e50 g.dm-3) de composto, além de con-tribuir com as propriedades físicas dosolo, parecem ter suprido boa parte dosnutrientes propiciando um aumento sig-nificativo da área foliar que foi crescenteaté a dose de 121 g.dm-3, quando atin-giu o máximo de 7.714 cm2 .planta-1 (Ta-bela 2). Doses maiores que 121 g.dm- 3

de composto orgânico reduziram a áreafoliar, provavelmente devido a imobili-zação de N, que nesse caso não foi su-prido pela AM. A imobilização do Npode ser atribuída à composição fibro-sa do bagaço de cana-de-açúcar no com-posto, concordando com o encontradopor Pacheco (1996).

Na característica peso da maté-ria seca da parte aérea constatou-se aexistência de interação entre AM e com-posto. Nos níveis 0 e 1 da adubaçãomineral, a resposta do peso da matériaseca às doses de composto seguiu omodelo quadrático, e, no nível 2, a res-posta foi linear positiva (Tabela 1). Esseefeito quadrático, observado nos níveis0 e 1 da AM, pode ser explicado pelacontribuição significativa do composto,principalmente nas doses menores, naabsorção de P, K e S pelas plantas e, nasmaiores, pela imobilização do N quereduziu os teores na planta. Nota-se queo composto orgânico sozinho é capaz deexplicar a maior parte do crescimento dasplantas em matéria seca. O efeito positi-vo da matéria orgânica no crescimentode plantas tem sido relacionado com oaumento da absorção de nutrientes mi-nerais, sendo relatados na literatura efei-tos no crescimento, tanto de raízes comoda parte aérea (Rauthan & Schnitzer,1981; Chen & Aviad, 1990; Varanine etal., 1993; Vidigal et al., 1997).

Considerando que em geral a máxi-ma eficiência econômica situa-se umpouco abaixo do ponto de máximo, es-timaram-se por meio das equações de

Crescimento e estado nutricional de abóbora híbrida em função de adubação orgânica e mineral.

Tabela 1. Equações de regressão, aos 15 dias após a semeadura, da condutividade elétricados substratos, e aos 36 dias após a semeadura, da condutividade elétrica dos substratos, daárea foliar e do peso da matéria seca da parte aérea, em função do composto orgânico e daadubação mineral (AM) em três níveis (0, 1 e 2). Viçosa (MG), UFV, 1997.

*,** Significativos a 5 e 1% de probabilidade, respectivamente pelo teste t.

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1 9 6 Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999.

regressão, além do ponto de máximo,os valores das características a 95 e a90% do máximo e as respectivas dosesdo composto (Tabela 2). Para as funçõeslineares crescentes considerou-se, comoponto de máximo, a maior dose de com-posto utilizada (150 g.dm-3).

A análise estatística dos dados decondutividade elétrica (CE) dos extra-tos dos substratos, medida aos quinze eaos 36 dias após a semeadura, mostrouefeitos significativos, apenas para osfatores isolados composto orgânico eadubo mineral. A CE aos 15 dias após asemeadura cresceu linearmente em fun-ção das doses de composto orgânico nostrês níveis da adubação mineral (Tabela1). Através das equações estimaram-seos pontos de máximo da CE nos níveis0, 1 e 2 da AM que foram, respectiva-mente, 2,7, 4,4 e 5,8 dS.m-1 correspon-dentes à dose de 150 g/dm3 de compos-to (Tabela 2).

Aos 36 dias após a semeadura a res-posta de CE às doses de composto or-gânico foi quadrática base raiz quadra-da no nível 0, linear no nível 1 equadrática no nível 2 da AM (Tabela 1).Nessa época os valores máximos esti-

mados de CE (Tabela 2) foram menoresque 3 dS.m-1 , que indica baixasalinidade. Nas doses 0, 25 e 50 g.dm- 3

de composto do nível zero da AM o cres-cimento quadrático positivo em maté-ria seca da parte aérea, provavelmenteexigiu absorção de mais nutrientes e re-duziu os teores de sais do substratocorrespondendo um decréscimoquadrático da CE.

Os valores de CE aos 36 dias da se-meadura, menores que aos dos 15 dias,podem ser explicados pela absorção emfunção do crescimento das plantas, epossivelmente de lixiviação, atingindono final do experimento, aos 36 diasapós a semeadura, valores menores que3 dS.m-1 (Tabela 2).

Nota-se que aos 15 dias após a se-meadura, os níveis 1 e 2 do adubo mi-neral associados às doses maiores decomposto elevaram a CE a valores aci-ma de 4 dS.m-1 , (Tabela 2). Estes valo-res indicam níveis de salinidade quepodem ser prejudiciais para a nutrição eo crescimento das plantas, podendo, deacordo com os sais envolvidos, alteraros teores de K, Ca e Mg nas plantas e,ou, o crescimento em resposta ao

estresse salino (Marschner, 1995).Rodrigues (1990), trabalhando comcomposto de palha de milho e estercode bovinos, também, observou CEs bemacima de 4 dS.m-1 nas doses maiores deadubação orgânica e mineral.

A análise dos dados de teor de N namatéria seca do limbo foliar mostrou efei-to significativo dos fatores composto or-gânico e AM com ausência de interação.Na dose 0 da AM, o teor de N seguiu omodelo quadrático base raiz quadrada,decrescendo de 39,75 g.kg-1 de N até atin-gir o ponto de mínimo, 30,36 g.kg-1 deN, com a dose de 76 g.dm-3 de composto(Figura 1). Na dose 1 da AM, o teor de Ndecresceu linearmente e, na dose 2, asdoses de composto não influíram nos teo-res de N. Nesta situação, o N foi supri-do pela adubação mineral com formasprontamente disponíveis. Contudo, mes-mo os teores menores de N encontradosna matéria seca do limbo foliar, nas do-ses 0 e 1 da AM, ficaram dentro ou umpouco acima da faixa considerada ade-quada para as abóboras (30 a 35 g.kg- 1

de N), segundo Piggott (1986).Os valores decrescentes do teor de

N na folha obtidos em função das doses

Nível deAdubação

Mineral

Valores estimados Doses do composto

Máximo 95% 90% Máximo 95% 90%

Condutividade elétrica aos quinze dias (dS.m-1) g.dm-3

0 2,7 2,6 2,4 150 144 1321 4,4 4,2 4,0 150 133 1192 5,8 5,5 5,2 150 128 102

Condutividade elétrica aos 36 dias (dS.m-1) g.dm-3

0 1,5 1,4 1,3 150 142 1301 1,2 1,1 1,1 150 123 1232 1,6 1,5 1,4 150 140 133

Área foliar por planta (cm²) g.dm-3

0 7.714 7.328 6.943 121 67 491 8.824 8.383 7.941 150 120 902 10.546 10.019 9.491 150 122 94

Peso da parte aérea seca (g.planta-1) g.dm-3

0 64,9 61,6 58,4 98 73 631 60,4 57,4 54,3 106 62 442 71,6 68,0 64,5 150 118 85

Tabela 2. Valores estimados, aos quinze dias após a semeadura da condutividade elétrica e aos 36 dias após a semeadura, da condutividadeelétrica, área foliar, peso da parte aérea seca e correspondentes doses do composto orgânico, nos pontos de máximo, 95% e 90% do máximodaquelas características, em três níveis de adubação mineral. Viçosa (MG), UFV, 1997.

N.F. Silva et al.

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1 9 7Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999.

de composto parecem ser devido ao fatodo bagaço de cana ser de difícil decom-posição, o que torna lenta amineralização do N, dificultando suadisponibilidade para as plantas. Matoset al. (1995), estudando a dinâmica dedecomposição de compostos orgânicospreparados com resíduos de suínos, en-contraram para o composto de bagaçode cana a menor taxa de decomposiçãodo carbono (Kc) em relação aos outrosmateriais estudados. Esses resultadosconcordam com os obtidos por Pacheco(1996), enquanto que Rodrigues (1990),trabalhando com materiais de decompo-sição mais fácil, encontrou teores cres-centes de N em alface em função dedoses de composto orgânico.

A análise de variância dos dados deteor de fósforo na matéria seca do limbofoliar mostrou efeito significativo dainteração entre os fatores AM e com-posto orgânico. O desdobramento dainteração, apresentado na Figura 2, mos-trou que o teor de fósforo na matériaseca do limbo foliar, em função das do-ses de composto apresentou respostaquadrática positiva na dose zero de AM,indicando que o composto sozinho podeexplicar o aumento do teor de P na fo-lha; na dose 1, a resposta foi linear cres-cente, mostrando que nesse nível de AMo composto ainda contribuiu com o au-mento do teor de P na folha; na dose 2,as doses de composto não influenciaramos teores de P da folha. Nas doses 0 daAM e de composto (ausência de aduba-ção de plantio), o teor de P estimado foibaixo, 1,80 g.kg-1, indicando que o teorde 13,8 mg.dm-3 de P disponível encon-trado nesse solo antes dos tratamentosde adubação, considerado alto pela Co-missão de Fertilidade do Solo do Esta-do de Minas Gerais (1989), não foi su-ficiente para atender às necessidadesnutricionais da planta; porém, com do-ses de composto acima de 22 g.dm-3, osteores estimados ficaram na faixa de 3a 5 g.kg-1 , considerada por Jones Jr. etal. (1991) como adequada para as abó-boras. Clough et al. (1992), estudandodoses de N e K e método de irrigaçãoem dois locais diferentes, encontraramem folhas de C. pepo teores de P varian-do de 5,4 a 6,5 g.kg-1 de matéria seca.

O teor de cálcio na matéria seca dolimbo foliar não foi influenciado pelas

doses da AM, mas apresentaram respos-ta quadrática base raiz quadrada negati-va em função das doses de composto,decrescendo de 20,4 g.kg-1 até o pontode mínimo de 12,4 g.kg-1 na dose de 118g.dm-3 do composto (Figura 3).Rodrigues (1990) encontrou redução doteor de Ca em alface pela adição de do-ses crescentes de composto, que foijustificada pelo desequilíbrio de sódio

e potássio em relação ao cálcio; contu-do, no presente trabalho o composto uti-lizado apresentou teor de Ca de 24,9g.kg-1, ou seja, 3,7 vezes maior que o deK. É possível que esse Ca no compostoestivesse em formas não prontamentedisponíveis, além disso o maior cresci-mento da parte aérea em função do com-posto tenha provocado um efeito de di-luição nos teores de Ca encontrados na

Crescimento e estado nutricional de abóbora híbrida em função de adubação orgânica e mineral.

*, ** Significativo a 5 e 1% de probabilidade, respectivamente, pelo teste t.

Figura 1. Teores de N na matéria seca do limbo da 6a folha a partir do ápice da planta deabóbora, em função do composto orgânico e da adubação mineral (AM) em três níveis (0, 1e 2). Viçosa (MG), UFV, 1997.

Figura 2. Teores de P na matéria seca do limbo da 6a folha a partir do ápice da planta deabóbora, em função do composto orgânico e da adubação mineral (AM) em três níveis (0, 1e 2). Viçosa (MG), UFV, 1997.

*, ** Significativo a 5 e 1% de probabilidade, respectivamente, pelo teste t.

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1 9 8 Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999.

folha que ficaram dentro da faixa de 12a 25 g.kg-1 considerada por Jones Jr. etal. (1991) adequada para as abóboras.

A análise de variância do teor depotássio na matéria seca do limbo foliarmostrou efeito significativo apenas paraas doses de composto. Na Figura 3 pode-se ver que os teores de K encontradosno limbo foliar cresceram linearmente

em função das doses do composto or-gânico sendo menores que a faixa de 24a 26 g.kg-1 considerada adequada paraC. pepo (Piggott, 1986). Estes resulta-dos mostram que a dose de K (150mg.dm-3) no nível 1 e 2 da AM, nessesolo, foi insuficiente para suprir as plan-tas. O composto utilizado apresentava6,7 g.kg-1 de K total, teor que não é alto,

quando comparado com outros materiaisorgânicos. Além disso é possível queparte desse K total estivesse disponívelpara as plantas. Sediyama et al. (1995)estudando diferentes composto encon-traram os mais baixos teores de K totalnos compostos preparados com bagaçode cana e dejeto líquido de suínos sen-do K disponível apenas cerca de 40%do K total. É possível que a abóbora hí-brida seja uma planta que exige teoresmais altos desse nutriente. Buwalda(1986) encontrou resposta de produçãopor adubação potássica nesse tipo deplanta em solos com K disponível de até220 mg.kg-1 .

A análise de variância dos dados deteor de Mg na matéria seca do limbofoliar mostrou efeitos das doses de com-posto e de AM e ausência de interação.Nas três doses da AM o teor de Mg foimelhor representado pelos modelosquadrático base raiz quadrada (Figura4). Na dose 0 da AM, decresceu de 5,6g.kg-1 com a dose 0 do composto atéatingir o ponto de mínimo em 3,3 g.kg-

1 de Mg na dose de 71 g.dm-3 do com-posto; na dose 1 da AM, decresceu de4,3 g.kg-1 com a dose 0 até o mínimo de3,1 g.kg-1 com a dose de 104 g.dm-3 decomposto; e, na dose 2 da AM, decres-ceu de 4,6 g.kg-1 com a dose 0 até o mí-nimo de 3,3 g.kg-1 com a dose de 73g.dm-3 de composto. Estes teores estãodentro da faixa considerada adequadapara as abóboras, que é de 3 a 10 g.kg- 1

de Mg (Jones Jr. et al., 1991). As res-postas decrescentes nos teores de Ca ede Mg da folha podem estar relaciona-das em parte com o efeito salino encon-trado no composto até os 15 dias após asemeadura e em parte com o efeito dediluição pelo maior crescimento da parteaérea. Gianello & Ernani (1983) afirma-ram que, apesar dos aumentos do teorde magnésio no solo, as concentraçõesem plantas de milho foram decrescen-tes em função dos aumentos das dosesde adubo orgânico, por causa da com-petição exercida pelo potássio, mas issonão explica os dados obtidos no presen-te trabalho.

Pela análise de variância constatou-se interação significativa dos fatoresdoses do composto orgânico e adubomineral no teor de S encontrado na ma-téria seca do limbo foliar (Figura 5). No

N.F. Silva et al.

** Significativo a 1% de probabilidade pelo teste t.

Figura 3. Teores de cálcio ( ), de potássio ( ) na matéria seca do limbo da 6a

folha a partir do ápice da planta de abóbora, em função de doses de composto orgânico.Viçosa-MG, UFV, 1997.

** Significativo a 1% de probabilidade pelo teste t.

Figura 4. Teores de magnésio na matéria seca do limbo da 6a folha a partir do ápice daplanta de abóbora, em função de doses de composto orgânico. Viçosa (MG), UFV, 1997.

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1 9 9Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999.

nível 0 da AM, o teor de S da folha foimelhor representado pelo modelo raizquadrático, crescendo de 1,6 g.kg-1 coma dose 0 de composto até o ponto demáximo, 2,8 g.kg-1 , com a dose de 75g.dm-3 de composto; nos níveis 1 e 2 daAM, as doses do composto não influí-ram no teor de S da folha, que foram de2,8 e 3,3 g.kg-1 , respectivamente. Ob-serva-se que doses de composto acimade 50 g.dm-3 apresentaram a mesma con-tribuição nos teores de S na planta quan-do comparados ao nível 1 da AM. Nossolos agrícolas o S está presente na for-ma de matéria orgânica, na forma desulfato na solução ou adsorvido no com-plexo sortivo do solo, mas a matéria or-gânica é a principal fonte de S, que éliberado durante a sua decomposição;adições ao solo de resíduos orgânicospobres em S (<1,5 g.kg-1) conduzem àimobilização do S (Tisdale et al., 1985).

De acordo com os dados obtidos nopresente trabalho, aos 36 dias da semea-dura, o composto orgânico e o adubomineral propiciaram aumentos da áreafoliar, da matéria seca da parte aérea edos teores de P, K e S. Os teores de Ca eMg na matéria seca do limbo foliar nãoforam influenciados pelas doses de adu-bação mineral, mas foram decrescentescom o aumento das doses de composto.Nas doses 0 e 1 da adubação mineral ocomposto orgânico reduziu os teores deN do limbo foliar. A produção máximade matéria seca na parte aérea no nível0 da adubação mineral, foi de 62,9g.planta-1 , obtida com 95 g.dm-3 (baseseca) do composto e, no nível 2, foi de71,6 g.planta-1, obtida com 150 g.dm- 3

do composto.

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Crescimento e estado nutricional de abóbora híbrida em função de adubação orgânica e mineral.

** Significativo a 1% de probabilidade pelo teste t.

Figura 5. Teores de enxofre na matéria seca do limbo da 6a folha a partir do ápice da plantade abóbora, em função do composto orgânico e da adubação mineral (AM) em três níveis (0,1 e 2). Viçosa (MG), UFV, 1997.

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RESUMO

Este trabalho teve como objetivo avaliar o rendimento de híbri-dos de melão amarelo em diferentes densidades de plantio. Para tanto,conduziu-se um experimento na Fazenda Santa Júlia Agro ComercialExportadora de Frutas Tropicais Ltda., no município de Mossoró -RN. O delineamento experimental foi o de blocos casualizados emesquema fatorial 3 x 4, com quatro repetições, sendo o primeiro fator,os híbridos (Gold Mine, AF 646 e XPH 13096) e o segundo as densi-dades de plantio (10.000, 20.000, 30.000 e 40.000 plantas/ha). Ascaracterísticas avaliadas foram, número de frutos por planta e total,peso médio dos frutos, produtividade e classificação dos frutos. Onúmero de frutos por planta e o peso médio dos frutos diminuíramcom o aumento da densidade de plantio, sendo que os híbridos XPH13096 e AF 646 apresentaram os maiores decréscimos 70,16% e27,60% respectivamente. A densidade de 30.000 plantas/ha, propor-cionou a maior produtividade (61,75 t/ha ). A percentagem de frutostipo 5, 6 e 7, diminuíram com o aumento da densidade de plantio,enquanto os outros tipos aumentaram, sendo o híbrido AF 646 o queapresentou maior percentagem de decréscimo. O híbrido AF 646 foisuperior aos demais, para o número total de frutos e produtividade.

Palavras-chave: Cucumis melo, população de plantas, produtivi-dade, peso médio de frutos.

GRANGEIRO, L.C.; PEDROSA, J.F.; BEZERRA NETO, F.; NEGREIROS, M.Z.de. Rendimento de híbridos de melão amarelo em diferentes densidades deplantio. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 17, n. 3, p.200-206, novembro 1999.

Rendimento de híbridos de melão amarelo em diferentes densidades deplantio.Leilson Costa Grangeiro; Josué Fernandes Pedrosa; Francisco Bezerra Neto; Maria Z. de NegreirosESAM - Depto. de Fitotecnia, C. Postal 137, 59.625-900 Mossoró - RN.

ABSTRACT

Yield of yellow melon hybrids in different plant densities.

The purpose of this work was to evaluate the yield of fruits inhybrids of yellow melon. The experiment was carried out at the Fa-zenda Santa Júlia Agro Comercial Exportadora de Frutas TropicaisLtda. The experimental design was a complete randomised block,with four replicates, in a 3 x 4 factorial scheme, with the followingfactors: hybrids (Gold Mine, AF 646 and XPH 13096) and plantdensity (10,000; 20,000; 30,000 and 40,000 plants/ha). Fruitclassification, total number of fruits and total per plant, mean fruitweight and yield were evaluated. Total number of fruits and totalper plant, mean fruit weight and yield were reduced with increasingplant density. The hybrids XPH 13096 and AF 646 showed thegreatest reductions in the number of fruits per plant and in the meanfruit weight, 70.16 and 27.60%, respectively. The density of 30,000plants/ha provided the greatest productivity (61.75 t/ha). The increasein the plant density produced less fruits of categories 5, 6, and 7,particularly for hybrid AF 646, while number of fruits for othercategories increased. The hybrid AF 646 showed the highest totalnumber of fruits and yield.

Keywords: Cucumis melo, plant population, yield, mean fruitweight.

(Aceito para publicação em 10 de agosto de 1999)

O Brasil é, atualmente, o terceiroprodutor de melão da América do

Sul, depois da Argentina e do Chile, com17% da produção total. A região Nor-deste responde por mais de 91% da pro-

dução total do país (ANUÁRIO... 1987/1994). O Estado do Rio Grande do Nor-te, é o maior produtor brasileiro, desta-cando-se, em 1996, com 56,12% da áreaplantada e 63,36% da produção.

Aproximadamente 98% do melãoproduzido no Brasil pertence ao grupo“Amarelo” (inodorus) do qual fazemparte diversas cultivares e híbridos. Osoutros 2% pertencem aos melões das

N.F. Silva et al.

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2 0 1Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999.

variedades cantalupensis e reticulatus, queapesar de possuírem alto valor comercial,principalmente no mercado externo, têmcultivo ainda muito restrito devido à limi-tada resistência dos frutos ao transporte eà má conservação pós-colheita.

No polo agrícola Mossoró - Açu(RN), essa espécie olerícola é cultivadacom alto nível tecnológico e sua explo-ração é feita, atualmente, tanto por gran-des empresas quanto também por peque-nos agricultores, predominando o culti-vo de melões tipo Amarelo. Entretanto,com a abertura de novos mercados, prin-cipalmente as grandes empresas, têmprocurado diversificar e ampliar sua pro-dução, através da introdução de novascultivares e híbridos. Essas introduçõestêm sido feitas, na maioria das vezes deforma precipitada, e tem proporciona-do em alguns casos, prejuízos para osprodutores. Nem sempre uma nova cul-tivar está adaptada às condições de cul-tivo da região, refletindo em menor pro-dutividade, frutos de qualidade inferior,e algumas vezes de menor aceitação peloconsumidor.

Nesse contexto, o estudo de fatoresde produção, tais como, adubação, irri-gação, densidade de plantio e outras prá-ticas culturais, torna-se necessário paraesses novos materiais. No caso especi-fico da densidade de plantio, tem sidoverificado em diversos trabalhos que osresultados variam de acordo com as cul-tivares e híbridos e também com as re-giões produtoras.

Paris et al. (1988), utilizando popu-lações de 5.000 a 40.000 plantas/ha commelão Galia, obtiveram decréscimo notamanho e no número de frutos por plan-ta com o aumento da densidade. Osmesmos resultados foram obtidos porMendlinger (1994), trabalhando tam-bém com melão Galia, nas densidadesde 20, 40 e 80 mil plantas por hectare,porém ocorrendo aumento no númerototal de frutos. Resultados similares fo-ram encontrados por Knavel (1988),Farias et al. (1988) e Scharles &Timothy (1988).

A modificação na densidade de plan-tio, por meio do aumento do número deplantas por cova, também proporcionouganhos de produtividade em melão, se-gundo Costa et al. (1996), trabalhandocom o espaçamento 1,8 x 0,20m, cv.

Valenciano Amarelo, observaram au-mento na produtividade quando utiliza-ram duas plantas/cova, enquanto que notratamento com uma planta/cova houveaumento no peso médio dos frutos.Pedrosa et al. (1991), utilizando tambémuma e duas plantas por cova, mas noespaçamento 2,0 x 0,6m, não encontra-ram efeito significativo dos tratamen-tos sobre a produção total e comerciável,entretanto o cultivo com uma planta porcova apresentou frutos de maior diâme-tro longitudinal, aumentou em 87% onúmero e em 20% o peso médio de fru-tos comerciáveis.

Segundo Pedrosa (1997), a densida-de de plantio em melão, varia em fun-ção do nível tecnológico empregado eda finalidade do produto (fruto para omercado interno ou externo), sendo queno Rio Grande do Norte, o espaçamentoadotado pelos produtores, segundoAlmeida (1992), é de 2,0 a 2,5m entrefileiras e 0,3 a 1,0m entre plantas, dei-xando 1 ou 2 plantas por cova (4.000 a30.000 plantas/ha). Atualmente oespaçamento mais utilizado, principal-mente pelas grandes empresas, tem sido2,0 x 0,5m com duas ou três plantas porcova (20.000 a 30.000 plantas/ha).

Com relação às regiões produtoras,o melão pode responder diferentemen-te ao aumento das densidades de plan-tio, dependendo das condiçõesedafoclimáticas em que está sendo cul-tivado. Paris et al. (1988), conduziramexperimentos em Israel e na Flórida(EUA), e obtiveram com o aumento dadensidade de plantio uma queda no pesomédio de frutos em ambos os locais,porém o número e a produção não fo-ram afetados pela densidade na Flórida,mas teve um aumento significativo emIsrael. Os autores citam ainda, que ocor-reu uma elevação na concentração donúmero de frutos e no total da produçãodurante o período de colheita com o in-cremento da densidade, em Israel.

O presente trabalho teve como ob-jetivo avaliar o rendimento de híbridosde melão amarelo, cultivados em qua-tro densidades de plantio.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido naFazenda Santa Júlia Agro Comercial

Exportadora de Frutas Tropicais Ltda.,em Mossoró, em solo Podzólico Verme-lho-Amarelo Eutrófico, textura areno-sa. As análises químicas, feitas emamostras retiradas da área experimen-tal, revelaram os seguintes resultados:pH (água 1:2,5) = 5,2; Ca = 1,0 cmol/kg; Mg = 0,2 cmol/kg; K = 0,28 cmol/kg; Al = 0,10 cmol/kg e P = 28 mg/kg.O preparo do solo constou de umaaração e duas gradagens, seguidas dosulcamento em linhas, espaçadas de doismetros com profundidade de aproxima-damente 0,2 m, onde foi realizada a adu-bação de base, com 10 t/ha de estercobovino curtido, 500 kg/ha da fórmula 6-24-12, 150 kg/ha de superfosfato sim-ples e 100 kg/ha de calcário dolomítico.

O plantio foi realizado no dia 1 deoutubro de 1996, sendo que após a ger-minação o estande foi completado commudas produzidas em bandejas.

As adubações de cobertura foramrealizadas via água de irrigação, comaplicação diária de 2,91 kg de N/ha e4,9 kg de K2O/ha, na concentração de228 g/L, da germinação até os 45 e 60dias após esta, respectivamente. As fon-tes de nitrogênio utilizadas foram uréiae nitrato de amônio e a de potássio foi ocloreto de potássio. Seguida a cada adu-bação, injetou-se no sistema de irriga-ção 1,5 L/ha de ácido fosfórico, com oobjetivo de limpar a tubulação e evitara obstrução dos gotejadores. Essa inje-ção permitiu um fornecimento total de72 kg/ha de P2O5. As adubações foramcomplementadas com aplicaçõesfoliares semanais, da germinação até os60 dias após esta, de 3 L/ha da formula-ção comercial líquida, contendo 8% decálcio e 2% de boro e, 2,5 L/ha da for-mulação comercial líquida, contendo14% de N; 4% de P2O5; 6% de K2O;0,8% de S; 1,5% de Mg; 2% de Zn; 1,5%de Mn; 0,1% de B e 0,05% de Mo.

O controle fitossanitário foi realiza-do preventivamente e os demais tratosculturais de acordo com as necessida-des da cultura.

O delineamento experimental utili-zado foi o de blocos casualizados com-pletos, em esquema fatorial 3 x 4, comquatro repetições, sendo que o primeirofator refere-se aos híbridos (Gold Mine,AF 646 e XPH 13096) e o segundo, àsdensidades de plantio (1, 2, 3 e 4 plan-

Rendimento de híbridos de melão amarelo em diferentes densidades de plantio.

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tas/gotejador, correspondendo às popu-lações de 10.000, 20.000, 30.000 e40.000 plantas/ha). Cada parcela eracomposta por uma fileira de cincometros de comprimento, contendo dezgotejadores, com distanciamento de 2,0m x 0,5 m, sendo que os das extremida-

des eram considerados como bordadura,ficando com uma área útil de 8 m2. En-tre os blocos foi deixada uma fileira deplantas como bordadura.

As colheitas foram realizadas aos 62,69 e 76 dias após a semeadura, sendo aprimeira no dia 2 de dezembro de 1996.

O critério para colheita adotado foi acoloração do fruto, ou seja, quando osmesmos apresentavam-se totalmenteamarelos.

As características avaliadas foram:peso médio dos frutos (kg), número defrutos por planta, número total de frutospor hectare, classificação dos frutos, rea-lizada de acordo com o tipo (5 a 12 fru-tos por caixa), padronizados pela empre-sa para mercado interno, em caixa depapelão (52 x 32 x 17,5 cm ) com capa-cidade para 13kg e produtividade (t/ha).

As análises de variância foram rea-lizadas através do software SPSSPC(Norusis, 1990). Para o fator quantitati-vo foi feito análise de regressão atravésdo software Table Curve (JandelScientific, 1991), enquanto que para ofator qualitativo foi utilizado o testeTukey ao nível de 5% de probabilidade(Gomes, 1987).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Dentre as características avaliadas,apenas verificou-se efeito significativoda interação densidade de plantio e hí-bridos, para número de frutos por plan-ta e peso médio de frutos.

Peso médio dos frutos

Observa-se que à medida que aumen-tou a densidade de plantio houve redu-ção no peso médio dos frutos, em todosos híbridos (Figura 1). Entretanto o maiordecréscimo foi registrado para o híbri-do Gold Mine (27,60%) e o menor parao AF 646 (12,0%). Para essa mesmavariação de densidade, Mendlinger(1994) obteve redução de 18,85% nopeso médio dos frutos de melão Galia.Pedrosa et al. (1991), detectaram redu-ção de 20%, quando utilizaram duas plan-tas por cova na cultivar Valenciano Ama-relo. Reduções também foram observa-das por Brinen et al. (1979), Paris et al.(1988) e Powell et al. (1993).

Nessa redução, apesar de ter sidoexpressiva, mesmo na densidade de40.000 plantas/ha, os híbridos apresen-taram peso médio dos frutos, variandode 1,3 a 1,6 kg, sendo comercialmentedesejável para o consumidor.

Robinson & Decker-Walteres(1997), relatam que a redução no pesomédio dos frutos em altas densidades de

L.C. Grangeiro et al.

Densidade de plantio (plantas/ha)

Figura 1. Peso médio dos frutos em função das diferentes densidades de plantio para oshíbridos de melão Gold Mine, AF 646 e XPH 13096. Mossoró (RN), ESAM, 1996.

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2 0 3Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999.

plantio é esperada, pois os recursos dosolo (água e nutrientes) são insuficien-tes, devida à competição entre as plan-tas. Em estádios mais avançados de de-senvolvimento, a sobreposição das fo-lhas, induz à reduzida taxa fotossintéticalíquida, prejudicando todo o processo deassimilação e distribuição dosfotoassimilados.

Número de frutos por planta

O número de frutos por planta de-cresceu com o aumento da densidade deplantio em todos os híbridos estudados,sendo registrado o maior decréscimopara o híbrido XPH 13096 (em torno de70,16%) e o menor para o ‘Gold Mine’(em torno de 55,32%) (Figura 2). Essesresultados concordam com os encontra-dos por Paris et al. (1988) e Mendlinger(1994) para melão, Patil & Bhosale(1979), Brinen et al. (1979), Gramberryet al. (1986), Nesmith (1993) para me-lancia, e por Cantliffe & Phatak (1975)e O’Sullivan (1980) para pepino.

Observa-se que o ‘Gold Mine’ foi oque apresentou menor decréscimo nonúmero de frutos por planta com o au-mento da densidade, indicando ser me-nos susceptível às pressões de competi-ções entre as plantas, com relação à di-minuição do rendimento individual porplanta.

Geralmente espera-se a obtenção demenor número de frutos por planta, como aumento da densidade de plantio, emconseqüência do menor espaço dispo-nível às plantas, que favorece maiorcompetição por elementos do solo e luz,diminuindo com isso, a atividadefotossintética, produção de ramos, fo-lhas, flores, frutos e o trabalho das abe-lhas no processo de polinização.

Número total de frutosPara o número total de frutos, veri-

ficou-se efeito significativo para a den-sidade de plantio e híbridos. Inversa-mente ao número de frutos por planta,foi observado com o aumento da densi-dade de plantio maior número de frutospor hectare. Esse acréscimo foi de apro-ximadamente 28,57%, equivalente a umincremento de 11.746 frutos/ha (Figura3). Sendo, segundo Nesmith (1993), ocomponente que mais contribui para oaumento da produtividade.

Esses resultados estão aquém dos

encontrados por Paris et al. (1988) queobtiveram aumentos de 158% e 80%respectivamente no número total de fru-tos, em melão Galia e híbrido D-72,quando variou a população de 5.000

para 40.000 plantas/ha. Para Mendlinger(1994), a percentagem foi de 24,43% napopulação de 10.000 a 40.000 planta/ha. Com relação aos híbridos, o AF 646foi o que apresentou maior número to-

Rendimento de híbridos de melão amarelo em diferentes densidades de plantio.

Densidade de plantio (plantas/ha)

Figura 2. Número de frutos por planta em função das diferentes densidades de plantio paraos híbridos de melão Gold Mine, AF 646 e XPH 13096. Mossoró (RN), ESAM, 1996.

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2 0 4 Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999.

tal de frutos, seguidos pelo ‘XPH 13096’e ‘Gold Mine’ (Tabela 1).

ProdutividadePara a produtividade, observou-se

que híbridos e densidade de plantio apre-sentaram efeito significativo. A medidaque se aumentou a densidade de plan-tio, houve aumento na produtividade, atéa população de 32.584 plantas/ha (Fi-gura 4). Esses resultados corroboramcom os obtidos por Paris et al. (1988) e

Mendlinger (1994) em melão Galia.Nesses trabalhos a densidade de 20.000plantas/ha foi a que proporcionou maiorprodutividade, sendo que a partir desta,houve reduções significativas no rendi-mento da cultura.

Os resultados obtidos, à semelhan-ça dos citados por Blesdale (1969),Holliday (1969) e Willey & Heath(1969), refletem o efeito da densidadede plantio no rendimento. Segundo es-

ses autores, o rendimento é crescente atéuma determinada população; a partirdesta há um decréscimo na produtivi-dade à medida que se aumenta a popu-lação. Isto ocorre em função da compe-tição excessiva que se estabelece entreas plantas, principalmente com relaçãoà radiação solar devido ao aumento doíndice de área foliar. Este índiceincrementa com o desenvolvimento daplanta e com o número de planta na área,e varia em função da cultivar e híbrido,época do ano e das condições climáticas.

O incremento observado pode serexpressivo, quando se compara o au-mento da população de 10.000 para30.000 plantas/ha, em torno de 15%,equivalente a um ganho de 9,04 t/ha.

A maior produtividade foi obtidapara o híbrido AF 646 (Tabela 1), sen-do superior em 10,56% e 14,75% res-pectivamente ao ‘Gold Mine e ‘XPH13096’. Este fato se deve principalmen-te, ao maior número total de frutos pro-duzidos pelo o AF 646, mesmo compeso médio menor.

Outro aspecto também analisado, foia concentração de frutos nas respectivascolheitas (Tabela 2). Verificou-se que oaumento da densidade de plantio não in-terferiu nesta característica, discordandodos resultados observado por Paris et al.(1988) em melão ‘Galia’ e híbrido D 72,Cantliffe & Phatak (1975), Paris et al.(1986) em pepino, que obtiveram con-centrações maiores no número de frutosnas primeiras colheitas quando aumen-taram a densidade de plantio.

Embora não tenha havido diferençasignificativa entre híbridos, em média,63,61% dos frutos foram obtidos na pri-meira colheita, com uma superioridade do‘AF 646’ (70,52%) sobre os demais (Ta-bela 2). Em alguns híbridos tem se obser-vado que em cultura bem conduzida, acolheita chega a se estender por cerca deum mês (4 a 5 colheitas a intervalos deuma semana). A concentração da produ-ção em menor número de colheitas possí-veis, é fator desejável, principalmente doponto de vista econômico, pois reduz cus-tos com insumos, água, energia e mão deobra para as colheitas adicionais.

Classificação dos frutosUm dos principais fatores que influen-

cia na boa comercialização é a classi-ficação do produto, que por sua vez,

L.C. Grangeiro et al.

Densidade de plantio (plantas/ha)

Figura 3. Número total de frutos por hectare em função das diferentes densidades de plantiode melão. Mossoró (RN), ESAM, 1996.

Densidade de plantio (plantas/ha)

Figura 4. Produtividade de frutos de melão em função das diferentes densidades de plantiode melão. Mossoró - RN, ESAM, 1996.

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depende do controle de qualidade. É al-tamente benéfico ao produtor, pela dis-ponibilidade de mercado mais amplo, eao consumidor, pela opção de compra egarantia de qualidade.

Verifica-se que com o aumento dadensidade de plantio, houve de uma ma-neira geral, redução na percentagem defrutos dos tipos 5, 6 e 7 para todos oshíbridos, e aumento de frutos menores(tipos 8 a 12). Essa redução foi, respecti-vamente, para o ‘Gold Mine’, ‘XPH

13096’ e ‘AF 646’ de 36,0%, 44,59% e58,68% (Tabela 3). Davis & Meinert(1965) e Mendlinger (1994), obtiveramtambém maior quantidade de frutos decategorias menores, quando aumentarama densidade de plantio de melão.

Os frutos que não se enquadraramnessa classificação, foram consideradosa granel, sendo os mesmoscomercializados em feiras livres e su-permercados locais. Nas maiores den-sidades de plantio, a percentagem desse

tipo de fruto aumentou para todos oshíbridos, com destaque para o ‘XPH13096’. O’Sullivan (1980) e Paris et al.(1986), verificaram maior quantidade defrutos refugos, quando aumentaram adensidade de plantio em pepino e Brinenet al. (1979) em melancia. Segundo osautores, isso pode ser atribuído à gran-de competição entre plantas por luz enutrientes.

Em termos econômicos, estes resul-tados são de grande importância para oagricultor, haja visto que, dependendodo mercado e da variação de preços, amodificação da densidade de plantiopode ser utilizada, como uma ferramentapara se conseguir maiores lucros, semmaiores despesas.

LITERATURA CITADA

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Híbridos Número total de frutos/ha (x 1000) Produtividade (t/ha)Gold Mine 31,10 C 1 56,32 ABAF 646 42,00 A 62,98 AXPH 13096 35,95 B 53,69 BCV (%) 14,23 17,24

Tabela 1. Número total de frutos (x1000) e produtividade (t/ha) para os híbridos Gold Mine,AF 646 e XPH 13096. Mossoró (RN), ESAM, 1996.

1 Médias na vertical seguidas da mesma letra não diferem entre si (p< 0,05) pelo teste deTukey.

Híbridos 1ª Colheita (%) 2ª Colheita (%) 3ª Colheita (%)Gold Mine 58,67 31,93 9,40AF 646 70,52 22,43 7,05XPH 13096 61,64 29,65 8,71MÉDIA 63,61 28,00 8,39

Tabela 2. Percentagem de frutos nas diferentes colheitas para os híbridos Gold Mine, AF646 e XPH 13096 Mossoró (RN), ESAM, 1996.

Híbridos DensidadePl/ha

TIPOS*05 06 07 08 09 10 11 12 Granel

Gold Mine

10.000 8,57 42,86 28,00 5,71 10,00 2,86 2,0020.000 27,96 36,56 15,05 10,72 3,22 1,07 5,3930.000 0,90 15,84 32,67 23,75 14,85 3,95 0,90 1,00 5,9440.000 1,64 18,85 30,33 13,93 9,02 4,10 4,10 6,56 11,47

AF 646

10.000 13,20 31,14 30,04 2,80 8,40 1,90 7,48 5,0420.000 6,38 25,05 23,41 4,74 11,07 4,00 13,11 12,1430.000 8,00 30,40 20,00 9,60 8,20 5,22 5,60 12,9840.000 3,50 14,82 15,27 19,08 14,50 3,82 9,92 15,20

XPH 13096

10.000 2,10 20,00 34,75 20,00 7,37 3,16 2,10 1,05 9,4720.000 2,68 13,40 28,57 17,86 9,82 1,78 3,57 5,36 16,9630.000 0,95 13,52 17,15 20,95 6,68 9,52 5,71 9,52 16,0040.000 6,50 25,00 12,46 7,43 8,60 13,04 6,96 20,00

Tabela 3. Classificação percentual dos frutos de acordo com o tamanho, nas diferentes densidades de plantio para os híbridos Gold Mine,AF 646 e XPH 13096. Mossoró (RN), ESAM, 1996.

* Número de frutos por caixa de papelão com capacidade de 13kg.

Rendimento de híbridos de melão amarelo em diferentes densidades de plantio.

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2 0 7Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999.

RESUMO

O excesso de nitrato nos alimentos é indesejável devido à suaconversão a nitrito, composto conhecido por participar de reaçõesformadoras de compostos cancerígenos e modificadores dahemoglobina. A influência da aplicação de esterco bovino, uréia e aassociação destes nos teores de N-NO3

- presente nos tecidos foliaresde couve (Brassica oleracea var. acephala) foi avaliada, com o ob-jetivo de verificar o efeito de fontes e doses diferentes de nitrogêniono acúmulo deste composto. Para tanto, um experimento foi condu-zido a campo, de março a agosto de 1995, na Embrapa Agrobiologia.O delineamento experimental adotado foi o de blocos ao acaso, comquatro repetições e seis tratamentos: adubação com esterco bovino(20 t/ha), aplicação de N-uréia (900 kg/ha), associação de esterco(20 t/ha) com doses crescentes de N-uréia (225; 450 e 900 kg/ha) etestemunha. O espaçamento foi de 0,6 m entre plantas, 0,6 m entrelinhas e 0,8 m entre fileiras duplas, perfazendo um total de 24 parce-las com 9,6 m2 cada. Verificou-se que as plantas adubadas exclusi-vamente com esterco apresentaram nos limbos foliares, menores con-teúdos de nitrato que aquelas que receberam uréia complementar(17,6 mg/g M.F. e 303 a 579 mg/g M.F.), respectivamente. Enquan-to os teores de N-NO3

- nos pecíolos de todos os tratamentos forampelo menos três vezes maiores que os observados nos limbos foliares(1.830 e 561 mg/g M.F.), respectivamente. A OMS recomenda umadose diária aceitável (DDA) de 53,3 mg de N-NO3

-, para um adultode 65 kg, isto é, a quantidade máxima deste composto que pode seringerida diariamente, através dos alimentos e da água. Consideran-do-se os dados obtidos no experimento, seria necessário o consumode 2,67 kg de couve (limbos foliares) quando produzida apenas comesterco (20 t/ha) e 0,18 kg quando adubadas com esterco (20 t/ha) +111 kg/ha de uréia (próximo a dosagem recomendada pelo Manualde Adubação do Rio de Janeiro), para atingir a DDA. Devido aosmenores teores de nitrato encontrados na couve adubada exclusiva-mente com esterco, conclui-se que este adubo proporcionou um pro-duto de melhor qualidade para consumo.

Palavras-chave: Brassica oleracea var. acephala, nitrogênio,matéria orgânica, compostos cancerígenos .

ZAGO, V.C.P.; EVANGELISTA, M.R.; ALMEIDA, D.L. de; GUERRA, J.G.M.; PRATA, M.C.P.; RUMJANEK, N.G. Aplicação de esterco bovino e uréia nacouve e seus reflexos nos teores de nitrato e na qualidade. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 17, n. 3, p.207-211, novembro 1999.

Aplicação de esterco bovino e uréia na couve e seus reflexos nos teoresde nitrato e na qualidade.Valéria Cristina P. Zago1 ; Marcus R. Evangelista; Dejair L. de Almeida; José Guilherme M. Guerra;Maria Cristina P. Neves; Norma G. Rumjanek.Embrapa Agrobiologia, C. Postal 74505, 23.851-970 Seropédica-RJ. e-mail: [email protected]

ABSTRACT

Cattle manure and urea use on kale and their influence onthe quality and nitrate content.

High levels of nitrate in food is undesirable, as it may be easilyconverted to nitrite, which is a well known carcinogenic compoundthat can also interfere with hemoglobin activity. The objective of thisstudy was to evaluate the influence of different forms of N-fertilizer(cattle manure, urea and a mixture of both) on the N-NO3

- concentrationobserved on leaf tissues of kale (Brassica oleracea var. acephala). Afield experiment was conducted from March until August 1995, at theEmbrapa-Agrobiology Research Center. The experiment was laid outin a randomized block design, with six treatments: cattle manureaddition (20 t/ha), urea addition (900 kg/ha), mixtures of cattle manure(20 t/ha) with increasing urea levels (225, 450 and 900 kg/ha) and acontrol. A total of four replicates was used. The distance betweenplants in a row and between single rows was 0.6 m, and 0.8 m was thedistance between double rows. A total of 24 plots with 9.6 m2 eachwas used. Plants growing solely on cattle manure showed lower nitratecontents on leaf blades than those receiving additional urea (17.6 mg/g F. M. and 303 mg/g F. M.), respectively. Petiole N-NO3

- contents forall treatments were three times higher than the ones observed in leafblades (1830 and 561 mg/g F. M.), respectively. According to WHO,the Daily Acceptable Intake (DAI) for an adult weighting 65 kg is53.3 mg of N-NO3

-, which represents the maximum quantity thiscompound that can be swallowed daily, through food and water. Fromthe results obtained, the DAI would be reached after consumption of2.67 kg of kale (leaf blade) cultivated under cattle manure fertilization,or just 0.18 kg of kale cultivated under cattle manure and urea (111kg/ha) fertilization, which approximates to the urea dosagerecommended in the “Manual de Adubação de Rio de Janeiro”. As aresult of the lower nitrate contents found in kale growing solely oncattle manure, it was concluded that the cattle manure fertilizationimproved the quality of the product.

Keywords: Brassica oleracea var. acephala, nitrogen, organicmatter, carcinogenic compound.

(Aceito para publicação em 20 de agosto de 1999)

A atenção mundial das ciências agrí-cola e nutricional tem focalizado

atualmente, a controvérsia concernenteà qualidade versus quantidade dos alimen-tos produzidos, e que juntamente com osproblemas ambientais emergentes, que

decorrem da utilização dos recursos natu-rais de forma predatória, têm conduzido apesquisa agrícola à busca de alternativasque possam substituir o uso de insumosagrícolas-industriais, de elevados custosenergéticos, econômicos e sociais.

A utilização de fertilizantes é um dosvários fatores que pode influenciar a com-posição química dos vegetais e,consequentemente, sua qualidade bioló-gica. Diversos estudos têm comprovadoque o uso excessivo de fertilizantes

1 Endereço atual: Embrapa-Agrobiologia, C.Postal 74505, 23851-970Seropédica-RJ.

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nitrogenados aumenta o acúmulo de ni-trato nos vegetais (Pereira et al., 1989;Rodrigues, 1990; Almeida, 1991;Ricci,1993). Tal problemática tem rece-bido especial atenção em alguns países,visto que, o excesso de nitrato na dieta,com sua posterior conversão a nitrito,pode conduzir a formação de compos-tos cancerígenos e, indiretamente, ini-bir o transporte de oxigênio no sangue,alteração metabólica conhecida comometahemoglobinemia. Recém-nascidosformam o principal grupo de risco de-vido a baixa acidez estomacal deste, le-vando a uma rápida conversão do nitra-to a nitrito.

Uma estimativa da ingestão médiade nitrato revelou que para um consu-midor normal, os vegetais representamum quarto do total de nitrato ingerido(Walker, 1975). Também para Reinink& Blom-Zandstra (1989); Laitinen et al.,(1993) e Meach et al., (1994), a princi-pal fonte de nitrato na alimentação hu-mana origina-se da ingestão deolerícolas.

A exigência de alta disponibilidadede nitrogênio pelas hortaliças é uma dascondições responsável pela utilização dealtas doses de fertilizantes nitrogenadosao longo do ciclo de cultivo. O presentetrabalho teve como objetivo a avaliaçãodos efeitos da aplicação de uréia, ester-co e suas associações, nos teores de N-NO3

- nas folhas de couve.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido nocampo experimental da Embrapaagrobiologia, Seropédica-RJ, numPlanossolo, com as seguintes caracterís-ticas químicas: pH em água (1:2,5) =4,7; Al trocável = 3 mmolc /dm3; Ca +Mg trocável = 15 mmolc /dm3; 34 mg/dm3de P extraível; 22 mg/dm3 de Kextraível; 3 g/kg de C; 5,2 g/kg de M.O.(Embrapa, 1979); 0,4 g/kg de N(Bremmer & Mulvaney, 1982).

O preparo inicial do solo constou dearação e gradagem, com aplicação de750 kg/ha de calcário dolomítico (PRNT= 80%), com teores de 38% de CaO e10% de MgO, um mês anterior ao plan-tio definitivo no campo. A área experi-mental era coberta, anteriormente, comvegetação espontânea, predominante-

mente de Indigofora hirsuta,leguminosa herbácea, incorporada aosolo durante a aração.

O delineamento experimental ado-tado foi o de blocos ao acaso, com qua-tro repetições e seis tratamentos: teste-munha (sem esterco e sem uréia); adu-bação orgânica (20 t/ha de esterco bovi-no); adubação orgânica + uréia na dose1 (20 t/ha de esterco + 225 kg/ha de N-uréia); adubação orgânica + uréia nadose 2 (20 t/ha de esterco + 450 kg/hade N-uréia); adubação orgânica + uréiana dose 3 (20 t/ha de esterco + 900 kg/ha de N-uréia) e uréia na dose-3 (900kg/ha de N-uréia).

As mudas foram formadas a partirde sementes de couve, do grupoGeórgia, em canteiro adubado com es-terco bovino curtido e, transplantadaspara o local definitivo um mês após asemeadura. O espaçamento foi de 0,6m entre plantas, 0,6 m entre linhas e 0,8m entre fileiras duplas, perfazendo umtotal de 24 parcelas com 9,6 m2 cada.

A aplicação de uréia foi parcelada eaplicada em cobertura, quinzenalmen-te, até o final do experimento, sendo aaplicação inicial 15 dias após otransplantio das mudas para o campo.O esterco foi aplicado em uma únicadosagem e incorporado na cova de plan-tio, juntamente com 100 kg de K2O/ha,na forma de KCl. A análise química doesterco apresentou os seguintes teoresde nutrientes (g/kg de matéria seca):N=9,29; P=2,67; K=8,25; Ca=3,84;Mg=3,08; Cu=0,01; Zn=0,7; B=0,02;Fe=1,77; Mo=<0,1; Mn=0,31; M.O.=152,8; C=84,7 com umidade (65o

C)=39,11% e pH em água(1:2,5)=6,8.A irrigação foi do tipo aspersão conven-cional, com turno de rega médio diário,sendo o controle da lâmina feito atravésdo tempo de irrigação. A condução doexperimento se deu em período de bai-xa precipitação.

Realizaram-se três amostragens noperíodo inicial de produção de folhas decouve, sendo estas: um, cinco e quinzedias após a segunda adubação em co-bertura com uréia (30 dias após otransplantio), onde os tratamentos rece-beram, até aquele momento, as quanti-dades equivalentes a 50 kg/ha (dose 1),100 kg/ha (dose 2) e 200 kg/ha (dose 3)de uréia.

Foram amostradas duas folhas infe-riores completamente desenvolvidas,das quatro plantas centrais da parcela.Estas foram separadas em “limbo foliar”e “pecíolo + nervura central”. Apóshomogeneização deles, retirou-se umaamostra de cinco gramas do materialfresco (“limbo foliar” e “pecíolo +nervura central”), para extração alcoó-lica (Magalhães et al., 1992), onde pro-cedeu-se à separação da fração polar(metanólica) para retenção dos compos-tos solúveis, fração apolar (cloroformio)e resíduo do tecido foliar. A partir doextrato metanólico obtido determinou-se N-NO3

- (Cataldo et al., 1975).Os procedimentos estatísticos cons-

taram de análises de variância pelo tes-te F. Nas fontes de variação, onde hou-ve diferença significativa, aplicou-se oteste de Tukey a 5%, para comparaçãode médias.

A análise de variância, para as trêscoletas, foi feita em esquema “split-plot”, sendo os seis tratamentos na par-cela e as coletas na subparcela. Visandoisolar alguns efeitos, os cinco graus deliberdade relativos ao efeito de tratamen-to foram desdobrados nos seguintes con-trastes ortogonais: a testemunha contraos outros tratamentos que receberamalguma fonte de nitrogênio (1 grau deliberdade); os tratamentos que recebe-ram esterco contra aquele que recebeusomente uréia (1 grau de liberdade);análise de regressão (termos linear,quadrático e cúbico) dos tratamentosque receberam esterco + doses crescen-tes de uréia (três graus de liberdade)(Tabela 3).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As plantas que receberam apenasesterco bovino (trat. 2) apresentaram noslimbos foliares e nos pecíolos + nervuracentral, teores de N-NO3

- similares aosdas plantas testemunhas (Tabelas 1 e 2).As concentrações de N-NO3

- nos limbosfoliares mostraram interação entre asamostragens. De modo geral, os trata-mentos apresentaram concentraçõesmais altas de N-NO3

- no quinto dia apósa aplicação da uréia, observando-se apartir daí uma diminuição nesteparâmetro, com exceção do tratamento5, onde os teores de N-NO3

- aumenta-

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ram a partir do quinto dia após a aplica-ção de uréia e o tratamento 6, que rece-beu somente aplicação de uréia, sendoque os teores de N-NO3

- foram maioresno primeiro dia, caindo no quinto e vol-tando a subir no décimo quinto dia apósa aplicação de uréia (Tabela 1).

Após o primeiro dia da aplicação, oteor de N-NO3

- observado nas plantasque receberam adubação complementarcom uréia, na dose próxima à recomen-dada para a cultura (50 kg/ha de N-uréia)pelo Manual de Adubação do Estado doRio de Janeiro (Almeida et al., 1988),foi cerca de 50 vezes maior do que aque-le observado para o tratamento que re-cebeu apenas esterco, observando-se umdeclínio nesta taxa ao longo do períodopara cerca de 8 vezes (Tabela 1).

Os dados referentes aos teores N-NO3

- nos pecíolos não mostraraminteração, sendo que o tratamento comesterco foi inferior aos tratamentos quereceberam adubação complementar comuréia, não diferindo, no entanto, daqueleque recebeu exclusivamente uréia (Ta-bela 2). Outros trabalhos também rela-tam teores de nitrato maiores em plantasadubadas com adubos industriais em re-lação a adubos orgânicos em diferentesolerícolas: cenoura (Lecterc, 1987); al-face (Pereira et al., 1989; Rodrigues,1990; Almeida, 1991; Ricci, 1993); ce-nouras, alho-poró e vagem (Bosh et al.,1991); alface, rabanete, repolho, beter-raba, cenoura, salsa, aipo e batata(Rutkowska, 1993). Enquanto Silva(1985) e Lyons et al. (1994) não obser-varam diferenças significativas quantoaos teores de nitrato para vegetais pro-duzidos com esterco adubos minerais.

Pôde-se observar também que, ape-sar das quantidades de nitrogênio presen-tes no tratamento que recebeu exclusi-vamente esterco (equivalente a 186 kgde N/ha, trat. 2) e naquele onde a aduba-ção foi apenas com uréia (equivalente a200 kg de N/ha, trat.6) terem sido próxi-mas, o conteúdo de N-NO3

- nos limbosfoliares das plantas com uréia, no primei-ro dia após a aplicação de uréia, foi cer-ca de 80 vezes maior do que as plantasque receberam apenas esterco, observan-do-se um declínio nesta taxa ao longo doperíodo (Tabela 1). Isto parece ser emparte, devido ao nitrogênio do estercotornar-se disponível às plantas de forma

mais gradual (Rodrigues, 1990; Kiehl,1993). Além disso, é possível que outrosnutrientes presentes no esterco, tambémpossam ter importante papel no metabo-lismo de acúmulo de nitrogênio, na for-ma de nitrato.

O potássio, por exemplo, participada ativação das enzimas assimilatóriasde amônia e transporte de aminoácidos.Altos níveis de potássio resultam em au-mentos na taxa de transferência de com-postos nitrogenados solúveis para fra-ções insolúveis devido ao efeito destenutriente na síntese de proteínas (Hagin

et al., 1990). Nas plantas adubadas ex-clusivamente com esterco, os teores depotássio foram maiores (41 e 75 g/kg),nos limbos foliares e nos pecíolos, quan-do comparadas àquelas que receberamalém de esterco, adubação complemen-tar com uréia em doses crescentes ouapenas uréia, que apresentaram valoresvariando de 22 a 35 e 48 a 66 g/kg, noslimbos e pecíolos, respectivamente.

Outro elemento importante na assi-milação do nitrogênio é o Mo, visto sereste micronutriente um componente es-sencial da nitrato redutase que favorece

Tratamentos 1º dia 5º dia 15º dia médias

1-Testemunha 2,15 Ba 27,5 Ba 19,2 Ba 16,3 B

2-Esterco1 7,5 Ba 27,3 Ba 17,9 Ba 17,6 B

3-Esterco+uréia na dose 1² 357 ABa 404 ABa 148 Ba 303 AB

4-Esterco + uréia na dose 2³ 186 ABb 669 Aa 409 ABab 421 A

5-Esterco + uréia na dose 34 455 ABa 613 Aa 668 Aa 579 A

6-Uréia na dose 34 649 Aa 355 ABa 678 Aa 561 A

Médias 276 a 349 a 323 a

Tabela 1. Teores de N-NO3- nos limbos foliares (mg N.g-1 matéria fresca), como resposta à

adubação com esterco bovino e/ou doses crescentes de uréia, valores das folhas coletadasaos um, cinco e quinze dias após a segunda adubação de cobertura com uréia. Seropédica(RJ), Embrapa Agrobiologia, 1995.

1esterco= 20 t/ha;2,3,4uréia 1= 50 kg.ha-1; uréia 2= 100 kg.ha-1; uréia 3= 200 kg.ha-1;5 valores seguidos de letras iguais, minúsculas nas linhas e maiúsculas nas colunas não dife-rem significativamente entre si pelo teste de Tukey (p< 0,05).

Tratamentos 1º dia 5º dia 15º dia médias

1-Testemunha 3495 967 774 697 C

2-Esterco1 359 886 777 873 BC

3-Esterco+uréia na dose 1² 2328 2129 1618 2025 A

4-Esterco + uréia na dose 2³ 1789 2678 1664 2044 A

5-Esterco + uréia na dose 34 2578 2185 2570 2444 A

6-Uréia na dose 34 1537 2259 1693 1830 AB

Médias 1490 a 1851 a 1515 a

Tabela 2. Teores de N-NO3- nos pecíolos + nervuras (mg N.g-1 matéria fresca), como respos-

ta à adubação com esterco bovino e/ou doses crescentes de uréia, valores das folhas coletadasaos um, cinco e quinze dias após a segunda adubação de cobertura com uréia. Seropédica(RJ), Embrapa Agrobiologia, 1995.

1esterco= 20 t/ha;2,3,4uréia 1= 50 kg.ha-1; uréia 2= 100 kg.ha-1; uréia 3= 200 kg.ha-1;5 valores seguidos de letras iguais, minúsculas nas linhas e maiúsculas nas colunas não dife-rem significativamente entre si pelo teste de Tukey (p< 0,05).

Esterco bovino e uréia na couve e seus reflexos nos teores de nitrato.

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a redução nos teores de nitrato dos teci-dos vegetais (Mondy & Munshi, 1993;Pansenhagen et al., 1996).

De acordo com a Organização Mun-dial de Saúde da FAO, a Dose DiáriaAceitável (DDA) para nitrato é de nomáximo 325 mg de NaNO3, quecorresponde a 53,5 mg de N-NO3

- , pordia, para um adulto de 65 kg de peso(Olmedo & Bosh,1988). Para atingir osvalores recomendados pela OMS e,usando os dados médios da concentra-ção de N-NO3

- nos limbos foliares, nasamostragens realizadas (0,02 mg de N/g M.F., trat.2 e 0,3 mg de N/g M.F.,trat.3), no período inicial de produçãode folhas, calculou-se as quantidades decouve que teriam que ser consumidaspara atingir 100% da DDA. Desta for-ma, chegou-se as quantidades de 2,70kg de couve, quando esta foi produzidaapenas com esterco e 0,20 kg, quandoas plantas foram crescidassuplementadas com esterco + 50 kg/hade N-uréia (dose próxima à recomen-dada para a cultura, pelo Manual deAdubação do Rio de Janeiro (Almeidaet al., 1988). Estes valores foram calcu-lados sem considerar os teores contidosnos pecíolos, que elevariam muito aconcentração de N-NO3

-, principalmentenos tratamentos que receberam uréia(Tabela 2). Se acrescentássemos os teo-res de N-NO3

- presente nos pecíolos, aDDA estaria contida em apenas 0,06 kgde couve adubada com apenas esterco e0,02 kg de couve adubada com esterco+ 50 kg/ha de N-uréia.

Considerando-se que um adulto con-suma em média uma porção de 60 gra-mas de couve fresca ou cozida (limbosfoliares), estaria ingerindo 1,2 mg de N-NO3

- de couve produzida apenas comesterco e, aproximadamente 18 mg deN-NO3

- quando as plantas forem adu-badas com uréia, numa quantidade apro-ximada àquela recomendada pelo Ma-nual de Adubação do Rio de Janeiro(Almeida et al., 1988). Porém, o consu-mo comum de couve envolve asnervuras centrais que foram, neste ex-perimento, analisadas juntamente comos pecíolos, desta forma, os valores aci-ma estão subestimados. Levando-se emconta os altos teores de nitrato encon-trados nos pecíolos de couve, é reco-mendável a retirada destes, no momen-

to da preparação dos alimentos, princi-palmente em se tratando do consumoinfantil, como forma de evitar os efei-tos tóxicos.

Estes resultados são importantes,visto o perigo que o nitrato oferece àsaúde humana, pela transformação des-te em nitrito durante o armazenamentodas hortaliças, seu preparo e por açãoda saliva e do estômago, devido à açãode microrganismos (Ahrens, 1983). Onitrito tem a propriedade de formarnitrosaminas, que são substânciascomprovadamente carcinogênicas. Emcrianças recém - nascidas, o nitrito podelevar à chamada cianose, isto é, umadeficiência na absorção de oxigênio pelosangue (Vogtmann & Wagner, 1987).

A preocupação com a concentraçãode nitrato e nitrito em vegetais tem le-vado alguns países europeus a fixaremlimites máximos aceitáveis. AYusgoslavia, por exemplo, estabelece omáximo de 50 ppm de KNO3 para ali-mentos infantis preparados com vege-tais, enquanto na Suíça admite-se o va-lor máximo de 4,0 g de NO3

-/kg paraalface. Já na Holanda, para culturas deinverno e verão, os máximos estabele-cidos são de 4,5 e 2,5 g de NO3

-/kg dematéria fresca, respectivamente(Olmedo & Bosch, 1988; Gunes et al.,1996). No entanto, no Brasil não existelegislação específica que regulamente osteores máximos permissíveis de nitratoe nitrito em alimentos vegetais.

Dentro do contexto sócio-econômi-co agrícola do Estado do Rio de Janei-ro, com 80% da população rural forma-da por pequenos agricultores, em suamaioria de baixa renda e visando ummercado em expansão, em busca de pro-dutos com melhor qualidade biológica,a utilização de recursos disponíveis den-tro da propriedade, como o uso de es-tercos animais, pode ser uma alternati-va a mais para uma maior independên-cia do produtor e oferta de alimentosmais saudáveis.

AGRADECIMENTOS

Aos pesquisadores Marco AntônioLeal e Marcelo Grandi Teixeira, peloauxílio nas análises estatísticas e a RojaneChapeta Peixoto pelo apoio técnico.

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RESUMO

Cordia verbenacea, popularmente conhecida como erva-baleeira,é uma planta medicinal perene com propriedade antiinflamatória. Otrabalho teve como objetivo avaliar os efeitos da adubação químicae da calagem no crescimento e na nutrição da erva-baleeira, mediantea técnica da diagnose por subtração. Foram utilizados no expe-rimento mudas com 40 dias de idade após a emergência das semen-tes e, cultivadas em vasos com capacidade para 5 dm3 em condiçõesde casa de vegetação. Os tratamentos usados foram: completo (adu-bado com N, P, K, S, B, Cu, Fe, Zn e calagem); completo semcalagem; completo exceto cada nutriente (N, P, K, S, B, Cu, Fe, Zn)e testemunha (solo natural). Após 120 dias do transplantioobservou-se que, no cultivo da erva-baleeira em solos ácidos e debaixa fertilidade, a calagem e a adubação são essenciais para o seucrescimento. No solo utilizado, os nutrientes que apresentaram maio-res respostas quanto ao crescimento e nutrição da espécie foram oN, K e B, bem como a calagem.

Palavras-chave: Cordia verbenacea, nutrição mineral, elementofaltante.

ABSTRACT

Chemical fertilization and liming in Cordia verbenacea.

Cordia verbenacea is popularly known as ‘erva-baleeira’ and isa perennial medicinal plant with anti-inflammatory properties. Theaim of this work was to evaluate the effects of chemical fertilizationand liming on growth and nutrition of C. verbenacea, using themissing element technique. The experiment was conducted ingreenhouse using 40 day old seedlings, which were cultivated into 5dm3 pots. The treatments were: complete (fertilization with N, P, K,S, B, Cu, Fe, Zn and liming); complete without liming; completemissing each nutrient (N, P, K, S, B, Cu, Fe, Zn) and control (naturalsoil). Evaluation was done 120 days after transplanting. Liming andfertilization are essential for C. verbenacea growth, when cultivatedin poor acid soils. For the soil employed in this experiment thenutrients N, K and B, as well as liming, gave best results for C.verbenacea growth and nutrition.

Keywords: Cordia verbenacea, mineral nutrition, missing element.

(Aceito para publicação em 04 de outubro de 1999)

A erva-baleeira (Cordia verbenaceaL. - Boraginaceae) é uma planta

medicinal perene, de 1 a 2 m, podendoexcepcionalmente atingir 3 m de altura,muito ramosa e flexível, com folhas ti-picamente verrucosas, aromáticas,inflorescência espigosa com flores bran-cas e fruto vermelho quando maduro(Silva Jr. et al., 1995), que ocorre ao

longo de todo o litoral brasileiro. Osprincípios ativos básicos da planta sãoos óleos essenciais, os flavonóides comoa artemetina (Sertie et al., 1990) eisoflavonóides (Lameira, 1997) com ati-vidades antiinflamatória.

A maioria dos solos brasileiros sãoácidos, o que pode causar problemas emplantios comerciais. Além da alta satu-

ração de alumínio que pode ter efeitostóxicos para as plantas, os solos ácidosnormalmente contêm baixo teor de cál-cio e de magnésio trocáveis, cátions degrande importância para o desenvolvi-mento radicular. Uma das alternativaspara minimizar esse problema é a cor-reção da acidez através da prática dacalagem (Goedert et al., 1991).

Esterco bovino e uréia na couve e seus reflexos nos teores de nitrato.

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2 1 2 Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999.

Na literatura há poucas informaçõessobre a fertilização química e exigênciasnutricionais de plantas medicinais, prin-cipalmente no Brasil. Raras vezes o em-prego de adubos químicos, dentro doslimites técnicos, altera o teor dos princí-pios ativos das plantas. O aumento debiomassa pode compensar uma reduçãodo teor de fitofármacos, mas depende daanálise econômica, que deve ser feita emcada situação (Correa Jr. et al., 1991).

A adubação química em guaco(Mikanea glomerata), foi benéfica quan-do na aplicação de nitrogênio mineral(60 g de sulfato de amônio por planta) eresultou no aumento da produção defitomassa em torno de seis vezes emrelação à testemunha (Pereira et al.,1996). Na fertilização de plantas medi-cinais, avaliando o efeito de doses deNPK durante a fase de formação demudas de jaborandi (Pilocarpusmicrophyllus Starf.), utilizando-se comosubstrato uma mistura de terra preta,serragem curtida e esterco de curral, naproporção de 3:1:1, concluiu-se que asmelhores produções de matéria seca fo-ram conseguidas com as aplicações de180 e 120 mg/kg de nitrogênio e fósfo-ro, respectivamente (Brasil, 1996).

Para Atropa belladona a fertilizaçãocom 100, 35 e 120 kg/ha de N, P e K,respectivamente, resultou no aumento de750 kg/ha para 1700 kg/ha de folhas se-cas e não houve diferença significativaentre os teores de atropina, o que indicaque a adubação química é vantajosa paraesta espécie (Montanari Jr. et al., 1993).

Com a erva-baleeira o NPK em plan-tas adultas aumentou a produção deartemetina e hidroxiartemetina(Montanari Jr.et al., 1992).

Na busca de um sistema de produçãoeconomicamente viável, deve-se implan-tar um programa de nutrição na cultura.No caso da erva-baleeira (C. verbenacea),tem-se pouca ou nenhuma informaçãodisponível sobre suas exigênciasnutricionais e dos teores dos nutrientes naparte aérea. Assim, objetivou-se no pre-sente trabalho, avaliar os efeitos da adu-bação química e da calagem no crescimen-to e na nutrição da erva-baleeira.

MATERIAL E MÉTODOS

O trabalho foi conduzido na casa devegetação do Departamento de Agricul-

tura da Universidade Federal de Lavras- UFLA, em vasos com 5 dm3 .Utilizou-se amostra da camada superfi-cial (0 - 20 cm) de um Cambisolo álico,textura média, coletado no município deItumirim - MG, com as seguintes carac-terísticas químicas: pH em água - 4,7; P- 2 e K - 39 mg/dm3 (Mehlich 1); Ca - 8,Mg - 2 e Al - 7 mmolc /dm3 (KCl 1mol.L-1) (EMBRAPA, 1979); S - SO4

2- -11 mg/dm3 (Tedesco et al., 1985); Zn -11, Cu - 0,2, Fe - 65,4 e Mn 9,3 mg/dm3

(DTPA) e B (água quente) - 0,13 mg/dm3 (Jackson, 1970).

O delineamento experimental foi ode blocos ao acaso, com 10 tratamentosbaseados na técnica do elemento faltantee 8 repetições. Os tratamentos foram:Completo (adubado com N, P, K, S, B,Cu, Fe, Zn e calagem); Completo semcalagem (-Cal); Completo sem N (-N);Completo sem P (-P); Completo sem K(-K); Completo sem S (-S); Completosem B (-B); Completo sem Zn (-Zn);Completo sem Fe (-Fe) e Testemunha(solo natural). O tratamento completonão recebeu Mn porque encontrava-seem níveis elevados no solo. Para o cál-culo da necessidade de calagem,empregou-se o método da saturação porbases, para elevar V a 70%, usando-seCaCO3 e MgCO3 p.a., na proporçãoequivalente Ca:Mg de 4:1 (Comissão...,1989; Raij et al., 1996). Após a calagem,o solo foi mantido em incubação por 20dias, com umidade de 70% do volumetotal de poros (VTP). Quando pertinen-te ao tratamento, foi aplicada a seguinteadubação básica de plantio: 67 mg/dm3

de N; 150 mg/dm3 de P; 97,5 mg/dm3

de K; 40 mg/dm3 de S; 0,5 mg/dm3 deB; 1,5 mg/dm3 de Cu; 5,0 mg/dm3 deZn e 5,0 mg/dm3 de Fe de solo. As fon-tes dos nutrientes foram reagentes p.a.(NH4NO3, NH4H2PO4, K2SO4, KH2PO4,Ca(H2PO4)2 .H2O, CaSO 4.2H2O,MgSO 4 .7H2O, H3BO3, CuCl2 , ZnCl 2 ,Fe-EDTA).

Duas adubações de cobertura foramrealizadas. A primeira, aos 40 dias apósplantio (DAP), aplicaram-se 15 mg/dm3

de N, exceto nos tratamentos -N e solonatural, e 20 mg/dm3 de P no tratamen-to -P. Essa dose de P foi necessária paraobtenção de material vegetal para asanálises químicas e dos princípios ati-vos. A segunda, aos 70 DAP, constou

da aplicação de: 20 mg de N, 32,8 mgde Mg, 114 mg de Ca, 32 mg de S/dm3

de solo, exceto na testemunha e nos tra-tamentos onde foram omitidos.

As mudas de erva-baleeira (Cordiaverbenacea L.) foram obtidas de semen-tes germinadas em bandejas com areia.Aos 40 dias da emergênciatransplantou-se uma única muda porvaso, mantendo-se a umidade na capa-cidade de campo. As plantas foram co-lhidas aos 120 dias após o transplantio,separando-se em folhas, ramos e raízes,secas em estufa a 70oC, exceto as fo-lhas, que foram secas a 45oC, em virtu-de da posterior análise do princípio ati-vo, tomando-se em seguida, o peso damatéria seca de cada parte da planta. Osteores dos macro e micronutrientes namatéria seca da parte aérea (caule e fo-lha) foram analisados quimicamente: oN, pelo método de Kjeldahl; o P, K, Ca,S, Fe e Zn, pela digestãonitricoperclórica, e a determinação noextrato foi feita como segue: P -colorimetria; K - fotometria de chama;S - turbidimetria; Ca, Fe e Zn -espectrofotometria de absorção atômi-ca e o B por incineração e determinaçãocolorimétrica pelo método da curcumina(Malavolta et al., 1989).

Foram realizadas análises devariância da matéria seca de cada partee do total da parte aérea, das raízes, al-tura de planta, teores dos macro emicronutrientes, sendo as médias com-paradas pelo teste de Tukey, de acordocom Gomes (1985).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Altura e peso de matéria secaA omissão da calagem (-Cal), do B

(-B) e K (-K) reduziram significativa-mente a produção de matéria seca de raiz(exceto no -K), folhas, caule e parte aé-rea total da espécie. O tratamento -Napresentou uma redução somente nopeso da matéria seca de folhas e parteaérea total (Tabela 1). Por outro lado,os tratamentos com omissão do S (-S),Zn (-Zn), Fe (-Fe) e do P (-P) não pro-moveram nenhum efeito sobre o cresci-mento da espécie. Vale ressaltar que o Pnão foi totalmente omitido da adubação,em virtude da sua aplicação em cober-tura aos 40 dias após o transplante. Esse

M. de F. Arigoni-Blank et al.

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2 1 3Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999.

fato deve-se à total paralisação do cres-cimento e dos sintomas visuais típicosde deficiência de fósforo observado nasplantas do tratamento -P, nesse período.Assim, visando a obtenção de materialvegetal para as análises químicas e dosprincípios ativos, decidiu-se pela apli-cação de 20 mg/dm3 de P no tratamentode sua omissão. Mas, a dose de P apli-cada, promoveu uma grande respostadas plantas em crescimento e produçãode matéria seca (Tabela 1).

De acordo com a Comissão de Fer-tilidade do Solo do Estado de MinasGerais (1989) e Raij et al. (1996), o soloutilizado no experimento é ácido, combaixos níveis de K, P, Ca, Mg e S e comníveis de Al e Mn elevados. Mesmo as-sim, os resultados da Tabela 1, mostramque a omissão da calagem e dos nutrien-tes da adubação, não promoveu efeitosdrásticos no crescimento e produçãode matéria seca da espécie. Essa obser-vação, associada à grande resposta daplanta à pequena dose de P aplicada emcobertura (20 mg/dm3), permite inferirque a erva-baleeira é uma espécie depequena exigência nutricional e/ou apre-senta elevada eficiência de absorção eutilização dos nutrientes. Também, quea adubação básica utilizada no presenteexperimento e aquelas sugeridas paravasos (Malavolta, 1980 e Raij et al.,1996), certamente, são doses excessivas

para essa espécie. Interessante ressaltar,também, que de acordo com Raij et al.(1996), os teores dos micronutrientesencontram-se na análise química dosolo: B - baixo, Fe - alto, Mn - alto e Zn- médio. Portanto, a resposta da plantaàs suas omissões, está de acordo com aclassificação citada.

Teores dos nutrientes na matériaseca

As espécies medicinais fazem partede um grupamento de plantas pouco es-tudado e praticamente inexistem infor-mações sobre adubação e nutrição des-sas espécies e no caso de suspeitas dedistúrbios nutricionais recomenda-seutilizar técnicas de análises demicronutrientes em solos, bem como adiagnose foliar comparativa, usandoamostras pareadas (com e sem proble-mas), para análise química de macro emicronutrientes (Raij et al., 1996). As-sim, a Tabela 2 mostra os teores dosnutrientes no caule e nas folhas daerva-baleeira, nos tratamentos nos quaisforam omitidos (-M), comparativamenteaos valores obtidos no tratamento com-pleto (Compl.).

Observa-se que, de maneira geral,houve uma tendência de os teores, dosnutrientes serem maiores no tratamentocompleto (Compl.) em relação àquelesonde foram omitidos (-M), porém, nemsempre significativamente. As omissões

de B, K e N, bem como a omissão dacalagem, foram aquelas que maisinfluenciaram a produção relativa (PR)do caule e das folhas e, à exceção do Bno caule, os teores no tratamento -M,foram sempre inferiores ao completo, in-dicando que os mesmos encontram-se emníveis abaixo do adequado. Ressalta-seque foram observados sintomas visuaistípicos de deficiência desses nutrientesnos tratamentos nos quais foram omiti-dos (-M). Os tratamentos -S, -Zn, -Fe e-B, no caule, não diferiram significati-vamente do tratamento completo, en-quanto que na folha, somente o -Zn foisignificativamente igual ao completo.

É interessante observar que a omis-são de B (-M) promoveu uma drásticaredução da PR do caule (44%), com teo-res do micronutriente significativamenteigual ao tratamento completo (Tabela 2).Segundo Malavolta et al. (1989), essefato é explicado pelo efeito“Steenyberg”, que ocorre em casosonde o nutriente está muito deficienteno solo e a sua aplicação na adubaçãopromove uma resposta muito grande daplanta em crescimento, o que pode servisto na Tabela 1, comparando-se a ma-téria seca do caule do tratamento -B como completo. Nesse caso, o rápido incre-mento na produção de massa vegetal,proporcionalmente maior à absorção donutriente, não permite o aumento na sua

TratamentoAltura de

PlantaPeso da matéria seca Produção

Relativa1/Raiz Caule Folha Parte aérea

cm g/planta (%)Completo 35,83 abc 7,00 ab 4,41 a 7,39 ab 11,81 a 100-Cal 19,50 e 3,74 d 2,02 cd 5,42 c 7,45 cd 63-N 28,30 cd 7,82 a 3,69 ab 5,25 c 8,94 bcd 76-P 36,50 ab 6,42 ab 3,92 ab 6,33 abc 10,26 ab 87-K 34,18 abc 5,85 bc 2,96 bc 5,51 c 8,47 bcd 72-S 30,20 bc 6,10 abc 4,10 ab 7,65 a 11,76 a 99-B 28,29 cd 3,41 d 1,92 cd 5,47 c 7,40 d 63-Zn 35,64 abc 7,81 a 4,10 ab 6,05 bc 10,16 abc 86-Fe 38,70 a 7,50 ab 4,21 ab 6,30 abc 10,51 ab 89Testemunha 21,75 de 4,42 cd 1,03 d 2,55 d 3,59 e 30

Tabela 1. Altura de planta, peso da matéria seca de raiz, caule, folha e produção relativa da parte aérea de Cordia verbenacea, em função dostratamentos. Lavras, UFLA, 1996.

Médias seguidas pela mesma letra nas colunas não diferem entre si (Tukey 5%).1/ PR(%) = [MS (Trat.)/MS (completo)] x 100.

Adubação química e calagem em erva-baleeira.

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2 1 4 Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999.

concentração no tecido, podendo inclu-sive, ocorrer a diluição do mesmo. Jápara as folhas este fato não foi observa-do. Possivelmente, devido a uma me-nor diferença na produção de matériaseca foliar entre o tratamento completoe o de omissão de B (Tabela 1). Mas,também, pela maior atividade metabó-lica e fisiológica das folhas do tratamen-to completo. Sabe-se que o B é um ele-mento imóvel na planta e seu transporteé feito de forma unidirecional no xilema,via corrente transpiratória (Marschner,1995). Dessa maneira, o B encontroumelhores condições de ser transportadodas raízes para a parte aérea no trata-mento completo, apresentando, compa-rativamente ao tratamento de sua omis-são (-M), maiores teores nas folhas emenores no caule (Tabela 2).

Devido à carência de informaçõessobre a nutrição mineral da erva-baleeira,os teores foliares dos nutrientes no trata-mento completo (Tabela 2), podem serusados, pelo menos como um referencial,na avaliação do estado nutricional da es-pécie, pela diagnose foliar. Embora,como já discutido, acredita-se que asdoses de alguns nutrientes na adubaçãobásica, tenham sido excessivas. É impor-tante lembrar, também, que os teoresfoliares variam com as condições e épo-cas de cultivo, órgão analisado, idade doórgão e da planta, dentre outros.

Conclui-se que, após 120 dias dotransplantio, no cultivo da erva-baleeiraem solos ácidos e de baixa fertilidade, acalagem e a adubação são essenciaispara seu crescimento. No solo utiliza-do, a falta da calagem e dos nutrientesN, K e B causaram as maiores quedasna produção de folhas, órgão usado namedicina popular e que contém os prin-cípios ativos. Quanto ao fósforo, os au-tores sugerem a realização de um estu-do de curvas de resposta para obter da-dos precisos sobre a exigêncianutricional dessa espécie quanto ao P.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem ao CNPq -RHAE e a UFLA - DAG pela oportuni-dade de execução deste trabalho.

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NutrienteCaule Folha

Compl. -M PR Compl. -M PR1/g.kg-1 % g kg-1 %

N 15,35 a 8,65 b 84 30,35 a 20,05 b 71P 2,25 a 2,00 a 89 2,12 a 2,10 a 86K 10,57 a 3,42 b 67 20,90 a 4,10 b 74Ca (calagem) 0,072 a 0,049 b 46 0,0035 a 0,0019 b 73Mg (calagem) 0,076 a 0,044 b 46 0,00054 a 0,00025 b 73S 1,32 a 0,92 a 93 2,22 a 1,45 b 103

mg.kg-1 % mg.kg-1 %B 18,66 a 20,03 a 44 58,27 a 43,08 b 74Zn 17,49 a 11,41 a 93 37,94 a 22,38 a 82Fe 96,51 a 66,21 a 95 374,46 a 302,05 b 85

Tabela 2. Teores de macro e micronutrientes no caule e folhas no tratamento completo (Compl.) e nos respectivos tratamentos de omissão(-M), e produção relativa (PR) de matéria seca de caule e folhas do tratamento de omissão em comparação ao completo, de Cordia verbenacea.Lavras, UFLA, 1996.

Médias seguidas pela mesma letra nas linhas, para cada órgão, não diferem entre si (Tukey 5%).1/ PR(%) = [MS (-M) / MS (Compl.)] x 100.

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Adubação química e calagem em erva-baleeira.

RESUMOTrês diferentes materiais foram avaliados quanto ao seu poten-

cial de uso como substrato para o cultivo do tomateiro. Os experi-mentos foram realizados no Departamento de Fitotecnia da UFSM,em Santa Maria-RS e os materiais avaliados foram: húmus provenien-te da minhocultura, casca de arroz e substrato comercial (PlantmaxFolhosas). O substrato comercial foi comparado no seu estado ori-ginal correspondente a primeira utilização e também na sua segundautilização com a mesma cultura. A casca de arroz foi comparada noseu estado puro e também em mistura com solo da região na propor-ção de 50% de cada componente. A caracterização física foi efetua-da pela determinação da densidade e da massa úmida e pelo cálculodo volume retido e da capacidade máxima de retenção de água. Aavaliação qualitativa dos substratos foi realizada por meio de avalia-ções do crescimento e produção de frutos de dois cultivos de toma-teiro, respectivamente no outono-inverno e primavera-verão do anode 1997. O húmus apresentou características físicas similares aosubstrato comercial, enquanto que a casca de arroz reteve volumede água aproximadamente 50% inferior aos outros dois substratosavaliados. Porém, essa diferença diminuiu quando a casca de arrozfoi misturada com o solo. O crescimento das plantas na casca dearroz foi inferior e a produção de frutos atingiu apenas 56% daquelaobtida nos outros substratos. Tanto a mistura de casca de arroz esolo como os outros substratos avaliados se mostraram apropriadospara o cultivo do tomateiro fora do solo.

Palavras-chave: Lycopersicon esculentum, crescimento, rendi-mento, fertirrigação.

ANDRIOLO, J.L.; DUARTE, T.S.; LUDKE, L.; SKREBSKY, E.C. Caracterização e avaliação de substratos para o cultivo do tomateiro fora do solo.Horticultura Brasileira, Brasília, v. 17, n. 3, p. 215-219, novembro 1999.

Caracterização e avaliação de substratos para o cultivo do tomateirofora do solo.Jerônimo L. Andriolo; Tatiana S. Duarte; Loeni Ludke; Etiane C. SkrebskyUFSM-CCR-Depto. de Fitotecnia, 97.119-900, Santa Maria-RS.

ABSTRACTEvaluation of substrates for growing tomatoes in soilless

culture.

Three different organic materials were tested at the UFSM, San-ta Maria, Brazil, as substrate for growing tomatoes in soilless culture.Humus originated from the digestion of organic materials byearthworms, rice husk, and a commercial substrate “PlantmaxFolhosas” were used. Two successive cycles of tomato plants wereevaluated, by replacing old plants with young ones after the firstcycle of the crop. Rice husk was compared solely in a homogeneousform and as a mixture with soil in a 50% basis. Substrates werecharacterized by physical parameters of bulk density, wetness andthrough calculation of the volumetric water content and maximumcapacity of water retention. Quality of substrates was evaluated bymeasuring growth and yield of two successive tomato crops, in theAutumn and the Spring of 1997. Comparisons between humus andthe commercial substrate showed similar physical characteristics,while volumetric water content of rice husk was about 50% lower.This difference was reduced when soil was added to the rice husk.Growth of tomato plants on rice husk was lower and fruit yieldachieved a maximum value of 56% of that observed on the two othersubstrates. Humus, the commercial substrate “Plantmax Folhosas”and the mixture of rice husk with soil may be used successfully forgrowing tomatoes in soilless culture.

Keywords: Lycopersicon esculentum, yield, fertigation, growth.

(Aceito para publicação em 16 de agosto de 1999)

O cultivo de hortaliças utilizandosubstratos como suporte das raízes

é uma técnica amplamente empregadana maioria dos países de horticulturaavançada (Musard & Letard, 1990;Alarcon et al., 1997; Rosa et al., 1997).Essa modalidade de cultivo representagrande avanço frente aos sistemas decultivo no solo, porque oferece comoprincipais vantagens: 1) o manejo maisadequado da água, evitando a umidadeexcessiva em torno das raízes, que é

muito comum no solo em períodos deelevada precipitação pluviométrica; 2)o fornecimento dos nutrientes em dosese épocas apropriadas, de acordo com osperíodos de maior necessidade ao lon-go do ciclo de produção das culturas; 3)a redução dos riscos de salinização domeio radicular, por meio de drenagemde nutrientes excedentes e não absorvi-das pelas plantas; 4) a possibilidade dediminuir a ocorrência de problemas deordem fitossanitária das culturas, tanto

da parte aérea como das raízes(Blanc, 1987; FAO, 1990b). Os benefíciosdiretos dessa técnica se traduzem princi-palmente em maior rendimento e melhorqualidade dos produtos colhidos, associa-dos a menor utilização de defensivos agrí-colas. Como benefício indireto, pode-secitar um menor risco de perda das lavou-ras, permitindo melhor planejamento daprodução e contribuindo para aprofissionalização dos produtores frente aum mercado cada vez mais competitivo.

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2 1 6 Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999.

Um substrato agrícola é definidocomo todo material, natural ou artificial,colocado em um recipiente, puro ou emmistura, que permita a fixação do siste-ma radicular e sirva de suporte a planta(Blanc, 1987). Do ponto de vista do cres-cimento e da atividade radicular, umsubstrato deve armazenar um determi-nado volume de água e ao mesmo tem-po manter teor adequado de oxigênio emtorno das raízes. O oxigênio é indispen-sável para a respiração das raízes a fimde suprir a energia necessária à absor-ção dos nutrientes (Salsac et al., 1987).Um substrato que guarda uma propor-ção correta entre as fases sólida e líqui-da favorece, portanto, a atividade fisio-lógica das raízes e ao mesmo tempoevita as condições favoráveis ao apare-cimento de moléstias radiculares, espe-cialmente as podridões fúngicas ebacterianas. Qualquer material, orgâni-co ou mineral, que preencha estas condi-ções, sem ser fitotóxico, apresenta poten-cial de uso como substrato agrícola.

O desenvolvimento da cultura dotomateiro em substratos, nas diferentesregiões do Brasil, depende de duas con-dições fundamentais: 1) da disponibili-dade de fertilizantes solúveis e com pre-ços compatíveis para efetuar afertirrigação e 2) da disponibilidade dematérias-primas abundantes e baratascom potencial de utilização comosubstratos para as culturas. A primeiracondição já foi atingida no País, uma vezque formulações e doses utilizadas empaíses do Hemisfério Norte já foramadaptadas aos fertilizantes e equipamen-tos existentes no mercado nacional(Andriolo et al., 1997; Andriolo &Poerschke, 1997). A segunda condiçãodepende ainda de estudos com a finali-dade de inventariar os materiais dispo-níveis nas diferentes regiões e caracte-rizar o seu potencial de uso comosubstrato agrícola.

Este trabalho foi realizado em duasetapas, tendo como objetivo na primeirafase a caracterização das principais pro-priedades físicas de alguns materiais dis-poníveis no Estado do Rio Grande do Sulcom potencial de utilização comosubstratos para a cultura do tomateiro. Nasegunda fase foi feita a avaliação do cres-cimento e da produção de frutos das plan-tas cultivadas nos diferentes materiaisselecionados e caracterizados.

MATERIAL E MÉTODOS

Os experimentos foram conduzidosno Departamento de Fitotecnia da Uni-versidade Federal de Santa Maria-RS,(latitude: 29º43’S, longitude: 53º42’W,altitude: 95m), no ano de 1997. Os ma-teriais comparados foram a casca de ar-roz, o húmus proveniente de resíduos dorúmen de bovinos abatidos na indústriafrigorífica obtidos por meio da digestãopor minhocas e um substrato comercialdefinido pelo fabricante como sendo umamistura de matéria orgânica de origemvegetal e vermiculita expandida(Plantmax Folhosas). A casca de arrozfoi submetida a queima parcial antes deser utilizada. O húmus foi empregadosem qualquer modificação. O substratocomercial foi dividido em dois lotes: co-mercial de primeira utilização (comerci-al-1) e de segunda utilização (comerci-al-2), esse último reutilizado após ter sidoutilizado no cultivo do tomateiro. O com-portamento do tomateiro em cada um dosmateriais foi avaliado por meio de doiscultivos sucessivos, sendo o primeiro noperíodo entre fevereiro e julho e o segun-do entre agosto e dezembro de 1997. Paraimplantar o segundo ciclo da cultura, re-moveu-se dos diferentes substratos a raizprincipal das plantas da cultura anterior,transplantando-se novamente mudas detomateiro no estádio de seis folhas. Nãohouve manipulação dos substratos de umciclo para outro, tendo sido retiradas aoacaso cinco sacolas de cada material paraefetuar a caracterização física dossubstratos antes de iniciar o segundo cul-tivo. Após concluída a caracterização, assacolas foram identificadas e recolocadasnas suas respectivas posições dentro doensaio.As plantas que cresceram nas sa-colas amostradas não foram utilizadaspara efetuar medidas. Tendo em vista osbaixos resultados obtidos com a casca dearroz na primeira cultura, esse materialfoi inteiramente substituído por uma mis-tura de casca de arroz e solo da estufa(Podzólico vermelho-amarelo, Unidadede Mapeamento São Pedro), na propor-ção de 50% de cada componente, antesde iniciar o segundo ciclo da cultura.

a. Caracterização física dos mate-riais

As variáveis físicas determinadaspara cada substrato foram a densidade ea capacidade máxima de retenção de

água. Para realizar essas determinações,os materiais foram previamente secosem estufa, na temperatura de aproxima-damente 50ºC, durante 48 horas. Paradeterminar a densidade de cadasubstrato, mediu-se a massa seca cor-respondente ao volume de um litro, apósadensamento natural por agitação ma-nual. Imediatamente após a pesagem, osmateriais foram acondicionados em sa-colas plásticas com capacidade de doislitros e saturados com água. Após a sa-turação, as sacolas foram fechadas naparte superior e grande número de per-furações finas foi efetuado na parte in-ferior e lateral das mesmas, com auxí-lio de uma agulha histológica. Para as-segurar a livre drenagem da água exce-dente através dos orifícios, as sacolasforam suspensas durante aproximada-mente 14 horas, no período entre o finalda tarde e o início da manhã seguinte,quando foram novamente pesadas paradeterminar a massa úmida. A diferençade massa entre os valores das pesagensúmida e seca representou o volume deágua retido e esse valor expresso em por-centagem da massa úmida, representoua capacidade máxima de retenção deágua (Gras, 1987; Andriolo & Poerschke,1997Foram efetuadas cinco repetiçõespara cada uma das determinações e nofinal foram calculadas as médias.

Para avaliar a evolução das caracte-rísticas físicas dos substratos, as deter-minações foram repetidas no início decada uma das duas culturas de tomatei-ro, respectivamente em março (ciclo 97/1) e julho (ciclo 97/2) de 1997, e tam-bém uma avaliação final após encerra-mento do último ensaio (98/1). Para rea-lizar essas determinações, foi sorteadauma sacola dentro da área útil de cadaparcela, mais uma adicional entre as qua-tro parcelas de cada bloco, totalizandocinco amostras de cada material. Em cadaciclo, as medidas foram efetuadas sem-pre sobre o material das mesmas saco-las, de forma a detectar sua evolução nodecorrer dos ciclos de cultura.

b. Avaliação do crescimento e de-senvolvimento da cultura

Para avaliar o comportamento do to-mateiro (Lycopersicon esculentum Mill.)nos diferentes materiais estudados, foramimplantadas duas culturas. A primeiracom o híbrido longa-vida Diva, semea-do em 20 de fevereiro e transplantadopara as sacolas no dia 19 de março.

J.L. Andriolo et al.

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O experimento foi concluído aos 138dias após o transplante, quando foideterminada a massa seca (após se-cagem em estufa a ±50ºC, até peso cons-tante) de folhas, caule e frutos e a áreafoliar, esta última por meio da relaçãoentre a massa seca e a área de 40 discos(diâmetro de oito milímetros) de cadaplanta, coletados em folhas representa-tivas do dossel da cultura. A segundacultura foi realizada com o híbrido Mon-te Carlo, com semeadura em 22 de agos-to e transplante em 21 de setembro. Oexperimento foi concluído aos 87 diasapós o transplante, determinando-se asmesmas variáveis de crescimento defi-nidas no ensaio anterior. As mudas des-tinadas à implantação de ambas as cultu-ras foram produzidas em bandejas depoliestireno e transplantadas no estádiode seis folhas definitivas. As sacolas plás-ticas de coloração branca e capacidadepara 10 litros foram preenchidas com osseguintes volumes, em litros, de cada umdos substratos secos: húmus = 3,9; co-mercial-1 = 3,7; comercial-2 = 4,1; cas-ca de arroz = 8,5; casca de arroz e solo =5,7. O volume de cada um dos substratosfoi determinado de acordo com a capaci-dade de retenção de água de cada mate-rial, a fim de manter para cada planta um

volume semelhante de água facilmenteutilizável, da ordem de 1.250 mL planta-

1. As sacolas contendo os substratos fo-ram arranjadas sobre camalhões de apro-ximadamente 25 cm de altura, revesti-dos com filme de polietileno opaco decoloração preta, construídos no interiorde uma estufa de polietileno tipo “Pampeana” de 500 m2 , localizada noDepartamento de Fitotecnia da Univer-sidade Federal de Santa Maria-RS. Odelineamento experimental foi o de blo-cos casualizados completos, com quatrorepetições, sendo a área útil de cada par-cela formada por cinco sacolas, que pos-teriormente receberam as mudas.

A fertirrigação foi efetuada em inter-valos semanais durante todo o ciclo dasculturas, com as seguintes quantidades defertilizantes, em g planta-1 : nitrato de po-tássio = 4; nitrato de cálcio = 6,3; superfosfato simples = 1,5; sulfato de magnésio= 3. O ferrro foi fornecido separadamenteatravés de uma formulação quelatizada,na dose de 0,13 mL planta-1 e os demaismicronutrientes através de uma soluçãocompleta, na dose de 0,7 mL planta- 1

(Andriolo & Poerschke ,1997). Nos inter-valos entre duas fertirrigações sucessivas,foi efetuada somente a irrigação das plan-tas, por gotejamento. A frequência e os

volumes de água fornecidos em cada irri-gação foram estimados de forma a reporo consumo pela transpiração das plantase ao mesmo tempo restabelecer o volumeretido na capacidade máxima de retençãode cada substrato. Uma drenagem de apro-ximadamente 30% do volume retido foiefetuada no dia anterior a cada uma dasfertirrigações, a fim de lixiviar para foradas sacolas os elementos eventualmentenão absorvidos pelas plantas. O manejodo ambiente da estufa foi efetuado porventilação natural, por meio da aberturadas cortinas laterais às 9:00h e fechamen-to às 15:00h, aproximadamente. A densi-dade de plantas foi de 2,2 plantas m-2, emfileiras simples (1,0m entre fileiras e0,45m entre plantas), conduzidas com umahaste por meio de fitas plásticas, remo-vendo-se as ramificações axilares uma vezpor semana. Um hormônio vegetal comer-cial (citocinina na concentração 8 ́  10-5 %)foi aplicado duas vezes por semana du-rante o período de inverno, quando as tem-peraturas diurnas se situaram em valoresinferiores a 18ºC, a fim de estimular o cres-cimento dos frutos jovens e compensarpossíveis falhas na polinização(FAO, 1990a). Na primeira cultura foramefetuadas duas aplicações de fungicidaspara o controle do oídio e na segunda cul-

Tabela 1 - Valores de densidade, massa úmida, volume retido e capacidade máxima de retenção de água (CR) dos substratos, no início dosdois ciclos e no final do segundo ciclo da cultura do tomateiro. Santa Maria, UFSM, 1997*. (Os dados entre parênteses indicam os valoresrelativos em relação àqueles medidos no ciclo 97/1).

Substrato Densidade(g L-1)

Massa úmida(g L-1)

Volume retido(ml L-1)

CR(%)

Início do ciclo da cultura 97/1Húmus 483,9 a 1.126,0 a 642,1 a 57Comercial-1 345,8 b 1.018,5 a 672,7 a 66Comercial-2 312,7 c 920,0 b 607,3 b 66Casca de arroz 140,9 d 434,7 c 293,8 c 66Início do ciclo da cultura 97/2Húmus 448,4 b (92,6) 1.202,0 a (106) 753,6 a (117) 63Comercial-1 326,2 c (94,3) 916,1 c (90) 589,9 b (88) 64Comercial-2 283,1 d (90,5) 810,8 d (88) 527,7 c (87) 65Casca de arroz e solo 677,9 a 1.112,4 b 434,5 d 39Final do ciclo da cultura 97/2Húmus 391,5 b (80,9) 1.079,3 a (96) 687,8 a (107) 64Comercial-1 273,6 c (79,1) 899,8 b (88) 626,2 b (93) 70Comercial-2 244,4 d (78,1) 813,9 c (88) 569,5 c (94) 70Casca de arroz e solo 678,4 a (100) 1.088,8 a (98) 410,4 d (94) 38* Médias seguidas pela mesma letra na vertical não diferem entre si pelo teste de Duncan a 5% de probabilidade.

Caracterização e avaliação de substratos para o cultivo do tomateiro fora do solo.

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tura somente duas aplicações de acaricidaforam necessárias.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

a. Caracterização física dos mate-riais

O húmus foi o material que apresen-tou a maior densidade, seguido pelasubstrato comercial e pela casca de ar-roz (Tabela 1). A adição de solo à cascade arroz aumentou a densidade de 141para 678 g L-1. O húmus e o substratocomercial apresentaram perda de den-sidade de um ciclo de cultura para ooutro. A perda foi visível já no final doprimeiro ciclo, variando de 8 a 10%,aproximadamente. O substrato comer-cial-2, constituído pelo mesmo materialdo comercial-1 e tendo passado porum ciclo de cultura adicional, apresen-tou redução mais acentuada após o cul-tivo 97/1. No final do ciclo 97/2, os trêssubstratos acumularam uma perda seme-lhante, da ordem de 20%, em relaçãoaos valores iniciais. Essa perda não foiobservada na mistura de casca de arroze solo, que mostrou densidade similarapós um ciclo de cultura.

O húmus e o comercial-1 foram osmateriais que apresentaram valores ini-ciais mais elevados de massa úmida,seguidos pelos substratos comercial-2 ea mistura de casca de arroz e solo (Ta-bela 1). Essa variável mostrou tendên-cia decrescente entre o início do primei-ro e o final do segundo ciclo de produ-

ção e de forma mais intensa no substratocomercial. A diferença entre a massaúmida e a densidade indica o volume deágua retido por unidade de volume desubstrato. No início do ciclo 97/1, omaior volume foi medido no húmus eno substrato comercial-1, enquanto acasca de arroz isolada reteve aproxima-damente 50% do volume retido pelosoutros substratos estudados. Os valoresdo volume retido mostraram alteraçãoapós um ciclo de cultura, passando ohúmus a reter maior volume que os de-mais substratos, até o final do experi-mento. A mistura de casca de arroz esolo também mostrou redução do volu-me de água retido após um ciclo de cul-tura e seu valor absoluto foi aproxima-damente 40% menor do que aquele dohúmus. Os valores de capacidade máxi-ma de retenção de água variaram apro-ximadamente entre 60 e 70% tanto parao húmus como para o substrato comer-cial e foram próximos de 40% para amistura de casca de arroz e solo.

A vida útil de um substrato orgâni-co é determinada principalmente pelavelocidade das reações de decomposi-ção, que modificam a textura do mate-rial e, consequentemente, a proporçãoentre as fases sólida, líquida e gasosa.Tanto o húmus como o substrato comer-cial mostraram degradação, estimadapela perda de densidade, após dois ci-clos de cultura. Entretanto, esta degra-dação repercutiu de maneira diferentesobre o volume retido por esses dois

materiais, que diminuiu apenas nosubstrato comercial. Esse comportamen-to está provavelmente relacionado coma composição física desses doissubstratos. O húmus se caracteriza pormaior homogeneidade de partículas esua degradação é mais lenta, pois o ma-terial já passou por transformações bio-lógicas no aparelho digestivo das mi-nhocas. Por outro lado, o substrato co-mercial empregado no experimento foidefinido pelo fabricante como uma mis-tura de vermiculita e resíduos vegetaistriturados, o que implica maiorheterogeneidade de partículas. Avermiculita é um material constituídopor lamelas expandidas de silicatos, quesofrem rapidamente fragmentação me-cânica e saturação química. A fraçãofina das partículas desagregadas é facil-mente carregada pelos volumes drena-dos. Esses fatores reduzem aplasticidade, aumentando acompactação e diminuindo o volume deágua retido (Moinereau et al., 1987).

A massa úmida dos substratos com-parados não se constituiu em fatorlimitante à sua utilização. Essa variávelse torna limitante somente quando atin-ge valores muito elevados, dificultandoo seu manuseio na lavoura. Cada sacolacontendo aproximadamente quatro litrosde húmus, que foi o substrato que apre-sentou o maior valor para essa variável,atingiu uma massa úmida inferior a cin-co quilogramas. Por outro lado, o volu-me de água retido foi muito baixo na

SubstratoMatéria seca (g planta-1)

FMSF IAFProduçãode frutos

(g planta-1)Caule Folhas Frutos Total

Ciclo da cultura 97/1Húmus 67,3 b 51,3 a 135,4 a 254,2 ab 0,53 4,7 ab 2.709, aComercial-1 96,1 ab 61,0 a 108,2 ab 265,3 ab 0,41 6,0 a 2.164, abComercial-2 101,7 a 56,3 a 128,1 a 286,1 a 0,45 5,1 ab 2.562, aCasca de arroz 83,6 b 33,5 a 77,2 b 194,4 b 0,40 3,0 c 1.544, bCiclo da cultura 97/2Húmus 87,1 ab 60,7 a 120,1 a 267,8 a 0,44 3,4 b 2.401,7 aComercial-1 95,4 a 68,5 a 137,9 a 301,8 a 0,45 4,7 a 2.757,9 aComercial-2 86,3 ab 56,3 a 105,9 a 260,5 a 0,43 3,1 b 2.117,4 aCasca de arroz e solo 81,7 b 61,1 a 141,1 a 283,9 a 0,50 3,3 b 2.823,0 a

Tabela 2 - Valores de matéria seca de caule, folhas, frutos e total da planta, fração da matéria seca total alocada para os frutos (FMSF), índicede área foliar (IAF) e produção de frutos de tomateiro determinados ao término de cada um dos experimentos. Santa Maria, UFSM, 1997*.

* Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Duncan a 5% de probabilidade.

J.L. Andriolo et al.

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casca de arroz empregada isoladamen-te. Nesse substrato, a água disponívelàs plantas diminuiu muito rapidamente,exigindo irrigações frequentes. Esse in-conveniente se torna ainda mais acen-tuado quando a demanda evaporativa daatmosfera é elevada. Trata-se de umasituação pouco favorável à cultura, por-que dificulta o manejo correto da águae aumenta os volumes drenados, queestão associados também a uma maiorperda de nutrientes. A mistura dessematerial com o solo se mostra uma al-ternativa simples e eficiente paraminimizar seus defeitos e permitir oemprego como substrato.

b. Comportamento da cultura dotomateiro

A produção de matéria seca no finaldos ensaios mostra que a repartição dabiomassa total entre os órgãos da parteaérea da planta foi diferente entre ossubstratos estudados (Tabela 2). No ciclo97/1, a produção de matéria secavegetativa, formada pelo caule e folhas,foi mais elevada nos substratos comer-cial-1 e comercial-2. O húmus e a casca dearroz apresentaram valores semelhantespara essa variável. Porém, a maior dife-rença foi constatada na produção de fru-tos, que foi 38% menor na casca de arrozquando comparada com a média dos ou-tros três substratos, que não diferiram sig-nificativamente entre si. A fração de ma-téria seca alocada para os frutos foi maiselevada no húmus e no comercial-2. Amistura de casca de arroz e solo mostrouo valor mais baixo do índice de área foliar.

No ciclo 97/2, não houve diferençassignificativas entre os substratos na pro-dução de matéria seca de folhas e de fru-tos (Tabela 2). Porém, houve diferençana acumulação de matéria seca do cau-le, que foi mais baixa na mistura de cas-ca de arroz e solo em relação aosubstrato comercial-1. A produção defrutos não mostrou diferenças significa-tivas entre os tratamentos, porém o va-lor mais elevado foi observado na mis-tura de casca de arroz e solo.

A utilização da casca de arroz isola-damente reduziu a produção de frutos,indicando que para ser eficiente comosubstrato esse material deverá ser em-pregado em mistura com outros materiais

capazes de reter um maior volume deágua. O baixo volume retido repercutenegativamente sobre o rendimento dacultura porque dificulta o manejo tantoda água como dos nutrientes. Com rela-ção ao primeiro, o volume disponívelàs plantas passa rapidamente de umasituação de potencial hídrico total pró-ximo de zero para valores negativos, osquais induzem o estresse hídrico, com aentrada em ação dos mecanismos fisio-lógicos de controle da transpiração. Oprincipal mecanismo dessa natureza é ofechamento dos estômatos, que reduzsimultaneamente a saída de vapord’agua e a taxa de fotossíntese (Urban,1991). Fenômeno semelhante ocorrecom a nutrição mineral, pois somenteuma pequena fração dos nutrientes ficaretida pelo substrato, induzindo umaforte lixiviação pela drenagem. Emsubstratos desse tipo a fertirrigação con-tínua com uma solução nutritiva com-pleta é quase obrigatória (Baille, 1994).

Os resultados apresentados são im-portantes para a produção comercial dotomateiro, pois mostram que substratosde baixo custo como a casca de arroz eo húmus proveniente da minhoculturase constituem em materiais apropriadospara uso como substrato, possuindo ca-racterísticas similares ao substrato co-mercial testado. A casca de arroz é umsubproduto abundante da agroindústriaarrozeira e o húmus pode ser produzidofacilmente nas propriedades rurais. In-dicam também que outras misturas demateriais podem ser empregadas comsucesso, desde que apresentem caracte-rísticas físicas semelhantes àquelasmostrados neste trabalho. Entretanto, ossubstratos orgânicos são materiais bio-logicamente ativos que sofrem transfor-mações no decorrer do tempo. Por isso,suas características físicas devem serreavaliadas periodicamente e nenhumageneralização pode ser feita em relaçãoa sua vida útil.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem ao Eng.º Agrº.Nereu Streck pelo fornecimento dohúmus empregado nos ensaios e tam-bém à FAPERGS - Fundação de

Âmparo à Pesquisa do Estado do RioGrande do Sul, pela concessão de umabolsa de Iniciação Científica a um dosautores do trabalho.

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Caracterização e avaliação de substratos para o cultivo do tomateiro fora do solo.

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RESUMO

Com o objetivo de estudar comparativamente a exigêncianutricional de plantas de alho provenientes de cultura de tecidos emultiplicadas de forma convencional, foi conduzido um experimen-to sob condições de campo, no Setor de Olericultura da Universida-de Federal de Lavras (MG). O experimento foi montado em delinea-mento de blocos casualizados com quatro repetições e esquema deparcelas subdivididas no tempo. Os tratamentos foram constituídospor plantas provenientes de cultura de tecidos (cultura de meristemas)e multiplicadas de forma convencional e sete épocas de avaliação:30, 50, 70, 90, 110, 130, e 150 dias após o plantio. Em cada épocaforam coletadas seis plantas/parcela, avaliado o peso da matéria secada parte aérea e do bulbo e determinadas as quantidades acumula-das de N, P, K, Ca, Mg, S, B, Zn, Cu, Mn e Fe em cada parte. Demaneira geral a absorção de nutrientes acompanhou o crescimentoda planta, em ambas as formas de multiplicação, sendo que o acúmulofoi mais intenso entre 70 e 110 dias na parte aérea e 90 e 150 dias nobulbo. Diferenças significativas no acúmulo de nutrientes entre asformas de multiplicação foram verificadas somente na fase que coin-cidiu com o máximo desenvolvimento da parte aérea e do bulbo. Asplantas multiplicadas por via convencional mostraram maior exi-gência por nitrogênio, em relação ao potássio, que plantas prove-nientes de cultura de tecidos. As plantas obtidas por cultura de teci-dos acumularam quantidades significativamente maiores de nutrien-tes do que as obtidas de forma convencional e as diferençaspercentuais na época da colheita foram da seguinte magnitude: Ca -83,2%, K - 77,8%, S - 70,0%, Mg - 62,7%, P - 55,5%, N - 16,0%, Fe- 116,6%, Mn - 94,5%, Cu - 64,7%, Zn - 62,7%, B - 57,3%.

Palavras-chave: Allium sativum L., multiplicação “in vitro”,crescimento, nutrição mineral.

RESENDE, F.V.; FAQUIN, V. ; SOUZA, R.J. de; SILVA, V.S. Acúmulo de matéria seca e exigências nutricionais de plantas de alho provenientes de culturade tecidos e de propagação convencional. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 17 n. 3, p .220-226, novembro 1999.

Acúmulo de matéria seca e exigências nutricionais de plantas de alhoprovenientes de cultura de tecidos e de propagação convencional1.Francisco Vilela Resende 1, Valdemar Faquin2, Rovilson José de Souza2, Vanderlei S. Santos2

1UNIMAR - Faculdade de Ciências Agrárias, C. Postal 554, 17.525-902 Marília - SP, E-mail: [email protected]; 2UFLA, C. Postal37, 37.200-000 Lavras - MG.

ABSTRACT

Dry matter accumulation and nutritional requirements ofgarlic planted with cloves obtained by tissue culture or produceddirectly on the field.

An experiment was conducted under field conditions with theobjective of studying differences on nutrient uptake and dry matteraccumulation, between garlic plants produced from cloves obtainedby tissue culture and plants originated from cloves produced directlyin the field. A randomized block design with four replications wasused in the split-plot scheme. The treatments consisted of garlic plantsobtained from tissue culture (meristem-tip culture) and from clovesproduced in the field, evaluated 30, 50, 70, 90, 110, 130, and 150 daysafter planting. At each period, six plants/plot were collected and drymatter of both aerial part and bulb were evaluated. Accumulatedamounts of N, P, K, Ca, Mg, S, B, Zn, Cu, Mn and Fe in the garlicplants were also determined. In general, the amount of nutrient uptakecorresponded to the development of the plants in both propagationsystem. Nutrient uptake was more intense between 70 and 110 days inthe aerial part of the plants, and 90 and 150 days in the bulb. Differencesin nutrient uptake between these two multiplication systems wereverified only at the maximum development of both aerial and bulbportions. Plants originated from field propagation required morenitrogen than potassium when compared to those previouslypropagated by tissue culture. Plants originated from tissue cultureaccumulated more nutrients than those obtained from cloves produceddirectty on the field. These differences in nutrient accumulation wereobserved at the harvesting time and were expressed as percentage: Ca– 83.2%, K – 77.8%, S – 70.0%, Mg – 62.7%, P – 55.5%, N – 16.0%,Fe – 116.6%, Mn – 94.5%, Cu – 64.7%, Zn – 62.7%, B – 57.3%.

Keywords: Allium sativum L., “in vitro” multiplication, growth,mineral nutrition.

(Aceito para publicação em 11 de agosto de 1999)

A produtividade brasileira de alho,4,83 t/ha (IBGE, 1998), encontra-

se ainda muito abaixo da média mundial,principalmente se comparada a depaíses como Argentina (7,57 t/ha), Chi-na (8,67), EUA (12,17 t/ha) e Egito(24,47 t/ha) (FAO, 1998). Entretanto,quando conduzido em condições de cli-ma e solo adequadas, o alho chega a atin-gir, no Brasil, produtividades de até 12t/ha (Blank et al.,1998). No Egito, emregiões de solos férteis a produtividade

chega a 30t/ha (Menezes Sobrinho,1984), mostrando que a nutrição mine-ral adequada das plantas é um dos com-ponentes de produção mais importantespara a cultura.

Tem sido mostrado que o alho é umadas hortaliças mais exigentes em nutrien-tes (Oliveira et al., 1971), inclusiveem alguns micronutrientes como o B eo Zn, sendo necessário em muitos ca-sos, a realização de adubações com osmesmos (Garcia et al., 1994). Entretan-

to, muitas vezes, a nutrição mineral éum dos fatores que recebe menos aten-ção pelos produtores brasileiros, causan-do sérios prejuízos não só à produção,como também à conservação pós-co-lheita dos bulbos.

A extração de nutrientes pelo alhoapresenta uma relação bastante diretacom o crescimento e desenvolvimentoda planta. O crescimento da cultura seacentua a partir dos 60 dias e cessa aos120 dias após o plantio e a bulbificação

1 Parte da tese de doutoramento do primeiro autor apresentada à Universidade Federal de Lavras (UFLA), Lavras - MG.

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2 2 1Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999.

inicia-se por volta dos 70 dias, intensi-ficando-se entre 90 até 130 dias após oplantio (Zink, 1963; Silva et al., 1970).Estes autores mencionam ainda, que oacúmulo de nutrientes até os 45 dias éreduzido, sendo que o nitrogênio e opotássio são acumulados intensamentenos períodos subsequentes. Os demaismacronutrientes são acumulados emmenor quantidade, acompanhando acurva de crescimento. Osmicronutrientes são acumulados ativa-mente, porém de forma inconstante,desde os primeiros dias da cultura. Apartir dos 45 dias, o ferro é acumuladointensamente, destacando-se como omicronutriente acumulado em maiorquantidade pelo alho. Os demaismicronutrientes são acumulados emquantidades menores e com menor in-tensidade, contudo, destacam-se o zin-co e o manganês, que apresentam umacúmulo elevado no período entre 120a 135 dias (Silva et al.,1970). Algumastécnicas de cultura de tecidos, com des-taque para cultura de meristemas, têmsido utilizadas com êxito, visando recu-perar a sanidade de clones infectados porviroses de espécies multiplicadasvegetativamente como a batata, alho,moranguinho, batata-doce,mandioquinha-salsa, dentre outras.Sabe-se que a presença de vírus nasplantas ocasiona uma série de distúrbiosnas funções da célula, afetando prin-cipalmente a síntese de proteínas, alémda inibição da fotossíntese, transportede assimilados, ação de reguladores decrescimento e redução da produção(Gibbs & Harrison, 1979), sendo quemuitas destas funções envolvem diretaou indiretamente a participação de nu-trientes minerais. Na cultura do alho, aeliminação de alguns vírus pela culturade meristema, tem proporcionado au-mentos significativos no vigorvegetativo (Walkey & Antill, 1989;Resende et al., 1995), na produtividadee qualidade dos bulbos (Walkey &Antill, 1989; Barni & Garcia 1994;Resende et al., 1995). Entretanto, a exi-gência nutricional do alho multiplicadopor cultura de tecidos ainda é poucoconhecida.

O estudo do acúmulo e utilização denutrientes em plantas provenientes decultura de tecidos torna-se necessário

visando adequar a exigência nutricionalà recomendação de adubação dessesmateriais em lavouras comerciais. Nestesentido, este trabalho teve como objeti-vos estudar o acúmulo de matéria seca ea absorção de nutrientes por plantas dealho provenientes de cultura de tecidos,comparativamente ao mesmo materialmultiplicado de forma convencional.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido nocampo, em área experimental do Setorde Olericultura do Departamento deAgricultura da Universidade Federal deLavras (UFLA) em um Latossolo Roxo,cujas características químicas e físicas,analisadas de acordo com a metodologiada Embrapa (1979), foram as seguintes:pH = 6,4, P = 14 mg/dm3, K = 148 mg/dm3 , Ca = 41 mmolc/dm3 , Mg = 18mmolc/dm3 , Al = 1 mmolc/dm3 , V=75% , matéria orgânica = 35 g/dm3 eareia, limo e argila, 210, 280 e 510 g/kg, respectivamente.

Utilizaram-se plantas da cultivarGigante Roxão obtidas de duas formasde multiplicação, sendo que os tratamen-tos foram definidos em função da ob-tenção do material de plantio. O primei-ro tratamento foi composto por bulbosnão indexados para viroses, provenien-tes de cultura de tecidos (propagação “invitro” através de meristemas), obtidospelo Laboratório de Biotecnologia daUFLA. O segundo tratamento foi com-posto por bulbos de plantas multiplica-das de forma convencional na EmbrapaHortaliças, em Brasília DF.

Os tratamentos foram dispostos emdelineamento de blocos casualizados, emum esquema de parcela subdividida notempo, com quatro repetições. Foramcoletadas seis plantas/parcela em inter-valos pré-definidos de 20 dias, resultan-do em sete épocas de coletas: 30, 50, 70,90, 110, 130 e 150 dias após o plantio.

As parcelas foram formadas por can-teiros com 0,20 m de altura, 1,00 m delargura por 2,00 m de comprimento, comcinco fileiras de plantas no espaçamentode 0,20 m entre linhas e 0,10 m entreplantas. A área útil de cada parcela foiconstituída pelas três fileiras centrais,descartando-se duas plantas na extremi-dade de cada fileira, resultando numaárea de 0,9 m2 .

O plantio foi realizado no dia 29/04/95, tomando-se o cuidado de utilizarbulbilhos de mesmo tamanho dentro decada bloco. Após o plantio realizou-seuma aplicação em pré emergência como herbicida Linuron, seguida pela adi-ção de uma camada de 5 cm de cobertu-ra morta composta por casca de arroz.Em função da alta infestação da área porplantas daninhas, foi feita uma segundaaplicação de Linuron em pós-emergên-cia, aos 20 dias após a emergência dasplantas de alho. Todos os demais tratosculturais foram realizados de acordocom as recomendações técnicas para acultura na região.

As adubações foram realizadas deacordo com a análise química do solo eas recomendações da Comissão...(1989). Aplicaram-se 200 kg/ha de P2O5como superfosfato simples, 60 kg/ha deK2O como cloreto de potássio, 50 kg/hade sulfato de magnésio, 15 kg/ha debórax e 10 kg/ha de sulfato de zinco.Foram utilizados 105 kg/ha de nitrogê-nio na forma de uréia, parcelado em 1/3no plantio, 1/3 aos 45 e 1/3 aos 70 diasapós o plantio.

As plantas coletadas foram lavadasem água corrente e enxaguadas em águadestilada, separando-se a parte aérea (fo-lhas + bainhas) do bulbo. As partes fo-ram distribuídas em sacos de papel per-furados e colocadas em uma estufa comcirculação forçada de ar temperatura de± 70oC, para secagem. Após a secagem,o material vegetal foi pesado para ob-tenção da produção de matéria seca,moído e analisado quimicamente paraos macro e micronutrientes.

O N foi determinado pelo métodosemi-micro-kjeldahl com digestão áci-da a quente. O B foi determinado atra-vés do método colorimétrico dacurcumina com digestão por via seca.Para os demais nutrientes foi utilizadoa digestão nitríco-perclórica, sendo asconcentrações no extrato determinadas:P - colorimetria; K - fotometria de cha-ma; S - turbidimetria e o Ca, Mg, Fe,Zn, Cu e Mn por espectrofotometria deabsorção atômica (Malavolta et al.,1989). A quantidade de nutrientes acu-mulada pelo alho foi calculada com baseno teor dos mesmos nos tecidos da par-te aérea e bulbos e na produção de ma-téria seca dessas partes

Exigências nutricionais de plantas de alho provenientes de cultura de tecidos.

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Os dados obtidos foram submetidosaos testes de Lilliefors e Barttlet paraverificar, respectivamente, o ajuste aoscritérios de normalidade ehomogeneidade exigidos para a análisede variância (Little & Hills, 1978). Asdiferentes formas de multiplicação fo-ram comparadas quanto ao acúmulo dematéria seca e nutrientes, em cada épocade amostragem, pelo teste F (Gomes, 1990).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O crescimento das plantas, ilustradopelo acúmulo de matéria seca, foi dimi-nuto no período compreendido entre 30e 70 dias para a parte aérea e 30 e 90 diaspara o bulbo, para as duas formas demultiplicação (Figura 1). O acúmulo dematéria seca, considerando parte aérea +bulbo, mostrou-se significativamente(p<0,01) superior no período compreen-dido entre 90 e 150 dias para as plantasde cultura de tecidos e 110 e 150 diaspara as plantas de propagação convencio-nal, em relação às épocas anteriores.

A partir dos 90 dias para parte aéreae parte aérea + bulbo e, 110 dias para obulbo, o acúmulo de matéria seca dasplantas provenientes de cultura de tecidos

F.V. Resende et al.

Figura 1. Produção de matéria seca em função da idade da planta, pela parte aérea (A),bulbo (B) e parte aérea + bulbo (C) de alho proveniente de cultura de tecidos e de multipli-cação convencional. Lavras, UFLA, 1995.

Figura 2. Acúmulo de nitrogênio, fósforo e potássio em função da idade da planta, pelo alho proveniente de cultura de tecidos e demultiplicação convencional. Lavras, UFLA, 1995.

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2 2 3Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999.

diferiu significativamente (p<0,01) do dasplantas de propagação convencional.

A extração de nutrientes para ambasas formas de multiplicação (cultura detecidos e convencional) acompanhoudiretamente o crescimento das plantas,seguindo, de maneira geral, o compor-tamento observado em outros trabalhos(Zink, 1963; Silva et al.,1970 e Nasci-mento et al., 1996).

Os macronutrientes foram absorvidosem concentrações muito baixas até 50 diasapós o plantio. O período de maior absor-ção do N, P, K, Mg e S foi verificado en-tre 50 e 110 dias (Figuras 2 e 3). O Ca, àexceção dos demais macronutrientes, tevesua extração intensificada somente a par-tir dos 70 dias (Figura 3).

O acúmulo de macronutrientes pelobulbo foi muito pequeno nos primeiros70 dias do ciclo. A partir dos 90 diasforam intensamente acumulados até ofinal do ciclo, com exceção do Ca queteve sua quantidade diminuída no bul-bo a partir de 130 dias.

Entre os micronutrientes, o Cu apre-sentou um padrão de aumento relativa-mente constante no acúmulo pela parteaérea e parte aérea + bulbo desde os 30dias após o plantio, em ambas as for-mas de multiplicação, enquanto os de-mais micronutrientes tiveram sua absor-ção aumentada a partir de 70 dias (Fi-guras 4 e 5). No bulbo o acúmulo de

Exigências nutricionais de plantas de alho provenientes de cultura de tecidos.

Figura 3. Acúmulo de cálcio, magnésio e enxofre em função da idade da planta pelo alhoproveniente de cultura de tecidos e de multiplicação convencional. Lavras, UFLA, 1995.

Figura 4. Acúmulo de Boro, Cobre e Ferro em função da idade da planta, pelo alho proveniente de cultura de tecidos e de multiplicaçãoconvencional. Lavras, UFLA, 1995.

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2 2 4 Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999.

planta aos 150 dias. O K teve seu pontomáximo de acúmulo aos 130 dias (261,5mg/planta) em plantas de cultura de te-cidos e 110 dias (147,1 mg/planta) emplantas propagadas convencionalmente.

Em plantas de propagação conven-cional, verificou-se que a quantidadeacumulada de N foi superior à de K,como tem sido observado com freqüên-cia em trabalhos com alho multiplicadode forma convencional (Zink, 1963, Sil-va et al.,1970; Büll & Nakagawa, 1995).Entretanto, as plantas provenientes decultura de tecidos, mostraram-se maisexigentes em K do que em N. Esta in-versão pode estar relacionada à menordemanda de N em relação ao K pelasplantas de cultura de tecidos, em fun-ção da menor concentração viral em seustecidos. As plantas multiplicadas pelavia convencional, ao contrário, neces-sitam, proporcionalmente ao K, de umaquantidade maior de N para atender àmultiplicação do patógeno. Outra pos-sível explicação para esta inversão estárelacionada às quantidades de matériaseca significativamente superiores pro-duzidas pelo alho de cultura de tecidos,tornando-o mais exigente em K. Estenutriente desempenha um papel funda-mental em espécies que armazenamcompostos orgânicos, como é o caso doalho, atuando no transporte de assimi-lados das folhas para os órgãos de re-serva (Faquin, 1994).

As adubações de cobertura com N,realizadas aos 45 e 70 dias após o plan-tio, alteraram de forma significativa opadrão de absorção deste nutriente emplantas oriundas de cultura de tecidos ede propagação convencional, sendo queas primeiras responderam com maiorintensidade às adubações de cobertura.A resposta à primeira cobertura refle-tiu-se mais significativamente na parteaérea, enquanto após a segunda cober-tura, os bulbos mostraram maior inten-sidade de acúmulo. De 30 para 50 diasverificou-se um acréscimo no acúmulode N de 190,0 e 110,9% na parte aérea e25,1 e 83,3% no bulbo e entre 70 e 90dias, 86,0 e 39,3% na parte aérea e 160,0e 52,2% no bulbo, respectivamente, paraplantas provenientes de cultura de teci-dos e multiplicação convencional.

Quanto aos micronutrientes, foramobservadas diferenças significativas

micronutrientes foi pequeno até 90 dias,sendo intensamente acumulados a par-tir deste ponto até final do ciclo, à exce-ção do B que reduziu a quantidade acu-mulada depois de 130 dias após o plan-tio (Figura 4).

A partir de 110 dias verifica-se umaqueda acentuada no acúmulo de nutrien-tes pela parte aérea da planta, mar-cando o início da senescência das fo-lhas e desencadeando uma fase de in-tensa exportação dos nutrientes para obulbo que se encontra em acelerado pro-cesso de crescimento. É interessantenotar também que, parte da quantidadeabsorvida de alguns nutrientes como oK, Ca, Mg, B e Mn foi perdida ou eli-minada próximo ao final do ciclo dacultura. Este fato também foi observa-do no trabalho de Silva et al. (1970).

As diferenças estatísticas na absor-ção de nutrientes entre plantas oriundasde cultura de tecidos e multiplicadaspelo modo convencional aconteceramno período de maior acúmulo de maté-ria seca pelas plantas. Sabe-se que amultiplicação do vírus acompanhaproporcionalmente o padrão de cresci-mento da planta, de forma que, se a planta

intensifica o crescimento, o mesmo ocor-re com a multiplicação do vírus (Gibbs& Harrison, 1979). Portanto, o alhoproveniente de cultura de tecidos, devi-do ao menor grau de infecção viral, apre-sentou crescimento significativamentesuperior ao multiplicado de forma con-vencional, traduzindo-se conseqüente-mente em maior acúmulo de nutrientes.

Para o acúmulo de N (p<0,05), P(p<0,01) e S (p<0,01), foram observa-das diferenças significativas entre asplantas oriundas das diferentes formasde multiplicação, a partir de 90 dias paraa parte aérea e 110 dias para o bulbo,estendendo-se até 130 dias para o N e150 dias para o P e S. O K, Mg e Cadiferiram (p<0,01) desde os 110 diaspara a parte aérea e para o bulbo.

O N, K e Ca foram os macronutrientesabsorvidos em maior quantidade pelaplanta, tanto no alho proveniente de cul-tura de tecidos quanto no multiplicadode forma convencional. A quantidademáxima de N acumulada na parte aérea+ bulbo por plantas provenientes de cul-tura de tecidos foi de 206,4 mg/plantaaos 130 dias e em plantas multiplicadasde forma convencional foi de 178,0 mg/

F.V. Resende et al.

Figura 5. Acúmulo de Manganês e Zinco em função da idade da planta, pelo alho proveni-ente de cultura de tecidos e de multiplicação convencional. Lavras, UFLA, 1995.

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2 2 5Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999.

(p<0,01) entre plantas oriundas de cultu-ra de tecidos e de multiplicação conven-cional desde de 50 dias e 90 dias para oZn e o Mn, respectivamente para parteaérea e bulbo, 90 e 110 dias para o B, 110e 130 dias para o Cu e 90 dias em ambasas partes para o Fe. Os micronutrientesabsorvidos em maior quantidade foram oB com 580,4 e 368,9 µg/planta e o Fe com7560,8 e 3490,5 µg/planta, respectivamen-te, para o alho de cultura de tecidos e demultiplicação convencional. Silva et al.(1970), verificaram também em seu tra-balho, como sendo estes, osmicronutrientes absorvidos em maiorquantidade pela cultura do alho.

Convertendo-se os dados experimen-tais para uma população de 400.000 plan-tas/ha, obteve-se as quantidades de macroe micronutrientes extraídas em um hec-tare (Tabela 1). Observou-se que o Ca, Ke S entre os macronutrientes e Fe e Mnentre os micronutrientes apresentaram asmaiores diferenças de extração entreplantas provenientes de cultura de teci-dos e propagação convencional.

A extração de nutrientes do solo pelaplanta está diretamente relacionada, alémda intensidade de crescimento, também aonível de produção da cultura. Cultivaresde alho mais produtivas, têm-se mostradotambém como mais exigentes em nutrien-tes (Bogatirenko, 1976; Minardi, 1978).Da mesma forma, o alho proveniente decultura de tecidos tem-se mostrado supe-rior ao mesmo material multiplicado deforma convencional em ensaios de pro-dução a nível de campo, em níveis quevariam desde 3,7% (Garcia et al. 1989)até 104,8% (Resende et al., 1995).

Pode-se concluir que, de maneirageral, o acúmulo de nutrientes intensi-ficou-se 90 dias após o plantio, acom-panhando o crescimento da planta, emambas as formas de multiplicação, sen-do que as plantas obtidas por cultura detecidos mostraram-se mais exigentes emnutrientes comparativamente àquelasmultiplicadas de forma convencional.

A extração de macronutrientes, pe-las plantas obtidas por ambas as formasde multiplicação, deu-se na seguinte or-dem decrescente: N>K>Ca>S>P>Mg, àexceção do K para as plantas oriundasde cultura de tecidos, que foi o nutrientemais exigido. Para os micronutrientes,esta ordem foi: Fe>B>Zn>Mn>Cu, paraas duas formas de multiplicação.

AGRADECIMENTOS

Ao pesquisador João Alves deMenezes Sobrinho (Embrapa Hortali-ças) pelo fornecimento do alho-semen-te, possibilitando a realização deste tra-balho. À Coordenadoria de Aperfeiçoa-mento de Pessoal de Ensino Superior(CAPES) pela concessão da bolsa dedoutorado e à Fundação de Amparo aPesquisa de Minas Gerais (FAPEMIG)pelo apoio financeiro.

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Nutriente Cultura detecidos Convencional Diferença (%)

Macronutrientes (kg/ha)N 82,56 71,20 16,00P 16,60 10,68 55,43K 104,60 58,84 77,77S 22,64 13,32 70,00

Mg 14,12 8,68 62,67Ca 84,56 46,16 83,18

Micronutrientes (g/ha)B 232,16 147,56 57,33

Zn 176,40 108,44 62,67Cu 24,24 14,72 64,67Mn 139,00 71,48 94,45Fe 3.024,32 1.396,20 116,61

Tabela 1. Quantidades totais de nutrientes extraídas pelo alho proveniente de cultura detecidos e de multiplicação convencional. Lavras, UFLA, 1995.

Exigências nutricionais de plantas de alho provenientes de cultura de tecidos.

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RESUMO

Verificou-se o efeito do etileno em combinação com o thidiazuron(TDZ), nitrato de prata (AgNO3) e ácido acetilsalicílico (AAS), naindução e regeneração de embriões em anteras de pimentão,genótipos F1 (PIX21C12#35 x Agronômico 08), (PIX21C04#4 xLinha 004), (PIX22C#31 x Linha 004), (PIX21C15#45 x Ikeda) e(PIX22C#21 x Ikeda). Os botões foram coletados quando sépalas epétalas tinham tamanhos aproximadamente iguais, correspondendoao estádio de anteras com micrósporos uninucleados. As anteras fo-ram inoculadas em placa de Petri contendo meio de cultura C adicio-nado de 4,5 mM de TDZ; meio C acrescido de 0,05 mM de 2,4-D,0,05 mM de cinetina e 88,8 mM de AAS; meio C acrescido de 0,05mM de 2,4-D, 0,05 mM de cinetina e 5,0 mg/L de AgNO3. Em se-guida, foram colocadas em ambiente escuro a 35oC durante oito diase enriquecido com ethephon, por 0; 2; 4; 6 ou 8 dias num esquemafatorial com quatro repetições, sendo cada placa considerada umaparcela contendo 20 a 24 anteras. O período de permanência de qua-tro dias, em ambiente enriquecido com ethephon, e os meios comTDZ e AgNO3, foram os mais favoráveis à indução de anteras. OTDZ também promoveu maior indução de calos embriogênicos. Asmaiores taxas de necrose ocorreram no meio com AAS. Só ocorreuregeneração direta em plântulas no meio C acrescido de 5 mg/L deAgNO3, sendo oito dias o melhor período. Os genótipos maisresponsivos foram PIX22C#31 x linha 004 e PIX22C#21 x Ikeda.Observou-se a formação de plântulas haplóides e diplóides median-te análise da ponta de raíz. Considerando-se que a regeneração foidireta, sem passar por calos, supõe-se que as plântulas diplóidesobtidas sejam provenientes dos micrósporos, devendo portanto terocorrido uma diploidização in vitro.

Palavras-chave: Capsicum annuum L., melhoramento, biotecnologia,cultura de tecidos.

LUZ, J.M.Q.; PINTO, J.B.P.P.; EHLERT, P.A.D.; CERQUEIRA, E.S.; BEDIN, I. Ação do etileno em combinação com thidiazuron, nitrato de prata e ácidoacetilsalicílico na cultura de anteras de pimentão. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 17, n. 3, p. 226-230, novembro 1999.

Ação do etileno em combinação com thidiazuron, nitrato de prata e áci-do acetilsalicílico na cultura de anteras de pimentão.José Magno Q. Luz1; José Eduardo B. P. Pinto2; Polyana Aparecida D. Ehlert2; Estér Solange Cerqueira2;Ivan Bedin2

1UFU – Dep to. Agronomia, Campus Umuarama, C. Postal: 593, , 38.400-902 Uberlândia - MG; 2UFLA – Dep to. Agricultura, C. Postal:37, 37.200-000 Lavras – MG.

ABSTRACT

Ethylene action in combination with Thidiazuron (TDZ),silver nitrate (AgNO

3) and acetylsalicylic acid on sweet pepper

anther culture.

The influence of ethylene used in combination with Thidiazuron(TDZ), silver nitrate (AgNO3) and acetylsalicylic acid (ASA) wasevaluated on sweet pepper androgenesis of F1 genotypes(PIX21C12#35 x Agronômico 08, PIX21C04#4 x Line 004,PIX22C#31 x Line 004, PIX21C15#45 x Ikeda and PIX22C#21 xIkeda). Floral buds were collected when sepals and petals wereapproximately of equal size, corresponding to the uninucleated stageof microspores. Anthers were placed in Petri dishes containing threemediums: C medium supplemented with TDZ (4.5mM); C mediumplus 2,4-D (0,05mM), Kinetin (0.5mM) and ASA (88,8mM) orAgNO3 (5.0 mg/L). After inoculation, the anthers were kept in theenvironment with ethephon for 0, 2, 4, 6 or 8 days at 35oC for eightdays in the dark. The experiment was conducted in a factorial designwith four replications. Each replicate consisted of one Petri dishcontaining 20-24 anthers. TDZ and AgNO3 were most effective forinducing somatic embryos after four days with Ethrel. The greatestrates of necrosis took place on the medium with AAS. Directregeneration of plantlets occurred only on medium supplementedwith 5 mg/L of AgNO3 after an eight-day treatment with Ethrel. Themost responsive genotypes were PIX22C#31 x Line 004 andPIX22C#21 x Ikeda. Chromosome number of the seedlings wasverified through the root tip analysis which indicated the presenceof haploid and diploid chromosome number. Since regeneration wasdirect, ie without going through callus phase, it is hypothesized thatthe diploid seedlings came from in vitro diploidization.

Keywords: Capsicum annuum L., breeding, biotechnology, tissueculture.

(Aceito para publicação em 14 de setembro de 1999)

F.V. Resende et al.

Page 49: Novembro 1999 ÍNDICE - abhorticultura.com.br · no, Salles, Marcelo, Maria Aparecida, Maria do Carmo, Mirtes, Renato e Sieglinde). Infelizmente neste ano deixamos de contar com a

2 2 7Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999.

Na área de estudos sobre o cultivoin vitro de vegetais, uma das linhas

de pesquisa mais explorada atualmenteé a composição e a influência de gasesnos recipientes de cultivo, bem como aadição de componentes que influenciamna formação e ação destes gases. Sabe-se que estes gases afetam diretamente aresposta do explante, pricipalmente noque diz respeito à embriogênese. Entreeles, o etileno é o principal gás envolvi-do, ocasionando diferentes influênciasconforme a espécie (Auboiron et al.,Adkins et al., 1993, 1990; Nissen, 1994).

Diversos trabalhos mostraram o efei-to do etileno sobre as plantas doadoras(Argarwal & Bhojwani, 1993), o seuefeito e dos seus antagônicos adiciona-dos ao meio de cultura, bem como a re-lação destes com outros componentes domeio, principalmente auxinas. Uma vezque seu efeito geralmente é negativo naembriogênese, são utilizadas em baixasconcentrações ou omitidas na fase deregeneração dos calos devido à maiorbiossíntese de etileno (Ockendon &McClenaghan, 1993; Evans & Batty,1994). O tratamento inicial de anterascom altas temperaturas é essencial paraa embriogênese, pois afeta a ação decompostos adicionados, além de in-fluenciar a biossíntese de etileno(Biddington & Robinson, 1991).

Em pimentão, verificou-se que a pre-sença de 5 mg/L de nitrato de prata(AgNO3) no meio de indução C (Sibi etal., 1979) teve efeito favorável naandrogênese, provavelmente devido aofato do AgNO3 bloquear a ação inibitó-ria do etileno endógeno dos embriões,permitindo assim o maior desenvolvi-mento dos mesmos (Nervo et al.,1994).Em suspensão de células de cenoura,tanto o ácido salicílico (AS) quanto oácido acetilsalicílico (AAS), em formade aspirina, estimularam aembriogênese, numa faixa de concen-tração de 10 à 100µM, e não causaramqualquer prejuízo no crescimento e so-brevivência das células (Herman, 1991).

Devido à interação de diversas subs-tâncias com a produção ou inibição in vitrodo etileno, sabe-se que para várias espé-cies estudadas em técnicas de cultura detecidos, os resultados devem ser interpre-tados com cuidado, principalmente no quediz respeito ao real papel do etileno no

controle da embriogênese. O presente tra-balho teve como objetivo verificar o efei-to das combinações de ethephon com othidiazuron (TDZ), o AgNO3 e o AAS naindução e regeneração de embriões emanteras de pimentão.

MATERIAL E MÉTODOS

Os genótipos utilizados foram oshíbridos F1 (PIX21C12#35 x Agronô-mico 8), (PIX21C04#04 x Linha 004),(PIX22C#31 x Linha 004),(PIX21C15#45 x Ikeda) e (PIX22C#21x Ikeda) sendo PIX21C12#35,PIX21C04#04 e PIX21C15#45 resisten-tes aos nematóides das galhasMeloidogyne javanica e M. incognita(Peixoto, 1995).

As plantas doadoras dos botões flo-rais foram cultivadas em casa de vege-tação sob condições controladas e tem-peratura média de 27oC. Os botões flo-rais foram coletados no estádio de péta-las e sépalas de mesmo tamanho,correspondendo a anteras contendomicrósporos uninucleados. Foramdesinfestados com álcool a 70% por 20segundos e hipoclorito de sódio a 2%,por 10 minutos e, em fluxo laminar, fo-ram lavados 3 vezes com água destila-da e autoclavada. As anteras foram reti-radas com o auxílio de um microscópioestereoscópio em aumento de 40 vezes,descartando-se as danificadas.

As anteras foram inoculadas em pla-ca de Petri contendo meio de cultura C(Sibi et al., 1979) adicionado de 4,5 mMde TDZ; meio C acrescido de 0,05 mMde 2,4-D, 0,05 mM de cinetina e 88,8mM de AAS; meio C acrescido de 0,05mM de 2,4-D, 0,05 mM de cinetina e5.0 mg/L de AgNO3. Após a inoculação,as placas, somente tampadas e não la-cradas, foram colocadas em um recipien-te com volume de dois litros e capa-cidade para doze placas empilhadas.Neste mesmo recipiente foi colocado umbecker contendo 10 ml do produto co-mercial ETHRELâ(Ethephon = ácido 2-cloro etilfosfônico - 240g/L), como fon-te de etileno. O pH foi ajustado em 4(em solução aquosa com pH abaixo de4, o ethephon é estável, ao passo que équebrado liberando etileno, em valoresde pH acima de 4). Posteriormente orecipiente foi hermeticamente fechado

e colocado em BOD a 350C, no escuropor 0, 2, 4, 6 e 8 dias, totalizando quin-ze tratamentos para cada genótipo. Apósestes períodos, as placas foram retira-das do recipiente, vedadas com filmeplástico e recolocadas na BOD até com-pletarem oito dias. Posteriormente, fo-ram colocadas em sala de crescimentoa 26oC com 16 h de luz, onde permane-ceram até o 12o dia após a inoculação.A seguir, as anteras foram transferidaspara o meio R (Sibi et al., 1979),suplementado com 0,5 mM de cinetina.

O delineamento utilizado foi umsplit-plot com parcelas divididas no tem-po de permanência com o ETHRELâ,com 4 repetições, sendo cada placa dePetri uma parcela contendo anteras de 4botões, totalizando de 20 a 24 anteraspor placa. Trinta dias após a inoculaçãono meio C, avaliou-se a percentagem deanteras que continham embrióides, onúmero de embrióides por 100 anterasinoculadas, a percentagem de calosembriogênicos e de anteras necrosadase o número de plantas regeneradas. Osembrióides foram retirados das anterase transferidos para placa de Petri con-tendo meio R adicionado de 9,3 mM decinetina. Os dados foram submetidosquanto à normalidade e homogeneidadeatravés dos testes de Lilliefors e Bartlett,respectivamente e para todas as carac-terísticas foram realizadas análises devariância e teste de média.

As plântulas obtidas nas placas fo-ram transferidas para tubos de ensaio(150 x 25mm) contendo 20 ml de meioR, sem a presença de regulador de cres-cimento. As primeiras plântulas obtidastiveram suas pontas de raízes retiradaspara contagem cromossômica. Apósalcançarem, in vitro, tamanho pouco maiorque 3 cm, as plantas regeneradas foramaclimatadas em casa de vegetação comtemperatura média de 27oC e sobsombrite 50%. As plantas periodica-mente eram irrigadas com solução nu-tritiva até o transplantio definitivo emvasos com solo e adubo químico.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A porcentagem de anteras comembrióides e o número de embrióidespor 100 anteras foram influenciados,significativamente, pelos tratamentos

Etileno em cultura de anteras de pimentão.

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2 2 8 Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999.

com diferentes componentes (TDZ,AgNO3 e AAS) e pelo tempo de perma-nência das anteras nestes meios juntocom ethephon. No entanto, só houveinteração entre o tempo e o meio para aprimeira característica. Não ocorreu efei-to significativo dos genótipos para ascaracterísticas avaliadas, o que pode es-tar relacionado com a exposição dosmeios ao ethephon, que aproximou asrespostas dos diferentes genótipos. Emalguns experimentos com cultura deanteras de pimentão também não ocor-reram diferenças entre genótipos (Sibi etal.,1979; Dumas de Vaulx et al., 1981).

Com relação à porcentagem deanteras com embrióides, na interaçãoentre a composição do meio de culturae o tempo de exposição ao ethephon(Tabela 1), verificou-se que, de manei-ra geral, o tempo de quatro dias foi omais favorável para o meio contendoAAS, enquanto para os meios com TDZ

ou AgNO3, o melhor tempo foi o de doisdias. As maiores induções de anterascom embrióides ocorreram nos meioscom TDZ e AgNO3; o AAS apresentouas menores percentagens de anteras comembrióides. O fato dos períodos de doise quatro dias terem sido os melhores naindução da embriogênese, de certa for-ma, concorda com o verificado porNissen (1994) que, trabalhando comsuspensão de células de cenoura, verifi-cou que altas concentrações do ethephonforam prejudiciais à embriogênese. Nopresente experimento empregando reci-piente hermeticamente fechado, os maio-res tempos de exposição (6 e 8 dias)das anteras ao ethephon, tendenciaramao aumento da concentração de etilenono ambiente que continha as anteras econsequentemente levaram a menorespercentagens de anteras com embriódes.

O TDZ também induziu maior pro-dução de calos, que foi crescente com a

maior exposição das anteras aoethephon, variando de 13,1 a 25,1%, emzero e oito dias de exposição, respecti-vamente (Figura 1). Este efeito podeestar relacionado ao aumento da ativi-dade citocinínica do TDZ pela presen-ça do etileno. Por outro lado, o TDZpode levar à produção de etileno, poisisto é característico das citocininas, por-tanto mais etileno estaria sendo produ-zido, e maior estímulo à ação do TDZestaria ocorrendo, levando à formaçãodos calos (Mok & Mok, 1985). O au-mento do período de exposição aoethephon, resultou em maior porcenta-gem de anteras necrosadas no meioTDZ, o que reforça a consideração an-terior. A respiração e a atividademitótica, durante o desenvolvimento doscalos, resulta em liberação de etileno,levando à degeneração que também geraetileno que, somado ao liberado no re-cipiente pelo ethephon, teria aumenta-do a taxa de necrose das anteras, o queconcorda com Auboiron et al. (1990).

As maiores taxas de necrose ocorre-ram no meio com AAS e também fo-ram crescentes com o incremento doperíodo em ethephon, principalmentepor seis e oito dias (Figura 2). Pode-seinferir que o AAS na concentração de88,9 mM, não foi suficiente para inibiro efeito do etileno, aumentando anecrose à medida em que aumentou otempo de exposição ao ethephon. Poroutro lado, Herman (1991), verificou quetanto o AS, quanto o AAS, em forma deaspirina, estimularam a embriogênese emsuspensão de células de cenoura numafaixa de 10 a 100 mM, sem qualquer pre-juízo no crescimento e sobrevivência dascélulas, e ainda, houve uma direta rela-ção entre a concentração de AS e AAS eo estímulo à embriogênese, com a inibi-ção do etileno.

Com relação ao número deembrióides por 100 anteras, verificou-se que o TDZ também se destacou com170,7 embrióides, mas não diferiu sig-nificativamente do meio acrescido deAgNO3 (155,5 embrióides), consideran-do os genótipos e os tempos de exposi-ção ao ethephon em conjunto. Estes va-lores são próximos aos encontrados porNervo et al. (1994) em anteras dogenótipo PM 687 x Yolo Wonder, tam-bém inoculadas em meio C adicionado

Meios deIndução

Tempo em exposição ao ethephon (dias)

0 2 4 6 8

TDZ 23,0 Ab 38,8 Aa 30,3 Aab 22,0 Ab 21,6 Ab

AgNO3 14,6 ABb 33,7 Aa 25,4 Aab 15,0 ABb 24,6 Ab

AAS 11,9 Bb 10,9 Bb 23,9 Aa 16,9 Bb 17,6 Ab

Tabela 1. Porcentagem de anteras com embrióides, em diferentes meios de indução combi-nados com tempo de permanência com ethephon, considerando dados dos genótipos emconjunto. Lavras (MG), UFLA, 19961.

1 - As médias seguidas de mesma letra (Maiúsculas para meios e minúsculas para o tempocom ethephon) não diferem entre si pelo teste de Tukey (5%).

J.M.Q. Luz et al.

Figura 1. Porcentagem de calos embriogênicos em função de diferentes meios de induçãocombinados com tempo de permanência com ethephon, considerando dados dos genótiposem conjunto. Lavras (MG), UFLA, 1996.

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2 2 9Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999.

de AgNO3. O genótipo PM 687 x YoloWonder é considerado altamenteresponsivo, tendo sido usado como con-trole neste trabalho citado. Consideran-do dados em conjunto dos meios egenótipos, quatro dias de exposição aoethephon foi significativamente favorá-vel, obtendo-se em média 271,8embrióides por 100 anteras (Figura 3).

Apesar de dois e quatro dias teremsido os melhores tempos para a induçãode embrióides nas anteras e terem pro-movido os maiores números deembrióides, o período de oito dias foi omais eficiente na regeneração dos em-briões em plântulas (Tabela 2). Somenteanteras provenientes do meio de induçãoC adicionado de 5 mg/L de AgNO3 rege-neraram plântulas, sendo PIX22C#31 xLinha 004 e PIX22C#21 x Ikeda, osgenótipos mais responsivos (Tabela 2).PIX21C12#35 x Agronômico 8 não re-generou qualquer plântula, permanecen-do os embrióides nos estádios globular etorpedo, até a completa necrose ao lon-go de 60 dias, mesmo quando transferi-dos para o meio R acrescido de 9,3 mMde cinetina. Os embrióides dos outrosgenótipos, quando transferidos para omeio R + 9,3 mM de cinetina, tambémnão regeneraram em plântulas.

As primeiras estruturas de desenvol-vimento dos embriões em plântulas co-meçaram a surgir a partir de 50 dias apósa inoculação no meio de indução C adi-cionado de 5 mg/L de AgNO3 e, aproxi-madamente aos 70 dias, foramtransferidas para o meio R sem regula-dores de crescimento. Ocorreu o desen-volvimento de mais de uma plântula emalguns tubos, sendo estas individualiza-das. As plântulas atingiram o ponto deaclimatação por volta de 100 dias pós-inoculação das anteras.

Algumas plântulas não completaramo desenvolvimento in vitro , morrendoantes de estarem aptas para aclimatação,enquanto outras morreram ainda naaclimatação. Foram constatadas plântulashaplóides e diplóides. Considerando quea regeneração foi direta, sem passar porcalos, supõe-se que as plântulas diplóidesobtidas sejam provenientes dosmicrósporos, devendo ter ocorrido umadiploidização in vitro. Do ponto de vistaprático este fato é desejável, pois o em-prego da colchicina tende a ser uma eta-pa longa sendo possível o surgimento dediplóides. Após as análises citológicas

Etileno em cultura de anteras de pimentão.

GenótipoTempo/

ethefhon(dias)

No total deanteras

inoculadas

No deplântulas

%deplântulas

PIX21C0#04 x 004 4 90 1 1.16 84 2 2.48 81 82 2.5

PIX22C#31 x 004 4 89 3 3.46 85 1 1.28 92 12 12.9

PIX21C15#45 x Ikeda 8 83 2 2.4PIX22C#21 x Ikeda 4 86 3 3.5

6 88 1 1.18 85 4 4.7

Total 864 31 3.6

Tabela 2. Frequência de plantas regeneradas dos genótipos cultivados em meio C adiciona-do de 5 mg/L de AgNO3, em diferentes tempos de permanência com ethephon Lvras (MG),UFLA, 1996.

Figura 2. Porcentagem de anteras necrosadas, em diferentes meios de indução combinadoscom tempo de permanência com ethephon, considerando dados dos genótipos em conjunto.Lavras (MG), UFLA, 1996.

Figura 3. Número de embrióides por 100 anteras, em diferentes tempos de permanência comethephon, considerando dados de genótipos e meio de indução em conjunto. Médias seguidasde mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey (5%). Lavras (MG), UFLA, 1996.

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2 3 0 Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999.

constataram-se três plântulas haplóidese uma diplóide a partir do genótipoPIX22C#31 x Linha 004, uma plântulahaplóide a partir PIX21C15#45 x Ikedae uma haplóide e uma diplóide a partirde PIX22C#21 x Ikeda.

As taxas de regeneração foram emgeral superiores às alcançadas por George& Narayanaswamy (1973) e Sibi et al.(1979); foram semelhantes às obtidas porDumas de Vaulx et al. (1981) e inferio-res às dos trabalhos de Dumas de Vaulxet al. (1981) e Nervo et al. (1994).

Os resultados assemelham-se aosobtidos por Nervo et al. (1994), que al-cançaram altas frequências deembrióides, mas baixas taxas de conver-são em relação ao número deembrióides. Os autores afirmam que esteé o ponto de estrangulamento da técni-ca, e sugerem maiores estudos de fato-res que possam estar relacionados comtal situação. Com base nesta considera-ção e de acordo com os resultados obti-dos, pode-se concluir que a taxa de con-versão em plantas está diretamente li-gada à produção e/ou inibição doetileno, tornando-se cada vez mais im-portante elucidar o real papel deste gásno controle, não só da embriogênese,mas principalmente na fase dematuração dos embriões obtidos.

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J.M.Q. Luz et al.

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2 3 1Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999.

A mancha de MycosphaerellaJohanson é uma doença de grande

importância para a cultura do moran-gueiro (Fragaria x ananassa Duch.), cau-sando perdas significativas de produção,caso não seja controlada (Maas, 1998). Osintoma mais característico são manchasfoliares mais ou menos arredondadas debordas púrpuras e centro claro, que po-dem coalescer e necrosar toda a folha(Maas, 1998). Mycosphaerella fragariae(Tul.) Lind. (anamorfo: Ramulariabrunnea Peck) é encontrado em pratica-mente todos os países onde se cultiva mo-rango, inclusive no Brasil (Maas, 1998;Tanaka et al., 1997). As duas cultivaresmais plantadas no país, Dover e Campi-nas, são suscetíveis ao patógeno. Emboranão tenham sido encontrados dados de per-

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Época de aplicação de fungicida para controle da mancha deMycosphaerella do morangueiro.Cleber Furlanetto1 ; Celso K. Tomita; Adalberto C. Café FilhoUniversidade de Brasília, Departamento de Fitopatologia, 70.910-970 Brasília - DF.

RESUMO

Estudou-se o efeito da época do início da aplicação de fungicidana severidade da mancha de Mycosphaerella fragariae em parcelasexperimentais de morango cv. IAC-Campinas. O ensaio foi condu-zido em área produtora (Brazlândia, DF) em blocos ao acaso comseis tratamentos (épocas de início de pulverização) e quatro repeti-ções. Foram efetuadas aplicações quinzenais com o p.a. prochloraz(450 g i.a/litro) na dosagem de 100 ml/100 litros de água, e testadasas épocas de início de aplicação: Plantio (pulverização por ocasiãodo plantio das mudas, com um total de dez aplicações); Flor1 (apósa primeira florada, oito aplicações); Flor2 (após a segunda florada,seis aplicações); Flor3 (após a terceira florada, quatro aplicações);Flor4 (após a quarta florada, duas aplicações) e Test (testemunhapulverizada com água desde o transplantio). As seguintes variáveisforam avaliadas: produção total acumulada; severidade de doença;número de folhas mortas e sadias; número de hastes lesionadas esadias. Os resultados indicaram que os tratamentos Plantio e Flor1foram superiores aos demais em todos os critérios (Duncan, 5%). Otratamento Flor2 apresentou controle intermediário de doença. Osdemais tratamentos não apresentaram diferenças estatísticas signifi-cativas entre si.

Palavras-chave: Fragaria x ananassa Duch., controle químico,Mycosphaerella fragariae.

ABSTRACT

Timing of fungicide application for Mycosphaerella leaf spotcontrol on strawberry.

The effect of timing of first fungicide application on the severityof Mycosphaerella leaf spot (Mycosphaerella fragariae) on strawberrycv. IAC-Campinas was studied in field plots located in Brazlândia-DF, Brazil. The experiment was conducted as a randomized completeblock design with six treatments (times of first fungicide delivery)and four replicates. The fungicide (prochloraz - 450 g a.i./L) wasdelivered at a dosage of 100 ml/100 L of water, on a 15-day schedule.The following periods for first application were tested: “Plant”: attransplant stage; with a total of ten fungicide applications; “Flor1”: atfirst flowering stage, total of eight applications; “Flor2”: at secondflowering, total of six applications; “Flor3”: at third flowering, totalof four applications; “Flor4”: at fourth flowering, total of twoapplications; “Test”: control plots, sprayed with water starting attransplant. Treatments were ranked accordingly to total fruit yield;disease severity; number of dead and healthy leaves; number of infectedand healthy stems. Results indicated that treatments “Plant” and “Flor1”provided a most efficient control of the disease (Duncan, 5%), followedby treatment “Flor2”. Treatments “Flor3”, “Flor4” and “Test” resultedin poor disease control and were not statistically different.

Keywords: Fragaria x ananassa Duch., Mycosphaerella fragariae.chemical control

(Aceito para publicação em 22 de setembro de 1999)

1 Atualmente no Departamento de Agronomia, Universidade Estadual do Oeste do Paraná C. Postal 091, 85.960 - 000 Marechal Cândido Rondon, PR.Trabalho desenvolvido em parceria com In Vitro Biotecnologia de Plantas, Brasília, DF e apoio do Programa RHAE/CNPq.

das de produção devidos a esta doença,Furlanetto et al. (1996a) apresentaramdados recentes de produção e controle dedoenças da cultura para o Distrito Fede-ral. A utilização de fungicidas, em curtosintervalos de aplicação, é prática rotineirae incorporada ao sistema de produção demorango em todo o Brasil.

A determinação da eficiência deagroquímicos e a otimização da época deaplicação geram informações que podemlevar a uma redução do número total deaplicações e dos custos de produção. Oprochloraz, pertencente ao grupo dosimidazóis, apresenta amplo espectro deação contra ascomicetos e fungos imper-feitos. Até recentemente, sua utilizaçãoprática vinha limitando-se ao controle dedoenças em cereais (Goulart, 1995), mas

existem evidências que o mesmo apre-senta desempenho satisfatório tambémcontra M. fragariae, Colletotrichumacutatum Sim. e C. gloeosporioides(Penz.) Sacc. em morangueiro(Domingues et al., 1994 e Furlanetto etal., 1996b), inclusive permitindo aplica-ções menos freqüentes que aquelas atual-mente utilizadas pelos produtores. O ob-jetivo deste trabalho foi o de determi-nar a melhor época de início de aplica-ção deste fungicida para o controle damancha de Mycosphaerella, utilizando-se o princípio ativo prochloraz.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido no mu-nicípio de Brazlândia, DF, com delinea-

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2 3 2 Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999.

mento experimental de blocos ao acasocom seis tratamentos e quatro repeti-ções. Cada parcela foi composta pordoze plantas da cultivar IAC-Campinas(duas linhas de seis plantas) em umespaçamento de 30 cm entre plantas eentre linhas. Pulverizações quinzenaiscom fungicida à base de prochloraz (450gi.a/L) foram feitas na dosagem de 100ml/100 L de água. As plantas foramirrigadas por aspersão e adubadas deacordo com análise de solo. Não foi feitainoculação artificial dos canteiros. Os tra-tamentos foram os seguintes: 1) Plantio:primeira aplicação de fungicida por oca-sião do plantio, com um total de dez apli-cações ao longo do ciclo da cultura; 2)Flor1: primeira aplicação por ocasião daprimeira florada, com um total de oitoaplicações ao longo do ciclo da cultura;3) Flor2: primeira aplicação por ocasiãoda segunda florada, com um total de seisaplicações ao longo do ciclo da cultura;4) Flor3: primeira aplicação por ocasiãoda terceira florada, com um total de qua-tro aplicações ao longo do ciclo da cul-tura; 5) Flor4: primeira aplicação porocasião da quarta florada, com um totalde duas aplicações ao longo do ciclo dacultura e 6) Test: testemunha pulveriza-da com água, sem aplicação de fungicida.

Foram avaliadas a severidade dadoença em todas as plantas da parcela,após cada florada, o peso e número totalde frutos produzidos durante todo o ci-

clo da cultura, o número total de folhasmortas e de hastes lesionadas, e o núme-ro total de folhas e hastes sadias, apóscada florada. Considerou-se como hastelesionada aquela com pelo menos umalesão. Para avaliação da severidade dadoença foi utilizado um índice de doen-ça (ID) baseado na escala diagramáticadesenvolvida para mancha deStemphyllium em trevo forrageiro (CliveJames, 1971), variando de 1 a 6, cujosvalores correspondem às seguintes per-centagens de área foliar infectada: 1%,5%, 10%, 25%, 50% e 75%. O índice foicalculado como a média aritmética dasnotas atribuídas a todas as plantas da par-cela. Foram analisados apenas os dadosde intensidade de doença coletados apósa quarta florada. Os resultados foramanalisados estatísticamente pelo teste deDuncan (5%).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A severidade da doença foi menorquando as pulverizações foram inicia-das mais cedo (tratamentos 1, 2 e 3),aumentando quando as pulverizaçõesforam iniciadas a partir da terceiraflorada (tratamento 4). Os maiores ín-dices de doença foram observados nostratamentos 5 e 6 (Figura 1). A crescen-te eficiência do controle com pulveri-zações mais precoces ressalta a impor-tância do controle da mancha de

Mycosphaerella por meio da redução dosciclos iniciais de reprodução de lesões,indicando que a taxa de progresso(VanderPlank, 1963) desta mancha foliaré provavelmente muito elevada. A pro-dutividade, tanto em peso quanto emnúmero de frutos, correlacionou-se ne-gativamente com o aumento da severi-dade de doença: o coeficiente de corre-lação para a regressão linear entre índicede doença e peso de frutos foi de r = -0,84 (P < 0,05) e entre o índice de doen-ça e o número total de frutos produzidosfoi de r = - 0,86 (P < 0,05). A alta corre-lação entre as variáveis para avaliação deprodutividade e de severidade de doençamostra que a redução de produtividadeneste experimento foi efetivamente de-vida à incidência de Mycosphaerella emfolhas e hastes. Os tratamentos não pul-verizados ou pulverizados tardiamente(tratamentos 4, 5 e 6) sofreram uma redu-ção de cerca de 50% da produção em com-paração com os tratamentos pulverizadosprecocemente (Figura 2). Maior númerode hastes sadias e menor número de has-tes lesionadas foram encontrados nos tra-tamentos Plantio, Flor1 e Flor2 (Figura 3).A mesma tendência foi observada comrelação ao número de folhas mortas e nú-mero de folhas sadias (Figura 3).

Constatou-se alta correlação entre opeso e número total de frutos produzi-dos (r = 0,99). Isso indica que qualquerdessas variáveis pode ser indistintamen-te adotada como critério para avaliaçãoda produtividade. De maneira análoga,encontrou-se alta correlação (r = 0,98)entre as variáveis número de folhas sa-dias (FS) e de hastes sadias (HS), e cor-relações negativas entre cada uma des-sas variáveis e o índice de doença (IDX FS, r = - 0,79; ID X HS, r = -0,89).Encontrou-se alta correlação (r = 0,90)entre o número de folhas mortas (FM) ehastes lesionadas (HL) e também ele-vada correlação entre cada uma dessasvariáveis e o índice de doença (FM XID, r = 0,94; HL X ID, r = 0,95). Esseresultado certamente verifica a valida-de da adaptação da escala selecionadade Clive James (1971, Key No. 2.4) parao patossistema morango-Mycosphaerella.Entretanto, embora quaisquer dessasvariáveis (FM, HL ou ID) possa ser in-distintamente adotada como critériopara avaliação da severidade de doen-ça, constatou-se que o uso do índice de

C. Furlanetto et al.

Figura 1. Severidade da mancha de Mycosphaerella em morangueiro IAC-Campinas, se-gundo época de início das pulverizações. A severidade da doença foi medida segundo umíndice variando de 1 (1% da área foliar infectada) até 6 (> 75 % da área foliar infectada).Brasília, UnB, 1996.

Plantio: início de pulverizações por ocasião do transplantio das mudas; Flor1: após a primeiraflorada; Flor2: após a segunda florada; Flor3: após a terceira florada; Flor4: após a quartaflorada; 6. Test: Testemunha. Barras com letras iguais não diferem significativamente (Duncan,5%). C.V. = 15%.

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2 3 3Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999.

doença apresentou vantagens compara-tivas se considerada a agilidade de atri-buição de notas em menor tempo.

Em conclusão, os resultados mos-tram que aplicações de fungicidas nasfases iniciais da cultura são essenciaisao controle da mancha deMycosphaerella. Todos os critérios deavaliação indicaram que as pulveriza-ções devem ser iniciadas logo notransplantio, ou no máximo até a segun-da florada. Em aplicações quinzenais,prochloraz apresentou bom controle dadoença e esta freqüência certamentepode servir de padrão de investigaçãoem estudos com outros produtos. Essasinformações são ainda mais importan-tes para o controle da mancha deMycosphaerella pois apontam para umasignificativa redução da quantidade deproduto por ciclo da cultura, uma vezque a prática atual chega a ser de até 30pulverizações por ciclo. Por exemplo,em trabalho realizado no município dePiedade, SP, prochoraz foi o produtomais eficiente em controlar M.fragariae, mas em aplicações semanais(Domingos et al., 1994). Finalmente,cabe ressaltar que, pela elevadatoxicidade do p.a. e por não ser registra-do para o morangueiro, estudos relativosao efeito residual do produto precisamser efetuados antes que seja verificada aviabilidade de utilização em campos deprodução comercial. Por outro lado,prochloraz poderia ser indicado para aproteção das mudas, antes do transplantiodefinitivo em áreas comerciais.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem o Prof.Ricardo Montalván Del Águila peloauxílio nas análises estatísticas.Adalberto C. Café Filho é bolsista deprodutividade em pesquisa/CNPq.

LITERATURA CITADA

CLIVE JAMES, W. A Manual of Assessment Keysfor Plant Diseases . Canada Department ofAgriculture Publication No 1458. 1971.

DOMINGUES, R.J.; TOFOLI, J.G.; OLIVEIRA,S.H.F. Eficiência de fungicidas no controle deColletotrichum gloeosporioides eMycosphaerella fragariae do morango.Summa Phytopathologica, Jabiticabal, v. 20,n. 1, p. 41, 1994.

FURLANETTO, C.; CAFÉ FILHO, A.C.;TOMITA, C.K.; CAVALCANTI, M.H. Doen-ças do morangueiro e aspectos da produçãono Distrito Federal. Horticultura Brasileira,Brasília, v. 14, n. 2, p. 218-220, novembro1996a.

FURLANETTO, C.; CAFÉ FILHO, A.C.;TOMITA, C.K.; CAVALCANTI, M.H. Efici-ência de fungicidas e de um composto líquidobioativo no controle da flor preta do moran-gueiro no Distrito Federal. Fitopatologia Bra-sileira, Brasília, v. 21, p. 399, agosto 1996b.

GOULART, A.C.P. Fungicidas inibidores da sín-tese do ergosterol. II. Imidazoles. RevisãoAnual de Patologia de Plantas, Passo Fundo,v. 3, p. 365-390, 1995.

Época de aplicação de fungicida para controle da mancha de Mycosphaerella do morangueiro.

MAAS, J.L. Compendium of Strawberry Diseases ,2a ed. St. Paul. APS Press. 1998. 98 p.

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VANDERPLANK, J.E. Plant Diseases:Epidemics and Control. New York. AcademicPress. 1963.

Figura 2. Peso e número total de frutos de morango IAC-Campinas, segundo época deinício das pulverizações. Brasília, UnB, 1996.

Plantio: início de pulverizações por ocasião do transplantio das mudas; Flor1: após a primeiraflorada; Flor2: após a segunda florada; Flor3: após a terceira florada; Flor4: após a quartaflorada; 6. Test: Testemunha. Barras com letras iguais não diferem significativamente (Duncan,5%). C.V. = 20%.

Figura 3. Número de hastes lesionadas, hastes sadias e número de folhas mortas e folhassadias em morangueiro IAC-Campinas, segundo época de início das pulverizações. Brasí-lia, UnB, 1996.

Plantio: início de pulverizações por ocasião do transplantio das mudas; Flor1: após a primeiraflorada; Flor2: após a segunda florada; Flor3: após a terceira florada; Flor4: após a quartaflorada; 6. Test: Testemunha. Barras com letras iguais não diferem significativamente (Duncan,5%). C.V. para hastes lesionadas e sadias = 37 e 24 %; C.V. para folhas mortas e sadias = 44 e20 %, respectivamente

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2 3 4 Hortic. bras., v. 16, n. 3, nov. 1999.

insumos e cultivares em teste

RESUMO

Este trabalho teve por objetivo avaliar e selecionar cultivares dealho para as condições edafoclimáticas da microrregião de Picos,PI. O experimento foi conduzido em blocos casualizados comple-tos, com oito tratamentos e quatro repetições. As cultivares avalia-das foram Branco Mineiro, Centenário, Amarante, Chinês, CatetoRoxo, Mexicano II, Cateto Roxo Local e Mossoró. As característi-cas avaliadas foram altura de plantas aos 60 e 90 dias após o plantio,produtividade de bulbos comerciais e incidências de bulbos não co-merciais, bulbilhos aéreos, pseudoperfilhamento, bulbos mal for-mados e de bulbos chochos. A cultivar Mossoró apresentou maioraltura de plantas aos 60 e 90 dias após o plantio. Quanto à produtivi-dade de bulbos comerciais, a cultivar Mossoró foi a mais promisso-ra (4,63 t/ha), porém, não diferindo estatisticamente (P>0,05) dascultivares Cateto Roxo Local (3,94 t/ha) e Cateto Roxo (3,46 t/ha).A cultivar Branco Mineiro teve comportamento semelhante à culti-var Cateto Roxo Local e Cateto Roxo. As menores produtividadescomerciais foram observadas para as cultivares Chinês, Centenário,Amarante e Mexicano II. A cultivar Chinês teve a maior percenta-gem de bulbos não comerciais (80,05%). Observou-se, um baixoíndice de pseudoperfilhamento para todas as cultivares avaliadas.

Palavras-chave: Allium sativum, melhoramento genético,produtividade.

VELOSO, M.E. da C.; DUARTE, R.L.R.; ATHAYDE SOBRINHO, C.; MELO, F. de B.; RIBEIRO, V.Q. Características comerciais de alho em Picos, PI.Horticultura Brasileira, Brasília, v. 17, n. 3. p. 234-237, novembro 1999.

Características comerciais de alho em Picos, PI1 .Marcos Emanuel da C. Veloso; Rosa Lucia R. Duarte; Cândido Athayde Sobrinho; Francisco de B. Melo;Valdenir Q. RibeiroEmbrapa Meio-Norte, C. Postal 01, 64.006-220 Teresina - PI.

ABSTRACT

Evaluation of garlic cultivars in Picos region, PI.

The objective of this study was to evaluate and select garliccultivars for the climatic conditions of Picos region. The experimentwas carried out in a randomized block design, with eight treatmentsand four replications. The evaluated cultivars were Branco Mineiro,Centenário, Amarante, Chinês, Cateto Roxo, Mexicano II, CatetoRoxo Local and Mossoró. There were evaluated the plant height at60 and 90 days after planting, commercial bulbs yield, incidence ofnon-commercial bulbs, top sets, lateral shoots, malformed andshrunken bulbs. The cultivar Mossoró showed the highest plant heightat 60 and 90 days after planting. The highest commercial yields wereobtained from “Mossoró” (4.63 t/ha), being the most promising cul-tivar, and “Cateto Roxo Local” (3.94 t/ha), followed by “CatetoRoxo” (3.46 t/ha). The cv. Branco Mineiro had similar behavior ofCateto Roxo Local and Cateto Roxo cultivars. The cultivars Chinês,Centenário, Amarante and Mexicano II presented the lowestcommercial yields. The cultivar Chinês showed the highestpercentage of non-commercial bulbs (80.5%). All cultivars had lowlateral shoots percentage.

Keywords: Allium sativum, breeding, bulb yield.

(Aceito para publicação em 17 de agosto de 1999).

O estado do Piauí é o décimo pri-meiro produtor de alho do Brasil e

o terceiro do Nordeste (Anuário Esta-tístico do Brasil, 1995). O seu cultivolocaliza-se na microrregião de Picos hámais de um século, concentrando-se nosmunicípios de Picos, Sussuapara eBocaina.

Nos últimos anos, tem ocorrido umaredução sistemática da área plantada comalho no Piauí, passando de 242 ha em1990 (Anuário Estatístico do Brasil,1993) para 38 ha em 1994 (IBGE, 1994)o que significa redução de 84,3%, apro-ximadamente. Os problemas que contri-buíram para essa redução são vários, prin-

cipalmente a ausência de cultivares ge-neticamente superiores, capazes de com-petir com o alho importado, principal-mente da Argentina, Espanha e China.

Segundo Mueller et al. (1986), cita-do por Mueller et al. (1990) existem di-ferenças entre as cultivares de alho, po-dendo-se observar variações na predis-posição ao pseudoperfilhamento e nascaracterísticas morfológicas da planta.Constataram que as cultivares Peruano,Gigante de Inconfidente e Chinês apre-sentaram as maiores alturas das plantasaos 45 dias após o plantio durante quatroanos de estudo, e que houve uma relaçãoentre altura de planta e produtividade

com todas as cultivares estudadas, excetoa cultivar Chinês. Sousa & Casali (1991)concluíram que o incremento na percen-tagem de bulbos superbrotados ocorreucom o aumento das doses de nitrogêniona cultivar Juréia.

As cultivares Branco Mineiro,Cateto Roxo e Gigante Roxão apresen-taram as menores percentagens dechochamento, por ocasião dearmazenamento em condições naturais,aos 60 dias após a colheita (Abreu etal., 1992).

Ferreira (1989) citado por Leal (1998)concluiu que houve uma redução acen-tuada na percentagem de ‘charutos’, à

1 Projeto de pesquisa financiado com recursos do BNB/ETENE/FUNDECI.

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2 3 5Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999.

medida que houve aumento do períodode vernalização do alho semente.

Avaliando 14 cultivares de alho naregião de Utinga, BA, localizada a 600m de altitude e temperatura variando de10 a 25°C, Silva (1983) obteve maiorprodutividade para as cultivares Doura-do (9,58 t/ha), Branco Mineiro (7,13 t/ha), Gigante de Inconfidente (6,12 t/ha),Centenário (5,25 t/ha), Chinês (5,22 t/ha) e Amarante (4,97 t/ha). Em Janaúba,MG. Mascarenhas et al. (1981) concluí-ram que as melhores cultivares quantoao peso médio de bulbos e número mé-dio de bulbilhos por bulbo foram a Gi-gante de Ouro Fino, Chinês, Cultura,Gigante Roxo, Cateto Roxo, Centená-rio e Dourado. Sonnenberg et al. (1976),avaliando seis cultivares de alho nomunicípio de Picos (PI), encontrarammaior produtividade (bulbos secos comfolha), para as cultivares Roxo de Ca-pim Branco (7,67 t/ha), Branco Minei-ro (4,33 t/ha) e Centenário (3,98 t/ha).A cultivar local mostrou baixa produti-vidade (3,73 t/ha) e as cultivaresAmarante e Chinês não formaram bul-bos. Duarte et al. (1990) avaliaram 10cultivares de alho no município de Pi-cos, empregando irrigação por aspersãoe verificaram que as cultivares mais pro-dutivas foram Cateto Roxo (4,92 t/ha) eGigante de Inconfidente (3,64 t/ha).

A escolha adequada da cultivar é umdos principais fatores para o sucesso daalhicultura (Camargo, 1984). Clonescultivados em locais diferentes podemsofrer variações devido às condiçõesclimáticas e fertilidade do solo, o quepressupõe a necessidade de se conhecero comportamento dos materiais adequa-dos para a região (Sousa et al., 1981).

Este trabalho teve por objetivo in-troduzir, avaliar e selecionar cultivaresde alho para o plantio na microrregiãode Picos.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido sobirrigação por microaspersão no municí-pio de Picos, onde o clima, segundo aclassificação de Koeppen, é do tipo Bsh,quente e semi-árido, com estação chu-vosa no verão (IPAM, 1978). A preci-pitação média anual é de 812,4 mm, sen-do que 83,59% aproximadamente, con-

centra-se nos meses de dezembro a abril,com distribuição irregular e períodoseco de maio a novembro. A tempera-tura média anual é de 27,5°C, sendo osmeses de abril a julho os mais frios, commédia de 26°C (Departamento Nacio-nal de Meteorologia, 1992).

Utilizou-se o delineamento experi-mental de blocos ao acaso, com oito tra-tamentos, constituídos pelas cultivarese quatro repetições. As cultivares avalia-das foram Branco Mineiro, Mossoró,Cateto Roxo Local, Cateto Roxo,Amarante, Chinês, Mexicano II e Cen-tenário. Cada parcela foi constituída deum canteiro de 2,0 m de comprimentopor 1,0 m de largura, onde foram plan-tados 80 bulbilhos, enquanto que a áreaútil foi de 1,5 m de comprimento e 0,80m de largura, contendo 48 plantas. Ascaracterísticas avaliadas foram altura deplantas aos 60 e 90 dias após o plantio,produtividade comercial (bulbos comdiâmetros maior que três centímetros),produção de bulbos não comerciais (bul-bos com diâmetro menor que três centí-metros), presença de bulbilhos aéreos,pseudoperfilhamento, bulbosmalformados e bulbos chochos.

O plantio foi realizado no dia 09/05/96, em terra firme, no espaçamento de0,25 m x 0,10 m. As adubações orgâni-ca e química foram efetuadas de acordocom a análise química do solo, por oca-sião do plantio, constituindo-se de 25 t/ha de esterco de curral, 100 kg/ha desulfato de amônio, 200 kg/ha desuperfosfato triplo, 150 kg/ha de cloretode potássio, 10 kg/ha de bórax e 7,5 kg/ha de sulfato de zinco. Os adubos fo-ram incorporados a uma profundidadeaproximada de 0,25 m. Foi realizadauma adubação de cobertura 30 dias apóso plantio, utilizando-se 200 kg/ha desulfato de amônio.

O sistema de irrigação utilizado foio de microaspersão, com emissores es-paçados de 7,0 m x 7,0 m, precipitaçãomédia de 1,9 mm/h e raio de alcance de6,5 m, aproximadamente. Antes do plan-tio, determinou-se o coeficiente de uni-formidade de Christiansen, CUC, o qualfoi de 81,0%, utilizando-se uma pres-são média de 200 Kpa, conforme reco-mendações do fabricante. O manejo deirrigação foi baseado na evaporação dotanque classe A, fornecido pela estação

Meteorológica de Picos e monitoradapor duas baterias de tensiômetros, ins-talados nas linhas de plantio do alho a0,15 e 0,30 m de profundidade. A eva-poração do tanque classe A foi de 1.036mm no período, com um valor máximode 12,44 mm, mínimo de 2,94 mm euma média de 7,67 mm, apresentandoum desvio padrão de 2,00 mm. Foi apli-cada uma lâmina de irrigação de 544mm para as cultivares Branco Mineiro,Centenário, Cateto Roxo Local eMossoró e 728 mm para as cultivaresAmarante, Chinês, Cateto Roxo e Me-xicano II. A colheita dessas cultivaresfoi feita aos 106 e 133 dias, respectiva-mente, após o plantio.

As capinas foram feitas manualmen-te, de acordo com as necessidadesrequeridas. Ao longo do ciclo, houve aocorrência de trips (Trips tabaci), va-quinha (Diabrotica speciosa), fusariose(Fusarium sp.) e mancha púrpura (Al-ternaria porri), as quais foram contro-ladas em tempo hábil com produtos quí-micos específicos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A cultivar Mossoró apresentou a maioraltura de plantas aos 60 dias após o plan-tio, não diferindo, porém, das cultivaresAmarante, Branco Mineiro e Chinês(P>0,05) e estas, não diferindo das demais.A cultivar Mossoró também apresentoumaior altura de plantas aos 90 dias após oplantio, não diferindo (P>0,05), entretan-to, das cultivares Amarante, Branco Mi-neiro, Chinês, Cateto Roxo Local e Cen-tenário (Tabela 1).

O peso de bulbos comerciais e a per-centagem de bulbos não comerciais, 30dias após a colheita, encontram-se naTabela 1. Quanto à produtividade debulbos comerciais, a cultivar Mossorófoi a mais promissora não diferindo,porém, (P>0,05) das cultivares CatetoRoxo Local e Cateto Roxo. A cultivarCateto Roxo (3,46 t/ha) foi superior(P<0,05) às cultivares Mexicano II,Amarante, Centenário e Chinês e tevecomportamento semelhante às cultiva-res Cateto Roxo Local e Mossoró. Acultivar Branco Mineiro chegou a pro-duzir 7,13 t/ha na Bahia, em condiçõesde clima mais ameno (Silva, 1983) e4,33 t/ha no município de Picos, consi-

Características comerciais de alho em Picos, PI.

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2 3 6 Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999.

derando o peso de bulbos secos compalha (Sonnenberg et al., 1976). Em1989, a cultivar Cateto Roxo foi a maisprodutiva no município de Picos, com4,92 t/ha (Duarte et al., 1990). No pre-sente trabalho, a cultivar Cateto Roxo,também se destacou entre as mais pro-dutivas, com uma produção de bulboscomerciais de 3,46 t/ha. A baixa produ-tividade observada nas cultivares Me-xicano II, Amarante, Centenário e Chi-nês ocorreu devido, provavelmente, àausência de temperatura amena.

A maior percentagem de bulbos nãocomerciais foi obtida pela cultivar Chi-nês, com 80,05%, seguida das cultiva-res Amarante e Mexicano II. As culti-vares Mossoró, Cateto Roxo Local,Branco Mineiro e Cateto Roxo apresen-taram as menores percentagens de bul-bos não comerciais (Tabela 1).

Elevado índice de bulbilhos aéreos foiobservado para as cultivares MexicanoII (36,97%), Cateto Roxo Local(24,47%), Mossoró e Amarante (15,10%)(Tabela 2). Observou-se, ainda, um bai-xo índice de pseudoperfilhamento paratodas as cultivares testadas. As percen-tagens de bulbos tipo charuto foram maisacentuadas para as cultivares Centená-rio (18,15%) e Amarante (4,53%). Quan-to à produção de bulbos chochos, a culti-var Mexicano II foi a que apresentou amaior percentagem desse tipo de bulbo(6,13%).

Considerando o aspecto produtivi-dade comercial, conclui-se que os maisaltos índices foram obtidos pelas culti-vares Mossoró (4,63 t/ha), Cateto RoxoLocal (3,94 t/ha) e Cateto Roxo (3,46 t/ha), seguido da cultivar Branco Minei-ro (3,24 t/ha).

CultivaresAltura de plantas (cm) Bulbos comerciais

(t/ha)

Bulbos nãocomerciais

(%)60 dias 90 dias

Mossoró 44,95 a 50,60 a 4,63 a 10,30Amarante 42,52 ab 45,92 ab 1,62 de 46,18Branco Mineiro 41,50 ab 49,22 a 3,24 bc 18,23Chinês 41,10 ab 44,25 ab 0,33 f 80,05Cateto Roxo Local 40,57 b 48,55 ab 3,94 ab 10,31Mexicano II 40,02 b 42,10 b 2,55 cd 39,43Centenário 39,25 b 47,40 ab 0,84 ef 35,34Cateto Roxo 39,07 b 41,82 b 3,46 abc 23,99CV (%) 4,31 6,23 20,90

Tabela 1. Altura de plantas aos 60 e 90 dias após o plantio, produtividade de bulbos comerciais e incidências de bulbos não comerciais aos30 dias após a colheita. Picos (PI), Embrapa Meio-Norte, 1996.

Médias seguidas da mesma letra na vertical, não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey (P<0,05)

Cultivares Bulbilhos aéreos(%)

Pseudoperfilhamento(%)

Bulbos malformados

(%)

Bulbos chochos(%)

Mossoró 15,10 2,08 0,00 1,85Cateto Roxo local 24,47 0,00 0,00 0,00Cateto Roxo 12,50 0,00 0,00 0,22Branco Mineiro 0,00 3,68 0,00 2,03Mexicano II 36,97 1,56 0,00 2,18Amarante 15,10 0,00 4,53 0,00Centenário 0,00 0,00 18,15 6,13Chinês 8,85 0,00 0,42 3,06

Tabela 2. Percentagem de bulbilhos aéreos, pseudoperfilhamento, bulbos mal formados e bulbos chochos, aos 30 dias após a colheita.Picos-PI, Embrapa Meio-Norte, 1996.

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2 3 7Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999.

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RESUMOA traça-das-crucíferas (Plutella xylostella) é a praga mais im-

portante do repolho no Distrito Federal. Seu controle é feito basica-mente com inseticidas. Novos produtos são constantemente avalia-dos para o controle da praga e neste trabalho duas novas formula-ções de Bacillus thuringiensis [Bacillus thuringiensis var. aizawai(350 e 500 g/ha) e B. thuringiensis var. kurstaki x B. thuringiensisvar. aizawai (350 e 500 ml/ha)] foram avaliadas no período de maioa outubro de 1995. Os tratamentos B. thuringiensis var. kurstaki (500ml/ha), deltametrina (240 ml/ha) e uma testemunha sem pulveriza-ção foram também incluídos no experimento. O delineamento foiblocos ao acaso, com sete tratamentos e quatro repetições. Os resul-tados mostraram que B. thuringiensis var. aizawai nas duas dosa-gens avaliadas e B. thuringiensis var. kurstaki x B. thuringiensis var.aizawai (500 ml/ha) foram os produtos mais eficientes. Ao final doexperimento larvas e pupas de traça-das-crucíferas foram coletadasno campo e a primeira geração foi submetida a um teste de laborató-rio onde discos de folhas de repolho foram tratados com as dosa-gens dos inseticidas a base de B. thuringiensis utilizadas no campo.Larvas de segundo estádio foram colocadas sobre os discos tratadose a mortalidade de larvas avaliada após 72 h. Todos os tratamentoscausaram mais de 97% de mortalidade de larvas. O resultado doteste de laboratório sugere que a menor eficiência de B. thuringiensisvar. kurstaki x B. thuringiensis var. aizawai (350 ml/ha) e B.thuringiensis var. kurstaki (500 ml/ha) no teste de campo quandocomparada aos demais Bacillus, pode ser devido à mais rápida de-gradação destes produtos no ambiente.

Palavras-chave: Brassica oleracea var. capitata, controle químico,traça-das-crucíferas, Plutella xylostella, Bacillus thuringiensis.

CASTELO BRANCO, M. Avaliação da eficiência de formulações de Bacillus thuringiensis para o controle de traça-das-crucíferas em repolho no DistritoFederal. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 17, n. 3, p. 237-240, novembro 1999.

Avaliação da eficiência de formulações de Bacillus thuringiensis para ocontrole de traça-das-crucíferas em repolho no Distrito Federal.Marina Castelo BrancoEmbrapa Hortaliças, C. Postal 218, 70.359-970, Brasília - D.F

ABSTRACTEfficiency of Bacillus thuringiensis formulations in

controlling Diamondback Moth in cabbage in the FederalDistrict.

The Diamondback Moth (Plutella xylostella) is the mostimportant cabbage pest in the Federal District. New insecticides arefrequently tested for its control and in this study two new Bacillusthuringiensis formulations [B. thuringiensis var. aizawai (350 and500 g/ha) and B. thuringiensis var. kurstaki x B. thuringiensis var.aizawai (350 and 500 ml/ha)] were tested between May and October1995. The insecticides B. thuringiensis var. kurstaki (500 ml/ha),deltamethrin (240 ml/ha) and an untreated check were also includedin the experiment. A randomized block, with seven treatments andfour replications was used. The results showed that B. thuringiensisvar. aizawai at the two dosages and B. thuringiensis var. kurstaki xB. thuringiensis var. aizawai at a dosage of 500 ml/ha were the mostefficient products. After the end of the field experiment,Diamondback Moth larvae and pupae were collected from the expe-rimental area. The insects were reared in the laboratory and secondinstar larvae from the first generation were fed with leaf discs treatedwith the B. thuringiensis dosages used in the field experiment. Allproducts caused more than 97% larval mortality. The laboratory testsuggests that the reduced efficiency of B. thuringiensis var. kurstaki(500 ml/ha) and B. thuringiensis var. kurstaki x B. thuringiensis var.aizawai (350 ml/ha) in the field test may be due to the poor persistenceof the products in the environment.

Keywords: Brassica oleracea var. capitata, chemical control,Diamondback Moth, Plutella xylostella, Bacillus thuringiensis.

(Aceito para publicação em 15 de outubro de 1999)

Características comerciais de alho em Picos, PI.

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2 3 8 Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999.

Dentre as pragas que ocorrem no re-polho no Distrito Federal, a traça-

das-crucíferas (Plutella xylostella) é aprincipal. As larvas do inseto danificamas cabeças de repolho causando perfu-rações e consequentemente, reduzem ovalor do produto (Filgueira, 1987). Aausência de precipitação no período deabril a setembro favorece o crescimen-to populacional da traça-das-crucíferasno Distrito Federal (França et al., 1985).Nesta época inseticidas são intensiva-mente utilizados para o controle da pra-ga e o número de pulverizações podechegar a até 16 por ciclo de cultivo.Muitas vezes, esse elevado número depulverizações está associado ao fato deque os inseticidas não conseguem con-trolar as populações da praga devido àresistência destas aos produtos utiliza-dos. Este é o caso dos inseticidaspiretróides e fosforados usados para ocontrole da traça-das-crucíferas no Dis-trito Federal (Castelo Branco &Gatehouse, 1997).

Testes de laboratório utilizando amesma dosagem do inseticida que é uti-lizada no campo, tem sido realizadospara avaliar a taxa de mortalidade delarvas ocasionada pelo inseticida. Comisso pode-se identificar se uma das cau-sas da baixa eficiência dos inseticidasno campo é a ineficiência das dosagensutilizadas, ou seja, a resistência da po-pulação ao produto (Zhao et al., 1995).Resultados experimentais demonstra-ram que dosagens de piretróidesineficientes no campo, resultam emmortalidade menor que 72% de larvasde traça-das-crucíferas em laboratório(Castelo Branco & Melo, 1992).

Como novos inseticidas são constan-temente lançados no mercado para ocontrole da traça-das-crucíferas, este tra-balho teve como objetivo: a) avaliar aeficiência de dois novos produtos à basede Bacillus thuringiensis [Bacillusthuringiensis var. aizawai (350 e 500 g/ha) e B. thuringiensis var. kurstaki x B.thuringiensis var. aizawai (350 e 500 ml/ha)] para o controle da praga. Os trata-mentos B. thuringiensis var. kurstaki(500 ml/ha) e deltametrina (240 ml/ha)foram também incluídos no experimen-to; b) avaliar em laboratório a eficiên-cia dos produtos nas dosagens recomen-dadas, através da taxa de mortalidade

de larvas ocasionada pelos produtos àbase de B. thuringiensis.

MATERIAIS E MÉTODOS

1. Experimento de campo: A ava-liação da eficiência das formulações deB. thuringiensis para o controle de tra-ça-das-crucíferas foi realizada no cam-po experimental da Embrapa Hortaliças,no período de maio a outubro de 1995.Foi utilizado o delineamento de blocosao acaso, com sete tratamentos, quatrorepetições e parcelas de cinco linhascom dez plantas. A cultivar de repolhoutilizada foi Kenzan. As pulverizaçõesforam semanais e iniciadas três sema-nas após o transplante. Os inseticidasusados foram: B. thuringiensis var.kurstaki x B. thuringiensis var. aizawai(350 e 500 ml/ha); B. thuringiensis var.aizawai (350 e 500 g/ha); B.thuringiensis var. kurstaki (500 ml/ha)e deltametrina (240 ml/ha). Foi aindaincluída uma testemunha sem pulveri-zação. As avaliações foram feitas porocasião da colheita em doze plantas to-madas ao acaso nas três linhas centraisde cada parcela. As seguintes caracte-rísticas foram avaliadas: a) número defuros na cabeça; b) notas (1 = cabeçasem furos ou furos muito pequenos (ca-beças comerciais); 2 = cabeças com fu-ros médios (cabeças comerciais); 3 =cabeças com furos grandes (cabeças nãocomerciais) e 4 = cabeça totalmentedanificada(cabeças não comerciais) e c)percentagem de cabeças comerciais. Osdados foram submetidos à análise devariância e utilizou-se o teste de Duncan,a 5% de probabilidade, para a separa-ção de médias.

2. Experimento de laboratório:Neste experimento foi avaliada a taxade mortalidade de larvas ocasionadapelos produtos à base de B.thuringiensis. Larvas e pupas de traça-das-crucíferas foram coletadas na áreado experimento de campo descrito an-teriormente em outubro de 1995. Estasforam criadas em laboratório até a emer-gência dos adultos, os quais foram co-locados em gaiolas contendo folhas derepolho para a obtenção de ovos. Asfolhas contendo os ovos foram acondi-cionados em caixas plásticas até que lar-vas de segundo estádio se desenvolves-

sem para que fossem então utilizadas noteste de laboratório. Neste teste discosde folhas de repolho de 4 cm de diâme-tro foram imersos em água ou nas solu-ções dos inseticidas B. thuringiensis var.kurstaki x B. thuringiensis var. aizawai(350 e 500 ml/ha), B. thuringiensis var.kurstaki (500 ml/ha) e B. thuringiensisvar. aizawai (350 ml/ha) e postos a se-car ao ambiente por uma hora. Após esteperíodo, os discos de folha foram dis-postos individualmente em placas dePetri e sobre cada um foram colocadas10 larvas de segundo instar. A mortali-dade das larvas foi avaliada após 72horas. O delineamento foi completa-mente casualizado, com quatro trata-mentos e quatro repetições. Os dadosforam submetidos à análise de variânciae foi utilizado o teste de Duncan, a 5%de probabilidade, para a separação demédias.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A população da traça-das-crucíferasna área do experimento de campo foielevada. A testemunha, onde nenhuminseticida foi utilizado, apresentou umamédia de 98 furos por cabeça e produ-ziu apenas 4% de cabeças comerciais(Tabela 1).

Os inseticidas B. thuringiensis var.aizawai nas duas dosagens avaliadas eB. thuringiensis var. kurstaki x B.thuringiensis var. aizawai (500 ml/ha)foram os inseticidas mais eficientes. Asplantas destes tratamentos apresentaramas menores notas e os menores núme-ros de furos (Tabela 1). Mais de 72% decabeças comerciais foram produzidas(Tabela 1). B. thuringiensis var. kurstakix B. thuringiensis var. aizawai (350 ml/ha) e B. thuringiensis var. kurstaki (500ml/ha) foram os produtos a base de B.thuringiensis que apresentaram a menoreficiência, com uma produção de 45%e 39% de cabeças comerciais respecti-vamente (Tabela 1).

Deltametrina foi o inseticida queapresentou a menor eficiência. As ca-beças de repolho apresentaram a maiornota, o maior número de furos e a pro-dução foi de apenas 4% de cabeças co-merciais, produção semelhante à teste-munha sem pulverização (Tabela 1).Esta baixa eficiência de deltametrina no

M. Castelo Branco

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2 3 9Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999.

Tratamento Dosagem(g ou ml/ha) Nota1 Número de furos % de cabeças

comerciais2,3

B. thuringiensis var. aizawai 350 1,97 a 22,25 a 85, a

B. thuringiensis var. aizawai 500 2,12 a 24,25 a 76, aB. thuringiensis var. kurstaki x B.thuringiensis var. aizawai 500 2,25 ab 30,75 ab 72, a

B. thuringiensis var. kurstaki x B.thuringiensis var. aizawai 350 2,29 ab 42,00 bc 45, b

B. thuringiensis var. kurstaki 500 2,58 bc 48,25 c 39, bTestemunha -- 2,75 c 98,00 d 4, cDecis 240 3,18 d 99,75 d 4, c

CV(%) 10,12 17,21 27,01

Tabela 1. Eficiência de formulações de Bacillus thuringiensis para o controle de traça-das-crucíferas. Brasília, Embrapa Hortaliças, 1995.

Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste de Duncan (p >0,05)1/ Notas variando de 1 a 4, sendo 1= cabeças sem furos, 2= cabeças com furos médios, 3= cabeças com furos grande, 4= cabeça totalmentedanificada.2/ Análise realizada sobre valores transformados para arco-seno raíz quadrada da percentagem.3/ Cabeças comerciais com notas 1 e 2.

Distrito Federal já havia sido observadaem experimentos de campo (Castelo Bran-co & Melo, 1992; França & Medeiros,1998) e em áreas de produção de agricul-tores. Uma das principais causas da falhade controle do produto é a resistência daspopulações locais ao inseticida (CasteloBranco & Gatehouse, 1997).

Os resultados do teste de laborató-rio mostraram que todos os produtos àbase de B. thuringiensis causaram mor-talidade de larvas superior a 97%, nãohavendo diferença significativa entre osinseticidas (Tabela 2). Este resultadoindica que as dosagens testadas em la-boratório, as quais foram semelhantes

às testadas em campo, eram eficientespara ocasionar um elevado percentualde mortalidade de larvas da populaçãotestada. No entanto, em campo, B.thuringiensis var. kurstaki (500 ml/ha)e B. thuringiensis var. kurstaki x B.thuringiensis var. aizawai (350 ml/ha)não foram eficientes para o controle datraça-das-crucíferas (Tabela 1). O quepoderia então ter ocasionado a baixaeficiência destes produtos?

É sabido que B. thuringiensis se de-grada rapidamente quando submetido àluz solar. Formulações diferentes (Pon-tes, 1995) ou dosagens diferentes de ummesmo produto (Li & Fitzpatrick,

1996), podem apresentar diferentes de-gradações em campo. Essas diferençasde degradação podem afetar a eficiên-cia dos inseticidas. No que se refere adiferenças de formulação, McGuire etal. (1996), observaram que quandosucrose foi adicionada à solução de B.thuringiensis var. kurstaki o produto sedegradou mais lentamente em presençade luz solar e foi eficiente por mais tem-po para o controle da traça-das-crucíferas. No que se refere à eficiênciade diferentes dosagens, Pingel & Lewis(1997) observaram que quando umadose de 3 g/l de B. thuringiensis var.kurstaki foi utilizada para o controle deHelicoverpa zea, 50% das espigas demilho foram danificadas pela praga.Quando a dose de 6 g/l foi utilizada, odano em espigas foi reduzido para 17%.Assim sendo, é provável que a formu-lação de B. thuringiensis var. kurstakicom a dosagem de 500 ml/ha e a dosa-gem de 350 ml/ha B. thuringiensis var.kurstaki x B. thuringiensis var. aizawaitenham se degradado mais rapidamentedo que as demais formulações ou dosa-gens utilizadas e por isso tiveram a suaeficiência reduzida. Para tentar melho-rar a eficiência de B. thuringiensis var.kurstaki, dosagens maiores que 500 ml/ha podem ser testadas, e possivelmenterecomendadas, se estas forem viáveiseconomicamente. Pode ser testada tam-bém a adição de sucrose como sugeridopor McGuire et al. (1996) para o aumen-to da eficiência do produto. Para B.

Tabela 2. Percentagem de mortalidade de traça-das-crucíferas em testes de laboratório,após tratamento com diferentes formulações de Bacillus thuringiensis. Brasília, EmbrapaHortaliças, 1995.

Tratamento Dose(g ou ml/ha)

% mortalidadede larvas após

72hs1

B. thuringiensis var. kurstaki x B.thuringiensis var. aizawai 500 100, a

B. thuringiensis var. aizawai 350 100, aB. thuringiensis var. kurstaki x B.thuringiensis var. aizawai 350 98, a

B. thuringiensis var. kurstaki 500 97, aTestemunha --- 9, bC.V. (%) 6,86Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste de Duncan (p >0,05)1/ Análise realizada sobre valores transformados para arco-seno raíz quadrada da percentagem.

Eficiência de Bacillus thuringiensis no controle de traça-das-crucíferas.

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2 4 0 Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999.

thuringiensis var. kurstaki x B.thuringiensis var. aizawai é recomenda-do o uso da dosagem de 500 ml/ha.

AGRADECIMENTOS

A autora agradece ao Dr. Félix H.França e ao Comitê de Publicações daEmbrapa Hortaliças pela revisão e su-gestões apresentadas. A Hozanan P.Chaves e Ronildo C. Gonçalves peloauxílio nos trabalhos de campo e labo-ratório. A Hoeschst Schering AgrEvo doBrasil Ltda pelo auxílio financeiro.

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ZHAO, J.Z.; WU, S.C.; ZHU, G.R. Bioassays withrecommended field concentrations of severalinsecticides for resistance monitoring inPlutella xylostella. Resistant PestManagement, v. 7, n. 1, p. 13-14, 1995.

RESUMOEm um experimento realizado na Fazenda Água Limpa da Uni-

versidade de Brasília, (DF), no período de setembro a novembro de1997, foi avaliado o desempenho da alface, cultivar Verônica, emdiferentes substratos, sob cultivo hidropônico. O delineamento uti-lizado foi inteiramente casualizado com três tratamentos: casca dearroz, brita e seixo, em 25 repetições. Após 62 dias de cultivo asplantas foram colhidas e avaliadas. Observou-se o peso da planta eda raiz, o número de folhas e o diâmetro da cabeça. As folhas maisnovas foram coletadas para análise de macro e micronutrientes. Asplantas que se desenvolveram em casca de arroz apresentaram peso,tanto de planta quanto de raiz, significativamente superior ao obser-vado nos outros dois tratamentos. Não foi observada diferença esta-tística significativa para peso de planta e de raiz nos tratamentosbrita e seixo. Quanto ao número de folhas e diâmetro da cabeçaforam observadas diferenças estatísticas significativas entre todosos tratamentos, sendo que ambos foram maiores em plantas cultiva-das em casca de arroz, seguida da brita e seixo. Não houve diferençaestatística significativa na absorção de macronutrientes entre os tra-tamentos. As plantas cultivadas em casca de arroz absorveram sig-nificativamente menos zinco e cobre que as plantas cultivadas nosoutros dois substratos.

Palavras-Chave: Lactuca sativa L., hidroponia, brita, seixo, cascade arroz.

TAVARES, H.L.; JUNQUEIRA, A.M. R. Produção hidropônica de alface cv. Verônica em diferentes substratos. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 17, n. 3,p. 240-243, novembro 1999.

Produção hidropônica de alface cv. Verônica em diferentes substratos1 .Helton L. Tavares; Ana Maria R. Junqueira2

2Universidade de Brasília – Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária – Núcleo de Apoio à Competitividade e Sustentabilidade daAgricultura, Caixa Postal 4.508, 70910-970, Brasília-DF.

ABSTRACTYield response of hydroponic lettuce grown on three different

substrates.

In an experiment carried out between September and November1997 at Fazenda Água Limpa, Universidade de Brasília, Brazil, growthand yield of lettuce cultivar Verônica were evaluated on three differentsubstrates in a hydroponic system. The experimental design was acomplete randomized block with three treatments: rice husk, graveland pebble, with 25 replicates. After 62 days, plants were collectedand plant and root weight, number of leaves and head diameter wereevaluated. The younger leaves from plants from all treatments werealso collected for macro and micronutrients analyses. Plants grownon rice husk showed significantly higher plant and root weightcompared to those grown on gravel and pebble. No statisticallysignificant difference was observed for plant and root weight in graveland pebble treatments. Statistically significant differences betweenall treatments were observed on the basis of number of leaves andhead diameter. Both parameters were higher in plants grown on ricehusks, followed by gravel and pebble. No differences were observedin the absorption of macronutrients among treatments. However, plantsgrown on rice husk absorbed less zinc and copper than plants grownon gravel and pebble.

Keywords: Lactuca sativa L., hydropony, gravel, pebble, rice husk.

(Aceito para publicação em 18 de setembro de 1999)

1 Trabalho realizado como parte das exigências para obtenção do grau de Engenheiro Agrônomo pelo primeiro autor.

M. Castelo Branco

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2 4 1Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999.

H idroponia é o nome dado a todasas formas de cultivo em solução

nutritiva sem uso do solo. O termohidroponia deriva de duas palavras gre-gas: hidro, água e ponos , trabalho. Acombinação destas duas palavras signi-fica “trabalhar com a água”, e implici-tamente, o uso de soluções de adubosquímicos para o cultivo de plantas naausência do solo (Douglas, 1987;Castellane & Araujo, 1995).

A hidroponia vem se tornando umaalternativa bastante interessante em re-lação ao cultivo tradicional feito no solo.Ela pode ser usada em regiões em quehá pouca disponibilidade de terrasagricultáveis e em regiões onde ocor-reu um uso excessivo do solo, causan-do desequilíbrio em sua microfauna,aumentando o nível de infestação depatógenos de solo, problema frequenteem solos sob estufa. Assim, mesmo empaíses tropicais com abundância de ter-ra como o Brasil, a hidroponia tem sidoutilizada com bastante êxito. Além dasua elevada capacidade de produção,independente de clima ou de solo, ahidroponia oferece ainda produtos dealta qualidade e com uso bastante redu-zido de agrotóxicos, se comparada aomeio tradicional de cultivo no solo(Castellane & Araujo, 1995; Junqueiraet al., 1997).

Praticamente qualquer planta quecresça naturalmente no solo pode sercultivada em hidroponia. Entre elas, ár-vores de pequeno porte, arbustos, plan-tas herbáceas como cereais,leguminosas, plantas ornamentais, hor-taliças e outras (Crocomo, 1986).

A alface (Lactuca sativa L.), porocupar pouco espaço, atingir mais rapi-damente o ponto de comercialização epelo rápido retorno financeiro, é a cul-tura que vem ganhando cada vez maisespaço na produção hidropônica (Zitoet al., 1994).

Existem diversos sistemashidropônicos. Um dos mais utilizados éo NFT (Nutrient Film Technique) onde aplanta absorve os nutrientes diretamentede um filme de água que passa pelas suasraízes. Apesar deste método apresentaralgumas vantagens como o de ser desfa-vorável ao desenvolvimento de algas e àsalinização, este sistema apresenta a des-vantagem de exigir um tempo de repou-

so muito curto e um alto consumo deenergia (Castellane & Araujo, 1995;Martinez & Silva Filho, 1997).

O desenvolvimento de técnicas quereduzam o consumo de energia emhidroponia é de fundamental importân-cia, pois com isso haverá uma reduçãono custo de produção (Tavares, 1997).Umas destas técnicas é o sistema NFT-modificado. Neste sistema são utiliza-dos substratos que permitam uma reten-ção maior da umidade e uma diminui-ção no consumo de energia. No entantoexiste uma limitação para seu uso que éo de não se conhecer ainda os substratosque apresentam as melhores condiçõespara a produção hidropônica de plantas.

No presente trabalhou procurou-seavaliar entre três substratos: brita, seixode rio e casca de arroz ao natural, qualseria o mais apropriado para o cultivo dealface no sistema NFT-modificado.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi instalado em umacasa de vegetação na Fazenda ÁguaLimpa da Universidade de Brasília, lo-calizada no Núcleo Rural Vargem Bo-nita (DF), no período de setembro a no-vembro de 1997.

O delineamento experimental utili-zado foi inteiramente casualizado comtrês tratamentos: casca de arroz, brita eseixo em 25 repetições, utilizando-se osistem NFT-modificado. Os substratosforam esterilizados com uma solução àbase de hipoclorito de sódio a 5%.

O sistema hidropônico era compos-to de um depósito de solução, de umconjunto moto-bomba, bancada e canaispara circulação da solução nutritiva, decanos para o transporte da solução atéos canais e retorno até o depósito e umtemporizador.

A solução nutritiva foi preparadaconforme recomendação da EmbrapaHortaliças (Junqueira et al., 1997) coma seguinte formulação para 1.000 litros:550 g de sulfato de magnésio, 950 g denitrato de cálcio, 810 g de nitrato depotássio, 115 g de monofosfato deamônio, 3,0 g de ácido bórico, 0,2 g demolibdato de sódio, 2,0 g de sulfato demanganês, 0,15 g de sulfato de cobre,0,2 g de sulfato de zinco e 60 g de ferroEDTA – Ferrilene.

Na fase de berçário foi utilizada so-lução nutritiva com 50% de concentra-ção de sais. Quando as plantas foramtransferidas para o leito definitivo utili-zou-se solução completa.

Trabalhou-se com a cultivarVerônica devido à sua boa adaptação emcultivos feitos no verão. As mudas fo-ram produzidas em bandejas de isoporcom substrato artificial à base devermiculita e foram transplantadas parao berçário com 22 dias. O berçário eracomposto por 12 canais e a cada quatrocanais foi colocado um substrato dife-rente. O espaçamento das plantas noberçário era de 5 cm x 5 cm e o númerode plantas por substrato era de 80,totalizando 240 plantas na bancada. Avazão no canal era de 1,5 litros por mi-nuto e o tempo de funcionamento e derepouso foram ajustados conforme anecessidade da planta, sendo 15 minu-tos de funcionamento e 45 minutos des-ligado no período diurno (8 às 18 ho-ras) e 15 minutos de funcionamento euma hora de repouso durante o períodonoturno (18 às 8 horas). Isto foi usadopara os primeiros dois dias de cultivo,pois as plantas estavam em fase de adap-tação. No terceiro dia de cultivo o tempode repouso passou para uma hora duran-te o dia e duas horas durante a noite, sen-do que o tempo de funcionamento per-maneceu o mesmo. O pH da solução foimantido no intervalo de 6,0 a 6,5 sendomonitorado com peagâmetro. As plan-tas permaneceram no berçário por trezedias e foram transplantadas para o leitodefinitivo com quatro folhas completa-mente desenvolvidas.

No leito definitivo as plantas foramdispostas em um espaçamento de 25 x25 cm. Foram transplantadas 31 plantaspor substrato, totalizando 93. A vazãodos canais foi de 2,0 litros por minuto eo tempo de funcionamento do conjuntomoto-bomba, assim como no berçário,foi ajustado conforme as necessidadesda planta ao longo do ciclo. Assim, noprimeiro dia o sistema foi ligado por 15minutos, ficando desligado por 45 mi-nutos durante o dia e, à noite ficou fun-cionando por 15 minutos e por uma horaficou desligado. Foi utilizado um tem-po mais curto para que as plantas seadaptassem ao novo ambiente. Depoisde 24 horas o tempo de repouso foi al-

Produção hidropônica de alface cv. Verônica em diferentes substratos.

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2 4 2 Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999.

terado para 2 horas durante o dia e 3horas durante a noite, o que permane-ceu durante todo o restante do ciclo.

Após 62 dias, 25 plantas foram co-lhidas ao acaso em cada substrato. Paracada planta avaliou-se o peso da planta,o peso da raiz, número de folhas e o diâ-metro da cabeça. As folhas mais no-vas foram coletadas para a análise dosmacro e dos micronutrientes presentesem sua composição. Foi efetuada análi-se de variância e os dados foram com-parados pelo teste Tukey a 5% de pro-babilidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Não houve diferença estatística sig-nificativa entre os tratamentos seixo ebrita quanto ao peso da planta e peso daraiz (Tabela 1). No entanto, para ambosos parâmetros, os valores observadosnas plantas cultivadas em casca de ar-roz foram estatisticamente superioresaos valores observados em plantas cul-tivadas no outros substratos.

Foi observada diferença estatísticasignificativa entre todos os tratamentosno número de folhas e diâmetro da ca-beça, sendo que para ambos osparâmetros os maiores valores foramobservados nas plantas cultivadas emcasca de arroz, seguida das plantas cul-tivadas em brita e seixo.

No tratamento com casca de arroz,onde observou-se que a alface apresen-tou maior peso (119,6 g), constatou-seque este peso foi inferior ao obtido porHorino et al. (1993) para a mesma cul-tivar, que foi de 169,2 g e 17,8 folhaspor planta; e inferior ao relatado por Vaz(1997), que obteve para a mesma culti-var o peso de 183,40 g. Em ambos ex-perimentos as plantas foram cultivadasdiretamente em solução nutritiva.

As plantas de alface cultivadas nosdiferentes substratos não apresentaramdiferença estatística significativa na ab-sorção de macronutrientes (Tabela 2).No entanto, foi observada diferença es-tatística significativa na absorção dosmicronutrientes cobre e zinco (Tabela3). As plantas cultivadas em casca dearroz apresentaram teor de zinco e co-bre inferior ao observado nas plantascultivadas em brita e seixo.

Segundo Malavolta (1989) os teo-res ideais dos macronutrientes encontra-dos em folhas de alface cultivado emsolo são: N = 30,0 g.Kg-1; P = 3,50 g.Kg-

1; K = 50,0g.Kg-1; Ca = 12,50 g.Kg-1 ;Mg = 3,50 g.Kg-1 e S = 2,0 g.Kg-1. Raji(1996) apresenta como parâmetro idealpara os micronutrientes os seguintesvalores: Bo = 30 a 60 mg.Kg-1; Cu = 7 a20 mg.Kg-1; Fe = 50 a 150 mg.Kg-1; Mn= 30 a 150 mg.Kg-1 e Zn = 30 a 100mg.Kg-1 . A deficiência de alguns dos

nutrientes observada na análise foliardas plantas de alface colhidas neste ex-perimento pode estar relacionada à con-centração e disponibilidade da soluçãonutritiva durante o ciclo da cultura.

Verificou-se que o substrato casca dearroz permaneceu úmido por tempo su-perior ao observado nos outros doissubstratos. Porém, mesmo assim, obser-vou-se deficiência de vários nutrientesnas plantas desenvolvidas em casca dearroz, sugerindo que a solução nutritiva

Parâmetros Casca de arroz Brita SeixoNitrogênio 23,50a* 23,50a 24,50aFósforo 1,50a 1,45a 1,55aPotássio 9,25a 9,75a 7,75aCálcio 3,20a 4,00a 2,75aMagnésio 0,80a 0,50a 0,60aEnxofre 0,65a 0,60a 0,70a

Tabela 2. Teores médios de macronutrientes encontrados em folhas de alface sob cultivohidropônico utilizando três diferentes substratos (g.Kg-1 do peso seco). Brasília, UnB, 1997.

* As médias seguidas pela mesma letra na vertical não diferem entre si pelo teste de Tukey(P < 0,05).

Parâmetros Casca de arroz Brita SeixoBoro 77,10a* 119,80a 173,75aZinco 52,30 b 121,50a 97,25abFerro 237,00a 285,00a 305,25aManganês 271,50a 300,50a 200,00aCobre 6,30 b 12,85a 13,95aCobalto 1,11a 2,22a 1,89aMolibdênio 95,25a 145,00a 71,05aSódio 385,00a 385,00a 437,50a

Tabela 3. Teores médios de micronutrientes encontrados em folhas de alface sob cultivohidropônico utilizando três diferentes substratos (mg.Kg-1). Brasília, UnB, 1997.

* As médias seguidas pela mesma letra na vertical não diferem entre si pelo teste de Tukey(P < 0,05).

Tavares & A.M. R. Junqueira

Parâmetros Casca dearroz Brita Seixo

Peso médio das plantas 119,60a* 39,40b 23,40bPeso médio das raízes 58,20a 28,80b 27,72bNúmero médio de folhas por planta 18,68a 12,16b 9,52 cDiâmetro médio da cabeça 34,72a 22,92b 17,96 c

Tabela 1. Peso médio das plantas e raízes (g), número médio de folhas e diâmetro médio daplanta de alface (cm) cultivadas em sistema hidropônico utilizando três diferentes substratos.Brasília, UnB, 1997.

*As médias seguidas pela mesma letra na vertical não diferem entre si pelo teste de Tukey(P <0,05).

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2 4 3Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999.

preparada não continha a quantidadenecessária de nutrientes para a culturada alface, tendo sido, provavelmente, acausa do baixo peso da alface em todosos tratamentos. O tempo de contato en-tre a solução nutritiva e as raízes nostratamentos brita e seixo foi, provavel-mente, inferior ao observado em cascade arroz, contribuindo para acentuar adeficiência nutricional e os baixos pe-sos observados. É possível que um ajus-te na concentração da solução nutritiva,bem como no tempo de funcionamentoe de repouso do sistema motobomba, demaneira que a solução nutritiva possapermanecer por mais tempo nas banca-das, possa vir a contribuir para um au-mento de peso da cabeça de alface pro-duzida em brita e seixo.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem ao PIBIC-UnB/CNPq, pela concessão de bolsa, ao Pro-fessor Tsuneharu Kaneshiro e ao Agrô-nomo Eity Kato da Faculdade de Agro-

nomia e Medicina Veterinária da Univer-sidade de Brasília, pela colaboração nainstalação do sistema hidropônico, aosfuncionários da Fazenda Água Limpa,Robson Figueiredo Cunha, BenevaldoFerreira Quadro, Íris Pereira Júnior,Raimundo Luiz Sampaio e Ronaldo daSilva Costa, pela contribuição prestadadurante a realização do experimento e, aoDr Renato Fernando Amabile, pelacriteriosa revisão do manuscrito.

LITERATURA CITADA

CASTELLANE, P.D.; ARAUJO, J.A.C. de. Cul-tivo sem solo - hidroponia. Jaboticabal,FUNEP, 1995. 43 p.

CROCOMO, O.J. Cultivo fora do solo:hidroponia. In: MAGALHÃES, A; BORDINI,M. da E. ed. Grande manual globo de agri-cultura, pecuária e receituário industrial. Por-to Alegre: vol. III, 1986. 209-220 p.

DOUGLAS, J.S. Hidroponia: cultura sem terra.São Paulo: Nobel , 1987. 141p.

HORINO, Y.; MELO, P.E. de; Makishima, N.Comportamento de quatro cultivares de alfa-ce desenvolvidas sob hidroponia. Ensaio pre-liminar. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 11,n. 1, p. 76, 1993. (Resumo).

JUNQUEIRA, A..M.R.; LIMA, J.A.; PEIXOTO,J.R. Hidroponia: cultivo sem solo. Brasília:UnB, Curso de Extensão da Faculdade de Agro-nomia e Medicina Veterinária, 1997. 31 p.

MALAVOLTA, E. ABC da Adubação. 5a ed. SãoPaulo: Ceres, 1989. 292 p.

MARTINEZ, H.E.P.; SILVA FILHO, J.B. Intro-dução ao sistema hidropônico de plantas. Vi-çosa: UFV, 1997. 52 p.

RAJI, B. VAN. Recomendações de adubação ecalagem para o estado de São Paulo, Campi-nas: IAC, Boletim Técnico n° 100, 1996. 285 p.

TAVARES, H.L. Produção hidropônica de alfacecv. Verônica em diferentes substratos. Brasí-lia: UnB, 1997. 54 p. (Dissertação graduação).

VAZ, R. M. R. Comportamento de Três Cultiva-res de Alface sob Cultivo Hidropônico: Bra-sília: UnB, 1997. 30 p. (Dissertação gradua-ção).

ZITO, R.K.; FRONZA, V.; MARTINEZ, H.E.P.;PEREIRA, P.R.G.; FONTES, P.C.R. Fontes denutrientes, relações nitrato: amônio emolibdênio, em alface (Lactuca sativa L.) pro-duzida em meio hidropônico. Revista Ceres,Viçosa, v. 41, n. 236, 1994, p. 419-430.

Produção hidropônica de alface cv. Verônica em diferentes substratos.

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2 4 4 Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999.

RESUMO

A reação de 28 cultivares de batata à murcha-bacteriana causa-da por Ralstonia (Pseudomonas) solanacearum, raça 1, biovar I, foiavaliada na Embrapa Hortaliças, Brasília (DF), no período de maioa agosto de 1998. O ensaio foi realizado em solo naturalmente infes-tado, em blocos ao acaso com três repetições e parcelas de seis plan-tas perfazendo 2,4 m2. As cultivares Cruza 148 e Achat (resistentes)e Bintje (suscetível) foram utilizadas como controles. Foram feitasoito avaliações semanais da incidência da doença, iniciando-se 22dias após o plantio, quando apareceram os primeiros sintomas, parao cálculo da Área Abaixo da Curva de Progresso da Doença(AACPD). Utilizando-se a análise de agrupamento, foi possível adistinção de cinco grupos quanto aos níveis de resistência/suscetibilidade. As cultivares que apresentaram menores níveis dedoença (grupo I: AACPD de 0,00 a 256,90) foram Cruza 148, Cruza148 mutante, Araucária e Granola, que também tiveram as maioresprodutividades comercial (tubérculos > 50mm de diâmetro) e total(13,3 e 25,1 t/ha; 10,4 e 21,9 t/ha; 11,4 e 18,8 t/ha e 14,6 e 16,4 t/ha,respectivamente). Uma correlação significativa negativa (P<0,01)foi observada entre AACPD e produtividade comercial (r = - 0,76) eentre AACPD e produtividade total (r = - 0,83).

Palavras-Chave: Solanum tuberosum, Pseudomonassolanacearum, murcha-bacteriana, resistência.

QUEZADO-DUVAL, A.M.; LOPES, C.A. Desempenho de cultivares de batata em solo infestado com Ralstonia solanacearum, raça 1. Horticultura Brasi-leira, Brasília, v. 17, n. 3, p. 244-247, novembro 1999.

Desempenho de cultivares de batata em solo infestado com Ralstoniasolanacearum, raça 1.Alice Maria Quezado-Duval; Carlos Alberto Lopes.Embrapa Hortaliças, Caixa Postal 218, 70.359-970 Brasília - DF.

ABSTRACT

Performance of potato cultivars in soil naturally infested withrace 1 of Ralstonia solanacearum.

Twenty-eight potato cultivars were evaluated for resistance tobacterial wilt caused by Ralstonia solanacearum, race 1, biovar I,from May to August, 1998, at Embrapa Hortaliças. The trial wascarried out in a naturally infested field in a randomised completeblock design with three replications and six plants per plot of 2.4m2. ‘Cruza 148’ and ‘Achat’ (resistant), and ‘Bintje’ (susceptible)were used as controls. Disease incidence was assessed for eight weeksstarting 22 days after planting, when the first symptoms wereobserved. The areas under the disease progress curves (AUDPC)were calculated and the cluster analysis performed using theunweighted pair-group method by arithmetic averages (UPGMA)and simple Euclidian distance coefficient. Five clusters of resistance/susceptibility levels were defined. ‘Cruza 148’, ‘Cruza 148 mutant’,‘Araucaria’ and ‘Granola’ had the lowest levels of disease andbelonged to cluster 1 (AUDPC values from 0.00 up to 256.90). Thesecultivars also had the highest commercial (tubers >50mm diameter)and total yields (13.3 and 25.1 t/ha; 10.4 and 21.9 t/ha; 11.4 and 18.8t/ha, and 14.6 and 16.4 t/ha, respectively). Negative significantcorrelations (P<0.01) were found between AUDPC and commercialyield (r = - 0.76) and AUDPC and total yield (r = - 0.83).

Keywords: Solanum tuberosum, Pseudomonas solanacearum,bacterial wilt, resistance.

(Aceito para publicação em 20 de agosto de 1999)

A murcha-bacteriana, causada porRalstonia solanacearum, é uma das

doenças mais importantes da cultura dabatata (Solanum tuberosum L.) no Bra-sil. É a principal causa da rejeição decampos de certificação de batata-semen-te onde o nível de tolerância dessa doen-ça é zero (0) e causa perdas de até 50%na produção de tubérculos para consu-mo, inviabilizando áreas de cultivo pelalonga persistência do patógeno no solo(Lopes et al., 1990; Lopes et al. 1993).

Duas raças, a raça 1 e a raça 3, po-dem infectar a cultura da batata(Hayward, 1991). A raça 3 (“raça da ba-tata”), embora não exclusiva, é a que pre-valece nas principais áreas produtoras debatata do país, situadas nas regiões Sul eSudeste. A raça 1 (“raça das solanáceas”),que está amplamente distribuída, aumen-

ta de importância à medida que as fron-teiras de produção de batata se expan-dem para áreas tropicais como o cerradodo Brasil Central (French, 1994; Lopes& Buso, 1997). O emprego de cultivarescom algum nível de resistência é consi-derado uma medida importante para o de-senvolvimento de estratégias de contro-le da murcha-bacteriana. Medidas pre-ventivas de controle, como o uso de ba-tata-semente certificada, plantio em áreassem histórico de ocorrência da doença erotação de culturas também devem serutilizadas (French, 1994).

Alguns clones e cultivares possuin-do resistência parcial à murcha-bacteriana têm sido identificados noPrograma de Manejo Integrado da Mur-cha-bacteriana, do Centro Internacionalde la Papa (CIP), Lima, Peru, do qual a

Embrapa Hortaliças é colaboradora(CIP, 1993; CIP, 1995; Lopes et al.,1997; Quezado-Soares et al., 1997). Acultivar Achat, apesar de não ter sidodesenvolvida em programas de melho-ramento visando resistência à murcha-bacteriana, tem sua baixa taxa de con-denação em campos de certificação atri-buída aos níveis superiores de resistên-cia apresentados tanto em estados ondepredomina a raça 3, como em testescomparativos realizados no infectárioinfestado pela raça 1, da Embrapa Hor-taliças (Lopes & Quezado-Soares,1995). Este fato explica parcialmente asua boa aceitação por parte dos produ-tores, fazendo com que ela seja atual-mente uma das mais plantadas no país.

Esse trabalho teve como objetivoavaliar cultivares de batata nacionais e

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2 4 5Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999.

Desempenho de cultivares de batata em solo infestado com Ralstonia solanacearum, raça 1.

Nº Cultivares Origem IMB (%)1 AACPD2 TS (%)3 PC (t/ha)4 PT (t/ha)1 Achat Alemanha 44,43 963,60 23,21 (26/112) 1,82 3,222 Agria Holanda 100,00 2463,97 58,49 (31/53) 0,78 1,443 Araucária Brasil 16,67 175,23 16,85 (46/273) 11,35 18,794 Astrid Alemanha 83,33 2274,58 51,51 (34/66) 0,39 1,675 Atlantic EUA 66,63 1499,12 42,10 (8/19) 1,35 1,566 Baraka Holanda 33,33 777,70 30,00 (24/80) 4,94 5,927 Baronesa Brasil 58,90 1310,98 77,78 (28/36) 2,36 2,818 Bintje Holanda 83,33 1978,95 52,72 (29/55) 0,74 1,649 Bronka Polônia 100,00 2255,87 100,00 (15/15) 0,00 0,0010 Catucha Brasil 72,20 1877,45 54,00 (27/50) 1,71 2,2911 Ciklamen Hungria 76,67 1198,33 31,69 (45/142) 3,75 6,5512 Contenda Brasil 61,13 2676,35 66,67 (8/12) 0,39 0,5613 Cristal Brasil 93,33 1365,23 58,49 (31/53) 0,58 1,3114 Cruza 148 México 0,00 0,00 13,03 (34/261) 13,31 25,0715 Cr.148 mutante 5 Itália 0,00 0,00 1,80 (6/334) 10,40 21,9316 Desirée Holanda 77,77 1828,05 60,00 (75/125) 2,64 4,1717 Erna Alemanha 62,23 1314,72 76,28 (74/97) 0,17 1,3918 Estima Holanda 80,57 1662,62 64,71 (44/68) 0,52 1,4419 Grão Mogol6 Brasil 34,43 642,02 34,84 (123/353) 0,00 5,6220 Granola Alemanha 24,47 256,90 17,73 (25/141) 14,56 16,4221 Jaette Bintje Holanda 76,67 1940,63 63,16 (60/95) 1,44 1,6722 Monalisa Holanda 44,43 1019,08 19,35 (18/93) 0,00 3,1723 Monte Bonito Brasil 33,33 847,52 21,55 (53/246) 4,33 11,6124 Recent Holanda 100,00 2534,98 41,67 (5/12) 0,00 0,1925 Rheinhort Alemanha 67,77 1519,03 9,61 (5/52) 3,11 4,5326 Roxy Alemanha 52,80 1293,83 24,34 (28/115) 3,13 6,2827 Santé Holanda 88,87 2480,38 92,40 (73/79) 0,11 0,3128 Serrana Argentina 72,23 1711,15 60,94 (39/64) 3,06 3,69

Tabela 1. Incidência de murcha-bacteriana 70 dias após o plantio (IMB), valores de área abaixo da curva de progresso da doença (AACPD),porcentagem de tubérculos com sintomas (TS) e produtividades comercial (PC) e total (PT) em cultivares de batata. Brasília-DF, EmbrapaHortaliças, 1998.

1. Plantas com mais de 50% da folhagem murcha foram contadas como doentes para o cálculo da incidência da murcha-bacteriana (IMB).Dados representam média de três repetições, parcela de seis plantas;2. AACPD: Área Abaixo da Curva do Progresso da Doença, calculada a partir da incidência da murcha-bacteriana em oito avaliações usandoo programa computacional AACPD (Luiz A. Maffia, Universidade Federal de Viçosa, Viçosa-MG. Dados representam média de trêsrepetições, parcela de seis plantas;3. TS: Porcentagem de tubérculos com sintomas de podridão provocada por Ralstonia solanacearum (valores entre parênteses: numerador =número de tubérculos com sintomas; denominador = número de tubérculos produzidos com e sem sintomas, em três repetições, seis plantas/parcela);4. PC: Produção comercial (tubérculos com diâmetro > 50 mm);5. Cruza 148 mutante = Clone CIP 720118.1 (37-35A) mutante da cultivar Cruza 148 (CIP 720118) produzido na Itália para eliminar apigmentação da polpa (CIP, 1995);6. Genótipo antigo, sem procedência definida, fornecida pelo Instituto Agronômico de Campinas, coletada no município de Grão Mogol, MG.

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exóticas, plantadas ou não no país, quan-to ao nível de resistência/suscetibilidadeà murcha-bacteriana causada pela raça1 de R. solanacearum.

MATERIAL E MÉTODOS

O ensaio foi instalado no infectáriodo campo experimental da EmbrapaHortaliças, Brasília, DF, no período demaio a agosto de 1998. O infectário,naturalmente infestado pela raça 1,biovar I, de Ralstonia solanacearum ,vem sendo utilizado para avaliações declones de batata para resistência à mur-cha-bacteriana por mais de 15 anos. Aos35 dias após o plantio, foi realizada aamontoa e, aos 90 dias, a colheita dostubérculos sem sintomas para cálculo daprodutividade comercial (tubérculos >50 mm de diâmetro).

Foram avaliadas 28 cultivares, incluin-do ‘Achat’ e ‘Cruza 148’ (padrões deresistência) e ‘Bintje’ (padrão desuscetibilidade). O delineamento expe-rimental utilizado foi em blocos ao aca-so com três repetições e seis plantas porparcela. O espaçamento empregado foide 0,30 m entre plantas x 0,80 m entrelinhas, tendo a parcela a área útil de 2,4m2. A avaliação da doença foi feita combase na incidência, sendo consideradasdoentes as plantas que apresentavammais de 50% da folhagem murcha. Fo-ram feitas oito avaliações semanais, ini-ciadas aos 22 dias após o plantio, quan-do se verificou o aparecimento dos pri-meiros sintomas. Os dados de incidên-cia foram utilizados para o cálculo daÁrea Abaixo da Curva de Progresso daDoença (AACPD) pelo programacomputacional AACPD (Luís A.Maffia, Universidade Federal de Viço-sa, MG). Os valores médios de AACPDforam utilizados para a análise de agru-pamento pelo programa FITOPAC(George Shepherd, Universidade deCampinas, SP), empregando-se o coe-ficiente distância euclidiana simples eo método da média de grupo. A escolhado número de grupos de níveis de resis-tência foi baseada na distribuição dasvariedades controles. Foi feita a análisede correlação entre AACPD e produti-vidades comercial e total.

As temperaturas registradas duran-te o período do ensaio foram considera-

das apropriadas para o desenvolvimen-to da doença, com temperaturas médiamínima e média máxima de 14,5oC e28,1oC, respectivamente. A irrigação foifeita por aspersão convencional, de acor-do com a necessidade da cultura.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A incidência da doença no último diada avaliação, aos 71 dias do plantio,variou de 0%, nas cultivares mais resis-tentes Cruza 148 e Cruza 148 mutante,a 100% de plantas murchas, registradanas cultivares Agria, Bronka e Recent(Tabela 1).

Por meio da análise de agrupamen-to, foi possível a distinção de cinco gru-pos quanto aos níveis de resistência/suscetibilidade (Tabela 2). As cultiva-res que apresentaram menores níveis dedoença e que posicionaram-se no grupoI (AACPD de 0,0 à 256,9), foram Cru-za 148, Cruza 148 mutante, Araucária eGranola (Tabela 2). Essas cultivares fo-ram também as que tiveram as maioresprodutividades comercial e total (13,3e 25,1 t/ha; 10,4 e 21,9 t/ha; 11,4 e 18,8t/ha e 14,6 e 16,4 t/ha, respectivamen-te) (Tabela 1). Uma correlação negativasignificativa (P<0,01) foi observadaentre AACPD e produtividade comer-cial (r = - 0,76) e entre AACPD e pro-dutividade total (r = - 0,83).

Apesar de terem apresentado inci-dência zero (0) de murcha-bacteriana,as cultivares Cruza 148 e Cruza 148mutante produziram tubérculos com sin-

tomas de podridão provocados por R.solanacearum (34 tubérculos em 261 eseis tubérculos em 334, respectivamen-te) (Tabela 1). ‘Cruza 148’ não possuibom padrão comercial, com tubérculosdesuniformes e pigmentados tanto napelícula como na polpa, caracteres quetêm alta herdabilidade (Tung, 1990a), oque o desqualifica como bom progeni-tor em programas de melhoramento.‘Cruza 148 mutante’ é um genótipomutante da Cruza 148, produzido na Itá-lia, que aparentemente apresenta todasas características morfológicas de ‘Cru-za 148’, com exceção da pigmentaçãoda polpa (CIP, 1995). Esta cultivar apre-sentou comportamento semelhante à‘Cruza 148’ quanto à incidência da mur-cha-bacteriana, tendo sido também amais resistente, juntamente com ‘Cruza148’, dentre 23 clones avaliados noPeru, em 1993-1994 (CIP, 1995). Esteé, portanto, um genótipo que, apesar devários inconvenientes devido a caracte-rísticas comerciais, pode ser usado emcruzamentos visando resistência à mur-cha-bacteriana.

As cultivares Grão Mogol, Baraka,Monte Bonito e Monalisa seposicionaram com a cultivar Achat nogrupo II (AACPD 642,02 – 1019,08)(Tabela 2). ‘Achat’ mostrou maioresníveis de doença do que os observadosem testes anteriores, quando alternava-se com a ‘Cruza 148’ em termos de re-sistência (Lopes & Quezado Soares,1995). Este fato se deve à interação dopatógeno e da hospedeira com fatores

Grupo1 Intervalos deAACPD2 Cultivares3

Posição dascultivarescontrole

1 0,00 - 256,90 14, 15, 3, 20 Cruza 148 (0,00)2 642,02 - 1019,08 19, 6, 23, 1, 22 Achat (963,60)3 1198,33 - 1314,72 11, 26, 7, 13, 5, 17 -4 1519,03 - 1978,95 25, 18, 28, 16, 10, 21, 8 Bintje (1978,95)5 2255,87 - 2676,35 9, 4, 2, 27, 24, 12 -

Tabela 2. Grupos de níveis de resistência à murcha-bacteriana baseados nos valores médiosdas Áreas Abaixo da Curva de Progresso da Doença (AACPD) e cultivares de batataposicionadas em cada grupo. Brasília-DF, Embrapa Hortaliças, 1998.

1. Definido pela análise de agrupamento (coeficiente distância euclidiana simples, métodomédia de grupo);2. Intervalos de valores de AACPD que definem cada grupo;3. Cultivares posicionadas em cada grupo. Utilizou-se a numeração da tabela 1, sendo ascultivares dispostas pelos valores crescentes das AACPD.

A.M.Quezado-Duval & C.A. Lopes

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ambientais (French & De Lindo, 1982;Schmiediche, 1985; Tung et al., 1990a;Tung et al., 1990b). Conforme indica-do por Melo & Buso (1997), ‘Achat’ nãoé indicada para plantios sujeitos a tem-peraturas elevadas, como observado noperíodo do ensaio (média das tempera-turas máximas acima de 28oC).

Tung et al. (1990a e 1990b) com-provaram que genes para adaptação embatata estão envolvidos na manifestaçãoda resistência à murcha-bacteriana, ten-do a função de estabilizar a expressãodos genes de resistência. Estaconstatação pode explicar a resistênciade Araucária, Baraka, Monte Bonito eMonalisa, cultivares mais bem adapta-das a climas mais quentes, consistindo,portanto, boas opções para cultivo naregião do Brasil Central, onde predomi-na a raça 1 de R. solanacearum. Deveser ressaltado, ainda, o fato de Araucáriaser caracterizada como suscetível àmurcha-bacteriana na Região Sul, ondepredomina a raça 3 (IAPAR, 1997).

Um nível insatisfatório de resistên-cia em cultivares com boas característi-cas comerciais; o fato de ‘Achat’ não flo-rescer e, portanto não poder ser usadacomo genitor, e as características inde-sejáveis de ‘Cruza 148’ e ‘Cruza 148mutante’ indicam claramente a necessi-dade de se continuar a busca por melho-res genótipos para servirem comogenitores em programas de melhoramen-to para resistência à murcha-bacteriana.O teste de fontes de resistência e dosmateriais melhorados deve ser feito emdiferentes regiões para se avaliar a pos-sibilidade de uma “quebra” da resistên-cia devido à variabilidade do patógeno eà falta de adaptabilidade do genótipo auma determinada condição climática.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem a Arione S.Pereira, da Embrapa Clima Temperado,Pelotas; a Hilário Miranda Filho, doIAC, Campinas e a Odone Bertoncini eÉlcio Hirano, da Embrapa SementesBásicas, Canoinhas, pelo fornecimentodos tubérculos de algumas cultivaresutilizadas neste trabalho. A Luiz A.Maffia pelo fornecimento do programade estatística.

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RESUMO

A cúrcuma é uma espécie, originária da Índia, com grande po-tencial de utilização nos mercados de corantes, medicinal e alimen-tício. Este trabalho foi conduzido com o objetivo de avaliar a res-posta da planta aos fatores época e densidade de plantio, por meioda caracterização dos estádios fenológicos. Verificou-se que o períodode crescimento vegetativo caracterizou-se pelas etapas de pré-perfilhamento e perfilhamento. A primeira etapa, de crescimentolento, mostrou-se influenciada significativamente pela época de plan-tio, havendo maior precocidade no aparecimento de perfilhos comatraso no plantio. A etapa seguinte, de perfilhamento, mostrou acen-tuado acúmulo de fitomassa, sendo grande a contribuição dosperfilhos. O período de crescimento dos rizomas teve seu início in-fluenciado significativamente pelo fator época de plantio, sendo tantomais precoce quanto mais tardio foi o plantio. A extensão do perío-do de crescimento foi de 147, 124, 102 e 79 dias para os plantiosefetuados em 20 de outubro, 20 de novembro, 20 de dezembro e 20de janeiro, correspondente a ciclo cultural, respectivamente, de 270,240, 210 e 180 dias. Somente foi observado efeito significativo dofator densidade de plantio sobre o período de crescimento vegetativo,sendo o comprimento deste inversamente proporcional à densidadeutilizada.

Palavras-chave: Curcuma longa, genótipo x ambiente, fenologia,corante natural.

CECÍLIO FILHO, A. B.; SOUZA, R. J. de. Caracterização dos estádios fenológicos da cúrcuma, em função da época e densidade de plantio. HorticulturaBrasileira, Brasília, v. 17, n. 3, p. 248-253, novembro 1999.

Caracterização dos estádios fenológicos da cúrcuma, em função da épo-ca e densidade de plantio.Arthur Bernardes Cecilio Filho1; Rovilson José de Souza2.1UNESP – FCAV, Depto. Horticultura, Rod. Carlos Tonanni Km 5, 14.870-000 Jaboticabal – SP; 2 UFLA – Depto. de Agricultura, C.Postal 37, 37.200-000 Lavras - MG.

ABSTRACT

Characterization of phenological stages of the turmeric, as afunction of time and planting density.

Turmeric is a species originated from India with a great potentialin dye, medicine and food markets. This experiment was carried outat the Universidade Federal de Lavras, Brazil, with the objective ofevaluating the response of the plant to factors such as time and plantingdensities, by means of characterizing the phenological stages. Theperiod of vegetative growth was determined at the pre-tillering andtillering stages. The slow growth of the aerial part, in the first stage,was influenced significantly by the time of planting, independently ofthe treatment used. The tillering stage showed increased biomassaccumulation, due to the contribution of the tillers. The period ofgrowth of the rhizomes was greatly influenced by the time of planting.Shorter periods of growth were associated with late plantings. Theextension of the growth period were 147, 124, 102 and 79 days for theplantings done in every 20th day of October, November, Decemberand January, corresponded to a total plant cycle of 270, 240, 210 and180 days, respectively. A significant effect of the factor density ofplanting was only observed during the period of vegetative growth,being short vegetative growth associated to higher plant densities.

Keywords: Curcuma longa, genotype x ambient, phenology,natural dye.

(Aceito para publicação em 13 de setembro de 1999)

A cúrcuma (Curcuma longa L.), per-tencente à família Zingiberaceae,

produtora de rizomas tradicionalmenteconhecidos no mercado internacionalcomo “turmeric”, é considerada umapreciosa especiaria, por compor famo-sos temperos, entre eles o “curry”(Duarte et al., 1989).

Com a proibição do uso de pigmentossintéticos nos principais países da Améri-ca do Norte e Europa (Maia,1991; Rusig& Martins, 1992), recentemente tem sidovislumbrada a possibilidade de participa-ção da espécie num atraente e crescentemercado de aditivos naturais de alimentos.

Além da curcumina, sua substânciacorante, a cúrcuma contém óleo essencialde excelentes qualidades técnica eorganoléptica (Duarte et al.,1989), quejuntos possibilitam estender sua utilizaçãoaos mercados de perfumaria, medicinal,alimentício, condimentar, têxtil e outros.

Inúmeros trabalhos na literatura men-cionam a importância da adequada épocade plantio no desempenho agronômico devárias espécies vegetais. A definição damelhor época de plantio é função da loca-lidade, da cultura a ser implantada e defatores climáticos, especialmentefotoperíodo e temperatura. Estes fatoresafetam a composição química de diver-sos órgãos da planta como por exemploteor de óleo, carboidratos e compostosnitrogenados. Os mesmos são fundamen-tais ao metabolismo vegetal (Alvarenga,1987), síntese e atividade de enzimas(Salisbury e Ross, 1992), divisão e expan-são celular e emissão de folhas (Mengel eKirkby, 1987), que juntos definirão o po-tencial vegetativo e produtivo da planta.

Segundo Lucchesi et al. (1976) eLarcher (1986), a densidade de plantiopode influir na qualidade e produtivi-dade da cultura. As pressões exercidas

pela população de plantas afetam demodo marcante o seu próprio desenvol-vimento. Quando o número de indiví-duos aumenta por unidade de área, atin-ge-se o chamado ponto de competição,no qual cada planta começa a competirpor alguns fatores essenciais ao cresci-mento, tais como nutrientes, água e luz(Arismendi, 1975; Mendoza, 1982;Choairy & Fernandes, 1983), alterandoa arquitetura e outras características dasplantas, com reflexos na produtividade(Mondin, 1988; Squire, 1990).

De acordo com Marschner (1990),diferentes curvas de respostas de rendi-mento são resultantes do incremento nadensidade de plantas e na fotossínteselíquida por unidade de área foliar (efei-to fonte) e do incremento no órgão dereserva (efeito dreno).

Nas espécies exóticas ou de peque-na exploração comercial que repentina-

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mente experimentam maior interessecomercial de cultivo como é o caso dacúrcuma, observa-se reduzido númerode informações técnicas na literaturanacional. O objetivo deste trabalho foicaracterizar as etapas fenológicas dacúrcuma, em função de diferentes épo-cas e densidades de plantio, gerandoinformações sobre a interação desta es-pécie com o ambiente.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido noperíodo de outubro de 1994 a julho de1995, na área experimental do Setor deOlericultura, do Departamento de Agri-cultura, da Universidade Federal de La-vras (UFLA) a 21o14' S, 45o00' W e al-titude média de 910 m (Castro Neto,Sediyama & Vilela, 1980). Com base naclassificação de Köppen, apresenta cli-ma de transição entre Cwa e Cwb, commédias anuais de temperatura e preci-pitação, respectivamente, de 19,4oC e1.529,7 mm (Brasil, 1992).

O delineamento experimental adota-do foi o de blocos ao acaso, em esquemade parcelas sub-divididas, com três re-petições. Os tratamentos foram constitu-ídos por quatro épocas de plantio (20 deoutubro, 20 de novembro, 20 de dezem-bro e 20 de janeiro) e três espaçamentosentre plantas na linha de plantio (20, 35e 50 cm), perfazendo o total de 12 trata-mentos. A unidade experimental (sub-parcela) constituiu-se dos espaçamentosem avaliação, enquanto a parcelacorrespondeu ao fator época de plantio.A área total do experimento foi de1007,20 m2. Adotou-se espaçamento de80 centímetros entre linhas de plantio.

Em cada uma das coletas mensais,para avaliação do acúmulo de matériaseca pela planta, foram retiradas seisplantas competitivas de cada sub-parce-la. A bordadura foi constituída por umalinha de plantio externa de cada sub-parcela, bem como das plantas imedia-tamente antecessoras à cada amostra deseis plantas coletadas mensalmente.

Em solo de média acidez (5,5), al-tos teores de fósforo, potássio, magnésioe matéria orgânica, médio teor de cál-cio (valores segundo Comissão..., 1989)e 66% de saturação da CTC do solo porbases, foi realizada adubação de plantiocom 10,5 g/planta do adubo formuladoN-P-K-Ca-S com as respectivas concen-

trações dos nutrientes: 4-14-8-10-9. Aadubação de cobertura foi realizada com0,84 g de N/planta, aos 60 dias apósemergência das plantas, na forma desulfato de amônio. O plantio foi reali-zado com um rizoma-semente por cova,do tipo rizoma primário, de peso médiode 5 g de matéria fresca ou 1,1 g seco,colocado a quatro centímetros de pro-fundidade, em leiras de aproximada-mente 40 cm de altura, espaçadas decentro a centro em 80 cm.

O material genético utilizado foi pro-veniente de produtores rurais deParacatu (MG) e multiplicado na áreaexperimental do Setor de Olericulturada UFLA, não havendo denominaçãoespecífica para o germoplasma.

A colheita final foi realizada quan-do as plantas apresentavam a parte aé-rea completamente seca, o que ocorreuno dia 17 de julho de 1995, independenteda época de plantio.

A caracterização dos estádiosfenológicas da cúrcuma consistiu na ava-liação do período de crescimentovegetativo (PCV) e do período de cresci-mento dos rizomas (PCRi). O PVC en-globou o período compreendido pelo plan-tio dos rizomas-semente até a época demáxima de matéria seca da parte aérea(MSPA), conforme também adotado porGoto (1993). O PCRi, correspondeu aointervalo compreendido pelo momento emque a matéria seca dos rizomas (MSRi)superou a matéria seca do rizoma-semen-te plantado (1,1 g) até a colheita. MSPecorresponde à matéria seca da parte aéreados perfilhos, sendo portanto, parte inte-grante da MSPA. As datas referentes aospontos de máxima MSPA e início do

PCRi, foram determinadas pelo uso deequações não lineares, conforme propos-ta de Draper & Smith (1981), Guimarães& Castro (1986). Também fez-se a deter-minação do parâmetro graus-dia, a fim deretratar o calor efetivo disponível à plantanos períodos subsequentes de seu desen-volvimento, em função das épocas deplantio estudadas. Para tanto, adotou-se omodelo de Holmes & Robertson (1959),sendo o valor, resultado da diferença en-tre a temperatura média do ar e a tempe-ratura base da planta, considerada 10oC(Goto, 1993).

O ciclo cultural e o período de de-senvolvimento pós-emergência (PDPE),corresponderam ao período compreen-dido entre o plantio dos rizomas e aemergência das plantas, respectivamen-te, até a colheita.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O crescimento vegetativo da cúrcumacaracterizou-se nas etapas do pré-perfilhamento e do perfilhamento. A eta-pa do pré-perfilhamento, limitada até oaparecimento do primeiro perfilho, foisignificativamente influenciada pelo fa-tor época de plantio. Não houve efeitodo fator densidade de plantio. Neste tra-balho foi constatado início doperfilhamento aos 120, 92, 87 e 85 diasdo ciclo das plantas provenientes, respec-tivamente, dos plantios realizados em 20/10, 20/11, 20/12 e 20/01. Em outros tra-balhos observou-se aparecimento deperfilhos apenas a partir dos 100 dias apóso plantio (Goto, 1993). Portanto, o atra-so no plantio promoveu o aparecimentomais precoce de perfilhos (Figura 1),

Caracterização dos estádios fenológicos da cúrcuma.

Figura 1. Efeito da época de plantio, 20/10, 20/11, 20/12 e 20/01, correspondentes à DAPP de0, 30, 60 e 90 dias, respectivamente, sobre o início do perfilhamento. Lavras, UFLA, 1996.

Época de plantio

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2 5 0 Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999.

A. B. Cecílio Filho & R. J. de. Souza

Figura 2. Acúmulo de matéria seca da parte aérea (MSPA), matéria seca de perfilhos (MSPe) e produção de rizomas por planta (RIZ/PLA),durante seu ciclo (dias após o plantio - d.a.p), em função da época e densidade de plantio. LAVRAS, UFLA, 1996.

diminuindo a etapa de pré-perfilhamentoe adiantando o início da fase deperfilhamento.

Verificou-se que independente dotratamento, o crescimento da parte aé-rea no estádio de pré-perfilhamento émuito lento, conforme também foi ob-servado em trabalho conduzido por Goto(1993). Em geral, ao final deste perío-

do, a produção de MSPA foi inferior a15% do máximo obtido pela planta nodecorrer do ciclo. Embora no estádio depré-perfilhamento tenham sido verifica-dos pequenos incrementos em valoresabsolutos no crescimento das plantas,estes corresponderam muitas vezes aaltas taxas de crescimento relativo. Ve-rifica-se portanto que são grandes os

investimentos da planta neste estádio,sendo importante realizar as práticasculturais corretas como controle de plan-tas daninhas, irrigação e adubação. Semdúvida, o crescimento exponencial queocorrerá no período subsequente estácondicionado entre outros fatores, aobom desenvolvimento da planta duran-te o pré-perfilhamento.

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2 5 1Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999.

Figura 2. Continuação

O estádio de perfilhamento, limita-do entre o aparecimento do primeiroperfilho e o ponto de máxima MSPAacumulada pela planta, caracteriza-sepelo acentuado aumento na MSPA. Con-forme pode ser visto na Figura 2, oacúmulo de MSPA durante o período depré-perfilhamento foi bastante pequeno.

No estádio posterior, ou seja após opré-perfilhamento, é grande a contribui-

ção do acúmulo de MSPe na produçãode MSPA. Portanto, este estádio foi de-nominado de período de perfilhamento.Conforme pode ser visto na Figura 2, ascurvas de produção de MSPA e de ma-téria seca de perfilhos (MSPe) apresen-tam a mesma tendência uma vez que aparticipação da MSPe na MSPA no de-correr do ciclo da cúrcuma, foi em mé-dia de 49,5%, no momento de máxima

produção de MSPA pela planta. Para otratamento onde o plantio foi feito em20/11 no espaçamento de 35 cm entreplantas, a produção de MSPA foi signi-ficativamente superior aos demais e aMSPe representou cerca de 65% do to-tal da MSPA acumulada.

O estádio do perfilhamentocomplementa o período de crescimentovegetativo, o qual é finalizado quando

Caracterização dos estádios fenológicos da cúrcuma.

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2 5 2 Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999.

o máximo de MSPA é atingido. Segue-se, então, um declínio na quantidade deMSPA da planta, que é proporcional-mente mais intenso à medida em queaproxima-se do final do ciclo, motiva-do pela diminuição da temperatura am-biente. Tal situação promoveu acentua-da redistribuição de metabólitos e nu-trientes da parte aérea para os rizomas.A MSPA, por ocasião da colheita, re-presentou menos de 3% da matéria secatotal da planta.

Portanto, a época de plantio limita aextensão do período de crescimentovegetativo, principalmente em virtudedas temperaturas existentes em cadaépoca. De acordo com Squire (1990), odesenvolvimento da parte aérea da plan-ta é grandemente influenciado pelos fa-tores que controlam este desenvolvi-mento, principalmente nos períodosonde ocorre incremento líquido da par-te aérea. No presente estudo, foram ob-servados períodos de crescimentovegetativo (PCV) da cúrcuma de 197,166, 154 e 132 dias, respectivamente,para os plantios efetuados em 20/10, 20/11, 20/12 e 20/01. No entanto, tambémo fator espaçamento afetou significati-vamente o PCV, observando-se incre-mento linear no período de crescimentoà medida em que foram usados maioresespaçamentos entre plantas.

O início do período de crescimentode rizomas (PCRi), foi significativa-mente influenciado pelo fator época deplantio, não tendo sido constatado efei-

to significativo do fator espaçamento.Na figura 3 verifica-se que a planta res-pondeu linearmente às épocas avaliadas,tendo sido iniciado o PCRi aos 123, 115,108 e 100 dias após o plantio, respecti-vamente, para os plantios em 20/10, 20/11, 20/12 e 20/01. Observou-se, portan-to, maior precocidade para o início daformação de rizomas, em plantios maistardios. Entretanto, em relação ao com-primento do ciclo apresentado pelasépocas de plantio estudadas, o início doPCRi equivaleu a 45,5%, 48%, 51,4% e55%, respectivamente. Com base nes-tes resultados, a extensão do PCRi foide 147, 124, 102 e 79 dias para os plan-tios de 20/10, 20/11, 20/12 e 20/01, res-pectivamente.

As condições climáticas nestes pe-ríodos, especialmente de temperatura,foram possivelmente os principais res-ponsáveis pela resposta diferenciada dasplantas quanto à produção de rizomas.O efeito da temperatura na formação dosrizomas ficou evidente. Para o plantiode 20/11, época de maior produção, ob-teve-se 1.059 graus-dias para o PCRienquanto que para o plantio de 20/01,época menos favorável à produção derizomas, obteve-se apenas 553 graus-dias durante o PCRi.

Pode-se verificar na figura 2 que nosPCRi, os maiores incrementos, em va-lores absolutos, na produção de rizomasocorreram em sua grande maioria, a par-tir do período em que a planta atingiu omáximo de MSPA, conforme também

observado por Goto (1993). Entretanto,observou-se que mesmo com a evoluçãoda senescência da parte aérea econsequentemente, redução da áreafoliar, houve considerável incremento daprodução de rizomas por planta, nos úl-timos 30 dias do PCRi, tendo sido obser-vados incrementos de até 23%, sendo de8,7% a média dos tratamentos avaliados.

Em relação ao ciclo vegetativo eperíodo de desenvolvimento pós-emer-gência (PDPE), foi observado somenteefeito significativo do fator época deplantio para as duas características. Ociclo de cultivo foi tanto maior quantomais cedo realizou-se o plantio. Para osplantios realizados em 20/10, 20/11, 20/12 e 20/01, os ciclos foram de 270, 240,210 e 180 dias, respectivamente. Em-bora Purseglove (1972) e Hertwig(1986) citam a cúrcuma como espécieperene, as condições climáticas do mu-nicípio de Lavras a torna metabolica-mente anual, sendo colhida sempre nomês de julho, quando sua parte aéreasenesce em decorrência das baixas tem-peraturas e consequentemente, determi-nando o comprimento do ciclo em fun-ção da época de plantio.

A partir da segunda quinzena do mêsde maio, a temperatura no município deLavras normalmente decresce, ocorren-do no mês de junho temperaturas médi-as menores e/ou muito próximas à tem-peratura base da cúrcuma. Este estressetérmico induziu a planta de cúrcuma àsenescência, tendo-se presenciado parao período em questão umamarelecimento progressivo da parteaérea, culminando com a completa mor-te dos tecidos.

Quanto ao período de desenvolvi-mento pós-emergência, a linearidade daresposta constatada para extensão dociclo de cultivo, neste caso, não foiverificada, uma vez que houve diferen-ça no comprimento do período de emer-gência das plântulas de cúrcuma entreas épocas de plantio. Observou-se perío-dos de emergência de 40 e 15 dias, res-pectivamente, para os plantios realiza-dos em 20/10 e 20/11, e de 12 dias paraos plantios nas demais épocas avaliadas.Esta observação é muito importante,principalmente, avaliando-se a situaçãoda primeira época de plantio (20/10), emque foram necessários 40 dias para

Figura 3. Efeito da época de plantio, 20/10, 20/11, 20/12 e 20/01, correspondentes à DAPPde 0, 30, 60 e 90 dias, respectivamente, sobre o início do período de crescimento do rizoma(PCRi). Lavras, UFLA, 1996.

Época de plantio

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2 5 3Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999.

emergência das plântulas. Este períodofoi extremamente longo, tanto que su-perou a diferença de 30 dias entre a pri-meira e segunda época de plantio e quaseo período de emergência da segundaépoca, o que acarretou reflexos negati-vos para as plantas no decorrer de seudesenvolvimento; reflexos estes expres-sos no acúmulo de MSPA e MSRi, pre-sentes na figura 2.

Fazendo-se uma analogia entre a ger-minação de sementes de outras espéciese a brotação dos rizomas de cúrcuma, estaobservação concorda com trabalhos des-critos por Squire (1990), os quais rela-tam existir correlação positiva entre ve-locidade de germinação e emergência,iniciação foliar e atributos de expansão eprodução de matéria seca da planta.

Provavelmente, este longo períodode emergência após o plantio de 20/10foi devido a dois fatores. O primeirodeve-se possivelmente às condições in-trínsecas do rizoma-semente, tais comobalanço hormonal, favorecendo adormência. Esta, embora não avaliadaneste experimento, pôde ser caracteri-zada externamente ao rizoma, pela au-sência de sinais de brotação; sinais es-tes, verificados a partir da segunda épo-ca de plantio pelo desenvolvimento deuma das gemas do rizoma-semente eentumescimento de outras. Esse brotoapresentou-se visualmente maior nasépocas de plantio subsequentes.

Como segundo fator, têm-se as con-dições do ambiente de cultivo, especial-mente do solo. No período após o plan-tio em 20/10, foram constatadas tempe-raturas do solo muito elevadas (44oC, a4 cm de profundidade, às 14:30 horas),podendo atuarem como agentequiescente, pois conforme reporta Mota(1983), afetam significativamente asatividades fisiológicas de germinação oubrotação. Embora trabalhando com ou-tra cultura, Nova & Santos (s.d.) cons-tataram que temperaturas do solo supe-riores a 29oC paralisaram o processo debrotação dos tubérculos de batata.

Provavelmente, estes foram os fato-res responsáveis por propiciarem perío-dos de emergência muito semelhantes (15a 12 dias) para os plantios de 20/10, 20/11, 20/12 e 20/01, e bem mais curto doque o verificado para o plantio de 20/10.

O maior ciclo decorrente do plantiomais cedo do período avaliado (20/10),não trouxe benefícios, principalmentedevido ao longo período de emergên-cia, não permitindo às plantas um cres-cimento tão vigoroso quanto o observa-do para o plantio em 20/11.

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nova cultivar

RESUMO

São apresentadas as principais características agroindustriais emorfológicas de uma nova cultivar de batata lançada pelo IAPAR,em parceria com a Embrapa Hortaliças, Brasília (DF) e a EmbrapaSemente Básica, Canoinhas (SC). “IPR 82-Araucária” foi selecio-nada de populações clonais introduzidas do CIP, Lima-Peru, por meioda Embrapa Hortaliças e avaliada nas Estações Experimentais doIAPAR desde 1984. A nova cultivar apresentou como fatores positi-vos alta produtividade comercial e resistência de campo à requeima,permitindo prever reduções em até 50% no uso de fungicidas para ocontrole da doença. A suscetibilidade à mancha chocolate e sarnacomum evidenciaram a necessidade de manejo adequado de densi-dade e época de plantio, calagem e irrigação para minimizar os ris-cos de ocorrência dessas doenças. Com essas características, “IPR82-Araucária” apresenta potencial para atender às demandas de pro-dutores orgânicos e para produção em áreas de mananciais de água.

Palavras-chave: Solanum tuberosum, resistência horizontal,requeima, agricultura orgânica.

SCOTTI, C.A.; NAZARENO, N.R.X. de. IPR 82-Araucária, cultivar de batata para olericultura sustentável. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 17, n. 3,p.254-256, novembro 1999.

IPR 82-Araucária, cultivar de batata para olericultura sustentável.Carlos Alberto Scotti; Nilceu Ricetti Xavier de NazarenoIAPAR - Polo Regional de Pesquisa de Curitiba, C. Postal 2301, 80.001-970 Curitiba-PR.

ABSTRACT

IPR 82-Araucária, potato cultivar for sustainable vegetableproduction.

The main agronomic, industrial, and morphologicalcharacteristics of a new Brazilian potato cultivar released by IAPAR,Embrapa Hortaliças, Brasília-DF and Embrapa Sementes Básicas,Canoinhas-SC are presented. “IPR 82-Araucária” has been selectedfrom clonal populations derived from crosses done in CIP, Lima,Peru, and introduced for field evaluations in 1984. High yield andfield resistance to late blight have been the main features of the newcultivar, allowing to predict reductions as much as 50% in fungicidesapplications. Susceptibility to internal brown necrosis and commonscab requires special farmer’s attention in respect of planting density,liming, and irrigation management to decrease risks of incidence ofthese diseases. “IPR 82-Araucária” is potentially suited for organicfarming, and for growing in areas close to water resources.

Keywords: Solanum tuberosum, horizontal resistance, potato lateblight, organic farming.

(Aceito para publicação em 24 de agosto de 1999)

O Estado do Paraná contribui comcerca de 25% da produção nacio-

nal de batata para consumo in natura(Scotti et al., sem data); a Região Me-tropolitana de Curitiba contribui com70% dessa produção. Dependendo dosistema de produção adotado, o númerode pulverizações com fungicidas podechegar a 30 por safra, com média de 23em Guarapuava e oito na Região Me-tropolitana de Curitiba (Nazareno et al.,1995). Esta região apresenta abundan-tes mananciais de água para o abasteci-mento da população urbana e rural. Éconstante a preocupação com a produ-ção de batata nestas áreas, em relaçãoaos riscos de contaminação da água porresíduos de pulverizações na cultura.

O Instituto Agronômico do Paraná(IAPAR) e a Embrapa Hortaliças, pormeio dos seus centros de pesquisas lo-calizados em Brasília (Embrapa Horta-liças), e em Pelotas (Embrapa ClimaTemperado) e do Serviço de Produçãode Semente Básica, em Canoinhas, vem

desenvolvendo atividades de pesquisaintegradas visando o desenvolvimentotecnológico da cultura da batata. Frutode mecanismos institucionais e do rela-cionamento técnico, esta integração temdado resultados de uso imediato pelosprodutores e de alto interesse à comuni-dade científica.

Um dos principais produtos dessaintegração foi o lançamento e recomen-dação para plantio no Estado do Paraná,da primeira cultivar paranaense de ba-tata, IAPAR 27-Contenda, em 1987.Esta cultivar chegou a atingir mais de50% da área cultivada na Região Me-tropolitana de Curitiba, num total de 25mil hectares.

Na evolução dos trabalhos, foi de-senvolvida uma nova cultivar denomi-nada IPR 82-Araucária, que pelas suascaracterísticas de resistência à requei-ma, principal doença foliar da região,foi recomendada para suprir a demandade produtores orgânicos na região. Estetrabalho teve como objetivo descrever

as principais características desta novacultivar de batata, enfatizando sua ca-pacidade para a produção com númeroreduzido de aplicações de fungicidas.

ORIGEM

A cultivar IPR 82-Araucária foi se-lecionada em ensaios de avaliação defamílias clonais realizados em EstaçõesExperimentais do IAPAR, na regiãoCentro-Sul do Estado. Sua introduçãose deu na safra das águas de 1984, naEstação Experimental de Irati-PR. Oscruzamentos das populações iniciaisforam feitos no CIP, Centro Internacio-nal de la Papa, em Lima-Peru, e os tu-bérculos-semente foram encaminhadosao IAPAR através da Embrapa Hortali-ças. Tentativas de conhecer a genealogiado clone junto ao CIP foram infrutífe-ras, pela não coincidência de identifica-ção com que o mesmo foi introduzidopela Embrapa Hortaliças junto aoIAPAR.

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2 5 5Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999.

AVALIAÇÕES AGRONÔMI-CAS E COMERCIAIS

Na primeira fase, em 1984, de umtotal de 8.000 genótipos plantados, fo-ram selecionadas 78 plantas, baseadas novigor e sanidade relacionada às viroses.Após novo ciclo de avaliação, foram elei-tos onze clones que receberam a deno-minação clonal de PCA’s, seguidos denumeração de ordem, os quais foram sub-metidos à limpeza e indexação, em 1987.Os testes de campo para avaliação dosclones promissores, comparativamente àscultivares tradicionais, iniciaram-se nasafra das águas de 1990.

Entre 1991 e 1995 o clone PCA-05foi incluído numa série de ensaios cons-tituintes do ECARCB/PR, tendo sidoaprovado pela Comissão Técnica(ECARCB/PR, 1996), recebendo onome de “IPR 82-Araucária” para efei-to de lançamento, proteção e registro.

Em todas as fases de estudo, os expe-rimentos foram conduzidos seguindo astecnologias de produção dos sistemas con-vencionais da região. Foram empregadosníveis de adubação que variaram de 1500a 2000 kg/ha da formulação 4-14-8 e co-

bertura com 60 kg/ha de nitrogênio, naforma de sulfato de amônio; também fo-ram efetuadas pulverizações comfungicidas protetores convencionais e in-seticidas para controle de pulgões e va-quinha, em doses e número de aplicaçõesconforme o preconizado para a região.

Inicialmente, foram feitas as obser-vações em plantas individuais ou linhas(clones) e, à medida que o volume detubérculos foi aumentando, foram con-duzidos experimentos em blocos ao aca-so, com duas a quatro repetições, emparcelas de quatro linhas de cincometros. Clones avançados participaramna rede cooperativa de avaliação de cul-tivares de batata, nas fases preliminar eavançado (ECARCB/PR, 1996). Comocultivares testemunhas foram utilizadasDelta, Baronesa, Radosa, Achat e Bintje,dependendo da fase de desenvolvimen-to do trabalho.

As avaliações durante o ciclovegetativo consideraram o vigor da parteaérea, o porte ereto e resistência às vi-roses e requeima, esta última avaliadaatravés da área sob a curva de evoluçãoda doença, sem controle químico(Nazareno et al., 1997). Na pós-colhei-ta foram considerados o formato de tu-

bérculos, coloração de película e polpa,profundidade do olho, ocorrência dedefeitos fisiológicos (rachadura,embonecamento e descolorações inter-nas), esverdeamento do tubérculo arma-zenado e produção total e comercial, emconformidade com o Ensaio Cooperati-vo de Avaliação Regional de Cultivaresde Batata (ECARCB/PR, 1991). De-terminações do teor de matéria seca,pelo método da estufa a 65oC e a 105oCe de qualidade de fritura em “chips” e“palito” por três minutos a 185oC e decoloração com escala de notas desen-volvida no IAPAR, com valores de1=coloração amarelo claro a 5=colora-ção marrom queimado, foram feitas nasfases finais de avaliação dogermoplasma (ECARCB/PR, 1996).

Os clones que se destacaram, foramencaminhados para limpeza eindexação, no IAPAR, em Londrina, oupara a EMBRAPA/CNPH, dando ori-gem à semente pré-básica. O aumentodesse material indexado forneceu quan-tidades suficientes para os testes de cam-po, de comparação dos clones promis-sores com cultivares tradicionais.

A Tabela 1 contempla o resumo dasavaliações das diversas safras e locais,

1. Produção de tubérculos com diâmetro acima de 45 mm.2. Incidência de mancha chocolate e embonecamento em amostras de 10 tubérculos.3. Área sob a curva do esverdeamento de tubérculos lavados, com avaliações aos 5, 10 e 15 dias de exposição em luz difusa, com escala de10= sem esverdeamento a 40= tubérculos verdes.4 Teor de matéria seca determinado pelo método da estufa a 65ºC e 105ºC.5 Avaliação da aparência da fritura a temperatura de 185ºC, usando-se escala onde 1= coloração branco amarelada e 5= coloração marromqueimado.Fonte: ECARCB-PR – Relatório – 1996.

CARACTERÍSTICACULTIVAR

IPR 82-Araucária Achat Baronesa BintjeCiclo (dias) 117,3 ± 6,7 92,7 ± 2,6 104,8 ± 6,0 100,9 ± 4,9Peso tubérculo (g) 90,1± 8,6 49,0± 3,0 103,4±12,3 59,1 ± 7,8Produção comercial (t/ha)1 18,3 ± 2,8 9,2 ± 1,5 17,8 ± 2,1 11,7 ± 2,9Produção total (t/ha) 23,9± 2,9 16,9 ± 2,2 24,4 ± 2,9 20,1 ± 2,1Chocolate (%)2 32,2± 6,9 18,1 ±13,2 3,8 ± 1,2 0,0Embonecamento (%)2 27,5 ± 6,0 0,0 8,4 ± 2,0 15,0± 4,4Esverdeamento3 37,6 ± 3,9 39,4 ± 3,4 37,1 ± 3,3 22,7± 1,9Matéria seca (%)4 18,4 ± 0,7 14,9 ± 0,5 18,0 ± 0,4 16,9 ± 1,9Fritura "chips"5 3,3 ± 0,4 2,5 ±0,4 3,5 ± 0,4 2,2 ± 0,2Fritura "palito"5 3,2 ± 0,4 2,2 ± 0,4 3,3 ± 0,4 1,9 ± 0,2

Tabela 1. Características agronômicas, matéria seca e capacidade de fritura da cultivar IPR 82-Araucária em comparação com testemunhas.Paraná, IAPAR, 1993 a 1995. (Médias e erro padrão de 12 ensaios).

Araucária, cultivar de batata para olericultura sustentável.

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2 5 6 Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999.

em comparação com as testemunhas“Achat”, “Baronesa” e “Bintje”.

Observa-se que “IPR 82-Araucária”foi altamente produtiva, superando as trêstestemunhas, em produção comercial.Como fator negativo, a cultivar apresen-tou elevada incidência de mancha cho-colate; para minimizar este problema re-comenda-se plantios mais densos no pe-ríodo de produção de dezembro a feve-reiro. Também apresentou peso médio detubérculos superior a “Achat” e “Bintje”o que significa reduzido número de tu-bérculos abaixo de 45 mm de diâmetro,de pouco valor comercial. Avaliações donúmero de hastes/m2 mostraram valoresmédios de 7,1 ± 3,7 para a “IPR 82-Araucária”, enquanto que “Achat”, “Ba-ronesa” e “Bintje” apresentaram valoresde 11,3 ± 4,4; 10,6 ± 4,8 e 13,0 ± 7,9,respectivamente, sendo este um fatorpositivo para o aumento do número deplantas na linha, como fator para redu-ção da incidência da mancha chocolate.

Observou-se teores de matéria secaaceitáveis e em valores superiores aosda cultivar Bintje, o que representa bomrendimento industrial; no entanto a apa-rência de fritura, tanto em “palito” comoem “chips” deixou a desejar, com valo-res inferiores à “Achat”, cultivar nãoadaptada para a indústria de fritas (Ta-bela 1). Mesmo assim, observou-se altaaceitação pelos consumidores de “IPR82-Araucária” preparada para fritura naregião de Curitiba (Scotti et al., 1997).

Em experimentos específicos para aavaliação do nível de resistência de cam-po à requeima sem controle químico,observou-se que em cultivares suscetí-veis como “Bintje” e “Monalisa” a epi-demia da doença atingiu mais de 95%de área foliar atacada, aos 25 dias apóso início do aparecimento de sintomas,

enquanto que na mesma época a severi-dade em “IPR 82-Araucária” era demenos de 5% (Nazareno et al., 1997).

A resistência da nova cultivar estádemonstrada na Tabela 2; os dados apre-sentados referem-se à área sob a curvada epidemia de requeima (Cambell &Madden, 1990), em ensaio conduzido sobinfecção natural, em Curitiba, na safra dassecas de 1997. Observa-se que todas ascultivares testadas, à exceção da “IPR 82-Araucária” apresentaram suscetibilidadeà doença. Essa característica vem-semantendo há várias safras, o que tempermitido prever uma redução de 50%na demanda de pulverizações comfungicidas para o controle da requeima(Nazareno et al., 1997). Essa caracterís-tica da nova cultivar a torna com poten-cial para o cultivo orgânico.

A observação em tubérculos indicasuscetibilidade à sarna comum. Essacaracterística negativa à aparência co-mercial pode ser minimizada com o usoadequado da calagem do solo, uso deirrigação na época de tuberização ecomercialização de tubérculos apenas es-covados, que é a forma convencional devenda, em feiras de pequenos produtores.

Complementando-se a descrição dacultivar IPR 82-Araucária apresenta-sea seguir seus principais descritoresmorfológicos e as características botâ-nicas e vegetativas: plantas de ciclovegetativo longo (117 dias); hábito decrescimento ereto; folhagem da plantaaberta a intermediária; fechamento mé-dio da folha; folíolos de tamanho peque-no a médio; asas nas hastes presentes ede formato ondulado; flores brancas;alta a média frequência de frutos; tubér-culos oval-alongados, de película ama-rela, polpa amarela-clara e olhos rasos;aptidão culinária para cozimento.

DISPONIBILIDADE DE TU-BÉRCULOS-SEMENTE

O IAPAR, Polo Regional de Pesqui-sa de Curitiba e a Embrapa SementesBásica disponibilizarão estoques pré-básicos e básicos de tubérculos-semen-te da nova cultivar.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem a colaboraçãodos Engenheiros Agrônomos João C.Zandoná, Newton A. Yorinori e RobsonL. Mafioletti, à acadêmica de agrono-mia Norma Boschetto e aos técnicosagrícolas Horácio F.S. Juliatto e JocemarF. de Campos, pelas suas contribuiçõese apoio nas diversas fases deste traba-lho. Aos pesquisadores da EmbrapaHortaliças José Amauri Buso, PauloEduardo de Melo e Sieglinde Brune eda Embrapa Semente Básica ElcioHirano e Odone Bertoncini pelo apoioe suporte técnico, que resultou no lan-çamento desta cultivar. Ao CNPq, pelabolsa concedida ao segundo autor.

LITERATURA CITADA

CAMPBELL, C.E.; MADDEN, L.V. Introductionto Plant Disease Epidemiology. New York:John Wiley & Sons, 1990. 532 p.

ECARCB/PR. Normas e metodologia para exe-cução do ensaio cooperativo de avaliação e re-comendação regional de cultivares de batata.Estado do Paraná. Curitiba, 1991. 32 p. (Do-cumento).

ECARCB/PR. Comissão Técnica do Ensaio Coo-perativo de Avaliação Regional de Cultivaresde Batata para o Paraná. Relatório Técnico Fi-nal, período 1991/1995. Curitiba, 1996, 45 p.

NAZARENO, N.R.X. de; BRISOLLA, A.D.;ZANDONÁ, J.C. Uso de agroquímicos nacultura da batata em Curitiba e Guarapuava,IAPAR, Londrina-PR, 1995 56 p. (Informe daPesquisa, 114).

NAZARENO, N.R.X. de; SCOTTI, C.A.;ZANDONÁ, J.C.; YORINORI, N.A.;MAFIOLETTI, R.L.; BOSCHETTO, N. Ava-liação de clones e cultivares de batata para re-sistência à requeima no Paraná. FitopatologiaBrasileira, Brasília, v. 22, Suplemento, p. 289,agosto 1997.

SCOTTI, C.A.; NAZARENO, N.R.X. de;GODOY, R.C.B.; HAMERSCHMIDT, I. Es-tudo da Cadeia Produtiva da Batata. SEAB/PR,Curitiba-PR. 47 p. sem data. (Documento).

SCOTTI, C.A. ; NAZARENO, N.R.X. de;ZANDONÁ. J.C. Avaliação da qualidade declone experimental de batata pelo consumidorfinal. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 15,n. 1, p. 74-76, maio 1997.

CULTIVAR ASCRE1Bintje 2074, f2

Monalisa 2000, efElvira 1970, def

IAPAR 27-Contenda 1556, bcIPR 82-Araucária 768, a

Tabela 2. Comportamento de cultivares de batata em área infectada de requeima. Curitiba,IAPAR, 1997. (Médias de 6 repetições).

1 Área sob a curva de evolução de requeima. Valores mais elevados demonstram maiorsuscetibilidade da cultivar.2 Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo Teste de Duncan a 5%.

C.A. Scotti & N.R.X. de. Nazareno

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2 5 7Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999.

VIEIRA, R.F.; RESENDE, M.A,V. de; VIEIRA, C. Leopoldina: primeira cultivar de grão-de-bico para Minas Gerais. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 17,n. 3, p. 256-257, novembro 1999.

Leopoldina: primeira cultivar de grão-de-bico para Minas Gerais.Rogério F. Vieira1; Maria Aparecida V. de Resende 1; Clibas Vieira2

1Epamig, Vila Gianetti, 47, 36.571-000 Viçosa-MG; 2, UFV-Deptº de Fitotecnia, 36.571-000 Viçosa-MG.

RESUMO

A cultivar de grão-de-bico Leopoldina foi introduzida do“International Center for Agricultural Research in the Dry Areas”(ICRISAT), localizado na Índia, com a denominação ICCV-3. Suassementes têm coloração creme (tipo kabuli) e o peso de 100 unida-des varia de 28 a 36 g. Apresenta plantas com tipo de crescimentosereto e inserção da primeira vagem alta. As plantas podem atingir60 cm de altura. Seu ciclo de vida varia de 125 a 135 dias. É resis-tente à raça 1 do Fusarium oxysporum f. sp. cicero e tolerante aosnematóides causadores de galhas nas raízes. Nos ensaios conduzi-dos no outono-inverno com irrigação na Zona da Mata e no Norte deMinas Gerais, os rendimentos alcançados pela ‘Leopoldina’ varia-ram de 2.037 a 2.950 kg/ha.

Palavras-chave: Cicer arietinum, Fusarium oxysporum f. sp.cicero, nematóides, ciclo de vida, rendimento.

ABSTRACT

Leopoldina: first chickpea cultivar for Minas Gerais State,Brazil.

‘Leopoldina’ was introduced from the International Center forAgricultural Research in the Dry Areas (ICRISAT), Índia, as lineICCV-3. The seeds are cream (kabuli type) and 100-seed weightranges from 28 to 36 g. ‘Leopoldina’ has erect plant type and highfirst pod insertion. The plant can reach 60 cm in height, and its lifecycle ranges from 125 to 135 days. ‘Leopoldina’ is resistant to race1 of Fusarium oxysporum f.sp. cicero and tolerant to root-knotnematodes. In trials carried out during fall-winter with irrigation at“Zona da Mata” and “Norte” regions of Minas Gerais, Brazil, yieldsvaried from 2,037 to 2,950 kg/ha.

Keywords: Cicer arietinum, Fusarium oxysporum f sp. cicero,nematodes, life cycle, yield.

(Aceito para publicação em 27 de agosto de 1999)

O grão-de-bico pode ser classifica-do em dois grupos de cultivares: kabulie desi. Este último grupo, que predomi-na na Índia - o maior produtor dessaleguminosa -, não é comercializado noBrasil. As cultivares pertencentes aogrupo kabuli possuem grãos de cor cre-me com baixo teor de fibras. O consu-midor brasileiro tem preferência pelascultivares de grãos médios e grandes dogrupo kabuli, os quais são consumidosna forma de salada ou de pasta. As tem-peraturas ótimas para o cultivo do grão-de-bico estão entre 15 e 30ºC (Braga etal., 1992). Por isso, no sudeste do Bra-sil, ele deve ser cultivado no outono-in-verno, com irrigação.

A primeira cultivar lançada no Bra-sil ocorreu em São Paulo, em 1989. A‘IAC Marrocos’, introduzida em 1964 doMarrocos, tem grãos de tamanho médio(26 g/100 unidades) e ciclo de vida de125 a 140 dias (Braga et al., 1992). Em1994, a cultivar Cícero (grãos grandes),selecionada de introduções procedentesdo México, foi recomendada para culti-vo no inverno nas condiçõesedafoclimáticas do Brasil Central, ondeo seu ciclo de vida é de, aproximadamen-te, 110 dias (Giordano & Nascimento,1994). Minas Gerais tem grande poten-cial para o cultivo do grão-de-bico, por

causa da vasta área irrigada por aspersãoe do clima ameno no outono-inverno namaior parte do estado. No entanto, nãohá cultivar recomendada para as condi-ções edafoclimáticas de Minas Gerais.Logo, ‘Leopoldina’ é a primeira cultivara ser lançada para esse estado.

ORIGEM

A cultivar Leopoldina foi introduzidado “International Center for AgriculturalResearch in the Dry Areas” (ICRISAT),localizado na Índia. Ela foi recebida em1991, com a denominação ICCV-3. Estalinhagem provém de um cruzamentomúltiplo [( K 850 x GW 5/7 ) x P 458 ] x(L 550 x Guamuchil) feito em 1975, efoi selecionada para ter resistência à raça1 da murcha-de-fusarium (Fusariumoxysporum f. sp. ciceri), na Índia.

DESCRIÇÃO

Plantada em abril ou maio e irrigada,a emergência ocorre entre 6 e 9 dias. Daemergência ao início da floração a‘Leopoldina’ leva entre 43 e 63 dias,dependendo do local. O ciclo de vidavaria de 125 a 135 dias. Apresenta plan-tas com tipo de crescimento ereto e in-

serção da primeira vagem alta, o quefacilita a colheita mecanizada. As plan-tas atingem 55 a 60 cm de altura. A floré branca e o comprimento da vagem éde 25 mm; em geral são produzidas 2 a3 sementes por vagem. O índice de co-lheita normalmente varia de 37% a 48%.As sementes têm coloração creme e opeso de 100 unidades varia de 28 a 36g. A cultivar Leopoldina é resistente àraça 1 de F. oxysporum f. sp. ciceri etolerante aos nematóides causadores degalhas nas raízes (informação pessoal,Dr. Jagdish Kumar, ICRISAT).

A cultivar Leopoldina teve bom de-sempenho quando plantada em abril oumaio na Zona da Mata e no Norte deMinas Gerais, sempre com irrigação.Em Coimbra, município da Zona daMata localizado a 800 m de altitude,seu rendimento variou de 2.037 a 2.300kg/ha (Braga et al., 1997). EmLeopoldina, município da Zona daMata localizado a 210 m de altitude, orendimento atingiu 2.959 kg/ha. EmJanaúba, Norte de Minas Gerais, elarendeu 2.640 kg/ha. Em média, a culti-var Leopoldina rendeu 20% e 42% amais que as cultivares IAC Marrocos eCícero, respectivamente. Nesses ensaios,a ‘Leopoldina’ foi plantada no

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2 5 8 Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999.

espaçamento entre fileiras de 50 cm,com 20 sementes por metro. A aduba-ção nitrogenada de cobertura variou de30 a 100 kg/ha de N. Não se fez uso deinoculante (Bradyrhizobium sp.).

DISPONIBILIDADE DE SE-MENTES

Pequenas amostras de sementes dacultivar Leopoldina podem ser obtidasno Centro Tecnológico da Zona da Mata(EPAMIG), em Viçosa,MG.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem à FAPEMIGpelo financiamento da pesquisa que tevecomo resultado o lançamento da culti-var Leopoldina.

LITERATURA CITADA

BRAGA, N.R., VIEIRA, R.F., RAMOS, J.A. deO. A cultura do grão-de-bico. InformeAgropecuário, Belo Horizonte, v. 16, n. 174,p. 47-52, 1992.

BRAGA, N.R., VIEIRA, C., VIEIRA, R.F Com-portamento de cultivares de grão-de-bico(Cicer arietinum L.) na Microrregião de Vi-çosa, Minas Gerais. Revista Ceres, Viçosa, v.44, n. 255, p. 577-591, 1997.

GIORDANO, L. de B.; NASCIMENTO, W.M.‘Cícero’: nova cultivar de grão-de-bico paracultivo de inverno. Horticultura Brasileira,Brasília, v. 12, n. 1, p. 80 (Resumo), 1994.

R. F. Vieira et al.

normasNORMAS PARA PUBLICAÇÃO

Instruções para apresentação de trabalhos à revistaHorticultura Brasileira:

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1. Artigo Convidado; 2. Carta ao Editor; 3. Pesquisa; 4. Eco-nomia e Extensão Rural; 5. Página do Horticultor; 6. Insumos eCultivares em Teste; 7. Nova Cultivar; 8. Expediente.

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atual, a convite da Comissão Editorial, tendo forma livre,porém devendo atender obrigatoriamente às alíneas (b) e (d)de PESQUISA, além de apresentar resumo, palavras-chave,abstract, título em inglês e keywords (observe instruções naalínea (e) de PESQUISA). Caso haja co-autores, é obrigató-ria a sua anuência à publicação. Caso haja citação de literatu-ra, obedecer às alíneas (f) e (g) de PESQUISA. Caso hajatabelas, figuras, fórmulas químicas, referências a agrotóxicosou inclusão de fotografias, obedecer as alíneas (j), (k), (l),(m) e (n) de PESQUISA;

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e) A estrutura dos artigos obedecerá ao seguinte roteiro:1. Resumo em português, com palavras-chave ao final. Aspalavras-chave devem ser sempre iniciadas com o(s) nome(s)científico(s) da(s) espécie(s) em questão e nunca devem re-petir termos para indexação que já estejam no título; 2.Abstract, em inglês, acompanhado de título e keywords . Oabstract, o título em inglês e keywords devem ser versõesperfeitas de seus similares em português; 3. Introdução; 4.Material e Métodos; 5. Resultados e Discussão; 6. Agradeci-mentos; 7. Literatura Citada; 8. Figuras e tabelas.

f) Referências à literatura no texto deverão ser feitasconforme os exemplos: Esaú & Hoeffert (1970) ou (Esaú &Hoeffert, 1970). Quando houver mais de dois autores, utilizea expressão latina et alli, de forma abreviada (et al.), sempreem itálico, como segue: De Duve et al. (1951) ou (De Duveet al., 1951);

g) As referências bibliográficas citadas no texto deverãoser incluídas em LITERATURA CITADA, em ordem alfabé-tica, pelo primeiro autor. Quando houver mais de um artigodo(s) mesmo(s) autor(es), no mesmo ano, indicar por umaletra minúscula, logo após a data de publicação do trabalho,como segue: 1997a, 1997b. A ordem dos itens em cada refe-

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da linha inicial. Veja o exemplo:SILVA, C. Herança da resistência à murcha de Phytophthora

em pimentão na fase juvenil. Piracicaba: ESALQ, 71 p.(Tese mestrado).

Trabalhos apresentados em congressos (quando nãoincluídos em periódicos): NOME DOS AUTORES (em cai-xa alta, separados por ponto-e-vírgula. Independente do nú-mero de autores do artigo, todos devem ser relacionados, ve-dando-se, em Horticultura Brasileira, o uso de et alli na LI-TERATURA CITADA). Título do trabalho. In: NOME DOCONGRESSO (em caixa alta, vedando-se, em HorticulturaBrasileira, o uso de abreviações na LITERATURA CITADA),número do congresso. (seguido de ponto), ano de realizaçãodo congresso, cidade de realização do congresso. Título dapublicação... (Anais...; Proceedings..., etc..., seguido de reti-cências): Local de edição da publicação: editora ou institui-ção responsável pela publicação, ano de publicação. Páginasinicial e final do trabalho. Recue o início de uma eventualsegunda linha de referência até alinhar-se com a terceira letrada linha inicial. Veja o exemplo:HIROCE, R; CARVALHO, A.M., BATAGLIA, O.C.; FURLANI, P.R.;

FURLANI, A.M.C.; SANTOS, R.R.; GALLO, J.R. Composição mine-ral de frutos tropicais na colheita. In: CONGRESSO BRASILEIRO DEFRUTICULTURA, 4., 1977, Salvador. Anais... Salvador: SBF, 1977. p.357 - 364.

www site- Autor(es):

MASSRUHÁ, S.M.F.S.; MANCINI, A.L.; MEIRA, C.A.A.; MÁXiMO, F.A.;FILETO, R.; PASSOS, S.L.Z.

Quando o site não indicar autoria, entrar pelo título(ver exemplo 2).- Título: indica-se o título do documento consultadoAmbiente de desenvolvimento de software para o do-mínio de administração rural.- Fonte (location, site ou host): indica-se, em itálico ena língua do texto, o nome do site onde o documentoestá armazenado, seguido da data, entre parênteses,em que o mesmo tomou-se disponível na lntemet.Disponível: site Agrosoft (07 fev. 1996)Disponível: Middlebuty College site (Feb. 7, 1996)URL: indica-se o endereço completo do site, prece-dido da sigla URL.URL:http:/Awww.agrosoft.com/agroport/docs95/doc10.htm- Notas: data de consulta - indica-se, na língua portu-guesa, a data em que a consulta foi efetuada.Consultado em 12 fev. 1996.Exemplo 1

MASSRUHÁ, S.M.F.S.; MANCINI, A.L.; MEIRA, C.A.A.; MÁXIMO, F.A.;FILETO, R.; PASSOS, S.L.Z. Ambiente de desenvolvimento desoftware para o domínio de administração rural. Disponível: s i t eAgrosoft (07 fev. 1996). URL: http://www.agrosoft.com/agroport/docs95/doc10.htm Consultado em 12 fev.1996.

Exemplo 2MARY Cassatt biographical sketch and paintings. Disponível: WebMuseum

Paris site (1994). URL: http://www.oir.ucf.edu/louvre/paintauth/cassatConsultado em 10 abr. 1995.

www page

rência deverá obedecer as normas vigentes da AssociaçãoBrasileira de Normas Técnicas - ABNT, como segue:

Periódico: NOME DOS AUTORES (em caixa alta,separados por ponto-e-vírgula. Independente do número deautores, todos devem ser relacionados, vedando-se, emHorticultura Brasileira, o uso de et alli na LITERATURACITADA). Título do artigo. Título do Periódico (emHorticultura Brasileira sempre em itálico, vedando-se a uti-lização de abreviações), cidade de publicação (apenas paraperiódicos brasileiros), volume, número do fascículo (quan-do a informação estiver disponível), paginação inicial e fi-nal, mês (indicando com inicial maiúscula os meses paraperiódicos em inglês e, com inicial minúscula, para periódi-cos em português, e abreviando-se na terceira letra quandoo nome do mês possuir mais de quatro letras), ano de publi-cação. Recue o início de uma eventual segunda linha de re-ferência até alinhar-se com a terceira letra da linha inicial.Veja o exemplo:VAN DER BERG, L.; LENTZ, C.P. Respiratory heat

production of vegetables during refrigerated storage.Journal of the American Society for HorticulturalScience, v. 97, n. 3, p. 431 - 432, Mar. 1972.

Livro: NOME DOS AUTORES (em caixa alta, sepa-rados por ponto-e-vírgula. Independente do número de auto-res do artigo, todos devem ser relacionados, vedando-se, emHorticultura Brasileira, o uso de et alli na LITERATURACITADA). Título do livro (em Horticultura Brasileira sem-pre em itálico, vedando-se a utilização de abreviações). Ci-dade de publicação: editora, ano de publicação. Número totalde páginas. Recue o início de uma eventual segunda linha dereferência até alinhar-se com a terceira letra da linha inicial.Veja o exemplo:ALEXOPOULOS, C.J. Introductory mycology. 3 ed. New

York: John Willey, 1979. 632 p.Capítulo de livro: NOME DOS AUTORES DO CA-

PÍTULO (em caixa alta, separados por ponto-e-vírgula. In-dependente do número de autores, todos devem ser relacio-nados, vedando-se, em Horticultura Brasileira, o uso de etalli na LITERATURA CITADA). Título do capítulo. In:NOME DOS EDITORES OU COORDENADORES DO LI-VRO (em caixa alta, separados por ponto-e-vírgula. Indepen-dente do número de autores, todos devem ser relacionados,vedando-se, em Horticultura Brasileira, o uso de et alli naLITERATURA CITADA). Título do livro (em HorticulturaBrasileira sempre em itálico, vedando-se a utilização de abre-viações). Cidade de publicação: editora, ano de publicação.Páginas inicial e final. Recue o início de uma eventual segun-da linha de referência até alinhar-se com a terceira letra dalinha inicial. Veja o exemplo:ULLSTRUP, A.J. Diseases of corn. In: SPRAGUE, G.F. ed.

Corn and corn improvement. New York: Academic Press,1955. p. 465 - 536.

Tese: NOME DO AUTOR (em caixa alta). Título datese (em Horticultura Brasileira sempre em itálico, vedando-se a utilização de abreviações). Cidade de publicação: insti-tuição, ano de publicação. Número total de páginas. (Tesemestrado ou doutorado). Recue o início de uma eventual se-gunda linha de referência até alinhar-se com a terceira letra

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2 6 0 Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999.

- Autor(es): indica-se o(s) nome(s) do(s) autor(es) eem sua ausência, entra-se pelo título

- Título: indica-se o título do documento consultado- Fonte (location, site ou host): indica-se, em itálico ena língua do texto, o nome do site onde o documentoestá armazenado, seguido da data, entre parênteses,em que o mesmo tomou-se disponível na intemet- Disponível: site EMBRAPA (25 set. 1995)- Endereço URL:http:/www.hortbras.com.br/resu-mos_ dos_artigos.htm- Notas: indica-se na língua portuquesa, a data em quea consulta foi efetuada

Horticultura Brasileira. Resumos dos artigos (10 nov. 1998). URL: http://www.hortibras.com.br/resumos_dos_artigos.htm. consultado em 19 nov.1999.

FTP (file transfer protocol)Citação de arquivo disponível para transferência, através do serviço ftp.- Autor(es), quando conhecidos indica-se o(s) autor(es)

BRUCKMAN, A.

- Título: indica-se o nome completo do documento,em itálicoApproaches to managing deviant behavior in virtualcommunities.- Fonte: URL ou endereço do site ftp - indica-se o endereço completo do siteURL: ftp.media.mit.edu pub/asb/papers/deviance-chi94ouftp: ftp.media.mit edu pub/asb/papers/deviance-chi94- Notas: data de acesso - indica-se, na língua portuguesa, a data em que a consulta foi efetuada. Consultado em 4 dez. 1994.

BRUCKMAN, A. Approaches to managing deviant behavior in virtualcommunities. ftp.media.mit edu pub/asb/papers/deviance-chi94 Consul-tado em 4 dez. 1994.

Mensagem pessoalDocumentos originados do correio eletrônico- Autoria: indica-se o nome do autor

FERREIRA, S.M.S.

- Assunto: indica-se o assunto, em itálico, no campocorrespondente ao título, utilizando as informações contidas na linha de assunto do e-mail.Notícias- Fonte: endereço - indica-se o endereço eletrônico doautor (o endereço pessoal poderá ser omitido, indican-do em seu lugar o endereço da lista da qual o autor éassinante).smferrei@spider. usp.brindicação do tipo da mensagem - Mensagem pessoal- Notas: data da mensagem enviada14 maio 1996

FERREIRA, S.M.S. Notícias. [email protected]. Mensagem pessoal.14 mai 1996

Artigos de periódico (em CD-ROM e na lnternet)

- Autoria.- Título do artigo.- Título do periódico, por extenso, com iniciais maiúscu-las.- Local de publicação, se houver.- Número do volume e fascículo e, se houver, o nomeda seção.- Páginas (inicial e final) do artigo, ou número pará-grafos (quando não apresentar paginação).- Data.- Endereço/protocolo (quando se tratar de documentodisponível na intemet).- Indicação do tipo de mídia.- Data de acesso: indica-se, na língua portuguesa, adata em que a consulta foi efetuada, apenas quando setratar de documentos disponível na lntemet.Exemplos:

BARTSCH, S. Actors in the audience. Bryn Mawr Classícal Revíew, v.3, n.2,10 par., 1995. Disponível: gopher:gopher. lib.virginia.edu:7OlOOIalpha/bmrciv95195-3-2 Consultado em 07 ago 1996.

WENTWORTH, E.P. Pitfalls of conservative garbage collection. Software - Practice& Experience, v.20, n.7, p.719-727, July 1990. CD-ROM. SP & E archive.

Eventos Científicos Considerados em parte (emCD-ROM)

- Autoria- Título e subtítulo da parte- Nome do evento- Número do evento- Data e local de realização- Título e subtítulo do evento- Local de edição- Editor- Ano de publicação- Páginas (inicial ou final) ou número de parágrafos(quando não apresentar paginação)- Indicação do tipo de mídia

CARRILHO, J. Z.; SOARES, J. V.; VALÉRIO FILHO, M. Detecção auto-mática de mudanças como recurso auxiliar no monitoramento da cober-tura do terreno. ln: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE SENSORIAMENTOREMOTO, 8., 1996, Salvador. Anais. São Paulo: INPE / Sociedade Lati-no-Americana de Sensoriamento Remoto e Sistemas de lnforrnações Es-paciais, 1996.26 par. CD-ROM. Seção artigos.

h) A citação de resumos apresentados em congressos deveser limitada a no máximo 20% do total de referências, exceto nocaso de assuntos onde não há literatura em quantidade razoável;

i) A citação de trabalhos com mais de dez anos de idadedeve ser limitada a no máximo 50% do total de referências,exceto no caso de assuntos onde não há literatura em quanti-dade razoável;

j) Somente deverão ser incluídas tabelas e figuras queapresentem dados relevantes à interpretação do assunto e quenão possam ser apresentados em poucas linhas de texto. Da-dos apresentados em figuras não devem ser apresentados nova-mente em tabelas e vice-versa. As tabelas e figuras devem serapresentadas ao final do artigo, uma por página, com nume-ração consecutiva;

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k) Utilize o padrão da revista para títulos de tabelas,rodapés e legendas, indicando no título ou legenda, nesta or-dem: local, instituição e ano de realização do trabalho. Tabe-las e figuras devem ser sempre autoexplicativas, ou seja, oleitor deve entender o que está sendo demonstrado, sem sernecessário que consulte o texto. As tabelas devem ser confi-guradas no padrão SIMPLES do processador de textos Word,ou similar. Linhas verticais não são utilizadas e linhas hori-zontais devem aparecer somente entre o título e o corpo databela; entre o cabeçalho e o conteúdo da tabela e, quando foro caso, entre o conteúdo da tabela e a última linha;

l) Ao longo do texto, as fórmulas químicas devem serindicadas de acordo com a nomenclatura adotada pelaChemical Society (Journal of the Chemical Society, p. 1067,publicado em 1939). Em tabelas, as fórmulas químicas de-vem ser apresentadas no rodapé;

m) No caso de agrotóxicos é vedada a utilização de no-mes comerciais. Deve ser utilizado o nome técnico ou a refe-rência ao princípio ativo;

n) No caso do trabalho conter fotografias, a ComissãoEditorial deve ser consultada. No caso de fotografias colori-das, os autores devem cobrir os custos adicionais.

4. ECONOMIA E EXTENSÃO RURAL: trabalho naárea de economia aplicada ou extensão rural, tendo formalivre porém devendo atender obrigatoriamente às alíneas (a),(b), (c), (d), (f), (g), (h) e (i) de PESQUISA, além de apresen-tar resumo, palavras-chave, abstract, título em inglês e keywords (observe instruções na alínea (e) de PESQUISA). Casohaja co-autores, é obrigatória a sua anuência à publicação.Caso haja tabelas, figuras, fórmulas químicas, referências aagrotóxicos ou inclusão de fotografias, obedecer as alíneas(j), (k), (l), (m) e (n) de PESQUISA.

5. PÁGINA DO HORTICULTOR: Comunicação ounota científica, passível de utilização imediata pelo horticultor.Observar o mesmo padrão de PESQUISA.

6. INSUMOS E CULTIVARES EM TESTE: comuni-cação ou nota científica relatando ensaio com agrotóxicos,fertilizantes ou cultivares, tendo forma livre, mas devendoobedecer, obrigatoriamente as alíneas (a), (b), (c) e (d) dePESQUISA e, quando aplicável, as alíneas (f), (g), (h) e (i)de PESQUISA, além de apresentar resumo, palavras-chave,abstract, título em inglês e keywords (observe instruções naalínea (e) de PESQUISA). Caso haja co-autores, é obrigatóriaa sua anuência à publicação. Caso haja tabelas, figuras, fórmu-las químicas, referências a agrotóxicos ou inclusão de fotogra-fias, obedecer as alíneas (j), (k), (l), (m) e (n) de PESQUISA.

7. NOVA CULTIVAR: Comunicação relatando o regis-tro de nova cultivar, tendo forma livre, mas devendo obede-cer, obrigatoriamente as alíneas (a), (b), (c) e (d) de PESQUI-SA e, quando aplicável, as alíneas (f), (g), (h) e (i) de PES-QUISA, além de apresentar resumo, palavras-chave, abstract,título em inglês e keywords (observe instruções na alínea (e)de PESQUISA). Caso haja co-autores, é obrigatória a suaanuência à publicação. Caso haja tabelas, figuras, fórmulasquímicas, referências a agrotóxicos ou inclusão de fotogra-fias, obedecer as alíneas (j), (k), (l), (m) e (n) de PESQUISA.

8. EXPEDIENTE: seção destinada à comunicação en-tre os leitores e a Comissão Editorial e vice-versa, na forma

de breves avisos, sugestões e críticas. O texto não deve exce-der 300 palavras (1.200 caracteres) e deve ser enviado emduas cópias devidamente assinadas, acompanhadas dedisquete e indicação de que o texto se destina à seçãoExpediente. Por questões de espaço, nem todas as notas rece-bidas poderão ser publicadas e algumas poderão ser publicadasapenas parcialmente.

9. Trabalhos que não atendam às alíneas (a), (h) e (i) dePESQUISA não serão aceitos.

10. Trabalhos que não atendam às alíneas (b), (d), (e), (f),(g), (j), (k), (l), (m) de PESQUISA serão devolvidos aos au-tores para que sejam adequados sem serem registrados nasecretaria da revista.

11. Trabalhos que não atendam à alínea (c) de PESQUI-SA permanecerão na secretaria da revista, com processo detramitação suspenso, por 90 dias a contar da data constanteno aviso de recebimento do trabalho enviada aos autores pelaComissão Editorial. Findo esse prazo, caso as indicações con-tidas na referida alínea não tenham sido atendidas pelos auto-res, os originais dos trabalhos serão destruídos e o trabalhoserá excluído dos registros da secretaria da revista.

III. Os manuscritos submetidos à publicação nas seçõesPESQUISA e ECONOMIA e EXTENSÃO RURAL serãoapreciados por no mínimo dois assessores ad hoc, especialis-tas no tema do artigo apresentado, que darão parecer sobre aconveniência de sua publicação do trabalho, com base naqualidade técnica do trabalho e do texto. Os artigos submeti-dos à publicação nas demais seções, a critério da ComissãoEditorial, podem também ser apreciados por assessores adhoc. Ao seu critério, os assessores ad hoc poderão sempreque consultados indicar alterações que adequem o artigo aopadrão de publicação da revista.

IV. Em caso de dúvidas, consulte a Comissão Editorialou verifique os padrões de publicação em Horticultura Bra-sileira, v. 14 em diante.

V. Os casos omissos serão decididos pela Comissão Edi-torial. Se necessário, modificações nas normas de publicaçãoserão feitas posteriormente.

VI. Os originais devem ser enviados para:Horticultura BrasileiraC. Postal 19070.359-970 Brasília - DFTel.: (061) 385.9051 / 385.9000Fax: (061) 556.5744E.mail: [email protected]

VII. Assuntos relacionados a mudança de endereço,filiação à Sociedade de Olericultura do Brasil - SOB, paga-mento de anuidade, devem ser encaminhados à diretoria daSOB, no seguinte endereço:

UNESP - FCAC. Postal 23718.603-970 Botucatu - SPTel: (014) 820 7172Fax: (014) 821 3438