23

Novos Rumos na Ficção de José Saramago - Os Romances Fábula (As Intermitências da Morte, A Viagem do Elefante, Caim) -- Ana Paula Arnaut.pdf

  • Upload
    yue-xu

  • View
    239

  • Download
    10

Embed Size (px)

Citation preview

  • kc-tt`~kQi c=o1

    tG-D0

    os Naoonalismos na Leratura do socuo XXos indivduos em face das mag0es

    ANA BEATRIz DEMARCHI BAREL(c,`)

    13 814s445

    MinervaCoimbra|21

  • NOVos RUMOs NA FlCCA0DEJOssARAMAG0:0s ROMANCEs FABULA(s`rERMJTflVCrHs DJ Mo`yrHCfM Do fIfFH%`

    ?iAP, PAr/I

    Universidade de Coimbra

    '0&

    9

    `7

    c`cI9qs9s,@`zFtssIrz/,T

    JOssARAMAGo,o LJl,rc, Jros(Agr,ldo E`-Cgrafc)

    Ern arHgo publicado em20061evantmos a hip6tese de que o entaoma1s recente romance de Jose Saramago, As Jrtrr7mJ,rCJcs d1Ft,r(2005),perFnitia eriflcar uma Fnudana de rumo na produgo flccional doautor tAmaut,20011A propoa foi feita com auma caute1a,ndoeIll rnentc que a alllisc de um onico romance na0pe1nitia,por sj so,alcan-

    ar dennidas e s1idas condusoes.A publicaaode A gP,ad@(2008)e de CG(2009)Possiba,todavia,a validagaO da leitura quecntao nzemos,

    Cu1npre re1embrar,a prop6sito,e de acordo cona umabrevernas neces-sLria contextualizagao,que o pri1nciro cic1o de prOduao1itero1ria sararna-:uiana decoe entre MPzzJ

    `dg PrrC Jgrc(1977)eEsjt9SgDr

    J Ccgjn(1995),exc1use,Neste pcrodo encams uma enorme ape-tencia pe1O tratamento dc temas historicos,dircCta ou indirectamentc re1a-cionadOs cOm a Hisria e com a Cultura portuguesas,sa de um psadoms rmotO sa de um tempo ms recente.Por isso julgamos conve-nicntc usar a designagao de cic1o dosromances da

    portugalidade innsa,adoptando uma sugestao de christopher Ro11asOn(Ro11asOn,2006 113;Amaut,200842).O segundo cic1o,por cOnseguinte,abca Os romancespub1icados entreRs@S@rg Cgjrc e As f,J9ajrJrccs g,exclusive2k de1imitagao feita no ambito desta fase dOs rOmances de teorunivcrsa1ou universa1izante diz respeitO queruti1izaao de estratogiasque evidcnciam o cu1to de tcmas de cariz mais gera1,quer a uma reconhc-

  • ??

    ov@sr,9aoscfod`os

    sr,9og

    mmn6amu, 1: :,:r:f::1::%fFtul%r:: :l 1r,de sistemas repressivos quc transfo1Illam o HOmc1em

    No caso dos romances quc cOmp0em,pOr enquanto,o terceirO ciclode produgao nccinaI,c que,por rllOtivOs que adiante explicaremos,pro-pomos desncOmo romancesD,julgamOs que a hnhaferencialrelativamente aOs anteriorcs se instaura,por um ladO,a partir de novas res

    :

    fl::f:::F?J:F:;:&I: I;:R:li:f;{::1IF : ,F:triI:F:tn1ir a acgao,os temas que a percoee as personagcnsdsiJ=llFff:i:: :nuna tom caricatural e c61ico,como sucede,exemp1tnente,em Me@~rjcJ J@Cbv (198 ;6ceo tambom que actamOs que cm outsobras,como A JgddB P (1986)0ur d@s s NoJ,rs(1997),aurdidura romanesca6pontuahnente pautada por episodiOs,cOmentiosou alus(es que parece1n suavizar o tom primOrdiahnente grave da narra-tia e do enredo.Todavia,c sem prctcndeIIOs Validar a idcia de que JOsoSaramgoum eritor pmista e apOcaltico(GarcfPosada,1998),nao podemos deixar de cOnsiderar que6oc]11fcter sorio,recolhido e tantasvezes sombO,rnelancolicanlente sOmbrio e dcsa1entado,que rcssalta daglobaIidade dessas obras(Arnaut,200848-49).

    Por Opos1mos,uma mleveza,tanto nidas naativas(

    O pri1uehas consequencma~:ao que,rcrdaquela nguraCo11CO de slt1con1frequencilctadO r:la c=de hngu:=E=~malsF

    `=:ec1t)si

    `:

    =::E 0:

    =: ~--~\-

    je= =: =J =~~^I3:~Ej:elzer ara-ojfao moer a=leta DO tcedLemOs aocE

    ~ sc:L:

  • ^,aa P A

    mago,

    Xpec-mentcy;1Cao

    idoparacos e/m crn

    |ciclo} pro-:ncial6es

    emaGaostrudade,D Cro-

    rde senago,CJtomautOra~ccns

    anceslunda:o-urasT}.aIanOsnra-:Joso998),tantasta da

    Por opos ,da1eitura dOs romancesJ/t!9 J'z ressalta,comojsuge-rnos,uma mais eng1obante cO1icidade e,por conseguinte,uma maiOrleveza,tanto na esco1ha dos acontecirnentos que sao postos boca de cenadas narativas quantO no Fnodo como se cOnstr6i o re1ato,

    O primeiro destes romances respeita,pois,num prneo mOInento,)s consequencias de uma pontual grcve da moc,numa referencia~infor-maao que,remetendo pa a inversao do papel tradiciona1mente esperadodaquela ngura,possibi1ita,e1concomitancia,c desde o infcio da obra,Oc6mo detuago(Bergson,1996 65) Este ahar-s,fund-sc,co1frcquencia,se nao sistemaucamente,ao coco de carcter-despo-lctado pcla composiao caricatural de outras personagens-e ao comicode Iinguagem,tantas vezes usada na sua vertente mais disafda,istO6,mais prosaica,assim transformando o sOlene erl famihar e assim criandoefeitos risfvcis(comoo casO do pedidO reitO aO gOvemo re1ativo a obri-gatordade de enterrar os ams domostos.que otarcmos em bre(BergsOn,199173),

    Num ouo momentO, sabemOs que a mone retoma as suas fun-g0cs mque,reconhecendoohusto e crtlel proccdmeIlto que vhascguindo,que era tirar aidas pessoasfalsa-f,se1aiso pvio,scmdizergua-vai(Saramago.2005106).passa prevenir os humanos queao mer aaos dO enio antccipado(uma sCmande uma cta vo-leta Do tcrceirO momcntO,e porque no qucrcmos anteCipar o desfccho,diremos apenas que o leitor conheceras fragidadcs da pr6pria morte,

    A scgunda obra orquestra-seem tomo daspepocias oconndas na(his-ra)vhgem de um elehnte que,noculo XI,exactamente em1551,sendo rei D,JOo I,foi lex/ado de Lisboa a`qenr9(saramago,2007)

    k recuperagaO de temas de carcter hist6rico,Inas agOra nO ambitda his0a rel0sa,acontece tamb6m em Cj, semclhanga do quejhavia acontecido em9El,g

    `

    Sg JVss CrJsV(1991),ual-mente alvO de vias e acesas pOl(;micas,o mais recente romance de JosoSaramago retOma a linha de uma par6dica re1citura dos textos sagrados,No caso concreto,o enredo gira eFll tomo da ngura de caipcrsonagema quem caber,quase scmprc,accionar a dinalica de risfcis linhas desubversao.Ern concomitancia,caber-lhe-taubonl fazer proa de que~Ahistor1a dos homcns e a hist6r1a dos seus dcsentendiInentOs co1dCus,nemcle nOs cntende a nos,nenl nos o entcnden1Os a ele(Saramago,200991).

    Deixemos c1arO,no entanto,que,neste como nOs outros romances dociclO,a prcdominancia ds efeitos c6micos,Ou a maior1eveza na escOlha

  • 54 ovos r,,f@s,Pz'9

    9 ,ssrI9zgo

    da Fnatoa-pHFna da narrativa,benl como do rnOdo cOmo a exp0e,nao sig-ninca a ausencia de uma profunda preocupagao com a condigao humana,

    Em qualquer uma das obras,poanto,comO vcrcmos,sucede1-seepoodos catos co efeito redunda num soiso abeoentas vezesaquiescente,pe1o menos,ressalve-se,para aqueles1eitores inst1vrds poruma certa encic1op6dia e por un1ceo@ l

    `v

    'j,Signinca isto que ocom1co nao se encontra apenas dependente dO trabalho de defo11ago,de

    cGatura da realade leado a cabo pelo escHtor(pelo ania,em geral),0usa,das inmg0es que se julga esrem cOntas no modo como senaFa/descreve uma dcterll11nada Cena e/ou seus1nteen1entes.A descodi-ncaae a aceitaQao do c6micO enquantO tal estao,tambom,subordinadosideologia de quen1ee)regulagao da simpatia relativamente ao autor ea mat6a narrada(Schaeffer,1985),

    Numa outra linha de entendirnento,a deciJraao e a caao dos efei-tos Comos pode a"da caf dectamente re1aconada com a osensdade e cO1a(nao)cmao do lcitr oc1iCo nao pOde produzir o seuk1ito a nao ser sob a condigao de deparar com uma supccie da ahnadecididamente serena,dccididamente unifomeA indiferen~:a o o seu Fneionatura1.C)riso nao tem pir inirnigo do que a emoao.Neste sentido,(D colico exige portantO e nnahncnte,pa produzir todO o seu efcito,qualquer coisa comO uma anestesia momentanca dcragao,Eirige-seinteligencia pura(Bergson,199115-16),

    De As fnrrI9zjcjcsMorrelembramos,cOmo eemplo,duasdas consequencias que se seguemdecisao de a morte nao mat,Dci-xando de Iado o caos e o cOlapso provocados nas agencias scguradoras,noshospitais,nos lares para a terceira idade,no grupo dos n1osfs,ou no seioda pFksFriaja Ostes mtims ustrathos do condoonamento daeOlO-gia na aceitagao do c6mico,logO,da instauragao dO riso),sa1ientamos,emprimeiro1ugar,a falencia das agencias funer1rias e a posteor exigenciafeita aO gOverno de

    tomar obrigatoos o enteamento ou a incinero de todos os ani1naisdomosticos que venha1a defuntr de morte natura1ou por acidente,e queta1 enterramento ou tal incineragao, regulamentados e aprovados, seJamob0gatoa111ente leVados a cabo pela indosa funeroa,tendo em cotlta asmerit6Has provas pmstadas no passado como autenticservio poblico quetem sid,nsentido mais profundo da exprcssaogera0es ap0s gera5es(d,9t 28)

    Em seg1a passagens cvizinho

    'do1inoscula palsas negoc1agObres.'um olscte rneses pa(quaSe)noII1kv1sao,e reproantes,enl IetinclusaO dasum gramticomcfOs rudinn

    O sinal dmodO.se distisua ldcntldadc

    ==~CnaoOs.::lstar.aut:xu1agantc1{

    mandar vtos a panida moneeaonde fazproporoeIppoo,atse fam Ina caeIracesscm pcl

    Em'A:TConcOs Pcrccoc aor:9S9 9 r::c=e rcl: J t|=: :~: :=:(=

  • A fJr`^r

    `

    Em segundo lugarecordamos que a vida eterna cOmega a obrigara passagens c]andestinas da fronteira,anm de,em paz,se moer nO pafsvizinho.A16m disso,a eternidade1evarao apareCimento da mphia(comlinoscula para que asshn se distinga da outra jsrjzrjfao)que,apos inten-sas negociag0es con1o governo,terpor rnissao organizar as viagens fone~bres.A um Outro nfvel,sublinhamos,ainda,o epis6dio da carta em que,sete lneses passados sobre o infcio da greve,a rnorte anuncia o regresso (quase)n0Ia1idade(j3g106-107),A missiva,depos de lida na tele-sao,reproduzida num dos jomais nao na sua versao manuscrita mas,antes,m lea de forma`com as cougs ve1bs acead,com ainc1usao dasrnaitscu1as Onde faltavan1

    `pOrque,segundo a opiniao deum gramtico,a morte simplesmente,nao dOFllinava ne)sequer os pri-moros rudimentos da arte de escmver(D

    '?2 117).

    O sinal de vida(!)dado pcla mone(com mhscula p:J11fa que,dessemodO,dotinga da ur1iversal Morte),c O conscquente deso deer asua identidade,para a convencera ratar connnais CompaixaO os infe1izcscOndenados,leva,pOr scu tumo,numa nota que nao podemos deoar deregistar,a uma absurda e comica operaaocaaa-mrte,/k fantstica eextravagante ideia Ococ a uFll rnodico legista,que se lembra de

    mandarir do estrangcirO un1famoso especia1ista en1reconstituio de ros-tos a panir de caveiras,o qual dito especialista,paindo de representaesda mone cm pinturas e gravuns antas( ),tria de reconstitua calTleaonde fazia falta,reencaixaria os o1hos nas orbitas,disobuioa en1adequadaspropores cabelo,pestanas e sobrance1has,espalharia nas faces o co1ohdopropoo,atque diante de si surgisse uma cabca perfeita c acabada de quesc fariam1il copias fotogrcas que outos tantos inVestigadorcs1evariamna cdrteira para as compararem com quantas cabc9as de mulherlhes ape-cessem pela frente(

    '

    :133-134).

    Em A cgI9Td@ ,manm-se ocLrso a0sos prOcessosc61icos,Para cOmear,pclo rnodo como prOsca e familinente o naradorrccOe aorniodo pocnor[que]nao interessana histoa (SaramagO,198 1 para descrevcr,ou mehor,para reescreer,a misricOtuaOque funciona cOmo motor da narrativaReferimo-nosconstata9ao de D.JOaO I,mais ou menos a hra de ir pa a cama6aramago,20013),de quc O presentc de casamento dado hquao anos ao primo Maxi1ianOdc/`ustria havia sido indigno da sua1inhagem,ccOnscqucnte sugestao da

    sl-

    lnna.En-serezess pOrue oo.deBml),lO SeCodi-ndosltor e

    efelsib

    D seualmamelolodo

    eito.-se

    duDo-}.nOs|selo

    :)lo-

    ;.em:ncla

    malsB queqata

    o que

    oeS

  • 56 Novos r/rosy cf J@sSorzP99d,

    rnha,Dona CatELri11a de Ausia,de1he oferecer Salomao,O elefante quems de dosaF1ohaa chegado danda cD :14 5).

    Sem esqueceIos ajreconheoda apencia do autOr para subvcr-sivamente rcescrever a Est6ria nacional,un1ote deste teor npodiasenao1eva,pelo menos,dois resultadOs principais.Ou,se quiseIIos,a unl resultado e a uma consequencia panicuIar a cHago de um enredoonde se sucedem Vrias cenas ca cornposigo redunda no esvaziaInentoda seriedade e da grandiOsidade de r(R)eais nguras;a imposigao de umainstancia natoHal c1aramente mais sOlidiacom o Homen1comum,aquircpresentado por SubhrO,o tratador do elefante,e,a rnedida que a narrativaavana,tambm pelo comandante da comitiva que csco1ta Sa1omao

    Assinl encOntramos,no infCio,u.m rei,IDJoa0,a pretender ditarumacarta que nao1he su bcn1 prncra,nem a segunda,ncl)teeira,e que,por isso,teVe que ser connada por inteirO habilidade ret6Hca C..)dO sCcre~ oPoX/az de Aova bdeIPe1oAssim sabemos,posteolente,daValmada intenoonalmcntc bFadada pelo arqduque Mami1iano nacoxa da arquiduquesaia,nlha de Carlos V(JcP9c159).De iguaI modO,cOnhecemos a sens causada nos n1rizes1s pelOs d tOs de so-mao,agora So1imao,que,contra o consclhO deum pvadO de confIanga,inicia a viagcm cne Vaado1id e Rosasf1ente do coche de Suas

    `ltczasC3j:165,cf.159para o cOnho do pHvad.OmmO eitoselpaJrece resulr da exp1icagao dada para o recOlhimento do casal rea1durantea toI1Ienta que asso1ou a viagem de barco entre ROsas e GonovaC)arqui-duque,no quente co1a arquiduquesa,nao se deixou ver,todas as prObabdi~dadapontam a queuoa ainar-se para o tercoro nlhOcbde17 .

    De,numa nota c6ma,po=e dessacrahzadora,que se imp0edee o ini(;o((l9elo1nenos para certos lcitOre,salamos a descngda a ngura de Deus,por vencar que as suas coes p-erasunhalnvOz pp,vendo-se,pOrisso,obgadO a ennar~1hesa1mguapClagaroantaabaixo6aramago,200911).A incOlupencia do coador,numa ismra decfcossfveis que resu1tam da situaao e dO prosalsmo1ingufstico,aindapass

    `/e1de ser ilustrada pc1a necessidade dc cste Ixgress1rao parafso a nm de

    emendar uma mlpcrfeigaO de fabco quc,finalmcntc O pcrcebera,desfeavaas suas coamas,e que era,hge-se,a falta de um uugd(d:1Tl1.

    l A Vcnte dcssacra1izadora c comica acontcce ainda quando,por cxcmplo,dcpoisdo pccado original,isto o,Cinqucnta anos e um dia dcpois dcsta afortunada intcrvcnao

    A par da ban{a rev1sao do slstese estende tamb6atitudes,htamb(;de Ao e Eva(a12),ou do querubia boa idr,jjpara1so cOl a suaHistoa,numaeJose SaramagO,o1receio em rcinteq

    Complctandccpisodio da expu1(Gonesis,on)LI1;ad(nao ev1denc1a apeconsiderando fo

    Sobre oassim,tererno{nos o a razo l

    medrosa,laomedo,nao solmais que disclsim,foi o qudito nada(j3

    A16m disso,1inha de composie naO pouco impclidade,dos afectc

  • ^ P I/J Ar

    ae:1Fl:::lJl:f:Ise cstende tambom caractezao dsuas(sempre)co1as e`io1entasatitudes,htambom que chamar a atenao para a reconsugao das figuras

    J:i ,Wl::%:i :nao cvidencia apcnas consCiencia crica para cOmentar a autudc de Deus,considerando forgoso lcv-1o a explicar as atitudes tomadas

    Sobre o que o senhor possa ou nao possa,nao sabcmos nada,Sc0assim,tcremos de o foar a cxp1icar-se,e a pri1neira coisa que deverdizer-

    nos6a razao por que nos fez e co1quc fi1,Ests louca,Melhor1ouca quemedrosa,lqao me faltes ao rcspeito.gntou adao,enfurecido,enao tenho

    medo,nao sou medroso,Eu tambn nao,poanto estan1os quitcs,nao hmais que discutir,Sin1,rnas note esqucgas de que quem manda aquisou eu,sin,foi o que o scnhor disse,concordou eva,e fez cara de que1nao havia

    dito nada(j3'

    t25-26)

    Llem diss,a nova Eva mostra-se capaz de agir,na csteira de uma1i11ha de compos de pcrsOnagcns feminincorosas,determmad",

    T:;;:trF1t:

    te que

    bvcr-podiamos,Ircdomentoe uma1.aqu1ITatlva

    r umae que, re-

    Ete.damo namodo,salo-

    anga,dtezasisR clunnteE F( ul-

    babili-

    |174)

    mpoe da aIll

    antaura dendanm de aa:17)1.

    .deDo1sri cncao

    i :2Vcr,a proposito,Arnaut,200832

  • Nov,szr/,9,s,azcfod(9s'sr,P9ogo

    nhELrr13,AnnaI,cma deter1ninado rnomento diz o ve1ho das duas Ovelhasque CaLm cncontra na terra de Nod,as mulheres saO Capazes de tudo(jD:54y.

    Nao por acaso,julgaFnOs,o texto de Joso Saralnago recupera a ngurade Lith,banida da versao coente da Bfba5 mas prcsente em varIOstextos0p6crifos,asso-babi1nicos e hebraicos6.Ao mesmo tempo qucretOma os jgJjs desde sempre usados nas sulre)constmg0es daHiskia7-profana ou regiosa-,o autor reinstala essa vencnte temticarelativaimportancia cfOrga do fe1inino nOs universos narados,NO seestranhe,portanto,que a personagena samaguiana tcnha tanto de rebeldequanto de hsatofeita oo que ao desoxual drespeo,tambom,numarecomposiao que obedece a semantica interna dOs textos onde ainda per-manecA insubmiso de Lth parece,als,prolOngar se em aunstrEos da composigao da Eva de Cj.Ao contrio de Ad:o,pexemplo,reignado com a deliberagao divina e temeroso dos efeitos de novas desO-bediencias(jDdPPI 24-25),a Eva saramaguiana naaceita pacincanlente afome quc sao obrigados a passar,decidindo,por isso,pedir aO qucrubi1nque he permitisse entar no JlJfdm do Iden e colher auma fruta que lheagucntasse a fome por uns das msCjdPzI 24)

    Para o efcito do co1ico que assiIn se esboga cOntnbui ainda o ana-cronismo de vHos comentoos da respOnsabilidade da entidade naativa.AssLacontece,pOr exemplo,quando se dconta da satisfagO de'`dao

    10r ter falado lcom o quemum]cmo um livro aberto,elc que nuncahavh feito estudoscDn:30);quando Azac1conata que,caso odcnpegasse fogo,eIencarh sem empregd(jDj:31);ou,entre Outros,neste pri1neiro momento do romance,quando se de1imitl o infcio da gueados sexos na dt1vida de Adao sObre se Eva teria dado a1guma cOisa ao

    3crdr9I 21-22.4Para o lcvantamento dc outros comcntnos sbrc a importancia da mulhcr,vcr

    J,'

    :64-65 A proposito da mcmoria do corpo de Cai1n dcixada cm Lilith,o narradorcomcnta queisto uma mulhcr nunca o csquecc,nao con1o os homcns,a qucn1tudo lhcsCsCoC pela pelc(saramago,200976).

    5A onica sugcsto cvidcntc da sua cxistenciacoc cn11safas34 146Rcfcrimo-nos,cntrc Outros,a%r7 ,a cxccrtos dc@Z@r,ou a@A//gD

    B,as,7'`s fontcs historicas ociais,a capacidadc imaginava c divcrsas fontcs ociosas

    (cf Amaut,2003 ,

    querubil entrocIAdao relativamcntlpe1o narrador quande Eva,ou depo1s(querubirn e pre1iuv1z1nhos1rao cstra1corno se fosse n1h(sall/oa(j3

    Em rnomentoepis6dio do sacmentadades men(1ogicas na decifrmcsma dinaca q1@Evc

    `Fl@,r

    Dcus o lre)Consunem as expcctativasLc rr1bOndade,eIe:rpOsigaO do s

    `lda dO Homem.N|vcrdade que se segl-19),deixandO-sediencia e a fe de'`bmOrte da crianga.P(nos rnOtivo de compor ter tidou1pr(cOm a csquerdr(s

    Aqui,cOmo crsupec1e,os sentl(nabilidadc da entidI

  • :hasJdo

    guranosques daIucaD seeldeumaper

    mnsplo

    `o-Bte a

    bim:lhe

    ar.a-

    ua,

    Omcacn

    =`)S,eaao

    ~ Cradorlhcs

    Vd

    sas

    A2r/P`

    zAr0zz9r

    querubim em troca dos a1imentos ofereodos(jD:32).Adva deAdao reIativan1entende1idade da mulher6,de lnais a mais,perpetuadapelo narrador quando,depois de deixar saber que o quembi1n toca o seiode Eva,ou depOis de dar a lcr queEva sonHu,p:)s a lllao sobre a Fnao dOquerubim e premiu-a levemente contra o seocDjdVJ9028),refere queosvizinhos irao estranhar a rosada brancura cOm que[Abel]veio aO mundo,como se fosse n1ho de um aIljo,ou de um aEao,Ou de um querul)im,salvo sa (Dj:33 .

    Em rnomcntos postcriOrcs h,sem doida,que pr em evidenciaepisodio do saccio de Isaac,um dos que mais po1o1ica9causou emmenta1idades menos recepthas a inscHgaO actaaO)de diferentes1ogicas na decifrao de sentidos dos textos sagrados Obedecendo amesma dina1ica que prcsidiu a a1gumas das subersoes levadas a cabO em@El,cJ/co rJrIIrJr,Jss Crjsr(,ou em Outros romanCcs,af1gura deDcus oe)cOnstrurda cOmbase na ceeza de que,ao contrio do que suge-rem as cxpectatias ra crenga?,a fo?)decoentes da identincaqa-senhor-bc1/bondade,eIe o uma entidade malvola:iolenta e mais intcressadana imposigaO do seu poder do que na sensibilidade,nos probIemas c navida do Homem.No casO do episodio de

    `braaosaac,como cm outrOs,o

    verdadc que se seguem as travcs-meras dO AntigO Tcstamen(Gn.22,1-19),deixando-se implfcito que Deus apenas pretendia p6rprOva a obe-dnch e ade Abraao,ou nao tivesse ele enviado um ao paraimperamorte da criangaPor outro lado,todavia,faz toda a diferenga o factO,panos mOto dec6mko,dc no tcxto saramaguiano o ao chCgar aado,por ter tom problema mccacna asa dreita lquel naoncrOmzavacom a csquerdr(Saramago,20083)

    Aqui,como em outras situag5es de trao leve e osfvcI,pe1o menOs supefcie,os sentidos inscritos apontanl si1nu1taneamente para a fa1ta denabidade da entidade divina e para a du1gao,se na^o para o apagamento,

    :A dovida instala-sc,portanto,apcsar dc O naador comentar quc,apos o toquc doqucmbim no so dc EvaNada ms succdeu,nada ms podia succdcr,lpois]oS allJOs,cnquanto o s(:1jam,csopbidos dc qualqucr comcio carnal,os aos quC caamoircs dc juntar se a qucm quciral,lc a quem os qura6amago,20028).

    9Sobrc a po1on1ica,vcr,por cxcmploBorgcs,200970;Castanhcira,200920-21;3Jceiro,200934;Ncvcs,2009 17;Pascoa2009;Silva,200926-27.

  • 60^`ov@s'

    ,,9@sCf@dJss ,9ago

    do pod9r,da autoHdade e do scu omnisciente10e olnnipresente controlo,O pp6prio Deus reconhece quea vida de um deus nao o taO fcil quantovces cree.un1deus naOsenhor daqucIc cOntfnuo querO,posso e n1andoque se imaginacDjJ:125)

    N:::)se pense,todavia,que o romanceu,para O mesmo efeito,osantcrkxes)reduz a merosj0gOs de palaras e de composao de cene de nguras em quc O autor,e O Ilarrador com ele(tantas ezes atravosde exercos metanccins),toma subordinante a vertente coma que,no passadO, se li1nitava a ocorrer esporadicamentc, subordinando-se aoutros intuitos e a outras estrat6gias,relembramosNao se pense,tamb6em concomitancia,quefacto de destacE11Er1os estes1iros dOs restantcs,implica a accita~ao de unl corte,de umarnudanga de rumO nccinal total eabsoluta.Pe1o cOnio,a nova direcgao nao peII1Iite s6cOntinuar o exer-cfcio do espfrito cr1itico que dcsde cedO caractezOu Jos6SaramagO e que,talnbom desde cedo,lhe va1eu nao pOucas antipatias,

    A opao pe10comicO faculta,a1om disso,a possibidade de a1can-ar maiores efeitos perlocut6rios,na mcdida em que,annal,numa frasecelebzada por Molre,o a rL que se castigam Os cosmmesjdgJ@co&jgc@sE a r,principalmente,que melhor se consegue a Valagode um deteI^inado ponto de vista ou de

    uma conclusIo de dhnens:ooticomoral(Reis e Lopes,1996158),Esta,nao aparecendo embOra nasobras cm apreo de foIa to lfmpida e exp1rcita cmo nafbula,resu1tarhevitavelmende v1Jfos j de hterpretseminados Flaanlaromanesca.

    N por acaso,poanto,prOpomos a designao de romancesjDpara As rPrPmjaCsdFr,A Cg EJqe Ccj,Nao falamaqui os ani1nais,e este nao o imperatiOl.1nico para a composigao dO gnero,ma alian9a ente a(limensao;to~mora1e aspcctos comO ajreferi(aohvOrtantel simpli(1ade semanta Oinda que meramente apELrcntc,comoa1is sucede na f1bula),Ou aacgao reIativamente tesa,rnas no nnuito

    10A dilui~E o da omnisci)ncia divina(ainda pass1vcI dc scr obscwada na ccna cm

    quc o qucrubIm pedc a Eva quc nao diga a ninguom quc lhc ofcrecera comida(saramago,200 28),no momcnto cm quc Dcus nao rcconhccc Cm(Dk,m95),ou,gnicativmentc,no episodional co dcsfCcho aponta para o dcsconhecimcntognorancia dc Dcuscn1rc1aao aos actos c aos dcsfgnios dc Caim,

    sinuosaH('2,

    nos elementos sunNopHmcot

    trada,pOr exempl(as agadas conseqo goerno negocclsao,na-o muitO sde um dOs envelolque or1g1na uma1(jDjd,,z 141,ss)Iope particuIar coa morte e a sua cacontccem os cOnjporque,cm dead(1inha do romance,

    Parece-nos scda1eitura de Ccem conta,no mrnum conhechnentodcsconheccm,

    No que diz r(taurada entrc O tlurn romance de tcIde expcctativas eC)lcitOr antcCipadEsodiOs blicos sepela expectaoa dque a rede de tcnsrOlllanCes antenOrta1cOnstnundo SE

  • ar PJrAr

    sinuosr(j, ),isto,formaImellte menos complxa,pccemnos elementos suncientes para sustentar e validar a nossa proposta,

    Nopmcotulo,a tensao(intemae cxternal6sueptel de seri1us-trada,por exemp1o,pelas cenas em que vamos graduahnente conhecendoas agitadas consequencias da greve da n)orte12,ou pelos epis6diOs el queo gOvcmo negOceh cOm a ma(saramo,OS 53~9~,,Mas aten-o,ao mtonu0,relembramos,desenvolvse tamb6m pelo factode um dos cnve1opes violeta ser connuamente devo1vido a remetente,oque origina uma intcressantc cadeia de tens0es ina- e extra~dieg6ticas(Dm 141,ss)porque nao se expca o motivo pelo qual aque1e enve-lope pa1ticular continua a ser devolvido;porque existc um dilcma entrea moe e a sua consciencia prnssional; pOrque,quase e1siInultanco,aconteccm os confrontos enea moe tOEnada mulhor e o i0Ioccn1ista;porque,e1derradeira instancia,se deixa o1eitor ensJFP

    `zsat6ao1tiIna

    linha do romance,se nao para aIom deIa,Parece-nos ser tambonl esse um dos efeitos principais que se obtm

    da leitura de CGjrPc.Aduza-se,pom,que no caso desta obra hquerem conta,nO mfniIno,dOis tipos paniculares de leitOres os que dctemum conhccirnento (ainda que rclatio) dos textOs sagrados e os que osdcsconhcccm,

    NO que diz respeito aos priFneirOs,acreditamos que a dinamica ins-taurada entre o tulo e o quc se espera de u1JosSaramago cOn1maisum romance de temuca religiosa desde logo imp0e um larboufssimo jogode expectativas e dc tens(5cs etra- c intra-diegoticas dc vria ordem.C)1eitor antccipadaInente cria suspeitas cn1relagao ao modcmo Os epis6dios bnics serao utizados e desenvolvidOs, sendO a tensao geradapela cxpectativa da subversaoN0 que se refcre aos segundOs,cremosque a rede de tensoes e de ssPr9sintrmseca(como sucede nOs doisromanccs anterosl aos S nodeos temos de que a naatiavai cOnstruindoSalientamOs,atulo de cxemplo,c sen1esqucceII10s que

    l '`pcsar dc O transitnaativo dc Caim cntrccmzar vrios tcmpos,crcmos que aestratgia no rcduz a lincaridadc da aprcscntao do rclato c a conscqucntc fac11idadc decomprccnsrdo da hist6ha

    12A somula dcssas conscquenCiaspassfvel dc scr lida nO scguinte cmcnto opafs cncontra-sc agitado como nunca,o podcr confuso^a autoridadc dufda,os`alorcs cm;celerado proccsso de invcrsao,a pcrda do scntido dc respeito cfvico alastra a todos os scC-t res da sOcicdadc,provavehncntc ncndcus sabcraondc noslcva(saramago,2oo573)

    61

    tltOlo.quantOmando

    :to,Oscenasnavsa que,o-sC am,tantcs,total e

    excr-e que,

    alcan~l frase

    C7s-dacaoesaora nasulruanla

    falam:nero,ida(eComouito

    a crnnago,catlva-Dcus

  • 62 pov@s`P,9@sCfodJ@ss ,9ag@

    numa situaa^O6o pr6priO nrador quen1advee para que dcvemos temero pior(Saramago,20096613),a cuosidade decoente da forma comogradualmente se vaprescnta a relagao entre cm e LihC :54,

    `ssm)ou o gdv do saccio do nlhde Abrao(jDjaV,9e81-84),a cena

    da destrvigao de Sodmae Gomoa(jDm 96-102),ou os resultados daaposta entre Sata e Deus(j :142 49).

    Em Ag e:,sao tambm moltiplas as cenas de tensao(e de humo.Em te1os gers,podemos apontar a expectatha criadape1a longa viagem de Sa1omao at6a AusHa.Desccndo ao paiculcr,o1fcito destacar os di1ogos-confrontos iniciais entre Subhro e o sempreinominado comandante da escol(Saramago,2007 75),ou entre cee O comandante do ex6rcito austrFaCo,que em Figueira de Castelo Rodrigoexige que Salomao lhe sa Cntregue(j3jdJ9z 126-138);ene subhro(eo elefant e o cura de uma das a1doas por onde passam(j3:83-87)Ou o e1issriO da baslqica de Santo Ant6nio,el Pdua(jjd,,o 188-194).Importantes,ainda,sao Os encontros entre Subhro e O Arquiduque Maxi-mano da Aurh,mOmentos em que a tensao se dcsenvolve,por exem-pIo,a propositO da dinculdade en1pronunciar o nOme do cornaca(jjdo15I-152)14.

    A exccpgao da quere1a prOtagonizada pelo comandante do cxorcitoportugues e pel seu homo1ogo austrfacO, movida essencialrnente pormotivos de ordem poIFta e naoonasta(e dC Onde,inevitavelmente,se

    13Rcfcncia ao facto dc Caim scr acompanhado nos scus passcios por um agcnteduplo,to,multancalnentc ao scwigo dc Lilic do scu mdo,Noah(saramago,20066),

    14QuCstionado sobrc sc^ Vtg,9fd@E/q7/I mstra os HdrcuIos dpodcr,daguca,da rcligio,dos cxorcitos c dos n1ilagrcs,Jos6saramago afima podcr at6pcrgun-tar-sc sc nao toma nada a sHo,concluindo quc a sua rcsposta so podc scr ncgativa:Nao,nao Tmtao a srio as coisas quc mc rio dc1as Porquc sou conscicnte do quc fizcran1dcnos ao1ongo da vida c da Historia E,por isso,dcpois dc ccrticar quc a ironia scmprccstcVc prescntc nos scus1iVros,dcstaca cstc romancc como cXcmplo maior do scu cxcrc1cioir6nico c humorfsticocrcio quc6apFncira vcz quc[a ironia]aparccc dcsta mancira cquc aprcsento o humor pc1o humor,scm qualquer intuito dc propor scgundas ou tcrccirasituras,o humor cm cstado puro(saramago,``d Nuncs,20014).Nanos parccc,contudo,quc Os fortcs propositos ideo16gicos que scmprc prcsidiran1obra do autor pcrllli-tam accitar a incXistencia dcsegundas ou tcrceiras lcituras.

    nao isenta uma pitadadecoe,essencial1nen

    Nojmencionade uma das aldeias p(Ocorre depOis de a1gucontada pelo cornacacabega de eIefante,PrlSalomao era Deus,1oprOcuram csclreciIneporque nesse1nOmentlacordado,o padre o1dno adro dara paraNum apelo que nao paplicaao do anacronkpede a1nda aos homenvencido(jDjdo 82)

    A semclhanga,pi1fzr3e de modo ma1que me1hor nos purec(do segundO ciclos.EkcorrobOrar a manuteninc1 saramagu1anareligiosa(a igraesao modo como se dc!e humanitoOs,Extencticas religi{iiO quas{tal importancia no unia entidadc diina e Odade que este tem parpela ida e disputar o l

    A dcsconi:nc:jrdc Droccdimcnto~c:\e=ccs:rn:ost=s rc^c re

    ==r=~(: u= J s :==i

  • ^ra

    jrz`k7^r/a

    zzrJ

    nao isenta uma pitada de c6mico15),a tensao criada nas restantes situag0csdecorre,essenciahuentede factores de natureza religiosa e cultural

    Nojmencionado e,s6o protagozpor Subhro e pelo curade uma das aldeias por onde a co1itiva passa,por exemplo,O cOnfrontoocoe depois de a1guns homens da localidade terem escutado a hist6riacOntada pelo cornaca sobre o nasci1nentO de Ganeixa,o deus hindu comcabega de elefante.PreocupadOs e confusos,porque haviaFn conclufdo queSalOmao era Deus,1ogo quc Deus era um elcfante9alguns dos ouvintes,procuralu esdeomento junto do cura.Deoddo a c1aincar a hisa,eporque nesse mOmento se scntia muito enfadado por ter sidO abruptamenteacordado,o padrc oIdena que na manha seguinte toda a gente comparegano adro da igra pELra que,juntos,possalu pelar pCla sua santre1igiao,

    :l;;J;1::1;1J:;;:pede ainda aOs hOmens quelembrem de queo pOvo umdojams seencido(jDj'::82),

    A semelhana,poanto,dO que acontece enAs rrrrF/rF97jrzcjJs dG'orr

    e de modo mais ostensivo em Cm,a questao religiosao pOntoque melhor nos pece facuItar a ligagao coms rOmanccs do primeiro edo segundo ciclosEla o,se prefcrirmos,o ponto que Iue1hor nos pcrtecorroborar a manuten9ao de algumas das principais linhas tcmticas dancgasaramag1Iiana crfticare1iJi cat(s1k,aca a InstitLIao1D1ii() (airaeus rresentante e,fundamentalmente,acaao modo como se desiua1,em proveitO propo,valores humanistase humanitHos.Extensionahnente cumpre ainda refeHr que as cOosiascjcasrc1igiaO quase scmpre acompanha1u1outro tcma de fLlndamen-tal impoFtancia no universo nccinal dc Joso Saramagoa Oposigo enca entldade div1na e olomc1e o consequente reconhec1Incnto da capac1-dade que este tem para,segundo o livre arbri0,govemO scu transitpcIa vida e disputar o poder de Deus.

    5A desconflanad0comandantc portugues rclativamentcs intcng0cs c aos n1odosdc proccdimcnto do cxorcito austnaco,a qucn1o cXigidoo total rcspcitopclas fomahda~dcs impostas pclo rci portuguOs,Icva o naador a cmpolar o connit,cmentando-o colmosc uma gralldiosa bdlha sc tratassc:Quando de cabc9a lcvantada voltcmos para casa,pdercmOs tcr a ccrtcza dc quc cste dia scrrccordado para todo o scmprc,dc cada um dcosse h-de dizer cnquanto portugal,Blc estcvc en1flgueira dc castclo rod1:igo(saramago,2 08 134)

    :meromO54,Cena da

    saoiadaaropreestcngoo(c87)%) l

    em-V

    Cltopor,se

    CntcXl9

    ???????????

    ??

  • 64 Novos'@s,ncf Jossr/99cg@

    De acordo con1a1citura quc fazemOs deste e de outros1ivros do autor,nomcadaTnente de Me@rJcJ do Cov@ou de @z``gJ/o sgrIdo0Bss CrFs16,julgamos ser o que acontece cOm o nnaI de cj,todO elemarcado pela podica relagao intertextual com o(e,sdo6)da arca deN0 (Gn,6.5-22,7.1-24,8.1-22,9,1-29).

    No Antigo Testamento, a arca e os seus ocupantes sao encaradoscomo a hipotese de redengao de uma hun1anidade1eviana,pecadora e cor-rupta,Apos os40dhs de chuva torrencial sobre a tea(Gn7.17),ap6sOexteIIo de todOs osres hentes(Gn.7.223), Deus recOrdOu-Sede No6e de todos os animsG,) (Gn8.1)e,No ano soscentos e um,no primoro mes,asguas comeara1n a sccar sob a ter (Gn 8.13),tomando-a novamente habitve1a uma nova geraao muljplicada a parrdOs descendentes de No6(Gn.9,1)

    antendo embora as linhas gcrais do que a tradigao diz ter acontecO,o texto saramagano(reria uma nova h(H)ista,inrevcndo umdesfecho a1temativo em nada isento de interessantfssirnas e subvcrsivasimplica90es ideo1ogicas.A elas naoalheia,seguramente,a opgao narra~tia de incIuir Cai1n entre os ocupantes da arca.Mas,para que mc1hor seentenda o fu1cra1papel dcstinado a esta pcrsOnagem,cumpre sublinhar quecla o desde O infciO(re)construfda sob o signO da inversao relativamenteimagem que o legado judco-cstao tem transmitido c impoo O nar-rador nao s6evidencia a sua compreensao em relagao aO assassfnio deAbel como,a16m doso,mpre regula a sua simph de modo a(reriaruma persOnaoem debons pncoios como poucos(Saramago,20041),digna,humana,visceralmente bOndosa e intnsccamente honesta(jDgr9z150)17,detentora de uma consciencia ideo1ogica capaz de comentar e dedesmontar criticamente as atitudes de Deus(`9ss).Capaz,tambom,delutar contra os desnios diinos,

    16Ern Mc,9c@rjJ chamamos a atcnao para o facto dc a crcnga rcigiosa caminh,arna propor~:i:io invcrsa i)1constru

    `)io da Passalola,sf1nboIo da capacidadc do Homcm pa

    disputar o tcitoHo c o podcr divinos Nao por acaso,o cngcnho voador o rnoVido por2000Vontadcs dc homcns c de Fnu1hcrcs.Cf.^aut,199647;Amaut,2006107~11o c Arnaut,2008 199-200 Ern O EvPagr/nsgJrJ9do`ss CrJsr assinalamos cxcmpIallncntc Ospargrafos nnais,ndc sc dcixa claro quc nao6Deus qucm dcvc pcrdoar os homcns lllas,pclo conio,cstcs0qucm dc pcrdoar Dcus pclas suas atitudcs lcfdc9,9a,p36)

    17Talvcz por isso Cain1assuma,duas vezcs,o nomc Abc1,dcssc rnodo rcdistribuindo

    c reatribuindo(logo,conogindo),a carga scmantica tradiciona11ucnlc atribufda ao imao,

    E"sim quc,1de Noo,que acabaarca depois dc ter cbufda(nao sabendosem mu1heres que179),O confronto nSenhor,annalsrnicos(sobre)viventecer porque o hurrl{

    Sob a1nascaraacernrna defesa nascxcrCIC1o dO poderleveza semantica,cCoos1Vaem As rlfo1Ia como,tantasgregar os nois e taFre de diffcil rcspOstafosse,a nossa outrapela fo,o espfrito cpOde discutir-se a {atraVos dos comentdiInensaO otico~mOr

    No que se refeJjmferimos,a neccdesaparea De acopHmeiro-ministrO.nao higra (Sarasistcma de compensder arnercadOa.pOr Ocaslao do debapartc da csgoma dcu1dOs n1osrs Pe

  • AP, P'

    Ar,or

    ]::|m que,um aum,v)1i eminandO os nlhos,"nons e a mulherde Noque acaba tabom por perecer,deixando-se cair borda fora daca depois dc ter conclufdo o fracasso da missao que lhe havia sido ah-buma(nasabendo com que caraiacomparecer dante do senhor),p0ssem mu1hercs que fecundem nao haverda nem humanidade(3jJ:179).O confronto nnal acntece,portanto,entre o humano Cahn e o divinoSenhor,annalsnicos(sObre)ientes do apoca1ptico di1ovio;annaIsnicOs(sobre)viventes de uma nOva humanidade que nao chegara acOnteccr porque O humanO deota Deus.

    Sob a msca do c6cO espreita,pois,sempre ou quase sempre,aac6rIma defesa nas potencialidades do Homenl e a consequente crftica aOexcrcfcio do pOder divino,Alom disso,agora sOb a aparente mscara daleveza semantica,os romances em apre.:O instauram uma oua vertenteCoosiVa eF11As rrarrJ,ajrcjs daForr,por exemp1o, a denoncia daforma como,tantas vezcs pe1o medo,a crenga o usada para angariar e con-gI3gar os n6is e tambom pELra Os impedir de fazer perguntas prob1emticase de diffc rcspostaA iga nunca sc pcdiu quc expcasse fosse o quefosse,a nossa oua especialidadc,a1om da balfstica,tenl sido neualizar,pela,o espto cuos(Saramago,20022),CanaO sabe nempOdescutir-sc a si mesma(Saramago,2009b113).Em simulto,atravos dos comentriOs tecidos,pe

    "tir-se-o desenho daconclusao de

    dimensao oticonnorar9a que acima nzeIns referencia.No que se refere aro1anCe de2005,ressalta,por conseguinte,coIno

    j mferimos,a necesdade da eenoa da mrte para que ara naodesaparega,De acOrdo com o que anrmacardea1,em conversa com opHmeiro-miniso,scm morte G)nao hrcssueiao,esmsueigaOnao hrr (saramago,2002OlSem essa pedra bilar,tda nosistema de compensagao quea ressueigao,nao haveria,pois,como ven-dcr arnerCadoria,como alis recOnhece um dos deIegados das religi0es,por oca do debate com Os nsofs.Apesar dc longa,merece ser otadaparte da esgrima dos arguIucntos entre um dOs represcntantcs da1grJa eu1dos n1osfs pessilistas

    As rc1igies,todas elas,por rnais voltas que1hesdemos,nao ten1utrajustincaa para existir que nao sa a morte,preosam deIa como do paopara a boca,Os dclegados das religi0es no se deran1ao incomodo de pro-tcstar Pe1o cOnriO,um deles,conceituado intcgrante do sector catohco,~isse.Tem razao,nh nsf, mm ue nos eX,Im m

    ???

    ???

    ??

    ?

    ltor,

    @ele1de

    te

    masa-seuete

    r-

    ear

    ),

    le

    b

    raoL

    o

  • 66 ov'

    sCgao dJos's'g@

    ue as Dessoas leVem toda a vida con10rnedo Dendurad9aO DescOcO c.Che-ada a sua hora.acolham a moe Como uma libeltacao,o parao,Pararsoou hfemo,ou conenhuma,o oue se Dassa deD-s da morte imDoa~nosmenos oue o oue geralmente se c,a reliao,senhor n1osf,oum aulltodata,nao tem nada que ver com o cu,Nao fiquc nos habituam am , dizer que em realidade nao acreditam na vida etcma,Fazemos de contaDurantc un)n1inuto ninguom falOu,Cmais velho dos pessirnistas deixouque un1vago e suave sOnoso se lhe espalhasse na ca e mostrou ar de quemtinha acabado dc ver coroada de exituma diffcn expcencia de laboratorio(d:38,subhnhos nossos),

    A anI1ada necessE1(I( da mortc,aqui indidu11ada nagja,sobressai de igual modo da forma como o nadOr rclata deteII1nadassituaoes,nomeadaFnente O episodio da faIllnia de camponeses pobres que,ap6s1onga ponderagao,pta pOr c1andestinamente passar a fronteira paraque avo e no poam moer CDJ':r9c4051).Decoe do expoo,p0s,que a vencagadaimpossibilidade de viver(sara1nago,2oo5b 114)num mundo em que a morte se retira de cena,logO,que a etemidade n{iioo uma mais valia,exposta dc difercntes mancas,consoante se trate deuma ou de outra pcrspectiva.Se assi1u acontece,no caso do nalTador-autornO6por causa de qualquer rncsquinho Ou comercial reccio de cO1pso deuma instituiao mas,antes,em vLude de uma preocupaao combem~-estar do Homem.AnnaI,

    mesmo que consegufsselnos fer uma espocie de pacto de nao agressaocon1a rnoe,nao pdeamos deter o tcmpoEntao,est1mos condenadosa qualquer coisa pior que a rnO1tea velhice etemaE cada vez rnais vclhos.A que situagao chegariun1ser humano?como iria o Estado pagar as pen-s0Cs se a mOIte renunciasse ao seu devel?(r/c/90,f )

    Na sequencia da ligaaO que prctendcmos estabeleccr cOm as carac-terfsticas da fbula descnham-se,pOr cOnseguinte, duas grandes Iig5es,dOis grandes exennplos,no casO traduzfveis exemp1amcnte em outrostantos provrbios,mscaras populares de diFncnsaotic-mora1de ordcmdiversanen1tudo o que luz o Ouro,a ve1ha utopia da vida etema naO6,seguramente,do intcresse dO HOmem e da Humanidade;euma men-tira repetida rni1vezes toma-sc erdade,havcndO,pois,que desconnar de

    asser|||iii|}}|iiiies dogmticas.susceptfveis de aplica~mOs ainda lembrar a sou o rna1s prosa1co co1cscondese un1bOm c

    A cticarekgitambom de contornosr.Parecendo ter p(Ljsode queDeuspara O efeito,de que Eque dO s6cu1o XX reem dcmonstrar as s1extrapolagao que nosle1fazer prOva de qu(73),ou,recupcrando cpalavras do autor,quehavido cstianismo,sserfarllOs 111uito difep1991 82),

    E assim,depois(desempenhados pOr BaIo do un1verso,natugues cnc1ua que cs1|saraluago,200872)cnst1an1smo sao quatlcontraoo dOs outrOs,Icontantos rogos,prcnoras do dia e da no10no nao podcmos de1xdelxar de constatar mEns venn sempre da gc

    A Convcrsa qucchamar colacao a l

  • A Jrz ArJF

    .che~|`1J:a1so

    -nosssuntoLiam ao querconta

    kouquem%EOr1o

    greJa,adasb que,l parapo1s,114):nao| deItor, debem~

    essao1adoslos.

    pen~

    arac~

    9oes,uuoseml naonen-ar de

    asser0es dogmticas,'kmbas as1i(5es,ambos os prov6rbiosigualFnentesuscepveis de apcoa Cc,a prop6sito do qua1(cne tantos),pode~

    mOs ainda1embrar a sbia constatagao de queohbito nao faz o monge,

    ou o mais prosaico comento de quepor detrs de uma fraca moita pode

    csconder-se u1bOnl coe1hO,Acticare1igiao,suas praticas,rnitos e representantes,reeste-se

    tambom de contornos particu1arrnente interessantes em A'7

    ;PPrJc,EJ

    Parecendo ter por mote a anIIagojfeita cm jFirsrfc99C@jsDode queDeus e Ao tudo o mcsm

    (Saramago,198202),oupara o efeito,de que Deus e os outros deuses6tudo o rnesmo,o narradorque do s6cu1o XX revisita O passadO distante do socu1o XVI empenha-seem demonstrar as siFni1itudes entre a re1igiao cat1ica e a hindufsta,Por

    extrapo1agao que nos parece1ogica,a instancia narrativa empenha-se aindacm fazer prova de quefora das palaras nao hnada(Samago,200873),ou,recuperando e adaptando aO contexto a1gumas outras rnais angas

    palavras dO autor,queo cristianismo no valeu a pena,que se no tiesse

    havidO cristianismo,se tiVssemos cOntinuado co)Os velhos deuses,naoserfamos 1nuito diferentes daqui1o que sOmos (Saramago, J9d Alves,1991 82),

    E assim,depois de9Jrvjr(9s a exp1icacao do cornaca sobre Os papoisdeselnpenhados pOr Brama,`1xnu e Siva na criao,conservao c reno-aao do universo,naO estranhamOs,com certcza,que O comandante por-tugues cnc1ua que estes constituemumandade,como no costianismo(Saramago,200872).A prop6sito,Subhro discorda,anrmandque

    lo

    cristianismO sao quatropois hque contar com a irgem.Esta,siIn,aocontrrio dos Outros,a queninguom nada pede,nao tena rnaos a InedirCOF11tantOs rogos,preces e so1icitag0es que1he chegam a casa a todas ashoras do dia e da noite(SaraFnago,200872-73) Ora,se neste coment

    Ho naO podemos deixar de1er uma nota de humr,nao podcmos tamb0mdcixar de constatar mais uma preciosa rnora1idadeque

    as rne1horcs1ig0es

    ns em sempre da gelltemptesCDjdVJ9z144).A convcrsa que refcrimOs,a cxemp1o de outras1:,see ainda pa

    chamar colagao a1inha crftica re1ativaintO1erancia re1igiosa,tantas

    1: tJm dos homcns quc verba1iza a confusao quc lhc vai na cabca,porquc nao pcr-

    J -e o motivo pclo qua1Jcsus teVc quc matar os dois n1il porcos na rcgiao dos Gcsarcnoss:o`arcOs,5,1-13),o advCrtido pc1o cura dc quc

    colla tais pcnsamcntos c opiniocs,se

  • @vos',9coscCaoj19s.r,9,g

    vezes criticada nas antcHores ncs saramaguianas POr isso, aleaocomandantc para a presenga da inquisiao,que estafpara queFn se rnetecm teenos pantanosos(jDjd:73)19,

    A den1ncia dos desaJustes cntre uma teOria e uma pratica relig1osas,e a consequente imposi.:ao de nvas li~:0es,o ainda humoristicamente fcitapela dmontagem do mi1agre do elefante,queoelhaporta da bicade santo Ant6nio,em Pdua Dj:190-194) A crftica Ocoe,num outrOexemplo,quando do boieiro da co1itiva se diz ter especial esti1na peIaorao do padre-nosso,peIoque ne1a se diz de perdoar as nOssas drvidasCDJaVz58).Amd`so,encaFega-se o narrador de dar conta da ha doarccbispo de Val1adolid,ao cr a rica guaIdrapa que o arquiduque MaxiIni-liano havia1nandado bordar para O e1efante Solirnao,poiscoFn aquo quese malgaou com lo]ticho tinha-sc bordado para a cated1`11um po mag-nfnc(jjVz:151),Cuosamente,ou se calhar nao tclato quanto isso,oparamento causador de taissubversivos pensamentOacaba por ser-1heenviado,depois de ter andadOs costas do eIefanteE,provavehnente,seem espanha ncsemos,vo1t1mos a ver,bo pal0,um gencral dos msbem vios pela santa madrcrr(jjP9t 16o.

    Mas do xadrez naJauvO de A gI9ad@Elr ssalta tambmuma outra mora1,que nao passa apenas pc1a ideia de que,por diversosmodos,Com papas e bolos se enganam os to1osou de quecada umpuxa a brasa para a sua sardnhao hOcsh,o chsmo,0sovo~tnentOs pessoais e os desvhuamentos dos codigos de boa conduta).AdhnensaO a que agora nos referimos,numa1inha que se bifurca,passa pelaexposiao da pp6pria condiao e natureza humanas e pela nOgao de que,nav1agem que o a propna ida,seJa qual for a religIao,scJa qua1for a classesooalou amal),odtino6,inetavelmente,a morte,

    A qucstest,seguramente,em saber aprovotar essasles lquelns vem sempre da gentemplDjdVrPI14 ,como vermcamos pela1nudanga operada no capitao de cavalaria(comandante do exrcito por-tuguesl(9VP9r 15 ;uma mudana que abre,como em outras Obms,aposu1ade de acdtar na1xDdengao(llumaa e humlit1rh)do ser

    a inquisio aqui chcga scIs o prilncilo a ir para a ftgucira(saramago,2o08: 81)(vcrnota14)

    19Napna91cabc ao naad0rcomcnr qucjhavia provocadorcscm abundan-cia no s6cu1o dczasscis,basta consultar os arquivos da inquisiao(J,dc:91)

    "-

    -"

    i--

    -|

    : ,

    mll-I i

    t , m 1 "

    rJL rv

    =,d l l

    ~|l

    =E i

    =r

    ,1o - 1rj c=LF' j~

    ????? r Ji 2

    ~ =

    | |

    :== }1I

    | UNlJ

    = iJ" .^

    "l|w - l

  • Loete

    le]

    :la

    r

    a.er

    A/aPj1.I Arzr

    humano porque,talvez,nem todos samosI]1(jlaZ ma, defeitos qLIemos(jjdI9g 147),A questao est,nda,numa hnha vda de outrosmances,masora seita a uma mor elabor de6Hca,em re-nhecer o a1ordo Homen1e enn saber como trat-lo cO1dignidadeExacta-mente como Subhro trata Salomo/So1i1nao,nao ordenando,nao impondo,nao rec0endoio1encia,apenas dando a entender,o que demOnstrauma vez mais que o respeitO pe1Os sentimentos alheios o a rnelhor Condigaopara uma pspera e feliz vda de re1ag5e afectOsC3jdzr9T231).E estao,acrescOnta o narrador,num eco de C,EvPtgJ@s8do JgssC:Pjs@(1991),

    a difercna entrc un1CategoricO Lcvanta-tc e um dubitativo E se tu te levantasses.Hrnesmo quena sustente que esta segunda frase,e nao a phrne1ra,fo1a que jesus realmellte profcnu,prva provada de que a1f8)ssulreiao,annal,cstaVa,sobretudo,dependentc da1ivre vontade dc lzaro e nao dos podercsmnagrss,por muito sub1imes que fossem,do nazarcno,Se lzaro ressus-citou foi porque1he

    `11aram com bons modos,omples comoto(Sar

    mago,199231)

    UsandO a sua cnorme capacidade imabhata,ou undo dajcohe-cida liberdade para Fcescrever a Hisria e para preencher os seus vazios,o que Jos6 Saramago nos ofereCe 1er cnl As r/OrrP9jrtCjs d3orr,A1g,9z do EJ/eC9jP996,nnalmcnte,a ideia(a moral)de queSetoda a gento nzcsse o que pOde,o mundo estLria com certeza mc1hor

    (SaraF11ago,2008255)

    Bibografia

    ALx Es,C1a Feeira(1991),No meu caso,o alvo o DeuEntrevista a Jos6Saramago,EvssRea,2de Novembro,p82.

    ARX,Ana Paula,r91oFJd Cov(1996).H sr,`cfcoJJg,CoHnbraFora do Texto

    AR\ALT,Ana Pau1a(2006),osSaramagosingu1andades de uma moep1ural

    ,

    in RvsJ Lrs(uTAD),se,n5,pp107 20

    `RXAtt,Ana Pau1a(2008),JosJ sr9rgo,LisboaEdi0es70.

    3:RGsoN,Henri(1991),Orrsos so sgcf0r/oc9I@,Trad,Miguel Seas Peira,LisboaRe1ogio dAgua.

    ??

  • 70 Novoss,,cao dJ@sscI'P99go

    BoRGEs,Anselmo009), seria iusto nao haver Deus,in DJ '

    s,31de Outubro,p70

    CAsNHERA,JoPedro00 ,Cara a cara JoSaramago/Tolentino de Men-dona,1nh`ss,24de(Dutubro,pp,20-21

    GARc-PosADA,Muel(1998),El pesimismo aIeg6Hco dc Samago,in EJ,31dc Janeiro.

    GtJERRERo,Ant6o00 , Em nome de Deus,in E/psso/Actual,24de Outubro,p34

    NBs,JoaqmCira das00 , Cm-adiluo,in Ess,31deoutubro,p37

    NublEs,Mia Leonor008), JoSamago,Uma homenagemlgua potu-guesa.Entrevista a JOsSaramago,in Jor,n

    'IjGs,Ar'sIdcs,5de

    Novembro,pp.14~16,PAscOAL,Antonio Jacinto (2009),Tanto barulho por nada,in PbJco,30de

    oubro, .ROLLAsON,christopher(2006),How totalitarianism begins at homeSamago

    and orweIl,in rr:Dfgr/9sgEsscys(9(,r99rzrofer- ,Edited by AdHanaAlves de Paulaartins&Mark sabieManchesterManchcster SpanishPouguese Studies(n18especiahnente dcdicado aJoso saralnago),ppI05-120,

    REIs,C1os e LoPS(1996),Ana Cristina Maco,DFco'Vcrrr@Jog5a edCoimbraAlInedina.

    REIs,Carlos(1998),Dbg@sc@/9t9ss g LisboCaminhoScHAEFpR,Neil(1981),T/aF^rrqFzg

    `NewYorkclumbiaUnivsyPss.

    sARAMAGO,JOs(1989),HsFrd Crc'

    L3o.LisboaCaminho.SARAMAGO,Joso(1991),o Fl,/9gr/a sgIrrfdo Jss Crsr,LisboaCaminhosARAMAGo,Jos(1997),%d@ss No/,fs LisboaCan1inho.SARAMAGo,Jos6(2005),Asr,9rrcsdMorr.LisboaCaminhosARAMAGo,Jos6(2005b),O tempo e a morte,in s,3de Novembro,pp113~

    119(entrevista concedida Joso Cados Vasconce1os).SARAMAGo,Joso(2008),Ag,9rd1 .LisboaCaminhoSARAMAGo,Jos6(2009),Cr9I,LisboaCaminho,sARAMAGo,Joso(2009b),o Cc' @.rossc7 ros` o BJr,g.Sr,,,c

    20@8-Mt@d29C,9.LisboaCan1inho,SILvs,JoC e(200,A na1iteratura para dtisfazer a inndelade bn,hca

    ,

    in DroJs,19dc Outubro,pp.26-27SILv,A,Joao cue00 , Surecndmea volade dosnhores daFja,,,

    in Do`dos,20de Outubro,p4