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º º º A Pias o que é de Pias.... No concelho de Serpa, o terroir da região de Pias é relativamente pequeno, e a excelência dos vinhos ali produzidos é garan- tida apenas por duas empresas vitivinícolas, em especial a Adega Margaça. Daí, aparecerem alguns vinhos aparentados de Pias.... produzidos a léguas, tendo o presidente do município já reunido com os produtores para defesa do vinho genuíno. Número treze • trimensário newsletter • Director: Álvaro Vale nº 13 edição 14, Jul 2017 Foram eleitos os melhores res- taurantes do País: Estrela da Mó (São Miguel de Poiares) e Castas e Pratos (Peso da Régua) O Vinho Branco Invisível... da Ervideira... feito com uvas pretas 05 No Mercado da Ribeira ao Cais Sodré A prova de oito colheitas, desde 2009, mostrou a evolução das to- nalidades do Invisível, do dourado ao branco transparente... Tudo começou em 2007, numa viagem à Alemanha do director-executivo. Dez anos volvidos, surgiu esta prova de vinhos na Associação Naval de Lisboa, em Belém. 02 últimas 13 Moscatel Reserva Costa Lima o melhor vinho na Selezione del Sindaco O Moscatel de Setúbal Costa Lima ganhou o concurso da Selezione del Sindaco, em Tra- monti; enquanto o Terras da Er- videira, foi o melhor na categoria de tintos e 7º na geral. 11 Vinhos & Enoturismo todo o ano... no Alentejo. últimas Nos últimos 30 anos, em todo o mundo, derivado ao clima, o teor alcoólico dos vinhos aumentou 2,3 graus. 09

Número treze • trimensário newsletter • Director: Álvaro ... · Deppois explica um pouco sobre a contabilidade e sustentabilidade: O ideal seria o vinho de 2014 ser agora consumido

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º º º A Pias o que é de Pias....No concelho de Serpa, o terroir da região de Pias é relativamente pequeno, e a excelência dos vinhos ali produzidos é garan-tida apenas por duas empresas vitivinícolas, em especial a Adega Margaça. Daí, aparecerem alguns vinhos aparentados de Pias.... produzidos a léguas, tendo o presidente do município já reunido com os produtores para defesa do vinho genuíno.

Número treze • trimensário newsletter • Director: Álvaro Vale

nº 1

3

edi

ção

14,

Jul 2

017

Foram eleitos os melhores res-taurantes do País: Estrela da Mó (São Miguel de Poiares) e Castas e Pratos (Peso da Régua)

O Vinho Branco Invisível... da Ervideira...feito com uvas pretas

05

No Mercado da Ribeira ao Cais Sodré

A prova de oito colheitas, desde 2009, mostrou a evolução das to-nalidades do Invisível, do dourado ao branco transparente... Tudo começou em 2007, numa viagem à Alemanha do director-executivo. Dez anos volvidos, surgiu esta prova de vinhos na Associação Naval de Lisboa, em Belém.

02

últimas

13

Moscatel Reserva Costa Lima o melhor vinho na Selezione del Sindaco

O Moscatel de Setúbal Costa Lima ganhou o concurso da Selezione del Sindaco, em Tra-monti; enquanto o Terras da Er-videira, foi o melhor na categoria de tintos e 7º na geral.

11

Vinhos & Enoturismotodo o ano... no Alentejo. últimas

Nos últimos 30 anos, em todo o mundo, derivado ao clima, o teor alcoólico dos vinhos aumentou 2,3 graus. 09

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Branco... a partir de uvas pretas...Ou uma ideia trazida da Alemanha, Suíça e Luxemburgo com grande sucesso.... feita da casta Aragonez, do sumo de lágrima dessas uvas. Mas tudo começa por uma vindima feita à noite para evitar a fermentação prematura. O segredo está nas técnicas de frio. Após a colheita, o mosto é levado em camião frigorífico para a adega, onde a fermentação também se verifica a baixas temperaturas.

A História do Vinho Invísivel pode ser contada de duas formas: das suas origens e inspirações, resultantes de viagens realizadas em 2007 à Alemanha Suíça e Luxembugo, onde Duarte Leal da Costa, director-executivo da Ervideira se inspirou no modelo de uvas pretas, isto é, blanc de noir; em que são retiradas a película e a casca. Andaram dois anos a estudar aforma d efazer este vinho Invisível.....e como “temos uvas tintas que chegam e sobram e continuamos a vender vinho a granel”, explica o vitivinicultor, sobre a disponibilidade de meios e matéria-prima para estas experiências..que originaram um vinho de grande classe.Ou, em segundo lugar, através das provas feitas ao longo de duas horas, do meio-dia às duas da tarde, por jornalistas provadores, servidos pelos responsáveis da

Local das provas: a vetusta Associação Naval Portuguesa fundada em 1856 por D.Pedro V, sob designação de Real Associação Naval , e com vista para o Padrão das Descobertas em Belém, um local que ainda regista reminiscências da Exposição do Mundo Português em 1940: Começamos pela colheita 2009, a 13 graus, prosseguindo com registos diferentes. À medida que avançamos nas datas, os vinhos perdem a tonalidade dourada e tornam-se cada vez mais brancos até parecerem transparentes e invisíveis... ou quase. Somos servidos pelos dois criativos, juntamente com Mariana, sobrinha. Os dois vão tecendo os mais diversos comentários, esclarecendo dúvidas e questões colocadas...uma conferência de imprensa very special, diríamos!. Ou seja, a forma mais didáctica de se entender como se faz um vinho notável... branco.Provámos nove colheitas deste vinho Branco Aragonez, de uvas pretas, bem entendido, num processo semelhante ao das uvas brancas, registando-se 6 gramas de açúcar por litro. Esta, a 1º prova do dia, num vinho bem gostoso e dourado...os restantes vão-se tornando, mais ou menos ácidos, ou menos doces, com aromas variados. Uma curiosidade, referente à colheita de 2009, o mosto estava translúcido, depois turvou, e passada uma semana

O Vinho Invisível

Ervideira, Duarte Leal e o enólogo Nuno Rolo, os dois grandes mentores de um naipe de vinhos que fica na História vitivinícola portuguesa .Nestes, recordamos ao leitor, outra grande inovação da herdade alentejana, que é o Vinho da Água, resultante do estágio de vinho engarrafado -- tinto, branco e espumante durante oito meses no Lago do Alqueva, com águas à temperatura constante de 18 graus e profundidades entre os 22 e os 30 metros.O programa começou com uma inédita prova vertical, onde se apreciaram as colheitas desde 2009. Seguiu-se um almoço sempre acompanhado pela mesma colheita, de 2016, embora com diferentes pratos e diferentes temperaturas, de forma a perceber a elevada capacidade de pairing deste vinho: a entrada, uma variedade de Sushi e Sashimi, com o Invisível servido a 4-6º; seguiram-se umas excelentes vieiras, com o vinho a 8-10º A terminar, um Magret de Pato, com o mesmo vinho, agora a 16-18º.

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o vinho começou a ficar rosado ...alguém deitou um pouco de vinho tinto, e ao fermentar ganhou um toque rosado, depois passou, “pois não quisemos m vinho inerte, mas sim com intensidade aromática”.. Já a 2ª prova, deu um vinho mais ácido, a 12,5 graus, que inclui a Touriga Nacional c um bom resultado. Haviam também experimentado as castas Cabernet Sauvignon, Trincadeira e Moreto com alguns resultados parecidos ao Aragonez. Na 3ª prova, 2011, a 13,5 graus.Na 4ª prova, colheita 2012, a 13,5 graus, e fizeram-se 30 mil garrafas, num ano considerado difícil. Reparamos que o vinho está cada vez mais claro; 5ª prova, 2013, um ano muito quente, com 13,5 graus e c/ ph correcto e frescura na 1º quinzena; 6º vinho em prova, de 2014, a 14,4 graus, mineralidade, acidez e seco são as características. Os comentários prosseguem e, o enólogo Nelson Rolo, confessa-se “deslumbrado” pela casta Alvarinho (do Minho, norte de Portugal, que faz o vinho verde, para os leitores não portugueses) agora cultivada no Alentejo... “não podemos estar de mãos atadas e quem não sonha, não tem lugar na Ervideira, diz por seu turno, Duarte Leal da Costa.Deppois explica um pouco sobre a contabilidade e sustentabilidade: O ideal seria o vinho de 2014 ser agora consumido ou comercializado (volvidos três anos), mas isso implicaria um risco financeiro, daí lançarmos os vinhos relativamente cedo! Nelson Rolo: o desafio é lançar um vinho bebível e com potencial de

envelhecimento --são estes dois aspectos o grande desafio. Passamos à 7ª prova, 2015....perdemos a graduação concreta... mas é uma produção de 45 mil garrafas, e quem o toma, ninguém diria estar a falar de um vinho branco a partir de castas de uvas tintas, comenta Nelson., aludindo às perdas de 20 a 25 % no volume de cada campanha, isto no caso específico da lágrima Aragonez. Nelson Rolo desde 2007 à frente do pelouro da Enologia da Ervideira, foi aluno do Professor Paulo Laureano, agrónomo e enólogo, docente na Universidade de Évora.Terminamos com a 8ª prova, 2016, a 13 graus de teor alcoólico, vinho muito leve, num ano muito quente, com muita concentração de açúcar nas uvas, tendo-se feito 60 mil garrafas .Passámos ao almoço, na bela sala alusiva à Vela e à Marinha da Associação Naval Portuguesa, com menu , a cargo do Chefe Jacinto Alves, a saber: Sushi; Vieiras à Provençal, com spaguetti colorido c/ tinta de choco e Magré de Pato c/ Ratatouille, pratos a condizer com as exigências dos vinhos em prova.

Na 1º colheita 13 mil garrafas,

hoje 60 mil !!Na primeira colheita deste Invisível, em 2009, a marca alentejana produziu 10 mil litros para 13 mil garrafas...um risco económico, segundo o responsávell... Mas era preciso chegar ao mercado, e hoje temos 60

mil garrafas na úlitma colheita, num vinho que é sempre lançado no dia 1 de Abril, data da prova efectuada em Belém, Dia das Mentiras, num vinho que parece mentira, mas que na verdade, tudo é real, ao ponto de parecer transparente e invisível! A estratégia é fornecer os distribuidores 15 dias antes, para que o fornecedor o ponha no restaurante. Á data da prova, a Ervideira já tinha 16.000 garrafas vendidas ( em quize dias) e facturado 90 mil euros. Em Julho, data desta edição o stock estará esgotado....são 10 anos de trabalho e oito colheitas”, sublinha Duarte Leal.Segundo o mesmo, “a oitava edição deste vinho exigia que fizéssemos algo diferente. Uma prova vertical, que permitisse perceber a sua evolução ao longo destes anos. Trata-se de um vinho inovador no sector, que tem tido uma adesão fantástica ao longo das várias edições e no mercado, tanto nacional como internacional.Este vinho já está presente em mercados como Bélgica, Luxemburgo, Holanda, Alemanha, Suíça, Brasil e China sendo seu objetivo continuar a ser visível noutros mais, nomeadamente Japão, pela facto de este vinho ser indicado para acompanhar sushi e sashimi. Registe-se que 50 por cento da facturação da quinta alentejana, é da marca Conde D’Ervideira, toda a gama, incluindo o Invisível. Já o Enoturismo representa 18% do volume de negócios, que em 2016 registou 80 mil visitas e provas. Para Outubro, está prevista a abertura de garrafas com mais de 100 anos, tinto e branco, do bisavô da família Leal da Costa, descendente directa do Conde de Ervideira, empresário agrícola, político e filantropo.

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ViniPortugal: Provas e seminários em todo o mundoAs acções de promoção dos vinhos portugueses realizadas pela ViniPortugal prosseguem pelo Verão fora , com o enfoque no mês de Setembro nos quatro cantos do mundo, através de seminários, e provas de vinhos, entre outras actividades.

A 7 de Setembro, a ViniPorutgal estará no Quebec, Canadá, para lançar juntamente com a Societé des Alcools du Quebec (SAQ) vinhos portugueses com vista a impulsionar as vendas nas 315 lojas da rede SAQ. O evento terá visibilidade na nova revista da SAQ, “Le Gout de Partager”, (4 edições/ano).

Também de 9 a 30 Setembro, na província canadiana da British Columbia, terá lugar nova jornada promocional nas 30 lojas do Licor Distribution Branch(LDB).

Entre 24 e 30 de Setembro, estarão em Portugal 6 compradores de restaurantes de referência dos EUA, e participarão entre outros : Danielle Kuzinish, do Hidden Bar and Adega Wine Bar de São Francisco, Califórnia, fundado em 2005; Alex LaPratt, do Atrium Dumbo, de Brooklyn,

Nova Iorque; Laura Williamson, do Mandarin Oriental, de Nova Iorque; Jack Mason, do Pappas Bros Steackhouse, de Houston, Texas, e Elton Nichols, da Canlis, o mais celebrado restaurante do Noroeste do Pacífico, em Seatle.

A 25 de Setembro, terá lugar em Hamburgo, Alemanha, pela 2º vez, a Conferência de Vinhos de Portugal e Prova, no Campus de Hamburgo. O evento será intercalado com uma prova clássica de vinhos, e terá a participação de 150 profissionais do sector do vinho.

Festival do Vinho em Moçambique, começa em Maputo, de 29 a 30 de Setembro, certame iniciado em 2011, e que este ano terá duas fases, a primeira dedicada aos vinhos europeus; e a 2º fase, referente aos vinhos da África do Sul, de 23 a 24 de Novembro. Um programa bem planeado, com intervalo suficiente para especialistas e consumidores reflectirem e poderem comparar a excelência dos vinhos, quer da Europa, quer sul-africanos.

Ainda no plano de promoção de 2017, tendo em vista aumentar a distribuição dos vinhosortugueses nos EUA, terá lugar em Chicago a 9 de Outubro, um wokshop, com a participação limitada de 24 empresas portuguesas (vitivinícolas), com uma selecção prévia dos vinhos efetuada em Maio passado pela Wine & Spirits. Todas as empresas candidatas podiam apresentar 5 vinhos para avaliação da revista.

Entretanto, a 12 de Outubro, realiza-se em Nova Iorque um encontro de enólogos-produtores,

dirigido pelo Wines of Portugal Ambassador nos EUA, onde 6 enólogos produtores portugueses apresentarão os seus vinhos para uma audiência de 30 consumidores finais.

Segue-se a Grande Prova dos Vinhos Portugueses em Varsóvia, a 20 de Outubro, no Primasowki Palace, zona antiga da cidade, com um seminário sobre o mercado da Polónia.

A 30 de Outubro, será em Oslo, o evento 5O Great Portuguese Wines Noruega / 59 grandes Vinhos Portugueses, em 1º edição para o país escandinavo dos fiordes, cuja selecção estará a cargo da reputada especialista Julia Harding, já efectuada em Maio passado em Lisboa.

Depois , em Shangai, de 14 a 16 de Novembro, a ProWine Shangai 2017, com produtores de todo o mundo e destinada aos agentes económicos da Ásia.

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Habituado a lidar com os produtores e a ser intermediário no negócio, José Veiga percebeu que o futuro estava em Pias. E o sucesso, tem sido tão grande pela qualidade e procura... que os vinhos ultrapassaram já os limites da sua região demarcada, a ponto de muitas empresas produtoras do tipo Pias nem estarem lá sediadas.

Em Pias há somente dois únicos produtores, sendo a grande referência a Adega Margaça (Sociedade Agrícola de Pias), empresa familiar fundada pelo torrejano que em 1973 se estabeleceu para sempre na soalheira aldeia alentejana, com visão, não só no aspecto comercial, mas pela qualidade dos vinhos que já antevia. Tempos em que os vinhos portugueses eram ilustres desconhecidos... Portugal e Espanha estavam fora do Mercado Comum; além disso, não havia Organização Mundial do Comércio...e nem se pensava nos países BRICS e na globalização

desencadeada por estas novas economias na transição do século XX para o século XXI... economias que descobriram e alavancaram os vinhos peninsulares, em alternativa aos franceses...por serem mais baratos e de qualidade soberba.

Tudo isto, para se entender o longo caminho empresarial de José Veiga Margaça, que muito sofreria com as ocupações da reforma agrária...prolongadas durante quase 10 anos... até à devolução completa de vinhas e olivais... Eram cinco montes alentejanos com quase mil hectares, considerados do melhor da região para vinhas e oliveiras.

Mais tarde, já no século XXI, a construção da barragem do Alqueva viria a transformar uma vasta área tradicional de sequeiro em regadio, resultando em mais-valias... a plantação de amendoeiras, inéditas no Alentejo. Agora, graças à fartura de água observamos um amendoal em 260 hectares... aliado a 300 ha de olival, em tradicional e intensiva, com produção de azeitonas Cobrançosa, Galega e Cordovil. Assim reapareceu nos últimos anos, a Sociedade Agrícola de Pias - empresa de José Veiga Margaça, com todo o fervor e paixão do seu patriarca fundador, homem que nunca virou a cara às adversidades.

À frente, está agora seu neto Luís Filipe Margaça Lopes, de 31 anos, formado em Gestão pelo ISCTE, e que não esconde as preocupações próprias de um jovem empresário que baseia a sua actividade em trabalho e planificação, a ponto de pensar seriamente em nova adega num dos montes, para centralizar toda a logística desde a produção aos transportes e distribuição; apesar da adega em Pias ser bem espaçosa.

Luís Filipe, tem como grande retaguarda sua mãe, Fernanda Margaça, investigadora em Física Nuclear, com um doutoramento pela Universidade de Oxford, Inglaterra, que tem o foco no olival, e fala com visível satisfação das oliveiras carregadas de flor, durante uma visita do Correio dos Vinhos pela vasta propriedade, sob o cenário dos campos ondulantes de pequenas elevações num raio de 360 graus, onde se ouve o silêncio, apenas cortado pelo chilrear dos pássaros por ali e

reportagem em Pias

A Pias o que é de Pias ...O belíssimo vinho de Pias, freguesia do concelho de Serpa, já nas proximidades de Espanha, começou a ter fama no início dos Anos de 1950 quando era vendido em garrafões de 5 litros pela Adega de João Braz Rogado, na altura o maior produtor da região. Mas seria José Veiga Margaça, empresário de Torres Vedras, um dos grandes dinamizadores, ao comprar em 1973 a Adega e uma propriedade de 800 hectares a João Braz Rogado... numa época em que pouco se falava de vinhos. Tempos muito mais difíceis, mesmo para os empresários da estaleca e paixão como Veiga Margaça, num país que jamais sonhara com a CEE e que enfrentaria problemas até aderir à União Europeia.

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acolá, alternados com brisas e ventos, ainda refrigerantes em Abril e Maio...

Pela ambiência e a paisagística, antevêm-se alguns projectos de turismo rural dada a proximidade da raia espanhola e as condições naturais propícias ao repouso durante o ano, aliado ao conforto que pequenas pousadas de enoturismo podem oferecer nos tais montes. Bastaria restaurar velhas casas e estábulos, obra não isenta de custos empresariais, que os proprietários ponderam a seu tempo num pacote de agro-turismo.

Um terroir pequeno que dá azo a imitações....

Mas o terroir dos vinhos de Pias é relativamente pequeno, dado o tipo de solos e as condições climatéricas locais exigíveis para a DOC (Denominação de origem controlada), o que inspira outras produções baseadas no topónimo... sem serem afinal genuínas. Voltemos à estória de certos vinhos, que se apresentam originários ou aparentados da região...mas produzidos a léguas de Pias, confome nos conta Leonardo Maia, engenheiro enólogo, responsável pelos sete vinhos da Adega Margaça, produzidos em 140 hectares.“A marca Pias tem proliferado sem ter nada a ver com o genuíno Pias, enquanto região vitivinicola. E nem sequer as firmas que os comercializam têm sede em Pias. São vinhos de natureza diferente e até duvidosamente nacional, porventura espanhóis, lançados na comercialização, apresentando

nomes, seja Castelo, Alma, Amigos, Courelas, etc, ligados a Pias. Aqui só existem dois produtores a Sociedade Agrícola de Pias ou Adega Margaça, e um outro produtor”!, esclarece.Quanto à especificidade do terroir -- conjunto das condições naturais: geologia, terreno, clima, meteorologia, castas e história da vinha da região, Leonardo Maia fala um pouco de Pias:“Do ponto de vista da rocha e solo arável, temos aqui uma componente argilo-calcária e, embora inseridos numa zona mediterrânica, temos

clima continental, com grandes amplitudes térmicas, muita solaridade, céu pouco nublado, com uma média anual de 10 horas de sol diárias. Isto define o terroir e suas características, juntamente com as castas, tintas por ordem predominante: Aragonez, Alicante, Alfrocheiro, Syrah, Cabernet Sauvignon, Touriga Nacional, Touriga Franca, Trincadeira e Sousão, originária da região do vinho verde, e em experiência devido à mudança climática que se está a dar, ou seja a elevação da temperatura, devido ao aquecimento do globo pelo efeito estufa”.

Completam o naipe do portefólio as três castas de uvas brancas Antão Vaz, Arinto e Verdelho.

Um portefólio de sete vinhos tintos e brancos, dos 13,5 aos 14,5 graus.

O enólogo salienta mais alguns pormenores imprescindíveis ao êxito do vinho, desde o clima continental, no período extremamente quente, da maturação da uva, já no Verão. E se quisermos tirar todo o proveito da uva, não podemos ir para um vinho de 12 ou 12,5 graus....Para descanso de muitos aspirantes a aficcionados, adianta: “Os vinhos do Alentejo são fáceis de beber, muito saborosos e verdadeiramente gulosos, em particular o Pias...mas para tal, é necessário o tal álcool em percentagem (ou graduação)”!E Leonardo Maia, esclarece que os teores alcoólicos são muito diferentes de há 40 ou 50 anos, pois devido ao “aquecimento do planeta e o subsequente efeito de estufa,

reportagem em Pias

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aumentaram em cerca de dois graus”.Por seu turno e a propósito, o viticólogo da adega Margaça, engenheiro João Torres, recorda:“Quando em 1970 comecei a trabalharem vinhas do Esporão, as graduações eram muito baixas, e devo dizer que o vinho regional alentejano poderia ter um mínimo de 11,5 graus e um DOC apenas 12 graus... Mas , como é sabido, ocorreu um aumento das temperaturas, devido à mudança climatérica nos últimos 40 anos. Há 40 anos, a vindima começava em meados de Setembro e, nalguns pontos em Outubro. Na primeira vindima que fiz, em Reguengos de Monsaraz, foi necessário insistir com a Adega da CRMIM para se iniciar a vindima antes de 5 de Setembro... E hoje, a vindima começa a ser feita na segunda ou terceira semana de Agosto”!Quanto ao portefólio de vinhos é o seguinte: Margaça branco e tinto; Aspias branco e tinto, citando uma canção tradicional : Lá vai Serpa, lá vai Moura, e As Pias ficam no meio !; Pulo do Lobo branco, tinto e rosé; Encostas do Enxoé branco e tinto; Igreja Velha tinto, Quatro Décadas tinto; D. Fernanda tinto.

Produção de 1 milhão de litros, exportação para

cinco paísesA produção da Adega Margaça (Soc. Agr. de Pias) pode atingir um total de 1 milhão de quilos de uva, oscilando nos 600 a 800 mil litros de Tinto (cerca de um milhão de garrafas) e entre 150 a 200 mil litros de Branco. As exportações incidem

em cinco países - Taiwan, Brasil, Alemanha, Holanda e China.A empresa dispõe de 31 colaboradores, e na sede, -- além de uma loja de vendas,onde a neta do fundador, Amália Margaça Lopes está presente,-- existe também um interessante espaço museológico, alusivo à memória histórica da adega Margaça, fundada em 1973 por José da Veiga Margaça. Ao lado, uma sala de provas de vinho onde se efectuam reuniões, palestras e workshops. A completar a zona aberta ao público visitante, um winne’s bar com esplanada no exterior. Ao longo do ano, o espaço recebe regularmente visitas de grupos de todos os quadrantes, animando um pouco o quotidiano de Pias e seu comércio.Luís Filipe Margaça Lopes, leva-nos em visita guiada à adega, onde tudo se passa, desde a recepção das uvas, à produção, estágio, enchimento e saída para distribuição comercial. Chama-nos a atenção, tendo em vista uma maior maceração (inerente aos princípios activos), a adega vai ser ampliada com mais cinco cubas troncocónicas de várias capacidades..Passamos à zona primitiva, adega velha, com tanques de betão armado dos Anos de 1950. “O interior foi pintado com tinta epoxi para que os vinhos sejam utilizados com normas de segurança e higiene alimentar”.Os referidos tanques, apresentam “pormenores de grande interesse técnico, pois estes depósitos forma construídos em unidades inidvidualizadas, permitindo entre eles a circulação de ar fresco, e que a temperatura de uns não passe ou influencie a temperatura dos que os

ladeiam”, sublinha.Esta parte velha comporta 980.000 litros, enquanto a

parte nova tem espaço para mais um milhão de litros de vinho. Apesar do enorme espaço, o gestor pondera a construção de nova adega num dos montes da herdade, para racionalizar tarefas e logística. Passamos ainda pela zona das barricas, com três tipos de origem de carvalho: América, França e Cáucaso, escolha do enólogo Leonardo Maia. Cada barrica dá um sabor diferente e, os melhores vinhos topo de gama, selecção ou de autor, são estagiados em barricas.Depois fala um pouco dos seus produtos:“Os vinhos brancos querem-se aromáticos e frescos.Para tal, as uvas são vinificadas pelo método de”Bica Aberta”, que consiste em fermentar apenas o mosto das uvas”.Entretanto, realça um pormenor já quase generalizado, a vindima de noite: “Apanhamos as uvas à noite e de madrugada, consoante o tempo, com o objectivo de preservar as uvas e protegê-las das temperaturas elevadas, a fim de evitar perda de qualidade da uva na transformação”!

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Cinco Montes Alentejanos num

panorama a 360 graus A Herdade Margaça distribui-se por cinco montes, ao longo de 700 hectares (outros 100 ha foram expropriados pelo EDIA em 2014, para construção de uma pequena barragem próximo de Pias) a saber: Monte Branco, Monte da Parreira, Monte Velho de Baixo, Monte Velho de Cima e Monte da Torre, quase todos com depósito de água à antiga e, velhas casas rurais, algumas em ruínas, estábulos e armazéns de alfaias agrícolas e currais, circundados de árvores de fruto e uma ou outra oliveira.De viatura, percorremos um a um, na companhia de Luís Filipe, que nos vai historiando sobre a propriedade e os projectos de seu avô, homem que soube enfrentar vicissitudes. De monte para monte, não são mais do que 5 a 10 minutos, no máximo. Paramos, sentimos leves odores campestres, e observamos coelhos bravos e lebres a cirandarem por pátios há muito desabitados. Avaliamos as habitações arruinadas, mas ainda capazes de albergar um interessante conceito turístico em rede entre os montes -- um desafio a qualquer arquitecto ou designer que se interesse pelo género.Para tal, bastaria investimento disponível e uma acção séria e programada de marketing da

respectiva região de turismo e o interesse do município de Serpa, cujo autarca já reuniu com os produtores em defesa do vinho genuíno de Pias.Depois, é Fernanda Margaça, cientista de Física Nuclear, que nos conduz pelo intervalo das fileiras de oliveiras, em boa geometria, que facilita a circulação de viaturas, num terreno macio, ladeado pelo verde do olival em flor (candeio).Refere-se à grande revolução no olival feita pela barragem do Alqueva, que permite a rega. “Podemos então avançar, reestruturar o olival e construir o lagar, porque a produção vai justificá-lo... a água, sendo vital para as oliveiras, vai aumentar a produção de azeitona por hectare ..e num futuro talvez se possa pensar no agro-turismo”, remata. Mas o mercado do azeite é ditado por Espanha, o maior produtor mundial, e que por tradição tem olival em sequeiro... A própria seca em Espanha também influencia os preços a que se submete a produção portuguesa, como numa bolsa de valores. Por isso, há muita gente a fazer azeite em quantidade, em virtude também do regadio. De resto,o olival segue o modelo 7X7, ou seja 200 árvores por hectare tradicional, agora regadio, com 10 toneladas de azeitona na mesma área, ou 1,5 toneladas de azeite.

A Sociedade Agrícola de Pias desenvolve uma interessante acção social na vila, onde além

de patrocinar o clube de futebol local, apoia os seus trabalhadores com bolsas em numerário, dirigidas aos filhos estudantes; tendo inclusivamente

custeado em propinas e despesas de transporte (gasolina e gasóleo) de uma colaboradora formada em Gestão.

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Nos últimos 30 anos, em todo o mundo, derivado ao clima Teor alcoólico dos vinhos aumentou 2,3 graus Devido às alterações climáticas do planeta, o teor médio alcoólico dos vinhos aumentou 2,3 graus. E num futuro, cultura da vinha poderá deslocar-se para latitudes mais elevadas, seja no hemisfério norte ou no hemisfério sul, revela um artigo de Paulo Cameira Santos, investigador do Instituto de Investigação Agrária e Veterinária (IIAV) publicado na revista Enologia referente a Março de 2107.

Desde há 30 anos para cá, que investigadores na área da Vitivinicultura e na Enologia verificam que o teor alcoólico médio dos vinhos tem sofrido um aumento apreciável. Segundo aquele investigador português, entre 1971 e 2011, os vinhos da Califórnia (Estados Unidos) registram um aumento no seu teor alcoólico de 12,5 graus para 14,8 graus em todas as castas de uvas....

Na Austrália, entre 1984 e 2008, passou de 12,4 para 14,7 graus no caso dos vinhos tintos; enquanto nos vinhos brancos foi de 12,4 para 13,2 graus de teor alcoólico.

Já na França , nas províncias de Languedoc- Rossilhão, a subida média foi um pouco menos,

porventura devido à geografia, já fora do clima mediterrânico, e para além dos Pirinéus (a inferência é nossa), com 11,2 graus em 1984 e 12,9 graus em 2006.

Segundo Paulo Cameira Santos, embora não hajam estatísticas para todos os países (veja-se o comentário dos engenheiros Leonardo Maia e João Torres na reportagem sobre Pias), as razões do fenómeno são de natureza estrutural e vieram para ficar. E, cientistas de áreas afins - agrónomos, meteorologistas, enólogos e biólogos têm estudado o assunto, sobretudo os efeitos climáticos na fisiologia da videira, na medida em que as alterações climatéricas influenciam fortemente o metabolismo das plantas. Tal, pode inclusivamente obrigar abandonar certas regiões vinícolas e deslocar a cultura da vinha para latitudes mais elevadas, tanto no Hemisfério Norte, como no Hemisfério Sul. Ou seja, Verões mais quentes provocam maturação mais intensa das uvas e maior acumulação de açúcar nos bagos. Logo, os bagos das uvas tornam-se mais doces emesno ácidos , originando maior teor alcoólico no vinho.

Outro problema é o stress térmico, que aparece acima dos 35 graus, podendo provocar a paragem da fotosíntese para a maturação e aumentar o teor alcoólico (por perda de água e concentração de açúcar nos bagos das uvas). Os investigadores dizem que o teor alcoólico não deixará de aumentar face às alterações climáticas no planeta.

A medida contra a situação é a antecipação das vindimas, especialmente nas regiões mais quentes. Por isso, no Alentejo já se generalizou passar a vindimar-se na penúltima ou na última semana de Agosto, onde há vinte anos, a vindima nunca se fazia antes de 1 de Setembro.

De forma geral, adianta Cameira Santos, os investigadores da vinha, descobriram que a videira, perante a ausência de stress hídrico (falta de água), dá-se uma acumulação acelerada de açúcar nos bagos e suspende os principais mecanismos

fisiológicos da produção de aromas (Carbonneau, 1998, sobre Irrigation, vignoble et produits de la vigne, in Traité d’irrigation, aspects qualificatifs, ediditon Lavoisier).

Assim se compreende que muitos dos melhores vinhos portugueses e de todo o mundo tenham a sua origem em solos pobres, regiões de montanha e declives elevados. Por outro lado, a rega da vinha também está sujeita a regras muito rigorosas, porque a excessiva água no solo suspende na planta certas vias metabólicas fundamentais, porque são essas mesmas vias que levam à acumulação de moléculas aromáticas nos bagos de uvas. Por conseguinte, o excesso de água no solo pode também ter inconvenientes para a produção do vinho.

Mas não são apenas as alterações climáticas que fizeram aumentar o teor alcoólico, dando simultaneamente vinhos interessantes. Também o uso de boas práticas agronómicas, com base na investigação, tem contribuído para boas produções de vinho, a que alguns experts chamaram já uma arte alquimista. Ou seja, o aumento da graduação alcoólica não impediu de se produzirem bons vinhos, com novas nuances, que mostram a adapção do enólogo às novas condições climatéricas, aproveitando novas técnicas e fazendo vindimas durante a noite, para manter intactas a qualidade das uvas, até chegarem à respectiva adega.

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reportagem

Projecto vínico Discórdiaentre Mértola e o Pomarão

A iniciativa é da Herdade Vale de Évora, situada a poucos quilómetros de Mértola, no Baixo Alentejo, cujo proprietário arrancou em 2009 ao plantar 10 hectares de vinha. A Herdade tem 550 hectares e, foi adquirida em 2007 por Paulo Alho, empresário de Sesimbra. O projecto, impossibilitado de usar a palavra Évora, após longos e animados debates, passou a designar-se Discórdia, com vinhos tinto da casta Touriga Franca, Touriga Nacional, Alicante Bouchet e Syrah, e vinho branco das castas Arinto, Verdelho e Antão Vaz.No final de 2016, juntou-se ao projeto, como sócio, Vítor Pereira, amigo da família e também engenheiro civil ligado igualmente ao setor da construção civil. A gestão é assegurada por Miguel e Paulo Teodoro, filhos de Paulo Alho.Desde tempos longínquos que a região do Guadiana foi terra de vinhos. Numa prospeção recente ao longo do rio Guadiana, entre Mértola e o Pomarão, o professor Antero Martins e um grupo de inestigadores encontraram abundantes videiras velhas, desgarradas, a comum vitis vinifera. O especialista na área da genética de plantas e presidente da Associação

Portuguesa para a Diversidade da Videira (PORVID) procurava sinais de videiras silvestres, outra estirpe muito anterior à encontrada, a vitis vinifera, cultivada na Europa desde há 10 mil anos e que terá tido presença significativa no passado ao longo do Guadiana.Também a descoberta de graínhas de uvas em escavações arqueológicas na vila reforça esta tese. A referência está documentada e integra-se no trabalho realizado pelo arqueólogo CláudioTorres em Mértola nas últimas décadas. Os vestígios de uva foram encontrados numa casa da época almóada (séculos XII-XIII). É esta memória cultural que os promotores do projeto, querem recuperar e compreender numa Herdade integrada no Parque Natural do Guadiana. Paisagem selvagem e caça turísticaFrancisco Mata, técnico superior de viticultura da ATEVA – Associação Técnica dos Viticultores do Alentejo, orientou os trabalhos de plantação da vinha, talhões de quatro castas tintas (Touriga Franca, Touriga Nacional, Alicante Bouchet e Syrah) e três de brancas (Arinto, Verdelho e Antão Vaz). A vinha estende-se sobre a paisagem selvagem e couto de caça turística, de perdizes autóctones a javalis, rodeada de áreas reflorestadas com azinheiras, pinheiros mansos e medronheiros. A Herdade Vale de Évora é considerada um dos últimos redutos de caça selvagem do Alentejo e do país.O enólogo Diogo Lopes assumiu a adega e toda a condição do terroir: as vinhas estão plantadas numa das regiões mais quentes do país, terra árida e agreste, de solos xistosos. O uso da tecnologi potencia o valor natural, como a rega em momentos cruciais, mas a vinha vive ali no limite, resultando dessa condição

“fruta deliciosa e bastante concentrada”, explica. Envolvido noutros projetos, em parcerie com o enólogo Anselmo Mendes, reconhece que o perfil dos vinhos Discórdia “pode sair fora do padrão tradicional do Alentejo” e, “a proximidade ao rio Guadiana permite manter um nível de acidez médio razoável, conseguindo-se o bom equilíbrio de conjunto” .Com uma produtividade baixa, cerca de 4,5 toneladas por hectare, a vinha precisa ainda de tempo para ganhar estrutura e mostrar todo o seu potencial para alargar o protefólio. Uma grande reserva tinto de 2013, edição limitada, aguarda já em garrafa depois após dois anos de estágio em barricas de carvalho, estando projectadas a edição de monovarietais de Syrah e Touriga Nacional, para mostrar o comportamento destas castas no local. Paralelamente, a família Alho quer desenvolver o enoturismo, construindo uma pequena unidade de alojamento rural e restaurante. Vejamos a apresentação dos dois vinhos:

Discórdia branco 2015 – Grande frescura aromática com notas tropicais e citrinas. Final refrescante e intenso. Vindima manual. Seleção de cachos, desengace total seguido de ligeira prensagem. Decantação a frio, seguida de fermentação em cubas de inox com temperatura controlada (15-12 Cº). Batonnage com borras finas durante 3 meses. Discórdia tinto 2014 - Boa intensidade aromática com notas de fruta silvestre, ligeiro floral e um toque de esteva. Final intenso com taninos gulosos. Vindima manual. Seleção de cachos, desengace total. Fermentação a temperatura controlada em cubas de inox. Estágio em cubas de inox.

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Ervideira completa ciclo Vinho da Agua com EspumanteA Quinta da Ervideira apresentou mais dois testes de referêñcia ao chamado “ Vinho da Água”, que resulta da submersão no Lago do Alqueva de vinhos tintos e brancos durante oito meses para estagiar a uma temperatura constante e à mesma pressão.Em finais de Maio coube a vez ao Espumante Colheita 2015 e ao Conde D’Ervideira Reserva Branco 2015 fecharem o ciclo do “Vinho da Água”, iniciado em Abril de 2016 com a retirada das garrafas de tinto (ver Correio dos Vinhos) e mais tarde brancos,numa experiência que amplia as qualidades do vinho engarrafado.

Tal como nos tintos ou brancos, se o vinho antes de submerso já é bastante agradáveil, depois, e uma vez cumpridos os tais oito meses de estágio a cerca de 30 metros de profundidade à temperatura de 18 graus, a qualidade melhora substancialmente, com os aromas muito mais ampliados e mais leve. Um sucesso que deixou bem satisfeitos Duarte Leal da Costa director-executivo e Nelson Rolo, enólogo.

Num encontro com os jornalistas no Instituto do Vinho e da Vinha em Lisboa, foram dados a conhecer os testes com os espumantes e relaizadas as respectivas provas do Branco e do Espumante.... que não fica atrás do genuíno vinho de Champagne.

Submerso durante meses, o Espumante (com e sem degorgement, sedimentos) resultou num vinho mais elegante e com bolhas mais finas, “bem ao estilo do grande Champanhe”. No caso do branco,

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trata-se de um vinho feito da casta Antão Vaz, tendo fermentado e estagiado com batonage em barricas de carvalho húngaro. Estagiou depois de engarrafado a 30 m de profundidade durante os mesmos oito meses que o espumante, revelando-se também ele mais “fino”.

Foram ainda provados o Conde D’Ervideira Vinho da Água 2014 (já no mercado) e o Conde D’Ervideira Vinho da Água 2015 (a lançar no mercado em Junho ou Junho de 2017), ambos lado-a-lado com os seus homólogos não submersos – Conde D’Ervideira Reserva Tinto 2014 e 2015 – para se poder entender a sua evolução extraordinária, mesmo passado um ano depois..

A prova destes quatro vinhos estagiados em profundidade: Espumante com e sem dégorgement, Branco 2015 e Tinto 2014 e 2015, já mostra resultados consistentes que fazem Duarte Leal da Costa concluir “estamos muito expectantes com a receptividade do mercado que já olha para o Vinho da Água como uma marca sólida e de qualidade. Vamos agora repensar toda a nova estratégia de estágio de brancos e espumantes em profundidade para que em 2018 possam estar disponíveis para o mercado”.

A marca Conde D’Ervideira Vinho da Água Tinto (após o estágio de oito meses) está já nos seguintes mercados: Bélgica, Luxemburgo, Alemanha, Suíça, Brasil, China, entre outros, esperando-se a mesma aceitação para os dois novos produtos.

TERRAS D’ERVIDEIRA 2015 MELHOR TINTO EM ITÁLIAO Vinho Terras D’Ervideira Tinto 2015 foi premiado com a Medalha de Ouro no Concurso internacional Selezione del Sindaco, no sudoeste de Itália, mais concretamente em Tramonti, Salerno, na região da Campania, certame organizado pela Associação Nacional Cittá de Vino.

Este vinho da Casa Ervideira obteve 93,25 pontos, correspondendo ao melhor tinto a concurso entre várias centenas de vinhos.. e alcançando o 7º lugar na geral, num concurso ganho pelo Moscatel Reserva da Costa Lima (Setúbal), considerado pelo júri o melhor vinho do certame em todas as categorias, com 94,8 pontos.

Curiosamente, mais cinco marcas portuguesas de vinho doce e licoroso ficaram entre os dez primeiros a saber: Porto Cid + 40 anos, de 2014, com 94,4 pts, 2º lugar; Casa Ermelinda Freitas - Moscatel Roxo Setúbal Superior (2010), 94 pts 3º; Confraria Espumante Reserva Moscatel seco 2013, adega cooperativa do Cadaval, 93,5 pts, 5º lugar; Xavier Santana Moscatel Setúbal (2015), 93,4 pts 7º ex-aequeo c/ Ermelinda Freitas Moscatel Setúbal Superior (2007), 93,4 pts, num total de 350 vinhos medalhados.

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Évora Wine com 250 vinhos à provaNa Praça do Giraldo, em Évora, decorreu a 4ª Évora Wine, iniciativa dedicada a todos os amantes de vinho, ond estiveram presentes 40 produtores e cerca de 250 vinhos à prova. Subordinada ao tema “Alentejo – o saber do vinho”, o certame deu a conhecer aos visitantes o que de melhor se faz no Alentejo, desde vinhos, azeites e outros produtos regionais. No primeiro dia relaizou-se o simpósio “Sustainability: Future4Wine”, organizado pela Universidade de Évora e pela CVRA - Comissão Vitivinícola Regional Alentejana., ond efoi debatida a Sustentabilidade da vinha, com a presença de vários especialistas e investigadores no assunto. Nas jornadas seguintes, decorreram ainda provas comentadas, cursos de iniciação, conferências, dois showcookings, com os chefes Rui Fialho e Pedro Carvalho, e dois workshops, que permitiram aos presentes apurarem os seus sentidos e ajudá-los a identificar quais os melhores vinhos para o verão. Na oportunidade, Francisco Mateus, presidente da CVRA, sublinhou “É com grande entusiamos que nos associamos a mais uma edição do Évora Wine, iniciativa de sucesso que presta verdadeira homenagem ao mais icónico produto da região Alentejana, o vinho.”

Mais uma vez, a Adega Ervideira associou-se ao Troféu Yamaha, recebendo-o na sua Adega em Maio, naquela que foi a 3ª prova da 14ª edição deste troféu e onde contou com a presença de milhares de pessoas. Mais uma vez e face ao ano anterior, foram batidos os records de participantes na Adega da Ervideira, com mais 210 equipas a correr.

Considerado o maior e mais antigo Troféu Nacional de Motos e Moto 4 em Portugal, este troféu arrancou a 19 de Março, em Pegões, onde decorreu a 1ª prova. Antes de chegar à Ervideira, o troféu passou também por Alpiarça, em Abril, onde foi realizada a 2ª prova.

Foi então a 13 de Maio que a pista da Adega da Ervideira acolheu esta grande prova Todo-o-Terreno, uma modalidade que mobiliza bastantes pilotos, bem como afccionados, oriundos de todas as regiões de Portugal. Este ano, Ricardo Carvalho, piloto oficial da Yamaha, realizou uma série de co-drives solidários numa iniciativa que visava a

Adega da Ervideira palco do Troféu Yamaha 2017

angariação de fundos para ajudar os Bombeiros Voluntários de Reguengos de Monsaraz.

É com enorme entusiasmo que a Ervideira tem vindo a apoiar o Troféu Yamaha. Segundo Nelson Rolo, diretor de Enologia da Ervideira, “Mais uma vez um êxito! O público aderiu em massa e devemos um grande obrigado não só a eles, mas também a todos os que correram. Continua a fazer todo o sentido para a Ervideira associar-se a desportos como este; a emoção, o prazer, a satisfação e a alegria estão tão presentes neste desporto como na essência dos Vinhos Ervideira. Ambos nos fazem vibrar!”

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Montês/Seia: nasceu o primeiro gin de montanha

Barriosa, 26 de Junho. – Subimos às montanhas portuguesas para colher as melhores bagas, flores e frutos silvestres e criar aquele que é o primeiro gin de montanha do país.Assim nasceu o Montês, um gin destilado a partir de quatro botânicos: o Zimbro (Juniperus Communis), a Carqueja (Pterospartum Tridentatum), as Urzes (Erica / Calluna Vulgaris) e o Medronho (Arbutus Unedo). Juntas, estas plantas dão origem a um gin ligeiramente doce e menos seco, marcante e rústico, com aroma a mato e de espírito subtil, tal como o gato Montês (Felis Silvestris).Seguindo um modo de produção artesanal, os botânicos são desti-lados um a um e posteriormente é feito o blend, segundo uma fórmula desenvolvida por João Pedro Freire Borges Mendes, produtor, proprietário e master distiller da Destilaria Caratão, coadjuvado neste “processo alquímico” por outro mestre, o Pedro Miguel Freire.O método utilizado é o de destilação lenta em alambique de colunas por arrasto de vapor de água, água esta captada em área protegida do Parque Natural da Serra da Estrela.“O gin Montês celebra a singularidade e a riqueza das plantas silvestres que brotam das montanhas do nosso país. Esperamos cativar todos os amantes desta bebida. Àqueles que se queiram iniciar, desafiamos desde já a provar este novo néctar”, comenta o João Pedro.

Ervideira recebe 3ª distinção de Excelência pelo TripAdviso

A Ervideira acaba de receber o seu 3º Certificado de Excelência do TripAdvisor. Esta distinção baseaia-se nas avaliações realizadas no site ou aplicação do TripAdvisor por parte dos utilizadores e clientes, e só atribuída quando se verifiquem avaliações, apreciações e recomendações consistentemente positivas. Esta é a terceira vez que a marca alentejana de Reguengos de Mosaraz é premiada, e já anteriormente fora reconhecida pela Adega e pelas suas lojas Wine Shops. O diretor-geral da Ervideira, Duarte Leal da Costa considerou esta nova distinção como “um enorme orgulho por todo o trabalho que temos desenvolvido, pela dedicação e empenho com que o realizamos; e na verdade é bastante gratificante que este reconhecimento seja fruto das relações únicas e de confiança que temos criado com os nossos clientes. Para nós o carácter inovador e disruptivo são característicos da nossa estratégia, e para os nossos visitantes é importante que continuem a olhar para estas visitas como experiências únicas e diferentes.”Wine Terrace na Adega e na loja de Monsaraz até SetembroActualmente, a Quinta Conde D’Ervideira dispõe de duas Wine Shops, para além da Adega Ervideira propriamente dita, situando-se em Évora e em Monsaraz. Para além disso, abriu recentemente o conceito de Wine Terrace na Adega e na loja de Monsaraz com o objetivo de proporcionar aos visitantes uma experiência totalmente diferente de relação com o

vinho e que se prolongará até ao mês de Setembro. Em todos estes espaços, os visitantes são convidados a provar qualquer um dos vinhos do produtor. No caso da Adega existe ainda a possibilidade de marcação de visitas para conhecer todos os passos da produção destes vinhos. O visitante terá, nestes espaços, a oportunidade de provar alguns vinhos únicos, como o INVISIVEL ou VINHO DA ÁGUA, um vinho que estagia 8 meses a 30 metros de profundidade, no grande lago de Alqueva, mais precisamente na baia da Amieira Marina.

Poças Junior lança Emotions Explorer Kit

A produrora de vinho do Porto Poças Júnior lançou um novo produto turístico inovador: o Emotions Explorer Kit. Uma garrafa de vinho do Porto Tawny da Poças, dois copos e um mapa da cidade do Porto - criado pelo designer portuense Luís Mendonça, a caixa Emotions Explorer é uma proposta para viajantes na cidade do Porto que gostam de saborear os lugares em boa companhia. É facilmente transportável, contém aromas históricos e únicos no mundo e espírito de explorador. A ideia é que os visitantes ou descobridores da cidade partilhem um copo de vinho do Porto no melhor local que encontrarem. O vinho do Porto serve assim de mote para os turistas conhecerem e criarem outro laço sentimental com a cidade. É um modo de percorrer ou conhecer a cidade do Porto, uma experiência com cinco sentidos e o repositório de sentimentos e memórias que cada um desejar acrescentar.

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No fecho da ediçãoVinhos & Enoturismo todo o ano... no Alentejo 1. Um tour pelos hotéis vínicos do Alentejo próximo da raia espanhola... não será má ideia, especialmente entre finais de Setem-bro, - já após as vindimas, que no Alentejo passaram a ser feitas nas últimas semanas de Agosto, - e Maio, quando há menos calor e se pode usufruir das brisas e do sossego, intermediados de petiscos e alguns vinhos, seja em Reguengos de Monsaraz, ou junto ao Lago Alqueva, Serpa, ou um pouco mais a sul, Mértola e Pomarão com os seus ninhos de cegonhas. Damos quatro exemplos, dois dos quais já implantados em paisagens de leves co-linas cheias de água. Os outros dois, mais agrestes, com futuro prometedor em Pias, um caso a considerar pelos proprietários, e também da Herdade de Vale de Évora entre Mértola da arqueologia romana e árabe e o Pomarão, juntando as sinergias deste velho porto fluvial do Guadiana que em tempos servia as Minas de São Domingos, em Aljustrel, de onde era escoado o mi-nério em barcaças rio abaixo até Vila Real de Santo António, e daí seguir para Inglaterra.Pode ser o começo regular de um certo tipo de turismo ao longo do ano, aproveitar a fescura do Alentejo, os dias das antigas chaminés a lenha, onde pouco neva, e há um interessante convite ao repouso, entre Pias e Serpa, ou mais para norte, em Vila de Frades com o centro museológico das ruínas romanas de São Cucufate, onde a referência é a Quinta das Ratoeiras (ver edição nº9).2. O aeroporto civil no Montijo tem excelente estratégia, e só por si é um cartão de visita para toda a Grande Lisboa, porque ao aterrarem os turistas ficam com óptima impressão do estuário do Tejo. Desde 2001 ou 2002, que se aguarda para que fique operacional. Para tal basta um barracão pré-

fabricado para os passageiros, o que leva dois escassos meses a fazer. O resto, vai-se fazendo à medida que as autarquias forem tendo receitas.Interessa desem-barcar os turistas das low-cost no Montijo enviá-los

para Lisboa através de linhas de ferry-boats a partir de um terminal no próprio aeroporto, ou descobrirem o que há na península de Setúbal.

Mas os responsáveis pelo turismo alentejano em parceria com a CVRA e as marcas de vinho devem captar uma parte dos passageiros, através de programas especiais de enoturismo. Será uma forma do Montijo contribuir para um interessante mercado ao longo do ano, vencendo alguma inércia, daí que seja de todo o interesse para alguns produtores alentejanos com um core business virado para o enoturismo, ou mesmo um agro-turismo mais sofisticado e repousante, que de Outubro a Maio, a região mais confinada ao Alqueva e Guadiana pode oferecer, sem grandes multidões.

FICHA TÉCNICA - proprietário: A . Henriques do Vale; nº de contrib.:149010877; registado na ERC com o nº 125946; sede da redacção:Rua Oliveira Martins, nº2 / 3º Edo, 1000-212 Lisboa. direcção e redacção: Álvaro Vale; grafismo: Celina Botelho; site: José Pereirinha; [email protected]; www.correiodosvinhos.com; www.correiodosvinhosepetiscos.com

Álvaro Vale

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No Mercado da Ribeira, em Lisboa os melhores sabores de Portugal:· Restaurante Estrela da Mó venceu em carne e arroz· Na categoria de peixe venceu o restaurante Castas e Pratos· 1.454 restaurantes de norte a sul de Portugal concorreram à iniciativa

Os restaurantes Estrela da Mó (São Miguel de Poiares) e Castas e Pratos ( de Peso da Régua) venceram o concurso “O Melhor Sabor de Portugal 2017”, na final realizada no espaço Time Out no Mercado da Ribeira, ao Cais do Sodré, em Lisboa. O evento juntou os 15 restaurantes finalistas, apurados após selecção dos 1.454 restaurantes candidatos de todo País.Em jogo estavam os melhores pratos confeccionados de carne, arroz e peixe, que público e jornalistas votaram, a partir de provas desde as 10 da manhã às 14 horas, tendo como júri diversos Chefes de cozinha, designadamente Carlos Madeira (Chefe da Unilever Food Solutions), Paulo Pinto, Luís Gaspar, Celso Padeiro, Carlos Gonçalves e António Lourenço, Chefes da Asscociação dos Cozinheiros Profissionais de Portugal e das Equipas Nacionais de Competição Culinária.Os pratos vencedores foram o Arroz de Cabidela e o Cabrito

Assado no Forno, do restaurante Estrela da Mó, nas categorias de arroz e carne, respetivamente. Já o restaurante Castas e Pratos, vencedor da edição de 2015, voltou a brilhar, desta vez com o prato Sabores da Nossa Costa, na categoria de peixe.A iniciativa foi da Unilever Food Solutions UFS), que está em Portugal desde 1949 em parceria com o grupo Jerónimo Martins, e que a partir da votação do público (19.503 votos únicos) doou 2 toneladas de arroz a instituições de solidariedade escolhidas pelos 15 finalistas, o equivalente a 30 mil refeições.