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Golden News Cascais Tiragem: 15000 País: Portugal Period.: Quinzenal Âmbito: Regional Pág: 10 Cores: Cor Área: 18,47 x 23,44 cm² Corte: 1 de 5 ID: 34059122 03-02-2011 D D. DUARTE DIZ QUE PORTUGAL NÃO É UM PAÍS PE- RIFÉRICO, MAS SIM UM PAÍS “NO CENTRO DO MUN- DO”. Entretanto, aguarda pela “maturidade”, para que se possa fazer um Referendo à monarquia. D. Duarte de Bragança, herdeiro da coroa portuguesa, diz estar “tão bem preparado como os nossos melhores Presidentes da República desde 1910”, para assegurar os destinos de Por- tugal como rei. Em entrevista à Golden News Cascais, explica que nunca vota nas eleições presidenciais, por “uma questão de coerência”. Defende que Portugal não é um país periférico, pelo contrário, diz estar no “centro do mundo entre a Europa, África e Américas”. E acredita que no futuro caminharemos para uma “confederação dos países lusófonos”. Quanto à realização de um Referendo à monarquia, o herdeiro do trono considera que, quan- do Portugal “tiver atingido a maturidade democrática que já deveria ter”, fará todo o sentido perguntar aos portugueses o “tipo de chefia de Estado que consideram melhor para o País”. República ou monarquia. D. Duarte acredita que todos os partidos políticos portugueses poderiam conviver “bem” com um regime monárquico. E dá exemplos: em Espanha o próprio partido comunista sempre se relacionou muito bem com o Rei e essa relação já existia ainda durante o regime de Franco, onde era proibido. No que diz respeito à lei sobre a interrupção voluntária da gravidez, D. Duarte afirma que nenhum Rei “poderá aceitar uma lei que permita a pena de morte para os seres humanos mais indefesos e inocentes”. E espera que os portugueses tomem consciência destes problemas para “corrigirmos esta legislação absurda”. Como viu a última campanha para as eleições presidenciais? Foi o que se devia esperar de um País democrático? Acho que as nossas campanhas políticas estão cada vez mais parecidas com a publici- dade comercial. Explicam muito pouco e só procuram vender uma imagem simpática e, quando possível, bonita. E o que acha do resultado, com a reeleição de Cavaco Silva à primeira volta? O Presidente da República foi reeleito com uma taxa de abstenção muito acentuada. O que pode significar este desinteresse por parte dos cidadãos portugueses? Quem ganhou foram aqueles portugueses que acham a instituição “Presidência da República” uma instituição dispensável ou irrelevante, pois cerca de 60% dos eleitores não votaram ou anularam o voto. Se achassem o regime republicano muito importante, não teriam deixado de Nunca voto nas presidenciais, por uma questão de coerência. D. Duarte Pio de de 1945), Chefe da Duque de Bragança Foi o primeiro filho e de D. Maria Os seus padrinhos ção, o Papa Pio XII, de Orleães e a Licenciou-se em Instituto Superior e mais tarde o Desenvolvimento É presidente honorário do Portuguesa (IDP) e presidente

Nunca voto nas presidenciais, por uma questão de coerência. D · a Princesa A ldegundes de L iech tenstein. E ngenh aria A gronó mica no r de A gronomia, em L isboa, e p ó s-graduou-se

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Golden News Cascais Tiragem: 15000

País: Portugal

Period.: Quinzenal

Âmbito: Regional

Pág: 10

Cores: Cor

Área: 18,47 x 23,44 cm²

Corte: 1 de 5ID: 34059122 03-02-2011

DD. DUARTE DIZ QUE PORTUGAL NÃO É UM PAÍS PE-RIFÉRICO, MAS SIM UM PAÍS “NO CENTRO DO MUN-DO”. Entretanto, aguarda pela “maturidade”, para que se possa fazer um Referendo à monarquia.

D. Duarte de Bragança, herdeiro da coroa portuguesa, diz estar “tão bem preparado como os nossos melhores Presidentes da República desde 1910”, para assegurar os destinos de Por-tugal como rei. Em entrevista à Golden News Cascais, explica que nunca vota nas eleições presidenciais, por “uma questão de coerência”. Defende que Portugal não é um país periférico, pelo contrário, diz estar no “centro do mundo entre a Europa, África e Américas”. E acredita que no futuro caminharemos para uma “confederação dos países lusófonos”.Quanto à realização de um Referendo à monarquia, o herdeiro do trono considera que, quan-do Portugal “tiver atingido a maturidade democrática que já deveria ter”, fará todo o sentido perguntar aos portugueses o “tipo de chefia de Estado que consideram melhor para o País”. República ou monarquia.D. Duarte acredita que todos os partidos políticos portugueses poderiam conviver “bem” com um regime monárquico. E dá exemplos: em Espanha o próprio partido comunista sempre se relacionou muito bem com o Rei e essa relação já existia ainda durante o regime de Franco, onde era proibido. No que diz respeito à lei sobre a interrupção voluntária da gravidez, D. Duarte afirma que nenhum Rei “poderá aceitar uma lei que permita a pena de morte para os seres humanos mais indefesos e inocentes”. E espera que os portugueses tomem consciência destes problemas para “corrigirmos esta legislação absurda”.

Como viu a última campanha para as eleições presidenciais? Foi o que se devia esperar de um País democrático?Acho que as nossas campanhas políticas estão cada vez mais parecidas com a publici-dade comercial. Explicam muito pouco e só procuram vender uma imagem simpática e, quando possível, bonita.

E o que acha do resultado, com a reeleição de Cavaco Silva à primeira volta?O Presidente da República foi reeleito com uma taxa de abstenção muito acentuada. O que pode significar este desinteresse por parte dos cidadãos portugueses?Quem ganhou foram aqueles portugueses que acham a instituição “Presidência da República” uma instituição dispensável ou irrelevante, pois cerca de 60% dos eleitores não votaram ou anularam o voto. Se achassem o regime republicano muito importante, não teriam deixado de

Nunca votonas presidenciais, por uma questãode coerência.

D. Duarte Pio de de 1945), Chefe da

Duque de Bragança Foi o primeiro filho

e de D. Maria Os seus padrinhos

ção, o Papa Pio XII, de Orleães e a

Licenciou-se em Instituto Superior

e mais tarde o Desenvolvimento

É presidente honorário do Portuguesa (IDP) e presidente

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ir votar. Não quero dizer que esses sejam todos monárquicos, porque muitos nunca pensaram nessa alternativa em termos políticos actuais.

Também votou?Nunca voto nas presidenciais, por uma questão de coerência.

Se votasse, que candidato preferia?A escolha era difícil porque os três candidatos mais votados são pes-soas que me merecem muita consideração e simpatia. Claro que to-dos eles têm vantagens e inconvenientes, pela sua história de vida, pelos compromissos políticos que tiveram ou não tiveram, por aqui-lo que já realizaram ou não realizaram por Portugal e pelo nível de confiança que podem merecer.

Está na altura de se fazer um Referendo à monarquia?Quando Portugal tiver atingido a maturidade democrática que já de-veria ter, fará todo o sentido perguntar aos portugueses o tipo de che-fia de Estado que consideram melhor para o País. A restrição impos-ta pelo Artigo 188-B da Constituição da República Portuguesa que diz “É inalterável a forma republicana de governo” está a dizer que nós portugueses somos incapazes e estamos proibidos de expressar a nossa opinião sobre este assunto. Por outro lado, estamos a dizer que os países que têm reis e rainhas na chefia de Estado são regimes absolutamente inaceitáveis para um país moderno. Será que os es-candinavos, os holandeses, espanhóis, ingleses, australianos, entre outros, são menos democráticos e avançados do que nós? A proposta feita pelo movimento monárquico é que a redacção do artigo seja alterada para “é inalterável a forma democrática de governo”.Agora se a expressão “forma republicana de governo” se refere à de-mocracia, então devem aceitar que as monarquias europeias tam-bém têm governos republicanos. Se pelo contrário se refere somente à chefia de Estado, então temos magníficos exemplos de Repúblicas como a Coreia do Norte, Irão, Egipto, as ditaduras latino-americanas e os 40 anos da nossa segunda república!

Quais as vantagens da monarquia para um País periférico como Portugal?Depende da perspectiva. Portugal não é um país periférico. Ao con-trário, está no centro do mundo entre a Europa, África e américas. Como dizia Pessoa, Portugal esta na cabeça da Europa.Por outro lado, eu acredito que no futuro caminharemos para uma confederação dos países lusófonos. A Inglaterra está no centro da Commonwealth e pertence à União Europeia, portanto não são in-

e Bragança (Berna, 15 de Maioa Casa Real Portuguesa, o 24.°a e o herdeiro do trono português.o de D. Duarte Nuno de Bragançaa Francisca de Orléans e Bragança.s de baptismo foram, por representa -I, a Rainha-viúva D. Améliaa Princesa Aldegundes de Liechtenstein. Engenharia Agronómica no

r de Agronomia, em Lisboa,e pós-graduou-se no Instituto para

o da Universidade de Genebra.io do Instituto da Democraciate da Fundação D.Manuel II.

As nossas campanhas políticas estão cada vez mais parecidas com a publicidade comercial. Explicam muito pouco e só procuram vender uma imagem simpática e, quando possível, bonita.”

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entrevista

compatíveis os dois tipos de associação. Os reis das democracias actuais têm muito mais facilidade em ajudar os governos ou mes-mo controlar os desvios e desonestidades da Administração Pública do que chefes de Estado comprometidos com a vida partidária ou grupos de interesse económicos, como infelizmente acontece em muitas repúblicas.

No caso da monarquia vir a ser implantada, num futuro pró-ximo, está preparado para assumir o seu papel na História de Portugal? Como seria o seu Reinado?O Rei é de todos os portugueses, independentemente das suas opiniões políticas ou do seu grupo económico ou social. Pessoal-mente, tenho bons amigos em todos os meios e colaboro com or-ganizações que vão desde associações de emigrantes e de ciganos até associações empresariais. Julgo que estou tão bem preparado como os nossos melhores Presidentes da República desde 1910.Defenderia os valores permanentes de Portugal, tais como o am-biente, a identidade cultural do nosso povo, os direitos das pesso-as que não têm voz política e a independência nacional dentro dos compromissos internacionais que já assumimos.Mesmo nos reinos em que o Rei não tem praticamente papel po-lítico, tem uma dimensão simbólica muito importante: simboliza a unidade nacional e a continuidade da Nação. Na festa dos ses-senta anos do Rei ouvi o Primeiro-ministro sueco declarar que era republicano, mas que a Suécia era uma República e o Rei era o melhor defensor da República.

Defende uma monarquia constitucional e democrática. Acha que todos os partidos da cena política actual coabita-riam bem com a monarquia?Estou certo que os partidos portugueses não são menos democráti-cos e menos inteligentes que os partidos que governam as monar-quias europeias. Por exemplo, em Espanha o próprio partido comu-nista sempre se relacionou muito bem com o Rei e essa relação já existia ainda durante o regime de Franco, onde era proibido.

Se fosse rei, teria promulgado as leis sobre a interrupção voluntária da gravidez e do casamento entre pessoas do mesmo sexo?Dependeria do que estaria previsto na Constituição, mas o exem-plo que acho mais digno foi o do Rei da Bélgica que abdicou tem-porariamente para não ter de assinar uma lei que ia contra a sua consciência.

O actual Grão-Duque de Luxemburgo promoveu uma alteração da Constituição para não ser obrigado a assinar uma lei que lega-lizou o aborto a pedido, no género da lei portuguesa.Eu acredito que nenhum Rei poderá aceitar uma lei que permita a pena de morte para os seres humanos mais indefesos e inocentes.O que certamente as mulheres portuguesas teriam preferido seria uma lei que protegesse a maternidade dando condições para que nenhuma mulher se visse obrigada a abortar. Uma senhora minha amiga, ministra num Governo socialista in-glês, tem afirmado que a “lei do aborto a pedido” é uma forma de escravatura das mulheres porque estas são frequentemente obri-gadas a abortar coagidas pelas famílias, pelos pais irresponsáveis dessas crianças ou mesmo pelos seus patrões nas empresas, que não querem que elas faltem ao trabalho.Esta lei é uma manifestação do pior capitalismo liberal e desu-mano da nossa época e suspeito de que muitos dos seus apoiantes agiram por emoção sem raciocinar sobre as suas graves conse-quências. Uma consequência da destruição da família e das leis abortistas é a baixíssima taxa de natalidade portuguesa. Este fe-nómeno recente é um dos motivos que leva os investidores inter-nacionais a desconfiar de que não haverá portugueses suficientes para pagarmos a nossa dívida externa a longo prazo. Espero que os portugueses tomem consciência destes problemas para corrigirmos esta legislação absurda.

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Quem ganhou foram aquelesportugueses que acham a insti-tuição “Presidência da República” uma instituição dispensávelou irrelevante, pois cercade 60% dos eleitores não votaramou anularam o voto.”

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Golden News Cascais Tiragem: 15000

País: Portugal

Period.: Quinzenal

Âmbito: Regional

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Área: 9,40 x 9,51 cm²

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10D. Duarte Pio comenta actualidade nacional

Violênciana adolescência

é tema de estudo

Portugal “é o centrodo mundo”

Capucho suspende mandato

www.goldennewscascais.ptnº24 | 03 de Fevereiro de 2011 a 26 de Fevereiro de 2011 | Quinzenal | Distribuição Gratuita

Feng Shui. Em casa, no local de trabalho, na vida, na decoração, na alimentaçãoe agora também na hotelaria.

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Portugal “é o centrodo mundo”