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Ácidos Graxos de Cadeia Longa e a nutrição da criança Carboidratos complexos não absorvíveis na dieta do lactente Importância do cálcio no crescimento Destaques ESPGHAN 2009 Ano I • nº 2/2009 Destaques e Tópicos em Nutrição Pediátrica ISSN 2175-4993 Ácidos Graxos de Cadeia Longa e a nutrição da criança Carboidratos complexos não absorvíveis na dieta do lactente Importância do cálcio no crescimento Destaques ESPGHAN 2009

Nutricao e Pediatria - n° 2

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Ácidos Graxos de Cadeia Longa e a

nutrição da criança

Carboidratos complexos não

absorvíveis na dieta do lactente

Importância do cálcio no crescimento

Destaques ESPGHAN 2009

Nutrição Ano I • nº 2/2009

Destaques e Tópicos em Nutrição Pediátrica & Pediatria

ISS

N 2

175-

4993

Ácidos Graxos de Cadeia Longa e a

nutrição da criança

Carboidratos complexos não

absorvíveis na dieta do lactente

Importância do cálcio no crescimento

Destaques ESPGHAN 2009

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Editorial

Contribuir para a saúde nutricional dos lactentes e crianças é preo­cupação constante da Danone Baby Nutrition, disponibilizando no mercado uma extensa variedade de produtos seguros e nutricio­

nalmente superiores.Nesta segunda edição da revista Nutrição & Pediatria, reiteramos a

nossa preocupação em contribuir com a informação e atualização dos profissionais dessa área, trazendo artigos científicos atuais e relevantes relacionados à nutrição pediátrica.

Iniciamos este número com um artigo especial sobre os ácidos graxos de cadeia longa (LC­Pufas) e sua importância na nutrição da criança, de autoria do Dr. ary Lopes Cardoso. O especialista aborda os conhecimentos mais atualizados a respeito do papel e das recomendações dos LC­Pufas, discutidos em recente encontro dos maiores pesquisadores do assunto.

Outro destaque é a abordagem dada aos carboidratos complexos não absorvíveis na dieta do lactente, feita pelo Prof. Dr. Mauro Batista de Morais. O mesmo ressalta nesse artigo a importância da introdução de alimentos complementares fontes de fibras alimentares não somente para prevenção da constipação intestinal, como também na definição de perenes e saudáveis preferências alimentares.

No tema de atualização, a Profa. Dra. Lígia araújo Martini aborda a importância do cálcio na dieta de crianças e adolescentes. a autora revela que o cálcio tem recebido muita atenção na atualidade em questões de saúde pública pelo fato de esse micronutriente ser crucialmente importante para a saúde óssea ao longo da vida.

Confira, ainda, em Notícias, os temas de destaque da programação do 42nd ESPGHAN – European Society for Paediatric Gastroenterology, Hepatology and Nutrition, evento internacional realizado em junho de 2009 em Budapeste, Hungria, que promoveu atualização em gastroenterologia, hepatologia e nutrição pediátrica, e que contou com a participação científica da Danone através do Simpósio­Satélite “Recent Advances in Infant and Toddler Nutrition”.

Por fim, publicamos na agenda científica os principais eventos na área de nutrição infantil que acontecerão neste segundo semestre do ano.

Boa leitura!

A Revista Nutrição & Pediatria (ISSN 2175-4993) é uma publicação médica científica da Danone Baby Nutrition, produzida pela Office Editora e Publicidade Ltda. Diretor Responsável: Nelson dos Santos Jr. - Diretor de Arte: Roberto E. A. Issa - Diretora Executiva: Waléria Barnabá - Publicidade: Adriana Pimentel Cruz e Rodolfo B. Faustino - Jornalista Responsável: Cynthia de Oliveira Araujo (MTb 23.684) - Redação: Luciana Rodriguez, Flávia Lo Bello e Vivian Ortiz - Gerente de Produção Gráfica: Roberto Bar-nabá - Fotos: João Cláudio Cote. Toda correspondência deverá ser enviada - Rua General Eloy Alfaro, 239 - Chá-cara Inglesa - CEP 04139-060 - São Paulo - SP - Brasil - Tels.: (11) 5594-5455/5594-1770 - e-mail: [email protected]. Todos os artigos publicados têm seus direitos resguardados pela editora. É proibida a repro-dução total ou parcial dos artigos sem autorização dos autores e da editora. Os pontos de vista aqui expressos refletem a experiência e as opiniões dos autores. Antes de prescrever qualquer medicamento eventualmente citado nesta publicação, deve ser consultada a bula emitida pelo fabricante. Os conceitos aqui emitidos são de res-ponsabilidade do autor e não refletem necessariamente a opinião da Danone Baby Nutrition. (09109R)

Nutrição& PEDIATRIA

Especial4

Ácidos Graxos de Cadeia Longa (LC-PUFAs) e sua importância na nutrição da criança

Dr. Ary Lopes Cardoso

Destaque7

Carboidratos complexos não absorvíveis na dieta do lactente

Prof. Dr. Mauro Batista de Morais

Atualização10

Importância do cálcio no crescimentoProfa. Dra. Lígia Araújo Martini

Notícias12

ESPGHAN 200942ª Reunião Anual da Sociedade Européia de

Gastroenterologia, Hepatologia e Nutrição Pediátrica

Agenda Científica14

Eventos na área de pediatria e nutrição

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4 Revista Nutrição & Pediatria

Nutrição& PEDIATRIA

A velocidade de crescimento, acom­panhada do rápido desenvolvimento do feto e do lactente, se faz acom­

panhar do crescimento do cérebro, princi­palmente na segunda metade da gravidez. Isso persiste durante todo o primeiro ano de vida e se estende para os anos seguintes. Nesse processo, uma quantidade enorme de aquisições vai sendo adquirida pela criança, permitindo melhor desenvolvimento cognitivo, visual e motor. a condição para tudo isso acontecer é que ela receba uma nutrição de alta qualidade.

O leite materno deve ser recomendado como a melhor nutrição ao lactente, até que a introdução dos alimentos complementa­res seja feita, por volta do final do primeiro semestre de vida. O componente gordura na alimentação do re­cém­nascido, do lactente e das crianças tem papel destacado e merece considerações.

as gorduras e seus meta­bólitos formam uma parte fundamental das mem­branas celulares e são o principal estoque de energia do organismo. São responsáveis pelo paladar dos alimentos e servem de veículo para a

absorção das vitaminas lipossolúveis a, D, E e K. Cerca de 98% das gorduras na­turais são triglicérides, ou seja, três ácidos graxos combinados com uma molécula de glicerol. Os outros 2% em ácidos graxos livres, mono e diglicérides, colesterol e fosfolipídios (inclusive os cerebrosídios, lecitina, cefalina, esfingomielina).

as gorduras naturais contêm uma cadeia linear de ácidos graxos, tanto saturados (não possuem duplas ligações livres) como insaturados (com duplas ligações livres), variando em tamanho de 4 a 24 átomos de carbono. a absorção varia com o ponto de fusão, grau de insaturação e posições dos ácidos graxos na molécula do glicerol.

Os ácidos graxos saturados e monoin­saturados (com apenas uma dupla ligação)

são sintetizados pelo organismo humano, mas o mesmo não acontece com os ácidos graxos insaturados. Estes são indispensáveis para o crescimento, para

a integridade de pele e cabelos, regu­lação do metabolismo do colesterol,

diminuição da adesividade plaquetária e para a síntese de prostaglan­dinas, entre outras

funções.

Ácidos Graxos de Cadeia Longa (LC­Pufas) e sua importância

na nutrição da criançaDr. Ary Lopes Cardoso*

Especial

* Responsável pela Unidade de Nutrologia do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).

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5Revista Nutrição & Pediatria

Os principais representantes dos ácidos gra­xos insaturados são:

­ ácido alfa­linolênico (aLa) – possui 18C, 3 duplas ligações, sendo a primeira delas na posição três. Daí sua apresentação ser C18:3 n­3. É também conhecido como o “pai” da família ômega 3.

­ ácido linoleico (aL) – representado por C18:2 n­6. É o “pai” da família ômega 6. Como eles não podem ser interconvertidos e

não são sintetizados pelo organismo, são conside­rados essenciais e precisam ser ingeridos na dieta. Essas quantidades estão em torno de 1 a 2% do total de calorias ingerido numa dieta equilibrada.

Tanto o aLa como o aL são convertidos para cadeias mais longas e mais insaturadas, através da elongação e dessaturação enzimática de seus componentes. assim se originam os ácidos graxos poliinsaturados das famílias ômega 3 (vêm do aLa) e ômega 6 (vêm do aL). a representação esquemática dessa geração está na figura 1.

O aLa leva à formação do ácido eicosa­pentaenoico (C20:5 n­3) e depois do ácido docosaexaenoico (C22:6 n­3) ou DHa, enquanto o aL leva à formação do ácido araquidônico (C20:4 n­6), ou aRa.

O DHa e o aRa são os principais representan­tes dos denominados LC­Pufas, hoje conside­rados extremamente importantes para a nutrição da mãe gestante, do feto e da criança desde a mais tenra idade.

O DHa é componente importante de membra­nas celulares especialmente em cérebro e retina, enquanto o aRa é componente de membrana e precursor de moléculas com papéis e funções alta­mente especializadas no organismo humano, como as prostaglandinas, as citocinas e os leucotrienos.

Na figura 1 estão os caminhos da conversão de aLa para DHa e de aL para aRa. as enzimas que elongam e dessaturam os diversos ácidos graxos agem conjuntamente, gerando as deno­minadas famílias de ácidos graxos ômega 3 e 6, respectivamente.

O acúmulo de DHa no cérebro se inicia na vida intrauterina e a grande deposição ocorre na segun­

da metade da gestação. Esse processo continua após o nascimento e aos 4 anos de idade as quanti­dades de DHa no cérebro são de aproximadamente 4 g. O DHa também é componente importante dos lípides da retina, sendo que cerca de 50% da estru­tura dos lípides da retina são representados por ele. O acúmulo de aRa no cérebro também acontece na fase pré e pós­natal do desenvolvimento. a maior parte dos LC­Pufas que o feto possui advém da passagem placentária, uma vez que o sistema de conversão ainda é muito imaturo. Daí se pode de­preender que a dieta da mãe e os níveis plasmáticos dela são fundamentais para um melhor aporte de LC­Pufas ao feto e recém­nascido. ao nascer, o ideal é que o recém­nascido receba o leite materno. Este possui cerca de 0,35 a 0,7% (em relação ao total de gordura) de aRa e dependendo do estilo de vida e dieta, os níveis de DHa variam de 0,17% a 1% (em relação ao total de gordura).

Nas crianças que não recebem o leite materno utilizam­se preferencialmente as fórmulas de leite de vaca modificado, que atualmente começam a ser suplementadas com os LC­Pufas. acompanhando as concentrações plasmáticas e das hemácias, os diversos autores chegaram a uma oferta que é a có­pia das concentrações existentes no leite materno. Mesmo assim, muitos estudos mostraram que os níveis alcançados com essas fórmulas suplementa­das são muito maiores do que aqueles alcançados por crianças que recebem leite materno.

Os efeitos mais esperados com o uso dos

Figura 1. Geração dos LC-PUFAs a partir dos ácidos linoleico (cadeia dos ômega 6) e alfa-linolênico (cadeia dos ômega 3).

Ácidos graxos geração dos LC-PUFAs

ÁcidoLinoleico Ácidoα-Linolênico (18:2n-6) (18:3n-3)

Delta-6Dessaturase

18.3 18.4 Gama-L

Elongação

eicosanoides20:3 20:4

Delta-5Dessaturase eicosanoides20:4ARA 20:5 Eicosapentaenoico

Elongação EPA

22:4 22:5

Delta-4Dessaturase 22:5 22:6(DHA)

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6 Revista Nutrição & Pediatria

Nutrição& PEDIATRIA

LC­Pufas são aqueles relacionados com o siste­ma visual e desenvolvimento cognitivo. Os estudos observacionais mostraram associação significativa e positiva entre a ingestão de DHa e desenvolvimen­to visual. uma recente revisão da Cochrane não encontrou essa associação, porém o autor notou benefício no processamento da informação quando maiores quantidades de LC­Pufas são colocadas na fórmula. as dificuldades em se encontrar concor­dância com os diversos estudos já realizados, seja para avaliar os benefícios visuais como para avaliar

o desenvolvimento cognitivo, se devem à ampla variação de quantidades de LC­Pufas que foram utilizadas nos diferentes trabalhos – variação de 0,1% de DHa até 0,36%.

Os LC­Pufas são os precursores dos eicosanoides, derivados oxigena­dos altamente bioa tivos. O aRa é o áci­do graxo predominante em fosfolípides de membrana e pode ser oxigenado por sistemas enzimáticos importantes: ciclo­xigenases (formando prostaglandinas e tromboxano), lipoxigenases (formando leucotrienos e citocromo P450) e mono­xigenases. as atividades biológicas dos eicosanoides são inúmeras: prostaglan­dinas afetam a vasculatura, vias aéreas, rins, estômago, linfócitos, neutrófilos e receptores de dor.

Os conhecimentos mais atualizados a respeito do papel e das recomenda­

ções dos LC­Pufas foram discutidos em recente encontro dos maiores pesquisadores do assunto. Entre as principais conclusões desse encontro destacaram­se:

­ a ingestão de gordura durante o período de gra­videz e de lactação deve ser a mesma daquela recomendada para a população em geral.

­ tanto o feto como o recém­nascido precisam re­ceber LC­Pufas em quantidades suficientes para permitir o ótimo desenvolvimento visual e cognitivo.

­ mães que ingerem durante a ges­tação óleo de peixe, peixe ou até mesmo LC­Pufas in natura têm gestação mais

longa, filhos com mais peso e menor risco de parto prematuro. Seus filhos terão melhor de­senvolvimento cognitivo, melhor quociente de inteligência e melhor coordenação motora.

­ a mãe grávida e a mãe lactante precisam ter uma ingestão média diária de cerca de 200 mg de DHa, ou seja, o equivalente a 2 porções de peixe do mar por semana.

­ o recém nascido a termo precisa ser amamentado, e assim receber os Lc­Pufas existentes no leite materno. Se isso não for possível, poderia receber uma fórmula infantil adicionada com os Lc­Pufas, embora ainda existam muitas controvérsias a esse respeito. Muitos autores ainda não concordam com os benefícios dessa adição em crianças nas­cidas a termo, uma vez que o sistema enzimático de formação dos Lc­Pufas tem funcionamento pleno e é capaz de preencher as necessidades de DHa e aa dessas crianças. Se, no entanto, houver a adição dos LcPufas, as quantidades de DHa e aRa devem variar em torno de 0,2 a 0,5% do total de gordura. as quantidades de aRa não devem exceder aquelas de DHa, o mesmo devendo ocorrer com as de EPa.

Referências

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10. Simmer K. Long chain polyunsaturated fatty acid supplementation in infants form at term. The Cochrane Library 2004;3:1.

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12. uauy R, Mena P, Wegher B, Nieto S, Salem N Jr. Long chain polyun­saturated fatty acid formation in neonates: effect of gestational age and intrauterine growth. Pediatr Res 2000;47:127.

Os efeitos mais

esperados com o uso

dos LC­Pufas são

aqueles relacionados

com o sistema visual

e desenvolvimento

cognitivo. Os estudos

observacionais

mostraram associação

significativa e positiva

entre a ingestão de

DHa e desenvolvimento

visual

6 Revista Nutrição & Pediatria

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7Revista Nutrição & Pediatria

Na década de 1970, Denis Burkitt pro­pagou o conceito de que a presença de grande quantidade de fibra ali­

mentar na dieta constitui um importante fator para a prevenção de doenças no intestino.

No entanto, apenas na década de 1990 surgiram as primeiras recomendações sobre o consumo de fibra alimentar em Pediatria, destacando­se a da fundação americana de Saúde, para crianças com mais de dois anos de idade (mínimo: idade em anos + 5; máximo: idade + 10).(1) Em 2002, como parte da Dietary Reference Intake (DRIs), recomendou­se que a ingestão adequada (adequate intake) para crianças entre 12 e 36 meses deveria ser de 17 gramas por dia de fibra total (fibra alimentar solúvel + insolúvel + fibra funcional).(2) Considerando que até o presente momento não existe tabela indicando o teor de fibra total (solú­vel, insolúvel e funcional) nos alimentos, do ponto de vista prático, não é possível utilizar as recomendações do Institute of Medicine (DRIs). assim, nos estudos epidemiológicos e de intervenção, uma alternativa é conside­rar a recomendação da fundação de Saúde americana (idade + 5).(3,4)

Carboidratos complexos não absorvíveis na dieta do lactente

Prof. Dr. Mauro Batista de Morais*

Destaque

Vale ressaltar que as duas recomenda­ções mencionadas não incluem lactentes no primeiro ano de vida. Neste contexto, a Sociedade Europeia de Gastroenterologia, Hepatologia e Nutrição em Pediatria, em um artigo(5) de posicionamento sobre o consumo de carboidratos não digeríveis por lactentes, reafirma a dificuldade para definir este grupo heterogêneo de nutrientes do qual fazem parte as fibras alimentares e outros carboi­dratos, complexos ou não, que não são absorvidos no intestino delgado. Sugere a classificação que consta do quadro 1. É im­portante ressaltar que foram incluídos neste quadro carboidratos que normalmente são facilmente hidrolisados e absorvidos, como os polímeros de glicose e maltodextrinas, utilizados inclusive em fórmulas para lacten­tes com distúrbios da absorção intestinal.

Estão listados, também, os oligossacarí­deos, inclusive aqueles constituídos por união de moléculas dos monossacarídeos frutose e galactose.(5) Neste grupo, estão incluídos, ainda, os oligossacarídeos do leite materno. O carboidrato em maior quantidade no leite materno (cerca de 80%) é o dissacarídeo lactose. Os outros 20% são oligossacarí­

* Professor Associado, Livre-Docente da Disciplina de Gastroenterologia Pediátrica e Chefe do Departamento de Pediatria da Universidade Federal de São Paulo - Escola Paulista de Medicina (UNIFESP-EPM). Pós-Doutorado no Baylor College of Medicine, Children’s Nutrition Research Center, Houston, Texas. Gastroenterologista Pediátrico da Clínica de Especialidades Pediátricas do Hospital Israelita Albert Einstein.

7Revista Nutrição & Pediatria

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8 Revista Nutrição & Pediatria

Nutrição& PEDIATRIA

deos constituídos pela combinação de cinco componentes: glicose, galactose, ácido siálico, fucose e N­acetilglucosamida.(6) Possuem entre três e dez monossacarídeos em sua estrutura. Lactose é encontrada com frequência em uma das extremidades. Os que contêm N­acetilglu­cosamida em sua estrutura são denominados fator bifidogênico.(6) Os oligossacarídeos do leite materno não são hidrolisados e absorvidos no intestino delgado. Evidentemente, o fator bifi­dogênico estimula o crescimento de bactérias do gênero Bifidobacterium que predominam nas fezes de lactentes em aleitamento natural exclusivo. assim, os oligossacarídeos do leite materno podem ser considerados como o primeiro prebiótico na alimentação do ser hu­mano(7) e apresentam algumas características em comum com as fibras alimentares, em especial as solúveis (sem absorção no intestino

Quadro 1. Carboidratos não digeríveis, modificado doposicionamento da Sociedade Europeia de Gastroenterologia,

Hepatologia e Nutrição em Pediatria (2003)(10)

Fibraalimentar

Produtosnãopertencentesàcategoriadecarboidratos

FitatosLigninaSaponinasTaninos

Polissacarídeosdiferentesdoamido

FibrainsolúvelCeluloseHemiceluloseB

FibrasolúvelPectinasGomasMucilagem

Amidoresistente

GrãosparcialmentetrituradosAmidocrudabananaebatataAmiloseretrogradada

OligossacarídeosepolissacarídeosFrutooligossacarídeosGalactooligossacarídeosInulina

MonossacarídeosedissacarídeosLactoseFrutoseLactulose

CarboidratossintéticosemodificadosPolímerosdeglicoseMaltodextrinasAmidosmodificados

Nota do autor: no quadro, a ESPGHAN incluiu carboidratos absorvíveis como a lactose, frutose, polímeros de glicose e maltodextrinas.

delgado e fermentação no cólon).(6) assim, hipote­ticamente, para um consumo de 800 mL de leite materno por dia, considerando a concentração de 0,8 g/100 mL de oligossacarídeos, ocorre a ingestão de aproximadamente 6,4 gramas de carboidratos não absorvidos no intestino delgado (oligossacarídeos).

Neste contexto, foi desenvolvida uma mis­tura de prebióticos com galactooligosacarídeos (GOS) e frutooligossacarídeos (fOS) para ser adicionada em fórmulas para lactentes. Estudo de uma coorte de lactentes italianos confirmou efeito bifidogênico, maior frequência de elimina­ção de fezes com menor consistência, menor incidência cumulativa de dermatite atópica e infecções nos dois primeiros anos de vida. (8,9) Proporciona­se, assim, a possibilidade de que lactentes que não são mais amamentados possam consumir carboidratos não absorvíveis ainda no primeiro semestre de vida.

Outro aspecto importante na alimentação do lactente é a introdução da alimentação comple­mentar não­láctea. Este processo inicia­se a partir do sexto mês de vida. Quanto à presença de fibra alimentar nos alimentos complementares, é impor­tante ressaltar que as recomendações existentes não contemplam esta faixa etária. Por similaridade com a recomendação idade em anos + 5, poder­se­ia especular que o consumo no primeiro ano de vida deveria situar­se entre 5 e 10 gramas.(10) O consumo no primeiro semestre é adequado considerando a concentração de 0,8 gramas por litro de oligossacarídeos não absorvíveis no leite materno.

Na alimentação complementar, a inclusão de alimentos ricos em fibra alimentar é de grande relevância para a definição dos hábitos e pre­ferências alimentares perenes. Considere­se, ainda, que a época do desmame é um período de risco para o surgimento de constipação.(3) apesar do potencial que as fibras alimentares apresentam na prevenção da constipação intes­tinal, não existem muitas pesquisas a respeito do consumo de fibra alimentar por lactentes. Es­tudo realizado com lactentes avaliou o consumo

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9Revista Nutrição & Pediatria

de alimentos com o emprego do método do dia alimentar habitual,(11) constatando consumo de aproximadamente nove gramas de fibra alimentar por dia (cerca de sete gramas de fibra para cada 1.000 calorias da dieta) na faixa etária entre seis e 24 meses, ou seja, dentro da expectativa. Vale mencionar que a distribuição do peso e estatura destes lactentes era similar aos valores da po­pulação de referência (NCHS ­ National Center for Health Statistics).

a preocupação de que o consumo excessivo de fibra alimentar por lactentes possa compro­meter o pleno crescimento por levar à saciedade precoce e por possuir potencial para reduzir a absorção de minerais é uma das razões que, ao que tudo indica, excluíram os lactentes das recomendações para consumo de fibra alimentar. Estes aspectos constituem, também, preocupa­ção para expressiva parcela dos profissionais que atuam na área da saúde e nutrição. Considerando as dificuldades para realizar estudos que avaliem esta questão em humanos, em nossa instituição foi desenvolvido um modelo experimental com ratos em fase de crescimento para avaliar o efeito dos diferentes tipos de fibra na absorção intestinal de ferro e no crescimento. Não se constatou com­prometimento da absorção de ferro pela celulose, farelo de trigo e pectina.(12) Por outro lado, a goma guar parcialmente hidrolisada associou­se com aumento da absorção de ferro.(13) O crescimento foi semelhante ao do grupo controle, exceto no experimento com alta taxa de pectina,(12) que provocou certa redução no ganho de peso. Resultados preliminares neste modelo mostram que prebióticos aumentam a absorção intestinal de ferro, a exemplo do observado em humanos com o cálcio.(14)

assim, pode­se concluir que carboidratos não absorvíveis devem fazer parte da alimenta­ção desde o período neonatal, considerando a presença de oligossacarídeos não absorvíveis no leite materno. Devem ser realizados estudos epidemiológicos para confirmar a segurança do consumo de carboidratos não absorvíveis por lactentes, confirmando a falta de efeito negativo

sobre o crescimento e absorção de minerais, observada em estudos experimentais, conside­rando a importância da introdução de alimentos complementares fontes de fibras alimentares, não somente para prevenção da constipação intestinal, como também na definição de perenes e saudáveis preferências alimentares.

Referências

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Carboidratos

não absorvíveis

devem fazer parte

da alimentação

desde o período

neonatal,

considerando

a presença de

oligossacarídeos

não absorvíveis no

leite materno

9Revista Nutrição & Pediatria

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10 Revista Nutrição & Pediatria

Nutrição& PEDIATRIA

Atualmente o cálcio tem recebido des­taque principal em questões de saúde pública. Inúmeras publicações científi­

cas mundiais apontam que o nutriente com maior inadequação dietética é o cálcio. É o mineral mais comum no organismo humano e essencial para a mineralização de ossos e dentes, é co­fator da cascata de coagulação sanguínea, atua na transmissão nervosa, contração muscular e também na liberação de hormônios como insulina.(1)

Muita atenção é dada à ingestão de cálcio durante a adolescência, devido o pico de massa óssea e a relação deste período com prevenção da osteoporose. Porém, a infância é igualmente um período de importante desen­volvimento ósseo, e sendo o cálcio o principal constituinte do osso, a oferta do nutriente garante crescimento ósseo adequado. além disso, a infância é período de aquisição de hábitos alimentares importantes para a vida.

Pico de massa óssea

a infância e a adolescên­cia são caracterizadas pelo crescimento ósseo longi­tudinal e por mudanças no tamanho e forma­to do esqueleto. O aumento de massa óssea durante esse período tem sido

Importância do cálcio no crescimento

Profa. Dra. Lígia Araújo Martini*

* Professora Associada do Departamento de Nutrição da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP). Vice-Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Nutrição e Saúde Pública da USP.

Atualização

descrito como futuro determinante do risco de fraturas.

O esqueleto aumenta de 70 a 95 g do nascimento até 2.400 a 3.300 g em mulheres e homens jovens, respectivamente.(2) Estudos longitudinais de medidas do conteúdo mineral ósseo mostram que durante a adolescência o ganho de massa óssea é bastante rápido, e que 25% do pico de massa óssea é adqui­rido em 2 anos durante o pico de velocidade de crescimento. Neste período, meninos e meninas adquirem 90% de sua altura adulta, mas apenas 57% do conteúdo mineral ósseo adulto. ao final da adolescência, aproximada­mente aos 18 anos, 90% do pico de massa óssea é atingido.(3)

Diversos fatores atuam no desenvolvi­mento ósseo durante este período, alguns fatores não modificáveis, como genética, etnia, gênero, e fatores modificáveis, como atividade física e dieta.

fatores genéticos influenciam a massa óssea em 60 a 80%.

Recomendações nutricionais

O requerimento de cálcio varia conforme a idade, estado fisiológi­co e taxas de absor­ção, sendo que em períodos de rápido crescimento, como

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11Revista Nutrição & Pediatria

Tabela 1. Quantidade de cálcio em alguns alimentos – quantidade por porção normalmente consumida

Alimento Porção Peso (g) Cálcio (mg)

Leiteenriquecidocomcálcio* 1copo 240 384

QueijoFresco 2pedaços 56g 324

LeiteDesnatado 1copo 240 322

LeiteIntegral 1copo 240 295

QueijoPetitSuisse* 1potinho 90 240

EspinafreCozido 1xícara 190 213

QueijoMussarela* 1pedaço 30 140

IogurtecomFrutas 1potinho 130 130

Requeijãocremoso 1colherdesopa 30 78

Laranja-Lima 1unidade 180 56

Pãodequeijo 2unidadesmédias 40 41

Bebidaàbasedesoja 1copo 240 40

Achocolatadoempó2colheresdesobremesa

25 11

Biscoitorecheado 2biscoitos 30 8adaptado: Tabela Brasileira de Composição de alimentos – TaCO Versão 2, 2ª edição, 2006. *informação do fabricante.

final da infância e adolescência, a necessidade de cálcio é superior. Nas crianças de 2 a 8 anos, a absorção de cálcio é aproximadamente 100 mg/dia. Como nesse período a ingestão tem pouca influência sobre o grau de excreção urinária, as crianças precisam de duas a quatro vezes mais cálcio por kg de peso do que os adultos.(4)

Fontes

as principais fontes alimentares de cálcio são o leite e seus derivados, os alimentos enriquecidos e alguns vegetais verde­escuros. Contudo, deve­se considerar que fatores como a presença de fibras, fitato, oxalato nos vegetais podem diminuir a absorção intestinal do cálcio. a tabela 1 mostra a quantidade de cálcio em al­guns alimentos preferenciais de crianças e adolescentes.

O gráfico 1 mostra a ingestão média de cálcio em alguns países, de acordo com a faixa etária. Os dados foram retirados de estudos de base populacional, NHANES 1999 a 2000 dos Estados unidos.

Observa­se que a ingestão média é inferior à reco­mendada, especialmente no Brasil. adolescentes que não ingerem leite e derivados atingem apenas 40% das recomendações para a faixa etária.(7)

Esta diferença pode ser atribuída a alguns fatores típicos da adolescência, como a busca pela indepen­dência e aceitação social, com escolha dos alimentos que mais agradam ao próprio paladar, ao hábito de não realizar o café da manhã, e a substituição de refeições por lanches e snacks.

Conclusões

Sendo o cálcio o principal mineral do tecido ósseo, a importância deste nutriente para o crescimento adequa­do é imperativa. apesar dos efeitos negativos da deficiên­cia deste durante a fase de crescimento em humanos não ser totalmente elucidada, o efeito negativo a longo prazo tem sido a cada dia mais observado. a prevalência crescente de osteoporose e de fraturas chama a atenção para a adoção de medidas preventivas, como a ingestão adequada de cálcio durante a infância e a adolescência.

Inúmeros estudos em diversas localidades mostram ingestão insuficiente de cálcio durante fases de cres­cimento e estudos de suplementação mostram efeitos benéficos no tecido ósseo.

Em conjunto, estas evidências apontam para a ne­cessidade de intervenção nutricional visando à melhora na ingestão de cálcio, tanto em nível individual como populacional.

Medidas simples como a incorporação de alimentos ricos em cálcio em todas as refeições realizadas por

crianças e adolescentes podem contribuir para a pre­venção de uma das principais doenças crônicas rela­cionadas ao envelhecimento, que é a osteoporose. Esta medida é um dos desafios dos profissionais da saúde e nutrição, da indústria alimentícia e do governo.

Gráfico 1. Ingestão média de cálcio em adolescentes de 12 a 18 anos, ambos os sexos.

Adaptado das referências 31 e 33.

IngeridoRecomendadosPa

íses

Brasil

Austrália

Dinamarca

EstadosUnidos

0 500 1000 1500ml/dia

Referências1. Heaney RP. Bone as the calcium nutrient reserve. In: Weaver CM & Heaney

RP. Calcium in the Human Health. 1 ed. Totowa, New Jersey: Humana Press, 2006.p 7­12.

2. Trotter M, Hixon BB. Anat Rec 1974;179:1­18.3. Bailey Da, McKay Ha, Mirwald RL, Croker PR, fulkner Ra. J Bone Miner

Res 1999;14:1672­1679.4. Matkovic V, Kostial K, Simonovic I et al. Am J Clin Nutr 1979;92:953­963.5. Weaver CM, Proulx WR, Heaney R. Am J Clin Nutr 1999;70(3):543S­

548S.6. fisberg RM. a qualidade da dieta e seus fatores associados em adultos

residentes no Estado de São Paulo. São Paulo; [Tese de Livre­Docência – fSP­ uSP]. 2005.

7. Weaver CM. J Am Diet Assoc 2006;106(11):1756­1758.

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12 Revista Nutrição & Pediatria

Nutrição& PEDIATRIA

Entre os dias 3 e 6 de ju­nho aconteceu em Buda­peste, na Hungria, o 42nd

ESPGHAN Annual Meeting - Eu-ropean Society for Paediatric Gas-troenterology, Hepatology and Nu-trition. Pela segunda vez a capital húngara foi palco do mais presti­giado evento de gastroenterologia, hepatologia e nutrição pediátrica da Europa. O ESPGHAN 2009 trouxe os resultados dos mais recentes estudos na área, através de uma ampla programação científica, contando com a participação de renomados especialistas europeus e também de outros continentes. Os tópicos científicos de destaque da programação foram os seguintes: Imunologia Mucosal, Doenças Intestinais Imunopatológicas, Intervenção Endos­cópica, Dieta de Prevenção do Diabetes Mellitus do Tipo I, Doenças Colestáticas do fígado, alergia alimentar e Desordens Hepáticas Causadas por Erro do Metabolismo.

Na opinião da professora livre­docente de Pediatria da universidade de São Paulo e chefe da unidade de Hepatologia Pediátrica do Instituto da Criança do HC/fMuSP, Profa. Dra. Gilda Porta, que esteve presente no evento, os destaques

deste ano foram as sessões que abordaram o tema alergia alimen­tar. “Na área de nutrição infantil, assisti a muitas apresentações in­teressantes sobre alergias alimen­tares na infância. algumas sessões discutiram as novas fórmulas que estão sendo utilizadas e as abordagens atuais de tratamento; portanto, considero que houve

um upgrade im­portante sobre o tema”, ressaltou Dra. Gilda. Ou­tra participante brasileira do con­gresso foi a mé­dica assistente da unidade de Gastroenterolo­gia­Nutrição­He­patologia do Ins­tituto da Criança

do HC/fMuSP, Dra. Maraci Rodrigues, que afirmou: “Do ponto de vista científico foi muito produtivo participar do ESPGHAN 2009, além de permitir acesso aos principais gastroenterologistas pediátricos europeus”.

ESPGHaN 2009 42ª Reunião anual da Sociedade Européia de Gastroenterologia,

Hepatologia e Nutrição Pediátrica

Notícias

ESPGHAN

42nd

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13Revista Nutrição & Pediatria

Simpósio-Satélite

a Danone Baby Nutrition marcou sua presença no ESPGHAN 2009 com estande na área de exposição e no temário científico, através de um Simpósio­Satélite sobre o tema: “Recent Advances in Infant and Toddler Nutrition”, coordenado pelo presidente do congresso, Prof. Dr. andras arató – Professor and Vice-Chairman of Paediatrics at the First Department of Paediatrics, Demmelweis University in Budapest, Hungary.

O Simpósio teve início com a apre­sentação da Profa. Dra. Gillian Harris – Senior Lecturer in Applied Develop-mental Psychology, School of Psycho-logy, University of Bir ming ham, UK, and Consultant Paediatric Clinical Psycholo-gist at The Children’s Hospital, Birmin-gham –, que abordou o tema “Impacto da experiência alimentar precoce sobre o comportamento alimentar tardio”.

“a Dra. Gillian relembrou que quando as crianças crescem é muito mais difícil mudar suas referências alimentares”, diz a Dra. Maraci, explicando que muitas das preferências apresentadas na infância tardia são reflexos da experiência na infância precoce. “É mais fácil preparar uma criança para uma alimentação normal no primeiro ano de vida do que mudar sua preferência posteriormente. E os alimentos ingeridos pela mãe durante a gravidez ou durante a amamentação podem afetar a preferência das crianças”, esclarece a pediatra.

Na sequência, a palestrante Profa. Dra. Virginia Stallings, Professor of Paediatrics at the University of Pennsylvania Scholl of Medicine, Director of the Nutrition Center at The Children’s Hospital of Philadelphia, USA, and holds the Jean A. Cortner Endowed Chair in gas-troenterology and nutrition, falou sobre o tópico “fatores de risco para obesidade da criança”. “Na palestra da Dra. Virginia, ela referiu que as crianças portadoras de obesidade são de risco para alterações psicossociais e de saúde, tais como dislipidemia, hipertensão arterial e diabetes tipo 2, além do risco de obesidade na fase adulta, assim como problemas cardiovasculares e de câncer; portanto, é fundamental detectarmos precoce­mente a obesidade infantil com programas de prevenção individual e de saúde pública”, alerta Dra. Maraci.

Por fim, o último especialista a se apresentar no

Simpósio foi o Prof. Dr. Pieter Sauer, Professor of Pediatrics at the University of Groningen, The Netherlands, and chairman of the Department of Pedia-trics/Beatrix Children’s Hospital, University Medical Center Gro-ningen, que discutiu o tema:

“abordagem nutricional para reduzir doenças comuns na infância: Últimos resultados do estudo multicêntrico sobre a adição de prebióticos na nutrição infantil versus a ocorrência de infecções e dermatite atópica”. Nesse estudo multicêntrico coordenado pelo Dr. Sauer foram incluídas crianças saudáveis sem história familiar de alergia ou atopia. um grupo recebeu uma fórmula comercial, outro grupo a mesma fórmula adicionada de prebióticos e, ainda, um terceiro grupo de crianças alimentadas com leite materno.

foram avaliados a incidência de febre acima de 38,5ºC, sinais de infecção e de dermatite atópica. O Dr. Sauer e colaboradores concluíram que os episódios de febre em crianças a termo saudáveis foram baixos no primeiro ano de vida; que a adição de prebióticos na alimentação dessas crianças resultou em discreta dimi­nuição da incidência de febre nos primeiros seis meses de vida; e que a adição de prebióticos na alimentação no grupo de crianças saudáveis resultou em baixa incidência de sintomas de dermatite atópica no primeiro ano de vida.

Segundo a Dra. Gilda, todos os palestrantes trou­xeram dados atuais e significativos para os profissionais de saúde que trabalham na área de nutrição infantil: “aprendi bastante nesse Simpósio com relação a com­posições de fórmulas e à importância dos prebióticos para a saúde dos lactentes”.

Estande da Danone Baby Nutrition durante o ESPGHAN 2009.

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14 Revista Nutrição & Pediatria

Nutrição& PEDIATRIA

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10 a 12 de outubro/2009São Paulo ­ SP

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Agenda Científica

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