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Nutrição em CirurgiaPedro Eder Portari Filho
Hospital Universitário Gaffrée e Guinle UNIRIO
I Curso Preparatório paraProva de Título de EspecialistaEm Cirurgia Geral do CBC
Estado Nutricional – Fator Prognóstico
Todo o paciente cirúrgico é desnutrido?
Como a desnutrição afeta o paciente cirúrgico?
A desnutrição altera os resultados pós-operatórios?
Todo o paciente merece terapia nutricional?
Como fazer? Quando fazer?
Estado Nutricional – Fator Prognóstico
Desnutrição Intra-Hospitalar
. Bristian (EUA), 1974 Cir. Geral 50 %
. Hill (Inglaterra), 1977 Cir. Geral 40 %
. Symreng (Suécia), 1978 Cir. Vascular 37 %
. Tanphaichitr (Tailândia),1980 Clínica/Cir. 80 %
. Willard (EUA), 1980 Clínica 30 %
. Meguid (EUA), 1985 Câncer 44 %
. V. Hoof (Holanda), 1986 Câncer 70 %
. Waitzberg (Brasil), 1981 Cir. Abdom. 28 %
. Correa (Brasil), 2001 Geral 34 %
. Portari (Brasil), 2003 Cir. Geral 44 %
Todo paciente cirúrgico é desnutrido?
. 30% a 50% - pacientes cirúrgicos – Mullen, Buzby, Torosian, 1979/81
. 40% a 80% - pacientes oncológicos – Ollenschlager, 1991
. 30% a 50% - pacientes cirúrgicos ( Câncer Trato GI) – Heys, 1999
. Desnutrição grave– em torno de 10%- Esôfago; Estômago; Cabeça e Pescoço; - Doença Inflamatória Intestinal - Sepse, trauma – desnutrição aguda
Estado Nutricional – Fator Prognóstico
Todo paciente cirúrgico é desnutrido? . 30% a 50% - pacientes cirúrgicos – Mullen, Buzby, Torosian, 1979/81. 40% a 80% - pacientes oncológicos – Ollenschlager, 1991. 30% a 50% - pacientes cirúrgicos ( Câncer Trato GI) – Heys, 1999
Paciente desnutrido Paciente nutridoInternaçãoPouca AtençãoNutricional
Desnutrição intra-hospitalar
Morbidade
Fettes, 2002; Waitzberg, Caiaffa, Correa, 2001*
Estado Nutricional – Fator Prognóstico
34%*
Efeitos da Desnutrição no Funcionamento do Organismo
Alterações Morfológicas Alterações Funcionais Imunocompetência
Resposta à agressões : doenças, cirurgias, terapêuticas
Estado Nutricional – Fator Prognóstico
Alterações Morfológicas e Funcionais
Sistema Músculo-Esquelético:Menor Força Contrátil
Menor ResistênciaTempo de Relaxamento Aumentado
Pulmão Redução da tensão na parede alveolar
Diminuição da massa muscular diafragmáticaHipoxia/Atelectasia/Pneumonia
Sistema DigestórioAtrofia das Mucosas Gástrica e Intestinal Diminuição das MicrovilosidadesDiminuição da massa celular do GALTTranslocação Intestinal de MicroorganismosDiminuição na Síntese de Albumina
Alterações Morfológicas e Funcionais
. Trato GastrointestinalPerda Gordura e Adelgaçamento da Parede Intestinal
Atrofia das Mucosas Gástrica e Intestinal Diminuição das MicrovilosidadesDiminuição da massa celular do GALT
Síndrome de Mal-Absorção Hipocloridria - Diminuição das Enzimas Intestinais
Proliferação de Microorganismos Translocação Intestinal de Microorganismos
Estado Nutricional – Fator Prognóstico
Alterações Morfológicas e Funcionais
. Fígado: Edema e Atrofia dos HepatócitosDegeneração Mitocondrial e dos Microsomas
Diminuição dos Núcleos Celulares Esteatose Hepática
Desregulação dos Níveis Enzimáticos
Alteração no Metabolismo Diminuição no Clearance de DrogasDiminuição na Síntese de Albumina
Estado Nutricional – Fator Prognóstico
População160 Pacientes da clínica cirúrgica B do Hospital
Universitário Gaffrée e GuinleColeta de dados• Consulta realizada-24h após internação• Aplicação do protocolo Detsky et al;1987• Avaliação Antropométrica -DCT, peso atual,peso
usual,CB, CMB• Complicações pós-operatórias
Avaliação Subjetiva Global
Estado Nutricional – Fator Prognóstico
Média e desvio padrão das variáveis antropométricas
avaliadasParâmetros
antropométricosCom risco nutricional
Sem risco nutricional
Peso Usual 67,60 ± 15,38 72,23 ± 15,79 N.S
Peso Atual 56,08 ± 12,75 68,48 ± 12,98 p<0,001
IMC 20,15 ± 4,34 26,10 ± 4,46 p<0,001
CB 24,79 ± 4,57 29,86 ± 4,43 p<0,001
CMB 21,05 ± 3,94 22,40 ± 4,26 p<0,05
PCT 12,19 ± 6,41 23,10 ± 9,25 p<0,001
Estado Nutricional – Fator Prognóstico
Associação entre ASG e a ocorrência ou não de complicações
Com complicações
Sem Complicações
Total
Risco Nutricional
31* 35 66
Eutróficos 10* 84 94
Total 41 119 160
*P<0,001
Estado Nutricional – Fator Prognóstico
Associação entre a ASG e o diagnóstico de câncer
Câncer Sem Câncer Total
Risco Nutricional
20 46 66
Eutróficos 31 63 94
Total 51 109 160
N.S.
Estado Nutricional – Fator Prognóstico
Associação entre a ocorrência de complicações e o diagnóstico de
câncerCom
Complicações
Sem complicações
Total
Câncer 19* 32 51
Sem Câncer 22* 87 109
Total 41 119 160
*P<0,05
Estado Nutricional – Fator Prognóstico
• Número Total de complicações-41• Número total de óbitos- 22(53.6%)• Número total de óbitos de pacientes com
câncer- 13 (31.7%) – cirurgias de grande porte
• Complicações dos pacientes com Câncer2 abscesso peritoneal, 1 íleo metabólico, 1 pneumonia, 1
descência de parede, 1 descência de anastomose• Complicações dos pacientes sem câncer2 Fístulas, 1Insuf Resp, 1 infec parede, 2 íleo metabólicos,
6 pneumonias, 1 hipocalcemia
ASG x Cirurgia x Complicações
Estado Nutricional – Fator Prognóstico
Terapia Nutricional em Cirurgia
Todo paciente cirúrgico merece T.N.?
Paciente com desnutrição graveX
Paciente com desnutrição leve e moderada
Dificuldade de classificação – Índices de desnutriçãoBenefício real nos casos mais gravesPacientes com longo tempo de jejum no pós-operatórioComplicações do procedimento cirúrgico
Braga, 2001; Torosian, 1999; VA Group, 1981;Dudrick, 1999
Como Classificar? . Índice Prognóstico Nutricional - Buzby et cols.% = 158 - 16,6 (Alb) - 0,78 (PCT) - 0,2 (TFN) - 5,8 (THR). Perda de peso > 10% - 60 dias; albumina < 3,0 g/dl
Terapia Nutricional em Cirurgia
Torosian, 1999; VA Group, 1981; Dudrick, 1999, Braga, 2001
Terapia Nutricional em Cirurgia
Quando? Pré ou Pós-operatório?
Pré-OperatórioVA Group
. Pacientes desnutridos submetidos a cirurgias tóraco-abdominais (390) – 65% c/ câncer.. 7 – 15 dias – NPT. Grupo controle sem TN.. Maior índice de complicações no grupo c/NPT.. Pacientes gravemente desnutridos tiveram redução das complicações.
VA Group NPT study, New England J Med 325:525-532,1981
Terapia Nutricional em Cirurgia
Quando? Pré ou Pós-operatório?
Pós-Operatório
. Pacientes c/ desnutrição grave
. Pacientes c/ expectativa de longo tempo de jejum- Cirurgias Complexas- Tumores do trato GI alto; Cabeça e pescoço- Doença Intestinal Inflamatória- Desnutrição moderada
. Confrontando-se TN com reposição de fluidos e dieta hospitalar não somos capazes de mostrar as vantagens da TN Torosian – World J Surg 23:565-569, 1999. Carr – Brit Med Journal 312:896-871, 1996
Terapia Nutricional em Cirurgia
Quando? Pré ou Pós-operatório?
Pós-Operatório
. Complicações cirúrgicas - Reoperações, Fistulas, deiscência de anastomoses- Íleo, abscessos, sepse- Trauma
TN precoce para evitar a deterioração metabólica Suporte essencial para cicatrização e resposta imunológica
Moore, 1992; Dudrick, 1999
Terapia Nutricional em Cirurgia
Qual a melhor via? Enteral ou Parenteral?
ParenteralPré-Operatório – Desnutrição grave. Obstruções do Trato GI
- tumores de esôfago e megaesôfago- estenose pilórica benigna e maligna
. Doença Intestinal Inflamatória
. Preparo rápido
. Complicações mecânicas, infecciosas
. Complicações quanto a formulação – Cálculo das necessidades. Excesso ptn-calórico - Overfeeding. Deficiência imunológica – Hiperglicemia, dislipidemia. Desidratação; alterações eletrolíticas
Terapia Nutricional em CirurgiaQual a melhor via? Enteral ou Parenteral?ParenteralPós-Operatório. Casos de exceção. Desnutrição grave, que receberam ou não NPT no pré-op.
- Associação c/ nut. enteral. Íleo c/ distensão abdominal importante. Complicações cirúrgicas
- Fístulas altas do TGI; Pancreatite aguda
. Manejo metabólico mais difícil – Equilíbrio hidroeletrolítico. Complicações mecânicas, infecciosas. Complicações quanto a formulação – Cálculo das necessidades
Sandstrom, Ann Surg 217:185, 1993.Waitzberg, World J Surg 23: 560-564, 1999
Terapia Nutricional em Cirurgia
Qual a melhor via? Enteral ou Parenteral?
EnteralPré-Operatório
. Pouco estudado - Desnutrição grave – Obstrução do TGI
. Mais fisiológico – Mantém a barreira mucosa intestinal ??
. Mais barato
. Preparo mais lento – Necessidades ptn-cal nem sempre atingidas- Posicionamento do cateter
. Clinicamente eficaz ?
Von Meyenfeldt, 1992; Shukla, 1984
Terapia Nutricional em Cirurgia
Qual a melhor via? Enteral ou Parenteral?EnteralPos-Operatorio
. Padrão ouro da TN – acesso durante o ato cirúrgico
. Fisiológica – Respeitando os limites de tolerabilidade- Watters, Ann Surg 226: 369-380, 1997
Infusão de 2500 cal/dia – Piora de parâmetros respiratórios
. Reduz complicações infecciosas ??
. Resultados clínicos ainda conflitantes – Desnutrição grave mais indicado
. Mais barata
. Utilização de imunomoduladores ??
Braga, Critical Care Med 29(2), 2001
Terapia Nutricional em Cirurgia
Qual a melhor via? Enteral ou Parenteral?
Early postoperative enteral nutrition improves gut oxygenation and reduces costs compared with total parenteral nutrition
Marcos Braga, Critical Care Med 29(2), 2001
. Trabalho prospectivo e randomizado comparando NPT eNut. Enteral – Ca esôfago, estômago e pâncreas – 257 pac.
. Diferença importante no subgrupo gravemente desnutrido
Terapia Nutricional em Cirurgia
Parâmetros NPT (48) Enteral (43)
ComplicaçõesInfecciosas
12 (25%) 6 (13%)*
ComplicaçõesGerais
13 (27%) 10 (23%)
Internação CTI 3 (6%) 3 (6%)
Morte 2 (4%) 1 (2%)
Escore sepse 11,3 9,2
Hospitalização* 22,6 dias 19,8 dias* Marcos Braga, Critical Care Med 29(2), 2001
Subgrupo – Pacientes Gravemente Desnutridos
* p< 0,05
Terapia Nutricional em Cirurgia
Qual é o Futuro??
. Nutrição Imunomoduladora
GlutaminaArgininaLipidios – n-3RNA
. Manutenção da barreira mucosa
. Funcionamento do sistema imune
. Redução do catabolismo protéico
Resultados clínicos ?Via de infusão?Doses insuficientes ?
Heslin, Ann Surg 226, 1997; Heys, Ann Surg 229, 1999Giannotti, Gastroenterology, 2002 !!!!
Terapia Nutricional em Cirurgia
Qual é o Futuro??
. Uso de Hormônios AnabolizantesHormônio do Crescimento; Insulina
- Diminuição do catabolismo ptn- Melhora da retenção nitrogenada- Melhor reabilitação após grandes cirurgias
. Vitaminas; Minerais
Berman, Ann Surg 229, 1999Jiang & Wilmore, Ann Surg 210, 1989Wilmore, 1999
Terapia Nutricional em Cirurgia
Conclusões
. TN eficaz para pacientes desnutridos graves
. NPT pré-op. reduz em 10% complicações pós-op. nos desnutridos graves. Nut. Enteral tratamento de escolha para o pós-operatório. NPT pós-op. situação de exceção. Potenciais benéficios dos imunonutrientes e hormônios ainda dependem de estudos mais apurados
ASPEN / ASCN
Klein, Am J Clin Nutr 66, 1997
Terapia Nutricional em Cirurgia
Conclusões
. Pacientes cirúrgicos possuem sempre duas doenças.A responsável pela indicação cirúrgica e a cirurgia
. Bom senso e fome não matam ningúem !!!
. Câncer e infecção são um sinergismo devastador
. TN é remédio como o restante do arsenal terapêutico
. A experiência no manejo clínico do paciente cirúrgicovale mais que qualquer protocolo