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Agrupamento de Escolas do Concelho de Mora Escola Básica e Secundária de Mora Ano Letivo 2017/2018 HISTÓRIA A 11º ano Apresentação nº 2 O Absolutismo Régio: O exemplo de Luís XIV na França dos séculos XVII e XVIII Pedro Bandeira Simões Professor

O Absolutismo Régio - … · Encenação e poder na corte de Luís XIV: a corte régia O vestuário, símbolo de distinção dos grupos privilegiados A corte revestia-se, na maior

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Agrupamento de Escolas do Concelho de MoraEscola Básica e Secundária de Mora

Ano Letivo 2017/2018

HISTÓRIA A11º ano

Apresentação nº 2

O Absolutismo Régio:O exemplo de Luís XIV na França dos séculos XVII e XVIII

Pedro Bandeira SimõesProfessor

O pensamento político de Luís XIV

É somente na minha pessoa que reside o poder soberano… é somente de mim que os meus tribunais recebem a sua existência e a sua autoridade; a plenitude desta autoridade, que eles não exercem senão em meu nome, permanece sempre em mim, e o seu uso nunca pode ser contra mim voltado; é unicamente a mim que pertence o poder legislativo, sem dependência e sem partilha; é somente por minha autoridade que os funcionários dos meus tribunais procedem, não à formação, mas ao registo, à publicação, à execução da lei, e que lhes é permitido advertir-me, o que é do dever de todos os úteis conselheiros; toda a ordem pública emana de mim, e os direitos e interesses da nação, de que se pretende ousar fazer um corpo separado do Monarca, estão necessariamente unidos com os meus e repousam inteiramente nas minhas mãos.

(FREITAS, Gustavo de. 900 textos e documentos de História. Lisboa, Plátano, 1976. v. II, p. 201-2.) 

Encenação e poder na corte de Luís XIV: o absolutismo régio

O Rei Sol (1638-1715)Luís XIV, rei da França (c.1701),

óleo sobre tela de Hyacinthe Rigaud

A figura do rei, o primeiro dos cortesãos

A majestade do rei, instrumento do poder

“O que me dá um prazer supremo é viver quatro horas inteiras com o rei…é o suficiente para contentar todo um reino que deseja apaixonadamente ver o seu amo…”(Mme de Sévigné, 1683). (…) A Grande Mademoiselle, prima do rei, escreve: “Ele é como Deus, é necessário esperar da sua justiça e da sua bondade sem impaciência, para sermos mais merecedores”. (…) O espetáculo mais profundamente revelador é o da missa do rei, na capela, onde a multidão de cortesãos, frente à tribuna real, volta as costas ao padre e ao altar, e “parece adorar o príncipe e o príncipe adorar Deus”. Hubert Methivier, Le Siécle de Louis XIV, Paris, 1980

Luís XIV e sua famíliaPintura atribuída a Nicolas de Largillière, c. 1710, óleo sobre tela.Mme. de Ventadour e quatro gerações de príncipes franceses, da esquerda para a direita: Luis, duque de Bretanha (vestido de menina); o Grande Delfim; seu pai Luis XIV e o jovem Luís, duque de Borgonha.

 Monarquia absolutaPoder do rei: sagrado, paternal, absoluto e submetido à razão

Luís XIV - FrançaO Rei é garantia da ordem estabelecida (poder executivo, legislativo e judicial)

(…) A autoridade real é sagrada. Deus estabeleceu os reis como seus ministros e reina, através deles, sobre os povos. (…) É por isso que nós vemos que o trono real não é o trono de um homem mas o trono do próprio Deus. (…) A pessoa dos Reis é sagrada. 

Bossuet, A Política Tirada das Sagradas Escrituras, 17

Por muito mau que possa ser um príncipe, a revolta dos seus súbditos é sempre infinitamente criminosa. Deus, que enviou o rei aos homens, quis que eles o respeitassem (…), apenas Ele reconhece o poder de julgar os seus atos.

Luís XIV, Mémoires pour l’année, 1667

Encenação e poder na corte de Luís XIV: o absolutismo régio

Absolutismo régio

Poderes• Executivo: administração do reino, controlo da economia, comando do exército• Legislativo: promulgação das leis• Judicial: aplicação da justiça

Origem do poderDivina

(o poder vem de Deus)

ApoiantesComplexa rede de funcionários régios na corte e espalhados por todo o reino

Monarquia absoluta: Sistema político que vigorou na Europa no período correspondente ao Antigo Regime. Consistia numa forma de governo concentrada na pessoa do rei. Segundo os teóricos do absolutismo, o monarca recebia o poder das mãos de Deus, que lhe conferia a legitimidade para governar em seu nome. No entanto, o rei estava obrigado a respeitar a propriedade e direitos dos súbditos e das corporações.

 

O palácio real, palco de projeção social da corte régia

A Corte de Versalhes• Modelo de todas as principais cortes régias europeias da época• Grandiosidade, luxo e riqueza• Modelo de encenação do poder

A corte régia• Morada do rei• Local central de funções representativas do Estado absoluto• Polo de atração e palco de encenação do poder

Palácio de Versalhes, gravura da época

A autoridade dos reis enquanto senhores da sua corte tem o seu correspondente no caráter patrimonial do Estado absolutista cujo órgão central é a «casa do rei» no sentido amplo do termo, ou seja, a «corte»

Norbert Elias, A Sociedade de Corte, Editorial Estampa, 1995 (adaptado)

 

Encenação e poder na corte de Luís XIV: a corte régia

O vestuário, símbolo de distinção dos grupos privilegiados

A corte revestia-se, na maior parte dos países europeus, nos séculos XVII e XVIII, de um caráter representativo e central. Nessa época, não era a cidade que irradiava sobre todo o país mas a «corte» e a «sociedade de corte».A cidade era, como se dizia no Antigo Regime «o macaco de imitação da corte». (...) A «corte» do antigo regime é um derivado altamente especializado de uma forma de governo patriarcal cujo germe «se situa na autoridade de um senhor no seio de uma comunidade doméstica».

Norbert Elias, A Sociedade de Corte,Editorial Estampa, 1995

A importância da corte para a encenação do poder

Encenação de poder na corte régia

Os cortesãos assíduos vão todas as manhãs ao acordar do rei; há, não obstante, diversos graus para se ser admitido neste cerimonial. Em primeiro lugar, vêm os que têm direito a assistir ao petit lever (despertar). (…) Este privilégio, ou direito da primeira entrada, atribui ao seu titular notável importância. (…) Houve mesmo príncipes de sangue, cardeais e outros grandes senhores, presentes na antecâmara, que não tiveram este direito da “primeira entrada”.

Spanheim, Relação da Estada da França, 1690.

Réparation faite au roi par le doge de Gênes por Hallé. Obra que serviu para cartão de uma tapeçaria

O culto dos cortesãos à majestade real: o acordar do rei e da rainha

O absolutismo - A ascensão de Luís XIV@

 

O acordar do rei

Luís XIV era acordado em geral às oito horas da manhã (…) pelo primeiro criado de quarto que dormia junto ao leito real. Abriam-se as portas para deixar entrar os pajens de câmara. Um destes ia avisar o camareiro-mor e o primeiro fidalgo de quarto, (…), um terceiro ficava de guarda à porta do quarto para só deixar entrar senhores que tivessem esse privilégio.O acesso ao quarto do rei estava rigorosamente hierarquizado. Havia seis categorias de pessoas (…) por ordem de precedência (…) em primeiro lugar os filhos e os netos legítimos (os «infantes» da França), os príncipes e princesas de linhagem, o médico-mor, o cirurgião-mor, o primeiro criado de câmara e o primeiro pajem do rei. A segunda entrada (…) estava reservada aos grandes oficiais da câmara real e do guarda-roupa e aos nobres a quem o rei concedia esse favor. (…)

Norbert Elias, A Sociedade de Corte, Editorial Estampa, 1995

Um cerimonial ordenado e meticuloso

(…) Tudo estava impecavelmente organizado. Os dois primeiros grupos eram admitidos quando o rei estava deitado, mas já tinha vestida uma pequena cabeleira: nunca se apresentava sem peruca, mesmo na cama. (…) Calçados os sapatos, o rei chamava os oficiais de câmara e abriam-se as portas para a segunda entrada. O rei pegava então as suas roupas. O guarda-roupa-mor despia-lhe a camisa pela manga direita, o primeiro criado de quarto pela manga esquerda. Depois de enfiada a camisa de dia, o rei levantava-se da cadeira, o guarda-roupa-mor apertava-lhe os sapatos e ajudava-o a vestir-se, ajustava-lhe a espada, etc. Já vestido o rei rezava durante uns minutos, enquanto o esmoler (…) ou outros, recitava em voz baixa uma oração. Durante este tempo, a corte inteira ia-se reunindo na grande galeria. (…) O que mais impressiona neste cerimonial é o seu ordenamento meticuloso. (…)Idem

O culto dos cortesãos à majestade real: o acordar do rei e da rainha

 

O acordar do rei

Luís XIV era acordado em geral às oito horas da manhã (…) pelo primeiro criado de quarto que dormia junto ao leito real. Abriam-se as portas para deixar entrar os pajens de câmara. Um destes ia avisar o camareiro-mor e o primeiro fidalgo de quarto, (…), um terceiro ficava de guarda à porta do quarto para só deixar entrar senhores que tivessem esse privilégio.O acesso ao quarto do rei estava rigorosamente hierarquizado. Havia seis categorias de pessoas (…) por ordem de precedência (…) em primeiro lugar os filhos e os netos legítimos (os «infantes» da França), os príncipes e princesas de linhagem, o médico-mor, o cirurgião-mor, o primeiro criado de câmara e o primeiro pajem do rei. A segunda entrada (…) estava reservada aos grandes oficiais da câmara real e do guarda-roupa e aos nobres a quem o rei concedia esse favor. (…)

Norbert Elias, A Sociedade de Corte, Editorial Estampa, 1995

Um cerimonial ordenado e meticuloso

(…) Tudo estava impecavelmente organizado. Os dois primeiros grupos eram admitidos quando o rei estava deitado, mas já tinha vestida uma pequena cabeleira: nunca se apresentava sem peruca, mesmo na cama. (…) Calçados os sapatos, o rei chamava os oficiais de câmara e abriam-se as portas para a segunda entrada. O rei pegava então as suas roupas. O guarda-roupa-mor despia-lhe a camisa pela manga direita, o primeiro criado de quarto pela manga esquerda. Depois de enfiada a camisa de dia, o rei levantava-se da cadeira, o guarda-roupa-mor apertava-lhe os sapatos e ajudava-o a vestir-se, ajustava-lhe a espada, etc. Já vestido o rei rezava durante uns minutos, enquanto o esmoler (…) ou outros, recitava em voz baixa uma oração. Durante este tempo, a corte inteira ia-se reunindo na grande galeria. (…) O que mais impressiona neste cerimonial é o seu ordenamento meticuloso. (…)

Idem

O culto dos cortesãos à majestade real: o acordar do rei e da rainha

Luís XIV, o Rei-Sol

 

Rainha Maria Antonieta, retrato realizado por Elisabeth Vigée Le Brun em 1783

Encenação e poder na corte de Luís XIV: o levantar da rainha

O levantar da rainha tinha um cerimonial idêntico ao do rei. A dama de honor de serviço tinha o direito de vestir a camisa à rainha. A dama do palácio vestia-lhe a combinação e o vestido. Se por acaso surgia uma princesa real, cabia a esta a cerimónia da camisa. Ora sucedeu um dia que, depois de a rainha ter sido despida pelas suas damas, a camareira entregou a camisa à dama de honor para que esta a passasse à rainha. Nesse preciso momento entrou na câmara a duquesa de Orleães. A dama de honor devolveu a camisa à camareira que se apressava a entregá-la à duquesa quando uma dama de grau de nobreza ainda superior entrou: era a condessa de Provença. Imediatamente a camisa foi devolvida à camareira que a entregou à condessa, pois cabia-lhe a honra de a vestir à rainha. Enquanto as damas passavam assim a camisa umas às outras, a rainha, completamente nua, esperava o fim da cerimónia. (…)

Idem, ibidem

O ritual na toilette da rainha

 

Luís XIV, O Grande, em 1661

A etiqueta assumia nesta sociedade e neste tipo de governo uma função simbólica do maior alcance. (…)O rei precisava de despir a camisa de noite e de vestir a camisa de dia. Mas este gesto indispensável fora revestido de significado social. O rei transformara-o num privilégio com que honrava os seus nobres. (…)Cada gesto do cerimonial tinha o valor de um prestígio hierarquizado (…). A hierarquia dos privilégios foi criada no quadro da etiqueta e esta vai ser mantida pela emulação entre os indivíduos (…) preocupados em salvaguardar os seus privilégios e vantagens sociais.

Idem, ibidem

A sociedade de corte

Encenação e poder na corte de Luís XIV: etiqueta e honrarias

 

Sociedade de corte – formação social típica do Antigo Regime organizada em torno da vida do palácio e do poder patriarcal do rei de quem eram fiéis servidores. Estes cortesãos (funcionários, conselheiros, diplomatas, criados e outros) estavam ligados entre si por uma rede de obrigações definida numa ordem hierárquica mais ou menos rígida e por uma etiqueta minuciosa que os posicionava numa complexa rede de relações de dependência em que o grupo mais respeitado era a alta nobreza de corte.

Sociedade de corte• Vida quotidiana ao serviço do rei• Hierarquia rígida• Etiqueta minuciosa• Honras e privilégios• Reconhecimento público

Encenação e poder na corte de Luís XIV: O papel da sociedade de corte

O absolutismo régio foi:

A. um sistema político que se demarcou pela aplicação de série de medidas de fortalecimento do Estado.

B. um sistema político que vigorou na Europa no Antigo Regime. Consistia numa forma de governo concentrada na pessoa do rei e que segundo os teóricos do absolutismo recebia o poder das mãos de Deus, que lhe a legitimidade para governar em seu nome, embora ficasse obrigado a respeitar o direito de propriedade dos seus súbditos e das corporações.

C. período que marcou uma etapa do absolutismo em Portugal, através do reforço do aparelho de Estado no reinado de D. João V.

D. poder divino dos reis que, durante o Antigo Regime, consideravam que só tinham de prestar contas a Deus pela sua governação, assegurando a liberdade de escolha dos seus súbditos.

Avaliação

1. Selecione a afirmação correta.

2. Complete o esquema.

A corte régia

•___________do rei• Local central de funções representativas do Estado __________________• Polo de atração e palco de ___________ do poder

Sociedade de corte

• Vida quotidiana ao serviço do _____• ________________ rígida• Etiqueta minuciosa• Honras e ____________ Reconhecimento público

A Corte de Versalhes

• Modelo de todas as principais _______ régias europeias da época

• ______________, luxo e riqueza

• Modelo de encenação do poder

O absolutismo régio foi:

A. um sistema político que se demarcou pela aplicação de série de medidas de fortalecimento do Estado.

B. um sistema político que vigorou na Europa no Antigo Regime. Consistia numa forma de governo concentrada na pessoa do rei e que segundo os teóricos do absolutismo recebia o poder das mãos de Deus, que lhe a legitimidade para governar em seu nome, embora ficasse obrigado a respeitar o direito de propriedade dos seus súbditos e das corporações.

C. período que marcou uma etapa do absolutismo em Portugal, através do reforço do aparelho de Estado no reinado de D. João V.

D. poder divino dos reis que, durante o Antigo Regime, consideravam que só tinham de prestar contas a Deus pela sua governação, assegurando a liberdade de escolha dos seus súbditos.

MORADA

ABSOLUTOENCENAÇÃO

REIHIERARQUIA

PRIVILÉGIOS

CORTES

GRANDIOSIDADE