42
O AMOR É CONTAGIOSO PAPA FRANCISCO O EVANGELHO DA JUSTIÇA Todos nós somos iguais diante do Pai, absolutamente todos!

O AMOR É · sempre na diocese da sua cidade natal. ... O Amor É Contagioso é um convite a uma ... partilha connosco o caminho, ou antes, faz -se

  • Upload
    ledan

  • View
    218

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: O AMOR É · sempre na diocese da sua cidade natal. ... O Amor É Contagioso é um convite a uma ... partilha connosco o caminho, ou antes, faz -se

O primeiro Papa de origem latino-americana nasceu em Buenos Aires, na Argentina, a 17 de dezembro de 1936. Filho de imigrantes italianos, que lhe deram o nome de Jorge Mario Bergoglio, ingressou no noviciado da Companhia de Jesus em 1958, tendo-se ordenado em 1969. Tornou-se bispo auxiliar em 1992 e arcebispo em 1998, sempre na diocese da sua cidade natal.

Proclamado cardeal pelo Papa João Paulo II no consistório de 2001, participou no conclave que elegeu Bento XVI como Sumo Pontífice. Após a renúncia deste, foi eleito seu sucessor, a 13 de março de 2013. O novo Papa tomou o nome de Francisco e assumiu desde logo um novo com-promisso de fé e de renovação social, com uma Igreja mais humilde.

PAPA FRANCISCOJORGE BERGOGLIO

O AMOR ÉCONTAGIOSO

PAPA FRANCISCOO EVANGELHO DA JUSTIÇA

Todos nós somos iguais diante do Pai,absolutamente todos!

Religião

I S B N 9 7 8 - 9 8 9 - 8 8 4 9 - 4 3 - 4

9 789898 849434

O Amor É Contagioso é um convite a uma meditação profunda sobre os temas mais

prementes da sociedade atual.

Nas palavras do Papa Francisco, cada um dos nossos atos tem uma consequência, e até o mais pequeno vestígio de injustiça e de maldade pode ser uma ameaça para o mundo.

Os insistentes apelos do Papa em defesa da dignidade e dos direitos humanos são o principal tema dos ensinamentos reunidos neste livro.

Não basta evitar a injustiça, se não se promove a justiça.

Com palavras genuínas de alerta, Sua Santidade ensina-nos a sermos misericordiosos, como Jesus foi quando perdoou aqueles que o crucificaram, e a recusarmos a justiça do «olho por olho, dente por dente».

Ser cristão é viver e testemunhar a fé mediante a oração,as obras de caridade, a promoção da justiça, a prática do bem.

Este é um evangelho de amor e de justiça que iluminará o leitor nas suas escolhas e ações

ao longo da vida.

«O negativismo é contagioso, mas também o positivismo o é; o desespero é contagioso,

mas também a alegria o é:não sigais pessoas negativas, continuai,

antes, a irradiar luz e esperança à vossa volta! E sabei que a esperança não engana,

nunca engana!»

«Qual a origemda multiplicação dos pães?

A resposta está no convite feito por Jesus aos discípulos: “Dai-lhes vós mesmos…”, “dar”,

partilhar. Que partilham os discípulos?O pouco que têm: cinco pães e dois peixes.

Mas são precisamente esses pães e esses peixes que, nas mãos do Senhor, matam

a fome a toda a multidão.»

«Não é a cultura do egoísmo e do individualismo, que muitas vezes regula

a nossa sociedade, aquela que constrói e que conduz a um mundo mais habitável; mas antes a cultura da solidariedade

e a capacidade de ver no outro, não um concorrente ou um número, mas um irmão.

E todos somos irmãos!»

15 mm

Page 2: O AMOR É · sempre na diocese da sua cidade natal. ... O Amor É Contagioso é um convite a uma ... partilha connosco o caminho, ou antes, faz -se

O negativismo é contagioso, mas também o positivismo o é; o desespero é contagioso, mas também a alegria o é:

não sigais pessoas negativas, continuai, antes, a irradiar luz e esperança à vossa volta!

E sabei que a esperança não engana, nunca engana!Telefonema do Papa Francisco, 7 de junho de 2014

miolo_O Amor e Contagioso_v9.indd 7 26/09/16 11:38

Page 3: O AMOR É · sempre na diocese da sua cidade natal. ... O Amor É Contagioso é um convite a uma ... partilha connosco o caminho, ou antes, faz -se

PRIMEIRA PARTE

A JUSTIÇA DO HOMEM

«Trabalhemos juntos pela justiça e pela paz!»Discurso na Esplanada das Mesquitas

em Jerusalém, 26 de maio de 2014

miolo_O Amor e Contagioso_v9.indd 9 26/09/16 11:38

Page 4: O AMOR É · sempre na diocese da sua cidade natal. ... O Amor É Contagioso é um convite a uma ... partilha connosco o caminho, ou antes, faz -se

11

SOLIDARIEDADE

Peço que todos trabalhemos por aquela palavra que hoje em dia não agrada a ninguém: solidariedade.

Discurso, 27 de julho de 2013

A CULTURA DA SOLIDARIEDADE

O povo brasileiro, em particular as pessoas mais simples,

pode oferecer ao mundo uma preciosa lição de solidarie-

dade, uma palavra — a palavra solidariedade — tantas

vezes esquecida ou calada, por ser incómoda. Quase parece uma

palavra feia… a solidariedade.

Gostaria de apelar a quem possui mais recursos, às autoridades

públicas e a todos os homens de boa vontade empenhados na jus-

tiça social: não vos canseis de trabalhar por um mundo mais justo

e mais solidário! Ninguém pode ficar insensível às desigualdades

que ainda há no mundo! Cada um, segundo os seus recursos e

responsabilidades, saiba oferecer o seu contributo para pôr fim a

tantas injustiças sociais. Não é a cultura do egoísmo e do individua-

lismo, que muitas vezes regula a nossa sociedade, aquela que cons-

trói e que conduz a um mundo mais habitável; mas antes a cultura

miolo_O Amor e Contagioso_v9.indd 11 26/09/16 11:38

Page 5: O AMOR É · sempre na diocese da sua cidade natal. ... O Amor É Contagioso é um convite a uma ... partilha connosco o caminho, ou antes, faz -se

12

PAPA FRANCISCO

da solidariedade; a capacidade de ver no outro, não um concorrente

ou um número, mas um irmão. E todos somos irmãos!

Também gostaria de vos dizer que a Igreja, «advogada da jus-

tiça e defensora dos pobres diante das intoleráveis desigualda-

des sociais e económicas, que clamam aos céus» (Documento de

Aparecida, 395), deseja oferecer a sua colaboração a cada iniciativa

que possa significar um verdadeiro desenvolvimento de cada e de

todo o homem. Caros amigos, é certamente necessário dar pão a

quem tem fome; é um ato de justiça. Mas há ainda uma fome mais

profunda, a fome de uma felicidade que só Deus pode saciar. Fome

de dignidade.

Discurso no Rio de Janeiro por ocasião da XXVIII Jornada Mundial da Juventude, 25 de julho de 2013

O VALOR DA SOLIDARIEDADE

O fenómeno do desemprego — da falta e da perda de trabalho —

tem vindo a alastrar como uma mancha de óleo em vastas zonas do

Ocidente, e vão -se assim alargando, de modo preocupante, as fron-

teiras da pobreza. E gostaria de sublinhar que não há pior pobreza

material do que aquela que não permite às pessoas ganharem o

seu pão e as priva da dignidade do trabalho. A partir de agora, esse

«algo que não funciona» já não diz apenas respeito ao Sul do mun-

do, mas a todo o planeta. Daí a necessidade premente de «repensar

a solidariedade», não já como simples assistência prestada aos mais

pobres, mas antes repensamento global de todo o sistema, busca de

caminhos para reformá -lo e corrigi -lo de modo coerente em relação

aos direitos fundamentais do homem, de todos os homens. Na pa-

lavra «solidariedade», que não é bem vista pelo mundo económico

miolo_O Amor e Contagioso_v9.indd 12 26/09/16 11:38

Page 6: O AMOR É · sempre na diocese da sua cidade natal. ... O Amor É Contagioso é um convite a uma ... partilha connosco o caminho, ou antes, faz -se

13

O AMOR É CONTAGIOSO

— como se fosse um palavrão —, há que devolver a sua merecida

cidadania social. A solidariedade já não é uma atitude, uma esmola,

mas, sim, um valor social. E reivindica a sua cidadania.

A crise atual não é apenas económica e financeira, mas tem as

suas raízes numa crise ética e antropológica. Seguir os ídolos do

poder, do lucro, do dinheiro, acima do valor da pessoa humana,

tornou -se norma fundamental de funcionamento e critério decisi-

vo de organização. Temo -nos esquecido, e continuamos a não nos

lembrarmos, de que, acima dos negócios, da lógica e dos parâme-

tros de mercado, está o ser humano e tudo aquilo que é devido ao

homem enquanto homem, em virtude da sua dignidade profunda:

é preciso dar -lhe a possibilidade de viver de forma digna e de parti-

cipar ativamente no bem comum.

Devemos regressar à centralidade do homem, a uma visão mais

ética das atividades e das relações humanas, sem ter medo de per-

der seja o que for.

Discurso, 25 de maio de 2013

SOLIDARIEDADE E PARTILHA

Qual a origem da multiplicação dos pães? A resposta está no convi-

te feito por Jesus aos discípulos: «Dai -lhes vós mesmos…», «dar»,

partilhar. Que partilham os discípulos? O pouco que têm: cinco

pães e dois peixes. Mas são precisamente esses pães e esses pei-

xes que, nas mãos do Senhor, matam a fome a toda a multidão.

E são esses discípulos, perplexos frente à impotência dos seus

meios, à pobreza daquilo que podem pôr à disposição das pessoas,

que as mandam sentar -se e que — confiando na palavra de Jesus —,

distribuem os pães e os peixes que matam a fome da multidão.

miolo_O Amor e Contagioso_v9.indd 13 26/09/16 11:38

Page 7: O AMOR É · sempre na diocese da sua cidade natal. ... O Amor É Contagioso é um convite a uma ... partilha connosco o caminho, ou antes, faz -se

14

PAPA FRANCISCO

E isto diz -nos que na Igreja, mas também na sociedade, uma

palavra -chave da qual não devemos ter medo é «solidariedade», ou

seja, saber colocar à disposição de Deus aquilo que temos, as nos-

sas humildes capacidades, porque só na partilha e no dom a nossa

vida será fecunda e dará fruto. Solidariedade: uma palavra malvista

pelo espírito mundano!

Esta noite, mais uma vez, o Senhor reparte por nós o pão que é o

seu Corpo, Ele próprio se faz dom. E também nós experimentamos

a «solidariedade de Deus» para com o homem, uma solidariedade

que nunca se esgota, uma solidariedade que nunca deixa de nos as-

sombrar: Deus faz -se próximo de nós no sacrifício da Cruz, baixa-

-se, entrando nas trevas da morte para nos dar a sua vida, e assim

vence o mal, o egoísmo e a morte. Esta noite, Jesus também se dá

a nós na Eucaristia, partilha connosco o caminho, ou antes, faz -se

alimento, o verdadeiro alimento que sustenta a nossa vida, inclusi-

ve nos momentos em que o caminho se torna duro e os obstáculos

nos retardam os passos. E, na Eucaristia, o Senhor faz -nos percorrer

o seu caminho, o caminho do serviço, da partilha, do dom: e o pou-

co que temos, o pouco que somos, se for partilhado, torna -se rique-

za, porque o poder de Deus, que é o poder do amor, desce até nós,

à nossa pobreza para transformá -la.

Homilia, 30 de maio de 2013

A SOLIDARIEDADE GERA JUSTIÇA

A Igreja, guiada pelo Evangelho da misericórdia e do amor ao

ser humano, escuta o clamor por justiça e deseja responder -lhe

com todas as suas forças. Neste contexto, compreende -se o pedi-

do de Jesus aos seus discípulos: «Dai -lhes vós mesmos de comer»

miolo_O Amor e Contagioso_v9.indd 14 26/09/16 11:38

Page 8: O AMOR É · sempre na diocese da sua cidade natal. ... O Amor É Contagioso é um convite a uma ... partilha connosco o caminho, ou antes, faz -se

15

O AMOR É CONTAGIOSO

(Marcos 6,37), o que implica tanto a colaboração para resolver as

causas estruturais da pobreza e para promover o desenvolvimen-

to integral dos pobres como os gestos mais simples e quotidianos

de solidariedade frente às misérias muito concretas com que nos

deparamos. A palavra «solidariedade» está um pouco gasta e por

vezes é mal interpretada, mas continua a albergar muito mais do

que alguns atos esporádicos de generosidade. Requer a criação de

uma nova mentalidade que pense em termos de comunidade,

de prioridades da vida para todos em relação à apropriação dos

bens por parte de alguns.

A solidariedade é uma reação espontânea de quem reconhece a

função social da propriedade e o destino universal dos bens como

realidades anteriores à propriedade privada. A posse privada dos

bens justifica -se para que estes sejam guardados e postos a render

de modo que melhor sirvam o bem comum, pelo que a solidarie-

dade deve ser vivida como a decisão de restituir ao pobre aquilo

que lhe corresponde. Estas convicções e práticas de solidariedade,

quando se fazem carne, abrem caminho a outras transformações

estruturais, tornando -as possíveis. Uma mudança de estruturas

que não motive novas convicções e atitudes fará com que essas

mesmas estruturas, mais cedo ou mais tarde, se tornem corruptas,

pesadas e ineficazes.

Evangelii gaudium, n.os 188 ‑189

NINGUÉM É EXONERADO DA SOLIDARIEDADE

Ninguém deveria dizer que se mantém afastado dos pobres por-

que as suas opções de vida implicam prestar mais atenção a ou-

tras incumbências. Esta é uma desculpa frequente nos ambientes

miolo_O Amor e Contagioso_v9.indd 15 26/09/16 11:38

Page 9: O AMOR É · sempre na diocese da sua cidade natal. ... O Amor É Contagioso é um convite a uma ... partilha connosco o caminho, ou antes, faz -se

16

PAPA FRANCISCO

académicos, empresariais ou profissionais, e até eclesiais. Embora

se possa dizer, de um modo geral, que a vocação e a missão pró-

prias dos fiéis leigos são a modificação das diversas realidades

terrenas para que cada atividade humana seja transformada pelo

Evangelho, ninguém se pode sentir isento da preocupação pelos

pobres e pela justiça social: «A conversão espiritual, a intensidade

do amor a Deus e ao próximo, o zelo pela justiça e pela paz, o sig-

nificado evangélico dos pobres e da pobreza, são pedidos a todos.»

Receio que também estas palavras sejam apenas objeto de alguns

comentários, sem uma verdadeira incidência prática. Não obstante,

confio na abertura e nas boas intenções dos cristãos, e peço -vos que

procureis, comunitariamente, novos caminhos para acolher esta

proposta renovada.

Evangelii gaudium, n.° 201

FRATERNIDADE

A fraternidade é uma dimensão essencial do homem, que é um ser

relacional. A consciência viva desta relacionação faz -nos ver e tratar

cada pessoa como uma verdadeira irmã e um verdadeiro irmão;

sem ela, torna -se impossível a construção de uma sociedade justa e

a implementação de uma paz sólida e duradoura.

A fraternidade gera paz social porque cria um equilíbrio entre

liberdade e justiça, entre responsabilidade pessoal e solidariedade,

entre bem individual e bem comum. Uma comunidade política

deve, portanto, agir de modo transparente e responsável, de modo

a favorecer tudo isso. Os cidadãos devem sentir -se representados

pelos poderes públicos no respeito da sua liberdade. No entan-

to, sucede muitas vezes o contrário: entre cidadão e instituições,

miolo_O Amor e Contagioso_v9.indd 16 26/09/16 11:38

Page 10: O AMOR É · sempre na diocese da sua cidade natal. ... O Amor É Contagioso é um convite a uma ... partilha connosco o caminho, ou antes, faz -se

17

O AMOR É CONTAGIOSO

geram -se interesses partidários que deformam essa relação, propi-

ciando a criação de um ambiente altamente conflituoso.

Um autêntico espírito de fraternidade vence esse egoísmo in-

dividual que impede as pessoas de viverem em liberdade e har-

monia entre si. Tal egoísmo desenvolve -se socialmente tanto nas

múltiplas formas de corrupção, hoje difundidas de modo quase

capilar, como na formação das organizações criminosas, dos pe-

quenos grupos às organizações à escala global, que, minando em

profundidade a legalidade e a justiça, atingem em cheio a digni-

dade da pessoa. Essas organizações ofendem gravemente a Deus,

lesam os irmãos e danificam a criação, e mais ainda quando têm

conotações religiosas.

Mensagem para a XLVII Jornada Mundial da Paz, 1 de janeiro de 2014

miolo_O Amor e Contagioso_v9.indd 17 26/09/16 11:38

Page 11: O AMOR É · sempre na diocese da sua cidade natal. ... O Amor É Contagioso é um convite a uma ... partilha connosco o caminho, ou antes, faz -se

18

DIGNIDADE

No trabalho livre, criativo, participativo e solidário, o ser humano exprime

e reforça a dignidade da própria vida.Evangelii gaudium, n.° 192

A CULTURA DA VIDA

As coisas têm um preço e são transacionáveis, mas a dig-

nidade faz parte das pessoas, estas valem mais do que as

coisas e não têm preço. Muitas vezes deparamo -nos com

situações em que aquilo que menos vale é, claramente, a vida. Por

isso a atenção à vida humana na sua totalidade tornou -se, nos últi-

mos tempos, uma verdadeira prioridade do Magistério da Igreja,

em particular nos especialmente indefesos, isto é, os deficientes,

os doentes, os nascituros, as crianças, os idosos, ou seja, aqueles

cuja vida está mais vulnerável. No ser humano mais frágil, cada

um de nós é convidado a reconhecer o rosto do Senhor, que na sua

carne humana experimentou a indiferença e a solidão a que muitas

vezes condenamos os mais pobres, tanto nos países em vias de de-

senvolvimento, como nas sociedades abastadas. Cada criança por

miolo_O Amor e Contagioso_v9.indd 18 26/09/16 11:38

Page 12: O AMOR É · sempre na diocese da sua cidade natal. ... O Amor É Contagioso é um convite a uma ... partilha connosco o caminho, ou antes, faz -se

19

O AMOR É CONTAGIOSO

nascer, mas condenada injustamente a ser abortada, tem o rosto de

Jesus Cristo, tem o rosto do Senhor, que, ainda antes de nascer, ou

mal acabada de nascer, experimentou a rejeição do mundo. E cada

idoso — já falei da criança, vejamos agora os idosos, outro ponto!

— e cada idoso, mesmo que esteja no fim dos seus dias, traz em si

o rosto de Cristo.

Sede testemunhas e difusores desta «cultura da vida». O vosso

ser católicos implica uma maior responsabilidade: antes de mais,

para convosco mesmos, pelo empenho de coerência em relação à vo-

cação cristã; depois, para com a cultura contemporânea, de modo

a ajudar a reconhecer na vida humana a dimensão transcendente,

o cunho da obra criadora de Deus, desde o primeiro instante da sua

conceção. Trata -se de um empenho na nova evangelização que obriga

muitas vezes a caminhar contra a corrente, à própria custa. O Senhor

também conta convosco para difundir o «evangelho da vida».

Não existe uma vida humana mais sagrada do que outra, tal

como não existe uma vida humana qualitativamente mais signifi-

cativa do que outra.

Discurso, 20 de setembro de 2013

A DIGNIDADE HUMANA CONSTITUI A BASE DA SOCIEDADE

A dignidade de cada pessoa e o bem comum são questões que deve-

riam estruturar toda a política económica, mas, por vezes, parecem

apêndices adicionados como fachada para completar um discurso

político sem perspetivas nem programas de verdadeiro desenvol-

vimento integral. Quantas palavras se tornaram incómodas para o

sistema atual! Incomoda que se fale de ética, incomoda que se fale

miolo_O Amor e Contagioso_v9.indd 19 26/09/16 11:38

Page 13: O AMOR É · sempre na diocese da sua cidade natal. ... O Amor É Contagioso é um convite a uma ... partilha connosco o caminho, ou antes, faz -se

20

PAPA FRANCISCO

de solidariedade mundial, incomoda que se fale de distribuição dos

bens, incomoda que se fale de defender os postos de trabalho, inco-

moda que se fale da dignidade para os débeis, incomoda que se fale

de um Deus que exige um empenho na justiça. Noutras ocasiões,

essas palavras tornam -se objeto de uma manipulação oportunista

que as desonra. A cómoda indiferença perante estas questões esva-

zia a nossa vida e essas palavras de qualquer significado. A vocação

de um empresário é um trabalho nobre, sempre que se deixe in-

terrogar por um significado mais lato da vida; isso permitir -lhe -á

servir verdadeiramente o bem comum, com o seu esforço por mul-

tiplicar e tornar mais acessíveis para todos os bens deste mundo.

Evangelii gaudium, n.° 203

A DIGNIDADE DO TRABALHO

O trabalho é algo mais do que ganhar o pão: o trabalho confere -nos

dignidade! Quem trabalha é digno, tem uma caraterística especial,

uma dignidade de pessoa: o homem e a mulher que trabalham são

dignos.

Quem não trabalha, portanto, não tem essa dignidade. Todavia,

há muitas pessoas que querem trabalhar e não podem. E isso é um

peso para a nossa consciência, porque, quando a sociedade está or-

ganizada de tal modo que nem todos têm a possibilidade de traba-

lhar, de ser «ungidos» com a dignidade do trabalho, essa sociedade

não funciona: não é justa! Vai contra a vontade de Deus, que quis

que a nossa dignidade começasse por aí.

O próprio Jesus, na Terra, também trabalhou muito na oficina

de S. José, e depois continuou a trabalhar, até à Cruz. Fez aquilo

que o Pai lhe tinha mandado fazer. Hoje penso em tantas pessoas

miolo_O Amor e Contagioso_v9.indd 20 26/09/16 11:38

Page 14: O AMOR É · sempre na diocese da sua cidade natal. ... O Amor É Contagioso é um convite a uma ... partilha connosco o caminho, ou antes, faz -se

21

O AMOR É CONTAGIOSO

que trabalham e que transportam em si essa dignidade…. Dêmos

graças ao Senhor! E tomemos consciência de que a dignidade não

nos é dada pelo poder, pelo dinheiro, pela cultura, não…! A digni-

dade é -nos dada pelo trabalho, mesmo que a sociedade não permita

que todos trabalhem.

Alguns sistemas sociais, políticos e económicos, em várias par-

tes do mundo, basearam a sua organização na exploração, isto é,

optaram por não pagar o que é justo e por tentar obter o máximo

lucro a todo o custo, aproveitando o trabalho dos outros, embora

sem se preocuparem minimamente com a dignidade deles. Isso

vai contra Deus!

Chegámos ao ponto de não termos consciência desta dignidade

da pessoa, desta dignidade do trabalho. Hoje, porém, as figuras de

S. José, de Jesus, de Deus, que trabalham, mostram -nos o caminho

para se chegar à dignidade.

Meditação matinal na capela da Domus Sanctae Marthae, 1 de maio de 2013

TRABALHO E DESEMPREGO

O trabalho é uma realidade essencial para a sociedade, para as famí-

lias e para os indivíduos. Esse trabalho, com efeito, diz diretamente

respeito à pessoa, à sua vida, à sua liberdade e felicidade. O valor

principal do trabalho é o bem da pessoa humana, porque a realiza

como tal, através das suas atitudes e capacidades intelectuais, cria-

tivas e manuais. Disso deriva que o trabalho não tem apenas uma

finalidade económica lucrativa, mas sobretudo uma finalidade que

interessa o homem e a sua dignidade. A dignidade do homem está

ligada ao trabalho.

miolo_O Amor e Contagioso_v9.indd 21 26/09/16 11:38

Page 15: O AMOR É · sempre na diocese da sua cidade natal. ... O Amor É Contagioso é um convite a uma ... partilha connosco o caminho, ou antes, faz -se

22

PAPA FRANCISCO

Se falta o trabalho, essa dignidade é ferida! Com efeito, quem

está desempregado ou subempregado, corre o risco de ser posto

à margem da sociedade, de se tornar vítima de exclusão social.

Acontece muitas vezes que as pessoas sem trabalho — penso so-

bretudo nos inúmeros jovens hoje desempregados — caem no de-

sânimo crónico ou, pior ainda, na apatia.

Que podemos dizer perante o gravíssimo problema do desem-

prego que preocupa vários países europeus? É a consequência de

um sistema económico que já não é capaz de criar trabalho, porque

colocou no centro um ídolo, que se chama dinheiro! Portanto, os di-

versos sujeitos políticos, sociais e económicos são chamados a favo-

recer uma postura diferente, baseada na justiça e na solidariedade.

O trabalho é um bem de todos, que deve estar disponível para

todos. Os períodos de graves dificuldades e de desemprego devem

ser enfrentados com instrumentos como a criatividade e a solida-

riedade. A criatividade de empresários e artífices corajosos, que

olhem o futuro com confiança e esperança. E a solidariedade entre

todos os membros da sociedade, que renunciem a alguma coisa,

que adotem um estilo de vida mais sóbrio, para ajudar quantos se

encontram em condições de necessidade.

Discurso, 20 de março de 2014

DIGNIDADE E JUSTIÇA

O sofrimento que deriva da falta de trabalho leva -te — desculpai

se sou um pouco brusco, mas digo a verdade — a sentires -te sem

dignidade! Onde não há trabalho, falta a dignidade! E isso não é

um problema da Sardenha, de Itália ou de alguns países da Europa,

é a consequência de uma opção mundial, de um sistema económico

miolo_O Amor e Contagioso_v9.indd 22 26/09/16 11:38

Page 16: O AMOR É · sempre na diocese da sua cidade natal. ... O Amor É Contagioso é um convite a uma ... partilha connosco o caminho, ou antes, faz -se

23

O AMOR É CONTAGIOSO

que conduz a essa tragédia; um sistema económico que tem no

centro um ídolo chamado dinheiro.

Quis Deus que no centro do mundo não estivesse um ídolo,

mas o Homem, o homem e a mulher, que, com o seu trabalho,

levem por diante o mundo.

Mas pensa num mundo onde os jovens — duas gerações de

jovens — não têm trabalho. Esse mundo não tem futuro. Porquê?

Porque eles não têm dignidade! É difícil ter dignidade sem tra-

balhar. É este o vosso sofrimento aqui. Esta é a oração que vós

gritáveis há pouco: «Trabalho», «Trabalho», «Trabalho». É uma

oração necessária. Trabalho quer dizer dignidade, trabalho quer

dizer levar o pão para casa, trabalho quer dizer amar! Para defen-

der este sistema económico idolátrico instaura -se a «cultura do

descarte»: descartam -se os avós e descartam -se os jovens. E nós

devemos dizer «não» a esta «cultura do descarte». Devemos dizer:

«Queremos um sistema justo! Um sistema que nos faça seguir a

todos em frente.» Devemos dizer: «Nós não queremos este sistema

económico globalizado, que nos faz tanto mal!» No centro devem

estar o homem e a mulher, como Deus quer, e não o dinheiro!

Discurso, 22 de setembro de 2013

miolo_O Amor e Contagioso_v9.indd 23 26/09/16 11:38

Page 17: O AMOR É · sempre na diocese da sua cidade natal. ... O Amor É Contagioso é um convite a uma ... partilha connosco o caminho, ou antes, faz -se

24

ACOLHIMENTO

O encontro e o acolhimento de todos, a solidariedade e a fraternidade, são elementos que tornam a nossa

civilização verdadeiramente humana.Homilia no Rio de Janeiro por ocasião da

XXVIII Jornada Mundial da Juventude, 27 de julho de 2013

ACOLHER E SERVIR

Servir. O que significa isso? Servir significa acolher com soli-

citude a pessoa que chega; significa inclinar -se sobre quem

precisa e estender -lhe a mão, sem calculismos, sem temor,

com ternura e compreensão, como Jesus quando se inclinou para

lavar os pés aos apóstolos. Servir significa trabalhar ao lado dos

mais necessitados, estabelecer com eles, antes de mais, relações

humanas, de proximidade, ligações de solidariedade. Solidariedade,

essa palavra que mete medo ao mundo desenvolvido. Tentam não

a dizer. Solidariedade é quase um palavrão para eles. Mas é a nossa

palavra! Servir significa reconhecer e acolher os pedidos de justiça e

de esperança, e procurar juntos caminhos concretos de libertação.

miolo_O Amor e Contagioso_v9.indd 24 26/09/16 11:38

Page 18: O AMOR É · sempre na diocese da sua cidade natal. ... O Amor É Contagioso é um convite a uma ... partilha connosco o caminho, ou antes, faz -se

25

O AMOR É CONTAGIOSO

Os pobres também são mestres privilegiados do nosso conhe-

cimento de Deus; a sua fragilidade e a sua simplicidade desmas-

caram os nossos egoísmos, as nossas falsas seguranças, as nossas

pretensões de autossuficiência, e conduzem -nos à experiência da

proximidade e da ternura de Deus, a receber na nossa vida o seu

amor, a sua misericórdia de Pai que, com discrição e paciente con-

fiança, cuida de nós, de todos nós.

Sirvo -me só a mim mesmo ou sei servir os outros como Cristo,

que veio para servir até dar a sua própria vida? Olho nos olhos aque-

les que pedem justiça ou desvio o olhar para o outro lado, para não

os olhar nos olhos?

Discurso, 10 de setembro de 2013

OS CONVENTOS, LUGARES DE ACOLHIMENTO

O Senhor chama a viver com mais coragem e generosidade o

acolhimento nas comunidades, nas casas, nos conventos vazios.

Caríssimos religiosos e religiosas, os conventos vazios não servem

a Igreja se forem transformados em hotéis para ganhar dinheiro.

Os conventos vazios não são vossos, pertencem à carne de Cristo,

que são os refugiados. O Senhor chama a viver com mais coragem e

generosidade o acolhimento nas comunidades, nas casas, nos con-

ventos vazios. Certamente não é simples, é necessário ter critério e

responsabilidade, mas também coragem. Fazemos já muito, talvez

sejamos chamados a fazer mais, acolhendo e partilhando aquilo

que a Providência nos deu para servir. Há que superar a tentação

da mundanidade espiritual, aproximando-nos das pessoas simples

e, sobretudo, dos últimos de entre todos. Precisamos de comunida-

des solidárias, que vivam o amor de modo concreto!

miolo_O Amor e Contagioso_v9.indd 25 26/09/16 11:38

Page 19: O AMOR É · sempre na diocese da sua cidade natal. ... O Amor É Contagioso é um convite a uma ... partilha connosco o caminho, ou antes, faz -se

26

PAPA FRANCISCO

Em cada dia, aqui e noutros centros, muitas pessoas, com pre-

dominância dos jovens, põem -se na fila para receber uma refeição

quente. Essas pessoas recordam -nos sofrimentos e dramas da hu-

manidade. Essa fila, porém, também nos diz que todos podemos

fazer alguma coisa agora. Basta bater à porta e tentar dizer: «Estou

aqui. Como posso dar uma mãozinha?»

Discurso, 10 de setembro de 2013

A CULTURA DO DESCARTE E DO ACOLHIMENTO

A sociedade, infelizmente, está contaminada pela cultura do «des-

carte», que se opõe à cultura do acolhimento. E as vítimas da cul-

tura do descarte são, precisamente, as pessoas mais débeis, mais

frágeis. Nesta Casa, pelo contrário, vejo a cultura do acolhimen-

to em ação. É certo que aqui nem tudo será perfeito, mas todos

colaboram juntos para tornar digna a vida de pessoas com graves

dificuldades. Obrigado por este sinal de amor que nos ofereceis:

este é o sinal da verdadeira civilização, humana e cristã! Colocar no

centro da atenção social e política as pessoas mais desfavorecidas!

Às vezes, porém, as famílias ficam sozinhas a cuidar de si próprias.

Que fazer? Deste lugar onde se vê o amor concreto, digo a todos:

multipliquemos as obras fundadas na cultura do acolhimento,

obras animadas, sobretudo, por um profundo amor cristão, amor

a Cristo Crucificado, à carne de Cristo, obras em que se unem o

profissionalismo, o trabalho qualificado e justamente remunerado,

e o voluntariado, um tesouro precioso.

Servir com amor e ternura as pessoas que têm muita neces-

sidade de ajuda faz -nos crescer em humanidade, porque elas são

verdadeiros recetáculos de humanidade. S. Francisco era um jovem

miolo_O Amor e Contagioso_v9.indd 26 26/09/16 11:38

Page 20: O AMOR É · sempre na diocese da sua cidade natal. ... O Amor É Contagioso é um convite a uma ... partilha connosco o caminho, ou antes, faz -se

27

O AMOR É CONTAGIOSO

rico, tinha ideais de glória, mas Jesus, na pessoa daquele leproso,

falou -lhe em silêncio, e transformou -o, fê -lo entender aquilo que

presta verdadeiramente na vida: não as riquezas, a força das armas,

a glória terrena, mas a humildade, a misericórdia, o perdão.

Discurso, 4 de outubro de 2013

A IGREJA QUE ACOLHE

Na Igreja, o Deus que encontramos não é um juiz desapiedado,

mas é como o Pai da parábola evangélica. Tu podes ser como o

filho que deixou a sua casa, que tocou o fundo do afastamento

de Deus. Quando tens forças para dizer: quero voltar para casa,

encontrarás a porta aberta, Deus vem ao teu encontro, porque está

sempre à tua espera, Deus espera sempre por ti, Deus abraça -te,

beija -te e faz festa. Assim é o Senhor, assim é a ternura do nosso

Pai celeste.

O Senhor quer que façamos parte de uma Igreja que sabe abrir

os braços para acolher a todos, que não é a casa de poucos, mas de

todos; onde todos podem ser renovados, transformados, santifica-

dos pelo seu amor, os mais fortes e os mais débeis, os pecadores,

os indiferentes, aqueles que se sentem desanimados e perdidos.

A Igreja oferece a todos a possibilidade de percorrerem o caminho

da santidade, que é o caminho do cristão: faz -nos encontrar Jesus

Cristo nos sacramentos, sobretudo na Confissão e na Eucaristia,

comunica -nos a Palavra de Deus, faz -nos viver na caridade, no

amor de Deus para com todos. Interroguemo -nos, então: porven-

tura deixamo -nos santificar? Somos uma Igreja que chama e acolhe

de braços abertos os pecadores, que infunde coragem e esperança,

ou somos uma Igreja fechada em si mesma? Somos uma Igreja em

miolo_O Amor e Contagioso_v9.indd 27 26/09/16 11:38

Page 21: O AMOR É · sempre na diocese da sua cidade natal. ... O Amor É Contagioso é um convite a uma ... partilha connosco o caminho, ou antes, faz -se

28

PAPA FRANCISCO

que se vive o amor de Deus, em que se presta atenção ao outro,

em que rezamos uns pelos outros?

Cada cristão é chamado à santidade, e esta não consiste antes

de mais em fazer coisas extraordinárias, mas em deixar Deus atuar.

É o encontro da nossa debilidade com a força da sua graça, é ter

confiança na sua ação, que nos permite viver na caridade, fazer

tudo com alegria e humildade, para glória de Deus e ao serviço do

próximo.

Audiência geral, 2 de outubro de 2013

ACOLHER O MIGRANTE

Não se pode reduzir o desenvolvimento ao mero crescimento

eco nómico, alcançado, muitas vezes, sem olhar às pessoas mais

débeis e indefesas. O mundo só pode melhorar se a atenção pri-

mordial se dirigir à pessoa, se a promoção da pessoa for integral,

em todas as suas dimensões, inclusive a espiritual; se ninguém

for negligenciado, incluindo os pobres, os doentes, os presos, os

carenciados, os forasteiros (cf. Mateus 25,31 -46); se formos capazes

de passar de uma cultura do descarte para uma cultura do encontro

e do acolhimento.

Trata -se, então, de ver — nós, em primeiro lugar —, e de ajudar

os outros a ver no migrante e no refugiado não só um problema a

enfrentar, mas um irmão e uma irmã a acolher, respeitar e amar,

uma ocasião que a Providência nos dá de contribuirmos para a cons-

trução de uma sociedade mais justa, de uma democracia mais com-

pleta, de um país mais solidário, de um mundo mais fraterno e de

uma comunidade cristã mais aberta, segundo o Evangelho. As mi-

grações podem fazer nascer possibilidades de nova evangelização,

miolo_O Amor e Contagioso_v9.indd 28 26/09/16 11:38

Page 22: O AMOR É · sempre na diocese da sua cidade natal. ... O Amor É Contagioso é um convite a uma ... partilha connosco o caminho, ou antes, faz -se

29

O AMOR É CONTAGIOSO

abrir espaços ao crescimento de uma nova humanidade, prenun-

ciada no mistério pascal: uma humanidade para a qual toda a terra

estrangeira é pátria, e toda a pátria é terra estrangeira.

Caros migrantes e refugiados! Não percais a esperança de que

também para vós esteja reservado um futuro mais seguro, que nos

vossos caminhos possais encontrar uma mão estendida, que vos

seja concedido experimentar a solidariedade fraterna e o calor da

amizade!

Mensagem para a Jornada Mundial do Migrante e do Refugiado, 5 de agosto de 2013

O ACOLHIMENTO CRISTÃO

Os cristãos que pedem nunca devem encontrar portas fechadas.

As igrejas não são escritórios onde se apresentam documentos e

certificados, pedindo para entrar na graça de Deus. Não devemos

instituir o oitavo sacramento, o da alfândega pastoral!

Temos a tentação de nos apoderarmos e apropriarmos do

Senhor. Vejamos, por exemplo, o caso de uma jovem mãe que vai

à igreja da sua paróquia e que pede para batizar o seu filho, ou-

vindo da boca de um cristão ou de uma cristã: «Não, não podes,

tu não és casada.» Vede esta rapariga que teve a coragem de levar

por diante a sua gravidez e de não abortar: que encontra ela? Uma

porta fechada. E assim acontece a muitas. Isto não é um bom zelo

pastoral. Isto afasta do Senhor, não abre as portas. E assim, quando

nós estamos neste caminho, nesta atitude, não fazemos bem às

pessoas, ao povo de Deus. Jesus instituiu sete sacramentos, e nós,

com esta atitude, instituímos o oitavo, o sacramento da alfândega

pastoral.

miolo_O Amor e Contagioso_v9.indd 29 26/09/16 11:38

Page 23: O AMOR É · sempre na diocese da sua cidade natal. ... O Amor É Contagioso é um convite a uma ... partilha connosco o caminho, ou antes, faz -se

30

PAPA FRANCISCO

Jesus fica indignado quando vê estas coisas, afinal quem sofre

com isto? O seu povo fiel, as pessoas que Ele tanto ama. Jesus quer

que todos se aproximem dele. Pensemos no povo santo de Deus,

povo simples, que se quer aproximar de Jesus. E pensemos em

todos os cristãos de boa vontade que erram e que, em vez de abrir

uma porta, a fecham. E peçamos ao Senhor que todos aqueles que

se aproximam da Igreja encontrem as portas abertas para encon-

trar este amor de Jesus.

Meditação matinal na capela da Domus Sanctae Marthae, 25 de maio de 2013

miolo_O Amor e Contagioso_v9.indd 30 26/09/16 11:38

Page 24: O AMOR É · sempre na diocese da sua cidade natal. ... O Amor É Contagioso é um convite a uma ... partilha connosco o caminho, ou antes, faz -se

31

IGUALDADE

Todos nós somos iguais diante do Pai, absolutamente todos!

Discurso, 22 de setembro de 2013

TODOS NÓS SOMOS FILHOS DE DEUS

Como explica S. Paulo, a comunidade não pertence aos

apóstolos, mas são eles — os apóstolos — que pertencem

à comunidade; contudo, a comunidade inteira pertence a

Cristo!

Dessa pertença deriva que, nas comunidades cristãs — dio-

ceses, paróquias, associações, movimentos —, as diferenças não

podem contradizer o facto de todos nós, pelo Batismo, termos

a mesma dignidade: todos nós, em Jesus Cristo, somos filhos de

Deus. É esta a nossa dignidade: em Jesus Cristo, somos filhos

de Deus! Aqueles que receberam um ministério de liderança, de

pregação, de administração dos sacramentos, não se podem con-

siderar proprietários de poderes especiais, patrões, mas colocar-

-se ao serviço da comunidade, ajudando -a a percorrer com alegria

o caminho da santidade.

miolo_O Amor e Contagioso_v9.indd 31 26/09/16 11:38

Page 25: O AMOR É · sempre na diocese da sua cidade natal. ... O Amor É Contagioso é um convite a uma ... partilha connosco o caminho, ou antes, faz -se

32

PAPA FRANCISCO

E de quanta oração precisa um bispo, um cardeal, um padre, para

poderem ajudar o povo de Deus a seguir em frente! Digo «ajudar»,

ou seja, servir o povo de Deus, porque a vocação do bispo, do cardeal

e do papa é, precisamente, esta: serem servidores, servir em nome de

Cristo. Rezai por nós, para que sejamos bons servidores: bons servi-

dores, não bons patrões! Todos juntos, bispos, presbíteros, pessoas

consagradas e fiéis leigos, devemos dar testemunho de uma Igreja

fiel a Cristo, animada pelo desejo de servir os irmãos e disposta a ir,

com coragem profética, ao encontro das expectativas e das necessida-

des espirituais dos homens e das mulheres no nosso tempo.

Angelus, 23 de fevereiro de 2014

A TERRA É DE TODOS

Até os direitos humanos podem ser utilizados como justificação de

uma defesa exacerbada dos direitos individuais ou dos direitos dos

povos mais ricos. Respeitando a independência e a cultura de cada

nação, devemos recordar sempre que o planeta é de e para toda a

humanidade, e que o simples facto de se ter nascido num lugar

com menores recursos ou menos desenvolvido não justifica que al-

gumas pessoas vivam com menor dignidade. Devemos repetir que

os mais favorecidos devem renunciar a alguns dos seus direitos

para pôr os seus bens ao serviço de outros com maior liberalidade.

Para falar de modo apropriado dos nossos direitos, devemos alar-

gar mais o olhar e abrir os ouvidos ao grito de outros povos ou de

outras regiões do nosso país. Temos necessidade de crescer numa

solidariedade que permita a todos os povos chegarem com as suas

forças a ser artífices do seu destino, tal como cada ser humano é

chamado a desenvolver -se.

miolo_O Amor e Contagioso_v9.indd 32 26/09/16 11:38

Page 26: O AMOR É · sempre na diocese da sua cidade natal. ... O Amor É Contagioso é um convite a uma ... partilha connosco o caminho, ou antes, faz -se

33

O AMOR É CONTAGIOSO

Em cada lugar e circunstância, os cristãos, animados pelos seus

Pastores, são chamados a escutar o grito dos pobres.

Evangelii gaudium, n.° 190

DIREITOS DOS NASCITUROS

Os bebés nascituros são os mais indefesos e inocentes de todos

os seres; hoje querem negar[ -lhes] a dignidade humana a fim de

poderem fazer o que querem, tirando -lhes a vida e promovendo

legislações de modo que ninguém lho possa impedir.

A defesa da vida nascente está intimamente ligada à defesa de

qualquer direito humano. Supõe a convicção de que um ser huma-

no é sempre sagrado e inviolável, em qualquer situação e em cada

fase do seu desenvolvimento. Constitui um fim em si mesmo,

e nunca um meio para resolver outras dificuldades. Dissipando -se

essa convicção, já não restam fundamentos sólidos para a defesa

dos direitos humanos, vulneráveis às conveniências dos que de-

têm o poder. A razão é suficiente para reconhecermos o valor in-

violável de cada vida humana, mas, olhando -a também a partir da

fé, cada violação da dignidade pessoal do ser humano grita vingan-

ça diante de Deus e revela -se como ofensa ao Criador do homem.

Evangelii gaudium, n.° 213

SACRALIDADE DO INDIVÍDUO

Para partilharmos a nossa vida com as pessoas e para nos dar-

mos generosamente, também precisamos de reconhecer que cada

miolo_O Amor e Contagioso_v9.indd 33 26/09/16 11:38

Page 27: O AMOR É · sempre na diocese da sua cidade natal. ... O Amor É Contagioso é um convite a uma ... partilha connosco o caminho, ou antes, faz -se

34

PAPA FRANCISCO

pessoa é digna da nossa dedicação. Não pelo seu aspeto físico,

pelas suas capacidades, pela sua linguagem, pela sua mentalida-

de ou pelas satisfações que nos pode proporcionar, mas porque é

obra de Deus, sua criatura. Ele criou -a à sua imagem, e ela reflete

algo da sua glória. Cada ser humano é objeto da ternura infinita

do Senhor, e Ele próprio habita na sua vida. Jesus Cristo deu o seu

sangue precioso na cruz por essa pessoa. Para lá de qualquer apa-

rência, cada um é imensamente sagrado e merece o nosso afeto

e dedicação. Por isso, se eu conseguir ajudar uma única pessoa a

viver melhor, isso já é suficiente para justificar o dom da minha

vida. É maravilhoso sermos o povo fiel de Deus. E alcançamos ple-

nitude quando derrubamos os muros, e o nosso coração se enche

de rostos e de nomes!

Evangelii gaudium, n.° 274

OS PAPÉIS NA IGREJA

Se lermos o capítulo 12 da Primeira Carta de S. Paulo aos Coríntios,

vemos que na Igreja não há grande nem pequeno: cada um tem a

sua função, a sua forma de ajudar o outro, a mão não pode existir

sem a cabeça, e assim sucessivamente. Todos nós somos membros,

e inclusive os vossos meios de comunicação, maiores ou menores,

são membros, harmonizados entre si pela sua vocação de serviço

na Igreja. Ninguém se deve sentir pequeno, demasiado pequeno

em relação a outro demasiado grande. Todos nós somos pequenos

diante de Deus, na humildade cristã, mas todos temos uma fun-

ção. Todos! Como na Igreja… Eu faria esta pergunta: quem é mais

importante na Igreja? O papa ou aquela velhinha que reza todos

os dias o terço pela Igreja? Deus que o diga: eu não o posso dizer.

miolo_O Amor e Contagioso_v9.indd 34 26/09/16 11:38

Page 28: O AMOR É · sempre na diocese da sua cidade natal. ... O Amor É Contagioso é um convite a uma ... partilha connosco o caminho, ou antes, faz -se

35

O AMOR É CONTAGIOSO

Mas cada um tem a sua importância nesta harmonia, porque a

Igreja é a harmonia da diversidade. O corpo de Cristo é essa harmo-

nia da diversidade, e Aquele que faz a harmonia é o Espírito Santo:

Ele é o mais importante de todos.

É preciso procurarmos a unidade e não nos deixarmos levar

pela lógica de que o peixe grande devora o pequeno.

Discurso, 22 de março de 2014

miolo_O Amor e Contagioso_v9.indd 35 26/09/16 11:38

Page 29: O AMOR É · sempre na diocese da sua cidade natal. ... O Amor É Contagioso é um convite a uma ... partilha connosco o caminho, ou antes, faz -se

36

PARTILHA

Ninguém se pode sentir isento da partilha com os pobres e da justiça social.

Publicado através da rede social Twitter, 26 de abril de 2014

AO SERVIÇO DO PRÓXIMO

Não se pode servir dois senhores: Deus e a riqueza. Deve-

mos prestar atenção a isto! Enquanto houver ganância e

cada um pensar apenas no seu próprio umbigo, nunca

haverá justiça no mundo. Se, pelo contrário, confiando na Provi-

dência de Deus, procurarmos juntos o seu Reino, então a ninguém

faltará o necessário para viver dignamente.

Um coração ocupado com a cobiça de possuir é um coração

cheio dessa cobiça, mas vazio de Deus. Por isso Jesus advertia vá-

rias vezes os ricos, porque, para eles, é forte o risco de colocar a pró-

pria segurança nos bens deste mundo; e a segurança, a segurança

definitiva, está em Deus.

Num coração possuído pelas riquezas, já não há muito espaço

para a fé: está completamente ocupado pelas riquezas, não há lugar

miolo_O Amor e Contagioso_v9.indd 36 26/09/16 11:38

Page 30: O AMOR É · sempre na diocese da sua cidade natal. ... O Amor É Contagioso é um convite a uma ... partilha connosco o caminho, ou antes, faz -se

37

O AMOR É CONTAGIOSO

para a fé. Se, pelo contrário, se dá a Deus o lugar que lhe compete,

ou seja, o primeiro lugar, então o seu amor leva -nos a partilhar in-

clusive as riquezas, a colocá -las ao serviço de projetos de solidarie-

dade e de desenvolvimento, como o demonstram tantos exemplos,

alguns deles recentes, da história da Igreja. E, assim, a providência

de Deus passa pelo nosso serviço aos outros, pela nossa partilha

com os outros. Se cada um de nós não acumula riquezas só para

si, mas as coloca ao serviço dos outros, nesse caso a Providência de

Deus torna -se visível nesse gesto de solidariedade. Se, pelo contrá-

rio, alguém acumula apenas para si, que lhe sucederá quando for

chamado por Deus? Não poderá levar as riquezas consigo, porque

— como sabeis — a mortalha não tem bolsos! É melhor partilhar,

porque nós só levamos para o Céu aquilo que tivermos partilhado

com os outros.

Angelus, 2 de março de 2014

A RIQUEZA DA PARTILHA

Nenhum esforço de «pacificação» será duradouro, não haverá

harmonia e felicidade para uma sociedade que ignora, que mar-

ginaliza e que abandona na periferia uma parte de si mesma.

Uma sociedade assim empobrece -se, pura e simplesmente, a si

mesma, ou antes, perde algo essencial para si própria. Não per-

mitamos, não deixemos entrar no nosso coração a cultura do des-

carte! Porque, afinal, nós somos irmãos. Ninguém é descartável.

Recor demo -lo sempre: só quando somos capazes de partilhar

nos enriquecemos de verdade; tudo o que se partilha, multiplica-

-se! Pensemos na multiplicação dos pães concretizada por Jesus!

A medida da grandeza de uma sociedade é dada pelo modo como

miolo_O Amor e Contagioso_v9.indd 37 26/09/16 11:38

Page 31: O AMOR É · sempre na diocese da sua cidade natal. ... O Amor É Contagioso é um convite a uma ... partilha connosco o caminho, ou antes, faz -se

38

PAPA FRANCISCO

esta trata quem é mais necessitado, quem não tem mais nada

além da sua pobreza!

Discurso no Rio de Janeiro por ocasião da XXVIII Jornada Mundial da Juventude, 25 de julho de 2013

OS DONS DO SENHOR

A parábola dos talentos faz -nos refletir sobre a relação entre a for-

ma como empregamos os dons recebidos de Deus e o regresso dele,

em que nos perguntará como os utilizámos (cf. Mateus 25, 14 -30).

Conhecemos bem a parábola: antes da partida, o Senhor entrega

a cada servo alguns talentos, para que sejam bem utilizados durante a

sua ausência. Ao primeiro, entrega cinco talentos, ao segundo, dois,

e ao terceiro, um. Enquanto o Senhor está fora, os dois primeiros

servos multiplicam os seus talentos — que são moedas antigas —,

enquanto o terceiro prefere enterrar o seu e entregá -lo, intacto,

ao Senhor. Ao regressar, o Senhor julga o que fizeram: louva os dois

primeiros, enquanto o terceiro é lançado nas trevas, porque mante-

ve o talento escondido por medo, fechando -se em si mesmo.

Um cristão que se fecha em si mesmo, que esconde tudo aqui-

lo que o Senhor lhe deu, é um cristão… bem, não é cristão! É um

cristão que não agradece a Deus tudo aquilo que Ele lhe deu! Isto

diz -nos que a espera pelo regresso do Senhor é um tempo da ação

— nós estamos no tempo da ação —, o tempo em que devemos

pôr a render os dons de Deus não para nós mesmos, mas para Ele,

para a Igreja, para os outros, o tempo de procurar sempre fazer

crescer o bem no mundo. E em particular neste tempo de crise,

hoje, é importante não nos fecharmos em nós mesmos, enterran-

do o nosso talento, as nossas riquezas espirituais, intelectuais,

miolo_O Amor e Contagioso_v9.indd 38 26/09/16 11:38

Page 32: O AMOR É · sempre na diocese da sua cidade natal. ... O Amor É Contagioso é um convite a uma ... partilha connosco o caminho, ou antes, faz -se

39

O AMOR É CONTAGIOSO

materiais e tudo aquilo que o Senhor nos deu, mas abrirmo -nos,

sermos solidários, estarmos atentos ao outro.

A vida não nos é dada para a conservamos ciosamente para nós

mesmos, mas para que a dêmos.

Audiência geral, 24 de abril de 2013

PARTILHAR COM OS IRMÃOS

Se todos nós formos egoístas, poderemos viver em comunhão e em

paz? Não. Por isso é necessário o amor que nos une. O mais pequeno

dos nossos gestos de amor tem efeitos benéficos para todos! Portanto,

viver a unidade na Igreja e a comunhão da caridade significa não pro-

curar o próprio interesse, mas partilhar os sofrimentos e as alegrias

dos irmãos (cf. 1 Coríntios 12, 26), dispostos a levar os fardos dos mais

débeis e dos mais pobres. Esta solidariedade fraterna não é uma fi-

gura de retórica, uma maneira de dizer, mas faz parte integrante da

comunhão entre os cristãos. Se a vivemos, somos no mundo o sinal

e «sacramento» do amor de Deus. Somo -lo uns para os outros e tam-

bém o somos para todos! Não se trata apenas daquela caridade insig-

nificante que podemos oferecer uns aos outros, trata -se de algo mais

profundo: é uma comunhão que nos torna capazes de entrar na ale-

gria e na dor alheia para as assumirmos sinceramente como nossas.

E muitas vezes estamos demasiado áridos, indiferentes, desli-

gados e, em vez de transmitirmos fraternidade, transmitimos mau

humor, frieza, egoísmo. E, com mau humor, frieza, egoísmo, não

se pode fazer crescer a Igreja; a Igreja só cresce com o amor que

vem do Espírito Santo.

Audiência geral, 6 de novembro de 2013

miolo_O Amor e Contagioso_v9.indd 39 26/09/16 11:38

Page 33: O AMOR É · sempre na diocese da sua cidade natal. ... O Amor É Contagioso é um convite a uma ... partilha connosco o caminho, ou antes, faz -se

40

PAPA FRANCISCO

A SANTA MISSA

Na Eucaristia, Cristo realiza sempre de novo o dom de si que consu-

mou na Cruz. Toda a sua vida é um ato de partilha total de si próprio

por amor; por isso gostava tanto de estar com os discípulos e com as

pessoas que ia conhecendo. Isso significava para Ele partilhar os seus

desejos, os seus problemas, aquilo que perturbava a sua alma e a sua

vida. Ora nós, quando participamos na Santa Missa, encontramo -nos

com homens e mulheres de todos os tipos: jovens, idosos, crianças;

pobres e pessoas abastadas; habitantes locais e forasteiros; pessoas

sozinhas ou acompanhadas por familiares… A Eucaristia que eu

celebro, porém, leva -me a ouvi -los a todos, de verdade, como irmãos

e irmãs? Faz crescer em mim a capacidade de me alegrar com quem

se alegra e de chorar com quem chora? Leva -me a ir ao encontro dos

pobres, dos doentes, dos marginalizados? Ajuda -me a reconhecer ne-

les o rosto de Jesus? Todos nós vamos à Missa porque amamos Jesus

e queremos partilhar, na Eucaristia, a sua paixão e ressurreição. Mas

será que amamos como Jesus quer aqueles irmãos e aquelas irmãs

mais necessitados? Por exemplo, em Roma, nestes dias, temos visto

tantos problemas sociais provocados pela chuva, que causou tantos

estragos em bairros inteiros, ou pela falta de trabalho, consequência

da crise económica mundial. Interrogo -me, e cada um de nós deve

interrogar -se: como vivo isto, eu, que vou à Missa? Preocupo -me em

ajudar, em aproximar -me, em rezar por aqueles que têm este pro-

blema? Ou sou um pouco indiferente? Ou preocupo -me antes com

mexericos: «Viste como aquela está vestida, ou como aquele está

vestido?» Às vezes faz -se isto, depois da Missa, e não se deve fazer!

Devemos preocupar -nos com os nossos irmãos e irmãs que têm ne-

cessidades por causa de uma doença, de um problema.

Audiência geral, 12 de fevereiro de 2014

miolo_O Amor e Contagioso_v9.indd 40 26/09/16 11:38

Page 34: O AMOR É · sempre na diocese da sua cidade natal. ... O Amor É Contagioso é um convite a uma ... partilha connosco o caminho, ou antes, faz -se

41

O AMOR É CONTAGIOSO

A PIEDADE

Se o dom da piedade nos faz crescer na relação e na comunhão

com Deus e nos leva a viver como seus filhos, ao mesmo tem-

po ajuda -nos a derramar esse amor também sobre os outros e a

reconhecê -los como irmãos. E então, seremos movidos por senti-

mentos de piedade — não de pietismo! — para com aqueles que

estão ao nosso lado e com quem nos encontramos em cada dia.

Porque digo não de pietismo? Porque alguns pensam que ter pieda-

de é fechar os olhos, fazer cara de santinho, fingindo ser um santo.

Em piemontês costumamos dizer: «mugna quacia», cara de águas

paradas. Isso não é o dom da piedade. O dom da piedade signifi-

ca sermos verdadeiramente capazes de nos alegrarmos com quem

está alegre, de chorar com quem chora, de estar perto de quem está

sozinho ou angustiado, de corrigir quem está no erro, de consolar

quem está aflito, de acolher e socorrer quem precisa. Há uma rela-

ção muito íntima entre o dom da piedade e a mansidão. O dom da

piedade, que o Espírito Santo nos dá, faz -nos mansos, tranquilos,

pacientes, em paz com Deus, ao serviço dos outros, com mansidão.

Audiência geral, 4 de junho de 2014

miolo_O Amor e Contagioso_v9.indd 41 26/09/16 11:38

Page 35: O AMOR É · sempre na diocese da sua cidade natal. ... O Amor É Contagioso é um convite a uma ... partilha connosco o caminho, ou antes, faz -se

ÍNDICE

PRIMEIRA PARTE

A JUSTIÇA DO HOMEM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .9

SOLIDARIEDADE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

A cultura da solidariedade. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

O valor da solidariedade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .12

Solidariedade e partilha. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13

A solidariedade gera justiça . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .14

Ninguém é exonerado da solidariedade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15

Fraternidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .16

DIGNIDADE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .18

A cultura da vida . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .18

A dignidade humana constitui a base da sociedade. . . . . . . . . . . .19

A dignidade do trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20

Trabalho e desemprego . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .21

Dignidade e justiça. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22

ACOLHIMENTO. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24

Acolher e servir. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24

Os conventos, lugares de acolhimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .25

A cultura do descarte e do acolhimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26

A Igreja que acolhe . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .27

Acolher o migrante . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28

O acolhimento cristão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29

miolo_O Amor e Contagioso_v9.indd 213 26/09/16 11:38

Page 36: O AMOR É · sempre na diocese da sua cidade natal. ... O Amor É Contagioso é um convite a uma ... partilha connosco o caminho, ou antes, faz -se

IGUALDADE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31

Todos nós somos filhos de Deus . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31

A terra é de todos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .32

Direitos dos nascituros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .33

Sacralidade do indivíduo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .33

Os papéis na Igreja. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .34

PARTILHA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .36

Ao serviço do próximo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .36

A riqueza da partilha. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .37

Os dons do Senhor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .38

Partilhar com os irmãos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .39

A Santa Missa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40

A piedade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .41

ENCONTRO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42

A cultura do encontro. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42

Contra a intolerância. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .43

O encontro com Deus . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44

O encontro com Jesus . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .45

Os meios de comunicação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46

O diálogo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47

UNIDADE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49

Cristãos e Hebreus . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49

Unidade da Igreja . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50

A harmonia na Igreja . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51

Unidos na fé . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .52

Unidade e diversidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53

POLÍTICA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55

Política e bem comum . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55

A missão dos políticos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .56

O apoio da Igreja . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .57

A política é um dever . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .58

Reabilitar a política. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .59

miolo_O Amor e Contagioso_v9.indd 214 26/09/16 11:38

Page 37: O AMOR É · sempre na diocese da sua cidade natal. ... O Amor É Contagioso é um convite a uma ... partilha connosco o caminho, ou antes, faz -se

O desafio da diplomacia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60

Centralidade do homem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .61

CRISTÃOS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62

O empenho do cristão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62

A cultura cristã . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .63

A união dos cristãos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64

O caráter concreto do amor cristão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .65

O zelo do cristão. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66

A justiça dos cristãos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67

SEGUNDA PARTE

AS INJUSTIÇAS DO MUNDO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69

POBREZA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .71

A cultura do desperdício. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .71

O escândalo da fome. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .72

O ensinamento da pobreza. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74

Para eliminar a injustiça. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74

O grito da pobreza . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .75

O caminho da pobreza. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76

Combater a pobreza. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .77

INDIFERENÇA. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79

A globalização da indiferença . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79

O hábito do sofrimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80

Contra a guerra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .81

A tentação da indiferença . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82

Exame de consciência. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .83

A indiferença dos cristãos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84

O choro das crianças . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .85

A justiça é uma responsabilidade humana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86

MARGINALIZAÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88

Crianças e idosos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88

Combater a exclusão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89

miolo_O Amor e Contagioso_v9.indd 215 26/09/16 11:38

Page 38: O AMOR É · sempre na diocese da sua cidade natal. ... O Amor É Contagioso é um convite a uma ... partilha connosco o caminho, ou antes, faz -se

A mentalidade do «descarte» . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90

A privação do amor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90

Antissemitismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .91

Ciganos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92

CORRUPÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94

Pecadores e corruptos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94

O pão sujo da corrupção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .95

A dupla vida dos corruptos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 96

Os cristãos corruptos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97

A linguagem da corrupção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 98

As fissuras da corrupção. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99

DINHEIRO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .101

Ou Deus, ou o dinheiro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .101

A ditadura da economia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 102

O rico sem nome . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103

A superação do interesse individual . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104

A cultura do bem -estar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105

Riqueza e futuro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 106

VIOLÊNCIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 108

A injustiça provoca violência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 108

A violência em África . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109

O diálogo contra a violência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .110

O renascimento de Caim . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 111

Guerra e economia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .112

A falsa paz do mundo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 113

O espírito da guerra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .114

A violência das palavras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 115

O drama da guerra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .116

MIGRAÇÕES. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .118

Pobreza e migrações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .118

As migrações forçadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .119

A Igreja e os refugiados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 120

miolo_O Amor e Contagioso_v9.indd 216 26/09/16 11:38

Page 39: O AMOR É · sempre na diocese da sua cidade natal. ... O Amor É Contagioso é um convite a uma ... partilha connosco o caminho, ou antes, faz -se

Um mundo melhor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .121

O tráfico de seres humanos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 122

A tragédia de Lampedusa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 124

Migrações em massa. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .125

PERSEGUIÇÕES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .127

A rejeição da vida dupla . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .127

O ecumenismo do sofrimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 128

Liberdade religiosa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 129

Os cristãos perseguidos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 130

Apelo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 131

Diálogo e tolerância . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .132

TERCEIRA PARTE

A JUSTIÇA DE DEUS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .135

AMOR. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .137

A certeza do amor de Deus. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .137

Caridade para com o próximo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .138

O dinamismo do amor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 139

A gratuidade do amor. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 140

A lei do amor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .141

O sinal do amor de Deus . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 142

PAZ. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 144

Não existe paz sem justiça . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 144

Pela paz na Síria. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .145

Da justiça nasce a paz. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 146

A paz de Cristo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 147

Instrumentos de paz . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 148

O diálogo cria a paz . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 148

Paz, armas, migrações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 149

Olhar para a cruz . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 150

Shalom, paz, salam!. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 151

miolo_O Amor e Contagioso_v9.indd 217 26/09/16 11:38

Page 40: O AMOR É · sempre na diocese da sua cidade natal. ... O Amor É Contagioso é um convite a uma ... partilha connosco o caminho, ou antes, faz -se

PERDÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .153

Deus nunca se cansa de nos perdoar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .153

O dom do perdão. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .154

O Senhor esquece . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 155

A confissão e o perdão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .156

A vergonha de pedir perdão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .157

MISERICÓRDIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .159

A misericórdia é vida . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .159

A misericórdia na Bíblia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 160

A carícia da Igreja . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .161

A misericórdia da Igreja . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 162

A misericórdia em defesa dos direitos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 163

Deus não pede nada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 164

ESPERANÇA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .165

A esperança no Reino de Deus . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .165

O dom da esperança . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 166

Esperança e pobreza . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 167

Os jovens e o futuro. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 168

A esperança na mudança . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 169

Semear a esperança . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 169

ALEGRIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .171

A alegria do encontro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .171

A alegria completa de Jesus . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .172

Partilhar a alegria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .173

A alegria do cristão. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 174

A alegria na família . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .175

Alegria profunda e alegria mundana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .175

FÉ. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .177

Fé e justiça . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .177

A revolução da fé . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .178

Fé e caridade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 179

O caráter concreto da fé . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 180

miolo_O Amor e Contagioso_v9.indd 218 26/09/16 11:38

Page 41: O AMOR É · sempre na diocese da sua cidade natal. ... O Amor É Contagioso é um convite a uma ... partilha connosco o caminho, ou antes, faz -se

A fé de Maria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .181

Dar testemunho da fé. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 182

Fé para partilhar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .183

JESUS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .185

Fazer como Jesus . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .185

A rejeição dos preconceitos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 186

No seguimento de Jesus . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .187

A cruz . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 188

O convite de Jesus. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 188

Jesus connosco . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 189

Jesus e a dor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 190

Jesus e o serviço . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .191

O caminho mostrado por Jesus . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 192

BÍBLIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 194

A viúva que suplica ao juiz . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 194

As Escrituras indicam o caminho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .195

O bom samaritano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 196

O exemplo de Zaqueu . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 197

Tomé e as chagas de Jesus. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 198

A força da Palavra de Deus . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 199

As Bem -Aventuranças . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 200

O cumprimento da Lei . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 201

IGREJA. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 203

O empenho da Igreja em prol da justiça . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 203

A Igreja contra a pobreza . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 204

A missão da Igreja . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 205

Não a uma Igreja fechada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 206

A Igreja portadora de esperança . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 207

Os consagrados. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 208

O papel da Igreja . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 209

Uma Igreja que surpreende . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 210

miolo_O Amor e Contagioso_v9.indd 219 26/09/16 11:38

Page 42: O AMOR É · sempre na diocese da sua cidade natal. ... O Amor É Contagioso é um convite a uma ... partilha connosco o caminho, ou antes, faz -se

O primeiro Papa de origem latino-americana nasceu em Buenos Aires, na Argentina, a 17 de dezembro de 1936. Filho de imigrantes italianos, que lhe deram o nome de Jorge Mario Bergoglio, ingressou no noviciado da Companhia de Jesus em 1958, tendo-se ordenado em 1969. Tornou-se bispo auxiliar em 1992 e arcebispo em 1998, sempre na diocese da sua cidade natal.

Proclamado cardeal pelo Papa João Paulo II no consistório de 2001, participou no conclave que elegeu Bento XVI como Sumo Pontífice. Após a renúncia deste, foi eleito seu sucessor, a 13 de março de 2013. O novo Papa tomou o nome de Francisco e assumiu desde logo um novo com-promisso de fé e de renovação social, com uma Igreja mais humilde.

PAPA FRANCISCOJORGE BERGOGLIO

O AMOR ÉCONTAGIOSO

PAPA FRANCISCOO EVANGELHO DA JUSTIÇA

Todos nós somos iguais diante do Pai,absolutamente todos!

Religião

I S B N 9 7 8 - 9 8 9 - 8 8 4 9 - 4 3 - 4

9 789898 849434

O Amor É Contagioso é um convite a uma meditação profunda sobre os temas mais

prementes da sociedade atual.

Nas palavras do Papa Francisco, cada um dos nossos atos tem uma consequência, e até o mais pequeno vestígio de injustiça e de maldade pode ser uma ameaça para o mundo.

Os insistentes apelos do Papa em defesa da dignidade e dos direitos humanos são o principal tema dos ensinamentos reunidos neste livro.

Não basta evitar a injustiça, se não se promove a justiça.

Com palavras genuínas de alerta, Sua Santidade ensina-nos a sermos misericordiosos, como Jesus foi quando perdoou aqueles que o crucificaram, e a recusarmos a justiça do «olho por olho, dente por dente».

Ser cristão é viver e testemunhar a fé mediante a oração,as obras de caridade, a promoção da justiça, a prática do bem.

Este é um evangelho de amor e de justiça que iluminará o leitor nas suas escolhas e ações

ao longo da vida.

«O negativismo é contagioso, mas também o positivismo o é; o desespero é contagioso,

mas também a alegria o é:não sigais pessoas negativas, continuai,

antes, a irradiar luz e esperança à vossa volta! E sabei que a esperança não engana,

nunca engana!»

«Qual a origemda multiplicação dos pães?

A resposta está no convite feito por Jesus aos discípulos: “Dai-lhes vós mesmos…”, “dar”,

partilhar. Que partilham os discípulos?O pouco que têm: cinco pães e dois peixes.

Mas são precisamente esses pães e esses peixes que, nas mãos do Senhor, matam

a fome a toda a multidão.»

«Não é a cultura do egoísmo e do individualismo, que muitas vezes regula

a nossa sociedade, aquela que constrói e que conduz a um mundo mais habitável; mas antes a cultura da solidariedade

e a capacidade de ver no outro, não um concorrente ou um número, mas um irmão.

E todos somos irmãos!»

15 mm