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1 LABORATÓRIO DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL EM TÉCNICAS LABORATORIAIS EM SAÚDE (LATEC) ESCOLA POLITÉCNICA DE SAÚDE JOAQUIM VENÂNCIO FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ Carolina Tomari Capetti Porto Cintia de Aguiar Soares Luana Maria de Matos Calzavara Patrícia da Silva Lima Moreira Simone Freitas Nepomuceno Campos O ANIMAL DE LABORATÓRIO Trabalho da disciplina de Animais de Laboratório Professora: Etelcia Molinaro 1° ano do curso de Análises Clínicas Rio de Janeiro 2010

O Animal de Laboratório - Serpentes

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LABORATÓRIO DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL EM TÉCNICAS

LABORATORIAIS EM SAÚDE (LATEC)

ESCOLA POLITÉCNICA DE SAÚDE JOAQUIM VENÂNCIO

FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ

Carolina Tomari Capetti Porto

Cintia de Aguiar Soares

Luana Maria de Matos Calzavara

Patrícia da Silva Lima Moreira

Simone Freitas Nepomuceno Campos

O ANIMAL DE LABORATÓRIO

Trabalho da disciplina de Animais de Laboratório

Professora: Etelcia Molinaro

1° ano do curso de Análises Clínicas

Rio de Janeiro

2010

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO............................................................................................................3

1.1 O BIOTÉRIO............................................................................................................3

1.1.1 Tipos de Biotério e suas Características Físicas....................................................4

1.1.2 Animais mais Utilizados........................................................................................6

2 DESENVOLVIMENTO...............................................................................................7

2.1 SERPENTES...............................................................................................................7

2.1.1 Características...........................................................................................................8

2.1.2 Espécies de Serpentes Peçonhentas no Brasil........................................................10

2.1.3 Modelos de Serpentários........................................................................................13

2.1.4 Importância das Serpentes......................................................................................14

3 CONCLUSÃO.............................................................................................................15

REFERÊNCIAS.............................................................................................................16

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1 INTRODUÇÃO

1.1 O BIOTÉRIO

Biotério: “s. m. Bras. Local em que se mantêm animais vivos para estudos de

laboratório”.

Biotérios são também conhecidos como „casa da vida‟, isso porque este abriga vidas,

pertencentes aos animais de laboratório ou mesmo modelos experimentais. Assim como

todo e qualquer laboratório, um biotério deve seguir as normas de Biossegurança, que se

adéquam de acordo com fatores como o nível de cada um deles, as boas práticas das

especificidades das criações, além é claro de garantir a segurança não só do animal

como também do ser humano, uma vez que há presença de zoonoses.

É claro que a importância desses meios não se limita às suas considerações, mas sim ao

que estes proporcionam afinal sem eles não seria possível criar adequadamente de

acordo com o âmbito das pesquisas um tipo de „fauna originalmente silvestre‟. Esses

animais dão passe ao homem praticar e dissertar sobre várias experimentações que são

ilegais em seres humanos, além de inviáveis.

Evidentemente, quando se trabalha com pesquisas tudo deve ser muito bem controlado,

organizado e acordado perante o uso dos animais, este é o papel das Comissões de Ética

no Uso de Animais (CEUAs), tudo isso diante de protocolos internacionais que

garantam o conforto dos modelos. Membros como este brigam principalmente pela

conscientização de que assim como nós seres humanos, os animais são dotados de

vontades, hábitos, entre outros que precisam ser considerados.

As CEUAs existem e são obrigatórias em quaisquer unidades de pesquisa que utilizam

animais de laboratório para experimentação. Isso graças à Lei Arouca:

LEI SOBRE O USO DE ANIMAIS EM PESQUISAS (LEI AROUCA)

Lei N° 11.794, de 08 de Outubro de 2008

Regula o uso de animais em pesquisas científicas.

Esta Lei está regulamentada pelo Decreto N.6899, de 15 de julho de 2009.

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1.1.1 Tipos de Biotério e suas Características Físicas

Existem dois tipos de biotérios os de criação e os de experimentação. As divergências

entre eles são que enquanto os biotérios de criação se destinam ao processo pré-pesquisa,

como reprodução, manuseio, os biotérios de experimentação são responsáveis pela

pesquisa em si, ou seja, a realização do experimento.

Lembrando que há essas duas diretrizes distintas, para a construção de um biotério no

planejamento deste devem-se adotar medidas que atendam a todas as particularidades

como a espécie do animal, a facilidade do trabalho, os riscos de contaminação.

Há também instalações obrigatórias, como os sistemas de ventilação e processos

contínuos como o de limpeza do ambiente.

Os utensílios obrigatórios conhecidos por “barreiras sanitárias ou de contenção”,

equivalem a tudo o que for utilizado para esterilização, desinfecção e boas práticas de

acordo com quantidade e manejo dos animais, entre outros fatores. Elas são

responsáveis pelo domínio das áreas de criação de tal maneira que nada que não-

periódico possa danificar os resultados da pesquisa.

São exemplos:

Autoclave: Seu método de esterilização consiste em aquecer os materiais

e insumos sob pressão, é um dos mais utilizados e confiáveis.

Estufa de óxido de etileno: Atua com aqueles equipamentos que não

podem ir à autoclave, pois oxida as proteínas dos seres presentes nos

materiais através do gás de óxido de etileno.

Isoladores: Os isoladores geralmente atuam após o processo de

desinfecção, pois têm por intuito afastar ou eliminar microrganismos

daquilo que comporta, as gaiolas. Podem variar bastante de acordo com

aquilo que ao longo do tempo tornam – se imprescindíveis.

Microisolador: São gaiolas dotadas de tampas com filtros próprias para

pequenos animais para assim como os isoladores preservar os estado

límpido destes.

Módulo para microisoladores: São vantajosos para conter aerossóis e

alérgenos, apresentando – se em dois tipos, sendo um deles sem filtro w

o fluxo de ar circula por todo o ambiente de dentro do módulo e o outro

as gaiolas têm filtros e válvulas responsáveis pela conexão individual do

ar.

É importante lembrar que há três subclasses de contenção, a própria contenção, que

cuida do controle da qualidade e segurança do trabalho, a contenção primária, que se

atem mais pelas técnicas, equipamentos de proteção dentro o laboratório a contenção

secundária, que por sua vez é mais relacionada ao prédio e métodos.

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Assim como nos laboratórios, os níveis se segurança crescem de um até quatro de

acordo com quão difícil será o processo de para proteger determinado organismo de

acordo com microrganismo de maior risco.

Recomendações de biossegurança para atividades com vertebrados:

(MOLINARO, Etelcia Molinaro; MAJEROWICZ, Joel; COUTO, Sebastião Enes R.; BORGES,

Cleide Cristina Apolinário; MOREIRA, Wildeberg Cal; Ramos, Simone. Animais de

Laboratório. In: Conceitos e métodos para a formação de profissionais em laboratórios de

saúde: Volume 1. Cap. 4. p. 167.)

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1.1.2 Animais mais Utilizados

Os animais de laboratório são muito distintos daqueles animais utilizados há séculos

atrás, pois devido à seleção genética e convivência com o homem, tornaram-se animais

de fácil manipulação.

Tendo em vista a importância de um modelo animal para a pesquisa, o quanto este

proporciona melhorias de vida não só para o ser humano, mas também para os demais

seres vivos, combatendo doenças e aquilo que é desconhecido. Como lidar com esses

animais adequadamente é muito importante, para isso temos alguns dados.

Há várias espécies de animais que podem vir a ser usados na pesquisa biomédica, porém

algumas apresentam reações mais adequadas àquilo que se espera, algumas se

reproduzem muito e facilmente, algumas são mais fáceis de manusear, por isso é muito

importante que saibamos qual delas usar. Citando alguns e certas características

favoráveis:

Camundongos – Reproduzem-se rapidamente, são pequenos,

prolíferos, são fáceis de domesticar e manter, é o mais utilizado nas

pesquisas, e depois de cerca de vinte gerações de acasalamentos

consangüíneos sucessivos entre irmãos e irmãs, criaram-se as

linhagens isogênicas dos camundongos.

Ratos – São dóceis e fáceis de manusear além de se assemelharem

muito com os outros animais que possuem apenas um estômago.

Hamsters – São um pouco mais restritivos que os demais, devido à

sua época de hibernação e necessitam de mais cuidado, pois têm

tendências à obesidade.

Cobaias – Animais bastante sutis, acanhados, sociais, e de fácil

manuseio.

Coelhos – Reproduzem-se rapidamente, apresentam comportamento

sutil, apenas quando o contém de maneira inadequada.

Primatas não-humanos – De acordo com a classificação taxonômica

são os mais próximos do homem, não são tão usados quanto os

demais, porém admitem resultados muito mais exatos do que

qualquer outro animal.

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2 DESENVOLVIMENTO

2.1 SERPENTES

As serpentes estão classificadas no Reino Animalia, Filo Chordata, Classe Reptilia,

Ordem Squamata e Subordem Ophidia existindo diversas famílias.

Elas são animais que despertam interesse devido à capacidade de causar graves

acidentes. Para estudar a natureza desses ofídios, é necessário um estudo sobre

a biologia geral desses ofídios. Os animais desse grupo que podem inocular

veneno através das presas são chamados de peçonhentos. Em relação à dentição,

as serpentes são classificadas em quatro grupos, áglifa, opistóglifa, proteróglifa

e solenóglifa. As características desses grupos serão apresentadas a seguir:

1- áglifa é a dentição que, não possui presas, ou seja, dentes especializados na

inoculação de saliva tóxica ou veneno. A glândula supralabial apenas produz

uma substância destinada a lubrificar o alimento. Nesta categoria distinguem-se

variadas condições, como homodonte (todos os dentes iguais) e heterodonte

(alguns dentes alongados).

2- opistóglifa, com um ou mais dentes modificados na porção posterior da

maxila. Estas presas possuem sulcos, por onde escorre o produto da glândula de

Duvernoy especializada na secreção de substâncias ativas, a glândula.

3- proteróglifa, onde presas anteriores, no maxilar, na maioria das vezes com o

canal venenoso não fechado completamente, estão conectadas com a glândula

venenosa.

4- solenóglifa, uma condição muito especializada, onde os dentes que inoculam

o veneno são extremamente grandes e ocos. Em repouso, permanecem paralelos

à maxila, e no momento de ataque giram 90°.

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2.1.1 Características

Morfologia

As serpentes apresentam as seguintes características externas em comum:

escamas córneas, pálpebras fixas, elasticidade bucal, troca periódica de pele

(ecdise), ausência de ouvido externo e de membros locomotores.

As serpentes terrestres apresentam características corporais variadas; as

arborícolas apresentam corpo delgado, cauda longa e olhos grandes; as

aquáticas, olhos e narinas próximas à extremidade da cabeça; e as

subterrâneas apresentam olhos pequenos e cauda de tamanho curto.

Alimentação

Com relação à alimentação, as serpentes são carnívoras, alimentando-se de

invertebrados como as minhocas ou artrópodes, mas na maioria dos casos elas ingerem

vertebrados, tais como peixes, anfíbios (sapos, rãs, pererecas), outros répteis (pequenos

lagartos e outras serpentes), aves, mamíferos e roedores, principalmente ratos.

Algumas espécies matam suas presas pôr compressão e sufocação, enquanto

outras espécies usam o veneno de um modo muito eficiente para conter suas

presas relativamente perigosas

Após a captura do alimento, começam a deglutir o alimento pausadamente, pois

sua dentição não está adaptada para triturar ou remover pedaços. A ingestão do

alimento é pausada, de tempos em tempos, para que possa respirar.

Veneno

O veneno produzido pelas serpentes é formado por componentes distintos,

sendo constituído principalmente por enzimas. Também são encontrados

carboidratos, lipídios, metais, entre outros. Alguns componentes do veneno das

serpentes: (a) enzimas proteolíticas, digerem proteínas de tecidos e peptídeos;

(b) hialuronídase reduzem a viscosidade dos tecidos conjuntivos, aumentando a

permeabilidade, e assim, acelerando a entrada dos outros componentes do

veneno; (c) L-amino ácido oxidase, atacam boa parte dos substratos, causando

ampla destruição tecidual; (d) polipeptídeos básicos, bloqueiam da transmissão

neuromuscular; (e) colinesterase, tem ação desconhecida; (f) fosfolipase, ataca

as membranas celulares; (g) fosfatases, atacam compostos de fosfato de energia

como ATP. O veneno tem a cor leitosa, branca ou amarela. Uma serpente em

em perfeito estado de saúde apresenta o seu veneno leitoso. A maioria das

espécies Bothrops tem veneno amarelo e as Crotalus, branco, mas o veneno das

cascavéis pode variar de acordo com sua naturalidade.

Possui aroma azedo devido ao baixo pH podendo ter também cheiro de vitamina

B quando esta está presente, geralmente em venenos muito amarelos. O veneno

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pode ser colhido da serpente viva ou desfalecida, sendo que, na segunda opção,

o perigo é menor para o indivíduo que está realizando a coleta, usando-se

bióxido de carbono ou gelo seco. Após a extração, o ofídio pode se r revigorado

com ventilador, secador de cabelo. Ele é cristalizado a vácuo ou liofilizado para

a produção do soro ou para estudo. Deve ser conservado em refrigerador, de

preferência freezer, para conservar todas as suas propriedades (Oscar Hampe,

UFRGS).

Reprodução

No período do acasalamento, as fêmeas liberam os feromônios,que são

substâncias químicas para atrair os machos. O acasalamento é iniciado com a

entrada do hemipênis na cloaca da fêmea. O hemipênis possui espinhos

calcários, mantendo macho e fêmea unidos durante a cópula.

Após a cópula, é importante ressaltar que existem dois tipos de reprodução em

serpentes: as ovíparas que depositam os ovos em lugares abrigados do sol e os

abandonam em seguida; e as vivíparas que geram seus filhotes no interior do corpo da

fêmea e após o nascimento os filhotes também se dispersam, abandonando a mãe e os

irmãos. Não existe cuidado parental, ou qualquer tipo de relacionamento social entre

serpentes.

Locomoção

As serpentes podem apresentar três tipos de movimentos (retilíneo, ondulatório

horizontal e sinuoso lateral). No movimento retilíneo a serpente se arrasta em

linha reta. Este tipo de locomoção é utilizado principalmente por serpentes de

corpo grande e pesado como a Jibóia. No movimento ondulatório horizontal, a

serpente se movimenta em forma de S. No movimento sinuoso lateral a serpente

ergue o corpo em alça, em terreno arenoso deixam marca em forma de J.

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2.1.2 Espécies de Serpentes Peçonhentas no Brasil

O Brasil possui uma ampla fauna de serpentes, por volta de 265 espécies

classificadas em nove famílias. Destas, apenas as famílias Elapidae e Viperidae

são compostas pelas espécies peçonhentas. As outras famílias, das serpentes

não-peçonhentas, são: Anomalepididae, Leptotyphlopidae, Typhlopidae,

Anilidae (Coral falsa), Boidae (Jibóia, Sucuri, Periquitambóia), Tropidophidae

(Jiboinha) e Colubridae (Cobra cipó, Muçurana, Perelheira, Caninana, Coral

falsa).

Família Viperidae

A família Viperidae é formada por serpentes solenóglifas, de fácil identificação

por causa da cabeça triangular, recoberta por pequenas escamas semelhantes às

do corpo, alem da presença de fosseta loreal entre os olhos e as narinas.

As serpentes de tipo Bothrops possuem a cauda sem modificações, geralmente

com escamas subcaudais em pares. O gênero Lachesis apresenta a cauda com as

últimas fileiras de escamas modificadas e levantadas, terminando num espinho.

Crotalus tem a cauda terminada num prolongamento articulado, o chocal ho.

Gênero Bothrops

Este gênero é o mais freqüente no Brasil, englobando as espécies de jararaca,

jararacussu, entre outras. As serpentes desse grupo são de extrema importância

para a saúde pública Brasileira, pois os acidentes com esses animais

correspondem aos maiores índices do brasil. Esses animais possuem veneno

violento, comprimento entre 1,0 m e 3,0 m. dentre as principais espécies estão

as que serão descritas a seguir:

Bothrops alternatus (urutu cruzeiro, cruzeira).

Esta serpente É uma das maiores produtoras de veneno do gênero, podendo

chegar a 380 mg por extração, segundo Belluomini (1984). Pode ultrapassar 1,5

m de compriment, possui manchas características, em forma de ferradura,

castanho-escuras com amarelo.

Bothrops atrox (jararaca, jararaca-do-norte)

É uma serpente ágil e ativa, que pode ir além de 1,5 m de comprimento, de

coloração muito variável, vivendo em beiras de rios, córregos e igarapés.

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Bothrops jararaca (jararaca, jararaca preguiçosa).

É uma espécie de tonalidade muito variável, apresentando desde tons castanhos

claros até coloração quase inteiramente preta. Ágil, sobe com facilidade em

arbustos e possui grande capacidade adaptativa.

Bothrops jararacussu (jararacuçu)

Talvez seja a espécie mais magnífica do gênero, muito corpulenta, podendo

atingir 1,8m de comprimento; os exemplares adultos, especialmente as fêmeas,

têm a cabeça muito grande, a dentição inoculadora de veneno com até 2,5cm de

comprimento e as glândulas venenosas muito ampliadas. É a espécie que mais

produz veneno e o inocula.

Acidente Botrópico

Corresponde ao acidente ofídico de maior ocorrência no Brasil (chegando a

90% dos casos reportados). A forma de agir do veneno desse grupo compreende

lesões locais e necroses dos tecidos.

Os principais sintomas são dor, edema visível que vai além do local da picada,

alterações hemorrágicas locais e sistêmicas. O tratamento específico se dá

através da administração do soro antibotrópico, antibotrópico-crotálico e

antibotrópico-laquético.

Gênero Lachesis (surucucu, surucutinga, pico de jaca)

Este gênero pode ser identificado pelas singularidades da sua cauda. É um dos

maiores representantes da família Viperidae, chegando a 3,5 m de comprimento

ou mais. Esses animais chamam a atenção por terem a capacidade de injetar

grandes quantidades de veneno, devido ao porte e presas de tamanho avantajado.

Acidente Laquético

Pouco comum, uma vez que esta espécie habita áreas de florestas, onde a

densidade demográfica é baixa. A ação do veneno e os sintomas são iguais aos

do acidente botrópico, acrescentando manifestações neurotóxicas ainda pouco

estudadas, como dores abdominais, vômitos, enterites, vistos como sinais vagos.

No tratamento específico é aplicado o soro antilaquetico ou antibotrópico -

laquético.

Gênero Crotalus (cascavel, boicininga, maracambóia)

As serpentes deste gênero são terrestres, fortes e pouco ágeis. Sua característica

mais ressaltante é a presença do chocalho na extremidade da cauda. O corpo,

com a linha vertebral bem visível, apresenta um colorido de fundo castanho

claro, de tonalidades mudáveis, sobre o qual se realça uma fileira de manchas

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dorsal marrons, com formato de losango, mais ou menos escuras, marginadas de

branco ou amarela.

Acidente crotálico

Responsável por aproximadamente 7,7% dos acidentes com serpentes

documentados no Brasil, o que causa o maior número de mortes devido à

constância de casos que evoluem para a insuficiência renal aguda.

As ações principais do veneno crotálico são: neurotóxica, miotóxica e

coagulante. Os sintomas do envenenamento crotálico definem-se por sinais

neurotóxicos (fácies miastenica, fraqueza muscular) e escurecimento da urina

(oliguria, anúria). O tratamento é feito através da utilização do soro

anticrotálico ou antibotrópico-crotálico.

Família Elapidae

A família Elapidae apresenta serpentes com o aparelho inoculador do tipo

proteróglifo. Bons exemplos dessa família são as “najas” asiáticas e africanas,

as “mambas” negras e as “cobras corais”. Apresentam cabeça oval, recobertas

por escamas simétricas, característica das serpentes não-venenosas; olhos

pequenos e pretos;pescoço pouco evidente, devido à musculatura adaptada para

escavação. Corpo recoberto por escamas lisas, e cauda curta e cilíndrica.

Possuem a tonalidade típica das “cobras corais”, com anéis completos de

pigmentações contrastantes, preto, ermelho e amarelo (ou branco). Havendo

exceções como as espécies Leptomicrurus, que só apresenta pigmentação preta

e amarela; e micrurus annellatus, que não apresenta pigmentos vermelhos.

Acidente Elapídico

Corresponde a 0,4% dos acidentes registrados no Brasil causados por serpentes

peçonhentas. O veneno é formado por neurotoxinas pós-sinápticas e pré-

sinápticas. Os principais sintomas são fácies miastenica, fraqueza muscular,

podendo evoluir para insuficiência respiratória aguda, o que causa óbito neste

tipo de envenenamento.

O tratamento é realizado através da aplicação do soro específico (soro

antielapídico) e a permanência do paciente adequadamente ventilado.

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2.1.3 Modelos de Serpentários

O molde de criação iniciado no Brasil era o de manter o animal "solto", em uma área

onde ele poderia circular e ter uma convivência com outras de mesma espécie. Esse

modelo seria o Semi-Extensivo. Apesar de esse modelo tentar imitar o ambiente natural,

as serpentes são animais ectotérmicos, o que faz com que os parques coletivos onde

estarão as serpente necessitem do clima próximo do habitat das espécies, e quando num

biotério de produção, os técnicos terão uma grande dificuldade de reconhecer os pais

dos filhotes nascidos nos parques, podendo prejudicar o trabalho.

Tendo uma grande área para a criação dos animais, este serpentário permite a

movimentação dos animais e tentativa de se aproximar de um habitat da serpente serve

pra que ela se adapte melhor no cativeiro. Esse modelo é apropriado quando a intenção

é uma grande quantidade de veneno, tendo em vista a criação de poucas, ou uma espécie.

Outro modelo é o Intensivo, que é oposto ao anteriormente apresentado e é o mais

utilizado nos biotérios. Nele é possível a criação de diversas espécies em áreas

reduzidas, onde a vigilância dos animais é facilitada, principalmente em relação à

reprodução. Nesse modelo as serpentes estão separadas em caixas, que seria o fator de

facilidade e que também ajuda num manuseio melhor e um controle mais adequado as

condições da vida da serpente.

Porém, com o tamanho reduzido das caixas, as serpentes não teriam muita locomoção, o

que ao longo do tempo pode prejudicar seus músculos e levá-las à obesidade, a falta de

elementos como ventos, sol não permitiria um equilíbrio fisiológico das serpentes.

Seja em qualquer modelo de serpentário, o planejamento da criação desses animais deve

ter em mente a fluidez do trabalho e a segurança. Nos locais de criação não se deve ter

ralos e frestas, mobília e outros objetos (estes devem estar nas áreas de manipulação

direta com os animais).

A contenção desses animais deve ser realizada com o auxílio de ganchos herpetológicos

ou forquilhas, ou a utilização do pinçamento com dois dedos, ou pinças longas.

É de extrema importância utilizar os equipamentos de proteção, como, por exemplo,

botas de cano longo, luvas de couro, máscara de proteção. Os materiais utilizados no

manejo devem estar sempre à disposição e em locais, de preferência sinalizados. O

manejo sempre deve ser feito em duplas, ou deve ser sempre monitorado por outro

profissional. Estas são medidas básicas de Biossegurança em Serpentários.

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2.1.4 Importância das Serpentes

Quando alguém é picado por uma serpente peçonhenta, o correto é encaminhá-lo a um

local onde possa receber tratamento médico, por exemplo, um hospital, onde lhe será

dado um soro que impedirá a ação do veneno, sendo que este é dado especificamente a

cada espécie de serpente.

O Brasil é um país com dimensões continentais e possui uma fauna riquíssima, a qual

contém uma enorme variedade de espécies de serpentes, e mesmo que o número de

acidente sofídicos seja grande, poucos são os que levam a pessoa a morte. Isso exige

dos laboratórios que possuem essa especificidade fazendo com que eles tenham que

manter e criar um grande número de serpentes para a produção de soros. O laboratório

pioneiro no Brasil foi o Instituto Butantan, fundado pelo médico sanitarista Vital Brasil,

grande pesquisador que desenvolveu o soro antiofídico. Um dos soros mais importantes

e um dos mais utilizados por ser da família de serpente com as quais mais ocorre

acidente são da família Viperidae.

Mas as serpente não só apenas pesquisadas com o intuito desse tipo de produção, o

veneno, ou peçonha, é algo que vem sendo muito pesquisado devido às suas

propriedades e princípios ativos. Neurotoxinas, proteínas do veneno, que possuem a

capacidade de paralisar músculos das presas de serpentes, são utilizadas na fabricação

de certos remédios para hipertensão. Segundo o Jornal da UNICAMP, "o veneno da

Bothtrops jararaca possui peptídeos capazes de baixar a pressão sangüínea, uma

característica atômica peculiar dos seus aminoácidos, com ácido glutâmico ciclado e

prolina nas extremidades que impedem a destruição desse peptídeo pelos sistemas

imunológico e digestivo da presa. A indústria farmacêutica chegou a um produto que

reproduz algumas partes da molécula e expressa a mesma função biológica de baixar a

pressão arterial".

O estudo aprofundado da maneira como os venenos agem no organismo humano,

principalmente, é o melhor modo para se descobrir como eles podem nos ajudar em

pesquisas a respeito de nossa saúde para melhorá-la.

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3 CONCLUSÃO

Declaramos que concordamos com o uso de serpentes como animais de laboratório

tanto para a pesquisa biomédica quanto para o ensino. Isto mediante ao bom senso na

experimentação, seguindo todos os princípios designados por leis para que o animal não

sofra. Afinal, o animal é um ser vivo, e tem necessidades e sente dores como qualquer

ser vivo. É muito importante ressaltar este fato, uma vez que antes do estabelecimento

da Lei Arouca (lei que regula o uso de animais em pesquisas científicas) as fiscalizações

no meio de animais de laboratório não eram eficazes o suficiente para que o uso de

animais em ambientes laboratoriais fosse fiscalizado corretamente, o que acarretava no

sofrimento dos próprios animais. Ainda mais em animais não muito conhecidos para

fins laboratoriais, como é o caso das serpentes, que são utilizados para pesquisas

especiais.

Todas as ações com esse tipo de animal devem ter em mente a ética e o respeito. E para

certificar a existência desses princípios nos experimentos aprovamos e dizemos se fazer

extremamente necessário a aprovação da pesquisa por um órgão competente como a

CEUA (Comissão de Ética no Uso de Animais).

As serpentes como animais de laboratório têm uma importância muito grande no que se

diz à produção de soros antiofídicos, uma vez que o Brasil é um país com grandes matas,

que possuem uma grande variedade de serpentes peçonhentas. E para evitar óbitos é

muito importante ter o medicamento. Outro ponto muito importante como pró, é o fato

de algumas das neurotoxinas presentes em seu veneno são utilizadas para a fabricação

de remédios para a hipertensão. Hoje no mundo inteiro há um grande número de

hipertensos, e são as pesquisas, algumas auxiliadas pelo uso de serpentes, quem os

ajuda. O que isso tudo quer dizer, é que com o aprofundamento em pesquisas com

serpentes, e não apenas com serpentes, nos faz saber mais sobre esses animais, sobre os

seres humanos, e nos auxiliam nos avanços científicos que visam melhorar a saúde

humana.

O único aspecto negativo que apontamos é o de que às vezes as medidas de

biossegurança estabelecidas não são cumpridas, ou os profissionais que lidam com esses

animais específicos não são capacitados. Isto acaba colocando em risco a segurança do

animal e o seu bem-estar. Por este motivo que reforçamos a importância do

cumprimento das leis, e a existência de CEUAs para a fiscalização das pesquisas.

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REFERÊNCIAS

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camundongo. Rev. Ciênc. Farm. Básica Apl., v. 28, n.1, p.11-23, 2007.

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LEMA, Thales de. Os Répteis do Rio Grande do Sul: atuais e fósseis – biogeografia

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MOLINARO, Etelcia Moraes; MAJEROWICZ, Joel; COUTO, Sebastião Enes R.;

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