O Banquete Do Cordeiro - Scott Hahn

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O Banquete do Cordeiro Queridos Acabei de ler esse livro , cujo autor Scott Hann, um ex protestante que descobriu que a chave para entender a missa o livro do Apocalpse,e mais, que a missa o nico meio para o cristo descobrir o sentido do livro do Apocalpse. Tenho no meu corao um esboo para esse tpico , mas ainda no sei como ele se desenvolver...o tempo dir! Proponho aos que leram o livro que ajude ,cada vez que eu colocar um resumo de cada captulo...e os que no leram que bebam desta fonte maravilhosa!!!e que participem!!! Para mim foi como um tesouro que tive nas mas...a partir dai tenho buscado celebrar dignamente esse Santo Mistrio!! Desejo que possamos crescer e aprender juntos , e que Deus derrame sobre ns sua graa e sabedoria para que aprendendo , possamos ajudar outros. No amor do Senhor . Ana No cu agora mesmo! Cap.I Ao estudar os escritos dos primeiros cristos, Scott, encontra inmeras referencias "liturgia", "Eucaristia", ao "sacrifcio". Foi ento a santa missa (logicamente incognito, visto que era um ministro protestante, calvinista), como um execcio academico. Como calvinista, foi instruido para acreditar que a missa era o maior sacrilgio que algum poderia cometer. Pois para eles a missa era um ritual com o propsito de " sacrificar Jesus Cristo outra vez". Entretando a medida que a missa prosseguia, alguma coisa o toca. A Bblia estava diante dele!nas palavras da missa!!..Isaas, Salmo, Paulo...No obstante , manteve sua posio de espectador, parte, at que ouve o sacerdote pronunciar as palavras da consagrao:" Isto o meu corpo...Este o clice do meu sangue". Ento sentiu todas as suas dvidas se esvairem. Qdo viu o sacerdote elevar a hstia, percebeu que uma prece subia do seu corao em um sussurro: Meu Senhor e meu Deus. Sois realmente vs!" Qdo no foi maior sua emoo ao ouvir toda a igreja orar:"Cordeiro de Deus..Cordeiro de Deus...Cordeiro de Deus" e o sacerdote dizer: "Eis o Cordeiro de Deus..", enquanto elevava a hstia. Em menos de 1 min.a frase "Cordeiro de Deus ressoou 4 vezes. Graas a longos anos de estudo bblicos, percebeu imediatamente onde estava.Estava no livro do Apocalpse, no qual Jesus chamado de Cordeiro nada menos que 28 vezes em 22 captulos. Estava na festa de npcias que Joo descreve no final do ltimo livro da Bblia. Estava diante do trono do cu, onde Jesus saudado para sempre como o Cordeiro. Entretanto, no estava preparado para isso - Ele estava na MISSA! Fumaa Santa! cap.I Scott volta a missa por 2 semanas, e a cada dia "descobria" mais passagens das Escrituras consumadas diante de seus olhos. Contudo, naquela capela , nenhum livro lhe era to visvel qto o da revelao de Jesus Cristo, o Apocalpse, que descreve a adorao dos anjos e santos de cu. Como no livro, ele v naquela capela, sacerdotes paramentados, um altar,uma assemblia que

entoava:"Santo,Santo ,Santo".Viu a fumaa do incenso, ouviu a invocao de anjos e santos...ele mesmo entoava os aleluias, porque se sentia cada vez mais atrado a essa adorao. A cada dia se desconcertava mais , e no sabia se voltava para o livro ou para a ao no altar, que pareciam cada vez mais ser exatamente a mesma! Mergulhou nos estudos do cristianismo antigo e descobriu que os 1s bispos, os Padres da igreja, tinham feito a mesma descoberta que ele fazia a cada manh. Eles consideravam o livro de Apocalpse a chave da liturgia e a liturgia a chave do livro do apocalpse. Scott comea descobrir que o livro que ele mais achava desconcertante , agora elucidava as idias mais fundamentais de sua f:A idia da aliana como elo sagrado da famlia de Deus. Alm disso, a ao que considerava a maior das blasfemias - a missa - agora se revela o acontecimento que ratificou a aliana de Deus: "Este o clice do meu sangue, o sangue da nova e eterna alina". Scott estava aturdido, pois durante anos tentou compreender esse livro como uma espcie de mensagem codificada a respeito do fim do mundo, a respeito do culto no cu distante, algo que os cristos no poderiam experimentar aqui na terra! Agora , queria gritar a todos dentro daquela capela durante a liturgia:"Ei , pessoal.Quero lhes mostrar onde vcs esto no livro do Apcalpse! Consultem o cap.4, vers.8. Isso mesmo! AGORA mesmo vcs esto no cu!!! "Passaram -me para trs!! cap.I No cu agora mesmo!! Os padres da igreja mostraram que essa descoberta nao era de Scott!!. Pregaram a respeito h mais de mil anos. Scott, no entanto , estava convencido de que merecia o crdito pela redescoberta da relao entre missa e o livro do apocalpse! Ento, para sua surpresa, descobre que o Conclio Vaticano II o tinha passado para trs! Reflitam nestas palavras da Constituio sobre a Sagrada Liturgia: Na liturgia terrena, antegozando, participamos da liturgia celeste, que se celebra na cidade santa de Jerusalem, para a qual, peregrinos, nos encaminhamos. L, Cristo est sentado `a direita de Deus, ministro do santurio e do tabernculo verdadeiro; com toda milcia do exrcito celestial entoamos um hino de glria ao Senhor e , venerando a memria dos santos, esperamos fazer parte da sociedade deles;suspiramos pelo Salvador, Nosso Senhor Jesus Cristo. at que ele, nossa vida se manifeste, e ns apareamos com Ele na glria. Espere um pouco.Isso cu.No, isso missa. No, o livro do apocalpse. Espere um pouco: Isso tudo o que est acima! Scott, se acalma, para no ir rpido demais, para evitar os perigos aos quais os convertidos so susceptveis! Pois, ele estava rapidamente se convertendo `a f catlica!! Contudo , essa descoberta no era produto de uma imaginao superexcitada; era o ensinamento solene de uma "conclio da igreja catlica".

Com o tempo , Scott descobre que essa era tbem a concluso inevitvel dos estudiosos protestantes mais rigorosos e honestos. Um deles, Leonard Thompson, escreveu que "at mesmo uma leitura superficial do livro de apocalpse mostra a presena da linguagem liturgica disposta em forma de culto..". Basta as imagens da liturgia para tornar esse extraordinrio livro compreensvel. As figuras litrgicas so essenciais para sua mensagem, escreve Thompson, e revelam "algo mais que vises de 'coisas que esto por vir'". Atraes futuras cap.I O livro do Apocalpse tratava de Algum que estava por vir. Tratava de Jesus Cristo e sua "segunda vinda", a forma como, em geral,os cristos traduziram a palavra grega parousia . Depois de passar horas e horas naquela capela, Scott aprende que aquele Algum era o mesmo Jesus Cristo que o sacerdote catlico erguia na hstia. Se os cristos primitivos estavam certos, ele sabia que, naquele exato momento, o cu tocava a terra. "Meu Senhor e meu Deus. Sois realmente vs!" Ainda assim, restavam muitas perguntas srias na mente e no corao de Scott: Qto natureza do sacrifcio. Qto aos fundamentos bblicos da missa. Qto a continuidade da tradio da tradio catlica. Qto a muitos dos pequenos detalhes do culto litrgico. Essas perguntas definiram suas investigaes nos meses que levaram a sua admisso na Igreja Catlica. Em certo sentido, elas continuam a definir seu trabalho de hoje. "Porem agora ele no faz mais perguntas como acusador ou curioso, mas como filho que se aproxima do pai, pedindo o impossvel, pedindo para segurar na palma da mo uma estrela luminosa e distante." Scott no cr que Nosso Pai nos recuse , a sabedoria que buscamos a respeito de sua missa. Ela afinal de contas, o acontecimento no qual ele confirma sua aliana conosco e nos faz seus filhos. Este livro mais ou menos o que Scott descobriu enquanto investigava as riquezas de " nossa tradio catlica". Nossa herana inclui toda a Bblia, o testemunho ininterrpto da missa, os constantes ensinamentos dos santos, a pesquisa dos estudiosos, os mtodos de orao contemplativa e o cuidado dos papas e bispos. Na missa , voce e eu temos o cu na terra. As provas so prodigiosas. A experiencia uma revelao! A histria do sacrifcio capII A frase da missa que venceu Scott foi "Cordeiro de Deus", porque ele sabia que esse Cordeiro era o prprio Jesus Cristo. Recitamos esse Cordeiro de Deus na missa, exatamente o mesmo nmero de vezes que vimos o sacerdote elevar a hstia e proclamar: "Eis o cordeiro de Deus...

O Cordeiro Jesus! Isso no novidade; e o tipo de fato que escondemos: afinal de contas Jesus muitas coisas: Senhor,Deus,Salvador,Messias, Rei, Sacerdote, Profeta ...e Cordeiro! O ltimo ttulo no como os outros.Os sete 1s so ttulos com os quais nos dirigimos tranquilamente a um Deus-Homem. So ttulos com dignidade, que sujerem sabedoria,poder e posio social. Mas Cordeiro? Scott nos pede para nos desfazermos de dois mil anos de sentido simblico acumulado.Que finjamos por um momento que jamais entoamos o "Cordeiro de Deus!! A respeito do cordeiro capII Esse ttulo parece quase cmico de to inadequado. Em geral, cordeiros no ocupam 0s primeiros lugares das listas de animais mais admirados. No so particularmente fortes, nem espertos, sagazes ou graciosos. E outros animais parecem mais merecedores. Por exemplo: fcil imaginarmos Jesus como o Leo de Jud (Ap5,5). Os lees so magestosos, forteis e ageis, ninguem mexe com o rei dos animais. Mas o Leo de Jud desempenha papel efmero no livro do apocalpse. Ao mesmo tempo , o Cordeiro prevalece e a parece nada menos que vinte e oito vezes. O Cordeiro governa e ocupa o trono de cu (Ap 22,3). o Cordeiro quem lidera um exrcito de centenas de milhares de homens e anjos, e acende o medo nos coraes dos mpios (Ap 6, 15-16). Esta ltima imagem, do Cordeiro feroz e assustador, quase absurda demais para imaginar-mos sem sorrir! No entanto,para Joo, esse assunto do Cordeiro srio! Os ttulos "Cordeiro" e "Cordeiro de Deus" aplicam-se a Jesus quase exclusivamente nos livros do novo testamento atribudos a Joo: o quarto evangelho e o apocalpse. Embora outros livros neotestamentrios (Ap8,32-35; IPd 1,19) digam que Jesus "como" um cordeiro em certos aspectos,s Joo ousa "chamar" Jesus " o Cordeiro" (Jo 1,36 e Ap todo). Sabemos que o cordeiro fundamental para a missa e tbem para o livro do Apocalpse. E sabemos "quem " o Cordeiro . Entretanto, se queremos experimentar a missa como o cu na terra, precisamos saber mais. Precisamos saber o "que" o Cordeiro e "por que" o chamamos "Cordeiro". Para descobrir, temos de voltar no tempo, quase at o incio.... Po Salutar capII Para o antigo Israel, o cordeiro identificava-se com o sacrifcio,que era uma das formas mais primitivas de adorao. J na 2 gerao descrita no Gn,encontramos na histria de Caim e Abel, o 1 exemplo

registrado de uma oferenda sacrifical:"Caim trouxe ao Senhor uma oferenda de frutos da terra; tbem Abel trouxe primcias dos seus animais e a gordura deles" (Gn 4,3-4). No devido tempo, encontramos holocaustos semelhantes oferecidos: Por No (Gn 8,20-21) Abrao (Gn 15,8-10; 22,13) Jac (Gn 46,1)e outros. No genesis, os patriarcas estavam sempre construindo altares ,e estes serviam primordialmente para sacrifcios. Entre os sacrifcios do Gn.dois merecem nossa ateno: - Melquizedec (Malki-Sdeq,Gn 14,18-20) - e o de Abrao e Isaac (Gn 22). Melquizedec surge como o 1 sacerdote mencionado na Bblia e muitos cristos(Hb 7,1-17) o consideram precursor de Jesus Cristo. Melquisedec era sacerdote e rei, combinao estranha no AT, mas que , mais tarde, foi aplicada a Jesus. Ele descrito como rei de Shalem, terra que depois seria "Jeru-salm". que significa "Cidade da Paz"(Sl 76,2). Um dia Jesus surgiria como rei da Jerusalm celeste e novamente como Melquizedec, "Prncipe da Paz". Em concluso, o sacrifcio de melquisedec foi extraordinrio por "no envolver animal algum". Ele ofereceu "Po e Vinho",como Jesus fez na ltima Ceia, qdo institui a Eucaristia. O sacrifcio de Melquisedec terminou com uma beno sobre Abrao. O alcance de Mori cap II O prprio Abrao revisitou Shalem, alguns anos mais tarde, qdo Deus o chamou para fazer um sacrifcio definitivo. Em Gn 22, Deus diz a Abrao:"Toma o teu filho, o teu nico, Isaac, que amas.Parte para terra de Mori e l oferecers em holocausto sobre uma das montanhas que eu te indicar"(v2). A tradio israelita, registrada em 2Cr 3,1, identifica Mori com o local do futuro Templo de Jerusalem. Para l, Abrao viajou com Isaac, que carregou nos ombros a lenha para o sacrifcio (Gn22,6). Qdo Isaac perguntou onde estava a vtima, Abrao respondeu:Deus providenciar Ele mesmo uma ovelha para o holocausto, meu filho"(v8). No fim , o anjo Deus impediu que a mo de Abrao sacrificasse seu filho e forneceu um carneiro para ser sacrificado. Nessa histria, Israel discerniu o juramento da aliana de Deus para fazer dos descendentes de Abrao uma nao poderosa:"juro-o por mim mesmo...Por..no teres poupado seu filho..comprometo-me..a fazer proliferar tua descendencia tanto qto as estrelas do cu... nela que se abenoaro todas as naes da terra"(Gn22,16-17). Esse foi o reconhecimento de dvida que Deus deu a Abrao; tbem seria a aplice de seguro de vida de Israel. No deserto do Sinai, qdo o povo escolhido mereceu a morte por adorar o bezerro de ouro, Moiss invocou o juramento de Deus a Abrao, a fim de salvar o povo da clera divina (Ex32,1314).

Mais tarde os cristos consideraram a narrativa de Abrao e Isaac uma profnda alegoria do sacrifcio de Jesus na cruz. As samelhanas eram muitas: 1-Jesus, como Isaac,era o filho nico querido de uma pai fiel. 2-Tbem como Isaac, Jesus carregou morro acima a madeira para seu sacrifcio, que foi consumado em uma colina de Jerusalm. De fato, o local onde Jesus morreu, o calvrio, era um dos morros da cadeia de Mori. Alem disso, o primeiro versculo do NT identifica Jesus como Isaac,ao dizer que Ele "filho de Abrao"(Mt1,1). Para os leitores cristos, at as palavras de Abrao se mostraram profticas.Lembre-se de que no havia pontuao no original hebraico e pense em uma interpretao alternativa de Gn22,8:"Deus se d a si mesmo, o Cordeiro , para o holocausto". O Cordeiro pronunciado era, Jesus Cristo, o prprio Deus-"para que a beno de Abrao alcance os pagos em Jesus Cristo"(Gll3,14 veja tbem Gn 22,16-18). Magnetismo animal cap II No tempo da escravido de Israel no Egito, est claro que o sacrifcio ocupa uma parte essencial e fundamental da religio de Israel. Os capatazes do fara escarnecem dos frequentes sacrifcios dos israelitas, afirmando serem apenas uma desculpa para evitar o trabalho (Ex 5,17). Mais tarde qdo Moiss faz um apelo a Fara, sua exigencia principal o direito dos israelitas oferecerem sacrifcios a Deus (Ex 10,25). O que significam todas essas oferendas? O sacrifcio animal significava muitas coisas para os antigos israelitas: -Era o "reconhecimento da soberania"de Deus sobre a criao:"Ao Senhor, a terra e sua riquezas" (Sl 24,1).Assim o sacrifcio louvava a Deus, de quem fluem todas as benos. -O sacrifcio era um ato de "agradecimento". A criao foi dada ao homem como ddiva. -s vezes, o sacrifcio servia para "ratificar solenemente uma acordo ou juramento, uma aliana diante de Deus" (Gn 21,22-23). -O sacrifcio tbem era "ato de renncia e tristeza pelos pecados".O que oferecia o sacrifcio reconhecia que seus pecados faziam-no merecer a morte;em lugar de sua vida, oferecia a do animal.

A contagem das ovelhas cap II Mas, na histria de Israel, o sacrifcio principal foi a "Pscoa", que apressou a fuga dos Israelitas do Egito. Foi na Pscoa que Deus instuiu toda famlia israelita a tomar um " animal sem defeito, sem ossos quebrados, degol-lo e passar seu sangue na ombreira da porta". Os israelitas deveriam comer o cordeiro naquela noite. Se o fizessem, seus primognitos seriam poupados. Se no o fizessem, seus primognitos morreriam durante a noite, juntamente com todos os primognitos de seus rebanhos (Ex 12,1-23). O cordeiro sacrifical morreu como expiao, em lugar do primognito da casa. A Pscoa entao, foi uma ato de redeno, um "resgate".

Contudo, Deus no apenas resgatou os primog~enitos de Israel;tbem os consagrou como um "reino de sacerdotes e uma nao santa"(Ex 19,6) - uma nao que Ele chamou seu "filho primognito" (Ex 4,22). O Senhor pediu, ento, aos Israelitas para comemorarem a Pscoa todos os anos e at deu as palavras que deveriam usar para explicar o ritual s geraes futuras: "Qdo vossos filhos vos perguntarem: 'Que rito esse que estais celebrando?', direis: ' o sacrifcio da Pscoa para o Senhor, que passou diante das casas dos filhos de Israel no Egito, qdo golpeou o Egito e libertou nossas casas'"(Ex 12, 26-27). Na terra prometida, os israelitas continuaram os sacrifcios cotidianos a Deus, agora guiados pelos muitos preceitos da Lei, enumerados em Levtico, Nmeros e Deusteronmio (Lv 7-9;Nm 28; Dt 16). Dentro e fora cap II Era todo esse sacrifcio apenas um ritual vazio? No, embora, obviamente, o holocausto, por si s, no fosse suficiente. Deus exigia tbem um sacrifcio "interior". O salmista declarou que "o sacrifcio que Deus quer um esprito contrito" (Sl51,19). O profeta Osias falou por Deus e disse:" Pois o amor que me agrada, no o sacrifcio;e o conhecimento de Deus, eu o prefiro aos holocaustos" (Os 6,6). Contudo, a obrigao de oferecer sacrifcios foi mantida. Sabemos que Jesus cumpria as leis judaicas referentes ao sacrifcio. Ele celebrava a Pscoa todos os anos em jerusalem e de se presumir que comesse o cordeiro sacrificado, primeiro com a famlia e mais tarde com os apstolos. Afinal de contas, "isso no era facultatico".Consumir o cordeiro era o nico jeito de o judeu fiel "renovar a aliana com Deus ", e Jesus era um judeu fiel. mas a importancia da Pscoa na vida de Jesus foi mais que ritual, foi"fundamental para sua misso", um momento definitivo. Jesus o Cordeiro. Qdo Jesus estava diante de Pilatos, Joo observa que "era o dia da preparao da Pscoa, por volta da sexta hora" (Jo 19,14). Joo sabia que era na sexta hora que os sacerdotes comeavam a imolar os cordeiros pascais.Esse, ento, o momento do sacrifcio do Cordeiro de Deus. Em seguida, Joo relata que nenhum dos ossos de Jesus foi quebrado na cruz, "para que se cimprisse a Escritura" (Jo 19,36). Que Escritura era essa? xodo 12, 46, que estipula que os ossos do Cordeiro da Pscoa no sejam quebrados. Vemos, ento, que o Cordeiro de Deus, como o cordeiro da Pscoa, oferenda condgna, realizao perfeita. Na mesma passagem, Joo relata que fixaram uma esponja embebida em vinagre na ponta de um ramo de hissopo e a serviram a Jesus (Jo 19,29;Ex12,22). Hissopo era o ramo preceituado pela lei para borrifar o sangue do cordeiro na Pscoa. Assim, essa ao simples marcou a realizao da nova e perfeita redeno.

E Jesus disse: "Tudo est consumado". Por fim, ao falar das vestes de Jesus na hora da crucifixo, Joo usa os termos exatos para os paramentos que o sumo sacerdote usava qdo oferecia sacrifcios como cordeiro da Pscoa. Ritos da vtima cap II O que concluimos disso? Joo nos deixa claro que no novo e definitivo sacrifcio da Pscoa, Jesus sacerdote e tbem vtima". Isso se confirma nos relatos da ltima Ceia contidos nos tres evangelhos, onde Jesus usa claramente a linguagem sacerdotal de sacrifcio e libao, at qdo descreve a si mesmo como a vtima. "Isto o meu corpo dado por vs...Esta taa a nova Aliana em meu sangue derramado por vs" (Lc 22, 19-20). O sacrifcio de Jesus realizou o que todo o sangue de milhes de ovelhas e touros e bodes jamais conseguiu. "Pois impossvel que o sg de um quarto de milho de cordeiros salvaria a nao de Israel, muito menos o mundo. Para expiar as ofensas contra um Deus que bom, infinito e eterno, a humanidade precisava de um sacrifcio perfeiro:um sacrifcio to bom, puro e infinito qto o prprio Deus. E esse era Jesus, o nico que podia "abolir o pecado com seu prprio sacrifcio" (Hb 9,26). "Eis o Cordeiro de Deus" (Jo 1,36). Por que Jesus tinha de ser um cordeiro e no um garanho, um tigre ou um touro? Por que o apocalpse retrata Jesus como "um cordeiro que parecia imolado"(Ap5,6)? Por que a missa precisa proclam-lo como "Cordeiro de Deus"?. POrque s um cordeiro sacrifical se encaixa no padro divino de nossa salvao. Jesus era sacerdote alm de vtima e como sacerdote fazia o que nenhum outro sacerdote fazia, pois este entrava "todos os anos no santurio com sg estranho"(Hb 9,25) e mesmo ento,s ficava pouco tempo antes que sua indignidade o obrigasse a sair. Mas Jesus entrou no Santo dos santos - o cu - de uma vez por todas, para oferecer-se como nosso sacrifcio. Alem disso, pela nova Pscoa de Jesus, ns tbem nos tornamos um reino de sacerdotes e a Igreja do primognito (Ap 1,6;Hb 12,23 e compare com Ex4,22;19,6). E com Ele entramos no santurio do cu toda vez que vamos a missa. No ignore esta festa cap II Mas o que isso significa para ns hoje? Como devemos "celebrar" nossa Pscoa? So paulo nos d uma resposta: "Cristo, nossa Pscoa, foi imolado. Celebremos pois a festa...com pes sem fermento: na pureza e na verdade" (ICor 5,7-8). Nosso cordeiro pascal , ento, po sem fermento. Nossa festa a MISSA! (ICor 10,1521;11,23-32). luz clara da nova aliana, os sacrifcios da antiga aliana fazem sentido como preparao para o sacrifcio nico de Jesus Cristo, nosso sumo sacerdote rgio no santurio celeste. E esse sacrifcio nico que, na missa, oferemos com Jesus.

essa luz, vemos as oraes da missa com clareza: Ns vos oferecemos o seu Corpo e Sangue, sacrifcio do vosso agrado e salvao do mundo inteiro. Olhai com bondade o sacrifcio que destes vossa Igreja.....(Orao eucarstica IV). ...Vos oferecemos , Pai, dentre os bens que nos destes, o sacrifcio perfeiro e santo. ...Recebei, Pai, esta oferenda, como recebeste a oferta de Abel, o sacrifcio da Abrao e os dons de Melquisedec. Ns vos suplicamos que ela seja levada vossa presena...(Orao eucarstica I). No basta Cristo ter derramado seu sangue e morrido por ns. Agora tbem temos nosso papel a desempenhar. Como aconteceu com a antiga aliana, acontece com a nova. Quem quer expressar a aliana com Deus, ratificar a aliana com Deus, renovar a aliana com Deus 'tem de comer o Cordeiro - o cordeiro pascal que nosso po sem fermento. Comea a soar familiar. "Aquele que come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna"(Jo6,54). Retorno de Investimento Cap II A necessidade primordial que o homem tem de adorar a Deus sempre se expressa no sacrifcio:A adorao simultaneamente ato de louvor, expiao, ddiva de si mesmo, aliana e ao de graas (em grego,eucharistia). As vrias formas de sacrifcio tem um sentido positivo comum: A vida entregue a fim de ser transformada e compartilhada. Assim, qdo falou de sua vida como sacrifcio, Jesus tocou em uma corrente que corria no fundo das almas dos apstolos -que corria no fundo das almas dos israelitas - que corre no fundo da alma de todo ser humano. No sec XX, Ghandi, que era hindu, chamou o "culto sem sacrifcio" de absurdo da poca moderna. Mas , para ns catlicos, a adorao no isso. Nosso ato supremo de culto ato supremo de sacrifcio, o banquete do Cordeiro, a MISSA!!! O sacrifcio uma necessidade do corao humano. Mas, at Jesus, nenhum sacrifcio era adequado. Lembre-se do SL 116,12:"Como retribuir ao Senhor todo o bem que me fez?". Na verdade, como? Deus sabia o tempo todo qual seria nossa resposta;"Erguerei a taa da vitria e chamarei o Senhor pelo seu nome" (SL 116,13). A missa dos primeiros critos cAP III O canibalismo e o "sacrifcio humano" eram acusaes greves sussurradas com frequencia contra os primeiros cristos. Os apologistas cristos primitivos encarregaram-se de rejeit-las como boato sem fundamento. Contudo, pelas lentes deformadas dos rumores dos pagos, vemos qual era o elemento mais identificvel da vida e do culto cristos. "Era a Eucaristia": a representao do sacrifcio de Jesus Cristo, a refeio sacramental em que os cristos consumiam o corpo e o sangue de Jesus.

Era a deturpao desse fatos de f que levava a calnias pags contra a igreja - embora seja fcil ver como os pagos compreendiam mal. Na igreja primitiva, s os batizados tinho permisso de participar dos sacramentos e os cristos eram desencorajados ar mesmo de conversar com no-cristos a respeito desses mistrios fundamentais. Assim a imaginao pag corria solta, alimentada por pequenos fragmentos de fatos:"Isto o meu corpo...Este o clice do meu sangue...Se no comerdes a carne do Filho do Homem e no beberdes o seu sangue..." Os pagos sabiam que ser cristo era participar de alguns ritos estranhos e secretos. Ser cristo era "ir missa", o que era verdade desde o primeiro dia da nova aliana. Algumas horas depois de ressuscitar dos mortos,Jesus pos mesa com seus discpulos. "(Ele) tomou o po, pronunciou a beno, partiu-o e lhes deu.Ento os seus olhos se abriram...eles o haviam reconhecido na frao do po" (Lc 24,30-31.35). A centralidade da Eucaristia est evidente tbem na descrio concisa que os atos dos apstolos fazem da vida na Igreja primitiva:"Eles eram assduos aos ensinamentos dos apstolos e comunho fraterna, frao do po e s oraes"(At 2,42). Em I Cor,11 contem um verdadeiro manual de teoria e prtica liturgicas. A carta de So Paulo revela sua preocupao em transmitir a forma exata da liturgia, nas palavras da intituio tiradas da ltima Ceia de Jesus: De fato, eis o que eu recebi do Senhor e o que vos transmiti: O Senhor Jesus, na noite em que foi entregue, tomou po e aps ter dado graas, partiu-o e disse: 'Isto o meu corpo, em prl de vs, fazei isto em memria de mim. 'Ele fez o mesmo qto ao clice, aps a refeio, dizendo:'Este clice a nova aliana no meu sangue; fazei isto todas as vezes que dele beberdes, em memria de mim'"(I Cor 11,23-25). Paulo ressalta a importancia da doutrina da presena real e v consequncias funestas na descrena: "Pois quem come e bebe sem discernir o corpo come e bebe a prpria condenao" (I Cor 11,29). Missal Inspirado Cap III Qdo passamos dos livros do NT e passamos para outras fontes dos tempo dos apstolos e da poca imediatamente posterior, notamos os mesmos temas. O contedo doutrinrio identico e o permanece notavelmente parecido, at qdo a f se espalhou para outras terras e outras linguas. O clero, os mestres e os defensores da igreja primitiva estavam unidos pelo interesse em preservar as doutrinas eucarsticas: A presena real do corpo e sangue de Jesus sob as espcies de po e vinho; a natureza sacrifical da liturgia; a necessidade de sacerdotes ordenados apropriadamente; a importncia da forma ritual. Assim, o testemunho das doutrinas eucarsticas da igreja "ininterrpto", desde o tempo dos evangelhos at hoje. Alm dos livros do NT, o escrito cristo mais antigo que foi conservado um manual litrgico que poderamos chamar missal- contido em um documento chamado Didaqu (grego para "instruo"). A Didaqu alega ser a coletnea da "instruo dos apstolos" e foi provavelmente compilada em

Antioquia, na Sria (veja At 11,26), em algum momento durante os anos 50-100 d.C. A Didaqu usa a palavra "sacrifcio" quatro vezes para descrever a Eucaristia, uma vez declarando simplismente: "Esse o sacrifcio do qual o Senhor disse....". Na Didaqutbem aprendemos que o dia usual da liturgia era o "dia do Senhor" e que era costume se arrepender dos pecados antes de receber a Eucaristia. "Renam-se no dia do Senhor para partir o po e agradecer, depois de ter confessado os pecados, para que o sacrifcio de vcs seja puro". Qto ordem de sacrifcio ,a Didaqu apresenta uma orao eucarstica de admirvel lirismo.Encontramos sua repercusso em liturgias e hinos dos cristos de hoje, orientais e tbem ocidentais: Do mesmo modo como este po partido tinha sido semeado sobre as colinas, e depois recolhido para se tornar um ,assim tbem a tua Igreja seja reunida desde os confins da terra no teu reino, porque tua a glria e o poder... por meio de Jesus Cristo, para sempre. Ningum coma nem beba da Eucaristia, se no tiver batizado em nome do Senhor... Tu, Senhor Todo Poderoso, criaste todas as coisas por causa do Teu Nome,e deste aos homens o prazer do alimento e da bebida, para que te agradeam. A ns , porm , deste uma comida e uma bebida espirituais, e uma vida etrena por meio de teu servo... Lembra-te, Senhor, da tua Igreja, livrando-a de todo mal e aperfeioando-a no teu amor.Rene dos quatro ventos esta Igreja Santificada para o teu reino que lhe praparaste. Razes em Israel Cap III A liturgia da Igreja primitiva recorreu bastante aos ritos a s Escrituras do antigo Israel, como faz nossa liturgia hoje. No cap.II, analisamos como Jesus instituiu a missa durante a festa da Pscoa. Sua "ao de graas' - sua Eucaristia - cumpriu, aperfeioou e transcendeu o sacrifcio pascal. Essa ligao era clara para a primeira gerao de cristos, muitos dos quais eram judeus devotos. Assim , as oraes da Pscoa no demoraram a fazer parte da liturgia crist. Considere as oraes a respeito do vinho e do po sem fermento,na refeio pascal: "Bendito sejais, Senhor, Deus do universo, pelo vinho que recebemos de vossa bondade, fruto da videira...Bendito sejais, Senhor, Deus do universo, pelo po que recebemos de vossa bondade, fruto da terra..." A frase:"santo, santo, santo, o Senhor de todo poder, sua glria enche a terra inteira!" (Is 6,3)foi outro trecho do culto judaico que entrou imediatamente nos ritos cristos. Ns a encontramos no livro do apocalpse , mas ela aparece em uma carta escrita pelo quarto Papa, Clemente de Roma, por volta de 96 dC.14/07/06

Recordaes da Todah Cap III Talvez o " antepassado" litrgico mais notvel da missa seja a todah do antigo Israel. Como a palavra grega Eucaristia, o termo hebraico todah significa "oferenda de agradecimento" ou "ao de graas". A palavra indica uma refeio sacrifical partilhada com amigos, a fim de celebrar a gratido

Deus. A todah comea com a recordao de uma ameaa mortal e em seguida celebra a libertao divina do homem do homem daquela ameaa. forte expresso de confiana na soberania e na misericrdia de Deus. O salmo 69 um bom exemplo.A splica insistente pela libertao ( Deus, salva-me), ao mesmo tempo, celebrao da libertao futura ( "Poderei louvar o nome do Senhor com um canto...Pois o Senhor ouve os pobres"). Talvez o exemplo clssico da todah seja o Sl 22, que comea com: "Meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste?", que o prprio Jesus citou qdo agonizava na cruz. Com certeza os ouvintes reconheciam a referencia e sabiam que este cntico, que comea com um brado de desamparo, termina com uma triunfante nota de salvao. Ao citar essa todah, Jesus demonstrou sua esperana confiante na salvao. As semelhanas entre a todah e a Eucaristia ultrapassam seu sentido comum de ao de graas. O cardeal (hoje nosso amado Papa) Joseph Ratzinger escreveu: "Estruturalmente falando,a cristologia toda,na verdade a cristologia eucarstica toda, est presente na espiritualidade da todah do AT". A todah e tbem a Eucaristia apresentam a adorao por meio de palavra e refeio. Alem disso, a todah, como a missa,inclui uma oferenda no-sangrenta de po sem fermento e de vinho. Os rabinos antigos fizeram um vaticnio significativo a respeito da todah: "No tempo (messinico)que h de vir todos os sacrifcios cessaro, exeto o sacrifcio da todah. Esse jamais cessar em toda a eternidade" (pesiqta,I,p.159). No aceitai substitutos Cap III Tbem de Antioquia, na Sria, vem nossa prxima testemunha para a doutrina eucarstica da Igreja. Por volta de 107 d.C., santo Incio, bispo de Antioquia, escreveu com frequncia a respeito da Eucaristia, enquanto viajava a caminho do martrio. Ele fala da Igreja como "lugar de sacrifcio".E,aos filadelfos, ele escreveu: "Preocupai-vos em participar de uma s Eucaristia.De fato, h s uma carne de nosso Senhor Jesus Cristo e um s clice na unidade de seu sangue ,um nico altar, assim como um s bispo com o prebitrio e os diconos, meus companheiros de servio". Na carta aos esmirnotas, Incio criticou os hereges que, j naquele tempo, negavam a verdadeira doutrina: "Eles esto afastados da Eucaristia e da orao porque no professam que a Eucaristia a carne nosso Salvador Jesus Cristo". Ele aconselha os leitores qto s caractersticas de uma verdadeira liturgia: "Considerai legtima a Eucaristia realizada pelo bispo ou por algum que foi encarregado por ele". Incio falava do sacramento com um realismo que deve ter sido chocante para os que no estavam familiarizados com os mistrios da f crist. Com certeza, foram palavras como as suas, tiradas do contexto, que alimentaram os boatos sem fundamento do Imprio Romano, que por sua vez,produziram acusaes de canibalismo.

Nas dcadas seguintes, a defesa da Igreja coube a um sbio convertido de Samaria chamado Justino. Foi Justino que levantou o vu de silencio a respeito da liturgia antiga. Em 155 d.C., ele escreveu ao imperador romano descrevendo o que agora , reconhecemos como sendo a missa. Vale a pena citar extensamente: "No dia que se chama sol, celebra-se uma reunio de todos os que moram nas cidades e nos campos, e ai se leem, enquanto o tempo o permite, as memrias dos apstolos ou dos escritos dos profetas. Qdo o leitor termina, o presidente faz uma exortao e convite para imitarmos esses belos exemplos. Em seguida , levantamo-nos todos juntos e elevamos nossas preces...e por todos os outros espalhados pelo mundo inteiro, suplicando que nos conceda, j que conhecemos a verdade, ser encontrados por nossas obras como homens de boa conduta e observantes de que nos mandaram, e assim consigamos a salvao eterna. Terminadas as oraes, nos damos mutuamente o sculo da paz.Depois quele que preside aos irmos oferecido po e uma vasilha com gua e vinho;pegando-os, ele louva e glorifica ao Pai do universo, atravs do nome de seu Filho e do Esprito Santo. E pronuncia uma longa ao de graas(em grego "eucharistia), por ter-nos concedido esses dons que dele provem . Qdo o presidente termina as oraes e a ao de graas, todo o povo presente aclama, dizendo:Amm. Depois que o presidente deu ao de graas e todo o povo aclamou, os que entre ns se chamam ministros do a cada um dos presentes parte do po, do vinho e da gua sobre oa quais se pronunciou a ao de graas e os levam aos ausentes.". Justino comea a descrio localizando-a diretamente no "dia que se chama do sol" - domingo o dia em que Jesus ressurgiu dos mortos. Essa identificao di "dia do Senhor" com o domingo o testemunho universal dos cristos primitivos. Como dia principal de culto, o domingo realizou e substituiu o stimo dia, o sbado dos judeus. Foi no dia do Senhor, por exemplo, que Joo foi arrebatado "pelo Esprito" e teve a viso do apocalpse (Ap 1,10). Texto e Imagem Cap III Justino explica o sacrifcio e o sacramento da Igreja. Contudo, ele no minimiza a presena real. Usa o mesmo realismo explcito de seu predecessor, Incio:"..o alimento sobre o qual foi dita a ao de graas -alimento com o qual, por transformao, se nutrem nosso sangue e nossa carne - a carne daquele mesmo Jesus encarnado". Ao falar com os judeus,Justino foi mais alm e explicou que o sacrifcio da Pscoa e os sacrifcios do Templo eram simplismente prenncios do nico sacrifcio de Jesus Cristo e sua representao na liturgia: "A oferta da flor de farinha...que os que se purificam da lepra deviam oferecer, era figura do po da Eucaristia, a celebrao que nosso Senhor Jesus Cristo mandou oferecer". Essa era a experiencia catlica, ou universal, da Eucaristia. Entretanto, embora a doutrina permanecesse a mesma em todo o mundo, a liturgia era, na maior parte, um assunto local.

Cada bispo era responsvel pela celebrao da Eucaristia em seu territrio e, aos poucos,regies diferentes criaram estilos prprios da prtica litrgica:srio, romano,galicano etc. No entanto, notvel o qto essas liturgias - amplamente variadas como eram - tinham em comum. Com poucas excees, compartilhavam os mesmos elementos bsicos:um rito de arrependimento, leituras das Escrituras, salmos entoados ou recitados, homilia, "hinos angelicais", orao eucarstica e a sagrada comunho. As igrejas seguiam So Paulo ao tomar um cuidado especial para transmitir as palavras da instituio, as palavras que transformam o po e o vinho no corpo e sangue de Cristo: "Isto o meu corpo...Este o clice do meu sangue". Aquele velho refro familiar Cap III A partir do incio do sc.III, o registro em papiro revela maior preocupao com a preservao das palavras exatas das liturgias atribudas aos apstolos. No incio de 300 d.C., surge, no norte da Sria,outra compilao da tradio recebida:a Didasclia Apostolorum ("O ensinamento dos apstolos"). A Didasclia inclui pginas de textos de orao e tbem instrues detalhadas para os papis litrgicos e cerimoniais de bispos, sacerdotes , diconos, mulheres , crianas, jovens adultos, vivas, rfos e viajantes. Por volta de 215 d.C., Hiplito de Roma compos sua gde obra,A tradio apostlica,na qual registrou os ensinamentos litrgicos e teolgicos que a Igreja romana preserva desde o tempo dos apstolos. Uma parte estabelece um roteiro compacto de liturgia para a ordenao de sacerdotes. Enquanto na descrio de Justino "vemos" nossa missa , na obra de Hiplito ns a ouvimos. Sacerdote:O senhor esteja no meio de ns. Congregao:Ele est no meio de ns. Sacerdote:Coraes ao alto! Congregao:O nosso corao est em Deus. Sacerdote:Demos, graas ao Senhor nosso DEus. Congregao: nosso dever e nossa salvao. Do mesmo perodo, encontramos os textos mais antigos das liturgias que reivindicam linhagem apostlica, as liturgias de so Marcos, so Tiago e so Pedro - ainda usadas em muitos lugares do mundo. A liturgia de so Tiago era o rito preferido da antiga Igreja de Jerusalm,que proclamou Tiago seu primeiro bispo. As liturgias de Tiago, Marcos e Pedro so teologicamente compactas, poticas, ricas em citaes das Escrituras. Lembre-se que,como poucas pessoas sabiam ler e ainda menos tinham recursos para mandar copiar livros, a liturgia era ocasio em que os cristos assimilavam a Bblia. Assim,desde os primeiros tempos da Igreja,a missa foi impregnada das escrituras. Embora suas palavras falem com eloquencia do sacrifcio de Cristo, as liturgias antigas repercutem igualmente em seus silncios: ...Que toda carne mortal guarde silncio,e se levante com medo e temor,e no medite em nada terreno. Pois o Rei dos reis e Senhor dos senhores,Cristo nosso Deus, apresenta-se para ser sacrificado e ser dado como alimento aos fiis. E as milcias celestes vo frente dele, com todo poder e domnio,os querubins de muitos olhos

e os serafins de seis asas,que cobrem a face e entoem em voz alta o hino: Aleluia, Aleluia, Aleluia. Lembre-se de tudo isto:os sons e os silencios das primeiras missas da Igreja. Voce vai encontr-los de novo no cu, quando examinarmos o livro de Apocalpse mais atentamente. Vai encontr-los de novo no cu, quando for a missa no domingo que vem. saboreie e veja(e oua e toque)o Evangelho Para entender as partes da missa Cap IV Algumas pessoas de corao romntico gostam de pensar que o culto primitivo era puramente expontneo e improvisado. Gostam de imaginar os primeiros fiis to cheios de entusiasmo que o louvor e a ao de graas simplismente transbordavam em profunda orao qdo a Igreja se reunia para partir o po. Afinal de contas,quem precisa de missal a fim de exclamar "eu te amo"? Outrora Scott acreditava nisso.Entretanto,o estudo das Escrituras e da tradio o levaram a ver o bom senso da ordem no culto. Enquanto Scott ainda era protestante,aos poucos foi sendo atrado liturgia e procurou"formar uma liturgia a partir das palavras das Escrituras.Scott no sabia que isso j tinha sido feito. J com So Paulo,vemos a preocupo da Igreja com a exatido ritual e o cerimonial litrgico. Scott cr haver,boa razo para isso! Scott pede para que algum romntico tenha paciencia enquanto ele diz que "ordem e rotina" no so necessariamente ms. De fato,so indispensveis para uma vida boa,piedosa e serena.Sem horrios e rotinas,pouco realizaramos em nosso dia de trabalho. Sem frases pr determinadas,o que seriam nossos relacionamentos humanos? Scott diz que nunca encontrou pais que se cansassem de ouvir os filhos repetirem antiga expresso:"Obrigado".Nunca encontrou esposos que se enjoassem de ouvir:"Eu te amo". A fidelidade a nossas rotinas um meio de demonstrar amor.No trabalhamos por trabalhar,ou agradecemos ou damos afeto qdo estamos inclinados a faz-lo por faz-lo. Amores verdadeiros so amores que vivemos com constncia se revela na rotina. A liturgia forma hbitos Cap IV As rotinas no so apenas boa teoria.Funcionam na prtica. A ordem deixa a vida mais tranquila, mais eficiente e mais eficaz. De fato qto mais rotinas criamos,mais eficientes nos tornamos.As rotinas nos libertam da necessidade de cogitar a todo momento em pequenos detalhes;as rotinas deixam os bons hbitos tomar conta e libertam a mente e o corao a seguirem para frente e para o alto. Os ritos da liturgia crist so as frases pr determinadas que,atravs do tempo,se manifestaram: o obrigado dos filhos de Deus;o eu te amo da esposa de Cristo,a Igreja. A liturgia o hbito que nos faz altamente eficientes,no apenas na "vida espiritual",mas na vida em geral,pois a vida deve ser vivida em um mundo que Deus criou e redimiu. A liturgia cativa a pessoa toda:corpo,alma e esprito.

Scott lembra a primeira vez que participou de uma liturgia catlica, as Vsperas em um seminrio bizantino. Sua formao e seu treinamento calvinistas no o prepararam para a experincia - o incenso e os cones,as prostraes e as reverncias , o canto e os sinos. Todos os seus sentidos foram absorvidos.Depois um seminarista pergunta a Scott:"O que achou?" Scott s consegue dizer:"Agora sei porque Deus me deu um corpo:Para adorar o Senhor com seu povo na liturgia". Os catlicos no apenas ouvem o Evangelho. Na liturgia, ns a ouvimos , vemos,cheiramos e saboreamos. A diviso de um bom momento Cap IV Talvez a frase em que ouvimos mais claramente o chamado missa seja a que ressoa na maior parte das liturgias do mundo todo,em toda a histria da Igreja:" Coraes ao alto!" Aonde vo nossos coraes? para o cu, pois a missa o cu na terra. Contudo antes de perceber isso claramente (e eis um segredo:antes de entendermos o livro do apocalse), temos de entender as partes da missa. Neste captulo, vamos caminhar passo a passo pela liturgia,para ver como "funciona" cada elemento - de onde vem e para que serve. Embora s tenhamos espao para tratar de alguns dos principais detalhes, eles devem bastar para nos ajudar a contemplar a missa e a descobrir sua lgica interior pois,se no entendermos as partes e o todo, a missa poder se tornar rotina tediosa, sem participao sincera; e esse o tipo de rotina que d m fama rotina. Primeiro, devemos entender que a missa de divide realmente eu duas:a "liturgia da palavra" e a "liturgia eucarstica". Essas metades dividem-se ainda em rituais especficos. Na Igreja latina, a liturgia da Palavra inclui: a entrada, os ritos iniciais, o ato penitencial e as leituras das Escrituras. A liturgia eucarstica divide-se em quatro partes:o ofertrio, a orao eucarstica, o rito da comunho e os ritos finais. Embora os atos sejam muitos, a missa " uma s oferenda", isto , o sacrifcio de Jesus Cristo, que renova nossa aliana com Deus Pai.18/07/06

Os propsitos da cruz Cap IV provvel que, entre os cristos primitivos, o sinal-da-cruz fosse a expresso de f mais universal. Aparece com frequncia nos documentos do perodo. Na maioria dos lugares, o costume era apenas traar a cruz sobre a fronte. Alguns autores(como So Jernimo e santo Agostinho)descrevem os cristos traando sobre a fronte, em seguida sobre os lbios e depois sobre o corao, exatamente como fazem os catlicos ocidentais modernos antes da leitura do Evangelho. Gdes santos tbem atestam o poder extraordinrio do sinal.No sec.III, so Cipriano de Cartago escreveu que "no...sinal-da-cruz est toda virtude e todo poder...Neste sinal-da-cruz est a salvao para todos os marcados na fronte"(ref. alis de Ap.7,3 e 14,1). Um sc.mais tarde, santo Atansio declarou que "pelo sinal-da-cruz toda mgica cessa e toda feitiaria no d resultado".Satans impotente diante da cruz de Jesus Cristo.

O sinal-da-cruz o gesto mais profundo que fazemos. o mistrio do evangelho em um momento. a f crist resumida em um nico gesto. Qdo nos persignamos,renovamos a aliana que se iniciou com nosso batismo.Com nossas palavras, proclamamos a f trinitria na qual fomos batizados.("Em nome do Pai, do Filho e do Esprito Santo"). Com a mo, proclamamos nossa redeno pela cruz de Jesus Cristo.O maior pecado da histria da humanidade - a cruxifixo do Filho de Deus - tornou-se o maior ato de amor misericordioso e de poder divino. A cruz o meio pelo qual somos salvos, pelo qual entramos em comunho com a natureza divina.(veja 2Pd 1,4). Trindade, encarnao e redeno - o credo todo passa como um raio naquele breve momento. No Oriente, o gesto ainda mais fecundo, pois os cristos traam o sinal juntando os tres primeiros dedos(polegar, indicador e mdio), separados dos outros dois(anular e mnimo):os tres dedos juntos representam a unidade da Trindade, os dois dedos juntos representam a unio das duas naturezas de Cristo, a humana e a divina. No apenas um ato de culto. tbem um lembrete de quem somos ns."Pai, Filho e Esprito Santo" reflete um relacionamento familiar, a vida interior e a comunho eterna de Deus. A nossa a nica religio com um Deus que uma famlia.O prprio Deus uma "famlia eterna", mas por causa de nosso Batismo, ele nossafamla tbem. O Batismo um sacramento que vem da palavra latina para juramento(sacramentum)e por esse juramento estamos ligados famlia de Deus. Ao fazer o sinal da cruz, iniciamos a missa com um lembrete de que somos filhos de Deus. Tbem renovamos o juramento solene do Batismo. Fazer o sinal-da-cruz, ento, como jurar sobre a Bblia num tribunal. Prometemos que viemos missa para dar testemunho.Assim, no somos espectadores do culto, mas participantes ativos, testemunhas e juramos dizer a verdade, toda a verdade e nada mais que a verdade. Que Deus nos ajude. Rito para os Pacados Cap IV Se estamos no banco das testemunhas, quem est sendo julgado? O ato penitencial deixa isso claro: ns. As diretrizes litrgicas mais antigas que temos, a "Didaqu", dizem que um ato de confisso deve preceder nossa participao na Eucaristia. Porm o bonito da missa que ningum se levanta para nos acusar, a no ser ns mesmos. "Confesso a Deus todo-poderoso...que pequei...por minha culpa". Pecamos. No podemos negar."se dissermos:'No temos pecado', enganamo-nos a ns mesmos e a verdade no est em ns" (1Jo 1,9). Alm disso , diz a Bblia, at o justo cai sete vezes por dia (veja Pr 24,16). No somos exceo e a sinceridade exige que reconheamos nossa culpa. At nossos pecados pequenos so assunto srio,pois cada um deles uma ofensa contra um Deus de grandeza incomensurvel. Assim, na missa,declaramo-nos culpados e ento nos entregamos misericrdia do tribunal celeste. No "Kyrie",suplicamos a misericrdia de cada uma das trs pessoas divinas da

Trindade:"Senhor, tende piedade de ns.Cristo tende piedade de ns.Senhor tende piedade de ns". No damos desculpas nem justificativas.Pedimos perdo e ouvimos a mensagem de misericrdia. Se uma nica palavra capta o sentido da missa, essa palavra "misericrdia". A frase "Senhor,tende piedade de ns" aparece com frequncia nas Escrituras, nos dois testamentos (veja Sl 6,3;31,10; Mt 15,22; 17,15;20,30). O AT ensina inmeras vezes que a misericrdia est entre os maiores atributos de Deus (Ex 34,6 ;Jn 4,2). O "Senhor, tende piedade de ns persiste desde as liturgias crists mais primitivas.De fato, at no Ociente latino, est muitas vezes preservada na forma grega mais antiga, "Kyrie, eleison". Em algumas liturgias do Oriente , a congregao repete o "Kyrie" em resposta a uma longa litania, que implora favores de Deus. Entre os bizantinos,essas splicas pedem insistentemente a paz: "Na paz , rezemos ao Senhor...Pela paz do alto....Pala paz do mundo todo. G-L--R-I-A Cap IV Rezamos pela paz e em poucos segundos, proclamamos a realizao de nossas preces :"Glria a Deus nas alturas e paz na terra aos homens por ele amados". Essa orao existe desde pelo menos o sc II.Sua aclamao inicial vem do hino que os anjos entoaram qdo Jesus nasceu (Lc 2,14) e os versos seguintes repetem os louvores dos anjos ao poder de Deus do livro do apocalpse (Ap 15,3-4). Louvamos a Deus imediatamente pelas benos que acabamos de suplicar. nosso testemunho do podes de Deus. sua glria. Jesus disse: "Tudo que pedirdes em meu nome, eu o farei,de tal forma que o Pai seja glorificado no Filho.Se me pedirdes alguma coisa em meu nome , eu o farei" (jo 14,13-14). O Glria clama com a alegria, a confiana e a esperana que sempre marcaram os fiis. No Glria , a missa lembra a 'Todah" da antiga aliana, que j analisamos. Nosso sacrifcio splica insistente pela libertao , mas , ao mesmo tempo, celebrao e ao de graas por essa libertao. a f de algum que conhece a providncia divina. o Glria! A Igraja do Evangelho Completo Cap IV O momento que define a liturgia da Palavra , claro, a proclamao da Palavra de Deus. Aos domingos, em geral isso inclui uma leitura do AT,a recitao de um salmo,e uma leitura tirada das cartas neotestamentrias,tudo levando leitura do Evangelho.(Na viglia Pascal temos at dez leituras da Bblia). Incluindo tudo , uma fonte de influencia das Escrituras. Os catlicos que participam todos os dias da missa,ouvem,ao longo de trs anos, a leitura de quase toda a Bblia - alm disso, h os files de ouro bblico inseridos em todas as outras oraes da missa...No deixe nunca as pessoas lhe dizerem que a Igreja no chama os catlicos para ser "cristos bblicos". De fato,, o "habitat natural" da Bblia est na liturgia. Segundo so Paulo (Rm 10,17)"...a f vem da pregao, e a pregao o anncio da palavra de Cristo". Note que ele "no" disse:" A f vem da leitura". Nos primeiros sc. da Igreja no havia mquinas de impresso. A maioria das pessoas no tinha recursos para mandar copiar os evangelhos mo e, de qualquer modo, muita gente no sabia ler.

Assim,como agora, recebiam o evangelho completo. As leituras que ouvimos na missa so programadas com antecedncia para um ciclo trienal em um livro chamado Lecionrio. Esse livro antdoto eficaz para a tendncia que Scott tinha, como pregador protestante,de identificar seus textos favoritos e preg-los inmeras vezes. Scott passava anos sem tocar em alguns livros do AT. Isso nunca problema para oa catlicos que participam regularmente da missa. Toda a ateno possvel no demais durante as leituras, que so preparao normal e essencial para nossa sagrada comunho com Jesus. Um dos gdes biblistas da Igreja primitiva, Orgenes (sc. III), exortou os cristos a respeitar a presena de Cristo no Evangelho, como respeitam sua presena na hstia. "Vcs, que esto acostumados a participar do mistrio divino, sabem, qdo recebem o corpo do Senhor, proteg-lo... com toda cautela e venerao,para que no caia dele nenhuma partcula, para que nada se perca da ddiva consagrada, pois acreditam, e com razo, que so responsveis se algum pedacinho cair dali por negligncia. Mas se esto certos em preservar com tanto cuidado seu corpo, por que acham que h menos culpa em negligenciar a Palavra de Deus do que em negligenciar seu corpo? Dezessete sc. mais tarde , o Conclio Vaticano II repetiu esse antigo ensinamento para o nosso tempo:"A Igreja sempre venerou as divinas Escrituras, da mesma forma como o prprio Corpo do Senhor, j que, principalmente na Sagrada Liturgia, sem cessar toma da mesa tanto da palavra de Deus qto do Corpo de Cristo (Dei Verbum 21). "Ningum", disse Orgenes,"entende de corao...se no receptivo e totalmente aplicado." Isso descreve voc e eu qdo ouvimos as leituras da missa? Precisamos estar particularmente atentos durante as leituras porque,desde o incio da missa, vc e eu estamos sob juramento. Ao receber a Palavra - que , reconhecemos,vem de Deus -,concordamos em estar ligados Palavra. Em resultado, estamos sujeitos a julgamento, dependendo de como pomos em prtica as leituras da missa. Na antiga aliana, ouvir a Lei era concordar em viver segundo a Lei.Tbem na nova aliana, estamos ligados ao que ouvimos, como veremos no livro do Apocalpse. A Necessidade de Prestar Ateno ao Credo CapIV A liturgia da Palavra prossegue, aos domingos, com a homilia (ou sermo)e o Credo. Na homilia, o sacerdote ou o dicono nos apresenta um comentrio da palavra inspirada de Deus. As homilias devem se basear nas Escrituras do dia,esclarecendo as passagens obscuras e indicando aplicaes prticas para a vida. As homilias no tem de nos entreter.Jesus vem a ns em humildes hstias sem gosto,e assim tbem o Esprito Santo s vezes opera por intermdio de um pregador montono e sem brilho. Depois da homilia, recitamos o Credo niceno, que a f resumida em apenas algumas linhas. As palavras do Credo so meticulosas, com clareza e estilo brilhantes.Comparando a oraes como o Glria, o Credo niceno parece moderado, mas as aparencias enganam.

Como disse a gde e j falecida Dorothy Sayers, o drama est no dogma, pois aqui proclamamos doutrinas pelas quais os cristos do Imprio Romano foram presos e executados. No sc.IV,o Imprio quase explodiu em guerra civil por causa das doutrinas da divindade de Jesus e sua unio com o Pai. Novas heresias surgiram e se espalharam pela Igreja como um cncer, ameaando a vida do corpo. Coube aos gdes Conclios de Nicia(325) e Constantinopla(381)- com o empenho de algumas das maiores inteligncias e almas da histria eclesistica - dar crena catlica bsica essa formulao definitiva, embora a maioria das diretrizes do Credo j fossem de uso comum pelo menos desde o sc.III. Depois desses conclios, muitas Igrejas do Oriente exigiam que os fiis cantassemo Credo toda semana - no apenas o recitassem - porque isso era, na verdade, boa nova, uma boa nova salvadora de vidas. O cardeal (hoje nosso papa)Joseph Ratzinger exps sucintamente a ligao entre o Evangelho e o Credo: "Por definio, o dogma no outra coisa seno a interpretao da Escritura...que se origina da f atravs dos sculos". O Credo a "f de nossos pais" que "ainda vive". Do mesmo modo , o documento de 1989 da Comissa Teolgica Internacional, "Sobre a interpretao dos dogmas", declara: "No dogma da Igreja a preocupao com a correta interpretao das Escrituras...Uma poca posterior no reverte o que foi formulado com o auxlio do Esprito Santo como chave para a leitura das Escrituras". Qdo recitamos o Credo no domingo, aceitamos publicamente essa f bblica como verdade objetiva. Entramos no drama do dogma, pelo qual nossos antepassados estavam dispostos a morrer. Desse modo , juntamo-nos a esses antepassados qdo recitamos a "orao dos fiis", nossa splicas.O Credo nos d poderes para entrar no mistrio intercessor dos santos. Neste ponto, a liturgia da Palavra chega ao fim e entramos nos mistrios da Eucaristia. D-lhe Uma Oferenda Que Ele No Possa Recusar A liturgia eucarstica comea com o ofertrio, e o ofertrio anuncia nosso compromisso. Trazemos po, vinho e dinheiro para manter o trabalho da Igreja. Na Igreja primitiva, os fiis realmente assavam o po e faziam o vinho para a celebrao;no ofertrio, eles os apresentavam.(Em algumas Igrejas orientais, o po e o vinho ainda so produzidos pelos paroquianos). A questo esta:ns nos oferecemos juntamente com tudo que temos.No porque somos especiais, mas porque sabemos que o Senhor toma o que temporal e o faz eterno, toma o que humano e o faz divino. O Conclio Vaticano II falou de maneira convincente a respeito da oferenda do laicato:"...todas as suas obras, preces e iniciativas apostlicas, vida conjugal e familiar, trabalho cotidiano,descanso do corpo e da alma...tornam-se 'hstias espirituais agradveis a Deus, por Jesus Cristo' (IPd 2,5), hstias que so piedosamente oferecidas ao Pai com a oblao do Senhor na celebrao da Eucaristia.Assim tbm os leigos, como adoradores agindo santamente em toda parte,consagram a Deus o prprio mundo" (Lumem Gentim 34). Tudo que temos vai ao altar para ser santificado em Cristo.O sacerdote faz a ligao explcita enquanto derrama a agua e o vinho nos clices: "Pelo mistrio desta agua e deste vinho possamos participar sa dinvindade de Cristo, que se dignou assumir a nossa humanidade". Essa mistura smbolo magnfico que indica a unio das naturezas divina e humana de Cristo, o

sangue e a agua que saram de seu lado na cruz e a unio de nossas ddivas perfeita que o Senhor faz de si mesmo. uma oferenda que o Pai no pode recusar. Mobilidade Para o Alto Cap IV Agora, depois de elevar as ddivas, o sacerdote nos convida: "Coraes ao alto". Esta imagem poderosa e se encontra nas liturgias crists do mundo todo, desde os tempos primitivos. Erguemos o corao para o cu.Nas palavras do Apocalse (veja Ap 1,10;4,1-2), somos arrebatados pelo Esprito - para o cu. De agora em diante, dizemos, veremos a realidade com a f, no com os olhos. Ento, o que vemos nesse cu? Reconhecemos que nossa volta toda esto os anjos e santos. Cantamos o cnticos que, de acordo com muitos relatos, os anjos e santos proclamam diante do trono celeste (Ap 4,8;Is 6,2-3). No Ocidente , ns o chamamos de "Sanctus" ou "Santo, Santo, Santo"; no Oriente o "Trisagion" ou "Hino do trs vezes Santo". Em seguida, temos o clmax do sacrifcio eucarstico, a gde orao eucarstica (ou Anfora). qdo fica claro que a nova aliana no um livro, mas uma ao, e essa ao a Eucaristia. H muitas oraes eucarsticas em uso em toda a Igreja, mas todas contm os mesmos elementos: Epiclese. qdo o sacerdote coloca as mos sobre sa ddivas e invoca o Esprito Santo. um poderoso encontro com o cu, mais suntuosamente apreciado no Oriente. A narrativa da instituio o momento em que o Esprito e a Palavra transformam os elementos do po e do vinho no corpo e sangue, alma e divindade de Jesus Cristo. Agora o sacerdote relata o drama da ltima Ceia, qdo Jesus fez provises para a renovao do sacrifcio de sua aliana para todo o sempre. O que o Exodo 12 foi para a Liturgia da Pscoa, os evangelhos so para a orao eucarstica mas com uma gde diferena. As palavras da nova Pscoa "efetuam o que expressam". Qdo pronuncia as palavras da instituio - "Isto meu corpo...Este o clice do meu sangue, o sangue da nova e eterna aliana" - O sacerdote no narra apenas, ele fala na pessoa de Cristo, que o principal celebrante da missa. Pelo sacramento da Ordem, um homem muda sua verdadeira existncia;como sacerdote, tornase outro Cristo Jesus ordenou os apstolos e seus sucessores para celebrarem a missa, qdo disse: "Fazei isto..em memria de mim"(ICor 11,25).Observe que lhes ordenou:fazei isto e no "escrevei isto" ou "lede isto". Memento.Usamos as palavras "memento" ou "memorial" para descrever a parte seguinte da orao eucarstica, mas essas palavras no fazem muita justia aos termos da lngua original. No AT, por ex., lemos com frequncia que Deus "se lembrou de sus aliana".Ora, no como se Ele pudesse esquecer sua aliana, mas,em determinadas ocasies, em benefcio de seu povo, Ele a renovou.Reapresentou-a. Redecretou-a. isso que Ele faz, por intermdio do sacerdote, no memorial da missa. Ele renova sua aliana. Oferecimento. O "memorial" da missa no imaginrio. Tem carne; Jesus em sua humanidade glorificada, e Ele nosso oferecimento."Celebrando agora , Pai, a memria do vosso Filho, da sua paixo que nos salva...ns vos oferecemos em ao de graas este sacrifcio de vida e santidade (Orao eucarstica III). Intecesses.Ento, com o prprio Jesus Cristo, rezamos ao Pai pelos vivos e pelos mortos, por toda Igreja e por todo o mundo.

Doxologia. O fim da orao eucarstica um momento emocionante. Ns o chamamos "doxologia", termo grego, para "palavra de glria".O sacerdote ergue o clice e a hstia, a que agora se refere como Cristo. Este Jesus e "Por Cristo, com Cristo , em Cristo, a vs, Deus Pai todo-poderoso, na unidade do Esprito Santo, toda a honra e toda a glria, agora e para sempre". Aqui, nosso "Amm" deve ser retumbante; tradicionalmente chamado " o grande Amm". No sc. IV, so Jernimo relatou que, em Roma, quando o grande Amm era proclamado, todos os templos pagos tremiam. Assuntos de Famlia. Cap IV Em seguida orao eucarstica rezamos o Pai-nosso, a orao que Jesus nos ensinou. Ns a encontramos nas antigas liturgias e ela deve ter um sentido mais fecundo para ns no contexto da missa - e, em especial, no contexto da missa como cu na terra. Renovamos nosso Batismo como filhos de Deus , que chamamos "Pai nosso". Tendo levantado o corao para o alto,estamos agora no cu com ele. Ao celebrar a missa,santificamos seu nome. Ao unir nosso sacrifcio com o eterno sacrifcio de Jesus, vemos feita a vontade a vontade de Deus "assim na terra como no cu". Temos diante de ns Jesus, o "po nosso de cada dia" e este po vai perdoar "nossas ofensas", porque a sagrada comunho apaga todos os pecados veniais. Conhecemos, portanto, a misericrdia e por isso mostraremos misericrdia, ao perdoar "os que nos ofenderam".E pela sagrada comunho, obteremos nova fora para vencer as tentaes e o mal. A missa realiza perfeitamente o Pai-nosso, palavra por palavra. Nunca demais ressaltar a relao entre "o po nosso de cada dia" e a hstia eucarstica diante de ns. Em seu clssico ensaio a respeito do Pai-nosso, o biblista padre Raymond Brown demonstrou que esta era a admirvel crena dos cristos primitivos: "H, ento, boa razo para ligar o man veterotestamentrio e o po eucarstico neotestamentrio com a splica...Desse modo, ao pedir ao Pai:'O po nosso de cada dia nos dai hoje', a comunidade empregava palavras diretamente ligadas Eucaristia. E por isso, nossa liturgia romana no est longe do sentido original da splica ao fazer o pai-nosso introduzir a comunho da missa". Assim comea o "rito da comunho" e no devemos deixar de notar a fora da palavra comunho. No tempo de Jesus, a palavra (Koinonia,em grego) era usada com mais frequncia para definir um lao de famlia. Com a comunho, renovamos nossos laos com a famlia eterna, a Famlia que Deus e com a famlia de Deus na terra, a Igreja. Expressamos nossa comunho com a Igreja no sinal da paz. Nesse gesto antigo, cumprimos a ordem de Jesus para nos reconciliar com nosso irmo antes de nos aproximar do altar (veja Mt 5,24). Nossa orao seguinte, o "Cordeiro de Deus" recorda o sacrifcio pascal e a "misericrdia" e a "paz"da nova Pascoa. O sacerdote, ento, parte a hstia e a eleva - "um cordeiro, que parecia imolado" (Ap 5,6) - e proclama as palavras de Joo Batista: "Eis o cordeiro de Deus (Jo 1,36).

E s podemos responder nas palavras do centurio romano: "Senhor, eu no sou dgno de que entreis em minha morada; mas dizeis uma s palavra..." (Mt 8,8). Em seguida, ns o recebemos em comunho. Recebemos aquele que louvamos no Glria e proclamamos no Credo!Aquele diante de quem fizemos nosso juramento solene! Aquele que a nova aliana esperada durante toda histria humana! Qdo Cristo vier no fim dos tempos, ele no ter uma s gota de glria a mais do que neste momento, qdo oconsumimostodo. Na Eucaristia recebemos o que seremospor toda a eternidade, qdo formos levados ao cu para nos juntarmos multido celeste no banquete das npcias do Cordeiro. Na sagrada comunho, j estamos l. Isso no metfora. a verdade metafsica nua e crua, calculada e exata que Jesus Cristo ensinou. Voces Foram Enviados ao Cu. Cap IV Depois de tanta coisa, a missa parece terminar de maneira inesperada - com uma beno e "A missa terminou.Ide em paz e o Senhor vos acompanhe" Parece estranho que a palavra "missa" venha dessas apressadas palavras finais: Ite, missa est (literalmente: "Ide ,a prece foi enviada Deus). Mas os antigos entendiam que a missa era um envio.Essa ltima linha no tanto demisso qto comisso. Unimo-nos ao sacrifcio de Cristo. Samos agora da missa a fim de viver o mistrio, o sacrifcio que acabamos de celebrar por meio do esplendor da vida comum no lar e no mundo. A Revelao do Cu. Segunda Parte " Voltei-me para Olhar". O Sentido Em Meio Estranheza. Scott diz que esses 4 primeiros cap. foram a parte mais fcil.Afinal de contas, em sua maioria,os catlicos tem pelo menos uma vaga percepo da missa. Esto familiarizados com as oraes e os gestos,mesmo que os tenham suportado de maneira sonolenta. Entretanto,com este cap., voltamo-nos para olhar (Ap 1,12) aquilo a que muitos catlicos voltam as costas - as vezes por medo, outras vezes por frustrao. O livro do Apocalpse, o ultimo da Bblia, parece mesmo um livro estranho: cheio de guerras assustadoras e fogos devoradores, rios de sangue e ruas pavimentadas de ouro. Em todas as suas partes,o livro parece desafiar o bom senso e o bom gosto. Vejamos s um ex. famoso,a praga de gafanhotos relatada por Joo:"desta fumaa espalharamse gafanhotos...[que]tinham o aspecto de cavalos equipados para o combate;nas suas cabeas havia como que coroas de ouro e suas faces eram como faces humanas. Tinham cabelos como que de mulheres e seus dentes eram como dentes de leo.Tinham couraas como de ferro e o rudo de suas asas era o rudo de carros com muitos cavalos...Tem caudas como as dos escorpies, armadas de ferres; nas caudas reside o seu poder de causar dano aos homens durante cinco meses" (Ap 9,3.7-10). No sabemos se devemos rir ou gritar de medo. Com o devido respeito, queremos perguntar a so Joo: "Tudo bem,deixe-me ver se entendi direito:voce viu gafanhotos de cabelos compridos,com dentes de leo e faces humanas...e eles usavam coroas de ouro e armaduras? A gde tentao simplismente nos eximir de ler o Apocalpse lembrando a Deus que temos compromissos urgentes aqui na terra.

De fato os detalhes do livro do Apocalpse so muitssimo estranhos. Ao contrrio,Scott nos convida a ir com ele em uma pesquisa, para que descubramos, como ele descobriu, que h um sentido em meio estranheza. A Mancha Que No Se Parece Com Nada Scott diz que qdo comeou a estudar o livro do Apocalpse, era protestante, de expresso evanglica e teologia calvinista. Como muitos outros evanglicos, achava esse livro fascinante. Escritura, claro,e ele julgava regra de f ser "to-smente a Escritura". Alm disso, o Ap. ocupa uma posio proeminente: O derradeiro livro da Bblia - a "ltima palavra" de Deus,, por assim dizer.Tbem parecia a Scott ser o livro mais misterioso e enigmtico da Bblia,e ele achava isso tentador demais para deixar passar. Considerava o Apocalpse um engma que Deus o desafiava a solucionar, um cdigo que implorava para ser decifrado. E Scott tinha companhia. medida que o segundo milenio se aproximava do fim,a interpretao do livro transformava-se em atividade particular entre seus irmos evanglicos. A cada ida livraria, ele descobria novas e mais promissoras revelaes a respeito da Revelao. Isso nem sempre aconteceu com os intrpretes protestantes.O primeiro protestante genuno, Lutero,achava o Apocalpse fantstico demais. Durante algum tempo chegou a rejeitar seu lugar na Bblia, porque, disse ele, "uma revelao deve ser reveladora". Contudo, o Apocalpse sempre revelador, visto que expe os preconceitos,as ansiedades e a inclinao ideolgica de cada intrprete em particular. Este livro continua a ser uma espcie de mancha de Rorschah* para os cristos.Os pregadores tentam primeiro discernir uma ordem no texto,o que costuma ser um esforo intil, pois o livro no tem os princpios metodolgicos de uma obra literria:um enredo ou argumento convencional. No encontrando ordem, eles tentam impo-la.Foi esse, mais ou menos, o padro que Scott seguiu durante seus anos de seminarista e ministro protestante. Em geral, acontece que um detalhe em particular prende a imaginao e se torna a chave interpretativa para a leitura do livro todo. O "milnio" por ex. - conceito que s aparece no cap. 20 do Apocalpse - comea deturpar tudo que o intrprete v nos caps.1-19 e 21-22. O Vrus Do Milnio O milnio hoje, a chave interpretativa predileta entre os evanglicos e os fundamentalistas. O livro de enorme sucesso de Hal Lindsey,The Late,Great Planet Earth, publicado em 1970, lanou um gnero ao se tornar o segundo livro mais vendidos nos ltimos 30 anos. Lindsey afirmou que as profecias do Ap. eram uma previso exata de acontecimentos futuros, um futuro que apenas despontava na dcada de 1970. Ele achava que as estranhas imagens do Ap. correspondiam exatamente a pessoas, lugares e acontecimentos que na ocasio estavam nos noticirios. A Rssia, por ex., era a besta;e Gog e magog referiam-se Unio Sovitica.Lindsey previu que os soviticos atacariam a Palestina, mas os judeus voltariam e os massacrariam para instituir um reino milenrio em Jerusalm. Lindsey no estava szinho.De fato,durante alguns anos, Scott esteve firmemente com ele -

embora com diferenas mnimas - entre os patidrios "futuristas" dos intrpretes do Ap. Nesse partido h muita discordncia acerca de qdo tero lugar esses acontecimentos e de quais as bestas que correspondem a determinados lderes mundiais. Os futuristas tbm discordam entre si qto a se os cristos entrar no reinado milenar de Cristo. Alguns criaram novos conceitos, como o do "Arrebatamento" para descrever as intervenes milagrosas que predizem para o fim dos tempos. No arrebatamento, dizem eles, Deus arrebatar sobre as nuvens seus escolhidos para viverem com ele (ITs 4,16-17). Scott se abrigou nessas passagens durante anos , mas sem encontrar nenhuma satisfao verdadeira. Repetidamente um pastor se fixava em um elemento - o nmero da besta, por ex.-e toda sua interpretao do Ap. dependia da identificao desse nmero com algum presente nos noticirios. Porm, durante as dcadas de 1970 e 1980, lderes mundiais subiam e caam do poder,imprios desmoronavam e com todo lder cado, com todo imprio desmoronado, Scott via ruir outra teoria grandiosa. Gradativamente, Scott comea a ver um motivo maior para sua desiluso. Teria Deus realmente inspirado o livro do Apocalpse de Joo para ele ficar escondido no fim da Bblia,estranho e inexplicvel,durante vinte sculos - at cumprir-se o tempo e acontecer o cataclismo? No, o Apocalpse tem a finalidade de "revelar" e suas revelaes precisam ser para todos os cristos de todos os tempos, at mesmo para os leitores originais do sculo I. Um Sopro do Passado. Apesar de heterognio, os futuristas no esgotaram as perspectivas interpretativas a respeito do livro do Apocalpse. Alguns (chamados "idealistas")achavam que o livro inteiro era apenas metfora para as lutas da vida espiritual.Outros achavam que o livro delineava um plano para a histria da Igreja. Outros ainda argumentavam que o livro era simplismente uma descrio codificada da situao poltica dos cristos do sc.I. O objetivo do Apocalpse, segundo essa opinio , era exortar os fiis a permanecerem firmes na f,e prometer a vingana divina contra os perseguidores da Igreja. Scott at achou algum mrito nesses argumentos,principalmente porque se relacionavamcom alguns versculos especficos, mas nenhum foi capaz de satisfazer seu desejo de compreender o desenrolar da narrativa de Joo. Qro mais estudava, mais Scott entendia detalhes selecionados,mas menos parecia entender a totalidade do livro. Ento, enquanto pesquisava outros assuntos, Scott depara com um tesouro escondido - isto , escondido aos estudiosos da Escrituras em uma tradio que remonte a apenas 400 anos. Scott comea a ler os Padres da Igreja, os autores e mestres cristos dos 8 primeiros scs. e em especial, seus comentrios acerca da Bblia. Scott diz que no parou de se chocar com sua ignorncia, j que os Padres referiam-se frequentemente a uma coisa que ele desconhecia: a liturgia. Entretanto, foi interessante descobrir que essa literatura antiga parecia incorporar muitos dos pequenos detalhes do Apocalpse - em um contexto no qual eles faziam sentido!

Ento, qdo Scott passou a ler os estudos exegticos do Apocalipse pelos Padres,descobriu que muitos deles haviam feito ligao explcita entre missa e o livro do Apocalpse. De fato, para a maioria dos cristos primitivos era ponto pacfico: separado da liturgia, o livro do Apocalipse era incompreensvel. Como Scott descreveu no cap.I, foi s qdo comeou a participar da missa que muitas partes deste livro enigmtico comearam de repente a se esclarecer. scott comeou a descobrir o sentido do altar do Apocalipse (Ap 8,3), seus sacerdotes paramentados (4,4),candelabros (1,12),perfume (5,8),man (2,17), taas (cap 16), o culto no domingo (1,10),a proeminncia que d a Santssima Virgem Maria (12,1-6), o "Santo,Santo,Santo!"(4,8), O Glria(15,3-4), o sinal da cruz (14,1), a Aleluia (19,1.3.6), as leituras das Escrituras (caps 2-3) e o "Cordeiro de Deus" (muitas e muitas vezes). No so interpretaes da narrativa nem detalhes casuais; so a prpria essncia do Apocalpse. Respostas dos Porqus. Ento o Apocalpse no era simplismente uma advertncia velada a respeito da geopoltica da dcada de 1970, nem uma histria codificada do Imprio Romano do sc.I ou um manual de instrues para o fim dos tempos. Tratava-se, de certo modo, do prprio sacramento que comea a atrair este "cristobblico" para a plenitude da f catlica. Contudo, surgiram novas perguntas. Se, nos textos das antigas liturgias, Scott topou com o "qu" do Apocalpse, restavam alguns imensos "porqus". Por que essa estranha apresentao? Por que uma viso e no um texto liturgico? Por que o Apocalpse foi atribuido Joo, entre todos os discpulos possveis? Por que foi escrito , qdo foi escrito? As respostas surgiram qdo Scott comeou a estudar o tempo do Apocalpse e a liturgia desse tempo. Cu E Terra Em Miniatura. Muitos pequenos detalhes da viso de Joo se esclarecem qdo procuramos entrar em contato com o Apocalpse da maneira como seu pblico original deve t-lo feito. Se fssemos judeu-cristos de fala grega do tempo de Joo e vivssemos nas cidades da provncia romana da Asia, provvel que conhecessemos a topografia de Jerusalem por causa de nossas peregrinaes regulares. Jerusalm era exatamente importante para os leitores de Joo.Era a capital e o centro economico do antigo Israel, alm do centro cultural e academico da nao. Mas, acima de tudo, Jerusalm era o corao espiritual do povo israelita, como o Vaticano para os catlicos. Em Jerusalm, sentiramos a mais profunda afeio pelo Templo, que era o centro da vida cultural e religiosa para os judeus de todo mundo. Jerusalm no era tanto uma cidade com um Templo qto o Templo com uma cidade construda em sua volta. Para os judeus piedosos , mais que lugar de culto, o Templo representava a maquete de toda criao.Assim como o universo foi feito para ser o santurio de Deus, com Ado como sacerdote , o Templo deveria restaurar essa ordem, com sacerdotes de Israel oficiando diante do Santo dos Santos. Como judeu-cristos, reconheceramos imediatamente o Templo na descrio que o Apocalpse faz do cu. No templo, como no cu de Joo, os sete candelabros de ouro (Ap 1,12) e o altar de perfumes

(8,3-5) ficavam diante do Santo dos Santos. No Templo, quatro querubins esculpidos adornavam as paredes, como os quatro anjos vivos ministram diante do trono no cu de Joo. Os vinte e quatro "ancios" (em grego ptrsbyteroi)so uma rplica dos vinte e quatro grupos de sacerdotes que serviam no Templo todos os anos. O "mar lmpido, semelhante ao cristal"(Ap 4,6)era a gde piscina de bronze polido do Templo que comportava 45 mil litros de gua. Como no Templo de Salomo, no centro , do templo do Apocxalse ficava a Arca da aliana.(Ap 11,19) O apocalse revelava o Templo - mas para os judeus devotos e os judeus convertidos ao cristianismo tbm revelava muito mais, pois o Templo e seus ornamentos indicavam realidades mais elevadas. Como Moiss (veja Ex 25,9), o rei Davi recebeu o plano do templo do prprio Deus: "Tudo isto encontra-se num escrito redigido pela mo do Senhor, que me fez compreender todas as obras do plano" (I Cr 29,19). O Templo deveria seguir o modelo da corte celeste: " Ordenaste-me construir um Templo em tua morada, imitao da tenda santa que tinhas preparado desde a origem" (Sb 9,8). Da imitao Participao. De acordo com as antigas crenas judaicas, o culto no Templo de Jerusalm espelhava o culto dos anjos no cu. O sacerdcio levtico,a liturgia da aliana, os sacrifcios eram vagas representaes de modelos celestes. Ainda assim, o livro do Apocalpse tinha algo diferente , algo mais. Enquanto Israel rezava "por imitao dos anjos", a Igreja do Apocalpse adorava "junto com os anjos" ( veja 19,10). Enquanto smente os sacerdotes podiam entrar no lugar santo do Templo de Jerusalm, o Apocalpse mostrava uma nao de sacerdotes (Veja 5,10;20,6) que habitavam sempre na presena de Deus. J no haveria um arqutipo celeste e uma imitao terrena.Agora o Apocalse revelava "um s culto", compartilhado por homens e anjos! Das Cinzas. Os biblistas discordam a respeito de qdo o livro do Apocalpse foi escrito; as estimativas variam do fim dos anos 60 at o final dos anos 90d.C. Entretanto, quase todos concordam que a medio do Templo por Joo (Ap 11,1) indica uma data anterior a 70 , pois depois desta data no havia mais Templo para medir. De qualquer modo,o culto sacrifical da antiga aliana encontrou seu fim definitivo com a destruio do templo e de Jerusalm em 70 d.C.Para os judeus de todo o mundo esse foi um acontecimento cataclsmico - que prefigurava o juzo final do "templo csmico" no fim dos tempos. Depois de 70 d.C. a fumaa dos cordeiros dos sacrifcios de Israel no mais subiu.As legies romanas reduziram a entulho enegrecido pelo fogo a cidade e o santurio que davam sentido vida dos judeus da Palestina e do exterior. O que Joo descreve em sua viso era nada menos que o fim do mundo antigo, da antiga Jerusalm, da antiga aliana e a criao de um mundo novo, uma nova Jerusalm, uma nova aliana.Com a ordem do mundo novo surgiu uma nova ordem de culto. difcil "no " ouvir ecos do evangelho de Joo:" Destrui este templo, e em tres dias eu o reerguerei" (Jo 2,19)..."vem a hora em que nem sobre esta montanha, nem em Jerusalm

adorareis o Pai...na qual os verdadeiros adoradores adoraro o Pai em esprito e verdade"(Jo 4,21.23). No Apocalpse, essas previses se realizam qdo o novo Templo se revela como o corpo mstico de Cristo, a Igreja e qdo a adorao "no Esprito" tem lugar na nova Jerusalm celeste. Do mesmo modo, fcil entender por que os cristos primitivos consideravam o vu rasgado do Templo to significativo do ponto de vista teolgico e litrgico. O vu rasgou-se exatamente qdo o corpo de Cristo foi decisivamente rasgado.Qdo Jesus completou a oferenda terrena de seu corpo, Deus assegurou que o mundo soubesse que o vu fora removido do "Santurio". Agora todos - reunidos na Igreja - podiam entrar em sua presena no dia do Senhor: Destarte , irmas, temos total garantia de acesso ao santurio pelo sg de Jesus. Temos a um caminho novo e vivo, que ele inaugurou atravs do vu, isto , atravs da sua humanidade...Velemos una pelos outros para nos estimular caridade e s boas obras.No abandonemos as nossas assemblias..mas animemo-nos, tanto mais que vedes o Dia aproximar-se (Hb 10,19-20.24-25). " No Esprito no dia do Senhor", Joo viu algo que era mais completo do que qualquer narrativa ou argumento poderia transmitir.Ele viu que parte do mundo j estava transformada em um novo cu e uma nova terra. Alguns sculos mais tarde, Scott (e agora ns!) comeamos a nos voltar para olhar. Quem quem no Cu. O Elenco de Milhares do Apocalpse: Exceto por uma praga de filmes de anticristos na dcada de 1970, Hollywood nem mesmo tentou filmar um Apocalse, como fez com os evangelhos e o livro do xodo.Talvez algumas coisas sejam simplismente estranhas , sangrentas e extravagantes at mesmo para Hollywood. Ou talvez os diretores sintam-se dissuadidos pelo nmero de atores que o Apocalpse exigiria (sem mencionar o custo dos efeitos especiais!). Em Os dez mandamentos,o diretor contentou-se com um elenco de milhares, mas o Apocalse exigiria literamentecentenas de milhares, pois talvez seja o livro mais populoso da Bblia. Quem so essas personagens que enchem os cenrios da terra e do cu de Jao? Neste captulo, vamos tentar conhec-los um pouco melhor. Primeiro, porm, Scott confessa: Trilhar esse caminho o assusta! Talvez o assunto que mais fascine e preocupe os estudiosos e pregadores do Apocalpse e os que a ele se dedicam como passatempo seja a identificao das bestas, das cristuras, dos anjos e das pessoas do livro. A identificao dessas personagens pelo leitor depende, em gde parte, de seu sistema de interpretao.O sistema futurista inspirou os intrpretes a identificar as bestas, em sucesso, com Napoleo, Bismark, Hitler e Stalin, entre outros. A viso "passadista"- que enfatiza o cumprimento das profecias do Apocalpse no sc.I- tende a identificar as bestas , por ex., com um ou outro imperador romano, ou com a prpria Roma, ou com Jerusalm. Uma terceira perspectiva, s vezes chamada " idealista", considera o Apocalpse uma alegoria da guerra espiritual que todo crente tem de enfrentar. Ainda outra viso , a "historicista", afirma que o Apocalpse traa o plano-mestre de Deus para a histria, do incio ao fim. Que opinio segue Scott? Bem todas elas.No h nenhuma razo que as impea de serem todas verdadeiras, simultaneamente.

As riquezas da Escrituras so infinitas. Os cristos primitivos ensinavam que o texto sagrado opera em quatro nveis e que todos eles, ao mesmo tempo, ensinam a verdade nica de Deus como uma sinfonia. Se Scott prefere uma perspectiva s outras, essa a passadista.Contudo, ele repete, no descarta as outras.O que une todas elas o que nos liga todos Cristo: A nova aliana, selada e renovada pela liturgia escarstica. No Apocalpse, surge um padro - de aliana, queda , julgamento e redeno - e esse padro descreve realmente determinado perodo da histria, mas tbm descreve cada perodo da histria e a histria toda, alm do transcurso da vida para todos ns. " Eu ,Joo" Scott j mencionou que h muita controvrsia a respeito da autoria do livro do Apocalpse por Joo. Embora fascinante , para nosso estudo da missa e do Apocalpse esse debate apenas secundrio. Entretanto uma coisa est clara: o texto associa-se explicitamente Joo (Ap 1,4.9;22,8). E, no NT ( e para os padres da igreja), "Joo" significa o apstolo Joo. Na verdade , os prprios livros indicam que, se no compartilham um autor comum,eles pelo menos originam da mesma escola de pensamento, pois o Apocalpse e o Quarto Evangelho compartilham muitas preocupaes teolgicas. Os dois livros revelam um conhecimento bastante preciso do Templo de Jerusalm e seus rituais; ambos parecem preocupados em apresentar Jesus como o "cordeiro", o sacrifcio da nova Pascoa (veja Jo 1,29.36; Ap 5,6). Alm disso, o evangelho de Joo e o Apocalpse compartilham uma terminologia que, no NT caracterstica apenas deles. Por ex., s o quarto evangelho e o Apocalpse referem-se a Jesus como " a Palavra de Deus" e s esses dois livros referem-se adorao segundo a nova aliana " no esprito". E s esses dois livros falam da salvao em termos de "agua da vida". Ainda assim, essa identificao do autor Joo com o apstolo Joo importante s por nos dar um discernimento da fora da viso do Apocalpse. No evangelho, por ex., Joo era identificado como " o discpulo que Jesus amava". Joo era o apstolo que mais gozava da intimidade do Senhor, o discpulo que estava literalmente mais prximo de seu corao. Na ltima Ceia, Joo, reclinou-se no colo de Jesus. Contudo no Apocalpse qdo v Jesus em seu poder e glria com domnio universal e soberania divina, Joo cai como morto (Ap 1,17). So detalhes importantes para ns que queremos ser discpulos "amados" hoje.Embora precisemos lutar por uma relao cada vez mais ntima com Jesus, no poderemos entabular a conversa enquanto no virmos Jesus como quem Ele , em sua santidade insupervel. A identidade de Joo importante tbm em relao s preocupaes terrenas do Apocalpse. A tradio identifica o apstolo Joo como bispo de feso, uma das sete Igrejas destinatrias do Apocalpse. As igrejas identificam -se com cidades, todas as sete localizadas em um raio de 80 kms na sia menor, que provavelmente limitava a esfera da autoridade de Joo. Entendemos porque Joo, como bispo, foi escolhido para transmitir a mensagem pastoral que encontramos no Apocalpse, em especial nas cartas s sete Igrejas (Ap 2;3). " O Cordeiro" O ttulo e a imagem favoritos do Apocalpse para Jesus Cristo: o Cordeiro. Sim, ele o prncipe

(1,5); est no meio dos candelabros , paramentado como sumo sacerdote(1,13); o "Primeiro e o ltimo" (1,17), o "santo" (3,7), "Senhor dos senhores e Rei dos reis" (17,14) - mas Jesus , irresistivelmente, o cordeiro. Segundo o Catecismo da Igreja Catlica, o Cordeiro : "Cristo crucificado e ressuscitado, o nico sumo sacerdote do verdadeiro santurio, o mesmo 'que oferece e oferecido, que d e que dado'"(n.1137) Qdo v pela primeira vez o Cordeiro , Joo est, na verdade, procura de um leo. Ningum tem o poder de abrir os selos do livro e revelar seu contedo, e Joo comea a chorar. Ento um ancio lhe diz: "No chores! Eis, ele alcanou a vitria, o leo da tribo de Jud, o rebento de Davi, ele abrir o livro e seus sete selos" (Ap 5,5). Joo olha em volta para ver o leo de Jud mas, em em vez disso, ele v...um cordeiro. Para comear, cordeiros no so muito fortes, e este est de p , como que "imolado" (Ap 5,6). No precisamos repetir tudo que analisamos no cap. dois. Deve ficar claro que Jesus, aqui, um cordeiro sacrifical , como o cordeiro da Pscoa. Ento os ancios (presbyteroi,sacerdotes) cantam que o sacrifcio de Cristo permitiu-lhe romper os selos do livro, o Antigo Testamento. "Tu s dgno de receber o livro e de romper-lhe os selos porque fostes imolado, e redimiste para Deus , por teu sangue, homens " (5,9). Em seguida, o cu e a terra glorificam Jesus como Deus: "Ao que est sentado no trono e ao Cordeiro, louvor, honra, glria e poder pelos sculos dos sculo...E os ancios prostraram-se e adoraram" (5, 13-14). O Cordeiro Jesus. O Cordeiro tambm "filho de homem", paramentado como sumo sacerdote (1,13); o Cordeiro vtima sacrifical; o Cordeiro Deus. "Uma Mulher vestida de Sol" Apocalpse 12, a viso que Joo tem da mulher vestida de sol, retrata a essncia do livro do Apocalpse. Com muitos nveis de sentido , mostra um acontecimento passado que prefigura um acontecimento do futuro distante. Recapitula o AT ao mesmo tempo que completa o Novo.Revela o cu, mas em imagens da terra. A viso de Joo comea com a abertura do templo de Deus no cu: " e a arca da aliana apareceu em seu templo" (Ap 11,19). Talvez no apreciemos plenamente o valor do choque desse versculo. A arca da aliana no tinha sido vista durante cinco sculos. No tempo do cativeiro babilnico, o profeta Jeremias havia escondido a arca em um lugar que "ficar desconhecido at que Deus haja consumado a reunio do seu povo" (2Mc 2,7). Essa promessaa se cumpre na viso de Joo. O Templo apareceu e "houve relmpagos, vozes , troves, um terremoto e forte tempestade de granizo". E ento "Um grande sinal apareceu no cu: Uma mulher vestida de sol, a lua debaixo de seus ps e uma coroa de doze estrelas na cabea; estava grvida"(Ap 12,1-2). Joo no introduziu a arca s para desistir dela imediatamente. Scott cr (com os padres da Igreja) que qdo Joo descreve a mulher ele descreve a arca - da nova aliana . E quem essa mulher? aquela que d luz o filho varo que deve apascentar todas as naes. O menino Jesus, sua me Maria. O que tornava a arca original to santa? No o ouro que revestia o exterior, mas os dez mandamentos no interior - a lei que o dedo de Deus escreveu nas tbuas de pedra. O que mais havia no interior? Man, o po milagroso que alimentou o povo na caminhada pelo deserto; o basto de Aaro que floresceu como sinal de sua funo de sumo sacerdote ( veja Nm 17). O que torna a nova arca santa? A antiga arca continha a Palavra de Deus escrita em pedra; Maria trazia em seu seio a Palavra de Deus que se fez homem e habitou entre ns. A arca continha man; Maria trazia o po vivo descido do cu. A arca continha o basto do sumo sacerdote Aaro; o seio de Maria continha o sacerdote eterno, Jesus Cristo. No templo celeste, a Palavra de Deus Jesus e a arca onde ele habita Maria, sua me.

Se o menino Jesus, ento a mullher Maria. Essa interpretao foi aprovada pelos mais racionais dos Padres da Igreja , santo Atansio, santo Epifnio e muitos outros. Contudo , " a mulher" tbm representa mais. Ela a "filha de Sio", que criou o Messias de Israel. tbm a Igreja sitiada por Satans, mas preservada em segurana. Como Scott disse antes, as riquezas das Escrituras so infinitas! Outros biblistas argumentam que a mulher no Maria pois, segundo a tradio catlica, Maria no sofreu as dores fsicas do parto.Entretanto, as dores da mulher no tem de ser dores fsicas. So Paulo, por ex., descreveu como dores de parto sua agonia at Cristo ser formado em seus discpulos (veja Gl 4,19).Assim o que sofre a mulher pode ser descrito como sofrimento da alma - o que Maria conheceu perto da cruz , ao se tornar a me de todos os discpulos amados (veja Jo 19, 25-27). Outros alegam que a mulher do Apocalpse no Maria porque essa tem outros filhos e a Igreja ensina que Maria foi sempre virgem. Mas as Escrituras usam com frequencia "prole" ( em grego, sperma)para descrever descendentes espiituais. Os filhos de Maria, sua prole espiritual, so "os que observam os mandamentos de Deus e guardam o testemunho de Jesus" (Ap 12,17). Somos a outra prole da mulher. Somos os filhos de Maria. Assim, o Apocalpse tbm retrata Maria como a "nova Eva", me de todos os viventes. No jardim do dem, Deus prometeu por "hostilidade" entre satans, a antiga serpente, e Eva - e entre a "descendncia" de satans e a dela (Gn 3,15). Agora no Apocalpse, vemos o clmax dessa inimizade. A descendncia da nova mulher, Maria, o filho varo, Jesus Cristo, que vem derrotar a serpente (em hebraico, a mesma palavra,nahash, aplica-se ao drago e a serpente). Esse o admirvel ensinamento dos Padres , Doutores, santos e papas da Igreja, antigos e modernos. o ensinamento do Catecismo da Igreja Catlica(veja n.1138). Entretanto, Scott precisa mencionar que no apoiado por muitos biblistas de hoje.Contudo o nus da prova cabe aos que discordam. Na carta encclica Ad Diem Illum Laetissimum, o papa so Pio X falou com eloquncia pela Tradio: -Todos sabemos que essa mulher representa a Virgem Maria...Portanto, Joo viu a Santssima Me de Deus j na eterna felicidade, mas em trabalho de um parto misterioso.Que parto esse? Com certeza, era o nascimento de ns que, no exlio, ainda devemos ser gerados para a perfeita caridade de Deus e para a felicidade eterna. A Primeira Besta Fracassando em seus ataques mulher e seu filho, o drago volta-se para combater a descendncia dela, os que observam os mandamentos de Deus e guardam o testemunho de Jesus. O drago convoca a prpria descendncia, duas bestas amendrontadoras. Por incrvel que parea, entre todas as imagens de esperana e espantosas do Apocalpse, estes dois monstros horrendos parecem provocar o maior interesse. Produtores de filmes e evangelizadores televisivos demoram-se muito mais no 666 que no mar cristalino ou no leo de Jud. Scott sente uma