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Jornal dos Alunos de Relações Internacionais da PUC-SP
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BARAO Jornal dos alunos de Relações Internacionais da PUC-SP
São Paulo, 27 de março de 2012
Debate na PUC-SP Reitor, alunos e professores discutem as colocações
conservadoras do Bispo Dom Luiz Gonzaga (Pg. 6)
Choque Cultural Em trabalho de campo pela optativa de
Arte, Mídia e Política, alunos do 6º, 7º e 8º
semestre visitaram a exposição Estado do
Sítio do Coletivo BijaRi, na galeria de arte
Choque Cultural. (Pg. 2)
Alexander Keyssar O professor de Harvard veio a PUC-SP dis-
cutir sobre as eleições norte-americanas,
bem como a rivalidade entre os principais
partidos na sua disputa. (Pg. 3)
Intercambistas Dois alunos escrevem ao Barão relatando
suas experiências fora de seu país de
origem: uma francesa que está estudando
no Brasil e um brasileiro que estudou em
Paris. (Pg. 5)
Instituições Saiba o que diversas instituições do curso
oferecem de complement para sua formação
social e acadêmica. Descubra com qual se
identifica e participe! (Pg. 7)
Quinta página A Quinta Página sempre aparecerá onde
menos se espera para alegrar nossos dias.
Saiba o que os Astros reservaram para você
no Horóscopo das RI e divirta-se com as
charges. (Pg. 8)
Perfil do Barão Por tras de muita pompa e de um bigode
impecável, o patrono do CA do nosso curso
esconde inúmeras curiosidades ao longo de
sua vida pessoal e política. Confira! (Pg. 9)
Editorial — 1 (De) Novo Reinício. Reinauguração. Reabertura, retomada e renascimento.
Recomeço
O Barão voltou. Muitos não sabem nem que ele foi embora, que existia. Só graduados
ou antigos veteranos chegaram a vivenciá-lo como jornal. Há pouco, era tema apenas de
conversas -- de saudade ou rancor. Mesmo porque, esboços mais recentes de um retorno do
jornal não saíram do papel e das boas intenções. Até agora.
A publicação de um jornal por e para alunos do curso de Relações Internacionais é
empreitada antiga. Nas conversas que tivemos com antigos alunos, nenhum soube ao certo
quando O Barão se originou. O que podemos dizer sem hesitar é que saiu de veiculação em
2007. O jornal, impresso e distribuído no tão famoso corredor de RI, deixou de existir, sem
muito alarde. A essência crítica do internacionalista sempre esteve lá, disto não temos
dúvida. Mas sem aquele 'empurrãozinho', aquela estrutura para que se pudesse dar vazão a
isso.
A revitalização do projeto neste ano de 2012, após este hiato de cinco anos, acontece
em um momento de inédita participação e preocupação dos alunos na gestão das insti-
tuições. A campanha e debates pelo Centro Acadêmico no ano passado, bem como as agita-
ções envolvendo o Repasse neste mês são evidências claras disto. É natural, então, que as
mentes que lêem e produzem o periódico sejam irrequietas.
A publicação almeja ser fonte de informação e entretenimento. O conteúdo proposto
varia desde matérias acadêmicas e reportagens sobre o dia a dia na PUC até quadrinhos,
dicas de exposições e informativos sobre eventos de toda estirpe.
Esperamos receber sugestões das mais variadas possíveis para publicação. Eventos,
palpites de entrevistas, ideias para charges e, principalmente, críticas. Críticas, sendo elas
construtivas, melhoram o jornal e aqueles que o fazem. Afinal, assim como o leitor desfruta
do conteúdo da publicação, os redatores aproveitam esta experiência para seu futuro profis-
sional, seja ele acadêmico, corporativo ou governamental.
Retomando os diálogos com os responsáveis pelas antigas edições d’O Barão, podemos
dizer que ainda compartilhamos a mesma meta: trazer contribuições sobre os mais diversos
temas e atrair um número cada vez maior de interessados para o projeto. Somos diferentes
porque as conversas que queremos suscitar não são de saudade ou rancor. São de surpresa,
alegria, tristeza, indignação, curiosidade, tormenta, provocação e esperança. E do que mais
quiserem que seja.
Início. Inauguração. Abertura, tomada e nascimento.
Começo.
Humberto Cimino
Lara Del’Arco
Lucas
Zapparoli
Lucas Sorgini
Luciana Raele
Maria Shirts
Thais Adabo
Vinícius Neves
Venha fazer parte da nossa equipe! Reuniões todas as quintas-feiras, às 18h no CARI. Dúvidas, sugestões e críticas: [email protected]
Rua João Moura, 997 - Pinheiros
De terça à sábado, das 12 às 19h.
http://www.choquecultural.com.br
(11) 3061-4051
Entrada franca
Cultura — 2
Arte, mídia e política Por Lucas Zapparoli e Maria Shirts
Alunos visitam galeria Choque Cultural
“Guerra e paz”, Portinari Pela primeira vez na história, as obras de Portinari saíram da ONU e voltaram à sua terra natal. Após um período de restauração e uma exposição no Rio de Janeiro, elas che-garam ao Memorial da América Latina, em São Paulo, para mostra que vai até abril. Ter-ça a domingo e feriados, 9h às 18h. Grátis. De 07/02 a 21/04. http://memorial.org.br/
Lygia Pape na Pinacoteca
A Pinacoteca do Estado de São Paulo apre-senta primeira exposição retrospectiva de Ly-gia Pape - um dos principais nomes da arte brasileira contemporânea junto com Hélio Oiticica e Lygia Clark, aos quais a artista ti-nha uma forte ligação. A exposição Espaço Imantado reúne cerca de 200 obras, entre pinturas, relevos, xilogravuras, ações perfor-
máticas – mostradas por meio de objetos e fotografias –, produção cinematográfica e do-cumentos. A exposição vai até dia 13 de mai-o. http://pinacoteca.org.br/
Angeli, Itaú Cultural
O programa Ocupação chega à sua 12ª edição desnudando o universo do cartunista Angeli. A mostra, em cartaz no Itaú Cultural até 29 de abril, apresenta 880 obras assinadas pelo artista, sendo 80 originais, e cerca de 20 fo-tos de arquivo pessoal, incluindo retratos de i n f â n c i a e a d o l e s c ê n c i a . www.itaucultural.org.br
Veja também..
Em trabalho de campo pela optativa
de Arte, Mídia e Política, alunos do 6º, 7º e
8º semestre visitaram a exposição Estado
do Sítio do Coletivo BijaRi, na galeria de
arte Choque Cultural.
A partir de esculturas, instalações e
video mappings, o Coletivo denuncia a
violência do cotidiano, cada vez mais pre-
sente e consentida. Cada vez mais banali-
zada. Abordam os conflitos da vida urbana
que se encontra sitiada.
Os "BijaRis", como se chamam, exis-
tem desde 1997. Formado por arquitetos e
artistas, o grupo é conhecido por seus tra-
balhos de intervenção urbana e arte
pública. O objetivo principal é trazer à tona
questões já esquecidas pela sociedade e ti-
rar o conflito da invisibilidade.
Essa inquietação do grupo é mani-
festada nas práticas "relâmpago" e na ob-
servação do comportamento humano em
situações inusitadas. Foi esse o caso do ex-
perimento com "Joãos-Bobos" na Praça da
Sé. A documentação em vídeo mostra sua
destruição quase imediata, causada pelas
pessoas que circulavam pelo ponto
histórico da cidade de São Paulo e se de-
paravam com os bonecos.
Outra iniciativa do Coletivo foi soltar
uma galinha em dois locais diferentes da
cidade de São Paulo e gravar a reação dos
transeuntes. A fim de estudar as reaçõesem
contextos distintos, libertaram o animal na
região popular do Largo da Batata, em Pin-
heiros; e de novo em frente ao Shopping
Iguatemi. A partir de ações como essa o
Coletivo observa a relação das pessoas com
os espaços e objetos no cenário urbano.
Cada obra tem um objetivo diferente.
Mas todas procuram emancipar o público.
Para tanto, propõem o enfretamento das
estruturas de poder.
Esses foram alguns dos relatos dos
artistas no encontro promovido na galeria
Choque Cultural entre os alunos e o Cole-
tivo no dia. Eles se descrevem contesta-
dores da "anestesia do coletivo". Procuram
quebrar a barreira do espetáculo
A conversa franca dos artistas com os
alunos também abordou o ramo comercial
do grupo. Eles não escondem que desen-
volvem atividades com fins comerciais.
Afirmam que isto, ao mesmo tempo que
traz ganhos, impõe desafios. Por um lado
conseguem divulgar o trabalho. Por outro,
tomam cuidado para não se tornarem
aquilo que criticam.
Na exposição Estado de Sítio isso fica
muito claro. Um dos elementos mais mar-
cantes do trabalho é a diversidade de mate-
riais e plataformas. Segundo o integrante
do Coletivo Rodrigo Araújo, a ideia é pro-
vocar.
Acadêmico — 3
Obama e os conservadores Por Maria Shirts
Palestra com Alexander Keyssar na PUC-SP
"O conservadorismo nunca foi tão sólido nos Estados Unidos
como agora. Os republicanos nunca tiveram tanta aversão a um de-
mocrata como nos dias de hoje", começou Alexander Keyssar na pal-
estra "Obama e os Conservadores" que ministrou no dia 12 de março,
na PUC-SP.
Convidado pelo Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia
para Estudos sobre os Estados Unidos (INCT—INEU) e pelo pro-
grama San Tiago Dantas de pós-graduação, o PhD em História da
Civilização Americana e professor da Universidade de Harvard discu-
tiu as eleições norte-americanas, bem como a rivalidade entre os
principais partidos na sua disputa, o republicano e o democ-
rata.
Keyssar explorou algumas explicações para esse antago-
nismo. Afirmou que os republicanos têm a sensação de que seu país
está sendo "tomado" pelos imigrantes. Segundo o professor, os Esta-
dos Unidos terão uma minoria branca no futuro próximo. Isso as-
susta cada vez mais os conservadores do Tea Party, que têm como
objetivo "resgatar o país" das mãos dos imigrantes (leia-se todos
aqueles que não são brancos).
Questões relacionadas à política externa aumentam a brecha
entre os dois partidos principais dos Estados Unidos. "Os republica-
nos gostariam de tomar o mundo inteiro", disse Keyssar. Eles acredi-
tam no poder do "american exceptionalism", isto é, na ideia de que os
Estados Unidos são um país diferente de todos os outros. E que, por
isso, deveria dominar o sistema internacional. Baseado nos
princípios da liberdade, do individualismo e do laissez-faire, o
"american exceptionalism" foi apropriado pelos conservadores para
insinuar sua superioridade enquanto nação. A administração de
Obama, ao contrário, tem a consciência de que os Estados Unidos
não podem ser hegemônicos para sempre. Essas concepções de
mundo só fazem crescer a rivalidade entre os partidos, que ad-
quiriram ideias distintas sobre o papel da política externa de seu
país.
O estudioso afirmou, ainda, que os republicanos querem
acabar com a "grande barganha" negociada no fim do século XIX. Se-
gundo Keyssar, o contrato social que surgiu nessa época fez nascer
uma série de políticas avessas ao pensamento conservador. Desde
então foram criadas políticas sociais e atos regulatórios que tinham o
objetivo de proteger a população do país. No século XX essa prática
continuou a fazer parte da agenda doméstica dos Estados Unidos.
Mas essas políticas minguaram e continuam sendo gradualmente
atacadas pelos republicanos conservadores, que acham seus custos
altos. Os democratas procuram atuar em prol desta "grande bar-
ganha", adequando suas políticas públicas ao estado de bem estar.
Isso gera um impasse na política doméstica do país (vide o conflito
gerado em torno do programa de seguro saúde de Barack Obama).
Os Estados Unidos nunca viu um conservadorismo tão radi-
cal como esse, disse Keyssar. As eleições prévias à convenção do par-
tido republicano não apresentaram nenhum candidato moderado
para disputar a eleição contra Obama. Isso se deve, também, à di-
minuição do crescimento da economia americana, que os torna mais
relutantes em aprovar programas sociais. Mas talvez o fator que mais
estimule o conservadorismo americano seja o fim da hegemonia do
país. O partido republicano tem dificuldade em aceitar mudanças na
conjuntura internacional. E, por isso, procuram mantê-la sempre a
mesma, mesmo que à força.
Sobre Keyssar
Formado pela Harvard com doutorado em História da Civilização
Americana, lecionou na Brandeis University, Duke University e Mas-
sachusetts Institute of Technology. Presidiu a Comissão Social Sci-
ence Research Council da Pesquisa Nacional sobre votações e
eleições. Seus interesses de pesquisa incluem a reforma eleitoral, a
história das democracias e a história da pobreza, entre outros. Ele
Estudantes — 4
Relatos de Intercambistas
Yasmine Esserghini
Estou fazendo meu terceiro ano de fa-
culdade da Sciences Po na PUC-SP. Meus
pais são marroquinos e se conheceram em
Londres, cidade onde nasci. Quando eu tinha
três anos nos mudamos para Lisboa e perma-
necemos na cidade por preferência de meus
pais. Estudei quinze anos no Lycée Français;
meus pais, tios, tias, primos e primas estuda-
ram no ensino francês, em Marrocos ou fora.
E por fim, todos estudaram em universidades
no exterior.
Estava praticamente predestinada a sair
de casa com dezessete anos para ir morar na
França e seguir os meus estudos. Os alunos
que estudaram em colégios franceses na Es-
panha ou na América Latina fora Brasil ti-
nham aulas de português obrigatórias e podi-
am escolher optativas em francês, inglês e
espanhol. O objetivo para os alunos do curso
era sair desses dois anos com uma formação
pluridisciplinar em Ciências Sociais, com u-
ma boa base em português e espanhol e nível
bilíngüe em inglês.
Estudar num ''campus délocalisé'', em
Poitiers foi uma experiência única. As condi-
ções de estudo eram, a meu ver, as melhores,
a convivência entre os alunos era excelente, e
a oportunidade de conhecer pessoas proveni-
entes de lugares tão diferentes e com histó-
rias de vida tão interessantes foi algo que
nunca vou esquecer. Poitiers em si é uma ci-
dade pequena, medieval, muito ''vieille Fran-
ce'', com muitas igrejas, cafés, restaurantes,
cinemas, e todos nós vivíamos no centro, do
lado da Sciences Po. Morávamos em aparta-
mentos sozinhos ou em casas maiores dividi-
das entre dois ou três, éramos vizinhos, podí-
amos atravessar a cidade a pé. E as festas e-
ram muitas, e sempre muito boas.
É obrigatório passar os 5º e 6º semes-
tres fora do país, e por isso estou aqui hoje.
Os alunos do campus de Paris podem fazer o
seu intercâmbio em qualquer lugar do mun-
do, mas os alunos de campus deslocalizados
têm prioridade nas vagas nas universidades
conveniadas da sua área geográfica. Também
existe possibilidade de, ao invés do intercâm-
bio numa universidade, fazer um estágio de
oito meses ou um projeto pessoal de pesquisa
no terreno durante o 3º ano, mas necessaria-
mente fora da França. Um dos objetivos é
praticar uma das línguas que aprendemos
nos dois primeiros anos. Tenho amigos mo-
rando em diversas cidades do mundo e em
setembro estaremos reunidos de novo em
Paris, cada um no seu Master.
Eu escolhi o Brasil porque já falava a
língua, tive aulas de português desde peque-
na no Lycée, e queria muito conhecer esse
outro lado da cultura lusofônica, que não a-
través das aulas de história da América Lati-
na da Sciences Po, nem do cinema, nem mú-
sica ou da cultura popular. Queria ver de per-
to como este país se está tornando numa
grande potência econômica mundial, deixan-
do os europeus curiosos, intrigados e com
mais e mais vontade de vir para cá trabalhar.
Queria me inserir na sociedade brasileira,
descobrir os vários rostos que tem este Bra-
sil, conhecer os seus paraísos e os seus infer-
nos, as suas riquezas e desigualdades, apren-
der mais sobre as suas influências culturais e
históricas, influências essas que mudam mui-
to de uma cidade para a outra, de uma região
para a outra. Está sendo uma experiência in-
crível. Um ano é muito pouco tempo para ver
e conhecer isso tudo.
Escolhi estudar na PUC-SP por causa
da ótima reputação do seu curso de Relações
Internacionais e todas as coisas boas que me
falaram sobre a qualidade das aulas e o bom
ambiente na faculdade. Em minha carta de
motivação eu tinha dado bastante ênfase na
minha vontade de conhecer São Paulo tam-
bém, pois a meu ver o dinamismo econômico
e cultural desta cidade fazem que esta seja
realmente ''the place to be'' na América Lati-
na. Estou gostando muito das aulas, apesar
do sistema ser bastante diferente. Como pos-
so escolher qualquer disciplina em qualquer
curso da PUC estou abrindo as minhas pers-
pectivas para coisas novas, mas até hoje as
melhores aulas que tive foram no departa-
mento de RI, e muitos dos melhores encon-
tros pessoais também. Tive a grande sorte de
conhecer pessoas com os mesmos interesses,
as mesmas referências culturais, a mesma
forma de pensar que eu neste curso, e estou
adorando trocar idéias com elas, ou simples-
mente ficar ouvindo as suas conversas, ten-
tando entender como é a vida de um estu-
dante brasileiro, quais são as suas preocupa-
ções, as suas opiniões, os seus medos.
São Paulo é uma cidade sem igual, onde
convivem beleza e caos, felicidade e melanco-
lia, sol e trovão tudo no mesmo dia. É uma
verdadeira metrópole mundial, um melting-
pot, cosmopolita. Quando cheguei aqui e vi
pela primeira vez essa imensidade, esse labi-
rinto de estradas e prédios, sem conseguir
enxergar o horizonte em qualquer direção
que eu olhasse, me senti muito intimidada. O
processo de adaptação foi mais rápido que eu
esperava; o fato de entender e falar a língua
ajudou bastante e o de ter conhecido as pes-
soas certas desde o início ajudou ainda mais.
Eu não sei se me teria dado tão bem sem a
ajuda, ou às vezes a simples presença destes
amigos incríveis que conheci na PUC. Voltei
agora de dois meses de férias incríveis em
que viajei, um mês no Rio, Carnaval em Sal-
vador, Buenos Aires e Bolívia. E estou hoje,
mais que nunca, apaixonada por São Paulo e
pelas oportunidades que o simples fato de
morar aqui um ano me proporcionam.
Achei os brasileiros muito simpáticos,
acolhedores e fáceis de abordar. A cultura da
festa é muito mais forte que na Europa, a fe-
licidade, o sorriso nas caras das pessoas, o
jeitinho brasileiro, as cantadas, as praias, o
sol, os festivais, os cinemas, os museus, os
brechós, a quinta-feira à noite com samba e
cerveja gelada na prainha da PUC, todas es-
sas coisas me alegram o dia-a-dia. Isso tudo
pode parecer clichê, mas também há os lados
negativos, como em qualquer lugar, é algo
que é preciso lidar da melhor forma possível.
Estudantes — 5
Relatos de Intercambistas vel. Mais que tudo, estou grata pela oportuni-
dade de estudar com pessoas que querem
mudar e procurar soluções inovadoras aos
problemas que atingem o país. Esta nova ge-
ração vai ser o verdadeiro motor do Brasil
nos próximos anos. As suas idéias e os seus
ideais vão fazer a diferença, pois são as úni-
cas coisas que realmente podem trazer pro-
gresso e manter ao mesmo tempo o país no
seu rumo à grandeza. Tenho muito orgulho
em poder fazer parte dessa história, mesmo
que seja só como observadora, mesmo que só
por um ano.
Tomaz Françozo
Tenho 21 anos, nasci e morei toda mi-
nha vida na cidade de São Paulo, Brasil, uma
megalópole que possui cerca de 19 milhões
de habitantes que utilizam principalmente o
carro como meio de locomoção. A cidade de
São Paulo tem hoje uma frota de mais cinco
milhões de automóveis e todos seus morado-
res enfrentam cotidianamente o desumano e
absurdo trânsito da cidade.
Diante dessa situação, resolvi adotar a
bicicleta como meio de locomoção e desde
que comecei a utilizá-la, percebi suas vanta-
gens e benefícios. Por isso engajei-me em di-
versos movimentos a favor do uso de bicicle-
ta, como a Massa Crítica, e dentro da minha
universidade também promovo ações nesse
sentido.
Sou aluno do curso de Relações Inter-
nacionais da PUC de São Paulo, fiz um se-
mestre de estudos na Université Ouest Nan-
terre La Défense (Paris 10), onde continuei a
utilizar a bicicleta diariamente, pedalando ao
menos 30 km por dia. Optei por esse inter-
câmbio por acreditar que na minha área pro-
fissional, a experiência pessoal com outras
culturas e com a diversidade urbana é tão im-
portante quanto o aprendizado intelectual.
Experiência na qual eu espero me proporcio-
nar autoconhecimento, busca por melhores
relações interpessoais e respeito às diferen-
ças individuais, sociais e culturais.
Morei de fevereiro de 2011 ao meio de
julho de 2011 em Paris. Nesse período estu-
dei na Université Ouest Nanterre la Defense,
que fica em La Defense, uma cidade na peri-
feria de Paris (40 minutos de trem, 45 minu-
tos de bike). A minha experiência com a uni-
versidade não foi muito bacana, pois não fi-
quei satisfeito com os professores, mas acre-
dito que o que mais me incomodou foi a falta
de vida (principalmente por parte dos alu-
nos) na Universidade. Durante as aulas todos
apenas copiavam as palavras dos professores,
sem intervir ou questionar, e fora das aulas a
vida universitária no campus era muito pe-
quena. As pessoas vinham para as aulas e
voltavam paras suas casas, havendo poucas
atividades, debates ou mesmo a simples per-
manência das pessoas nesse espaço universi-
tário, que na minha visão é muito maior e
mais amplo que a pequena sala de aula.
Porém foi nessa universidade que co-
nheci muitos amigos e fiz grandes e sinceras
amizades, que em relação a minha experiên-
cia, são umas das coisas mais importantes do
meu intercâmbio: as novas pessoas que co-
nheci, novas formas de se relacionar e viver.
O mais importantes foram os belos momen-
tos que compartilhamos nessa cidade em que
não somos nem turistas, nem reais habitan-
tes – uma situação que achei muito interes-
sante para explorar Paris.
Viver em Paris foi uma delícia, após ter
vivido minha vida inteira na megalópole pau-
listana – uma cidade que não funciona – foi
muito bacana viver em uma capital, na qual
as coisas funcionam, pelo menos muito me-
lhor que em São Paulo. O fato de Paris ser
uma cidade espacialmente pequena e plana a
torna perfeita para a bicicleta – meio de loco-
moção que utilizava todos os dias – assim
por meio da magrela pude conhecer bem a
cidade, suas ruas e vielas, suas ciclovias e as-
sim aproveitar sua arquitetura, seus parques
e museus.
Considero meus seis meses em Paris
uma experiência muito positiva, pois me sen-
tia em plena liberdade para conhecer e explo-
rar essa bela e grande cidade, ao mesmo tem-
po em que tinha tempo para me explorar e
me conhecer, já que estava longe de casa e
vivendo numa casa que era minha e da mi-
nha maneira.
Ao traçar o itinerário da viagem de bici-
cleta feita após o intercâmbio, optei por ex-
plorar percursos e distâncias que dessem o-
portunidade de vivenciar e me relacionar
com as mais diversas culturas e costumes.
Parti da Europa Ocidental em direção aos pa-
íses do antigo bloco soviético, da região do
Cáucaso e da Ásia. A Viagem durou 229 dias,
uma distância percorrida de 12328 km, sen-
do 150 dias na estrada e 79 dias em cidades;
51,5 noites na barraca e 177,5 noites com teto.
É importante ressaltar que quando se
viaja de bicicleta o contato com outros seres
humanos não se deu apenas pelo interesse de
um intercâmbio cultural, mas chega a ser
mesmo uma necessidade. Em uma viagem de
bicicleta se está exposto, vulnerável e dispo-
nível. É necessário fazer contato, tanto para
suprir necessidades essenciais como água pa-
ra beber, quanto pelo prazer de conversar,
conhecer e trocar experiências. Os objetivos
são os seguintes: conhecer e relacionar-me
com outras culturas, promovendo um grande
intercâmbio cultural; documentar o trajeto
por meio de fotos, vídeos e textos e comparti-
lhá-los em um blog (bilíngüe – português e
francês) freqüentemente atualizado com in-
formações dos locais visitados e relatos da
viagem; alimentar-me com produtos locais e
sustentáveis, mantendo uma coerência com
os princípios de sustentabilidade e com a
proposta de vivenciar profundamente as cul-
turas dos países e regiões visitadas.
Capa — 6
Laicidade na Universidade? Por Maria Shirts e Thais Adabo
Na última quinta-feira (22/03), os alunos que passaram pela
Prainha aproximadamente às 19h puderam notar uma aglomeração
peculiar em torno das escadarias que, em dias habituais, estão chei-
as de estudantes dispersos. O motivo dessa agitação, que acabou
despertando a curiosidade de inúmeros alunos que passavam, era
um debate sobre a laicidade na Universidade organizado pelo Movi-
mento Estudantil. Além de ser um evento aberto para todos os alu-
nos da PUC-SP, foram
também convidados repre-
sentantes da APROPUC
(Associação dos Professo-
res da PUC-SP), o profes-
sor da faculdade de jorna-
lismo da PUC-SP, Leonar-
do Sakamoto, e o reitor
Dirceu de Mello, como um
pedido de esclarecimento
sobre aquilo que estava
sendo dito sobre a inserção
da doutrina católica em
nossa Universidade.
Essa movimentação teve seu estopim a partir da publicação do
Bispo Dom Luiz Gonzaga no seu blog¹, que levou o título “Graças a
Deus, a PUC não é uma Progressista Universidade Comunista!”. No
artigo, o bispo discorreu sobre a PUC ser propriedade da Igreja Ca-
tólica e que, por isso, deveria seguir o Evangelho e a Moral Cristã,
não podendo ter em seu corpo docente professores contrariando os
ensinamentos da Igreja Católica, dentro ou fora da sala de aula. Es-
sa foi uma crítica direta ao professor Leonardo Sakamoto que, dias
antes, havia postado em seu blog² duas matérias: uma propagando
a liberação do aborto e outra defendendo a eutanásia.
Entre várias colocações, o Bispo afirma: “No caso dos alunos,
em qualquer escola, no ato da matrícula, eles assinam um com-
promisso de obediência ao regulamento interno da escola, inclusi-
ve com seus princípios. Os alunos que prestam vestibular para a
PUC já sabem que ela obedece os princípios do catolicismo. No ato
da matrícula, eles assinam o compromisso de obedecer o regimen-
to interno. A partir daí, eles estão obrigados a cumprir as regras
da PUC. Eles não estão obrigados a cursar a PUC. Há inúmeras
faculdades por aí. Se forem adeptos do aborto, da eutanásia, da
ideologia homossexual, da liberação das drogas, do comunismo,
podem procurar faculdades com essas ideias para estudar.”.
O debate na Prainha foi curto, mas rendeu alguns frutos posi-
tivos. Começou com a representante da frente feminista e estudante
de geografia da PUC-SP, Camila Reis, que em discurso contundente
afirmou que o corpo da mulher não pertence à Igreja, à PUC ou ao
homem, mas somente àquela que o detém. Explorou, assim, a ques-
tão do aborto, e do direito da mulher sobre seu próprio corpo.
Depois da estudante de Geografia foi a vez do reitor abordar o
assunto. Iniciou seu discurso
com um artigo de Leonardo Sa-
kamoto publicado no jornal PUC-
Viva. Ali o professor afirmava
que nunca foi restringido ou pro-
ibido de lecionar o que quisesse.
Dirceu afirmou que, de fato, isso
nunca aconteceu na Universida-
de - não durante sua gestão. A-
demais, disse que o bispo pode
exercer a sua liberdade de ex-
pressão e que ele, reitor, não po-
de ser vinculado às afirmações de
Dom Luiz Gonzaga. Teve pouco
tempo para discorrer sobre o assunto, e insistiu na separação entre
o discurso do bispo e a instituição. Quando questionado se a Uni-
versidade poderia divulgar um comunicado oficial contra as afirma-
ções do bispo, dizendo que a PUC não adotaria medidas restritivas
aos professores e suas aulas, Dirceu afirmou que "não pode ensinar
o pai nosso ao bispo".
Ao fim, Leonardo Sakamoto disse que, apesar de não concor-
dar com Dom Luiz Gonzaga, a publicação do eclesiástico trouxe um
debate importante à "praça pública". Segundo o professor, pensa-
mentos como os do bispo não podem "ficar no armário". É impor-
tante trazer o debate para a Universidade, afirmou. Ninguém deve-
ria ser coibido por expressar suas ideias; somos livres para pensar e
debater. Assim, o clérigo tem todo o direito de dizer o que pensa
sobre quaisquer assuntos, bem como os professores da PUC-SP --
bem como qualquer cidadão. O debate é saudável, e por isso Saka-
moto convidou o bispo a discutir suas ideias em "praça pública".
Quem sabe ele aparece.
Blog do Bispo Dom Luiz Gonzaga:
http://www.domluizbergonzini.com.br/
Blog do professor Leonardo Sakamoto:
http://blogdosakamoto.blogosfera.uol.com.br/
Institucional — 7
Instituições
CARI Barão do Rio Branco
Acreditamos que um Centro Acadêmico é o que os alunos fazem dele, então nos organizamos por meio de pro-jetos, visando alcançar o interesse de todos os alunos com atividades variadas.
Roda Mundo: Ciclo de atividades com as quais é possível co-nhecer mais sobre a cultura, política e curiosidades de lugares dife-rentes do que estamos acostumados a estudar. O primeiro, sobre Mar-rocos, foi realizado com sucesso no primeiro semestre, seguido do se-gundo, com o tema Países Lusófonos.
Grupo de Estudos: A intenção é formar um grupo com o ob-jetivo de produzir uma pequena coletânea de artigos sobre a questão da Política 2.0. O grupo se reuniria no formato de palestra/debates sobre as mudanças no modelo de se fazer política da juventude na a-tualidade, através do uso das mídias sociais e o modo de protestar.
Bookcrossing: Um livro pode ser nosso sem nos pertencer. Só um livro lido nos pertence realmente.”. O projeto se baseia na idéia de criar uma biblioteca livre e mundial. O CARI já recebeu cerca de 50 livros, já registrou e libertou todos. Contamos com vocês para esse projeto ser ainda maior. Doe, liberte e leia!
Acesse nosso site caribarao.org para maiores informações sobre esses e outros projetos e caso se interesse, mande um e-mail para [email protected].
Mostre sua cara! Participe de nossas reuniões gerais todas as quartas-feiras, às 12 e 18h!
PET O Programa de Educação Tutorial (PET) foi criado para apoiar atividades acadêmicas que integram ensino, pesquisa e extensão. For-mado por grupos tutoriais de aprendizagem, o PET propicia aos alu-nos participantes, sob a orientação de um tutor, a realização de ativi-dades extracurriculares que complementem a formação acadêmica do estudante e atendam às necessidades do próprio curso de graduação. O estudante e o professor tutor recebem apoio financeiro de acordo com a Política Nacional de Iniciação Científica.
O programa é subordinado à Secretaria de Ensino Superior (SESu) do Ministério da Educação (MEC).
http://petripuc.wordpress.com/author/petripuc/
Um Teto para meu País
Um Teto para meu País (UTPMP) é uma organização latino-americana sem fins lucrativos liderada por jovens. Todos os dias, mi-lhares de voluntários universitários e jovens profissionais de todo o continente trabalham junto às famílias de assentamentos irregulares e favelas para melhorar sua qualidade de vida a partir da construção de casas de emergência e programas de habilitação social.
Missão: Melhorar a qualidade de vida das famílias que vivem em situação de pobreza por meio da construção de casas emergenciais e do desenvolvimento de planos de habilitação social a partir do traba-lho conjunto entre jovens voluntários universitários e a comunidade. Queremos denunciar a realidade dos assentamentos precários em que vivem milhões de pessoas na América Latina e envolver toda a socie-dade, fazendo com que todos se comprometam na tarefa de construir
um continente mais solidário, justo e sem exclusão.
Visão: Uma América Latina sem extrema pobreza, com jovens comprometidos com os desafios próprios de seus países em que todas as famílias tenham uma moradia digna e possam ter acesso a mais o-portunidades para melhorar sua qualidade de vida.
Atlética do Ursão Mais um ano começa de verdade e com ele vem:
OS TREINOS!!!!
Onde? Círculo Macabi — Avenida Angélica, 634, próximo ao metro Marechal Deodoro. Sábado 15 às 17 - Vôlei Domingo 12 às 14 - Futsal Feminino 14 às 16 - Basquete 16 às 18 - Hand 19 às 21 - Futsal Masculino Veteranos e bixos, venham treinar! A galera é muito simpática e receptiva, são todos muito bem vindos!
Participe também das nossas reuniões todas as semanas (dias da semana à confirmar), às 18h! Venha nos ajudar a organizar eventos como o Churrasco dos Bixos, que foi um sucesso, mas exige muito tra-balho por trás da festa!
BateRI Participe de nossos ensaios!! Às 14:00 em frente o Monumento às Bandeiras (empurra-empurra), perto do Parque Ibirapue-ra. Comboio saindo da PUC, na Ministro Godoi, as 13:30, para todos aqueles que precisam de caro-na.
Venha fazer parte da nossa família!!
Prisma A Prisma Consultoria Internacional, Em-presa Júnior do curso de Relações Internacio-nais, auxilia empresas a se internacionaliza-rem desde 2005. Nosso principal objetivo é capacitar o internacionalista da PUC-SP para inseri-lo no mercado de trabalho, complementando dessa forma a sua formação acadêmica e garantindo reconhecimento ao curso de RI.
Convidamos você, futuro internacionalista, a fazer parte de nos-sa equipe! Participe de nossas palestras e eventos! No início de cada semestre lançamos nosso edital de Processo Seletivo! Na Prisma você vai fazer pesquisas e análises, representar a Júnior em reuniões com clientes, analisar comportamentos e fazer processos de seleção, vai se comunicar e aprender muito sobre como uma consultoria internacio-nal funciona!
Estamos à disposição para dúvidas! [email protected] ou
em nosso perfil no Facebook!
Entretenimento — 8
Quinta Página Por Lucas Sorgini e Vinicius Neves
Áries: agora é tempo de
renovação! É natural que as
coisas se desgastem com o
tempo, inclusive sua repu-
tação, por isso, invista nos
calouros, eles ainda não sa-
bem das suas histórias e
quem sabe você consiga
manter sua dignidade com
eles, por que de resto...
Touro: já que ninguém a-
güenta competir com a sua
prepotência, há maiores
tendências para contatos
com pessoas a distância e
planos para viagens. É a
hora de sair da rotina nacio-
nal, seja marcando um in-
tercâmbio para o próximo
semestre ou comprando
muamba no Paraguai.
Câncer: o momento é im-
portante para repensar ob-
jetivos e lidar com revisões
no trabalho. Também reco-
menda paciência com algu-
mas diferenças de idéias
liberais de mais que vão
surgir entre uma aula e ou-
tra. Muito cuidado com a
comunicação diante das re-
lações profissionais, nem
pense em aparecer de chi-
nelo na capacitação da Pris-
ma.
Gêmeos: lidar com todos
os aspectos da vida ao mes-
mo tempo pode ser uma
tarefa complicada, e a preo-
cupação excessiva com o
mundo profissional pode
prejudicar suas relações
familiares. Não ponha a cul-
pa nos astros, é ano de TCC.
Sagitário: com Marte na
quinta casa, seu bom-
humor pode estar em baixa.
Tenha paciência ao explicar
pr’aquela sua tia-avó, para o
taxista, para o vizinho pe-
dante, ou mesmo para seu
pai, “o que faz RI”. Não se
irrite com as respostas de
“continuo sem entender”,
acredite, no final, vai vestir
roupa social e tudo dará
certo!
Escorpião: boas notícias
para você escorpiano, com
Marte e Vênus alinhados,
sua sensualidade e atração
estarão à flor da pele, para
além do natural. E se facul-
dade e trabalho não andam
rendendo os resultados es-
perados, talvez você não
esteja usufruindo dos seus
melhores atributos.
Virgem: você já tirou xé-
rox de toda a bibliografia de
Política XXII, organizou por
aula, ordem alfabética, lín-
gua, número de páginas,
data de publicação, e os co-
locou perfeitamente alinha-
dos com a borda da mesa.
Porém, tudo o que você vai
ler, é o resumo daquela me-
nina que senta do outro la-
do da sala.
Capricórnio: 2012 pro-
mete ótimos frutos. Esque-
ça-se das mágoas e erros,
como quando saiu correndo
pelado pelo JOPRI gritando
que era Liberal. Pedra ener-
gética da semana: concreto
armado.
Leão: seu senso de lideran-
ça e vaidade não te fazem
melhor que ninguém, talvez
seja hora de se esquecer o
concurso do Rio Branco e
aceitar um estágio na em-
presa de recrutamento. Evi-
te sentar em baixo de lâm-
padas, lustres e lamparinas.
Horóscopo das RI Peixes: os astros podem não
estar em posição favorável à
intelectualidade nas próxi-
mas semanas, e se os assun-
tos do curso já se repetem
em História, Sociologia, Di-
reito, Economia, Política,
Política, Política, Política... é
bom evitar a repetição, nas
DP’s.
Libra: com marte e netuno
em movimento paralático
retrógrado, sua situação fi-
nanceira pode estar ameaça-
da... pelos próximos 8 anos,
até aquele seu estágio mara-
vilhoso na ONU virar remu-
nerado.
Aquário: dizem que quem
tem boca vai a Roma, no seu
caso vaia Roma. Muito cui-
dado com o que diz nos cor-
redores, a Lua pode estar
passando pelo seu signo na
hora errada, causando gran-
des desentendimentos. No
mais, procure usar tons de
laranja, não vai ajudar em
nada, mas pelo menos estará
na moda.
Nota: como Plutão não é
mais considerado plane-
ta pela comunidade cien-
tífica, algumas previsões
podem não ser exatas,
mas tudo bem, afinal, a
comunidade científica
também não considera
RI uma área do conheci-
mento.
Charges e Quadrinhos
Perfil — 9
Barão do Rio Branco Por Humberto Cimino e Thais Adabo
José Maria da Silva Paranhos Júnior, o
Barão do Rio Branco, foi uma grande figura
na diplomacia brasileira. Podemos dizer sem
nenhuma reserva que é o diplomata brasilei-
ro mais conhecido de todos os tempos. Filho
do não menos importante Visconde do Rio
Branco, Ex-Ministro da Marinha, diplomata
na nossa eterna Cisplatina e negociador da
paz no Paraguai, o arrojo político já nasceu
com o pai, que promulgou a Lei do Ventre Li-
vre.
Nascido no Rio de Janeiro, estudou no
Colégio Pedro II. Depois, partiu para o Largo
São Francisco, em São Paulo. Se graduou em
Recife, na primeira Faculdade de Direito do
Brasil, a Faculdade de Direito do Recife. O
Barão sempre se mostrou interessado em po-
lítica nacional e internacional, sendo um
grande defensor dos interesses brasileiros
desde antes do ingresso ao serviço diplomáti-
co nacional. Ainda em 1866, escreveu para a
revista francesa L’illustriation defendendo a
visão brasileira sobre a controversa Guerra
do Paraguai. Também deu aulas de História
do Brasil no famoso Colégio Pedro II, no Rio
de Janeiro, substituindo o então detentor
desta cadeira, o Médico e amigo pessoal de
Dom Pedro II, Joaquim Manuel de Macedo.
Exerceu o Direito em Nova Friburgo.
Porém, com saudades da vida boêmia e da
capital, retornou ao Rio de Janeiro, aonde,
com apoio do pai, conseguiu concorrer ao
cargo de deputado pelo Estado do Mato Gros-
so. Entre a vida política agitada, os escritos
para o periódico A Nação e os contratempos
da vida boêmia, o Barão ganhou mais notori-
edade quando se negou a casar com a filha de
um nobre da época e se apaixonou por uma
bailarina belga, que acabou, eventualmente,
engravidando.
É claro que o bafafá foi o frisson do jet-
set da época. Seu pai, Visconde do Rio Bran-
co, obrigou a amada de Rio Branco, Marie, ir
ter o filho do casal em Paris, longe das fofocas
(e do desgaste político) do Rio de Janeiro. Jo-
sé Maria, nosso Barão, ficou arrasado. Caiu
em depressão, no álcool e em tudo que há de
mais vil que a existência infeliz pode oferecer.
Após muitas brigas e lutas com o pai, final-
mente, consegue se estabelecer como diplo-
mata em Liverpool, no Reino Unido, já no a-
no de 1876.
Sempre quando conseguia, o Barão fugi-
a para Paris, com o intuito de ver a amada.
Desta paixão surgiram quatro filhos. E então,
ampliando seu círculo de amizades e sua in-
fluência, o Barão é enviado à Rússia. Ali é no-
meado conselheiro, ganhando mais prestígio
ao representar o povo Brasileiro.
Perde o pai com câncer, logo depois sen-
do nomeado, finalmente e oficialmente, Ba-
rão. Monarquista declarado, o Barão não foi
expurgado após o fim da monarquia. Os re-
publicanos reconheceram o seu valor, e envi-
ado para a Alemanha foi o nosso Barão.
Quando volta das terras teutônicas, assume a
chancelaria da nação.
Durante a época em que foi Chanceler
do Brasil, o Barão do Rio Branco solucionou
uma série de questões que moldaram as nos-
sas fronteiras, que até hoje permanecem com
a configuração conquistada por ele - enfren-
tou conflitos com a França e com a Argentina,
conquistou o Acre, e teve que lidar, também,
com os interesses imperialistas dos Estados
Unidos e do Reino Unido. O Barão ganhou
reconhecimento mundial pelos seus feitos.
Feitos diplomáticos que, sem perder o arrojo,
a coragem e a independência, são caracterís-
ticos da Política Externa Brasileira.
De importância inquestionável e reco-
nhecimento irrestrito na área política, Rio
Branco também foi de fundamental impor-
tância econômica e social. O Barão teve sua
efígie impressa nas notas de 5 mil réis em
1913 e 1924, nas de Cr$5 (cinco cruzeiros) em
1950, nas de Cr$1.000,00 (mil cruzeiros) em
1978 e cunhado no verso das moedas de 50
centavos em circulação atualmente no Brasil.
Até mesmo a quantia de mil reais é designada
como um barão. O notável diplomata tam-
bém estampou sua marca na Conferência de
Haia, onde incentivou Rui Barbosa a oferecer
vários banquetes para convencer as delega-
ções estrangeiras presentes na Conferência
da Paz a aceitarem as posições do Brasil.
Atualmente, seu título de nobreza é
também referência no nome da instituição de
ensino superior subordinada ao Ministério
das Relações Exteriores, o conhecido Institu-
to Rio Branco, fundado em 1945 como parte
da comemoração do centenário de seu nasci-
mento. Hoje, sessenta e sete anos depois, co-
memora-se o centenário de sua morte que,
durante o Carnaval, foi responsável pela alte-
ração no calendário da festa popular de 1912,
sendo decretado luto oficial e prestadas in-
tensas homenagens na cidade do Rio de Ja-
neiro, que são revividas hoje, no país inteiro.
Se o próprio Barão do Rio Branco tives-
se a oportunidade de ler essa edição, ficaria
contempladíssimo em saber que nosso jornal
leva seu nome. Isso porque, antes de iniciar
sua carreira política mundialmente conheci-
da, atuou constantemente na área de Letras,
tendo escrito diversos textos a jornais e revis-
tas ao longo de três décadas. Contribuiu com
matérias na Revista Popular (1863); na revis-
ta l’Illustration (1866) onde desenhou e es-
creveu sobre a guerra do Paraguai, defenden-
do o ponto de vista do Brasil; no periódico A
Nação (1871) e no Jornal do Brasil (1891), a-
lém de ter sido o segundo ocupante da cadei-
ra 34 da Academia Brasileira de Letras, eleito
em 1898.
A história de José Maria do Barão do
Rio Branco é muito rica e complexa para ser
exposta apenas neste artigo comemorativo. O
Barão continua no imaginário nacional, seja
dos jovens aspirantes a diplomatas, dos fer-
vorosos nacionalistas ou mesmo dos pacifis-
tas.
O Barão do Rio Branco
Foi Herói, foi líder, guia
Gigante da fala mansa
O PAI DA DIPLOMACIA
Um exemplo de vitória
Um construtor da história
Um símbolo da cidadania!
(NETO, Crispiano. IN Barão do Rio Branco,
Literatura de Cordel)