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BARAO Jornal dos alunos de Relações Internacionais da PUC-SP São Paulo, 27 de março de 2012 Debate na PUC-SP Reitor, alunos e professores discutem as colocações conservadoras do Bispo Dom Luiz Gonzaga (Pg. 6) Choque Cultural Em trabalho de campo pela optativa de Arte, Mídia e Política, alunos do 6º, 7º e 8º semestre visitaram a exposição Estado do Sítio do Coletivo BijaRi, na galeria de arte Choque Cultural. (Pg. 2) Alexander Keyssar O professor de Harvard veio a PUC-SP dis- cutir sobre as eleições norte-americanas, bem como a rivalidade entre os principais partidos na sua disputa. (Pg. 3) Intercambistas Dois alunos escrevem ao Barão relatando suas experiências fora de seu país de origem: uma francesa que está estudando no Brasil e um brasileiro que estudou em Paris. (Pg. 5) Instituições Saiba o que diversas instituições do curso oferecem de complement para sua formação social e acadêmica. Descubra com qual se identifica e participe! (Pg. 7) Quinta página A Quinta Página sempre aparecerá onde menos se espera para alegrar nossos dias. Saiba o que os Astros reservaram para você no Horóscopo das RI e divirta-se com as charges. (Pg. 8) Perfil do Barão Por tras de muita pompa e de um bigode impecável, o patrono do CA do nosso curso esconde inúmeras curiosidades ao longo de sua vida pessoal e política. Confira! (Pg. 9)

O Barão

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Jornal dos Alunos de Relações Internacionais da PUC-SP

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Page 1: O Barão

BARAO Jornal dos alunos de Relações Internacionais da PUC-SP

São Paulo, 27 de março de 2012

Debate na PUC-SP Reitor, alunos e professores discutem as colocações

conservadoras do Bispo Dom Luiz Gonzaga (Pg. 6)

Choque Cultural Em trabalho de campo pela optativa de

Arte, Mídia e Política, alunos do 6º, 7º e 8º

semestre visitaram a exposição Estado do

Sítio do Coletivo BijaRi, na galeria de arte

Choque Cultural. (Pg. 2)

Alexander Keyssar O professor de Harvard veio a PUC-SP dis-

cutir sobre as eleições norte-americanas,

bem como a rivalidade entre os principais

partidos na sua disputa. (Pg. 3)

Intercambistas Dois alunos escrevem ao Barão relatando

suas experiências fora de seu país de

origem: uma francesa que está estudando

no Brasil e um brasileiro que estudou em

Paris. (Pg. 5)

Instituições Saiba o que diversas instituições do curso

oferecem de complement para sua formação

social e acadêmica. Descubra com qual se

identifica e participe! (Pg. 7)

Quinta página A Quinta Página sempre aparecerá onde

menos se espera para alegrar nossos dias.

Saiba o que os Astros reservaram para você

no Horóscopo das RI e divirta-se com as

charges. (Pg. 8)

Perfil do Barão Por tras de muita pompa e de um bigode

impecável, o patrono do CA do nosso curso

esconde inúmeras curiosidades ao longo de

sua vida pessoal e política. Confira! (Pg. 9)

Page 2: O Barão

Editorial — 1 (De) Novo Reinício. Reinauguração. Reabertura, retomada e renascimento.

Recomeço

O Barão voltou. Muitos não sabem nem que ele foi embora, que existia. Só graduados

ou antigos veteranos chegaram a vivenciá-lo como jornal. Há pouco, era tema apenas de

conversas -- de saudade ou rancor. Mesmo porque, esboços mais recentes de um retorno do

jornal não saíram do papel e das boas intenções. Até agora.

A publicação de um jornal por e para alunos do curso de Relações Internacionais é

empreitada antiga. Nas conversas que tivemos com antigos alunos, nenhum soube ao certo

quando O Barão se originou. O que podemos dizer sem hesitar é que saiu de veiculação em

2007. O jornal, impresso e distribuído no tão famoso corredor de RI, deixou de existir, sem

muito alarde. A essência crítica do internacionalista sempre esteve lá, disto não temos

dúvida. Mas sem aquele 'empurrãozinho', aquela estrutura para que se pudesse dar vazão a

isso.

A revitalização do projeto neste ano de 2012, após este hiato de cinco anos, acontece

em um momento de inédita participação e preocupação dos alunos na gestão das insti-

tuições. A campanha e debates pelo Centro Acadêmico no ano passado, bem como as agita-

ções envolvendo o Repasse neste mês são evidências claras disto. É natural, então, que as

mentes que lêem e produzem o periódico sejam irrequietas.

A publicação almeja ser fonte de informação e entretenimento. O conteúdo proposto

varia desde matérias acadêmicas e reportagens sobre o dia a dia na PUC até quadrinhos,

dicas de exposições e informativos sobre eventos de toda estirpe.

Esperamos receber sugestões das mais variadas possíveis para publicação. Eventos,

palpites de entrevistas, ideias para charges e, principalmente, críticas. Críticas, sendo elas

construtivas, melhoram o jornal e aqueles que o fazem. Afinal, assim como o leitor desfruta

do conteúdo da publicação, os redatores aproveitam esta experiência para seu futuro profis-

sional, seja ele acadêmico, corporativo ou governamental.

Retomando os diálogos com os responsáveis pelas antigas edições d’O Barão, podemos

dizer que ainda compartilhamos a mesma meta: trazer contribuições sobre os mais diversos

temas e atrair um número cada vez maior de interessados para o projeto. Somos diferentes

porque as conversas que queremos suscitar não são de saudade ou rancor. São de surpresa,

alegria, tristeza, indignação, curiosidade, tormenta, provocação e esperança. E do que mais

quiserem que seja.

Início. Inauguração. Abertura, tomada e nascimento.

Começo.

Humberto Cimino

Lara Del’Arco

Lucas

Zapparoli

Lucas Sorgini

Luciana Raele

Maria Shirts

Thais Adabo

Vinícius Neves

Venha fazer parte da nossa equipe! Reuniões todas as quintas-feiras, às 18h no CARI. Dúvidas, sugestões e críticas: [email protected]

Page 3: O Barão

Rua João Moura, 997 - Pinheiros

De terça à sábado, das 12 às 19h.

http://www.choquecultural.com.br

(11) 3061-4051

Entrada franca

Cultura — 2

Arte, mídia e política Por Lucas Zapparoli e Maria Shirts

Alunos visitam galeria Choque Cultural

“Guerra e paz”, Portinari Pela primeira vez na história, as obras de Portinari saíram da ONU e voltaram à sua terra natal. Após um período de restauração e uma exposição no Rio de Janeiro, elas che-garam ao Memorial da América Latina, em São Paulo, para mostra que vai até abril. Ter-ça a domingo e feriados, 9h às 18h. Grátis. De 07/02 a 21/04. http://memorial.org.br/

Lygia Pape na Pinacoteca

A Pinacoteca do Estado de São Paulo apre-senta primeira exposição retrospectiva de Ly-gia Pape - um dos principais nomes da arte brasileira contemporânea junto com Hélio Oiticica e Lygia Clark, aos quais a artista ti-nha uma forte ligação. A exposição Espaço Imantado reúne cerca de 200 obras, entre pinturas, relevos, xilogravuras, ações perfor-

máticas – mostradas por meio de objetos e fotografias –, produção cinematográfica e do-cumentos. A exposição vai até dia 13 de mai-o. http://pinacoteca.org.br/

Angeli, Itaú Cultural

O programa Ocupação chega à sua 12ª edição desnudando o universo do cartunista Angeli. A mostra, em cartaz no Itaú Cultural até 29 de abril, apresenta 880 obras assinadas pelo artista, sendo 80 originais, e cerca de 20 fo-tos de arquivo pessoal, incluindo retratos de i n f â n c i a e a d o l e s c ê n c i a . www.itaucultural.org.br

Veja também..

Em trabalho de campo pela optativa

de Arte, Mídia e Política, alunos do 6º, 7º e

8º semestre visitaram a exposição Estado

do Sítio do Coletivo BijaRi, na galeria de

arte Choque Cultural.

A partir de esculturas, instalações e

video mappings, o Coletivo denuncia a

violência do cotidiano, cada vez mais pre-

sente e consentida. Cada vez mais banali-

zada. Abordam os conflitos da vida urbana

que se encontra sitiada.

Os "BijaRis", como se chamam, exis-

tem desde 1997. Formado por arquitetos e

artistas, o grupo é conhecido por seus tra-

balhos de intervenção urbana e arte

pública. O objetivo principal é trazer à tona

questões já esquecidas pela sociedade e ti-

rar o conflito da invisibilidade.

Essa inquietação do grupo é mani-

festada nas práticas "relâmpago" e na ob-

servação do comportamento humano em

situações inusitadas. Foi esse o caso do ex-

perimento com "Joãos-Bobos" na Praça da

Sé. A documentação em vídeo mostra sua

destruição quase imediata, causada pelas

pessoas que circulavam pelo ponto

histórico da cidade de São Paulo e se de-

paravam com os bonecos.

Outra iniciativa do Coletivo foi soltar

uma galinha em dois locais diferentes da

cidade de São Paulo e gravar a reação dos

transeuntes. A fim de estudar as reaçõesem

contextos distintos, libertaram o animal na

região popular do Largo da Batata, em Pin-

heiros; e de novo em frente ao Shopping

Iguatemi. A partir de ações como essa o

Coletivo observa a relação das pessoas com

os espaços e objetos no cenário urbano.

Cada obra tem um objetivo diferente.

Mas todas procuram emancipar o público.

Para tanto, propõem o enfretamento das

estruturas de poder.

Esses foram alguns dos relatos dos

artistas no encontro promovido na galeria

Choque Cultural entre os alunos e o Cole-

tivo no dia. Eles se descrevem contesta-

dores da "anestesia do coletivo". Procuram

quebrar a barreira do espetáculo

A conversa franca dos artistas com os

alunos também abordou o ramo comercial

do grupo. Eles não escondem que desen-

volvem atividades com fins comerciais.

Afirmam que isto, ao mesmo tempo que

traz ganhos, impõe desafios. Por um lado

conseguem divulgar o trabalho. Por outro,

tomam cuidado para não se tornarem

aquilo que criticam.

Na exposição Estado de Sítio isso fica

muito claro. Um dos elementos mais mar-

cantes do trabalho é a diversidade de mate-

riais e plataformas. Segundo o integrante

do Coletivo Rodrigo Araújo, a ideia é pro-

vocar.

Page 4: O Barão

Acadêmico — 3

Obama e os conservadores Por Maria Shirts

Palestra com Alexander Keyssar na PUC-SP

"O conservadorismo nunca foi tão sólido nos Estados Unidos

como agora. Os republicanos nunca tiveram tanta aversão a um de-

mocrata como nos dias de hoje", começou Alexander Keyssar na pal-

estra "Obama e os Conservadores" que ministrou no dia 12 de março,

na PUC-SP.

Convidado pelo Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia

para Estudos sobre os Estados Unidos (INCT—INEU) e pelo pro-

grama San Tiago Dantas de pós-graduação, o PhD em História da

Civilização Americana e professor da Universidade de Harvard discu-

tiu as eleições norte-americanas, bem como a rivalidade entre os

principais partidos na sua disputa, o republicano e o democ-

rata.

Keyssar explorou algumas explicações para esse antago-

nismo. Afirmou que os republicanos têm a sensação de que seu país

está sendo "tomado" pelos imigrantes. Segundo o professor, os Esta-

dos Unidos terão uma minoria branca no futuro próximo. Isso as-

susta cada vez mais os conservadores do Tea Party, que têm como

objetivo "resgatar o país" das mãos dos imigrantes (leia-se todos

aqueles que não são brancos).

Questões relacionadas à política externa aumentam a brecha

entre os dois partidos principais dos Estados Unidos. "Os republica-

nos gostariam de tomar o mundo inteiro", disse Keyssar. Eles acredi-

tam no poder do "american exceptionalism", isto é, na ideia de que os

Estados Unidos são um país diferente de todos os outros. E que, por

isso, deveria dominar o sistema internacional. Baseado nos

princípios da liberdade, do individualismo e do laissez-faire, o

"american exceptionalism" foi apropriado pelos conservadores para

insinuar sua superioridade enquanto nação. A administração de

Obama, ao contrário, tem a consciência de que os Estados Unidos

não podem ser hegemônicos para sempre. Essas concepções de

mundo só fazem crescer a rivalidade entre os partidos, que ad-

quiriram ideias distintas sobre o papel da política externa de seu

país.

O estudioso afirmou, ainda, que os republicanos querem

acabar com a "grande barganha" negociada no fim do século XIX. Se-

gundo Keyssar, o contrato social que surgiu nessa época fez nascer

uma série de políticas avessas ao pensamento conservador. Desde

então foram criadas políticas sociais e atos regulatórios que tinham o

objetivo de proteger a população do país. No século XX essa prática

continuou a fazer parte da agenda doméstica dos Estados Unidos.

Mas essas políticas minguaram e continuam sendo gradualmente

atacadas pelos republicanos conservadores, que acham seus custos

altos. Os democratas procuram atuar em prol desta "grande bar-

ganha", adequando suas políticas públicas ao estado de bem estar.

Isso gera um impasse na política doméstica do país (vide o conflito

gerado em torno do programa de seguro saúde de Barack Obama).

Os Estados Unidos nunca viu um conservadorismo tão radi-

cal como esse, disse Keyssar. As eleições prévias à convenção do par-

tido republicano não apresentaram nenhum candidato moderado

para disputar a eleição contra Obama. Isso se deve, também, à di-

minuição do crescimento da economia americana, que os torna mais

relutantes em aprovar programas sociais. Mas talvez o fator que mais

estimule o conservadorismo americano seja o fim da hegemonia do

país. O partido republicano tem dificuldade em aceitar mudanças na

conjuntura internacional. E, por isso, procuram mantê-la sempre a

mesma, mesmo que à força.

Sobre Keyssar

Formado pela Harvard com doutorado em História da Civilização

Americana, lecionou na Brandeis University, Duke University e Mas-

sachusetts Institute of Technology. Presidiu a Comissão Social Sci-

ence Research Council da Pesquisa Nacional sobre votações e

eleições. Seus interesses de pesquisa incluem a reforma eleitoral, a

história das democracias e a história da pobreza, entre outros. Ele

Page 5: O Barão

Estudantes — 4

Relatos de Intercambistas

Yasmine Esserghini

Estou fazendo meu terceiro ano de fa-

culdade da Sciences Po na PUC-SP. Meus

pais são marroquinos e se conheceram em

Londres, cidade onde nasci. Quando eu tinha

três anos nos mudamos para Lisboa e perma-

necemos na cidade por preferência de meus

pais. Estudei quinze anos no Lycée Français;

meus pais, tios, tias, primos e primas estuda-

ram no ensino francês, em Marrocos ou fora.

E por fim, todos estudaram em universidades

no exterior.

Estava praticamente predestinada a sair

de casa com dezessete anos para ir morar na

França e seguir os meus estudos. Os alunos

que estudaram em colégios franceses na Es-

panha ou na América Latina fora Brasil ti-

nham aulas de português obrigatórias e podi-

am escolher optativas em francês, inglês e

espanhol. O objetivo para os alunos do curso

era sair desses dois anos com uma formação

pluridisciplinar em Ciências Sociais, com u-

ma boa base em português e espanhol e nível

bilíngüe em inglês.

Estudar num ''campus délocalisé'', em

Poitiers foi uma experiência única. As condi-

ções de estudo eram, a meu ver, as melhores,

a convivência entre os alunos era excelente, e

a oportunidade de conhecer pessoas proveni-

entes de lugares tão diferentes e com histó-

rias de vida tão interessantes foi algo que

nunca vou esquecer. Poitiers em si é uma ci-

dade pequena, medieval, muito ''vieille Fran-

ce'', com muitas igrejas, cafés, restaurantes,

cinemas, e todos nós vivíamos no centro, do

lado da Sciences Po. Morávamos em aparta-

mentos sozinhos ou em casas maiores dividi-

das entre dois ou três, éramos vizinhos, podí-

amos atravessar a cidade a pé. E as festas e-

ram muitas, e sempre muito boas.

É obrigatório passar os 5º e 6º semes-

tres fora do país, e por isso estou aqui hoje.

Os alunos do campus de Paris podem fazer o

seu intercâmbio em qualquer lugar do mun-

do, mas os alunos de campus deslocalizados

têm prioridade nas vagas nas universidades

conveniadas da sua área geográfica. Também

existe possibilidade de, ao invés do intercâm-

bio numa universidade, fazer um estágio de

oito meses ou um projeto pessoal de pesquisa

no terreno durante o 3º ano, mas necessaria-

mente fora da França. Um dos objetivos é

praticar uma das línguas que aprendemos

nos dois primeiros anos. Tenho amigos mo-

rando em diversas cidades do mundo e em

setembro estaremos reunidos de novo em

Paris, cada um no seu Master.

Eu escolhi o Brasil porque já falava a

língua, tive aulas de português desde peque-

na no Lycée, e queria muito conhecer esse

outro lado da cultura lusofônica, que não a-

través das aulas de história da América Lati-

na da Sciences Po, nem do cinema, nem mú-

sica ou da cultura popular. Queria ver de per-

to como este país se está tornando numa

grande potência econômica mundial, deixan-

do os europeus curiosos, intrigados e com

mais e mais vontade de vir para cá trabalhar.

Queria me inserir na sociedade brasileira,

descobrir os vários rostos que tem este Bra-

sil, conhecer os seus paraísos e os seus infer-

nos, as suas riquezas e desigualdades, apren-

der mais sobre as suas influências culturais e

históricas, influências essas que mudam mui-

to de uma cidade para a outra, de uma região

para a outra. Está sendo uma experiência in-

crível. Um ano é muito pouco tempo para ver

e conhecer isso tudo.

Escolhi estudar na PUC-SP por causa

da ótima reputação do seu curso de Relações

Internacionais e todas as coisas boas que me

falaram sobre a qualidade das aulas e o bom

ambiente na faculdade. Em minha carta de

motivação eu tinha dado bastante ênfase na

minha vontade de conhecer São Paulo tam-

bém, pois a meu ver o dinamismo econômico

e cultural desta cidade fazem que esta seja

realmente ''the place to be'' na América Lati-

na. Estou gostando muito das aulas, apesar

do sistema ser bastante diferente. Como pos-

so escolher qualquer disciplina em qualquer

curso da PUC estou abrindo as minhas pers-

pectivas para coisas novas, mas até hoje as

melhores aulas que tive foram no departa-

mento de RI, e muitos dos melhores encon-

tros pessoais também. Tive a grande sorte de

conhecer pessoas com os mesmos interesses,

as mesmas referências culturais, a mesma

forma de pensar que eu neste curso, e estou

adorando trocar idéias com elas, ou simples-

mente ficar ouvindo as suas conversas, ten-

tando entender como é a vida de um estu-

dante brasileiro, quais são as suas preocupa-

ções, as suas opiniões, os seus medos.

São Paulo é uma cidade sem igual, onde

convivem beleza e caos, felicidade e melanco-

lia, sol e trovão tudo no mesmo dia. É uma

verdadeira metrópole mundial, um melting-

pot, cosmopolita. Quando cheguei aqui e vi

pela primeira vez essa imensidade, esse labi-

rinto de estradas e prédios, sem conseguir

enxergar o horizonte em qualquer direção

que eu olhasse, me senti muito intimidada. O

processo de adaptação foi mais rápido que eu

esperava; o fato de entender e falar a língua

ajudou bastante e o de ter conhecido as pes-

soas certas desde o início ajudou ainda mais.

Eu não sei se me teria dado tão bem sem a

ajuda, ou às vezes a simples presença destes

amigos incríveis que conheci na PUC. Voltei

agora de dois meses de férias incríveis em

que viajei, um mês no Rio, Carnaval em Sal-

vador, Buenos Aires e Bolívia. E estou hoje,

mais que nunca, apaixonada por São Paulo e

pelas oportunidades que o simples fato de

morar aqui um ano me proporcionam.

Achei os brasileiros muito simpáticos,

acolhedores e fáceis de abordar. A cultura da

festa é muito mais forte que na Europa, a fe-

licidade, o sorriso nas caras das pessoas, o

jeitinho brasileiro, as cantadas, as praias, o

sol, os festivais, os cinemas, os museus, os

brechós, a quinta-feira à noite com samba e

cerveja gelada na prainha da PUC, todas es-

sas coisas me alegram o dia-a-dia. Isso tudo

pode parecer clichê, mas também há os lados

negativos, como em qualquer lugar, é algo

que é preciso lidar da melhor forma possível.

Page 6: O Barão

Estudantes — 5

Relatos de Intercambistas vel. Mais que tudo, estou grata pela oportuni-

dade de estudar com pessoas que querem

mudar e procurar soluções inovadoras aos

problemas que atingem o país. Esta nova ge-

ração vai ser o verdadeiro motor do Brasil

nos próximos anos. As suas idéias e os seus

ideais vão fazer a diferença, pois são as úni-

cas coisas que realmente podem trazer pro-

gresso e manter ao mesmo tempo o país no

seu rumo à grandeza. Tenho muito orgulho

em poder fazer parte dessa história, mesmo

que seja só como observadora, mesmo que só

por um ano.

Tomaz Françozo

Tenho 21 anos, nasci e morei toda mi-

nha vida na cidade de São Paulo, Brasil, uma

megalópole que possui cerca de 19 milhões

de habitantes que utilizam principalmente o

carro como meio de locomoção. A cidade de

São Paulo tem hoje uma frota de mais cinco

milhões de automóveis e todos seus morado-

res enfrentam cotidianamente o desumano e

absurdo trânsito da cidade.

Diante dessa situação, resolvi adotar a

bicicleta como meio de locomoção e desde

que comecei a utilizá-la, percebi suas vanta-

gens e benefícios. Por isso engajei-me em di-

versos movimentos a favor do uso de bicicle-

ta, como a Massa Crítica, e dentro da minha

universidade também promovo ações nesse

sentido.

Sou aluno do curso de Relações Inter-

nacionais da PUC de São Paulo, fiz um se-

mestre de estudos na Université Ouest Nan-

terre La Défense (Paris 10), onde continuei a

utilizar a bicicleta diariamente, pedalando ao

menos 30 km por dia. Optei por esse inter-

câmbio por acreditar que na minha área pro-

fissional, a experiência pessoal com outras

culturas e com a diversidade urbana é tão im-

portante quanto o aprendizado intelectual.

Experiência na qual eu espero me proporcio-

nar autoconhecimento, busca por melhores

relações interpessoais e respeito às diferen-

ças individuais, sociais e culturais.

Morei de fevereiro de 2011 ao meio de

julho de 2011 em Paris. Nesse período estu-

dei na Université Ouest Nanterre la Defense,

que fica em La Defense, uma cidade na peri-

feria de Paris (40 minutos de trem, 45 minu-

tos de bike). A minha experiência com a uni-

versidade não foi muito bacana, pois não fi-

quei satisfeito com os professores, mas acre-

dito que o que mais me incomodou foi a falta

de vida (principalmente por parte dos alu-

nos) na Universidade. Durante as aulas todos

apenas copiavam as palavras dos professores,

sem intervir ou questionar, e fora das aulas a

vida universitária no campus era muito pe-

quena. As pessoas vinham para as aulas e

voltavam paras suas casas, havendo poucas

atividades, debates ou mesmo a simples per-

manência das pessoas nesse espaço universi-

tário, que na minha visão é muito maior e

mais amplo que a pequena sala de aula.

Porém foi nessa universidade que co-

nheci muitos amigos e fiz grandes e sinceras

amizades, que em relação a minha experiên-

cia, são umas das coisas mais importantes do

meu intercâmbio: as novas pessoas que co-

nheci, novas formas de se relacionar e viver.

O mais importantes foram os belos momen-

tos que compartilhamos nessa cidade em que

não somos nem turistas, nem reais habitan-

tes – uma situação que achei muito interes-

sante para explorar Paris.

Viver em Paris foi uma delícia, após ter

vivido minha vida inteira na megalópole pau-

listana – uma cidade que não funciona – foi

muito bacana viver em uma capital, na qual

as coisas funcionam, pelo menos muito me-

lhor que em São Paulo. O fato de Paris ser

uma cidade espacialmente pequena e plana a

torna perfeita para a bicicleta – meio de loco-

moção que utilizava todos os dias – assim

por meio da magrela pude conhecer bem a

cidade, suas ruas e vielas, suas ciclovias e as-

sim aproveitar sua arquitetura, seus parques

e museus.

Considero meus seis meses em Paris

uma experiência muito positiva, pois me sen-

tia em plena liberdade para conhecer e explo-

rar essa bela e grande cidade, ao mesmo tem-

po em que tinha tempo para me explorar e

me conhecer, já que estava longe de casa e

vivendo numa casa que era minha e da mi-

nha maneira.

Ao traçar o itinerário da viagem de bici-

cleta feita após o intercâmbio, optei por ex-

plorar percursos e distâncias que dessem o-

portunidade de vivenciar e me relacionar

com as mais diversas culturas e costumes.

Parti da Europa Ocidental em direção aos pa-

íses do antigo bloco soviético, da região do

Cáucaso e da Ásia. A Viagem durou 229 dias,

uma distância percorrida de 12328 km, sen-

do 150 dias na estrada e 79 dias em cidades;

51,5 noites na barraca e 177,5 noites com teto.

É importante ressaltar que quando se

viaja de bicicleta o contato com outros seres

humanos não se deu apenas pelo interesse de

um intercâmbio cultural, mas chega a ser

mesmo uma necessidade. Em uma viagem de

bicicleta se está exposto, vulnerável e dispo-

nível. É necessário fazer contato, tanto para

suprir necessidades essenciais como água pa-

ra beber, quanto pelo prazer de conversar,

conhecer e trocar experiências. Os objetivos

são os seguintes: conhecer e relacionar-me

com outras culturas, promovendo um grande

intercâmbio cultural; documentar o trajeto

por meio de fotos, vídeos e textos e comparti-

lhá-los em um blog (bilíngüe – português e

francês) freqüentemente atualizado com in-

formações dos locais visitados e relatos da

viagem; alimentar-me com produtos locais e

sustentáveis, mantendo uma coerência com

os princípios de sustentabilidade e com a

proposta de vivenciar profundamente as cul-

turas dos países e regiões visitadas.

Page 7: O Barão

Capa — 6

Laicidade na Universidade? Por Maria Shirts e Thais Adabo

Na última quinta-feira (22/03), os alunos que passaram pela

Prainha aproximadamente às 19h puderam notar uma aglomeração

peculiar em torno das escadarias que, em dias habituais, estão chei-

as de estudantes dispersos. O motivo dessa agitação, que acabou

despertando a curiosidade de inúmeros alunos que passavam, era

um debate sobre a laicidade na Universidade organizado pelo Movi-

mento Estudantil. Além de ser um evento aberto para todos os alu-

nos da PUC-SP, foram

também convidados repre-

sentantes da APROPUC

(Associação dos Professo-

res da PUC-SP), o profes-

sor da faculdade de jorna-

lismo da PUC-SP, Leonar-

do Sakamoto, e o reitor

Dirceu de Mello, como um

pedido de esclarecimento

sobre aquilo que estava

sendo dito sobre a inserção

da doutrina católica em

nossa Universidade.

Essa movimentação teve seu estopim a partir da publicação do

Bispo Dom Luiz Gonzaga no seu blog¹, que levou o título “Graças a

Deus, a PUC não é uma Progressista Universidade Comunista!”. No

artigo, o bispo discorreu sobre a PUC ser propriedade da Igreja Ca-

tólica e que, por isso, deveria seguir o Evangelho e a Moral Cristã,

não podendo ter em seu corpo docente professores contrariando os

ensinamentos da Igreja Católica, dentro ou fora da sala de aula. Es-

sa foi uma crítica direta ao professor Leonardo Sakamoto que, dias

antes, havia postado em seu blog² duas matérias: uma propagando

a liberação do aborto e outra defendendo a eutanásia.

Entre várias colocações, o Bispo afirma: “No caso dos alunos,

em qualquer escola, no ato da matrícula, eles assinam um com-

promisso de obediência ao regulamento interno da escola, inclusi-

ve com seus princípios. Os alunos que prestam vestibular para a

PUC já sabem que ela obedece os princípios do catolicismo. No ato

da matrícula, eles assinam o compromisso de obedecer o regimen-

to interno. A partir daí, eles estão obrigados a cumprir as regras

da PUC. Eles não estão obrigados a cursar a PUC. Há inúmeras

faculdades por aí. Se forem adeptos do aborto, da eutanásia, da

ideologia homossexual, da liberação das drogas, do comunismo,

podem procurar faculdades com essas ideias para estudar.”.

O debate na Prainha foi curto, mas rendeu alguns frutos posi-

tivos. Começou com a representante da frente feminista e estudante

de geografia da PUC-SP, Camila Reis, que em discurso contundente

afirmou que o corpo da mulher não pertence à Igreja, à PUC ou ao

homem, mas somente àquela que o detém. Explorou, assim, a ques-

tão do aborto, e do direito da mulher sobre seu próprio corpo.

Depois da estudante de Geografia foi a vez do reitor abordar o

assunto. Iniciou seu discurso

com um artigo de Leonardo Sa-

kamoto publicado no jornal PUC-

Viva. Ali o professor afirmava

que nunca foi restringido ou pro-

ibido de lecionar o que quisesse.

Dirceu afirmou que, de fato, isso

nunca aconteceu na Universida-

de - não durante sua gestão. A-

demais, disse que o bispo pode

exercer a sua liberdade de ex-

pressão e que ele, reitor, não po-

de ser vinculado às afirmações de

Dom Luiz Gonzaga. Teve pouco

tempo para discorrer sobre o assunto, e insistiu na separação entre

o discurso do bispo e a instituição. Quando questionado se a Uni-

versidade poderia divulgar um comunicado oficial contra as afirma-

ções do bispo, dizendo que a PUC não adotaria medidas restritivas

aos professores e suas aulas, Dirceu afirmou que "não pode ensinar

o pai nosso ao bispo".

Ao fim, Leonardo Sakamoto disse que, apesar de não concor-

dar com Dom Luiz Gonzaga, a publicação do eclesiástico trouxe um

debate importante à "praça pública". Segundo o professor, pensa-

mentos como os do bispo não podem "ficar no armário". É impor-

tante trazer o debate para a Universidade, afirmou. Ninguém deve-

ria ser coibido por expressar suas ideias; somos livres para pensar e

debater. Assim, o clérigo tem todo o direito de dizer o que pensa

sobre quaisquer assuntos, bem como os professores da PUC-SP --

bem como qualquer cidadão. O debate é saudável, e por isso Saka-

moto convidou o bispo a discutir suas ideias em "praça pública".

Quem sabe ele aparece.

Blog do Bispo Dom Luiz Gonzaga:

http://www.domluizbergonzini.com.br/

Blog do professor Leonardo Sakamoto:

http://blogdosakamoto.blogosfera.uol.com.br/

Page 8: O Barão

Institucional — 7

Instituições

CARI Barão do Rio Branco

Acreditamos que um Centro Acadêmico é o que os alunos fazem dele, então nos organizamos por meio de pro-jetos, visando alcançar o interesse de todos os alunos com atividades variadas.

Roda Mundo: Ciclo de atividades com as quais é possível co-nhecer mais sobre a cultura, política e curiosidades de lugares dife-rentes do que estamos acostumados a estudar. O primeiro, sobre Mar-rocos, foi realizado com sucesso no primeiro semestre, seguido do se-gundo, com o tema Países Lusófonos.

Grupo de Estudos: A intenção é formar um grupo com o ob-jetivo de produzir uma pequena coletânea de artigos sobre a questão da Política 2.0. O grupo se reuniria no formato de palestra/debates sobre as mudanças no modelo de se fazer política da juventude na a-tualidade, através do uso das mídias sociais e o modo de protestar.

Bookcrossing: Um livro pode ser nosso sem nos pertencer. Só um livro lido nos pertence realmente.”. O projeto se baseia na idéia de criar uma biblioteca livre e mundial. O CARI já recebeu cerca de 50 livros, já registrou e libertou todos. Contamos com vocês para esse projeto ser ainda maior. Doe, liberte e leia!

Acesse nosso site caribarao.org para maiores informações sobre esses e outros projetos e caso se interesse, mande um e-mail para [email protected].

Mostre sua cara! Participe de nossas reuniões gerais todas as quartas-feiras, às 12 e 18h!

PET O Programa de Educação Tutorial (PET) foi criado para apoiar atividades acadêmicas que integram ensino, pesquisa e extensão. For-mado por grupos tutoriais de aprendizagem, o PET propicia aos alu-nos participantes, sob a orientação de um tutor, a realização de ativi-dades extracurriculares que complementem a formação acadêmica do estudante e atendam às necessidades do próprio curso de graduação. O estudante e o professor tutor recebem apoio financeiro de acordo com a Política Nacional de Iniciação Científica.

O programa é subordinado à Secretaria de Ensino Superior (SESu) do Ministério da Educação (MEC).

http://petripuc.wordpress.com/author/petripuc/

Um Teto para meu País

Um Teto para meu País (UTPMP) é uma organização latino-americana sem fins lucrativos liderada por jovens. Todos os dias, mi-lhares de voluntários universitários e jovens profissionais de todo o continente trabalham junto às famílias de assentamentos irregulares e favelas para melhorar sua qualidade de vida a partir da construção de casas de emergência e programas de habilitação social.

Missão: Melhorar a qualidade de vida das famílias que vivem em situação de pobreza por meio da construção de casas emergenciais e do desenvolvimento de planos de habilitação social a partir do traba-lho conjunto entre jovens voluntários universitários e a comunidade. Queremos denunciar a realidade dos assentamentos precários em que vivem milhões de pessoas na América Latina e envolver toda a socie-dade, fazendo com que todos se comprometam na tarefa de construir

um continente mais solidário, justo e sem exclusão.

Visão: Uma América Latina sem extrema pobreza, com jovens comprometidos com os desafios próprios de seus países em que todas as famílias tenham uma moradia digna e possam ter acesso a mais o-portunidades para melhorar sua qualidade de vida.

Atlética do Ursão Mais um ano começa de verdade e com ele vem:

OS TREINOS!!!!

Onde? Círculo Macabi — Avenida Angélica, 634, próximo ao metro Marechal Deodoro. Sábado 15 às 17 - Vôlei Domingo 12 às 14 - Futsal Feminino 14 às 16 - Basquete 16 às 18 - Hand 19 às 21 - Futsal Masculino Veteranos e bixos, venham treinar! A galera é muito simpática e receptiva, são todos muito bem vindos!

Participe também das nossas reuniões todas as semanas (dias da semana à confirmar), às 18h! Venha nos ajudar a organizar eventos como o Churrasco dos Bixos, que foi um sucesso, mas exige muito tra-balho por trás da festa!

BateRI Participe de nossos ensaios!! Às 14:00 em frente o Monumento às Bandeiras (empurra-empurra), perto do Parque Ibirapue-ra. Comboio saindo da PUC, na Ministro Godoi, as 13:30, para todos aqueles que precisam de caro-na.

Venha fazer parte da nossa família!!

Prisma A Prisma Consultoria Internacional, Em-presa Júnior do curso de Relações Internacio-nais, auxilia empresas a se internacionaliza-rem desde 2005. Nosso principal objetivo é capacitar o internacionalista da PUC-SP para inseri-lo no mercado de trabalho, complementando dessa forma a sua formação acadêmica e garantindo reconhecimento ao curso de RI.

Convidamos você, futuro internacionalista, a fazer parte de nos-sa equipe! Participe de nossas palestras e eventos! No início de cada semestre lançamos nosso edital de Processo Seletivo! Na Prisma você vai fazer pesquisas e análises, representar a Júnior em reuniões com clientes, analisar comportamentos e fazer processos de seleção, vai se comunicar e aprender muito sobre como uma consultoria internacio-nal funciona!

Estamos à disposição para dúvidas! [email protected] ou

em nosso perfil no Facebook!

Page 9: O Barão

Entretenimento — 8

Quinta Página Por Lucas Sorgini e Vinicius Neves

Áries: agora é tempo de

renovação! É natural que as

coisas se desgastem com o

tempo, inclusive sua repu-

tação, por isso, invista nos

calouros, eles ainda não sa-

bem das suas histórias e

quem sabe você consiga

manter sua dignidade com

eles, por que de resto...

Touro: já que ninguém a-

güenta competir com a sua

prepotência, há maiores

tendências para contatos

com pessoas a distância e

planos para viagens. É a

hora de sair da rotina nacio-

nal, seja marcando um in-

tercâmbio para o próximo

semestre ou comprando

muamba no Paraguai.

Câncer: o momento é im-

portante para repensar ob-

jetivos e lidar com revisões

no trabalho. Também reco-

menda paciência com algu-

mas diferenças de idéias

liberais de mais que vão

surgir entre uma aula e ou-

tra. Muito cuidado com a

comunicação diante das re-

lações profissionais, nem

pense em aparecer de chi-

nelo na capacitação da Pris-

ma.

Gêmeos: lidar com todos

os aspectos da vida ao mes-

mo tempo pode ser uma

tarefa complicada, e a preo-

cupação excessiva com o

mundo profissional pode

prejudicar suas relações

familiares. Não ponha a cul-

pa nos astros, é ano de TCC.

Sagitário: com Marte na

quinta casa, seu bom-

humor pode estar em baixa.

Tenha paciência ao explicar

pr’aquela sua tia-avó, para o

taxista, para o vizinho pe-

dante, ou mesmo para seu

pai, “o que faz RI”. Não se

irrite com as respostas de

“continuo sem entender”,

acredite, no final, vai vestir

roupa social e tudo dará

certo!

Escorpião: boas notícias

para você escorpiano, com

Marte e Vênus alinhados,

sua sensualidade e atração

estarão à flor da pele, para

além do natural. E se facul-

dade e trabalho não andam

rendendo os resultados es-

perados, talvez você não

esteja usufruindo dos seus

melhores atributos.

Virgem: você já tirou xé-

rox de toda a bibliografia de

Política XXII, organizou por

aula, ordem alfabética, lín-

gua, número de páginas,

data de publicação, e os co-

locou perfeitamente alinha-

dos com a borda da mesa.

Porém, tudo o que você vai

ler, é o resumo daquela me-

nina que senta do outro la-

do da sala.

Capricórnio: 2012 pro-

mete ótimos frutos. Esque-

ça-se das mágoas e erros,

como quando saiu correndo

pelado pelo JOPRI gritando

que era Liberal. Pedra ener-

gética da semana: concreto

armado.

Leão: seu senso de lideran-

ça e vaidade não te fazem

melhor que ninguém, talvez

seja hora de se esquecer o

concurso do Rio Branco e

aceitar um estágio na em-

presa de recrutamento. Evi-

te sentar em baixo de lâm-

padas, lustres e lamparinas.

Horóscopo das RI Peixes: os astros podem não

estar em posição favorável à

intelectualidade nas próxi-

mas semanas, e se os assun-

tos do curso já se repetem

em História, Sociologia, Di-

reito, Economia, Política,

Política, Política, Política... é

bom evitar a repetição, nas

DP’s.

Libra: com marte e netuno

em movimento paralático

retrógrado, sua situação fi-

nanceira pode estar ameaça-

da... pelos próximos 8 anos,

até aquele seu estágio mara-

vilhoso na ONU virar remu-

nerado.

Aquário: dizem que quem

tem boca vai a Roma, no seu

caso vaia Roma. Muito cui-

dado com o que diz nos cor-

redores, a Lua pode estar

passando pelo seu signo na

hora errada, causando gran-

des desentendimentos. No

mais, procure usar tons de

laranja, não vai ajudar em

nada, mas pelo menos estará

na moda.

Nota: como Plutão não é

mais considerado plane-

ta pela comunidade cien-

tífica, algumas previsões

podem não ser exatas,

mas tudo bem, afinal, a

comunidade científica

também não considera

RI uma área do conheci-

mento.

Charges e Quadrinhos

Page 10: O Barão

Perfil — 9

Barão do Rio Branco Por Humberto Cimino e Thais Adabo

José Maria da Silva Paranhos Júnior, o

Barão do Rio Branco, foi uma grande figura

na diplomacia brasileira. Podemos dizer sem

nenhuma reserva que é o diplomata brasilei-

ro mais conhecido de todos os tempos. Filho

do não menos importante Visconde do Rio

Branco, Ex-Ministro da Marinha, diplomata

na nossa eterna Cisplatina e negociador da

paz no Paraguai, o arrojo político já nasceu

com o pai, que promulgou a Lei do Ventre Li-

vre.

Nascido no Rio de Janeiro, estudou no

Colégio Pedro II. Depois, partiu para o Largo

São Francisco, em São Paulo. Se graduou em

Recife, na primeira Faculdade de Direito do

Brasil, a Faculdade de Direito do Recife. O

Barão sempre se mostrou interessado em po-

lítica nacional e internacional, sendo um

grande defensor dos interesses brasileiros

desde antes do ingresso ao serviço diplomáti-

co nacional. Ainda em 1866, escreveu para a

revista francesa L’illustriation defendendo a

visão brasileira sobre a controversa Guerra

do Paraguai. Também deu aulas de História

do Brasil no famoso Colégio Pedro II, no Rio

de Janeiro, substituindo o então detentor

desta cadeira, o Médico e amigo pessoal de

Dom Pedro II, Joaquim Manuel de Macedo.

Exerceu o Direito em Nova Friburgo.

Porém, com saudades da vida boêmia e da

capital, retornou ao Rio de Janeiro, aonde,

com apoio do pai, conseguiu concorrer ao

cargo de deputado pelo Estado do Mato Gros-

so. Entre a vida política agitada, os escritos

para o periódico A Nação e os contratempos

da vida boêmia, o Barão ganhou mais notori-

edade quando se negou a casar com a filha de

um nobre da época e se apaixonou por uma

bailarina belga, que acabou, eventualmente,

engravidando.

É claro que o bafafá foi o frisson do jet-

set da época. Seu pai, Visconde do Rio Bran-

co, obrigou a amada de Rio Branco, Marie, ir

ter o filho do casal em Paris, longe das fofocas

(e do desgaste político) do Rio de Janeiro. Jo-

sé Maria, nosso Barão, ficou arrasado. Caiu

em depressão, no álcool e em tudo que há de

mais vil que a existência infeliz pode oferecer.

Após muitas brigas e lutas com o pai, final-

mente, consegue se estabelecer como diplo-

mata em Liverpool, no Reino Unido, já no a-

no de 1876.

Sempre quando conseguia, o Barão fugi-

a para Paris, com o intuito de ver a amada.

Desta paixão surgiram quatro filhos. E então,

ampliando seu círculo de amizades e sua in-

fluência, o Barão é enviado à Rússia. Ali é no-

meado conselheiro, ganhando mais prestígio

ao representar o povo Brasileiro.

Perde o pai com câncer, logo depois sen-

do nomeado, finalmente e oficialmente, Ba-

rão. Monarquista declarado, o Barão não foi

expurgado após o fim da monarquia. Os re-

publicanos reconheceram o seu valor, e envi-

ado para a Alemanha foi o nosso Barão.

Quando volta das terras teutônicas, assume a

chancelaria da nação.

Durante a época em que foi Chanceler

do Brasil, o Barão do Rio Branco solucionou

uma série de questões que moldaram as nos-

sas fronteiras, que até hoje permanecem com

a configuração conquistada por ele - enfren-

tou conflitos com a França e com a Argentina,

conquistou o Acre, e teve que lidar, também,

com os interesses imperialistas dos Estados

Unidos e do Reino Unido. O Barão ganhou

reconhecimento mundial pelos seus feitos.

Feitos diplomáticos que, sem perder o arrojo,

a coragem e a independência, são caracterís-

ticos da Política Externa Brasileira.

De importância inquestionável e reco-

nhecimento irrestrito na área política, Rio

Branco também foi de fundamental impor-

tância econômica e social. O Barão teve sua

efígie impressa nas notas de 5 mil réis em

1913 e 1924, nas de Cr$5 (cinco cruzeiros) em

1950, nas de Cr$1.000,00 (mil cruzeiros) em

1978 e cunhado no verso das moedas de 50

centavos em circulação atualmente no Brasil.

Até mesmo a quantia de mil reais é designada

como um barão. O notável diplomata tam-

bém estampou sua marca na Conferência de

Haia, onde incentivou Rui Barbosa a oferecer

vários banquetes para convencer as delega-

ções estrangeiras presentes na Conferência

da Paz a aceitarem as posições do Brasil.

Atualmente, seu título de nobreza é

também referência no nome da instituição de

ensino superior subordinada ao Ministério

das Relações Exteriores, o conhecido Institu-

to Rio Branco, fundado em 1945 como parte

da comemoração do centenário de seu nasci-

mento. Hoje, sessenta e sete anos depois, co-

memora-se o centenário de sua morte que,

durante o Carnaval, foi responsável pela alte-

ração no calendário da festa popular de 1912,

sendo decretado luto oficial e prestadas in-

tensas homenagens na cidade do Rio de Ja-

neiro, que são revividas hoje, no país inteiro.

Se o próprio Barão do Rio Branco tives-

se a oportunidade de ler essa edição, ficaria

contempladíssimo em saber que nosso jornal

leva seu nome. Isso porque, antes de iniciar

sua carreira política mundialmente conheci-

da, atuou constantemente na área de Letras,

tendo escrito diversos textos a jornais e revis-

tas ao longo de três décadas. Contribuiu com

matérias na Revista Popular (1863); na revis-

ta l’Illustration (1866) onde desenhou e es-

creveu sobre a guerra do Paraguai, defenden-

do o ponto de vista do Brasil; no periódico A

Nação (1871) e no Jornal do Brasil (1891), a-

lém de ter sido o segundo ocupante da cadei-

ra 34 da Academia Brasileira de Letras, eleito

em 1898.

A história de José Maria do Barão do

Rio Branco é muito rica e complexa para ser

exposta apenas neste artigo comemorativo. O

Barão continua no imaginário nacional, seja

dos jovens aspirantes a diplomatas, dos fer-

vorosos nacionalistas ou mesmo dos pacifis-

tas.

O Barão do Rio Branco

Foi Herói, foi líder, guia

Gigante da fala mansa

O PAI DA DIPLOMACIA

Um exemplo de vitória

Um construtor da história

Um símbolo da cidadania!

(NETO, Crispiano. IN Barão do Rio Branco,

Literatura de Cordel)