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Elis Regina Carvalho Costa, mais conhecida como "Elis Regina", foi uma famosa cantora e compositora Brasileira, a qual nasceu na cidade de Porto Alegre, capital no Rio Grande do Sul, em 17 de Março de 1945, onde começou sua carreira como cantora aos onze anos de idade em um programa de rádio para crianças chamado "O Clube do Guri", na Rádio Farroupilha, apresentado por Ari Rego. Em 1959 foi contratada pela Rádio Gaúcha e, no ano seguinte, viajou ao Rio de Janeiro, onde gravou seu primeiro disco, "Viva a Brotolândia". Lança ainda mais dois três discos, enquanto morava em Porto Alegre. Em 1964 parte para o eixo "Rio-SP", e, em 1965, vence o Primeiro Festival da MPB, promovido pela Excelsior, lançando-se nacionalmente. No mesmo ano, assume ao lado de Jair Rodrigues, o comando do programa O Fino da Bossa, que ficaria no ar até 1967, com grande sucesso. Em 1968, uma viagem à Europa a lança no eixo musical internacional. Elis Regina criticou muitas vezes a ditadura brasileira, que perseguiu e exilou muitos músicos em sua época. Em entrevista, no ano de 1969, declarou que o Brasil era governado por "gorilas". Sua popularidade a manteve fora da prisão, mas chegou a ser obrigada pelas autoridades a cantar o hino nacional durante um espetáculo em um estádio, fato que despertou a ira da esquerda brasileira. Segundo a análise de alguns, era conhecida por sua primazia pela técnica e qualidade musical de seus discos, também se notabilizou por lançar boa parte dos grandes nomes da MPB, como Milton Nascimento, Renato Teixeira, João Bosco e Aldir Blanc, Sueli Costa, entre outros. Durante a carreira, Elis foi protagonista direta e indiretamente de uma série de polêmicas. Uma dessas viria por parte de seus muitos fãs, os quais sempre cultivaram uma rivalidade com os fãs da cantora Maria Bethânia, devido

O Bêbado e a Equilibrista

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Page 1: O Bêbado e a Equilibrista

Elis Regina Carvalho Costa, mais conhecida como "Elis Regina", foi uma famosa cantora e compositora Brasileira, a qual nasceu na cidade de Porto Alegre, capital no Rio Grande do Sul, em 17 de Março de 1945, onde começou sua carreira como cantora aos onze anos de idade em um programa de rádio para crianças chamado "O Clube do Guri", na Rádio Farroupilha, apresentado por Ari Rego.

Em 1959 foi contratada pela Rádio Gaúcha e, no ano seguinte, viajou ao Rio de Janeiro, onde gravou seu primeiro disco, "Viva a Brotolândia". Lança ainda mais dois três discos, enquanto morava em Porto Alegre. Em 1964 parte para o eixo "Rio-SP", e, em 1965, vence o Primeiro Festival da MPB, promovido pela Excelsior, lançando-se nacionalmente. No mesmo ano, assume ao lado de Jair Rodrigues, o comando do programa O Fino da Bossa, que ficaria no ar até 1967, com grande sucesso. Em 1968, uma viagem à Europa a lança no eixo musical internacional.Elis Regina criticou muitas vezes a ditadura brasileira, que perseguiu e exilou muitos músicos em sua época.

Em entrevista, no ano de 1969, declarou que o Brasil era governado por "gorilas". Sua popularidade a manteve fora da prisão, mas chegou a ser obrigada pelas autoridades a cantar o hino nacional durante um espetáculo em um estádio, fato que despertou a ira da esquerda brasileira. Segundo a análise de alguns, era conhecida por sua primazia pela técnica e qualidade musical de seus discos, também se notabilizou por lançar boa parte dos grandes nomes da MPB, como Milton Nascimento, Renato Teixeira, João Bosco e Aldir Blanc, Sueli Costa, entre outros.

Durante a carreira, Elis foi protagonista direta e indiretamente de uma série de polêmicas. Uma dessas viria por parte de seus muitos fãs, os quais sempre cultivaram uma rivalidade com os fãs da cantora Maria Bethânia, devido ao eterno debate, o qual existe até hoje e não teve fim sobre qual seria a maior cantora da história do Brasil.

Aparentemente Elis parecia dar mais importãncia a esse debate que Bethânia, sendo que no começo dos anos 80, mais precisamente no ano de 1981 em um especial para rede Globo, resolveu declarar Gal Costa a maior cantora do país.Bethânia mais reservada, nunca se pronunciou sobre esse debate, inclusive se declara, até hoje, fã de Elis, isso desde sua entrevista no Pasquim de 5 de Setembro de 1969 quando deu nota 10 para Elis Regina. Poucos anos atrás quando Bethânia regravou a canção "Romaria" (sucesso na voz de Elis) e em entrevista coletiva reafirmou ser grande adimiradora de Elis.

Sempre engajada politicamente, Elis participou de uma série de movimentos de renovação política e cultural brasileira, com voz ativa da campanha pela Anistia de exilados brasileiros.O despertar de uma postura artística engajada e com excelente repercussão acompanharia toda a carreira, sendo enfatizada por interpretações consagradas de O bêbado e a equilibrista (João Bosco e Aldir Blanc), a qual vibrava como o hino da anistia.A canção coroou a volta de personalidades brasileiras do exílio, a partir de 1979. Um

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deles, citado na canção, era o irmão do Henfil, o Betinho, importante sociólogo brasileiro. Também merece destaque, o fato de Elis Regina ter se filiado ao PT, em 1981.Outra questão importante se refere ao direito dos músicos brasileiros, polêmica que Elis encabeçou, participando de muitas reuniões em Brasília. Além disso, foi presidente da Assim, Associação de Intérpretes e de Músicos.

João Bosco (melodia) e Aldir Blanc (letra), gravam em 1979 esta música, interpretada por Elis Regina. Seu lançamento ocorre em um momento de intensa repressão ideológica e consequente perseguição política. Esse período que inicia em 1964 e vai até fins da década de 1980 é conhecido como Ditadura Militar. Nessa época, era preciso usar-se uma grande transferência de sentidos, ou seja, linguagens metafóricas. Essas linguagens conferem a determinados objetos de pensamento atributos pertencentes a outro. Pensando nisso, os artistas faziam, assim, músicas repletas de linguagens figuradas, cujas informações subliminares precisam ser conhecidas por aqueles que as recebem, para compreender o real manifesto da música, como no caso a ser analisado.

O Bêbado e A Equilibrista 

Elis ReginaCompositor: João Bosco & Aldir Blanc

Caía a tarde feito um viadutoE um bêbado trajando lutoMe lembrou Carlitos...

A luaTal qual a dona do bordelPedia a cada estrela friaUm brilho de aluguel

E nuvens!Lá no mata-borrão do céuChupavam manchas torturadasQue sufoco!Louco!O bêbado com chapéu-cocoFazia irreverências milPra noite do Brasil.Meu Brasil!...

Que sonha com a voltaDo irmão do Henfil.

Com tanta gente que partiuNum rabo de fogueteChora!A nossa PátriaMãe gentilChoram MariasE ClaricesNo solo do Brasil...

Mas sei, que uma dorAssim pungenteNão há de ser inutilmenteA esperança...

Dança na corda bambaDe sombrinhaE em cada passoDessa linhaPode se machucar...

Azar!

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A esperança equilibristaSabe que o show

De todo artistaTem que continuar...

Análise da Música

“Caía a tarde feito um viadutoE um bêbado trajando lutoMe lembrou Carlitos...”

Em 1971, no auge da ditadura militar, houve na cidade do Rio de Janeiro a queda de um viaduto. Cair a tarde como cai um viaduto é dizer que a tarde terminou de repente, rapidamente, sem aviso, inesperadamente e talvez tragicamente -, dando início a um período noturno, sem luz, escuro, sombrio.

“Bêbado” faz referência aos artistas, considerados loucos por enfrentarem a ditadura. Logo, “um bêbado trajando luto” representa a tristeza dos artistas da época, que eram impedidos de se manifestarem livremente.

Um dos representantes maiores da classe artística daquela época era Charles Chaplin, cuja personagem mais famosa era conhecida no Brasil como “O Vagabundo Carlitos”. Carlitos representava, deforma bem-humorada e irreverente, a população oprimida, denunciando as injustiças sociais

“A lua, tal qual a dona do bordelPedia a cada estrela friaUm brilho de aluguel”

A lua apenas reflete a luz do sol. Esse é o tema da segunda estrofe, que faz menção aos reflexos do passado. Assim, segue a noite, denunciando em linguagem figurada e elaborada as consequências da ditadura: torturas, exílios, desaparecimentos e famílias dilaceradas.

Ademais, a Lua não tem brilho próprio, mas como proprietária do prostíbulo, rouba-o das suas empregadas; um brilho falso, que pode representar os políticos que se “venderam” ao regime militar, em troca de benefícios pessoais, com os recursos “roubados” do país, assim como cederam um pouco de seu brilho à “lua”, que também pode ser representada pela mídia da época.

“E nuvens!Lá no mata-borrão do céuChupavam manchas torturadasQue sufoco!Louco!“

As “nuvens” podem ser entendidas como os torturadores, que com o mata-borrão (ferramenta que limpa o excesso de tinta e nesse caso representa a repressão dos

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movimentos jovens com torturas e assassinatos), controlavam a ditadura. O “sufoco” significa o sentimento geral da população da época com esse tipo de ação dos militares.

“Meu BrasilQue sonha com a volta do irmão do HenfilCom tanta gente que partiu num rabo de fogueteChora a nossa pátria mãe gentil,Choram Marias e Clarisses no solo do Brasil

Chora!A nossa PátriaMãe gentilChoram MariasE ClarissesNo solo do Brasil...”

Essas estrofes são claras referências aos exilados políticos (no caso, o irmão de Henfil era o cartunista “Betinho”, que teve de exilar-se no Chile) e aos assassinatos e desaparecimentos sem esclarecimento por parte do Governo. “Maria” é um nome muito comum no Brasil. “Clarisse” era o nome da esposa do jornalista Wladimir Herzog, também morto sob tortura em 1975.O fato dos nomes estarem no plural significa uma referência às mães, esposas (parentes e amigos em geral) dos exilados políticos. Foram obrigados a permanecer no país (“no solo do Brasil”), sendo muitas vezes impedidas de terem acesso a qualquer tipo de informações à respeito de seus parentes exilados, desaparecidos ou mortos.

“Mas sei, que uma dorAssim pungenteNão há de ser inutilmenteA esperança...Dança na corda bambaDe sombrinhaE em cada passoDessa linhaPode se machucar...”

Temos nestes versos uma mensagem de força e perseverança; um aviso de que toda aquela dor e sofrimento não seriam em vão; um pedido para que os oprimidos e lesados transformassem toda a frustração em uma forma de se manterem atuantes contra o sistema. A esperança pela melhora permanece existente, mesmo em condições contrárias e sem bases sólidas para se manter firme. Cada passo de um equilibrista representa um perigo para si mesmo, uma vez que andando sob apenas uma linha, mesmo com todos os cuidados e cautela, a chance de cair e ter sua caminhada interrompida é grande.

Ser artista naquela época era uma profissão perigosa, mesmo com todos os cuidados e cautelas, assim como um equilibrista, a chance de ser interrompido é grande. Esses versos apresentam também uma mensagem de força e perseverança; um aviso de que toda aquela dor e sofrimento não seriam em vão; um pedido para que os oprimidos e lesados transformassem toda a frustração em uma forma de se manterem atuantes contra o sistema. A esperança pela melhora permanece existente, mesmo em condições contrárias e sem bases sólidas para se manter firme.

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“Azar!A esperança equilibristaSabe que o showDe todo artistaTem que continuar...”

“Azar” aqui não é mais o do “equilibrista”. Uma vez que ele passa a ter a coragem de andar em frente sem o medo da queda, o azar passa a ser de quem utilizava o medo como forma de controle. Significa a ausência de medo e preocupação. A situação política chegou a um ponto tão degradante e sofrido que o sentimento é ode que seria praticamente impossível piorar. O importante para o equilibrista, mesmo com o perigo sempre iminente de cair e se machucar, é continuar firme, caminhando, não importa.

FONTE

http://acervo.oglobo.globo.com/fotogalerias/o-desabamento-do- paulo-de-frontin-10810409

http://musicasdahistoria.blogspot.com.br/2010/03/fascinante-o- bebado-e-equilibrista-de.html

http://www.vagalume.com.br/elis-regina/o-bebado-e-a- equilibrista.html

http://redesfigurar.blogspot.com.br/2011/12/um-pouco-de-musica- interpretacao-de-o.html

http://www.academia.edu/3724739/Interpreta %C3%A7%C3%A3o_da_m%C3%BAsica_O_B%C3%AAbado_e_o_Equilibrista_Trabalho_n%C3%A3o_cient%C3%ADfico_

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Trabalho de Sociologia

Instituto Santa TeresinhaDiretora: Ir. AscensãoProfessor: Roberto LhamasEquipe: Marcus Vinicius

João FillipeJayana NailaJessica Dayanne

Série: 3º E.M. “A”Bragança, 28 de novembro de 2014