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Recanto das Letras
Central de Produção Capítulo 034
O BEM OU O MAL?
Novela de
MATHEUS RICCAZ
Colaboração de
OTÁVIO SARTI
Personagens deste capítulo
AGENOR
ALBERTO
ANDRESSA LUÍSA
ASSISTENTE
BÁRBARA
DELEGADO
FERNANDO
GABRIELE
HERBERT
LUCAS
LUÍSA
MAÍRA
MANUELA
MARIA CAMILLA
MARIA CLARA
MARIANA
MARÍLIA
MARISA
PEDRO
RICARDO HENRIQUE
ROBERTO
ROSEMEIRE
VERÔNICA
Participação especial
MÉDICOS, ADVOGADO, JUIZ
20/09/2014
O BEM OU O MAL? Capítulo 34
CENA 1/ EDIFÍCIO AMÉRICA/ GARAGEM/ INTERIOR/ NOITE.
CONTINUAÇÃO IMEDIATA DA ÚLTIMA CENA DO CAPÍTULO
ANTERIOR. ALBERTO ENCONTROU LETÍCIA MORTA NO CHÃO
DA GARAGEM. A POLÍCIA JÁ ESTÁ NO LOCAL.
DELEGADO — Quando foi que vocês a encontraram morta aqui?
ALBERTO — (confuso) Eu não sei direito. Eu cheguei aqui por
volta das 21h:30min. Na mesma hora em que eu
cheguei eu encontrei o corpo dela caído ali.
DELEGADO — Muito obrigado, sua informação nos ajudará bas-
tante nas investigações.
O POLICIAL SE AFASTA E FALA COM O MÉDICO LEGISTA.
ALBERTO SE APROXIMA DE MARÍLIA.
ALBERTO — Meu Deus, a Letícia, morta...
MARÍLIA — Calma meu amor, tudo isso vai se resolver. Ainda
não temos certeza se foi mesmo assassinato. O
policial disse que pode ser que tenha sido suicí-
dio, mas eles ainda estão investigando. Se alguém
matou a Letícia, a polícia irá descobrir mais cedo
ou mais tarde. O que precisamos agora, nesse
momento é manter a calma.
NESSE MOMENTO A POLÍCIA SE APROXIMA COM O MÉDICO
LEGISTA.
ALBERTO — E aí, já descobriram se a causa da morte foi sui-
cídio ou assassinato?
DELEGADO — Já descobrimos sim.
MÉDICO — A Letícia foi assassinada. Encontramos quatro
marcas de tiros no peito dela, o que tudo indica
que a arma usada foi uma pistola e as balas perfu-
raram o pulmão direito e esquerdo, o coração e o
tórax, matando-a na hora. Ela foi morreu entre
21h e 21h: 30 min.
MARÍLIA — (aterrorizada) Meu Deus que horror. Mas quem
poderia ter feito isso?
O BEM OU O MAL? Capítulo 34
DELEGADO — Eu não sei. Estou desconfiando que esse crime
esteja interligado a outro que também estamos
investigando.
ALBERTO — Que “outro” crime?
DELEGADO — O do tal Renato que morreu. O Renato foi assas-
sinado de forma semelhante à morte da Letícia.
Ele foi morto após ter envenenado a comida do
restaurante do senhor Pedro Amaral, o noivo da
Mariana Villanueva e após ter sequestrado a irmã
do meio da família Villanueva: a Luísa. Eles es-
tão ligados a vitima e são suspeitos do crime.
MARÍLIA — O senhor acha que os Villanuevas também estão
ligados ao assassinato da Letícia?
DELEGADO — Provavelmente sim! Mas não sei que tipo de liga-
ção é. Só sei que iremos investigar essa morte e
veremos se esse assassino é esperto mesmo. Por
um acaso a Letícia tinha algum inimigo? Alguém
que realmente teria motivos para matá-la?
ALBERTO — Olha seu delegado, não vou mentir pro senhor. A
minha mãe, o ex-marido da minha mãe o Herbert
e a dona Bárbara tinham motivos para matar a
Letícia. Eles se odiavam.
DELEGADO — Quero que você me passe o endereço e o telefone
dos três.
ALBERTO COMEÇA A FALAR ENQUANTO O DELEGADO ANOTA
TUDO NUM PAPEL. CORTE DESCONTÍNUO PARA O LEGISTA
QUE SE APROXIMA DO DELEGADO E DE ALBERTO. O
DELEGADO TERMINA DE ESCREVER.
MÉDICO L. — Delegado, já podemos levar o corpo pro IML?
Precisamos fazer algumas investigações.
DELEGADO — Pode sim! Qualquer novidade me avise imedia-
tamente.
MÉDICO L. — Sim senhor!
O MÉDICO LEGISTA SAI.
O BEM OU O MAL? Capítulo 34
DELEGADO — Mais uma pergunta: Essa garagem possui câme-
ras?
ALBERTO — Mas é claro que possui. Que espécie de prédio
não teria câmeras senhor delegado?
DELEGADO — Nem todos os prédios possuem. Mas de qualquer
forma eu vou querer ver as gravações das filma-
gens de hoje à noite. De todos os locais, andares...
Tudo! Essas gravações com certeza vão me aju-
dar a solucionar esse mistério. E isso só prova
que esse assassino não é tão esperto o quanto pa-
rece. Bem, eu já vou indo. Qualquer notícia eu li-
go avisando.
ALBERTO — Tudo bem senhor!
DELEGADO — Tenham uma boa noite!
O DELEGADO VAI EMBORA. ALBERTO E MARÍLIA FAZEM O
MESMO.
CENA 2/ CASA BÁRBARA/ SALA/ INTERIOR/ NOITE.
BÁRBARA ENTRA EM CASA, COM UMA APARÊNCIA DE
ASSUSTADA COM ALGO. ELA SOBE AS ESCADAS E VAI PRO
QUARTO.
CENA 3/ QUARTO BÁRBARA/ CLOSET/ INTERIOR/ NOITE.
BÁRBARA ENTRA. ELA SE AGACHA, TIRA UM REVÓLVER DE
DENTRO DA SUA BOLSA E O COLOCA NO CHÃO. ELA ABRE O
ARMÁRIO E FAZ A COMBINAÇÃO DO COFRE. ELA ABRE O
COFRE, COLOCA O REVÓLVER DENTRO, E O TRANCA EM
SEGUIDA. ELA SAI DO CLOSET E VOLTA PRO QUARTO.
CENA 4/ QUARTO BÁRBARA/ INTERIOR/ NOITE.
AO VOLTAR PRO QUARTO, BÁRBARA LEVA UM SUSTO,
SOLTANDO UM GRITO DE PAVOR, AO VER ANDRESSA LUÍSA
EM SUA FRENTE.
O BEM OU O MAL? Capítulo 34
BÁRBARA — (ofegante, se senta na cama) Ai que susto minha
filha.
ANDRESSA L. — Eu vi quando você chegou e resolvi vir aqui falar
contigo. Posso saber onde a senhora esteve?
BÁRBARA — (tom) Não! Não pode! Você não deveria estar
dormindo?
ANDRESSA L. — Não é nem dez horas ainda. E a senhora sabe
muito bem que não é de meu costume ir dormir
cedo. Eu quero saber mamãe, onde a senhora es-
teve! A Rosemeire disse que você tinha saído e
eu tive que jantar sozinha.
BÁRBARA — Não vou lhe contar aonde eu fui.
ANDRESSA L. — Não tem problema. Não quero saber mesmo, per-
guntei por perguntar. Só achei estranho você dei-
xar de jantar pra sair àquela hora da noite e voltar
assim, de repente.
BÁRBARA — Precisei sair... Resolver uns negócios. Mas estou
de volta.
ANDRESSA L. — (fala em tom grosso) Mas de qualquer forma pre-
cisamos ter uma conversa muito séria sobre o que
aconteceu hoje mamãe! Agora!
BÁRBARA — Agora não minha filha! Estou cansada, com sono
e preciso dormir. Amanhã conversaremos ok?
ANDRESSA L. — Tudo bem! Mas amanhã a senhora não me esca-
pa.
BÁRBARA — (irritada) Tá Andressa, agora sai me deixa dor-
mir. Sai.
ANDRESSA SAI, BÁRBARA FECHA A PORTA E CAI NA CAMA.
BÁRBARA — Preciso fugir daqui antes que a minha vida vire
um inferno.
BÁRBARA SE LEVANTA E VAI ATÉ O CLOSET. ELA PEGA UMA
MALA, ABRE E COMEÇA A SOCAR SUAS ROUPAS DENTRO.
O BEM OU O MAL? Capítulo 34
CENA 5/ HOSPITAL/ QUARTO MARIANA/ INTERIOR/ NOITE.
MARIANA ESTÁ DORMINDO. PEDRO SE APROXIMA DELA,
ACARICIANDO-A E ELA COMEÇA A SE MEXER AOS POUCOS.
MARIANA — (sonolenta) Pedro?
PEDRO — Sou eu meu amor...
MARIANA — A enfermeira me disse que você tinha saído... Eu
te esperei acordada, mas acabei pegando no sono
sem querer... Aonde você foi?
PEDRO — Eu tive que sair. A justiça já foi feita meu amor.
MARIANA — (sonolenta) Justiça?
PEDRO — Sim, mas agora descansa. Você precisa dormir, se
recuperar logo pra sair desse hospital.
ELE BEIJA A TESTA DE MARIANA E ELA VOLTA A DORMIR.
PEDRO FICA PENSATIVO.
CENA 6/ AP VILLANUEVA/ SALA/ INTERIOR/ NOITE.
MARIA CAMILLA ESTÁ SENTADA NO SOFÁ, ASSISTINDO A
TELEVISÃO. FERNANDO CHEGA.
MARIA CAMILLA — Finalmente! Pensei que não voltava hoje.
FERNANDO — O trânsito está um inferno.
MARIA CAMILLA — Mas a essa hora da noite? Não acredito que
haja muito transtorno nas ruas. Você demorou
muito. Esperei você para jantar, mas não conse-
gui me controlar, a fome tomou conta de mim.
FERNANDO — Eu falei que não precisava me esperar. Avisei pra
você que não chegaria a tempo.
MARIA CAMILLA — Só jantei por que estava com muita fome. Eu
detesto comer sozinha.
FERNANDO — O Ricardo Henrique não jantou com você?
MARIA CAMILLA — Não! Ele foi dormir mais cedo pra ir pro res-
taurante do Pedro amanhã. O Pedro não poderá ir
trabalhar, ele vai ficar com a Mariana no hospital.
O BEM OU O MAL? Capítulo 34
E você ainda não me contou aonde foi. Posso sa-
ber em que buraco você se meteu?
FERNANDO — Eu fui visitar a Mariana no hospital.
MARIA CAMILLA — Dá pra ver nos seus olhos que você está
mentindo Fernando!
FERNANDO — Mas eu estou falando a verdade. Eu fui ver se a
Mariana está bem, se está precisando de alguma
coisa, só isso.
MARIA CAMILLA — Não mente pra mim Fernando!
FERNANDO — (irritado) Já disse que não estou mentindo. E para
com esse interrogatório. Que saco!
FERNANDO SOBE AS ESCADAS CORRENDO E DEIXA CAMILLA
NA SALA COM UMA CARA DE INTERROGAÇÃO.
MARIA CAMILLA — (pra si) Ele está escondendo alguma coisa de
mim.
ELA SE SENTA NO SOFÁ E VOLTA A ASSISTIR SUA TEVÊ.
CENA 7/ PONTA VERDE/ PLANOS GERAIS/ EXTERIOR/ DIA.
AMANHECE.
CENA 8/ CASA BÁRBARA/ SALA/ INTERIOR/ DIA.
ANDRESSA LUÍSA DESCE AS ESCADAS. ROSEMEIRE APARECE.
ROSEMEIRE — Bom dia Andressa.
ANDRESSA L. — Bom dia Rosemeire. A minha mãe já acordou?
ROSEMEIRE — Eu não vi nem sinal da dona Bárbara hoje. Ela
não pediu o café na cama como de costume. Pra
mim ela ainda não acordou! Mas se você quiser
eu posso ir lá em cima verificar/
ANDRESSA L. — (corta em cima) Não! Não precisa! Eu mesma
vou. Eu e minha mãe precisamos conversar seri-
amente.
O BEM OU O MAL? Capítulo 34
ANDRESSA SOBE DE VOLTA PRO QUARTO E ROSEMEIRE VOLTA
PRA COZINHA.
CENA 9/ QUARTO BÁRBARA/ INTERIOR/ DIA.
ANDRESSA ENTRA NO QUARTO DE BÁRBARA. ELA VÊ A CAMA
DA MÃE ARRUMADA.
ANDRESSA L. — (grita) Mãe, você está ai?
O AMBIENTE ESTÁ EM TOTAL SILÊNCIO. ANDRESSA VAI AO
CLOSET. TEMPO. ELA VOLTA EM SEGUIDA.
ANDRESSA L. — (pra si) Será que a minha mãe saiu cedo?
ANDRESSA VIRA O ROSTO E LOCALIZA UM BILHETE NO
CRIADO MUDO. ELA APANHA O PAPEL E COMEÇA A LER.
BÁRBARA — (voz) Minha filha, eu preciso passar uns tempos
fora do Brasil, mas em breve estarei de volta.
Beijos. Te amo! Bárbara!
ANDRESSA L. — (pra si) A minha mãe foi embora?!
NUM IMPULSO, ANDRESSA SAI CORRENDO DO QUARTO,
LEVANDO O PAPEL CONSIGO.
CENA 10/ DELEGACIA/ INTERIOR/ DIA.
HERBERT ESTÁ SENTADO DE FRENTE PRO DELEGADO,
PRESTANDO SEU DEPOIMENTO SOBRE A MORTE DE LETÍCIA.
CONVERSA JÁ INICIADA
HERBERT — Nós tínhamos uma relação muito forte. Ela era
uma prostituta, eu era um simples cliente, mas lo-
go depois comecei a trabalhar no bordel da Ma-
dame Sofia. Nós quatro éramos colegas: Eu, a
Marisa, a Bárbara e a Letícia. Nosso passado era
um grande segredo, guardado a sete chaves. A
Letícia revelou nosso passado pra nossos filhos.
Eu confesso que fiquei com raiva... Fiquei com
ódio dela, mas não fui eu quem matou a Letícia...
Não fui eu!
O BEM OU O MAL? Capítulo 34
DELEGADO — Tudo bem! Apesar de não termos provas sufici-
entes para a solução do crime, o senhor ainda é
considerado suspeito. Não só o senhor, mas a do-
na Bárbara e a dona Marisa, suas antigas colegas.
Deixa-me fazer uma pergunta: Por um acaso o
senhor tem alguma relação com o senhor Renato
Medeiros?
HERBERT — Renato Medeiros?
DELEGADO — Sim! Renato Medeiros? O senhor conhece?
HERBERT — Falando o nome dele assim, posso não o reconhe-
cer, pois existem muitos “Renatos Medeiros” no
mundo. Mas se o senhor tiver alguma foto desse
cidadão quem sabe eu não possa reconhecê-lo...
O DELEGADO TRATA DE MOSTRAR A FOTO DE RENATO PRA
HERBERT.
HERBERT — (reconhece) Pera aí, eu conheço ele! Ele era o ex-
namorado da Bárbara! É ele! Ele traia ela com
uma tal de Luísa e a Bárbara descobriu a traição
no dia de seu casamento com o esse mesmo cara
da foto.
DELEGADO — As coisas estão começando a se interligar. Isso é
um bom sinal. Segundo a perícia, o Renato mor-
reu da mesma forma que a Letícia: Com quatro ti-
ros no peito. E já que ambos têm uma forte liga-
ção com a Bárbara, ela então passa a ser a princi-
pal suspeita dos dois crimes...
O DELEGADO PARA DE FALAR AO OUVIR O CELULAR DE
HERBERT TOCANDO. HERBERT SE DESCULPA COM O
DELEGADO E APANHA O CELULAR.
HERBERT — Me perdoe delegado. É minha filha, não posso
deixar de atender.
O DELEGADO FAZ UM SINAL, PERMITINDO QUE HERBERT
ATENDA O CELULAR. HERBERT ATENDE. EDIÇÃO: ALTERNAR
CENA COM ANDRESSA EM SEU QUARTO.
O BEM OU O MAL? Capítulo 34
HERBERT — (cel) Oi filha.
ANDRESSA L. — (cel) A minha mãe fugiu pai.
HERBERT — (cel, reage) O quê? A sua mãe fugiu? Como as-
sim?
ANDRESSA L. — (cel) Ela deixou um bilhete, dizendo que sairia do
país, mas que estaria de volta em breve. Ela só
não disse pra que lugar ela iria e nem a data que
ia voltar.
HERBERT — (cel) Tudo bem minha filha. Depois eu passo ai.
Beijos! Tchau! (ele desliga)
DELEGADO — Algum problema?
HERBERT — A Bárbara fugiu do país seu delegado.
DELEGADO — Fugiu do país?
HERBERT — Fugiu!
DELEGADO — Isso é mais uma certeza que tenho de que a Bár-
bara está cada vez mais envolvida nesses crimes.
O ASSISTENTE SE PRONUNCIA.
ASSISTENTE — Nem sempre seu delegado. Às vezes o senhor
pode pensar algo de um jeito, quando na verdade
é outra coisa completamente diferente.
DELEGADO — Do que você está falando?
ASSISTENTE — Vai ver que essa tal Bárbara não seja a assassina
do Renato e da Letícia, como o senhor pensa.
Muitas vezes o próprio assassino coloca pistas
falsas em seu caminho delegado. O senhor ainda
nem viu a tal gravação das câmeras do prédio.
DELEGADO — É verdade. Irei hoje ver. Agora, já! Preciso ter
certeza das minhas afirmações. (para o assistente)
Prepare tudo, vamos sair. Preciso averiguar essas
gravações.
HERBERT — E eu? Sou obrigado a continuar aqui?
DELEGADO — Não. Mas se for verdade mesmo a sua afirmação,
ao dizer que não tem nada a ver com a morte da
O BEM OU O MAL? Capítulo 34
Letícia, eu sugiro que fique em casa, até receber
uma ligação minha e sugiro também que você não
fuja do país que nem a dona Bárbara. Falando
nisso, irei acionar a polícia federal pra caçar ela o
quanto antes. (para o assistente) Vamos?
ASSISTENTE — Vamos.
ELES SAEM. CLOSE EM HERBERT TENSO.
CENA 11/ AP VILLANUEVA/ SALA/ INTERIOR/ DIA.
PEDRO ENTRA. FERNANDO APARECE.
FERNANDO — Decidiu voltar pra casa Pedro? Pensei que ia ficar
o dia todo no hospital.
PEDRO — Eu tive que vir pra buscar umas coisas, tomar um
banho, mas daqui a pouco eu estarei voltando pra
lá.
FERNANDO — Ótimo. Mais tarde dou uma passadinha lá pra ver
a Mariana.
PEDRO — Sabe me dizer se o Ricardo ainda está em casa?
FERNANDO — Não. Ele acabou de sair. Foi pro restaurante.
PEDRO — Bom, então eu já vou indo pro meu banho.
FERNANDO — E eu vou mudar os canteiros de lugar.
PEDRO SOBE PRO ANDAR DE CIMA E FERNANDO VAI PRA
VARANDA.
CENA 12/ AP VILLANUEVA/ AND. SUPERIOR/ INTERIOR/ DIA.
PEDRO ANDA PELOS CORREDORES, ESTÁ AGITADO. ELE TIRA
UMA ARMA DO BOLSO.
PEDRO — (pra si) Preciso esconder isso em algum lugar.
ELE CAMINHA, E PARA NUMA PORTA. PEDRO ABRE E ENTRA. É
UM QUARTO EMPOEIRADO, PEDRO TOSSE.
PEDRO — (pra si) Mas que diabos de quarto empoeirado é
esse meu Deus?!
O BEM OU O MAL? Capítulo 34
PEDRO OBSERVA O QUARTO, CONTINUA CAMINHANDO, ATÉ
QUE TROPEÇA NUM BAÚ GRANDE. PEDRO ABRE O BAÚ COM
CUIDADO E ENCONTRA VÁRIOS DOCUMENTOS DENTRO. ELE
APANHA UM POR UM E COMEÇA A LER EM SILÊNCIO. PEDRO
LÊ TODOS OS DOCUMENTOS PRA SI, ATÉ ACHAR UM DIÁRIO
DENTRO DO BAÚ. ELE APANHA O CADERNINHO, ABRE. NESSE
MOMENTO CAI UM ENVELOPE DE DENTRO DO DIÁRIO. PEDRO
PEGA O ENVELOPE QUE CAIU NO CHÃO E ABRE.
PEDRO — (lendo) “Eu deixarei 50% da minha fortuna pros
meus filhos, como direito de ambos após a minha
morte...”. Mas o que é isso?
PEDRO COLOCA A ARMA DENTRO DO BAÚ, COLOCA OS
OUTROS DOCUMENTOS POR CIMA E FECHA O BAÚ. ELE SE
LEVANTA E SAI DO QUARTO COM O ENVELOPE E O DIÁRIO NAS
MÃOS.
CENA 13/ AP VILLANUEVA/ SALA/ INTERIOR/ DIA.
PEDRO DESCE AS ESCADAS CHAMANDO POR FERNANDO.
FERNANDO VEM DA VARANDA E CORRE PRA SALA.
FERNANDO — Aconteceu alguma coisa Pedro? A resistência
queimou e você saiu correndo do banheiro?!
PEDRO — Não é isso. Eu achei isso aqui num baú velho na-
quele quartinho empoeirado.
PEDRO ENTREGA O DIÁRIO E O ENVELOPE PRA FERNANDO.
FERNANDO — O que é isso?
PEDRO — Veja você mesmo. Parece ser uma espécie de tes-
tamento ou algo assim.
FERNANDO COMEÇA A LER EM SILÊNCIO E FICA SURPRESO
COM O QUE VÊ. ELE ABRE O DIÁRIO E COMEÇA A LER. PEDRO
PERCEBE A EXPRESSÃO DE FERNANDO AO LER OS
DOCUMENTOS.
PEDRO — O que foi? Descobriu alguma coisa? (impaciente)
Fala Fernando.
O BEM OU O MAL? Capítulo 34
FERNANDO — (sem acreditar) O meu pai deixou pra mim uma
grande fortuna.
PEDRO — Fortuna?
FERNANDO — (deixa a mostra os papéis) Sim. Ele deixou 50%
da fortuna dele nesse testamento pra mim e as
meninas.
PEDRO — Pera aí... vai me dizer que isso aí é um testamen-
to?
FERNANDO — É, está escrito aqui! Eu e as meninas temos direi-
to a 50 % da fortuna dele. O meu pai fez o testa-
mento, dias antes de morrer.
PEDRO — Falando assim, parece até que ele previu a pró-
pria morte e por isso mandou fazer o tal testa-
mento.
FERNANDO — (apanha o telefone) Preciso consultar meu advo-
gado rapidamente. Ligue pras meninas, peçam
pra vir pra cá imediatamente.
PEDRO TRATA DE PEGAR SEU CELULAR.
CENA 14/ AEROPORTO/ SAÍDA/ INTERIOR/ DIA.
UMA MULHER ENTRA NUM TAXI, SEM MOSTRAR O ROSTO.
CENA 15/ TAXI/ INTERIOR/ DIA.
A MULHER PEGA O CELULAR E COMEÇA A DISCAR.
CENA 16/ AP MARIA CLARA/ INTERIOR/ DIA.
O CELULAR DE MARIA CLARA COMEÇA A TOCAR. ELA
ATENDE.
MARIA CLARA — (tel) Alô?! Já chegou aqui? Ótimo! Quer se
encontrar comigo? Aonde? (T) Ótimo, maravilha,
beijos! Estou indo pra aí agora! Tchau!
ELA DESLIGA.
O BEM OU O MAL? Capítulo 34
MARIA CLARA — Agora sim vou fazer aqueles bostinhas dos
Villanuevas comer o pão que o diabo amassou.
ELA PEGA SUA BOLSA QUE ESTAVA EM CIMA DO SOFÁ E SAI.
CENA 17/ RESTAURANTE/ INTERIOR/ DIA.
MARIA CLARA ENTRA. ELA PROCURA A MULHER COM QUEM
CONVERSOU NO TELEFONE. ELA A ENCONTRA, SENTADA
NUMA MESA, DE COSTAS. MARIA CLARA SE APROXIMA DA
MULHER, SE SENTANDO À MESA EM QUE A MESMA ESTÁ.
MARIA CLARA — Demorei?
CAM PASSEIA PELA MESA ATÉ CHEGAR AO ROSTO DA
MULHER, SÓ REVELANDO AGORA QUE É MAÍRA.
MAÍRA — Não demorou nada. Está feliz em me ver filhi-
nha?
MARIA CLARA — Quanto tempo hein, mamãe?!
AS DUAS SORRIEM MALEFICAMENTE UMA PRA OUTRA.
CENA 18/ AP VILLANUEVA/ INTERIOR/ DIA.
FERNANDO, PEDRO, LUÍSA E MARIA CAMILLA. E DIANTE
DELES, O ADVOGADO QUE FAZ A LEITURA DO TESTAMENTO.
TODOS ESTÃO ANSIOSOS.
ADVOGADO — Tudo o que diz aqui é que o senhor Ernesto Vil-
lanueva, deixou 50 % da fortuna e uma mansão
situada na Avenida Álvaro Otacílio pra vocês, po-
rém não diz com quem está com a outra parte da
herança.
FERNANDO — Se o meu pai deixou 50% da fortuna dele pra nós
quem está com os outros 50%?
CENA 19/ RESTAURANTE/ INTERIOR/ DIA.
MAÍRA E MARIA CLARA.
MARIA CLARA — Não acredito que a senhora tem posse dos
50% da fortuna daqueles bostinhas.
O BEM OU O MAL? Capítulo 34
MAÍRA — Exatamente!
MARIA CLARA — Então isso explica a sua volta pro Brasil.
MAÍRA — Pelo visto você adivinhou! Eu voltei pra terminar
o que comecei, e fazer o que você não foi capaz
de fazer.
MARIA CLARA — Mas eu bem que tentei...
MAÍRA — (corta) Mas não conseguiu, pois você é uma in-
competente. Eu te mandei pro Brasil, foi pra aca-
bar com esses Villanuevas, e fazer com que eu fi-
casse com a fortuna deles, não pra você ficar de
brincadeirinhas por aqui. Se eu quisesse uma pes-
soa idiota pra fazer o trabalho pra mim eu man-
dava um palhaço de circo acabar com aqueles fe-
delhos. Eu era amante do Ernesto. Matei aquela
mulherzinha dele, sequestrei ele, fiz ele colocar
meu nome no testamento e logo depois matei ele.
Eu fiz tudo isso em menos de três meses ao con-
trário de você que há dois anos eu te mandei pra
cá pra destruir os filhos do Ernesto, pra terminar
o meu trabalho por mim, mas nem isso você foi
capaz de fazer.
MARIA CLARA — Não venha me atacando com sete pedras na
mão. Que culpa eu tenho se eles não são tão bur-
ros o quanto parecem?
MAÍRA — Isso não me interessa. Você é minha filha, e mi-
nha sucessora. (T) Se tem dinheiro em jogo, tem
que ter também o seu interesse, o seu tesão em
acabar com eles. Minha filha, estamos quase per-
to de atingir nosso objetivo. E os filhos do Ernes-
to são os obstáculos que nos impede de colocar a
mão naquela dinheirama. E como diz o ditado: Se
tem obstáculos, temos que derrubá-lo. E é isso o
que faremos.
MAÍRA SE LEVANTA, PEGANDO SUA BOLSA.
O BEM OU O MAL? Capítulo 34
MARIA CLARA — Aonde a senhora vai mãe?
MAÍRA — Você quer dizer: Aonde nós vamos...
MARIA CLARA — (se corrige) Aonde nós vamos?
MAÍRA — Vamos até o apartamento daqueles bostinhas.
Vamos terminar o que começamos.
MAÍRA SAI ANDANDO PRA FORA DO RESTAURANTE. MARIA
CLARA VAI ATRÁS.
CENA 20/ AP VILLANUEVA/ SALA/ INTERIOR/ DIA.
MESMOS PERSONAGENS DA CENA 18 ESTÃO PRESENTES.
FERNANDO DISCUTE COM O ADVOGADO.
FERNANDO — Vamos lá senhor advogado! O senhor por um
acaso tem alguma ideia de quem seja o possuidor
da outra metade da fortuna?
ADVOGADO — Não tenho a mínima ideia senhor Fernando. Ali-
ás, descobri essa história de testamento agora. Pra
descobrir quem está com a outra metade da fortu-
na eu teria que investigar, e muito.
FERNANDO — Pois então faça isso! Te dou o maior tempo do
mundo.
NESSE MOMENTO A CAMPAINHA TOCA.
LUÍSA — Deixa que eu atendo.
LUÍSA CORRE E VAI ATENDER. É MARIA CLARA E MAÍRA. ELAS
JÁ SAEM ENTRANDO SEM PERMISSÃO.
MARIA CLARA — Olá Fernando! Não quero interromper a sua
reunião familiar, mas eu vim aqui te dizer uma
coisa e o que eu tenho pra falar é muito importan-
te.
FERNANDO — (para Luísa) O que essa mulherzinha está fazendo
aqui? Por que você a deixou entrar?
LUÍSA — Não tenho culpa, elas foram entrando.
MARIA CLARA — Vou ser curta e grossa. Tenho uma revelação
pra te fazer.
O BEM OU O MAL? Capítulo 34
FERNANDO — Então fala logo o que é!
MARIA CLARA — Eu trouxe isso.
ELA MOSTRA O TESTAMENTO PRA FERNANDO, QUE O APANHA
DA MÃO DELA E COMEÇA A LER.
MARIA CLARA — (continua) Isso ai é um testamento na qual diz
que eu infelizmente, sou obrigada a dividir uma
fortuna com você, além do mais, sou dona tam-
bém desse seu apartamento e de uma tal mansão
na Álvaro Otacílio.
FERNANDO — Mas isso é um absurdo! Como pode ser?
MAÍRA — Isso é simples meu rapaz. A Maria Clara é sua
irmã.
FERNANDO — E a senhora quem é? Advogada da sem vergo-
nha?
MAÍRA — Não. Sou mãe dela!
TODOS FICAM CHOCADOS.
FERNANDO — Mãe da... Mãe da Maria Clara? A Maria Clara
tem mãe? Desde quando?
LUÍSA — (sussurra pra si) Gente que bafão hein?
FERNANDO — E que história é essa de que essa cachorra é mi-
nha irmã? É uma pegadinha né? Se for assim eu
quero meu prêmio.
MAÍRA — Não, não é uma pegadinha querido. Aliás, você
não está me reconhecendo? Sou ex-amante do seu
pai Ernesto.
FERNANDO — Então é você sua desgraçada?
MAÍRA — (debochada) Aposto que já se lembrou de mim.
MARIA CAMILLA — É ela sim Fernando, eu lembro.
FERNANDO — Sua vagabundazinha de quinta...
MAÍRA — (interrompe) Espere! Antes de perder seu tempo
me xingando, saiba que como amante de seu pai,
O BEM OU O MAL? Capítulo 34
eu engravidei dele e tive a Maria Clara. E não te-
nho culpa se o seu paizinho acertou o alvo.
FERNANDO — Olha aqui sua cachorrona: Não venha com deta-
lhes, isso aqui é um lar de família, e não uma casa
de sacanagens.
MARIA CLARA — Um lar de família que agora também é meu
lar.
FERNANDO — E você cala a boca, cachorra filha, a conversa não
chegou no canil.
MARIA CAMILLA — Vocês vão ficar discutindo ou vão tomar al-
guma atitude? Por que até agora só tenho ouvido
acusações, xingamentos e tudo mais.
FERNANDO — (se impõe) Tudo bem! Vou tomar uma atitude
sim. (se aproxima de Maria Clara e ambos ficam
cara a cara) Se eu sou mesmo o seu irmão, nós
iremos fazer um teste de DNA pra comprovar se
isso é verdade mesmo.
MARIA CLARA VAI RESPONDER, MAS ANTES QUE FAÇA ISSO,
MAÍRA TOMA A POSIÇÃO.
MAÍRA — (mantendo a pose) Tudo bem! O que tiver que
ser, será! (para Maria Clara) Vamos embora filhi-
nha.
MAÍRA DÁ DE OMBROS PROS VILLANUEVAS E CLARA FAZ O
MESMO. ELAS VÃO EMBORA. FERNANDO AS SEGUE E FECHA A
PORTA.
ADVOGADO — Bom, já que agora vocês sabem quem é o dono
da metade da herança eu vou indo.
O ADVOGADO VAI SAINDO, PORÉM, FERNANDO O CHAMA.
FERNANDO — Mas me diz uma coisa. O senhor leu o testamento
que estava nas mãos dela?
ADVOGADO — Li, e não é um testamento falso, se é isso o que
quer saber.
O BEM OU O MAL? Capítulo 34
FERNANDO — Ótimo. Assim as coisas ficam ainda mais fáceis
de resolver. Eu acompanho o senhor até a porta.
FERNANDO ACOMPANHA O ADVOGADO ATÉ A SAÍDA. O
ADVOGADO VAI EMBORA.
PEDRO — (olha no relógio) Bom, agora vou buscar a Mari-
ana no hospital, há essa hora ela já deve ter rece-
bido alta. Até a volta.
TODOS FALAM: “ATÉ” E PEDRO SAI. FERNANDO FICA
PENSATIVO. CAMILLA E LUÍSA VAI FALAR COM ELE.
MARIA CAMILLA — O que vai acontecer agora Fernando?
FERNANDO — Agora o que nos resta é essa droga desse exame.
Se for mesmo verdade o que a Maria Clara e a
vagabunda da mãe dela estão dizendo, acho que
será o começo da nossa ruína.
FERNANDO FICA PENSATIVO.
CENA 21/ FLAT GABRIELE/ INTERIOR/ DIA.
GABRIELE ESTÁ JOGADA NO SOFÁ, FOLHEANDO UMA REVISTA.
AGENOR ENTRA DE REPENTE COM UM LARGO SORRISO NO
ROSTO.
AGENOR — Cheguei.
GABRIELE — (dando um Celinho em Agenor) Ah, e ai meu
amor, conseguiu?
AGENOR — Consegui sim meu chuchu. Finalmente iremos
nos casar.
GABRIELE — Graças a Deus, não aguentava mais ficar na seca
do nordeste. (T) Marcou pra quando?
AGENOR — Pra daqui a duas semanas.
GABRIELE — Mas já? Assim tão rápido?
AGENOR — Claro né meu bem! Você mesma disse que queria
se casar o mais rápido possível.
GABRIELE — Mas também não precisava ser tão rápido. Duas
semanas passam voando, não vou ter tempo nem
O BEM OU O MAL? Capítulo 34
pra me coçar. Temos que ver o vestido, o bolo, os
docinhos, a festa/
AGENOR — E quem disse que iremos nos casar na igreja?
Vamos nos casar no civil e não no religioso.
GABRIELE — (fala de um modo afetado) Mas isso é um absur-
do. Sempre sonhei em me casar de véu e grinalda.
AGENOR — Pois guarde seus sonhos pra depois. A vida não é
feita de sonhos. A realidade é dura, duríssima.
GABRIELE — Quero saber uma coisa: Você vai chamar os seus
filhinhos insuportáveis? A nojenta da Verônica e
aquela outra criatura abominável amassadora de
quibes?
AGENOR — Mas é claro que sim! São meus filhos. E não ad-
mito que você fale assim deles.
GABRIELE — Eu só falo a verdade, mesmo que pra você ela se-
ja mais cruel do que pareça. (t) Mas vem cá meu
amor, você por um acaso não vai convidar a Ma-
rília?
AGENOR FICA SEM JEITO.
AGENOR — A Marília? Mas por que ela?
GABRIELE — Por que ela é sua filha. (t) Esse silêncio entre vo-
cês dois já deu o que tinha que dar. E além do
mais, eu gosto da Marília. Ela era a única pessoa
que sempre me tratou bem naquela casa. Você
precisa falar com ela meu amor, precisa se recon-
ciliar com sua filha. Eu vou tomar um banho. (se
levanta) Pensa no que eu te falei.
GABRIELE VAI PRO BANHEIRO. AGENOR FICA PENSATIVO.
CENA 22/ AP ALBERTO/SALA/INTERIOR/DIA.
ALBERTO CONVERSA COM MARISA.
MARISA — Então quer dizer que a Letícia morreu?
O BEM OU O MAL? Capítulo 34
ALBERTO — (ironizando) Vai me dizer que a senhora não sa-
bia?! Faça-me o favor né mamãe.
MARISA — Mas eu realmente não estava sabendo de nada
meu filho. Estou falando a verdade pra você. Eu
saí ontem à noite e voltei tarde. Quando cheguei
estavam todos dormindo.
ALBERTO — Então quer dizer que a senhora saiu... Pra onde?
Vamos, me diz! Pra onde a senhora foi ontem de
noite.
MARISA — Como pra onde? Fui sair pra arejar a cabeça, re-
laxar a mente. Depois das revelações que aquela
desgraçada fez ontem você queria que eu voltasse
como pra casa? Com as travas abertas?
ALBERTO SE SENTA NO SOFÁ, TENSO. ELE TENTA SE
ACALMAR.
ALBERTO — Mãe, eu sei que a senhora confia em mim/
MARISA — (corta) Mas é claro que eu confio. Você é meu fi-
lho querido/
ALBERTO — (corta) Então é só me dizer a verdade.
MARISA — Que verdade Alberto? Que verdade?
ALBERTO FICA EM SILÊNCIO POR UNS SEGUNDOS ATÉ QUE
FALA:
ALBERTO — Você tem alguma coisa a ver com a morte da Le-
tícia, não tem?
MARISA — (reage) Mas é claro que não meu filho, já te disse
isso mais de mil vezes: Não fui eu que matei a
Letícia. (t) Eu saí, fui pra um bar, beber... Estava
muito estressada com tudo o que aconteceu.
ALBERTO — Tudo bem. Só espero que isso seja mesmo verda-
de.
MARISA — É a mais pura verdade meu filho!
ALBERTO — Tá bem então. Sendo assim eu vou subir.
A CAMPAINHA TOCA.
O BEM OU O MAL? Capítulo 34
ALBERTO — A senhora está esperando alguém?
MARISA — Não.
ALBERTO VAI ATENDER. É AGENOR.
ALBERTO — Você aqui? O que quer?
AGENOR — A minha filha está?
ALBERTO — Ela está lá em cima.
AGENOR — (suave) Eu poderia falar com ela um minuti-
nho?...
CENA 23/ AP ALBERTO/ QTO ALBERTO E MARÍLIA/ INT/ DIA.
MARÍLIA ESTÁ ASSISTINDO A TEVÊ, SEMPRE A ACARICIAR SEU
BARRIGÃO DE OITO MESES. ALBERTO ABRE A PORTA E ENTRA,
SEGUIDO DE AGENOR.
ALBERTO — Ele quer falar com você meu amor.
MARÍLIA — (sem acreditar) Pai?
ALBERTO — Vou deixar vocês às sós. Com licença.
ELE SAI. AGENOR E MARÍLIA FICAM SOZINHOS NO QUARTO.
MARÍLIA — O que você está fazendo aqui pai?
AGENOR — Eu precisava vir aqui falar com você minha filha.
MARÍLIA — Já falamos tudo o que tínhamos pra falar um pro
outro.
AGENOR — Eu vim em missão de paz filha. Não quero brigar
com você. (t) Eu sei que estávamos afastados por
meses e meses. Sei que foi erro meu ter te expul-
sado de casa. Eu sofri muito com a sua ausência
minha filha. Além disso, eu te disse e te chamei
de coisas horríveis e eu me arrependi muito disso.
Eu pensei em ter essa conversa com você outras
vezes, mas sempre desistia na hora H. Por isso eu
estou aqui minha filha, pra te pedir perdão. (se
ajoelha diante de Marília) Me perdoa minha filha.
Por tudo. Por ter te abandonado quando você
O BEM OU O MAL? Capítulo 34
mais precisou de mim, por ter te dito coisas hor-
ríveis, me perdoa, por favor.
AGENOR DEITA A CABEÇA NO COLO DE MARÍLIA E COMEÇA A
CHORAR. MARÍLIA PÕE A MÃO NA CABEÇA DELE.
MARÍLIA — (se emociona) Você realmente me magoou muito
pai. Mas eu também errei. Você e a minha mãe
sempre me alertaram, me ensinaram sobre o certo
e o errado, sobre o caminho em que eu realmente
deveria andar. E eu errei por que nunca os obede-
ci e eu também me arrependi muito. De qualquer
forma nós dois erramos, e isso é normal, todo
mundo erra. Mas diante das suas palavras mais
que verdadeiras, eu te perdoo sim meu pai.
AGENOR LEVANTA A CABEÇA, EMOCIONADO, SE ERGUE E
FICA DE PÉ.
AGENOR — Posso te dar um abraço minha filha?
MARÍLIA SE LEVANTA DE REPENTE E DÁ UM ABRAÇO
APERTADO NO PAI. AMBOS EMOCIONADOS.
AGENOR — Eu te amo minha filha.
MARÍLIA — Eu também te amo pai.
ELES SE SOLTAM. AGENOR TOCA NO BARRIGÃO DE MARÍLIA.
AGENOR — Estou muito feliz, pois agora posso acompanhar o
momento mais importante da sua vida, que é o fi-
nal de sua gravidez e o nascimento de meu neto.
AGENOR ACARICIA A BARRIGA DA FILHA E LOGO DEPOIS
AMBOS NOVAMENTE SE ABRAÇAM. CLOSE NELES.
CENA 24/ FLAT MANUELA/ SALA/ INTERIOR/ DIA.
VERÔNICA E ROBERTO ESTÃO NA SALA. MANUELA ARRUMA A
MESA DE JANTAR PRO ALMOÇO.
VERÔNICA — Vai demorar muito mãe? Estou morrendo de fo-
me.
MANUELA — Calma minha filha. Já vou botar o almoço.
O BEM OU O MAL? Capítulo 34
VERÔNICA — A senhora demora muito de fazer o almoço.
MANUELA — Tem que ter paciência né Verônica. Meu almoço
não é nenhum fast-food. (t) E o Roberto? Conse-
guiu se lembrar de alguma coisa?
VERÔNICA — Nada ainda. Que ódio. No dia em que eu desco-
brir quem fez ele perder a memória, eu juro pra
senhora que eu mato.
VERÔNICA VOLTA SUA ATENÇÃO PARA ROBERTO.
ROBERTO — Quem sou eu? Onde estou?
VERÔNICA — Olha pra mim. Seu nome é Roberto Bastos. Você
está na sua casa. Eu sou a sua irmã. (apontando p/
Manuela) E aquela ali é sua mãe.
ROBERTO — Vocês são minha família? Não consigo me lem-
brar.
VERÔNICA — Somos sim a sua família, pode ficar tranquilo. (p/
Manuela) Que droga, ele não se lembra de nada.
MANUELA — É só dar tempo ao tempo minha filha. O médico
falou que a memória dele vai voltando aos pou-
cos, com o tempo.
VERÔNICA — (sem paciência) Esse negócio de tempo é uma
verdadeira palhaçada.
MANUELA VOLTA PRA COZINHA COM UMA PANELA NA MÃO E
COMEÇA A SERVIR O ALMOÇO. O CELULAR DE VERÔNICA
TOCA. ELA ATENDE.
VERÔNICA — (tel) Fala Clarinha, o que você manda? (t) Como
é que é? Estou indo pra aí agora. Tchau! (ela des-
liga)
MANUELA — Quem era?
VERÔNICA — A Maria Clara. Ela tem algo urgentíssimo pra fa-
lar comigo. Estou saindo.
VERÔNICA PEGA SUA BOLSA.
MANUELA — Não vai comer? Até agora pouco estava recla-
mando da demora da comida.
O BEM OU O MAL? Capítulo 34
VERÔNICA — Essa ligação da Clarinha me deixou ansiosa. E
quando a ansiedade vem, não tem fome que a se-
gure. Beijo, já-já estarei de volta.
VERÔNICA SAI.
MANUELA — (p/ si) Eu realmente não entendo essa menina. (p/
Roberto) Vem filho, vem comer.
ROBERTO LEVANTA, SEGUIDO DE MANUELA, AMBOS SE
SENTAM NA MESA E COMEÇAM A COMER.
CENA 25/AP MARIA CLARA/SALA/INTERIOR/TARDE.
MARIA CLARA E VERÔNICA. CONVERSA JÁ INICIADA.
VERÔNICA — O Fernando? Seu irmão? Era só o que faltava
Maria Clara.
MARIA CLARA — E você acha mesmo que isso é verdade?
VERÔNICA — E não é verdade?
MARIA CLARA — Claro que não. Isso é mais um plano armado
pra eu e a minha mãe deixarmos aqueles merdi-
nhas na miséria.
VERÔNICA — Nossa você acha que isso dará certo?
MARIA CLARA — Claro que sim. O Fernando pediu o exame de
DNA. Mas eu já tenho tudo sob controle, vou dar
um jeito pra que o resultado do exame dê positivo
e com isso vou conseguir arrancar todos os bens
que o Fernando e os irmãozinhos deles possuem.
CENA 26/AP VILLANUEVA/SALA/INTERIOR/DIA.
FERNANDO, LUÍSA E MARIA CAMILLA.
LUÍSA — Não acredito que vamos ter que abandonar nosso
apartamento.
FERNANDO — Agora temos uma mansão enorme pra morar. Se-
rá muito melhor pra nós que somos uma família
grande.
MARIA CAMILLA — Confesso que irei sentir saudades daqui.
O BEM OU O MAL? Capítulo 34
FERNANDO — Todos nós sentiremos saudades.
LUÍSA — E quando iremos nos mudar?
FERNANDO — Depois que eu fizer essa porcaria de exame. As-
sim que sair o resultado, nos mudamos pra lá.
NESSE MOMENTO MARIANA ENTRA COM PEDRO.
MARIANA — Olá gente.
LUÍSA — (abraça Mariana) Ô Mariana, eu fiquei muito tris-
te com tudo o que aconteceu.
MARIANA — Eu também. Não consegui superar até agora. Mas
em compensação àquela desgraçada da Letícia
pagou pelo que fez.
MARIA CAMILLA — Já sabem quem matou a criatura?
LUÍSA — Nada. Nos jornais, estão dizendo que a polícia
ainda está investigando.
FERNANDO — Mas e você Mariana? Está se sentindo melhor?
MARIANA — Estou sim meu amor. Só de estar aqui perto de
vocês me sinto bem melhor. E mudando de as-
sunto eu soube de tudo o que está rolando por
aqui. Soube também que você e a Maria Clara
vão fazer um exame não é isso?
FERNANDO — Iremos sim. Marquei o exame pra depois de ama-
nhã.
MARIANA — Já sabe o que vai fazer se o resultado der positi-
vo?
FERNANDO — Infelizmente vamos ter que dividir o mesmo teto
com aquela coisa vil.
CENA 27/ PONTA VERDE/ PLANOS GERAIS/EXT/ NOITE/ DIA.
PLANOS GERAIS DO BAIRRO ANOITECENDO E AMANHECENDO.
O BEM OU O MAL? Capítulo 34
CENA 28/ LABORATÓRIO/INTERIOR/DIA.
IMAGEM 1: FERNANDO E MARIA CLARA SENTADOS, JUNTOS, SE
ENTREOLHAM COM DESPREZO. ELES SÃO CHAMADOS. AMBOS
SE LEVANTAM E VÃO PRA SALA DE EXAMES. IMAGEM 2:
FERNANDO E CLARA FAZEM O EXAME.
CENA 29/ AP MARIA CLARA/ INTERIOR/ DIA.
MARIA CLARA E MAÍRA CONVERSAM.
MARIA CLARA — Pronto. Já fizemos os exames. E agora, fare-
mos o quê?
MAÍRA — Agora é só esperar. Eu armei tudo. Eu tenho vá-
rios amigos, aliados meus. E um deles trabalha no
laboratório na qual você e o Fernando fizeram os
exames.
MARIA CLARA — Você tá me dizendo que...
MAÍRA — Sim. Ele vai alterar alguma coisa lá no resultado,
no exame ou sei lá o quê, não sei como funcio-
nam essas coisas. E daí o resultado dará positivo.
MARIA CLARA — (contente) Ai mamãe. Te amo muito.
ELAS SE ABRAÇAM FELIZES.
MARIA CLARA — Agora sim, vou fazer o Fernando e a família
de toupeiras deles ficarem com uma mão na fren-
te, e outra atrás.
CENA 30/ PASSAGEM DE TEMPO/
HÁ UMA PASSAGEM DE TEMPO DE DUAS SEMANAS.
CENA 31/ MANSÃO VILLANUEVA/ LOCALIZAÇÃO/ EXT/ DIA.
LOCALIZAÇÃO DA MANSÃO EM QUE OS VILLANUEVAS E
MARIA CLARA MORARÃO JUNTOS.
O BEM OU O MAL? Capítulo 34
CENA 32/ MANSÃO VILLANUEVA/ SALA/ INT/ DIA.
ADVOGADO A POSTOS COM OS DOCUMENTOS EM MÃOS. OS
VILLANUEVAS ESTÃO SENTADOS NO SOFÁ. MARIA CLARA E
MAÍRA SENTADAS EM OUTRO SOFÁ.
ADVOGADO — (lendo) De acordo com o testamento, as senhoras
Maria Clara e Maíra Rodrigues têm os mesmos
direitos que o senhor Fernando Villanueva e suas
irmãs têm de morarem nessa mansão/
FERNANDO — (interrompe) Sim, mas elas teriam direito de mo-
rar se realmente a paternidade da Maria Clara
fosse comprovada.
MARIA CLARA — Cala essa boca Fernando. Não tá vendo que no
testamento diz que eu tenho os mesmos direitos
que você? Aceite isso e estará tudo bem.
FERNANDO — Não está nada bem, Maria Clara. O meu pai fez
essa droga de testamento justamente por que ele
deve ter pensado que você realmente era a filha
dele com a vagabunda mor.
MAÍRA — (reage) Olha como você fala comigo seu...
AMBOS SE LEVANTAM E COMEÇAM A DISCUTIR UM COM O
OUTRO.
ADVOGADO — (aparta) Por favor, gente. Mantenham a calma. Eu
ainda não terminei de falar.
TODOS SE SENTAM.
MAÍRA — Me perdoe excelência. Pode continuar, por favor.
ADVOGADO — (continua) Como eu dizia, o testamento diz que a
Maria Clara e o Fernando têm o mesmo direito de
morar nessa casa. Diz também que ambos terão
que dividir a fortuna deixada para ambos pelo fa-
lecido Ernesto Villanueva. Porém, a Maria Clara
como filha bastarda do falecido foi obrigada a fa-
zer o tal exame de DNA, somente pra comprovar
e fazer a confirmação de sua paternidade. Se o re-
sultado do exame der positivo, realmente a fortu-
O BEM OU O MAL? Capítulo 34
na também lhe pertencerá. (mostra os documen-
tos) Estou aqui com os testamentos e o resultado
do exame.
MARIANA — Deixa de lenga-lenga senhor. Fala logo o que deu
nesse exame e acaba logo com isso.
O ADVOGADO ABRE O ENVELOPE COM O RESULTADO DO
EXAME DENTRO.
ADVOGADO — Vou ser direto. O resultado deu positivo, a Maria
Clara é irmã dos Villanuevas e tem sim o direito
de morar nessa casa e tem direito a sua parte na
fortuna estabelecida pra ela.
MARIA CLARA E MAÍRA PULAM DE FELICIDADE. OS
VILLANUEVAS FICAM SURPREENDIDOS E DESAPONTADOS.
CLOSE EM MAÍRA E CLARA PULANDO FELIZES.
CENA 33/ PONTA VERDE/ PLANOS GERAIS/ EXTERIOR/ NOITE.
ANOITECE.
CENA 34/ AP HERBERT/ SALA/ INTERIOR/ NOITE.
HERBERT ESTÁ RECORTANDO LETRAS DE REVISTAS E JORNAIS
E COLANDO NUMA FOLHA DE PAPEL. ELE PARA DE COLAR E
FICA SORRIDENTE.
HERBERT — (p/si) Esse será o início do seu inferno.
ELE SORRI OLHANDO PRA CARTA ANÔNIMA QUE ACABA DE
FAZER, PORÉM NÃO SE SABE PRA QUEM SERÁ O
DESTINATÁRIO.
CENA 35/ AP ALBERTO/ SALA/ INTERIOR/ NOITE.
MARÍLIA ESTÁ ASSISTINDO UM FILME. MARISA SE APROXIMA
DELA E SENTA AO SEU LADO.
MARÍLIA — Dona Marisa. Achei que a senhora já estivesse
dormindo.
O BEM OU O MAL? Capítulo 34
MARISA — Nada disso querida. Decidi passar essa noite em
claro. Não estou conseguindo dormir.
MARÍLIA — Nem eu. Também, com um barrigão pesado des-
ses, quem iria conseguir dormir?
MARÍLIA E MARISA RIEM JUNTAS.
MARISA — Sabe, eu sempre pensei mal de você. Nunca fui a
favor do seu relacionamento com o meu filho por
que você era pobre. Fui uma das responsáveis por
você ter sido expulsa de sua antiga casa. Trouxe a
Letícia pra vir morar aqui, pra atrapalhar o seu
romance com o Alberto. E eu me arrependi muito
disso... Eu ainda me arrependo... E por isso eu
vim te pedir perdão por tudo o que eu lhe fiz, Ma-
rília. Eu fiz tudo isso por amor ao meu filho. Mas
eu acabei errando, e muito. Me perdoa.
MARÍLIA — Claro que perdoo. Não sou de guardar mágoas,
aliás, estou esperando um filho. Preciso dar um
bom exemplo pra ele. E eu aprendi a gostar da
senhora.
MARISA — E eu aprendi a gostar de você! Me dá um abraço?
MARISA E MARÍLIA SE LEVANTAM E SE ABRAÇAM. CLOSE
NELAS.
CENA 36/PONTA VERDE/ PLANOS GERAIS/ EXT/ DIA, NOITE.
PLANOS GERAIS DO BAIRRO EM TODAS AS HORAS DO DIA.
LETREIRO: “UMA SEMANA DEPOIS”.
CENA 37/ FÓRUM/ EXT/ DIA.
CORTA PARA:
CENA 38/ FÓRUM/ INTERIOR/ DIA.
É O CASAMENTO CIVIL DE AGENOR E GABRIELE. MARÍLIA,
ALBERTO, VERÔNICA E ROBERTO ASSISTEM A CERIMÔNIA.
O BEM OU O MAL? Capítulo 34
JUIZ — Agora as testemunhas, por favor.
AS TESTEMUNHAS ASSINAM O DOCUMENTO. MARÍLIA
MOSTRA-SE NERVOSA. ALBERTO PERCEBE.
ALBERTO — Está sentindo alguma coisa meu amor?
MARÍLIA — (finge) não está havendo nada querido.
CORTA PARA O JUIZ.
JUIZ — Agora os noivos.
AGENOR E GABRIELE ASSINAM OS PAPÉIS. LOGO DEPOIS
AGENOR TIRA UMA CAIXINHA DO BOLSO NA QUAL CONTÉM
AS ALIANÇAS E ABRE. ELE TIRA UMA ALIANÇA E COLOCA NO
DEDO DE GABRIELE.
AGENOR — Eu prometo te amar e te respeitar pra todo o sem-
pre, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença
até que a morte nos separe.
VERÔNICA — (sussurra p/ Agenor) Papai, por favor, não faça
promessas que você não poderá cumprir.
AGENOR — (sussurra p/ Verônica) Cala essa boca.
GABRIELE PEGA UMA ALIANÇA E COLOCA NO DEDO DE
AGENOR.
GABRIELE — Eu prometo te amar e te respeitar pra todo o sem-
pre, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença
até que a morte/
GABRIELE É INTERROMPIDA COM MARÍLIA QUE GRITA DE
DOR. AGENOR VAI ACUDI-LA.
VERÔNICA — (p/si) Graças a Deus. Uma que também não é a
favor desse casamento.
AGENOR — Tá sentindo alguma coisa filha?
MARÍLIA — (sentindo as dores) Acho que chegou a hora.
ALBERTO — Por favor, apressem essa cerimônia.
GABRIELE — (vai repetir o verso) Eu prometo te amar e te res-
peitar pra todo o sempre, na alegria e na tristeza,
na saúde/
O BEM OU O MAL? Capítulo 34
VERÔNICA — (corta) Até que a morte os separem. Já entende-
mos. Agora se beijem e acabem logo com essa
palhaçada.
AGENOR E GABRIELE SE BEIJAM RAPIDAMENTE E MARÍLIA
CONTINUA GRITANDO DE DOR.
JUIZ — E assim eu os considero casados.
ASSIM QUE O JUIZ TERMINA DE FALAR TODOS SAEM
CORRENDO EM DIREÇÃO A SAÍDA DO FÓRUM.
CENA 39/ FÓRUM/ FRENTE/ EXT/ DIA.
OS MESMOS DA CENA ANTERIOR. MARÍLIA GRITA DE DOR.
ALBERTO A CARREGA NO COLO E CORREM EM DIREÇÃO AO
CARRO. ALBERTO COLOCA MARÍLIA DENTRO DO CARRO.
AGENOR — Já sabem pra qual hospital vocês vão?
ALBERTO — Já sabemos. Vamos.
ALBERTO, AGENOR E GABRIELE ENTRAM NO CARRO E
PARTEM. VERÔNICA E ROBERTO PEGAM UM TAXI.
CENA 40/ HOSPITAL/ CENTRO CIRÚRGICO/ INT/ DIA.
OS MÉDICOS FAZEM A CESARIANA EM MARÍLIA. ALBERTO
ESTÁ JUNTO A ELA SEGURANDO SUA MÃO E ACARICIANDO
SUA CABEÇA.
CENA 41/ HOSPITAL/ SALA DE ESPERA/ INT/ DIA.
AGENOR, GABRIELE, VERÔNICA E ROBERTO ESTÃO SENTADOS
NA SALA DE ESPERA, TENSOS. DE REPENTE MARISA CHEGA.
MARISA — Vim correndo assim que soube. O bebê já nas-
ceu?
AGENOR — Não, ainda não nasceu. A Marília optou por fazer
à cesariana. Eles ainda estão lá dentro.
O BEM OU O MAL? Capítulo 34
CENA 42/ HOSPITAL/ CENTRO CIRÚRGICO/ INT/ DIA.
CONT. DA CENA 40. OS MÉDICOS AINDA FAZEM A CESARIANA.
DE REPENTE O BEBÊ NASCE. É UM MENINO, ELE CHORA
BASTANTE.
ALBERTO — (emocionado) Nasceu meu amor. É um menino.
ELE E MARÍLIA SE ABRAÇAM EMOCIONADOS.
CENA 43/ HOSPITAL/ SALA DE ESPERA / INT/ DIA.
OS MESMOS DA CENA 41. ALBERTO VEM DA SALA DE
CIRURGIA COM O ROSTO VERMELHO DE TANTO CHORAR.
ALBERTO — (emocionado) O bebê nasceu. É lindo, saudável e
é um menino.
MARISA VAI ABRAÇÁ-LO.
MARISA — Parabéns meu filho. Parabéns.
ELES SE ABRAÇAM.
CENA 44/ HOSPITAL/ QUARTO MARÍLIA/ INT/ DIA.
MARÍLIA ESTÁ NA CAMA. AGENOR, MARÍLIA, ALBERTO E
MARISA EM VOLTA DELA. DE REPENTE A ENFERMEIRA CHEGA
COM O BEBÊ E O ENTREGA PARA MARÍLIA. TODOS OLHAM
COM ALEGRIA, BRINCANDO COM O BEBÊ E FAZENDO SILÊNCIO
AO MESMO TEMPO.
CENA 45/ PONTA VERDE/ PLANOS GERAIS/ EXT/ NOITE.
TAKES ANOITECENDO.
CENA 46/ MANSÃO VILLANUEVA/ LOCALIZAÇÃO/ EXT/ NOITE.
LOCALIZAÇÃO DA CASA À NOITE.
CENA 47/MANSÃO VILLANUEVA/SALA DE JANTAR/INT/NOITE.
MARIA CLARA E MAÍRA ESTÃO NA MESA DE JANTAR JUNTO
COM OS VILLANUEVAS. FERNANDO VEM DA COZINHA E
O BEM OU O MAL? Capítulo 34
COMEÇA A SERVI-LOS. MAÍRA SOLTA UM OLHAR ATRAENTE
PRA PEDRO E ELE TENTA SE SAFAR:
PEDRO — A comida tá com um cheirinho bom, não?
FERNANDO — Pois é, o chefe de cozinha hoje sou eu.
MARIA CLARA — Nossa então essa comida deve estar horrível.
FERNANDO — Mas é claro que está! Por isso eu fiz uma comidi-
nha diferente pra você e a sua mãezinha.
FERNANDO VAI ATÉ A COZINHA E VOLTA COM UM PRATO COM
RAÇÃO DE CACHORRO DENTRO.
FERNANDO — Um prato de ração pra cachorra mãe, e um prato
de ração molhada pra cachorra filha, por que fi-
lhotes comem rações molhadas por causa dos
dentinhos frágeis. (t) Eu ia servir comidas nor-
mais pra vocês, mas eu já havia me esquecido que
cadelas comem rações e não comida de gente.
OS VILLANUEVAS CAEM NA GARGALHADA. M.C E MAÍRA
FICAM OFENDIDAS.
FERNANDO — Não vão comer a comida? Olha que é comida da
boa, essa ração aí é Pedigree.
MARIA CLARA — (bate a mão na mesa) Isso não vai ficar assim
Fernando. Vai ter volta.
ELA SOBE IRADA, MAÍRA VAI ATRÁS DELA. OS VILLANUEVAS
CONTINUAM A RIR.
CENA 48/ MANSÃO VILLANUEVA/ QTO M.CLARA/ INT/ NOITE.
MARIA CLARA ENTRA FURIOSA NO QUARTO. MAÍRA ENTRA EM
SEGUIDA, FECHANDO A PORTA.
MAÍRA — Fique calma minha filha.
MARIA CLARA — Como você quer que eu fique calma mamãe? O
Fernando parece que nasceu pra infernizar a mi-
nha vida. Não vou aguentar morar junto com ele
nessa casa. Precisamos agir logo com o segundo
plano. E rápido.
O BEM OU O MAL? Capítulo 34
CAM DÁ UM CLOSE EM MARIA CLARA.
CENA 49/ MANSÃO VILLANUEVA/SALA/ INT/ NOITE.
TODOS ACABAM DE JANTAR.
RICARDO HENRIQUE — A comida estava ótima Fernando.
LUCAS — Estava mesmo... Nunca comi algo tão delicioso.
FERNANDO — Eu sou um ótimo cozinheiro, modéstia parte.
MARIA CAMILLA — E um ótimo piadista. Por que só faltava eu
rolar no chão de tanto rir por causa daquilo que
você disse pra Maria Clara.
TODOS VOLTAM A RIR.
PEDRO — Estava tudo muito bom Fernando, mas agora eu
tenho que ir dormir. Tenho o restaurante pra abrir
amanhã e estou muito cansado. (p/ Mariana) Vo-
cê vem agora meu amor?
MARIANA — Não Pedro. Preciso conversar a sós com o Fer-
nando.
PEDRO — Tudo bem então. Estou te esperando lá em cima.
PEDRO E OS OUTROS SOBEM. MARIANA FICA A SÓS COM
FERNANDO.
FERNANDO — Vamos lá Mariana, o que você tem pra conversar
comigo?
MARIANA — (séria) Eu preciso te falar algo muito sério.
FERNANDO — Você está me assustando. O que é?
MARIANA — Desde o dia em que eu vi aquela mulher... Essa
tal de Maíra a mãe da Maria Clara, eu tenho fica-
do desconfiada de uma coisa.
FERNANDO — Desconfiada de quê?
MARIANA — De que eu já tinha visto ela em algum lugar. Até
que eu consegui me lembrar.
FERNANDO — E aonde você reconhece a Maíra?
O BEM OU O MAL? Capítulo 34
MARIANA — Você se lembra do dia que eu te falei que a nossa
mãe foi assassinada, e que ela não tinha morrido
de ataque do coração coisa nenhuma, e que eu ti-
nha presenciado a morte dela?
FERNANDO — Lembro sim. Você disse que não estava lembrada
da mulher que havia matado a nossa mãe.
MARIANA — Aí é que está Fernando. Eu achei essa mulher. E
essa mulher é a Maíra, Fernando. É ela!
FERNANDO — (arregala os olhos) A Maíra?
MARIANA — Ela mesma. Foi ela quem matou a nossa mãe.
FERNANDO FICA EM ESTADO DE CHOQUE. CLOSES
ALTERNADOS EM MARIANA E FERNANDO.
FIM