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ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA
JOSÉ WILLIAM MENDES ANDRADE
O BRASIL ENTRE OS MAIORES PRODUTORES MUNDIAIS DE PETRÓLEO E SUAS IMPLICAÇÕES GEOPOLÍTICAS,
ECONÔMICAS E AMBIENTAL
Rio de Janeiro 2012
O BRASIL ENTRE OS MAIORES PRODUTORES MUNDIAIS DE PETRÓLEO E SUAS IMPLICAÇÕES GEOPOLÍTICAS,
ECONÔMICAS E AMBIENTAL Trabalho de Conclusão de Curso – Monografia apresentada ao Departamento de Estudos da Escola Superior de Guerra como requisito à obtenção do diploma do Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia. Orientador: Eduardo José Andrade de Barros
Moreira
Rio de Janeiro 2012
C2012 ESG
Este trabalho, nos termos de legislação que resguarda os direitos autorais, é considerado propriedade da ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA (ESG). É permitido a transcrição parcial de textos do trabalho, ou mencioná-los, para comentários e citações, desde que sem propósitos comerciais e que seja feita a referência bibliográfica completa. Os conceitos expressos neste trabalho são de responsabilidade do autor e não expressam qualquer orientação institucional da ESG _________________________________
Biblioteca General Cordeiro de Farias
O Brasil entre os maiores produtores mundiais de petróleo e suas implicações geopolíticas, econômicas e ambiental / Capitão de Longo Custo. Rio de Janeiro: ESG, 2012.
77 f.: il.
Orientador: Eduardo José Andrade de Barros Moreira Trabalho de Conclusão de Curso – Monografia apresentada ao
Departamento de Estudos da Escola Superior de Guerra como requisito à obtenção do diploma do Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia (CAEPE), 2012.
1. Petrobrás. 2. Pré-sal. 3. Royalties. 4. Crescimento com sustentabilidade.I.Título.
Dedico em primeiro lugar a Deus o criador do Universo.
Aos meus pais José de Oliveira Andrade e Simone Mendes Andrade e
demais familiares que foram a base da minha formação, contribuindo para os meus
ensinamentos e educação.
Aos meus filhos Victor e Vinicius que são a razão da minha vida e que me
incentivaram me apoiaram e compreenderam os momentos que estivemos
afastados durante o período do curso, já que minha vida foi sempre distante pela
profissão que exerço.
Ao meu amigo e grande colaborador Capitão de Longo Curso Jones
Alexandre Barros Soares, pelo apoio e ajuda me dada sempre com presteza e boa
vontade.
Em especial, a minha Esposa Marta Jardim Ornelas, por estar distante,
aceitando e me incentivando nos meus momentos mais difíceis quando precisei do
seu apoio sempre como muito amor e carinho.
AGRADECIMENTO
Á Transpetro - Petrobrás Transporte S.A. na pessoa do seu Presidente
Senador Sergio Machado, pela sua decisão de autorizar minha inscrição para cursar
a Escola Superior de Guerra nesse ano de 2012.
Ao Sindmar – Sindicato Nacional dos Oficiais da Marinha Mercante,
Emespecial seu Presidente Severino de Almeida Filho, por ter me indicado para o
curso de Altos Estudos de Política Estratégica CAEPE 2012 da Escola Superior de
Guerra.
Aos Estagiários da Turma PROANTAR Programa Antártico Brasileiro, em
todos os momentos, peloótimo relacionamento durante todo o curso, pelos os
incentivos recebidos e pela amizade conquistada para sempre.
Ao Corpo Permanente da ESG, pelos ensinamentos e formação que me
foram dados e que me fizeram conhecer melhor o Brasil, demonstrando a real
necessidade de, cada vez mais, melhorar esse nosso grandioso Brasil.
Ao meu Orientador Prof. E Dr. Eduardo José Andrade de Barros Moreira
Cel. EB, pelo incentivo, ensinamentos e apoio dado para conclusão do meu trabalho
de curso.
Aos meus Comandantes que me ensinaram e me apoiaram durante
minha carreira.
Luiz Carlos Duarte, IwaoKamizono, José Menezes Filho, Erich Otto Fritz
Hirschifeld.
Aos meus Gerentes que nunca deixaram de acreditar no meu
trabalho.Paulo R. F. Jansen Ferreira, Mauricio Ney V. Dos Santos , Lafayette Pereira
G. Neto.
Ao Comandante Jones Alexandre Barros Soares, Gerente Marcus V.
Lisboa Brandão, Conceição de Maria Andrade de Souza e Elizeu José de Souza,
que contribuíram de alguma forma para a conclusão da minha monografia.
RESUMO
A exploração do petróleo do pré-sal pode ser uma excelente oportunidade para o
Brasil avançar em políticas de desenvolvimento econômico e de redução das
desigualdades regionais e sociais. O amplo debate em curso, envolvendo alterações
na legislação de extração de petróleo e na alocação das receitas de sua exploração,
precisa destacar os vínculos entre o desafio tecnológico de extrair petróleo em
águas tão profundas e o desenvolvimento de tecnologia de ponta no país. Estes
vínculos devem fazer parte de uma política industrial consistente com as opções
macroeconômicas feitas pelo país e com a capacidade de desenvolvimento
tecnológico já existente. Para tal, temos que buscar melhores soluções para
distribuição dos royalties dessa nova riqueza, buscando aumento de investimentos
para o poder Marítimo e Naval, a fim de defender nossa Amazônia Azul de possíveis
interesses externos nunca deixando de se preocupar com a sustentabilidade,
investindo pesado na proteção do meio ambiente. Este artigo procura contribuir para
esta discussão, explorando os contornos que esta política industrial deveria assumir
nesse novo cenário.
Palavras chave: Petrobrás. Pré-sal. Royalties. Crescimentocomsustentabilidade.
ABSTRACT
The exploration of pre-salt oil can be an excellent opportunity for Brazil to advance in
its policies towards economic development and reducing regional and social
inequalities. The broad debate, involving changes in legislation on petroleum
extraction and allocation of revenue from its exploration, must highlight the links
between the technological challenge of extracting oil from deep waters and the
development of technology in the country. These links should be part of an industrial
policy consistent with the country’s macroeconomic options and the existing
technological development in existence. To this end we have to find better solutions
for the distribution of royalties from these new wealth, seeking increased investment
for the Maritime power in order to defend our interests in the Blue Amazon from
possible external threats while never ceasing to worry about sustainability and
investing heavily in environmental protection. This article seeks to contribute to this
discussion by exploring the forms that industrial policy should take in this new
scenario.
Keywords: Petrobrás. Pre-salt. Royalties. SustainableGrowth.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
FIGURA 1 E qual é o futuro do Petróleo?..............................................................16 FIGURA 2 Áreas de Exploração e Produção de Hidrocarbonetos no Brasil..........24 QUADRO 1 Número de Derramamento de Óleo Acima de 700TM, Ocorridos de
1979 a 2011 ......................................................................................... QUADRO 2 Os 10 Maiores Consumidores de Petróleo no Mundo..........................41 FIGURA 3 P-54 FPSO (Unidade Flutuante Produção Estocagem Escoamento) ..47 FIGURA 4 Localização Geográfica no Brasil dos CDAS,BAV e PAV....................55
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 PIB dos Países da América do Sul ......................................................26 TABELA 2 PIB Países Emergentes .......................................................................27 TABELA 3 Reservas Provadas de Petróleo no Mundo de 2001-2010...................28 TABELA 4 Distribuição dos Royalties Projeto Lei 2565/2011 ................................34
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ACS Alasca Clean Seas
ALBA Alternativa Bolivariana para a América
AMOS Australian Marine Oil Spill Center
ANCAP Administrácion Nacional de CombustiblesAlchool y Portland
ANP Agência Nacional do Petróleo
ANTAQ Agência Nacional de Transportes Aquaviários
ARPEL Associação Regional das Empresas do Setor Petróleo, Gás e Biocombustíveis da América Latina e Caribe
BC Bacia de Campos
BG BG Group
BM-S Bloco Marítimo Santos
BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Nacional
BOP Blowout Preventer
BP Britsh Petroleum
BS Bacia de Santos
BS British Standards
CASA Comunidade Sul Americana de Nações
CCA Comissão de Coordenação de Assuntos para Organização Marítima Internacional
CDA Centro de Defesa Ambiental
CEDPEN Centro de Estudos e Defesa do Petróleo e da Economia Nacional
CENPES Centro Pesquisa e Desenvolvimento da Petrobrás
CNP Conselho Nacional de Petróleo
CNPE Conselho Nacional de Política Energética
CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente
COPEC Companhia de Petróleos de Chile
CPMF Contribuição Provisório Sobre Movimentação Financeira
DNPM Departamento Nacional de Produção Mineral
DP/ST Dynamic Position Shuttle Tanker
DPC Diretoria de Portos e Costas
E&P Exploração e Produção
ECRC EastCanadian Response Center
EGN Escola Guerra Naval
EIU EconomistInteligence Unit
END Estratégia Nacional de Defesa
EPE Empresa de Pesquisa Energética
FAT Fundo Amparo ao Trabalhador
FFAA Forças Armadas
FGTS Fundo de Garantia por Tempo de Serviço
FMM Fundo de MarinhaMercante
FPSO Float Production Storage and Offloading
FS Fundo Social
GASYRG GasedutoYacuiba Rio Grande
GLP Gás Liquefeito de Petróleo
GNL Gás Natural Liquefeito
IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia Estatística
IBP Instituto Brasileiro do Petróleo Gás e Biocombustíveis
IDH Índice de desenvolvimento Humano
IMO InternationalMaritimeOrganization
INSS Instituto Nacional de Seguridade Social
IPIECA InternationalPetroleumIndustryEnviromentalConservationAssociation
IPT Instituto de Pesquisa Tecnológico do Estado de São Paulo
ISSO International Standards Organization
ITOPF International Tankers Owners Pollution Federation
MARPOL International Convention for the Prevention of Pollution from Ships
MB Marinha do Brasil
MERCOSUL Mercado Comum do Sul
MF Ministério da Fazenda
MME Ministério das Minas e Energia
MOIG Grupo das Empresas de Petróleo que Operam no Mar Mediterrâneo
MSRC Marine Spill Response Center
NAFTA Tratado Norte Americano de Livre Comércio
NOFO Norwegian Clean Seas Association for Operations Companies
OCDE Organização de Cooperação de Desenvolvimento Econômico
OHSAS Occupacional Health and Safety Advisory Services
OM Organização Militares
OPEP Organização dos Países Exportadores de Petróleo
OPRC Convenção Internacional Sobre Resposta e Cooperação 1990
OSPRI Mar Cáspio, Mar Negro e Eurásia Central
OSRL OilSpill Response Limited
P Plataforma Petrobrás
PAC Programa de Aceleração do Crescimento
PAEMB Programa de Articulação e Equipamento da Marinha do Brasil
PC Plataforma Continental
PDVSA Petróleos d Venezuela SA
PIB Produto Interno Bruto
PLANSAL Plano de Negócios do Pré-Sal
PN Plano de Negócios
PNC Plano Nacional de Contigência
PROMEF Programa de Modernização da Frota
REPSOL Empresa Petrolífera Espanhola
SISGAZZ Sistema de Gerenciamento da Amazônia Azul
SISNAMA Sistema Nacional do Meio Ambiente
SMS Segurança Meio Ambiente e Saúde
SSTA Superintendência de Segurança do Tráfego Aquaviário
TAC Termo deAjuste e Conduta
TRANSPETRO Petrobrás Transporte SA
TRMM Taxa de Renovação da Marinha Mercante
UNASUL União de Nações Sul Americanas
WACAF Iniciativa Global de Combate a Poluição do Oeste Central e Sudeste da África
WCRMRC West Canadian Marine Response Corporation
YPF Yacimientos Petrolíferos Fiscales
ZEE Zona Econômica Exclusiva
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ...........................................................................................15 2 O INICIO DA ERA DO PETRÓLEO NA INDÚSTRIA NO MUNDO E NO
BRASIL DESDE SEUS PRIMÓRDIOS ......................................................18 2.1 A MODERNA ERA DO PETRÓLEO COM O DESCOBRIMENTO
AMERICANO PARA USO NA INDÚSTRIA ................................................18 2.2 O INÍCIO DO PETRÓLEO NO BRASIL......................................................18 2.3 ERA DO PETRÓLEO NO BRASIL, APÓS CIAÇÃO DA PETROBRÁS......19 2.4 DESCOBRIMENTO DO PÉ-SAL................................................................20 2.5 PLANO DE NEGÓCIOS DA PETROBRÁS E OS INVESTIMENTOS NO
PRÉ-SAL............................................................................................................21 2.6 NÚMEROS DO PÓLO DO PRÉ-SAL NA BACIA DE SANTOS ......................22 2.7 NOVAS FRONTEIRAS COM O PRÉ-SAL. ......................................................23 3 ESTUDAR A POSIÇÃO GEOPOLÍTICA, ECONÔMICA E AMBIENTAL
NO CENÁRIO MUNDIAL CORRENTE ......................................................25 3.1 POSIÇÃO GEOPOLÍTICA ATUAL DO BRASIL NO CENÁRIO MUNDIAL
E NA AMÉRICA DO SUL............................................................................25 3.1.1 Amazônia azul em especial na área do pré-sal neste novo cenário ....27 3.2 POSIÇÃO ECONÔMICA COM ESTE NOVO CENÁRIO............................29 3.2.1 Uma Nova Política Industrial no Brasil ...................................................30 3.2.2 Os Royalties do Petróleo e o seu significado ........................................31 3.2.3 A idéia falsa do Estado Produtor ............................................................32 3.2.4 Criação do Fundo Social..........................................................................32 3.2.5 Diferença entre o modelo de Partilha e o modelo de concessão.........33 3.2.6 Projeto de Lei 2.565/2011, que cria nova regra para distribuição de
royalties do petróleo ................................................................................33 3.3 ESTUDAR A POSIÇÃO AMBIENTAL ATUAL DO BRASIL NA ÁREA DO
PETRÓLEO................................................................................................35 3.3.1 Introdução da Posição Ambiental no Mundo.........................................35 3.3.2 Meio Ambiente e Legislação ambiental ..................................................37 3.3.3 Direito Ambiental ......................................................................................37 3.3.4 Licenciamento ambiental.........................................................................38 3.3.5 Investimentos da Petrobras no Meio Ambiente.....................................38 3.3.6 Sistema de Gestão Integrada de SMS e Certificações de SMS na
Petrobrás...................................................................................................40 4 ANALISAR A POSICÃO DO BRASIL NOS PRÓXIMOS VINTE ANOS
EM RELAÇÃO A PAÍSES PRODUTORES DE PETRÓLEO NO MUNDO E SUAS CONSEQUÊNCIAS GEOPOLÍTCAS...........................................41
4.1 INTRODUÇÃO DA POSIÇÃO DO BRASIL NO CENÁRIO MUNDIAL COM RELAÇÃO SUA PRODUÇÃO DE PETRÓLEO.................................41
4.1.1 A Petrobrás Situada na América do Sul, como Estratégia Geopolítica ................................................................................................42
4.1.1.1 A Petrobrás situada na Argentina...............................................................42 4.1.1.2 A Petrobrás situada no Chile ......................................................................43
4.1.1.3 A Petrobrás situada no Uruguai..................................................................43 4.1.1.4 A Petrobrás Situada na Bolívia...................................................................44 4.1.1.5 A Petrobrás Situada na Venezuela.............................................................45 4.1.2 A Petrobrás Situada na América do Norte, como Estratégia
Geopolítica ................................................................................................45 4.1.2.1 A PETROBRÁS SITUADA NOS ESTADOS UNIDOS NO GOLFO DO
MÉXICO .....................................................................................................45 4.1.3 A PETROBRÁS SITUADA NA ÁFRICA, COMOESTRATÉGIA
GEOPOLÍTICA...........................................................................................47 4.2 ANALISAR A POSICÃO DO BRASIL NOS PRÓXIMOS VINTE ANOS
EM RELAÇÃO A PAÍSES PRODUTORES DE PETRÓLEO NO MUNDO E SUAS CONSEQUÊNCIAS ECONÔMICAS.............................................48
4.2.1 Cenários Possíveis de Recursos Provenientes Pré-Sal Para Economia Brasileira na Sua Representação..........................................48
4.2.2 Pré-sal e o Orçamento de Defesa Nacional............................................50 4.2.3 Cenários possíveis de recursos provenientes somente dos royalties
do pré-sal para economia brasileira .......................................................50 4.2.3.1 O Modelo Norueguês .................................................................................51 4.3 ANALISAR A POSICÃO DO BRASIL NOS PRÓXIMOS VINTE ANOS
EM RELAÇÃO A PAÍSES PRODUTORES DE PETRÓLEO NO MUNDO E SUAS CONSEQUÊNCIAS AMBIENTAIS ...............................................52
4.3.1 Cenários de Poluições de Grandes Proporções Causadas Por Óleo no Mundo que Provocaram Grandes Mudanças nas Decisões Voltadas a Defesa do Meio Ambiente .....................................................52
4.3.2 As entidades do Governo Federal no Brasil fundamental na presença e apoio num eventual acidente com vazamento de grandes proporções .................................................................................52
4.3.3 Plano Nacional de Contingência (PNC) ..................................................53 4.3.4 Organizações Mundiais de Resposta ao Combate de Derramamento
de Óleo – ORSO ........................................................................................54 4.3.5 Iniciativas Global para Prevenção de Poluição por Óleo......................56 5 LISTAR AS NECESSIDADES DESSE NOVO AMBIENTE QUE O
BRASIL OCUPARÁ ...................................................................................57 5.1 INTRODUÇÃO SOBRE OS GASTOS COM A DEFESA NO BRASIL E
SUA REAL NECESSIDADE DE AUMENTÁ-LOS ......................................57 5.1.1 Poder NAVAL e seu Plano de Articulação e Equipamento da
Marinha do Brasil (PAEMB). Sua situação .............................................57 5.1.2 Efeito Desejado do PAEMB .....................................................................59 5.1.3 Prazo de execução do PAEMB ................................................................59 5.1.4 Possíveis fontes de recursos para PAEMB............................................59 5.1.5 Custo do PAEMB para 2030.....................................................................60 5.2 BREVE HISTÓRICO DA INDÚSTRIA NAVAL BRASILEIRA ANTES DA
CRISE NO SETORES ................................................................................60 5.2.1 A Crise no setor naval..............................................................................61 5.2.2 Renovação da Fronape e a retomada do setor naval brasileiro
através do PROMEF .................................................................................61 5.2.3 Composição do Programa de Modernização e Expansão da Frota da
TRANSPETRO (PROMEF) Fase I e Fase II ..............................................62 5.2.4 Investimentos previstos para setor naval nos próximos 20 anos .......62
5.3 OS INVESTIMENTOS NA PREVENÇÃO POLUIÇÃO E O QUE FAZER PARA AMENIZAR OS RISCOS .................................................................63
5.3.1 Plano Nacional de Contingência dividido nos seus níveis...................64 6 CONCLUSÃO ............................................................................................66 REFERÊNCIAS ..........................................................................................67 ANEXO A – PRINCIPAIS LEIS,EXPLORACÃO,PRODUÇÃO,
TRANSPORTEE ROYLATIES..............................................76 ANEXO B – LEGISLAÇÃO BRASILEIRA DE POLUIÇÃO CAUSADA
PORÓLEO ............................................................................80 ANEXO C – TABELA DE CLASSIFICAÇÃO DE SUBSTÂNCIAS
NOCIVAS EPERIGOSA DE ACORDO COM A LEI 9.966....82 ANEXO D – ABELA DO ANEXO I DA LEI 9.966 QUE REFERE-SE
DAVALORIZAÇÃO DAS MULTAS CAUSADAS POR POLUIÇÃODE ÓLEO ...........................................................83
15
1 INTRODUÇÃO
O petróleo é a principal fonte de energia utilizada pela sociedade moderna, é
essencial para a sobrevivência da humanidade e está presente em boa parte de
tudo que utilizamos. Entretanto, é um recurso natural não renovável que se torna
muito precioso, em especial por ainda não haver outra forma de energia que possa
substituí-lo no cenário mundial.
A história recente comprova que esta fonte de energia tem levado países
ase guerrearem, ocasionando milhões de mortes, tudo pelo interesse no
domíniodesse “ouro negro”. O Brasil entra nesse cenário de risco a partir da
descoberta do pré-sal,uma vez que os volumes estimados de reserva estão
próximos dos 100 bilhões de barris, podendo alcançar cerca de 300 bilhões de
barris. Faz-se necessário que nossa costa, mais conhecida como Amazônia
Azul,seja preservada e bem protegida. Com isso,é preciso um investimento mais
considerável para o poder naval e marítimo fazer a defesa e garantir essa demanda
de crescimento na produção de petróleo, em especial na área do pré-sal. Baseado
no exposto acima, o Brasil ocupará uma nova posição no cenário geopolítico
mundial, trazendo com isto a necessidade de uma série de ações que garantam a
sua soberania.Cabe, portanto, ao Ministério da Defesa criar ações e buscar recursos
necessários para fazer cumprir seus objetivos e planos nessa nova fase que virá.
Outro aspecto que deve ser considerado com a exploração do pré-sal é o
impacto na economia nacional e local.As atividades que a indústria petrolífera
desenvolve atualmente no mundo vai muito além do desempenho de suas unidades
de operação, aparentemente isoladas em alto mar, ou da importância de seus
derivados para o consumo. Por exemplo, no Brasil, a presença da Petrobrás vem
alterando a estrutura sócio econômica de cidades que recebem suas instalações.
Nesses locais, há a abertura de novos postos de trabalho, o aumento da circulação
financeira, odesenvolvimento de outros setores da economia, como comércio e
serviços e, consequentemente,o aquecimento da economia regional. Outro benefício
são as divisas e dividendos dos recursos denominados como royalties que, quando
utilizados com responsabilidade, melhoram a qualidade de vida das cidades do
entorno da área de produção.
Visto que as rendas derivadas da extração de petróleo e gás tendem a
assumir cada vez mais um papel importante na agenda nacional de debates
16
econômicos, está tramitando no Congresso Nacional a nova forma de divisão
desses royalties provenientes do pré-sal, que deverá abranger todos os municípios e
estados de forma mais uniforme e solidária do que a utilizada atualmente.Fazem-se
necessárias outras formas de fiscalização para melhor utilização desses royalties,
tendo como modelo a Noruega.
No que se refere ao meio-ambiente, é preciso um alto investimento visando
a preservação de nossos mares e áreas portuárias e neste sentido a
Petrobraspossui excelentes projetos e planos que são modelos de excelência e
reconhecimento mundial.
Na figura abaixo, podemos verificar como o petróleo será necessário nos
próximos vinte anos, como Matriz Energética.
11
2030 2006
Fonte : EPE - Empresa de Pesquisa Energética – Balanço Energético Nacional 2009 (resultados preliminares)
MME – Matriz Energética 2030 – Cenário de Referência do PNE 2030
10%15%
3%
37%
6%
13%14% 2%
Gás
Carvão Mineral
Petróleo
Lenha e Carvão Vegetal
Outros Renováveis
Hidro
Derivados da Cana-de-Açúcar
18%
3%
16%
9%
27%
7%
6%
14%
Gás
Carvão Mineral
Petróleo
Lenha e Carvão Vegetal
Outros Renováveis
Hidro Derivados da
Cana-de-Açúcar
Nuclear
E qual é o futuro do petróleo?
Matriz energética no Brasil
Figura:1: E qual é o futuro do Petróleo? Fonte: Empresa de Pesquisa Energética 2009.
A pergunta principal para tal situação é: Quais serão as implicações nos
campos social, econômico, ambiental e de defesa nacional para o Brasil como um
dos maiores produtores de petróleo do mundo?
Esta pesquisa tem por finalidade enfatizar a real necessidade de investir
bem e com objetividadeos recursos que virão dessa nova descoberta dasreservas
de petróleo dopré-sal, mostrar de forma objetiva as metas,os planos e projetos da
Petrobrás na área ambiental e por último, reforçar a real necessidade de incremento
e de cumprimento do plano de melhoria na área do poder naval e marítimo, com
objetivo de preservar nossa “Amazônia Azul” em especial a área do pré-sal.
17
JUSTIFICATIVA
Com a descoberta da camada do pré sal, o Brasil ocupará uma nova posição
no cenário mundial. O país passará a ser um dos maiores produtores de petróleo no
mundo e terá pela frente o desafio de lidar com questões até então pouco discutidas.
É fundamental que se faça uma análisedesse novo ambiente mundial em que o
Brasil aparecerá com ênfase nas expressões Geopolítica, Econômica e Ambiental.
Além disso, far-se-á necessária uma discussão em torno de uma política de defesa
que vise proteger esse interesse nacional.
METODOLOGIA
A metodologia utilizada será a de pesquisa bibliográfica e explanatória,
empregando o método dedutivo e por documentação indireta.
18
2 O INÍCIO DA ERA DO PETRÓLEO NA INDÚSTRIA, NO MUNDO E NO
BRASIL DESDE SEUS PRIMÓRDIOS
2.1 A MODERNA ERA DO PETRÓLEO COM O DESCOBRIMENTO AMERICANO PARA USO NA INDÚSTRIA
Conforme Sergio Ferolla(2006), moderna era do petróleo teve início em
meados do século XIX, quando um norte-americano conhecido como Coronel Drake
encontrou este precioso recurso natural a cerca de 21 metros de profundidade no
oeste da Pensilvânia, utilizando uma máquina perfuratriz para a construção de um
poço. O principal objetivo era então a obtenção de querosene e
lubrificantes.Entretanto, a grande revolução do petróleo ocorreu com a invenção dos
motores de combustão interna que necessitavam de gasolina (obtida a partir do
refino do petróleo) para funcionar. A produção de automóveis em grande escala deu
à gasolina uma utilidade mais nobre uma vez que a gasolina, considerada um
subproduto da destilação para a obtenção do querosene era lançada aos rios
(prática comum na época), queimada ou então misturada ao querosene.
Outro fator que contribuiu para o crescimento do consumo do petróleo foi
quando, na segunda guerra mundial, houve a substituição do carvão mineral por
derivados do petróleo. Essa mudança tornou os navios mais velozes possibilitando
um maior controle do tráfego marítimo. A partir de então, as forças armadas
começaram a usar os derivados do petróleo em seus tanques, caminhões e trens.
2.2 O INÍCIO DO PETRÓLEO NO BRASIL
De acordo com o texto o Petróleo no Brasil(30/08/2009). A história do início
do Petróleo no Brasil ocorreu no estado da Bahia, em 1858, quando o Marquês de
Olinda concedeu a José de Barros Pimentel o direitode extrair petróleo nas margens
do Rio Maraú.
Em 1892, em Bofete (SP), é realizada a primeira sondagem profunda no
Brasil. O poço perfurado por Eugênio Ferreira de Camargo atinge 488 metros de
profundidade, porém, nesta empreitada, encontra-se apenas água sulfurosa.
Em 1930,o poço de Lobato (BA) foi o pioneiro na exploração de petróleo no
Brasil.
19
Em 1938, criou-se o Conselho Nacional do Petróleo (CNP) e toda atividade
petrolífera passa, por lei, a ser obrigatoriamente realizada por brasileiros. Apósessa
criação,todos os pedidos de pesquisa e lava de jazidas de petróleo passaram a estar
soba jurisdição do recém criado CNP.
No ano seguinte, exatamente em 21 de janeiro de1939, em Lobato (BA),
cenário da descoberta da primeira jazida de petróleo no País, o poço conhecido
como DPNM-163, atinge camada petrolífera e o petróleo ocupa parte da coluna de
perfuração.
A partir da Constituição de 1946, tem início a campanha nacionalista em
defesa da soberania brasileira sobre o recurso natural, com o chamamento“O
Petróleo é nosso!”. Em 1948, é criado o Centro de Estudose Defesa do Petróleo e
da Economia Nacional (CEDPEN), sendo nomeados presidentes do conselho de
honra o ex-presidente da República Arthur Bernardes, Horta Barbosa, José Pessoa
e Estêvão Leitão de Carvalho. Esse órgão passa a dirigir a campanha em defesa do
petróleo no Brasil, articulando militares, estudantes, homens públicos e intelectuais.
2.3 ERA DO PETRÓLEO NO BRASIL, APÓS CRIAÇÃO DA PETROBRÁS
De acordo com o texto Petróleo no Brasil(30/08/2009),em 03 de outubro de
1953, o Presidente Getúlio Vargas assina a Lei nº. 2004 no Palácio do Catete,
criando a Petrobrás. A lei dispõe sobre a política nacional do petróleo, define as
atribuições do Conselho Nacional do Petróleo, institui a sociedade anônima e
encaminha outras providências.
A primeira descoberta de petróleo no mar ocorreu no Campo de Guaricema,
Sergipe, com a plataforma (P-1).Nos anos 70, iniciou-se a produção na Bacia de
Campos(RJ) e no campo de Garoupa.
Em 1975, o governo federal autoriza a assinatura de contratos de serviços
com cláusulas de risco, permitindo a participação de empresas privadas na
exploração, e caso obtivessem sucesso, receberiam pelos investimentos realizados
além de um prêmio em petróleo ou dinheiro. No entanto, a produção seria operada
pela Petrobrás.
Em 1984, foi descoberto o primeiro campo gigante do País, na Bacia de
Campos(RJ), ondea meta prevista pelo governo em atingir 500 mil barris diários de
petróleo, foi sendo alcançada.
20
Em 1985, descobriu-se o segundo grande poço na Bacia de Campos, no
campo gigante de Marlim.
Em 1988, descobriu-se petróleo de excelente qualidade no campo de Urucu,
no Alto Amazonas,que se tornou exemplo de exploração de petróleo com
sustentabilidade no meio da floresta Amazônica.
Em 1996, é descoberto o terceiro campo gigante na Bacia de Campos,
chamado de Roncador.
Em 1997, quando atingimos a marca histórica de produção de 1.000.000de
barris de petróleo colocando o Brasil no seleto grupo dos 16 países que produziam
mais de um milhão de barris de óleo por dia, foi promulgada a lei no. 9478(lei do
Petróleo), nodia 06 de agosto, que flexibilizou o monopólio estatal do petróleo, criou
o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) e a Agência Nacional do
Petróleo (ANP), colocando sob responsabilidade da ANP as concessões de
exploração de petróleo em regime de livre iniciativa. Nesse mesmo ano, iniciou-se a
construção do gasoduto Brasil-Bolívia.
E em 2000, a Petrobrás atinge a marca na produção de petróleo no campo
de Roncadorbatendo recorde numa profundidade de 1877 metros.
2.4 O DESCOBRIMENTO DO PRÉ-SAL
De acordo com o texto,Petróleo no Brasil(30/09/2009),em 2005, foram
encontrados os primeiros indícios de petróleo na Bacia de Santos(SP). A conclusão
das análises no segundo poço do bloco BM-S-11(Tupi) indicou volumes
recuperáveis entre 5 e 8 bilhões de barris de petróleo e gás. Nesse mesmo anofoi
descobertaa maior jazida de gás natural no continente brasileiro, no campo de
Mexilhão, e alcançamos a marca de produção de dois milhões de barris por dia.
Em2006, a Petrobrás alcança sua tão sonhada auto-suficiência com a
entrada em operação do navio plataforma P-50 FPSO (Floating ProductionStorage e
Offloading) em águas profundas no poço Gigante de Albacora.
E, finalmente, no dia 02 de setembro de 2008, o navio plataforma P-34
extraiu o primeiro óleo da camada do pré-sal, no campo Jubarte, na Bacia de
Campos (RJ).
21
Como mencionou Daniel Yergen (2012),P.886.Em seu premiado livro “O
petróleo - uma história mundial de conquistas, poder e dinheiro”, resume muito bem
a importância estratégica do petróleo, ao destacar que:
Por quase um século e meio, o petróleo vem trazendo à tona o melhor e o pior de nossa civilização. Vem se constituindo em privilégio e em ônus. A energia é a base da sociedade industrializada, e, entre todas as fontes de energia, o petróleo vem se mostrando a maior e mais problemática devido ao seu papel central, ao seu caráter estratégico, à sua distribuição geográfica, ao padrão recorrente de crise em seu fornecimento – e á inevitável e irresistível tentação de tomar posse de suas recompensas. [...] O petróleo vem ajudando a tornar possível o domínio sobre o mundo físico. Ele vem tornando possível nossa vida cotidiana e, literalmente, nosso pão de cada dia, através de produtos químicos, agrícolas e dos transporte. Ele tem abastecido, ainda, as lutas globais por supremacia política e econômica. Muito sangue tem sido derramado em seu nome. A feroz, e muitas vezes violenta busca pelo petróleo-e pela riqueza e poder inerentes a ele - irão continuar com certeza enquanto ele ocupar essa posição central. Pois o nosso é um século no qual cada faceta de nossa civilização vem sendo transformada pela moderna e hipnotizante alquimia do petróleo. A nossa continua sendo a era do petróleo.
2.5 PLANO DE NEGÓCIOS DA PETROBRÁS E OS INVESTIMENTOS NO PRÉ-SAL
Conforme portal da Revista Veja, Economia. A Petrobrás e as demais
companhias que têm participação nas concessões onde houve descobertas do pré-
sal estão afinadas em torno de uma estratégia básica, que é acelerar o
desenvolvimento dos campos. A Petrobras já indicou umnovo plano de negócios que
prevê investimentos de 236,5 bilhões de dólares previsto para o período de 2012 até
2016. Embora esse plano possa sofrer revisões de acordo com o mercado e a metas
do governo,essa previsão está condicionada à paridade dos preços internos com os
externos e, consequentemente, ao fim do subsídio indireto que o Brasil dá aos
combustíveis. O valor do barril no mercado internacional subiu demais nos últimos
anos e os preços no Brasil permaneceram parados. Para que não haja perdas na
indústria brasileira, que importa óleo cru a preços internacionais e vende derivados a
preços fixados pelo governo, é necessário que se tome medidas para o controle da
inflação e desse subsídio indireto.
As riquezas que estão abaixo da camada de sal tornaram-se o “condimento”
de uma verdadeira revoluçãoeconômica e geopolítica que implica a quebra de
paradigmas tecnológicos e desafios até então impensáveis para a cadeia produtiva
de petróleo no país. A idéia da Petrobrás e suas parceiras é iniciar a produção em
22
todas as áreas descobertas nos próximos dez anos, com a entrada em operação de
uma frota de unidades (no mínimo dez, para começar), padronizadas e produzidas
em escala, chamadas de FPSOs” (Floating ProductionStorageandOffloading).AP-74,
será a primeira de uma série de quatro que serão utilizadas na área do pré-sal. Seu
casco encontra-se atracado no porto do Rio de Janeiro e terá capacidade de
produzir cerca de 150 mil barris de petróleo por dia, como as demais plataformas
existentes na Bacia de Campos. Mas, a longo prazo, a estimativa é alcançar até
(2020, cerca de 4 milhões e trezentos mil barris), dobrando a produção nacional
atual que está em torno de 2 milhões e trezentos mil barris.Esse projeto terá um
investimento inicial será de US$ 2 bilhões e deverá ter 70% de conteúdo nacional.
Nesse cenário, já é possível avaliar que as metas básicas do Plano Diretor da Bacia
de Santos(pré-sal) prevêem gastos na ordem de 141,8 bilhões de dólares. Esses
investimentos poderão ser reduzidos de acordo com a Presidente Graça Foster,
através de parcerias.
Os projetos de desenvolvimento requerem muito investimento e pesquisa,
além de serem uma atividade de alto risco. Com as parcerias, os gastos com
investimentos podem ser divididos e numa eventual queda brusca no preço
internacional do barril, esse prejuízo momentâneo poderia ser aliviado pelo
aglomerado de empresas que estaria diretamente envolvido nesse projeto.
Os investimentos do refino serão da ordem de 31,2 bilhões de dólares
epermitirão ao Brasil deixar de importar gasolina e derivados, construindo duas
novas refinarias, aumentando o refino de cerca de dois milhões de barris para dois
milhões e quatrocentos mil barris.
2.6 NÚMEROS DO POLO PRÉ-SAL DA BACIA DE SANTOS
Área total: 112 mil km2 em uma faixa de 800 km que se estende da costa
de Santa Catarina à do Espírito Santo. Lâmina d'água: de 60 (águas rasas) a 2.300
metros (águas ultra profundas).
Profundidade total: reservatórios estão entre de 5.300 a 7.000 metros de
profundidade (incluindo a camada de água e o subsolo marinho).
Poços perfurados: 20 poços desde 2005, sendo que oito deles apenas
neste ano.
23
Volume de reservas estimadas: de 100 bilhões de barris de óleo
equivalente (boe), embora haja estimativas oficiais de 5 a 8 bilhões de boe apenas
para a área de Tupi.
Descobertas: oito em 6 blocos do Polo Pré-sal da Bacia de Santos:
Parati (BM-S-10),
Tupi e Iara (BM-S-11),
Bem-Te-Vi (BM-S-8),
Carioca e Guará (BM-S-9),
Caramba (BM-S-21),
Júpiter (BM-S-24) e duas descobertas: Caxaréu e Pirambu, no Parque das
Baleias, na Bacia de Campos, na costa do Espírito Santo.
Investimentos realizados: US$ 1 bilhão. Investimentos estimados para o
desenvolvimento do pré-sal: US$ 600 bilhões.
Valor: pelo preço atual da commodity, 100 bilhões representariam algo em
torno de US$ 7,5 trilhões
2.7 NOVAS FRONTEIRAS COM O PRÉ-SAL
A descoberta de novas jazidas de petróleo em águas ultra-profundas (lâmina
d’água de 1.500 a 3.000 metros) das Bacias de Santos, Campos e Espírito Santo
abriu uma nova fronteira para a indústria de petróleo e gás natural. O
desenvolvimento da camada pré-sal estabeleceu uma nova condição para o Brasil
no mercado internacional de petróleo e gás natural, ampliando suas reservas
provadas e duplicando a capacidade de produção até 2020.
A operação sob tais condições geológicas deve necessitar um número maior
de unidades de produção em cada campo. O desenvolvimento de infraestrutura de
transporte do petróleo e do gás natural à distâncias de cerca de 300 km da costa
está entre os principais desafios a serem vencidos ao longo da década. A Petrobras
e demais operadoras consideram opções (como bases de apoio, terminais
oceânicos e centros de operação remotos) para garantir apoio logístico e
operacionalidade à produção, assim como também sua segurança.
Grandes investimentos nos campos do pré-sal estão programados para até
2020. Estima-se um total superior a US$ 250 bi para o desenvolvimento da produção
24
de petróleo e gás natural, incluindo toda a infraestrutura de transporte. Entre os
investimentos divulgados estão:
Petrobras, US$ 53,4 bi (2011-2015);
BG, US$ 30 bi;
Repsol YPF, US$ 14 bi.
Figura:2: Áreas de Exploração e Produção de Hidrocarbonetos no Brasil Fonte: BG Group 14/03/2011
25
3 ESTUDAR A POSIÇÃO GEOPOLÍTICA, ECONÔMICA E AMBIENTAL NO
CENÁRIO MUNDIAL CORRENTE
3.1 POSIÇÃO GEOPOLÍTICA ATUAL DO BRASIL NO CENÁRIO MUNDIAL E NA AMÉRICA DO SUL
O Brasil ocupa quase a metade do espaço territorial sul-americano - 47.3% e
posiciona-se na larga porção oriental do Atlântico Sul.
De acordo com Therezinha de Castro(1997) P.02,o nosso total de fronteiras
(23.086km) se reparte entre os 15.719km de limites terrestres e 7.367km de litoral.
No conjunto brasileiro, 18% da extensão territorial são formados pela faixa de 250km
que acompanha o litoral, 42% se encontram entre os 250km e 1.000km da orla
litorânea, enquanto os restantes 40% estão além dos 1.000km. Tais porcentagens
comprovam ser o Brasil país do tipo marítimo, associando-o ainda ao tipo continental
pela presença no continente sul americano, caracterizando-o como múltiplo vetor.
Entretanto, o Brasil não tem a representação que nós brasileiros almejamos.
É preciso que se desenvolvameios de um dia alcançar níveis de primeiro mundo
para que possa ser respeitado. Uma das soluções seria a utilização dos royalties,
nas áreas de educação, de tecnologia e, em especial, de defesa. No presente,o
Brasil é reconhecido como uma nação poderosa apenas no cenário da América do
Sul. Conforme oMinistro da Defesa Celso Amorim, na sua aula magna proferida na
EGN em 09/03/2012, “nós somos uma nação miscigenada com tendências de busca
de soluções pacificas e com representatividade no cenário da América do Sul, do
Atlântico Sul, chegando à costa ocidental daÁfrica”. Por isso, aUnasul e o Mercosul
são importantes para a segurança, para a cooperação em defesa e, principalmente,
para as relações comerciais.
Diante desse contexto, o Brasil toma medidas para fortalecer as relações
diplomáticas, a fim de evitar conflitos com os demais países da América do Sul.
Recentemente, dois incidentes envolvendo países sul-americanos mostram a boa
disposição do governo brasileiro em reforçar sua política democrática e pacífica.
Quando a Bolívia assumiu as refinarias da Petrobrás existentes naquele
país, o Brasilnegociou seus preços e fechou um acordo em que a Petrobrás
permaneceria na administração das refinarias, tendo em vista a falta mão-de-obra
especializada. E por medida de segurança, a fim de evitar uma total dependência do
26
gás proveniente da Bolívia, a Petrobrás alugou navios de grande porte e colocou em
áreas estratégicas para atender a demanda nacional. Também foram construídos
três terminais de gás no Brasil, para atender o nosso aumento de produção e
consumo, conforme informações fornecidas pelo Gerente Executivo do Cenpes,
Marcos Assayg, em sua palestra proferida em 06/06/2012. Com relação ao
Paraguai, havia uma questão envolvendo o valor do repasse do governo brasileiro
para o governo paraguaio referente à energia elétrica. E por outro lado, a
regularização dos agricultores e imigrantes ilegais brasileiros que viviam naquele
país.Pela primeira vez, as autoridades da imigração do Paraguai, o serviço consular
e a Polícia Federal reuniram-se e esses problemas de interesse mútuo foram
resolvidos. Os valores de repasse foram triplicados e os imigrantes legalizados.
Mas, emrelação à economia, a diferença do Brasil é muito grande, quando
comparada com países da América do Sul. Conforme dados abaixo, nosso
PIBrepresenta cerca de 57,28% do PIB de todos os outros países da América do Sul
juntos.
Tabela:1: PIB dos Países da América do Sul
27
Fonte: Banco Mundial janeiro 2012 Tabela:2: PIB Países Emergentes
8-ago-2012
VI.18 – Indicadores econômicos
Países selecionados – PIB nominal
US$
bilhões
País 2006 2007 2008 2009 2010 2011 20121/ 20131/
África
África do Sul 261,2 285,8 274,2 284,2 363,5 408,1 419,9 438,9
Ásia
China 2 712,9
3 494,2 4 520,0 4 990,5 5 930,4 7 298,1 7 991,7 8 777,2
Coréia do Sul 951,8 1 049,2 931,4 834,1 1 014,9 1 116,2 1 163,5 1 243,1
Índia 908,5 1 152,8 1 251,4 1 254,0 1 597,9 1 676,1 1 779,3 1 961,7
Indonésia 364,3 432,2 511,0 538,7 708,4 845,7 928,3 1 055,0
Taiwan 376,3 393,1 400,2 377,6 430,2 466,8 480,5 519,7
Tailândia 207,1 247,0 272,6 263,7 318,9 345,6 377,2 415,3
Europa
28
Polônia 341,7 425,3 529,4 430,5 469,4 513,8 528,5 550,0
Rússia 989,9 1 299,7 1 660,8 1 222,7 1 487,3 1 850,4 2 021,9 2 310,8
Turquia 529,2 649,1 730,3 614,4 734,6 778,1 817,3 878,0
América Latina
Argentina 214,0 262,1 328,1 310,4 370,0 447,6 472,8 501,2
Brasil 1 088,8
1 366,5 1 650,9 1 625,6 2 143,9 2 475,1 2 449,8 2 520,6
Chile 154,7 172,9 179,4 172,7 216,1 248,4 272,1 292,0
México 951,8 1 035,3 1 094,0 881,8 1 035,4 1 154,8 1 207,8 1 277,4
Venezuela 183,2 230,0 315,2 329,0 294,7 315,8 337,4 340,5
Fonte: FMI/IBGE Abril/2012
3.1.1 Amazônia Azul em especial a área do pré-sal neste novo cenário
A área conhecida como Amazônia Azul compreende em sua extensão e
abrangências os seguintes espaços marítimos:todo o estado costeiro conhecido
como mar territorial de até 12 milhas náuticas (cerca de 22km), uma zona econômica
exclusiva (ZEE), que não se estende além das 200 milhas náuticas (370km) do
litoral continental e insulare uma plataforma continental (PC) estendida, cujos limites
externos são determinados pela aplicação de critérios específicos.Em alguns casos,
ela ultrapassa a distância de 200 milhas da ZEE. Pela convenção sobre o direito do
mar, o Estado costeiro pode pleitear a extensão da sua plataforma costeira até o
limite de 350 milhas náuticas (648 km), observando-se alguns parâmetros técnicos,
e o Brasil pleiteou essa extensão junto às Nações Unidas.
Dentro desses limites, encontra-se a área do pré-sal, onde foram
descobertas reservas consideráveis de petróleo que podem ter volume próximo dos
100 bilhões de barris. Esse volume, considerando o preço atual do barril, cerca de
US$ 100 dólares, corresponderia um montante que deixaria qualquer país de olho
nas reservas que, inclusive, podem triplicar chegando a 300 bilhões de barris.
Nossa posição no ranking mundial em reservas constatadas (provadas),
segue conforme relatório da ANP, não levando em consideração as áreas do pré-
sal:
Tabela 3: Reservas Provadas de Petróleo no Mundo de 2001-2010
29
Fonte: BP StatiscalReviewof World Energy 2011;para o Brasil, conforme Portaria ANP nº 9/2000.
Esses números do Brasil, de apenas 14,2 bilhões de reserva provada,
poderão ultrapassar de 100 bilhões, ou até 300 bilhões de barris de petróleo,
colocando os Brasil entre asseis maiores ou, quem sabe, de acordo com as
descobertas que ocorrerão no pré-sal, entre os três maiores produtores do mundo.
E, dentro da América do Sul, coloca-o no patamar acima do já alcançado.
Esse marco promissor, coloca o Brasil num patamar acima do já
reconhecido na América do Sul. Devido a isso, observa-se nos países americanos
uma preocupação em criar e fortalecer blocos que garantam o cumprimento de
acordos já existentes. Podemos citar como exemplo: o NAFTA, integrado pelos
Estados Unidos,Canadá, eMéxico; o MERCOSUL, integrado por Brasil, Argentina,
Paraguai, Uruguai e Venezuela ( Chile,Bolívia ePeru possuem status de “países
30
associados”); o CAFTA, integrado por países da América Central e a República
Dominicana; o Pacto Andino, formado pela Colômbia, Peru e Equador; a CASA
(Comunidade Sul-Americana de Nações), e a recém criada ALBA (Alternativa
Bolivariana para a América), lançada e liderada pelo Presidente Hugo Chávez da
Venezuela e que íntegra além desse país, Bolívia e Cuba.
Apesar da criação desses blocos, e observando todos os acontecimentos
ocorridos nos últimos anos, constatamos que cada um dos países citados busca
seus próprios objetivos. O Brasil, como o ator principal, como o país mais rico da
região, precisa atuar com maior liderança dentro de seubloco e defender melhor sua
soberania. Precisa investir forte no Poder Marítimo e Naval, precisa ter uma FFAA
consistente, robusta,com poder de dissuasão, precisa de uma Marinha de Guerra
preparada para defender suas riquezas no mar e precisareinvestir na Marinha
Mercante para garantir o transporte e o comércio, afim de evitar saída de divisas.
São 95% das importações e exportaçõesefetuados por transporte marítimo e 97%
desse transporte é utilizado através de bandeira estrangeira em nosso litoral.
Estamos com mais de 95% dos fretes sendo realizados por bandeiras
estrangeiras em nosso litoral.
3.2 POSIÇÃO ECONÔMICA COM ESTE NOVO CENÁRIO
Conforme Antônio Luiz M.Costa(09/11/2011),o Brasil ultrapassou a Inglaterra
no seu PIB, e se torna, em 2011, a sexta maior economia do mundo, ou seja, sexto
maior produto interno bruto medido em dólares à taxa e câmbio recorrentes.Embora
nosso crescimento tenha sido abaixo do esperado, entre 3 e 3,5%, o Reino Unido
teve um tímido crescimento entre 0,7 e 1,2%.
É de se respeitar a nossa posição. Aeconomia brasileira ultrapassou aquela
que foi a maior potência econômica do Ocidente (considerado o seu enorme império
colonial, do século XIX até a I Guerra Mundial). Em 1820, o PIB britânico (sem as
colônias)era 12,4 vezes maior que o do Brasil; em 1870, era 14,3 vezes;em 1913,
11,7 vezes maior; em 1992(segundo o OCDE), essa relação tinha caído para 2,6 e
em 1995, com o câmbio semicongelado pelo Plano Real, foi para 1,5. Mas a
malfadada política cambial de Gustavo Franco e Chico Lopes a fez voltar e subir
para 2,62 em 1999; em 2003 foi para 3,35. Desde então, a relação caiu
continuamente: 2,04 em 2007, 1,61 em 2008;1,36 em 2009(ano em que o PIB do
31
Brasil ultrapassou os do Canadá e Espanha e se tornou o oitavo do mundo), 1,07
em 2010(quando ultrapassou a Itália) e 0,99 agora.
Porém, a economia brasileira, segundo projeções da EIU, será ultrapassada
pela Índia em 2013. Entretanto, ultrapassará a França em 2014 e, posteriormente, a
Alemanha em 2020. Nesse ano, o Brasil será a quinta economia do mundoe os
Estados Unidos, a China, o Japão e a Índia serão, respectivamente, os primeiros
colocados.
3.2.1 Uma Nova Política Industrial no Brasil
Após o controle da inflação, surge a discussão do papel da política industrial
para a criação de uma estratégia de desenvolvimento econômico, tendo em vista o
novo cenário econômico brasileiro.
O Brasil deve decidir: exportar petróleo in natura ou usar as novas reservas
de petróleo encontradas sob a camada do sal como plataforma indutora de um novo
ciclo de desenvolvimento industrial.
Se a decisão for por exportar produtos de maior valor agregado, como
gasolina e produtos petroquímicos, o país tem em suas mãos a oportunidade de
desenvolver uma política industrial e preencher uma lacuna histórica na estratégia
nacional. Opré-sal será, então, um dos grandes responsáveis por essa nova política
industrial brasileira de desenvolvimento e abrirá uma excelente oportunidade para o
Brasil desenvolver-se economicamente e de reduzir as desigualdades regionais e
sociais. A exploração há mais de 7.000 metros de profundidade exige um valor muito
elevado de investimentos para que tal atividade seja viável comercialmente, é
necessário o desenvolvimento de tecnologia de ponta no país e criação de
externalidades para outros setores.
O pré-sal, dará ao Brasil a oportunidade de buscar cada vez mais sua
autossuficiência, aumentar seu parque industrial,fomentar seu desenvolvimento e
diminuir a desigualdade social.
3.2.2 Os Royalties do Petróleo e o seu significado.
Conforme IlmoSauer em 02.11.2011,o conceito da palavra “royalty”foi
formulado por Hotelling, na década de 1920, como um prêmio a ser pago ao
32
detentor de recursos naturais não reprodutíveis (ás vezes era o rei, daí royalty, o
direito do soberano), em compensação por sua exaustão e sua não disponibilidade
no futuro, quando poderia ter valor muito maior. No Brasil, a Constituição de 1988
diz em seu artigo 20: “São bens da união: V – os recursos naturais da plataforma
continental e da zona econômica exclusiva; VII – os potenciais de energia hidráulica;
IX – 0s recursos minerais, os do subsolo; & 1 – É assegurada, nos termos da lei, aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, bem como a órgãos da administração
direta da União, participação no resultado da exploração de petróleo ou gás natural,
recursos hídricos para fins de geração de energia elétrica e de outros recursos
minerais no respectivo território, plataforma continental, mar territorial ou zona
econômica exclusiva, ou compensação financeira por exploração.Assim,aqui, o
soberano titular dos recursos é o Povo.
Os royalties, no Brasil, são calculados sobre o volume de petróleo produzido
e o preço de referência do campo no mês de apuração. É um valor condicionado
pelo mercado internacional e cai quando o preço do petróleo é desfavorável. A
quantidade a ser paga em um mês de preço baixo pode ser frustrante para as
finanças do beneficiário, seja estado, município ou União. O valor mais alto do total
de royalties e participações especiais gerado no país, no período registrado, foi
atingido no ano de 2008: cerca de R$ 11 bi de royalties e 12 de participações. É
muito, mas comparado à renda potencial que o Pré-sal pode gerar, representa uma
fração marginal.
33
3.2.3 A idéia falsa do Estado Produtor
ConformeIlmoSauer em 02.11.2011, atualmente há um grande debate sobre
o verdadeiro conceito de Estado Produtor. Hoje, esse conceito aplica-se à produção
terrestre de petróleo e considera estado produtor aquele que realmente o produz.
Mas quando se falada produção em alto mar, o estado produtor é essencialmente o
Estado Nacional, uma vez que, a descoberta e a produção de petróleo são frutos de
um esforço de décadas da Petrobrás, empresa que representa o país como um
todo,garantindo a produção, a segurança, a logística, a tecnologia e recursos
humanos necessários à exploração.Portanto, o caminho correto seria aplicar de
forma direta e lógica o princípio constitucional inscrito no caput do Artigo 20,
segundo o qual o petróleo pertence à União, portanto a todos os brasileiros. Dessa
forma, os recursos deveriam ser direcionados para a construção de um país para
todos, e não somente para os estados produtores.Deveriam ser investidos para a
criar uma infraestrutura produtiva, educacional, tecnológica que geraria mais riqueza
do que o valor futuro do próprio petróleo produzido agora, tomado às gerações
futuras.
A distribuição utilizada atualmente, levando em conta apenas esses estados
ditos produtores simplesmente não guarda relação com princípio lógico. O mais
grave porém é que os recursos originários dos royalties e participações especiais
estão sendo queimados em grande medida por Estados e Municípios. Estados,
como o Rio de Janeiro,por exemplo, o maior beneficiário, reivindicam os recursos,
proclamam “direitos adquiridos” para seu orçamento e, ao mesmo tempo outorgam
isenções fiscais para empresas, sem justificativas e sem transparência,
transformando os recursos tomados ao futuro em generosidades empresariais.
3.2.4 Criação do Fundo Social
O artigo 1º da Lei 12.351 dispõe sobrea exploração e a produção de
petróleo, de gás natural e de outros hidrocarbonetos em áreas do pré-sal e em áreas
estratégicas, cria o fundo social – (FS) e dispõe sobre sua estrutura e fontes de
recursos, e altera a Lei no.9.47, que poderá ser um facilitador para tentar diminuir as
desigualdades sociais no Brasil.
34
3.2.5 Diferença entre modelo de Partilha e modelo de Concessão
No artigo 2º, essalei, no seu segundo parágrafo, mostra a diferença do
modelo de partilha e do modelo de concessão:
I - Partilha de produção e não mais concessão: regime de exploração e produção de petróleo, de gás natural e de outros hidrocarbonetos no qual o contratado exerce, por sua conta e risco, as atividades de exploração, avaliação, desenvolvimento e produção e, em caso de descoberta, adquire o direito à apropriação do custo do óleo, do volume de produção correspondente aos royalties devidos, bem como de parcela do excedente bem óleo, na proporção, condições e prazos estabelecidos em contrato.
Segundo o Presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), esse
modelo garante ao Estado o direito de decidir qual o melhor caminho para o petróleo
brasileiro. Dá poder à nação de barganhar a troca desse valioso produto por
tecnologias de ponta egarante àPetrobrás a responsabilidade pela condução e
execução, direta e indireta,de todas as atividades de exploração.
3.2.6 Projeto de Lei 2.565/2011 que tramita no congresso e cria nova regra
para distribuição de royalties do petróleo
A Câmara analisa o Projeto de Lei no.2565/2011 que redistribui os royalties
do petróleo para beneficiar estados e municípios não produtores. A redistribuição
alcança tanto as áreas da camada do pré-sal quanto as do pós sal, que já foram
licitadas.
O projeto, que enfrenta forte oposição dos principais estados produtores
como Rio de Janeiro e Espirito Santo, determina a redução de 50% para 42% da
parcela da união na chamada participação especial – tributo pago por empresas pela
exploração de grandes campos de petróleo, principalmente os recém-descobertos
na camada do pré-sal. A exploração, nesse caso, é contratada peloregime de
concessão.
A participação não inclui os royalties – valores que a União, estados e
municípios recebem das empresas pela exploração de petróleo. Os repasses variam
de acordo com a quantidade explorada. Em relação aos royalties, o relatório traz
uma redução de 30% para 20% na fatia destinada ao governo. O relator propôs que,
35
a partir de 2013, a União receba uma compensação na participação especial de 1%
por ano, até chegar a 46% em 2016.
O relatório também traz perdas para os estados produtores, que terão a sua
parcela do royalties reduzidas de 26,5% para 20%. A participação especial
destinada aos estados produtores, segundo relatório, cai de 40% para 20%.
Vital Rego, Senador elaborador do Projeto de Lei, disse ter definido
percentuais de forma a garantir uma receita de R$ 11,1 bilhões em 2012 aos
chamados estados produtores. Em 2010, eles receberam R$ 7 bilhões. Os estados
não produtores, que receberam R$ 160 milhões em 2010, receberão R$ 4bilhões em
2012, se o projeto for aprovado como está.
Os estados não-produtores alegam que exploração e produção de petróleo
feitas no mar pertencem a União, conforme está escrito na Constituição Federal. Os
representantes desses estados alegam que foi a Petrobrás que investiu em
pesquisas para explorar e produzir petróleo em alto mar; e não os estados que se
dizem produtores. Argumentam ainda que os contratos, tanto no regime de
concessão, como sobe regime de partilha, são firmados entre a Agência Nacional de
Petróleo (ANP) e as companhias petrolíferas.
Já os estados produtores dizem que os recursos recebidos dos royalties do
petróleo são direitos adquiridos e que não podem perder os repasses de um dia para
o outro.
Segue abaixo nova regra para distribuição de royalties - conforme Agência
Câmara de Notícias:
Tabela 04:Distribuição dos Royalties Projeto Lei 2565/2011
Fonte: agência câmara de notícia 2012.
36
A proposta da partilha de produção alteraria duas leis que tratam do assunto.
Uma delas é a 12.351/10, que propõe mudança, na partilha dos royalties, do valor
do percentual da alíquota para 15%, a fim de fazer a compensação financeira pela
exploração de petróleo e gás natural dos municípios e estados à União. O projeto
determina, também, que os critérios para os valores dos royalties sejam definidos
em ato do Poder Executivo, em função dos preços de mercado, das especificações
do produto e da localização do campo onde foi feita a exploração.
A outra lei ser alterada é a Lei 9.478/97, sobre política energética nacional e
o monopólio do petróleo. A mudança visa a reduzir percentuais de divisão dos
royalties entre os estados,os municípios e a União.
3.3 ESTUDAR A POSIÇÃO AMBIENTAL ATUAL DO BRASIL NA ÁREA DO PETRÓLEO
3.3.1 Introdução da Posição Ambiental no Mundo
Os mares e os oceanos são uma fonte abundante de recursos biológicos e
naturais. São responsáveis pela reciclagem de produtos químicos e ciclos
biológicos, fonte de alimentos, de renda, além de constituírem vias naturais de
transporte e comércio.
Durante séculos, os oceanos foram vistos como um lugar conveniente para
se jogar vários tipos de resíduos, lixos efluentes líquidos. Devido a isso, existe pouca
zona costeira completamente sem poluição. A poluição marinha resulta em
permanente degradação do meio ambiente marítimo e costeiro. Estima-se que cerca
de 100.000 animais marinhos morram todos os dias no mundo afora, por ficarem
presos nos restos de plásticos jogados nos mares ou por ingeri-los.
O transporte marítimo é, sem dúvida, o mais barato e ecologicamente
correto. Os petroleiros transportam uma carga superior a 40% de todo o comércio
marítimo mundial, e, na década passada, 58% de todo o petróleo consumido no
mundo foi transportado pelo mar – aproximadamente 1 bilhão e 800 milhões de
toneladas, sendo o volume das cargas que viajam pelos mares e oceanos cada vez
mais frequente e crescente, chegando a números como 20 trilhões de toneladas.
Sem sombra de dúvidas, o transporte marítimo tem contribuído de uma maneira forte
para o progresso da humanidade (COLLYER 2008).
37
Derramamentos de petróleo provenientes de navios, até pouco tempo atrás,
representavam cerca de 10% da poluição global dos oceanos. Entretanto, nos
últimos anos, devido a uma maior conscientização da indústria e à pressão da
sociedade, novas leis são aplicadas a quem polui e novas tecnologias estão sendo
desenvolvidas.Esse percentual vem decrescendo rapidamente e atingindo
patamares aceitáveis.
A melhor solução para um derramamento de óleo, em primeiro lugar, é
sempre evitá-lo. Mas, se o derramamento já ocorreu, é fundamental que os
profissionais responsáveis pela minimização do dano estejam cientes de que
medidas rápidas e eficazes, um plano bem estruturado com equipamentos
apropriados e equipes especializadas são de fundamental importância para uma
pronta e eficaz resposta.
Em todo o mundo, uma consciência voltada para a proteção ambiental e a
preservação do meio ambiente ecoa nos mais diversos setores da sociedade
organizada. A natureza, tão rica e proeminente em recursos para prover os
habitantes do planeta, sente-se seriamente ameaçada pela degradação do meio
ambiente causada pelo homem. Essa ação nociva retarda e prejudica o processo de
desenvolvimento social e tecnológico de qualquer nação. Por conta disso, as
grandes potências mundiais passaram a reunir-se para elaborar metas para a
preservação do meio ambiente; o resultado dessa iniciativa pode ser observado na
figura abaixo, onde é notória a acentuada queda no número de grandes acidentes
no mundo, aqueles considerados acima de 700 toneladas.
Figura03: Fonte: ITOPF Número de grandes acidentes ocorridos de 1970 a 2010
38
3.3.2 Meio Ambiente e Legislação ambiental
Poluição é toda e qualquer agressão causada ao meio ambiente pelo
homem. Essa agressão pode ocorrer de várias maneiras: descarga de gases de
veículos cujo motores estão desregulados; lixo jogado nas estradas, rios, lagos,
baías, lagoas, mares, ruas; lixos residenciais, hospitalares e industriais depositados
em locais impróprios; etc. A que nos interessa abordar neste trabalho, no entanto, é
a poluição contra a qual a indústria de petróleo e as empresas de navegação e
transporte marítimo de carga mais tentam combater: acidentes com vazamento de
óleo nas operações de carga e descarga de navios petroleiros em píeres, operações
em sistemas de dutos, refinarias, plataformas, acidentes envolvendo embarcações,
entre outras.
O meio ambiente foi reconhecido como bem jurídico desde a Lei de Politica
Nacional de Meio Ambiente(Lei 6.938/81), quando o art. 3º o definiu como “o
conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e
biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas” e deve ser
preservado. Por isso, quase sempre os vazamentos de óleo de navios atraem a
atenção da mídia e do publico, motivando novas legislações. Contudo, uma
quantidade significativa de óleo derramado no mar provém de outras fontes –
incluindo infiltrações do ambiente natural, conhecidos com exsudações -, descargas
do processo de refinamento, operações de distribuição e venda, assim como
disposições por parte dos usuários finais do produto do óleo (IPIECA,2010).
3.3.3 Direito Ambiental
Entende-se como Direito ambiental o conjunto de princípios e normas
reguladoras das atividades humanas que, direta ou indiretamente, possam afetar a
sanidade do ambiente e a sua dimensão global, visando a sua sustentabilidade para
presentes e futuras gerações (EDIS MILARÉ).
Com vistas a regular as atividades e as inter-relações humanas sobre a
natureza, de acordo com os princípios dados pelo Direito Ambiental, no Brasil há um
conjunto de regras obrigatórias que são estabelecidas por:
• Constituição Federal;
39
• Leis Complementares;
• Leis Ordinárias;
• Medidas Provisórias;
• Decretos;
• Resoluções;
• Normas.
A Constituição Federal de 1988 foi a primeira a consolidar a autonomia
jurídica do bem ambiental, refletindo o interesse primário na conservação da
qualidade ambiental.
“O meio ambiente é patrimônio público e deve ser protegido pelo Estado e pela sociedade”(Art. 255 da CF/1988).
3.3.4 Licenciamento ambiental
O licenciamento ambiental é um procedimento pelo o qual o órgão ambiental
competente – federal (IBAMA), estadual ou municipal – permite a localização,
instalação, ampliação e operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de
recursos ambientais, e que possam ser considerados efetiva ou potencialmente
poluidoras, ou daquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação
ambiental.
Este licenciamento possui as etapas de Licenciamento prévio, instalação e
Operação. A Licença Prévia é solicitada durante a fase de planejamento, aprovando
ou não a sua implantação. A Licença de Instalação aprova os projetos e autoriza o
inicio de seu empreendimento, uma vez que a Licença Prévia tenha sido concedida.
A Licença de Operação é a que autoriza o definitivofuncionamento das atividades.
3.3.5 Investimentos da Petrobras no Meio Ambiente
Conforme Petrobrás Meio ambiente(2011). A responsabilidade ambiental faz
parte da missão da Petrobrás e está totalmente ligada aosseus negócios. A empresa
trabalha visando garantir o futuro sustentável das próximas gerações - seu foco é a
eco-eficiência.
40
Para ela, não basta só produzir, refinar e distribuir petróleo dentro dos mais
rigorosos padrões de segurança, mas também buscar a excelência em suas
operações. Com a utilização racional de água e energia e a menor geração possível
de efluentes, resíduos e emissões em todas as unidades, reduziu o impacto no meio
ambiente e reforçou o seu compromisso.
De 2000 a 2011, a Petrobrás investiu mais de R$ 43,5 bilhões em
Segurança, Meio Ambiente e Saúde. Parte desse valor foi usado na instalação de
Centros de Defesa Ambiental (CDA) em todo Brasil, assim divididos em:
• Amazônia
• Bacia de Campos
• Bahia
• Centro-Oeste
• Espírito Santos
• Maranhão
• Rio de Janeiro
• Rio Grande do Norte
• São Paulo
• Sul
Cada CDA dos dez existentes, conta com lancha, balsas, recolhedores de
óleo, dispersantes químicos e outros equipamentos.
Além dos CDA’s, conta também com 13 bases avançadas desses centros,
além de três embarcações equipadas com recursos necessários para agilizar e tornar
mais eficiente e mais eficaz a resposta em caso de vazamentos de óleo. Mantidas de
prontidão no litoral brasileiro, essas embarcações permanecem tripuladas 24 horas
por dia, e cada uma delas é apta a recolher até 300 litros de óleo por hora do mar.
Para suas perfurações em águas profundas, utiliza um sistema adicional
para acionamento do BOP (BlowoutPreventer), através de sistema acústico,
complementando os sistemas que são aplicados em outros países.
A Petrobrás apoia de forma voluntária inúmeros projetos ambientais.A
previsão é que o programa Petrobrás Ambiental invista um total de R$ 500 milhões
em iniciativas de preservação ambiental em todos os biomas brasileiros.
41
Em mais de vinte anos de produção na Amazônia, a Petrobrás tornou-se
referência em responsabilidades socioambiental, contribuindo para a melhoria da
qualidade de vida na região. Nesse cenário, considerado um santuário ecológico,
construiu nossa base de operações, onde desenvolve atividades de exploração e
produção de petróleo e gás natural, com foco na qualidade de seus processos.
Outros exemplosde preservação do Meio Ambiente que demonstram a
preocupação do crescimento com a sustentabilidade, preservando a qualidade de
vida, são:
• Golfinho-rotador - Preservação do comportamento;
• Mata Atlântica - Conhecer para preservar;
• Coral Vivo - Conservação no fundo do mar.
3.3.6 Sistema de Gestão Integrada de SMS e Certificações de SMS na Petrobrás
Conforme site Petrobrás meio ambiente (2011), a busca da excelência em
Segurança, Meio Ambiente e Saúde (SMS), objetivo previsto em seu plano
estratégico, levou a Petrobrás a estabelecer, como uma de suas metas, a
certificação de suas unidades de acordo com as normas internacionais de gestão de
SMS. Assim, em dezembro de 2009, a Companhia possuía 39 Certificações
Integradas de acordo com as normas ISO 14001(Meio Ambiente), BS 8800 ou
OHSAS 18001 (Segurança e Saúde). Essas certificações cobriam a maior parte das
unidades de negócio e de serviço da Companhia no Brasil e no exterior. Vale
ressaltar que alguma
s das unidades também estavam certificadas com conformidade com a
norma ISO 9001(Qualidade). As unidades certificadas somente por uma das normas
internacionais supracitadas não foram consideradas no cômputo das certificações
integradas.
42
4 ANALISAR A POSICÃO DO BRASIL NOS PRÓXIMOS VINTE ANOS EM
RELAÇÃO A PAÍSES PRODUTORES DE PETRÓLEO NO MUNDO E SUAS CONSEQUÊNCIAS GEOPOLÍTCAS
4.1 INTRODUÇÃO DA POSIÇÃO DO BRASIL NO CENÁRIO MUNDIAL COM RELAÇÃO À SUA PRODUÇÃO DE PETRÓLEO
Nos próximos vinte anos, com a descoberta do pré-sal, o Brasil poderá
estarentre os três maiores produtores de petróleo do mundo. Essas estimativas,
ainda recentes, são baseadas em estudos e avaliações efetuadas com um grau
bastante elevado de segurança e deixa o país muito temeroso quanto à real
necessidade de assegurar essa valiosa área chamada Amazônia Azul. A reativação
da IV Frota Americana para o Atlântico Sul, logo após a descoberta do pré-sal, deixa
transparecer o interesse dos Estados Unidos em efetuar exercício em conjunto no
Atlântico Sul e isso deve ser avaliado e analisado com mais profundidade.Pois seus
objetivos, nas áreas onde o petróleo é abundante,sempre foi,seja através de
diálogos ou de conflitos,defender seus próprios interesses.
Conforme gráfico os Estados Unidos ocupam o primeiro lugar e consomem
cerca de 24,3% de todo petróleo produzido no mundo.
Quadro:2: Os 10 Maiores Consumidores de Petróleo no Mundo.
43
Fonte: Site da BP(BritshPetroleum), 2008. Neste mesmo cenário, presencia-se o desenvolvimento da China assim
como da Índia. Essas duas economias vêm crescendo num processo acelerado e
possuem juntas mais de 2,5 bilhões de habitantes. Daqui a 20 anos, aumentarão
sua população e terão uma necessidade maior de continuar produzindo e
sustentando essa massa de pessoas. O que eles poderão buscar em países, como
o Brasil, com um potencial elevadíssimo de riquezas naturais, em especial o petróleo
proveniente do pré-sal?Levando-seem consideração que ambos têm um poder
militar bélico bem superior ao brasileiro, inclusive a bomba atômica, o que essas
nações poderiam fazer para não deixar seu povo passando por necessidades?
precisamos avaliar a política de investimentos na área de Defesa e fazer cumprir o
Plano de Articulação e Equipamento da Marinha do Brasil (PAEMB).
A Amazônia Azul precisa ser defendida e resguardada dos interesses
internacionais. O petróleo é a maior riqueza do Brasil e localiza-se em áreas bem
afastadas do seu território. É importante que esse tesouro seja preservado e queo
país mostre a quem de direito seu poder de dissuasão.
A Petrobrás tem ajudado o Brasil na sua busca por respeito e
reconhecimento. Os grandes e promissores investimentos dessa empresa elevam a
posição do Brasil no cenário mundial. Portanto, é mister analisar os investimentos da
Petrobrás no cenário mundial, em especial na América do Sul, América do Norte e
África.
4.1.1 A Petrobrás Situada na América do Sul, como Estratégia Geopolítica
4.1.1.1 A Petrobrás Situada na Argentina
De acordo com o Globo (20/04/2012),o Governo Argentino quer aumentar de
8% para 15% a participação da Petrobrás naquele país epretende que a Petrobrás
amplie suas atividades. No entanto, o Brasil não se mostra disposto a elevar seus
investimentos na Argentina. O Ministro das Minas e EnergiaEdson Lobãoafirma que
vai manter os investimentos no patamar dos R$ 500 milhões aplicados no ano de
2011” e justifica que no presente, o país está voltado para gastos no pré-sal.
44
4.1.1.2 A Petrobrás Situada no Chile
Petrobrás Chile (19/07/2012). A Petrobrás deu inicio às suas operações no
Norte do Chile, em 13 de janeiro de 2011, um ano e meio após sua chegada ao país
com a abertura de um dos seis pontos da área de Antofogasta.
Além disso, a petroleira fornece óleo a uma série de mineradoras da região
e, em breve, começará a operar em conjunto com a Companhia de Petróleo de Chile
(Copec), o terminal de descarga combustível, Mejillones, o que garantirá o
fornecimento de energia da área por via marítima, a partir dos centros de refino do
petróleo.
A consolidação da Petrobrás no Chile está em consonância com o Plano
Estratégico da empresa brasileira, que prevê sua expansão emdiversas regiões da
América Latina.
4.1.1.3 A Petrobrás Situada no Uruguai
Petrobrás Uruguai (19/07/2012),a Petrobrás atua no Uruguai desde 2004,
quando fez uma parceria com a estatal do Uruguai, Administración Nacional de
CombustiblesAlchool y Portland (Ancap),para a distribuição de gás natural no interior
do país.
Em 2006 a Petrobrás continua sua ampliação, sua atuação no Uruguai foi
ampliada no setor de gás natural, quando foi concluída a aquisição de 66% das
ações da antiga GasebaUruguaya S.A., hoje MontivieoGas. A empresa é uma
concessionária de distribuição, por duto, de gás natural, de gás liquefeito de petróleo
(GLP) e de gás manufaturado na capital uruguaia. Essa concessão, válida até 2025,
abrange a cidade de Montevidéu.
No presente, distribui gás natural na capital e no interior do país e
possuipostos de serviços em todo o território uruguaio para o fornecimento de seus
produtos, além de atuar na exploração de petróleo na bacia de Puntadel Leste.
Pode se dizer, então, que suas atividades no Uruguai, hoje, abrangem os
segmentos de exploração, produção, distribuição e comercialização de
combustíveis.
45
Para a Petrobrás, a sua atuação no Uruguai é muito importante para a
integração do Cone Sul.
4.1.1.4 A Petrobrás Situada na Bolívia
Petrobrás Bolívia (19/07/2012). A Petrobrás Bolívia foi criada no final de
1995 e iniciou suas operações, efetivamente, em meados de 1996. No país, seus
investimentos são voltados para o gás e sua atuação é focada no desenvolvimento
da indústria de hidrocarbonetos.
A Petrobrás tem participação em transporte – via Transierra – e compressão
– na Planta de Rio Grande – operando parte dos sistemas de transporte de gás
natural para o Brasil e também o gasoduto Yacuiba-Rio Grande(Gasyrg) que, em
conexão com o gasoduto Bolívia-Brasil, garante a transferência da produção de gás
natural dos campos de San Alberto e San Antonio.
Segundo dados da empresa brasileira, suas duas refinarias, que ficam nas
cidades bolivianas de Cochabamba e Santa Cruz, são responsáveis por 100% da
gasolina consumida e produzida no país (que é auto suficiente no combustível),por
95% do diesel produzido e por 70% do diesel consumido.
A questão do controle das refinarias está sendo discutida porque, segundo
um dos pontos do decreto de nacionalização dos hidrocarbonetos bolivianos,
assinado peloPresidente Evo Morales, em 1º de maio do ano passado, a YPFB,
estatal boliviana de petróleo, tem o “direito” de controlar toda a cadeia de produção,
refino e distribuição de hidrocarbonetos no país. O que está sendo discutindo agora
é a venda de 100% das ações da refinarias.
A nacionalização do gás boliviano, decretado pelo Presidente Evo Morales,
reverteu a privatização das reservas feita na década de 90. Com a medida, o
governo atende a determinação da lei de hidrocarbonetos, aprovada há três anos.
Com todos esses novos contratos que as 12 empresas estrangeiras que
atuam na área de petróleo e gás no país assinaram com a Bolívia em função da
nova lei, por 30 anos, as empresas passam a destinar 50% das receitas de suas
operações para o Estado boliviano, e os 50% restante servem para garantir um
retorno mínimo para suas despesas e investimentos, divididos com a estatal
boliviana de petróleo, a YPFB. Na avaliação da Petrobrás, a remuneração prevista
para empresa é suficiente para garantir que ela não tenha prejuízos.
46
A Petrobrás é hoje, a maior empesa em operação na Bolívia e responde por
cerca de 25% da arrecadação de impostos do governo boliviano e por 18% do
Produto Interno Bruto (o total de riquezas produzidos em um ano) do país.
4.1.1.5 A Petrobrás Situada na Venezuela
De acordo Exame Abril (16/01/2012),a Petrobrás atua na Venezuela desde
2003, e sua atividade no País é de exploração e de produção de petróleo e de gás.
Sua participação é como operadora, em sociedade com a Petróleos de Venezuela
SA (PDVSA) e outras empresas mistas que operam em campos terrestres de
produção no país.
Essa relação comercial passou a ser mais interessante para o Brasil, a partir
da posição ocupada pelaVenezuela,no ranking mundial, como a segunda maior
reserva provada no mundo - cerca de 211 bilhões de barris de petróleo.
O maior e mais importante investimento realizado entre as duas companhias
a construção da refinaria Abreu Lima, localizada em Recife (PE), que deverá ter
capacidade de refinar mais de 230 mil barris dia de petróleo. De acordo com o
Ministro de Energia venezuelano, Rafael Ramirez, a estatal petrolífera da
Venezuela, a PDVSA, dará em breve sua contribuição para a parceria que tem com
a Petrobrás.
A PDVSA terá 40% por cento de participação no projeto da refinaria ocusto
total da construção está estimado em 12 bilhões de dólares.
4.1.2 A Petrobrás Situada na América do Norte, como Estratégia Geopolítica
4.1.2.1 A PETROBRÁS Situada nos Estados Unidos no Golfo do México, Como Estratégia Geopolítica
De acordo Petrobrás U.S.A. (19/07/2012),a Petrobrás atua em exploração e
produção nos EUA desde 1987, quando adquiriu participações em oito blocos no
setor americano do Golfo do México, mas conquistou o reconhecimento mundial,
com a sua atuação na costa americana, no Golfo do México, nas operações
desenvolvidas em águas profundas e ultraprofundas.
47
Formou parceria com algumas das maiores empresas petrolífera do mundo.
Devido a isso, com o aumento, nos últimos anos, de nossa participação na
exploração e produção petrolíferas em águas profundas.
Devido a isso, mantém atividades no seguimento do trading, com a
comercialização de petróleo e outros produtos e, desde 2008 na área de refino, após
a aquisição da Refinaria de Pasadena, localizada no Texas, quepossui capacidade
de processamento de 100 mil barris/dia.
Na costa americana, no Golfo do México, a Petrobrás intensificou suas
atividades com o objetivo de consolidar sua posição na área para onde as maiores
empresas do mundo se voltam. Com as concessões exploratórias de petróleo e gás,
tem aproximadamente 190 blocos na costa americana, dos quais atua, em mais da
metade, como operadora. A maioria está em fase exploratória e há sete em
produção.
As maiores promessas vêm de campos de Cascade e Chinook, operadas
pela Petrobrás, e de Saint Malo e Stones, operados por parceiros, todos localizados
a uma profundidade de 2.500 metros.
Com esse projeto, a Petrobrás está modificando com sucesso a maneira de
se operar nas águas do Golfo, onde está sendo aplicada sua tecnologia offshore,
desenvolvida e implantada com sucesso no Brasil há mais de 30 anos. A companhia
será a primeira a instalar um navio-plataforma do Tipo FPSO(floating
productionstorage e offloading/unidade flutuante de produção, estocagem e
escoamento) na parte norte-americana do Golfo. A embarcação começou a operar
em 2011. Além do FPSO, o transporte de petróleo por navios aliviadores
DP/ST(Navios de posicionamento dinâmico shuttletankers)e uso de bombas
submersas e risers (linhas submarinas de escoamento) autossustentáveis fazem
parte das inovações que a Petrobrás está levando para a região.
48
Figura 3: FPSO (Floating ProductionStorageOffloading P-54). Fonte: site da petrobras.com.br
4.1.3 A Petrobrás Situada na África, Comoestratégia Geopolítica
Blog Petrobras (03/05/2012). Durante o seminário “Investimento na África”,
que contou com a participação do ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da
Silva, a presidente da Petrobrás, Maria das Graças Silva Foster, afirmou que“a África
constitui um excepcional mercado novo” e destacou que “existe grande similaridade
geológica entre as acumulações que temos no Brasil com as potenciais
acumulações que se encontram hoje na África.”Pode se concluir então que há um
grande interesse da Companhia na região.
A Petrobrás exerce atividades em sete países africanos, com destaque para
a Nigéria, e possui um plano de investimentos em biocombustíveis em Moçambique.
Atualmente atua em exploração e produção offshore em Angola, Benin, Gabão,
Líbia, Nigéria e Tanzânia e, de acordo com o plano de Negócios 2011-2015, serão
investidos US$ 2,4 bilhões em projetos no continente nesse período.
A presidente da Petrobrás destacou as relações comerciais com a Nigéria,
onde são produzidos atualmente 58 mil barris de óleo equivalente por dia (boed),e
os investimentos em produção de biocombustíveis em Moçambique.
49
4.2 ANALISAR A POSICÃO DO BRASIL NOS PRÓXIMOS VINTE ANOS EM RELAÇÃO A PAÍSES PRODUTORES DE PETRÓLEO NO MUNDO E SUAS CONSEQUÊNCIAS ECONÔMICAS
4.2.1 Cenários Possíveis de Recursos Provenientes Pré-Sal Para Economia Brasileira na Sua Representação
Conforme Jones Alexandre Barros Soares (2010, p.22-25),as riquezas
geradas pelo Pré-sal necessita, pela magnitude representada, de um planejamento
adequado. Apesar das previsões citadas anteriormente, há possibilidade de o pré-
sal gerar 300 bilhões de barris de petróleo. Fazendo uma conta por um terço disso,
100 bilhões de barris, observamos que o custo de produção, hoje, no mundo, é de
cerca de 8 dólares por barril . Como a tecnologia necessária para explorar o pré-sal
é maior, supondo o valor de 25 dólares o barril para extração e mais os descontos
provenientes do pagamento de impostos e royalties, com a cotação do barril a 100
dólares, hoje é possível ter um “lucro” de 75 dólares sobre o barril. Se multiplicarmos
esses 75 dólares de “lucro” por 100 bilhões de barris, teremos 7,5 trilhões de
dólares. Essa é a riqueza já pesquisada e descoberta pela Petrobrás, calculada para
o cenário mais pessimista possível. É uma riqueza realizável no tempo, durante, por
exemplo, 20 anos, e levaremos 6 ou 7 anos para atingir uma boa produção.
Divididos esses 7,5 trilhões de dólares por 20 anos, dá 375 bilhões de dólares ao
ano. O que representariam estes 7,5 trilhões de dólares? O que dá para fazer com
isso?
O orçamento do projeto do trem-bala Rio-São Paulo é de 15 bilhões de
dólares. Com 300 bilhões de dólares pode-se fazer 20 trens-bala, ligando de Porto
Alegre a Belém, passando por São Luís, Teresina, Fortaleza, Maceió, Aracaju,
Cuiabá, Campo Grande e por aí afora. Isso permitiria o transporte barato de pessoas
e da produção, integrar regiões a um preço baixo, economizar na manutenção de
estradas e ter um transporte mais seguro, mais confortável e mais limpo. Esses 300
bilhões de dólares seriam 4,5% da riqueza do pré-sal, na pior hipótese que é de
apenas 100 bilhões de barris.
Orçamento anual da Universidade de Harvard é de 3bilhões de dólares. Com
60 bilhões de dólares pode-se sustentar uma universidade do mesmo nível de
Harvard durante 20 anos.
50
O INSS paga anualmente o equivalente a 100 bilhões de dólares em
benefícios. Com o equivalente a mais de três anos de pagamento de benefícios, 300
bilhões de dólares, é possível corrigir e manter as aposentadorias do INSS. É
possível resgatar os valores das aposentadorias e pensões, e resgatar a dignidade
dos aposentados. Somando 20 trens-bala, a “Harvard Tropical”, o resgate dos
aposentados e pensionistas, teríamos 660 bilhões de dólares. Os três projetos
mencionados até agora envolveriamapenas 9% por cento da riqueza do pré-sal.
Praticamente todo o financiamento brasileiro da indústria, habitação,
saneamento, renovação do parque industrial, incorporação de novas tecnologias é
feito com recursos do FAT, via BNDES. O FAT – Fundo de Amparo ao Trabalhador,
que também paga o seguro-desemprego, tem um patrimônio próximo a 90 bilhões
de dólares. O FGTS acumulou, até hoje, cerca de 100 bilhões de dólares. Esses
dois fundos totalizam, então, o valor de 190 bilhões de dólares. O Brasil pode fazer
um novo fundo, com o pré-sal, igual à soma do FAT e do FGTS, mais os 20 trens-
bala, mais a “Harvard Tropical”, mais corrigir e manter aposentadorias do INSS, e
mesmo assim isso somaria apenas 11,3% de uma projeção rasteira dos recursos do
pré-sal. Isso totalizaria, por alto, 850 bilhões de dólares.
O orçamento federal da Educação é de 17 bilhões de reais, ou 9 bilhões de
dólares. Esses recursos podem ser triplicados: os 9 existentes mais 18 bilhões de
dólares. Com esse acréscimo de 18 bilhões de dólares ao orçamento já existente,
em 20 anos seriam gastos 360 bilhões de dólares. Isso permitiria, finalmente, a
Escola Pública em tempo integral, com alimentação, médico, dentista, biblioteca,
computadores, atletismo, esporte, cultura. A conta, aqui, chegou a 1,09 trilhão de
dólares.
O orçamento da saúde, que sustenta o SUS, é de 43 bilhões de reais, ou
cerca de 22 bilhões de dólares, ou 440 bilhões de dólares em 20 anos. Isso é 8% do
total do petróleo da camada pré-sal segundo a conta mais pessimista. Aqui, a conta
sobe para 1,530 trilhão de dólares, ou 28% do total do pré-sal.
Para fins meramente comparativos a dívida interna brasileira está em 1
trilhão de reais, ou 500 bilhões de dólares. Somado isso aos projetos anteriores,
seriam gastos 2,03 trilhões de dólares. E estamos falando na conta mais pessimista,
de 7,5 trilhões de dólares de reservas
Isso tudo dá um total de 2,03 trilhões de dólares, ou 30% do que temos no
pré-sal de acordo com os cálculos absolutamente pessimistas que fizemos.
51
Só que o pré-sal pode ter 300 bilhões de barris; o petróleo pode ir
rapidamente a mais de 100 dólares, como exemplo do preço do barril de US$
125,00: o custo de extração permaneceria em 25 dólares, o que aumentaria o “lucro
líquido” nas mesmas proporções do preço do barril. Nessa hipótese, teríamos 300
bilhões de barris multiplicados por US$ 100 dólares de “lucro líquido”, o que daria 30
trilhões de dólares. Essa posição é de um cenário otimista.
4.2.2 Pré-sal e o Orçamento de Defesa Nacional
Toda essa riqueza contudo irá despertar a cobiça internacional,
especialmente num cenário de insegurança energética mundial de países
desenvolvidos como os EUA, ou de países em ascensão, como China e Índia. Surge
então a questão da Defesa Nacional a fim de escudar esta riqueza, como fator
fundamental para que o pré-sal atinja seu verdadeiro objetivo de proporcionar um
ciclo de progresso grandioso e longo para o Brasil. O orçamento militar brasileiro foi,
por exemplo, de cerca de 61,00 bilhões de reais ou cerca de 30,3 bilhões de dólares
em 2011. Todavia, os valores destinados à investimentos são muito pequenos o que
nos leva a ter uma situação atual de sucateamento dos equipamentos das forças
armadas. Isso é particularmente preocupante no caso do pré-sal, devido às suas
especificidades de localização, no tocante ao Poder Marítimo. Duplicando este valor
que seria cerca de 3% do produto interno bruto(60,3 bilhões de dólares), enfatizando
o investimento em renovação e modernização dos equipamentos, em especial Poder
Marítimo, representaria uma atitude correta para defender esta riqueza. Em 20 anos,
teríamos 1.210 trilhões de dólares ou apenas 16,3% de uma projeção rasteira dos
recursos do pré-sal. (Os EUA por exemplo, gastam 548 bilhões de dólares/ano) que
equivale cerca de 4% do produto interno bruto americano.
4.2.3 Cenários Possíveis de Recursos Provenientes Somente dos Royalties
do Pré-Sal para Economia Brasileira
O montante dos royalties provenientes da produção de petróleo, em especial
os do pré-sal, representa e irá representar valores significativos que poderão e
deverão ser utilizados com objetivos diretos para a educação, a ciência e tecnologia
e os programas sociais. São três fatores básicos para alavancar o desenvolvimento
52
de uma Nação. E em especial para a defesa do pré-sal garantindo esse precioso
bem.
O que não se pode é ficar sem uma definição concreta e objetiva, sem
metas diretas, sem modelos que possam ser aplicados.A Noruega pode ser citada
como exemplo pelaforma própria de aplicação e utilização desses recursos
4.2.3.1 O Modelo Norueguês
Conforme José Roberto Rodrigues Afonso, Sergio WulffGobetti,poucos
assuntos provocam tantas opiniões, emoções e controvérsias como o petróleo. Um
raro consenso é o sucesso da Noruega na gestão das suas enormes reservas. De
fato, quatro décadas após Ekofisk, a primeira descoberta gigante na plataforma
continental norueguesa, há hoje um amplo reconhecimento do acerto das políticas
adotadas naquele país. A Noruega conseguiu conciliar o que parece inconciliável:
dirigismo discricionário com eficiência e sem corrupção; protecionismo local e evoluir
para competitividade internacional; produção com respeito ao meio ambiente;
arrecadar e não gastar. A riqueza dos seus recursos naturais transferida do subsolo,
onde não tem nenhum valor, para um fundo de investimentos, soberano e
transparente, que já acumula cerca de 400 bilhões de dólares. Esse valor é aplicado
no exterior, e o governo só pode utilizar um máximo de 4% do valor do fundo por
ano(equivalente á perspectiva de rendimento real anual). È um dos poucos países,
senão o único grande exportador de petróleo a conseguir estender crescimento e
prosperidade a toda sua população e às gerações futuras, a transformar em bênção
a maldição do petróleo.A Noruega goza de uma qualidade de vida tão elevada que
nem todo esse montante é utilizado.
Com relação ao Brasil, é necessário objetivar e direcionar com qualidade e
honestidade esses tão valiosos royaltiespara que não haja desvios e os recursos
cheguem ao destino certo. Deve haver um maior controle para que esses
recursossejam plicados diretamente na infraestrutura, na educação, na ciência e
tecnologia, nos programas sociais e, em especial, nadefesa da nossa Amazônia
Azul.
Não se pode permitir que se ocorra como na CPMF, em que os recursos
especificamente destinado à saúde nunca chegavam no total a seu destino. É
preciso criarmecanismos de proteção, para que tais recursos alcancem seu principal
53
objetivo. Para tal, seriam necessários um planejamento objetivando atingir metas
para 2020 e a criação de um plano de Estado e não de Governo, pois esse sempre
termina visando os objetivos políticos momentâneos.
4.3 ANALISAR A POSICÃO DO BRASIL NOS PRÓXIMOS VINTE ANOS EM RELAÇÃO A PAÍSES PRODUTORES DE PETRÓLEO NO MUNDO E SUAS CONSEQUÊNCIAS AMBIENTAIS
4.3.1 Cenários de Poluições de Grandes Proporções Causadas por Óleo no Mundo que Provocaram Grandes Mudanças nas Decisões Voltadas a Defesa do Meio Ambiente
Conforme Marcus Vinicius Lisboa Brandão(2012),após o grande acidente
ocorrido no Campo de Macondo, no Golfo do México em abril de 2010, sinistro que
provocou a morte de onze pessoas com a explosão e afundamento da plataforma
DeepwaterHorizon, e passou a ser o maior desastre ambiental em termos de volume
ocorrido no mundo – quase cinco milhões de barris derramados – mexendo de forma
profunda, não só financeiramente mas também com a imagem de uma das maiores
empresas de energia do mundo, a British Petroleum; e o que ocorreu com a Exxon,
há 23 anos no Alasca, por ocasião do encalhe e vazamento com o petroleiro Exxon
Valdez; houveuma mudança nos padrões de segurança, na análise de riscos e no
gerenciamento do processo da indústria do petróleo a níveis mundiais.
4.3.2 As Entidades do Governo Federal no Brasil Fundamental na Presença e Apoio num Eventual Acidente com Vazamento de Grandes Proporções
Conforme Marcus Vinicius Lisboa Brandão(2012),por maior que seja o poder
econômico das atuais grandes empresas de energia, é fundamental a representação
através dasForças Armadas: Marinha, Aeronáutica e Exército; Ministério das Minas e
Energia; Ministério do Meio Ambiente, e de instituições reguladoras / fiscalizadoras
como o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e de Recursos Naturais Renováveis
(IBAMA), a Agência Nacional de transportes Aquaviários (ANTAQ), o Instituto
Brasileiro do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP) e a Diretoria de Portos e Costas
(DPC) - em caso de ocorrência no Brasil de acidentes similares aos ocorridos tanto
em Macondo, comono Alasca.
54
4.3.3 Plano Nacional de Contingência (PNC)
Conforme Marcus Vinicius Lisboa Brandão(2012),Muitos países,
principalmente os mais desenvolvidos, possuem uma estrutura que o Brasil vem há
alguns anos tentando implantar, que é o Plano Nacional de Contingências (PNC).
Esse plano é um requisito obrigatório para os países signatários da Organização
Marítima Internacional que assinaram a Convenção Internacional sobre, Resposta e
Cooperação, conhecida como OPRC-90 – e o Brasil passou a ser signatário desta
convenção no ano de 1995. Essa Convenção além de prever a obrigação dos
estados de cooperar entre si em caso de sinistro, incentiva também a troca de
informações, resultados de pesquisa, e assistência e apoio em eventos
emergenciais de grande magnitude.
Assim sendo, este Plano Nacional de Contingências, é fundamental para
que tenhamos o mais rápido possível a aprovação da autoridade governamental
competente. O problema é que, para ser aprovado pela Casa Civil,é necessário que
dezessete Ministérios ratifiquem, e apenas três o fizeram. É preciso, através da
mídia e da sociedade, fazer cumprir sua ratificação, pois só com esse Plano pode-se
atender os requisitos necessários dos órgãos internacionais.
Com o advento do pré-sal,aumentará demasiadamente o transporte de
petróleo pelo mar, uma vez que, devido ás grandes distâncias das unidades de
produção até a costa, é inviável a utilização de oleodutos. Haverá, também, um
aumento da capacidade de refino e da movimentação de cargas potencialmente
poluidores pelo país, tendo em vista as dimensões continentais de nosso território.
Vale ressaltar que mais de 90% desta produção ocorrerá em águas
profundas, bem afastadas do litoral brasileiro, o que dificulta sobremaneira as ações
logísticas de atendimento em caso de ocorrências de sinistros.
Os últimos acidentes ocorridos no Campo de Macondo, no Golfo do México,
e no Campo de Frade, na Bacia de Campos, e suas repercussões na mídia,
mostraram que essa atividade de risco deve ser permanentemente controlada.
Políticas firmes, bem conduzidas e alinhadas nas esferas federais, estaduais e
municipais são condições fundamentais para que as empresas que exercem as
atividades de exploração, produção e movimentação de petróleo no Brasil tenham
55
em mente que não se permitem erros e falhas, por menores que sejam. O petróleo é
fonte de energia de grande utilização e precisa ser explorado para seu uso direto.
Riscos, nessa atividade, são eminentes, mas não se pode falhar. Portanto, é
necessário que se esteja preparado com profissionais capazes, equipamentos de
ponta e tecnologia avançada para amenizar os prejuízos ao meio ambiente e a todos
os envolvidos.
4.3.4 Organizações Mundiais de Resposta ao Combate de Derramamento de Óleo – ORSO
• Alaska Clean Seas (ACS);
• Australian Marine Oil Spill Center (AMOSC);
• Clean Caribbean & Americas (CCA);
• East Canadian Response Center (ERCC);
• Western Canada Marine Response Corporation (WCMRC);
• Olil Spill Response Limited (OSRL);
• Marine Spill Response Corporation (MSRC);
• Norwegian Clean Seas Association for Operation Companies – NOFO;
• Centro de Defesas Ambientais (CDAs) no Brasil.
Dentro dos órgãos mundiais acima mencionados, pode-se destacar,
especificamente, os Centros de Defesa Ambientais no Brasil. Esses centros foram
criadas pela Petrobras, a partir de 2001, quando ocorreram dois grandes acidentes
ambientais: o rompimento do duto que ligava o Terminal da Ilha D’água à refinaria
de Duque de Caxias, na Baía de Guanabara;e o rompimento de outro duto na
refinaria do Paraná, afetando o rio Paraná. A partir de então, a Petrobrás instalou no
país dez Centros de Defesa Ambiental (CDAs), cujo objetivo é assegurar a máxima
proteção às suas unidades operacionais em caso de emergências.
Atendendo aos mais modernos padrões internacionais e localizados em
pontos estratégicos onde a companhia realiza operações, os CDAs cumprem hoje
uma função de apoio operacional e logístico, ou seja, completam os planos de
emergência locais, que são baseados em várias hipóteses acidentais já existentes
nos seus terminais, refinarias, plataformas e embarcações a serviço da Petrobrás.
56
Cada centro, dos dez existentes em todo o Brasil, está equipado com
lanchas, embarcações, equipamentos recolhedores de óleo de alta e média vazão,
barreiras de contenção e absorção, além de equipamentos de comunicação e
veículos que podem rapidamente ser deslocados de forma rodoviária ou área para
combate a emergências em qualquer lugar do país.
Cada Centro de Defesa Ambiental conta hoje com cerca de 20 operadores
especializados em operações de emergência(combate a poluição por óleo), todo a
postos 24 horas por dia, sendo estes profissionais treinados e possuidores de
certificação internacional que realizam regularmente treinamentos e simulações para
garantir ao sistema uma máxima proteção.
Figura 4: CDAs, Bases Avançadas e Postos dedicados operados pela Petrobrás Fonte: Site da Petrobras área meio ambiente
57
4.3.5 Iniciativas Global para Prevenção de Poluição por Óleo
• Ações Globais da Associação Internacional das indústrias de petróleo e
gás voltadas ás questões ambientais e sociais (IPIECA). Hoje
responsável por mais de 60% da produção mundial de petróleo.
• Interfaces entre a Organização Marítima Internacional e a IPIECA
• Mar Cáspio, Mar Negro e Eurásia Central (OSPRI)
• Mar Mediterrâneo (MOIG)
• Programa de Combate a Poluição na África (WACAF)
• Sudeste e Noroeste da Ásia
• América Latina e Caribe (ARPEL)
• Associação Internacional Armadores de navios Petroleiros (ITOPF)
A Associação Internacional de Armadores de Navios Petroleiros(ITOPF) é
mais uma organização sem fins lucrativos, que trabalha diretamente para armadores
de navios e seguradoras, apoiando através dos mais competentes consultores
internacionais, substâncias nocivas e perigosas. Foi criada após o acidente ocorrido
no Canal da Mancha, envolvendo o navio TorreyCanyon, onde após um encalhe,
cerca de 120.000 m3de petróleo bruto vazaram para próximo à localidade de
LandsEnd, na Inglaterra, provocando um dano ecológico de aproximadamente dez
anos para ser totalmente recuperado. Como não havia métodos eficazes na época
para atendimento a respostas, usou-se de dispersantes altamente tóxicos, o que fez
surgir diversos problemas relacionados a essa técnica. A partir de então, verificou-se
a necessidade de equipamentos e de pessoas especializadas em combate à
poluição e também a criação das Convenções Internacionais relativas à
responsabilidade civil e Convenções do Fundo.
Atualmente,a ITOPF tem sob sua administração mais de 6.000 membros,
que possuem ou operam cerca de 11.000 navios petroleiros, mínero-petroleiros e
barcaças, somando mais de 320 milhões de toneladas de porte bruto. O que
representa praticamente todo o universo de transporte comercial internacional de
petróleo e derivados.
58
5 LISTAR AS NECESSIDADES DESSE NOVO AMBIENTE QUE O BRASIL
OCUPARÁ
5.1 INTRODUÇÃO SOBRE OS GASTOS COM A DEFESA NO BRASIL E SUA REAL NECESSIDADE DE AUMENTÁ-LOS
Conforme Luiz Padilha Defesa Aérea e Naval(31/05/2012). No Brasil, o
crescimento na área de defesa,hoje, é decerca de1,6% do produto interno bruto. Em
2011, esse gasto foi da ordem de US$ 30,3 milhõeso equivalente a R$ 61,00
milhões de reais. Nos próximos dez anos o governo pretende investir cerca de 2%
do produto interno bruto, próximos dos países do BRICS, como Índia e China que
atingem cerca de 2,5% do produto interno bruto. Arepresentatividade do Brasil na
América do Sul é grande poisseu território representa 47,3% de todo o território da
América do Sul, seu produto interno bruto representa cerca de 57,28% do produto
interno bruto da América do Sul eseus investimentos em defesa que já alcançaram
valores da ordem de 3% na década de oitenta, precisam aumentar mais do que esse
valor estipulado pelo governo, que é, da ordem de 2% para os próximos 10 anos.
Países como Estados Unidos e Rússia gastam cerca de 4% do produto interno bruto
na área de defesa. É necessário definir,como objetivo de Estado e não como
objetivo de Governo, um valor específico do produto interno bruto, afim de evitar
deixar para trás investimentos que serão de real necessidade para a defesa do pré-
sal e da nossa Amazônia Azul ou serão alvos de interesses internacionais. Para tal,
precisa-se fazer cumprir o Plano de Articulação e Equipamento da Marinha do Brasil,
previsto até 2030, que terá fundamental importância nesse cenário que se vislumbra
para os próximos vinte anos.
5.1.1 Poder NAVAL e seu Plano de Articulação e Equipamento da Marinha do Brasil (PAEMB). Sua situação
Conforme PAEMB (2009). A Estratégia Nacional de Defesa (END),
formulada em 2008, organizou-se em torno de três eixos estruturantes.
O primeiro eixo diz respeito à organização e à orientação das Forças
Armadas, para melhor desempenharem sua destinação constitucional e suas
atribuições na paz e na guerra.
59
O segundo eixo estruturante refere-se à reorganização da indústria nacional
de material de defesa, para assegurar que o atendimento das necessidades de
equipamento das Forças Armadas apóie-se em tecnologias sob domínio nacional.
O terceiro eixo estruturante versa sobre a composição dos efetivos das
Forças Armadas e, consequentemente, sobre o futuro do Serviço Militar Obrigatório.
No que diz respeito ao primeiro eixo, ressalta-se que não abrange apenas o
financiamento e a equipagem das Forças Armadas, mas as ações para transformá-
las, a fim de melhor defenderem o Brasil, por meio de reaparelhamento, articulação,
adestramento e capacitação de seus integrantes, de modo a dispor de meios
militares aptos ao pronto emprego, de forma conjunta ou singular, nas situações de
paz, crise e nos conflitos armados, com elevada mobilidade tática e estratégica.
Nesse contexto, observa-se, ainda, que os planos governamentais não
contemplam, de forma sistemática, a aquisição de produtos de defesa, calcados nos
programas plurianuais e planos de equipamento das Forças Armadas, com
priorização da indústria nacional de material de defesa. Essa omissão ocasiona,
muitas vezes, aquisições de meios navais, aeronavais e de fuzileiros navais ditas
“de oportunidade”, com desníveis tecnológicos em relação ao “estado da arte”, sem
priorização da indústria nacional e com a geração de indesejável dependência
externa.
A fim de suprir essa lacuna, foram atribuídas ao Comando da Marinha, num
primeiro momento, duas tarefas principais:
• Elaborar o respectivo “Plano de Articulação e Equipamento”, o qual deverá contemplar uma proposta de distribuição espacial das instalações militares e de quantificação dos meios necessários ao atendimento eficaz das Hipóteses de Emprego, com vistas à adequação da Força à Estratégia de Defesa Nacional; e
• Rever, a partir de uma política de otimização do emprego de recursos humanos, a composição dos efetivos da Marinha do Brasil, de modo a dimensioná-la para atender adequadamente ao disposto na Estratégia Nacional de Defesa.
Em decorrência, o Comando da Marinha orientou e organizou a elaboração
do presente “Plano de Articulação e Equipamento da Marinha do Brasil” (PAEMB),
estabelecendo projetos e metas para o reaparelhamento de seus meios, expansão e
redistribuição de suas Organizações Militares (OM) e para o incremento e
60
capacitação de seu efetivo, consoante com sua missão e as premissas
estabelecidas na END.
5.1.2 Efeito Desejado do PAEMB
(Conforme PAEMB(2009),o efeito desejado deste Plano é a obtenção de
capacidade plena para:1. (Cumprimento das tarefas básicas do Poder
Naval).2.(Negar o Uso do Mar ao Inimigo) 3.(Projetar Poder sobre Terra).
4.(Controlar Áreas Marítimas e Contribuir para a Dissuasão Estratégica). Também se
busca obter capacidade para o cumprimento, com eficácia, das atividades
subsidiárias afetas à Autoridade Marítima, bem como: 5.(Para a realização de
operações de manutenção da paz). sob a égide de organismos internacionais,
operações humanitárias e de resgate de não combatentes no exterior.
5.1.3 Prazo de execução do PAEMB
Este prazo tem previsão para 2030, divididos em ações de curto prazo
(2010-2014), médio prazo (2015-2022) e de longo prazo de (2023-2030).
5.1.4 Possíveis fontes de recursos para PAEMB
• Tesouro Nacional
• Royalties do Petróleo
• Operações de Crédito
• Fundo Naval
• Fundo de Marinha Mercante
• Fundo do Desenvolvimento do Ensino Profissional Marítimo
• Convênios com o Ministério da Saúde e/ou Governos Estaduais (aplicável aos navios de assistência hospitalar), e
• Recursos do Ministério da Ciência e Tecnologia.
61
5.1.5 Custo do PAEMB para 2030
De acordo (PAEMB 2009), meios Navais US$ 64.546,69; Meios Aeronaves
US$ 9.521,90; Meios de Fuzileiros Navais US$ 1.474,83; Munição US$ 10.723,59;
Embarcações para o SSTA e Embarcações de Apoio US$ 172,06; Forças de
Fuzileiros Navais, Forcas Distritais e Órgãos de Apoio US$ 69,13; Apoio Logístico
US$ 3.294,27; Sistema de Gerenciamento da Amazônia Azul (SisGazz) E
Comunicações Militares US$ 504,15; Órgãos do sistema de ensino Naval, de Apoio
de Saúde e de Assistência Social e PNR US$ 1.675,71; Sistema de Segurança do
Tráfego Aquaviário (SSTA) US$128,60; Complexo Naval da 2ª Esquadra/ 2ª Divisão
Anfíbia US$ 1.227,53; Forças de Fuzileiros Navais, Forcas Distritais e Órgãos de
Apoio.(PAEMB 2009).
5.2 BREVE HISTÓRICO DA INDÚSTRIA NAVAL BRASILEIRA ANTES DA CRISE NO SETOR
Conforme AlcydesGoullarti Filho p.2,a indústria da construção naval pesada
foi instalada no Brasil no bojo do Plano de Metas, dentro da Meta 28, a partir da vinda
do Estaleiro Ishibrás, de origem japonesa, e do Estaleiro Verolme, de origem
holandesa. O financiamento da Meta 28 foi possível mediante a aprovação da Lei
3.381 de 24 de abril de 1958, que criou o Fundo da Marinha Mercante (FMM) e a Taxa
de Renovação da Marinha Mercante (TRMM). Os recursos dessas duas fontes
arrecadadores, depositadas no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico
(BNDE), eram administrados pela Comissão da Marinha Mercante (CMM), que
arquitetou os planos de estímulo à construção naval. Outro fator determinante foi a
disponibilidade no mercado nacional de aço e componentes elétricos, ofertados pelas
recém-inauguradas siderúrgicas estatais e pela indústria eletro-metal-mecânica.
Junto com as duas multinacionais, também foram incluídos nos planos de
estímulo à construção naval pesada, o Estaleiro só, fundado em 1850, o Estaleiro
Caneco, 1886, o Estaleiro Mauá, 1907, e o Estaleiro EMAQ, 1914. Todos de capital
nacional, sendo que o primeiro localizava-se no Rio Grande do Sul e os demais no
Rio de Janeiro.
62
O bom desempenho da indústria da construção naval está associado ao
desenvolvimento da marinha mercante, que por sua vez está condicionada ao fluxo
mercantil gerado pelo sistema nacional de economia. O aumento na participação da
frota mercante nacional no longo curso e a constante modernização da frota
destinada à cabotagem rebatia no aumento das encomendas junto aos estaleiros.
Este foi o mecanismo amparado pelas políticas públicas de proteção e
financiamento, que possibilitou ao Brasil chegar aos anos de 1980 como umas das
maiores potências da indústria naval do mundo.(ALCYDES GOULLART FILHO)
5.2.1 A Crise no setor naval
A partir do final da década de 80, iniciou-se um processo de decadência,
levando ao caos a Indústria Naval brasileira, praticamente zerando seu parque de
construção e limitando a utilização dos estaleiros apenas para a parte de
manutenção dos navios.
Empresas de navegação foram fechando, cada vez mais dependíamos da
escalada de afretamentos de outras bandeiras para efetuar todo nosso transporte
marítimo. Hoje, 97% do transporte marítimo na importaçãoe exportação é efetuado
por navios de bandeiras estrangeiras,(com exceção de uma empresa: a Frota
Nacional de Petroleiros (FRONAPE), que pertencia a Petrobrás e em seguida foi
incorporada pela nova subsidiária TRANSPETRO, criada em 12 de junho 1998, pelo
governo Fernando Henrique Cardoso.)
Apesar de todos esses entraves, dificuldades e falta de investimentos no
setor naval, a Fronape teve fôlego para sobreviver aos piores momentos do setor
naval e da Marinha Mercante Brasileira.
5.2.2 Renovação da Fronape e a retomada do setor naval brasileiro através
do PROMEF Foi com uma visão corajosa de um novo desbravador que, o Presidente da
Transpetro na ocasião e até os dias de hoje,SenadorSérgio Machado, apresentou
uma solução que, visando atender a demanda do crescimento do transporte de
petróleo e, em seguida a demanda do pré-sal, levaria a retomada do crescimento do
setor naval, o então sonhado Programa de Modernização da Frota (PROMEF). Esse
63
programa proporcionou a criação de novos estaleiros, buscando parcerias e
tecnologias nacionais, e que levaria a criação de mais 60 mil empregos.
64
5.2.3 Composição do Programa de Modernização e Expansão da Frota da
TRANSPETRO (PROMEF) Fase I e Fase II
Conforme Trasnpetro Petrobrás Transporte(2008),este programa é integrado
ao PAC 2, (Programa de Aceleração do Crescimento) do Governo Federal.
Tem como premissa a construção de navios no Brasil, com índice e
nacionalização de 65% na primeira fase e 70% na segunda, e com a utilização de
estaleiros modernos, que se tornem mundialmente competitivos após a curva de
aprendizado.
Na primeira fase do promef, está previsto a construção de 23 navios
petroleiros, sendo 10 Suezmax, 5 Aframax, quatro Panamax e quatro navios de
produto.
Já na segunda fase, serão 26 navios, sendo 07 Aliviadores com
posicionamento Dinâmico, oito navios de produtos, 08 gaseiros e três de transporte
de bunker.
O Promef está mudando o cenário da indústria naval brasileira, que hoje
oferece 60 mil empregos diretos. Sómente a Transpetro com o Promef fase I e fase
II, vai investir cerca de R$ 11,2 bilhões.
Nos últimos anos, três estaleiros foram criados no país devido ás demandas
do Promef: o Estaleiro Atlântico Sul, no Complexo Industrial de Suape e o estaleiro
STX Promar ambos em Pernambuco, e o Estaleiro Tietê no município de Araçatuba
em São Paulo.
5.2.4 Investimentos previstos para setor naval nos próximos 20 anos
Nos próximos vinte anos, a indústria naval deve receber cerca de R$ 150
bilhões para investimentos. As encomendas para atender as necessidades da
cadeia do pré-sal devem chegar a esse valor até 2020. Os números fazem parte de
um levantamento feito pelo Sindicato Nacional da Indústria da Construção e
Reparação Naval e Offshore (Sinaval), segundo Michael Fine,o gerente da
Navalshore 2012 - Feira e Conferência da Indústria Naval e Offshore. "O momento é
inédito para o setor naval brasileiro. Em 2011, havia 47 estaleiros no País. Mais
onze estão sendo construídos e, nos próximos três anos, outros sete devem ser
construídos. Os antigos estão apostando no parque tecnológico e em equipamentos
65
mais modernos para não perder demanda". Pelo menos, 730 encomendas estão
previstas para os próximos oito anos.(SITE PORTOGENTE – GAZETA). 31/07/2012.
Esses investimentos grandiosos necessitam de mão de obra qualificada em
grande escala,e não só o sistema Petrobrás, está investindo pesado, como também
o setor privado na área do offshore com inúmeras encomendas de embarcações de
apoio. Com a descoberta do pré-sal, os investimentos só tendem a crescer e esse
crescimento vai exigir cada vez mais conhecimento para assumir essa tecnologia de
ponta. O preparo e a qualidade do pessoal no Brasil tem que melhorar, pois o país
está sofrendo uma invasão de mão de obra estrangeira, em especial no transporte
marítimo e no offshore.
Para melhorar essa qualificação, existem recursos suficientes a serem
utilizados. Portanto, é preciso mudar esse modelo de educação e melhorar a
formação do profissional. O primeiro passo é valorizar o professor. Investir na sua
formação e melhorar seu salário para que a profissão seja mais atrativa e, assim,
evitar a evasão da categoria. È necessário melhorar também toda a estrutura da
educação, utilizando recursos do pré-sal, sejam do fundo social que esta sendo
criado ou recursos dos royalties. O importante é começar a definir e agir o quanto
antes. Essa reversão levará anos e não se pode ficar esperando. È urgente buscar
soluções semelhantes às encontradas pela Coréia do Sul, que investiu pesado na
educação, e hoje esta colhendo os frutos. Seus produtos são consumidos em todos
os cantos da terra com um alto grau de reconhecimento da sua tecnologia. A
qualidade de vida vem melhorando em relação à vinte anos atrás e todo esse
resultado foi proveniente dos investimentos realizados na educação.
5.3 OS INVESTIMENTOS NA PREVENÇÃO POLUIÇÃO E O QUE FAZER PARA AMENIZAR OS RISCOS
Conforme Marcus Vinicius Lisboa Brandão (jun 2012),mesmo já tendo
investido pesado na preservação do meio ambiente, a Petrobrás precisa continuar
investindo nessa área, levando-se em consideração que as áreas do pré-sal são
distantes da costa e em profundidades acima dos 7.000 metros. Isso a coloca na
obrigação de investir em pesquisas, meios e soluções, através de tecnologias ou
equipamentos que possam atender esses novos riscos.
66
È preciso buscar alternativas para tentar diminuir riscosnessa nova frente de
exploração de petróleo.O acidente ocorrido no Campo de Macondo, no Golfo do
México, na plataforma DeepwaterHorizon, que foi considerado o maior desastre
ambiental em termos de volume derramado, cerca de cinco milhões de barris de
petróleo, e também o vazamento ocorrido no Campo de Frade, operado
pelaempresa Chevron na Bacia de Campos são exemplos de desastres ambientais
que podem ocorrer. No entanto, vazamentos de grande proporção,longe da costa,
para serem evitados exigem o acompanhamento e o monitoramento do óleo por
meio de equipamentos, barcos de apoio, a fim de evitar que venham ameaçar
quaisquer tipo recursos. Esse tipo de vazamento pode, em seu mecanismo de
limpeza,ocorrer por meio natural, através de correntes, ondas, marés, ventos e
chuvas. Com relação ao ocorrido no Golfo do México, o que se viu foi, que mesmo
ocorrendo nos Estados Unidos, com a Empresa British Petroleum, de renome
mundial, não foi possível evitar o acidente que ocasionou estragos profundos ao
meio ambiente e alcançou custos elevadíssimos no combate à poluição e no
pagamento de indenizações e multas severas. Esses fatos levam à nação a
obrigação de buscar soluções que possam evitar ou amenizar ao máximo este tipo
de vazamento, já que quando ocorrem rachaduras ou trincas no fundo do poço, será
necessário, para que o vazamento seja estancado, furar outro poço nas adjacências,
afim de diminuir a pressão até parar o vazamento e, posteriormente, efetuar sua
vedação e fechamento do mesmo. Esse processo demanda um tempo considerável.
Dentro do Plano Estratégico da Petrobrás de 2020, tendo em vista o
aumento da produção de petróleo, a construção de mais cinco refinarias e o
aumento da Frota Nacional de Petroleiros, através do Promef fase I e II, está
previsto o aumento das atuais 10 unidades de CDA’s para 47 unidades que serão
distribuídas ao longo da costa do Brasil.
5.3.1 Plano Nacional de Contingência dividido nos seus níveis
Conforme Marcus Vinicius Lisboa Brandão (jun 2012),pp.26-27,há Planos
Nacionais de Contingência em três níveis, que atendem conforme o tipo de
derramamento:
Nível 1, atende a pequenos acidentes; Nível 2, acidentes que envolvam uma
região e Nível 3, acidentes que venham a necessitar de toda uma estrutura de
67
resposta a nível nacional, podendo algumas vezes também necessitar de uma
cooperação internacional.
Os treinamentos são de fundamental importância para um excelente
entrosamento e para a obtenção de uma boa resposta de atuação. O Plano Nacional
de Contingência nível 3, ainda está em fase de aprovação junto às autoridades
brasileiras. Esse plano deve ser integrado com os planos Regionais e também com
as mais diversas empresas e organizações de resposta a nível mundial.
Um plano bem elaborado é o sucesso de uma operação de resposta
imediata aos acidentes, em especial ao derrame de óleo.
É de fundamental importância o apoio de todos os órgãos governamentais
num eventual derramamento de grandes proporções, semelhante ao ocorrido no
Golfo do México, no Campo de Macondo.
68
CONCLUSÃO
Com base no que foi exposto, no decorrer desse trabalho, pode-se concluir, então, que o Brasil não está preparado para defender sua Amazônia Azul, em especial a área do pré-sal. Embora a Constituição reze que se deva buscar a paz e a harmonia através da democracia, é necessário que, o país se prepare para se defender de um provável ataque externo.
Para tanto, o Governo brasileiro precisa investir mais nas Forças Armadas, aumentando o percentual do PIB destinado à defesa, que hoje é 1,4%, para 2,5%; a fim de equiparar-se aos demais países do BRICS.
É necessário também que os investimentos para o PAED (Plano de Articulação e Equipamentos de Defesa) e o PAEMB (Plano de Articulação e Equipamentos da Marinha do Brasil), previstos para até 2030, sejam rigorosamente aplicados dentro desse cronograma, tento em vista a urgência de defender o patrimônio do pré-sal .
Mas investir na defesa não significa esquecer a importância do transporte marítimo, tão fundamental para um país continental e com um litoral rico em recursos naturais. Mesmo o Governo investindo muito no setor naval, construindo estaleiros e navios petroleiros, ele precisa também investir em navios de carga geral e capacitar mão de obra qualificada para o comércio de importação e exportação através do mar.
E além de investir na Defesa e buscar desenvolver a indústria naval, o Governo deve preocupar-se com o meio ambiente. É urgente que se busque recursos e que se invista em equipamentos e soluções que possam evitar acidentes idênticos aos ocorridos no Golfo do México e na Bacia de Campos. Não se pode deixar acontecer uma catástrofe para depois buscar soluções. É mister aprofundar estudos e buscar tecnologias que possam ser utilizadas nessa área do pré-sal.
Entretanto, para que todas essas medidas citadas acima possam se cumprir, elas precisam fazer parte de um Plano de Estado e não de Governo pois, assim, terão continuidade numa eventual mudança de poder.
69
REFERÊNCIAS
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SOARES, Jones Alexandre Barros. As Jazidas de Petróleo na Camada do Pré-sal do Litoral Brasileiro: Consequências para a Defesa Nacional. Trabalho de Conclusão de Curso (Curso de Altos /Estudos de Política e Estratégia) – Escola Superior de Guerra, Rio de Janeiro, 2010.
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YERGIN,Daniel. The prize: The epicquestion for oil, Money andpower; O petróleo: Uma história mundial de conquistas, poder e dinheiro. Reimp. São Paulo: Paz e Terra, 2012.
72
ANEXO A – AS PRINCIPAIS LEIS DA EXPLORACÃO, PRODUÇÃO, TRANSPORTE E ROYALTIES
Conforme Funcefet/RJ Curso MBA (2007),o Brasil desde a última década
vem cada vez mais acelerando e adequando suas leis numa frenética adaptação ao
seu novo modelo de Estado.
O pagamento de tributos de relacionados ás atividades de petróleo no Brasil
estabelecido pela a primeira vez na Lei no.2.004, de 03 de outubro de 1953, quando
foi criada a PETROBRÁS. No seu artigo 27, ficou determinado pagamento de 4%
aos Estados e 1% aos Municípios sobre toda produção terrestre de petróleo e gás
natural em seus territórios. Este foi o início das contribuições recebidas pelo poder
público. Entrando em vigor a Lei 2.004, a União Federal passou a deter, em todo
território nacional, o monopólio de todas as atividades relativas a indústria de
Petróleo definindo as competências do CNP-Conselho Nacional do Petróleo e
atribuindo essas atividades, com exclusividade, à Petróleo Brasileiro S.A. –
Petrobrás. Mais adiante na constituição de 1967, o monopólio do petróleo tornou-se
matéria constitucional com a promulgação da mesma, que, em seu artigo 162,
estabeleceu que “ a pesquisa e a lavra do petróleo em território nacional constituem
monopólio da União. E na carta Outorgada de 1969 manteve a mesma disposição
em seu artigo de 1969; e, a Carta Magna de 1988, complementou, em seu artigo
177, as demais disposições previstas no Artigo 1 da Lei 2.004/53.
Os percentuais de tributos da Lei 2.004/53, só foram modificados com a Lei
no. 7453, de 27 de dezembro de 1985, que determinava o pagamento de tributos
para produção no mar. A seguinte distribuição dos royalties foi assim definido: 1,5%
para os Estados, 1,5% para os Municípios dos poços produtores e pertencentes às
áreas geoeconômicas dos municípios produtores, 1% ao denominado Ministério da
Marinha e 1% ao Fundo Especial, e distribuídos aos Estados e Municípios da
Federação. Essa Lei define conceito de áreas geoeconômicas. E conforme esse
conceito, o município mesmo quando a extração não se dá no seu solo, ele recebe
royalties.
E na Lei 7.525, de 29 de agosto de 1986, determinou normas
complementares para execução do disposto no art. 27 da Lei no. 2.004/53(imposta
pela elaboração de uma nova redação dada pela Lei no. 7.453/85), introduzindo o
73
conceito de extensão dos limites territoriais dos estados e municípios litorâneos na
plataforma continental, de acordo com os conceitos e metodologias estabelecidos
pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), metodologia que persiste
até as linhas atuais. O Decreto no. 93.189, de 29 de agosto de 1986, regulamentou
o traçado de linhas de limites dos Estados e Municípios, e a consequente
localização dos poços de petróleo e de pagamento dos royalties.
E na Lei no. 7.990, de 28 de dezembro de 1989(regulamentada pelo Decreto
no. 01 de 01 de janeiro de 1991) apresentou a nova distribuição dos tributos, no qual
introduziu o percentual de 0,5% aos Municípios onde ocorre embarque e
desembarque do petróleo e gás natural. Para isso, reduziu-se de 4% para 3,5% o
percentual dos Estados quando fosse extraído em terra, e de 1% para 0,5% do
fundo especial, quando fosse extraído na plataforma continental.
Com o advento da promulgação da Emenda Constitucional no. 9, em 24 de
novembro de 1995, foi dada nova redação ao artigo 177 da constituição, encerrando
o ciclo de exclusividade da Petrobrás, e permitindo assim que a União, ainda
detentora do monopólio constitucional, pudesse contratar, nas condições
estabelecidas em lei, empresas estatais ou privadas para execução de atividades de
exploração e produção de petróleo.
E com o Marco Divisor que criou o novo modelo de exploração e produção
foi estabelecida na Lei no. 9478, de 06 de agosto de 1997, conhecida como a lei do
petróleo, que revogou expressamente a Lei 2.004.53, instituiu o Conselho Nacional
de Política Energética (CNPE), e criou a Agência Nacional de Petróleo ANP). Uma
entidade reguladora governamental com o papel de promover a regulação, a
contratação e a fiscalização das atividades econômicas integradas da indústria do
petróleo, de empresas estatais e privadas mediante concessões ou autorizações.
Entre as normas estabelecidas pela a Lei no. 9.478, estão descritas na
seção VI artigo 45, incisos Art. 45. O contrato de concessão disporá sobre as
seguintes participações governamentais, previstas no edital de licitação:
I - bônus de assinatura;
II - royalties;
III - participação especial;
IV - pagamento pela ocupação ou retenção de área.
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Bônus de Assinatura
É o montante ofertado pelo licitador vencedor, em sua proposta, não inferior
ao valor mínimo fixado pela ANP no edital de licitação, para a obtenção da
concessão de petróleo e gás natural. Foi instituído pelo inciso I do artigo 45 e artigos
47 e 49 da Lei 9.478/97 e regulamentada pelo Decreto 2.705/98. Ato da assinatura
do contrato. O Bônus de Assinatura constitui receita da ANP, tendo ocorrido o seu
primeiro em 23 de setembro de 1999, na ocasião da assinatura dos contratos de
concessão da primeira rodada de Licitações, rendeu para ANP um montante de R$
321.656,637,0.
Desde a primeira rodada em 1999 até a sétima rodada realizada no quarto
trimestre de 2005, a ANP arrecadou aproximadamente R$ 3,26 bilhões em bônus de
assinatura, sendo recebido apenas na sétima rodada R$ 1,08 bilhões.
Royalties
Instituído pela a Lei no. 7.990/89 e pelo artigo 45 da Lei no. 9.478/97,
regulamentada pelo Decreto no. 2.705/98, e previsto na Constituição Federal, os
royalties são uma compensação financeira devido ao Estado (sociedade) pelos
concessionários que exploram e produzem petróleo e gás natural, recursos estes
considerados escassos e não renováveis. Seu fato gerador é o início da produção
do campo de petróleo e/ou gás natural. Cada campo destes é tratado com unidades
de negócio separado, ou seja, a cada campo corresponderá uma alíquota de
royalties e preços próprios para petróleo e gás natural.
Os valores dos royalties são calculados mensamente com base no volume
de petróleo produzido e fiscalizado em pontos de medição, no volume de gás natural
medidos nos mesmos pontos de medição, excluindo o volume re-injetado na própria
concessão e o volume de queima autorizada, e nos preços do petróleo e do gás,
denominados preços de referencia, definido no Decreto no. 2.705/98 e estabelecido
pela Portaria ANP no. 206/2000, para o petróleo, e determinado pelas Portarias
Interministeriais (MME/MF) no. 3/2000 e Portaria ANP no.45/2000, para o gás
natural. O preço de referência do petróleo leva em conta a existência ou não da
operação de venda e é determinado pelo o maior valor entre a média ponderada dos
preços de venda praticados pelo concessionário, estes livres de impostos e das
contribuições sociais incidentes sobre a venda, correspondente ao petróleo
75
embarcado na saída da área de concessão (FOB), excluindo os custos de transporte
incorrido fora da mesma área, e o preço mínimo determinado pelo ANP. Os royalties
são calculados mensalmente para cada campo produtor, mediante a aplicação da
alíquota sobre o valor de produção de petróleo e gás natural.
Participação Especial
A participação encontra-se estabelecida nos artigos 45 e 50 da Lei no.
9.478/97 e regulamentada pelo Decreto 2.705/98, e tem expressão definida como
compensação financeira extraordinária devida pelos concessionários de exploração
e produção de petróleo e gás natural, nos casos de grandes volumes de produção
ou de grande rentabilidade e será paga, com relação a cada campo de uma dada
área de concessão, a partir do trimestre em que ocorrer a data início da respectiva
produção.
Tanto os preços de referências como os volumes produzidos de petróleo e
gás natural utilizados para o cálculo dos royalties serão os mesmos a serem
utilizados na base de cálculo das participações especiais, Ao contrário dos royalties,
cuja a base de cálculo é a receita bruta, a Participação Especial incide sobre o lucro
da concessão, sendo permitido deduzir, na apuração de tal lucro, as deduções
previstas nas Portarias ANP nos. 10/9 e 102/9; ressaltasse que a Portaria ANP no
10/9 também apresenta as tabelas de alíquotas progressivas para cálculo da
Participação Especial.
Pagamento pela Ocupação ou Retenção de Áreas
O pagamento pela ocupação ou retenção e área também foi instituído pela a
Lei do petróleo de 1997. Esta modalidade de renda mineral constitui-se na receita da
ANP, “consignada no seu orçamento aprovado, destinando-se o excedente ao
Tesouro Nacional “ (ANP, 2000). O seu valor fixado em R$ por KM2, e varia
dependendo da fase ou período em que se encontra a concessão.
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ANEXO B – LEGISLAÇÃO BRASILEIRA POR POLUIÇÃO CAUSADA POR ÓLEO
As principais legislações concernentes á poluição causada por óleo no Brasil
serão apresentadas a seguir.
• Lei nº 6.938: dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, 31 de
Agosto de 1981, com seus mecanismos de formulação e aplicação,
institui o Cadastro Técnico Federal de Atividades e instrumentos de
defesa ambiental; cria o CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente)
e constitui o SISNAMA (Sistema Nacional do Meio Ambiente).
E define em seu art. 3º:
I - Meio ambiente: o conjunto de condições, leis, influências e interações
ordem física, química e biológica, que permite, abrigam e regem a vida em todas as
suas formas;
III – Poluição: a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades
que direta e indiretamente prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da
população; criem condições adversas ás atividades sociais e econômicas; afetem
desfavoravelmente a biota; afetam as condições estéticas ou sanitárias do meio
ambiente”.
• Lei Federal Nº 9.605 de 12/02/98 / Lei de Crimes Ambientais: dispõe
sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e
atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências. Esta lei
responsabiliza pessoas físicas e jurídicas, sendo que a punição poderá
ser extinta com apresentação de laudo que comprove a recuperação do
dano causado. Objetos de enfoque dessa lei são a fauna, flora, poluição,
ordenamento urbano, patrimônio cultural e administração ambiental.
Incrimina pessoa física e jurídica. Há sanções penais – restrição de
direito(serviços a comunidade, interdição de direitos, suspensão de
atividades, prestação pecuniária, recolhimento domiciliar). As sanções
administrativas por violações de regras jurídicas – advertência, multa
simples e diária (50 reais a 50 milhões de reais), apreensão, destruição,
suspensão, embargo e demolição. Revigora o Termo de Ajuste de
Conduta(TAC), um instrumento administrativo, previsto no artigo 5º, § 6º,
da Lei nº 7.347 de 24 de julho de 1985 (Lei de Ação Civil Pública),
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utilizado pelos órgãos públicos, em especial o Ministério Público, para
disciplinar a ação civil pública de responsabilidade por danos causados a
meio-ambiente, ao consumidor, a bens e direito de valor artístico, estético,
histórico, turístico, e paisagístico.
Tríplice Responsabilidade: Física ou Jurídica
Administrativa: Advertência, multa simples (50 milhões),
apreensão/destruição de produtos, equipamentos, embargo, cancelamento de
registro, licença, etc.
CIVIL(objetiva) – Restauração do dano causado ou indenização.
Criminal(subjetiva) – Multa, restrição e interdição de direito e liberdade,
prestação de serviço comunitário e pecuniária.
• Lei 9.966/00 / Lei do Óleo: dispõe sobre a prevenção, o controle e a
fiscalização da poluição causada por lançamento de óleo e outras
substâncias nocivas ou perigosas em águas sobre jurisdição nacional.
Aplica-se ás embarcações nacionais, portos organizados, instalações
portuárias, dutos, plataformas e suas instalações de apoio, em caráter
complementar á Convenção MARPOL 73/78 e ás embarcações,
plataformas e instalações de apoio estrangeiras, cuja a bandeira arvorada
seja ou não de país contratante da MARPOL 73/78, quando em áreas sob
jurisdição nacional. As substâncias nocivas ou perigosas estão
classificadas nas seguintes categorias, nesta lei, de acordo com o risco
produzido quando descarregadas água:
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ANEXO C - TABELA CLSSIFICAÇÃO DE SUBSTÂNCIAS NOCIVAS E PERIGOSAS DE ACORDO COM A LEI 9.966.
Tabela 1: Classificação de substâncias nocivas e perigosas de acordo com a Lei 9.966.
Categoria A Alto risco tanto para a saúde humana como para o ecossistema aquático
Categoria B Médico risco tanto para saúde humana como para o ecossistema aquático
Categoria C Risco moderado tanto para a saúde humana como para o ecossistema aquático
Categoria D Baixo risco tanto para saúde humana como para ecossistema aquático
Fonte: Acordo lei 9.966 classificação de substâncias nocivas e perigosas
• Regulamento a lei 9.966, o Decreto nº 4.316, 20 de Fevereiro de 2002,
vem especificando as sanções aplicáveis ás infrações, ás regras de
prevenção, controle e fiscalizaçãoda poluição causada por lançamento de
óleo e outras substâncias nocivas ou perigosas em águas sob jurisdição
nacional; instituindo valores das multas aplicáveis e seus determinados
casos, separando-os em grupos e estabelecendo o órgão competente
para aplicação das multas. Este decreto estabelece que “constitui infração
ás regras sobre prevenção, o controle e a fiscalização da poluição
causada por lançamento de óleo e outras substâncias nocivas ou
perigosas em águas sob jurisdição nacional, a o inobservância a qualquer
preceito constante da Lei nº 9.966 e instrumentos internacionais
ratificados pelo o Brasil”. Em seu artigo 4º resolve que “as infrações, para
efeito de aplicação de multa, classificam-se em grupos, por faixas, de
modo que permita a sua adequada graduação em função da gravidade da
infração, sendo seus valoresestabelecidos Anexo I deste Decreto”.
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ANEXO D – TABELA DO ANEXO I DA LEI 9.966 QUE TRATA DA VALORIZAÇÃO DAS MULTAS POR POLUIÇÃO Tabela 2:Anexo I da Lei 9.966 que trata da valorização de multas
GRUPOS MULTAS (R$)
A 1.000,00 a 10.000.000,00
B 1.000,00 a 20.000.000,00
C 1.000,00a 30.000,000,00
D 1.000,00 a 40.000.000,00
E 1.000,00 a 50.000.000,00
F 7.000,00 a 35.000,00
G 7.000,00 a 70.000,00
H 7.000,00 a 700.000,00
I 7.000,00 a 7.000.000,00
J 7.000,00 a 1.000.000,00 acrescido de 7.000,00 a cada hora a partir do incidente
Fonte: acordo lei 9.966 que trata de valorização multa